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Afonso Borga
Mestre em Estudos de Desenvolvimento e Gestor de Projetos de Responsabilidade Social
As notícias que nos relatam o agravamento das alterações climáticas e as suas consequências são cada vez mais frequentes e
esclarecedoras. A janela temporal para reverter alguns efeitos está a esgotar, sendo certo que os esforços de adaptação serão cada vez
maiores.
A questão que nem sempre é evidenciada é que, conforme indica o mais recente relatório do IPCC
(https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg2/), as consequências das alterações climáticas e a nossa subsequente inacção também irão agravar
as desigualdades sociais. Isto porque os que menos contribuíram para as alterações climáticas – populações com salários baixos e
nações em desenvolvimento – irão sofrer mais directamente algumas das consequências, como o impacto do calor extremo e de
doenças transmitidas por vectores, por terem também menos recursos.
Também na saúde mental os impactos serão mais significativos em populações mais vulneráveis, uma vez que os desastres naturais e as
secas prolongadas estão cada vez mais a ser associadas ao transtorno de stress pós-traumático, ansiedade e depressão.
No dia em que se celebra o Dia Mundial do Serviço Social, que este ano tem como lema “co-construindo um novo mundo eco-social,
sem deixar ninguém para trás”, importa reflectir o importante papel que os e as assistentes sociais têm em várias áreas de intervenção
social, na linha da frente pela defesa dos direitos humanos e em particular também na construção de comunidades mais sustentáveis.
Os e as assistentes sociais são elementos fundamentais para o processo de mudança em curso por todo o mundo em direcção a uma
sociedade mais sustentável e na adaptação das comunidades aos efeitos das alterações climáticas. Quer seja na mediação entre as
populações com quem trabalham e os órgãos de decisão, podendo ser promotores de soluções para problemas sentidos tanto ao nível
individual como comunitário, quer numa perspectiva de empowerment, apoiando as comunidades no processo de adaptação e adopção
de comportamentos e práticas do dia-a-dia mais sustentáveis e que conduzam a uma maior resiliência.
A integração de uma dimensão ambiental no serviço social torna-se assim essencial no paradigma actual, focando-se na promoção do
equilíbrio entre pessoas, progresso e ambiente para que o desenvolvimento se reja pelo respeito pelas gerações futuras e pela
promoção do bem-estar das populações actuais. Por outro lado, o reconhecimento do serviço social, enquanto profissão que está
presente na linha da frente, deve também ser tido em consideração na formulação de programas e políticas que visem a melhoria do
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