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A presentação

Ao desenvolver um projecto o “total de observações nas quais se está interessado, seja seu nº
finito ou infinito, constitui o que se chama de população”(Walpole e Myers, 1996,p.203). A
amostra é uma pequena parte da população estudada e deve caracterizar-se por ser
representativa da população. De acordo com Briones (1995) uma amostra é representativa
quando reproduz as distribuições e os valores das diferentes características da população…, com
margens de erro calculáveis (p.83).

1. População e amostra

O 1º passo para realizar um estudo na empresa, seja para o controlo interno, uma análise do
mercado, satisfação do cliente ou análise dos fornecedores, é o planeamento dos aspectos
básicos da amostra estatística. Entre esses aspectos básicos, encontram-se a população alvo do
estudo, a amostra selecionada e os parâmetros a estudar, entre outros elementos.

Em uma pesquisa ou trabalho estatístico, quando se tem disponível todo o aparelho de


mensuração (por exemplo, elaborada as perguntas que proporcionam informação sobre as
características de interesse, ou seja, elaborados os questionários), geralmente, ao invés de
abordar toda a população, são selecionados somente alguns indivíduos; este subconjunto de
indivíduos denomina-se amostra.

Entretanto, não é comum o modo de escolher estes poucos indivíduos; uma amostra bem
selecionada permitirá a obtenção de boas conclusões sobre a população total, sendo a principal
finalidade pela qual se realiza as amostragens e a análise estatística.

1.1. População e cobertura

A população de interesse é o conjunto de elementos que se deseja estudar em relação a algumas


características de interesse. Por exemplo, quando se deseja realizar uma pesquisa de opinião
entre os idosos de uma cidade, com o objectivo de saber a opinião a respeito da universidade da
cidade, a população de interesse deve ser constituída por habitantes dessa região que sejam
idosos na data do estudo. Uma unidade populacional é cada um dos indivíduos que forma a
população de interesse.

Se o pesquisador exclui certos grupos, áreas, etc., de sua pesquisa, há-de fazê-lo deliberada e
explicitamente, deixando sempre claro qual é a cobertura de seu estudo, isto é, qual é a
população que cobre efectivamente e, portanto, a qual correspondem as conclusões
derivadas da pesquisa.

Uma pesquisa pode ser considerada completa se, virtualmente, todas as unidades da
população estudada são consideradas na pesquisa, ou seja, se a relação contém a população
de interesse, ou se a população efectiva coincide com a população de interesse. Será
considerada se em qualquer outro caso, ou seja, se faltarem indivíduos. Porém, a falta de
indivíduos da população na relação não deve impedir a elaboração de conclusões sobre a
população de interesse inicialmente proposta.

1
Em algumas ocasiões as populações a estudar são tão grandes que ou estão tão dispersas que
uma cobertura completa é descartada por motivos financeiros, de tempo ou de potencial humano
(por exemplo, nos experimentos de auditoria).

1.2. Variáveis e parâmetros

O objectivo de todo o estudo será chegar a conclusões sobre como a população age à
determinadas características de interesse. As características mensuradas no estudo são as
variáveis. Um parâmetro é uma descrição numérica da população de interesse em relação a
uma determinada característica.

1.3. Enumeração e amostragem

Um censo consiste na enumeração completa dos indivíduos que formam a população submetida
ao estudo, detalhados e reconhecidos por suas características. Na maioria das ocasiões, a
população efectiva é constituída por um nº tão grande de elementos que é praticamente
impossível ter acesso a todos e estudá-los. Nestes casos, seleciona-se uma amostra (uma parte
da população). A principal qualidade que pode apresentar uma amostra é a de ser
representativa.

Os resultados de uma pesquisa amostral estarão sempre sujeitos a certo grau de incerteza, posto
que somente parte da população foi mensurada e podem existir erros de mensuração.

O erro amostral e, em consequência, parte da incerteza, pode ser reduzido tomando-se amostras
maiores, tanto de tempo quanto financeiros, os quais nem sempre podem ser cobertos. Uma vez
determinado o erro permissível, calcular-se-á o tamanho necessário da amostra para ultrapassá-
lo. Por outro lado, quanto mais informações se tiver inicialmente sobre uma população, mais
fácil será organizar uma amostragem que proporcione boas aproximações dos parâmetros de
interesse.

1.4. Heterogeneidade da população

Para uma população ser heterogénea, seus indivíduos devem ser muito semelhantes entre si em
relação à variável que está sendo mensurada. Portanto, qualquer das mensurações tomadas será
muito próxima do verdadeiro valor do parâmetro. Neste caso, será mais fácil obter boa
estimativa se nos encontrarmos diante de uma população heterogénea.

Quanto mais heterogénea uma população, maior deverá ser a amostra, para que se possa
garantir a sua representatividade.

Quanto menor o erro, maior será o tamanho da amostra. Um tamanho excessivo e desnecessário
da amostra, provoca perda de tempo e mais custos. Quando o tamanho da amostra é muito
grande, para diminuí-lo devemos aumentar o erro ou reduzir o grau de confiança.

2
1.5. Propriedades de um estimador

1.5.1.Variabilidade na amostragem

Visto que o caso intervém no facto de se conseguir uma amostra realmente representativa da
população e, portanto, uma boa estimativa do parâmetro de interesse. Mesmo sendo eficiente o
método de amostragem, isto é, sendo garantida a aleatoriedade, alguém pode conseguir, por
acaso, uma amostra ruim, o que resulta em uma estimativa ruim.

Um estimador T será um bom estimador se os valores proporcionados em todas as amostras


possíveis forem próximas do verdadeiro valor do parâmetro que está estimando, ou seja, se a
metade de todos os valores possíveis, chamado média ou valor esperado do estimador, coincide
com o verdadeiro valor do parâmetro estimado.

1.5.2. Viés

Dizemos que o valor esperado de um estimador coincide com o valor do parâmetro que se
estima, então o estimador é não enviesado.

O viés de um estimador é a diferença entre o valor esperado do estimador e o valor real do


parâmetro estimado. Para estimar um parâmetro de interesse, escolher o melhor estimador a
partir do ponto do vista do viés nos levará a preferir estimadores não enviesados aos
estimadores enviesados. Se todos os que considerarmos apresentarem distorções, deve-se
escolher o menor viés.

1.5.3. Erro padrão e precisão

O erro padrão serve para mensurar a regularidade das estimativas que podem ser obtidas, isto é,
a dispersão em torno de sua média. A variabilidade de um estimador pode ser mensurada em
termos de variâncias e de desvio típico ou erro padrão.

1.5.4. Erro quadrático médio

Outro critério útil para concluir a qualidade de um estimador e que unifica os dois critérios de
viés e variância é baseado no erro quadrático médio de um estimador, definido como a soma de
seu viés ao quadrado e de sua variância.

ECM (T) = Var (T) +b ( T )2


¿
Em relação a esse critério, um estimador T é melhor que outro T caso apresente menor erro
quadrático médio.

1.5.4.1. Tipos de erros normais

EA=|X−X ∨¿ →erro absoluto

EQM= ¿ X −X ∨¿2 ¿

¿¿
ER=¿ X −X ∨
X

3
σ S
Erro padrão= ou →sem o desvio padrão populacional
√n √n
2. Métodos de amostragens

2.1. Introdução: o que é um método de amostragem?

Os métodos de amostragem são métodos que se podem seguir para selecionar uma amostra de
uma população. Em 1º lugar uma mostra deve conter propriedades representativas da população.
Em 2º lugar a descrição dessas propriedades deve ser realizada de forma mais precisa possível.
Em último lugar, o método de amostragem escolhido deve minimizar o consumo de recursos:
uma amostra pequena economiza tempo e dinheiro.

 Esta fórmula apenas é usada nos casos em que não existe o desvio padrão e a
confiança.

N
n 0=
( 1+ N∗E 2)

2.1.1. Exercícios

De acordo com os dados coletados no relatório de Empresas Activas, de acordo com o sector
económico, em 1º de janeiro (INE, 2017), um total de 3.282.346 empresas estavam Activas na
Espanha, das quais 198.805 pertencem ao sector da indústria, 402.923 pertencem ao sector da
construção, 753.503 pertencem ao sector do comércio e 1.927.115 pertencem aos demais
serviços.

Foi estabelecido que o erro máximo permitido na estimativa dos valores da população é de 1%
para um nível de confiança de 95%. Portanto, é necessário analisar uma amostra de 9.576
empresas.

a) Calcule o tamanho da amostra para o 1º estrato. →

Resolução:
Cálculo da amostra para cada estrato

N∗n0
n=
N + n0

1 1
1 n 0= =
n 0= 2 →
e
( 0,01 )2
( )
1 2 = 10.000
100

198.805∗10.000 1.988.050 .000


2.1. n= →n= = 9.521
198.805+10.000 208.805

4
b) Em uma universidade com 2000 alunos, deseja-se estimar a percentagem de alunos
favoráveis a certo programa de estudo. Qual deve ser o tamanho de uma amostra aleatória
simples que garanta com um alto nível de confiança, um erro amostral não superior a 5%?

Dados:

N= 2000 E= 5%= 0.05 → estimar a proporção

Obs.: quando o problema não traz o N, ou se o N for 20 vezes maior que n 0 , então o n 0 , será o
n.

c) Para estudar a preferência do eleitorado a uma semana da eleição presidencial, qual deve ser
o tamanho de uma amostra aleatória simples de eleitores para garantir com 95% de
probabilidade, um erro amostral não superior a 2%?

( )(
2
1
)
2
n 0= 2 = 100 = 2.500 Pessoas
2
100

Nesse caso, a amostra é 2.500.

2.2.3. Dimensionamento de amostras

O tamanho da amostra além de depender do nível de confiança estabelecido para pesquisa é


função directa do erro amostral, previamente fixado pelo pesquisador. O erro amostral mais
utilizado é de 5%, vindo a seguir o de 1%. No máximo esse erro pode ser de 10%, para que se
possa manter uma precisão razoável nos parâmetros estimados pela pesquisa.

Quanto menor o erro amostral ( diferença entre o resultado amostral e populacional ) maior o
tamanho da amostra, implicando em maior precisão nas estimativas populacionais e
consequentemente maior custo para execução da pesquisa. A fixação do erro amostral depende
essencialmente de três factores:

 Grau de precisão requerido pela pesquisa;


 Grau de variabilidade de variável pesquisada;
 Recursos financeiros disponíveis para execução da pesquisa.

Se a variável escolhida for quantitativa contínua (que assume qualquer valor – peso, idade,
altura tempo ou hora), podemos determinar o tamanho da amostra, usando as fórmulas
seguintes:

Z 2∗σ 2
 População infinita: n= 2 ;
E
2 2
Z ∗σ ∗N
 População finita: n= 2 2 2.
E ( N −1 ) +Z ∗σ

Se a variável escolhida for quantitativa discreta (que não assume qualquer valor, ou seja,
quantificação exacta), podemos determinar o tamanho da amostra, usando a fórmula a seguir:

5
2
Z ∗p∗q
 População infinita: n=
E2
2
Z ∗p∗q∗N
 População finita: n= 2 2
E ( N −1 ) +Z ∗ p∗q

Z= abscissa da curva normal, de acordo com o nível de confiança adotado.

σ 2= Variância da população. Caso seja desconhecido e não existam estudos semelhantes pode
ser estimado a partir de uma amostra piloto em torno de 50 elementos, que geralmente é
utilizada para testar o instrumento de pesquisa, bem como avaliar o comportamento da variável
pesquisada.

P= probabilidade de ocorrência da característica a ser observada (prevalência). Quando este


valor for desconhecido, se utiliza os dados da pesquisa piloto ou consideramos p= 0.5 e dessa
forma teremos o maior tamanho da amostra e consequentemente maior probabilidade de acerto.
Observe que: p + q= 1

Exercícios:

1. Determinar o tamanho de uma amostra com precisão de 95%, para pesquisar a incidência de
listeriose em uma população de 40.000 pessoas, considerando uma prevalência de anos
anteriores igual a 30%. Usar erro amostral de 3%.

1-α=0.95

α= 0.05

Z =Z 1−0.025→ Z
0.975= 1.960
0.05
1−
2

2 2
Z ∗p∗q∗N 1.96 ∗0.30∗0.70∗40.000
n= 2 2 = n= 2 2 →n= 877 pessoas.
E ( N −1 ) +Z ∗p∗q 0.03 ( 40.000−1 ) +1.96 ∗0.30∗0.70

2. Determinada variável apresentou, em relação ao seu peso médio, desvio padrão de 12kg.
Admitindo um nível de confiança de 95.5% (1-α) e o erro amostral de 1,2 kg, determine o
tamanho da amostra para estudar essa população.

1-−α =0.955 → α =0.045

Z=Z ¿ ¿ = Z1−0.0225 = Z 0.9775=¿2 ¿

Z 2∗σ 2 22∗122
n= = = 400 Peças
E2 1,22

a) De quanto deve ser o tamanho da amostra para uma população de 1.300 peças?

6
2 2 2 2
Z ∗σ ∗N 2 ∗12 ∗1.300
n= 2 2 2 → n= 2 2 2 → n= 306 peças
E ( N −1 ) +Z ∗σ 12 ( 1.300−1 )+2 ∗12

2.1.3.1. Tamanho da amostra para a estimação da média

( )
2
Z
n 0= *σ 2
E

n o=¿¿1ª Aproximação para o tamanho da amostra

E= grau de precisão= é definido pelo pesquisador e trata-se da distância tolerada pelo


pesquisador entre a estimativa e o parâmetro.

Z= valor da tabela normal conforme intervalo de confiança determinado.


2
σ = Variância populacional

Exemplo. Sabe-se que a quantidade de chumbo em certo tipo de solo acusa um desvio padrão
de 10 ppm. Qual o tamanho da amostra necessário para estimar a média de chumbo no solo com
um erro padrão de 0.5 ppm e um nível de confiança de 95%.

1-α=0.95

α= 0.05

Z=Z =Z 1−0.025→ Z
0.975= 1.960
0.05
1−
2

( )
2
n o= 1.96 *102= 1.537
0.5

Exemplo 2. Considere uma característica,com σ 2=36. Calcule o tamanho da amostra, para que
com 95% de probabilidade (confiança), a média amostral não difira da média populacional por
mais de:

d.1) 0.5 unidades e 2;

1-α=0.95 erro 1= 0.5

σ= 6 erro 2= 2

1-α=0.95

α= 0.05

7
Z =Z 1−0.025→ Z
0.975= 1.960
0.05
1−
2

( ) ( )
2 2
n 0= Z *6→n 0= 1,960 *6 2= 554
E 0.5

Exemplo 3. Calcule o tamanho da amostra, para que a diferença da média amostral para a
média populacional seja inferior ou igual a 2 unidades, com um nível de confiança de 90% e
99%?

( )
2
Z
n 0= *σ 2→
E

2.1.3.2. Tamanho da amostra para a estimação da proporção

Exemplo 1. A proporção de eleitores favoráveis a determinado candidato é de 40%. Determinar


o tamanho da amostra para investigar a tendência de voto desta população ao nível de confiança
de 99% e erro amostral de 3%.
2
Z ∗P(1−p)
n 0=
E2

1−∝=0.99 →α= 0.01

Z=Z ¿ =Z1−0,005 =Z 0,995 =2.57 ¿

Z 2∗p∗(1−p) 2.572∗0.40∗(1−4 ) 6,6049∗0.4∗0.6 6,6049∗0.24


n 0= = = = =
E2 0.032 0.0009 0.0009

→ n 0= 1.761 Eleitores

Exemplo 2. Um gestor gostaria de estimar o percentual de famílias que estão envolvidas. Qual o
tamanho da amostra a ser utilizada, considerando um erro máximo de 2,8% com 90% de
confiança. Considere que a pesquisa seja feita em uma cidade com 3.300 famílias.

1-α=0.90

α= 0.1

Z =Z 1−0.05→ Z
0.95= 1.645
0.1
1−
2

E= 0.028 P= 0.5 Z= 1.645 N= 3.300

Z 2∗P(1−p) 1,6452∗0.5(1−0.5) 2,706∗0.5∗0.5


n 0= = = = 862,8827= 863
E
2
0.028
2
0.000784

8
Depois disso, temos de corrigir, porque o tamanho da população é conhecido.

n0∗N 863∗3.300
n= = = 864,26= 864
n0 + N−1 863+3.299

Exemplo 3. Uma amostra de piloto de 100 consumidores revelou que 35% considerou o preço
como factor principal na escolha de um produto. Qual deve ser o tamanho da amostra para
determinar um intervalo de confiança de 95%, com um erro máximo de 3% para a verdadeira
proporção de consumidores que consideram o preço como factor principal na escolha do
produto?

1-α=0.95

α= 0.05

Z =Z 1−0.025→ Z
0.975= 1.960
0.05
1−
2

2 2
Z ∗P(1−p) 1,96 ∗0.35(1−0.35) 0.873964
n 0= = = = 971,07= 971
E
2
0.03
2
0.0009

Obs. No caso do desvio populacional desconhecido deve se fazer uma amostragem piloto, ou
usar a fórmula AT=4σ. E se for de tamanho amostral menor que 30, deve se usar:

( )
2
t
n o= * S2
E

Exemplo: toda a distribuição normal tem 95% de seus elementos. Com 95% de confiança temos
o valor de z= 1.96 arredondando passa para 2. O que quer dizer que temos 2 a direita e 2 a
esquerda, perfazendo um total de 4 desvios padrões. Logo,

AT V . max−V . min
AT=4σ→σ= = , Suponha-se que pretendemos estimar a estatura
4 4
média dos seguintes dados máximo e mínimo: 195, 150

195−150
Então, σ== = 11,25. Com este valor já é possível calcular n para estimar a
4
média.

2.2. Métodos de amostragem aleatória

Um método aleatório de selecção é aquele que proporciona a cada uma das N unidade da
população de interesse uma probabilidade calculável e diferente de zero de ser selecionada.

9
Apesar de existirem vários métodos aleatórios de amostragem, aqui serão abordados somente os
mais simples que, além disso, são os mais populares e utilizados. São úteis na obtenção de
amostras aleatórias.

2.2.1. Amostragem Aleatória Simples (AAS)

Na amostragem aleatória simples são escolhidos n indivíduos de um total de N, de forma que


em cada selecção todos os indivíduos candidatos tenham a mesma probabilidade de ser
selecionados; além disso, quando o individuo for selecionado, estima-se o do conjunto de
candidatos nas seleções seguintes.

Nas AAS, cada possível amostra n de unidades de uma população de tamanho N tem a mesma
probabilidade de ser selecionada e esta probabilidade é igual a:

P=¿¿ = 1
¿¿
A AAS é o método de amostragem adequado quando a população não é excessivamente
grande e está bem misturada, isto é, não há grupos de população com características distintas
entre si.

 O processo de amostragem aleatório simples exige que se atribuam nºs consecutivos


às unidades da população e procede-se a um sorteio, colocando-se todos os nºs em
um recipiente, por exemplo, e retirando um nº, situação na qual cada unidade de
observação tem a mesma chance de ser selecionada.

Exemplo 1. Estudar algumas características dos estudantes de uma universidade (40


estudantes). Vamos extrair uma amostra aleatória simples de tamanho n=5 da seguinte
população: N= 40.

Tomar cinco nºs aleatórios do conjunto {01,02,03….,40} e os estudantes associados aos nºs
selecionados formarão a amostra. Pode-se formar a referida amostra, a partir da Tabela de nºs
aleatórios.

Tabela de nºs aleatórios

18 28 42 39 49 41 45

32 12 27 22 16 45 48

38 34 7 24 11 33 37

32 4 32 34 6 20 17

38 41 24 49 32 41 5

30 9 43 19 46 44 26

………………

………………

Portanto, os nºs são 18, 28, 39, 32 e 12.

10
Na AAS caso haja nºs repetidos, estes só podem integrar para a amostra, uma única vez.

Exemplo 2. Pretende – se medir a altura de 80 estudantes. No entanto, selecionou-se uma


amostra aleatória simples de n=30 elementos. Como selecioná-los?

R/ Uma das formas para além de utilizar a tabela de nºs aleatórios, é meter os nomes das
pessoas e colocar num recipiente. Seguidamente, pedir a uma pessoa para que retire dos 80
apenas 30 papéis. Este é o método legítimo, para além da tabela e do Excel.

Um método geral para selecionar uma AAS de n elementos de uma população de tamanho N,
utilizando uma lista de nºs aleatórios é o seguinte:

Exemplo 3. Em uma vizinhança composta por 23 indivíduos deve se recolher uma lista dos
nomes dos 23 indivíduos, classificando cada um deles em ordem, do 0 ao 22 (N-1= 23-1). Neste
caso, não há necessidade de se dispor desse dado, basta identificar o membro da família em
questão dentro de uma residência. → foi resolvido no ecxel.

Se uma amostra é extraída com AAS, todas as estimações de parâmetros de interesse da


população devem ser calculadas com as fórmulas (estimadores) próprias da AAS apresentadas a
seguir.

AAS

Parâmetro Estimador Variância do Variância estimada do


estimador estimador

( ) ( )
Média 1
n
n σ2 n S2
X= ∑ Xi
n i=1
1−
N n
1−
N n

( )
N−n P ( 1−P )
( N−n ^
P ( 1− ^
) P)
Proporção 1
n
P= ∑ Xi
^
n i=1 N−1 n N−1 n

Total N* X N 2∗Var ( X ) N 2∗Var . estimada ( X )

Em queσ 2 é a quase variância da população e S2sua estimação:


N
1
2
σ = ∑
N −1 i
2
( Xi−X ) → Variância populacional

N
1
2
S= ∑
n−1 i
2
( Xi−X ) → Variância amostral

Exercício. Deseja-se estimar a estatura média de um grupo de 4 amigos utilizando uma AAS de
tamanho n=2. Suas estaturas (variável observada) são: 155, 165, 170 e 190 cm. Utilizando uma
AAS e a tabela de nºs aleatórios, obtêm-se como amostra os indivíduos {1,3} com respostas
{155,170}. Resolva.

A estatura média estimada dos 4 amigos.

11
n 2
1 1 1
X= ∑
n i=1
Xi = ∑
2 i=1
Xi = ( 155+170 )=162,5cm.
2

2.2.2. Amostragem Aleatória com Substituição (AACS)

Na amostragem aleatória com substituição, escolhe-se n indivíduos de uma população de


tamanho N, de forma que, em cada escolha todos os indivíduos desta população apresentem a
mesma probabilidade de serem selecionados e cada individuo selecionado seja devolvido ao
conjunto de candidatos para as escolhas seguintes. Assim, o mesmo individuo pode aparecer
mais de uma vez em uma determinada amostra.

Este método é útil, da mesma forma que o AAS, quando a população está bem misturada. É
aconselhável quando a população é tão grande, que seria tedioso controlar as escolhas para
que não existam repetições. Para obter uma AACS de n elementos de uma população de
tamanho N, basta seguir as pautas da AAS, permitindo que o mesmo individuo possa ser
repetido na mesma amostra.

AACS

Parâmetro Estimador Variância do Variância estimada do


estimador estimador

Média 1
n
σ
2
S
2
X= ∑ Xi
n i=1 n n

Proporção 1
n
P ( 1−P ) ^ ( 1− ^
P P)
P= ∑ Xi
^
n i=1 n n

Total N* X 2
N ∗σ
2 2
N ∗S
2

n n
Em que:
N
1
2
σ =
N
∑ ( X i=X ) 2
i=1

Comparando a AAS e a AACS observa-se que:

1. A AAS é mais preferível que a AACS, pois proporciona estimadores mais precisos, ou seja,
com menor erro de amostragem para o mesmo tamanho;

2. Se a fração amostral f=n/N é pequena, a diferença entre a AAS e a AACS será pequena. Isso
ocorre quando o tamanho da população é muito grande (comparado com o da amostra).

2.2.3. Amostragem Sistemática Linear (ASL)

Uma amostragem linear sistemática de salto k é uma amostra na qual se escolhe o 1º individuo
da população de maneira aleatória e, a partir dele, são escolhidos os n-1 restantes de forma
sistemática, ou seja, dando saltos de k em k.

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Especialmente útil quando se tem grandes listas da população a amostrar, podendo ser
censos, padrões, etc. especialmente, o processo de seleção é o seguinte:

 Supõe-se que, ao dispor de uma listagem de indivíduos da população temos indicadas


etiquetas consecutivas de 1 a N.
 Calcula-se k como a parte inteira pelo quociente N/n.
 Escolhe-se um nº aleatório (com AAS) entre 1 e k, de modo que o nº escolhido
identifique o 1º individuo da amostra.
 Depois, dão-se saltos de comprimentos k, com o qual se escolhem os indivíduos s+k,
s+2k, s+3k,…,s+ (n-1) k.

A amostragem sistemática não apresenta fórmulas próprias e adota as leis da AAS, já que
assume que, se alista está bem misturada, o resultado da amostragem seria o mesmo que o de
uma AAS.

Exercício. Queremos estimar a proporção de amigos de um grupo de 24 que provaram um novo


refrigerante chamado Tafan-Limón, utilizando uma ASL de tamanho n=7.

A variável observada é X=2”se provou ou não a bebida”, codificada com X=1 se a provou e
X=o se não a provou. As respostas da população dos 24 amigos, junto com suas
correspondentes etiquetas são:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Sim Sim não não sim sim sim não não não não sim

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

sim sim sim não não não não sim sim não sim sim

Uma estimação do parâmetro de interesse é obtida se sabemos que o individuo escolhido é o


nº2.

Em 1º lugar, deve se calcular o valor de k=N/n = 24/7= 3,42. O nº inteiro desta quantia é 3.

O próprio exercício enuncia que, depois de realizar uma AAS, o individuo escolhido entre os 3
1ºs foi o nº 2. Assim, serão selecionados todos aqueles indivíduos desde o 2 e somando k= 3:

A amostra é {2,5,8,11,14,17,20,23} e as respostas são {1,1,0,0,1,0,1,1}. Calcula-se com as


fórmulas da AAS:
n 7
1 1 1
P= ∑
n i=1
Xi= ∑ Xi= *5=0.625
8 i=1 8

Exercício 2. Deseja-se retirar uma amostra de n= 10 unidades de observação de uma população


de tamanho N= 122, utilizando a ASL.

122
K= =12.2
10

13
Como não temos o 1º elemento escolhido faz-se um sorteio de 1 a k→ 1…. 12. Suponhamos
que seja 5, logo:

5,17,29,41,53,65,77,89,101,113.

Numa amostragem sistemática linear, a escolha do 1º individuo condiciona o restante: nem


todos têm a mesma probabilidade de serem selecionados e nem todas as amostras têm o mesmo
tamanho. Podem surgir resultados pouco representativos se a ordem dos indivíduos na lista tem
alguma ligação com o objectivo do estudo. Além disso, não é possível calcular a precisão exacta
da estimação amostral, já que se adota a da AAS com certa precaução.

Por outro lado, para efectuar este tipo de amostra, não é preciso saber o tamanho N da
população, somente especificar o facto k, e forma que, de cada k indivíduos que existam, um
seja escolhido (ou seja, um é escolhido, e, depois, será escolhido o que voltar a fazer k
indivíduos).

Este tipo de amostra obtém bons resultados quando os indivíduos estão ordenados no limite
segundo a resposta de decrescente ou crescente, dado que ao recorrer aos saltos na lista,
obteremos indivíduos de todos os tipos, isto é, uma amostra representativa.

2.2.4. Amostragem aleatória estratificada

Com este tipo de amostragem pode se aumentar a previsão de nossa estimação AAS dividindo a
população em grupos mais homogéneos entre si, com o objectivo de construir a amostra total a
partir de subamostras obtidas com AAS em cada um destes grupos ou estratos.

Tem-se uma população estratificada nos casos em que contamos com uma população dividida
em grupos internamente homogéneos e externamente heterogéneos; ou seja, entre eles existe a
menor quantidade possível de factores em comum, mas nos elementos de um mesmo estrato têm
características muito semelhantes ou iguais.

O procedimento geral para a extração de uma amostra de tamanho n utilizando uma amostra
aleatória estratificada com AAS é o seguinte:

1. A população é dividida em L grupos, sendo que cada um deles deve ser o mais homogéneo
possível internamente, e os grupos devem ser o mais distintos (heterogéneos) possível entre si
no que se refere à características de interesse.

2. De cada grupo i, se extrai uma amostra, utilizando AAS de tamanho ni, onde a soma de todas
as subamostras ni=n.
L
3i=∑ ni=n
i=1

A amostra estratificada também pode ser utilizada combinada à AACS e ASL.

Com este tipo de amostra, podemos extrair conclusões estrato a estrato e de maneira global.

AAE

Parâmetro Estimador Variância estimada do


estimador

14
( )
Média 1
L
N i−ni
X=
N
∑ N i∗Xi L
Ni
∗Si
2

i=1 1
2∑
¿2
N i=1 ni

( )
L
1 N i−n
P= ∑ ¿ Pi
^ ^ ∗^ ^i )
Pi ( 1− P
i

Proporção N i=1 1
L Ni
2∑
¿2
N i=1 ni−1

( )
Total L L
N i −ni Si 2
∑ N i Xi ∑ ¿2 Ni ni
i=1 i=1

Os parâmetros subindicados com i representam o parâmetro de cada estrato, ou seja, para


calcular o estimador do total, temos de somar as multiplicações obtidas entre o nº de indivíduos
total de um estrato e a média estimada deste estrato para um dos estratos realizados. Quanto
mais diferentes forem os estratos entre si (variabilidade entre estratos), melhor será a amostra
estratificada combinada com AAS frente a AAS. De facto, a amostra estratificada combinada
com a AAS proporcionará, praticamente sempre, uma melhoria da AAS, já que assegura que os
diferentes estratos da população estejam todos representados na amostra. O azar somente
intervém dentro dos estratos.

. Tipos de fixações amostrais:

- Fixação proporcional: a fração amostral ni / N i é igual em todos os estratos, o que é mesmo,


ni =n N i/N.

- Fixação óptima: o tamanho da amostra em cada estrato, ni , se fixa em função dos requisitos
que impomos sobre a precisão da estimação, a homogeneidade de cada estrato e as limitações
sobre os custos. A precisão óptima é conseguida se:

ni σ i
α
N i √C i

Em que Ci representa o custo de recolhimento de cada estrato i. É útil quando as populações e


alguns estratos são muito mais variáveis do que em outros. A fixação proporcional e a
adequada não são as únicas. O pesquisador pode escolher a amostra que quiser, mantendo sua
representatividade; a consequência directa de uma fixação distinta das anteriores é a perda de
precisão para um mesmo tamanho de amostra global.

Exemplo

Amostragem proporcional estratificada

Estrato População Amostra


populacional

Feminino 216 50*0.6= 30

15
Masculin 144 50*0.4= 20
o

Total 360 50

A amostra de cada estrato deve ser proporcional à percentagem da população. Por exemplo:

216
Razão= = 0.6, significa dizer que o sexo feminino representa 60% da população. Se se
360
escolher uma amostra de 50 pessoas das 360, as mulheres também devem representar 60% da
colecta de dados e os homens 40%, conforme vê-se na coluna da amostra populacional.

Exemplo. Deseja-se saber o peso médio de um grupo de amigos compostos por 7 meninos e 13
meninas. Posto que o sexo é um determinante claro do peso deve-se considerá-lo como factor de
estratificação e, portanto, o grupo de meninos e meninas como os dois estratos existentes.

Deseja-se estimar utilizando amostra aleatória combinada com AAS e diversos tipos de fixação
para um tamanho amostral total igual a n=8.

1. Fixação dada→ sem justificação alguma, o pesquisador decide escolher dois meninos e seis
meninas.

2. Fixação proporcional→ deve se cumprir a proporção 8/20 em todos os estratos:

Estrato Populaçã Amostra


o populacional
proporcional

Meninos 07 08*0.35= 2.8

Meninas 13 08*0.65= 5.2

Total 20 20

7
Razão (meninos) = = 0.35
20
13
Razão (meninas) = = 0.65
20
Arredondando, pode se dizer que foram escolhidos 3 meninos e 5 meninas.

3. Fixação adequada→ sabe-se que a variabilidade dos pesos no grupo de meninos é de


aproximadamenteσi 2=44, e no das meninas é de σi 2=41. Além disso, é facto que as meninas
geralmente resistem mais a confessar seu peso e, portanto, o custo para obter dados é maior,
podendo chegar duas vezes mais do que o custo para obter dados do grupo dos meninos;
portanto, Cmenina =2*Cmenino.

√ √
2
nmenino =Nmenino* σ menino =7*
44
cmenina cmenino

√ √
2
nmenina = Nmenina* σ menina = 13*
41
cmenina 2∗cmenino
16
Por outro lado, uma vez que se conhece o tamanho total da amostra, pode se dizer que:

8= n = nmenino+nmenina = 7*
√ 44
cmenino
∗¿ 13*
√ 41
2∗cmenino
Isolando a igualdade, descobre-se que o custo da obtenção da amostra de um menino é de
177.88 e o da obtenção da amostra de uma menina é de 355,765 u.m.

Portanto, isolando as respectivas n:

. nmenino= 3.52, que se arredonda para 4.

Nmenina= 4.47, que se arredonda para 4

Deve se escolher 4 meninos e 4 meninas.

Os dois melhores processo para a seleção dos elementos da amostra são os nºs aleatórios e a
seleção sistemática.

2.3. Outros aspectos da amostra

Uma vez descritos diversos métodos de amostragem aleatória, devem se considerar três
questões especialmente relevantes em qualquer desenho amostral: a determinação do tamanho
amostral com base na margem de erro que se está disposto a tolerar e no nível de garantia com o
qual se pretende concluir questões relativas às deficiências na relação amostral e como resolvê-
las.

2.3.1. Determinação do tamanho amostral

Uma vez fixadas certas margens de erro, escolhido o método de amostragem aleatória e o
estimador a utilizar pode-se sempre calcular o tamanho necessário da amostra para manter as
margens estipuladas.

Denomina-se d o máximo erro que se está disposto a tolerar na estimação (erro de estimação), e
de 1−∞ o nível de garantias que se deseja conseguir para nossa estimação, isto é, o nível de
confiança com o qual se pretende trabalhar. Se o tamanho da amostra n é grande, se tem uma
distribuição na amostra aproximadamente normal; tem esse caso:

Em que S.E. (T) é a variância estimada do estimador que se está buscando.

Há, portanto, duas formas de averiguar a amostra a escolher:

 Se dispomos de um nível de confiança e de um erro de estimação:

Z1−α /2= S.E. (T) E d

 Se estabelecemos as margens de erro toleráveis em termos de erro amostral:

S.E. (T) E d

17
Exemplo. Suponhamos que P representa a proporção de estudantes de uma universidade que
usam habitualmente um meio de transporte público para se locomover até a instituição.
Suponhamos também que o tamanho total da população é N= 5000. Queremos estimar P usando
a AAS e a população amostral P como estimador. Vamos determinar o tamanho necessário da
amostra para estimar P sob duas suposições:

1. Pretendemos concluir com um nível de confiança de 95.5% e queremos que o erro de


estimação seja inferior a 2%.

Neste caso, sabemos que:

1- α= 1-0.955= 0.045

d= 0.02 Z=Z 1−α /2= Z1−0.045= ¿ Z 0,9775


¿=2
2

Assim, como estamos diante de uma estimação de proporção da AAS:

Z1−α /2=S . E . ( T ) ≤ d → 2∗ ( N−1 )


N −n P ( 1−P )
n
≤ 0.02

Substituindo N por 5000 e isolando n teremos:

2 2
∗N ∗5000
0.02∗P∗( 1−P ) = 0.02∗P∗( 1−P )
n❑ =
N−1 4999

2. Queremos que o erro de amostra seja inferior a 3%.

¿
S.E. (T)≤d → 1∗ ( NN −n
−1 ) P ( 1−P )
n
≤ 0.03

Substituindo N por 5000 e isolando n teremos:

1 N 1 5000
n= * = *
0.03∗P∗( 1−P ) N −1 0.03∗P∗( 1−P ) 4999
Podemos observar que as equações a resolver dependem do parâmetro P desconhecido, o que
impede a determinação de n. Existem várias alternativas para resolver esta situação:

 Se dispomos de alguma informação sobre uma possível faixa de valores para P, por
exemplo um intervalo de confiança obtido em algum estudo prévio (ou piloto), basta
esse situar-se no pior dos casos desta faixa, ou seja, utilizar aquele valor de P desta
faixa em que a função P (1-P) alcança seu máximo.
 Se não dispomos de nenhuma informação sobre P, tomamos o valor P=0.5 para
determinar o tamanho amostral “prudente” em cada um dos casos propostos:

2
∗5000
1. n= 0.02∗0.5∗0.5 = 400
4999

18
1
∗5000
2. n= 0.03∗0.5∗0.5 = 133
4999
Devemos ratificar que, neste caso, a condição imposta sobre o erro de estimação é mais severa
do que a imposta sobre o erro de amostra, já que exige um tamanho amostral maior.

Quando o parâmetro a estimar é a média proporcional, a determinação do tamanho da amostra


dependerá da variância populacional e, ocasionalmente, também da média proporcional a
estimar (parâmetros geralmente desconhecidos). Como foi feito com a proporção, basta utilizar
um valor aproximado destes parâmetros que podemos obter:

 Quando se dispõe de algum estudo prévio (piloto), pode se estimar a variabilidade desta
amostra piloto, assim como estimar o valor médio da população.
 Se não existe um estudo prévio, mas a faixa da variação da variável em questão é
conhecida (faixa= máximo – mínimo) basta utilizar como aproximação da variância
populacional um quarto desta faixa, isto é, faixa/4.

- Nenhuma pesquisa tem o propósito único de estimar um único parâmetro. O tamanho


necessário da amostra depende de qual é o parâmetro a estimar. Diferentes parâmetros implicam
diferentes variabilidades e, portanto, exigem diferentes tamanhos amostrais, devendo priorizar
objectivos e enfatizar a a estimação de algum parâmetro em relação aos demais.

- Uma amostra maior do que o necessário. Proporcionará resultados mais precisos. Evitam-se,
desta forma, perdas de precisão tomando amostras maiores.

- A decisão sobre o tamanho amostral a utilizar dependerá frequentemente também dos custos
associados. Recomenda-se então utilizar a maior amostra possível com os meios ou orçamentos
disponíveis e descartar questões nas quais sejam necessárias amostras muito maiores para obter
resultados úteis.

2.3.2. Relações Amostrais

As relações amostrais são as listas, índices mapas ou outras listagens de população a partir das
quais é selecionada a amostra a empregar em uma pesquisa.

Denominam-se elementos perdidos aqueles que deveriam estar incluídos na relação amostral
por pertencerem à população de interesse, mas que não estão seja porque a relação é
inadequada, seja porque está incompleta e faltam alguns indivíduos. Em consequência, alguns
elementos da população nunca poderão ser selecionados e as amostras não serão representativas.

As possíveis soluções para este problema são:

 Cobrir a população que não está nesta relação amostral, utilizando uma relação
suplementar;
 Buscar conexões entre os indivíduos que faltam na relação e aqueles que estão nesta;
um “contacto” na relação pode facilitar o acesso aos indivíduos inacessíveis.

19
Denominam-se elementos duplicados aqueles que aparecem mais de uma vez na relação
amostral, estes têm maior probabilidade de sere selecionados na amostra daqueles que não
estão.

2.4. A não-resposta

Os indivíduos que não são localizados quando o estudo é realizado e aqueles que se negam
participar da pesquisa são os que ocasionam a não-resposta. A não-resposta é um problema do
qual nenhum pesquisador não pode escapar; ele nunca terá controle absoluto sobre todos os
elementos da pesquisa.

Felizmente, foram desenvolvidos modelos de lidar com este problema e solucionar as


deficiências ocasionadas na estimação.

2.4.1. Impacto da não-resposta→Viés

Suponhamos uma pesquisa na qual se pretende estimar a média dos indivíduos da população de
interesse, de tamanho N. contudo, devido à não resposta, obtêm-se somente dados de uma
subpopulação que se denomina E1 (de tamanho N1) e é formada pelos indivíduos que sempre
contestam. Há outra subpopulação de indivíduos que não respondem e ocasionam os problemas
de não-resposta; estes denominam-se E2, de tamanho N2.

O viés provocado pela não-resposta será a diferença entre a média que obteríamos se toda a
amostra fosse contestada ( X ) e a que obtivemos através dos que realmente responderam ( X 1):

X 1- X = X 1−¿ * R2* X 2 ¿=¿ X 1 ¿)−¿ X 2 R2=R 2( X 1- X 2)

O viés depende basicamente da proporção de pessoas que não respondem e da diferença


existente entre os grupos dos que respondem e dos que não respondem sobre a característica
estudada.

3. Questionário

3.1. Tipos de questionários

Questionário é um conjunto de perguntas sobre os factos e aspectos de interesse na pesquisa e


cuja finalidade é obter, de forma sistemática e ordenada, informação relevante sobre a
população submetida ao estudo, exigindo um cuidado especial em sua elaboração. O projecto de
questionário deve ser discutido na etapa do planeamento, e não terminará até que sejam
completadas as entrevistas piloto.

Classificação

a) Estruturado: é formado por perguntas e respostas formalizadas e padronizadas; é o


questionário das enquetes. As perguntas são formuladas sempre na mesma ordem e
oferecem ao entrevistado uma opção entre várias alternativas, de modo que o

20
entrevistador deve ater-se às perguntas como estão escritas. É ideal para enquetes
multitudinárias.
b) Não-estruturado: geralmente contém perguntas exclusivamente gerais, não
formalizadas. O entrevistador tem mais liberdade na formulação de perguntas
específicas para obter a informação que considera necessária. As perguntas são feitas na
ordem que o entrevistador considera apropriada para a sessão e o indivíduo. Este tipo de
questionário é utilizado, por exemplo, em entrevistas e dinâmicas de grupo. O
entrevistador deve ter grande habilidade e experiência.
c) Semiestruturado: trata-se de um guia com as principais perguntas e uma ordem (mais
ou menos rigorosa) de formulação. Haverá perguntas que darão liberdade ao
entrevistado para que responda com suas próprias palavras (perguntas abertas).

3.2. Desenho de um questionário estruturado (planeamento do desenho da enquete ou


entrevista e passos a seguir).

3.3. Tipos de perguntas

3.3.1. Segundo o conteúdo

Perguntas sobre os factos: são as perguntas com uma única resposta correcta,
independente da opinião do entrevistado. São úteis para obter informações sobre os
possíveis grupos de resposta na análise.

Exemplo:

 Em qual partido político você votou nas últimas eleições?


 Como se chama o actual papa?
 Qual é a sua idade?

Perguntas sobre opiniões: são as perguntas nas quais o indivíduo manifesta a sua opinião
acerca de um tema. A veracidade da resposta dependerá da sinceridade do entrevistado sobre
seus pensamentos.

Os objectivos que podem ser buscados com ela são os de conhecer a proporção de pessoas que
opinam de uma determinada maneira ou quantificar a intensidade da opinião sobre o tema em
questão.

Exemplo:

 Você gostou do último álbum do Enrique Iglesias?


 Qual partido político você acha que irá vencer as próximas eleições?

Perguntas sobre motivações, atitudes e sentimentos: relacionadas às questões sobre os


comportamentos dos indivíduos.

Exemplo:

 Por que você faz as compras em um centro comercial?


 Durante o último ano você percebeu um aumento na violência urbana?

21
Perguntas de conhecimento ou informação: costumam a ser utilizadas para pesquisar o nível
de conhecimento ou informação das pessoas entrevistadas. Quando é solicitada a opinião de um
entrevistado sobre algo, ocasionalmente é feita primeiro uma pergunta deste tipo, para saber se
o indivíduo conhece o tema sobre o qual vai opinar; do contrário, não tem sentido solicitar sua
opinião.

Exemplo:

 Você conhece as vantagens da implantação do Euro?

3.3.2. Segundo a resposta

Perguntas abertas: o entrevistado pode escrever a resposta com suas próprias palavras.
Também são utilizadas quando a relação de respostas possíveis é muito ampla ou desconhecida.

Exemplo:

 O que você acha do livro “Hija de la fortuna de Isabel Allende?

Perguntas fechadas: são perguntas cujas respostas são proporcionadas no questionário. Quando
as respostas são duas (por exemplo, Sim/Não), as perguntas fechadas denominam-se
dicotómicas; quando as opções de resposta são mais do que duas, se chamam perguntas
polinómicas. Quando a pergunta é de única escolha, somente uma resposta é possível. Quando
a pergunta é de múltipla escolha, o entrevistado pode dar várias respostas para a mesma
pergunta.

Perguntas de item aberto: são as perguntas que incluem uma opção aberta.

Exemplo:

 No café da manhã, você prefere tomar café descafeinado porque:


a) A cafeina o deixa muito agitado;
b) A cafeina provoca queimação no estômago;
c) Não necessita de cafeina para acordar;
d) Outros (especifique)
e) ______________________________

3.3.3. Segundo o grau de premeditação da resposta

Expontâneas: quando se pretende captar a primeira ideia que vem à cabeça do entrevistado
quando faz a pergunta a ele.

Exemplo:

 Diga o nome de uma bebida sem gás.

Sugeridas: o entrevistado escolhe entre um conjunto de respostas especificadas no questionário.

Exemplo:

22
 Dentre as seguintes marcas de bebidas sem gás, qual é mais popular?
a)X b) Y c)Z

3.3.4. Segundo sua função no questionário

Perguntas substanciais: são as perguntas básicas do questionário, referente às questões de


interesse central na pesquisa.

Exemplo:

 Em um estudo sobre o meio ambiente:

Você dispõe de quantas horas semanais de lazer?

 Quais são suas actividades favoritas no período de lazer?

Perguntas de introdução: servem para iniciar o questionário e estimular o interesse do


entrevistado. Procedem às perguntas substanciais.

Exemplo:

 Em um estudo para a implantação de um supermercado que favorece a comercialização


de produtos nacionais:

Quando você vai às compras em um supermercado, gosta de encontrar grande variedade de


marcas?

Especificamente, você gosta de encontrar marcas nacionais?

Costuma a encontrá-las em um supermercado habitual?

Perguntas amortecedores: abordam questões difíceis de perguntar, sobre temas escabrosos.


São perguntas formuladas para reduzir a brusquidão destas questões.

Exemplo:

Em que uma enquete sobre o alcoolismo, para saber se o entrevistado tem o hábito de consumir
álcool:

 Você costuma a ir ao bar na volta do trabalho para encontrar-se com os amigos e


esquecer suas preocupações tomando algo?

Perguntas de filtro: são perguntas que antecedem outras, para eliminar os indivíduos que não
as afectam.

Exemplo:

 Em uma enquete sobre filmes de animação:

23
1. (Filtro) você já viu o filme de “Toy Story ll”? Sim/Não (se a resposta for Não, pule para a
pergunta 3).

2. De qual cena você gostou mais?

3. Você já viu algum filme de animação?

Sim/Não

Perguntas de controle: tentam detectar harmonias nas respostas de um entrevistado. No caso


de elas serem detectadas, o questionário deve ser eliminado ou classificado como estranho, uma
vez que o entrevistado mentiu ou não prestou atenção ao conteúdo da enquete.

Quando a resposta que se pretende controlar é uma pergunta de conhecimento, a pergunta de


controle costuma a introduzir respostas capciosas ou falsas. Essas perguntas também são
chamadas de perguntas de consistência.

Exemplo:

 Em uma enquete sobre os problemas que surgem entre os membros de uma vizinhança:

Os problemas de sua vizinhança preocupam? Sim/Não.

(Controle) qual foi o problema enfrentado mais recentemente por sua vizinhança?

Se o entrevistado responde positivamente a 1ª pergunta, mas não se lembra qual foi o último
problema em sua vizinhança, teremos um problema de incoerência na resposta. Possivelmente o
individuo mentiu na 1ª resposta.

Perguntas bateria: recebem este nome todas as perguntas que compartilham uma estrutura:
trata-se de um conjunto de perguntas sobre a mesma questão, sendo que estas se
complementam, enfocando diversos aspectos. Costumam partir de aspectos mais gerais em
direcção aos mais específicos.

Exemplo:

 Na hora de escolher um carro, qual factor é mais relevante?

A carroceria ou o motor.

O nº de portas ou de assentos.

O acabamento ou os acessórios opcionais.

O conforto do interior ou a capacidade do porta-malas.

3.4. Formulação de perguntas

O princípio básico é se fazer entender da forma mais simples. A seguir, apresentam-se algumas
normas que podem ser úteis na formulação das perguntas de um questionário.

24
Perguntas simples e curtas: deve se utilizar as palavras mais simples possíveis. É preferível
evitar uma única pergunta complexa e longa, substituindo-a por uma serie de perguntas simples
e curtas. Uma linguagem informal costuma a ser mais aceite pelas pessoas, sempre sem incorrer
em vulgarismos.

Exemplo:

 A pergunta: você acha que o processo de matrícula na universidade foi suficientemente


ágil?
 Pode ser muito formal e simplificada dessa forma:
 A matrícula na universidade foi rápida?

Evitar a ambiguidade: deve se formular as perguntas do modo mais claro possível. Na


presença de perguntas ambíguas, pessoas distintas podem entender coisas distintas. É
importante evitar negociações ao formular uma pergunta, posto que uma resposta afirmativa
ratificaria uma resposta negativa, e isso pode induzir ao erro.

Exemplo:

 Para a pergunta: você gosta de viajar de trem e de ônibus? Sim/Não.

Uma resposta afirmativa tem um significado claro: o entrevistado gosta de viajar de trem e de
ônibus. No entanto, uma resposta negativa não pode ser interpretada: não sabemos se o
entrevistado não gosta de viajar de trem, mas sim de ônibus ou vice-versa, ou em nenhum dos
dois. O correcto seria dividir a pergunta em duas:

Você gosta de viajar de trem? Sim/Não; e de ônibus? Sim/Não.

Você nunca ouviu uma música do grupo La Caramba? Sim/Não.

Responder “sim” significa “nunca escutei nenhuma de suas canções”, mas o individuo poderia
entender que “Não” significa “não, nunca escutei”. Seria mais correcto perguntar:

Você já escutou a música do grupo La Caramba? Sim/Não.

Evitar expressões vagas: deve se evitar perguntas com expressões vagas como: geralmente,
muitos, com frequência, do tipo, parecido, em conjunto, coisa, muito, pouco, etc. também as
perguntas “porquê”? Se for feita uma pergunta sobre um comportamento periódico, isto é, uma
frequência, deve se especificar em que termos ela deve ser entendida (semanas, meses, etc.).

Exemplo:

 Para a pergunta: com que frequência você vai ao cinema actualmente?

Esta pergunta pode gerar respostas difíceis de codificar mais tarde, já que cada entrevistado
expressará a frequência como quiser. Seria mais correcto perguntar:

Quantas vezes você foi ao cinema no último mês?

Evitar perguntas dirigidas: as perguntas não devem ser formuladas supondo uma determinada
resposta do entrevistado; devem sempre ser feitas de forma neutra.

25
Exemplo:

 A pergunta: você não está de acordo com a greve justamente reivindicativa dos
transportes? Sim/Não.

Faça ao entrevistado uma pergunta afirmativa, mais razoável. Seria mais correcto perguntar:

Você considera justa a greve dos transportes? Sim/Não.

Não pressupor informação. As perguntas não devem ser formuladas pressupondo algo sobre a
resposta: nem que se conheça o tema, nem que se tenha uma opinião formada sobre o que está
sendo perguntado. Pode se utilizar alguma pergunta filtro para averiguar se o indivíduo está em
condições de responder, e exclui-lo quando não estiver.

Exemplo:

 A pergunta: qual programa eleitoral lhe parece mais razoável em matéria de urbanismo
entre os apresentados pelos diferentes partidos políticos?

Pressupõe-se que o individuo conheça os programas eleitorais e, em particular, o que estes


propõem para o urbanismo. Outra opção seria:

Você sabe o que propõem para o urbanismo os diferentes partidos políticos? Sim/Não.

Em caso afirmativo: qual lhe parece melhor neste aspecto?

Redigir as perguntas fechadas com categorias exaustivas, excludentes e pertencentes a


uma só dimensão: se o entrevistado pedir que o entrevistador pergunte somente com uma das
opções de resposta oferecidas no questionário, ali devem ser apresentadas todas as
possibilidades, sem ocultação e que forneçam resposta a uma única questão.

Evitar as perguntas hipotéticas: as pessoas não costumam agir como dizem que o fariam em
uma situação duvidosa.

Evitar perguntas que envolvam a memória ou que requeiram cálculos: deve se considerar que,
quanto maior for o esforço requerido da memória, menor será a precisão da resposta e, portanto,
menor será sua confiabilidade. Requerer o esforço mental através de cálculos pode fazer com
que o entrevistado, por comodidade, invente a resposta.

Exemplo:

 Pode ser um tanto complicado recordar a resposta para: quando você comprou sua
geladeira?

Provavelmente, o entrevistado não lembra a resposta exacta e responda de maneira


aproximada. Uma pergunta alternativa seria:

Quando você comprou sua geladeira?

A. Há menos de 3 anos;

B. Há mais de 3 anos.

26
Evitar perguntas fechadas de conhecimento: ninguém gosta de reconhecer sua ignorância, ao
passo que, no caso do entrevistado desconhecer uma resposta e se puder escolher entre várias
alternativas, possivelmente responderá com alguma delas. A resposta obtida desta forma seria
incorrecta. A solução é deixar abertas as perguntas de conhecimento.

Evitar perguntas embaraçosas.

3.4.1. Perguntas delicadas

Geralmente é complicado obter resposta em perguntas desse tipo, pois sua formulação se
transforma em uma questão muito importante. A seguir, apresentamos soluções ou mecanismos
para algumas delas:

1. Perguntar em terceira pessoa sobre o ponto de vista dos outros, para que os
entrevistados se sintam livres na hora de criticar condutas alheias.

Exemplo:

 Você acha que a sociedade está suficientemente informada sobre os costumes?

2. Utilizar grafismos ou quadradinhos. Em vez de fazer uma pergunta, apresenta-se ao


entrevistado um cartão com uma ou várias ilustrações que tratam do tema de interesse, para que
ele complete os diálogos dos personagens.

3. Pedir para completar frases iniciadas pelo entrevistador.

Exemplo:

 Seria interessante que a informação sexual que as crianças recebem na escola fosse…

4. Em perguntas comprometedoras sobre a idade, salário, etc., apresente categorias de


valores para que o entrevistado especifique a resposta, ao invés de solicitar o nº exacto.

Exemplo:

 Sua idade está:


A. Abaixo de 30;
B. Entre 30 e 65;
C. Acima de 65.

5. Método de resposta aleatória. É útil quando a pergunta delicada pode ser formulada de
modo que a resposta seja Sim ou Não.

a) Formula-se a pergunta de interesse de maneira fechada e dicotômica e anota-se em


um cartão (pergunta 1),

b) Busca-se uma pergunta irrelevante, na qual conheçamos o comportamento


populacional médio. Esta também é redigida de maneira fechada e dicotômica e anotada no
mesmo cartão (pergunta 2);

c) Pede-se ao entrevistado que, em particular, realize um experimento aleatório e que,


sem dizer se obteve êxito, responda a seguir com um Sim ou Não da seguinte forma: se obteve

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êxito no experimento (por exemplo, cara) deve responder à primeira pergunta; se não obteve
êxito (coroa), deve responder à segunda pergunta.

d) A proporção de pessoas que responderam sim é determinada por:

π= π1p+ π2 (1-p)

Em que π1é a proporção de pessoas que responderam “Sim” à pergunta delicada (a primeira),
π2 é a proporção de pessoas que responderam “Sim” à pergunta irrelevante (a segunda) e p é a
probabilidade de que o experimento tenha obtido êxito.

Π é reconhecido através da amostra, contando o nº de “sim”; p é conhecido, dada a


probabilidade de êxito no experimento (no caso de uma moeda, p= 0.5). Por outro lado, π2
também era conhecido por fontes externas, sendo que só resta estimar π1, que é a proporção de
pessoas que respondera “Sim” à pergunta delicada.

π −π 2 ( 1− p )
π1=
p
Exemplo. Queremos conhecer a proporção de executivos de uma grande empresa que
consomem habitualmente cocaína. Para isso, escolhemos AAS de 50 executivos da empresa, e
fazemos duas perguntas à eles, escritas no mesmo cartão que lhes mostramos:

1. Você consome cocaína pelo menos uma vez por semana? Sim/Não.

2. Você é casado? Sim /Não.

Pedimos a eles que lancem uma moeda ao ar e que nos contem o resultado. Dizemos a eles que,
se saiu cara o que nos outros consideramos êxito, (devem responder à pergunta 1), e se não saiu
cara, (devem responder à pergunta 2).

Através dos dados da empresa, sabemos que, dos 50 executivos entrevistados, 28 são casados,
onde π2= 28/50= 0.56.

Por outro lado, sabemos que a probabilidade de que, ao se lançar uma moeda ao ar, saia cara, é
de p= 0.5

Por último, das 50 respostas, obtivemos 35 afirmativas, isto é, π= 35/50= 0.7.

Fazendo os cálculos, temos que:

0.7−0.56∗(1−0.5 )
π1= = 0.84
0.5
Pode se concluir que a estimação de executivos da empresa estudada que consome
habitualmente cocaína é de 0.84= 84%.

3.5. Ordem das perguntas

A ordem das perguntas no questionário pode afectar a porcentagem de recusas e as respostas


obtidas.

 As primeiras perguntas devem ser as de introdução, perguntas que o individuo não


tenha dificuldades em responder.

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 Perguntar com as perguntas que, de uma maneira logica, mova-se de tópico em tópico,
dando indicações ao respondente sobre a relação entre as perguntas. Quando se faz um
corte no tema sobre o qual se pergunta, convém explicar o porquê deste corte e a
relevância do conjunto seguinte de perguntas.
 Agrupe as perguntas em temas afins.
 Para manter o fio argumental e a motivação na entrevista, tome cuidado com a
apresentação de cada uma das perguntas ou bloco de perguntas.
 As perguntas que fornecem informação não devem preceder as perguntas sobre
conhecimentos, uma vez que condicionariam a resposta. Deve se evitar que as
perguntas já enunciadas influenciem as respostas das seguintes.
 Deve se seguir do geral para o específico, seguindo o fio argumental que deve ser claro
e cobrir todos os tópicos a tratar.
 Devem se manter um espaço entre as perguntas de controle.
 Das perguntas substanciais, que são o corpo do questionário, devemos deixar para o
final aquela que são mais difíceis, delicadas ou pesadas. As listas longas ou itens
cansam o entrevistado e, portanto, deve-se evitá-las.
 As perguntas de classificação costumam ser colocadas ao final do questionário para não
consumir tempo da entrevista. Também são adequadas no início do questionário quando
se realiza uma amostra por contingente de pessoas a identificar com determinadas
características, logo no início da entrevista.
 Antes de se despedir e de coletar todas as respostas, o entrevistador deve agradecer ao
entrevistado por sua colaboração na investigação.

3.6. Carta de apresentação

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