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CAMPUS DE CURITIBANOS
DEPARTAMENTO DE AGRICULTURA, BIODIVERSIDADE E FLORESTAS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Curitibanos
2023
Amanda Wernke Tenfen
Curitibanos, SC
Ficha de identificação da obra elaborada pela autora,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Amanda Wernke Tenfen
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Médica
Veterinária.
________________________
Prof. Dr. Malcon Andrei Martinez Pereira
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela
Orientador(a)
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
M.V Bruna Tizoni Guedine
Avaliador(a)
Universidade de São Paulo
________________________
M. V Amanda Sant Helena
Avaliador(a)
Dedico esse trabalho aos meus pais, Mary e Inácio, que nunca mediram esforços para que
meus sonhos se realizassem.
AGRADECIMENTOS
Enquanto eu estava escrevendo meus agradecimentos foi difícil pensar e listar todas
as pessoas que, de algum modo, fizeram ou fazem parte da minha vida. Por conta disso, meu
primeiro agradecimento é de coração a todos que de algum modo me auxiliaram nessa
trajetória, me inspiraram durante o caminho e que me fizeram querer ser uma pessoa melhor.
Agradeço aos meus pais, Mary e Inácio, por me apoiarem desde o início. Obrigada
pai, por compartilhar do mesmo amor que eu sinto pelas aves. Obrigada mãe por sempre me
escutar, acalmar meu choro e auxiliar nos momentos em que precisei. Reconheço e sou
imensamente grata, pois esforço dos dois permitiu que meus sonhos se tornassem realidade,
ambos são pessoas admiráveis e se um dia eu me tornar a metade das pessoas que vocês são,
estarei satisfeita.
Agradeço também ao meu irmão, melhor amigo e afilhado, Adrian Wernke Tenfen,
por todos os momentos que esteve comigo, mesmo à distância, te amo infinitamente.
Um agradecimento mais que especial à Ana Carolina, amiga que a UFSC me deu,
muitíssimo obrigada por todos esses anos que vivemos juntas, por estar presente em todos os
perrengues, momentos de risada e de choro, por todas as pipocas e garrafas de café feitas
durante as sessões de estudo, por estar presente nos momentos bons e principalmente por não
me abandonar nos momentos que eu mais precisei. Amo você e te considero uma irmã!
Agradeço aos meus animais de estimação, meus filhos de penas, que alegram os
meus dias e a minha casa, minhas calopsitas: Caló (sempre na memória e no coração), Piu e
Fred, força maior pela qual escolhi essa profissão tão linda e admirável.
Aos meus tios, Adair e Angelita e sua família: Angélica e Brayan, não tenho palavras
para expressar o quanto eu sou grata por terem me acolhido em Florianópolis durante o
período do meu estágio.
Um agradecimento especial às minhas primas Larissa e Thais, por todas as
conversas, desabafos feitos de coração aberto e risadas compartilhadas, por permanecerem em
todas as etapas da minha vida independente da distância ou circunstância.
À minha amiga Júlia Farias Cardoso, muito obrigada por todos os momentos de
risadas que compartilhamos durante a gestão do GEAS. E um agradecimento mais que
especial a você e a sua família por todas as segundas e terças que vocês me acolheram durante
as minhas idas à Curitibanos.
À minha amiga Layna Rhode, meu presentinho de 2022. Amiga, muito obrigada por
me receber na sua casa durante a disciplina das férias e por todos os momentos que
compartilhamos, sou imensamente grata pela sua amizade, amo você.
Um agradecimento especial à minha melhor amiga Janaína. Muito obrigada por todo
apoio emocional, videochamadas, memes no direct e por permanecer ao meu lado.
Às amizades verdadeiras, Alcione, Marilia e a pequena Sarah muito obrigada por
todas as aventuras em cima da bike.
À todas as amizades que iniciaram na gestão do GEAS, durante a pandemia, e
principalmente aos laços não foram desfeitos, Átila, Maria Helena, Julia Farias e Vitória,
vocês sempre terão um lugarzinho no meu coração.
Aos veterinários do Hospital Veterinário Meu Pet: Dr. Júlio, Dra. Djulia, Dra. Carla
e Dr. Guilherme. Muito obrigada por sempre me acolherem! E um agradecimento especial à
Dra, Djulia, por toda paciência, dedicação e ensinamentos, saiba que tenho uma admiração
enorme por você!
À Dra. Gleide Marsicano, por me permitir vivenciar pela primeira vez a rotina em
uma clínica de animais silvestres e pets não convencionais. O período de estágio foi a virada
de chave para a certeza de que queria seguir nessa área.
À toda equipe do Instituto Espaço Silvestres, certamente todos os animais têm sorte
por terem uma equipe tão sensacional e dedicada para seus cuidados.
À equipe da Clínica Veterinária do CETAS, por todos os ensinamentos
compartilhados e pela amizade desenvolvida ao longo do estágio. Dr. Lucas, meu supervisor,
que soube conduzir meu estágio amplamente. Á Dra. Tainá, uma excelente profissional, além
de ter uma didática invejável, obrigada por sanar todas as minhas dúvidas. E Dra. Maria
Clara, por me ensinar lutar pela vida do animal mesmo nos piores cenários.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela, muito obrigada pela sua
paciência, por sua disponibilidade e assistência.
E por fim, agradeço a coordenação do curso a todos os professores que
desempenharam com dedicação as aulas ministradas e que fazem a UFSC Curitibanos ser uma
universidade de qualidade.
RESUMO
A disciplina de estágio curricular obrigatório do curso de Medicina veterinária da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), oferece ao acadêmico da 10ª fase a
oportunidade de vivenciar, bem como, aplicar conceitos referentes à área de seu interesse de
atuação. O estágio foi realizado no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS),
localizada no Parque Estadual do Rio Vermelho, Florianópolis. O presente relatório tem como
objetivos descrever as atividades desenvolvidas pela acadêmica Amanda Wernke Tenfen
durante o período de estágio curricular obrigatório supervisionado nas áreas de clínica médica
e cirúrgica de animais silvestres. Foram encaminhados ao CETAS/SC 271 animais, desses 91
receberam atendimento clínico veterinário, sendo 80 aves, 29 mamíferos e 8 répteis.
1.1 OBJETIVOS
Nas seções abaixo estão descritos o objetivo geral e os objetivos específicos deste
relatório de estágio curricular obrigatório.
1
2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO
2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
O Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina (CETAS-SC) está
localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, na Rodovia João Gualberto Soares, bairro
São João do Rio Vermelho em Florianópolis/SC. A administração do CETAS-SC é realizada
pelo Instituto do Meio Ambiente- IMA em parceria com a ONG Instituto Espaço Silvestre
(IES). O CETAS é uma instituição destinada ao recebimento, tratamento e destinação da
fauna silvestre terrestre que ampara animais provenientes de entregas voluntárias, resgates ou
ações fiscalizatórias.
Durante o período de estágio o CETAS-SC contava com uma equipe formada por
quatro médicos veterinários, sendo um deles o responsável técnico do local, três biólogas,
quatro tratadores, um auxiliar de manutenção, uma auxiliar administrativa, duas aprimorandas
profissionais e estagiários obrigatórios, não obrigatórios, além de voluntários. Permanecia
aberto durantes todos os dias, incluindo finais de semana e feriados, com horário de
funcionamento das 8h às 12h e das 13h às 18 horas e, na temporada de filhotes (de setembro à
março), o plantão veterinário funcionada das 18h até as 20 horas.
A estrutura para colaboradores dispõe de uma cozinha completa, vestiário com
armários e área de convivência comum. Anexo a esse local encontra-se o escritório do IMA e
o escritório do IES.
O recebimento dos animais era feito pelo Corpo Temporário de Inativos da
Segurança Pública (CTISP) contratados pelo IMA, que elaboravam o termo de recebimento
dos animais com informações de data e horário de chegada, espécie, histórico, origem e
contato da pessoa que encontrou o animal. Após isso, o animal era encaminhado para a
recepção (figura 1) do CETAS, onde era cadastrado em planilha on-line, avaliado e marcado
(anilhamento ou microchipagem), em seguida passavam por avaliação veterinária. A recepção
contava com computador, balanças e equipamentos para contenção física e identificação do
animal (figura 2).
2
Figura 1: Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. Recepção: local
destinado ao recebimento, identificação e avaliação dos animais recém-chegados durante o
período de estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
A B
3
Figura 3- Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. Local de preparação
das alimentações dos animais do plantel do CETAS/SC durante o período de estágio
curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
A B
4
Figura 4- Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. Local para
armazenamento das rações de diferentes espécies no CETAS/SC (A e B) durante o período de
estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
A B
A B
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lixo. Na sala de manutenção (figura 8) ficavam armazenados materiais para manutenção e
higienização dos recintos como lavadora de alta pressão, bomba costal e vassoura de fogo.
Figura 7: Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. A: Lavanderia do
CETAS/SC. B: Prateleira para armazenamento de produtos de limpeza.
A B
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por recintos externos semifechados (figura 10), identificados com as espécies de animais
alocadas e a quantidade dos mesmos. Na entrada de cada recinto tem-se uma área de
segurança, e alguns contavam também com cambeamento e pedilúvio para descontaminação
das botas e evitar contaminação cruzada.
Figura 9- Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. Setor das aves durante
o período de estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023. A: corredor da
“casinha das aves”, na entrada de cada recinto há um pedilúvio para higienização das botas.
B: recinto externo semifechado do setor das aves.
A B
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contado de quem encontrou o animal. Posteriormente o animal recebia uma identificação,
para controle interno do IES, que seguia a sequência numérica logica, e então era triado:
avaliava-se o empenamento (nas aves), presença de lesões ou injurias, comportamento, estado
geral e de consciência e locomoção. Caso o animal se apresentasse hígido ao exame físico
inicial, ele passava pelo processo de marcação, podendo ser anilhamento ou uso de marcação
eletrônica por radiofrequência: a microchipagem, conforme a RESOLUÇÃO Nº 487, DE 15
DE MAIO DE 2018. No caso de filhotes ou animais muito debilitados, a marcação era feita
na gaiola ou caixa até que o animal pudesse recebem outra marcação.
O anilhamento, figura 10, é realizado em aves de pequeno e médio porte,
preferencialmente no membro pélvico direito, com auxílio de régua medidora de tarso,
alicates e anilhas conforme demonstrado nas figuras 11 e 12. Em passeriformes, aves em
crescimento ou que não apresentavam o risco de bicamento, utilizava-se anilhas de plástico ou
de alumínio atpe que possam receber anilhas permanentes, figura. E anilhas de aço (figura 13)
para psitaciformes, ranfastídeos e outros animais que apresentam tendência a retirada da
anilha. Durante o período de estágio utilizava-se dois tipos de anilhas: as do CETAS-SC, para
controle interno dos animais, e do CEMAVE/ICMBio, ou para aves destinadas a soltura uma
vez que participamos do Sistema Nacional de Anilhamento.
Figura 10- Marcação de Tucano-de-bico-verde (Ramphastus bicolorus) com anilha de metal
no tarso-metatarso direito do animal.
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Figura 11- Alicates utilizados para anilhamento das aves no CETAS-SC durante o período de
estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
10
Figura 13- Anilhas do CETAS-SC utilizadas para identificação das aves durante o período de
estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
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Figura 14- Processo de identificação de répteis através da inserção de microchip em: A- um
tigre-d ‘água (Trachemys dorbigni); B- Corn snake (Pantherophis guttatus).
A B
12
Figura 16- Inserção de microchip subcutâneo entre as escápulas em cachorro-do-mato
(Lycalopex gymnocercus).
Figura 17- Materiais utilizados para microchipagem dos animais do CETAS-SC durante o
período de estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023. A: embalagem
individual e esterilizada contendo microchip e agulha aplicadora. B: aplicadores de microchip.
A B
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A equipe de manejo, composta pelos funcionários e estagiários, eram responsáveis
pela higienização dos recintos, bem como fornecimento de alimentação, água, suplementos
vitamínicos e medicamentos dos animais em reabilitação. A equipe também fazia a contagem
dos animais, bem como a inspeção visual. No manejo dos recintos cobertos todos os
pedilúvios eram trocados diariamente, posteriormente realizava-se a retirada das bandejas de
alimentos e água do dia anterior e a limpeza do chão com detergente e água. A desinfecção
total, com uso de desinfetante veterinário, era feita a cada 2 dias.
O CETAS-SC seguia o protocolo de biossegurança, após o fornecimento da
alimentação, as bandejas eram recolhidas e levadas para serem lavadas e desinfectadas.
Primeiramente ficavam de molho em água, posteriormente eram lavadas com água, esponja e
detergente e então ficavam de molho por pelo menos 15 min em solução de água e cloreto de
benzalcônio. Posteriormente eram enxaguadas, deixadas para secar e guardadas em uma
prateleira ao lado da cozinha (figura 18).
Figura 18- Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina. A: Local em que as
louças limpas ficavam para secar. B: Local de armazenamento das louças já secas.
A B
14
Figura 19- Quadro de alimentação dos animais do plantel do CETAS-SC durante o período
de estágio curricular de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023.
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Figura 20- Exemplo de alimentação fornecida com uso de enriquecimento ambiental para os
animais do CETAS/SC. Na imagem, um Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva).
Fonte: Instituto Espaço Silvestre e Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (2020).
A equipe de manutenção realizava os ajustes estruturais sempre que necessário,
como troca de cadeados e maçanetas, reforço de telas, higienização e descontaminação de
caixas de transporte e gaiolas utilizadas além da descontaminação de recintos vazios ou recém
desocupados com lavadora de alta pressão, desinfetante e vassoura de fogo. A estagiária
realizou a limpeza e desinfecção de caixas de transporte e gaiolas. Com o auxílio de uma
lavadora de alta pressão os restos de fezes e alimentos eram removidos, posteriormente eram
esfregadas com auxílio de vassoura e detergente clorado, enxaguadas e pulverizado Virkon ®,
deixando agir por 15 min e por fim armazenadas a céu aberto.
O setor veterinário prestava atendimentos clínicos aos animais recém-chegados, bem
como do plantel já existente. Além disso, eram realizados procedimentos cirúrgicos de baixa
complexidade, exames de rotina e preventivos.
A rotina na clínica iniciava-se fazendo a conferência de todos os animais internados a
fim de verificar fugas ou óbitos, em seguida os filhotes e animais mais críticos eram
alimentados. Após isso, todos os animais internados são medicados, alimentados,
higienizados e posteriormente realocados a ala externa para que recebessem radiação UV. A
sala do ambulatório era limpa, primeiramente com detergente e água, enxaguada e após com
uma solução de 2 ml Herbalvet a cada 1L de água. Na sequência a sala era deixada aberta para
ventilação.
16
Durante o período de estágio, realizou coleta de fezes (3 dias) e PCR em um dos
recintos de passeriformes que estava destinado a soltura, porém os animais positivaram para 4
doenças importantes: Eimeria, Mycoplasma, Salmonella, Giardia, e por conta disso, a
estagiária teve a oportunidade de auxiliar na elaboração de um plano de contingência da
doença, além de auxiliar no manejo desses animais. Primeiramente todos os 21 animais do
recinto foram realocados e gaiolas e transferidos para o berçário, que estava desativado após o
término da temporada de filhotes. Somente a equipe técnica podia fazer o manejo desses
animais, incluindo a estagiária. O plano de contingência incluía: pedilúvio na entrada do
berçário, uso de scrub por cima do uniforme, troca e higienização de todos os comedouros e
bebedouros, além de molho em solução bactericida por 24 horas, desinfecção do chão e
paredes do local. Inicialmente todos os animais foram tratados com medicamentos para os 4
patógenos, sendo administrado por via oral, Giardicid (metronidazol + sulfadimetoxina) por
10 dias, Piusana (enrofloxacino), Tylotrat (tilosina) e Baycox (toltrazuril) por 5 dias. Ao final
do tratamento, os mesmos animais foram submetidos a um novo teste, que positivou para
Giardia e coccídeos, um novo tratamento foi instituído com Sulfamicina e Vetmax, VO por 5
dias. Como a principal forma de contaminação por giárdia e coccídeos é através da água, foi
solicitado ao IMA uma limpeza da caixa da água e todos os animais recebiam apenas água
filtrada e fervida.
2.3 CASUÍSTICA
No período de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023, 271 animais chegaram ao
CETAS/SC sendo 135 aves, 65 mamíferos, 67 repteis e 4 aracnídeos. Desses animais, 91
receberam atendimento clínico veterinário, além disso, outros 26 animais que já pertenciam
ao plantel também receberam tratamento clínico, sendo 80 aves, 29 mamíferos e 8 répteis.
Para melhor compreensão da casuística da clínica veterinária, esta será apresentada por ordem
(Tabelas 2 a 4), afecções de maior prevalência por sistema orgânico (Tabela 5), exames de
imagem (Tabela 6) e destinação (Tabela 7). Vale ressaltar que um mesmo paciente pode ter
sido contabilizado em mais de uma modalidade, por apresentar mais de uma afecção ou ter
sido realizado mais de um procedimento ou exame de imagem.
Na tabela 1 pode-se observar a casuística de animais encaminhados ao CETAS/SC,
onde separou-se por classe e conforme sua devida procedência. O resgate dos animais
encaminhados ao CETAS, na maioria das vezes, era realizado pelo IMA, onde um civil
alertava a equipe, através de telefone, sobre a existência de algum animal machucado ou que
oferecia riscos as pessoas e equipe fazia o resgate, ou através dos bombeiros e polícia
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ambiental. Animais de entrega voluntária eram provenientes de civis que mantinham o animal
ilegalmente ou legalmente, que encontraram o animal machucado e os mantiveram sob posse
e cuidados ou de profissionais como biólogos e veterinários que realizavam os cuidados
primários e posteriormente os destinavam ao CETAS/SC para reabilitação e soltura. E por
fim, os animais de apreensão eram oriundos de tráfico e foram resgatados pela polícia em
ações fiscalizatórias.
Tabela 1: Casuística da entrada de animais encaminhados ao CETAS-SC durante o estágio
curricular obrigatório realizado nos períodos de 27 de fevereiro de 2023 a 16 de junho de
2023 segundo origem e classe animal em números absolutos e porcentagem.
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preta Tegumentar 1 1,25
Neurológico 1 1,25
Cyanocorax Musculoesquelético 2 2,50
Gralha-Azul
caeruleus Tegumentar 2 2,50
Garça-branca-
Egretta thula Sistemico/metabólico 1 1,25
pequena
Elaenia sp. Elaenia Respiratório 1 1,25
Empidonomus
Peitica Neurológico 1 1,25
varius
Oftalmológico 1 1,25
Estrilda astrild Bico-de-lacre
Musculoesquelético 1 1,25
Falco sparverius Quiri-quiri Musculoesquelético 1 1,25
Jacana jacana Jaçanã Neurológico 1 1,25
Neurológico 1 1,25
Musculoesquelético 1 1,25
Megascops choliba Corujinha-do-mato
Oftalmológico 1 1,25
Sistemico/metabólico 2 2,50
Micrastur
Gavião-relógio Neurológico 1 1,25
semitorquatus
Nycticorax Neurológico 2 2,50
Socó-dorminhoco
nycticorax Musculoesquelético 1 1,25
Passer domesticus Pardal Musculoesquelético 1 1,25
Patagioenas Pomba-de-asa-
Musculoesquelético 1 1,25
picazuro branca
Patagioenas
Pomba-amargosa Musculoesquelético 1 1,25
plumbea
Pionopsitta pileata Cuiú-cuiú Digestório 1 1,25
Pionus maximiliani Maitaca-verde Respiratório 1 1,25
Pitangus Respiratório 1 1,25
Bem-te-vi
sulphuratus Digestório 1 1,25
Ramphastos Tucano-de-bico-
Musculoesquelético 3 3,75
dicolorus verde
Ramphastos Tucano-de-bico- Musculoesquelético 1 1,25
vitellinus preto Neurológico 1 1,25
Rupornis Musculoesquelético 2 2,50
Gavião-carijó
magnirostris Neurológico 1 1,25
Sicalis flaveola Canário-da-terra Musculoesquelético 1 1,25
20
Sanhaço-do-
Thraupis palmarum Musculoesquelético 1 1,25
coqueiro
Troglodytes aedon Corruíra Musculoesquelético 1 1,25
Turdus
Sabiá-poca Tegumentar 1 1,25
amaurochalinus
Vanellus chilensis Quero-quero Neurológico 1 1,25
Zenaida auriculata Avoante Tegumentar 1 1,25
Brotogeris tirica Periquito-rico Musculoesquelético 2 2,50
Myiodynastes
Bem-te-vi-rajado Digestório 1 1,25
maculatus
Total 80 100,00
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados do Instituto Espaço Silvestre (2023).
Na tabela 2 são apresentados os atendimentos relativos à classe dos mamíferos. A
maior casuística foi de indivíduos da ordem Didelphimorphia, resultado que vai de encontro
ao relatado por Avelar e colaboradores, 2015. O gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) foi
a principal espécie atendida, com quatro indivíduos atendidos, grande maioria animais jovens
ou adultos, na sua maioria traumatizados após interação com animais domésticos. Foi
prestado atendimento clínico e estabilização do quadro em todos os animais, porém, somente
um animal foi reabilitado e solto, os demais indivíduos vieram a óbito.
Três filhotes de felinos do gênero Leopardus foram atendidos, por tratar-se de
filhotes, inicialmente eram alimentados com Petmilk (alimento em pó substituto do leite para
filhotes) todos tiveram constipação e receberam tratamento com lactulose VO. Além disso,
um gato-maracajá passou por consulta oftalmológica com especialista por apresentar uma
mancha brancacenta na região de córnea, tento como diagnóstico edema de córnea. O
tratamento instituído consistia na aplicação de colírio a base de corticoide, 4 vezes ao dia, por
tratar-se de uma patologia que causa baixa acuidade visual, o animal foi encaminhado para
um mantenedor de fauna. Esse mesmo animal também apresentou lesões crostosas, alopécicas
e com descamação na região de orelhas, fronte e dorso, instituiu-se tratamento com 2 banhos a
base de clorexidine e miconazol, 1 vez na semana, o tratamento foi eficaz.
Dois exemplares de cutia (Dasyprocta azarae) foram resgatados e encaminhados ao
CETAS/SC. Um dos animais apresentava histórico de interação com domésticos e
apresentava lacerações musculocutâneas na região de dorso, instituiu-se tratamento analgésico
além de limpeza das lesões com solução fisiológica BID e aplicação de pomada a base de óleo
de girassol. O animal apresentou excelente evolução clínica, sendo solto após 22 dias. O outro
animal foi resgatado por uma clínica veterinária e encaminhado ao CETAS/SC, no exame
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físico o animal apresentava lesões superficiais de pele em MPD, edema em região femoral
dorsal e dor a palpação. Durante o exame físico não foi possível palpar fraturas ou luxações
devido ao inchaço, porém foi realizado Raio-X onde constatou-se fratura cominutiva em
fêmur do MPD e estreitamento da pelve. O animal foi encaminhado a uma universidade
parceira, onde foi realizada correção de fratura de fêmur, como houve impossibilidade de
reduzir a fratura de pelve optou-se pela realização de OHS para evitar distocia após a soltura
do animal, porém o animal veio a óbito no transcirúrgico.
Na classe dos primatas, destaca-se a espécie Alouatta guariba, o bugio-ruivo, todos
provenientes do plantel já existente, o CETAS/SC realizava exames de check-up regularmente
nesses animais, houve a realização de exame coproparasitológico e 5 animais testaram
positivo para Entamoeba.
Tabela 3: Casuística de atendimento à mamíferos na clínica veterinária do CETAS/SC durante o estágio
curricular obrigatório realizado nos períodos de 27 de fevereiro de 2023 a 16 de junho de 2023 segundo espécie e
sistema orgânico acometido.
Nº
Sistema orgânico Percentual
Nome científico Nome comum de
acometido (%)
casos
Chelonoidis carbonaria Jabuti-piranga Respiratório 1 16,67
Hydromedusa tectifera Pescoço-de-cobra Musculoesquelético 1 16,67
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Salvator merianae Teiú Musculoesquelético 1 16,67
Tegumentar 1 16,67
Tigre-d'água-de-orelha-
Trachemys dorbigni Musculoesquelético 1 16,67
amarela
Oftálmico 1 16,67
Total 6 100%
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados do Instituto Espaço Silvestre (2023).
Após análise das casuísticas obtidas no decorrer do período de estágio, foi possível
distribui-las conforme classe animal e sistema acometido, demonstrados na Tabela 5.
Tabela 5: Casuística acompanhada durante o estágio curricular na clínica veterinária do CETAS/SC durante o
estágio curricular obrigatório realizado nos períodos de 27 de fevereiro de 2023 a 16 de junho de 2023 conforme
sistema orgânico acometido em números absolutos.
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Nos mamíferos foram realizadas somente 3 radiografias, em 2 não foram encontradas
alterações radiográficas. As alterações radiográficas encontradas foram fratura cominutiva de
fêmur e estreitamento de pelve. Os exames ultrassonográficos em mamíferos apresentaram
maior número, dentre os achados ultrassonográficos destacam-se: diagnóstico de gestação,
presença de gás em alças intestinais e perda da definição corticomedular dos rins.
Nas aves foram realizados 7 exames radiográficos, o exame deve ser realizado com
contenção física adequada. Entre as alterações radiográficas encontradas, destacam-se lesões
traumáticas como fraturas e luxações.
Por fim, nos répteis foram realizados apenas 1 exame radiológico de crânio, no qual
a principal alteração apresentada foi fratura de ramo mandibular.
Tabela 6: Casuística de modalidades de imagem na Clínica Veterinária do CETAS/SC durante o estágio
curricular obrigatório realizado nos períodos de 27 de fevereiro a 16 de junho de 2023, de acordo com a classe
animal.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA). Resolução CONAMA Nº 487, de 15 de maio de 2018. Dispõe sobre
os padrões de marcação de animais da fauna silvestre, suas partes ou produtos, em razão de
uso e manejo em cativeiro de qualquer tipo. Disponível em:
https://urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br/images/urbanismo-e-meio-
ambiente/resolucao/resolucao_conama_487_de_2018.pdf, Acesso em: 14 abr. 2023.
26
BARBINI I.G.; PASSAMANI M. Pequenos mamíferos e a predação de ninhos
artificiais no Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (ES). Natureza Online, v.1, n.2, p.56-61,
2003.
CUNHA, G. B.; LIMA, F. V. C. R.; SOARES, M. E. Q.; HIRANO, L. Q. L. Fauna
silvestre recebida pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres e encaminhada para o
hospital veterinário da Universidade de Brasília. Ciência Animal brasileira. v.3. 2022.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cab/a/bNfBLxXjskzFGLNjSJrznTC/?format=pdf&lang=pt, Acesso
em: 23 jun. 2023.
DE AVELAR, E. R.; DA SILVA, R.; BAPTISTA, L. A. M. L. Ameaças à
sobrevivência de animais silvestres no Estado de Goiás. Uniciências, v. 19, n. 2, 2015.
Disponível em: https://uniciencias.pgsscogna.com.br/uniciencias/article/view/3591, Acesso
em: 23 jun. 2023.
27
carbonaria): aspectos clínicos, microbiológicos, radiológicos e terapêutica. Pesquisa
Veterinária Brasileira, v. 34, p. 891-895, 2014.
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