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APRESENTAÇÃO

Com alegria e gratidão a Deus, nosso Senhor, apresento o


8º Plano de Pastoral de nossa querida Diocese de Limeira, fruto maduro
colhido durante nossa última Assembleia Diocesana, realizada na cidade
de Americana, em 19 de novembro de 2022, nas dependências do
Colégio Dom Bosco.
Este Plano de Pastoral orientará a ação evangelizadora de nossa
Diocese nos próximos anos. O objetivo principal de nosso Plano é formar
comunidades eclesiais maduras, adultas na fé; ou seja, comunidades
eclesiais capazes de atender ao veemente apelo do Papa Francisco por
uma Igreja missionária, uma "Igreja em saída".
E em comunhão com as atuais Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil assumimos o compromisso de formar
comunidades eclesiais missionárias sustentadas por quatro pilares. São
eles: o Pilar da Palavra, que chama nossa atenção para a iniciação à vida
cristã e a animação bíblica da vida e da pastoral. O Pilar do Pão, que nos
convida a cuidar bem da liturgia e da espiritualidade. O Pilar da Caridade,
que nos impulsiona ao serviço da vida plena. E o Pilar da Ação
Missionaria, que nos convoca a um estado permanente de missão.
Nossa Assembléia Diocesana de Pastoral escolheu, para cada
Pilar, três encaminhamentos práticos, que orientarão nossa ação
evangelizadora nos próximos anos. Aproveito para agradecer à
Coordenação de Pastoral pelo cuidadoso e criterioso trabalho na
preparação e realização de nossa Assembléia Diocesana de Pastoral; da
mesma forma, agradeço a todos que participaram ativamente em todo o
processo da Assembléia.
Conto com o empenho de todas as forças vivas de nossa Diocese,
padres, diáconos e fiéis, de todas as pastorais, serviços e movimentos
para a aplicação desse 8º Plano de Pastoral. Que a Virgem Maria, Mãe
das Dores, nos acompanhe com sua materna proteção nesta missão e
interceda sempre por nós.
Limeira, 02 de maio de 2023
Dom José Roberto Fortes Palau
Bispo Diocesano de Limeira
1
Introdução
Nosso 8º Plano de Pastoral é fruto de uma caminhada de dois
anos (2021-2022). A Assembleia Diocesana de Pastoral da Diocese
de Limeira teve como objetivos ser um momento de comunhão
eclesial e de acolher as inspirações do Espírito do Senhor em sintonia
com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.
Destaca-se que a Igreja, no processo de evangelização identificou
quatro pilares, à semelhança dos que sustentam uma casa, à saber: a
Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária.
No processo, para se chegar a Assembléia Diocesana, cada
Forania, através dos Conselhos de Pastoral Paroquial – CPP, teve a
oportunidade de refletir sobre cada um dos pilares da evangelização.
Neste sentido, se tornou possível no momento da Assembleia
escolhermos, a partidos desafios elencados pelas paróquias da diocese,
três grandes encaminhamentos que servirão de farol para elaboração e
aplicação do nosso 8º Plano de Pastoral Diocesano. São eles
PILAR DA PALAVRA
Animação Bíblica da Pastoral através da Leitura Orante da Bíblia.
Iniciação a Vida Cristã com atenção especial ao sacramento da Crisma –
Juventude.
Formação Bíblica – Paroquial e Diocesana.
PILAR DO PÃO
Priorizar a dimensão da Acolhida na celebração dos sacramentos.
Zelar pela qualidade da Pregação da Palavra na liturgia e nos encontros
pastorais.
Valorizar a Espiritualidade através da Formação Litúrgica e do conhecimento do
Espaço Sagrado.
PILAR DA CARIDADE
Fé e Vida – Espiritualidade centrada na capacidade de amar a Deus e ao
Próximo, superando a cultura do mundanismo.
Priorizar as Pastorais da Visitação: Saúde, Crianças, Idosos e Famílias.
Priorizar as ações sociais com as famílias carentes através dos trabalhos: Ação
Vicentina, Almoços solidários, Campanhas de doações de cestas básicas –
Reestruturando a Cáritas Diocesana.
PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA
Valorizar a Ação Missionária através da Espiritualidade Batismal e da Promoção
da Cultura do Encontro
Incentivar uma Pastoral Orgânica que favoreça um estado permanente de
missão em toda a Igreja.
Promover o Anúncio Explicito da Boa Nova – Querigma, através de um roteiro
diocesano que passe pelo: Diálogo, apresentação da Palavra e Oração 2
PILAR DA PALAVRA
“Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos”(At 2,43)
1. Animação Bíblica da Pastoral através da Leitura Orante da Bíblia.
O objetivo deste desafio é propor aos fiéis a Palavra de Deus como
dom do Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de
“autêntica conversão e de renovada comunhão e solidariedade”. O
discípulo (a) missionário (a) deseja alimentar-se com o Pão da
Palavra: busca chegar à interpretação adequada dos textos bíblicos,
empregá-los como mediação de diálogo com Jesus Cristo. Desse
modo, a animação bíblica da pastoral, favorece o acesso à Sagrada
Escritura, seu conhecimento e assimilação, passa a aprofundar,
reforçar e dinamizar, mediante a Palavra de Deus, o encontro pessoal
e eclesial com o ressuscitado e conseqüentemente a conversão
pessoal e a conversão pastoral, almejadas pela Conferência de
Aparecida. Assim, tudo na Igreja vai partir e se alimentar da Sagrada
Escritura, que também passará a ser fundamental no processo
avaliativo do que a Igreja é, planeja e faz em sua permanente busca
de fazer a vontade do Pai, como pede insistentemente Jesus.
Nesta perspectiva, escolhemos a Leitura Orante da Bíblia como
caminho para Animação Bíblica da Pastoral. Esta metodologia
remonta os primeiros cristãos, o primeiro a utilizar a expressão Lectio
Divina foi Orígenes (185-254), ele afirmava que para ler as Sagradas
Escrituras com eficácia é necessário atenção, constança e oração.
A sistematização da Leitura Orante da Bíblia em quatro níveis, à
saber: leitura, meditação, oração e contemplação provém do século
XII. Ainda sobre a Leitura Orante da Bíblia nos afirma o Papa Bento
XVI: “Se se promover está práxis com eficácia, estou convencido de
que produzirá uma nova primavera espiritual na Igreja”.
Enfim, nosso objetivo, iluminado pelo texto do profeta Amós -
“faminto de ouvir a Palavra do Senhor” 8,11 - é criar um clima orante,
celebrativo, fraterno e comprometedor, afim de educar na fé, na
esperança e no amor, formando discípulos missionários apaixonados
por Jesus Cristo. Nossa finalidade não é intelectual nem apologética,
nem mesmo “conhecer a Bìblia”, mas sim deixar que ela seja alimento
espiritual para nos manter em contato íntimo e diário com Deus,
fazendo com que a Palavra seja lâmpada para nossos pés e luz para
nossos caminhos.
3
PILAR DA PALAVRA
“Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos”(At 2,43)

2. Iniciação a Vida Cristã com atenção especial ao Sacramento


da Crisma – Juventude.

A Iniciação a Vida Cristã é hoje um desafio e ao mesmo tempo


uma oportunidade. É uma obra a ser realizada por toda a Igreja, com
dedicação, paixão formativa e evangelizadora, com coragem e
criatividade. Não se trata, porém de uma pastoral a mais, e sim de um
eixo central e unificador de toda ação evangelizadora e pastoral. Tem
como objetivo a formação inicial e, ao mesmo tempo, permanente do
discípulo missionário de Jesus Cristo, para viver e anunciar a fé cristã.
O Processo de Iniciação a Vida Cristã deve levar em conta as etapas
que lhes são próprias: o Querigma, o Catecumenato, a Purificação-
Iluminação e a Mistagogia.
Nossa assembléia diocesana escolheu, dentro na Iniciação a Vida
Cristã, o desafio com a juventude na perspectiva do Sacramento da
Crisma. Percebe-se o desafio experimentado pelos jovens. Eles
sentem na pele “a confusão e o atordoamento” que dão “a impressão
de reinar no mundo”. São os que mais se ressentem da fragilidade de
referências e da precariedade de critérios.
O trabalho evangelizador desenvolvido com os jovens precisa ir
além da sensibilização e do entretenimento, priorizando o
crescimento espiritual, a educação para a responsabilidade pessoal e
social, a ética na relações humanas, profissionais, afetivas e sexuais,
e a orientação vocacional. (Doc 107 n.206). Nos dias de hoje, torna-se
fundamental apresentar Jesus como alguém que vale a pena ser
seguido, como um amigo muito próximo, Mestre e Senhor de sua
vida.

4
PILAR DA PALAVRA
“Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos” (At 2,43)

3. Formação Bíblica – Paroquial e Diocesana.

A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. O


Povo de Deus encontrou sempre nela sua força e, também hoje, a
comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da
Palavra de Deus. A centralidade da Palavra na vida das comunidades
cristãs é fundamental para identificação e configuração com a
“Palavra que se fez carne” (Jo 1,14).
Dada a importância da Palavra de Deus, nossa assembleia
escolheu a formação bíblica paroquial e diocesana como pedagogia
para maior conhecimento da revelação divina. Neste sentido nos
afirma o Papa Bento XVI: “Quando não se formam os fiéis num
conhecimento da Bíblia conforme a fé da Igreja no sulco da sua
Tradição viva, deixa-se efetivamente um vazio pastoral, onde
realidades como as seitas podem encontrar fácil terreno para lançar
raízes. Por isso, é necessário promover também uma preparação
adequada dos sacerdotes e dos leigos, para poderem instruir o povo
de Deus na genuína abordagem das Escrituras.”
A formação bíblica paroquial ou diocesana, tem como
objetivo:Favorecer aos leigos e leigas um caminho de conhecimento,
interpretação e vivência da Sagrada Escritura, à luz dos
ensinamentos do Magistério, capacitando-os a serem replicadores de
seu conteúdo em suas paróquias e comunidades.

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PILAR DO PÃO
“Eles eram perseverantes (...) na fração do pão e nas orações”(At 2,42)

1. Priorizar a dimensão da Acolhidana celebração


dos Sacramentos.
A Igreja no Brasil, em sua ação evangelizadora, assume o
compromisso de formar comunidades que vivam como Casas-
Acolhedoras. Nelas, as pessoas, movidas pelo amor da Trindade
Santa, vivenciam e testemunham a comunhão fraterna, como em
família, entre amigos, irmãos na fé, companheiros de jornada nas
estradas da vida, peregrinando rumo à Pátria Definitiva. Enquanto
casa, as comunidades que queremos são espaços do encontro, da
ternura e da solidariedade, o lugar da família e têm suas portas
abertas. (DGAE -129)
Acolher significa aceitar, receber. Acolher é sentir o outro e
assim, enxergar sua vida. É enxergar no próximo o reflexo de si
mesmo que pede empatia e que precisa, mais do que de uma
resposta aos seus problemas, um exemplo ou uma palavra
acolhedora. Neste sentido, nossa assembléia elegeu a “acolhida
na celebração dos sacramentos”, como um dos desafios do pilar do
Pão.
Acolher bem é evangelizar. Faz-se necessário, proporcionar
ambientes favoráveis para as vivências da fé e dos sacramentos
em nossas comunidades. Muitos chegam cansados e deprimidos.
Comunidades acolhedoras, dispostas a aproximar e ajudar as
pessoas facilitam o encontro com Aquele que nos garantiu que o
“seu jugo é suave e o seu fardo é leve” (Mt 11,30).

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PILAR DO PÃO
“Eles eram perseverantes (...) na fração do pão e nas orações”(At 2,42)
2. Zelar pela qualidade da Pregação da Palavra na liturgia e nos
encontros pastorais.
A Palavra está no centro da vida e da missão de Jesus, Palavra de Deus
que se fez carne, também das comunidades cristãs que surgem, graças ao
anuncio e à acolhida da Palavra. Neste sentido, nos afirma o Papa
Francisco: “Toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra
escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura
é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na
escuta da Palavra, A Igreja não evangeliza, se não se deixa continuamente
evangelizar. É indispensável que a Palavra de Deus se torne cada vez mais o
coração de toda atividade eclesial”.
A comunidade eclesial, como casa que nutre seus filhos é sustentada
pela oração. Neste aspecto, nossa assembléia escolheu a pregação da
palavra como um dos grandes desafios para a vivência da liturgia e da
espiritualidade.
O verbo pregar (proclamar,anunciar) é típico dos evangelhos. O
evangelista Marcos diz que, após a prisão de João, “veio Jesus para a
Galileia pregando o Evangelho de Deus”, (Mc 1,14). Mateus e Lucas
afirmam varias vezes que Jesus percorria a Galileia, “pregando o Evangelho
do Reino e curando toda e qualquer doença e enfermidade do povo”.
O Papa Francisco na exortação Evangelii Gaudium nos afirma: “O
pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o
do Senhor e os do seu povo.” Neste sentido, Palavra é, essencialmente,
mediadora e necessita não só dos dois dialogantes, mas também de um
pregador que a represente como tal, convencido de que “não nos pregamos
a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos
servos, por amor de Jesus.
A pregação deve ser como um diálogo entre mãe e filho. O espírito de
amor que reina numa família guia tanto a mãe como o filho nos seus
diálogos, nos quais se ensina e aprende, se corrige e valoriza o que é bom;
assim deve acontecer também na pregação. Enfim, a Pregação da Palavra
nos momentos litúrgicos e também nos encontros pastorais é uma tarefa tão
importante que convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração,
reflexão e criatividade pastoral. Um pregador que não se prepara não é
espiritual: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu.
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PILAR DO PÃO
“Eles eram perseverantes (...) na fração do pão e nas orações”(At 2,42)

3. Valorizar a Espiritualidade através da Formação Litúrgica e


do conhecimento do Espaço Sagrado.

A liturgia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo. A liturgia é


obra do Cristo inteiro, cabeça e corpo. É necessário promover uma
liturgia essencial, que não sucumba aos extremos do subjetivismo
emotivo nem tampouco da frieza e da rigidez rubricista e ritualística,
mas que conduza os fiéis a mergulhar no mistério de Cristo. Neste
sentido, a liturgia é o ponto alto da vida dos cristãos e exige uma
preparação cuidadosa.
Nossa assembléia diocesana, tendo em vista a caminhada de
nossa Igreja Particular, escolheu a formação litúrgica e o
conhecimento do Espaço Sagrado como um dos caminhos para o
crescimento da espiritualidade na dimensão do pilar do Pão.
Liturgias bem celebradas exigem preparação e participação.
Essas liturgias inserem as pessoas, através da ação simbólico-ritual,
na vivência do Mistério Pascal de Cristo. Neste sentido, a formação
litúrgico-pastoral se torna indispensável para a vivência da fé cristã
eclesial.
Uma ação sagrada como a liturgia precisa de um lugar para
acontecer. O espaço celebrativo deve constituir um todo harmônico e
participativo (IGMR. 294) e não uma estrutura separada: o presbitério
e a comunidade.O espaço litúrgico tem a função de ajudar a celebrar,
adentrando de maneira mais efetiva no Mistério. Isto ajuda a rezar,
pois o espaço celebrativo leva os fiéis a se inserirem na presença de
Deus. Neste aspecto, se torna importante para os nossos leigos e
leigas, afim de que se possa participar ativamente do mistério
celebrado, o conhecimento do espaço celebrativo.

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PILAR DA CARIDADE
“Eles eram perseverantes (...) na comunhão fraterna” At 2,42

1. Fé e Vida – Espiritualidade centrada na capacidade de amar a


Deus e ao Próximo, superando a cultura do mundanismo.

Na fé cristã, a espiritualidade está centrada na capacidade de


amar a Deus e ao próximo. Rezar e servir, amar e contemplar, são
realidades indispensáveis para o discípulo de Jesus Cristo. Sem
oração não existe vida cristã autêntica. Sem caridade, a oração não
pode ser considerada cristã.
“As questões sociais, a defesa da vida e os desafios ecológicos da
atual cultura urbana globalizada têm que ser enfrentados pelas
nossas comunidades e também pelas Igrejas particulares, em nível
local, regional e nacional, em uma postura de serviço, diálogo,
respeito à dignidade da pessoa humana, defesa dos excluídos e
marginalizados, compaixão, busca da justiça, do bem comum e do
cuidado com o meio ambiente” DGAE n. 104.
Nossa assembléia elegeu a dualidade fé e vida como caminho
central para a superação da cultura do mundanismo. Neste sentido
Ensina o Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium:
“O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências
de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da
glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. É aquilo que
o Senhor censurava aos fariseus: 'Como vos é possível acreditar, se
andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que
vem do Deus único?' (Jo 5, 44). É uma maneira sutil de procurar 'os
próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo.
A vida humana e tudo que dela decorre e com ela colabora, precisa
ser objeto da nossa atenção e do nosso cuidado: do nascituro ao
idoso, da casa comum ao emprego, saúde e educação. DGAE n. 171.
Enfim, faz-se necessário integrar o contato com a Palavra de Deus,
lida pessoalmente e em comunidade, com os desafios que brotam do
sofrimento humano.

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PILAR DA CARIDADE
“Eles eram perseverantes (...) na comunhão fraterna” At 2,42

2. Priorizar as Pastorais da Visitação: Saúde, Crianças, Idosos e


Famílias.
A comunidade como lugar de portas sempre abertas, é também
indicação para a missão. Quem está dentro é chamado a sair ir ao
encontro do outro onde quer que ele esteja. Não basta abrir as portas
para acolher quem vier, em uma atitude de espera dos que chegam. É
preciso ir ao encontro do outro onde quer que ele esteja. Seguindo o
exemplo do Mestre, que alcança os discípulos que voltavam
desânimados para Emaús, precisamos praticar um acolhimento ativo,
que vá ao encontro dos que demandam socorro.
Nesse sentido, nossa assembleia apontou as pastorais da
visitação: Saúde, Crianças, Idosos e Famílias, como essenciais para
a construção de uma “Igreja em Saída”. A proximidade com as famílias
em sua condição real de vida ajudará a Igreja a experimentar a
misericórdia de Deus que, em Jesus, se aproximou da viúva que
enterrava o seu filho único (Lc 7, 11-17), da sogra de Pedro que sofria
doente (Lc 4, 38-40), de Jairo e de sua filha que estava morrendo (Lc
8,40-56) e de outras famílias e pessoas que necessitam da sua
presença, da sua palavra e da sua consolação.
A partir das pastorais da visitação a Igreja torna-se presente no
mundo, não de uma forma imprecisa e geral, mas num mundo
determinado, o mundo dos mais fracos e perdidos. Nesta sociedade,
tão apática e anônima as pastorais da visitação: Saúde, Crianças,
Idosos e Famílias são sinais de que a Igreja deve estar em contato
direto com os problemas do mundo urbano. Aproximar-se fisicamente
das pessoas e lugares onde o sofrimento é mais agudo e
desumanizador é ser sinal do evangelho de Cristo. Enfim as famílias
constituem-se como sujeito fundamental da ação missionária da
Igreja.

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PILAR DA CARIDADE
“Eles eram perseverantes (...) na comunhão fraterna” At 2,42

3. Priorizar as ações sociais com as famílias carentes através


dos trabalhos: Ação Vicentina, Almoços Solidários,
Campanhas de Doações de Cestas Básicas – reestruturação
da Cáritas Diocesana.

O Papa Francisco insiste em dizer que deseja uma “Igreja pobre


para os pobres”. Trata-se de superar as ambições, o consumismo e a
insensibilidade diante do sofrimento. Contemplar o Cristo sofredor na
pessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que
sofrem, buscando compreender as causas de seus flagelos,
especialmente as que jogam na exclusão.
Nossa Assembleia Diocesana escolheu priorizar as ações sociais
com as famílias carentes. A caridade não pode morrer entre nós
cristãos. Ela é o nosso distintivo e nasce da experiência primeira de
sermos amados radicalmente pelo próprio Deus. É preciso alimentar
o faminto hoje, no momento da fome. Daí a importância em priorizar
as campanhas de arrecadação de alimentos.
Como nos afirma a CF 2023, “a fome nos desafia e desinstala”. A
dimensão social da fé exige de nós engajamento na busca de
soluções eficazes para o drama da fome: “quem tem fome tem pressa”
(Betinho). Neste sentido, a Caritas, que é um organismo da CNBB, e
deve funcionar de maneira diocesana destaca-se em três iniciativas
que podem contribuir com milhares de famílias na superação de
sofrimentos e alcance de condições dignas de vida, à saber:
Campanhas Emergenciais, Implementação de Projetos Produtivos
Comunitários e Incidência política.

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PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA
“Passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as cidades” At 8,40
1. Va l o r i z a r a A ç ã o M i s s i o n á r i a a t r a v é s d a
Espiritualidade Batismal e da Promoção da Cultura do
Encontro.
A missão é intrínseca a fé cristã, pois “conhecer Jesus é o
melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado
foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com
nossa palavra e obras é nossa alegria” (Doc. Aparecida n.29).
Precisamos perceber que se alguma coisa nos deve santamente
inquietar e preocupar a nossa consciência, é que haja tantos irmãos
nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com
Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um
horizonte de sentido de vida.
Para compreender a missão, da qual somos chamados a
participar, precisamos partir de Jesus Cristo, que enviou os seus. (Mt
10, 40). No Batismo, somos enviados como cooperadores da missão
de Deus no mundo, de acordo com os carismas recebidos do Espírito
Santo e confirmados pela Igreja. A comunidade missionária
experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor
(1Jo 4,10), e, por isso, ela sabe ir a frente, sabe tomar a iniciativa sem
medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar as
encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos.
A promoção da cultura do encontro se faz necessária para a
existência de uma comunidade missionária. O Papa Francisco nos
lembra como a comunidade, por ser lugar do encontro com Deus e os
irmãos, é espaço de santificação: “A comunidade, que guarda os
pequenos detalhes do amor e na qual os membros cuidam uns dos
outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é lugar da
presença do Ressuscitado, que vai santificando segundo o projeto do
Pai”. (Gaudete et Exsultate n.145).
Enfim, necessitamos de comunidades que ajudem na
abertura para o outro, que superem a superficialidade de relações
mecanicistas, fundadas no fazer coisas. Somente através da cultura
do encontro é possível romper com as indiferenças, isto é,propiciar o
encontro que restitua a cada pessoa a sua dignidade de filho de
Deus.
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PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA
“Passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as cidades” At 8,40
2. Incentivar uma Pastoral Orgânica que favoreça um
estado permanente de missão em toda a Igreja.
A pastoral orgânica é uma exigência essencial para o
surgimento de uma Igreja em estado permanente de missão. Para
responder aos desafios da evangelização, principalmente da fé
cristã é fundamental ter um projeto de pastoral diocesana de
conjunto, somente assim, será possível reunir forças, aprofundar
estudos e traçar linhas de ação pastoral.
Para haver uma consciência de uma Igreja em estado
permanente de missão, é necessário ir além de uma pastoral de
manutenção e se abrir a uma autentica conversão pastoral. Só
podemos nos imaginar como comunidade missionária, que segue
os passos de Cristo Jesus e busca nele o seu modelo de vida, se
vamos ao encontro do outro, no seu lugar concreto, anunciando o
próprio Senhor com sua presença amorosa. Uma palavra que seja
vida é a mais eloquente ação missionária. É esta presença e este
testemunho que anima e sustenta a missão permanente de toda
Igreja.
Ainda sobre uma Igreja em estado permanente de missão
nos afirma o Papa Francisco:“A intimidade da Igreja com Jesus é
uma intimidade itinerante, e a comunhão “reveste essencialmente
a forma de comunhão missionária”. Fiel ao modelo do Mestre, é
vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em
todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem
repugnâncias e sem medo. A alegria do Evangelho é para todo o
povo, não se pode excluir ninguém; assim foi anunciada pelo anjo
aos pastores de Belém: “Não temais, pois anuncio-vos uma
grande alegria, que o será para todo o povo” Lc 2,10”. ( Evangelii
Gaudium n.23)
Portanto, todo cristão batizado é convidado a
comprometer-se na missão, como tarefa diária, em levar o
Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais
íntimos como aos desconhecidos, de modo informal, durante uma
conversa, espontaneamente, em qualquer lugar, de modo
respeitoso e amável.
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PILAR DA AÇÃO MISSIONÁRIA
“Passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as cidades” At 8,40
3. Promover o Anúncio Explicito da Boa Nova – Querigma – através
de um roteiro diocesano que passe pelo: Diálogo, Apresentação da
Palavra e Oração.

A missão irradiação da experiência do amor gratuito e infinito de


Deus, supõe um anuncio explícito da Boa-Nova de Jesus Cristo.
Atualmente, o querigma não pode ser dado como pressuposto, nem
mesmo entre os membros da própria comunidade. Enquanto no passado,
era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente
compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela
inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da
sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitos pessoas.
Neste sentido, faz-se necessário o anuncio explicito do Querigma,
isto é, o anúncio do nome, do ensinamento, da vida, das promessas, do
Reino e do mistério pascal de Jesus de Nazaré. Somente através do
Querigma é possível suscitar a fé nos ouvintes e manter acesa sua
chama, de modo que acolhendo Jesus como Filho de Deus, Senhor e
Salvador participem da sua própria vida, da vitória sobre a morte, e
alcancem, assim, a vida eterna.
Portanto torna-se urgente um itinerário dinâmico e eficaz de ação
missionária. As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
inspirada no Papa Francisco nos apresenta o seguinte caminho: O
primeiro momento é o diálogo que estimula a partilhar alegrias,
esperanças e preocupações; o segundo é a apresentação da Palavra,
sempre recordando o anúncio fundamental: o amor de Deus que se fez
homem, entregou-se por nós e, vivo, oferece sua salvação e sua amizade;
por fim, se parecer prudente e houver condições, que esse encontro
fraterno e missionário se conclua com uma breve oração que se relacione
com as preocupações que a pessoa manifestou.

14
CONCLUSÃO
O grande desafio da evangelização hoje é a cultura urbana, de
modo especial as cidades. O mundo se torna uma grande cidade e isso
traz grandes consequências para o agir pastoral. A cultura urbana
apresenta varias características: a individualidade, o consumo
exacerbado, o declínio das instituições e tradições, a pluralidade cultural,
o relativismo ético e religioso e a escassez de referências. Tudo isso
causa um enorme medo e desanimo no ardor evangelizador da Igreja.
Neste sentido, faz-se necessário planejar, isto é, pensar a ação pastoral
antes, durante e depois.
O ideário das diretrizes da ação evangelizadora, através da
simbologia da casa e dos quatro pilares, coloca em destaque a
necessidade de uma Igreja que seja espaço de encontro, lugar da ternura,
lugar das famílias e lugar de portas sempre abertas.
Enfim, a Igreja é mãe de coração aberto, casa aberta do Pai, que
conclama a todos para reunirem-se na fraternidade, acolher a Palavra,
celebrar os sacramentos e sair em missão no testemunho, na
solidariedade e no claro anúncio da pessoa e da mensagem de Jesus
Cristo.
Sob a proteção de Nossa Senhora das Dores, padroeira de nossa
diocese, trilhemos esperançosos o caminho do reino. Supliquemos:

Ó Virgem Mãe de Deus e nossa, ó Senhora das Dores, Padroeira da


Diocese de Limeira, roga e intercede por todos nós: nosso Bispo
Diocesano e todo o clero, os religiosos e religiosas, nossos
seminaristas, vocacionados e vocacionadas, nossos fiéis leigos e
leigas, todos comprometidos, chamados e enviados como discípulos
missionários do Pai, na força do Divino Espírito Santo, no seguimento
de Jesus de Nazaré, na unidade que se manifesta na vida de nossas
paróquias e comunidades, nas pastorais, movimentos e serviços.
Ó Virgem das Dores, Senhora do “sim”, caminha conosco e
ajuda-nos que sejamos uma Igreja missionária e
misericordiosa, do testemunho e da acolhida, sensível e
solidária às dores e sofrimentos de todos os pobres. Amém.
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Anexo 1: LEITURA ORANTE DA BÍBLIA.

Primeiro Passo - LEITURA:1. Iniciar invocando o a Luz do Espírito


Santo, 2. Leitura lenta e atenta do texto, 3. Momento de silêncio interior
para lembrar o que leu.

A leitura consiste em ler o texto bíblico até que ele fique bastante
familiarizado e presente na mente. Uma leitura profunda: “Perceber o
que diz o texto e seus detalhes: como o ambiente se apresenta,
observar o desenrolar dos acontecimentos, os personagens, a reação
e palavras.

Segundo Passo –MEDITAÇÃO: 1.Ver bem o sentido de cada frase, 2.


Atualizar e ruminar a Palavra, ligando-a com a vida, 3. Ampliar a visão,
ligando o texto com outras passagens bíblicas.

“É necessário se perguntar como o texto faz sentido pra você? O que


ele toca na sua vida?” - Nesse passo é orientado também meditar nos
cenários e personagens, e escolher um versículo para entrar em
momento de oração (meditação), de forma a confrontar a passagem
com a própria vida.

Terceiro Passo – ORAÇÃO:1.Ler de novo rezando o texto e


respondendo a Deus

“O que eu digo a Deus através desse versículo? É um momento de


oração pessoal, para falar com Deus a partir da leitura feita”. A oração é
fruto da reflexão e meditação, podendo nos levar a dar uma resposta a
Deus.

Quarto Passo –CONTEMPLAÇÃO:1.Formular um compromisso de


vida, 2. Rezar um Salmo apropriado, 3.Escolher uma frase como
resumo para memorizar.

“Momento em que eu não tenho mais palavras para me dirigir a Deus. É


nesse momento que Deus vem até nós e reza por nós e a partir dessa
resposta de Deus, colocamos na prática da vida essa Palavra.. 16
Anexo 2: DIRETRIZES PARA VISITA MISSIONÁRIA
Primeiro Momento: Diálogo(Lc, 24,17)
O diálogo não pode ser forçado. Se a pessoa não está disposta a dialogar ou
não quer a visita, não se deve insistir. Deus providenciará uma ocasião
melhor.
Não se deve levar nenhum papel ou caneta para fazer anotações na frente
das pessoas visitadas. Não é censo ou levantamento do IBGE. Isso cria
barreiras e resistências. Alguma observação importante seja anotada
posteriormente.
É importante ouvir atentamente as pessoas, sem a necessidade de resolver
seus problemas ou aconselhar. Isso até poderia acontecer, depois se
necessário e possível. O momento do diálogo é para contato, conhecimento,
criar laços de amizade e confiança. É importante demonstrar interesse.
Segundo Momento: Apresentação da Palavra de Deus(Lc 24,27)
A Palavra de Deus está na base de toda a espiritualidade cristã autêntica.
Ouvir esta Palavra, não para vangloriar-se, mas para interiorizá-la no seu
coração, como um programa de vida, de crescimento espiritual, que gera
comunhão com o Senhor e o leve a uma relação sempre mais íntima e
profunda com a mesma Palavra de Deus e com os irmãos na comunidade.
Através da escuta da Palavra se torna possível reinterpretar os fatos da vida
com outro olhar, ajuda a entender o nosso caminho, assim como o caminho
de Jesus, o Cristo, sua vida, morte e ressurreição.
Neste sentido, a Palavra de Deus anunciada é fonte de unidade, entendemos
que Deus dirige sua Palavra de Salvação a todos os povos, principalmente
aos mais pobres e os mais distantes. É este o objetivo da missão, ou seja, ser
a Boa Nova da Libertação, da Consolação e da Salvação.
Terceiro Momento: Oração(Lc 24,30)
Nos afirma o Papa Francisco: “se parecer prudente e houver condições, que
esse encontro fraterno e missionário se conclua com uma breve oração”. É
muito importante que a oração relacione as preocupações da vida com a
Palavra de Deus escutada.
A oração alimenta a nossa fé, e a força da perseverança no pedir não será
desiludida se a porta na qual bato é o coração de Deus.A oração nos dá a
possibilidade de não nos fecharmos em nós mesmos. Enfim, a oração,
quando é autêntica, nos abre o coração de Deus, e Ele ali encontra espaço
em nosso coração para nos orientar com amor e ternura no peregrinar da
vida.
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COMUNIDADE

AÇÃO MISSIONÁRIA
CARIDADE
PALAVRA

PÃO

OBJETIVO GERAL DA AÇÃO EVANGELIZADORA


DA IGREJA NO BRASIL
EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo
anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e
discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais
missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos
pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o
Reino de Deus rumo à plenitude.

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ORAÇÃO DO SÍNODO 2021-2023

Aqui estamos, diante de Vós, Espírito Santo:


estamos todos reunidos no vosso nome.
Vinde a nós, assis -nos, descei aos nossos corações.
Ensinai-nos o que devemos fazer, mostrai-nos o
caminho a seguir, todos juntos. Não permitais que a
jus ça seja lesada por nós pecadores, que a ignorância
nos desvie do caminho, nem as simpa as humanas nos
tornem parciais, para que sejamos um em Vós e nunca
nos separemos da Verdade. Nós Vo-lo pedimos a Vós
que, sempre e em toda a parte, agis em comunhão com
o Pai e o Filho pelos séculos dos séculos.
Amém

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