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Introducao A Bibliologia
Introducao A Bibliologia
BIBLIOLOGIA
BIBLIOLOGIA
Introdução
O homem é um ser religioso e como tal, busca ao longo de sua vida dirimir questões
que lhe são naturalmente obscuras e que transcendem o raciocínio lógico. Destarte,
aventura-se a tentar compreender o metafisico e espiritual, a partir do limitado
conhecimento adquirido em suas experiências pessoais.
Em sua leitura do ser humano, João Calvino compreendeu e ensinou que todo
homem traz consigo, desde o nascimento, a “sêmen religionis”, ou seja, a semente da
religião, que está arraigada em seu coração. Isto implica em dizer que por mais que o
homem queira, jamais poderá negar que existe dentro de si uma forte inclinação para as
questões espirituais. Entretanto, devido à corrupção causada pelo pecado, o homem não
pode voltar-se para Deus e ser por Ele salvo, mediante a revelação que a natureza faz dos
atributos Divinos.
Em contraste com o ensino da Teologia Natural, que afirma que “nas energias do
seu Espírito, Deus está em todas as coisas, e todas as coisas estão em Deus”1 e ainda que
o Espírito de Deus age como um campo de forças, que dá energia a todas as coisas. E
ainda contrariando o Panteísmo que tributa divindade à natureza, ao afirmar que o universo,
a natureza, os animais, os homens, enfim, toda a criação é Deus e Deus é tudo o que foi
criado, a Confissão de Fé de Westminster afirma categórica e corretamente que as
revelações de Deus na natureza, não podem conduzir o homem à salvação 2.
1
http://ecclesia.com.br/news/2012/?p=9222
2
Vide Confissão de Fé de Westminster, cap.1, § 1º.
3
Uma expressão do latim que significa que Deus está oculto.
4
Uma expressão do latim que significa que Deus se revela.
1. REVELAÇÃO
Quando falamos sobre a revelação de Deus, partimos da premissa de que Ele existe
e que é cognoscível, ou seja, que podemos conhecê-lo. Mas, como vimos, o homem jamais
conheceria a Deus se este não se manifestasse. Se Ele mesmo não tomasse a iniciativa
ainda estaríamos na escuridão da ignorância. Mas, como Deus se manifestou aos homens?
Que meios usou Ele para termos ciência de sua existência?
Por revelação geral, entende-se aquela manifestação, onde Deus torna conhecida
de todos os homens sua existência, poder e divindade. Isso Ele o faz sem distinção de raça,
credo, cor ou nacionalidade, isto é, sem acepção de pessoas (Salmo 19.1-5; Atos 14.15-
17; 17.22-29).
O Dr. Wayne House (2000, p.29) após conceituar a Revelação geral, apresenta um
quadro comparativo, onde expõe as disparidades existentes entre as principais correntes
teológicas:
5
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/revelacao-geral_dag_r-hanko.pdf
Embora a Revelação especial tenha um caráter soteriológico, ela também serviu
para manifestar a vontade de Deus, especialmente ao povo escolhido. Mas, quais eram
esses meios usados por Deus na sua comunicação com os homens, afim de que estes
conhecessem Sua vontade?
O Dr. Paulo Anglada, famoso por sua apologética reformada, expõe a revelação
especial da seguinte forma:
Visões – algumas vezes Deus se revelava aos seus servos por meio de
visões (Gênesis 15.1; Números 12.5-6; Isaías 1.1, 6.1; Atos 11.1-14).
6
http://www.monergismo.com/textos/bibliologia/revelacao_anglada.htm
Profetas – a forma mais comum pela qual Deus falava ao seu povo, eram os
profetas. Estes eram os porta-vozes oficiais, sua mensagem provinha
diretamente de Deus e tinha, muitas vezes, um caráter exortativo e
denunciador, pois delatavam os pecados do povo e falavam de situações
correntes em seus dias (Esdras 5.1-2; II Crônicas 18.1-7; Jeremias 2.1-9;
Oséias 4.1-3). Não obstante, os profetas também anunciavam mensagens de
paz e consolo (Isaías 44.21-28, 54.1-8). Em outros momentos prediziam o
futuro (Deuteronômio 18.15/Atos 3.17-26; Isaías 61.1-3/Lucas 4.18-21).
Contudo, com o passar do tempo, tais oráculos foram registrados no que ficou
conhecido como Cânon do Antigo Testamento. Com a chegada da plenitude dos
tempos (Gálatas 4.4-5), tal comunicação se deu especialmente por intermédio de Cristo e
posteriormente, mediante os escritos dos apóstolos e outros servos de Deus, formando o
Cânon do Novo Testamento (Efésios 1.1-14).
Louis Berkhof (2012, p. 30), salienta que “a Bíblia é, por excelência, o livro da
revelação especial, uma revelação em que as palavras e os fatos caminham de mãos
dadas”. Portanto, a revelação especial é assimilada somente pela fé de modo a assegurar
a salvação aos eleitos de Deus. Ela é o meio ordinário usado por Deus para chamar os
pecadores ao arrependimento e consequente à salvação, bem como de revelar sua vontade
ao longo do tempo.
É certo que a Escritura não contempla de forma direta situações que vivemos
hodiernamente, pois ela foi escrita para um público especifico e trata de questões
relacionadas a ele. Não obstante, todo seu conteúdo serve para edificação e orientação
para os crentes de todas as épocas. Em contraste, o conceito hodierno, é que a Bíblia é
um livro ultrapassado. Todavia, uma rápida análise em seus registros, nos mostra que ela
é tão atual quanto o jornal desta manhã; e porque não dizer que é mais atualizada do que
as notícias que sairão amanhã?
Por outro lado, vivemos dias em que supostas revelações são dadas com o intuito
de “manifestar” a vontade de Deus. Pessoas, por vezes bem-intencionadas, procuram
colaborar com o ensino bíblico por meio de predições acerca do futuro ou ainda de questões
pessoais do povo de Deus, sendo denominadas de “profetas” ou ainda, possuidoras do
“dom de profecia”. Entretanto, ao vislumbramos a vida de Jesus, o grande profeta predito
por Moisés (Deuteronômio 18.18, Atos 3.22), percebemos que ele gastou mais tempo
ensinando e cuidando do povo que predizendo o futuro. Os apóstolos Paulo, Pedro e João,
certamente receberam revelações futuristas, como por exemplo, a volta de Jesus, a
ressurreição dos mortos e ainda sobre o Novo Céu e a Nova Terra, mas tais manifestações
revelacionais estavam atreladas diretamente à edificação e estabelecimento da Igreja
cristã. Além do mais, suas palavras foram registradas para edificação do Corpo de Cristo
naquele momento e nos séculos subsequentes (I Tessalonicenses 4.9-18; II Pedro 3.7-13;
João 21.25).
Devemos levar em conta ainda, o registro feito por João, das palavras de Jesus, em
Apocalipse 22.18-19: “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro,
testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos
escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia,
Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham
escritas neste livro”.
7
http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/cinco_solas_reforma_erosao.htm
2. A SAGRADA ESCRITURA
A nomenclatura ‘Bíblia’ não se encontra na Bíblia. Este termo vem de uma palavra
grega que, no singular é Biblion (livro), e no plural é Bíblia, que vem a ser uma
biblioteca, uma coleção de livros (CORDEIRO, 2008, pag.1).
A questão que surge diante das proposições supracitadas é: Por que a Bíblia é tão
importante?
O Novo Testamento traz consigo a mesma autenticidade que o Antigo, pois a Fonte
é a mesma: Deus (I Coríntios 2.4-13, 14.37; Gálatas 3.8; Efésios 2.19-22; II Pedro 3.14-16;
I Tessalonicenses 2.13). Assim, os crentes da igreja cristã nascente foram exortados a
lerem e estudarem os escritos apostólicos publicamente, o que comumente era feito com
os escritos do Antigo Testamento (Colossenses 4.16; I Tessalonicenses 5.27; I Timóteo
4.13; Apocalipse 1.3). Também havia uma série de epístolas que circulavam, sendo
compostas de autoridade Divina (II Pedro 3.15-16).
2.1.1 Inspiração
Iniciamos pela inspiração porque sem ela, as Escrituras perdem seu valor,
tornando-se um livro como outro qualquer.
Esta teoria vai de encontro com as Escrituras que nos mostram que seus escritores
redigiram conforme o conhecimento que tinham das coisas (II Pedro 3.14-16); acerca disto,
trataremos adiante, quando falarmos sobre a instrumentalidade humana.
Para que possamos entender esta questão, temos que a princípio atentar para o fato
de que Deus é o único e supremo autor das Escrituras. Entretanto aprouve a Ele que alguns
homens servissem como instrumentos no registro de Sua vontade. Assim temos:
a. A autoria Divina
b. A instrumentalidade humana
Do lado humano, certos homens foram escolhidos por Deus para receber sua
Palavra e passá-la à forma escrita. Em II Pedro 1.21, encontramos a referência aos
homens: "Homens santos de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" (φέρω - movidos
ou conduzidos). A referência aqui é ao escritor e não ao escrito. Contudo, o ser humano foi
apenas instrumento nas mãos do seu Criador. Deus não só é o Autor Supremo das
Sagradas Escrituras, mas também é Aquele que inspira homens para escrevê-las com
exatidão, preservando-as do erro.
Expomos ainda a opinião do Dr. Gerard Van Groningen, que foi um dos grandes
defensores da Teologia Reformada nos séculos XX e XXI:
Calvino (2009, pag. 263), acertadamente afirma: “O mesmo Espírito que deu certeza
a Moisés e aos profetas de sua vocação, também agora testifica aos nossos corações de
que ele tem feito uso deles como ministros através de quem somos instruídos”.
b) Dinâmica e orgânica – não obstante ser Deus o Supremo Autor das Escrituras, ele
se serviu da instrumentalidade humana para a realização de seus propósitos.
Contudo, Deus não nulificou a personalidade dos que para este fim foram
reservados, antes os usou como organismos vivos no registro de Sua vontade. Isto
fica evidente nos registros de vários escritores bíblicos. Vejamos alguns:
Davi – este servo de Deus era um guerreiro nato, homem valente e temente
a Deus, mas era também um musico talentoso (I Samuel 16.18, 22-23). Dessa
forma, quando compõe seus Salmos, Davi está expressando o talento pessoal
dado por Deus, a exemplo do Salmo 145.
c) Verbal – entendemos que a inspiração foi ainda verbal, pois foi por meio de palavras
que Deus revelou sua vontade e tornou claro o plano da salvação (II Samuel 23.2;
Jeremias 1.9; Mateus 5.18; I Coríntios 2.13).
2.1.1.2 Canonicidade
Por canonicidade das Escrituras queremos dizer que, de acordo com "padrões"
determinados e invariáveis, os livros incluídos nas Escrituras são considerados parte
integrante de uma revelação Divina completa, sendo, portanto, obrigatória no que se refere
à fé e à prática cristã.
O termo canonicidade deriva do vocábulo cânon, que por sua vez procede do grego
Kanõn (κανών). Contudo, sua origem é semítica, provinda do hebraico Qâneh ( )קָ נֶהe
significa literalmente, tanto no hebraico quanto no grego: cana.
Ao longo do tempo tal expressão tomou outros sentidos, como por exemplo: regra,
na gramática; tabelas, listas, datas e números quando o assunto era a matemática; pauta,
em se tratando de arte; haste, na arquitetura; ou ainda, uma lista de obras escritas, quando
o assunto em pauta era literatura. Dessa forma, quando falamos no Cânon das Escrituras,
fazemos alusão ao conjunto de livros inspirados por Deus e que são regra ou norma de
conduta e fé.
Não foi Moisés, nem mesmo os profetas e ainda menos os líderes religiosos de
Israel (fariseus, escribas, saduceus, etc.) que determinaram quais livros deveriam fazer
parte do cânon do Antigo Testamento. Eles foram reconhecidos pelo próprio povo como
tendo autoridade Divina em seus escritos. Uma narrativa de extraordinária beleza está
registrada em II Crônicas 34.
Por outro lado, na formação canônica do Novo Testamento, os padrões eram claros
e objetivos, conforme observa o Dr. Herminsten Maia (1998, pag. 39, 40):
A esta altura se faz necessário destacar que os escritos bíblicos não passaram a
fazer parte do cânon, mediante o consenso de uma igreja institucionalizada, mas sua
inspiração e autoridade foram reconhecidas naturalmente pela da igreja cristã ao longo dos
séculos. Assim, após uma análise e aprovação criteriosa, tornaram-se regra de fé e prática
para os servos de Deus, conforme expressa Merryl C. Tenney: “O cânon, portanto, não é
produto do critério arbitrário de qualquer pessoa, nem foi determinado por voto conciliar.
Resultou do emprego dos vários escritos que provavam seu mérito e a sua unidade pelo
seu dinamismo interno” (Apud. COSTA, 1998, p.33).
Todo verdadeiro cristão, aceita e submete sua vida à autoridade bíblica, acreditando
piamente em sua inerrância. Não obstante, se realizássemos uma rápida pesquisa, nos
depararíamos com a triste realidade de que muitos, não sabem ou mesmo nunca ouviram
falar sobre o significado de autoridade e inerrância das Sagradas Escrituras. Vejamos,
portanto, ainda que de forma sucinta o que significam tais termos.
3.1 Autoridade
Em contraste com este tipo de pensamento, Paulo afirma em II Timóteo 3.16 e 17,
que a Escritura é inspirada por Deus, sendo útil e objetiva:
Ao afirmar que “o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra” (ver verso 17), Paulo não está afirmando que haverá ausência de erros e falhas
ou ainda que o pecado deixará de existir na vida do cristão e somente depois disto ele
estará apto para toda boa obra. Na verdade, o termo grego traduzido por perfeito, expressa
a ideia de algo completo, provido de determinada aptidão para um serviço especifico. Ao
aplicar na administração pessoal e na Igreja o ensino, a repreensão, a correção e a
educação na justiça, Timóteo estaria equipando a igreja para toda boa obra.
A Igreja Católica Romana afirma ser a detentora da revelação divina e que suas
tradições tem a mesma autoridade que a Sagrada Escritura. Assim, afim de
compreendermos a relação entre a autoridade das Escrituras e a autoridade da Igreja,
inicialmente, precisamos ter em mente algo de extrema importância aqui: o contexto
histórico. Se não levarmos em conta o contexto histórico, não poderemos fazer uma análise
correta e adequada deste impasse.
Na idade média, a Igreja Católica Romana determinava em toda sua extensão, os
rumos da fé. Por outro lado, a Reforma Protestante declarava que somente a Escritura
Sagrada poderia fazê-lo. Assim, vejamos inicialmente o que a Igreja de Roma define em
seu Catecismo (CATÓLICA, 2000, art. 2º) quanto à autoridade das Escrituras. Transcrevo,
portanto, ipsis litteris, suas declarações:
§ 79 - Assim, a comunicação que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Espírito
Santo permanece presente e atuante na Igreja: O Deus que outrora falou mantém um
permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz
viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade
toda e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo.
Como vimos anteriormente, Deus é o Supremo autor das Escrituras e por esta razão
a autoridade das mesmas não depende do reconhecimento da Igreja ou qualquer Concílio.
Assim, não podemos aceitar a proposição católico-romana, de que a Escritura não tem
consistência sem a Tradição ou mesmo o Magistério eclesial. Muito menos podemos aceitar
sua tese de que a “igreja” seja a transmissora de verdades autoritativas, fruto de
interpretação do que supostamente é a vontade de Deus para os homens.
As tradições têm seu valor, desde que, não sejam equiparadas às Escrituras. Jesus
falou duramente àqueles que punham suas tradições no mesmo nível das Escrituras e até
mesmo acima delas (Marcos 7.1-13). Paulo alertou contra a aceitação de outros ensinos
que vão além das Escrituras (Gálatas 1.6-9).
3.2.1 Ortodoxia
3.2.2 Liberalismo
Para os advogados de tal posição a Bíblia está repleta de erros e mitos, por isso, a
necessidade da aplicação das ferramentas da Baixa e Alta Crítica. Logo, a Bíblia contém a
Palavra de Deus. Essa Palavra, por sua vez, só pode ser apreendida via intuição humana.
3.2.3 Neo-Ortodoxia
Iniciado por Karl Barth com a intenção de transcender tanto o liberalismo como a
ortodoxia, depois de sua frustração com o liberalismo10, a neo-ortodoxia é uma importante
vertente teológica do século XX, cujo objetivo é resgatar a Palavra de Deus.
8
A Baixa Crítica era o estudo do texto da Escritura e suas variações textuais.
9
A Alta Crítica busca meticulosa pela autenticidade, exatidão e fatos.
10
A Frustração de Barth deveu-se ao apoio dos liberais, que acreditavam na evolução do homem para melhor, à
primeira guerra mundial.
Com a intenção de resgatar o verdadeiro conceito de “Palavra de Deus”, a neo-
ortodoxia conseguiu provocar transformações tanto na teologia liberal quanto na teologia
conservadora. Na teologia liberal, 1. levar mais a sério o pecado e o mal; 2. levar mais a
sério a transcendência de Deus; 3. críticas ao antropocentrismo, mostrando que isso não
tinha nada do cristianismo histórico; 4. arrastaram muitos liberais a neo-ortodoxia.
Portanto, o conceito barthiano sobre Jesus Cristo é que ele é o Filho de Deus e a
auto expressão perfeita e completa de Deus. Todas as outras revelações, sejam quais
forem, redundam em Cristo como promessa, esperança e lembrança.
Karl Barth não aceitava a ideia de uma revelação proposicional11, pois ninguém pode
falar sobre Deus, ele é o totalmente “O Outro”12. Não aceitava a inspiração e nem a
inerrância, pois para ele a Bíblia é totalmente humana e está repleta de erros. No entanto,
mesmo sendo humana, é incomparável pelo fato de Deus fazer uso dela. Com esse
posicionamento diante das Escrituras, não era propósito de Barth desprezar a Bíblia, mas
sim, exaltar Jesus Cristo, pois ele é o Senhor, a Bíblia não, ela é apenas testemunho sobre
Cristo. Instrumento da verdadeira revelação, Jesus Cristo.”
A doutrina da inerrância bíblica foi arquitetada e exposta no início do século XX, por
ocasião das controvérsias entre liberais e fundamentalistas.
11
Afirmação, conceito, declaração verdadeira sobre Deus.
12
Ênfase demasiada na Transcendência de Deus.
É importante que tenhamos em mente que as Escrituras não defendem sua
inerrância, pois esta é uma premissa básica (João 10.35), uma vez que seu autor é o próprio
Deus. Assim, quando afirmamos que as Escrituras são inerrantes, estamos ressaltando que
os “escritos originais”, também conhecidos como “autógrafos originais”, não contém
qualquer erro, contradição ou falsidade; que as Escrituras foram preservadas, mediante a
ação do Espirito Santo, de qualquer engano ou equívoco por parte daqueles que a
registraram. Neste sentido, o Dr. Augustus Nicodemus, salienta que:
[...] a Bíblia foi escrita por autores sobrenaturalmente inspirados por Deus a ponto
de ser verdadeira em tudo o que afirma, e isto não somente em matérias de fé e
história da salvação. Ela é livre de erros, fraude e enganos. A Escritura não pode
errar por ser em sua inteireza a revelação do Deus verdadeiro. Ela não é somente
uma testemunha da revelação e nem se torna revelação num encontro existencial.
Ela permanece a inerrante Palavra de Deus independentemente da resposta
humana.13
a) Embora os registros bíblicos tenham sido feitos por homens comuns, estes foram
impedidos pelo Espirito Santo, de acrescentarem ou omitirem qualquer coisa, além
da vontade de Deus.
b) Conforme tratamos anteriormente, apenas os escritos originais são inerrantes. As
traduções e versões bíblicas hodiernas não o são. Entretanto, quando comparadas
aos manuscritos mais antigos, demonstram grande fidelidade em seu conteúdo.
c) É possível que alguns termos ou experiências dos escritores difiram da realidade
cientifica de nossos dias, porém não comprometem o ensino geral e/ou a verdade
das Escrituras.
13
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2006/02/sobre-inerrncia-da-bblia.html
3.2.4 Escritos de Qumram
Tais achados são de especial importância para nós, pois dizem respeito a uma série
de manuscritos que após datação criteriosa, mediante a utilização de carbono 14,
demonstram haverem sido produzidos entre o final do terceiro século e o ano 70 d.C. Dentre
tais documentos, sobressai-se uma cópia completa do livro do profeta Isaías, escrita cerca
de 100 a.C.
Há pessoas que negam a autoridade das Sagradas Escrituras, por entenderem que
a mesma está repleta de erros. Assim, negam a inerrância bíblica apontando “erros” em
sua estrutura literária, histórica e/ou científica. Contudo, devemos ter em mente que a Bíblia
não é um livro de ciências, antropologia, filosofia, biologia, etc. Ela não se presta a
esclarecer os mistérios do universo ou a responder as indagações humanas sobre os males
da vida ou ainda, dar respostas plausíveis à filosofia ou qualquer outra ciência. Seu principal
objetivo é revelar a Deus e seu plano redentor, mediante Cristo Jesus.
É certo que existem textos de difícil elucidação, contudo, não podemos simples e
levianamente declarar que se tratam de incongruências. Certamente, não somos capazes
de entendê-los, devido nossas limitações interpretativas e falta de conhecimento.
14
Analisar este texto na Nova Versão Internacional (NVI)
4 LIVROS APÓCRIFOS
O termo apócrifo significa: oculto. Assim, os livros apócrifos sugerem trazer à luz
verdades que estavam ocultas.
Por livros apócrifos nos referimos a uma coleção de livros que foram incluídos na
Bíblia Católica-romana e na Bíblia da Igreja Ortodoxa, além de outro tanto que foi rejeitado,
tanto pelos cristãos protestantes, como pelos católicos romanos e ortodoxos. Os escritos
apócrifos são inúmeros e formam um total de cerca de 250 livros. Os livros apócrifos mais
conhecidos são os que constam no cânon católico e no cânon ortodoxo, conforme se segue:
Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruc, A Epístola de Jeremias,
I e II Macabeus e acréscimos feitos a Ester e a Daniel.
O inciso da Confissão de fé de Westminster, supracitado, nos diz que tais livros não
são de inspiração Divina; as razões são simples:
Não constam no cânon hebraico, isto é, não fazem parte das Escrituras que
os judeus consideravam como inspiradas por Deus. Os católicos os chamam
de deuterocanônicos;
Somente foram incluídos, oficialmente, no cânon católico em meados de
1500, não tendo sido usados pelos apóstolos como literatura inspirada;
Foram escritos nos cerca de 400 anos de silêncio (período intertestamentário.
Estas razões, por si, já são suficientes para serem rejeitados como Escrito Divino,
mas existe uma razão de peso, sobremodo elevado, que nos faz vê-los como meros
escritos humanos: são seus erros, contradições e histórias fantasiosas. Vejamos alguns
exemplos:
Tobias 4.11 - porque a esmola livra do pecado e da morte, e preserva a alma
de cair nas trevas15.
As Escrituras nos ensinam que somos salvos pela graça e não por obras, sejam
esmolas, cuidado com os pobres ou qualquer coisa do gênero (Efésios 2.8) e ainda que a
vida é dom gratuito (Romanos 6.23).
15
Bíblia Católica Ave Maria
16
Idem.
porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e
supérfluo rezar por eles17.
É intrigante este erro no livro de Judite, pois Daniel deixa muito claro que
Nabucodonosor era rei da Babilônia (Daniel 1.1) e não apenas isto, historiadores apontam
a destruição de Nínive em 612 a.C., pelo pai de Nabucodonosor.
Se estes escritos foram inspirados, por que o escritor pede desculpas e chama sua
obra de medíocre? Veja o que diz Hebreus 4.12.
17
Idem
18
Idem.
19
Idem.
Daniel – no cânon que adotamos, Daniel termina no capitulo 12, mas nos
apócrifos eles vão até o capítulo 14.
No caso de Daniel, os acréscimos falam de uma defesa que Daniel teria feito de uma
suposta juíza de Israel, de nome Suzana. Porém, fala que Daniel era ainda adolescente,
mas no capitulo 12, ele já estava com uma idade bem avançada.
Outra questão, digna de nota, é confronto de Daniel com um suposto dragão, o qual
Daniel faz explodir.
Não obstante as informações acima, devemos levar em conta que são livros de
grande valor histórico. Os livros escritos pelos Macabeus, por exemplo, falam de guerras e
outros fatos ocorridos no período interbíblico (400 anos de silêncio) e que são atestados
pela história.
Por outro lado, nos primeiros séculos da igreja cristã, surgiram alguns livros
reivindicando autoridade Divina, porém, não foram reconhecidos como possuidores de tal
autoridade. Alguns deles são:
Apocalipse de Tiago
Navegando outro dia pela internet encontrei o seguinte diálogo (ipsis litteris):
- “Se a Bíblia se explica pela própria Bíblia, por que então, existem tantas Igrejas
evangélicas? Ou a suposta clareza das Escrituras não fala por si só?”
a. Literal
Este método entende que os textos bíblicos devem ser interpretados literalmente. O
escritor bíblico intencionava dizer exatamente o que está escrito. Este método rejeita
qualquer explicação que não esteja claramente evidente no Texto Sagrado.
20
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120225154250AAPr3Zl
b. Alegórico
c. Histórico-gramatical
O livro dos Salmos traz diversos textos que ilustram o que estamos propondo, veja
por exemplo Salmo 119, versos 18 e 130. Por outro lado, o Salmo 73, fala da indignação
do salmista contra os malfeitores e como percebe o fim que estes terão, após entrar no
santuário de Deus.
O apóstolo Paulo afirma em I Coríntios 2.14: “Ora, o homem natural não aceita as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente”. Eis a razão porque muitos leem as Escrituras, mas a
percebem apenas como um livro de lições morais e éticas e não alcançam salvação;
precisam ser iluminados pelo Espirito de Deus.
A simples declaração de que temos a Palavra deveria ser suficiente para gerar em
nós a fé, se a nossa cegueira e a nossa obstinação não no-lo impedissem. Como,
porém, o nosso espírito é propenso à vaidade, ele não pode apegar-se à verdade
de Deus. Jamais! E como é espiritualmente bronco e cego, não consegue ver a luz
de Deus. Por isso, sem a iluminação do Espírito Santo, só a Palavra não nos dá real
proveito (CALVINO, 1985, pag.21).
A Sagrada Escritura é a revelação final de Deus e de sua vontade. Contudo,
conforme aponta Calvino, não somos capazes de ver a luz que emana da Divina revelação.
Nos dias atuais, não poucas pessoas, arrogam serem inspiradas por Deus para
trazer à luz as verdades de Sua Palavra. Entretanto, deveriam atentar para o fato de que
não podem ser inspiradas, porque não trazem consigo nova revelação da parte de Deus.
Quando muito, tais pessoas são iluminadas pelo Espirito Santo, que as conduz à
compreensão das verdades já reveladas. Veja o que diz o apóstolo Paulo em Efésios 1.18:
“iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu
chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos”. A iluminação é uma
aptidão concedida por Deus aos homens, mediante a ação do Espírito Santo, de interpretar
Seu registro revelacional.
A bíblia é um livro Divino. Dessa forma, somente com o auxílio de alguém que faça
parte da Divindade, seremos capazes de interpretá-lo.
CONCLUSÃO
Somente a Escritura Sagrada tem poder para determinar a vida do cristão e isto,
porque somente ela traz a revelação de Deus e de sua vontade, é inspirada, autoritativa e
inerrante.
BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Editora
Hagnos, 2002.
COSTA, Herminsten Maia Pereira da. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 1998.
ERIKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
HOUSE, H. Wayne. Teologia Cristã em Quadros. São Paulo: Editora Vida, 2000.