Você está na página 1de 172
I Seminario sobré a Padronizacao a Ortografia de ae Mocerpbieaias 3 aij. e\f a 9 dy Ls Mm. \3 a a : *- yor ; a we eal sy? h ey wa /t = — 'NELIMO. Nucleo de. ‘Gatads de Linguas Motudbieas a 5S Faculdade de Letras duardo Mondlane UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE, FACULDADE DE LETRAS “ DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS Nueléo de Estudo de Linguas Mocambicanas(NELIMO) RELATORIO DO I SEMINARIO SOBRE A PADRONIZACGAO DA ORTOGRAFIA DE LINGUAS ia cra eine iNDICE Discurso de abertura proferido por S. Excia, 0 Ministro de Educacao 3 Introducao 6 Mapa linguistico de Mocambique 8 Swahili (Kimwant) (G42) 9 i Shimakonde (P23) 18 Ctyao (P21) 25 Cinyanja (N31) 33 Emakhuwa-lomwe (P31) 40 Echuwabo (P34) 49 Cinyungwe (N43) 85 Cisena (44) 63 Cibalke (N40) 71 Cishona (Cimanyika, Cindau e Citewe) (S10) 80 Gitonga (S62) 87 Cicopi (S61) 98 Xitsonga (Kichangana, Xironga e Xitshwa) (S50) 103 Quadro referente a padronizacdo de grafemas 127 Recomendagoes 128 Consideragoes finais 130 Giossario 132 Lista dos participantes 137 Palestras 140 Ficha Técnica “Autores: Comissio de Elaboragio do Relatério do I Seminario sobre a Padronizacio da Ortografia de Linguas Mogambicanas Pedro Afido NELIMO Gregorio Firmino NELIMO (Responsavel pela Comissdc), John Heins NELIMO ‘Samba Mbuub — ARPAC ‘Manuel Trinta — NELIMO Colaboraram também: Marcos Colarinho INDE Estevao Filimio ARPAC Barbara Hens SIL Mateus Katupha| NELIMO Félix Khosa NELIMO ‘Armindo Ngunga NELIMO Bento Silce NELIMO © Bdigto: INDE—UEM/NELIMO 0767 /INLD/89 Repttblica Popular de Mogambique Composicdo e impressdo: INDE—Editora Escolar—Maputo—1989 Trager $000 exempares 2 Senhores Membros do Governo da Reptiblica Popular de Mocambique Senhor Magnifico Reitor da Universidade Eduardo Mondlane Participantes e Observadores a este Semindrio Senhoras ¢.Senhores i Tenho a honra ¢ 0 prazer, em homie do.Governo da Reptiblica Fopular de Mogambique, ¢ particularmente como Ministro da Ediycacao, de pfesidir 4 sessao de abertura do I Seminario * Sobre a Padronizacao da Ortografia de Linguas Mocambicanas, que‘amanha se inicia ¢ Prosseguird até ao fim desta serhana, Este encontro efectua-s¢ sob iniciativa do'Nuicleo de Estudo de Linguas Mogambicanas:-_. (NELIMO) da Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlarie, com a colaboragao dos Arquivos do Patriméntio Cultural do Ministério da Cultura e do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educagao, : Nele intervém ainda participantes vindos da Radio Mocambique, do Instituto Naciorial de Cinema ¢ do Gabinete de Comunicacao Social do Ministério.da Informacao, representantes da Associaedo dos Escritores Mocambicanos e das diversas instituigdes religiosas do nosso Pais, entre as quais destaco’as igréjas membros do Conselho Cristéo de Mogambique, a igreja Catélica Romana ¢ a Sociedade Biblica de Mocambique, para além da Comissao Nacional para a UNESCO que patrocina este evento. ‘Temos entre nds um grupo significativo de académicos das Universidades do Zimbabwe’ de Dar-Es-Salaam, do Malawi, da Swazilandia, de Vars6via ¢ de Boston, e de especialistas da” Sociedade Internacional de Lingufstica, do Instituto Nacional de Angola e das Sociedades Biblicas da Africa Austral, que foram convidados na sua qualidade de professores, de investigadores ¢ tradutores com uma longa e extensa experiencia no ambito da linguistica bantu ou do seu conhecimento de algumas das nossas linguas nacionais. seu contributo e a sua presenca hoje aqui tem em vista alargar o domiaio da nossa propria experiencia e discutir uma cooperacdo viavel na pesquisa, formacao e elaboragao de materials ¢ nas areas de estudo ¢ valorizacao das linguas mogambicanas, : A todos queremos saudar e desejar-Ihes boas vindas ao nosso Pais, No enquadramento pluri-étnico ¢ multilinguistico da Republica Popular de Mocatbique a Tazo dialéctica da historia criou imperativos da construcdo de uma Nacdo em que 4 lingua de unidade nacional nao é a lingua materna da maioria dos mocambicanos, A decisao politica, ocorrida no curso da prépria luta armada de libertagao nacional, de tomar a lingua portuguesa como lingua oficial nao traduziu qualquer complexo perante 0 antigo colonizador ou o reconhecimento da superioridade da sua cultura. Ela fol apropriada ao ‘pressor colonial como forma de negacao dos factores de diviso e de alienago nacional ¢ integrada como veiculo de comunicacdo social, politica ¢ econémica, passando pelo proceso de conversao das diferencas sociais, culturais ¢ étnicas no todo coerente e harménico da nova realidade nacional. : Se, como lingua de unidade nacional, a lingua portuguesa’ possibilita a edificagtio em plenitude da Nacéo ao nivel da sua super-estrutura, das suas fungdes ideolégicas, politicas e juridicas, foi todavia nas linguas mocambicanas que ao longo de séculos de dofninacio e de expioracdo se foi transmitindo ¢ criando a cultura mocambicana. As nossas linguas maternas tornaram possivel entreter a rede do quotidiano de séculos. lo Foram elas que continuaram a transmitir as artes e as técnicas e o conhecimento antigo da \ natureza, Narraram 0s factos do acontecer historico e as lendas de geracdo em geraco. . Nelas se forjaram as palavras ¢ os conceitos, as formas, a musicalidade e os ritmos que caracterizam a nossa originalidade. Dela vém as raizes profundas que alimentam a nossa Personalidade e que, na diversidade da riqueza de imaginagao e da criatividade, é aguilo que mais essencialmente nos une e se transforma no cimento da consciéncia nacional mais autentica. Como facto essencialmente social a linguagem caracteriza o homem. Através dela ele encontra e elabora os meios cada vez mais aptos de captar, transmitir e expressar 0 seu pensamento e a sua sensibilidade. Falar ou escrever uma lingua ¢ sempre, em ultima instancia, um acto criador, um acto de cultura. : j Annossa independéncia foi feita para afirmar a nossa cultura, a nossa personalidade mocambicana, As exigencias da unidade e de desenvolvimento passam pelo conhecimento e reconhecimento \ das identidades ¢ das formas de consciéncia cultural particulares, de como elas se manifestam ‘ 3 através de praticas culturais concretas. O fortalecimento da unidade nacional nao implica necessdriamente a obliteracao dos diferentes aspectos que traduzem a variedade e as diferencas que enriquecem’a nossa sociedade. Na multiplicidade de expressées em que o tecido da nossa identidade cultural se consubstancia uma das suas expressées mais privilegiadas ¢, sem diivida, a das nossas linguas nacionais, * Os valores éticos, morals ¢ estéticos implicitos na concepgao de organizagao social, no pensamento religioso, nas tradicées politicas, militares ¢ judiclais do nosso passado, foram- nos transmitidos essencialmente pela transmissao oral. B no riquissimo depositario das - linguas mocambicanas que residem e se preservam os principals elementos constitutivos da nossa singularidade cultural. Elas constituem, por consequéncia, um patriménto que no pode ser alienado, nem esquecido, que deve ser preservado, estudado, divulgado e constantemente enriquecido, Enquanto contributo vivo, qualquer lingua pode sobreviver ou morrer, alienar ou libertar. Como todas as linguas do mundo, as nossas linguas adaptar-se-do ao desenvolvimento pelo rocesso de criaeao de uma identidade cultural, a da Nagdo mocambicana ¢ da sociedade socialista, Adaptar-se-4o aos padrées de desenvolvimento cientifico e tecnolégico da sociedade moderna, & complexidade ideol6gica da nossa era, Nesse campo, as linguas maternas irdo enriquecer a lingua portuguesa falada em Mo¢ambique e, lado a lado, irao afei¢oar mais ampla e abrangentemente a expressdo multiforme da'nossa personalidade mocambieana. Isto €, o nosso desenvolvimento linguistico, em vez de antagonismos, deverd dar lugai a unidade, a interaccdo no desenvolvimento da lingua de unidade nacional e das outras linguas nacionais. E ai, o que serd determinante nao sera tatito o factor Iinguistico em si, mas a natureza das relacées entre as pessoas na sociedade, a maneira como formos construindo a Nagao mogambicana, Sera uma construcdo onde nao haja espago a repressao cultural, onde nao haja reducio, nem uniformizagao da multiplicidade de expressées, mas afirmagdo e respeito pela capacidade de conviver na variedade, na lberdade de expresso e criagao na pluralidade cultural. E nesse contexto que teremos de perspectivar 0 uso social das linguas mocambicanas, quer nas areas de uso imediato, como: A informacao ' O trabalho ideolégico partidario A expressio artistica € literaria quer nas de uso que requer mais longa preparagéo, como: Aalfabetizacio Oensino para que elas assumam uma verdadeira dimensio nacional, Senhoras ¢ Senhores OI Seminario sobre a padronizacdo da Ortografia de Linguas Mocambicanas é uma das varias iniciativas que no nosso Pais tém procurado dar corpo aos anseios de perspectivar a problematica do papel e lugar das linguas nacionais, ‘Tem um caracter técnico, de fixacdo de normas ortograficas. Mas mesmo essa regulamentacao do uso das linguas nao deixard de implicar a Sua valorizagao ¢ a indicagéo de determinadas pistas que permitam as autoridades do nosso Pais elaborar a politica linguistica em Mocambique. Tirando a estreita faixa onde actuaram os missionérios protestantes, as linguas mocambicanas foram condenadas a viver & margem da escrita, O trabalho que o colonialismo tolerou esteve, fora disso, quase exclusivamente ligado & investigacdo etnografica sem Preocupacao pelo uso das nossas linguas, o seu estudo e ensino, pelo seu desenvolvimento. Dai que os objectives deste Seminario sejam (1) elaborar uma proposta, com caracter definitivo, das escritas das linguas ¢ (2) criar Comissoes de Linguas que se encarregarao da divulgacdo, avaliacdo ¢ reviséo da terminologia e norma ortogréficas. O Seminario assinalara, assim, o inicio de uma nova etapa do estudo mais organizado sistematizado das linguas e tem, ainda, o mérito de abranger instituigdes diferentes e congregar varios sectores da vida nacional, que poderdo trabalhar juntos e compartilhar experiéncias no desejo de ver as nossas linguas valorizadas, \ \ 4 Cremos que um dos resultados praticos e imediatos deste Seminario serd o desenvolvimento de reacgdes ¢ atitudes s6cio-linguisticas que levantardo novas questdes e novas pistas de trabalho que reorientarao a actividade de investigacao. AS nossas instituigdes de investigacao precisam de se enratzar na realidade nacional, de forma a encontrar solugées cientificas nas questdes reais colocadas pelo povo. A percepcao da situaedo linguistica do Pais, a partir da qual o Partido possa tragar orientagées ¢ tomar decisées sobre a politica linguistica em Mocambique, passa pela participacdo efectiva do povo, pela clara determinagao dé seu espaco crialiva e das suas. necessidades.de comuntcacdo e expresso. Neste ambito, ndo s6 as instituicdes da Educacad e da Cultura, mas também os Comités do Partido ¢ as Organizacdes Democraticas.de Massas poderao ser instrumentos privilegiados para o enquadramento, apoio ¢ acompanhamento de actividades de investigacao sobre as nossas linguas nacionais. | | mare \_A constituicao das\Comissdes de Linguas tem neste campo um amplo dominio de aplicacdo, A partir das instituledes ¢ dos elementos participantes ao Seminario pretende-se criar uma Ginamica eficiente de trabalho eapaz de levar mais além o que ora esta iniciado. Cabera a todos envolver os séctores profissionais e a comunidade em que se inserem para alargar a area de elaboragao e divulgacao de brochuras de recolha de tradigao oral, de, Prontudrios ortogréficos ¢ de terminoldgias, diciondrios, gramaticas, manuais e cursos de linguas , de educagao sanitaria, de educacdo patristica e outros. q As Comiss6es de Linguas, enquadradas pelas estruturas competentes ¢ por ufn orgéo coordenador, serao 0 apoio, o suporte necessario para a realizacdo das actividades de investigacdo linguistica de que o Pais precisa realizar, a partir de agora, com mais dinamismo c agressividade.. Devera ser sua primeira acco aprofundar e desenvolver os resultados do presente ‘Seminario..Em seguida, ha que se elaborar um programa de trabalho a médio ¢ longo prazo na rea do estudo das linguas moambicanas. Esse plano deve iniciar sobre quantas e quais linguas abranger. Um outro passo metodolégico seria o de definir o proprio papel e métodos de trabalho das Comissées de Linguas. Querembs conhecer de forma actualizada quantas linguas sao faladas ™ em cada provincia, qual o nivel do seu desenvolvimento, o grau de intercompreensao entre si, como elaborar material de leitura comum. Enfim, um aspecto que nao deve ser descurado ¢ o da formacdo. Se pretendermos uma investigacag clentifica de qualidade na area da linguistica devemos investir na formacao de tecnicos especializados, Precisamos sobretudo de gente sensivel capaz de penetrar nesta area to chela de riqueza humana, gente que mergulhe para além das aparéncias ¢ dos fendmenos Superficiais, que chegue a raiz daquilo que constitui a nossa personalidade, a nossa cultura, Porque igualmente empenhado no mesmo projecto de auto-alirmacao e identidade colectiva, Ags convidados estrangeiros, linguistas ¢ especialistas das linguas africanas presentes neste ‘Serginario qucremos uma vez mais enderegar 0 nosso apreco pelo estimulo que nos trazem ¢ Pelo incentivo a uma cooperacdo regional ¢ internacional que deverd-alargar-se a mais amplos campos da accdo. A todos desejamos éxito nos trabalhos. Discurso proferido por S. Excia, 0 Ministro da Educacéo, Sra. Gyaga Machel na Sessdo de Abertura do 1 ‘Seminario sobre a Padronizagdo da Ortografla de Linguas Mocambicanas, z 5 INTRODUCAO No ambito das suas actividades de ensino ¢ investigacdo, a Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane tem dedicado uma atencao especial situacao linguistica de ‘Mocambique tendo em conta que a "questao linguistica® ¢ um factor importante no desenvolvimento politico, econémico, social e cultural do Pais, E neste contexto que, definindo-se a investigacao das linguas mogambicanas como uma érea importante, se eria, em 1978, 0 Nucleo de Estudo de Linguas Mocambicanas (NELIMO), : ‘As actividades do NELIMO tém sido norteadas por directrizes contidas em diversos documentos do Partido e Estado, sendo de destacar os seguintes: ‘+ Documentos do I Seminario Nacional de Informaciio (1975), = Discurso do Presidente Samora Machel "A classe trabalhadora deve conquistar € exercer 0 poder na frente da ciéncia e da cultura” (1976), + Resolugdes da XI Sessio do Comité Central (1983) , * Directivas Econémicas e Sociais do IV Congresso (1983), + "Contribuictio para a Definicao de uma Politica Linguistica na Reptiblica Popular de Mocambique", da Secretaria de Estado da Cultura (1983), * Constatacées da If Conferéncia Nacional do Partido (1988), * Documento final da IX Sessao do Comité Central (1988). # dentro do espirito contido nas directivas mencionadas anteriormente e no seguimento das accdes anteriores que o Nucleo de Estudo de Linguas Mocambicanas (NELIMO), em colaboracao com os Arquivos do Patriménio Cultural (ARPAC) ¢ com 0 Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educagao (INDE), tomou a iniciativa de realizar, com o patrocinio da UNESCO, oI Seminario sobre a Padronizacao da Ortografia de Linguas Mocambicanas, cujos objectivos foram: a) fornecer ao Partido novos dados para a definigao de uma politica linguistica em Mocambique; b) elaborar uma proposta com caracter definitive da escrita de linguas mocambicanas; ©) criar comissoes de linguas para a divulgacdo, avaliacao ¢ revistio de terminologia ¢ normas ortograficas; Para além da UEM; foram envolvidos na organizacao do I Seminario sobre a Padronizagdo da Ortografia de Linguas Mocambicanas, os ministérios de Edugacao, Cultura e Informagao. Nao tendo sido possivel abarcar todas as linguas {aladas no pais, 0 1 Seminario sobre a Padronizacdo da Ortografia de Linguas Mocamibicanas debrucou-se sobre 13 linguas, a saber. a) Kimwani b) Shimakonde ¢} Clyao @) Emakhuwa-Lomwe @) Cinyanja f) Echuwabo g) Cinyungue h) Cisena i) Cibalke J} Cishona 1) Gitonga m) Cicopt n) Xitsonga A sclecgao destas linguas obedeceu aos seguintes principios orfentadores: a) necessidade de abarcar 0 maior némero possivel de linguas do pais; D) existéncia de trabalhos linguisticos anteriores; ©) possibilidade de preparacao e tratamento‘do material a Ser submetido ao seminario, Neste primeiro seminario, que decorreu de 23 a 26 de Agosto de 1988, participardm cerca de 120 delegados e convidados nacionals ¢ estrangeiros ern representagao de: Ministério de Educac: Ministério de Cultura Ministério de Informagao Ministério da Defesa Nacional Radio Mogambique (RM) INDE o DNEA ARPAC INLD AMASP Arquivo Histérico CEA 7 Instituto de Linguas- Igreja Catélica Igreja Anglicana, (Diocese dos Libombos) Igreja Congregacional Unida de Mocambique Igreja Evangélica de-Cristo em Mocambique Igreja Evangélica Nova Alianca de Jesus Igreja Metodista Unida de Mogambique Igreja Presbiteriana Sociedade Biblica de Mogambique b) instituicdes estrangeiras: Universidade de Dar-Es-Salaam Universidade do Zimbabwe Universidade da Swazilandia Universidade de Varsévia Universidade de Boston Sociedade Internacional de Linguistica Instituto Nacional de Linguas de Angola Sociedades Biblicas Unidas Mapa Linguistico de Mogambique x_| Kiswahili Kimwani 223] shimakonde a Ciyao Emakhuwa Ekott EEE ctomwe +: | Echuwabo FS cinyanja L*="J cisenga ‘Cinyungwe ZEA) Cisena Cishona 22] xutswa ANY xitsonga ocichangana) Gitonga MM cicops BZA xironga Swazi FRR ctu KIMWANI TIIHVAS dO SLOGIVId NYAHLNOS GHL ov -sreousisoo', . “"T SOWIS > ‘VaUV LomIvid MIHVMS NUGHLAOS HL NIHLIAN savauds Jo saonan6as exomle ware (queues ef Buse) VIVONVIW PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA KIMWANI 1, INTRODUCAO 1.1, Localizagio f : Peete A lingua Kimwant é classificada entre 0$ dialectos meridionafs da lingua Swabili (G. 42, segundo Guthrie), Distingue-se nitidaménte de Swahili literdrio (padrao) revelando, segundo Nurse 1968.tanto.tracos aregicos de Swahili assim como inovagées provenientes de convergencias das Iinguas vizinhas, // : O Kimwani estende-se na faixa ¢osteira na provincia de Cabo Delgado nos distritos de Mocimboa da Praia, Macomia, Quissanga, Ibo, incluindo nela as Ilhas do Arquipélago das Quirimbas, E também falado em Pemba, cidade-capital da provincia de Cabo Delgado, assim como na vila de Palma, pelos mwanis que ali reside: 1.2. Namero de falantes v ‘Segundo o censo populacional de 1980, o Kimwani € falado, na provincia de Cabo Delgado, como lingua materna por 5, 6% da populacdo, depois de Emakhuwa 67% e Shimakonde 23.5%. No total registaram-se no censo 49.925 falantes natos do Kimwant na provincia de Cabo Delgado, a matoria dos quais nos distritos de: | * Mocimboa da Praia’ 17.398 ‘+ Macomia 8.785 + Palma 7.867 + Quissanga . 5919 Tho 4817 “Cidade de Pemba 4.043 1.3 Estabelecimento da variante de referéncia Segundo informagoes recolhidas no terreno, sem ter sido feito um estudo dialectolégico apropriado, distinguem-se as seguintes variantes: a) Variante (central) das ilhas, ibo, Matemne, Quirimba; b) Variante (central) continental da zona de Quissanga; ¢) Variante norte da zona de Mocimboa da Praia; © 4) Variante urbana da cidade de Pemba. © Kimwant ilhéu (a) ¢ tomado como sendo de referéncia para este trabalho. No de Quissanga (b) nota-se pelo contrario uma maior "arabizacao" tanto ao nivel do léxico assim como na articulagao fonética das palavras de origem arabe, traco de caracter sociolectal ¢ estilistico. A variante norte de Mocimboa manifesta influéncia da lingua Shimakoride enquanto em Pemba, para além da comunidade geralmente bilingue do Bairro Paquetequete (Kimwant e Emakhuwa), observam-se fendmenos tipicamente urbanos duma certa desestabilizagdo gramatical do kimwani devido ao\facto de a lingua portuguesa ter, para alguns estratos da sociedade, 0 peso da lingua dominante e funcionalmente primaria. 4 1.4, Comunicacdo eserita ’ Tradicionalmente 0 kimwani é usado na comunicagdo escrita em alfabeto arabe adaptado segundo as regras ortograficas semelhantes as que se usam também para a escrita tradicional de Swahili lterario. O kimwant escrito é usado na correspondéncia entre individuos assim como para expressao poética (poesia do tipo "tenzi" e "mashairi"), tradicionalmente ligada religido mucuimana mas sofrendo actualmente uma evolucdo para poesia lirica de mobilizaco politica. Os documentos arquivados do século XIX comprovam 0 uso do kimwant escrito com caracteres arabes na correspondéncia enviada pelo Chehé de Quibangonha (regio da Tiha de Mogambique). Assim, levanta-se a hipétese de o kimwant ter sido usado como uma variante meridional do Kiswahili com fungées de uma lingua veicular e ndo apenas como uma Tingua resirita a sua zona étnica actual. 4 A alfabetizacdo na escrita arabe promovida pelas escolas cordnicas tem um aleance relativamente limitado. Praticamente nao abrange a populagdo feminina ¢ poucos so os individuos suficlentemente motivados capazes de cultivar € aplicar este conhecimento para a. expressao escrita do préprio kimwant, Néo € usual escrever o kimwani com a grafia latina, se bem que haja pessoas que conhegam as regras de ortografia oficial do Swahili-padrao. 2, SISTEMA ORTOGRAFICO. 2.1, Vogals 2.1.1, Tabela das vogals antertores, central postertores fechadas 1 7 u semi-fechadas e - niet abertas + a - 2.1.2, Nasalizagio As vogais nasalizadas nao serao marcadas porque nao representam oposicdes contrastivas. Ex: kumensa "relampejar’ snswi “petxe” 2.1.3, Duragdo Serao apenas marcadas as vogais através da reduplicacao dos respectivos grafemas no caso das vogais resultantes das assimilacdes morfolégicas assim como no das vogais longas resultantes da queda do fone [h} na posicao intervocalica no caso dos empréstimos arabes. Ex: kaamba “(ele) disse” ‘baari “o mar” 2.2, Consoantes No quadro seguinte esto representadas as consoantes do kimwant 2.2.1 Quadro das consoantes Labial Alveolar Palatal Velar —Glotal ocLusivas surdas P t - k - sonoras b a - 8 - NASAIS SONORAS m n ny ng th) FRICATIVAS surdas f s x - : sonoras v z - : AFRICADAS, surdas - - e - - sonoras - - j - - SEMI-VOGAIS w : y - - LATERAIS - 1 - - : VIBRANTES - r : : - 12 2.2.2. Consoantes especials a) Variabilidade [1] ~ (r]: precisa de mais estudos, entretanto serao representatados pelos grafemas 1 ¢ r; respectivamente : Ex .walume "homens* tliwe."pedra"y : }) © fone [hl registou-se apenas na articulacdo das palavras de origem arabe pronunetadas por Individuos (homens s6) q ar essas palavras de uma maneira Ja'ra.ha ja'ra), "feria ‘ha.ki'['a.ki] "razao" ham'st.ni [a'ms{.nil:“cnquenta’ Bssa articulacdo é ouvida com {maior frequéncia em Quissanga. Consideramios (aqui) este fenémicno como sendo de natureza sociolectal , pertencendo a um reglsto estilistico particular e, por isso, o fone [hl nao é tido como elemento do sistema fonolégico do idmwant. A sua representacao pelo grafema h é proposta apenas para efeltos dessa marcacao estilistica. ¢ 2.2.3, Semi -vogais AS semni-vogais w.y comportam-se como consoantes na estrutura da silaba, Bc waawa “pat” 2.2.4 Modificagdes de consoantes 2.2.4.1, Pré-nasalizagio A pré-nasalizacdo das consoantes labiais (grafemas b , p , f. ev) sera representada por m. Nos restantes casos usar-se-A Ex mumbu "escroto" imvwi "cabelo branco” Kinja "época de chuvas" mainxa "vida" 2.2.4.2, Lablalizagho A lablalizagdo das consoantes (quando ¢ de cardcter regular) deve ser representada pelo grafema w (we) a seguir a respectiva consoante. Ex: [kisirwa "ilha” 2.2.4.3, Palatalizagio i A palatalizagao das consoantes (quando ¢ de cardcter regilar) deve ser representada pelo grafema y (ye) a seguir A respectiva consoante. ¢ mryango "porta’ 2.3, Nasal silébica Na ortografia as sequéncias constituldas por uma nasal silabica ¢ consoante ndo seréo distinguidas das consoantes pré-nasalizadas. Ex: nlume ‘marido" mumoja "um" (el. ou 2) nnrimbu "no poco" mManga “na Arabia’ Qs aftxos nasals silabicos a precederem uma outra consoante nasal serao representados por m (antes de m) ¢ por n nos restantes casos. 13 2.4, Quadro do alfabeto do Kimwant gafema nome —fonema fone desericdo e HIustracio | a a fal ial ‘Vogal central aberia | ieulawa [ku'la.wal "sair” | b be hy, bl Cons. oclusiva bilabial sonora { i Kubabasa [kuba’ba.sa] "descansar” c ce neo ' ttl Africada palatal surda . cala [t ala] “dedo" ; a de ia) Tal Cons. oclusiva alveolar sonora amu [da.mu] "sangue e e del le} Vogal anterioraberta ou fechada mepo ['me.po] “vento” f fe 0 ru Cons. fricativa labio-dental \ ‘kufunga [ku'fu.nga) "fechar" é ge ly if) Cons. oclusiva velar sonora nagaga (na'ga.ga) "esp. de lagarto” () he pl th) Cons. fricativa glotal surda haki ‘ha.ki ['a.ki] "razdo, ‘direito” ' i 1 a wi ‘Vogal anterior fechada wiv [wi.vul "ctime" 5 Je Bt lal Cons. africada palatal sonora Keiwajo [ki'wa,jo] "enx6" ! k ke Ds] Ue Cons, oclusiva velar surda j kisimana [kis'ma.na] "crianga” i 1 le a ou Cons. lateral alveolar sonora walume {wa'lu,me] "hornens" m me [af tm] Cons, nasal bilabial sonora mamalma.ma] "mae" a ne fal In) Cons. nasal alveolar sonora munuimu.nu] "pessoa" ng ng’e at i Cons. nasal velar sonora ngombe [ ombe] "vaca" ny nye vt t) Cons. nasal palatal sonora munya [mu, _u] "sal" ° ° fof 1 Vogal posterior semni-aberta ou semi-fechada ‘omi ['o, mi} "eu" Pp pe fol ip) Cons. oclusiva bilabial surda Keupakira (ku'pa.kira} “carregar" r re hh tr Cons. alveolar vibrante riwe [wel "pedra” s se /s/ {s} Cons. fricativa alveolar surda simba ['si.mba] "ledo" t te a ta Cons. oclusiva alveolar surda Kcupita (Ixu'pi.ta] "pasar" u u Al bl Vogal posterior fechada vufur 'u.fu) “farinha” v ve Wi wl Cons, fricativa labiodental sonora Kuvuta [ku'vu.ta] "puxar” w we pst iw] Semivogal bilabial wawa ['wa.wal "pai” x xe vw i Cons. fricativa palatal surda xaga |’ aga) "aguia” y ye Wt ry ‘Semi-vogal palatal kkumwaya [ku'mwa jal "espalhar” 2 ze fe ta Cons. fricativa alveolar sonora zina ['zi.na] "nome" 14 2.5 Tom e acento Precisa de mais estudos. 2.6. Segmentaciio dé palavras 7 As regras ortograficas de divisao de palavras devem reflectir: : a segmentacao prosédica dos enunciados na fala lenta e bem articulada - a natureza aglutinatite da estrutura da Imgua kimwani - os efeitos das transformagées morfolégicas que ocorrem nas junturas intermorfémicas dentro das palavras prosédicas, A. Na categoria de palavras nominais.(substantivos, adjectivos): 1. O prefixo de classe escreve-se junto com 0 tema (radical). A regra abrange também os prefixos de classes locativas: ' Ex: kubaari "no mar" : nnrimbu "no poco" panjira "junto a estrada” Y 2. Na construgao genetical ¢ qualificativa do tipo N-aN, a particula a gramética ¢ ortograficamente faz parte do segundo nome (o modificador) estando em acordo de classe com o nome antecedente (nome nuclear). A razdo desta proposta so as, transformacdes morfoldgicas entre a vogal /a/ € a vogal a seguir, se o nome comega por uma vogal. Outro argumento é a necessidade de uniformidade ortogréfica com os verbos Ho modo relative que também comecam por esta mesma particula, havendo neste caso ainda a influéneia mator dos factores morfologicos referidos, Assim, escrever-se-: nyumba yawawa ‘casa do pai’ 3. Os demonstrativos cm forma abreviada sao de cardcter clitico formando uma unidade prosédica com o nome, se bem que a sua fungao ndo modifique 0 acento do nome nuclear. Devem ser escritos separados como hifen: Ex: kinu-co "essa coisa" munu-yu "este homem" 4. Nos termos de. parentesco, os possessivos abreviados sao de caracter clitico e modificam o lugar de acentuacao. Devem ser escritos junto com o nome: Ex: wawyo “o.teu pal wawaye Musa "o pai de Musa”, - 4 mwanangu "meu filho mas:wawa yake Musa "o pai,de Musa’ 5. A particula interrogativa ni ao seguir o nome deve ser escrita juntamente com este nome mas separada por um hifen para distingui-la graficamente do sufixo locativo ni. Ex: ankili -ni "que ideia é esta?" 6. A particula.na, tanto na sua funco de conjungao assim como ria sua funcao de particula agentiva ou instrumental escreve-se separadamente, mesmo quanido 9 nome | comeca por uma vogal. : i © argumento ¢ a existéncia de uma série de substantivos (cl.9/10) que comecam. pelo segmento na, : Ex: namwewe "falcao” Outros casos omissos mereceréo mais estudos, 18 7, Aortografia dos nomes compostos dependerd do grau da sua lexicalizacdo, assim como da sua estrutura, Palavras como: mwanamuka "mulher" mwananlume "homem, marido" assim como outros niomes compostos por mwana serao escritos como uma sé palavra. ; ; Da mesma maneira serdo escritos juntamente os nomes etimologicamente ‘compostos como: : ‘kilumaombo "escorpiao" Kipanjavyombo “louva-a-Deus" # recomendavel a escrita conjuntiva dos nomes como’ \ nkolakazi "trabalhador’ {mas veja: nkolant kazi) e outros, se existirem outros com o mesmo gravi dé lexicalizacao. 8, Os nomes com a-reduplicagao comipleta ou parcial do tema (da radical) sero escritos conjuntamente, : Ex: kirugurugu “palpebra, papeira” Kinaminami “ponta, cimo" B. Formas Verbals 1. Todos os morfemas marcadores do sujeito, objecto, tempo-aspecto, modo, vor, assim como demais ‘extensdes’ verbais formam uma unidade gramatical ¢ prosddica inseparavel do morfema radical, o que deve ser reflectido pela sua grafla conjunta das f ormas verbais, Essa regra abrange também as formas infinitas do verbo (os ‘nomino- verbais da cl. 15). \ 2, Serdo escritas juntamente as formas do miodo relative verbal, integrando assim a particula a de concordancia de classe (veja ponto A2). vinu vynisaka "coisas que eu quero” siku yaapongoriwe "dia em que (ele) nasceu" 3, 0 relativo do presente progressivo em que o verbo auxiliar ri "ser" € seguido pelo infinitivo sera escrito separadamente: ware wari kufy6ma "essas (pessoas) que esto a estudar” 4. O relative composto por inamba + infinitivo sera escrito separadamente: ‘sabau sainamba kuttimiriwa "o sabdo que ainda nao foi utilizado" 5, O presente continuo (progressive) composto por verbo auxiliar wa "ser" e seguido por prefixo locativo mu/ (cl.18)+ infinitivo, eserever-se-& juntamente: niwankiija (nl-wa-n-u-j-a) "estou a chegar/vir" 6. A forma abreviada do tempo composto pelo verbo auxiliar saka “querer” 4+ infinitivo, escreve-se conjuntivamente. P..ex, aséka kunlomba, resulta em asaakunlomba "vat casar” 16 | 3, TEXTO EXEMPLIFICATIVO Paulowa peekala. Akiwapo sungula, akiwapo mwarl, : Tkaambiwa mwart-yu apana asaakunlomba mpaka akasinje luwimbi, Akilawa Sungula, kaamba: , ~ Omi nikuuka kunlomba. Akuuka kunlomba, akitkala, akitkala, akitkala, kaimba:- Omi vyanisaka mwipike, mutenge mafiya. Kiyungu-co, mature nokooo! Nomi kno nikiipika.- Akiipika. Sambi, akitkala, akiikala, waamba: Paaal Uwe sungula ankilini yauitendire eyi? Mafiya, moto weeeeze baidi, kiyungu uture kuna? > kaamba:- Ee! Umwe mbena musema mwamba kaamba: munu aatende data, ooke akasukcare akasinje Iuwimbi asukure. Asukula mwaja? Waanu wakinanganiza, waamba:- keveli! Bai mwana ankili-zi, muka unlomba -. Akipewa muka, akinlomba, 7 it i Na adist neyl ikisa. TRADUCAO Paukwa petkala. (=abertura do conto.= "Karingana wa karingana’) Havia um coelho, havia uma jovem. Dizia-se que s6 podera pedi-la em casamenito quem corte (e traga) uma onda. Saiu o coetho e disse:-eu vou pedi-la em casamenio. Fol pedi-la, ficou, ficou, ficou, disse: < O que eu quero, quero, quero que cozinhem, que preparem as "mafiya'" (as trés pedras nas quais assenta a panela). E a panela ponham ld longe... Eu fico aqui a cozinhar. Entao ficou, ficou, disseram (os outros): ; > Entaol...tu coelho, que espertéza fizeste? Acendes o fogo longe e pées a panela aqui? Disse:- Sim! Vocés por que & que dizem, disseram que: alguém que faga “aata’ (rolo de pano que Se poe na cabeca para carregar qq, coisa), que va carregar, cortar a onda e earregar, como € que carrega? : As pessoas observaram-no; disseram: Com esta esperteza rapaz, casas com a mulher, Deram- lhe a mulher ¢ casou com ela. Ba histéria acabou. 4, BIBLIOGRAFIA PHILIPPSON, GERARD; Quelques données sur le mwant (Mozambique): élements de phoriologie comparative et présentation du systéme verbal, In: Actas do coloquio ‘Swahilt et ses limites’, Paris, 1982 (2) policopiado. NURSE, DEREK; 1982, A Tentative Classification of the Primary Dialects of Swahili, ‘SUGIA, 4, pp. 165-205, NURSE. DEREK; A Historical View the Southern Dialects of Swahili, SUGIA, 6, 1984. NURSE, DEREK; THOMAS SPEAR; The Swahili. Reconstructing the History and Language of an African Society , 800-1500. University of Pennsylvania. Press, Philadelphia 1985, RZEWSKI, EUGENIUSZ; Vocabuldrio da lingua mwant (mwani-inglés-portugués). Universidade E. Mondlane,Maputo, 1979. Versdo provisoria - polieopiado 17 SHIMAKONDE ‘Menos que 1000 1,000—10.000 10,000--50.000 '50.000—100.000 MB siais que 100.000 Maputo 18 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA SHIMAKONDE 1. INTRODUCAO J 1.1. Localizagiio . ‘Shimakonde é falado num territério. com uma superficie de cerca de 40.000 km 2 , na regiao Norte da provineia de Cabo Delgado. » Dentro do ferritério nacional da RPM; esta linigua localiza-se num total de 7 distritos da provincia de Cabo Delgado: |” Mueda, Nangade, Muidumibe, Macomia, Méluco, Palma e Mocimbod da Praia. 1.2.Némero de falantes Apesar da néo existéncia de estatisticas exactas quanto ao ntimero de falantes’ pode- ~se considerar que ha 300.000 makondes na RPM. 1.8. Estabelecimento da variante de referéncia Contrariamente ao que ocorre com muitas outras entidades linguisticas, a lingua makonde no tem variantes que se possém considerar como sendo seus “dialectos" As.diferencas existentes (a nivel da prontiacia ou de certas expressoes.e terminologias para designar certas coisas, duma zona para outra, etc) sdo poucas e nao impedem a intercompreenséo. Por outro lado, em shimakonde, as pessoas sao designadas conforme o nome da regiéo onde vivern, 0 que, muitas vezes, pode dar a impressdo, (superficial) a certos investigadores, de se tratar dum outro grupo étnico ou Tinguistico ou dum dialecto da mesma lingua. Assim designa-se: a) Vadonde (ou Andonde)'aqueles que vive em Kundonde, isto é, na'zona montanhosa ao sul da planalto (vale do Rovuma, distritos de Palma, Nangade e Mueda); s b) Vamwaalu, a populacdo que vive nas margens € no vale do rio Messalo (cujo nome original é Mwaalu); ¢) Os que vivem na regio de lyanga (Mocimboa da Praia) so conhecidos como sendo Vaiyanga; @) Os Vamwambe encontram-se nos distritos de Macomia e Meluco; ¢) Sendo os Vamakonde os que vive no planalto (kumakonde). Dai que aparecam respectivamente como “dialectos": a) Shindonde, : >) Shimwaalu, ©) Shiyanga, 4) Shimwamibe e e) Shimakonde, : embora designagdes como Ndonde, Mwaalu, Iyanga, Mwambe e Makonde tenham contetido apenas geogréfico. Avvariante de referéncia ¢ a do Planalto, dominio por exceléncia do povo makonde, além de Ser zona onde, historicamente, aparecem os primeiros trabalhos escritos nesta lingua, a partir da primeira missdo catélica de Nangoloto (actual sede do distrito de Muidimbe), em 1920, ‘Sendo também falada no sul tia Tanzania, o shimakonde integra influéncias doutras linguas bantu como kimwaant (shimwani) e o Kiswahili (shiwaitli). De assinalar o caso do cimaakwe (variante falada no distrito de Paria), com que existe um certo grau de intercompreensao e inteligibilidade, apesar dum certo distanciamento Inguistico; ligado a influéncia do kiswahili sobre o cimaakwe, e ao fenémeno de bilinguismo dos falantes deste altimo idioma. 7 19 2, SISTEMA ORTOGRAFICO 2.1. Vogels 2.1.1, Tabela das vogals : anteriores central postertores fechadas i - wu semt-fechadas e - ° abertas - a - Observagées: Shimakonde tem umrsistema de 5 vogais carilinais: a, ¢, 4, 0, u. Duas destas (e-e ©) podem ser realizadas abertas ou fechadas, segundo o ambiente fonolégico onde elas se encontram.Todavia, sejam elas abertas ou fechadas, as vogais /e/ e /o/ serao sempre grafadas da mesma maneira, isto €, e- € 0. 2.1.2. Vogais longes Em shimakonde como em muitas outras linguas bantu, a vogal da peniltima:silaba ocorre sempre alongada, Apesar da previsibilidade deste fenémeno, o grupo participante ao Seminario resolveu graficamente as vogais longas pelas reduplicagéo, com excepcao do caso em que esta vogal precede uma consoante pré-nasalizada. Ex lipaapa "asa" madoodo "pernas. pés” Jujumuunu "mae" 2.1.8, Nasalizagio vocélica ‘A nasalizacdo vocalica ocorre por razdes eufénicas, 1. ¢, devido & influéncia regressiva duma ‘consoante pré-nasalizada sobre a vogal que a precede. Sendo um fenémeno contextual previsivel e nao pertiriente, portanto; ndo sera necessario marca-lo graficamente. ‘As normas ortograficas referentes a este ponto ficam em aberto, até sua posterior investigagao, depois do Seminario, 2.2, Consoantes 2.2.1, Quadro das consoantes : Bilab Lab-Dent Alveol Palat ©-Velar_~— Got OCLUSIVAS surdas Pp - t - k - sonoras b - a - & - AFRICADAS surdas, - 7 - @ : : sonoras - - j - - NASAIS . m - n ay ng - FRICATIVAS surdas - sonoras - LATERAIS : ‘SEMI-VOGAIS w PRE-NASALIZADAS surdas mp nt ne nk - sonoras mb - nd nj ng - s sh bee oe 2.2.2. Consoantes especials ‘Trés grafemas tém um estatuto especial: ¢, h, 2,. Oc encontra-se na ortografia de empréstimos, interjeig6es ¢ ideofones, a nao ser quando estiver em associacao com a nasal homorganica n, para a notacéo da pré-nasalizada ne; 20 Exc caama “partido, organizacdo" (empréstimo ao Kiswahilli) caaco! (interjelgao de admirago) O 2 encontra-se apenas em empréstimos do kiswahilt: Ex: iowanza “iniciar" © h nao serve para a notacao da aspiragdo, uma vez que nao ha aspiragao em shimakonde. O uso deste grafema est reservado para a notacdo de interjeigdes e palavras ideofonicas; ou para se associar coms, formando ografema sh, que representa a fricativa palatal surda |] Ex. shinu'coisa" uhuuwil (expresso duma emocdo forte), onde ocorre uma ligeira aspiracdo, juntamente com o alongamento da vogal. 2.2.3: Semi-vogals 4 Os simbolos we y tem estatisto de grafemas consonanticos, uma vez que eles servem para notar 0s fonemas /w/ e /y/ que se comportam como consoantes, Bc Wangu'"o meu" kusheeya "vender" 2.2.4, Modificagdes de consoantes 2.2.4:1, Sequénclas consonéinticas (labializacdo e palatalizacdo) Blas podem surgir da associacao duma consoante com o grafema w (labializagao) ou y (palatalizagao). Bx” kubwaada “ferver” mbwaabwa “novo, nao madu: kubyaaha "matar" kulitangoodya “fazer-se falar nandwaadwa "zona seca" ndyooko “erianga" Jowigwiliila’ "escutar" nkongwe "mulher" kweeka "rir" Iweeko "riso" lyaala "machamba" mwing'ande “dentro da casa myeembe ‘mangueiras" nweele “doente" kushwaaha "desaparecer” nywi (adverbio de quantidade/intensidade) ngiwende "papagaio” kumpwang.uula “rebentar’ ngweele "macaco" nkweeyo "sogro" ‘kutwaala "levar, tomar" shityaatya (instrument musical) . ‘vyangu "meus/minhas" (plural de shangu) 2.2.4,2.Pré-nasallzacho: 7 ; A pré-nasalizacao marca-se com m ou n antes da consoante oral pré-nasalizada, segundo o caso. Ex lijembe "enxada" . ndeeja "amendoim" ngeela "mangueira" 2.3, Nasal silébiea Ela sera notada com apéstrofe scguindo a nasal m' ou n' segundo o caso. Ex: m'paaka “fronteira" neeilia "abo, cauda" 21 2.4,Quadro do alfabeto do Shimakonde grafema nome —_fonema a a fal B be pol c ce tel de. ia e e rel g ee i a) ha i 5 a j je il k ka Psi i le AL m me /o/ na ne Jaf o ° fof P pe bol fone fal fb} 1 Id} lel io) i fi] tH fie] oO {m} (x) lol (pl 22 descrigho e tlustragio Vogal central aberta lupaapa [lupa:pa} "aso" Oclusiva bilabial sonora (igeiramente glotalizada) lidoodo [ibd | "poste, tipo de pau” Airicada palatal surda ‘caama {t a:mal "partido, organizacao" neonga [nt nga) “dentro do timulo” Oclusiva alveolar sonora (igciramente glotalizada) madoodo {mad :d_} "peras" ‘Vogal anterior semi-fechada ocorre perante silaba acabada em /i/ou /u/ ryjeent [_ je:ni] "héspede" yeetu [yeitu] "nosso ‘Vogal anterior semti-aberta ocorre perante silaba acabada em {al. fe} ou fo} ndeeja “amendoim", mende Im :nd ] "rato branco” | Oclusiva velar sonora (som sempre duro) ‘kugaloola [kugal al “fechar, trancar” Este grafema participa na formagao do digrafo /sh/ ‘Também se encontra em interjeicoes Ver /sh/_ uhwuwit (expresso duma emogao forte) Vogal anterior fechada jukuuni [uku:ni] "lena" ‘Africada palatal sonora jujumuunu Gujumu:nu) "mae" ‘Oclusiva velar surda kaala’ (ka:la) “antigamente" Lateral alveolar sonora dodo [iid :d_ ] "perna, pé" : Nasal bilabial sonora ‘muni [mu:ti] "eabeca” Nasal alveolar sonora ‘angu {na: gufYeu” ‘Vogal posterior semi-fechada ocorre perante sflaba acabada em fi] ou [u} : igooli [igorli} "cama" Vogal posterior semi-aberta ocorre perante silaba acabada em [0], [e] ou [a] kuloota (sul sngioope It Tidoodo [lid pe, ‘Odlusiva bilabial surda polepoole (p 1 p :} |"Jentamente” | s se /s/ ts] Fricativa alveolar surda, sempre sibllante, mesmo em. posi¢do intervocilica sivililciitt (sivilikt:ti) "tronco” t te at tw Octusiva alveolar surda tatamuunu [tatamu:muy] "pai" u u fay (ul Vogal posterior fechada ; fukuunt fluku:ni) "Ienha’ , v ve Wf wl Fricativa labio-dental sonora vaanu [va:nu} "pessoas" w we Jw! tw Semi-vogal bilabial wangu [wa:ngul "o meu" y ye Wi iy] Semi-vogal palatal keusheeya {ku :ya] "vender" ze ft w Fricativa alveolar sonora, encontra-se apenas em palavras emprestadas ewanza |Iswa:nza] “iniciar" (empréstimo do kiswahili) Quadro de combinagdes de grafomas grafema nome —fonema fone descrigho e ilustragio sh she Wt ul Fricativa palatal surda shiinu [ fnu] “coisa” ny nye hl wl Nasal palatal sonora nyinda [ni:nda) "frango" ng! nge hl tol Nasal velar sonora ingande [ina:nde ] "frange mp mpe /mp/ [mp] Oclusiva bilabial surda pré-nasalizada mpecme mpe :me ]"tipo de drvore" mb mbe Job Imb] Oclusiva bilabial sonora pré-nasalizatia Wembe [lyé :mbe ] "enxada" nt nte /at/ Int} Oclusiva alveolar surda pré-nasalizada ntuumi [ntu:mi] "leo" nd nde /na/ Ind] Oclusiva alveolar sonora pré-nasalizada ndeeja [nde :ja] "amendoim’ ne nee Inet In Oclusiva palatal surda pré-nasalizada nceeshe [nce :je | "quatro" ny nje Ii Injl Oclusiva palatal sonora pré-nasalizada njeent [fe:ni) "hospede" nk nke Jak] [ak] Oclusiva velar surda pré-nasdlizada nikondo | nk5 :ndo | "linha tracejada" ng nge fog Ing Oclusiva velar sonora pré-nasalizada ngeela { nge ‘lal "mangueira” 2.5, Notagdo dos tons ‘Serao notados apenas 6 tom alto (com acento agudo) ¢ 0 tom baixo (com acento gravel, caso seja necessario. Ex maaka/maaka “tempero/gato" mutiwa/mutiwa "cana-doce/em cima" Porém, este assunto carece dum estudo mais aprofundado, 2.6, Segmentacao de palavras O trabalho do sub-grupo shimakonde durante o Seminario nao produziu resultados significativos sobre esta questao; pelo que optamos por deixé-la em aberto, para que ela seja pesquisada porteriormente. 2.7, Uso do hifen e pontuacio Estes aspectos nao foram discutidos pelo subgrupo shimakonde, durante o Seminério. 23 8.TEXTOS EXEMPLIFICATIVOS vVadogoon Vadogoont ni vaanu vakullima, Vanaama ku Maali, ako vankuliima magweelu avo mu dabecle mashinga, shitaadya kwanecka kenga mashinga aala aveele na makwaleelo akulyandaadya. : Vadogooni vandadenga mashiiti a’ majanga akushililiidya magweelu aavo kwambangiidya ya livambwe naa imeepo ya matitiili adinanongange magweelu. Vaikooma ‘Vaikooma vandapakuula uushi waa kuulya veene naa waa kushumiidya, Andapaagwa mu shilambo sha vaikooma uumo kunogweela nameene uushi kanji anauluula kewinjifla mu maawu. Pakamoola muunu huuni joojo andanlukiila kooko kwalooka muunu na kulijoopya: aleatakutanga na alipumunanga dimaapa, shuuni ananangalalela muunu mpaaka pa awu a vananyuushi. Vaikooma ngwebgwe vananombolecla shuuni naa uushi padyooko: shikakoweeka ashi, ‘Vatkooma doont, aujiila kaviili kuvaposheela kuvaalo dya paveele maawu a wushi. (*) Tradugoes a partir de "From Ashanti to Zuhu" (livro para criangas) Autores da traducao: Mpalume/Mandumbwe/Tissa Cairo... (Ver brochura linguistica, ARPAC.) TRADUCAO Dongon Os Dongos sao farmeiros. Vivern no Mali, onde fazem as suas machambas nas vertentes das montanhas,-o que dé a estas a aparéncia de largas escadas. Os Dongos constroem muros de pedras para proteger as suas machambas contra as chuvas torrenciais € 0 vento. Tkoma Os Ikoma colectam mel para o seu consumo ¢ para a venda. Existe na terra dos Ikoma um. passarinho que gosta do mel mas nao consegue entrar nos favos. Quando aparece uma pessoa, aquele passarinho voa ao seu encontro com muita excitacto: gritando e batendo as asas, 0 passarinho 0 conduz até os favos das abelhas. Os Ikoma sempre agradecem tal passarinho com um bocado de mel; falhando isto, dizem os Tkoma, nunca voltaria a ajudar-Ihes a localizar os favos de mel. 4, BIBLIOGRAFIA Velho Testamento: traducao em Shimakonde, obra nao publicada, sem nome de autor nem ano de publicacao, : DOM JOSE DOS S.GARCIA (antigo Bispo de Porto-Amélia): Doutrina Cristd, 11.04.1961. M.VIEGAS GUERREIRO: Rudimentos da lingua Makonde, 1963 Vyaudt vyaudi vya Lilove Lyake Nnungu Diocese de Pemba (sem ano de publica¢4o} Curso de formacéo basica de andlise e descrigio das linguas Bantu, UEM, Fac. de Letras, Junho de 1986, MPALUME, ESTEVAO JAIME e MANDUMBWE, M.A: Nashilangola wa shitangodi sha shimakonde (manual da lingua makonde), nao publicado, Alfabeto provisério: In Documentto de sintese do Curso de Linguistica para formagéo do Nicteo de Nampula, ARPAC, 1987. 24 CIYAO Menos que 1000 1,000—10.000 10.000—-80.000 50.000—100.000 25 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA CIYAO 1, INTRODUCAO CIYAO ¢ uma lingua do grupo P20 na classificagao de Guthrie e leva 0 c6digo P21. Ou seja, ¢ 2 lingua ndmero um do grupo Yao que, segundo 0 referido estudioso, inclul, além de Clyao, as linguas Shimakonde, Cimwera, Cimakwe, etc. Ciyao é falado em trés paises nomeadamente, Malawi, Mocambique e Tanzania, Nao se sabe ao certo o numero total de seus falantes nos trés paises. O mimero que se fornece aqui s6 diz respeito a Mocambique onde, segundo os dados do Recenseamento Geral da Populacdo realizado em 1980, existem mais de um.milhao-¢ micio.de falantes disseminados em maior ou menor grau por todo o territério nacional, podendo os pontos de sua mator concentragao localizar-se nas provincias de Niassa ¢ Cabo Delgado. A provincia de Niassa ¢ aquela que é considerada como sendo 0 “habitat” natural dos falantes Gesta lingua e Kuyao (Chiconono) “o berco do povo Yao" Sanderson (1922). Embora falado em trés paises, ¢ de notar a homogeneidade de Ciyao, facto que faz dela uma lingua com poucas, quase inexistentes, variantes dialectais. Aquilo a que Fortune chama de dialectos Cimakale e Cimasaninga,sao termos que designam 0 Ciyao falado Kumakale (em Makale), Kumasaninga (em Masaninga) e Kumacinga (em Machinga). respectivamente. S40, portanto, termos que se referem a areas geogrificas de mator concentragto de Ayao no norte, pentro ¢ sul do sea territério original, e nao formas lingufsticas distintas umas das outras (mas com matua Inteligibilidade) a que se possam considerar dialectos no sentido em que este termo € usado em literatura de especialidade. E assim que todos os Ayao actualmente em Malawi, Mocambique e Tanzania nunca se identificam através de outras designacées que nao “Ayao". Para efeitos de padronizagao, entretanto, ja que nao existe nenhuma forma padronizada de escrita desta lingua em nenhum dos paisés onde ela ¢ falada, Sanderson (op. cit.) recomenda que se tome o Ciyao falado Chiconono, Niassa-Mocambique) como ponto de referencia visto ser este o Cyao central do ponto de vista geografico. Do ponto de vista histérico, Chiconono constitui o niicleo mais recente de dispersao dos falantes desta lingua para o norte, para o sul, para este ¢ oeste. & por estas razées que nesta proposta se tomou 0 Ciyao de Chiconono como referéncia para a padronizacao da ortografia desta lingua. 2. SISTEMA ORTOGAFICO 2.1. Vogeis Quanto a duracao, as vogais em Yao podem ser breves ou longas. 2.1.1. Vogais breves: ‘A lingua Yao tem cinco vogals breves que sao representadas graficamente como na seguinte tabela: anteriores central posteriores fechadas altas i - uw semi-fechadas médias e - e abertas baixas - a - Ex: kulanga "despedir-se’ kulenga “cortar em tras" kkudinga "experimentar" kkulonga "meter num recipiente fundo" keulunga "reparat 2.1.2. Vogais longas ‘As vogais longas sao representadas graficamente dobrando-se og grafemas correpondentes, ‘Assim, tal como as breves, as vogais longas c~i_m com todas as consoantes ¢ semt-vogals €, Jnuitas vezes, em oposi¢ao com as breves, forur x.Jo pares minimais do tipo: a) kupila "cobicar” 26 kupila "pestanejar" b) kupeela "dar" {aplicativo/benefactivo) kupela "estar cansado" ©) kupoola "furar" kupola “arrefecer" 4) kuuputa "bater em" kuputa “apagar" ©) kupaata “limpar* keupata "adquirix" 2.1.3, Assimilagdo vocélica Em Yao, a assimilacdo vocalica é um fenémeno que se verifica quase exclusivamente quando a vogal /1/ ocorre antes ou depois de /a/, antes de /u/, € quando a vogal /u/ ocorre antes de /o/. Assim: ‘a) a-i torna-se e; Ex madino-meno "dentes" b) {-a torna-se aa; Ex Adeti ni Atelela-Adeti na Atelela "Adeti e Atelela" o) eu toma-se 0; Ex: Atelela ni uwe - Atelela nowe “Atelela e nés" @) wo toma-se Ex: kujoga - koga “tomar banho" Lablais Alveolares —_Palatais. Velares OcLusIvAS surdas P t - k sonoras b a : @ AFRICADAS surdas, - : c sonoras : - j - FRICATIVAS surdas sonoras NASAIS LATERAIS ‘VIBRANTES SEMI-VOGAIS w Bie 2 27 2.2.2, Consoante especial © fonema consonantico representado pelo grafema r pode ser considerado especial em Yao, pois 6 ocorre em certos ide6fonos. Por causa de nao ocorrer em palavras que nao sejam. [decfonos, este fonema é constderado inexistente nesta lingua em muitos estudos do Yao, facto que denuncia o caracter superficial com que eles sao levados a cabo. Alguns exemplos desses estudos sao Sanderson (1922, 1954), Whiteley (1966) ¢ Ngunga (1987). 0s {dedfonos que indicam o voo unissono de um bando de passaros ou imitam 0 som prodixzido pelo disparo de uma arma metralhadora, por exemplo, contém o som 'r” nesta lingua. Ex: {Juni {gulwice prrru! "Os passaros voaram” prrru!” 2.2.8, Semi-vogais Em Yao ha dois fonemas semi-vocdlicos, nomeadamente /w/ € /y/ Como semi-vogais, nunca ocorrem sendo antes de uma vogal. Muitas vezes resultar do processo de assimilagéo de /u/ e /1/ quando ocorrem antes de vogais. As semi- “vogais devem ser representadas por w ou y. Ex: mundu (classe 1) "pessoa" ‘miwanace (classe 1) “crianca” itela (classe 8) "paus" yala (classe 8) "dedos" ‘Também sao empregues para labializar (/w/) e palatalizar (/y/) as consoantes. Ex: kupwa /kupwa/ "vazar" kulwala /kulwala/ "adoecer” kutyoka /kutjoka/ “sir” kudya /kudja/ “comer” 2.2.4, Modificagies de consoantes 2.2.4.1. Pré-nasalizac&o Antes de b, p,m, w, ¥ a pré mibwa "e mpunga ‘arroz" mmwe "tu" Nos restantes casos, a pré-nasalizagao ser marcada com n. Ex: ntwe “cabeca” ndondwa “estrel sano "cinco" -nasalizagao sera marcada com m; 2.2.4.2, Lablalizagao A labializacdo marca-se com w Ex: ntwe "eabeca” mbwa "cao" ntungwa "baloico” bwanakubwa "administrador" kugwa "cai" mwanace ‘crianca" kukwaya "tocar em" ‘kupwa "vazar" 2 . Palatalizagdo A palatalizagdo marca-se com y Ex: | kutyoka “sair* mbyo “rin: kupya ‘queimar-se" 28 2.3, Nasal silabica Anasal silabica serd marcada por m separado da consoante seguinte por um apéstrofo para os casos em que esta é precedida de fonemas b, d., g. Ex mrbute: m-bu-te "puxa!” m’butile?: m'-bu-ti-le? "puxaste?" midala: m’-da-la "racha’, p.c., na panela de barro, na parede, ete. _ midye: m'-dye! "come!" migwile?: m'-gwi-le? "caiste?" Com m seo apéstrofo estiver antes das labiais sonoras. Ex: mbute: mbu-te “(que) eu bata" mbutile?: mbu-ti-le? “apaguei?" 2.4. Quadro do alfabeto do Clyno grafema nome“ fonema fone descricdo e tlustracdo a a fel fal Vogal central aberta Janga "despedir-se, domesticar" > be Pol bbl Oclusiva bilabial sonora baba 'p: ° cc a ty Africada palatal surda Kkucapa “lavar" a de fa (ai Octusiva alveolar sonora kudinga "experimentar” e e /et fel Vogal média anterior lulele “gratuitamente” g ge Ie ig Oclusiva velar sonora Kugona "dormir" 1 4 AL i Vogal anterior fechada kucimbicisya "respeitar’ j je Jat {dl Africada palatal sonora Jando "ceriménia de iniciagio ‘masculina, circunciséo" k ke If tq Ocusiva velar surda dukana "negar” 1 Ie aM n Lateral alveolar sonora Kulaga "sofrer" m me Jf im] Nasal bilabial sonora mama “mde" n ne if tn) ‘lar sonora kununga “cheirar mal" n ne bf tol Nasal velar sonora nlombe "boi, vaca" ° ° Jo} fo} Vogal média posterior kupola "arrefecer" P pe Pol &) Oclusiva bilabial sonora kupata "adquirir” r re i/ Ir} Vibrante alveolar sonora ndrrri! (ideofone: som de eampainha) s se Js Is} Fricativa alveolar surda kusaka “querer” t te a ty Oclusiva alveolar surda kutanda "comegar’ u u pal tu) Vogal posterior fechada ngadi "massa de farinha" w we fol wl Semi-vogal bilabial sonora kuwa "morrer" e te Al {9} Fricativa labial sonora kutéa “ser, estar” y ye a wl Semi-vogal palatal yala "dedos" 29 2.5, Segmentacao de palavras Seminario considerou que este assunto deve merecer mais estudos. Contudo, também sugeriu que a escrita de Yao fosse baseada numa espécie de compromisso entre 0 método conjuntivo ¢ disjuntivo embora 0 primeiro seja mais predominante, Assim: 2.8.1. Deverdo escrever-se conjuntivamente a) Os prefixos nominais ¢ verbais; ~ as marcas de sujeito na constructio da relativa Ex: cipula camumbele cila cijasice "aquela faca que me deste perdeu-se 08 locativos; tulwaula kumust 'jé vamos para casa” - particula qualificativa: Ex: mundu jwakwimbala "pessoa gorda’ mbusi jajiswela “cabrito branco” ) Possessivos: forma eliptica e outras; Ex: mwanangu ‘minha crianca" muwanangwawo “sua/dele(a) crianca” ¢) Pronome interrogativo eliptico; (devera escrever-se ligado ao nome através de hifen) Ex wandu-ci? "que gente?” 4) Nome proprio, titulos e cliticos, marcas de respeito, ete.; Ex Atanji "A Wanjf" Cevanii "senhora Wanj Kuidanji “sua Majestade Want" @) Nomes compostos, reduplicacao € outros; (deverdo escrever-se ligados por um hifen) Ex. — kudya-dya-dya "comer vérias vezes" kala-kala “antigamente" cila-cila "aquele (classe 7) mesmo" ) Allxos verbais: mareas aspectuais, temporais, de objecto,cte.; Exe — cemwadimu atupuutile "o senhor professor bateu-nos” ep. -puuta "bater em” 2.5.2, Deverdo escrever-se disjuntivamente a) As particulas genitivas em construgdes do tipo: Ex: malaja ga une "minha camisa" cf, malaja gangu "minha camisa” nguku sya mmwanya "vossas galinhas’ cf, ngukku syenu "vossas galinhas" b) Cépula, quando expressa morfologicamente; Ex: Akasembe ni mundu "o Kasembe é (boa) pessoa” ¢) Particulas conectivas ¢/ou agentivas; Ex: une ni mpwanga "eu ¢ 0 immao mais novo" ‘une numigwe ni mbwe "eu fui mordido por um cao" Entretanto, nos casos em que ha assimilacdo as particulas conectivas e ou agentivas deverdo escrever-se conjuntivamente, EX: — mpwanga none “meu irmao mais novo ¢ eu" alomigwe nomwe? "foi mordido por ti?" 4) Demopstrativos: formas elipticas e outras Ex: — atvo Wandu? "aquela gente?" aji mbwa? "este cao?” Se o demonstrativo tiver uma forma descontinua, deverd escrever-se com a titima parte {aquela que ocorre a direita do nominal a que o demonstrativo se refere) ligada ao nominal por meio de um hifen, Bc advo tandu-Wo“aquela gente" ajo mbwa-jo "aquele cao" apo pa-po “al, naquele lugar” 2.6, Sinais de pontuagao Serao usados os sinais de pontuacao existentes na lingua portuguesa para indicar situagoes idénticas. Contudo deverao ser respeitadas as particularidades da lingua. 2.7.Tom Em Yao ndo ser marcado o tom lexical. Se este se revelar indispensével propde-se que se marque apenas 0 tom alto com acento agudo (1. 3, TEXTO EXEMPLIFICATIVO Dijusi ngantinyika kucikola pakutta mumbotekaga mmatumbo. Kundati-pe, mama ®anyigadile kucipatala k@anapocele kwinini. Panan'wele si¥idi syakwe, kupoteka- -ko kwatondweve. Mitela josepe jikaweje kuwona kwakwe yele, vandu nganganamalaga kuwa, Kundawi jalove, diso, najimwice cenenc, ngadi yakuusakadisya nciyilu mwangu. Nan'wele fusenga ni putadi ja manangwa getelece gana ntesa, ni panaikaga kucikola kuno. Nambo nacelewe pakua nganinavtila kwimuka, Panaice akuno ce mwadimu naasimene adi atandite kusoomesya. Pakumbikana kuodisya; Watite: Lelo ngam'jinjila, Ngakawa nsyowelele. Diso nganinnyika, lelo ncelewe. Mmwe wWati udi anaa? Maule kunyumba nkasadile mama tenu kuti akampecesye akuno, Ngusaka kuteceta nawo. Ngadi yanatice. Nagambile kwalola, ni najaulaga kunyumba kukwatola mama. Panandi Janganambutanga.KukawWa kulwala kwadijusi, ngupela kuti dikopi dimo dikandusile kumeso. Lelo ni WalaWile kunyimusya, Lwatupu-tupu mpela kujando naji mbepo-ji. Ni kuti bwanawe. TRADUCA “Anteontem nao vim a escola porque estava com dores de barriga, Logo de manhé, a minha mae levou-me ao hospital onde recebi uns comprimidos. Quando tomet dois deles, pronto, as dores acalmaram. Se todos os medicamentos fossem assim tao bons as pessoas no acabariam por morrer. No dia seguinte, ontem, acordei bem disposto sem incomodos no meu organismo, Tomei papas de trinca de milho com mandioca cozida com amendoim, e depois vim a escola. Mas cheguci tarde, pois tinha acordado tarde. Quando c4 cheguei, o professor ja tinha comecado a ensinar. ‘Quando me ouviu a pedir licenca ele disse: = Hoje ndo entras. Isto é para nao te habituares. Ontem nao vieste, hoje chegas tarde. Afinal como é que tu és? Val a casa ¢ diz a tua mac para te acompanhar para cd. Quero falar com cla, Eu nio disse nada. $6 olhel para ele e fui-me embora para casa para ir buscar a minha mie. Mais um pouco ia-me batendo, Se ndo tivesse estado doente anteontem, acho que uma bofetada havia de aterrar na minha cara. Hoje acordou-me demasiado cedo. T4o cedo como se estivesse no "Jando" (rito de inictacéo masculina), E isto amigo." 31 4, BIBLIOGRAFIA ABDALLAH, YOHANNA. B., (1919) Chékala chawayo. Zomba CUNHA, Pe. RODRIGO DE, Regras de Acentuagiio e Ortografia Oficiais (De harmonia com a Jegllago cm vigor ‘desde a reforma de 1911 ao decreto n? 35.228 de 8 de Dezembro de 1945) Porto (SD) CUNNINGHAM, W-T, (ed), The Netson Contemporary English Dictionary England (1981) DALE, D., Shona Mini Companion Mambo Press Gweru (1986) DIRINGER, DAVID, A Story of the Alphabet. Gresham Press, Great Britain FORTUNE, G., A Guide to Shona Spelling . Longman (Zimbabwe 1987) ~The Bantu Languages of the Federation: A Preliminary Survery . Lusaka (1959) GUTHRIE, M., Classification of Bantu Languages . -------Comparative Bantu , London (1967-1971) NGUNGA, A.S.A., A Comparative Study of Shona and Yao Noun Classes (BA Hons Dissertation) University of Zimbabwe (1987) SANDERSON, M., A Yao Grammar. London (1922) ‘Yao Dictionary . Zomba (1954)13. WHITELEY, W.H., Shape and Meaning in Yao Nominal Classes . African Languages Studies. Il, pp 1-24 London (1962) -A Study of Yao Sentences : Oxford University Press (1966) WIESEMANN, U. et Al., Guide pour le Development des Systemes DEcriture des Langues ‘Africaines . Yaoundé (1982) WILSON, PETER, Simplified Swahili . Nairobi (1985) 32 ' | i | i CINYANJA ‘Menos que 1000 1,000—10,000 10.000—50.000 HIE 0.000—100.000 33 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA CINYANJA 1, INTRODUCAO 1.1. Localizacéio: © Cinyanja € falado: a) na provincia do Niassa, nos disiritos de Mecanhelas, ‘Mandimba e Lago: 'b) na provincia da Zambézia, no distrito de Milange: c) na provincia de Tete, nos distritos de Angénia, Furancungo, Macanga, Zumbo, ‘Tsangana e partes de Fingoé, Cazula e Moatize. 0 Cinyanja 6 também falado no Malawi ¢ na Zambia. 1.2, Nimero de falantes Ha 385,000 falantes da Lingua Nyanja em Mogambique, conforme os dados do Censo de 1980. 1,3, Estabelecimento da variante de referéncia © Cinyanja tem as seguintes variantes: - Cicewa (ou Cimakanga), falada no distrito de Macanga: 7 Gingoni, falada nos distritos de Sanga ¢ Lago, no Niassa cna Angénia em Tete; - Cinsenga, falada no distrito ‘de Zumbo e na localidade de Fingoé: “Cinyania. falada no Niassa ao longo do. lago do mesmo nome, em Tete (Angénia, ‘Tsangana e Moatize). ‘Avariante de referencia na presente proposta € o Cinvanja, falado ao longo do Lago Massa © ar ane quiros estudos dialectologicos permitirao coniirmar os dados acima fornecidos. 2. SISTEMA ORTOGRAFRICO 2.1, Vogals 2.1.1. Tabela das vogais i So cinco as vogais do Cinyanja, conforme a seguinte tabela: ; anteriores central posteriores i fechadas i - a | semifechadas c* o t abertas - a : i ' Nota: (*) As vogais ¢ e © podem ocorrer semi-abertas mas na eserita escrevem-se dla mesma maneira. 34 2.1.2, Duragio As vogais sofrem um certo alongamento na pentiltima silaba. Contudo, este alongamento nao é distintivo e nao precisa de ser marcado na escrita, Ex: kupatula [kupatucta “separar” 2.2, Consoantes 2.2.1. Quadro das consoantes Bilab — Lfbio-Dent_ = Alveol_—_—Pal ocLustvas surdas sonoras IMPLOSIVAS sonoras NASAIS sonoras FRICATIVAS surdas sonoras 3 AFRICADAS surdas ps sonoras be bv w 4 t - k Z i dh : @ : go tm Boo 5 2 é & g 2 LATERAIS ‘VIBRANTES SEMI-VOGAIS 2.2.2, Consoantes especials e/ou marginals a) As oclusivas [bl e Id) escrevem-se bh e dh, respectivamente, para se distinguirem das implosivas [ 6] ¢ [1 que se escrevem b e d_respectivamente. Ex: 'bhanda “cabana” Jewabasi "abundante" dhenga "tecto" dimba “horta" Pees b) A fricativa palatal ['f }escreve-se sh para se distinguir da alveolar [s] que se escreve s. Ex “kusamba "banhar-se" Kushupa "enganar alguém" ©) Ha casos em que se regista uma variagao entre os sons: DO- Ex: galimoti ilo "aquele carro” galimoti iro “aquele carro" 2) {fl ~ [pal Ex: — kufundula "descobrir" kupfundula "descobrir" 3) yl ~ [by) Ex kuvala 'vestir-se" kubvala "vestir-se" 2.2.3, Semi-vogais As semi-vogais w e y comportam-se como consoantes na estrutura da silaba Ex kuwala “aclarar* kuyala "estender” 35 2.2.4, Modificagdes de consoantes 2.2.4.1, Pré-nasalizacdo ‘As consoantes /bh/, /f/, /p/ ¢ /v/ € as combinacées por elas iniciadas sao pré-nasalizadas com meas restantes comn Ex: mpeni "faca’ neendere “paz” 2.2.4.2, Aspiragio A aspiracdo marca-se com h. Ex: kuphunzila "estudar’ 2.2.4.3, Lablalizagio A labializacao marca-se com w Bx kupwira "“desaparecer” 2.2.4.4. Palatalizagio A palatalizagdo marca-se com y Ex | kupya “queimar-se” 2.3, Nasal silébica Pode ocorrer no inicio ou no interior da palavra e representa-se com m' ou nt Ex: m'nyumba "dentro da casa” mum'cotse "que tire". 36 2.4. Quadro do alfabeto do Cinyanja grafema = nome _—_fonema a a Jaf b be /6y e e Ki d de /6/ e e ses f fe Mil 6 2 fe h he /b/ 1 1 A J Je /a3/ k ke Tk/ 1 le wy m me /m/ a ne Ja ° 0° fof P pe bp = re ttf s se sf t te Itt 4 ub v ve Wi 7 we Aw/ w we fof fone lal (6) tt (6) fel lel th) fi {a3} fk] Oo (al In} lo] fa] tp) {rl Is} it] fu) wl bel lo] 37 descricdo e ilustracto ‘Vogal central aberta anthu [anthul "pessoas" Implosiva bilabial sonora kwabasi [lova Basi] “abundante" Africada palatal surda ‘cimanga (t Jima » ga] "wnilho" Implosiva alveolar sonora dimba [6immbal “horta" Vogal anterior semi-fechada ocorre quando a silaba seguinte termina em /i/ ou /u/ ndewu [ndewn] “Iuta” Vogal anterior semi- aberta ocorre quando a silaba seguinte termina em /e/, /a/ ou /o/ nanzeze {nanzeze _] “andorinha" Fricativa labio-dental surda fanizo [fanizo_ | "exemplo” Oclusiva velar sonora magazi [magazi] "sangue" Fricativa glotal surda Vogal anterior fechada fe [ife ] "nds" Africada palatal sonora Jekete [de kete | "blusio" Oclusiva velar surda Kalulu [kalulu} "coelho" Lateral alveolar sonora limi [ilimi “lingua® Nasal bilabial sonora mavu [mavu] "vespas" Nasal alveolar sonora namondwe [namo ndwe | "tempestade" Vogal posterior semi-fechada ocorre quando a silaba seguinte termina em /i/ ou /1x/ misozi {misozi] "lagrimas" Vogal posterior semi-aberta ‘ocorre quando a silaba seguinte termina em /e/, /a/ ou /o/ muvendo [mwe ndo | "pé" Oclusiva bilabial surda panst pansi] “chai Vibrante alveolar sonora phiri [phiri} “montanha" Fricativa alveolar surda: kxusowa (kus owal “desaparecer” Oclusiva alveolar surda tambala [tambala] "galo” Vogal posterior fechada utst [utsi] "fumo” Fricativa 1ébio-dental sonora kuvina [kuvina] "dangar" Semi-vogal bilabial kuwawasa [kuwawasal “amargar” Fricativa labio-dental sonora (branda) y ye uw ul Semi-vogal palatal yekha [j ¢ kha] "sozinh« z ze laf la) Fricativa alveolar sonora kuzolowela [ku z9 low ela) “habituar-se" ‘Quadro de combinagées de grafemas grafema nome = fonema __ fone descricdo ¢ ilustracdo bh bhe fo} fol Oclusiva bilabial sonora bhanda [banda] “cabana” by bve = /bv/ [bv] Afticada labio-dental sonora Dbvuto (bauto | "sofrimento” bz bee fof oa} Afticada labio-alveolar sonora Ikubzala [kub ala] "semear" dh dhe vat tal Oclusiva alveolar sonora dhenga [dhen gal ‘tecto" oz, dee a3} Alricada alveolar sonora dzino [dino] "dente" ng ngé Af fo] Nasal velar sonora ngéna [9 9 nal “jacare” ny nye i (nl Nasal palatal sonora nyimbo { nimbs J “cangao" pf pie Jet (pq Africada labio-dental surda pfupa [pfupal "oso" ps se /ps/_ fps] Africada 14bio-alveolar surda zipsera [zips eral 'clcatriz" sh she Wt in Fricativa palatal surda kushupa [ku /upal “enganar alguém" ts tse Is/ Its} Africada alveolar surda tsamba {tsamba] "folha” 2.5, Tonalidade O tom é contrastivo tanto a nivel lexical como a nivel gramatical. Ex: mtengo[\ \] ‘preco" mitengo | / \} "arvore" yenda [ / \ | “andar” yenda [\ \ | "anda!" Estando a tonalidade ainda em cstudo, nada se podera dizer sobre a necessidade ou nao de ser marcada, nem sobre como fazé-lo. 2.6. Segmentacao de palavras Propomos que todos os afixos que entram na conjugacdo dos verbos, bem como o seu prefixo nominal infinitivo, sejam escritos numa sé palavra. Bx ndifuna kudya "quero comer" sindifuna kudya "nao quero comer" tiyene tikalime "vamos cultivar" galu izafima kudya "o cao querera comer" Contudo, conforme a decisdo do seminario, este assunto precisa de estudos mais aprofundados. 2.7. Uso de matdsculas As maitisculas devem ser usadas: a) no inicio de nomes préprios; b) nos titulos honorificos; ¢) nos nomes dos meses do ano; 4) no inicio de um paragrafo e a seguir a um ponto, Ficam omissos outros casos que ainda merecerao um estudo mais aprofundado. 38 2.8. Uso do hifen © hifen deve ser usado na reduplicacéo. xc kuyenda-yenda “andar de um lado para outro 2.9, Uso do apéstrofe / Deve-se usar o apéstrofe: a) a seguir a ng para representar a nasal velar [&nl Ex ngémbe "boi" +b) a seguir ame n para a representacao da nasal silabica. EX: m'nyumba "dentro da casa" 2.10, Sinais de pontuago De uma forma geral, recomenda-se a sequinte pontuacao: a) Ponto final (.), para indicar o fim de uma frase; b) Ponto de interrogacdo (?), para assinalar uma pergunta (ou diivida) mesmo que a frase contenha outros recursos; Ponto de exclamacdo (!), para exprimir admiracdo; Reticéneias (...), para marcar a interrupeao de uma frase: ‘Virgula ()), para indicar uma pequena pausa; fi para indicar uma pansa mais prolongada para marcar os diferentes aspectos da mesma ideia: Dois pontas (), para anunciar o discurso directo ou para introduzir uma ex plicacdo; spas ('), para indicar a reproducao exacta de um texto ou para realcar uma palavra ou expressdo por motivos de ordem subjectiva; §) Parénteses.(), para intercalar (num texto) a expressao de uma idela acesséria, N.B. Nao fol possivel obter um texto exemplificativo 3, BIBLIOGRAFIA CHAFULUMIRA, E.W. 1960,GWAZA Book 3. Nyasaland: Montfort Marist Fathers’ Mission - Limbe. FADY, Pe. J. 1960. Cartas de S. Paulo. Lilongwe: White Fathers’ Press. KAMTEDZA, J.D.G. 1964, Elementos de gramdtica Cinyanja. Missiondrios da Companhia de Jesus. 1964, Diciondrio Portugués/Cinyanja. Lisboa: Junta de Investigacdo do Ultramar Boma Lathu, Vol. 8 N° 3 Mar1980 (Periédico Malawiano) 39 EMAKHUWA Nacala Menos que 1900 EEE] 1.000-10.000 ©} 10.000-s0.000 50,000—100.000 HBB mass que 100,000 40 ELOMWE Nampula I Kn 160 Menos que 1000 1.000—10,000 10.000—50.000 '50.000—100.000 HIB 1s que 100.000 Quelimane Chimoio 41 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA EMAKHUWA 1, INTRODUCAO 1.1, Locallizacao ‘A lingua Emakhuvwa é falada nas seguintes provincias: Nampula Dentro do Emakhuwa falado nesta provincia verificam-se as seguintes variantes: + Emakduwa, variante falada na cidade-capital e seus arredores, nomeadamente, Mecuban, Muecate, Meconta, Murrupula, Mogovolas, Ribaue e Lalawa; + Enahara, nos distritos de Mossuril, Itha de Mocambique, Nacala-Porto, Nacala-a- -Velha € Memba: + Esaaka, nos distritos de Namapa, Brati ¢ parte de Memba; + Esangagi. parte de Angoche; + Emarevoni, em Moma; + Elomwe, nos distritos de Malema, Ribaué, Murrupula ¢ Moma, Cabo Delgado ‘As variantes desta provincia, basicamente Emetto {meto) e Esaaka (saka), sao faladas nos distritos de Pemba, Montepuez, Balama, Namuno, Ancuabe, Quissanga, parte dos distritos de Meluco, Macomia ¢ Mocimboa da: Praia; Chidre e Mecufi, Niassa ‘As variantes desta provincia, Echirima, Elomwe e Emetto (meto), do faladas em Cuamba, Mecanhelas, Amaramba, Marrupa ¢ Mawa. Zambézia ‘as variantes desta provincia, Emakhuwa, Elomwe, Emarevoni, sao faladas nos distritos de Gurue, Gile, Alto-Molécue, le e Pebane. 1.2, Namero de falantes ‘Segundo os dados do recenseamento de 1980, 0 Emakhuwa ¢ falado por 3.231.559 de pessoas, 0 que corresponde a cerca de 40% da populagde total do pais. 1.3, Estabelecimento da varlante de referéncia ‘A provineia de Nampula € aquela em que nado existe outro grupo étnico (originario) que fale uma lingua diferente de Emakhuwa. Este facto, aliado centralidade geografica de Nampula no Ambito das provincias em que se fala o Emakhuwa, leva a que se tome a variante falada pelos nativos da regiao tradicionalmente conhecida por Wa Amphuia e distritos adjacentes, como sendo a de referencia. 42 i I 2, SISTEMA ORTOGRAFICO 2.1. Vogas No Emakhuwa registam-se 5 vogais fonémicas conforme a tabela: anterlores _central_-—_posterlores fechadas: i ~ u semi-fechadas e : oO abertas - a : ‘As vogais € ¢ 0 podem ocorrer semf-abertas mas estrevem-se sempre da mesma mancira, 2.1.1, Duragdo das vogals A duracao vocdlica ndo € totalmente previsivel. Deve ser marcada escrevendo-se duas vezes a vogal em questo € nao através do acento grave como fora acordado no acordo ortografico de Anchilo de 1973, Ex: omala “acabar" omaala ‘colar" omela "germinar” omeela “repartir* 2.2. Consoantes 2.2.1. Quadro das consoantes No Emakhuwa existem as seguintes consoantes Lablais Dent Alveol P6s-Alveol Palat Vel Glot ocLusivas nao aspiradas aspiradas FRICATIVAS, surdas sonoras AFRICADAS NASAIS LATERAIS VIBRANTES SEMI-VOGAIS 2.2.2. Consoantes especiais e /ou marginais a) desta tabela nao constam as consoantes b, d, ¢ g. Estas serao usadas em empréstimos, especialmente, topénimos e antropénimos. t - tt - k - th - tth - kh Bo (0) ss x - h (dh) 6 B < z é tee €:Bren ) 0 som representado pelo grafema f ocorre em némero restrito de palavras, muitas vezes em variacao livre com ph, Ex ofola ~ ophola "formar bicha" ©) 0 som /n/ sera representado pelo grafema ng. @) os grafemas @ . dh, z, x ¢¢, indicam sons que representam uma variacdo regional, isto 6, sao alofones dialectais de um fonema identificado na variante de referéncia, 43 e) os fonemas pés-alveolares tt, tth da variante de referéncia sao realizados no Elomwe, foneticamente, como {t/ | [t /h] sendo representados, portanto, por ¢ ¢ ch no Elomwe. Bx Emakhuwa (ni) Elomwe . ~- Mirette Mirece “remédio" + Murrutthu Miruchu “cadaver - Otthapa ‘Ochapa_ “jabilo” §) as oclusivas dentais marcam-se t ¢ th e as pés-alveolares com tt ¢ tth. @ o fone s da variante de referencia € realizado: Ex: dh [3] em — Esamgagi: odhiva_“agradavel” 6 [a] em — Esangagi: ‘etiva “agradavel” c I} em — Esaaka: ociva “agradavel” z (] em Enahara: —_oziva_“agradavel” Estes sons serdo representados em cada variante segundo se pronunciam. Entretanto, nao houve consenso na discussao sobre a representagao grafica da fricativa interdental surda (6] gue ocorre em algumas variantes do Emakhuwa. No entanto, a fricativa interdental sonora sera representada por dh. 2.2.3, Semi-vogals As semi-vogais w ¢ y comportam-se como consoantes na estrutura_ da silaba. Ex: okhuwa"gritar" waatta'bater" oyara'dar a luz" 2.2.4. Modificagdes de consoantes 2.2.4.1. Aspiragio A aspiracao sera marcada com h. Ex: — otheka "bebida” 2.2.4.2, Lablalizagio A labializacdo sera marcada com w Ex: opwexa"partir” 2.2.4.3, Palatalizacéo A palatalizacdo sera marcada com y Ex | epyo “semente” 2.8, Nasal Silébica ‘Anasal silabica resulta de uma elisao da vogal do prefixo de classe, por exemplo, 1 ¢ 3. Esta. ‘sera grafada como soa, com m ou n. Ex mmanka (mumanka) "mangueira” ntata(nitata) "mao" 44 2.4. Quadro do alfabeto do Bmakhuwa grefema nome fonema _ fone a a Jal fa} c ce AS wl e e fel le] fe) f fe My if h he Phy (hy i 1 AI uy k ke Tel Uk) kh Khe /ich/— [kh] 1 le a oy m me fo fm] a ne Jaf in] ny nye il fr ng nge dof bo} ° ° Jol lo} fl P pe Pel tl ph phe /ph/ (pl r re it tn] ; s se sf Is} t te Mt I) th the thy (yh) tt tte it tt) tth tthe /th/ Uta} u u Ay fu) v ve Wl wl w we bof (wl descricdo e ilustracko vogal central aberta ‘ovava [ oovaval "voar" afrieada palatal surda ocaca [ot at Ja] "zangar” vogal anterior semi-fechada wepa |wepal "tamarinda (fruto)" vogal antertor semi-aberta [epyo} "semente” fricativa lébio-dental surda ofya | offa "queimada” fricativa glotal ohela (ohela) “meter ou por” vogal anterior fechada ephiro ephiro] “caminho" oclusiva velar surda waakela [wa:kela] "rachar para alguém’’ oclusiva velar surda aspirada waakhela [wa:khelal “receber" lateral alveolar sonora olelo | a1 e10} "hoje" nasal bilabial sonora maama [ma:ma] "mae" nasal alveolar sonora niino [ni:no] "dente" nasal palatal sono onyoonya [on oon a} "aborrecido" nasal velar sonora ongonga [on onal "ressonar” vogal posterior aberta woova [woival "ter medo" vogal posterior semi-aberta Inkh 2 yi] "corda’ oclusiva bilabial surda epula [epula] "chuva" oc, bilabial surda aspirada ephula lephula] “nariz" vibrante alveolar sonora corupa [orupa] "dormir" fricativa alveolar surda osoma [osomal “ler” oclusiva dental surda oteka [ofeka) "construfr’ ocl. dental surda aspirada otheka [ofheka] "descascar/bebida” ocl. pés-alveolar surda otteka fo { eka) "abrir (guarda-chuva)" ocl. pés-alveolar aspirada surda oltheka [o { hekal "ofensa" vogal posterior fechada muru [muru} "cabeca” fricativa labio-dental sonora ovava [ovaval "voar" semi-vogal labial sonora wilwa [wiwal "ouvir" 45 cad xe AY ul fricativa palatal surda exima [e { ima] "massa" is] fricativa alveolar surda exima [esima] “massa” y ye Al il semi-vogal palatal oyara {ojara] "nascer" * 0 grafema x representa, em muitas variantes, o som [s}. 2.8, Segmentagio de palavras Apesar de o grupo de trabalho ter considerado que o assunto merece mais pesquisas, este adiantou algumas sugestées. Assim, sugeriu-se que se escrevesse: a) conjuntivament: - 0s prefixos verbais, Ex: okusa "evar" ~ prefixos nominais Ex: nihule "rat ~ os prefixos locativos Ex: vapuwant “na casa” ~ marcas de respeito Ex amanuwele "o Senthor Manuel" * a particula na/nna nnasonyiya "pessoa desprezad: namithale "espécle de capim" b) disjuntivamente: - 08 possessivos. Ex: enupa aka "minha casa” ~ os demonstrativos x: ela ekaaro ela "este é carro” ~a particula nl e/ou na Ex: ethokwa piili ni namoroco mmoca "duas peneiras ¢ uma peneirinha” atthu athanu na araru ‘oito pessoas" : Outros casos sertio considerados posteriormente. 2.6, Tom ¢ Acento Enquanto nao se fizerem mais estudos sobre estes assuntos eles nao serao representados na grafia. 2.7, apostrofe apostrofe € usado apenas para: a) distinguir ny que representa a nasal palatal {~n] da sequéncia que resulta da notacao da vogal nasal (elidida em alguns casos) que precede a semi-vogal palatal. Esta sequéncia sera notada n'y Ex: mari "compadre” niyaru (nnyara) “orelha” akin'yule “nao roubei" ‘)) a sequéncia mh sera notada n’h Ex n'hakha “celeiro m’huwo “ceria 468 2.8, Sinais de pontuacao Serdo usados os sinais de pontuagdo existentes na lingua portuguesa para indicar situagées sdénticas. Contudo deverao scr respeitadas as particularidades da lingua, como o caso do uso do ponto de exclamagao para indicar os ideofonos ou particulas interjectivas. Exc olumaté! "morder- te” ‘Kkhwoo! eseeni! “oh, que foi!" 8, TEXTO EXEMPLIFICATIVO NlopwanaOokukhurya Ekhuneeliye ela, okhunla kinadphwanya, Mwakilwa kiraka ekhuneeliye ela okhunula kinaaphwanya, nlopwana ookukhurya. Nlopwana ookukhurya paarowale awe cicammo... enupa yaamayi awe. Waphiyale awe enupa yaamayi awe ele, oktukhurya. Nihuku nenne vale, Vano nne nthuku nie vale, ananna-mwalt ale vale, anooren'ya mwayiini. Wiiriya: "khaanreera okulhurya. Elelo noone, Elelo naavare, aaahn! Phwakustaya etthepe, yaakuseriye mweeri, pwaheliye aya mmwaapuni. Nkhalakoni. Phwalcusiya maasi, yaapokoholelaniye oceecilo, phukusiya khuthomen'ya ‘Ananna-mwali niwaale aya nne kocomwa! kocomwal kocomwa!, yifrale khunul, okhunula, Khwiira waakhuneela pwapwapwaa!. Maasi ale waamwaretla. Vaavale vaamwareelalle aya vale, phwarowale aya phwara!, okhuma. Khwa! Khwa! khwa!, otthyawa. Omuro khurruul. Otuphela. Watuphelale aya omuro n'we, yakhume erowe owaani, Khawaale-tho nno, Peerale aya othererya atthu ene ale, kalakuvyalkallcuvya! kalakuvyal. Othererya atthu ene ale, hata vahilokale aya-tho. Peerale aya waanukhal!! Khwilraka: ‘hata, kinaahuluwa, Ennukha ela eseeni?’ Peerale aya esiko ele cikuu! Nnamoona omuro n'we. Tiiwucu owo, taarl nanna-mwali ookukhurya. Phwaatthyawelale awe omuro okoorapa khwooceelaka, khucikuwaka esiko ele. Encikuwela onnukherya. Texto recolhido na Aldeia Comunal Josina Machel, Otinepa Distrito de Erati, Namapa Provinela de Nampula Por Katupha J.M.M. ‘TRADUGAO Um homem mexeriqueiro "Se eu abro aqui descobrire! o que cd esta” Eram as palavras de um homem que tinha 0 mau habito de mexer em cofsas que nao ihe diziam respeito. Um dia, os pais decidiram pregar-Ihe uma partida, Pegaram em coisas sujas (panos que. se utilizam para limpeza dos drgaos sexuais apés uma c6pula) puseram-nos numa panela com gua e detxaram-nos pendurados {mas mal seguros) a um canto. Logo a chegada, o mexeriqueiro, dirigiu-se a panela € ao mexer nela, a panela partiu-se ¢ 0 molho derramou-se sobre ele deixando-o muito sujo e mal cheiroso. Saiu a correr para 0 rio a fim de se lavar como a sujidade era escorregadia, ele nao consegulu sair do rio e voltar para casa. Ficou com o pescoco torcido ao tentar evitar 0 cheiro do corpo. Esta é a historia da Tartaruga marinha que é mal cheirosa ¢ tem 0 pescoco toreido por causa do habito de vasculhar coisas que nao the diziam respeito. ‘Traduzido Por Pedro J. Afido 47 4, BIBLIOGRAFIA KATUPHA, J.M.M.1983 A Preliminary Description of Sentence Struture in the Esaaka Dialect of Emakhuwa, London, University of London M.Phil. thesis KISSEBERTH, C.et al.1979 Ikorovere Makua Tonology, in Studies in Linguistic Sciences,” Urbana, Minos, 1979-81; 1:9, 31-63; 2:10, 15-44; 3:11, 181-202. MANN, W.M.1976. Zambian Languages Ortography Inctes} MANN, W.M. & DALBY, D.et al.1987 Thesaurus of African Languages: A classified and annotated inventory of the spoken languages of Africa with an appendix on their orthographic representation. MAPLES, C.1879 Collections for a Handbook of the Makua Language. London, SPCK. MATOS, A.V. de ,1974 Dictondrio Portugues-Macua Lisboa, Junta de Investigagéio do Ultramar. MAUGHAM, R.C.F. 1909 Studies in Chi-Makua language, Zanzibar, Univesities' Mission Church Association. MEDEIROS E. 1987 Notas para um Ficheiro Bibliogréfico das linguas eMakhuwa, e-Lomuwe e é-Chuwabo de Mocambique. Departamento de Antropologia ¢ Arqueologia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. MINISTRY OF EDUCATION 1977 Zambian Languages -Orthography Approved by the Ministry of Education Lusaka, Zambia. MOCAMBIQUE, 1983 Os Distritos em ntimeros. (10 vol.).Conselho Coordenador do Recenseamento, Maputo. PRATA, A.P. 1960 Gramatica da lingua Macua e seus Dialectos. Cucujaes, Sociedade Missionaria Portuguesa. PORTER, W.C. 1911 Translations into Makua with Notes, RZEWUSKI, E.1979 State of Research on the Classification of the Bantu Languages of Mozambique. Departamento de Letras Modernas, Universidade Eduardo Mondlane. {unpublished). SACRAMENTO, J.V, do, 1906 Apontamentos Soltos da Lingua Macua. Sociedade de Geographia de Lisboa. ‘THE SHONA LANGUAGE COMMITTEE1955 A Guide to Standard Shona Spelling (Chirairidzo chomunyorero wavepo wechiShona). ? TUCKER, A.N. 1971 Orthographic Systems and Conventions in Sub-Saharan Africa. In Current Trends in Linguistics, Vi: Sub-Saharan Africa, T.Sebeok (ed.). UNESCO 1981 African Languages: Proceedings of the Meeting of Experis in the Transcription and Harmonisation of Languages. Niamey (Niger), 17-21, July, 1978. PADRES MONFORTINOS Apontamentos soltos sobre Emeeito. (cadernos nao publicados). AFIDO, PEDRO 1988. Descricao Preliminar da Estrutura Fonolégica de Esaaka (vartante do Emakhuwa). Em Limani#4, Dep. de Letras Modemnas, Fac. de Letras, UBM. 48 ECHUWABO Nampula Quelimane L_ renos aue 1000 1.000—10.000 10.000—-S0.000 50.000—100.000 Mais que 100.000 49 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA ECHUWABO 1. INTRODUCAO LL, Localizagio A Lingua Echuwabo, P34 (Malcolm Guthrie}, localiza-se na provincia da Zambézia (Maganja da Costa, Quelimane, Namacurra, Mocuba, Mopeia, Morrumbala ¢ Milange) ¢ na provincia de Sofala (Beira). 1.2, Nimero de falantes © naimero de falantes, segundo o censo populacional de 1980, de 664.089 pessoas. 1,3. Estabelecimento da variante de referéncia O Echuwabo tem trés yariantes a saber: a) Echuwabo’ falado na faixa que liga a cidade de Quelimane ¢ o distrito de Mugogoda, cujo raio é de 45 kan, aproximadamente; ‘p) Ekarungu, falado na Ilha de Inhassunge com caracteristicas bam distintas a medida que se vai penetrando para o interior; 2) Mazandie. falado nos distritos de Milange, Mocuba, Morrumbala e Lugela. ‘Avariante de referéncia, nesta proposta, ¢ o Echuwabo falado na cidade de Quelimane, nas Jocalidades de Maquival, Zalala, Madal e Mugogoda. 2, SISTEMA ORTOGRAFICO 2.1.1. Tabela das vogals anteriores central posteriores fechadas i - u semi-fechadas e - of aberta - a 7 ‘As vogais e € © podem comportar-se como vogais semni-abertas, dependendo co ambiente onde aoe etiverem inseridas, Porém, na escrita serao sempre grafadas da mesma maneira. 2.1.2, Nasalizagdo ‘A nasalizagAo, nesta lingua, é rara, pedendo ocorrer em idedfonos, Bx: (baa) "sim"(admiracdo) (TT7T ) "ndo'tnegagao) 2.1.8, Duragao ‘Todas as vogais sofrem um alongamento, geralmente na pentitima silaba, Na escrita, 0 alongamento deve ser marcado dobrando-se a vogal. omuunya {omu: nal "diluir” ‘okoode | oo :de} “negue" (imperative) ailya {al:ya} “roubaram’ omaala [ oma‘la] "calar-s oteela [ote ‘lal "alegrar-se” 50 | 2.2. As Consoantes 2.2.1, Quadro das consoantes Bilab L4b-Dent Int-Dent Alveol P6s-Alve Palat Velar. Glot oc.usivas i surdas Pp : : t tt - koe sonoras b + - a dd - eee aspiradas : : - - th - . AFRICADAS surdas - - a - - © - oe sonoras - Ht 7 j fi = FRICATIVAS - - Fete surdas sonoras - NASAIS m LATERAIS VIBRANTES SEMI-VOGAIS w etait oa e e erin B & & 2.2.2. Consoantes especiais e/ou marginals, A odlusiva aspirada [ th], a nasal velar | n] € a lateral retroflexa [ 1 ] so de rara ocorréncia. Ex: miuthu {mu thu] "pessoa" ongoniga [9 9 9 1 al "ressonar" olrowa | 9 # 9.wa) “imergir” 2.2.3, Semi-vogals As semi-vogais w ¢ y comportam-se como consoantes na estrutura da silaba. Ex: wowo lwowo] "ai" 'yoddadda {j dadaj “algo achado" 2.2.4, Modificacées de consoantes 2.2.4.1, Pré-nasalizacéo ‘As consoantes /b/. /p/. /v/ € as combinacées por elas iniciadas séo pré-nasalizadas com m ¢ as restantes com n. Ex: — opima { spimal “medir" mpimo [mpimo] "medida" nrima [nrima] “inveja’ 2.2.4.2. Aspiracdo Aaspiragao, no Echuwabo, tem um caracter particular. Ocorre apenas com a oclusiva pés- alveolar (thi. Ex: | muthu [mu t nu] “pessoa” muthumwve imu { humiwe] "régulo" 2.2.4.3, Palatalizagio A palatalizag&o marca-se com y. Ex: " omarya [ smarya] "acabar" 2.2.4.4, Labializacio} A labializacao marca-se com w. Ex: ohabwa [> habwal "atravessar” 51 2.3. Quadro do alfabeto do Echuwabo ‘grafoma a Pom x BB nome a be ce de fe he Je ke le me ne ve ye ze fonema fal fol fof May fel Ml iJ ph ht At Pst aw J] fof fol el Al Js/ iy ful wl bef t fol fone {al bl tw la) tel fel 0 lt thy ti {as} rr) a (on ta} (ol ipl i Is} fd ful wl Iw], i (2 52 descricdo e ilustragdo Vogal central aberta kanaredhe [kanare cl "ainda nao passeémos" Oclusiva bilabial sonora bala [bala "gazela” Africada palatal surda macilu {mat J thu] "ratos" Oclusiva aiveolar sonora dima {dima} “tarefa" Vogal anterior semi-fechada nyelele [nelele] "era para" Vogal anterior semi-fechada pevu [pevul "vento" Fricativa labio-dental surda oftya [ofiyal "chegar" Ochusiva velar sonora guluwe [guluwel "porco" Fricativa glotal surda hace [hat fe] "citime” Vogal anterior fechada kobiri [ko biri] "dinheiro" Africada palatal sonora jaleya [d 3 aleja] "ilusionista” ‘Oclusiva velar surda Kawo fkaws] "ndo existe" Lateral alveolar sonora mulomo [muloto] “boca” Nasal bilabial sonora motho {matho} "fogo" Nasal alveolar sonora namarogolo [namar2g2lo) "coelho" Vogal posterior serni-fechada ommudhi [orm j] "familiaridade” Vogal anterior semi-aberta moya [maja] "sogro" Oclusiva bilabial surda paka {paka] "gato" Vibrante alveolar sonora cerugu [erugul "pared" Fricativa alveolar surda saga [saga] "esperto" ‘Oclusiva alveolar surda tadduwa [tad uwal "louco” ‘Vogal posterior fechada omunya { muna) “arregacar” Fricativa labio-dental sonora vatakulu [vatalulul “na casa onde. Semi-vogal bi wowo [wows “ai” Semi-vogal palatal surda yelele jelele} "fervor" Fricativa alveolar sonora zelu [zelu] "sabedoria” jal arredondada Quadro de combinacées de grafemas grafema = nome —fonema fone descrigdo e tlustragtio dh dhe 13 tal Fricativa inter-dental sonora modha {modal "um/uma’ da dde he lal Oclusiva pés-alveolar sonora ddunona iqunona) "ja sei" ir Ire nw ul Lateral sonora retioflexa ‘olrowa [42a] “afundar" tt tte we (tl Oclusiva pés-alveolar surda oltotta (>> [al ‘pingar” th the /th/ (thi Oclusiva pés-alveolar surda aspirada muthu [mu [hu] "pessoa" ny nye pt i Nasal palatal sonora conyonya [ 27. anal “incomodante" ng fige fof In] Nasal velar sonora ongonga [> » anal "Tessonar” 2.4. Tom © tom é contrastivo, tanto a nivel semantico como gramatical. Ex: wala [“] "semear" wala (“] “acanhado" mukudda [- - -] "palha" mukudda [“--]"parente de Nota: O estudo do tom é ainda preliminar, por isso nada se poder determinar sobre a sua marcacao. 2.5. Segmentagao de palavras A segmentagao de palavras carece de um estudo mais aprofundado. Mas, conforme a tradigéo da escrita nesta lingua, nota-se que todos os afixos que entram na conjuga¢ao dos verbos bem como os prefixos nominais 40 escritos conjuntamente e assim continuarao a ser até que se obtenham novos dados. Ex; Anamalaba o Sena Sugari ahisasanya atratore anai. "Os trabalhadores da Sena Sugar, puseram ja a circular quatro tractores’ 2.6, Uso de maifisculas ‘As maitisculas deyem ser usadas: a) no iniciode um pardgrafo ¢ a seguir a um pont ) no inicio de nomes proprios; ¢) nos titulos honorificos; 4) nos nomes dos meses do ano. Ficam omissos outros casos que merecerio um estudo mais aprofundado. 2.7, Sinais de pontuacao De uma forma geral, recomenda-se o uso da seguinte pontuacdo: a) Ponto final {.) para indicar o fim de uma frase; ) Ponto de interrogacao (9) para assinalar uma pergunta; ) Virgula (.) para indicar uma pequena pausa; 4) Ponto virgula () para indicar uma pausa mais prolongada; ©) Dois pontos () para introduzir uma explicagao ou para anunciar o discurso directo, Ficam omissos outros casos que merecerao um estudo mais aprofundado. 53 8, TEXTO EXEMPLIFICATIVO Dhopaddwa Dhokuno Oprovincia Onuvahant dhi Samuel Amisse Dhopadduwa Oluwabo: Anamalaba o Sena Sugari empresegi eli oposto administrativo, ahisasanya atrator anai mwa atrator kumi na mmodha agujuliwe nakodda atimbwi ni mudhudht obule ‘wakoseliwe dhopanga empresegile, yaka ya 1985. Mpaganio wadheliwe io, oktmo wimisore-hu onologa vina iowi, anamalaba abale mudhidhenubu, ahisasanya akaterpiler araru, na akambol elt aba vina agujuliwe nakodda atimbwini. TRADUCAO Noticlario Provincial Luabo: Trabalhadores da Sena Sugar, empresa sediada neste posto Administrative puseram j& a circular quatro dos onze tractores que haviam sido sabotados pelos bandidos armados, aquando do ataque a empresa em 1985. ‘A informacio prestada ao nosso emissor, refere que os trabalhadores recuperaram também até ao momento, trés "catterpilares" que também haviam sido sabotados duas locomotivas a vapor. 4, BIBLIOGRAFIA REICHMUT, MACARIO 1947 Lingua de Quelimane: gramitica, leitura, vocabulério, Quelimane, 0s capuchinhos, FESTI, LODOVICO 1979 Wineliwa kunmala. Quelimane, Missao de Coalane. FESTI, LODOVICO 1987 Njainali mulima. Quelimane, Missao de Coalane. f 1987 Nzwna Mulugu. Quelimane, Diocese de Quel. 1982 Nivurs 2a mukutho Wakristu, O missal Romano em karungu. Quelimane, Missionarios Capuchinhos de Bari, ZENI, LEONE ENRICO 1966 Gramética da Lingua Eewabo, Quelimane, Padres Capuchinhos de Trento, KINDELL, GLORIA ELAINE 1981 Guia de andlise fonologica. Brasilia, ‘SIL. AFIDO, PEDRO 1988 Descripdo preliminar da estrutura fonologica do Esta (variante do Emakhuwa). Maputo, UEM. 1952 Catecismo bilingue. Quelimane, Coalane. y 54 CINYUNGWE Menos que 1000 1,000--10.000 10,000—50.000. '50,000—100.000 55 PROPOSTA DA ORTOGRAFIA DA LINGUA CINYUNGWE 1, INTRODUCAO. 1.1. Localizagéo: O Cinyungwe é falado em todos os distritos da provincia de Tete, embora seja mais concentrado na cidade de Tete e nos distritos de Moatize, Changara, Cahora Bassa e Mardvia, © também falado na provincia de Manica, especialmente no distrito de Guro. O Cinyungwe também é falado no Malawi, Zimbabwe e Zambia, 1.2. Namero de falantes. HA cerca de 262,000 falantes da lingua Cinyungwe em Mocambique, segundo 0 Censo de 1980. 1.3 . Estabelecimento da variante de referéncia Nao ha uma grande variacao dialectal em Cinyungwe. Contudo, a variante falada na cidade de Tete, distritos de Moatize, Changara e Cahora Bassa é tomada como sendo a de referencia, 2, SISTEMA ORTOGRAFICO 2.1, Vogais 2.1.1, Tabela das vogais: © Cinyungwve tem cinco vogais, conforme a seguinte tabela: anteriores central posteriores fechadas i - w semi-fechadas ec - o abertas . a - Nota: (*) - As vogais ¢ ¢ 0 podem ser semi-abertas (como [ € ]¢[ ».}) sem se escreverem de manelra diferente. 2.1.2. Duragio Na pentiltima silaba ocorre um ligeiro alongamento da vogal que, na eserita, ndo sera assinalado. 56 2.2. Consoantes 2.2.1. Quadro das consoantes Labial Alveolar Palatal Velar OCLUSIVAS = ‘surdas Pp t et k sonoras om (ah) - g implosivas. b da 4 ce FRICATIVAS surdas f s x es sonoras v 2 a gn) IMPLOSIVAS (vh) + - st AFRICADAS surdas PLps. ts rt sonoras by,bz az + NASAIS m n ng" LATERAIS e VIBRANTES 1/r - 7 SEMI-VOGAIS w - - ‘Nota: marcaram-se com parénteses as consoantes raras. 2.2.2. Consoantes especias e/ou marginals a) Existem 3 tipos de formas cujos simbolos graficos apresentam J: A fricativa [ 3] que se escreve j Ex gereja “igreja™ ocorre raramente Aafricada [d3 ] que se escreve dj Ex: kudjima "parar por causa de impedimento" A pré-nasalizada [nds] que nj EX: manja "mao" b) Dever-se distingutr 3 tipos de fonemas cujos simbolos gréficos apresentam bt A implosiva [6 ] que se escreve b Ex: baba "pal A oclusiva [b] que se escreve bh Ex: Bhata "casaco" Apré-nasalizada [mb] que se escreve mb Ex: gombe "margem do rio" ¢) O mesmo fenémeno ocorre com d Aimplosiva [¢'] que se escreve d Ex: yadidi "direito, bom’ A oclusiva {4} que se escreve dh Ex: dhinda "carimbal A pré-nasalizada [nd] que se escreve nd Ex: mabondo "joeihos” 4d) O te é usado para representar o [th] Ex.: kutcola "partir um pau" 2.2.3, Semi-vogais As semi vogais, w e y, funcionam na estrutura de uma silaba com o valor de uma consoante. a

Você também pode gostar