Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Editora Revan
Claudia Furiati
1ª Edição
Editora Revan
Copyright © 2001 by Claudia Furiati
Coordenação Geral
Nei Sroulevich
Revisão
Heloiza Gomes
Diagramação e Editoração
Domingos Sávio
Fotolitos
Imagem & Texto Ltda.
CIP-Brasil, Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
ISBN
“Esta não será uma biografia autorizada,
muito menos oficial. Trata-se de uma
biografia consentida. Somente a lerei
após sua publicação. Reservo-me o direito
de dela discordar, se achar conveniente”.
(Declaração do Comandante Jesús Montané à autora,
em nome de Fidel Castro) Havana, setembro de 1997
In memoriam
PRÓLOGO ....................................................................................... 27
P A R T E I Dentes Afiados
P
reservo em mim todos os gestos e os rostos dos que me
acompanharam em Cuba, Estados Unidos, Brasil e outros
lugares, nessa extensa jornada, torcendo pelo seu placar
seguro. Muito especialmente:
Nei Sroulevich, amor e cúmplice na produção deste livro,
do início ao fim;
Helena e Daniel, meus filhos, que com sua generosidade e
inteligência guiaram-me nas horas difíceis e compreenderam que
o silêncio ou a distância eram um modo de me ter por perto;
Marilia, minha mãe, meu irmão Luis e a fortuita lembran-
ça de meu pai Ilmar em dias e noites de concentração e trabalho;
Demais personagens de meu convívio: Ilka, Théa, Maria e
Antônio, o real dono da casa. E Iupi, meiga cocker spaniel que
estabeleceu um posto ao lado do computador;
Luís Henrique Araújo, meu entusiasmado ajudante de pes-
quisas em Cuba;
Paulo Nazareth, advogado e homem de Letras, que se debru-
çou sobre os originais da biografia com a profundidade dos sábios;
Beatriz Damasceno, uma leitora diligente e certeira. Adriana
Mendonça, meu tranqüilo socorro nos acidentes da informática.
Aninha e Marcos, a singela tropa do escritório;
Oscar Niemeyer, Roberto Amaral, Alcione Araújo, Eric
Nepomuceno, Marcello Cerqueira e Milton Coelho da Graça, mentes
que dissecaram com sinceridade e brilho o meu manuscrito;
11
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
12
Prefácio
O destino do homem é transformar o mundo
Roberto Amaral
D
e um lado, uma personalidade extraordinária, voluntarista;
de outro, a necessidade histórica exigindo transforma-
ções sociais. De um lado, o ímpeto do líder; de outro, as
condições objetivas, desfavoráveis. De um lado, o homem e suas
circunstâncias; de outro, seu papel de agente, indômito. Entre
um condicionante e outro, o acaso. Como resultado, o acidente
13
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
14
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
15
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
16
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
17
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
18
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
19
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
20
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
21
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
22
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
23
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
24
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
PREFÁCIO – Roberto Amaral
25
Prólogo
A
pesar de outros prognósticos, escrever sobre Fidel Cas-
tro não seria um mar de rosas. Foi um furacão devasta-
dor, que não via nítido quando me dispus a ir até o fim
naquela ilha do Caribe.
Aventurar-me nessa densa biografia, em primeiro lugar, seria
o fruto do aprofundamento, durante muitos anos, da minha rela-
ção com Cuba e Fidel, cuja seqüência de momentos cruciais passo
a narrar, na ordem que me fala a lembrança.
Noite de festa nos salões do Laguito, uma pequena vila de
mansões, ocultas por jardins de maciças árvores nos arredores
de Havana, em volta de um viveiro, onde também se situa a fá-
brica dos charutos Cohiba. No saguão de entrada, o aglomerado
que se formava à apresentação dos convites provocava um incô-
modo, não obstante os folgados espaços e o tímido burburinho.
Vi-me, como de hábito, perdida, embora cruzasse com algumas
pessoas queridas, outras que apreciava e desconhecia, de um lado
e outro de duas grandes mesas em perpendicular que dispunham
o bufê. Não havia tantos comensais a ancorá-las, à imagem das
recepções dos anos 80. O atendimento era discreto, numa seleta
reunião, em 1993. O país suportava, com uma névoa nos sem-
blantes, a fatalidade de uma crise.
Fidel ainda não estava. Tampouco se sabia se viria, dizi-
am os mancomunados do ritual do Comandante. Passou algum
tempo e súbito disparava a notícia de que ele acabara de entrar
por uma porta lateral. De fato, vi, mais ao fundo do salão, for-
27
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
28
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
Prólogo
29
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
30
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
Prólogo
31
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
32
(Para Claudia, inesquecível amiga, insuperável pesquisadora da História.
Fidel Castro Ruz, 16 de outubro de 1994)
34
Grupo de alunos do Colégio La Salle, 1936/37
P A R T E I
Dentes
Afiados
35
Angel Castro, pai de Fidel
36
C A P Í T U L O 1
Don Angel,
um gallego criollo
E
ra fins do século XIX, quando em Láncara, Galícia, um
jovem de nome Angel Castro alistava-se em um grupo de
recrutas que rumaria para a guerra em Cuba. Com seu
império esfacelado, a Coroa Espanhola ainda acalentava a espe-
rança de manter a derradeira colônia e despachara emissários às
37
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
38
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 1 – Don Angel, um galego criollo
39
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
40
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 1 – Don Angel, um galego criollo
41
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
42
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 1 – Don Angel, um galego criollo
43
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
44
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 1 – Don Angel, um galego criollo
45
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
46
C A P Í T U L O 2
L
á e cá, para cima e para baixo, a pé ou a cavalo, com um
revólver Colt na cintura, usando botas altas sob os vesti-
dos soltos, assim era Lina. De manhã cedinho, dava mi-
lho às galinhas da granja, ordenhava vacas e cuidava dos zebus
no curral. Atrás da casa da fazenda, havia um grande laranjal
47
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
48
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 2 – Sob as rédeas de Lina
49
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
50
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 2 – Sob as rédeas de Lina
51
Em Birán, 1928
52
C A P Í T U L O 3
Titín é Fidel
E
m um 13 de agosto, vinha ao mundo Fidel Castro, o ter-
ceiro filho de Lina e Angel. O nome foi previamente es-
colhido em homenagem ao amigo Fidel Pino Santos, que
não apenas Angel Castro ajudara a eleger-se deputado, como a
ele se associara em um vantajoso contrato com a United Fruit.
53
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
54
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
55
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
56
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
57
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
58
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
59
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
nas e limas, que, como dizia Lina, eram bem úteis nas doenças
de infância, que costumavam pegar todos os irmãos e primos de
uma vez só. A fazenda chegou a ter 15 mil árvores de cítricos,
vendidos a dez centavos a centena e a um peso o milhar, sendo
um cliente fixo o Hospital da Usina Preston. No fim do dia, hora
de dormir, Fidel já ocupava, com o irmão Ramón, um dos quar-
tos do andar de baixo. Um novo irmão estava por nascer, Raúl,
em 3 de junho de 1931.
A cada dia, os meninos ficavam mais levados. “Certa vez
deixaram a porta da escola aberta e, de noite, fomos rasgar o
mapa de Cuba, porque Birán não aparecia nele”, conta Ramón13.
Noutra ocasião, a professora chamou a atenção de Fidel, que lhe
gritou um palavrão aprendido com os vaqueiros e os haitianos,
correu pelo corredor enfezado e saltou por uma janela dos fun-
dos. Acabou caindo em cima de um caixote de goiabada e feriu-se
com um prego na língua. Lina, enquanto tratava do ferimento,
disse-lhe que tinha sido um castigo de Deus “pela boca suja”14.
Eventualmente, saíam da escola e desapareciam pelo cam-
po; ou metiam-se no barracão com os haitianos e almoçavam
com eles. Chegavam a apreciar a sopa de farinha fervida, que,
com um pouco de sorte, podia vir acompanhada de um pedaço
de carne seca. Ao sentarem-se à mesa em casa, acabavam dei-
xando a comida no prato. Lina, deduzindo o motivo, apressava-se
a dar-lhes purgantes para não pegarem doenças. Quando não havia
aula, de manhãzinha corriam ao batey (a lavoura), permanecen-
do até tarde. Nas casas dos camponeses compartilhavam da refeição
com batata-doce ou das espigas de milho assadas, estas da pre-
ferência de Fidel.
Castro não se importava muito com as travessuras dos fi-
lhos. Dependendo do caso, podia enfurecer-se, mas logo serenava.
As repreensões mais ásperas cabiam à mãe. Lina, quando acha-
va necessário, impunha sua autoridade com um cinto deixado
sempre ao alcance. Depois das surras e às escondidas, Ramón e
Fidel iam pegar o cinto no armário e picotavam-no com a tesou-
60
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
ra; mas ela arranjava outro. Fidel era quem sabia levá-la. Quan-
do a mãe ameaçava dar-lhe palmadas, olhava-a com firmeza,
aceitando a advertência. Chegava a oferecer as nádegas e Lina
se desconcertava.
No caráter, Fidel se parecia muito com Lina. Quando se
machucava, agüentava calado e se curava sozinho. Operava la-
gartixas, dizendo que seria cirurgião, assimilando o pendor da
mãe. Já nos traços físicos, e em certos sentimentos, era como o
pai. “Cresci no seio de uma família de um grande proprietário,
com todas as comodidades e privilégios,15 mas meu pai era real-
mente um homem generoso. Observávamos a sua maneira de
ser e, mais tarde, em várias ocasiões, víamo-nos resolvendo as
coisas ao seu jeito”16, recorda Fidel.
Encontrando-se às margens do rio, um dia, ainda pequeno,
disse a um garoto de mais ou menos seis anos: “Por que você
não vai à escola aprender? Se não, amanhã vão te enganar e rou-
bar”.17 O menino respondeu que não tinha nem roupa nem sapato
para ir à escola. Então, Fidel juntou seu par de sapatos e a cami-
sa que vestia, fez uma trouxa, pôs em cima de uma pedra, chegou
perto do menino e segredou: “Ali embaixo da cachoeira deixei o
sapato e a camisa para você. Amanhã, você se apronta e vai à
escola comigo”. No dia seguinte, ao passar o garoto pela tenda,
Lina reparou no traje e ficou intrigada. “Esses sapatos e essa
camisa são de Titín”, disse-lhe. O menino respondeu que tinha
achado a roupa no rio, mas que, se ela quisesse, devolvia. Lina
pensou bem e deu de ombros, resolvendo esquecer o assunto.
Durante a infância, entretanto, Fidel não era de ficar o tempo
todo ao ar livre. Como já sabia ler, freqüentemente, detinha-se
nas páginas de algum livro de histórias. Gostava dos relatos épi-
cos e se entusiasmava quando o seu meio-irmão, Pedro Emílio,
ao vir de visita, falava-lhe das batalhas gregas e romanas que
estudava. Abstraía-se quando D. Angel falava dos heróis da In-
dependência de Cuba, da guerra que ele próprio vivera. Escapava
até o correio e permanecia contemplativo, da janela, “observan-
61
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
***
62
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
***
63
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
64
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
65
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
66
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 3 – Titín é Fidel
67
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
68
C A P Í T U L O 4
Ra
m
ón
Garoto bamba de
colarinho bordado
F
idel permanecera de pé no vagão, falando e gesticulando a
viagem inteira. Raúl, com pouco mais de três anos, pare-
cia uma pulguinha, como o chamavam os irmãos. Miúdo
e buliçoso, corria o tempo todo, como o fez naquela estação da
Ferrovia do Engenho. Lina e as crianças acabavam de chegar a
69
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
70
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 4 – Garoto bamba de colarinho bordado
***
71
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
72
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 4 – Garoto bamba de colarinho bordado
***
73
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
74
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 4 – Garoto bamba de colarinho bordado
75
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
***
76
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 4 – Garoto bamba de colarinho bordado
***
77
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
78
TOMO I – DO MENINO AO GUERRILHEIRO
CAPÍTULO 4 – Garoto bamba de colarinho bordado
***
79
FIDEL CASTRO – UMA BIOGRAFIA CONSENTIDA
Claudia Furiati
80
Passeio de barco na Baía de Santiago com colegas do La Salle
81
Exemplo de luta
Oscar Niemeyer