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Intermediários Financeiros Aula
Intermediários Financeiros Aula
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dividendos sobre os lucros das unidades de produção. Como alguns exemplos dos
primeiros temos as Obrigações emitidas pelas unidades de produção, as Obrigações emitidas
pelos governos, os Bilhetes do Tesouro também emitidos pelos governos, mas de
maturidade muito mais curta, as Obrigações de Caixa e o Papel Comercial. Todos estes
títulos podem ser emitidos a taxa de juro fixa ou variável. Sendo normal em períodos
inflacionistas as taxas serem variáveis com indexação a um indicador que expresse a
inflação esperada. Pelos títulos envolvidos vemos que podemos considerar um mercado de
curto e de longo prazo no financiamento directo.
No que respeita às participações de capital temos em geral as acções, com ou sem direito a
votos, que podem ser adquiridas em subscrição privada ou pública. O desenvolvimento
das modalidades de financiamento directo levou à criação de obrigações que podem ter
uma parte do seu rendimento associado aos lucros das unidades que as emitiram ou que
podem, a pedido dos seus possuidores em certas condições, ser convertidas em acções. O
financiamento directo deste há algumas décadas que viu o seu desenvolvimento associado à
intromissão nestas operações dos intermediários financeiros, que contribuíram de forma
essencial para o seu desenvolvimento, pelos serviços que prestam aos agentes excedentários
e deficitários.
Este tipo de financiamento é o que acaba por ser tomado na análise clássica e keynesiana. Se
bem que as relações de causalidade sejam invertidas naquelas duas escolas, o equilíbrio
entre poupança e investimento toma em exclusivo o financiamento directo. O que significa
que acaba por conduzir a uma forma limitada de tomar a realidade da poupança e do
investimento.
O financiamento indirecto pode ser representado pelo esquema em baixo. Como
é claro no esquema, os intermediários financeiros emprestam e pedem emprestado.
Desta forma adaptam desejos contraditórios que seriam impossíveis pelo financiamento
directo. A diversificação das aplicações permite uma redução do risco global e por isso
uma redução do preço das aplicações para os agentes deficitários. As maturidades
deixam de ser um problema devido à criação de operações adaptadas aos desejos de
agentes excedentários e deficitários. Também os quantitativos são agora negociados
operação a operação não sendo tipificados rigidamente. Os mercados de financiamento
directo são caracterizados por uma informação disseminada por muitos agentes. O que
leva a que existam regulamentos que procuram cobrir as deficiências de informação.
Como é o caso das Bolsas de Valores.
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activas mais baixas. Aliás, a evolução para formas mais concorrenciais do mercado do
crédito levou a que a informação possuída pelos intermediários financeiros e associada
a unidades de produção específicas se reduzisse, o que pode ter levado a acrescer o
risco global das operações de crédito e numa segunda fase a aumentar o racionamento
do crédito assim como as taxas da sua concessão.
A conciliação de desejos no financiamento directo é difícil. Em primeiro lugar o
facto de o valor da transferência coincidir já é difícil. Em segundo lugar, a segurança da
operação leva a desejos contraditórios. O credor prefere prazos curtos. Protege-se de
eventuais necessidades dos fundos que empresta e de variações do custo da operação. O
devedor prefere prazos mais alargados para poder obter um retorno seguro do
empréstimo contraído e no caso do custo dos créditos aumentar estar protegido pela
distante maturidade e se diminuir poderá antecipar o pagamento.
Os intermediários financeiros são responsáveis pela transformação financeira de
fundos obtidos com maturidades curtas, sobretudo, em fundos emprestados a
maturidades mais longas. No caso dos intermediários bancários, em geral, trata-se de
fundos pagáveis à vista que são emprestados a curto, médio e a longo prazos. Existe
de qualquer forma um risco que os ban cos aceitam e que constitui um dos factores
que justifica que mesmo em condições concorrenciais as taxa activas sejam sempre
superiores às passivas.
O facto de os intermediários obterem os fundos junto dos agentes exce- dentários, reduz o
risco associado à formação e aplicação de poupanças por parte destes agentes. O que
significa que os intermediários financeiros, pela sua actividade, incentivam o aumento dos
fundos disponíveis para empréstimos. Os agentes excedentários são pois incentivados a
pouparem mais e a entesourar menos. Ao mesmo tempo os intermediários financeiros não-
bancários através da possibilidade de canalizarem fundos dos agentes excedentários para os
deficitários, leva a que o desenvolvimento se processe sem que para tal tenha de haver
necessidade de criar mais moeda. A liquidez que os próprios bancos passam a dispor leva a
que o banco central não tenha de emitir mais moeda.
Como dissemos acima, voltamos agora às condições de equilíbrio no mercado de fundos
de uma economia com intermediários financeiros. Em geral, encontramos a igualdade
entre poupança e investimento como representando a oferta e a procura de fundos.
Representando estes últimos por I*, acabamos por ter:
Mas ainda no que respeita à oferta de fundos devemos ter em conta que uma parte da
poupança assume a forma de entesouramento. Se representarmos o entesouramento por T
h, então temos o equilíbrio dado por. S - Th = I .
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Os intermediários financeiros não-bancários, têm contribuído para que o
desentesouramento (DTh) seja importante, dando lugar à procura dos títulos destes
intermediários. O limite à sua acção na redução do entesouramento é dado pela
preferência pela liquidez dos agentes excedentários. Paralelamente a este fenómeno
devemos ainda ter em conta que os intermediários bancários criam moeda. Isto é, para
além de uma pura activi dade de intermediação, podem aumentar a quantidade de moeda
em circulação (M). Depois destas considerações podemos precisar a condição de equilí-
brio do mercado de fundos na economia:
S - Th + Dth + M = I.
A insistência em crédito de longo prazo pode produzir efeitos indesejados nas unidades de
produção, se os créditos de longo prazo assumirem importância face aos capitais próprios.
Aqueles fundos podem levar a unidade a aumentar os riscos associados a projectos de
investimento. Os gestores podem também ser compelidos a aumentar a rentabilidade
presente da unidade, beneficiando com isso, e reduzindo a rentabilidade de longo prazo.
A presença de capitais alheios reembolsáveis posteriormente, e muito posteriormente, é
um factor de segurança para essas operações. Assim como pode levar a adiar respostas de
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restruturação ou mesmo a adiar a própria falência, o que acaba por prejudicar toda a
economia. E em alguns casos ainda conduz ao agravamento dos custos através da
captação de subsídios dos governos. Como dissemos mais acima, não é difícil ver unidades
mais rentáveis a preferirem créditos a curto prazo devido à taxa mais baixa. Ao mesmo
tempo, essa maturidade pode estar mais adaptada ao aparecimento (ou não) de
oportunidades de negócios rentáveis e assim empurrar as unidades para decisões que vão
são sendo tomadas passo a passo.
Se podemos provar a razoabilidade de créditos a curto prazo não deve - mos ignorar que
qualquer processo de reorganização em unidade de razoável dimensão apenas se pode fazer
com recurso a crédito de longo prazo. Mas ainda assim devemos insistir na ideia que tudo
poderá depender do mercado onde actuam as unidades: a concorrência empurra para a
eficiência, a não concorrência para a ineficácia das decisões.
O investimento avultado pressupõe fundos alheios de elevada maturidade. Mesmo que se
suponha que são as decisões de investimento que criam o crédito de longo prazo, o
quadro institucional terá de existir e permitir essas operações. A referência acima à
relação que se estabelece entre bancos e empresas devedoras ilustra bem a necessidade
de desenvolver não apenas as Bolsas de Valores, cujos benefícios recaem mais
fortemente nas unidades de grande dimensão e no sistema financeiro, mas também o
próprio sistema bancário, indo este beneficiar as restantes unidades. Os subsídios ao
crédito para que tenhamos maturidades longas pode ser o primeiro passo para a
ineficiência não só do ponto de vista da procura como da oferta de créditos.
O quadro legal dos intermediários financeir os foi criado pelo Decreto- Lei 298/ 92 de 31 de
Dezembro. A evolução das nossas instituições e o enqua- dramento internacional resultante da
rápida evolução financeira internacional obrigaram a uma reform a que adaptasse as
instituições nacionais a um mercado mais concorrencial, na tradicão da nossa história
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financeira. Ao nível da União Europeia, a liberdade de estabelecimento e de prestação de
serviços, a harmo ni- zação de regulamentos e o princípio do reconhecimento mútuo, conju
gados com a liberdade de circulação e a prevísivel união monetária, foram as causas
imediatas daquela reforma.
Passámos a designar os intermediários fi nanceiros por empresas financei- ras, e que englobam
as chamadas instituições de crédito e as sociedades finan- ceiras. Aos bancos foi
reconhecido o princ ípio de “banca univers al”. Aliás, o desenvolvimento destas instituições
caminhava desde há alguns anos nesse senti - do, embora através de medidas nem sempre
continuadas. Ao mesmo tempo cri - ou-se o fundo de garantia de depósitos, que se destina
a prevenir as aplicações de poupanças e outras disponibilidades em instituições sujeitas a
forte concor - rência interna e externa.
As instituições de crédito são definidas como empresas cuja actividade consiste em receber
do público dep ósitos ou outros fundos rembolsáveis a fim de os aplicarem em créditos por
conta própria. Fazem parte das instituições de crédito: os bancos, a Caixa Geral de
Depósitos, as Caixas Económicas, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, as Caixas
de Crédito Agr ícola Mútuo, as Sociedades de Investimento, as Sociedades de Locação
Financeira, as Socieda des de Factoring e as Sociedades para Aquisições a Crédito. Só as
ins tituições de crédito podem receber do público depósitos ou outr os fundos reembolsáveis
para utilização por conta própria.
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Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento 55 55
Sociedades Gestoras ou Emitentes de Cartões de Crédito 3 3
Sociedades Gestoras de Patrimónios 16 18
Sociedades de Desenvolvimento Regional 3 3
Sociedades de Capital de Risco 14 13
Sociedades Administradoras de Compras em Grupo 21 19
Agências de Câmbio 25 27
Outras Sociedades 2 2
Sociedades Gestoras de Participações Sociais 59 59
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