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Associacao de Procedimentos Minimamente Invasivos e Laser de Baixa Potencia No Tratamento Da Alopecia Natalia Tavares Cassilhas Rosa
Associacao de Procedimentos Minimamente Invasivos e Laser de Baixa Potencia No Tratamento Da Alopecia Natalia Tavares Cassilhas Rosa
Rio de Janeiro
2017
NATÁLIA TAVARES CASSILHAS ROSA
Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao IBMR – Laureate
International Universities como
requisito parcial para a obtenção do
grau de bacharel em biomedicina em
2017.
RIO DE JANEIRO
2017
NATÁLIA TAVARES CASSILHAS ROSA
Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao IBMR –
Laureate International Universities
.
como requisito parcial para a
obtenção do grau de bacharel em
biomedicina em 2017.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
_____________________________________________
Aos meus amados pais, Geovane e Rosemeyre pelo amor, incentivo е apoio
incondicional durante todos os passos da minha jornada.
De forma carinhosa aos meus irmãos, Daniel e Diogo, por me animar e aconselhar
quando tudo parecia difícil, vocês são estrelas na minha vida.
Aos meus colegas de curso: Karine, Luis Felipe, Michely, Fernanda, Beth. Obrigada
pelo acolhimento e por tornarem as minhas manhãs mais leves!
A alopecia ou queda de cabelos é uma manifestação fisiológica comum que atinge grande parte
da população, sendo geralmente causada por estresse, alterações hormonais ou hereditariedade.
Por ser uma condição que afeta diretamente o psicológico de homens e mulheres, novas
modalidades terapêuticas tem sido buscadas, visto que atualmente apenas o minoxidil e a
finasterida são medicações aprovadas no tratamento da alopecia. Além disso, há escassa
informação científica a respeito dos tratamentos utilizados para alopecia. Desta forma, surgiu a
necessidade de maiores esclarecimentos acerca dos recursos disponíveis no arsenal terapêutico
do biomédico esteta, dando ênfase na intradermoterapia capilar, que consiste na aplicação de
injeções intradérmicas contendo substâncias farmacológicas diretamente no couro cabeludo. O
método utilizado no presente estudo foi a revisão de literatura de artigos científicos publicados
por revistas e periódicos anexados nas bases Pubmed, Scielo, Google Acadêmico e referências
bibliográficas relevantes. De acordo com estudos realizados, pode-se concluir que a
intradermoterapia combinada com o laser de baixa potência apresenta eficácia relevante no
tratamento da alopecia areata, androgenética e alguns casos de eflúvio telógeno, mostrando
resultados visuais a curto prazo e ausência de efeitos colaterais significativos.
Alopecia or hair loss is a common physiological manifestation that affects a large part of the
population, and is usually caused by stress, hormonal changes or heredity. Since it's a condition
that directly affects the psychological of men and women, new therapeutic modalities have been
searched - currently only minoxidil and finasteride are approved medications in the treatment
of alopecia. In addition, there is few scientific information regarding the treatments used for
alopecia. Therefore, further clarification about the resources available in the therapeutic arsenal
of biomedical aesthetics, with emphasis on capillary mesotherapy, are needed. It consists in the
application of intradermal injections containing pharmacological substances directly into the
scalp. The method used in the present study was the literature review of scientific articles
published by journals and journals attached to PubMed, Scielo, Google Academic and relevant
bibliographic references. According to studies, it can be concluded that mesotherapy combined
with low power laser has relevant efficiency in the treatment of alopecia areata, androgenetic
and some cases of telogen effluvium, showing short-term visual results and absence of
significant side effects.
AA – Alopecia Areata
DHT – Dihidrotestosterona
ET – Eflúvio Telógeno
FP – Folículo Piloso
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10
2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 12
2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 12
2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 12
3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 13
4. DESENVOLVIMENTO....................................................................................................... 14
4.1 Desenvolvimento dos pelos ................................................................................................ 14
4.2 Estrutura Capilar ............................................................................................................. 15
4.3 Funções ........................................................................................................................... 18
4.4 Fases do ciclo capilar ...................................................................................................... 19
4.4.1 Fase anágena do ciclo capilar ................................................................................... 20
4.4.2 Fase catágena do ciclo capilar .................................................................................. 21
4.4.3 Fase telógena do ciclo capilar .................................................................................. 21
4.4.4 Fase exógena do ciclo capilar................................................................................... 22
4.5 As alopecias .................................................................................................................... 22
4.5.1 Eflúvio telógeno (ET)............................................................................................... 23
4.5.2 Alopecia Areata (AA) .............................................................................................. 23
4.5.3 Alopecia androgenética (AAG) ................................................................................ 25
4.6 Tratamentos .................................................................................................................... 27
4.6.1 Microagulhamento ................................................................................................... 27
4.6.2 Carboxiterapia .......................................................................................................... 28
4.6.3 Laser de baixa potência ............................................................................................ 30
4.6.4 Intradermoterapia ..................................................................................................... 31
4.6.1.1 Histórico ................................................................................................ 31
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 39
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 40
10
1. INTRODUÇÃO
A alopecia pode ser entendida como um distúrbio que gera a falta de cabelos ou pelos
em locais próprios do corpo humano. São inúmeros os fatores que geram esta condição, que
pode estar relacionada a alterações hormonais e nutricionais, estresse ou uso excessivo de
produtos químicos (DAWBER & VANNESTE, 1996). No ser humano, todos os folículos
pilosos (FPs) são formados durante a embriogênese e não há formação folículos de novo na
vida adulta (UZEL, 2013). De acordo com Macedo (1989), estima-se que o couro cabeludo
tenha cerca de 100.000 a 150.000 fios de cabelo e que o crescimento deles se faça em torno de
10 mm por mês, havendo uma queda normal de 100 a 120 fios por dia. Quando a queda capilar
ultrapassa a quantidade de 120 fios por dia, é considerada patológica, sendo necessária uma boa
investigação, com uma anamnese bem elaborada, detalhada e completa.
Uzel (2013) afirma que o crescimento capilar é um processo complexo que envolve a
atividade do FP e seu ciclo, desde a sua formação, que classicamente divide-se em uma fase de
crescimento (anágena), uma fase de involução (catágena) e uma fase de repouso (telógena).
velo, mais finos, curtos e menos pigmentados (MULINARI-BRENNER, SEIDEL & HEPP,
2011). A Alopecia Areata (AA) é uma patologia crônica dos folículos pilosos, de origem
desconhecida, provavelmente multifatorial causada por componentes auto-imunes e genéticos.
É caracterizada pela queda dos cabelos e/ou pelos, por interrupção de sua síntese, sem que
ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível (RIVITTI,
2005).
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar informações atuais sobre os
tratamentos utilizados nos diferentes tipos de alopecia disponíveis na literatura.
3. METODOLOGIA
A revisão de artigos realizada adotou como critério inicial para seleção a consulta às
plataformas Pubmed, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Google Acadêmico através
de seu sistema de busca, utilizando como palavras-chave “Alopecid”, “Treatment”, “Carbon
dioxide CO2”, “Intradermal injections”, “Microneedling”. Na língua portuguesa, “Alopecia”,
“Mesoterapia Capilar”, “Tratamento da alopecia”. A seleção buscou citações dos últimos trinta
anos (1987 – 2017) nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa. Também foram consultados
livros publicados por editoras nacionais e internacionais.
14
4. DESENVOLVIMENTO
Os primeiros pelos que aparecem – os pelos do lanugo – são caracterizados por serem
finos, macios, sem medula e pouco pigmentados, podendo chegar a 0,03cm de diâmetro por 2
cm de comprimento. Os pelos do lanugo começam a aparecer ao final da 12ª semana e são
abundantes da 17ª à 20ª semana. Estes pêlos ajudam a manter o verniz caseoso (substância
esbranquiçada, oleosa e engordurada que protege o bebê de microrganismos) sobre a pele do
15
bebê. O velus, ainda formado no útero materno, é muito semelhante ao lanugo, tendo apenas o
comprimento inferior a 2 cm (MOORE & PERSAUD, 2000; SILVA, SANCHEZ & PEREIRA,
2011).
que se projeta acima da superfície da pele. A raiz é a parte abaixo da superfície que penetra na
derme e às vezes na tela subcutânea (Figura 1A).
Figura 1: Estrutura capilar. (a) Pelo e estruturas vizinhas; (b) Secção frontal da raiz do pelo; (c)
Secção transversal da raiz do pelo.
Ao redor da raiz, está o folículo piloso, formado por duas camadas de células
epidérmicas: bainha radicular interna e bainha radicular externa, rodeadas por uma bainha de
tecido conjuntivo (Figura 1C). O folículo piloso é formado por um bulbo que contêm uma
matriz, onde acontece a divisão celular, e também pelas células corticais, as quais formarão a
haste capilar. O bulbo capilar possui uma ótima irrigação sanguínea e, por meio desta, são
trazidas substâncias que podem ser incorporadas no cabelo durante sua formação. O bulbo é
constituído pela papila dérmica, glândula sebácea, queratinócitos e melanócitos (Figura 1A)
(TORTORA & DERRICKSON, 2012; TORRES, 2005).
17
Além disso, o pelo é formado por três camadas de células: cutícula, córtex e medula –
todas essas camadas são compostas por proteína morta. A cutícula é a parte mais externa do
fio, formada por escamas, bem resistente, com bordas dirigidas para cima e que protegem o
córtex. O córtex representa 90% do peso do cabelo e é constituído por fibras longas de queratina
pigmentada, unidas por elementos intercelulares. A presença dessa queratina pigmentada é o
que dá flexibilidade, elasticidade e cor ao cabelo. Já a medula é a parte mais interna do fio,
responsável pela espessura do mesmo (HALAL, 2011; SOUZA, 2004).
Em sua base, o folículo é revestido por uma pequena área de derme, conhecida como
papila dérmica. A papila dérmica é a extremidade inferior do pelo, formada por um pequeno
aglomerado de células mesenquimais densamente unidas numa estrutura morfologicamente
semelhante a uma cebola, sendo um elemento essencial do cabelo, pois o afluxo sanguíneo
proveniente do organismo se faz por seu intermédio (UZEL, 2013). O tamanho do bulbo do
pelo, o tempo de duração da fase de crescimento e, consequentemente o diâmetro e
comprimento da haste são diretamente ditados pelo volume de células existentes na papila
dérmica. Assim, quanto maior a papila, maior o seu poder de secretar fatores que
consequentemente determinarão as características do pelo (Figura 1B) (KRAUSE & FOITZIK,
2006).
Como após o nascimento não há produção de novos folículos, sua porção inferior
regenera-se a fim de gerar um novo pelo. Com essa finalidade, e também para a manutenção da
epiderme, células-tronco epiteliais multipotentes sofrem divisão mitótica durante o
desenvolvimento do pelo. Essas células, que também são chamadas de células da bulge, estão
localizadas em uma região do folículo que não é degradada durante o ciclo de crescimento do
pelo, abaixo da glândula sebácea. O ciclo celular é lento e permanece quiescente até o
18
4.3 Funções
Os cabelos são anexos cutâneos que recobrem a cabeça dos indivíduos. Pereira (2001)
afirma que o cabelo é condutor de glândulas sebáceas e apócrinas, que possuem a função de
proteger os fios fazendo uma barreira mecânica para que nenhuma molécula estranha possa
penetrar o folículo. Além disso, possui as seguintes funções: proteção contra o calor do sol ou
frio, proteção contra radiações solares, auxilia na função sensorial cutânea e contribui com os
caracteres sexuais secundários, além de ser um meio de reconhecimento individual, que
segundo concluem Dawber e Vanneste (1996), tem potencial influência sobre a autoestima do
indivíduo.
19
Para que um novo fio de cabelo seja produzido, os folículos pilosos passam por ciclos
de crescimento (fase anágena), involução (fase catágena) e períodos de repouso (fase telógena).
Recentemente, estudos demonstraram outra fase relevante no ciclo capilar: a fase exógena, que
corresponde ao período em que se tem uma queda da haste capilar (HC). Em todas essas fases
ocorrem atividades celulares específicas, muitas vezes, intensas, moduladas pela expressão de
numerosos sinalizadores, citocinas, enzimas, neurotransmissores, hormônios e seus receptores,
fatores de crescimento e seus receptores (KRAUSE & FOITZIK, 2006; UZEL, 2013)
Segundo Kede e Sabatovich (2004), um ciclo capilar normal tem duração de 3 a 5 anos
e a razão da existência desse ciclo ainda não é clara, mas algumas teorias seriam: a limpeza da
superfície da pele para prevenir a colonização e atividade de parasitas; a excreção de compostos
químicos que estariam encapsulados nos tricócitos (queratinócitos modificados). Além disso, o
ciclo pode ser um regulador das secreções parácrinas e também endócrinas de hormônios e
moduladores de crescimento produzidos no folículo piloso, que posteriormente são liberados
na pele ou circulação. Finalmente, o fenômeno também pode atuar como um sistema protetor
dos queratinócitos em divisão contra os danos oxidativos sofridos pelas altas taxas de divisão
celular (PAUS & FOITZIK, 2004).
Ao pentear, lavar ou friccionar o couro cabeludo, pode ocorrer uma queda fisiológica
de fios telógenos. Essa queda é normal e marca o fim de um ciclo e o início de outro, havendo
a substituição por um novo fio de cabelo na mesma região (IOANNIDES, 1992).
Em indivíduos normais, considera-se que do total de 100 a 150 mil folículos do couro
cabeludo, 85% a 90% dos fios encontram-se em fase anágena, 10% a 13% estão em fase
telógena e apenas 1% ou menos na fase catágena. Caso essa proporção entre em desequilíbrio,
a consequência será uma maior quantidade de cabelo caindo do que crescendo, provocando uma
perda visível de cabelo (HABIF & BOLNER, 2007).
20
Figura 2: Ciclo de crescimento dos cabelos. (a) Crescimento; (b) transição; (c) repouso; (d)
desprendimento da haste capilar.
É a fase mais longa de todo o ciclo, na qual existe uma atividade celular intensa no bulbo
piloso, com uma das maiores taxas de mitose de todo o organismo. Normalmente cerca de 85%
a 90% dos folículos estão nesta fase (KEDE & SABATOVICH, 2004).
Macedo (1989) afirma que nesta fase o cabelo é grande de tamanho, a haste é escura e
o bulbo, pigmentado. É considerada anormal a queda de fios com bulbo pigmentado, pois trata-
se de cabelos vivos. É normal a queda de 30 a 50 fios por dia nessa fase.
A cada vez que um folículo volta a entrar em fase anágena, a papila dermal começa a
agir como regulador central da interação entre as células; as células da papila dermal
(fibroblastos especializados) constroem uma nova matriz extracelular, que dá início à formação
de um novo fio de cabelo (HALAL, 2011).
Durante essa fase toda a atividade cessa e os folículos permanecem imóveis por períodos
variáveis de tempo (a duração desse estágio depende da área e da idade), até que eles entrem
novamente em estágio anágeno e um novo ciclo se inicie. É um estágio terminal, no qual o
cabelo encontra-se mais fino e claro, e ocorre o desprendimento do fio da papila dérmica (Figura
2C). O cabelo morto e inativo, apresenta um nódulo branco seco, rígido e sólido em sua
extremidade proximal; a cor branca é devida a falta de pigmento (KRAUSE & FOITZIK, 2006).
Normalmente, cerca de 13% dos folículos estão em fase telógena, que tem duração de 3
meses. Nesta fase, as células da papila enviam sinais que estimulam a atividade mitótica das
células-tronco presentes na bulge, dando início a uma nova fase anágena (KEDE &
SABATOVICH, 2004).
22
4.5 As alopecias
Quanto maior a idade, observa-se uma diminuição da espessura dos fios e redução da
duração da fase de crescimento do cabelo (fase anágena). Consequentemente, há um aumento
do número de fios telógenos, o que demonstra uma maior queda de cabelos com o
envelhecimento (KEDE & SABATOVICH, 2004).
O eflúvio telógeno consiste em uma queda aguda e intensa, chegando a cair 600 fios por
dia, que pode começar em qualquer idade, com um aumento súbito da perda de cabelo e
manutenção da densidade do cabelo frontal. É importante saber que apesar da queda acentuada,
o folículo não se encontra doente, mas algo interferiu no seu ciclo, fazendo com que os fios,
que estão em fase anágena, passem, precocemente, às fases catágena e telógena (MAIO, 2004).
Ocorre de 2 a 4 meses após um estímulo que desencadeie este processo, que pode ser:
cirurgia, febre, pós-parto, contraceptivos orais, estresse, dietas de emagrecimento, deficiência
proteica, deficiência de ferro, deficiência de zinco, doenças sistêmicas e dermatite de contato
no couro cabeludo (STEINER & BARTHOLOMEI, 2013). Uma vez afastado o agente
desencadeante, em geral após 2 ou 3 meses, o processo de queda é interrompido, e observa-se
a recuperação total dos cabelos (PEREIRA, 2006).
Rivitti (2005) considera a alopecia areata como uma doença crônica dos folículos
pilosos onde ocorre queda dos cabelos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra atrofia
ou destruição dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível. Além disso, caracteriza-se
por perda assintomática, não cicatricial e recorrente de pelos em qualquer área pilosa, atingindo
preferencialmente o couro cabeludo. A perda de cabelos ou pelos ocorre em áreas
24
caracteristicamente redonda ou ovais, de tamanho variável, com a pele lisa e brilhante e sem
sinais de inflamações (Figura 3).
Em casos raros, pode ocorrer a queda de pelos por todo o corpo, sendo classificada
como alopecia areata universal (DAWBER & VANNESTE, 1996).
Figura 3: (a) Alopecia areata unifocal (presença de uma única placa alopécica redonda ou ovalada);
(b) Alopecia areata multifocal (presença de múltiplas placas alopécicas).
A alopecia androgenética é a mais frequente das alopecias, não sendo considerada uma
doença e sim uma manifestação fisiológica que acomete indivíduos geneticamente predispostos
levando à "queda dos cabelos", que sofrem um processo de miniaturização (FIGURA 4). A
forma de transmissão da herança genética ainda não é completamente esclarecida. As possíveis
explicações encontradas são a herança autossômica dominante entre homens e autossômica
recessiva entre as mulheres, padrão este considerado inicialmente (RIVITTI, 2007).
Recentemente, a herança poligênica vem sendo considerada a maneira mais provável de
ocorrência da AAG (CAVALCANTI, 2015).
De acordo com Mulinari-Brenner e cols (2011), a AAG afeta ambos os sexos, com mais
de 50% dos homens e 40% das mulheres apresentando algum grau de calvície em torno dos 50
anos de idade.
De acordo com Pereira (2001), para tentar estabelecer um diagnóstico e entender a causa
da alopecia androgenética, são necessários um exame físico completo e uma investigação
laboratorial minuciosa.
Figura 4: Paciente portadora de AAG, apresentando rarefação parietal com acentuação frontal.
FONTE: TORRES e TOSTI, 2013.
27
4.6 Tratamentos
O objetivo do tratamento da alopecia é interromper ou estabilizar o processo de
miniaturização. No caso da AAG, se não houver tratamento, poderá ocorrer uma perda
progressiva dos fios, levando a uma queda significativa com menores chances de reversão do
quadro. Atualmente, as únicas medicações aprovadas pela ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) para o tratamento da alopecia são a finasterida e o minoxidil. Entretanto,
por se tratar de uma manifestação fisiológica muito comum, novas opções de tratamento estão
sendo utilizadas (CAVALCANTI, 2015; MULINARI-BRENNER, SEIDEL & HEPP, 2011).
4.6.1 Microagulhamento
Costa (2016) cita que apesar de não apresentar efeitos colaterais importantes, o
microagulhamento tem como principal desvantagem o desconforto causado durante a
realização da técnica, mesmo com a utilização de anestésicos tópicos.
4.6.2 Carboxiterapia
A carboxiterapia consiste na administração de gás carbônico para fins terapêuticos.
Quando injetado no tecido subcutâneo, o CO2 estimula alguns efeitos fisiológicos, como
melhora da circulação e oxigenação tecidual (CAVALCANTI, 2015).
A administração de CO2 pela via subcutânea para fins terapêuticos teve início na Itália
e na França, nos anos 30. Com o desenvolvimento de um equipamento específico para
carboxiterapia, a técnica passa a ser empregada em Saúde Pública na Europa, para tratamento
de algumas patologias, como por exemplo, arteriopatias. Nas disfunções estéticas, ela pode ser
empregada no tratamento de estrias, flacidez, celulite, gordura localizada e mais recentemente,
no tratamento de alopecias (SIMPLICIO, 2004).
gás a ser penetrado variam de acordo com o objetivo do tratamento e a sensibilidade do paciente
(BORGES, 2010).
Figura 5: Equipamento de carboxiterapia: (a) Cilindro de aço com regulador de pressão; (b) Equipo
para carboxiterapia com filtro biológico; (c) Agulha de insulina 0,30 x 13mm.
Atualmente, um tratamento complementar que vem sendo utilizado para tratar alopecia
é o uso do laser de baixa potência (low level laser therapy – LLLT), também conhecido como
fotomodulação ou bioestimulação. Os tratamentos estéticos para a alopecia, em sua maioria,
estão relacionados aos danos teciduais (microagulhamento, mesoterapia ou carboxiterapia),
processos inflamatórios e regeneração tecidual. Nesse contexto, a luz é capaz de interagir e
acelerar esses processos de forma segura em todos os procedimentos minimamente invasivos,
potencializando o tratamento de crescimento capilar (KEDE & SABATOVICH, 2004).
Padilha e colaboradores (2010) descrevem que os principais efeitos da luz vermelha são:
aumento da síntese de ATP, estímulo a liberação de óxido nítrico (um excelente vasodilatador
periférico) e estímulo a regeneração tecidual. Consequentemente, há um aumento da
concentração de mastócitos, aumento do tônus e resistência capilar, estímulo para que as células
do folículo piloso cresçam, além da melhora da oleosidade e hidratação, resultando na
prevenção da queda de cabelo e tratamento da alopecia.
Manoel e colaboradores (2014) afirmam que a luz azul e âmbar também apresentam
importantes efeitos no tratamento da alopecia. A luz azul ativa a queratina do fio do cabelo e
do couro cabeludo, fortalecendo o bulbo capilar, além de promover a hidratação do couro
cabeludo. Já a luz âmbar estimula o colágeno e a elastina, aumentando a espessura e adesão do
fio de cabelo e evitando sua queda.
31
4.6.4 Intradermoterapia
4.6.1.1 Histórico
A partir deste primeiro caso, Pistor passou a tratar vários outros pacientes observando a
melhora de outras afecções locais como eczemas do canal auditivo, dores na articulação
temporomandibular e zumbido. Motivado pelos resultados obtidos, ele ampliou as indicações
de tratamento para outras patologias que se localizassem em tecidos originários da mesoderme
e, em 1958, publicou um artigo no qual referia que o benefício da aplicação de procaína na
mesoderme era tão significativo que tal tratamento merecia ser chamado de intradermoterapia.
Pistor então definiu a intradermoterapia como um conceito terapêutico novo e simples, cujo
objetivo é aproximar a região de aplicação da terapia da região patológica, para que se obtenha
uma maior eficácia (UZEL, 2013).
Em 1964, o cirurgião francês Mario Lebel desenvolveu, com a ajuda de Pistor, a agulha
de 4 mm de comprimento. Esta agulha foi considerada o primeiro material inventado
exclusivamente para a intradermoterapia, pois é no intervalo entre os plexos capilares
superficiais e profundos da derme reticular que deve ser introduzida a medicação (KEDE &
SABATOVICH, 2004).
Segundo Pistor, o tratamento deve ser administrado por via intradémica e subcutânea
superficial (tecidos embriologicamente originados na mesoderme) e a dose aplicada deve ser
pouca, raramente e no lugar certo. Na prática, o médico observou que era mais importante
administrar pequenas doses em várias punturas superficiais do que aplicar doses mais altas e/ou
mais profundamente (AZULAY, 2004).
A intradermoterapia pode ser realizada utilizando apenas uma substância ativa para o
tratamento de determinada patologia, embora que no tratamento de afecções estéticas
normalmente se utilize uma mistura (mélange ou mescla) de princípios ativos cuja ação
sinérgica teoricamente levaria a uma melhor resposta. É comum a utilização de agentes
farmacológicos associados a fitoterápicos, vitaminas, oligoelementos e aminoácidos, cuja
combinação irá depender da patologia em questão (KEDE & SABATOVICH, 2004).
Figura 6: Profundidade ideal das injeções. Com 4 mm de comprimento as agulhas de Lebel atingem o
espaço compreendido entre os plexos capilares superficiais e profundos de derme.
Em relação a introdução da agulha na pele, este é um ponto que varia de autor para
autor, e descreve-se que pode ser perpendicular ou formando um angulo de 30° a 60°
(HERREROS, MORAES & VELHO, 2011).
Pistor sugeria a intradermoterapia como uma opção terapêutica para as alopecias sem,
no entanto, definir para quais tipos de alopecia era indicada. Afirmava também que os
resultados obtidos eram melhores nas mulheres do que nos homens (HERREROS, MORAES
& VELHO, 2011).
couro cabeludo, que só começa a ocorrer após algumas sessões, à medida que o paciente relata
diminuição da queda capilar. Esse sangramento é o reflexo da vasodilatação obtida na
intradermoterapia, responsável pela melhora clínica (MAIO, 2004).
Em 2013, Moftah et al. realizaram um estudo randomizado com 126 pacientes com
AAGF. Foram realizadas um total de 12 sessões de intradermoterapia capilar com dudasterida
a 0,5mg ou placebo. Duas semanas após a última sessão, perceberam que as pacientes que foram
submetidas à mesoterapia com dudasterida tiveram uma melhora de 62,8%, contra 17,5% do
grupo placebo, na avaliação fotográfica. Os efeitos adversos foram mínimos, não havendo
diferença entre os grupos. Concluíram então, que a mesoterapia com dudasterida pode ser uma
opção terapêutica eficaz e segura no tratamento da AAGF, sugerindo estudos mais amplos sobre
o assunto.
estudo foi o fato de não terem sido relatados efeitos adversos sérios, demonstrando um bom
perfil de segurança da técnica.
Sob forma injetável, o minoxidil possui a vantagem de uma melhor absorção, efeito
mais rápido e poder ser utilizado em concentração menor do que o produto aplicado por via
tópica. Ainda não é completamente esclarecido se essa superioridade seria pela injeção da droga
mais próxima ao folículo ou se o microtrauma produzido pelas injeções pode ter um papel
importante nesse processo (CONTIN, 2016). Outra vantagem é que o minoxidil por via
intradérmica pode ser aplicado em intervalos de tempo bem maiores que o produto por via
tópica (AZAM & MORSI, 2010).
apresentar reações alérgicas, irritação no local da injeção, sensação de ardência. Em casos raros,
pode ocorrer alteração da pressão arterial, problemas hepáticos e renais (KEDE &
SABATOVICH, 2004).
4.6.1.4.2 Finasterida
4.6.1.4.3 D-Pantenol
à biotina, quando se deseja obter uma ação anti seborreica adicional. Pode também ser associado
à procaína, quando se deseja obter uma ação vasodilatadora (KEDE & SABATOVICH, 2004).
4.6.1.4.4 Lidocaína
A lidocaína é um anestésico local da classe amida, que tem como mecanismo de ação
reduzir a geração e condução dos impulsos periféricos da dor através do bloqueio dos canais de
sódio dos nociceptores localizados diretamente abaixo do sítio de aplicação. (LAURETTI,
2008).
4.6.1.4.5 Biotina
4.6.1.4.6 Buflomedil
5. CONCLUSÃO
Após revisão bibliográfica, nota-se que é fundamental antes de qualquer tratamento,
saber diferenciar os tipos de alopecias existentes, se é uma alopecia cicatricial, que não é
reversível ou não cicatricial, que possui um bom prognóstico. Levando em consideração a
intradermoterapia capilar, conhecer os tipos de alopecias previamente, torna o tratamento mais
eficaz e seguro, uma vez que o profissional é capaz de montar uma mescla específica para cada
paciente.
Em relação à utilização do laser de baixa potência, pode-se afirmar que ela é uma
importante ferramenta no tratamento da alopecia, desde que combinada às outras opções. Os
tratamentos disponíveis muitas vezes estão relacionados a danos teciduais, processos
inflamatórios e regeneração tecidual. O laser de baixa potência é capaz de atuar e acelerar esses
processos de forma segura a eficaz, potencializando o tratamento de crescimento capilar.
Por todos os motivos citados acima, a intradermoterapia parece ser a melhor opção de
tratamento disponível, pois se enquadra em um método seguro, rápido e eficaz, uma vez que é
capaz aproximar o fármaco do local a ser tratado, reativando estruturas do folículo piloso que
por algum motivo tenham o seu funcionamento prejudicado.
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6. REFERÊNCIAS
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