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Misbehaving - Richard H. Thaler
Misbehaving - Richard H. Thaler
Thaler
Todos os direitos reservados.
TÍTULO ORIGINAL
Misbehaving
REVISÃO
Taís Monteiro
Victor Almeida
CAPA
Pete Garceau
IMAGEM DE CAPA
iStock/Thinkstock
ADAPTAÇÃO DE CAPA
Antonio Rhoden
REVISÃO DE E-BOOK
Manuela Brandão
GERAÇÃO DE E-BOOK
Intrínseca
E-ISBN
978-85-510-0414-2
1a edição
E para:
Colin Camerer e George Loewenstein, alunos dos primórdios da
economia comportamental.
SUMÁRIO
[Avançar para o início do texto]
Prefácio
I. PRIMÓRDIOS: 1970 – 78
1. Fatores supostamente irrelevantes
2. O efeito posse
3. A Lista
4. Teoria do Valor
5. California Dreamin’ – O sonho da Califórnia
6. A Manopla
INTERLÚDIO
13. Desvios no mundo real
Notas
Bibliografia
Lista de figuras
Agradecimentos
Sobre o autor
Leia também
O alicerce da economia política e, em geral, de toda ciência social é,
evidentemente, a psicologia. Pode chegar o dia em que seremos
capazes de deduzir as leis da ciência social a partir dos princípios da
psicologia.1
— Vilfredo Pareto, 1906
PREFÁCIO
Sinto que nos últimos dias a gente vem contando anedotas e eventos
com a intenção de que sejam lembrados, pelo menos por algum tempo.
Se bem me recordo, existe uma antiga tradição judaica de que história
e sabedoria são transmitidas de uma geração a outra não por meio de
aulas e livros, mas por meio de anedotas, eventos engraçados e piadas
apropriadas.
FATORES SUPOSTAMENTE
IRRELEVANTES
O EFEITO POSSE
Comecei a ter ideias divergentes sobre teoria econômica quando era aluno
de pós-graduação no departamento de economia da Universidade de
Rochester, localizada no interior do estado de Nova York. Embora tivesse
receios em relação a parte do material apresentado nas minhas aulas, não
conseguia afirmar se o problema estava na teoria ou na minha compreensão
falha da matéria. Eu não era nenhum gênio. Naquele artigo de Roger
Lowenstein para a New York Times Magazine, o orientador da minha tese,
Sherwin Rosen, fez a seguinte avaliação da minha carreira como aluno de
pós-graduação: “Não esperávamos muito dele.”
O tópico da minha tese soava provocativo — “O valor de uma vida” —,
mas a abordagem era convencional do início ao fim. Conceitualmente, o
modo apropriado de pensar nessa questão foi captado pelo economista
Thomas Schelling no seu maravilhoso ensaio intitulado “A vida que você
salva pode ser a sua”. Muitas vezes meus interesses se cruzaram com os de
Schelling, um dos primeiros simpatizantes e colaboradores do que agora
chamamos de economia comportamental. Eis uma passagem famosa do seu
ensaio:
Imagine uma menina com seis anos de idade e cabelos castanhos. Ela
precisa de milhares de dólares para uma operação que prolongará sua
vida até o Natal: a agência de correio receberá uma enxurrada de
moedas e trocados para salvá-la. Mas se sair uma reportagem dizendo
que, sem o repasse de impostos, as instalações do hospital de
Massachusetts se deteriorarão e haverá um aumento quase
imperceptível de mortes evitáveis, pouquíssimas pessoas vão deixar
cair uma lágrima ou correr para pegar o talão de cheques.1
Schelling escreve do mesmo jeito que fala: com um sorriso irônico e um
brilho travesso no olhar. Ele quer deixar você um pouco desconfortável.2
Aqui, a história da menina doente é uma forma vívida de captar a principal
contribuição do artigo. O hospital representa o conceito que Schelling
chama de “vida estatística”, em oposição à menina, que representa uma
“vida identificada”. Ocasionalmente nos deparamos no mundo real com
exemplos de vidas identificadas em risco, tais como o emocionante resgate
dos mineiros soterrados. Conforme observa Schelling, raramente
permitimos que qualquer vida identificada seja extinta unicamente pela falta
de dinheiro. Mas é claro que milhares de pessoas “não identificadas”
morrem diariamente por falta de coisas simples como mosquiteiros, vacinas
ou água limpa.
Ao contrário da menina doente, uma típica decisão de política pública em
âmbito doméstico é abstrata. Carece de impacto emocional. Suponha que
estejamos construindo uma nova rodovia e os engenheiros de segurança nos
digam que fazer a faixa divisória central 1 metro mais larga custará
US$42.000.000,00 e evitará 1,4 acidentes fatais por ano durante 30 anos.
Será que devemos fazer? É claro que não sabemos a identidade dessas
vítimas. São “meramente” vidas estatísticas. Mas para decidir a largura da
faixa central precisamos de um valor a ser atribuído a essas vidas
prolongadas, ou, mais nitidamente, “salvas” por essa despesa. Em um
mundo de Econs, a sociedade não pagaria mais para salvar uma vida
identificada do que para salvar 20 vidas estatísticas.
Conforme observou Schelling, a pergunta certa interroga quanto os
usuários dessa rodovia — e talvez seus amigos e familiares — estariam
dispostos a pagar para tornar cada viagem um pouquinho mais segura.
Schelling havia formulado a pergunta correta, mas ainda não tinha
aparecido ninguém com uma forma de respondê-la. Para resolver o
problema, precisa-se de alguma situação na qual as pessoas façam escolhas
que envolvam um trade-off entre dinheiro e risco de morte. Daí é possível
inferir a disposição delas em pagar por segurança. Mas onde observar tais
escolhas?
O economista Richard Zeckhauser, aluno de Schelling, observou que a
roleta-russa oferece um meio de se pensar sobre o problema. Eis aqui uma
adaptação do seu exemplo. Suponha que Aidan seja solicitado a jogar
roleta-russa com uma metralhadora com muitas câmaras, digamos 1.000,
das quais quatro foram escolhidas ao acaso para terem munição. Aidan deve
puxar o gatilho uma vez. (A arma está regulada para tiro único, felizmente.)
Quanto Aidan estaria disposto a pagar para remover uma bala?3 Embora a
formulação da roleta-russa de Zeckhauser apresente o problema de forma
elegante, não nos ajuda a obter nenhum número. Conduzir experimentos
nos quais sujeitos apontam uma arma carregada para a própria cabeça não
constitui um método factível para obtenção de dados.
Enquanto ponderava sobre essas questões, tive uma ideia. Suponha que
eu pudesse obter dados sobre as taxas de mortalidade de diversas
profissões, inclusive ocupações perigosas como mineração, derrubada de
árvores e limpeza de vidraças em arranha-céus, e ocupações mais seguras
como agricultura, vendas e limpeza de janelas em casas baixas. Em um
mundo de Econs, os serviços mais arriscados teriam que pagar mais, caso
contrário ninguém os faria. Na verdade, os adicionais aos serviços mais
perigosos precisariam recompensar os trabalhadores por assumirem os
riscos envolvidos, além dos outros aspectos do trabalho. Assim, se eu
também pudesse obter dados sobre o salário de cada ocupação, poderia
estimar o número sugerido pela análise de Schelling, sem pedir a ninguém
que jogasse roleta-russa. Procurei, mas não consegui encontrar nenhuma
fonte de taxas de mortalidade por ocupação.
Meu pai, Alan, veio em meu auxílio. Ele era atuário, um desses tipos
matemáticos que desenvolvem maneiras de calcular risco para companhias
de seguros. Perguntei-lhe se ele seria capaz de conseguir dados de
mortalidade por ocupação. Logo recebi um exemplar fino, vermelho, de
capa dura, de um livro publicado pela Society of Actuaries que listava
exatamente os dados de que eu precisava. Associando dados de salário por
categoria profissional — os quais são facilmente acessíveis — com as taxas
de mortalidade por ocupação, pude estimar a quantia a oferecer para que as
pessoas aceitem um trabalho com um risco de morte mais alto.
Ter a ideia e obter os dados foi um bom começo, mas fazer o exercício
estatístico corretamente era essencial. Eu precisava achar um orientador no
departamento de economia que pudesse se interessar por minha tese. A
escolha óbvia era o promissor economista do trabalho mencionado antes,
Sherwin Rosen. Nunca tínhamos trabalhado juntos, mas o tema da minha
tese estava relacionado com um trabalho teórico que ele estava fazendo,
então Sherwin concordou em se tornar meu orientador.
Seguimos adiante e publicamos em coautoria um artigo baseado na
minha tese, intitulado, naturalmente, “O valor de salvar uma vida”.4 Versões
atualizadas dos números que estimamos naquela época ainda são usadas em
análises governamentais de custo-benefício. A estimativa corrente é de
aproximadamente US$7.000.000,00 por vida salva.
Enquanto trabalhava na minha tese, achei interessante a ideia de fazer
algumas perguntas hipotéticas às pessoas, como outro modo de elicitar
preferências referentes aos trade-offs entre dinheiro e risco de morte. Para
redigir essas questões, primeiro eu precisava me decidir entre as duas
formas de fazer a pergunta: “disposição a pagar” ou “disposição a receber”.
A primeira indaga quanto você pagaria para reduzir a sua probabilidade de
morrer no próximo ano para, digamos, uma chance de 1 em 1.000.
Considerando essa mesma proporção, a segunda indaga quanto dinheiro
você exigiria para permitir um aumento em seu risco de morte. Como
contexto, tenha em mente que um morador de 50 anos nos Estados Unidos
enfrenta um risco de morte anual de aproximadamente 4 em 1.000.
Eis uma questão típica que apresentei no ambiente da sala de aula. Os
alunos responderam a ambas as versões da questão.
A LISTA
Essa discrepância entre preços de compra e venda fez a minha mente vagar.
Que outras atitudes comuns são inconsistentes com o modelo de escolha
racional dos economistas? Após começar a prestar atenção, brotaram tantos
exemplos que comecei a fazer uma lista no quadro-negro do meu escritório.
Eis uns poucos que descrevem o comportamento de alguns dos meus
amigos:
TEORIA DO VALOR
Um gráfico impressionante
A outra ideia-chave para mim foi uma figura retratando a “função valor”.
Esta também era uma grande mudança conceitual no pensamento econômico
e o verdadeiro motor da nova teoria. Desde Bernoulli, os modelos
econômicos se baseavam na simples premissa de que as pessoas têm
“utilidade marginal decrescente da riqueza”, conforme ilustrado na Figura 2.
Este modelo da utilidade da riqueza capta corretamente o básico sobre a
psicologia da riqueza. Porém, para criar um modelo descritivo, Kahneman e
Tversky perceberam que era necessário mudar nosso foco dos estados de
riqueza para mudanças na riqueza. Isto pode soar como uma artimanha sutil,
mas a troca do foco para mudanças em oposição a estados é uma jogada
radical. Uma imagem da função valor baseada no conceito deles é mostrada
adiante, na Figura 3.
Kahneman e Tversky se concentram nas mudanças porque elas são o
modo como os Humanos experienciam. Suponha que você esteja em um
prédio comercial cujo sistema de ventilação em bom funcionamento
mantenha o ambiente no estado que consideramos como temperatura
ambiente. Agora você sai do escritório para participar de uma reunião em
uma sala. Quando você entrar na sala, como reagirá à temperatura? Se for a
mesma do seu escritório e do corredor, você nem pensará no assunto. Só
notará se a sala estiver especialmente quente ou fria em relação ao resto do
prédio. Quando estamos adaptados ao ambiente, tendemos a ignorá-lo.
O mesmo vale para assuntos financeiros. Considere Jane, que ganha
US$80.000,00 por ano. No fim do ano, ela recebe um inesperado bônus de
US$5.000,00. Como ela assimila esse fato? Será que ela calcula o impacto
dessa mudança de riqueza em toda sua vida, que é praticamente
imperceptível? Não, mais provavelmente ela pensa: “Uau, US$5.000,00 a
mais!” As pessoas pensam na vida em termos de mudanças, não de estados
de riqueza. Podem ser mudanças no status quo ou mudanças em relação ao
que era esperado; seja qual for a forma que assumam, são mudanças que nos
tornam felizes ou tristes. Essa era uma grande ideia.
A figura no artigo capturou tanto a minha imaginação que desenhei uma
versão dela no quadro-negro bem ao lado da Lista. Dê outra olhada na
imagem agora. Captada nessa curva em forma de S, há uma quantidade
enorme de sabedoria acerca da natureza humana. O quadrante superior
direito, para ganhos, tem o mesmo formato que a função usual de utilidade
da riqueza, capturando a ideia de sensibilidade decrescente. Mas note que a
função no domínio das perdas também captura essa sensibilidade. A
diferença entre perder US$10,00 ou perder US$20,00 provoca uma sensação
muito maior do que a diferença entre perder US$1.300,00 ou US$1.310,00.
Esse ponto difere do modelo-padrão porque, a partir de determinado estado
de riqueza mostrado na Figura 3, as perdas são capturadas descendo pela
linha de utilidade da riqueza, evidenciando que cada perda se torna cada vez
mais dolorosa. (Se você se preocupa cada vez menos com aumentos na
riqueza, infere-se então que se preocupa mais e mais com diminuições na
riqueza.)
O fato de vivenciarmos uma diminuição de sensibilidade em alterações de
status quo captura outro traço humano básico — um dos primeiros achados
em psicologia —, conhecido como Lei de Weber-Fechner. A Lei de Weber-
Fechner sustenta que a diferença infimamente perceptível em qualquer
variável é proporcional à magnitude dessa variável. Não noto se ganho 1
quilo, mas a diferença entre 2 ou 3 quilos é óbvia se o caso se refere à
compra de verduras frescas. Os psicólogos se referem à diferença apenas
perceptível como JND (just noticeable difference, na expressão em inglês).
Se quiser impressionar um acadêmico da psicologia, adicione esse termo aos
seus gracejos em um coquetel. (“Eu peguei o sistema de som mais caro no
carro novo que acabei de comprar porque o aumento de preço não era uma
JND.”)
Você pode testar a sua compreensão do conceito por trás da Lei de Weber-
Fechner com o seguinte exemplo extraído do duradouro programa de rádio
da NPR chamado Car Talk. O programa consistia em dois irmãos, Tom e
Ray Magliozzi — ambos graduados do MIT — atendendo a telefonemas dos
ouvintes com perguntas sobre carros. Por incrível que pareça, era muito
engraçado, especialmente para os dois. Eles riam sem parar das próprias
piadas.7
Em um episódio, um ouvinte levou a seguinte questão: “Os meus dois
faróis dianteiros apagaram ao mesmo tempo. Levei o carro para a
concessionária, mas o mecânico disse que eu só precisava de duas lâmpadas
novas. Como pode ser? Não é coincidência demais que ambas as lâmpadas
tenham queimado ao mesmo tempo?”
Tom respondeu à pergunta num piscar de olhos: “Ah, a famosa Lei de
Weber-Fechner!” Acontece que Tom tinha um doutorado em psicologia e
marketing sob a orientação de Max Bazerman, um proeminente acadêmico
no campo de pesquisa sobre julgamento e tomada de decisão. Então, como a
pergunta do ouvinte se relaciona com a Lei de Weber-Fechner, e como esse
insight ajudou Tom a resolver o problema?
A resposta é que as duas lâmpadas não queimaram ao mesmo tempo. É
fácil dirigir só com uma lâmpada queimada sem sequer perceber,
especialmente se você está em uma cidade bem-iluminada. Passar de duas
lâmpadas acesas para uma nem sempre é uma diferença perceptível. Mas
passar de uma para nenhuma decididamente é perceptível. Esse fenômeno
explica o comportamento dos exemplos na Lista: estar mais disposto a viajar
10 minutos para economizar US$10,00 em um radiorrelógio de US$45,00 do
que em uma televisão de US$495,00. Para esta última compra, a economia
não seria uma JND.
O fato de existir sensibilidade decrescente tanto a ganhos quanto a perdas
tem outra implicação. As pessoas terão aversão ao risco na procura por
ganhos, mas buscarão o risco para perdas, conforme é ilustrado pelo
experimento relatado abaixo, que foi administrado a dois grupos diferentes.
(Note que o enunciado inicial nas duas questões difere de uma maneira que
torna os dois problemas idênticos se os sujeitos estiverem tomando decisões
baseados em estados de riqueza, como se considerava tradicionalmente.) A
porcentagem de sujeitos escolhendo cada opção é mostrada entre colchetes.
PROBLEMA 1. Presuma que você hoje fique mais rico em US$300,00. É dada a
você uma escolha entre:
A. Um ganho seguro de US$100,00; ou [72%]
B. Uma chance de 50% de ganhar US$200,00 e uma chance de 50% de
perder 0. [28%]
PROBLEMA 2. Presuma que você hoje fique mais rico em US$500,00. É dada a
você uma escolha entre:
A. Uma perda segura de US$100,00; ou [36%]
B. Uma chance de 50% de perder US$200,00 e uma chance de 50% de
perder 0. [64%]
CALIFORNIA DREAMIN’
O SONHO DA CALIFÓRNIA
––––––––
Em algum momento durante o meu ano em Stanford, decidi que ia
“mergulhar” nessa nova aventura. A Universidade de Rochester não era um
local ideal, dadas as propensões intelectuais do corpo docente, que estavam
profundamente casadas com a metodologia econômica tradicional, então
procurei outro lugar.8
Quando você é entrevistado para um cargo acadêmico, apresenta um
artigo em um workshop para o corpo docente, e essa apresentação, junto
com os artigos que já escreveu, determina se você vai conseguir o emprego.
O meu artigo “Valor de uma vida” com Rosen já era bastante conhecido, e
eu poderia ter tomado o caminho mais seguro e apresentado algum trabalho
adicional sobre esse tema, mas eu queria um ambiente que tolerasse um
pouco de heresia, então apresentei um artigo sobre a economia de
autocontrole, castanhas-de-caju e tudo mais. Qualquer lugar que me
contratasse depois de ouvir a palestra sobre o artigo tinha a probabilidade
de ser pelo menos moderadamente aberto ao que viria a seguir. Felizmente,
chegaram ofertas de Cornell e Duke, e eu optei por Cornell. A minha nova
mudança estaria a 140 quilômetros de distância de Rochester.
6
A MANOPLA
Incentivos
Economistas botam muita fé em incentivos. O argumento diz que, se a
bolada aumenta, as pessoas terão maior incentivo para pensar mais, pedir
ajuda ou fazer o que for necessário para resolver o problema do jeito certo.
Era típico dos experimentos de Kahneman e Tversky serem feitos com nada
em jogo; para os economistas, isso indicava que podiam ser tranquilamente
ignorados. E quando incentivos reais eram introduzidos em um contexto de
laboratório, eram somas pequenas, apenas alguns dólares. Seguramente,
dizia-se com frequência, se os incentivos aumentassem, as pessoas fariam
as coisas do jeito certo. Essa afirmação, sem qualquer sustentação em
evidências, era tomada por verdadeira, apesar do fato de que nada na teoria
ou na prática econômica indicasse um escopo exclusivo a problemas de
larga escala. A teoria econômica deveria funcionar bem tanto na compra de
pipoca quanto na de automóveis.
Dois economistas da Caltech forneceram certa evidência inicial contra
essa linha de ataque: David Grether e Charlie Plott, um dos meus tutores de
economia experimental. Grether e Plott tinham deparado com uma pesquisa
conduzida por dois dos meus mentores em psicologia, Sarah Lichtenstein e
Paul Slovic. Lichtenstein e Slovic haviam descoberto “reversões de
preferência”,5 um fenômeno que se revelava desconcertante para os
economistas. Em poucas palavras, sujeitos eram induzidos a dizer que
preferiam a opção A em vez da opção B... e também que preferiam B em
vez de A.
Esse achado comprometia um dos fundamentos teóricos essenciais de
qualquer teoria econômica formal, o qual postulava que as pessoas têm
“preferências bem definidas”, ou seja, que nós sabemos com coerência do
que gostamos. Economistas não se importam se você gosta mais de um
colchão firme do que de um macio ou vice-versa, mas não podem tolerar
que você diga que gosta mais de um colchão firme do que de um macio e de
um macio mais do que de um firme. Isso, não pode. Os livros teóricos de
economia parariam na primeira página se essa premissa de preferências
bem ordenadas tivesse de ser abandonada porque, sem preferências
estáveis, não há nada para ser otimizado.
Lichtenstein e Slovic incitaram reversões de preferência quando
presentearam os sujeitos com um par de jogos de aposta: um relativamente
seguro, algo como 97% de chance de ganhar US$10,00, e outro mais
arriscado, algo como 37% de chance de ganhar US$30,00. Chamaram o
jogo quase certo de aposta “p”, significando alta probabilidade, e o jogo
mais arriscado de aposta “$”, já que oferecia uma chance de ganhar mais
dinheiro. Primeiro perguntaram às pessoas que jogo preferiam. A maioria
optou por p, uma vez que lhes agradava uma chance quase certa de ganhar.
Para esses sujeitos, isto significava que preferiam p a $. Então perguntaram
a esses sujeitos que preferiam p: “Suponha que você seja dono de uma
aposta p. Qual é o preço mais baixo que você pediria para estar disposto a
vendê-la?” E também lhes fizeram a mesma pergunta em relação à aposta $.
Estranhamente, a maioria desses sujeitos exigia mais para desistir de $ do
que para desistir de p, indicando que gostavam mais da aposta $. Mas isso
significa que preferiam a aposta p à aposta $, e a aposta $ à aposta p.
Blasfêmia!
Grether e Plott queriam saber o que estava provocando esses resultados
estranhos, e sua hipótese mais importante era a dos incentivos.6 Se as
apostas fossem reais, conjecturaram eles, esse absurdo deixaria de existir.
Então usaram dinheiro de verdade nos experimentos e, para sua grande
surpresa, a frequência e a seriedade das reversões de preferência na
realidade aumentaram. Aumentar o valor da aposta só intensificou os
resultados.7
Isso não pôs fim à objeção dos incentivos. Mas pelo menos era possível
citar a existência de um artigo que questionava a alegação de que dinheiro
resolveria todos os problemas que os economistas tinham com pesquisa
comportamental. Como veremos, esse tem sido um tema bem recorrente no
debate sobre a validade de evidência experimental.
Aprendizagem
O estilo de experimentos que Kahneman e Tversky conduziam era muitas
vezes criticado como um jogo de “rodada única”. No “mundo real”,
argumentavam os economistas, as pessoas têm oportunidade de aprender. A
ideia é bastante razoável. Não começamos a vida como bons motoristas,
mas a maioria de nós aprende a dirigir sem contratempos frequentes. O fato
de um psicólogo inteligente poder conceber uma pergunta capaz de levar as
pessoas no laboratório a cometer um erro não implica necessariamente que
o mesmo erro seria cometido no “mundo real”. (Laboratórios são
considerados como mundos irreais.) Lá fora, as pessoas têm muito tempo
para exercícios de tomada de decisão, de modo que não vão cometer os
erros que vemos no laboratório.
O problema com a história da aprendizagem é que ela pressupõe que
vivemos em um mundo como o de Bill Murray no filme O feitiço do tempo.
Toda vez que o personagem de Bill Murray acorda, revive o mesmo dia, de
novo e de novo. Ele só descobre o que estava acontecendo porque foi capaz
de aprender, modificando uma coisa de cada vez para ver o que aconteceria.
Felizmente, a vida real não é tão controlada assim. Mas, como resultado, a
aprendizagem pode ser difícil.
Psicólogos nos dizem que, para aprender por meio da experiência, são
necessários dois ingredientes: prática frequente e feedback imediato.
Quando essas condições estão presentes, tal como ocorre quando
aprendemos a andar de bicicleta ou dirigir um carro, nós aprendemos,
possivelmente com alguns contratempos ao longo do caminho. Mas muitos
dos problemas da vida não oferecem essas oportunidades, o que levanta um
ponto interessante. Os argumentos de aprendizagem e incentivo são, em
certa medida, contraditórios. Isto me ocorreu pela primeira vez durante um
debate público que tive com Ken Binmore, especialista britânico em teoria
dos jogos.
Em uma conferência organizada para estudantes de pós-graduação,
Binmore e eu ministrávamos uma palestra por dia cada um. Eu apresentava
novas descobertas de economia comportamental e, embora o trabalho de
Binmore não estivesse relacionado com o meu, ele aproveitava a
oportunidade no começo de cada uma de suas palestras para responder a
uma que eu dera na véspera. Depois da minha primeira palestra, Binmore
forneceu uma versão da crítica do “valor baixo”. Ele disse que, se estivesse
dirigindo um supermercado, gostaria de consultar minha pesquisa, porque,
para compras baratas, as coisas que eu estudava podiam possivelmente ter
importância. Mas se estivesse dirigindo uma concessionária de automóveis,
minha pesquisa seria de pouca relevância. Com valores mais altos, as
pessoas faziam a coisa certa.
No dia seguinte, apresentei o que agora chamo de “continuum de
Binmore” em homenagem a ele. Escrevi da esquerda para a direita no
quadro-negro uma lista de produtos que variavam com base na frequência
da compra. Do lado esquerdo, comecei com almoço na cafeteria (diário),
depois leite e pão (duas vezes por semana) e assim por diante até chegar a
roupas, carros e casas, escolhas de carreira e cônjuges (não mais do que
dois ou três para a maioria de nós). Note a tendência. Fazemos coisas
pequenas com frequência suficiente para aprender o jeito certo, mas quando
se trata de escolher uma casa, uma hipoteca ou um emprego, não
conseguimos muita prática ou oportunidades para aprender. E quando se
trata de poupar para a aposentadoria, nós só o fazemos exatamente uma vez,
salvo em outras encarnações. Binmore, na verdade, começou pelo lado
errado. Como a aprendizagem exige prática, temos mais probabilidade de
fazer a coisa certa com pequenos valores do que com grandes valores. Isso
significa que os críticos precisam decidir qual dos argumentos querem
aplicar. Se aprendizagem é crucial, então, à medida que os valores
aumentam, a qualidade da tomada de decisão provavelmente irá cair.
––––––––
PECHINCHAS E ENGANAÇÕES
CUSTOS AFUNDADOS
Quando certa quantia é gasta e o dinheiro não pode ser recuperado, diz-se
em economia que o dinheiro “afundou”, foi embora. Expressões como “não
chorar sobre o leite derramado” e “deixar o passado para trás” são outras
maneiras de expressar o conselho dos economistas para ignorar custos
impossíveis de serem recuperados. Mas é um conselho difícil de ser
seguido, como ilustram alguns exemplos contidos na Lista, como ir de carro
ao jogo de basquete em plena nevasca ou a história de Vince e seu cotovelo
de tenista.
Para deixar as coisas claras, vamos estipular que, se um amigo
convidasse Vince para jogar tênis (de graça) em outro clube, Vince
recusaria por causa do seu cotovelo dolorido. Em jargão de economia, a
utilidade de jogar tênis é negativa. Mas, por ter pago US$1.000,00, ele
continua a jogar, piorando seu estado cada vez que joga. Por que ele haveria
de fazer uma coisa dessas? Esta é a pergunta que eu queria responder.
Ao longo dos anos, colecionei dezenas de exemplos de pessoas
preocupadas com custos afundados. Um deles envolvia uma amiga, Joyce,
que vivia brigando com sua filha de seis anos, Cindy, sobre o que ela devia
vestir para ir à escola. Cindy resolvera que não queria mais usar vestido, só
calças ou shorts. Joyce insistia que Cindy tinha que usar os três vestidos que
ela havia comprado para o início do primeiro ano. Muitos dias começavam
com berros de “Eu comprei esses vestidos, e você vai usá-los!”, com Cindy
retrucando que não iria à escola se tivesse que usar vestido. É bem provável
que Joyce perguntasse, inutilmente, se Cindy achava que dinheiro crescia
em árvores.
Fui trazido como mediador e expliquei a lógica econômica para Joyce. O
dinheiro pago pelos vestidos já se fora, e usá-los não o traria de volta.
Enquanto vestir calças ou shorts não exigisse uma nova compra de roupas,
insistir que Cindy usasse os vestidos não ajudaria em nada sua situação
financeira. Joyce ficou encantada ao ouvir essa informação. Ela detestava
brigar com a filha, mas genuinamente se sentia culpada por “desperdiçar” a
compra desses três vestidos. Escutar um economista lhe dizendo que
ignorar custos afundados é perfeitamente racional, até mesmo necessário,
era tudo de que ela precisava. Maya Bar-Hillel começou a dizer que eu era
o único economista clínico do mundo. (Depois do episódio da colcha, ela se
tornou minha primeira cliente.)
Posso ou não ter merecido o título, mas dificilmente era o único
economista a reconhecer que Humanos têm dificuldade com esse conceito.
Na verdade, o erro é tão comum que tem um nome oficial, falácia de custo
afundado, e a falácia é frequentemente mencionada em livros de economia
básica. Porém muita gente pode achar difícil seguir na prática o conselho de
ignorar custos afundados, mesmo entendendo o conceito.
Dirigir debaixo de neve para ir ao jogo de basquete e jogar tênis sentindo
dor são erros que nenhum Econ cometeria. Apropriadamente, eles tratam
custos afundados como irrelevantes. Mas, para os Humanos, custos
afundados perduram e se tornam outro FSI, e não só para coisas como
jantares e shows. Muita gente acredita que os Estados Unidos continuaram
a sua fútil guerra no Vietnã porque investiram demais para abandoná-la.
Barry Staw, um professor de comportamento organizacional, escreveu um
artigo sobre o que chamou de “escalada do comprometimento” e o intitulou
de “Afundado até os joelhos no grande lamaçal”,1 em referência a uma
canção antiguerra do cantor folk Pete Seeger.2 Na opinião de Staw, cada
milhar de vidas perdidas e cada bilhão de dólares gastos dificultavam cada
vez mais declarar derrota e seguir adiante. Alguns fatores supostamente
irrelevantes podem ter bastante importância.
Por que custos afundados importam? E porque as pessoas poderiam
pensar que prosseguir em certo curso de ação — ir ao jogo ou show, ou
continuar uma guerra inútil — vale a pena? Como vimos no capítulo
anterior, quando você faz uma compra a uma quantia que não gera nenhuma
utilidade de transação (ou desutilidade), não sente o preço da compra como
perda. Você pagou algum dinheiro e, quando consumir o produto, terá o
prazer da utilidade de aquisição e a contabilidade estará em ordem; o seu
custo inicial fica zerado pelo seu ganho posterior. Mas o que acontece
quando você compra um ingresso e não vai ao evento?
Pagar US$100,00 pelo ingresso de um show ao qual você não vai
transmite a sensação de perder US$100,00. Para continuar a analogia da
contabilidade financeira, quando você compra o ingresso e então deixa de
usá-lo, você precisa “reconhecer a perda” no livro-caixa mental que está
mantendo. Ir ao evento lhe permite ajustar essa contabilidade sem assumir
uma perda.
Da mesma maneira, quanto mais você usa uma coisa pela qual pagou,
melhor se sente em relação à transação. Eis aqui um experimento mental.
Você compra um par de sapatos, talvez porque estivesse em oferta. Ainda
que fossem caros, você não podia deixar passar essa utilidade de transação.
Um dia você calça os sapatos orgulhosamente para ir trabalhar e, na hora do
almoço, seus pés estão machucados. Depois que seus pés ficam curados,
você experimenta os sapatos outra vez, só para uma saída à noite, mas os
pés voltam a doer. Duas perguntas: admitindo que os sapatos nunca se
tornem confortáveis, quantas vezes mais você tentará calçá-los antes de
desistir? E, depois que parou de usá-los, quanto tempo ficarão no fundo do
seu armário antes de você jogá-los fora ou doá-los para alguma instituição
de caridade? Se você é como a maioria das pessoas, as respostas dependem
de quanto você pagou pelos sapatos. Quanto mais você pagou, mais dor
suportará até parar de usá-los e mais tempo eles ocuparão espaço no seu
armário.
O mesmo comportamento ocorre com academias de ginástica. Se você
paga a mensalidade da academia e não frequenta, terá que declarar a
compra como uma perda. Na verdade, algumas pessoas se matriculam como
forma de estímulo contra os problemas de autocontrole referentes a
exercícios. Se eu quero ir à academia e vou me sentir mal por jogar fora o
dinheiro da mensalidade,3 então a mensalidade pode me ajudar a superar a
minha inércia de duas maneiras: o valor desembolsado fica me
atormentando, e não há nenhum desembolso monetário imediato quando eu
de fato vou. Os professores de marketing John Gourville e Dilip Soman
conduziram um estudo inteligente em uma academia para demonstrar esse
ponto. O estabelecimento deles cobra por semestre. Gourville e Soman
descobriram que a frequência na academia dá um salto no mês em que a
conta chega, depois vai diminuindo até a chegada da próxima. Eles
chamaram esse fenômeno de “depreciação do pagamento”,4 que expressa o
desgaste que o efeito de custos afundados sofre com o tempo.
Um resultado similar foi encontrado pelo psicólogo Hal Arkes, agora na
Universidade Estadual de Ohio, que conduziu um belo experimento com
Catherine Blumer, sua aluna de pós-graduação. Estudantes que estavam na
fila para comprar ingressos para os eventos de uma companhia teatral do
campus foram escolhidos aleatoriamente para receber um desconto pequeno
ou grande no preço do ingresso. Uma característica importante no desenho
desse experimento é que os clientes já haviam assumido que pagariam o
preço cheio antes de receber o desconto, portanto os pesquisadores puderam
presumir que os sujeitos que pagassem com desconto valorizariam o
produto tanto quanto aqueles que pagaram o preço total. Arkes e Blumer
descobriram que custos afundados tinham importância, sim, mas apenas por
um semestre. Aqueles que pagaram preço inteiro foram a mais eventos no
semestre do outono-inverno, mas a frequência na primavera-verão foi a
mesma nos três grupos; aparentemente os estudantes haviam ido o
suficiente a peças para sentir que o dinheiro gasto valera a pena, ou então
haviam esquecido totalmente a compra original. Conclui-se assim que
custos afundados importam, pelo menos por algum tempo, mas podem
eventualmente ser esquecidos.5
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BALDES E ORÇAMENTOS
Com aquelas entrevistas que usei para adquirir conhecimento sobre como as
famílias administram suas finanças, aprendemos que muitos lares,
especialmente aqueles com orçamento apertado, usavam regras explícitas
em seus orçamentos. Para famílias que lidavam basicamente com dinheiro
vivo (cartões de crédito estavam começando a entrar em uso na época, no
final dos anos 1970), era muito frequente o uso de alguma versão do
sistema de envelopes. Um envelope (ou pote) para o aluguel, outro para
comida, outro para serviços, e assim por diante. Em muitos casos, o método
usado era o que tinham aprendido com os pais.
Organizações fazem algo semelhante. Departamentos têm orçamentos, e
há limites para categorias específicas dentro desses orçamentos. A
existência de orçamentos pode violar o primeiro princípio da economia: o
dinheiro é fungível, ou seja, ele não tem rótulos restringindo as opções de
seu gasto. Como a maioria dos princípios econômicos, este se apoia em
uma lógica concreta. Se a conta de luz veio baixa por causa de um inverno
brando, o dinheiro que sobrou será muito bem gasto na compra de sapatos
para crianças.
Orçamentos existem por razões sensatas e compreensíveis. Em uma
organização, o chefe não quer ter que aprovar cada despesa feita, e
orçamentos servem como uma forma direta de manter os custos sob
controle ao mesmo tempo que dão aos empregados licença para gastar
como julgarem apropriado. Ainda assim, regras de orçamento podem levar
a resultados simplórios. Qualquer um que tenha trabalhado em uma grande
organização já deparou com o problema de falta de dinheiro em um
orçamento específico para cuidar de alguma necessidade urgente, e não há
meio de recorrer ao dinheiro que está ocioso em outro orçamento. O
dinheiro deveria ser gasto da maneira que melhor servisse aos interesses da
organização ou do lar; se esses interesses mudam, devemos ignorar os
rótulos que foram atribuídos aos vários potes de dinheiro. Mas não fazemos
isso. Rótulos são FSIs.
Indivíduos e famílias estabelecem suas próprias regras, é claro, mas usam
orçamentos mais ou menos da mesma maneira. O quão manifestas são as
regras de orçamento depende muitas vezes da folga no orçamento. Um
estudo feito pelos psicólogos Chip Heath e Jack Soll descobriu que a
maioria dos estudantes de MBA tinham orçamentos semanais para comida e
diversão1e orçamentos mensais para roupas. Uma vez graduados e
começando a ganhar mais, as regras provavelmente ficaram menos
específicas.
Mas enquanto estavam na pós-graduação, os orçamentos e as resultantes
violações de fungibilidade influenciavam seu comportamento. Por exemplo,
Heath e Soll perguntaram a dois grupos de sujeitos se estariam dispostos a
comprar um ingresso para uma peça no fim de semana. A um dos grupos foi
dito que haviam gastado US$50,00 mais cedo naquela semana indo a um
jogo de basquete (mesmo orçamento); ao outro grupo, disseram que tinham
levado uma multa de US$50,00 por estacionamento em local proibido
(outro orçamento) na mesma semana. Aqueles que já tinham ido ao jogo
tiveram uma propensão bem menor de ir ao teatro, presumivelmente porque
seu orçamento de diversão para a semana já fora gasto.
Um estudo dos economistas Justine Hastings e Jesse Shapiro oferece uma
rigorosa demonstração dos efeitos do orçamento mental.2 A questão
investigada por Hastings e Shapiro é o que acontece com a escolha de
gasolina — comum ou premium — quando o preço do combustível muda.
Nos Estados Unidos, a gasolina é tipicamente vendida em três graus
diferentes, baseados na octanagem: comum, intermediária e premium.
Embora permaneça a necessidade de uma gasolina diferente da comum para
carros, um grau mais alto é recomendado para alguns modelos, e alguns
consumidores usam grau mais alto por outros motivos, tais como a crença
provavelmente equivocada de que é melhor para o motor. Os autores
estudaram o que aconteceu com as vendas da gasolina premium quando o
preço caiu aproximadamente 50% em 2008, de um máximo de cerca de
US$4,00 o galão (cerca de US$1,00 o litro) para um mínimo de US$2,00 o
galão (US$0,50 o litro, aproximadamente). Hastings e Shapiro puderam
estudar o fato porque tinham dados de uma rede de mercearias que também
vendia gasolina.
Vamos pensar primeiro no que um Econ faria nessa situação. Suponha
uma família gastando US$80,00 por semana em gasolina quando o preço da
gasolina comum é US$4,00. Seis meses depois, o preço caiu para US$2,00
e a despesa da casa em gasolina caiu para US$40,00 por semana. Um Econ
pensaria do seguinte modo: primeiro, a gasolina está mais barata, então
deveríamos fazer mais viagens de carro. Segundo, ganhamos o equivalente
a US$40,00 por semana nas despesas da casa, então podemos gastar isso em
qualquer outra coisa, desde mais noitadas até cerveja de melhor qualidade.
Os US$40,00 de renda extra seriam gastos de maneira a maximizar a
utilidade. Parte desse dinheiro poderia ser gasta em uma gasolina melhor,
mas só em quantidade minúscula. Em média, se a receita de uma família
aumenta US$1.000,00 em um ano, sua propensão de comprar gasolina
diferente da comum aumenta em apenas 0,1%. Então a família de Econs
decide agradar o carro com um tanque de gasolina média por ano e gastar
em coisas mais valiosas o resto do dinheiro caído do céu.
Suponha, em vez disso, uma família de Humanos com orçamento para
gasolina, possivelmente com o dinheiro guardado em um pote na cozinha.
Como a família de Econs, ela gastará parte desse dinheiro fazendo mais
viagens de carro, mas também pode pensar: “Ei, a gasolina está tão barata
agora que eu poderia muito bem comprar a melhor.” E foi exatamente isso
que Hastings e Shapiro descobriram. A mudança para graus mais altos de
octanagem na gasolina foi 14 vezes maior do que seria de esperar em um
mundo onde o dinheiro é tratado como fungível. Para respaldar ainda mais a
interpretação dos resultados via contabilidade mental, os autores
descobriram que não houve tendência de as famílias fazerem uma melhora
na qualidade de dois outros itens vendidos nas mercearias, leite e suco de
laranja. Isso não é surpresa, já que o período em questão esteve exatamente
no começo da crise financeira de 2007, o acontecimento responsável por
deflagrar a queda nos preços da gasolina. Nesses tempos de medo, a
maioria das famílias estava tentando cortar o máximo possível de gastos. A
única exceção a essa tendência foi esbanjar em gasolina de mais qualidade.
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NA MESA DE PÔQUER
FORÇA DE VONTADE?
NÃO É PROBLEMA
New Yorker, 29 de março de 1976. © The Saul Steinberg Foundation / Artists Rights Society (ARS), Nova York. Capa reimpressa com
permissão da revista The New Yorker. Todos os direitos reservados.
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A PLANEJADORA E O FAZEDOR
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Greek Peak
Em Cornell conheci um aluno, David Cobb, que me incentivou a conhecer
seu irmão, Michael. Morador da área e ávido esquiador, Michael estava
determinado a fazer carreira no negócio de esqui e conseguira um emprego
como diretor de marketing em Greek Peak, um empreendimento familiar
perto de Ithaca. Na época, o resort estava em sérias dificuldades financeiras.
Alguns invernos com um volume de neve inferior ao usual aliados a um
período econômico difícil haviam criado uma situação em que a empresa
foi obrigada a pedir pesados empréstimos para atravessar a baixa
temporada, e isso numa época em que as taxas de juros estavam altas,
mesmo para empresas com baixo risco de crédito, o que não era o caso de
Greek Peak. O resort simplesmente tinha que aumentar a renda e reduzir as
dívidas, ou iria à falência. Michael precisava de ajuda e sugeriu uma
permuta. Ele daria a mim e meus filhos bilhetes para o teleférico e
arranjaria equipamento de esqui para meus filhos. Em troca, eu tentaria
ajudá-lo a tirar seu negócio do vermelho.
Logo ficou evidente que Greek Peak teria que aumentar os preços se
quisessem passar a ter lucro. Mas qualquer aumento grande o suficiente
para gerar lucro deixaria seus preços quase iguais aos de estações de esqui
famosas em Vermont ou New Hampshire. Os custos operacionais por
esquiador não eram muito diferentes dos praticados naqueles resorts
maiores, mas Greek Peak tinha apenas cinco teleféricos e um terreno menos
esquiável. Como poderíamos justificar a cobrança de um preço semelhante
ao das estações de esqui maiores e fazê-lo sem uma redução significativa no
número de visitantes? E como poderíamos reter o mercado local, tão
sensível aos preços, que incluía estudantes de Cornell e outras faculdades
próximas?
Em termos de contabilidade mental, os preços das passagens de teleférico
das famosas estações de esqui de Vermont seriam um ponto de referência
saliente para os clientes de Greek Peak, e eles esperavam pagar
significativamente menos, já que o produto era distintamente inferior. O que
Greek Peak tinha a seu favor era a proximidade. Era o lugar mais bacana
para esquiar na região central do estado de Nova York, e chegar a Vermont
exigia uma viagem de carro de cinco horas. Greek Peak também era a
opção mais próxima para pessoas morando no sul, inclusive Scranton,
Filadélfia e até mesmo Washington, D.C. Ônibus lotados de esquiadores
chegavam dessas cidades todo fim de semana.
Pressionei Michael a rever o modelo de receita de Greek Peak, fazendo
uso da economia comportamental. O primeiro problema a ser resolvido era
encontrar um jeito de aumentar o preço dos bilhetes sem perder fregueses.
Adotamos um plano de subir gradualmente o preço ao longo de um período
de anos, evitando assim um salto repentino que pudesse criar uma reação
adversa. Para justificar parcialmente os preços mais altos, tentamos
melhorar a experiência do esquiador, assim a compra não pareceria uma
extorsão.1 Lembro-me de uma das primeiras ideias que tive nessa linha.
Havia uma pequena pista de competição ao lado de uma das trilhas de
descida, onde o esquiador podia passar por uma série de portões de slalom e
receber um tempo oficial que era divulgado pelos alto-falantes. Esquiadores
mais jovens apreciavam esse aspecto competitivo, e os portões estavam
suficientemente próximos para manter a velocidade segura. O preço
cobrado para usar a pista de competição era um dólar. Um dólar não era
muito, mas a cobrança era um estorvo. Ter acesso a dinheiro em uma pista
de esqui é muito chato. Você tem que tirar as suas grossas e desajeitadas
luvas, e enfiar a mão através de camadas e camadas de roupa para chegar ao
dinheiro. Depois, tinha que pôr a nota de um dólar em uma máquina
automática. Considerando a qualidade de funcionamento dessas máquinas
nas melhores circunstâncias, dá para imaginar a taxa de defeitos uma vez
expostas àquelas condições climáticas.
Perguntei a Michael e ao dono, Al, quanto estavam ganhando com a pista
de competição. Era uma quantia bem pequena, talvez uns poucos milhares
de dólares por ano. Por que não a tornar gratuita? Assim seria possível
melhorar a experiência do esquiador a um custo trivial. Não havia muito o
que pensar. E permitiu que Michael e Al refletissem sobre outras coisas que
podiam fazer para melhorar a qualidade e, muito importante, o valor
percebido do seu produto.
Outro exemplo envolvia instrutores de esqui. O principal negócio dos
instrutores era ensinar esquiadores novos, especialmente crianças em
excursão escolar — obviamente uma maneira importante de fazer crescer a
clientela. Mas os instrutores tinham muito tempo ocioso. Alguém teve a
brilhante ideia de montar uma oficina de esqui gratuita na montanha. O
esquiador esperava em determinado ponto da trilha e então esquiava através
de alguns portões com a ação captada em vídeo. Um instrutor estacionado
no pé da trilha mostrava ao esquiador o vídeo e dava algumas dicas:
“Lições gratuitas!”
Mesmo que esses aprimoramentos estivessem deixando mais palatáveis a
alta de preço do teleférico, ainda assim tínhamos que nos preocupar com a
sensibilidade aos preços do mercado local. Aqui tínhamos um belo modelo
existente a partir do qual trabalhar. O resort oferecia aos universitários um
pacote de passagens de teleférico por seis dias com um enorme desconto se
fosse adquirido até 15 de outubro. Esses pacotes eram populares e
significavam uma boa fonte de renda antecipada. Desconfio que os
estudantes também gostavam do fato de a oferta ser chamada pack-de-seis.
Até mesmo referências sutis a cerveja são atraentes para a galera
universitária.
Especulamos se valia a pena oferecer algo como o pack-de-seis também
para a clientela local não universitária. O objetivo era oferecer aos locais
uma promoção que não estaria disponível aos esquiadores de fora que
vinham de carro uma ou duas vezes ao ano. Para esses esquiadores, o preço
da passagem do teleférico era apenas uma pequena parcela dos custos de
viagem, que incluíam transporte, comida e hospedagem. Alguns dólares a
mais para a passagem do teleférico tinham pouca probabilidade de alterar a
decisão sobre fazer ou não a viagem, especialmente dada a falta de
concorrência nas proximidades. Terminamos bolando uma solução chamada
pack-de-dez. Ele incluía passagens para cinco fins de semana e cinco dias
de semana, e era vendido com desconto de 40% em relação ao preço normal
se adquirido até 15 de outubro.
O pack-de-dez acabou se tornando extremamente popular entre
moradores das redondezas. Existem alguns fatores comportamentais que
explicam sua popularidade. O primeiro é óbvio: 40% de desconto soa como
um grande negócio. Uma boa quantidade de utilidade de transação.
Segundo, a compra antecipada dissocia a decisão de compra e a decisão de
esquiar.2 Como ocorrido na contabilidade mental do vinho, a compra inicial
pode ser vista como um “investimento” que economiza dinheiro, tomando a
decisão de esquiar no calor do momento, em uma sexta-feira de sol após
uma queda de neve recente, sem custo para ser implementada. O fato de ter
saído para um belo jantar no fim de semana anterior não põe no vermelho a
contabilidade mental da recreação; esquiar está saindo “de graça”. E, do
ponto de vista do resort, ainda melhor que de graça — era um custo
afundado.3 À medida que a alta temporada avançava, os esquiadores
ficavam ansiosos para usar algumas das suas passagens para evitar perder o
dinheiro investido no pack-de-dez, e podiam trazer algum amigo que
pagaria o preço integral. (Os bilhetes eram intransferíveis.)
O pack-de-dez também era popular porque esquiar é uma dessas
atividades que entram nas resoluções de ano-novo. “No ano passado só saí
três vezes, o que é ridículo, pois o Greek Peak fica aqui pertinho. Este ano
vou tirar alguns dias de folga do trabalho e vir quando não estiver tão
lotado.” Da mesma forma que pagar a mensalidade de uma academia
estimula mais exercício, quem planeja esquiar gosta da ideia de se
comprometer mais com o esqui. Comprar um pack-de-dez era uma boa
maneira de fazer isso e economizar dinheiro ao mesmo tempo.
Depois de alguns anos, packs-de-seis, packs-de-dez e bilhetes para a
temporada contribuíam com uma parcela substancial da renda do resort, e
esse dinheiro adiantado eliminava a necessidade de tomar empréstimos para
permanecer solvente até o começo da alta temporada em dezembro. A
venda antecipada de todos esses bilhetes também servia como proteção para
um inverno quente, sem muita neve. Ainda que estações de esqui possam
fabricar neve, é preciso que esteja frio o suficiente para que as máquinas
funcionem. E também — e isto é algo que deixa loucos os donos de resorts
—, mesmo que tenha feito frio, se não houver neve no chão da cidade, as
pessoas ficam menos propensas a pensar em esquiar, independentemente
das condições no resort.
Depois de três anos vendendo packs-de-dez, Michael fez uma análise e
me chamou para apresentar os resultados. Lembre-se de que os packs-de-
dez eram vendidos a apenas 60% do preço normal da temporada. “Adivinhe
qual é a porcentagem dos bilhetes que está sendo resgatada?”, perguntou
Michael. “Sessenta por cento!” A estação estava vendendo os bilhetes a
60% do preço normal de temporada, mas apenas 60% deles estavam sendo
utilizados. Em essência, estavam vendendo os bilhetes no preço normal e
recebendo o dinheiro vários meses antes: um ganho enorme.
Tal resultado não parecia aborrecer a clientela, cuja maioria voltava a
adquirir os packs-de-dez no ano seguinte. Mesmo aqueles que não tinham
utilizado muitos dos seus bilhetes culpavam a si mesmos, e não o resort. É
claro que no fim da temporada havia clientes que não usaram quase nenhum
de seus bilhetes. Alguns perguntavam, esperançosos, se podiam usar os
bilhetes na temporada seguinte. Educadamente, eram informados de que
não, os bilhetes estavam sendo vendidos explicitamente apenas para aquele
ano. Mas Al concebeu uma oferta especial para esses clientes. Eles foram
informados de que, se comprassem outro pack-de-dez no ano corrente, os
bilhetes não utilizados no ano anterior continuariam válidos. É claro que um
cliente que só esquiou duas ou três vezes no ano anterior tem pouca
probabilidade de ir mais de 10 vezes no ano atual, mas a oferta soava bem.
Embora eu não acredite que muita gente tenha sido boba o suficiente para
comprar outro pack, os clientes apreciaram o fato de o resort estar fazendo
um esforço para ser “justo”, algo que, conforme veremos em breve, é
importante para manter os clientes felizes.
Um desafio final na fixação de preços para Greek Peak era descobrir o
que fazer no começo da temporada, quando o resort abria logo depois da
primeira neve, porém com apenas um teleférico funcionando na maior parte
das vezes. Esquiadores ávidos que vinham esperando desde o mês de março
anterior apareciam para as primeiras descidas de uma nova temporada. Que
preço deveria ser cobrado deles? A política de Al sempre fora olhar o clima
da montanha pela sua janela, e então dizer aos bilheteiros o preço,
frequentemente metade do preço normal. É claro que a maioria dos
esquiadores que vinham não tinha a menor ideia de qual seria o preço; eles
só sabiam o preço de venda sugerido na temporada. Só os mais obstinados
poderiam ser capazes de detectar a estratégia de preços de Al para o começo
da temporada. Eu chamo isto de “venda secreta”. Um cliente chega na caixa
registradora pronto para pagar o preço normal e o vendedor diz: “Oh, esse
item está com 50% de desconto.” Isto pode gerar boa vontade, mas não é
uma estratégia de preços brilhante, porque o cliente estava disposto a pagar
o preço integral. Reduzir o preço só faz sentido se aumentar as vendas
atuais ou talvez vendas futuras, formando a lealdade do cliente.
Michael e eu bolamos uma estratégia. No começo da temporada — ou
em qualquer hora que apenas parte da montanha estivesse aberta para
esquiar —, os preços seguiam uma fórmula estabelecida. Esquiadores
pagariam preço integral para esquiar nesse dia, mas receberiam um cupom
com descontos de até 50% na visita seguinte, dependendo de quantos
teleféricos estivessem operando. Como os clientes tinham expectativa de
pagar preço integral, essa oferta parecia generosa, e o cupom podia induzi-
los a voltar e talvez comprar também um almoço e uma cerveja.
Michael me contou certa vez uma história que capta quanto esses cupons
eram populares. Um sujeito aparece para dar sua primeira esquiada no ano e
opta por um novo pack-de-dez. Parado na fila para trocar um desses cupons
por um bilhete do teleférico, entreouve o bilheteiro explicar à freguesa à sua
frente que ela terá um cupom com 50% de desconto que poderá usar na
próxima vinda. Isto lhe parece tão bom que ele põe o pack-de-dez de volta
no bolso e dá o dinheiro para um bilhete integral. Eu sempre quis saber se
ele usou aquele cupom de metade do preço antes de terminar seu pack-de-
dez. Nunca saberemos.
Porém sabemos que formar uma base sólida de receita antes do começo
da temporada alcançou a meta de acabar com as dívidas do resort e reduzir
sua dependência do volume de neve durante a temporada. Tanto Michael
como eu seguimos nosso caminho,4 mas posso informar que Greek Peak
ainda está operando.
Meu dia na GM
Durante anos, as fábricas de automóveis americanas tinham um problema
de vendas sazonal. Novos modelos de carros eram apresentados no outono
de cada ano e, na expectativa pelos modelos novos, os fregueses relutavam
em comprar modelos do “ano passado”. Os fabricantes não pareciam prever
esse padrão e, em agosto, sempre tinham um estoque substancial de carros
não vendidos nos pátios das concessionárias, ocupando o espaço necessário
para exibir os modelos novos. Inevitavelmente, as empresas de carros
ofereciam promoções de vendas para se livrar do excesso de estoque.5
Uma inovação foi o reembolso,6 introduzida pela Chrysler em 1975 e
rapidamente acompanhada pela Ford e pela GM. As empresas de
automóveis anunciavam uma promoção temporária na qual o comprador de
um carro recebia de volta uma quantia em dinheiro, geralmente algumas
centenas de dólares. O reembolso parece ser apenas outro nome para uma
promoção temporária, mas parecia mais popular do que uma redução de
preço equivalente, como seria de se esperar com base na contabilidade
mental. Suponha que o preço de lista do carro fosse US$14.800,00. Reduzir
o preço para US$14.500,00 não parecia grande negócio, uma diferença que
mal se notava. Mas chamando essa redução de preço de reembolso, o
consumidor era incentivado a pensar separadamente nos US$300,00, o que
intensificava sua importância. Esse pouquinho de contabilidade mental saía
caro, pelo menos no estado de Nova York, onde eu vivia, porque o
consumidor tinha que pagar o imposto sobre venda desse reembolso.
Usando os números no exemplo acima, o consumidor pagava imposto sobre
o preço de aquisição pleno de US$14.800,00, e então recebia de volta um
cheque do fabricante no valor de US$300,00, e não de US$300,00 mais 8%
do imposto. Mas, indo mais diretamente ao ponto, as restituições estavam
começando a perder parte do seu atrativo e os carros voltaram a se acumular
nos pátios das concessionárias.
Então alguém na sede da GM teve uma ideia. A Ford e a Chrysler
vinham tentando descontos em empréstimos para carros7 como alternativa
ou suplemento para os reembolsos. E se a GM tentasse oferecer uma taxa
altamente reduzida como estímulo de vendas? Em uma época em que os
juros vigentes para empréstimos de carros eram de 10% ou mais, a General
Motors oferecia um empréstimo a apenas 2,9%. Os consumidores podiam
escolher ou um reembolso ou um empréstimo com desconto. A oferta de
empréstimo teve um efeito sem precedentes sobre as vendas. Havia notícias
de consumidores na concessionária deitados sobre o capô de um carro
específico para o reivindicar antes que qualquer outra pessoa pudesse
comprá-lo.
Mais ou menos nessa época, notei uma historinha no Wall Street Journal.
Um repórter tinha feito as contas8 e descoberto que o valor do empréstimo a
juros baixos era menor que o valor do reembolso. Em outras palavras, se o
consumidor usasse o reembolso como pagamento da entrada para o carro,
reduzindo assim a quantia que precisasse pegar emprestada (embora a juros
mais altos), economizaria mais dinheiro. Aceitar o esquema do empréstimo
era uma tolice! Mas os carros estavam sendo vendidos aos montes.
Interessante.
Nessa época, Jay Russo, um dos meus colegas de Cornell, estava dando
consultoria para a GM, então fui conversar com ele. Contei a Jay sobre essa
charada e disse que eu poderia ter uma explicação psicológica simples. O
reembolso era uma pequena porcentagem do preço do carro, mas o
empréstimo sendo oferecido era menos de 1/3 das taxas de juros habituais.
Isto soa como um negócio muito melhor. E pouca gente além de contadores
e repórteres do Wall Street Journal se daria ao trabalho de fazer o cálculo,
especialmente por ser uma era anterior às planilhas prontas e computadores
domésticos.
Jay me pediu para redigir uma breve nota sobre a minha observação, e
ele a dividiria com o pessoal da GM. Fiz a nota e, para minha surpresa,
recebi uma ligação da sede da General Motors cerca de uma semana depois.
Minha nota tinha chegado até alguém do departamento de marketing, e ele
queria conversar comigo pessoalmente sobre o assunto. Eu disse: “Claro, dê
uma passada aqui.”
Esse cavalheiro pegou o voo de Detroit para Syracuse e dirigiu por uma
hora e pouco até Ithaca. Batemos um papo sobre a minha ideia por cerca de
uma hora, no máximo. Ele foi embora, passeou pelo campus por algumas
horas e voltou para Detroit. Fui até Jay para descobrir do que se tratava e
ele falou com toda franqueza: “Ele veio aqui para contar as suas cabeças.”
“Como assim?” “É isso mesmo, ele queria saber se você tinha duas cabeças,
não tomava banho ou se, de algum outro modo, não seria seguro levar você
para se encontrar com seus patrões. Ele vai mandar o relatório à matriz.”
Aparentemente, passei no teste. Alguns dias depois, recebi uma ligação
perguntando se eu estaria disposto a ir a Detroit. Isso tinha o potencial de
ser o meu primeiro trabalho de consultoria pago, e o dinheiro viria a calhar,
então concordei. Além disso, estava morrendo de curiosidade.
Se você assistiu Roger e eu, o documentário de Michael Moore, já
entendeu o meu destino: o edifício-sede da GM. Achei o prédio muito
estranho. Era imenso, e havia carros novos em exibição por toda parte no
interior, nos saguões e corredores. No meu primeiro encontro, um vice-
presidente de marketing me deu um cronograma para o dia. Eu tinha uma
série de reuniões de meia hora com diferentes pessoas no departamento de
marketing. Muitas dessas pessoas também pareciam ser vice-presidentes.
Naquela primeira reunião, perguntei quem estava encarregado de avaliar a
promoção de empréstimo com juros baixos, que reduzia em centenas de
milhões de dólares o preço dos carros vendidos. Meu anfitrião não tinha
certeza, mas me garantiu que seria uma das pessoas com quem eu me
reuniria. No fim do dia, estaria sabendo.
Durante o dia, várias pessoas descreveram como a taxa de juros de 2,9%
havia sido determinada. Ao que parecia, Roger Smith, o CEO, tinha
convocado uma reunião para determinar como lidariam com o excesso de
estoque naquele ano, e alguém sugeriu uma promoção baseada em
empréstimos com taxas de juro mais baixas. Todo mundo concordou que
era uma ótima ideia. Mas que taxa de juros usariam? Um gerente sugeriu
4,9%. Outro disse 3,9%. Após cada sugestão, mandavam alguém fazer
alguns cálculos. Finalmente, alguém sugeriu 2,9% e Roger decidiu que
gostava da sonoridade desse número. O processo todo levou menos de uma
hora.
Mas quando eu perguntava às pessoas quem avaliaria a promoção e
decidiria o que fazer no próximo ano, recebia olhares vagos seguidos de
“Eu não”. O dia terminou no escritório do meu anfitrião. Reportei que, até
onde pude saber, não havia ninguém pensando nessas questões, e isso me
parecia um erro. Ele sugeriu que eu lhe escrevesse uma proposta sobre o
que poderia ser feito.
Depois do que fiquei sabendo durante a minha visita, tive certeza de que
não queria esse trabalho de consultoria, mas lhe enviei uma breve proposta
fazendo duas sugestões. Primeiro, descobrir por que a promoção tinha
funcionado tão bem. Segundo, fazer um plano para o futuro, sobretudo
porque a Ford e a Chrysler provavelmente copiariam a bem-sucedida
promoção da GM.
Depois de um mês, recebi uma resposta curta. Minha recomendação
havia sido discutida pela alta chefia e fora rejeitada. A empresa resolvera,
em vez disso, planejar melhor sua produção e evitar estoques excedentes de
verão. Isto eliminaria a necessidade de avaliar a promoção e planejar para o
futuro, pois não haveria mais vendas promocionais para modelos fora de
linha. Fiquei embasbacado. Uma empresa gigantesca gastara centenas de
milhões de dólares em uma promoção e não se dera ao trabalho de descobrir
como e por que tinha dado certo. Michael Cobb, na minúscula estação de
esqui Greek Peak, pensava mais analiticamente do que a gigante industrial
General Motors.
Conforme aprendi ao longo dos anos e discutirei mais em capítulos
posteriores, a relutância em experimentar, testar, avaliar e aprender que
vivenciei na General Motors é extremamente comum. Continuei vendo essa
tendência desde então, nos negócios e no governo, embora recentemente
tenha tido a oportunidade de mudar esse ethos em contextos
governamentais.
Ah, e quanto àquela alegação de que tinham um plano para eliminar
estoques excedentes em verões futuros? O plano foi violado no verão
seguinte, e no verão depois desse, e, pelo que eu saiba, em todo verão desde
então. O excesso de confiança é uma força muito poderosa.
IV
TRABALHANDO COM DANNY
1984 – 85
Após o nosso ano em Stanford, Amos e Danny resolveram imigrar para a
América do Norte. Amos ficou no departamento de psicologia de Stanford,
e Danny se mudou para o departamento de psicologia da Universidade da
Colúmbia Britânica, em Vancouver. Parte do fascínio pela universidade
canadense era que eles estariam a duas horas de voo um do outro e no
mesmo fuso horário. Continuaram a trabalhar juntos, conversando
diariamente e se visitando com frequência.
Como todos começamos em empregos novos no mesmo ano, estávamos
no mesmo cronograma sabático. Em 1984–85, tirei meu primeiro ano
sabático, e Amos e Danny também estariam de licença. Nosso ano em
Stanford havia sido tão transformador para mim que, quando chegou a hora
de pensar na minha licença de pesquisa, naturalmente tive esperança de
grudar em um deles, ou em ambos. Após várias maquinações, acabei em
Vancouver com Danny. Amos, nesse meio-tempo, viajou para Israel.
Em Vancouver, consegui um escritório na escola de negócios da
universidade, que era um bom lugar para eu circular, uma vez que tinha um
excelente departamento de finanças e eu estava no meio da empreitada de
aprofundar meus conhecimentos sobre esse campo. Mas minha principal
atividade naquele ano foi trabalhar com Danny e seu colaborador, o
economista ambiental Jack Knetsch, que lecionava na Universidade Simon
Fraser, nas proximidades da Universidade da Colúmbia Britânica. Como no
ano em Stanford, esse ano em Vancouver me ofereceu a rara oportunidade
de uma imersão plena em pesquisa. Com exceção do ano em Stanford, seria
o ano mais produtivo da minha vida.
14
Agora, você pode estar dizendo: “Dãã! Que idiota aumentaria o preço das
pás de neve na manhã seguinte a uma nevasca?” Mas aumentar o preço é
exatamente o que a teoria econômica diz que vai e deveria acontecer! A
pergunta poderia constar facilmente em um curso básico de economia numa
escola de administração. “Há uma oferta fixa de pás de neve e um súbito
aumento na demanda. O que acontece com o preço?” Nessa aula, a resposta
correta seria dizer que o preço aumentará o suficiente para que todo mundo
que esteja disposto a pagar a quantia compre uma pá. Aumentar o preço é a
única maneira de garantir que as pás de neve acabem sendo adquiridas por
aqueles que as valorizam mais (conforme mensurado pela sua disposição de
pagar).
Uma das coisas que estudantes de MBA aprendem na escola de
administração é a pensar como um Econ, mas eles também esquecem como
é pensar como Humano. Aqui está outro exemplo da noção de Kahneman
de cegueira induzida pela teoria. De fato, quando apresentei aos meus
alunos de MBA a pergunta sobre o preço justo da pá de neve, suas respostas
seguiram de acordo com a teoria econômica padrão.
Este par de perguntas ilustra um ponto útil que surgiu na nossa discussão
no Capítulo 2 a respeito de comerciantes impondo sobretaxas para o uso do
cartão de crédito. Qualquer empresa deveria estabelecer o preço mais alto
que pretende cobrar como preço “regular”, nomeando como “promoções”
ou “descontos” quaisquer desvios desse preço. Remover um desconto não é
nem de perto tão censurável quanto adicionar uma sobretaxa.
Um aspecto que veio à tona a partir da nossa pesquisa é a relação entre
percepção de justiça e o efeito posse. Tanto compradores quanto vendedores
se sentem no direito aos termos de negócio a que se acostumaram e tratam
qualquer deterioração desses termos como uma perda. Tal sentimento sobre
as condições usuais do negócio é particularmente verdadeiro quando o
vendedor começa a cobrar por algo que ele tradicionalmente tem dado de
graça ou incluído no preço. Dessa maneira, o status quo se torna um ponto
de referência. Se restaurantes começassem a cobrar um adicional para você
poder se sentar enquanto come, estariam violando a norma existente de que
as refeições em restaurantes incluem uma cadeira, embora ela não tenha que
ser confortável. Mesmo assim, cidadãos pensam que empresas e
empregadores têm o direito de obter um lucro (razoável). Não se espera que
as empresas deem seus produtos de presente. Tanto que um aumento de
preços devido a um aumento de custos quase sempre é considerado justo.
A percepção de justiça também ajuda a explicar um antigo quebra-cabeça
em economia: em uma recessão, por que os salários não caem o suficiente
para manter todo mundo empregado? Em uma terra de Econs, quando a
economia encolhe e empresas enfrentam uma queda na demanda por seus
bens e serviços, a primeira reação não seria simplesmente dispensar
funcionários. A teoria do equilíbrio diz que, quando a demanda por algo cai
— trabalho, neste caso —, os preços para a oferta também deveriam cair o
suficiente para igualar a demanda. Então deveríamos esperar que, quando a
economia contrai, as empresas reduzam salários, permitindo-lhes também
cortar o preço de seus produtos e, ainda assim, ter lucro. Mas não é isso que
vemos: os salários e ordenados parecem ficar congelados.3 Quando chega
uma recessão, ou os salários não caem nada ou caem muito pouco para
manter todo mundo empregado. Por quê?
Uma explicação parcial para esse fato é que cortar salários deixa os
trabalhadores tão irados que as empresas acham melhor manter fixos os
níveis de pagamento e simplesmente dispensar o excedente de funcionários
(que não estarão por perto para reclamar). Porém, com a ajuda de um pouco
de inflação, é possível reduzir salários “reais” (isto é, corrigidos pela
inflação) com bem menos pressão dos trabalhadores. O próximo par de
questões ilustra esse ponto.
––––––––
JOGOS DE JUSTIÇA
Danny, Jack e eu tínhamos uma pergunta que não saía da nossa cabeça
enquanto estávamos envolvidos no nosso projeto sobre justiça. Estariam as
pessoas dispostas a punir uma empresa que não se comporta de forma justa?
Será que um cliente de quem foram cobrados US$500,00 por uma corrida
de táxi que geralmente custa US$50,00 evita usar novamente o serviço,
mesmo que tenha gostado dele? Para investigar, concebemos um
experimento em formato de jogo.
Um jogador, o Proponente, recebe uma soma de dinheiro conhecida
como “bolo”. Ele é informado que deve oferecer a outro jogador, o
Respondente, uma porção do bolo. O Respondente pode aceitar a oferta,
deixando a quantia restante para o Proponente, ou rejeitá-la, e nenhum dos
dois jogadores ganha nada nesse caso.
Era importante que esse jogo fosse jogado com dinheiro real, então
abandonamos nosso escritório de pesquisa telefônica e fizemos o
experimento com estudantes da Universidade da Colúmbia Britânica e de
Cornell. Concebemos uma forma muito simples de jogar e extrair o máximo
possível de informação para um determinado orçamento de pesquisa. Os
jogadores eram escolhidos ao acaso para desempenhar o papel do
Proponente e do Respondente. Então preenchiam um formulário simples
para Respondentes, conforme o modelo abaixo. No nosso jogo, o bolo era
de US$10,00.
––––––––
––––––––
Alguns anos depois do tempo que passei com Danny em Vancouver, escrevi
um artigo sobre cooperação com o psicólogo Robyn Dawes.10 Na conclusão,
traçamos uma analogia com as barracas ao lado das estradas que muitas
vezes vemos nas áreas rurais perto de Ithaca. O agricultor punha alguns
produtos à venda sobre uma mesa na frente do seu sítio. Havia uma caixa
com uma pequena fenda para introduzir o pagamento, então era possível
colocar o dinheiro, mas não tirar. A caixa também era pregada à mesa. Na
época, eu pensava — e ainda penso — que os agricultores que usam esse
sistema têm em mente um modelo de uma natureza humana muito boa. Há
por aí gente honesta o suficiente (especialmente em uma cidade pequena)
para que valha a pena para o agricultor dispor dessa maneira a venda de
milho fresco ou de ruibarbo. Mas eles também sabem que, se o dinheiro for
deixado em uma caixa aberta onde qualquer um possa pegar tudo, alguém
acabaria pegando.
Como os agricultores, os economistas precisam adotar uma visão mais
matizada da natureza humana. Nem todo mundo pega carona o tempo todo,
mas algumas pessoas estão prontas a meter a mão no seu bolso se você não
tomar cuidado. Eu guardo uma fotografia de uma dessas barracas de estrada
no meu escritório, para inspiração.
16
CANECAS
O preço mais baixo pelo qual um vendedor está disposto a abrir mão da
ficha é chamado preço de reserva. Alguém com avaliação de US$4,25
estaria disposto a vender ao preço de US$4,50 mas não a US$4,00, então seu
preço de reserva seria US$4,50. Compradores potenciais receberiam um
formulário similar perguntando sobre sua disposição de comprar uma ficha
na mesma gama de preços. O que a teoria econômica prevê que vai
acontecer? Se o mercado funcionar direito, os seis sujeitos que dão maior
valor à ficha, os que estão à esquerda, acabarão possuindo as fichas. Nesse
exemplo, isto significa que os sujeitos 7, 8 e 11 comprarão fichas dos
sujeitos 2, 5 e 6, conforme ilustrado da direita para a esquerda no painel C.
Podemos descobrir o preço que deixará esse mercado “em equilíbrio”, ou
seja, com oferta e demanda iguais, trabalhando a partir das duas
extremidades da distribuição em direção ao centro. O Sujeito 11 não terá
problema em achar um preço pelo qual o Sujeito 2 fique disposto a abrir mão
de sua ficha, então eles estarão propensos a fazer negócio. O mesmo se
aplica ao Sujeito 8 e Sujeito 5. Contudo, para fazer o Sujeito 7 comprar uma
ficha do Sujeito 6, o preço precisará estar entre seus preços de reserva.
Como só permitimos preços em incrementos de US$0,50, o preço de
equilíbrio do mercado será US$3,00.
Como tanto os valores como as fichas estão sendo atribuídos
aleatoriamente, o resultado específico vai ser diferente todas as vezes, mas,
em média, metade das fichas terá sido alocada às seis pessoas com os
maiores valores e, como neste exemplo, elas terão que comprar três fichas
para equilibrar o mercado. Em outras palavras, o volume previsto de
negócios é metade do número de fichas distribuídas.
Agora suponha que repitamos o experimento, mas desta vez o façamos
com algum bem, como uma barra de chocolate, por exemplo. Poderíamos
classificar de novo os sujeitos a partir do valor mais alto para o mais baixo
com base em quanto gostam de chocolate, mas aqui não vamos dizer aos
sujeitos quanto gostam do bem; eles próprios determinarão isto. Agora
distribuímos as barras de chocolate aleatoriamente, exatamente como no
experimento com fichas, e fazemos a mesma série de perguntas. O que deve
acontecer? A teoria gera exatamente a mesma predição. Em média, metade
das barras de chocolate vai mudar de mãos, passando daqueles que não dão
muita importância a chocolate (ou estão de dieta) para os chocólatras que
mal podem esperar para devorar uma barra dessas. Mas se há um efeito
posse, as pessoas a quem são atribuídas aleatoriamente barras de chocolate
lhes darão mais valor do que aquelas que não receberam e, como resultado, o
volume de negócios será menor. Esta é a previsão que queríamos testar.
O primeiro experimento com essa arquitetura foi feito quando regressei a
Cornell no outono de 1985. Convoquei uma turma avançada de graduação
em análise econômica do direito para realizar o experimento. No caso, havia
44 estudantes, então usamos 22 fichas distribuídas aleatoriamente, e cada
sujeito recebeu seu valor particular. Então, os donos de fichas foram
informados de que haveria um mercado para fichas com um preço a ser
determinado por oferta e demanda. Sua tarefa era responder a uma série de
perguntas, citando diferentes preços, por exemplo:
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COMEÇA O DEBATE
ANOMALIAS
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Escrevi uma coluna para cada nova edição, ou seja, trimestralmente, por
quase quatro anos. Os artigos ocupavam entre 10 e 12 páginas publicadas,
curtos o suficiente para uma leitura rápida, mas longos o bastante para dar
uma bela quantidade de detalhes. Cada artigo terminava com uma seção
“Comentário”, na qual eu tentava explicar a importância das descobertas.
Não posso dizer que tivesse um plano grandioso quando comecei a
escrever essas colunas. Fiz uma lista de tópicos e, mesmo sem contar, já
sabia que podia escrever pelo menos 10, então a questão era o que escrever
primeiro e como dar o tom certo. Tendo redigido à época dois artigos sobre o
que deixa as pessoas zangadas, eu tinha plena consciência de que a
empreitada podia sair pela culatra. E também consumia um tempo incrível.
Muitos dos tópicos estavam longe do meu campo de especialização, então
para esses casos recrutei um coautor com autoridade no assunto. Mesmo
assim, ainda precisava estudar muito os novos tópicos, pois eu acabava
fazendo a redação da versão final da maioria deles. Por isso essas colunas
acabavam tirando o meu tempo do que a maioria dos acadêmicos considera
como “pesquisa real”, ou seja, descobrir fatos novos, desenvolver novas
teorias e publicar artigos em revistas científicas arbitradas por pares.2
O potencial de retorno, porém, era enorme. Em certo momento, a AEA
conduziu um levantamento de seus membros para ver o que achavam da
nova publicação. Perguntaram aos membros se liam a revista e,
especificamente, se liam as colunas. Metade dos membros da AEA que
responderam à pesquisa reportou que lia a coluna “Anomalias” com
“regularidade”, seja lá o que isso queira dizer. Para dar um pouco de
perspectiva, se um artigo comum de uma revista acadêmica especializada
encontrar 100 leitores, pode ser classificado como afortunado. Os artigos
sobre anomalias chegavam a mais de 5.000 economistas. Ao recrutar
coautores, eu podia lhes dizer com sinceridade que o artigo teria um público
maior do que qualquer outro que escrevessem na vida. E o mesmo valia para
mim, é claro. Eu tinha olhos para enxergar. O que devia colocar diante
deles?
Minha meta era cobrir um amplo espectro de anomalias e descobrir
exemplos que se apoiassem em uma larga variedade de métodos empíricos,
inclusive muitos que usavam dados de mercado, para ajudar a acabar com o
mito de que anomalias só ocorrem no laboratório. Das 14 colunas que
escrevi naqueles primeiros quatro anos, apenas cinco se baseavam em dados
de experimentos. As outras provinham de um amplo espectro, embora
muitas estivessem relacionadas a finanças pelo simples motivo de que essas
eram as mais surpreendentes e mais perturbadoras para os defensores do
paradigma padrão.
Devo observar que eu não tinha uma explicação comportamental
satisfatória para toda anomalia. Algumas eram apenas fatos empíricos que
não se alinhavam com previsões teóricas. Por exemplo, as duas primeiras
colunas foram a respeito de efeitos do “calendário” sobre o mercado de
ações.3 Esses resultados eram simplesmente esquisitos. Considere apenas
uma amostra deles: ações tendem a subir às sextas-feiras e cair nas segundas;
janeiro é um bom mês para manter ações, sobretudo na primeira parte do
mês, e singularmente ações de companhias pequenas; por fim, os dias que
antecedem feriados, muitas vezes sextas-feiras, são bons para as ações. Uma
profusão de artigos documentava tais resultados.4 Todas as explicações
lógicas — e algumas ilógicas — para esses efeitos podiam ser rejeitadas. Eu
também não tinha explicação, mas com toda certeza eram anomalias.
Outra anomalia vinha de apostadores de turfe.5 Os hipódromos de cavalos
nos Estados Unidos — e em muitas outras partes do mundo (exceto na Grã-
Bretanha) — usam o chamado sistema de apostas parimutual, em que os
odds são determinados pela quantia de dinheiro apostada em cada cavalo, em
vez de uma quantia fixa determinada de antemão. No caso mais simples de
aposta no vencedor, o hipódromo primeiro tira sua cota predeterminada do
bolo das apostas, costumeiramente em torno de 17%, e então os que
apostaram no vencedor dividem o restante do dinheiro. O cavalo que a maior
parte do público acha que tem a melhor chance de vencer é chamado
favorito, enquanto cavalos com poucas chances de vitória, digamos paridade
maior do que 10 para 1, são chamados de azarões.
Se o hipódromo tira 17% e o mercado de apostas é eficiente, então todas
as apostas deveriam ter o mesmo retorno esperado, ou seja, menos 17%. Se
você aposta US$100,00, espera receber de volta US$83,00 em média, desde
o grande favorito até o maior dos azarões. Mas não é isso que mostram os
dados. O retorno em apostar nos favoritos é muito melhor do que apostar em
azarões. Por exemplo, uma aposta 1 para 1 feita em um favorito tem como
retorno US$0,90 para cada US$1,00 apostado, mas uma aposta 100 para 1
em um azarão só retorna cerca de US$0,14 em cada US$1,00. E lembre-se
da nossa discussão anterior sobre jogatina e efeito break-even (Capítulo 10),
o retorno quando se aposta em azarões é ainda pior na última corrida do dia.
Depois de escrever 14 colunas em edições consecutivas, fiz um intervalo.
Essas colunas foram ligeiramente editadas e publicadas em forma de livro
com o título The Winner’s Curse (título de uma das colunas). Escrevi então
mais algumas em frequência ocasional, e a falta do prazo trimestral fez sua
presença na revista se tornar cada vez mais irregular. A última apareceu em
2006. Pouco depois, a coluna foi oficialmente aposentada. O editor da
revista na época, Andrei Shleifer, declarou que seu propósito havia sido
alcançado. Foi uma maneira polida de dizer que meu serviço de relatar
anomalias tinha chegado ao fim. Eu tinha sido demitido.
19
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ENQUADRAMENTO ESTREITO NO
UPPER EAST SIDE
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Durante o nosso ano na Russell Sage, Colin e eu frequentemente pegávamos
táxi juntos. Às vezes era difícil achar um táxi vazio, sobretudo nos dias frios
ou quando havia alguma grande convenção na cidade. Ocasionalmente
conversávamos com os motoristas e perguntávamos como decidiam o
número de horas a trabalhar por dia.
A maioria dos taxistas trabalha para uma empresa com uma grande frota
de carros. Eles alugam o táxi por um período de 12 horas, com começo
sempre às cinco, seja da madrugada ou da tarde.20 O taxista paga um valor
fixo para alugar o carro e precisa devolvê-lo com o tanque de combustível
cheio. Ele guarda todo o dinheiro que ganha com a marcação do taxímetro,
mais as gorjetas. Começamos a perguntar aos motoristas: “Como você
decide quando dar o dia por encerrado? Doze horas é muito tempo para guiar
no trânsito de Nova York, especialmente tendo que ficar de olho para pegar
possíveis passageiros. Alguns taxistas disseram que adotaram uma estratégia
de meta de receita. Estabeleciam uma meta de quanto dinheiro queriam
ganhar depois de pagar pelo carro e pelo combustível, e encerravam o dia
após atingir a meta.
A pergunta a respeito de quanto trabalhar estava relacionada com um
projeto sobre o qual Colin, George Loewenstein e eu vínhamos refletindo;
chamamos de projeto “esforço”. Havíamos discutido a ideia por algum
tempo e feito alguns experimentos de laboratório, mas ainda precisávamos
achar um ângulo que nos agradasse. Decidimos que estudar a real tomada de
decisão de taxistas era aquilo que estávamos procurando.21
Todos os taxistas mantinham um registro de cada corrida numa folha de
papel, que chamavam de planilha de corrida. A informação registrada incluía
a hora em que o taxista pegava o passageiro, o destino e o valor da corrida.
A planilha também incluía a hora que o taxista devolvia o carro. De algum
modo, Colin conseguiu achar o gerente de uma dessas empresas de táxi que
concordou em nos deixar fazer cópias de uma pilha dessas planilhas de
corrida. Mais tarde suplementamos esse conjunto de dados com outros dois
que obtivemos do encarregado da New York City Taxi and Limousine. A
análise dos dados ficou complicada, então recrutamos Linda Babcock, uma
economista do trabalho e graduada pelo acampamento de verão Russell
Sage, com boas habilidades econométricas.
A questão central formulada pelo artigo é se taxistas trabalham mais
tempo em dias em que o ganho efetivo é mais alto. O primeiro passo é
mostrar que ocorrem dias de ganhos mais altos e mais baixos, e que os
ganhos mais tarde no dia podiam ser preditos pelos ganhos durante a
primeira parte do dia. Isso é verdade. Em dias movimentados, os taxistas
ganham mais por hora e podem esperar ganhar mais se trabalharem uma
hora adicional. Tendo estabelecido isso, olhamos para a nossa questão
central e obtivemos um resultado que os economistas acharam chocante.
Quanto mais alto o ganho, menos os taxistas tinham trabalhado.22
O básico da economia nos diz que curvas de demanda são descendentes e
curvas de oferta são ascendentes. Ou seja, quanto mais alta a remuneração,
maior o trabalho fornecido. Aqui estávamos encontrando exatamente o
resultado oposto! É importante esclarecer exatamente o que esses resultados
dizem e o que não dizem. Como outros economistas, acreditávamos que, se
os ganhos dos taxistas dobrassem, mais pessoas gostariam de guiar táxis
como meio de vida. E mesmo quando há razões para se pensar que o dia vai
ser movimentado, menos taxistas decidirão tirar folga nesse dia. Até mesmo
economistas comportamentais acreditam que as pessoas compram menos
quando o preço sobe e fornecem mais quando a remuneração sobe. Mas, ao
decidir quanto tempo trabalhar num determinado dia, os taxistas estavam
caindo numa cilada de enquadramento estreito sobre seus ganhos um dia de
cada vez, e isso os levava a cometer o erro de trabalhar menos em dias bons
que em dias ruins.23
Bem, nem todos os taxistas cometiam esse erro. Guiar um táxi é uma
experiência de aprendizagem tipo Feitiço do tempo, na qual a mesma coisa
acontece todo dia, e os taxistas parecem aprender a superar esse viés com o
tempo. Descobrimos que, se dividíssemos cada uma das nossas amostras
pela metade de acordo com o tempo de profissão dos sujeitos como taxistas,
em cada caso os mais experientes se comportavam de maneira mais sensata.
Na maior parte, trabalhavam mais tempo quando a remuneração era mais
alta, e não mais baixa. Mas é claro, isso torna o efeito ainda mais forte do
que a média no caso dos motoristas inexperientes, que parecem ter uma meta
de ganhos e, quando atingem essa meta, vão para casa.
Para relacionar isso com o enquadramento estreito, suponha que os
taxistas mantivessem o controle de seus ganhos em uma base mensal em vez
de diária. Se decidissem trabalhar durante o mesmo tempo todo dia,
ganhariam cerca de 5% a mais do que ganham na nossa amostra. E se
trabalhassem mais em dias bons e menos em dias ruins, ganhariam 10% a
mais durante a mesma quantidade de horas. Desconfiamos que,
especialmente para taxistas inexperientes, a meta de ganho diária age como
um dispositivo de autocontrole. “Continue trabalhando até atingir sua meta
ou se esforce até o máximo de 12 horas” é uma regra fácil de seguir, e
também para justificar para si mesmo ou para a esposa esperando em casa.
Imagine, em vez disso, ter que explicar que você largou cedo hoje porque
não ganhou muito dinheiro. Será uma longa conversa, a não ser que a esposa
seja economista.
O artigo sobre os táxis também foi publicado naquele número especial do
Quarterly Journal of Economics dedicado à memória de Amos.
VI
FINANÇAS
1983 – 2003
Além da discussão do meu trabalho com Benartzi sobre o equity premium
puzzle, deixei algo de fora da história até agora: a investigação de
fenômenos comportamentais em mercados financeiros. Esse era,
apropriadamente, um tópico arriscado de se lidar, mas que oferecia a
oportunidade de grandes recompensas. Nada contribuiria mais para a causa
da economia comportamental do que demonstrar quais vieses
comportamentais têm importância em mercados financeiros, onde não há
somente altas somas em jogo, mas também amplas oportunidades para
investidores profissionais explorarem os erros cometidos por outros.
Qualquer não Econ (amadores) ou comportamento não Econ (até mesmo
por especialistas) não deveria, teoricamente, ter nenhuma chance de
sobrevivência. O consenso entre economistas, e sobretudo entre aqueles que
se especializaram em economia financeira, era que seria menos provável
encontrar evidências de comportamento desviante em mercados financeiros.
O simples fato de mercados financeiros serem o lugar menos provável para
abrigar anomalias comportamentais significava que uma vitória ali
chamaria a atenção das pessoas. Ou, como meu amigo economista Tom
Russell me disse uma vez, as finanças eram como Nova York na famosa
canção de Frank Sinatra: “If you can make it there, you can make it
anywhere.”
Mas o smart money era apostar contra a possibilidade de conseguirmos
alguma coisa perto de “New York, New York”. Era provável que
ficássemos encalhados em Ithaca, estado de Nova York.
21
O CONCURSO DE BELEZA
––––––––
––––––––
Keynes é agora lembrado primordialmente por suas contribuições para a
macroeconomia e, de forma especial, pelo seu controverso argumento de que
governos deveriam usar política fiscal para estimular a demanda durante
recessões ou depressões. Independentemente da sua opinião sobre a
macroeconomia keynesiana, você seria tolo de desprezar as ideias dele sobre
mercados financeiros.7 Para mim, o capítulo mais perspicaz do seu
famosíssimo livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda é dedicado
a esse tema. As observações de Keynes se baseavam em parte na sua
considerável experiência como investidor. Por muitos anos, ele administrou
com sucesso o portfólio da sua faculdade em Cambridge, onde foi pioneiro
da ideia de fundos investindo em ações.
Como discutimos anteriormente, diversos economistas da sua geração
tinham intuições muito boas sobre o comportamento humano, mas Keynes
era particularmente perspicaz nessa área. Ele achava que as emoções, ou o
que chamou de “espíritos animais”, desempenhavam um papel importante na
tomada de decisão individual, inclusive em decisões de investimentos. Era
interessante que Keynes considerasse os mercados mais “eficientes” — para
usar a palavra moderna — em um período anterior, no começo do século
XX, quando os gerentes possuíam a maioria das ações de uma empresa e
sabiam quanto a empresa valia. Ele acreditava que, à medida que as ações se
tornavam mais espalhadas, “o elemento de conhecimento real na avaliação
de investimentos por parte daqueles que as possuem ou contemplam adquiri-
las... declinava seriamente.”8
Na época em que estava escrevendo Teoria geral, em meados da década
de 1930, Keynes havia concluído que os mercados tinham ficado meio
loucos. “Flutuações diárias nos lucros de investimentos existentes, que são
obviamente de caráter efêmero e não significativo, tendem a ter uma
influência absolutamente excessiva, e até mesmo absurda, sobre o
mercado.”9 Para reforçar seu ponto, observou o fato de que as ações de
companhias de gelo eram mais altas nos meses de verão, quando as vendas
são mais altas. Esse fato é surpreendente porque os preços das ações
refletem o valor da empresa no longo prazo em um mercado eficiente, valor
este que não deveria refletir o fato de que o verão é quente e que o inverno é
frio. Um padrão sazonal previsível como esse nos preços das ações é
estritamente proibido pela HME.10
Keynes também era cético de que gestores profissionais pudessem fazer o
papel do “smart money”, no qual os defensores da HME se apoiam para
manter os mercados eficientes. Ao contrário, achava que os profissionais
tinham maior probabilidade de serem levados por uma onda de exuberância
irracional do que de combatê-la. Um dos motivos é que é arriscado se opor à
onda. “A sabedoria mundana ensina que é melhor para a reputação falhar
convencionalmente do que ter êxito sem ser convencional.”11 Em vez disso,
Keynes achava que os gestores de dinheiro profissionais jogavam um
intrincado jogo de adivinhação. Ele comparou escolher as melhores ações
com uma competição comum na cena financeira londrina dominada por
homens nos anos 1930: escolher os rostos mais bonitos de um conjunto de
fotografias:
Para ajudar você a pensar nesse quebra-cabeça, suponha que haja três
jogadores cujos palpites foram 20, 30 e 40 respectivamente. O palpite médio
seria 30, cujos 2/3 seria 20, então a pessoa que chutou 20 ganharia.
Dê um palpite antes de continuar. Realmente, você deve experimentar: o
resto deste capítulo será mais divertido se você mesmo tiver experimentado
o jogo.
Há alguma coisa que você gostaria de perguntar antes de chutar seu
palpite? Se houver, o que seria? Voltaremos a você em um minuto. Agora,
vamos ponderar como alguém poderia pensar em como jogar esse jogo.
Considere o que chamarei de pensador nível zero. Ele diz: “Não sei, mas
isso parece um problema de matemática e eu não gosto de problemas de
matemática, especialmente problemas com palavras. Acho que vou chutar
um número ao acaso.” Um monte de gente chutando números de 0 a 100 ao
acaso irá produzir um palpite médio de 50.
E uma pensadora de primeiro nível? Ela diz: “O resto dos jogadores não
gosta de pensar muito, provavelmente escolherão um número ao acaso, o
que dará uma média de 50, então eu deveria chutar 33, dois terços de 50.”
Um pensador de segundo nível dirá algo do tipo: “A maioria dos
jogadores será de pensadores de primeiro nível e acharão que os outros
jogadores serão meio fracos, então vão chutar 33. Portanto eu chuto 22.”
Uma pensadora de terceiro nível: “A maioria dos jogadores vai discernir
como o jogo funciona e descobrirá que a maioria chutará 33. Como resultado
chutarão 22, então vou chutar 15.”
É claro que não há lugar conveniente para saltar desse trem de
pensamento. Quer mudar o seu palpite?
Aqui está outra pergunta para você: qual é o equilíbrio de Nash para este
cenário? Batizado em homenagem a John Nash, o tema do popular livro (e
filme biográfico) Uma mente brilhante,13 o equilíbrio de Nash nesse jogo é
um número que, se todo mundo chutasse, ninguém gostaria de mudar seu
palpite. E o único equilíbrio de Nash nesse jogo é zero. Para entender por
quê, suponha que todo mundo tenha chutado 3. Então o palpite médio seria 3
e você chutaria dois terços de 3, que é 2. Mas se todo mundo chutasse 2 você
iria querer chutar 1,33 e assim por diante. Se, e somente se, todos os
participantes chutassem zero, ninguém gostaria de mudar seu palpite.
Talvez você já tenha agora formulado a pergunta que poderia ter valido a
pena fazer antes de apresentar seu palpite: quem são os outros jogadores, e
quanto eles sabem de matemática e teoria dos jogos? Se você está jogando
no seu bar local, especialmente tarde da noite, as outras pessoas
provavelmente não estão pensando com tanta profundidade, então você
poderia chutar por volta de 33. Se você está numa conferência de teóricos
dos jogos, com certeza gostaria de chutar um número perto de zero.
Agora vejamos como esse jogo está relacionado com o concurso de beleza
de Keynes. Formalmente, as configurações são idênticas. No jogo de
adivinhar o número, você precisa adivinhar o que outras pessoas estão
pensando que outras pessoas estão pensando, exatamente como no jogo de
Keynes. Na verdade, em economia, é comum chamar o “jogo de adivinhar o
número” de “concurso de beleza”.14
O primeiro estudo experimental desse delicioso jogo foi feito pela
economista alemã Rosemarie Nagel,15 que leciona na Universidade Pompeu
Fabra, de Barcelona. Graças ao jornal Financial Times, em 1997 tive a
oportunidade de replicar seus achados em um experimento de larga escala. O
FT havia me pedido para escrever um breve artigo sobre finanças
comportamentais, e eu quis usar o jogo de adivinhar o número para ilustrar o
concurso de beleza de Keynes. Então tive uma ideia: será que, algumas
semanas antes de meu artigo aparecer, eles poderiam publicar o jogo na
forma de competição? Dessa maneira, eu poderia apresentar dados recentes
dos leitores do FT junto com meu artigo. O FT concordou, e a British
Airways ofereceu como prêmio duas passagens de Londres para os Estados
Unidos na classe executiva. Com base no que você sabe agora, qual seria o
seu palpite para esse público?
O palpite vencedor foi 13. A distribuição dos palpites é mostrada na
Figura 10. Como você pode ver, muitos leitores do Financial Times foram
suficientemente perspicazes para descobrir que zero era o equilíbrio de Nash
para esse jogo,16 mas também tinham muito poucas pistas para achar que
seria o palpite vencedor.17 Houve também algumas pessoas que chutaram 1,
permitindo a possibilidade de que alguns palermas “não entendessem”
totalmente e então subir a média para acima de zero.18
Muitos pensadores de primeiro e segundo nível chutaram 33 e 22. Mas e
os palpites de 99 e 100; qual era a desses caras? Descobrimos que todos
vinham de uma residência estudantil na Universidade de Oxford. Os
concorrentes estavam limitados a uma única participação, mas alguém a fim
de aprontar tinha preenchido cartões em nome de todos seus colegas da casa.
Coube a meus assistentes de pesquisa e a mim resolver se tais participações
eram válidas. Decidimos que, como cada cartão tinha um nome diferente de
participante, nós os aceitaríamos, e coletivamente eles mudaram o palpite
vencedor de 12 para 13. Por sorte, ninguém naquela casa havia chutado 13.
Pedimos aos participantes que escrevessem uma breve explicação da sua
lógica, que usaríamos como critério de desempate. Suas explicações
forneceram um bônus inesperado. Algumas eram bastante inteligentes.19
Houve um poeta que chutou zero: “So behaviourists observe a bod, an FT
reader, ergo clever sod, he knows the competition and will fight’em, so
reduces the number ad infinitum.” [“Assim comportamentalistas observam
um corpo, um leitor do FT, ergo sujeito esperto, ele conhece a competição e
os combaterá, então reduz o número ad infinitum.”]
E eis aqui um membro do partido conservador que, tendo decidido que o
mundo não pode ser considerado racional, chutou 1:
“A resposta deveria ser nada [0] . . . mas os trabalhistas ganharam.”
Um estudante que chutou 7 justificou sua escolha: “Porque o meu pai tem
um conhecimento médio sobre números e mercados, e ele desistiu quando
chegou a 10.” Note que, como muitos jovens, ele subestimou seu pai. Se
tivesse dado crédito ao pai por raciocinar um nível além do competidor
médio, poderia ter ganhado!
Finalmente, outro poeta que chutou 10: “Over 67 only interests fools; so
over 45 implies innumeracy rules. 1 to 45 random averages 23. So logic
indicates 15, leaving 10 to me.” [“Acima de 67 interessa apenas aos tolos;
então acima de 45 implica regras de desconhecimento de números. 1 a 45 ao
acaso dá média 23. Então a lógica indica 15, deixando 10 para mim.”]
Conforme ilustrado por todos esses adivinhadores do FT, com vários
níveis diferentes de sofisticação, vemos que a analogia do concurso de
beleza de Keynes ainda é uma apta descrição do que os gestores de dinheiro
tentam fazer. Muitos investidores se autodenominam “gestores de valor”,
indicando que tentam comprar ações que estão baratas. Outros se
autodenominam “gestores de crescimento”, indicando que tentam comprar
ações que crescerão rapidamente. Mas é claro que ninguém busca comprar
ações que estejam caras nem ações de empresas que vão encolher. Então, o
que todos esses gestores estão realmente tentando fazer? Estão tentando
comprar ações que subirão de valor — ou, em outras palavras, ações que
eles consideram que outros investidores posteriormente decidirão que
deveriam valer mais. E esses outros investidores, por sua vez, estão fazendo
suas próprias apostas em avaliações futuras de outros.
Não há problema em comprar uma ação que o mercado não aprecia
totalmente hoje, contanto que o resto do mercado vá logo ao encontro de seu
ponto de vista! Lembre-se de outra famosa frase de Keynes: “A longo prazo,
todos estaremos mortos.”20 E o longo prazo típico para o gestor de um
portfólio não é mais do que uns poucos anos — talvez até mesmo poucos
meses!
22
A REAÇÃO DO MERCADO DE
AÇÕES É EXAGERADA?
A REAÇÃO À SOBRERREAÇÃO
––––––––
A alegação de que ações de valor “vencem o mercado” não era muita coisa
quando feitas por rebeldes como nós, gestores de portfólios como Dreman e
falecidos como Benjamin Graham. Mas esse fato foi declarado oficialmente
verdadeiro pelo sumo sacerdote dos mercados eficientes, Eugene Fama,
quando, junto com seu colega mais jovem e colaborador regular, Kenneth
French, publicou descobertas semelhantes. Em parte instigados por nossos
achados iniciais e pelos achados de Banz, que documentara o efeito da
pequena empresa,5 Fama e French começaram a publicar uma série de
artigos em 1992, documentando que tanto ações de valor quanto ações de
pequenas empresas de fato obtinham rendimentos maiores do que os
preditos pelo CAPM. Em 1996, declararam oficialmente que o CAPM
estava morto, num artigo com o provocativo título “Procura-se o CAPM,
Vivo ou Morto”.6
Mesmo que Fama e French estivessem prontos para declarar o CAPM
morto, não estavam preparados para abandonar a eficiência de mercado. Em
vez disso, propuseram o que agora é conhecido como Modelo de Três
Fatores Fama-French,7 ao qual, além do tradicional beta, foram adicionados
dois fatores explicativos a mais para racionalizar os altos rendimentos
anômalos em ações de valor e de pequenas empresas. Fama e French
mostraram que os rendimentos de ações de valor estão correlacionados, isto
é, a ação de valor tenderá a se sair bem quando outras ações de valor
estiverem se saindo bem, e o mesmo vale para ações de empresas pequenas.
Mas Fama e French foram francos em reconhecer que não tinham nenhuma
teoria para explicar por que tamanho e valor deveriam ser fatores de risco.
Ao contrário do modelo de precificação de ativos financeiros, que pretendia
ser uma teoria normativa de preços de ativos com base no comportamento
racional dos investidores, não havia razão teórica para acreditar que
tamanho e valor deveriam predizer rendimentos. Esses fatores foram usados
porque a pesquisa empírica demonstrara a importância deles.
Até hoje, não há evidência de que um portfólio de ações de valor ou de
pequenas empresas transpareça mais risco do que um portfólio de grandes
ações de crescimento. Na minha mente, um artigo intitulado “Investimento
do contra, extrapolação e risco”,8 publicado em 1994 pelos economistas
financeiros Josef Lakonishok, Andrei Shleifer e Robert Vishny, resolveu
quaisquer questões remanescentes sobre ações de valor serem ou não mais
arriscadas. Elas não são. E também convenceu os autores do artigo, já que
posteriormente abriram uma firma de administração financeira altamente
bem-sucedida, a LSV Asset Management, que é baseada em investimento
de valor.
Embora seu artigo tenha me convencido, não convenceu Fama e French,
e durante anos o debate continuou com comportamentalistas argumentando
que ações de valor têm preço inadequado e racionalistas alegando que elas
são arriscadas. O tópico ainda é discutido, e até mesmo Fama reconhece
que é impossível dizer se o rendimento mais alto das ações de valor se deve
ao risco ou à sobrerreação.9 Mas a novidade veio à tona quando Fama e
French anunciaram um modelo de cinco fatores.10 Um dos novos fatores
mede a lucratividade da empresa (o que prediz rendimentos elevados), e o
outro capta o grau de agressividade com que a empresa investe (o que
prediz rendimentos baixos). Em uma bela reviravolta do destino, a
lucratividade é outro traço que Benjamim Graham procurava ao julgar a
atratividade de uma firma como investimento. Assim, de alguma forma, o
venerável Ben Graham recebeu um selo de aprovação Fama-French, já que
eles também endossam valor e lucratividade. E é difícil contar uma história
plausível em que empresas altamente lucrativas sejam mais arriscadas do
que empresas que perdem dinheiro.
Assim, desde o momento em que Sharpe e Lintner criaram o CAPM, no
começo dos anos 1960, passamos de um modelo de um só fator para um
modelo de cinco fatores, e muitos praticantes adicionariam um sexto fator:
impulso. Empresas com bom desempenho nos últimos seis ou 12 meses
tendem a continuar se saindo bem pelos próximos seis ou 12 meses. Quer
haja cinco ou seis fatores, acredito que, em um mundo racional, o único
fator que teria importância seria o primeiro: o bom e velho beta. Mas o beta
está morto. E os outros? Em um mundo de Econs, todos seriam FSIs.
24
––––––––
––––––––
MOSCAS-DAS-FRUTAS, ICEBERGS E
PREÇOS DE AÇÕES NEGATIVOS
O debate com Merton Miller obscureceu o ponto mais importante acerca dos
fundos fechados: a flagrante violação da lei do preço único. Era como se
tivéssemos descoberto um unicórnio e então tivéssemos tido uma longa briga
sobre como deveríamos chamar a cor da pelagem do bicho. Anos mais tarde,
depois de eu ter ingressado na Universidade de Chicago, revisitei a lei do
preço único com um colega de Chicago, Owen Lamont.
Naquela época, Owen não era realmente um economista comportamental.
Era apenas um pesquisador de mente aberta que gostava de agitar as
discussões e tinha um bom faro para problemas interessantes. Owen é
sempre uma das principais escolhas para o papel de debatedor nos
seminários de finanças comportamentais que Shiller e eu organizamos no
National Bureau of Economic Research (NBER). Alfinetadas eram
frequentes nesses encontros, e Owen provavelmente detém o recorde. Uma
vez, solicitaram que ele debatesse sobre um artigo no qual os autores haviam
medido os níveis de ansiedade de traders de opções durante um dia de
negociação. A tecnologia do sensor empregada era refinada, mas muitos de
nós ficamos imaginando o que deveríamos absorver desse exercício. Owen
abriu a discussão com uma síntese: “Os autores definitivamente rejeitaram a
hipótese de que esses traders não passem de portas.”
O problema interessante que Owen tinha identificado era uma flagrante
violação da lei do preço único envolvendo uma companhia chamada 3Com.
O principal negócio da 3Com era com redes de computadores usando uma
tecnologia chamada Ethernet, mas, por meio de uma fusão, eles também
tinham adquirido a Palm, o fabricante do que na época foi considerado um
elegantíssimo computador de mão chamado Palm Pilot. No verão de 1999,
quando a ação de qualquer empresa de tecnologia respeitável do Vale do
Silício parecia dobrar a cada um ou dois meses, a 3Com estava sendo
negligenciada, e o preço da sua ação permanecia constante. A administração
da 3Com adotou um plano para aumentar o preço da sua ação, e o plano
envolvia desinvestir-se do seu interesse na Palm. Em 2 de março de 2000, a
3Com vendeu uma fração de sua participação na Palm para o público geral.
Nessa transação, chamada divisão de capital, a 3Com vendeu cerca de 4% de
sua participação na Palm em uma oferta pública inicial, vendeu cerca de 1%
para um consórcio de empresas e reteve a posse de 95% de suas cotas.
Esse ato deveria por si só preocupar os defensores da hipótese de mercado
eficiente. Que diferença faz se a Palm está localizada dentro da 3Com ou aí
fora, por conta própria? Se os preços estão “certos”, então dividir uma
empresa em duas partes não deveria aumentar seu valor, a menos que a
empresa-mãe — a 3Com, nesse caso — estivesse fazendo algo disfuncional
na sua administração da Palm que estivesse impedindo a prosperidade dessa
divisão. No entanto, a administração da 3Com obviamente não disse que
estava se divorciando da Palm para permitir que ela saísse de debaixo da sua
má administração. Em vez disso, insinuaram que a Palm, de alguma forma,
passaria em um passe de mágica a valer mais como companhia destacada do
que como parte da empresa-mãe. Sem dúvida, esperavam que, como
companhia separada, a Palm fosse mais valorizada, como as empresas
quentes de tecnologia daquela época, tais como eBay, AOL e Amazon. Um
defensor do mercado eficiente ficaria cético em relação a essa jogada. Em
um mercado constituído apenas de Econs, o valor da 3Com é igual ao valor
da Palm mais o valor do resto da 3Com, e separá-las não teria efeito no valor
total da empresa.
Mas Econs claramente não estavam guiando os preços das ações das
empresas de tecnologia naquele final dos anos 1990. Por mais intrigante que
seja, separar a Palm pareceu dar certo. Quando o plano de separar a Palm do
resto da empresa foi anunciado em 13 de dezembro de 1999, cada ação da
3Com estava sendo vendida por US$40,00 cada. Na ocasião em que ocorreu
a oferta pública inicial para as ações da Palm, em 1o de março de 2000, o
preço da ação da 3Com havia subido para US$100,00. É um belo retorno
pelo dispendioso passo de transformar a Palm em empresa separada! Mas a
parte realmente bizarra ainda estava por vir.
A operação estava programada para vender inicialmente apenas 5% do
valor da Palm a investidores externos. A 3Com reteria o restante da
participação. Então, após um período de alguns meses, cada acionista da
3Com receberia 1,5 cota da Palm. É aqui que a lei do preço único entra em
ação. Assim que as cotas iniciais da Palm fossem vendidas e começassem a
ser negociadas, os acionistas da 3Com teriam essencialmente dois
investimentos separados. Uma única cota da 3Com incluía 1,5 cota da Palm
mais uma participação nas partes remanescentes da 3Com, o que, em
literatura financeira, é chamado “valor residual” (stub value) da 3Com. Em
um mundo racional, o preço da cota da 3Com seria igual ao valor do resíduo
mais 1,5 vez o preço da Palm.
Os bancos de investimento envolvidos na transação das cotas da Palm que
seriam vendidas na oferta pública inicial precisavam determinar o preço a
ser cobrado. À medida que a empolgação em torno dessa oferta pública ia
crescendo, eles continuaram a aumentar o preço, finalmente estabilizando
em US$38,00 a cota; mas quando as cotas da Palm começaram a ser
negociadas, o preço deu um salto e terminou o dia um pouco acima de
US$95,00. Uau! Os investidores pareciam loucamente entusiasmados em
relação à perspectiva de uma empresa Palm independente.
Então o que deveria acontecer com o preço da 3Com? Façamos os
cálculos. Cada cota da 3Com incluía agora 1,5 cota da Palm. Se você
multiplicar US$95,00 por 1,5 obterá cerca de US$143,00. Mais do que isso,
as partes remanescentes da 3Com eram um negócio lucrativo, então é
preciso perceber que o preço das cotas da 3Com saltaria para pelo menos
US$143,00 e provavelmente um pouquinho mais. Mas, na realidade, naquele
mesmo dia o preço da 3Com caiu, fechando em US$82,00. Isto significa que
o mercado estava calculando que o valor residual da 3Com era de -US$61,00
por cota, o que somado resulta em US$23.000.000.000,00 negativos! Você
leu corretamente. O mercado de ações estava dizendo que o negócio
remanescente da 3Com, um negócio lucrativo, valia -US$23.000.000.000,00.
Há um princípio em finanças ainda mais fundamental que a lei do preço
único, que diz que o preço de uma ação nunca pode ser negativo. Você pode
jogar suas cotas fora se quiser, e os acionistas têm responsabilidade limitada,
então o preço absoluto mais baixo a que uma ação pode cair é zero.
Nenhuma empresa pode valer -US$100,00, e menos ainda -
US$23.000.000.000,00. Mas era isso que o mercado estava dizendo.
Pense nesse panorama de outra maneira. Suponha que um Econ esteja
interessado em investir na Palm. Ele poderia pagar US$95,00 e ter uma cota
da Palm, ou poderia pagar US$82,00 e ter uma cota da 3Com que inclui 1,5
cota da Palm mais uma participação na 3Com. Não parece uma decisão
difícil! Por que comprar diretamente a Palm quando você pode ganhar mais
cotas por menos dinheiro comprando a 3Com, e ainda uma participação em
outra empresa gratuitamente?
Essa foi uma violação colossal da lei do preço único. Na verdade, foi tão
colossal que foi amplamente divulgada na imprensa popular. No entanto, o
valor remanescente da 3Com permaneceu negativo durante vários meses.
Como isso pôde acontecer? Dois ingredientes são necessários para que
uma violação da lei do preço único surja e persista. O primeiro é que você
precisa de alguns investidores com um inexplicável desejo de possuir uma
versão pura, não adulterada, da Palm em vez de uma versão diluída com
dinheiro extra e participação em uma empresa lucrativa. Em outras palavras,
você precisa de noise traders, também conhecidos como os IDIOTAS de
Summers. E note que, mesmo se algumas pessoas comprarem as ações da
Palm com intuito de vender mais tarde para idiotas a um preço
supervalorizado — bem, você ainda precisa de alguns idiotas para fazer o
plano dar certo.
A outra coisa necessária para que isso aconteça é algo que deve estar
impedindo o smart money de levar os preços de volta para onde
supostamente deveriam estar. O investidor meramente “sensato” apenas
compraria a 3Com em vez da Palm. Mas um verdadeiro Econ iria um passo
além. Nessa situação, a transação do smart money é comprar as
subvalorizadas cotas da 3Com e ficar vendido em uma quantidade
apropriada de cotas da Palm. Então, quando o negócio é completado, o
investidor vende as cotas da Palm que recebe, usa essas cotas para pagar seu
empréstimo e fica com um lucro igual ao preço que a 3Com está valendo
como empresa isolada. Esse é um negócio no qual nunca se perde. Por que
ninguém estava tentando isso, visto que era tão amplamente conhecido? O
problema era que foram vendidas tão poucas cotas da Palm na oferta pública
inicial que não havia o suficiente para satisfazer todo mundo que queria
tomá-las emprestadas: a demanda de gente que queria tomar cotas
emprestadas para ficar com a posição vendida excedia a oferta de cotas
disponíveis para serem emprestadas. Isto significava que o smart money era
incapaz de guiar os preços relativos da Palm e da 3Com para um equilíbrio
racional, no qual o preço da 3Com fosse ao menos 1,5 vez o preço da Palm.1
A história Palm/3Com não é única.2 Nos idos de 1923, o jovem Benjamin
Graham notou que a DuPont possuía um grande número de ações da General
Motors; estranhamente, o valor de mercado da DuPont era mais ou menos o
mesmo que o da sua participação na GM. Apesar de a DuPont ser uma
empresa altamente lucrativa, seu valor remanescente era próximo a zero.
Graham fez a transação inteligente, comprando Dupont e ficando vendido
em GM, e ganhou uma bela grana quando o preço da DuPont subiu.
Mas as coisas nem sempre dão tão certo para os traders inteligentes. Por
muitos anos, havia dois tipos de cotas da empresa fundida Royal Dutch
Shell. As cotas da Royal Dutch eram negociadas em Nova York e na
Holanda, e as da Shell eram negociadas em Londres. Segundo os termos do
acordo de fusão que criou essa empresa em 1907, 60% dos lucros iriam para
os acionistas da Royal Dutch e 40% para os acionistas da Shell. A lei do
preço único estipula que a razão entre os preços das duas classes de cotas
deveria ser 60/40 ou 1,5. Mas será que essas duas ações sempre foram
negociadas nessa razão? Não! Às vezes as cotas da Royal Dutch eram
negociadas com até 30% a menos, e outras vezes eram negociadas com até
15% a mais. Os noise traders parecem ter uma dificuldade especial de
multiplicar por 1,5.
Nesse caso, a transação inteligente seria comprar a versão mais barata da
ação, qualquer que seja ela, e ficar vendido na versão mais cara. Ao
contrário do caso da Palm e 3Com, ambas as versões da ação eram
amplamente negociadas e fáceis de tomar emprestadas; então o que impedia
o smart money de garantir que as ações fossem negociadas na sua apropriada
razão de 1,5? Estranhamente, nada! E, crucialmente, ao contrário do
exemplo da Palm, que com certeza terminaria em poucos meses, a
disparidade de preços na Royal Dutch Shell podia durar, como durou,
décadas.3 É aí que mora o risco. Alguns traders inteligentes, tais como o
fundo multimercado Long Term Capital Management (LTCM), realizaram,
sim, o negócio inteligente, ficando vendidos nas caras cotas da Royal Dutch
e comprando as cotas Shell baratas. Mas a história não teve um final feliz.
Em agosto de 1998, por causa de uma crise financeira na Ásia e uma
insolvência em títulos russos, o LTCM e outros fundos multimercado
começaram a perder dinheiro e precisaram reduzir algumas de suas posições,
inclusive sua operação com a Royal Dutch Shell. Mas, sem nenhuma
surpresa, o LTCM não foi o único fundo multimercado a ter identificado a
anomalia na precificação da Royal Dutch Shell, e outros fundos também
haviam perdido dinheiro na Rússia e na Ásia. Então, ao mesmo tempo que o
LTCM quis se desvencilhar da sua posição na Royal Dutch Shell, outros
fundos também quiseram, e a diferença de valores — o spread — atuou
contra eles, ou seja, a versão mais cara ficou ainda mais cara. Dentro de
semanas, o LTCM desabara4 com essa e outras oportunidades de
“arbitragem” que foram piorando antes de melhorar.
O exemplo do LTCM ilustra o que Andrei Shleifer e seu frequente coautor
Robert Vishny chamam de “limites de arbitragem”. Na verdade, num artigo
publicado sobre esse tópico em 1997,5 um ano antes de esses eventos
ocorrerem, eles descreveram de forma bastante cautelosa uma situação
hipotética muita parecida com a vivenciada pelo LTCM. Quando preços
começam a se movimentar contra um gestor de dinheiro e os investidores
começam a pedir de volta parte do seu dinheiro, os preços serão guiados
ainda mais contra eles, o que pode causar uma espiral maligna. A lição
básica é que os preços podem sair de controle e o smart money nem sempre
consegue consertar as coisas.
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INSTRUÇÃO EM DIREITO
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Pós-escrito: Não é possível dizer qual foi o impacto que a nossa palestra
teve. Sabemos, sim, que ela tem sido frequentemente citada, mas não
podemos determinar se tivemos êxito em angariar alguém para a causa da
análise econômica do direito comportamental. O que posso dizer é que hoje
há um bocado de pesquisa sobre análise econômica do direito
comportamental sendo feita, o suficiente para encher o Oxford Handbook of
Behavioral Economics and the Law12 com suas 800 páginas, editado por Eyal
Zamir e Doron Teichman. Um dos proeminentes colaboradores nesse campo,
o professor de direito da UCLA Russell Korobkin, está pronto para declarar
vitória. “A batalha para tirar a análise econômica de regras e instituições
legais da camisa de força das estritas premissas da escolha racional já foi
vencida.”13 Sempre temeroso do excesso de confiança, não estou pronto para
declarar “missão cumprida”, mas certamente podemos declarar com
segurança “missão iniciada”.
28
AS SALAS DE TRABALHO
FUTEBOL AMERICANO
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GAME SHOWS
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Uma pergunta frequente que éramos incapazes de responder era se esse tipo
de poupança automática realmente aumentava o patrimônio líquido de uma
família. Alguns argumentavam que talvez, uma vez inscritos, os
participantes reduzissem suas poupanças em outros lugares ou assumissem
mais dívidas. Não existem conjuntos de dados americanos que tenham a
informação adequada sobre patrimônio familiar que permita responder a essa
pergunta. Mas uma equipe de economistas americanos e dinamarqueses17
chefiada por Raj Chetty de Harvard, uma estrela em ascensão em economia,
usou dados da Dinamarca para fornecer uma resposta definitiva à pergunta,
bem como à pergunta mais genérica discutida anteriormente, sobre a real
efetividade da isenção tributária nos planos de aposentadoria para aumentar
as poupanças. Eles foram capazes de fazê-lo porque os dinamarqueses
mantêm registros meticulosos sobre patrimônio familiar, bem como de
renda.
Há duas principais conclusões do estudo dinamarquês. A primeira é que o
grosso da poupança gerada pelos planos de adesão automática é “novo”.
Quando alguém entra em uma empresa com um plano de aposentadoria mais
generoso e automaticamente começa a poupar mais por esse plano, não há
nem uma redução discernível nas poupanças em outras categorias nem um
aumento de dívidas. Em um mundo de Econs, esse resultado seria
surpreendente porque os Econs tratam o dinheiro como fungível e já estão
poupando exatamente a quantia correta; então, se um empregado é forçado
ou incentivado a poupar mais em um lugar, ele simplesmente pouparia
menos ou pediria mais empréstimos em outro. A segunda conclusão
compara as contribuições relativas de dois fatores que são combinados
nesses planos: suas características automáticas e a economia obtida pela
isenção fiscal. Ao alocar a fonte da nova poupança proveniente desses
programas, os autores atribuem apenas 1% do aumento à isenção fiscal. Os
outros 99% provêm das características automáticas. Eles concluem: “Em
suma, os achados do nosso estudo questionam se os subsídios de impostos
são a política mais efetiva para aumentar poupanças de aposentadoria. A
adesão automática ou políticas padrão que incentivem os indivíduos a
poupar mais têm grandes impactos sobre a poupança nacional com menor
custo fiscal.”
––––––––
Em 2004, vários anos depois que Brian Tarbox realizou aquele primeiro
experimento, Shlomo e eu escrevemos um artigo18 sobre os achados. A
primeira vez que apresentei a pesquisa na Universidade de Chicago foi numa
conferência em homenagem ao orientador da minha tese, Sherwin Rosen,
que morrera prematuramente aos 62 anos pouco tempo antes. O debatedor
do nosso artigo foi Casey Mulligan, um dos vários economistas hard-core da
Escola de Chicago remanescentes no departamento de economia da
universidade.
Os achados do nosso artigo vão contra muito do que Mulligan acredita.
Fomos capazes de levar as pessoas a poupar simplesmente usando
características de planejamento supostamente irrelevantes. Um Econ não se
inscreveria no Save More Tomorrow porque já estaria poupando a quantia
certa. Mesmo que o fizesse, isso não afetaria sua taxa de poupança, porque
faria ajustes em outras partes para voltar a poupar a quantia ideal que
originalmente escolhera. Mulligan admitiu de má vontade que parecíamos de
fato ser capazes de realizar essa magia negra, mas estava preocupado com a
possibilidade de causarmos algum dano. Ele achou que poderíamos estar
enganando as pessoas, levando-as a poupar demais. É claro que eu estava
pensando comigo mesmo: se as pessoas são tão espertas, como adeptos da
escolha racional como Mulligan costumam presumir, não seriam enganadas
com tanta facilidade. Porém não disse nada. Em vez disso, reconheci que era
possível induzir as pessoas a poupar mais dinheiro além da quantia ideal que
um Econ escolheria, embora isto parecesse improvável considerando os
baixos índices de poupança individual nos Estados Unidos. Ainda assim,
como precaução, elaboramos uma taxa máxima de poupança, após a qual
cessariam os aumentos automáticos.
Ademais, se uma família errar seu objetivo ideal de poupança, parece
melhor que erre para mais do que poupe de menos. Não estou querendo ditar
como as pessoas devem alocar seu consumo ao longo da vida, e seguramente
há muitos avarentos que viveram vidas condizentemente miseráveis. Em vez
disso, estou preocupado com a dificuldade de prever a taxa de rendimento
nas poupanças e com a facilidade de fazer ajustes mais tarde na vida.
Alguém que completa 60 anos e se vê de posse de uma poupança generosa
tem inúmeras opções, desde uma aposentadoria precoce até tirar férias
luxuosas ou mimar os netos. Mas alguém que descobre aos 60 que não
poupou o suficiente precisa correr para recuperar o tempo perdido e pode
descobrir que a aposentadoria terá que ser adiada indefinidamente.
Casey Mulligan encerrou a discussão com uma pergunta: “Sim, parece
que vocês conseguem fazer as pessoas pouparem mais. Mas isto não é
‘paternalismo’?”
Na Universidade de Chicago, você pode chamar alguém de marxista,
anarquista, ou até mesmo de torcedor do Green Bay Packers (o arquirrival
do Chicago Bears, o time local da NFL), mas chamar um colega de
paternalista é o insulto mais cruel de todos. Fiquei genuinamente intrigado
com essa acusação. Normalmente pensamos que paternalismo envolve
coerção, como quando as pessoas são obrigadas a contribuir para a
Previdência Social ou proibidas de comprar álcool ou drogas. Mas o Save
More Tomorrow é um programa voluntário. Continuei dizendo que, se isto é
paternalismo, então deve ser uma variedade de paternalismo muito diferente.
Batalhando para encontrar as palavras certas, disse em um impulso: “Talvez
devêssemos chamar de, não sei, paternalismo libertário.”
Fiz uma anotação mental para discutir essa nova expressão com Cass
Sunstein na próxima vez que o visse.
32
INDO A PÚBLICO
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Nunca foi nossa intenção alegar que o nudging poderia resolver todos os
problemas. Algumas proibições e obrigações são inevitáveis. Nenhuma
sociedade pode existir sem algumas regras e regulamentos. Exigimos que as
crianças frequentem a escola (verdadeiro paternalismo em todo o sentido do
termo) e proibimos uma pessoa de agredir outra. Há regras estipulando de
que lado da rua se deve dirigir. Os países diferem quanto ao lado designado
como correto, mas quando um britânico visita os Estados Unidos, não tem
permissão de guiar do lado esquerdo da rua. Mesmo ardentes libertários
concordam que não se deve ter permissão de atirar no vizinho só porque
não gosta dele. Então, nosso objetivo aqui é limitado. Queríamos ver até
onde se pode levar a política a ajudar o outro sem criar obrigações.
Nossa premissa era simples. Como as pessoas são Humanos, e não Econs
(termos que cunhamos para o livro Nudge), cometem erros previsíveis. Se
conseguirmos antecipar esses erros, podemos conceber políticas que
reduzam o índice de erro. Por exemplo, o ato de dirigir, especialmente
distâncias longas, pode deixar o motorista com sono, aumentando o risco de
cruzar a faixa central e provocar um acidente. Em resposta, algumas
localidades acrescentaram pequenos obstáculos à faixa central, fazendo com
que o carro sacoleje ao passar sobre eles, acordando o motorista que está
cochilando (e talvez o levando a fazer uma pausa para tomar um café).
Melhores ainda são os obstáculos com olho-de-gato, facilitando dirigir no
escuro.
Os obstáculos na faixa central também ilustram um ponto que os críticos
do nosso livro parecem incapazes de entender: não temos interesse em dizer
às pessoas o que fazer. Queremos ajudá-las a alcançar seus próprios
objetivos. Leitores que conseguem chegar à quinta página de Nudge
descobrem que definimos nosso objetivo como tentar “influenciar escolhas
de um modo que melhore as vidas dos que escolhem, segundo o julgamento
deles mesmos”. O itálico está no original, mas talvez devêssemos ter usado
também negrito e maiúsculas, dado o número de vezes que fomos acusados
de pensar que sabemos o que é melhor para todo mundo. Sim, é verdade
que pensamos que a maioria das pessoas gostaria de ter uma aposentadoria
confortável, mas queremos deixar a escolha para elas. Queremos apenas
reduzir o que as próprias pessoas chamariam de erros.
Reduzir erros também é a origem do exemplo mais famoso de Nudge, do
Aeroporto Internacional de Schiphol, em Amsterdã. Algum gênio teve a
ideia de fazer os homens prestarem mais atenção na pontaria quando usam
os mictórios do aeroporto. A imagem de uma mosca foi desenhada perto do
ralo do urinol. A administração do aeroporto reportou que a instalação
dessas moscas reduziu o “derramamento”, um eufemismo maravilhoso, em
cerca de 80%. Não conheço nenhuma análise empírica cuidadosa da
efetividade dessas moscas, mas elas (e variações do tema) já foram
localizadas em outros aeroportos mundo afora. Um gol de futebol com uma
bola é especialmente popular durante a Copa do Mundo.
Para mim, aquela mosca no urinol se tornou o exemplo perfeito de um
nudge. Um nudge é um pequeno elemento no ambiente que chama a nossa
atenção e influencia o comportamento. Nudges são efetivos para os
Humanos, mas não para os Econs, pois os Econs já estão fazendo a coisa
certa. Nudges são fatores supostamente irrelevantes que influenciam nossas
escolhas de uma maneira que nos deixe em uma posição melhor. A mosca
deixou ainda mais claro para mim que, enquanto Cass e eu éramos capazes
de reconhecer bons nudges quando nos deparávamos com eles, ainda
carecíamos de um princípio para organizar o processo de como conceber
nudges eficazes.
O nosso grande avanço foi achar o princípio organizador que faltava
quando reli o livro clássico de Don Norman, O design do dia a dia.8 O livro
tem uma das melhores capas que já vi. É a imagem de uma chaleira que tem
a alça e o bico do mesmo lado. Pense nisso. Depois de reler o livro de
Norman, percebi que podíamos aplicar muitos de seus princípios para os
problemas que estávamos estudando. Recentemente eu tinha comprado meu
primeiro iPhone, um aparelho tão fácil de usar que não precisava de manual
de instruções. E se pudéssemos planejar políticas que facilitassem a criação
de ambientes de escolha que fossem igualmente “centrados no usuário”?
Em algum ponto adotamos o termo “arquitetura de escolhas” para descrever
o que estávamos tentando fazer. Curiosamente, só de ter esse termo para
organizar o nosso pensamento nos ajudou a criar uma lista de princípios
para uma boa arquitetura de escolhas, com muitas das ideias emprestadas da
literatura de design centrado no ser humano. Planejar boas políticas
públicas tem muito em comum com planejar qualquer produto de consumo.
Agora que tínhamos o nosso novo conjunto de ferramentas, precisávamos
fazer uma grande escolha sobre quais questões de política tentaríamos
abordar. Alguns tópicos sobre os quais já tínhamos escrito foram fáceis,
mas outros exigiram que mergulhássemos na literatura para tentar encontrar
alguma coisa útil ou interessante. Algumas dessas investigações levaram a
becos sem saída. Rascunhamos um capítulo sobre o furacão Katrina, mas o
cortamos porque encontramos só uma ideia remotamente interessante, e não
era nossa. John Tierney, um colunista do New York Times, tinha uma
sugestão9 de incentivar as pessoas a deixar suas casas e ir para terrenos mais
elevados antes da chegada de uma tempestade. A ideia de Tierney era
oferecer um marcador de tinta permanente àqueles que optam por ficar e
sugerir que o usem para escrever no corpo seu número de Seguro Social,
para ajudar na identificação de vítimas após a tormenta. Não tínhamos nada
nem de perto tão bom quanto isso.
Em outros casos, a pesquisa nos levou a mudar nossos pontos de vista
sobre algum tema. Um bom exemplo disso é a doação de órgãos. Quando
fizemos a nossa lista de tópicos, este foi um dos primeiros porque sabíamos
de um artigo que Eric Johnson escrevera com Daniel Goldstein a respeito
do poderoso efeito de opções padrão nesse domínio.10 A maioria dos países
adota alguma versão da política de opt-in, em que o doador precisa dar
algum passo positivo — tal como preencher um formulário — para ter seu
nome adicionado ao cadastro de doadores. No entanto, alguns países na
Europa, tais como a Espanha, adotaram a estratégia de opt-out, que é
chamada de “consentimento presumido”. Presume-se que você permite ter
seus órgãos transplantados a menos que opte explicitamente pela exclusão,
e ponha seu nome numa lista de “não doadores”.
Os achados do artigo de Johnson e Goldstein mostravam como as opções
padrão podem ser poderosas. Em países onde o padrão é ser doador, quase
ninguém opta pela exclusão; mas em países com política de opt-in, em geral
menos da metade da população opta pela inclusão! Aqui, pensamos nós,
estava uma receita de política simples: troque para consentimento
presumido. Mas aí fomos mais a fundo. Acontece que a maioria dos países
com consentimento presumido não implanta com rigor a política. Em vez
disso, membros de equipes médicas continuam a perguntar aos familiares se
eles têm alguma objeção sobre a doação de algum órgão do parente
falecido. Essa questão muitas vezes chega numa hora de severa aflição
emocional, já que muitos doadores de órgãos morrem subitamente em
consequência de algum acidente. O pior é que os familiares em países com
esse regime podem não ter ideia de quais eram os desejos do doador, já que
a maioria das pessoas simplesmente não faz nada. O fato de alguém não ter
preenchido um formulário de exclusão do cadastro de doadores não é um
indício forte de suas reais crenças.
Chegamos à conclusão de que o consentimento presumido não era, de
fato, a melhor política. Em vez disso, gostamos de uma variante que havia
sido adotada recentemente pelo estado de Illinois e também usada em
outros estados americanos. Quando a pessoa renova sua carteira de
motorista, lhe é indagado se deseja ser doadora de órgãos. O simples fato de
perguntar à pessoa e imediatamente registrar a escolha facilita a inscrição
na lista.11 No Alasca e em Montana,12 essa abordagem conseguiu índices de
doação acima de 80%. Na literatura da doação de órgãos, essa política foi
apelidada de “escolha obrigatória”,13 e adotamos esse termo no livro.
A terminologia foi infeliz, como descobri mais tarde. Algum tempo
depois de o livro ter sido publicado, escrevi uma coluna sobre doação de
órgãos no New York Times, advogando a política de Illinois, que continuei
chamando de “escolha obrigatória”.14 Algumas semanas depois, alguém do
corpo editorial do USA Today me chamou para conversar sobre a política
porque seu jornal iria endossá-la. Dentro de alguns dias, recebi uma ligação
urgente da redatora editorial. Ela havia ligado para o funcionário estadual
encarregado dessa política, que tem o título de secretário de estado, e ele
negou firmemente que tal política existisse. Fiquei estupefato. Eu tinha
renovado recentemente a minha carteira de motorista e fui devidamente
indagado se queria ser doador de órgãos. (Eu disse sim.) Mais alguns
telefonemas resolveram o mistério. O secretário de estado, Jesse White,
tinha objeções à palavra “obrigatória”. Ele disse que ninguém era solicitado
a fazer nada e, tecnicamente, estava certo. Quando indagado se quer ser
doador, se alguém se recusa a responder ou permanece calado, o
funcionário do Departamento de Veículos Motores simplesmente toma
como não.
Acontece que Jesse White é um político esperto e, como tal, percebeu
que os eleitores não gostam de mandatos.15 Na esteira dessa lição sobre a
importância da nomenclatura, venho chamando a minha política predileta
de “escolha solicitada” [“prompted choice”], um termo ao mesmo tempo
mais acurado e menos carregado politicamente. Quando se lida com
Humanos, as palavras importam.
33
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A reunião com Nick Down foi atípica. Era mais comum que o ministro ou
chefe de alguma agência do governo precisasse ser convencido tanto do
valor da ciência comportamental quanto da necessidade do experimento.
Em muitas das nossas reuniões, eu me via repetindo duas coisas com tanta
frequência que elas acabaram se tornando conhecidas como os mantras da
equipe.
1. Se você quer incentivar alguém a fazer algo, facilite. Essa é uma lição
que aprendi com Danny Kahneman, com base no trabalho de Kurt Lewin,
um proeminente psicólogo da primeira metade do século XX. Lewin
descreveu o primeiro passo para fazer as pessoas mudarem seu
comportamento como “descongelar”. Uma maneira de descongelar as
pessoas8 é remover as barreiras que as impedem de mudar, por mais sutis
que sejam essas barreiras.
2. Não podemos fazer política baseada em evidência sem evidências.
Embora muito da publicidade em torno do BIT tenha salientado
corretamente o uso de insights comportamentais para planejar mudanças na
forma como o governo opera, uma inovação igualmente importante foi a
insistência de que todas as intervenções fossem testadas usando, sempre que
possível, a metodologia de excelência dos testes controlados randomizados
(comumente chamado de RCTs, abreviatura de randomized control trials)
— um método frequentemente usado em pesquisa médica. Num RCT, as
pessoas são escolhidas aleatoriamente para receber diferentes tratamentos
(tais como a redação do texto das cartas no estudo dos impostos), incluindo
um grupo de controle que não recebe tratamento nenhum (neste caso, a
redação original). Embora essa abordagem seja ideal, nem sempre ela é
viável.9 Às vezes pesquisadores precisam fazer concessões para poderem
realizar qualquer tipo de experimento. O exemplo a seguir ilustra a
importância de ambos os mantras, bem como as dificuldades práticas
associadas à realização de experimentos em grandes organizações, tanto
governamentais quanto privadas.
A certa altura, eu estava participando de uma reunião na qual integrantes
do BIT se encontraram com representantes do Departamento de Energia e
Mudança Climática. Foi apropriado que a reunião tenha ocorrido durante
aquela semana, em que todo mundo estava lutando para se manter aquecido,
porque o tópico era como fazer mais gente isolar termicamente seus sótãos,
localmente conhecidos como “lofts”. Em um mundo de Econs, todos já
teriam feito o isolamento; a economia em custos de energia pode compensar
os custos do processo de isolamento em pouco mais de um ano. Mesmo
assim, cerca de um terço dos lares na Grã-Bretanha não tinham isolamento
suficiente nos seus sótãos, e o departamento lançara uma iniciativa para
incentivar os retardatários a parar de procrastinar. A iniciativa oferecia
subsídios tanto a proprietários quanto a locadores para melhorar o
isolamento térmico de suas casas e instalar outros produtos de economia de
energia. Não havia muita gente dando ouvidos à proposta do departamento.
O Behavioural Insights Team prometeu pensar sobre o que poderia ser feito.
A intervenção proposta abraçou o mantra “facilite”. Quando proprietários
de casas foram entrevistados e indagados por que não haviam feito o
isolamento, muitos responderam que era trabalhoso demais porque tinham
muita coisa atulhada no sótão. O BIT propôs que as firmas privadas que
instalavam o isolamento introduzissem um pacote que incluísse uma
limpeza do sótão. Se o proprietário comprasse esse pacote, dois sujeitos
esvaziariam o sótão e então ajudariam os donos a escolher o que doar ou
jogar fora e o que colocar de volta no sótão. Nesse meio-tempo, outra
equipe se ocuparia instalando o isolamento. Foram oferecidas duas versões
desse negócio: uma por conta do instalador (£190,00) e outra a preço do
varejo (£271,00). Isso além do custo do isolamento, que era de £179,00.
Um experimento foi conduzido para testar essa ideia, e os resultados
sugeriam que ela podia ser vencedora. Digo “poderia” porque os dados são
tão esparsos que é necessário ter cautela. No intuito de economizar
dinheiro, o único meio utilizado para informar o negócio às pessoas foi
enviar folhetos pelo correio a casas em três bairros distintos, mas similares,
escolhidos porque se acreditava que havia casas com probabilidade de
serem elegíveis para o negócio. Todos os proprietários em um mesmo bairro
receberam a mesma carta,10 oferecendo a limpeza com desconto, a limpeza
com preço de varejo ou simplesmente o negócio padrão (esse último grupo
era o grupo de controle). Foram distribuídos cerca de 24.000 folhetos em
cada um dos três bairros.
Infelizmente, o achado básico com esse experimento é que muito pouca
gente estava disposta a isolar seu sótão. Quer tenha acontecido por não
abrirem a correspondência, não acharem a proposta atraente ou preferirem
um vento frio descendo do teto, a aceitação foi mínima. No total, apenas 28
sótãos receberam o isolamento. No entanto, há pelo menos um forte indício
nos dados de que a oferta de limpeza do sótão foi uma boa ideia. Embora o
tamanho das amostras tenha sido aproximadamente igual, apenas três
famílias aceitaram o negócio de isolamento simples, ao passo que 16
aceitaram com a condição de limpeza barata e nove aceitaram com a versão
de limpeza mais cara. Então quase todo mundo que concordou em fazer o
isolamento de seu sótão o fez quando lhes foi oferecida alguma ajuda para a
limpeza. No entanto, os números são pequenos demais, o que exigiria
replicar o experimento para se ter confiança de que o efeito foi real. Por
enquanto, penso nesse exemplo como algo entre um achado científico e um
episódio interessante.11
Por mais que os membros da equipe tivessem adorado replicar o
experimento, os baixos índices de aceitação desestimularam o
departamento. Então por que incluir esse exemplo entre tantos outros no
portfólio do BIT? Tenho dois motivos. Primeiro: jamais encontrei um
exemplo melhor do princípio de Lewin de remover barreiras. Nesse caso, a
remoção é praticamente literal. Mesmo que essa implementação específica
nunca seja adotada em grande escala, a lembrança desse exemplo pode
inspirar a criação de um nudge poderoso em outra situação.
Segundo: o exemplo ilustra armadilhas potenciais de testes controlados
randomizados em contextos de campo. Experimentos desse tipo são caros, e
muita coisa pode dar errado. Quando um experimento de laboratório dá
errado, o que acontece com muita frequência em laboratórios operados por
Humanos, perde-se uma quantia relativamente pequena de dinheiro pago
aos sujeitos, mas o experimento geralmente pode ser tentado outra vez.
Ademais, experimentadores inteligentes realizam primeiro um piloto barato
para detectar quaisquer problemas na configuração. Tudo isto é difícil em
experimentos de campo em larga escala, e, para piorar, nem sempre é
possível contar com a presença dos experimentadores, in loco, em todas as
etapas. É claro que cientistas habilidosos na realização de RTCs conseguem
reduzir os riscos de erros e falhas, mas tais riscos nunca vão desaparecer.
Frustrações à parte, precisamos continuar a realizar ensaios e testar ideias
porque não há outra forma de descobrir o que funciona. De fato, o legado
mais importante do Behavioural Insights Team pode ser ajudar a incentivar
os governos a testar ideias antes de implementá-las. Em 2013, o governo do
Reino Unido estabeleceu uma rede chamada What Works Network para
estimular a testagem de formas de melhorar a efetividade do governo em
todos os domínios, desde saúde e crime até educação. Todo governo, na
verdade toda grande organização, deveria ter equipes similares conduzindo
testes de novas ideias. Mas precisamos ser realistas em relação aos
resultados desses testes. Nem toda ideia funciona; qualquer cientista pode
atestar essa realidade.
Também é crucial compreender que muitas melhorias podem parecer
bem mínimas na superfície: uma mudança de 1% ou 2% em algum
resultado. Isso não deve ser motivo para zombaria, ainda mais se a
intervenção é essencialmente sem custo. De fato, há o perigo de cair numa
armadilha similar à falácia da “grande mixaria” demonstrada pelos
competidores do game show. Um aumento de 2% na efetividade de algum
programa pode não parecer grande coisa, mas quando os valores estão na
casa de bilhões de dólares, mudanças de pequena porcentagem vão se
somando. Como comentou famosamente um senador dos Estados Unidos:
“Um bilhão aqui, um bilhão ali, logo, logo você vai estar falando de
dinheiro de verdade.”12
É importante moderar as expectativas em relação à magnitude dos efeitos
que serão obtidos porque o sucesso da inscrição automática e do Save More
Tomorrow pode criar a falsa impressão de que é fácil planejar pequenas
mudanças que tenham grandes impactos. Não é. Essas intervenções na
poupança combinavam três ingredientes importantes que aumentam
enormemente as chances de um programa atingir sua meta declarada.
Primeiro, os criadores do programa têm uma boa razão para acreditar que
uma parcela da população será beneficiada fazendo alguma modificação no
seu comportamento. Nesse caso, com muita gente poupando pouco ou nada
para a aposentadoria, era uma decisão fácil. Segundo, a população-alvo
deve concordar que uma mudança é desejável. Aqui, levantamentos
indicavam que a maioria dos trabalhadores achava que deviam estar
poupando mais. Terceiro: é possível fazer a mudança com uma ação quase
sem custo (ou, no caso da adesão automática, absolutamente nenhuma
ação). Chamo essas políticas de intervenções de “um só clique”. Com
apenas um tique num quadradinho, a pessoa que se inscreve no Save More
Tomorrow verá sua poupança aumentar com o tempo, sem necessidade de
fazer mais nada.
Infelizmente, em muitos problemas, mesmo quando as duas primeiras
condições são satisfeitas, não há uma solução de um só clique. Por
exemplo, seria de se esperar que uma pessoa que está 50 quilos acima do
seu peso recomendado se beneficiaria com a perda de alguns quilos, e a
maioria das pessoas nessa situação concordaria com essa avaliação. Mas,
fora uma cirurgia, não há resposta fácil. Não fui capaz de conceber um
programa que funcione para mim ou qualquer outra pessoa, e sabemos que
a maioria dos programas de dieta fracassam no longo prazo. Não existe
dieta de um só clique. Mesmo assim, embora não possamos resolver todos
os problemas com uma solução de um só clique, seguramente existem
alguns casos em que tais políticas podem ser concebidas, e aqueles
interessados em implementar novas políticas de mudanças comportamentais
seriam sábios em buscar tais ideias. No mundo das políticas públicas, são as
que têm chance de produzir resultados bons e mais rápidos.
Para dar um exemplo concreto: se a meta é reduzir a taxa de gravidez
adolescente, a estratégia mais efetiva é o uso de contraceptivos reversíveis
de longa ação, tais como um dispositivo intrauterino (DIU). Experimentos
com uma amostra de moças sexualmente ativas constataram um índice de
fracasso de menos de 1%, muito inferior ao de outras formas de
contracepção. Uma vez implantado o dispositivo, nenhuma outra ação se
faz necessária. Aqueles que estão à procura de intervenções
comportamentais que tenham alta probabilidade de funcionar deveriam
buscá-las em outros ambientes, onde uma única ação pode cumprir o
objetivo. E se essa solução ainda não existe, invente uma!
Em alguns casos, intervenções bem-sucedidas são simples lembretes para
as pessoas que, de outra forma, poderiam se esquecer de algo. Muitos
exemplos desse tipo têm sido possibilitados pela tecnologia de envio de
mensagens de texto, o que mostra que os nudges não precisam ser criativos,
elaborados ou ocultos de alguma maneira; lembretes simples e diretos na
forma de texto podem ser extremamente efetivos. Um exemplo vem do
campo da saúde. Em um estudo em Gana, a Innovations for Poverty Action
realizou um teste controlado randomizado avaliando se lembretes por
mensagem de texto para tomar medicação contra malária ajudavam as
pessoas a seguirem adiante com o tratamento médico. Eles não só
descobriram que esses textos eram eficazes, mas também que as mensagens
breves tinham melhores resultados; era o lembrete, e não a informação
adicional, que importava.13
De maneira similar, um estudo no campo da educação ressalta a eficácia
e a escalabilidade de simples lembretes de texto. O estudo mediu a
efetividade do READY4K!,14 um programa que enviava aos pais de alunos
em idade pré-escolar mensagens de texto regulares com dicas para a criação
dos filhos, inclusive maneiras de ajudar as crianças a aprender a ler e a
escrever. O estudo mostrou aumentos significativos no envolvimento
parental em atividades de alfabetização tanto em casa como na escola,
aumentando por sua vez os ganhos em leitura para as crianças.
Tais lembretes simples são um bom exemplo de que nudges podem ser
realmente suaves e transparentes, e ainda assim funcionarem.15
O BIT passou pela sua revisão após dois anos e foi renovado pelo
Cabinet Office em 2012. Como a equipe continuou a crescer rapidamente,
foi necessário achar um novo lar. A estada nos gelados alojamentos
originais foi, felizmente, breve, mas a sede seguinte, em um espaço
emprestado dentro do Departamento do Tesouro, era pequena demais para
as necessidades da crescente equipe. Assim, em 2014, foi tomada a decisão
de privatizar parcialmente o BIT. Ele passou a ser propriedade, em partes
iguais, do Cabinet Office, seus empregados e sua sócia sem fins lucrativos,
a NESTA, responsável por fornecer à equipe seu local de trabalho. O BIT
tinha um contrato de cinco anos com o Cabinet Office, então podia fazer
planos independentes dos resultados das eleições gerais de maio de 2015. A
equipe cresceu para aproximadamente 50 pessoas e agora dá apoio a uma
gama de entidades governamentais por todo o Reino Unido, e também
auxilia cada vez mais outros governos, inclusive um novo e empolgante
estudo sobre conformidade fiscal na Guatemala.
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Antes de olhar para a frente e ver o que a economia poderia se tornar,
parece sensato olhar para trás e fazer um balanço. Para grande surpresa de
todos, o maior impacto da abordagem comportamental da economia tem
sido na área de finanças. Ninguém teria previsto isto em 1980. Na verdade,
era algo impensável, porque os economistas sabiam que os mercados
financeiros eram os mais eficientes de todos os mercados, os lugares onde a
arbitragem era mais fácil e, portanto, o domínio onde o comportamento
desviante era menos provável de surgir. Em retrospecto, fica claro que as
finanças comportamentais prosperaram por duas razões. A primeira: há
teorias rigidamente especificadas, tais como a lei do preço único. A segunda
razão é que há um volume fantástico de dados que podem ser usados para
testar essas teorias, inclusive dados diários sobre milhares de ações que
remontam a 1926. Não sei de nenhum outro campo em economia que nos
permitiria uma refutação tão clara da teoria econômica como a história da
Palm e da 3Com.1
É claro que nem todos os economistas financeiros renunciaram à lealdade
à hipótese do mercado eficiente. Mas as abordagens comportamentais são
levadas a sério e, em muitas questões, o debate entre os campos racional e
comportamental está dominando a literatura em economia financeira há
mais de duas décadas.
A chave para manter esse debate bem-fundamentado e (em sua maior
parte) produtivo é o foco em dados. Como Gene Fama frequentemente diz
quando é indagado sobre nossas visões concorrentes: concordamos em
relação aos fatos, só discordamos em relação à interpretação. Os fatos são
que o modelo de precificação de ativos de capital foi claramente rejeitado
como descrição adequada dos movimentos de preços de ações. Beta, o
único fator a que um dia foi creditada importância, não parece explicar
muita coisa. E outros fatores que um dia foram tidos como irrelevantes são
agora considerados de grande importância, embora as razões para isso
permaneçam controversas. O campo parece estar convergindo para aquilo
que eu chamaria de “economia baseada em evidência”.
Seria natural imaginar que outro tipo de economia poderia existir, mas a
maior parte da teoria econômica não deriva da observação empírica. Em
vez disso, é deduzida a partir de axiomas de escolha racional, tenham ou
não esses axiomas qualquer relação com o que observamos na nossa vida
cotidiana. Uma teoria do comportamento dos Econs não pode ter base
empírica, porque Econs não existem.
A combinação de fatos que são difíceis ou impossíveis de confirmar pela
hipótese do mercado eficiente, aliada à voz firme dos economistas
comportamentais dentro do campo, fez das finanças o campo onde as
alegações do gesto da mão invisível receberam o escrutínio mais
construtivo. Em um mundo onde uma parte de uma empresa pode vender
mais que a empresa inteira, fica claro que nenhum gesto, por mais amplo
que seja, é suficiente. Economistas na área de finanças têm sido obrigados a
levar a sério os “limites da arbitragem”, que poderiam ser facilmente
chamados de “limites gestuais da mão”. Agora sabemos mais sobre como e
quando os preços podem divergir do valor intrínseco, e o que impede o
smart money de fazer os preços entrarem de novo na linha. (Em alguns
casos, investidores que aspiram a ser o smart money podem ganhar mais
dinheiro apostando em surfar na bolha e planejando cair fora mais rápido
que os outros, em vez de apostar em um retorno à sanidade.) As finanças
também ilustram como a economia baseada em evidência pode levar ao
desenvolvimento teórico. Como disse Thomas Kuhn, a descoberta começa
com anomalias. A tarefa de elaborar a versão baseada em evidência da
economia financeira está longe de terminada, mas está no caminho certo. É
hora de um progresso semelhante em outros ramos da economia.
Se fosse escolher o ramo da economia que estou mais ansioso para ver
adotar abordagens comportamentais realistas, seria, lamentavelmente, o
campo onde as abordagens comportamentais têm tido menor impacto até
aqui: a macroeconomia. As grandes questões de política monetária e
financeira têm importância vital para o bem-estar de qualquer país, e uma
compreensão de Humanos é essencial para escolher sabiamente essas
políticas. John Maynard Keynes praticou a macro comportamental, mas
essa tradição tem diminuído desde então. Quando George Akerlof e Robert
Shiller — dois distintos acadêmicos que estão mantendo viva a tradição
comportamental keynesiana — tentaram por vários anos organizar um
encontro anual de macroeconomia comportamental no National Bureau of
Economic Research, foi difícil achar bons artigos de macroeconomia em
número suficiente para completar um programa. (Em contraste, o encontro
de finanças comportamentais que Shiller e eu coordenamos, realizado duas
vezes por ano, atrai dezenas de propostas sólidas para cada encontro, e o
processo de escolher apenas seis para incluir no programa é difícil.) Akerlof
e Shiller acabaram abandonando a empreitada.2
Um dos motivos de não vermos um grupo crescente de economistas
comportamentais trabalhando em macroeconomia pode ser porque o campo
careça de dois ingredientes-chave que contribuíram para o sucesso das
finanças comportamentais: as teorias não fazem predições facilmente
verificáveis, e os dados são relativamente escassos. Em conjunto, isto
significa que a “prova irrefutável” da evidência empírica — como a que
existe em finanças — continua a nos escapar.
Talvez mais importante que isso seja a indicação de que os economistas
não conseguem sequer chegar a um acordo sobre o que fazer frente a uma
crise econômica como a que vivenciamos em 2007–08. Os da esquerda
adotam a visão keynesiana de que o governo deveria ter tirado vantagem da
combinação de altas taxas de desemprego e taxas de juros baixas (ou
negativas) para realizar investimentos em infraestrutura. Os da direita
temem que tais investimentos não sejam bem gastos e que o aumento da
dívida nacional gere mais adiante uma crise orçamentária ou inflação. Esses
economistas acreditam que cortes em impostos estimularão o crescimento,
enquanto os keynesianos acreditam que o crescimento será estimulado por
gastos públicos. Ambos os lados se culpam mutuamente pela lentidão da
recuperação: ela se deve a austeridade de mais ou de menos. Como
provavelmente não conseguiremos levar governos a concordar em deixar as
políticas de combate à recessão serem escolhidas aleatoriamente — para
poder realizar ensaios controlados randomizados —, pode ser que esse
debate nunca seja resolvido.3
Todavia, a falta de consenso sobre o que constitui a essência do modelo
macroeconômico “racional” não implica que os princípios da economia
comportamental não possam ser aplicados a grandes questões de políticas
no quadro geral. Perspectivas comportamentais podem adicionar nuances
aos assuntos macroeconômicos mesmo na ausência de uma hipótese nula
clara para refutar ou elaborar. Não deveríamos precisar de provas
irrefutáveis para começar a coletar evidência.
Uma importante política macroeconômica pedindo por análise
comportamental é como moldar um corte de impostos visando estimular a
economia. A análise comportamental ajudaria, independentemente de o
motivo para o corte de impostos ser keynesiano — aumentar a demanda de
bens — ou pelo lado da oferta — visando fazer com que “criadores de
empregos” criem ainda mais empregos. Há detalhes comportamentais
críticos na maneira como o corte de impostos é administrado, detalhes que
seriam considerados FSIs em qualquer contexto racional. Se o pensamento
keynesiano motivar o corte de impostos, então os responsáveis pelas
políticas desejarão que esse corte estimule o máximo possível o
comportamento de gastar. E um detalhe supostamente irrelevante que esses
responsáveis pelas políticas devem considerar é se o corte deve vir em uma
única bolada ou ser distribuído ao longo do ano. Sem modelos de
comportamento do consumidor baseados em evidência, é impossível
responder a essa pergunta. (Quando a meta é estimular gastos, meu
conselho seria distribuir ao longo do ano.4 Boladas têm maior probabilidade
de irem para a poupança ou serem usadas para liquidar dívidas.)
As mesmas questões se aplicam ao corte de impostos do lado da oferta.
Suponha que estejamos cogitando oferecer uma isenção tributária para
empresas que tragam dinheiro de volta aos Estados Unidos em vez de
mantê-lo escondido em subsidiárias no exterior para evitar tributação. Para
planejar e avaliar essa política, precisamos de um modelo baseado em
evidência que nos diga o que as empresas farão com o dinheiro repatriado.
Será que elas vão investi-lo, distribuí-lo aos acionistas ou acumulá-lo, como
tantas firmas americanas vêm fazendo desde a crise financeira? Isso torna
difícil predizer o que as empresas fariam caso se vissem com uma parcela
maior desse dinheiro em terreno doméstico. Mais genericamente, até que
entendamos melhor como firmas reais se comportam, referindo-nos àquelas
administradas por Humanos, não podemos fazer um bom trabalho de avaliar
o impacto de medidas fundamentais de política pública. Terei um pouco
mais a dizer sobre isso adiante.
Outra questão referente ao panorama geral que pede uma análise
comportamental mais meticulosa é a melhor maneira de encorajar as
pessoas a começar novos negócios (especialmente aqueles que poderiam ser
bem-sucedidos). Economistas de direita tendem a enfatizar a redução de
alíquotas marginais em ganhos de alta renda como a chave para gerar
crescimento. Os de esquerda tendem a insistir em subsídios direcionados
para indústrias que querem estimular (tais como energia limpa) ou aumento
de disponibilidade de empréstimos por parte da Small Business
Administration, uma agência governamental cuja missão é estimular a
criação e o sucesso de novos empreendimentos. E tanto economistas quanto
políticos de todas as espécies tendem a favorecer isenções de muitas
regulamentações governamentais para pequenas empresas, para quem a
conformidade pode ser custosa. Todas essas políticas são dignas de
consideração, mas raramente ouvimos muito de economistas sobre mitigar
o risco do prejuízo aos empreendedores se um novo negócio fracassar, o
que acontece em pelo menos metade das vezes, se não mais.5 Sabemos que,
para os Humanos, as perdas se parecem maiores que os ganhos, então esta
talvez seja uma consideração importante. Aqui está uma sugestão nessa
linha, oferecida durante uma entrevista de televisão improvisada (então
perdoe a gramática):
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EPÍGRAFE
1. Pareto ([1906] 2013), cap. 2, p. 21.
PREFÁCIO
1. Choices, Values, and Frames, Kahneman e Tversky (2000).
2. Enquanto Amos estava vivo, uma piada conhecida entre psicólogos era que ele possibilitava um
teste de QI com um único item: quanto mais rapidamente você percebesse que ele era mais
inteligente que você, maior seria seu QI.
3. Lowenstein (2000).
4. When Genius Failed: Lowenstein (2001).
5. Se você quiser aprender mais sobre o campo da economia comportamental, acompanhar
desenvolvimentos e controvérsias recentes ou fazer um comentário, confira o blog Misbehaving
em misbehavingbook.org. Contribuições e sugestões são bem-vindas.
CAPÍTULO 3: A LISTA
1. Fischhoff (1975).
2. “ Judgement Under Uncertainty: Heuristics and Biases”, Tversky e Kahneman (1974).
3. O Prêmio Nobel de economia não consta entre os originais determinados em testamento por Alfred
Nobel, embora seja concedido junto com eles. Seu nome completo é Prêmio Sveriges Riksbank
de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, mas aqui o chamarei abreviadamente de
Prêmio Nobel. Uma lista de laureados pode ser encontrada em
http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economic-sciences/laureates/.
4. Na verdade, o simples fato de ter uma arma de fogo em casa aumenta o risco de um membro do
domicílio cometer suicídio.
5. DeSilver (2013), reportando sobre os dados de 2010 dos Centros de Controle e Prevenção de
Doenças.
6. No caso de você estar se perguntando sobre a ordem dos nomes na autoria dos artigos deles, desde
cedo Amos e Danny adotaram a estratégia sutil de alternar o nome que viria antes como forma de
sinalizar que estavam de igual para igual na parceria. Em economia, a ordem alfabética é a opção-
padrão, mas em psicologia a ordem dos nomes geralmente pretende indicar as contribuições
relativas. Sua solução evitava ter de tomar a decisão, artigo por artigo, sobre quem tinha
contribuído mais. Tais avaliações podem ser estressantes (ver capítulo 28).
CAPÍTULO 6: A MANOPLA
1. Ver Mongin (1997) e Frischmann e Hogendorn (2015) para uma crítica a esse debate sobre análise
marginal.
2. Lester (1946).
3. Machlup (1946).
4. Friedman (1953), p. 21.
5. Lichtenstein e Slovic (1973).
6. Eles privilegiaram essa hipótese a despeito de Lichtenstein e Slovic (1973) replicarem seu
experimento com uso de dinheiro real no salão de um cassino em Las Vegas. O fato de terem
desconsiderado essa evidência poderia ser explicado por outra de suas hipóteses. Eles também
cogitaram explicitamente a possibilidade de que os resultados ruins tivessem sido obtidos
simplesmente porque os pesquisadores eram psicólogos, classe conhecida por enganar os
voluntários em experimentos. Desnecessário dizer, essa hipótese não caiu bem para nenhum
psicólogo que tenha dado de cara com o artigo deles.
7. Grether e Plott (1979).
8. Na verdade, os mercados podem exacerbar perdas de bem-estar social resultantes da presença de
vieses de consumidor. As empresas podem não ter um incentivo para eliminar o viés dos
consumidores uma vez que, em algumas circunstâncias, os lucros da empresa crescem na razão
direta da ingenuidade: taxas de atraso em pagamentos de cartões de crédito (Heidhues e Kazeegi,
2010); matrículas em academias (DellaVigna e Malmendier, 2006); taxas disfarçadas em
cartuchos de impressoras e quartos de hotel (Gabaix e Laibson, 2006).
9. Para uma abordagem cuidadosa sobre como pensar no conceito de mão invisível, ver Ullmann-
Margalit (1977).
10. O estudo de como empresas de maximização de lucros interagem com consumidores Humanos é
o tema do empolgante campo da organização industrial comportamental. Caso deseje um texto-
base sobre o assunto, ver Spiegler (2011). Os exemplos discutidos no Capítulo 13 também são
relevantes.
11. Para uma análise meticulosa desses tipos de argumento, ver Russell e Thaler (1985), Haltiwanger
e Waldman (1985) e Akerlof e Yellen (1985).
12. Esquemas fraudulentos de investimento, tipo pirâmides, que prometem lucros excepcionalmente
altos. O nome faz referência ao primeiro idealizador de um esquema desses, Carlo Pietro Ponzi,
na década de 1920 nos Estados Unidos. (N. T.)
13. “An Economic Theory of Self-Control”, Thaler e Shefrin (1981).
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LISTA DE FIGURAS
© France Leclerc
Richard H. Thaler é professor de ciências comportamentais e economia na
Universidade de Chicago. Em 2015, foi presidente da American Economic
Association e, em 2017, recebeu o prêmio Nobel por suas contribuições ao
campo da economia comportamental.
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