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PASTORAL DE EVENTOS: UM ESTILO ECLESIAL E

EVANGELIZADOR NAS FESTAS ECLESIAIS


Pe. Paulo Nunes Santos1

Este artigo tem a finalidade de propor um novo estilo na organização dos eventos ligados a Igreja,
conduzindo as equipes de eventos a cultivarem a espiritualidade das Bodas de Caná, “servir o melhor vinho”
(cf. Jo 2,10). Por conseguinte, estas equipes necessitam de um autêntico pastoreio, tornando-se uma “Pastoral”,
para que cuidem das pessoas que organizam e as que vão a estes eventos, pois assim, nos ensina a CNBB: a
Ação pastoral da Igreja no Brasil ou simplesmente pastoral é a ação da Igreja Católica no mundo ou o
conjunto de atividades pelas quais a Igreja realiza a sua missão de continuar a ação de Jesus Cristo junto a
diferentes grupos e realidades2.
Neste sentido, compreendamos como pastoral a ação de dar a vida pelas ovelhas, como bem salienta o
autor:
O termo pastoral é tomado aqui em seu conceito dinâmico como sendo prolongamento dos braços de Jesus de
Nazaré, que se revela também como bom pastor (cf. Jo 10,11). E esse bom pastor garante que, como um bom
pastor, dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10,12). Portanto, o termo bom pastor – conforme a antropologia de
Jesus de Nazaré no Evangelho de João – expressa claramente um “ser que crê poder fazer algo por alguém”, ou
seja, um ser que tem uma missão sublime: dar a si mesmo, expresso no Evangelho de João em termos de dar a
vida por suas ovelhas. E suas ovelhas quem são? São aqueles e aquelas capazes de reconhecerem o pastor
(Jesus) (cf. Jo 10, 14-15)3.

Por isso, o agente de uma pastoral é um colaborador do redil de Jesus, seja as que estejam dentro do
aprisco ou as que estejam fora do aprisco. Deste modo, tendo em vista a missão evangelizadora da Igreja em
todos os seus organismos pastorais, propomos um estilo diferenciado e inovador, aonde o pastoreio torna-se
regra e o que faz desta pastoral, não mais uma mera equipe que se dissolve a cada festa ou que seria perpétua,
mas que caminharia como uma pastoral aberta a um trabalho evangelizador, promovendo com paixão e ardor
missionário, eventos que evangelizam, gerando comunhão e fraternidade paroquial, agregando valores cristãos
e culturais, junto com outras pastorais, sobretudo a Pastoral do Dízimo e o Conselho Paroquial para Assuntos
Econômicos, profissionalizando os processos, sem perder a dimensão religiosa num caminho de transparência.
A Pastoral de Eventos possuiria a missão de organizar, gerenciar e promover com paixão os eventos
eclesiais, colaborando assim, juntamente com outras pastorais, grupos e movimentos, suscitando um espírito de
integração e comunhão. E, como toda pastoral, a Pastoral de Eventos comporta também uma espiritualidade
fundada no Evangelho e suas consequências, ou seja, beber e servir sempre o “melhor vinho”, o vinho da
alegria e da festa, do amor e do perdão, da paz e da fraternidade, da compaixão e da corresponsabilidade,
gerando na paróquia a atualização das “Bodas de Caná”, mesmo em meio às dificuldades humanas.
A fé em Deus e a intercessão da Virgem Maria tornam-se um caminho seguro para encher as talhas de
água e Jesus fazer transbordar com o milagre da vida, no vinho novo. A Pastoral de Eventos, com sua
espiritualidade própria, reúne-se, não somente para organizar eventos, mas para primeiramente beber deste
“Vinho novo”, através de encontros de espiritualidade, formações ligadas a fé e aos pilares da pastoral.
A Pastoral de Eventos tem como metodologia na sua ação pastoral, promover eventos fixos e
ocasionais, mas devidamente planejados e articulados, como também, suscitando um espírito de pastoral de
conjunto, sobretudo com outras instâncias da Igreja. A ação pastoral estaria baseada em pilares fundamentais
para manter a essência evangelizadora deste instrumento missionário, são eles:

1. Fraternidade: Âmbito externo: Criar meios que promovam a fraternidade entre os membros da
própria pastoral, entre as pastorais e em toda paróquia; Âmbito interno: A Pastoral de Eventos pode
viver esta realidade através de confraternizações e lazeres.

1
Pe. Paulo Nunes Santos é padre católico, Bacharel em Teologia com biênio filosófico (UCSal), pós graduado em Pastoral Presbiteral
(Universidade Católica del Oriente/Colômbia) e Gestão Eclesial (Faculdade Dehoniana), escritor e, atualmente, é pároco da Par óquia N. Sra. de
Fátima, Stella Maris, Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
2
Cf. www.cnbb.org.br/pastorais
3
Carlos Humberto Mendes GOTHCHALK, O Novo Agente de Pastoral: princípios indispensáveis para uma liderança eficaz, Aparecida, 2016, p.
21.
2. Evangelização: Âmbito externo: Promover e colaborar com os eventos que evangelizam, agregando
valores e congregando as famílias, da criança ao idoso; Âmbito interno: A Pastoral de Eventos pode
viver esta realidade através da participação ativamente nas ações evangelizadoras da paróquia e
promovendo suas próprias ações.
3. Profissionalismo: Âmbito externo: Organizar eventos com um olhar profissional, proporcionando
transparência, prestação de contas, harmonia, bom gosto, segurança e legalidade; Âmbito interno: A
Pastoral de Eventos pode viver esta realidade através da promoção de formações para outras
pastorais sobre: gestão organizacional, planejamento, marketing, propaganda, gastronomia e seus
cuidados, sustentabilidade, saúde alimentar, etc.
4. Partilha: Âmbito externo: Articular eventos que despertem a corresponsabilidade de cada fiel
para com a sua comunidade, seja na colaboração com os dons, tempo e/ou tesouro, gerando, sempre
que possível, receita e colaboração com os projetos da paróquia e fortalecendo a Pastoral do Dízimo;
Âmbito interno: A Pastoral de Eventos pode viver esta realidade através de uma ação social de
colaboração com os pobres e necessitados, como também, trabalhar conjuntamente com os Trabalhos
Sociais da Paróquia, Pastoral do Dízimo, Conselho Econômico e Campanhas Paroquiais.

Portanto, sustentados por estes pilares fundamentais é possível realizar uma ação pastoral e missionária
construindo pontes entre fé e cultura, evangelização e entretenimento e entre fé e festa, necessária a vida de
qualquer pessoa. Uma ação assim proporcionaria sempre um trabalho em conjunto valorizando outras
expressões pastorais da Igreja, sobretudo, organismos como os Conselhos Pastorais e Econômicos paroquiais,
bem como a Pastoral do Dízimo.

Pastoral de Eventos em unidade com a Pastoral de Dízimo e o Conselho Paroquial para Assuntos
Econômicos
Uma Pastoral que esteja ligada aos eventos da paróquia não pretende ser o meio principal de captação
de recursos da instituição, mas esta pastoral deverá aliar-se com a Pastoral do Dízimo, pois a Pastoral de
Eventos deverá ser um suporte para Pastoral do Dízimo, já que o seu objetivo primeiro está na organização de
eventos que evangelizam e proporcionam a integração entre os paroquianos fortalecendo os vínculos e o sentido
de pertença. Sendo assim, já é previsto pela Igreja na sua ação pastoral junto a Pastoral do Dízimo que: A
consolidação do dízimo, como meio ordinário de manutenção eclesial, reforça o sentido de pertença a uma
Igreja particular concreta e aprofunda a compreensão da Pastoral de Conjunto, consequência significativa,
decorrente da experiência do dízimo4.
Assim, a Pastoral de Eventos deverá servir conjuntamente com a Pastoral do Dízimo e o próprio
Conselho Econômico Paroquial, trabalhando acima de tudo o aspecto de transparência e objetivação dos
objetivos da paróquia, assim, os recursos que entram do dízimo e dos eventos devem ser administrados pelo
Conselho Econômico Paroquial, gerando assim, uma gestão participativa e responsável, vigilante e confiável
junto a comunidade e aos órgãos do governo, como fomenta o Documento 100 da CNBB: Paróquias são
pessoas jurídicas que precisam prestar contas a quem as sustenta e ao Estado brasileiro, daí a necessidade do
Conselho de Assuntos Econômicos, de uma gestão qualificada e transparente, de acordo com as normas
contábeis e as legislações vigentes e civil e canônica. Esse é um dos serviços que podem ser realizados com
competência por leigos formados nessas áreas5.
Nasce assim, a oportunidade de um trabalho de pastoral de conjunto, tão importante nos tempos atuais
dos cenários eclesiásticos. Portanto, o serviço da Pastoral de Eventos é um serviço colaborador para com a
missão da Pastoral do Dízimo e do Conselho Econômico Paroquial, favorecendo e promovendo a competência
dos leigos na ação evangelizadora da Igreja, seja com aqueles que chegam a Igreja pelos sacramentos, seja por
aqueles que entram e fazem uma experiência de fé e de fraternidade através de nossas festas, nossos eventos.

4
CNBB, Documento 106, O dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas, Brasília, 2016, p. 37.
5
CNBB, Documento 100, Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia, Brasília, 2014, p. 150.

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