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PLANO DE PESQUISA:

COMUNICAÇÃO, CULTURA E AMAZÔNIA

RG: 7525365

RESGATANDO MEMÓRIAS DA AMAZÔNIA ORIENTAL: UMA ANÁLISE DA


POESIA EM CORDEL "UM ROMANCE NO CORAÇÃO DA AMAZONIA" COMO
ATIVIDADE EXTRA CURRICULAR NO ENSINO BÁSICO.

Linha de pesquisa:

Comunicação, Cultura e Socialidades na Amazônia.

(Orientadores:1°Vânia Maria Torres,2° Alda Cristina Silva da Costa,3° Otacílio Amaral


Filho)

BELÉM-PA

2023
RESUMO: O presente plano de pesquisa busca a visibilidade de narrativas oriundas da
Amazônia Oriental, e foi selecionada uma amostra da poesia em cordel "Um romance no
coração da Amazônia" da coleção "Contos da Amazônia" da poetiza Darcilene Moura,
nativa da cidade de São Miguel do Guamá-PA, localizada no nordeste paraense a 146
quilômetros da capital (Belém), ás margens do Rio Guamá,o gera muitas criações do
imaginário amazônico, sua população estimada em 2020 é de 65.632 habitantes. Nesta obra
enfatiza-se memórias, lendas locais, crenças, cultura, costumes e tradições amazônicas,
produzida em 2004, a autora a escreveu quando morava em Porto Velho- RO, uma forma de
aliviar a saudade da sua terra natal, e registrar suas vivencias e lembranças. Deste modo, é
sabido que a Amazônia passa por pré-conceito histórico, sociocultural, linguístico,
literário(...) Neste ínterim, em foco em narrativa da literatura amazônica popular e assim,
despertar leitores, principalmente da educação básica, desmistificando muitos paradigmas,
e preenchendo lacunas que ficaram abertas por muito tempo, na perspectiva norteadora de
Bakthin, debatendo aspectos dialógicos da narrativa, Antônio Santos com a sua confluência
e determinação com a “contracolonização” e Loureiro aproximando a cultura amazônica
com a obra analisada, com a sua visão do sfumato do real-imaginário.

1. TEMA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA.

1.1. RESGATANDO MEMÓRIAS DA AMAZÔNIA ORIENTAL: UMA ANÁLISE DA


POESIA EM CORDEL "UM ROMANCE NO CORAÇÃO DA AMAZONIA" COMO
ATIVIDADE EXTRA CURRICULAR NO ENSINO BÁSICO.

O presente plano de pesquisa, com o título, Resgatando memórias de narrativas da


Amazônia oriental: Uma análise da poesia em cordel "um romance no coração da
Amazônia" como atividade extra curricular no ensino básico, teve como ponto de partida a
desvalorização do espaço da Amazônia como um todo, delimitando a enaltecer os
narrativas da Amazônia oriental, e aliando a escassez de literatura popular, dentro do ensino
básico, mesmo que a Base Nacional Comum Curricular(BNCC), coloque dentro das
habilidades e competências exigidas, enxerga-se abertura e brechas para analisar, buscar,
relatar, investigar por meio de uma pesquisa de campo exploratória, observando os aspectos
qualitativos das amostras de forma aprofundada, que serão exploradas no programa de
pós-graduação em comunicação, cultura e Amazônia(PPGCOM), vinculado ao instituto de
letras e comunicação(ILC) da Universidade Federal do estado do Pará, neste sentido,
observa-se a carência de textos, poesias, narrativas, contos(...) locais sendo valorizados, e
literatura popular sendo reconhecida pelos nativos, enxergando-se como integrantes da sua
cultura, que por tantos anos se instalou, como cultura “pobre” ou até mesmo, não sendo
nem considerada significante para estudos da grade curricular do ensino básico.

2. Problemas da Pesquisa

2.1. O que podemos mudar no cenário das narrativas da Literatura Amazônica?


2.2. Por que a Amazônia sofre inferiorização na parte Sudeste do Brasil ?

2.3.Como um acervo de contos e narrativas populares atingirá o indivíduo na sua vida


social reconhecendo-se como parte integrante dessa cultura?

2.4. De que forma deve ser trabalhado em sala de aula do ensino básico para se tornar
um tema auto reflexivo?

2.5. Como uso da tecnologia da informação e comunicação pode ser aliada nessa
prática?

2.6. Como comprovar que essa seria uma alternativa eficaz para a valorização da
literatura amazônica?

3.JUSTIFICATIVA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

O presente plano de pesquisa pretende buscar narrativas escritas e orais da Amazônia


oriental, com o intuito de resgatar e visibilizar memórias, cultura por meio da narrativa, de
acordo com o BAKTHIN(1982), teórico da literatura, conforme citado por Irene Machado
(1998, p.35) remete “ O caráter dialógico do tempo, que sustenta o conceito da narrativa em
Bakthin, deve ser buscado no grande tempo das culturas”.
Neste momento, entende-se o “grande tempo” bakthiniano não sendo apenas um espaço
determinista e fechado, leva-se em consideração as culturas e civilizações que passam pelo
homem, na narrativa em amostra, revela-se, a cultura de uma determinada comunidade e
sua civilização, trazendo para registro, e assim conseguir perpassar esse grande tempo para
gerações futuras. Irene Machado (1998,34) na visão de Bakthin “A narrativa torna-se um
campo fértil de investigação pois nela se constituem os discursos sobre o mundo a partir
dos quais é possível pensar as relações dialógicas.” Em outras palavras, não pode-se
desvincular o tempo, as pessoas e o espaço em que elas vivem, e é a partir da relação
dialógica que se instalam diversos conceitos para um melhor entendimento dos dias atuais.
A partir do exposto, também temos a vertente "hierarquia" que foi criada pelos portugueses
na colonização, onde a Amazônia sofre preconceitos na contemporaneidade principalmente
pelo sudeste do país, neste ínterim, sendo necessário a intervenção da (de)colonização da
Amazônia, sendo assim, a Amazônia é inferiorizada em vários aspectos, e na literatura não
fora diferente, assim como a economia, língua, religião, foi dominada pelos portugueses, a
literatura da Europa também foi repassada, deixando o índio, o quilombola, o paraense (...)
cada vez mais distante de suas raízes, memorando o espaço geográfico, sendo rico desde a
fauna e a flora até sua língua e cultura, como afirma Antônio Santos:
Por que o povo da favela fala gíria? Preenchem a língua portuguesa com palavras potentes
que o próprio colonizador não entende. Enchem a língua como quem enche uma linguiça.
E, assim, falam português na frente do inimigo sem que ele entenda. A favela adestrou a
língua, a enfeitiçou. Temos que enfeitiçar a língua. Posso dizer que sou feiticeiro, qual é o
problema? Mas sou feiticeiro e milagreiro, porque sou politeísta e sei fazer o efeito tanto
pelo milagre como pelo feitiço. (SANTOS,2023, pg.09)
Toma-se as palavras de Santos, como motivacional para “contracolonizarmos” com a
literatura amazônica, registrando lendas, comidas, danças, escritores nativos, enaltecendo a
fauna e a flora que enriquecem o Estado, e voltando os holofotes para a antecessores aos
portugueses, resistir a mistificação que os europeus descobriram o Brasil.
Neste sentido, fora escolhida a obra "Um romance no coração da Amazônia" da coleção
"Contos da Amazônia" escrita por Darcilene da Silva Moura como amostra para ser
analisada o enredo de uma narrativa e reconhecendo a “ouruda” cultura amazônica, dentro
do ensino básico como atividade extracurricular, apropriando alunos do seu local e suas
raízes, descobrindo, que a história do Brasil do livro didático tem uma outra vertente a ser
analisada e reconhecida.
Capa do livro:

Um breve resumo da narrativa, é o romance entre a Mariazinha (filha da vendedora


de tacacá, dona Emília) e Ricardo, o filho de um fazendeiro, onde é marcado pela
desigualdade social e financeira, o fazendeiro não aceitava seu filho namorar uma menina
pobre, a filha de D. Emília, e no enredo dessa história, é marcado pela presença e
caraterísticas do local, crenças, comidas, danças(...) como pode ser observado nos
fragmentos:
“ Maniçoba, Tacacá. (pág.6)
Caruaru e vatapá “Terra de festa o ano inteiro
Camarão com açaí Mês de junho é só forró
E o pato no tucupi O preferido de todos
São os pratos preferidos É a dança do carimbó “
Do povo que mora ali “ (pág.6
)
Como pode ser observado, aqui revela as comidas típicas da região em que vivia e a

o carimbó que é uma dança comum para o povo amazônico.

“O círio de Nazaré Junto à Jesus de Nazaré


Uma festa popular Terra do boto
Procissões fogos e barracas Que nas noites de festa vem visitar
Para a Santa festejar As mulatas mais vistosas
São Miguel arcanjo Da beira do Rio Guamá.”
É o padroeiro da fé (pág. 6-7)
Que protege a cidade

O Círio de Nazaré no estado do Pará, acontece em todos os municípios, inclusive


na cidade da poeta, São Miguel do Guamá, onde o padroeiro é o Anjo são Miguel Arcanjo,
assim como em outros municípios, tem seu “padroeiro” algo comum no estado.
Relembra a lenda do “boto-cor-de-rosa” que muitos nativos e ribeirinhos do Rio
Guamá, que cerca a cidade, acreditam fielmente na lenda, e moradores locais relatam que
sempre veem botos nadando frequentemente, fator importante de termos o real-imaginário
que Loureiro aborda em “poética do imaginário”. Quando ele diz:
“É como se aquele mundo fosse uma só cosmogonia, uma imensa e verde cosmo-
alegoria. Um mundo do real-imaginário.” (LOUREIRO,pg. 63)
“Maria era a mais bela
Que se pudesse imaginar
Sua pele era tão cheirosa
Quanto a flor do maracujá.”
(pág.15)
Um fator instigante nessa passagem, e hipotético, seria “flor do maracujá” onde a autora dá
o significado ao cheiro da fruta maracujá como algo cheiroso, gostoso...mas, também é uma
festa típica de Porto Velho-Pa, a qual residia no momento da escrita, poderíamos chamar de
uma variação diatópica, a qual tem-se como fator predominante para acontecer, devido o
deslocamento que ela teve do Pará para Rondônia, uma consequência do encontro de
culturas de estados diferentes do norte do Brasil, e na literatura usa da comparação da
fruta maracujá que é um fruta de Origem Tupi, com denominação indígena, “alimento na
cuia” com a Maria(personagem principal), sendo uma moça cheirosa
.
Retomando o Sfumato de Loureiro(2015), ele explica que essa criação e recriação,
se difundem tanto, ao ponto de se unirem e não consegue-se identificar o que realmente é
real e imaginário, simboliza-se essa ideia com o encontro das águas, quando vemos divisão
das cores, acabamos por não encontrar uma linha definida de cada uma, e assim ocorre na
literatura amazônica.
4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Gerai:

 Resgatar narrativas da Amazônia Oriental

4.2. Objetivos Específicos

 Investigar a raiz da desvalorização da literatura popular da Amazônia

 Buscar práticas docentes auto reflexivas para aplicação no Ensino


Básico

 Utilizar a Tecnologia da informação e Comunicação como aliada para o


ensino aprendizagem.

 Reconhecer a cultura amazônica como parte integrante do indivíduo

 Valorizar as narrativas orais e escritas populares amazônicas

5.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IRENE MACHADO

ANTONIO SANTOS

LOUREIRO

BAKTHIN

LIVRO DE DARCILENE

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