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Inteligência Artificial

Objetivos:

sss

Contextualização:

Definição: A inteligência artificial (IA) é a capacidade que uma máquina para reproduzir
competências semelhantes às humanas como é o caso do raciocínio, a aprendizagem, o
planeamento e a criatividade.

A IA permite que os sistemas técnicos percebam o ambiente que os rodeia, lidem com o que
percebem e resolvam problemas, agindo no sentido de alcançar um objetivo específico. O
computador recebe dados (já preparados ou recolhidos através dos seus próprios sensores, por
exemplo, com o uso de uma câmara), processa-os e responde.

Os sistemas de IA são capazes de adaptar o seu comportamento, até certo ponto, através de
uma análise dos efeitos das ações anteriores e de um trabalho autónomo.

A Inteligência Artificial (IA) é uma área de tecnologia da computação que visa desenvolver
sistemas e programas computacionais capazes de resolver problemas, encontrar soluções e
executar tarefas que normalmente exigem a inteligência humana. Em outras palavras, as IAs
são tecnologias que podem simular, replicar e até aprimorar comportamentos humanos.

Esses mecanismos são treinados para tomar decisões, aprender informações, reconhecer
padrões e de forma geral, se auto aprimorar de acordo com a forma com que foram treinados.

Apesar de parecer um conceito um tanto quanto futurista, os avanços no desenvolvimento de


IAs são cada vez mais notáveis. De acordo com um levantamento feito pela Forbes Advisor com
cerca 600 empresas, aproximadamente 64% das organizações acreditam que as IAs podem
aumentar a produtividade e melhorar os relacionamentos com os clientes.

Essas tecnologias já são amplamente utilizadas no nosso dia a dia e estão sendo cada vez mais
incorporadas em produtos, serviços e soluções que utilizamos com frequência.

História da Inteligência Artificial (IA)

A história da Inteligência Artificial remonta décadas, mais especificamente, a época da Segunda


Guerra Mundial.

O cientista e matemático Alan Turing, em seu artigo publicado, “Computing Machinery and
Intelligence”, propôs a ideia de que máquinas poderiam exibir comportamento inteligente
indistinguível ao de um ser humano. O teste publicado no artigo ficou conhecido como “Teste
de Turing” e serviu como base para que outros estudiosos pudessem de fato cunhar o termo
“Inteligência Artificial”.

O “Teste de Turing” consiste na interação entre um avaliador humano, uma pessoa e uma
máquina, e a ideia é identificar se os prompts (comandos) utilizados são gerados por humanos
ou máquinas. Se o avaliador não conseguir distinguir se o prompt foi feito por uma IA ou por
um humano, pode-se dizer que a máquina passou no Teste de Turing.

Até hoje não há registros de sistemas de IA que tenham passado no teste.

Quando surgiu a IA?

Apesar de Turing ter proposto as bases para a tecnologia de IA, o termo só foi apresentado pela
primeira vez em 1956 por John McCarthy, na Conferência de Dartmouth, inaugurando
formalmente a IA como um campo de pesquisa.

Desde então, os estudos e a história da Inteligência Artificial já passaram por diversos


momentos, desde a descrença e esfriamento das expectativas sobre essa tecnologia, até
descobertas e avanços incríveis.

Nas últimas décadas, a temática tem ganhado cada vez mais notoriedade e usos em várias
indústrias e segmentos.

Um exemplo claro é a IA Generativa lançada pela empresa OpenAI com sua popular
ferramenta, o ChatGPT, que tem atraído usuários de diversas áreas e gerado discussões muito
interessantes no segmento de tecnologia.

Inclusive, acredita-se que esse tipo de Inteligência Artificial representa uma verdadeira
revolução na área de tecnologia.

Como funcionam as IAs?

Cada Inteligência Artificial funciona de uma maneira diferente, atendendo aos objetivos para
os quais foi desenvolvida.

Mas de forma geral, as IAs seguem modelos de algoritmos inteligentes e complexos e utilizam-
se da coleta e processamento de grandes volumes de dados para aprender, executar e resolver
problemas.
Cada IA utiliza modelos diferentes de aprendizado, como o Deep Learning (Aprendizado
Profundo), o Machine Learning (Aprendizado de Máquina), as Redes Neurais Artificiais ou o
Processamento de Linguagem Natural (PLN).

Porém, independente do tipo, essas tecnologias utilizam a coleta e processamento de dados e


algoritmos inteligentes para operarem.

Quais são os principais tipos de Inteligências Artificiais?

Existem diversos tipos de Inteligência Artificial. Conheça os principais a seguir!

Máquinas reativas

Como o nome sugere, esse tipo de Inteligência Artificial reage de forma direta e imediata,
respondendo a comandos específicos.

Elas não têm acesso a um histórico de dados, por isso, não podem dar respostas baseando-se
em experiências adquiridas previamente.

Em outras palavras, esse tipo de IA não apresenta a capacidade de aprendizado, nem memória,
já que responde a comandos específicos e com isso, entrega respostas específicas.

Máquinas reativas geralmente utilizam um modelo de machine learning. Um claro exemplo de


uso desse tipo de IA são as recomendações dadas por plataformas de streaming ou por sites de
vendas.

Nesse caso, a máquina coleta informações de padrões de comportamentos, preferências no


momento da navegação do usuário na página e oferece conteúdos ou produtos personalizados
com base nesses comandos.

Teoria da Mente

As máquinas de Inteligência Artificial baseadas na Teoria da Mente ainda estão em um estágio


de desenvolvimento inicial, mas já demonstram resultados interessantes.

Diferente dos dois tipos anteriores que já estão sendo usados em muitos contextos das nossas
vidas, máquinas que utilizam a Teoria da Mente teriam a capacidade de aprender e identificar
aspectos cognitivos.
Entre eles, as estruturas de pensamentos, emoções, crenças, empatia, comunicação, entre
outros, que até então, eram exclusivos aos humanos.

O desenvolvimento da área é promissor e já apresenta resultados. Um exemplo recente é o


estudo realizado por cientistas da Universidade de Stanford, que testou diversos modelos de
linguagens em questionários amplamente utilizados em seres humanos para testar a Teoria da
Mente (ToM).

Os resultados mostraram que o modelo de linguagem GPT-3.5 e GPT-4 tiveram um


desempenho significativo em testes de falsas crenças, acertando cerca de 90% e 95% das
respostas, respectivamente.

O modelo GPT-4, recentemente lançado em março de 2023, apresentou resultados


comparáveis aos de uma criança de mais de sete anos de idade.

Autoconsciente

O modelo autoconsciente ainda reside no campo das hipóteses, isso porque a ideia proposta
nesse tipo de IA é a de que uma máquina poderá ser capaz de ter autoconsciência, assim como
um ser humano.

Isso significa que a máquina teria uma capacidade de entender sua própria existência, refletir e
expressar, inclusive, uma consciência subjetiva e um senso de identidade.

As tecnologias atuais ainda não possuem a capacidade de criar algo do tipo. Entretanto, esse
seria um possível passo evolutivo para as Inteligências Artificiais, que certamente levantariam
muitas questões éticas e morais.

3 exemplos reais de tecnologias de Inteligência Artificial

Com tantas informações sobre a história da Inteligência Artificial e seus principais tipos, é
crucial saber como podemos aplicar essa tecnologia no nosso dia a dia.

Embora só recentemente começamos a discutir ativamente e ouvir falar mais sobre a temática
das IAs em vários meios, devido à popularidade do Chat GPT, elas já estão presentes em
diversas indústrias e segmentos há muitos anos.
Desde modelos de IA que oferecem recomendações de produtos e serviços em nossos
smartphones e computadores, até carros autônomos e tecnologias de reconhecimento facial,
as aplicações são muitas.

Separamos a seguir uma lista de exemplos reais de tecnologia de IA. Confira!

Assistentes virtuais

Um dos exemplos mais conhecidos de uso das IAs são as assistentes virtuais como Siri, Cortana,
Alexa e Google Assistance.

Essas Inteligências Artificiais, como mencionado anteriormente, são capazes de armazenar um


histórico de dados e com isso, oferecer respostas atuais mais precisas para os usuários.

As assistentes de voz que utilizam IA podem ser usadas para realizar várias funções, como
agendar compromissos, fazer buscas rápidas na internet, programar atividades, fazer ligações,
controlar dispositivos domésticos, etc.

Análise do comportamento do consumidor

Outro exemplo muito comum das Inteligências Artificiais são nas análises de comportamento
dos consumidores.

Imagine as recomendações que você recebe diariamente em seu smartphone ou enquanto


navega na internet. O que alimenta esse sistema de sugestões de consumo, compras e
conteúdo são as IAs.

Através de seu algoritmo, a máquina consegue identificar padrões de comportamento do


usuário, histórico de compras e outras ações, para oferecer as melhores recomendações de
produtos, serviços e soluções ao consumidor.

Reconhecimento facial

Sistemas de reconhecimento facial também utilizam Inteligência Artificial para operarem.

Esse tipo de sistema utiliza algoritmos que servem para validar a identidade de uma pessoa
através de suas características faciais.

Esse é um sistema de segurança muito utilizado em smartphones e aparelhos, ou para fornecer


acesso a prédios, estabelecimentos, etc.
A IA coleta dados através de imagem ou vídeos sobre características faciais do usuário. Depois,
os detecta no programa de reconhecimento facial, cruza as informações e toma a decisão, que
nesse caso é o acesso a algum local ou aparelho.

Conclusão

Neste artigo, você conheceu um pouco do histórico das IAs, como funciona essa tecnologia, os
tipos de Inteligência Artificial e até algumas aplicações reais que já utilizamos no nosso dia a
dia.

Mas o fato é que a história da Inteligência Artificial está longe de se esgotar e ainda promete
muitos avanços interessantes e reflexões importantes para a vida em sociedade.

Curiosidades:

Vários livros já foram escritos por bots: é, amigos! Quem diria, hein? O assunto virou até
polêmica na Amazon, já que muitas pessoas denunciaram livros presentes no site e que haviam
sido escritos por máquinas. A empresa chegou a fazer um “limpa” recentemente para evitar
complicações futuras;

Mais inteligentes do que seres humanos: especialistas em tecnologia afirmam que a


Inteligência Artificial poderá fazer até mesmo piadas futuramente. É possível que eles se
tornem mais perspicazes do que os seres humanos em um futuro não tão distante, talvez em
2029. Tá super perto;

Informações de alta complexidade: a robô Sophia, desenvolvida pela empresa Hanson Robotics
de Hong Kong, já é capaz de reproduzir dezenas de expressões faciais e, além disso, também
consegue interpretar informações de alta complexidade;

Cidadania: por falar nisso, a robô Sophia conseguiu até mesmo cidadania na Arábia Saudita,
com passaporte e tudo mais. É o primeiro bot a ser conhecido como cidadão no mundo;

Comunicação entre máquinas: conforme pesquisas da OpenAI, robôs designados para


cooperarem com outras máquinas são realmente capazes de se comunicarem, no sentido de
cumprir as determinações que foram programadas para executar. Uma revolução vindo por aí?
Esperamos que não

Robôs de estimação já existem e podem ser uma tendência

Quando se procura por robôs que utilizam Inteligência Artificial no mercado hoje em dia, é
possível encontrar uma diversidade de tipos e formas. Porém, um tipo que está ganhando
popularidade e notoriedade nos últimos tempos são os robôs de estimação, que muitas vezes
têm até o formato de um animalzinho.

Muitas pessoas têm vontade de ter um companheiro de estimação, mas animais de verdade
precisam de um cuidado constante, além de gastos com alimentação, medicamentos,
veterinário e acessórios. Por isso, a ideia de ter um robô de estimação vem se tornando mais
interessante para essas pessoas. Estima-se que eles se tornarão muito disponíveis a partir de
2025.

A maioria dos Bots são femininos

Bots é o diminutivo de “robot”, e eles são softwares programados para simular ações humanas
de forma repetitiva e como padrão. É muito comum encontra-los em forma de bate papo no
serviço de atendimento ao consumidor de sites e lojas. Outro exemplo muito importante dos
bots são o uso de assistentes digitais, como é o caso da Siri, da Alexa ou do Google Assistente.

Se você já teve interação com esses bots, deve ter percebido que a maioria deles têm voz
feminina, e mesmo que tenha a opção de vozes masculinas, é a feminina que vem como
padrão. Isso acontece porque estudos revelaram que as pessoas preferem o som da voz
feminina.

IA pode detectar emoções

Algumas soluções de IA são capazes de entender melhor as emoções humanas a partir das
expressões faciais. Embora ainda é um passo inicial, atualmente esses tipos de soluções já
foram usadas em lojas, por exemplo, para saber se o cliente tem interesse em comprar ou está
só olhando. Outro exemplo foi em uma escola secundária de garotas em Hong Kong para
entender melhor se elas estavam de fato aprendendo com as aulas através de câmeras.

Um destaque nesse assunto vai para Kismet, que foi considerado um dos primeiros robôs a
demonstrar interação emocional, podendo não apenas identificar mas como demonstrar
algumas emoções com expressões faciais, vocalizações e até movimentos de cabeça e olhos.

Robôs com IA podem se consertar

Cientistas da Universidade Nanyang Technological de Singapura já conseguiram desenvolver


um robô que utiliza a inteligência artificial para detectar quando tem algo errado em seu corpo
e se auto-consertar.

O sistema conta com sensores capazes de detectar quando há alguma força física fazendo
pressão em algumas das partes do robô e também permite que eles possam detectar e
consertar danos menores sem a intervenção humana.
IA pode substituir força de trabalho humana

Esse é um dos pontos principais do uso de IA em diversos setores do mercado, já que em


muitos casos o objetivo é substituir a força de trabalho humana. Isso pode ser feito de duas
formas, a primeira é somando, trazendo IA para realizar trabalhos maçantes, repetitivos e até
mesmo perigosos. A segunda é como forma de ter menos trabalhadores humanos.

Essa segunda opção pode ser um problema e até mesmo afetar no aumento de desemprego,
mesmo que diminua os custos dos negócios. De acordo com o The Guardian, o setor que mais
vai sofrer ameaça nesse sentido é o de serviço ao consumidor.

IA será mais inteligente que os humanos

A inteligência artificial é avançada, e a medida que é desenvolvida ela mostra sua capacidade
de aprendizado. Isso significa que esses sistemas conseguem aprender de forma muito rápida,
tendo acesso a diversas informações e conseguindo guardar todas elas.

Em termos de comparação, a Inteligência Artificial em 2013 tinha o nível de inteligência de


crianças de 4 anos de idade. Uma projeção indica que em 2029, ela já terá o nível de
inteligência de uma pessoa adulto. A partir daí, só evolução.

Relacionamento entre humanos e IA poderão ser legalizados

Estamos caminhando para que os robôs se tornem cada vez mais parecidos com os humanos, e
isso pode significar uma aproximação em diversos aspectos. David Levy, um especialista em
inteligência artificial, revela que no futuro será possível que pessoas se casem com robôs.

Ele faz uma analogia, revelando que em breve as pessoas vão amar seus robôs da mesma
forma que amam seus carros. Segundo ele, em 40 anos, um relacionamento com um robô será
comum, inclusive com a parte do sexo.

IA já podem ter cidadania

Sophia, uma robô humanoide criada, conseguiu garantir sua cidadania na Arábia Saudita. Esse
pequeno detalhe foi o início de uma grande discussão a respeito dos robôs e se eles devem ter
ou não direitos legais.
IA pode escrever artigos e livros

Talvez uma das áreas que poderão se tornar ameaçadas pelo avanço da inteligência artificial
seja exatamente a da escrita. Atualmente já existem casos de robôs com IA que escreveram
artigos e até mesmo livros.

Um dos mais recentes foi o que aconteceu com Ammar Reshi, um gerente de design que usou
duas ferramentas de IA para desenvolver um livro infantil, sendo uma o ChatGPT para criar os
textos e a outra o Midjourney para criar as ilustrações.

IA já está sendo usada para resolver problemas sociais

Atualmente grandes empresas já estão pensando em soluções do uso da IA que vão além de
automatizar tarefas, e que também sejam cruciais na resolução de problemas sociais ou até
mesmo prevendo catástrofes naturais.

É o caso do Google, por exemplo, que utiliza uma solução de inteligência artificial para prever
inundações e enchentes, ajudando o governo das cidades a se prepararem para isso e até
mesmo a população a se proteger. Outra solução consegue identificar incêndios florestais e
seus limites, ajudando bombeiros no combate às chamas.

Robôs podem criar idiomas próprios

Ainda em 2017, o Facebook anunciou que iria desativar um experimento usando inteligência
artificial depois que dois dos chatbots usados no projeto começaram a desenvolver uma
linguagem única para se comunicar.

CEO do Google disse que IA será mais transformador do que a descoberta do fogo e da
eletricidade

O advento da Inteligência Artificial parece ter um peso importante na história da humanidade,


ao menos de acordo com Sundar Pichai, o CEO do Google. De acordo com ele, os avanços da IA
serão mais transformadores do que a descoberta do fogo ou da eletricidade.
Hoje em dia já é possível ter robôs para ajudar pessoas cegas a se vestir ou escolher produtos,
dando mais independência, ou até mesmo que ajudam a cuidar de pessoas idosas, o que
mostra que ainda há muito a vir para o futuro.

Enquanto isso, grandes nomes da tecnologia não são fãs da IA

Diferente de Sundar Pichai, existem outros grandes nomes no mundo da tecnologia que não
parecem tão empolgados assim com o avanço da inteligência artificial. Um deles é Stephen
Hawking, que já revelou que o avanço na IA pode ser o pior evento na história da civilização a
menos que a sociedade consiga controlar o seu desenvolvimento.

Elon Musk e Bill Gates também já mostraram estar com o pé atrás a respeito desse avanço.

Perguntas norteadoras:

A inteligência artificial pode tomar o lugar de profissionais de saúde em geral?

É possível substituir o Psicólogo por inteligência artificial?

Testes psicológicos aplicados por inteligência artificial podem servir como base para
diagnósticos?

Discussão:

Esta manifestação é fruto do trabalho cooperativo de várias entidades de Psicologia no Brasil.


Estas vêm a público para alertar a população dos ataques a que estamos sujeitos, impetrados
pelas tecnologias da chamada inteligência artificial, e posicionarem-se contra o uso antiético
dos conhecimentos da Psicologia nestas empreitadas.

O conhecimento psicológico está sendo usado de uma maneira que coloca em risco, tanto a
saúde mental da população, quanto a própria convivência democrática. Não somente os
saberes e fazeres de nossa ciência e profissão têm esse uso, mas também estão sendo
realizadas interferências sobre dimensões da vida humana que são alvo de atenção da
Psicologia. Isto obriga a nós, atores vinculados de diversos modos à Psicologia, a este
posicionamento público.

Tal processo começa com a captura da atenção e das emoções das pessoas, seguida da
transformação de ambas em dados processados por ferramentas baseadas na assim chamada
inteligência artificial. Por meio do uso desses dados são estabelecidas possibilidades de
manipulação das subjetividades, de um modo inimaginável, até hoje, na história da
humanidade.
Nos médio e longo prazos, essa produção e coleta de dados é apontada por estudiosos como
arma capaz de estabelecer um novo processo de colonização do planeta, por parte daqueles
que detenham essas tecnologias. E nós da Psicologia, por tudo o que estamos conseguindo
compreender, estamos vendo que essa ameaça seja algo real e iminente.

A sobreposição de quatro mecanismos diferentes - a captura generalizada de informações


sobre as pessoas, a identificação de nichos de audiência, a informação dirigida e customizada a
cada um desses nichos e, ainda, o advento de aparatos de comunicação que permitem um
nível extremo de individualização e velocidade no acesso a ela - criou uma situação de grave
risco para a convivência social e para o desenvolvimento de cada cidadão.

O que nos chama ao tema é o nível de sofisticação dos processos e a dificuldade generalizada
de reconhecer que eles estejam acontecendo.

Essas tecnologias são potentes, penetrantes e eficientes. Isso leva a uma naturalização de
processos inaceitáveis do ponto de vista humano e a uma prostração da sociedade diante de
suas prováveis consequências deletérias.

Ademais, tais tecnologias estão apropriadas por atores que não têm dificuldades em criar
situações para que até mesmo o reconhecimento de seus malefícios seja obstaculizado.

Diante disso é que profissionais e entidades de Psicologia de diversas regiões do país, abaixo
assinados, vêm a público alertar a sociedade brasileira sobre riscos em relação à saúde mental
e à própria democracia.

Não se trata de rejeitar algum desenvolvimento tecnológico, que tem resultados positivos
inegáveis na vida humana; é perceptível que os recursos advindos desse desenvolvimento
seriam altamente eficazes para apoiar a sociedade em diversas dimensões de sua integração e
autorreconhecimento. Trata-se de apontar que essas tecnologias não completaram ainda seu
processo de humanização e precisam ser conhecidas, analisadas e objeto de controle social.

Fator humano x relação humana x transferência x contratransferência x relação terapêutica x


vínculo

Questões éticas
A ideia de utilizar métodos revolucionários que favorecem o nosso bem-estar pode parecer
maravilhosa. No entanto, também envolve problemas éticos que precisamos resolver se
queremos que eles se integrem ainda mais ao cenário cotidiano.

Não há dúvida de que a ajuda tecnológica pode melhorar a qualidade de vida de muitas
pessoas. Vivemos mais tempo e as famílias estão mais desestruturadas. O tempo parece se
comprimir diante de tantas opções tecnológicas.

Por exemplo, quando instalamos um programa em nosso computador ou um aplicativo em


nosso celular, concordamos com condições que raramente lemos. Pensamos que, se a maioria
os aceita, também seremos capazes de assumi-los. Dessa maneira, estamos concedendo, em
muitas ocasiões, privilégios que nos escapam.

De alguma forma, delegamos a outras pessoas uma revisão que deveríamos fazer. Em outro
nível, vemos como as redes sociais funcionam. Há diversas publicações cercadas por interesses
comerciais e publicidade. Locais de encontro administrados por iniciativas econômicas que
desejam conhecer os nossos gostos e interesses para tornar os seus produtos rentáveis.

Por outro lado, todo psicólogo é governado por um código de ética. Ele está ciente de que
existem regras e de que, se as violar, terá que responder à autoridade competente. Falamos de
uma consciência que dificilmente uma máquina poderá alcançar.

Resumindo, na associação entre inteligência artificial e psicologia, talvez os dois grandes


perigos sejam compartilhar dados muito sensíveis com uma máquina programada em uma
linguagem que o usuário não conhece, e a falta de conhecimento das normas – código de ética
– que devem regular determinados serviços, benefícios ou atividades.

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