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Antonio Gramsci - Vida e Obra de Um Comunista Revolucionário
Antonio Gramsci - Vida e Obra de Um Comunista Revolucionário
Centro de Humanidades
Breno Araújo 1
1
Graduando em Filosofia-Licenciatura, UECE, 2021.
Gramsci teve forte influência da luta política através de seu irmão mais
velho, Gennaro, que trazia para casa edições do jornal Avanti! do PSI. Na
juventude, sonhara tornar-se professor de literatura italiana, mas seu destino
universitário fora comprometido pela saúde debilitada e pela condição
financeira precária. Gramsci, não raramente, utilizava dos poucos recursos
enviados pela família para comprar livros, sacrificando a própria alimentação
para acompanhar os estudos universitários.
Por mais que tivesse sido aprovado nos exames, as dificuldades de manter
a bolsa devido a saúde e as condições materiais precárias, abandonou a
universidade no último ano, por volta de 1914. Com a perca da carreira
universitária, Gramsci ingressava na militância política, filiando-se ao PSI e
provavelmente ao FGS (Federação Juvenil Socialista) em 1913.
Vale ressaltar, que a ascensão fascista não se deu apenas graças aos
problemas de unificação italiana ou aliança com a monarquia e a burguesia,
mas, sobretudo, devido a falta de direção revolucionária da classe
trabalhadora, tendo em vista que, o fascismo chegou ao poder sem resistência
operária.
2
MAESTRI, Mário. CANDREVA, Luigi. – Antonio Gramsci: Vida e obra de um comunista
revolucionário. Pg 213.
outro, passava frio, insônia, quase 20 dias sem dormir e sem conseguir ao
menos manter-se de pé ou deitado.
Toda a sua relação exterior se tornou mínima possível, seu único contado
com sua família e com o PCI foi através de sua cunhada Tatiana Schucht, e em
alguns casos por intermédio de Sraffa quando envolvia suas relações com o
PCI. Por mais que seu Irmão Gennaro o tenha visitado para informar a
reviravolta na orientação do PCI e pedir sua opinião como canal de vinculação
para levar até o partido, a influência de Gramsci sobre o PCI de dentro do
cárcere não surtia efeito, exceto por algumas considerações sobre o
Congresso de Lyon anterior a prisão, mas com forte influência da burocracia
Stalinista. Tanto a Internacional Comunista como o Partido Comunista estavam
em decadência.
Contudo, Gramsci se viu cada vez mais isolado, sua esposa Júlia não o
escrevia respondendo a suas cartas. Não se sabe as verdadeiras razões, se
pela pressão do regime stalinista ou mussolinista, por questões de saúde ou
desistência e desafeto com o companheiro encarcerado. O fato é que as
respostas vagas de Tatiana sobre sua irmã, sua decepção com a orientação do
PCI já sob total influência do regime mussolinista e da IC stalinista, sua doença
cada vez mais agravando seus quadros depressivos, o levaram a se sentir
preso ao ‘’dobro’’, pois sentia-se isolado em todos os sentidos.
Grande parte desses assuntos eram escritos e reescritos, por isso, nos
cadernos, algumas anotações são assinaladas como A (as que são retomadas
e acrescido alguma consideração) e dos tipos C e B. Alguns escritos eram
inconclusos e retomados após uma discussão com um companheiro de cárcere
ou após uma determinada leitura.
Gramsci afirmava que o partido político seria o ‘’novo príncipe’’, tendo como
objetivo a conquista do poder pelo operário organizado organicamente.
Enfatizava a importância do proletariado exercitar a sua hegemonia sobre os
intelectuais, que toda organização necessita dos intelectuais, mas estes não
podem restringir-se as concepções burguesas que historicamente defendem,
mas as concepções da classe oprimida, classe que precisa de uma frente
intelectual, mas, que sem a integração dessa intelectualidade orgânica ao
proletariado não seria possível a tomada e a estabilidade do poder. A classe
torna-se revolucionária quando percebe não apenas a sua exploração, mas seu
papel na história, seu esforço intelectual de compreender e intervir nas
contradições da realidade. Transformando-se de classe em si em classe para
si.
Em 1937, Gramsci pediu para Tatiana para que solicitasse á sua família um
quarto em Santulussurgiu. Almejava descansar de sua vida no cárcere em seu
local de infância após a aproximada liberdade em 21 de abril. Sua família o
esperou ansiosamente em 27 de abril, mas infelizmente, as 4:10 horas do dia
27 de abril de 1937, aos 46 anos, Antonio Gramsci se despede da vida honrosa
e resistente que conquistara admiração até os dias de hoje. Após o falecimento
de Gramsci, seu pai, Francesco, gritara de seu leito acusando o regime fascista
de assassinato de seu filho, falecendo pouco mais de duas semanas depois.
Portanto, de fato foi um assassinato do regime fascista. Por mais que sua
saúde fosse debilitada e suas condições financeiras escassas, Antonio
Gramsci foi preso sob ilegalidade fascista, por golpe político e ideológico de um
sistema anti-humano. Mas isso não impediu o Grande revolucionário Sardo
comunista de produzir 33 cadernos com um total de 2.848 páginas em um
cárcere sob o domínio fascista e sob a sobrevivência dolorosa física causada
pela doença e sob a perturbação psicológica pelo isolamento e a opressão do
regime.
3
GARIN, Eugenio. ‘’Utopia, intelligenza e volontá’’. Vari: Gramsci: le sue idee nel nostro tempo, Roma:
l’Unitá, 1987.
sobre seus temas até os dias de hoje. Sua práxis revolucionária se expressou
até o último momento de sua vida, sem se entregar aos limites físicos e
psicológicos de uma doença física e de uma doença social de um regime falido.
Referências Bibliográficas: