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Análise de dados qualitativos

Potencialidades da
Análise de Conteúdo Assistida por Computador

(CAQDA)
Rui Brites*
* Sociólogo
Investigador do CIES/ISCTE-IUL
Prof. Associado convidado do ISEG-UTL
E-mail: rui.brites@outlook.com. Telef.: 969073534
Gabinete 201, Edifício Bento Jesus Caraça, Rua Miguel Lupi, nº 20, 1249-078 Lisboa
Skype: britesrui.
Os pesquisadores costumam encontrar
três grandes obstáculos quando partem
para a Análise dos dados recolhidos no
campo (...)*
• O primeiro deles (...) ‘ilusão da
transparência’ (...)
• O segundo (...) ‘sucumbir à magia dos
métodos e das técnicas (...).
• O terceiro (...) dificuldade de se juntarem
teorias e conceitos muito abstractos com os
dados recolhidos no campo.”

* Minayo, M. (2000), O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.


São Paulo, Hucitec.
A complexidade*

da Análise Social
* E o fascínio, claro!
Alice no País das Maravilhas

Alice está perdida na floresta e pergunta ao


gato qual o melhor caminho

Gato: “Para onde queres ir?”

Alice: “Para qualquer lugar”

Gato: “Mas... Para ir para qualquer


lugar, qualquer caminho serve!”
Duas questões muito simples ocorrem ao espírito
quando se fala de investigação.

A primeira é: Qual é o meu problema?


A segunda é: Que devo fazer?

Tomar consciência de um problema, formulá-lo com


clareza e trabalhar para o resolver marcam as fases
essenciais de um procedimento metodológico.
Bruno Deshaies*

Se não formos capazes de definir bem o


problema, nunca encontraremos a solução.
Russel Ackoff

* Deshaies, B. (1997), Metodologia de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Instituto Piaget


O facto científico é conquistado, construído e
verificado:

- conquistado sobre os preconceitos;


- construído pela razão;
- verificado pelos factos.
Gaston Bachelard

Interessam-me os actos humanos, não para me rir


deles, nem para deplorá-los, nem sequer para os
detestar, mas simplesmente para os compreender

Spinoza
“Não há nada mais prático do que uma
boa teoria”
Kurt Lewin

“Não há ventos favoráveis para quem não


sabe para onde vai”
Séneca

“A vida é aquilo que acontece enquanto


fazemos planos para o futuro”
John Lennon

“Em momentos de crise, a imaginação é


mais importante que o conhecimento”
Albert Einstein
Evidentemente?
Evidente… mente!
Para obter dados nos métodos qualitativos usam-se as técnicas da
observação, entrevista em profundidade, entrevista em grupo, textos
impressos, etc.
Essas técnicas permitem, entre outras coisas, o registo do
comportamento não verbal, e são aplicadas a pequenos grupos de
pessoas, escolhidos de acordo com os objectivos do estudo.
O elevado número de questões suscitadas no contacto do
investigador com a realidade estudada, não raro, tornam bastante
moroso e difícil o processo de codificação a que são submetidas
através dos procedimentos de análise de conteúdo.
Acresce que, sendo os dados obtidos a partir do registo detalhado
das observações e entrevistas, decorre a necessidade de uma
relação próxima entre o investigador e o objecto de estudo,
tornando-se difícil a utilização de recursos da estatística.
Ou seja, a análise assume, assim, um carácter compreensivo e
interpretativo, cuja consistência depende em muito da capacidade
do investigador para realizar um trabalho detalhado e profundo,
exigindo essa fase o investimento de muito tempo, capacidade de
argumentação e discernimento por parte do investigador
Não obstante, a complexidade da análise social, hoje,
graças às novas tecnologias ao dispor do investigadores,
entre as quais me permito destacar o SPSS® na análise
quantitativa e o MAXqda® na análise qualitativa, já não
faz muito sentido optar por um tipo de análise ou por
outro.

Com efeito, para dar conta da complexidade dos


processos sociais parece mais pertinente falar em
técnicas mistas, que conjuguem os dois tipos de análise,
uma vez que os resultados da análise qualitativa são
também passíveis de quantificação e os resultados da
análise quantitativa devem ser objecto de interpretação
qualitativa.
Só podemos compreender os textos nos seus contextos
Elíseo Verón

Veja-se o seguinte exemplo, relativos ao poder do Marketing:


Duas criancinhas de oito anos conversam no quarto:
O menino pergunta para a menina:
- O que vais pedir no DIA DA CRIANÇA?
- Eu vou pedir uma Barbie, e tu?
- Eu vou pedir um TAMPAX! - responde o menino.
- TAMPAX?! O que é isso ?!
- Nem imagino ...mas na televisão dizem que com
TAMPAX a gente pode ir à praia todos os dias, andar
de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube,
correr, fazer um montão de coisas fixes , e o melhor...
SEM QUE NINGUÉM PERCEBA.
Para reflectir… a propósito da Análise de Conteúdo, claro!
Sherlock Holmes e Watson vão acampar. Montam a tenda e, depois de uma boa refeição
e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e diz para o seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes, então, pergunta:
- E o que é que isso significa?
Watson pondera por um minuto, e depois enumera:

1. Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias, e,


potencialmente, biliões de planetas.
2. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.
3. Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 03 horas e 15minutos pela
altura em que se encontra a Estrela Polar.
4. Teologicamente, posso ver que Deus é todo-poderoso e somos pequenos e
insignificantes.
5. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia.
Correcto?
Holmes fica um minuto em silêncio e diz:
- Bolas... Watson, não vês que nos gamaram a tenda?!!!

Moral da história: A vida é simples, nós é que a complicamos.


Análise de Conteúdo
Assistida por
Computador
CAQDA
As metodologias qualitativas são alvo de um
interesse crescente na pesquisa social,
nomeadamente quando se trata de analisar o
discurso directo com o objectivo de compreender,
não só o que se diz, mas o sentido do que se diz.

Como se sabe, só é possível aceder à


compreensão de um “texto” dentro do seu
“contexto”.
Nas palavras de Maanem*, a pesquisa
qualitativa permite “reduzir a distância entre
indicador e indicado, entre a teoria e os dados,
entre contexto e acção”.
* No prefácio ao Vol. 24, No. 4, de Qualitative Methodology - Administrative Science Quarterly, 1979: 520-526
No essencial, a Análise de Conteúdo
procede à análise de material não
estruturado (textos, entrevistas abertas,
mensagens dos mass-media, etc.) de forma
sistemática, por meio de um sistema de
categorias teoricamente orientadas.

É uma forma de estudo da sociedade que


se centra no modo como as pessoas
interpretam e dão sentido às suas
experiências e ao mundo em que vivem.
Não deixando de ser uma técnica complexa, a Análise de
Conteúdo está hoje bastante facilitada pelo recurso a
software cada vez mais user friendly, cujo principal mérito
é o de ajudar a dissecar o texto de forma interactiva.
Vários autores têm chamado a atenção para o facto de
alguns investigadores depositarem expectativas muito
elevadas na utilização desses programas, enquanto
outros se mostram preocupados com receio de que
possam mudar ou distorcer a prática da análise
qualitativa.
Esse é um falso problema: o software de Análise de
Conteúdo não se assemelha ao software de Análise
Estatística, como o SPSS®, por exemplo, e não produz
resultados por si próprio, de forma automática.
Cabe ao investigador a condução de todo o processo e a
Análise de Conteúdo propriamente dita só começa quando
acaba a intervenção do software.
Análise de Conteúdo
com MAXQda
Versão Demo disponível em
http://www.maxqda.com/lang/portuguese

Contactos em Portugal
MAXqda
O MAXqda (originalmente conhecido por winMAX),
foi desenvolvido em Berlin por Udo Kuchartz em
associação com a Universidade Livre de Berlin (Free
University of Berlin).
É um software que permite manipular grandes
conjuntos de dados, sejam eles provenientes de
entrevistas narrativas, grupos focais, entrevistas não
estruturadas, estudos de caso, anotações de campo,
protocolos de observações, cartas documentais ou
qualquer outro material escrito.
O material (textos) podem ser importados
directamente no formato word, ou pdf
Exemplo de aplicação
Tema: Discursos presidenciais nas comemorações
do 25 de Abril em 2011

Codificação “sem rede”


Grounded theory
“Os textos fora dos contextos”
Análise de 4 Discursos
proferidos na cerimónia de comemoração do 25 de Abril 2011

Cavaco Silva http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53120


Jorge Sampaio http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53125
Mário Soares http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53126
Ramalho Eanes http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53127
http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=53118

21
Janela do MAXqda com um projecto aberto

Texto seleccionado

Resultados de
Categorias
pesquisa
Nuvens de palavras

Nota: as “nuvens” aqui apresentadas foram feitas


no seguinte site: http://www.wordle.net/create
Cavaco Silva Mário Soares

Jorge Sampaio Ramalho Eanes


“Nuvens” de Categorias
Cavaco Silva Mário Soares

Jorge Sampaio Ramalho Eanes


Exemplo de aplicação
Tema: Representações sobre o Trabalho e práticas
e representações sobre o Lazer

Transcrição e codificação teoricamente orientadas

“Os textos nos seus contextos”


Ficha de transcrição de entrevista Entrevista transcrita

28
Janela inicial do MAXqda

Textos para Texto


Análise seleccionado

Resultados
Sistema de
de pesquisa
códigos
(Categorias)

Botões que permitem


fechar ou abrir cada29uma
das janelas
Janela do MAXqda com um projecto aberto

Texto seleccionado

Resultados de
Categorias pesquisa

30
Respostas à dimensão “O que é o trabalho para si” Identificação dos inquiridos
foi substituída por
informação demográfica
Directores O que é para si o trabalho
É uma necessidade porque as pessoas têm que viver, Ter uma contribuição monetária. Se gostarem do que fazem, o trabalho pode ser uma paixão. Se não
gostarem, o trabalho é um grande sacrifício. Eu não consigo imaginar, como já tenho ouvido dizer quando se levantam, que é um sacrifício ir trabalhar, menos um
dia para a reforma. Eu não consigo Ter essa postura, apesar de a parte do lazer e a parte de ócio ser muito mais interessante do que o trabalho. Para mim o trabalho
Mulher, 48 anos, casada, é só o profissional. Se saio de casa às 7 e entro às 9/10 não posso Ter uma grande contribuição de trabalho doméstico. Eu gosto muito de trabalhar. Antes já fui
licenciada em História consultora em várias empresas. Sempre tive dois trabalhos. Como não gostava da chamada lida doméstica, preferia fazer coisas que gostava e pagar para me
fazerem as coisas da casa.
O meu dia-a-dia é uma corrida constante.

Mulher, 52 anos, casada, Pois, para mim o trabalho é essencialmente a minha vida... não sei se isto é muito negativo para si, mas é assim... quando penso em trabalho é a profissão. Eu
licenciada em Finanças sempre a encarei muito a sério..

Realização pessoal, com objectivos ambiciosos determinados à priori, que deverão ser sempre ultrapassados.
Homem, 50 anos, casado, Pressupõe uma ocupação, um objectivo, uma finalidade.
Ensino secundário Esse objectivo tem que ser dificílimo de alcançar.
O objectivo da empresa deverá ser partilhado e participado pelo trabalhador.

Mulher, 43 anos, Faz parte do ser humano, é uma forma de realização, da pessoa ser independente economicamente e ter o seu mundo. Não é só o financeiro que está em causa.
divorciada, licenciada em Trabalho dá prazer, gosto de trabalhar, ter coisas bem feitas, trabalho é profissional.
Gestão O trabalho dá confiança e conforto

Para mim, o trabalho é um pouco em parte a minha própria vida...eu não conseguiria viver sem trabalho profissional...se me perguntar se eu estou disponível
mentalmente para um dia acabar com este trabalho eu diria que sim, que estou mas não quererei ficar em casa, isto é eu terei que arranjar um tipo de ocupação,
ligada com a minha actividade profissional, se puder contar com um contributo ao nível de alguma associação de natureza profissional, gostaria de o continuar a
fazer se a minha saúde física o permitir...
Mulher, 59 anos, casada,
Em complemento da minha realização pessoal como... mulher família. Isto é, eu de facto não saberia ser dona de casa em exclusivo, portanto tenho que ter uma
licenciada em Economia
actividade profissional, sobretudo porque gosto de sentir um trabalho de equipa... liderá-lo tanto quanto possível... mas poder fazê-lo sem prejuízo da minha vida
familiar....e eu diria que essa minha vida familiar quase que vem do tempo de solteira como filha... depois como mulher... depois como mãe e até agora como
avó... e tenho conseguido

Homem, 42 anos, casado, Trabalho é o mais importante do meu dia a dia


licenciado em Sociologia

Homem, 50 anos, casado, Uma coisa que me dê prazer e que me permita receber uma remuneração justa para o exercício dessa actividade. É uma forma de estar na vida. Trabalho para mim
Ensino secundário também pode não ser remunerado, po exemplo, ao fim de semana pegar numa máquina de cortar relva e tratar do jardim

É uma parte importante da minha vida. Sempre foi, embora já tivesse passado por uma época em que foi mais importante que agora. Mas, durante muito tempo,
Mulher, 59 anos, casada, foi o aspecto mais importante da minha vida.
licenciada em Economia Era prazer e eu sentia-me realizada. Mas o cansaço foi-se acumulando e como os projectos se foram realizando, levou a um certo abrandamento do ritmo.
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Homem, 60 anos, casado, Trabalho faz parte de nós próprios. Mistura de realização, complementarização. O trabalho é exigência da nossa própria existência. O dinheiro é complemento do
licenciado em História esforço despendido. Trabalho é também prazer. Realização é sentir que se é útil no que se está a fazer
Exemplo de tratamento gráfico das frequências dos indicadores
(Análise de relevância temática)
Representação gráfica da frequência das categorias
O que é para si o trabalho

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Exemplo de tratamento gráfico das frequências dos indicadores
(Análise de relevância temática)
“Nuvem de palavras” da frequência das categorias
O que é para si o trabalho
Exemplo de articulação entre
Análise de Conteúdo
com MAXqda
e
Análise de
Correspondências
Múltiplas
com SPSS
Análise de Correspondências Múltiplas
O que é para si o Lazer
(Proximidade das categorias)

Não trabalho profissional


Não rotina

Passar fim de semana fora


Cinema/Teatro/Filmes

Almoçar/jantar fora
Passear
Assistir a espectáculos Viajar
Fazer o que se gosta
Tempo livre
. Ausência compromisso
Estar com amigos
Descanso Espaço/tempo pessoal
Despreocupação

Ler

Férias
Fazer desporto/Ginásio Ver televisão
Análise de Correspondências Múltiplas
O que é para si o Lazer
(Proximidade dos indivíduos)

TEC4
DIR17

ADM9

TEC26

ADM12 TEC25
DIR13 DIR21

ADM11 DIR16 TEC7


TEC8 TEC6
TEC16
DIR22
ADM2 TEC14
TEC10
TEC3 TEC5
DIR20
DIR24 ADM18
DIR19
TEC23
DIR1
Análise de Correspondências Múltiplas
O que é para si o Lazer
(Proximidade dos indivíduos por Sexo)

Mulher
Mulher

Homem

Mulher

Homem Mulher
Mulher
Mulher Mulher
Mulher Homem
Mulher Mulher Homem
Mulher
Mulher Homem
Mulher
Homem
Homem
Mulher
Homem Homem
Homem
Homem
Mulher
Análise de Correspondências Múltiplas
O que é para si o Lazer
(Proximidade dos indivíduos por Categoria profissional)

Director
Técnico

Administrativo

Técnico

Administrativo Técnico
Director
Director
Administrativo
Técnico
Director Técnico Técnico
Técnico
Administrativo Director
Técnico
Técnico
Técnico
Técnico
Director
Director Administrativo
Técnico
Director
Director
Exemplo de articulação entre
Análise de Conteúdo
com MAXqda,
Análise de Correspondências
Múltiplas
e Análise de Clusters
com SPSS
3 clusters

Grupo 1

Grupo 2

Grupo
40 3
Bibliografia
Recomendada
• Bauer, M. e G. Gaskell (2002), Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e
Som, Petrópolis, Editora Vozes.
• Bryman, A. (2004), Social Research Metods, Oxford University Press, 2ª
edição (1ª edição 2001).
• Flick, U. (2005), Métodos Qualitativos na Investigação Científica, Lisboa,
Monitor.
• Gigglione, R e B. Matalon (1992), O Inquérito-Teoria e prática, Oeiras,
Celta.
• Guerra, I. C. (2006), Pesquisa Qualitativa e Análise de Conteúdo, Estoril,
Principia.
• Ketele, J-M. e X. Roegiers (s/d), Metodologia de Recolha de Dados -
Fundamentos dos Métodos de Observações, de Questionários, de
Entrevistas e de Estudo de Documentos, Lisboa, Instituto Piaget.
• Lessard-Hébert, M; G. Goyette; G. Boutin (2005), Investigação Qualitativa –
Fundamentos e Práticas, Lisboa, Piaget, 2ª edição.
• Sampieri, R. H.; C. F. Collado; P. B. Lucio (2006), Metodologia de Pesquisa,
São Paulo, McGraw-Hill.
• Vala; J. “A Análise de Conteúdo” em Silva, A. S. e J. M. Pinto (orgs.) (1986),
Metodologia das Ciências Sociais, Porto, Edições Afrontamento (cap. IV):
101-128
Análise Qualitativa na Internet – Revistas electrónicas

www.qualitative-research.net/fqs/
http://qualitative-research.net/fqs/

http://www.recherche-qualitative.qc.ca/cahiers.html
http://www.recherche-qualitative.qc.ca/cahiers.html

http://www.qualitativesociologyreview.org/ENG/archive_eng.php
http://www.qualitativesociologyreview.org/ENG/archive_eng.php
http://academic.csuohio.edu/kneuendorf/content/

http://academic.csuohio.edu/kneuendorf/content/

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