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43 - O Caminho Bíblico Da Salvação
43 - O Caminho Bíblico Da Salvação
John Wesley
'Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus'.
(Efésios 2:8)
I. O que é salvação?
II. Qual é está fé, por meio da qual, somos salvos? E...
I
1. Primeiro, nós vamos inquirir, o que é salvação? A salvação, de que aqui se
fala, não é o que é freqüentemente entendido por esta palavra, o ir para o céu, e para a
felicidade eterna. Não é o ir da alma para o paraíso, denominado por nosso Senhor,
'Seio de Abraão'. Não é uma bênção que se estende do outro lado da morte; ou, como
nós usualmente falamos, do outro lado do mundo. As mesmas palavras do texto
colocam isto além de toda questão: 'Vocês estão salvos'. Não é alguma coisa distante:
é uma coisa presente; uma bênção que, através da livre misericórdia de Deus, vocês
agora têm posse dela. Mais ainda, as palavras podem ser interpretadas, e isto com
igual propriedade, 'Vocês têm sido salvos': de modo que a salvação de que falamos
aqui, pode ser estendida para a inteira obra de Deus; desde o primeiro amanhecer da
graça na alma, até que seja consumada na glória.
2. Se nós tomamos isto em sua extensão extrema, ela irá incluir tudo o que é
forjado na alma, pelo que é freqüentemente denominado 'consciência natural', mas,
mais propriamente, 'graça preventiva'; -- todas as delineações do Pai; os desejos, em
busca de Deus, que, se nós nos rendermos a eles, aumentam mais e mais; -- toda
aquela luz, por meio da qual, o Filho de Deus 'iluminou todo aquele que veio ao
mundo'; demonstrando para cada homem como 'fazer corretamente; amar a
misericórdia, e caminhar humildemente com seu Deus'; -- todas as convicções que
Seu Espírito, de tempos em tempos, opera em todo filho do homem – embora, seja
verdade que a generalidade deles as reprime, tão logo quanto possível, e, depois de
algum tempo, esqueça, ou, pelo menos, negue que as teve, afinal.
6. Mas, raramente, é muito tempo antes que eles não sejam enganados,
certificando-se que o pecado estava tão somente suspenso e não destruídos. As
tentações retornam, e o pecado revive; mostrando que estavam apenas adormecidos
anteriormente, e não mortos. Eles agora sentem dois princípios, em si mesmos,
claramente contrários, um ao outro: 'a carne cobiçando contra o Espírito'; a natureza
opondo-se à graça de Deus. Eles não podem negar que, apesar de ainda sentirem
poder para crer em Cristo, e amar a Deus; e, embora Seu 'Espírito' ainda 'testemunhe
com seus espíritos que eles são filhos de Deus'; ainda assim, eles sentem, em si
mesmos, algumas vezes, orgulho, ou obstinação; algumas vezes, ira ou descrença.
Eles encontram um ou mais desses, freqüentemente agitando seus corações, embora
que não conquistando; sim, talvez, 'causando ferida neles para que possam cair'; mas
o Senhor é o socorro deles.
7. Quão exatamente Macário, cento e quatorze anos atrás, descreve a presente
experiência dos filhos de Deus: 'O inábil', ou inexperiente, 'quando a graça opera,
presentemente imagina que ele não tem mais pecado. Enquanto que aqueles que têm
prudência não podem negar que, mesmo nós que temos a graça de Deus, podemos ser
molestados novamente. Porque nós temos freqüentemente tido exemplos de alguns,
entre os irmãos, que têm experimentado tal graça, como a confirmar que eles não têm
mais pecados neles; e, ainda assim, depois de tudo, quando eles se acreditaram
inteiramente livres dele, a corrupção que espreitava interiormente, levantou-se
renovada, e eles quase foram destruídos'.
9. É assim que nós esperamos pela santificação inteira; porque uma salvação
completa de todos os nossos pecados, -- do orgulho, obstinação, ira, descrença; ou,
como o Apóstolo expressa isto, 'buscar a perfeição'. Mas o que é perfeição? A
palavra tem vários sentidos: aqui ela significa amor perfeito. É o amor eu exclui o
pecado; amor preenchendo o coração, dedicando-se a toda capacidade da alma. É o
amor 'regozijando-se, sempre mais; orando, sem cessar; e em todas as coisas dando
graças'.
II
Mas o que é a fé, por meio da qual somos salvos? Este é o segundo ponto que
deverá ser considerado.
As Escrituras não mencionam tal distinção. O Apóstolo diz, 'Existe uma fé, e
uma esperança de nosso chamado'; um cristão, uma fé salvadora; 'assim como existe
um Senhor', em quem acreditamos, e 'um Deus e Pai de todos nós'. E é certo que essa
fé implica necessariamente uma convicção (que aqui é apenas uma outra palavra para
evidência, ficando difícil dizer a diferença entre elas) de que Cristo me amou, e deu a
Si Mesmo por mim. Porque 'aquele que crê', com a verdadeira fé viva, 'tem
testemunho em si mesmo': 'O Espírito Santo testemunha com seu espírito que ele é
filho de Deus'. 'Porque ele é um filho, Deus enviou o Espírito de Seu Filho, ao seu
coração, clamando, Aba, Pai'; dando a ele uma convicção de que ele é assim, e uma
confiança inocente Nele. Mas que seja observado que, pela mesma natureza da coisa,
a convicção vem antes da confiança. Porque um homem não pode ter uma confiança
pueril em Deus, até que ele saiba que ele é filho de Deus. Portanto, convicção,
confiança, esperança, lealdade, ou o que mais possa ser chamado, não é a primeira,
como alguns supõem, mas a segunda ramificação ou ato da fé.
III
1. E, primeiro, como nós somos justificados pela fé? Em que sentido isto deve
ser entendido? Eu respondo, a Fé é a condição; a única condição da justificação. É a
condição: ninguém é justificado, a não ser aquele que crê: sem a fé, nenhum homem é
justificado. E é a única condição: esta, tão somente, é suficiente para a justificação.
Todos os que crêem são justificados, o que quer que tenham ou não tenham. Em
outras palavras: nenhum homem é justificado, até que creia; todos os homens, quando
crêem, são justificados.
2. 'Mas Deus não nos ordena que nos arrependamos também? Sim, que
produzamos os frutos do arrependimento – cessando, por exemplo, de fazermos o
mal, e aprendendo a fazermos o bem? E, tanto um quanto o outro, da mais extrema
necessidade; considerando que, se nós negligenciamos, prontamente um, nós não
podemos razoavelmente esperar sermos justificados, afinal? E, se for assim, como
podemos dizer que a fé é a única condição de justificação?'.
Deus, indubitavelmente, nos ordena a tanto nos arrependermos, quanto a
produzirmos os frutos do arrependimento; o que se prontamente negligenciamos, nós
não poderemos razoavelmente esperar sermos justificados, afinal: Conseqüentemente,
o arrependimento e os frutos produzidos por ele são, em algum sentido, necessários
para a justificação. Mas eles não são necessários, no mesmo sentido, para a fé; não no
mesmo grau; porque esses frutos são apenas necessários, condicionalmente; se existe
tempo e oportunidade para eles. Por outro lado, um homem pode ser justificado, sem
eles, como foi o caso do ladrão na cruz (se nós podemos chamá-lo assim; porque um
recente escritor descobriu que ele não era um ladrão, mas uma pessoa muito honesta e
respeitável!), mas ele não poderia ser justificado, sem fé; isto é impossível; já que a fé
é imediatamente necessária para a justificação. Permanece que a fé é a única
condição, imediatamente e proximamente necessária para a justificação.
3. 'Mas você acredita que nós somos santificados pela fé? Nós sabemos que
você acredita que somos justificados pela fé; mas você não acredita, e, portanto,
ensina que nós somos santificados pelas nossas obras?'.
9. 'Mas que boas obras são essas, cuja prática você afirma ser necessária
para a santificação:'.
12. Por esta razão, pode igualmente aparecer, que não existe possivelmente
perigo nesse esperar pela salvação completa. Porque, supondo-se que estejamos
enganados; supondo-se que tal bênção nunca foi, ou nunca poderá ser obtida, ainda
assim, nós não perdemos coisa alguma; mais do que isto, esta mesma expectativa nos
estimula a usar todos os talentos que Deus nos tem dado; sim, a aperfeiçoá-los; de
modo que, quando nosso Senhor vier, Ele receberá o que é seu com crescimento.
13. Mas para retornar: Embora seja permitido que ambos esse arrependimento
e seus frutos sejam necessários para a completa salvação; ainda assim, eles não são
necessários, tanto no mesmo sentido, quanto no mesmo grau, para a fé:
14. 'Mas que fé esta, por meio da qual somos santificados, --salvos do pecado,
e perfeitos no amor?'.
16. Em Terceiro Lugar, é uma evidência e convicção de que Ele é capaz e está
disposto a fazer isto já. E por que não? Um momento para Deus, não é o mesmo que
mil anos? Ele não pode querer mais tempo, para executar qualquer que seja a vontade
Dele. E não pode necessitar ou esperar por mais merecimento ou aptidão nas pessoas,
as quais Ele se agradou de honrar. Nós podemos dizer, por conseguinte, a qualquer
tempo, 'Agora é o dia da salvação!'. 'Hoje, se você ouvir a voz Dele, não endureça
seu coração!'. 'Observe que todas as coisas já estão prontas; venha para o
casamento!'.
17. Para esta confiança de que Deus é tanto capaz, quanto de boa vontade nos
santifica agora, é necessário que acrescentemos uma coisa mais, -- a evidência e a
convicção, divinas, de que Ele faz isto. De que naquela hora é feita: Deus diz, no mais
profundo da alma: 'De acordo com tua fé, que ela seja junto a ti!'. Então, a alma é
purificada de toda mancha do pecado; é limpa 'de toda iniqüidade'. O crente, então,
experimenta o profundo significado daquelas palavras solenes: 'Se caminharmos na
luz, como Ele está na luz, nós teremos camaradagem, um com o outro, e o sangue de
Jesus Cristo, seu Filho, nos limpará de todos os pecados'.
18. 'Mas Deus opera está grande obra em nossa alma, gradualmente ou
instantaneamente?'. Talvez, em alguns, ela possa ser forjada gradualmente; eu quero
dizer, neste sentido, -- eles não atentam para o momento particular, em que o pecado
cessa de existir. Mas seria infinitamente desejável, fosse da vontade de Deus, que isto
pudesse ser feito instantaneamente; que o Senhor pudesse destruir o pecado, 'através
do respirar de Sua boca'; de repente, num piscar de olho. E assim, Ele geralmente
faz; um fato claro de que existe evidência suficiente para satisfazer qualquer pessoa
sem preconceito. Portanto, busque por ela, todo momento! Busque por ela, no
caminho acima descrito; em todas essas boas obras, para o que você 'foi renovado em
Jesus Cristo'. Não existe nisto, então, perigo: você não poderá ser pior, se você não
for melhor, para esta espera. Porque mesmo que você fosse desapontado em sua
esperança, ainda assim, não teria perdido coisa alguma. Mas você não será
desapontado em sua esperança: ela virá, e não tardará. Busque por ela, então, todos os
dias, todas as horas, todos os momentos! Por que não nesta hora, neste momento?
Certamente você pode buscá-la agora, se você acredita que é, através da fé. E, através
desse sinal, você pode certamente saber, se você a está buscando pela fé, ou pelas
obras. Se pelas obras, você necessita que alguma coisa seja feita, primeiro, antes que
você seja santificado. Você pensa: eu devo primeiro ser ou fazer assim e assim. Então,
você a está buscando, através das obras, até o momento. Se você a busca pela fé, você
pode esperar por ela, como você está; e esperá-la agora. É importante observar que
existe uma conexão inseparável entre esses três pontos, -- esperá-la pela fé; esperá-la,
como você está; e esperá-la agora! Negar um deles, é negar a todos eles; permitir um
deles, é permitir a todos. Você crê que nós somos santificados pela fé? Então, seja
verdadeiro para com seus princípios; e busque por essa bênção, exatamente como
você é, nem melhor, nem pior; como um pobre pecador, que, ainda assim, não tem
coisa alguma a pagar; nada a pleitear, a não ser a 'Cristo morto'. E se você buscar por
isto, como você é, então, aguarde por ela agora. Por nada mais; por que você deveria?
Cristo está pronto, e Ele é tudo que você necessita. Ele está esperando por você: Ele
está à porta! Consinta que o mais profundo de sua alma clame:
[Editado por Anne-Elizabeth Powell, Bibliotecária na Point Loma Nazarene College, com
correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]