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Diário do Município do Rio de Janeiro – 22 de novembro de 2019

DECRETO RIO Nº 46852 DE 21 DE NOVEMBRO DE 2019

Dispõe sobre os procedimentos administrativos relativos ao controle das gratuidades nos transportes públicos
municipais por ônibus, por intermédio do método de identificação biométrica e dá outras providências.

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor e,

CONSIDERANDO a Lei Municipal 5.211 de 01 de julho de 20u, que institui o Bilhete Único no Município do Rio de
Janeiro;

CONSIDERANDO o inciso I, do Art. 3º do Decreto Rio nº 44.728 de 12 de julho de 2018, que permitem o exercício das
gratuidades contempladas na legislação, de modo a impedir mecanismos de burla;

CONSIDERANDO que a fiscalização dos serviços de que trata o Decreto Rio nº 44.728, de 12 de julho de 2018, é de
responsabilidade da Secretaria Municipal de Transportes;

CONSIDERANDO o disposto pelo Decreto nº 38.280, de 29 de janeiro de 2014, que institui o PASSE LIVRE
UNIVERSITÁRIO e amplia benefícios aos estudantes da Rede Pública de Ensino, alterando o Decreto nº 32.842, de 1º
de outubro de 2010, que regulamentou o Bilhete Único Carioca;

CONSIDERANDO a necessidade de se exercer o efetivo controle no uso dos benefícios tarifários de forma a coibir o
uso indevido ou fraudulento do cartão de bilhetagem eletrônica e, assim, promover a prática de uma justa política
de benefícios no âmbito do Transporte Público de Passageiros;

CONSIDERANDO que o combate às fraudes é uma obrigação dos concessionários do Transporte Público de
Passageiros, nos termos do art. 3º, do Decreto Rio nº 44.728 de 12 de julho de 2018, que regulamenta a Lei
Municipal nº 5.211, de 01 de julho de 2010;

CONSIDERANDO que a presente medida pretende dar continuidade à medida inicial de repactuação dos contratos de
concessão do SPPO/RJ, iniciada a partir da assinatura do Termo de Conciliação firmado entre as partes em 27 de abril
de 2018,

DECRETA:

Art. 1º Ficam estabelecidos os procedimentos administrativos relativos ao controle das gratuidades nos transportes
públicos municipais, por intermédio do método de identificação biométrica nos termos deste Decreto.

Art. 2º As gratuidades concedidas pelo Município do Rio de Janeiro serão exercidas no Sistema de Transporte Público
de Passageiros, por intermédio da apresentação de cartão eletrônico de gratuidade, consoante o disposto pela
legislação vigente.

Art. 3º O controle das gratuidades e dos benefícios tarifários valer-se-á dos meios tecnologicamente adequados,
custeados pelos concessionários, permissionários e autorizatários dos serviços de transporte público de passageiros,
para garantir seu exercício legítimo.

Art. 4º A utilização dos cartões eletrônicos de gratuidade, nas modalidades existentes e outras que possam ser
integradas ao sistema, será objeto de monitoramento por intermédio de Sistema de Identificação Biométrica
instalado no interior dos ônibus que operam no Serviço Público de Transporte de Passageiros por Ônibus - SPPO/RJ.

§1º A implantação do controle biométrico, preferencialmente facial ou de outro tecnologicamente adequado, será
efetuado por meio de cadastramento já existente ou recadastramento dos usuários, de forma gradativa, garantindo
o regular acesso ao transporte público, de modo a evitar qualquer tipo de transtorno.
§2º É vedada a divulgação, de qualquer forma, dos dados biométricos pelas concessionárias e seus prepostos, que
deverão respeitar os direitos fundamentais de liberdade, privacidade, inviolabilidade da intimidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural, conforme a Lei Federal nº 13.709, de 14 de agosto de 2018.

Art. 5º Não existirá nenhuma validação de controle biométrico no momento da captura da imagem ou outro dado
biométrico pelo equipamento de controle biométrico que resulte no impedimento de acesso ao ônibus no momento
do embarque, evitando assim qualquer constrangimento aos passageiros.

§1º Após a utilização do cartão eletrônico, o sistema coletará e armazenará fotografias ou outro dado biométrico do
passageiro que utilizar o cartão de gratuidade no momento do registro da viagem no validador sendo
posteriormente encaminhada para a base de dados da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do
Estado do Rio de Janeiro - FETRANSPOR, a partir da transmissão de informações coletadas no equipamento
embarcado nos ônibus.

§2º Todo processamento de informações, validação biométrica e ações voltadas à apuração de eventual utilização
indevida dos cartões de gratuidade, acontecerá após a viagem, garantindo, assim, total transparência ao processo.

Art. 6º A partir do recebimento das informações referentes às transações eletrônicas registradas nos validadores
instalados nos coletivos do SPPO/RJ, a FETRANSPOR será responsável pela avaliação acerca de possível utilização
indevida do cartão eletrônico, a fim de evidenciar o inadequado uso do benefício concedido por lei.

Art. 7º A partir da análise das informações registradas pelo sistema de controle biométrico, a FETRANSPOR deverá
comparar a fotografia (imagem) ou outro dado biométrico do usuário do cartão gratuidade armazenada pelo
validador no momento da sua utilização com a fotografia ou outro dado biométrico do titular do benefício da
gratuidade municipal existente na base de dados do sistema de controle de gratuidades do município, cadastrada no
Sistema de Bilhetagem Eletrônica, a fim de evidenciar ou desqualificar a utilização indevida do cartão eletrônico.

Parágrafo único. Constitui compromisso do beneficiário das gratuidades concedidas pelo município, assegurar-se de
que a fotografia ou outro dado biométrico utilizado pela base de dados do sistema de reconhecimento biométrico
esteja devidamente atualizado de maneira a permitir seu reconhecimento pelo sistema de controle biométrico.

Art. 8º No caso de verificação da utilização do cartão eletrônico de gratuidade de forma inadequada, o sistema de
controle biométrico de gratuidades encaminhará uma informação eletrônica para os validadores instalados nos
ônibus do SPPO/RJ, constando na tela do equipamento a mensagem “RECADASTRE-SE”, para que o titular do
benefício ou seu representante legal se dirija aos pontos de atendimento presencial da FETRANSPOR.

§1º A informação encaminhada aos validadores dos ônibus será disponibilizada para o usuário na primeira utilização
do cartão após a transmissão dos dados enviados à FETRANSPOR, que deverá ocorrer no prazo máximo de quarenta
e oito horas da transação originária.

§2º A partir da ciência da comunicação da ocorrência ao usuário do cartão eletrônico, que será consolidada na
próxima transmissão de dados coletados pelo validador à FETRANSPOR, ocorrerá a suspensão do cartão de
gratuidade, dando-se ciência ao usuário sobre a suspensão, quando da utilização do cartão nos ônibus do SPPO/RJ.

Art. 9º Efetivada a primeira suspensão do cartão, o beneficiário da gratuidade deverá comparecer a um dos postos
de atendimento da FETRANSPOR, onde tomará conhecimentos das evidências que motivaram a suspensão do
benefício e após o recadastramento terá o cartão apto para uso.

§1º Nos casos de constatação de primeira reincidência de uso indevido, o cartão será cancelado.

O beneficiário só poderá solicitar a segunda via do cartão após 30 (trinta) dias corridos do cancelamento.
§2º Nos casos de constatação de segunda reincidência de uso indevido, o cartão será cancelado.

O beneficiário só poderá solicitar a segunda via do cartão após 90 (noventa) dias corridos do cancelamento.

§3º Nos casos de constatação de terceira reincidência de uso indevido, o cartão será cancelado. O beneficiário só
poderá solicitar a segunda via do cartão após 180 (cento e oitenta) dias corridos do cancelamento.

§4º Nos casos de constatação de reincidências de uso indevido acima da terceira ocorrência, o cartão será
cancelado e será aberto um processo administrativo na Secretaria responsável pela concessão do benefício com o
pedido de cancelamento definitivo do benefício.

Art. 10 Para efetivar o procedimento administrativo necessário à apuração da utilização indevida do cartão
eletrônico de gratuidade a partir dos mecanismos de controle das gratuidades municipais pelo sistema biométrico,
as Secretarias abaixo relacionadas deverão instituir procedimento próprio, através de ato complementar, a fim de
proceder aos trâmites necessários ao procedimento de recadastramento e eventual emissão de segunda via do
cartão, sob os seguintes critérios:

I - Secretaria Municipal de Transportes - Responsável pelas gratuidades concedidas aos estudantes da rede de
ensino superior e aos maiores de sessenta e cinco anos;

II - Secretaria Municipal de Educação - Responsável pelas gratuidades concedidas aos alunos da rede municipal de
ensino; III - Secretaria Municipal de Saúde - Responsável pelas gratuidades concedidas aos doentes renais crônicos,
transplantados, hansenianos, portadores do vírus HIV e demais doenças crônicas que necessitem de tratamento
continuado, e ao respectivo acompanhante quando este se fizer necessário, além das pessoas com deficiência.

Parágrafo único. A FETRANSPOR deverá encaminhar às Secretarias responsáveis pela concessão das gratuidades
municipais relatório mensal por meio eletrônico, contendo descritivo de cartões suspensos, com informações
cadastrais referentes às gratuidades, assim como a consolidação da quantidade de cartões suspensos para
implementação da rotina administrativa a ser regulamentada por cada órgão.

Art. 11 Em todos os procedimentos descritos no presente Decreto, bem como da regulamentação posterior, será
assegurado ao titular do benefício da gratuidade ou de seu representante legal, a interposição de Recurso
Administrativo que deverá ser trazido aos autos quando do seu comparecimento às Secretarias descritas no artigo
décimo, de acordo com a natureza da gratuidade concedida, em observância ao princípio do contraditório e ampla
defesa.

Parágrafo único. A análise dos respectivos recursos e eventual bloqueio dos cartões eletrônicos de gratuidade serão
avaliados pelas respectivas Secretarias, de acordo com a natureza do benefício, que deverá considerar toda
documentação apresentada pela FETRANSPOR e as razões apresentadas pelo titular do benefício no momento de
sua defesa.

Art. 12 Após a apuração do Poder Concedente, caso não seja materializada indevida utilização do cartão de
gratuidade, a FETRANSPOR deverá proceder no prazo máximo de quarenta e oito horas a reativação do cartão,
estando o usuário e/ou seu representante legal desobrigados de praticarem qualquer ato relativo ao funcionamento
do cartão.

Art. 13 Para os devidos fins, é considerado uso indevido do benefício legal da gratuidade no sistema municipal de
transportes:

I - A utilização do cartão eletrônico, em qualquer das modalidades relacionadas no Decreto Rio nº 44.728/2018, por
terceira pessoa que não o titular do benefício;

II - A tentativa de não mostrar o rosto ou de obstruir a lente da(s) câmera(s) no interior dos veículos.
Art. 14 O controle de identificação por biometria não será aplicado às crianças de até cinco anos de idade, às pessoas
com altura máxima de até um metro e quarenta e cinco centímetros, às pessoas com deficiência e doenças crônicas
que sejam impossibilitadas de ingressar nos veículos pela porta de embarque, nos termos deste Decreto.

§1º A relação das deficiências e doenças crônicas que ensejam à dispensa do controle biométrico de gratuidades do
município deverão ser editadas pela Secretaria Municipal de Saúde e pela Secretaria da Pessoa com Deficiência e
Tecnologia por pertinência do tema.

§2º A Secretaria Municipal de Saúde, por intermédio das Unidades de Saúde de Atenção Primária - Aps ou órgãos
por elas credenciados, a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Tecnologia, além do Conselho Municipal dos Direitos
da Pessoa com Deficiência - COMDEF-RIO, poderão apresentar à RIOCARD, laudo médico/clínico para outros casos
não previstos no caput do artigo, que serão dispensados do controle de identificação por biometria, que deverá ser
observado pela FETRANSPOR.

Art. 15 A Secretaria Municipal de Transportes, a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Saúde e
a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Tecnologia terão acesso a todas as imagens coletadas pelo sistema de
identificação e controle de gratuidade biométrico facial e aos dados cadastrais dos beneficiários de todas as
modalidades de gratuidades do Município do Rio de Janeiro.

Art. 16 A Secretaria Municipal de Transportes, a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Saúde e
a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Tecnologia deverão instituir rito procedimental específico necessário à
aplicação do presente Decreto, de acordo com a necessidade e estrutura administrativa dos órgãos, ficando estes
responsáveis pelas providências necessárias à implementação do procedimento interno.

Art. 17 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial a
Resolução SMTR nº 3014, de 28 de agosto de 2018.

Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2019;

MARCELO CRIVELLA

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