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BROCK, Avril et al.

Brincar:
aprendizagem para a vida.
Porto Alegre ArtMed 2011 1
recurso online ISBN
9788563899347 (Capítulo 1).
A UTILIDADE DA BRINCADEIRA – Pam
Jarvis
 A brincadeira fornece base psicológica para as
habilidades sociais e intelectuais que os adultos
necessitam;
 A brincadeira é uma experiência flexível e
autodirecionada;
 Serve tanto para as necessidades de uma criança
individualmente como para a sociedade futura na qual
ela viverá como adulta.
Introduzindo a evolução

 Psicólogos do desenvolvimento e etólogos acreditam


que a brincadeira proporciona uma experiência prática
essencial para a vida.
 “os animais não brincam porque são jovens, mas
possuem sua juventude porque devem brincar” (Bruner)
(p. 25).
 A brincadeira é uma atividade útil que confere algum
tipo de vantagem evolutiva.
O problema de definir “o que é
brincadeira” e “o que não é brincadeira”

 Quais atividades desenvolvidas no ambiente pedagógico são


brincadeira?
 Qual a diferença entre trabalho e brincadeira?
 A brincadeira é algo que se sente, mais do que algo feito (Reed e
Brown).
 Critérios de brincadeira para Garvey
 Agradável para aquele que brinca;
 Não possui objetivos extrínsecos;
 O objetivo intrínseco é a diversão;
 Espontânea e voluntária;
 Comprometimento ativo daquele que brinca.
A brincadeira e o desenvolvimento
psicológico
 O papel da brincadeira dentro dos processos de desenvolvimento
e de aprendizagem;
 Teorias têm focado nos diferentes tipos de brincadeiras e a função
delas para o desenvolvimento de aspectos específicos da criança;
 Hutt dividiu as brincadeiras em três tipos principais:
 Epistêmica: brincadeira associada com o desenvolvimento das
atividades cognitivas/intelectuais;
 Lúdica: a brincadeira associada com o desenvolvimento das
atividades sociais e criativas;
 Jogos com regras, por exemplo jogos em equipe, xadrez.
 A diferença entre culturas humanas no tempo e no
espaço faz parecer improvável que haja uma definição
universal e definitiva do que é e do que não é
brincadeira.
Teorias clássicas (século XIX e início do
século XXI)
 Por um longo tempo se acreditava que a brincadeira
era somente algo que as crianças faziam e que não
merecia a atenção dos adultos.
Teorias da regulação de energia

 Teorias em que a brincadeira era apenas uma maneira


de alívio ou de gastar energia que não tinha sido usada
de outra forma, ou o inverso – uma forma de recuperar
energia através de atividades de relaxamento.
 A ideia de alívio tem início na Grécia Antiga com os
textos de Aristóteles sobre Catarse
Catarse é a eliminação de uma complexo, trazendo
para consciência e permitindo a sua expressão
(Merrian Webster).
 Schiller no século XVIII definiu como gasto de energia
abundante e sem propósito.
Teorias da regulação de energia

 Para Moritz Lazarus a brincadeira é uma forma de


recuperar energia gasta no trabalho.
 Spencer utilizou a teoria evolutiva de Darwin para
propor que quanto mais desenvolvido o animal, mais
energia excedente produz, e mais complexa sua
brincadeira.
 As diferenças entre as espécies, inclusive com relação a
fisiologia do cérebro, mostra que não é mera questão
de diferenças nos níveis de “energia excedente”.
Teoria da recapitulação

 Stanley Hall (1920) considerava a infância como uma ligação entre


a forma animal e humana de se comportar e de pensar. Baseava-
se na teoria da evolução de Darwin.
 Entendia que a brincadeira ajudava as crianças a trabalharem os
instintos primitivos, que para ele não eram necessários em modos
de vida mais civilizados.
 Hall propõe o seguinte caminho da evolução: animal, selvagem,
sociedade tribal e sociedade moderno.
 Sua teoria é obsoleta por estar baseada em ideias de instinto e
evolução. O argumento contrário a sua teoria é de que as
sociedade ocidentais não são mais desenvolvidas que as
sociedades tribais.
Teoria da prática ou do pré-exercício

 Karl Groos (1986 - 1901) baseou sua teoria em observações práticas e


não em especulações filosóficas como fizeram seus antecessores.
 Para Groos, animais jovens e crianças aprendiam durante a
brincadeira. Praticavam habilidades que necessitavam desenvolver
para a vida adulta.
 Foi um dos primeiros pesquisadores que consideraram que os adultos
podem usar a brincadeira de maneira parecida.
 Desenvolveu uma taxonomia, listando tipos de brincadeira:
brincadeira experimental (jogos orientados por regras, brincadeira
socioeconômica (brincadeira de perseguição e luta), e jogos sociais e
familiares (jogos de faz de conta).

 Taxonomia: “uma classificação ordenada de um grupo de conceitos relacionados”.


Terapia através da brincadeira

 A teoria psicanalítica foi desenvolvida por Sigmund Freud (1854 – 1938),


quem acreditava que a brincadeira possuía um papel importante no
desenvolvimento emocional das crianças.
 Para ele, através da brincadeira, as crianças seriam capazes de remover
sentimentos negativos associados a eventos traumáticos.
 A filha de Freud, Anna, desenvolveu a terapia através da brincadeira em
meados do século XX. Na terapia através da brincadeira, parte-se as
lembranças em segmentos menores e se encoraja as crianças a “jogar”
com sentimentos perturbadores. Oferece-se uma variedade de
experiências envolvendo a brincadeira para esse propósito, por exemplo,
bonecas, areia, água, materiais artísticos.
 A terapia através da brincadeira foi muito utilizada para ajudar as crianças
traumatizadas com eventos da Segunda Guerra Mundial.
Teoria da modulação do interesse

 No modelo de Berlyne, a brincadeira é o resultado de um estímulo


no sistema nervoso central para manter o interesse em um estado
ótimo.
 Para Ellis, as crianças usam a brincadeira para aumentar a
estimulação e o nível de interesse.
 A teoria da modulação do interesse está relacionada ao debate
atual a respeito do papel do tédio versus uma potencial
superestimulação na infância.
 O sociólogo Corsaro diz que nas sociedades modernas ocidentais
o tempo das crianças está sendo absorvido por atividades
direcionadas pelos adultos.
 Segundo ele, nessas sociedades a infância está sendo
“colonizada” pelos adultos.
Teoria da brincadeira
metacomunicativa
 Metacomunicação é a comunicação através da comunicação. As
crianças fazem isso durante a brincadeira.
 Gregory Bateson (1955) diz que durante as brincadeiras simuladas as
crianças aprendem a operar em dois níveis diferentes:
 Nas cenas em que estão representando;
 Enquanto mantém sua existência no mundo real.
 Garvey (1977) propôs o termo “quebrar o quadro” para essas situações em
que as crianças precisam interromper a fantasia para resolver problemas e
desentendimentos para então voltar ao cenário do faz de conta.
 Essas observações de Bateson e Garvey mostram que as crianças não
somente aprendem sobre o papel, mas também sobre o conceito de
interpretar um papel, e como isso se relaciona com a realidade.
Textos da brincadeira

 São histórias imaginárias criadas por uma criança ou


grupo de crianças para justificar e explicar suas ações.
Podem ser chamados também de narrativas das
brincadeiras.
 Para Bateson (1955), a brincadeira de faz de conta
produz um adulto com uma autoimagem cultural e
social particular.
 Jarvis (2005, 2006) estudando as brincadeiras
relacionadas a um playground descobre que elas eram
complexas e relacionadas ao gênero.
Teorias de desenvolvimento cognitivo

 Para essas teorias, a brincadeira tem um papel vital para a construção


de um conjunto de representações mentais do mundo em que a
criança se insere.
 Os dois teóricos mais proeminentes nessa área são Jean Piaget (1896 –
1980) e Lev Vigotski (1896 – 1934).
 Piaget propôs um sistema de desenvolvimento baseado na
assimilação e acomodação.
 Na acomodação a criança cria um novo conceito no
pensamento.
 A criança chega na acomodação através do processo de
equilibração – necessidade de equilibrar as ideias de um indivíduo
com a realidade (Piaget, 1955).
Teorias de desenvolvimento cognitivo

 Vigotski propôs o conceito de zona de desenvolvimento


proximal (ZDP) para abordar a importância da ajuda no
desenvolvimento.
 A ZDP é uma área de competência em que a criança
pode acessar com ajuda de um adulto ou pares e que
não é capaz de acessar sozinha.
 O adulto pode ajudar dividindo a tarefa, o que Jerome
Bruner chamou de “andaimes conceituais”. Duas
crianças também podem juntar suas ideia para resolver
problemas conversando e descobrindo como algo é
feito.
 Este material foi elaborado com fins pedagógicos pela
professora Lígia C. Libâneo e deve ser utilizado com fins
pedagógicos somente pelos/as estudantes desta turma.
Solicito não disponibilizar para pessoas de fora da turma.

Obrigada

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