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ARTIGO 08

AMAR AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO

Quando o respeito garante consideração e estima


Desaprendemos os efeitos terapêuticos do sorriso, da alegria, da satisfação.
Temos que resgatar a boa vontade, a disposição e o bom humor.

Costumo dizer a meus alunos que mostrar boa educação no trato com as
pessoas em momento algum representa perdas ou problemas para quem quer
que seja. Quando cumprimentamos uma pessoa com uma saudação como bom dia,
boa tarde ou boa noite; ou ainda em situações em que perguntamos como
estão se sentindo, manifestando preocupação sincera e mostrando as outras
pessoas que nos importamos com elas; isso para mencionar apenas
circunstâncias triviais que fazem parte da vida de qualquer ser humano,
temos que nos manifestar de forma autêntica e verdadeira em relação aos
nossos interlocutores.

Por que resolvi falar a respeito desse assunto?


Sinto até certo constrangimento em dizer isso, pois não tenho a intenção
de ofender ninguém, especialmente as pessoas com as quais convivo em
minha vida pessoal ou profissional, mas não devo faltar com a verdade e
tenho que admitir que o mau humor, a indisposição permanente, a falta de
boa vontade e, consequentemente, a ausência de um mínimo de educação tem
feito falta em alguns ambientes que freqüento.

É inadmissível que as pessoas, educadas como são em muitos casos com o


máximo de atenção e cuidado por seus pais e, na maior parte dos casos,
orientadas por professores e amigos quanto a sua formação profissional e
pessoal, não atentem para um detalhe tão pequenino, porém deveras
fundamental em relação ao tratamento dispensado ao próximo.

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ARTIGO 08

Amizade, carinho, atenção, palavras amigas ou simplesmente um olhar podem ajudar


muito as outras pessoas.
Estenda a sua mão, seja solidário.

Sou uma daquelas pessoas que acredita na vida e nas possibilidades que
nos são dadas no nosso cotidiano pelo simples fato de existirmos, de
estarmos aqui. Como qualquer outro ser humano também estou fadado a ter
dias bons e ruins. Acordo algumas vezes com dores nas costas, depois de
muita correria ao longo do dia chego a sentir dores de cabeça, tento
controlar minhas finanças por que sei que alguns deslizes podem me causar
preocupações, sofro com as enfermidades de familiares e amigos, meu carro
já me deixou na mão a caminho do serviço,...

Em suma, não sou diferente de nenhuma pessoa que conheço, ou seja, também
tenho meus dias e momentos ruins. Penso apenas que não posso me deixar
levar por eles, me contaminar por sentimentos ruins que me levem a tratar
de forma indelicada ou mal educada as pessoas que fazem parte de meu dia
a dia.
Mesmo quando estou vivendo um desses infortúnios procuro ter forças que
me permitam agir de forma digna, seja com quem for, dos zeladores das
escolas onde trabalho ao presidente da firma, todos merecem respeito e
consideração.

Conheço pessoas jovens que desaprenderam a sorrir. Parece que se


esqueceram dos efeitos terapêuticos relacionados ao riso, a alegria, a
satisfação. Pode ser que não tenham aprendido o que isso representa ou
significa para elas próprias e para as demais pessoas. E não estou me
referindo apenas ao fato de que isso prolonga nossa juventude e nos
permite viver de forma muito mais saudável.

Não estou falando apenas das rugas ou “pés-de-galinha” que deixamos de


ter prematuramente em nossos rostos. Falo da satisfação que isso lega
para nossas existências e que nos garante uma maior proximidade a valores
legítimos como a solidariedade, a compaixão, a tolerância, a dignidade, o
respeito, a paz de espírito ou mesmo o amor pelo próximo.
Nos esquecemos dos outros. Olhamos muito para nós mesmos.

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ARTIGO 08

Temos sido egoístas e não percebemos.


É fundamental que possamos ajudar a quem precisa.

É o resgate dessas práticas e pensamentos que nos torna diferenciados no


mundo no qual estamos inseridos, entre os seres humanos. Estender a mão
para o próximo não é apenas um pensamento cristão, é universal. E não
deve ser encarado como uma premissa que devemos repetir nas leituras que
fazemos de nossos livros sagrados, tem que ser implementado como prática,
como realidade de nossas vidas.

Há jovens que estão velhos demais com vinte e poucos anos. Há pessoas
mais velhas que sabem muito bem o que significa esse carinho, essa
atenção e que, por isso mesmo, fazem de suas vidas exemplos de dedicação
e comprometimento não apenas com seus afazeres e projetos pessoais, mas
também com a participação em trabalhos que promovem o engrandecimento da
comunidade, o auxílio a quem não teve a mesma chance na vida ou mesmo, no
contato diário com as outras pessoas tentando fazer com que elas percebam
o quanto somos afortunados por nossa saúde, pelos empregos que temos,
pelas amizades que desfrutamos, por nossos filhos e cônjuges,...

Não há conselhos a serem dados, apenas a constatação de que nossa jornada


por essa Terra é curta e que não sabemos quando ela irá terminar. Por
esse motivo, temos que valorizar cada minuto da nossa existência,
saborear as oportunidades que nos são dadas, vivenciar experiências com
profundidade, promover a verdade, mesmo que muitas vezes ela nos possa
ser dolorida e, além disso, estimular a paz e o amor entre os homens.

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ARTIGO 08

Não podemos “dividir o pão” apenas por meio de nossas palavras, temos que ser
coerentes na relação entre a teoria e a prática.
O exercício da solidariedade ensinado por nossos pais, pela escola ou pela religião
começa com o cuidado que dispensamos a quem nos é mais próximo, nossos
familiares, amigos, colegas de trabalho,...
(acima, cena do filme “A Paixão de Cristo”, do diretor Mel Gibson).

Sinto que às vezes não sou compreendido quando, ao conversar com as


pessoas, tento fazer com que relaxem e se sintam menos tensas. Tento não
ser ofensivo em nenhuma circunstância, por isso mesmo, minhas iniciativas
são brincadeiras amistosas, por meio das quais quero extrair o sorriso
perdido dentro do peito de um amigo, colega, aluno,...

Na maior parte das vezes sou correspondido e tenho a satisfação de saber


que pude ajudar. Não sou um anjo da guarda e nem tenho a intenção (e
obrigação) de salvaguardar todas as pessoas com as quais convivo. Sinto
apenas o dever da solidariedade, de quem ao ver uma pessoa que está se
afogando, deve se jogar ao mar e tentar resgatar essa vida que está a se
perder. Sou cristão e professo a minha fé É por meio de minhas palavras e
de meus atos.

Chega de mesquinharias. Abaixo o baixo astral. Deixemos de reclamar.


Tentemos realizar muito mais do que se espera de nós como funcionários
burocratas repetindo nossos serviços dia após dia, sem termos a
satisfação de conseguir ao menos que uma única pessoa por dia tenha
sorrido por nossa causa. Podemos estar salvando vidas sem que saibamos.

Há exemplos notáveis de pessoas que fazem isso todos os dias, de forma


consciente, de olhos abertos para o próximo, cientes de como podem mudar
a vida da pessoa que está sentada ao seu lado no ônibus em que voltam
para casa ou na mesa a sua esquerda no escritório em que trabalham.

Algumas palavras ou simplesmente um sorriso ou um cumprimento podem fazer


a diferença entre viver e morrer...
Nunca se esqueçam disso!

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ARTIGO 08

As respostas que colhemos são de gratidão, de reconhecimento, de estima,


de amizade, de sinceridade. Pessoas que se sentem confortadas por nossos
pequenos gestos de solidariedade e carinho ao longo do nosso caminho nos
guardam em seus corações e orações.

Nosso coração agradece por que, ao final das contas, ele passa a pulsar
num ritmo calmo e cadenciado de quem fez justiça, promoveu a paz e
estimulou a perpetuação do amor entre a humanidade...

João Luís Almeida Machado


Mestre em Educação, Arte e História da Cultura (Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo);
Professor universitário e Pesquisador atuando no Centro Universitário Senac em Campos do Jordão;
Professor de Ensino Médio e Fundamental em Caçapava, SP; Editor do Portal Planeta Educação
http://www.planetaeducacao.com.br/

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