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O Trauma Ao Avesso Eric Laurent - Compress
O Trauma Ao Avesso Eric Laurent - Compress
Éric Laurent
, I
era na sexuàlidade como tal que se > estreito da psiquiatria militar, para se
dev~ria en~ontr'ar,jl causã n~essária d~ torna! ~rna p,er~pectiva KeraJ, de
mal-estar na sex ualidatle.".e não ria abordagem de fe-n m e n o s cl-ínicos J ô
l '
contingência. ~ r; ligados às catástr ofes individuais ou
Foi 25 anos mais tarde, depois da coletivas da vida social.
Primeira Guerra Mundial, que Freud O segundo' fator que leva à·
d eu um sentido novo aos acidentes extensão da síndrome é a patologia
traumáticos e às patologias d e le s própria às megalóp oles da segunda
decorrentes.' Ele faz deles, então, um' metade do século XX. As megalópoles
exemplo do fracasso do princípio do agem num duplo registro, Por um lado,
prazer e um dos fundamentos da pulsão elas engendram ,u/m esp,aç,o social
de morte. A síndrome traumática de marcadopor um efeito de irrealidade.
guerra, quer sua d efiniçã o seja: O, admirável .pensado r alemão /Wal~er
psicanalítica ou não, é caracterizada por Benjamin chamava esse efeito de "o
um núcleo constante: durante longos mundo da alegoria", próprio à grande
períodos e semnenhum remédio, sonhos cidade, onde o reino da mercadoria, da -
r epetitivo's, que reproduzem a cena publicidade do signo, mergulha o sujeito
traumática, provocam um -d esp er tar num mundo artificial, numa metáfora da
. angustiado. Esses sonhos contrastam com vida. Mídia.,e télevisão generalizaram _
. urna atividade de vigília ~u~ pode não .esse serit inren tq de ir-rea li dade; de
ser pertubada. . ~ virtualidade. A aldeia- global corre
Fr e ud' devia conhecer essas sempre o' risco, de ~e representar como
síndrornes, pois ele foi consultado como uma galeria de lojas de uma megalópole
expert durante a guerra e logo depois dela. virtual. .:»
-'
DOSSI ER
t·
INSTITtUTO-OE PSI'CANÂLlSE E SAÚDE MENTAL DE MINAS GERAIS
linguagem.
Na bçrda do sistema da linguagem,
'um certo número de fenômenos clínicos
decorre da categoria dei real. Esses
- fenômenos estão ao 'mesmo tempo na
borda e no fundo desse sistema da
,/
f<, o sistema das Vorstellungm através das quais sujeito pode' reconciliar-se-com a desordem
""'" Q sujeito quer encontrar a presença-de um do mundo.
real. (}l,simbólico inclui aí ô sintoma em , A psicanálise
- )
se apóia aísobre:o
suaenvoltura.forrnal e também aquilo que , inconsciente-corno um,' dispositivo que
não chega a fazer síntoma, esse ponto de produz sentido libidinal. Isso supõe '
real' que permanece xter ior a u ma é desconfiar d,ájnscrição do sujeito nas
represen-tação simbólica, seja ela sintoma ""\grándes categorias anônimas e preservar
ou fantasma inconsciente. Ele'permite sua particularidade. Essa abordagem se' .
figurar o real em J.'exdusão~nt~rna cio afasta, portanto, dos Alcoholics Ano'/1,)mous.
simb6Iico"> Ela não -d esco n h e ce , no entanto, 'q
=;»; ') _ ( • importância ao laço com o grupo e pode
O sintoma pode aparecer como um lhe-dar seu lugar, como: por exemplo, no ';'
enunciado repetitivo-sobre o real [...]. ' tratarne nto em grupõ, dos 'traumatizados ,
O sujeito não poderesponder ao real
a não ser fazendo , um ~sintoma. oem -...-0-
tal catástrofe aérea, 'em tal 'atentado/
( sintoma é a,resposta do=sujeito ao específico, .e m tal guer'ra, etc. O
traumático de reaL,_ ' ! ' reconhecimento de um trauma particular,
, , , " '.' ,'próErio
' a cada um, é um meio Sfc:.produzir
. í
é preciso corzs,eguir dar sentido àquilo que relações do 'outro, e dosujeitopodem ser
~nãp tem. É, o tratamento pelosentido. A também tomadas ao avesso. Há simbólico' ,í
, psicanáliseseinscreve, então, junto .coil} ~ n'~ real, F a ~str,\1turà da linguag~m, a
, outras psico.terapias/nume; vontade de não -existência da linguagem na qual a criança"
limitar o trauma a um 'fora de sentido é tomada, o banho de linguagem no qual
Jqu<1ntitativo. _Ela cons'ide'r'q que" no' ela cai. Nesse sentido, é a)i~guaiém que é'
,acidente mais contingente, a restituição da real ou pelo menos a .linguagerrr como
) trama do sentido, da irtscriçâo do trauma
J / parasita, fora de sentido do vivente. ,
na particularidade inconsciente do sujeite,' Nós não aprendemos as regras que'
J •••• -' " _ I . - ~.
RO estranhos
Laços
sentido,
uns para os outros, reataram.
novos .foram
o analista
tr auma ti z a o discurso
autorizar
criados.
é' um - parceiro
o . outro
comum
discurso
Nesse
que
para
do
inconsciente. Não se tratado analista
como "h er i he r rrre n u ti co ", -É,
ó ê
-.
ce DOSSIER
,
trauma ou outro. Freud nos havia deixado
o séculõXX no "mal-estar-da civilização",
talvez o século XXI nos leve a falar
sobretudo da "civilização e de seu trauma"?