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1

AMORES POR
ESQUECER
Uma Obra de
Keké

2
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDA A RE-
PRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, POR QUALQUER MEIO,
SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO ESCRITA DA EDITORA E DO
AUTOR.

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Whatsapp: 947 472 230

COPYRIGHT: GRACE PUBLISHER, 2023

TÍTULO: AMORES POR ESQUECER


AUTORA
KEKÉ
EDITOR
NILTON GRAÇA
REVISÃO E CAPA: GRACE PUBLISHER
DESIGN: SPACE CREATIVE

Grace Publisher, Janeiro de 2023


Rua 15 de Agosto
Malanje Angola
Tel.: +244 947 472 230

ISBN: 978-989-53912-4-O

3
DEDICATÓRIA

A este novo caminho


que vou traçando!

4
AGRADECIMENTO
Agradeço imenso e com o coração transbordando de emoções,
ao Senhor Nilton Graça, CEO da editora Grace Publisher, pelo
enorme carinho a mim e a minha arte, ao Erson Rade pela bela ori-
entação dada a mim.

Muito obrigada!
E a todos vocês, Queridos(as):
Bem-haja!

5
PREFÁCIO
“Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mes-
mo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão”.
— Mário Quintana.

Minha vida vai aqui, em cada linha, cada ponto e vírgula;

6
ÍNDECE

DEDICATÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .0 4
AGRADECIMENTO ...............................................05
PREFÁCIO .................................................06

O POEMA É VOCÊ! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0 9
MESMICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 0
SAUDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2
AINDA VENS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 4
POSSÍVEIS ACONTECIMENTOS .......................16
INSUPORTÁVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 8
O MUNDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 0
AMOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2
SESSENTA E NOVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4
DEIXASTE DE SER SINGULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 6
NO MESMO LUGAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 8
RESTOS .............................................30
DARIA TUDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1
NÃO ESPERO POR TI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3
24 DE DEZEMBRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 5
NÃO SEI QUEM ÉS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 7
EU AINDA TE AMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 9
EU E TU .......................................41
NUNCA VAIS EMBORA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3
FIZ-TE UM POEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 5
QUANDO EU ME FOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 7
LEMBRANÇAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 9
EU NÃO SEI DIZER ADEUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1
TIC-TAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3
ESTATÍSTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 5
O TÍTULO É O REFRÃO DE UMA MÚSICA ...........57
FALTA VOCÊ .................................59
7
CADÊ VOCÊ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1
NÃO ERA VOCÊ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 3
FAVORITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 5
VOCÊ NÃO PRECISA VOLTAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 7
MINHA PREFERÊNCIA ..........................69
CONSEQUÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1
NO FINAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 3
O AMOR AINDA ME ESPANCA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 5

BIOGRAFIA DO AUTOR .............................77

8
O POEMA É VOCÊ!
O poema é você
É você partindo
Para longe.
Indo embora
Deixando marcas das suas mãos
Na entrada de casa
Suas fitas e ganchos de cabelo
Deixando saudades
E dois livros.

Creio que ainda


Nos veremos.
Em lugares lotados
Em sonhos e bares
Nas lembranças
E do outro lado da estrada.

Sinto que viveremos


Esta dor por mais tempo.
Eu sinto.
Por mais noites em frios
Mais dias em silêncio
E...
Quem sabe um dia
Acabe doendo
Tão pouco,
Como um nada.
E, caso eu escrevesse
Um livro de poesias...
O título seria “o teu nome”

9
MESMICE
Ainda arranho
As paredes do quarto.
Ainda uso
Os mesmos lençóis
Rasgados
Na última vez
Que cá estiveste.

Ainda ouço a tua voz


Ouço os teus passos
Pela casa.
Ainda tens
Partes de mim
Em ti.
Aliás,
Ainda tenho
Um todo de você
Em mim.

Me encontro
Revirando,
Todas as noites
Os mesmos poemas.
As flores, que não murcharam
Que parecem ter vida eterna...
Diferente de nós.

Eu continuo a mesma
Rodando a casa
Quando perco o sono
Ouvindo música baixa

10
Quando perco o sono
Pensando em ti,
Quando perco o sono
E, amanhecendo embriagada
Por perder o sono.
Eu te odeio!

11
SAUDADES
Sinto Luanda
A fazer-se aos bocados
No começo do dia.
O céu abre-se ao meio
Por volta das treze horas
Para cuspir alguma coisa
No centro de Luanda
Por cima de nossas cabeças.

Tu contínuas morrendo
No final do dia.
E, tudo morre junto.
O sol morre
O seu cheiro e
Os seus passos
Na minha cabeça
Também acabam por morrer.
Menos essa saudade.

Saudade é
Como um tiro
No meio da perna esquerda.
É como um ferro
Tentando furar a nossa pele.
É como um soco
No meio do estômago.
Saudade é...

Penso em odiar-te
Por dois segundos apenas
E acender um cigarro
12
Enquanto tento devolver as lágrimas
De onde vieram.
Creio que estejas
Muito distante agora.
E que tocas outros corpos
E beijas outras bocas
E dormes em outras camas
E penetras outros olhares.

Eu sinto sua falta!


Olho para o céu,
E não sinto
Os meus pés.
E continuo no mesmo lugar
Enquanto todo Luanda
Corre contra
O pôr do sol. 

13
AINDA VENS?
Eu queria parar
De procurar por ti
Como tanto procuro.
Queria parar de esperar
Por ti,
Como tanto espero.
Queria tanto esquecer-te
Mas essa ideia
Me rasga o estômago.

Queria não sentir


A tua presença
Perto de mim
Toda vez que suspiro.
Queria não te amar
Como tanto amo.
Queria não pensar
Em achar partes de sí
Nalguns livros,
Nalgumas músicas
Em poesias
Em taças de vinho
Em maços de cigarros
E prosas sobre sexo.

Queria não pensar


Que tens vindo
Durante a madrugada.
Queria não me matar
Não me arrancar a pele
Queria não te sentir
14
Não te desejar
Queria muito...
Queria muito desistir
De ti hoje, mas...
Ainda vens, certo?

15
POSSÍVEIS ACONTECIMENTOS
O cotidiano
Deixava-me enjoada.
Com fortes dores.
Com uma quase ressaca
Da embriaguez laboral.
As semanas pareciam longas,
E as segundas-feiras
Tinha quase quarenta e oito horas.

Meu poema favorito


Era sobre voltar a casa
E fumar.
E escrever
E me devorar em um livro
E pensar em encontrar-te em casa
E fazer o jantar.
Eu escrevo enquanto cozinho
Enquanto fujo,
Enquanto sonho.
Desde que foste
Faço coisas estranhas
Confesso.

Luanda não consome


Às terças e quartas.
Então voltamos
A casa mais cedo
E fumamos
E cozinhamos
E lemos,
E dançamos alguma coisa
16
Sobre o som de the Weekend
E escrevemos.

E ao lembrar-me
Que são só possíveis acontecimentos
Eu corro até a janela
E me jogo para fora.
Eu me jogo,
Toda vez que não te encontro.

17
INSUPORTÁVEL
Tudo é tão insuportável
Os cães,
Ainda cheiram as cadelas.
Os pombos,
Ainda deitam fezes,
Enquanto voam.
A água continua incolor
Continua sem cheiro
E sem sabor.
E toda e qualquer poesia
Me trás um pouco
De você.
Eu estou tão farta.

Estamos constantemente
Resmungando,
Atirando buquês
De rosas pretas
Contra o chão.
Fazendo arte,
Como se fôssemos morrer.
Socando as paredes
E nos masturbando.
Isto é de fato, sufocante.
Todo e qualquer silêncio
Me faz correr
Ao pé de um precipício.
Eu estou tão esgotada.

Luanda vomita horrores,


E sinto o peso disto

18
Nos meus bolsos.
Continuamos a dizer
Os mesmos palavrões
E a gritar em silêncio.

Cada parte
Do meu corpo grita
E os meus olhos
Há muito que gritam por ti
Que te amam
E que não suportam
Esse mundo sem ti.
Eu odeio.
Só que isto é tão,
Mas tão insuportável...

19
O MUNDO
O mundo
Ainda conspira
Contra mim.
Ainda grita forte
Perto dos meus ouvidos.
Ainda me lança contra as mesas dos bares
Ainda me puxa o cabelo sem dó.
O mundo ainda me odeia.

E parte disto
Ainda me destrói
Parte disto ainda me faz
Rezar por menos dias
Partes disto aonde é...
Por culpa sua.
Ainda é por culpa
Do quanto me devoraste.
Por culpa das vezes
Que me fizeste especial.
Por culpa disto, e de mais.
Por culpa das flores,
E poemas,
Que escreveste para mim.
O mundo parecia bonito
No seu tom de voz.

O mundo ainda
É medonho...
O que sinto,
Nalgumas vezes,
Ainda é horrível
20
O que escrevo,
Poucas vezes,
É bom...
E tudo é sobre você.
É sempre sobre você.
O mundo é meio porco
Sem você!

21
AMOR
Talvez eu estivesse
Desistindo da vida
Com mais força
Um dia depois do outro.
E, talvez Bukowski
Tivesse uma pitada
De culpa nisso.
E talvez, ele estivesse certo
“o amor é um cão dos diabos”
Ou talvez,
O amor fosse bem pior.
Talvez nem fosse coisa
Ou algo.
E talvez,
Não tenha tanta força
Quanto parecer ter.
O amor é uma mera dor de cabeça.
Ou, uma simples dor nas costelas.

Não penso tanto.


Não fumo tanto,
Não bebo tanto,
Não espero as horas
Tal como antes,
E talvez a minha vida valesse menos
Só com punhetas,
E poemas.

O amor é um tiro no escuro.


Digo o que sinto
O que penso
22
É um tiro no escuro
O que quero muito
É um tiro no escuro.
E talvez, Bukowski
Continuasse certo,
“o amor é, claramente,
Um cão, dos diabos”

23
SESSENTA E NOVE
A cidade é maior
Quando a noite.
As casas parecem
Maiores que os prédios.
As luzes são poucas
E os gatos
Praticam sexo ao ar livre.
Selvagens.
A estrada
Da saudade
Daqui,
É um caminho longo.
Tudo parece mais distante.
Eu viajo.
Viajo a sua procura.

Penso em ligar
Para ti.
Penso e tento.
Disco seis números
E desisto.
Talvez estejas descansando
E é sexta-feira.
As sextas sempre
Foram mais curtas
Para ti...
Penso em discar
Os últimos três números.
Saudade é um estupro opcional.

Saudade é o pior
24
Comodo de casa.
É a parte que nunca
Vem só.
Saudades traz um monte de gente.
Traz, inclusive,
Pequenos troços
De momento nossos.
Eu vou me matar.
Disco mais um número
E acabo esquecendo o resto.

Talvez fosse
Sessenta e nove.
É o mesmo número
Da sua casa.
Ou setenta e cinco,
Esse número repete
Na minha cabeça.

25
DEIXASTE DE SER SINGULAR
As nossas músicas
Já não são
Só nossas.
O mundo inteiro
Agora te tem.
Tens dançado
Com tantas,
E várias.

Agora
Os teus belos olhos
Já não são só meus,
Teus,
Nossos...
Perdeste-os.
Perderam- se
Nas curvas
Dessas ruas.

O teu sorriso
Já não é por mim
Ou para mim
Ris de tudo
Com tudo
E com todas.
Acho sem graça
Essa sua versão nova.

Os teus dedos
Já não só passeiam
A mim,
26
O meu cabelo
O meu rosto
O meu corpo,
Os cigarros
E os poemas.
Agora,
Tocas em tudo.

Deixaste de ser singular.


Já sinto o teu cheiro
Em outros corpos.
E isso não doe
Tanto em ti,
Como vem doendo
Muito em mim.

27
NO MESMO LUGAR
Ainda estou aqui.
Estou no mesmo lugar
Em que me deixaste.
Não saí,
Não fui embora
E não irei
Por enquanto
Ainda é suportável
Essa dor.
Eu vou ficar
Por mais duas noites
Ou três meses.
O tempo é incerto
E nós nunca fomos bons amigos.

Ainda uso
O mesmo número de calçado.
Devo ter crescido
Dois ou três centímetros apenas.
Continuo não comendo tanto,
Não durmo tanto,
Não estudo tanto
E nem penso
Em procurar um trabalho.
E... Por quê nunca ligou?

Os amores
Não matam em um só tiro.
Somos baleados
Montes de vezes
Por várias
28
Partes do corpo.
Mas a dor é sentida
Apenas no coração.
Não importa
O monte de balas
Que te vão furar
A dor será no mesmo lugar
Até parecer insuportável...
E, ainda assim
Tu não morres.

Eu não mudei
O número de telefone
Não troquei de redes sociais
Ainda uso e abuso
Do facebook
Ainda me escondo no Instagram...
Ainda posto textos
No final do dia.
Continuo com problemas
De respiração
Pela manhã.
Continuo torcendo
O pulso direito.
Continuo te amando
E odiando
Ao mesmo tempo.

Ficarei aqui.
Não me vou embora
Vou continuar aqui
Até não suportar
O excesso de energias humanas
A perfurarem
A minha carne.
29
RESTOS
Tu foste meu lar.
Meu teto.
Hoje só nada
Só sou
E pouco tenho.
Só lembranças,
Só desejos
Só um monte de saudades
E dois poemas.

A tristeza
Tem um sabor
Amargo.
Mas ainda há resto
Do teu beijo
Na minha boca.

Busco-os
Com a ponta da língua,
Pelos cantos,
Enquanto os meus olhos choram.

E dos nossos momentos,


Sinto dor
Pelo corpo inteiro.
Sinto falta de ti,
Do seu cheiro,
Do seu corpo
E dos cantos
Da sua casa.

30
DARIA TUDO
Conheci o seu corpo.
Sei o caminho
Dos cantos
Que mais doem nele.
Tu dizes sem sequer perceber.
E eu ouço e fixo
Sem nem querer.

Daria tudo
Para cuidar das tuas lesões,
Dos teus calos
E arranhões,
Com um beijo apenas.

Daria tudo
Para ler-te um texto
De Bukowski
Enquanto pressiono gelo
No seu pé,
Enquanto fumas,
Enquanto ris,
Enquanto dizes coisas eróticas,
Enquanto nos comemos
E tatuamos as paredes com suas unhas.

Eu te pertenço
Como um cravo no rosto,
Te pertenço forte
Como uma ventania
E às vezes,
Muito leve
31
Como uma brisa.
Mas, meu peito é seu,
Como uma flor amarela,
Como um girassol.

32
NÃO ESPERO POR TI
Esperar não é
Uma coisa sobre a qual penso todos os dias.
Não é palpável,
Não tem cheiro,
Sequer dói.

Eu não te espero
Em dias específicos.
Não lembro de ti
Em dias normais.
Não sou tão lamecha,
Nem desesperada.

Não sei
Por onde andas
E isto não me incomoda.
Eu não te espero
Nalgumas vezes.
Não sonho contigo
Todas as vezes.
Não oiço sua voz
Perfurar o meu estômago
Constantemente.
Não acontece.

Eu não vou correr


Para seus braços
Se surgires aqui.
Não vou nem
Olhar em seus olhos
E dizer eu te amo.
33
Não vou suplicar
Que fiques
E segures
A minha mão.
Eu não te espero mais.
Não espero.
Mas talvez,
Eu não saiba mentir...

34
24 DE DEZEMBRO
Hoje seria 24 de dezembro
Cairia bem,
Com flores e café
E porque chove sem parar.
Tu tens o cheiro que eu gosto.
Tens o melhor cheiro que já senti.
O melhor cheiro de álcool, eu acho.
Me embriagas por completo.
E dos poetas que amei, de verdade,
Tu foste sem dúvidas
O melhor.

Este poema
É como um beijo suave
Pousado levemente no seu rosto.
É como um rio.
Como borboletas no estômago.
Como um arranjo de flores
Amarelas e vermelhas.
Como qualquer poesia de Bukowski.
É uma pousada
Para os nossos pés
Cheios de dores.

É um lembrete
Para que não
Te esqueças de mim.
E que camisas pretas
Ficam perfeitas em ti.
E, Possivelmente,
Eu sempre estarei aqui.
35
Sempre.

Gosto da tua forma


De dizer as palavras.
Tu dizes.
Dizes como quem nunca
Quer dizer nada.
Na inocência das coisas.
Dizes como quem lê,
De verdade,
Um poema.
Dizes, as palavras,
As coisas, a hora
A data...
Como se fuma um cigarro.
Apaixonado como quem
Dança na chuva
De 24 de dezembro.

36
NÃO SEI QUEM ÉS
Dar-te-ia
Qualquer nome.
Existência
Lembranças
Saudades
Morada,
Mas isto pode não durar.
Como a vida.
Como a felicidade.

Não te posso
Esquecer por muito.
Não precisar durar tanto.
Como um livro
Como o sal no corpo.
Pode ser só
Como a luz acesa
Do cigarro.
Mas torna tudo fumaça.

Eu dou tragadas fortes,


E me esqueço.
Eu dou
Eu esqueço
De tudo
Do seu nome.
E não existes mais.
Por mais dois segundos
E a vida me cobra.
A vida me corta as asas.

37
Nem lembrança,
Nem só saudades.
O cigarro termina,
E ainda assim,
Eu não lembro.
Não sei quem és.
Por mais dois segundos.

38
EU AINDA TE AMO
Eu (ainda) te amo
E isso não é
Do tipo de assunto
Que vaga pelo ar
Sem causar estragos.
Naturalmente,
Isto não faz sentido.
E porquê fazer?
Eu preferia morrer.

O pôr do sol
Ainda é um gatilho
Para mim.
Poesia também me-é.
Parei de ler poemas,
Me destruíram
Os pulmões.
Parei de os escrever
Também.
Não escrevo mais versos
Em cima de versos
Que se estimulam
Em estrofes.

Parei de respirar,
Tenho as fossas nasais
Ocupadas com disparates.
Com os disse que disse...
Com o cheiro de álcool
Encravado.
Parei de me condenar,
39
Me penetrar
E tentar matar
A minha alma.

Parei de olhar para o céu,


Para o além.
Parei de ver esperança.
Estou tentando estancar o sangue,
O que não é fácil.
Mas eu preferia parar
De viver
Ao aceitar
Que te foste embora
De vez, desta vez.
Eu (ainda) te amo.

40
EU E TU
Senti Luanda
Inteiramente triste.
Os bares despiam
Suas saias.
Queriam estar desnudos,
Com as almas
A transparecer
Os órgãos genitais
Para um poema.
Não me amarás.
Alguma parte do mundo
Ia pegando fogo.
Poseidon, se estressaria
E juntaria os mares...

Provavelmente,
O mundo acabou
Umas duas, três
Ou quatro vezes
E você sequer percebeu.
Talvez não acredites
Na força da natureza
Em faunas e borboletas.
Em deuses
Apolo e Afrodite,
Ou na ordem natural
Das coisas.
—A vida é cronometrada
E todos os dias
São os mesmos...

41
Não acreditas
Em poetas,
E não pretendes fazê-lo.
Porém, peço que pense
Na possibilidade
De sermos partes
De um só.
Metades de qualquer coisa.
Eu e tu.
Apenas pense.

42
NUNCA VAIS EMBORA
Ainda sinto
Borboletas aqui dentro.
Ainda sinto
O nosso amor
A queimar a minha pele.
Ainda sinto
Muito de ti,
No meu peito.
E sei que não disse
As palavras certas
No momento certo.

Ainda oiço
Os mesmos passos
De quando partiste.
Com a mesma intensidade.
Com a mesma força.
Com o som do rasgado
De um peito,
Ou do grito
De um aborto espontâneo.

Parece que te vais embora, todos os dias


Desde aquele dia,
E sinto a mesma dor
Todo o dia.
Sinto o teu cheiro
Correndo até mim.
Atravessando as paredes,
Cortando peles,
Furando a noite
43
E arranhado o chão
Até ao pé da minha cama
E sorrir.
Tu te ris de mim.

Tu nunca foste embora


De verdade.
O que não é tão bom
E não é tão mal
Também.
Eu não te vejo aqui,
Pela casa...
Ainda assim,
Eu sinto-te aqui,
Tu nunca vais embora
De verdade.

44
FIZ-TE UM POEMA
Eu odeio o meu cotidiano.
As mesmas vestes
O mesmo andar
As mesmas mulheres
Prosas e rosas...
Os mesmos poemas
Que não descem pela garganta
Ou saem como vómitos.
Prenderam-se.
E, tem o sol
A nascer e morrer
A mesma hora.

Odeio o que sinto.


Me imagino a tomarmos café
E eu odeio café.
Prefiro vinho tinto
Ao branco,
Mas por você eu tomo
Um qualquer.
Por você!
Tomo o meu choro
O meu silêncio.
Tomo bolhas pequenas de ar
Para não morrer.
Eu amo o seu gato.
Só o seu,
Os outros são manhosos
Demais.
Lentos demais,
Rudes demais,
45
E quase arrepiantes.
Mas, vocês têm quase
O mesmo cheiro.
O mesmo olhar
E, sinto que ele sorri
Para mim.
Toda vez que me vê.

Eu te amo,
Eu nunca disse...
Eu não sou boa com
Palavras,
Faladas
Ou coisas parecidas.
Tens um cheiro perfeito
E, eu acabo odiando também.
O seu cheiro,
O meu cheiro
A poesia,
A merd# do poeta
E... Tudo.

Eu tento não me matar


Todos os dias, e horas
E segundos.

46
QUANDO EU ME FOR
Nem todos os amores ficam.
Alguns, assim do nada
Acordam sem forças
E vão embora.
Talvez algum dia eu vá.
E quando eu me for,
Recomendo beijar
De olhos abertos,
Pois se fechar
Eu apareço...

Não leia mais


Poesia,
Poemas ou prosa.
Não leia Fernando Pessoa.
Não olhe para a lua
Nos dias triste,
Pois é capaz de ver
O brilho dos meus olhos
Nela.

Não ouça Bruno Mars,


Adele,
Nem sequer Valete.
Não faça nada
Que me leve a ti.
Não chore por mim.
Não escreva meu nome
No verso do seu caderno.
Não escreva meu nome
Nos versos dos seus poemas.
47
Não pense em mim
Sempre que vir por aí
Alguém sorrindo sem modos,
Como eu fazia sempre
Das suas piadas
Sem modos.

Não acha que vai me esquecer.


Só não me faça viver.
Viver em si,
E nos seus pensamentos.
Então,
Recomendo
Não olhar o céu
Vai sentir meu cheiro.
Não vá à praia,
Vai lembrar do meu corpo...
Meu corpo molhado.

48
LEMBRANÇAS
Você acha que melhorou
Por respirar fundo
E sentir o ar
Passar leve.
Acha que ainda tem tempo.
Tempo de dizer as coisas...
Acha que ainda
Pode correr e fugir
Que ainda há saída
Que isto é passageiro.
Você só acha
E sente
Sentir, não dá sentido
Nem razões as coisas
Só sentir,
Não dá formato
Ao imaginável.

Aí você lembra
De um sorriso solto.
Apenas uma risada
Qualquer.
Só um pouco
Do som do riso
De um simples alguém
E, abre uma ferida
No seu peito.
Uma enorme ferida

Você tenta fugir


Tenta correr novamente
49
Tentar escrever um poema
E silenciar o mundo.
Mas, você não pode....
Você foi desarmado
Você foi destruído
Mais uma vez,
Como a última vez,
Como todas outras vezes
Pelo mesmo motivo.
Lembranças.

50
EU NÃO SEI DIZER ADEUS
Então tem sido isso.
Um dia pior
Que o outro.
Mas ainda passo
No mesmo lugar
Para comprar flores
Como se isto
Me livrasse da metade
Do horror
Que sinto,
Aqui dentro.
Tentei te largar
No meio da estraga
E seguir em frente
Para qualquer lugar.
Eu não sei dizer adeus.

Tem sido assim.


Umas poucas palavras
E mil pensamentos
Me perseguem
E me mastigam
Com vontade de me devorar:
Quantos pedaços
De existência sua
Ainda saltitam pela casa?
Por quanto tempo
O teu cheiro fica
Encravado pelas paredes?
Tem isso isto.
Mais difícil
51
Do que se jogar de um prédio abaixo
É dizer adeus.

Eu não sei
Dizer-te adeus,
Portanto,
A confusão mantém.
O barulho fica.
A parte de Luanda
Que queima,
Apaga-se.
Por mais quanto tempo
Isto durará?
Tem sido uma frequente
Loucura.

52
TIC-TAC
Tic
Tac...
O tempo é só...
O tempo é só uma distração.
Tudo continua
Quieto e no mesmo lugar.
O clima muda,
Mas as árvores
Não correm para longe.
E eu e tu,
Fomos das poucas
Perfeições do tempo.
Gostamos
Dos mesmos livros
Dos mesmos poetas,
Vidal,
Naval
E Tiago.
Gostamos
Dos mesmos músicos
E dos mesmos filmes.

Os relógios
São só acessórios
Para caprichos humanos.
O tempo tem as suas perfeições
E tu foste parte dela.
Os teus olhos,
A sua voz,
E falo insistentemente
Do seu cheiro.
53
E tic-tac’s
Não soam nada bem
Em dias
De ausências.

Tu és perfeito
Como os quadros
De Van Gogh.
E ficamos nisto.
Amamos
Os mesmos pintores,
Os meus jogadores
E blogs de receitas
E moda...
Amamos tanto
As distrações humanas,
Que quase nos amamos
Muito pouco.

Tic
Tac.
O relógio,
É só isto.
Um vazio com melodia!

54
ESTATÍSTICAS
Pela estatística
Humana
Estamos todos
Perdidos
E somos todos
Toxicodependentes
Carentes
E praticamos a arte
De forma emotiva.
São só estatísticas!

Pelos últimos eventos,


Factos e acontecimentos
O mundo vai dissipar-se
Em alguns dias,
Dois ou três e...
E metade de nós
Iremos junto.
Os jornais não metem.
Ou parecem não mentir,
Pelo menos.

Somos controlados
Encurralados,
Dopados, excitados
E no final,
Julgados.
A lua descerá à terra
E o mar a engolirá.
O céu fechará por completo
E um vácuo nos consumirá.
55
Uns dizem.
São só palavras!

Pagamos o mal
Com mal,
E números apontam
Que morremos
Constantemente.
São só números.
São só conceitos
Claramente justificáveis,
Porém, eu detesto.
Pós diante
De tantas conspirações
E contradições,
A única certeza
Que carrego
É o mar de azar
E o turbilhão de emoções
Que causas em mim.
Eu sinto o céu
Aos meus pés
Por ti.

56
O TÍTULO É O REFRÃO DE UMA MÚSICA
Nunca estamos
Inteiramente bem...
Nem completamente
Satisfeitos.
Aquela música ainda
Me destrói
Ainda desfaz
A minha postura
Por completo.
Ainda acelera
A minha pulsação.
Ainda tem o mesmo
Impacto em mim
De quando
A apresentaste a mim.

Ainda sinto
As suas palavras
Queimando como gelo
A minha pele.
Ainda vejo,
Suas palavras
Jorrarem, caindo
E me ferindo o útero
Com a força de dois ferros.
E eu tento as segurar.
Todo mundo tenta
Segurar as suas palavras
Que caem ensopadas
E eu não consigo
E ninguém consegue.
57
E nunca estamos
Completamente felizes
E nem tristes.

Aquela música
Ainda é nossa.
O refrão ainda
Diz que grandes amores
Movem mundos.
Ainda prático inglês,
E ouço Adele.
E aquele filme
Ainda termina triste.
E ainda estamos
Distante um do outro
Mas o filme é bom
O tempo nem tanto
As coisas amargam
E nos lamentamos.
Mas, nunca
Nunca estamos
Inteiramente cansados.
Nunca estamos
Ninguém está.

Aquele beijo
Ainda é meu ponto fraco.
Ainda é o melhor
Que já tivemos juntos.
Ainda é
O que sobrou de nós.
Aquele beijo
Ainda é o fecho
Do meu dia.

58
FALTA VOCÊ
A casa é espaçosa demais
Só para mim.
O café é tão forte
Daria para dois.
Tem faltado você
Na minha volta para casa.
Falta você na minha
Ida ao trabalho,
E depois a universidade.
Falta seu cheiro
No meu travesseiro.
Falta você
Usando os meus chinelos
Deixando mexas de cabelos
Pelo banheiro de casa
E arrumando a minha bagunça.

Falta você
Dizendo que trabalho
Muito e como pouco.
Escrevo muito
E leio pouco
E nunca durmo
O suficiente.

Faltam mensagens
De bom dia e,
Até logo, meu amor.
Faltam as tuas birras
Por ciúmes.
Falta um tanto
59
De ti, aqui,
Comigo.

Se eu quisesse
Os pássaros rasgariam o céu
Rasgariam com lâminas
De laboratório
Medicinais
Logo no primeiro
Instante da manhã.
Se eu quisesse
Ou tivesse forças
Odiaria o mundo inteiro.
Odiaria o excesso de luzes
Pela cidade inteira,
Depois das 23horas.
Porém, falta você.

60
CADÊ VOCÊ?
Eu te amo
Eu sei que disse
Eu tenho dito
Eu ainda direi
Eu preciso dizer
Não porque deves saber
Não porque deves ouvir
Mas, porque
Preciso dizer.
Eu te amo!

Existem amores de mil


Amores de poemas
Amores bregas
De romances
De lances curtinhos
De histórias longas
E existe os amores
De poetas.
Poetas, são poetas
E...
Eu te amo.

Ainda oiço
Os teus áudios do mês passado
Quando já não
Parecias tão feliz
Por cá estar
Mas, ainda estiveste.
Ainda leio os teus textos
Que não pareciam
61
Os mesmos
E ainda olho
Para os seus olhos.
Talvez,
Por dizerem mais
Que os teus lábios.
Cadê você?

Ainda compro
Um monte de flores
Para ti, todo o dia
Na volta para casa.
Ainda penso em ti
Ainda escrevo para ti
E...
Eu te amo,
Não porque precisas saber,
Só porque preciso dizer.
Cadê você?

62
NÃO ERA VOCÊ
Pensei em conhecer
Uma nova pessoa.
Aí, ela...
Não tinha os teus olhos
Nem o tom da sua pele.

Pensei em recomeçar.
Aí, a pessoa
Não cheirava como tu.
Não tinha
O tom da tua voz.

Pensei em deixar-te
Para trás,
E olhar novamente
Para outra pessoa.
Aí, essa pessoa
Não gostava de poesia
Não tomava café
Ela sequer lia.

Aff,
Fui tentando.
Pensei em arriscar
Ir sem pensar
Aí, na cama,
Ela não era ágil
Não ria enquanto gemia.

Eu pensei, novamente,
Mais uma vez,
63
Em matar-te,
E ir só
Sem medo...
Aí, ela era alta
Ela lia poesia
Ela sorria do nada
Tinha a pele escura,
O cabelo escuro,
Os olhos mortos
E a voz audível,
Mas ela não era você!

64
FAVORITO
Vive-se de poesia?
Só poesia mesmo,
Talvez agora
Eu me dedique a isto.
Não que eu queria
E não que não queria
Tanto também.
É que...
As coisas não
Têm ido
Conforme combinado.

Meu lugar favorito


Ainda é você.
Ainda é seu colo
Ainda é sua voz
Seus braços
Mãos e pés.
Meu espaço favorito
Ainda é o teu sorriso.
Ainda é você!

Meu descanso
Ainda é a sua voz
As suas fotos
As suas cartas
E as nossas lembranças.
Ainda és o canto
Mais quieto de toda cidade.
Ainda minimizas
O caos na minha cabeça
65
O calor nas minhas mãos
E a minha ansiedade.

Ainda és o meu barco


O meu mar
O meu céu
A minha estrela,
Sei lá,
Ainda és o meu universo.
Ainda és
O meu canto predileto.

Ainda escrevo
Poesias para ti,
Poesias cheias de ti,
Poesias sobre ti,
E ainda acho
Que amor é mais do que somos.
Amor é como os teus olhos.
Ainda são obscuros demais
Para mim.

66
VOCÊ NÃO PRECISA VOLTAR
Quem sabe,
Eu peço para voltares
No próximo poema.
Ou então, eu diga
Que estou bem.
Que melhorei
Da saudade
E que meu peito
Já não pesa tanto
E não te quero
Aqui, de volta.

Quem sabe,
Eu largo o psicólogo
Na próxima consulta
E ligo para ti,
Sem manhas
Sem ressaca
Sem dores de cabeça
Sem arranhões
Na garganta
Sem a voz horrível
E sem dizer
Para voltares
Em lágrimas.

Quem sabe,
Amanhã o sol
Não virá
E a lua ocupará
O seu lugar?
67
Quem sabe,
Seremos julgados
E mutilados amanhã?
Quem sabe,
O universo gritará
O seu nome
E nos céus
Estrelas vão dissipar-se.

Quem sabe,
Eu beije outra boca.
Quem sabe,
Eu não cheire mais
O teu lenço de rosto.
Quem sabe,
Eu não stalkeei
Os teus perfis
Nas redes sociais
E não tente
Uma chamada de vídeo
As 22horas.

(Não) volte.
Você (não) precisa voltar.
Quem sabe,
Eu não sinto
Mais nada por você.

68
MINHA PREFERÊNCIA
Você continua
Tão bonita.
Aliás, tu és
Tão bonita.
O teu corpo é tão bonito.
O teu cabelo
Continua tão bonito.
O preto ainda fica
Tão bem em ti.
Claro, tudo fica
Tão bem em ti...
Eu nunca vi,
Eu só acho.

Seus olhos
Sempre serão
A minha preferência
Diante de tudo.

Aos domingos a alma


Ainda consegue dançar.
Ainda dança.
Dança
E anda as voltas
Pela metade
Com pouca força
Aos pés
Um por um
E um de cada vez.

Seus olhos
69
Sempre foram
A minha preferência
Diante as músicas
Que tocam em minha cabeça.

70
CONSEQUÊNCIAS
O cinza é bonito
Por consequência
Dos restos de brancos
Adicionados
Ao preto.

O céu é tão maravilhoso


Por conta
Das nuvens,
Do sol,
Da lua
E as estrelas.

A literatura
É só tão obscura
Por conta
Dos meus poemas
Poesias,
E prosas horrorosas,
E por consequência disto
As noites são claras
E o dia escuro...
E todo caminho
Da saudade
E rodeado de espinhos!

O mundo é só
Mais tranquilo
E um lugar suportável
Quase ajeitado
E com suas peças no lugar
71
Por conta
Da sua existência
Plenitude
E natureza
E, por consequência disto
Eu me mantenho:
Lírico,
Vivo
Respirando,
Fumando
E tentando.
Só tentando.

72
NO FINAL
No final,
Ficam as palavras por dizer.
Aquelas palavras
Nunca antes ditas
Escritas ou cantadas.
Ficam um monte delas.

Engravatadas
Aos montes
Ao meio da garganta
Esperando uma oportunidade
Para se soltarem.
Iguais as borboletas
Aqui presas,
No meu estômago.

No final,
Ficam aqui comigo
Montando muros contra o mundo.
Procurando um precipício
Para se jogarem.
Arranhado as paredes da minha pele.
Pedindo socorro
Até tentando respirar
Enquanto te chamam
Pelo nome.

Quando se parte um amor


Ao meio,
Como uma flor...
No final,
73
Só as palavras ficam.

Os amores envelhecem
As palavras jamais.
Os amores esfriam
As palavras não ditas
Enquanto se amou
Jamais tornam-se frias.

74
O AMOR AINDA ME ESPANCA
O amor ainda me espanca.
O amor
Ainda me-é
Como surra.
Ainda sou
Agredido brutalmente
Todas as noites
E todos as manhãs
E todas tardes
Por um mero sentimento.

Espero que nunca


Te esqueças de mim.
Que me carregues
No coração
Todos os dias
Todas manhãs
E todo final do dia!

Todo mundo
Tem um amor
Por esquecer...
Eu tenho você,
Quero esquecer-te
A todo momento
Que te lembro
Que te ouço
E te sinto
Ao aproximar
O isqueiro ao cigarro.

75
E aí,
O amor chuta o meu pé.
Soca o meu rosto
Empurra o meu ombro
Morde os meus lábios
Puxa o meu cabelo
E martela os meus dedos.

Eu ainda apanho
Constantemente do amor.

76
BIOGRAFIA DO AUTOR

Keké Poeta
Pseudônimo de Kélcia Francisco, nascida à 17 de Julho de
2003 em Luanda, no município do Cazenga. Concluiu o ensino
médio no curso de técnico de finanças no Instituto Médico de Ad-
ministração e Gestão de Viana. Recentemente estudante do cur-
so de Gestão e administração de empresas, no instituto superior
politécnico Deolinda Rodrigues.

Percebeu o seu vício pela escrita em 2020, durante o isolamen-


to social. tem participações em mais de cinco antologias, e outros
projetos em carteiras, como também já foi coautora de um e-book
de poemas(A arte que fala poemas da alma).

“AMORES POR ESQUECER” é a minha primeira obra, em forma-


to digital e gratuito, lançada pela editora Gracepublicer.

Um poemário de muitos amores, aqueles amores, os Amores


por esquecer! “É o meu livro bordado à mão”

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O que inspira a poeta a escrever?

Eu. Sou e sempre fui a minha maior inspiração. O resto são as cois-
as boas e más da vida. Levo a escrita como uma tentativa de escape
ao meu cotidiano. Serve, para mim, como uma bomba de ar no
final do dia.

-A autora

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