Você está na página 1de 9

Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

Paradigma Quantitativo Paradigma Qualitativo


Baseado no Positivismo de Augusto Conte: Baseado no paradigma naturalista do
“cada fenómeno deverá ter uma só idealismo de Kant “não existe uma só
interpretação objetiva e científica” interpretação objetiva da realidade.
Admitem-se interpretações quanto aos
indivíduos que a pretendem interpretar”
É o estudo da realidade social utilizando o Adota métodos qualitativos na recolha de
enquadramento conceptual, as técnicas de dados baseados na observação da realidade,
observação e mediação, os instrumentos de num determinado contexto.
análise matemática e os procedimentos de
inferência das ciências naturais.
Amostragem; Seleção aleatória dos sujeitos Utiliza métodos de pesquisa: entrevista,
observação participante, história de vida,
testemunho, análise do discurso, estudo de
caso.
Para a análise de dados utiliza-se a Pressupõe grande interação com pessoas,
estatísticas; formulação e teste de hipóteses; realidades contextualizadas e vividas que
constituem o objeto de pesquisa, para se
obter significados visíveis e latentes que
somente são percetíveis a uma atenção
sensível.
O investigador parte do conhecimento teórico
existente ou de resultados empíricos
anteriores. As hipóteses surgem das teorias e
são formuladas seguindo o seguinte
esquema: Teoria – Hipóteses –
Operacionalização – Amostragem – Recolha
de Dados – Interpretação de Dados –
Validação – Corroboração ou infirmação de
hipóteses.

Métodos Quantitativos Métodos Qualitativos

1. Observação de fenómenos; Indutivos – tendem a analisar a informação e


a chegar à compreensão dos fenómenos a
partir do desenvolvimento de conceitos que
resultam de padrões da realidade.
2. Formulação de hipóteses explicativas Naturalistas
desses fenómenos;
3. Controlo das variáveis; Holísticos

4. Seleção dos sujeitos de investigação Sensíveis ao Contexto – os investigadores


(Amostragem) têm presente que os atos, as palavras, os
gestos só podem ser compreendidos no seu
contexto.;
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

5. Verificação ou rejeição das hipóteses Atentos à importância do significado;


mediante uma recolha rigorosa de
dados, sujeitos a uma análise
estatística e uma utilização de
modelos matemáticos para testar
essas mesmas hipóteses.
6. Generalização dos resultados a uma Flexíveis – o plano de investigação é flexível e
determinada população em estudo a evolui em função do contexto em que se
partir da amostra, fazendo o insere;
estabelecimento de relações causais e Humanísticos
a previsão de fenómenos. Interessados pelo processo e não pelo
resultado
Vantagens do Método Quantitativo: Vantagens do Método Qualitativo:
- Possibilidade de realizar estudos extensivos, - A riqueza de informação permitida por
com elevado número de informações. estudos intensivos.
Limitações do Método Quantitativo: Limitações do Método Qualitativo:
- A própria natureza dos fenómenos - Impossibilidade de generalizar os resultados
estudados; obtidos.
- Complexidade dos sujeitos, estímulo que dá - Elevado gasto de recursos humanos e
origem a diferentes respostas de acordo com tempo;
os sujeitos; - Pesquisa intensiva.
- Grande número de variáveis cujo controlo é
difícil;
- Subjetividade por parte do investigador;
- Medição indireta.

Técnica Quantitativa Técnica Qualitativa


O investigador antes de iniciar o trabalho As técnicas mais utilizadas são:
deve:
Elaborar um plano de investigação - A Observação participante;
estruturado (planeamento da investigação),
no qual os objetos e os procedimentos de - A Entrevista em profundidade;
investigação estejam indicados
pormenorizadamente. - A análise documental.
Após a elaboração do plano: o plano de investigação é flexível e evolui em
Fazer uma revisão da literatura pertinente, a função do contexto em que se insere;
qual é necessária para a definição dos
objetivos de trabalho e para a formulação de
hipóteses e para a definição de variáveis.
OBJECTIVO DA INVESTIGAÇÃO
QUANTITATIVA:
Encontrar relações entre variáveis, fazer
descrição recorrendo ao tratamento
estatístico de dados recolhidos, testar teorias.
Para a verificação de hipóteses existe uma
grande variedade de testes estatísticos.
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

A Triangulação Metodológica

Um investigador para melhor resolver um problema de pesquisa não têm que optar por um dos
dois paradigmas e segui-lo rigorosamente, podendo escolher uma combinação de atributos
metodológicos.

Assim, cada método revela diferentes aspetos da realidade empírica e consequentemente


devem utilizar-se diferentes métodos de observação da realidade. As vantagens de se
combinarem métodos são o permitir uma melhor compreensão dos fenómenos, ou seja, os
fenómenos sociais são complexos, por isso, o recurso a uma estratégia metodológica
diversificada permitirá numa maior apreensão dessa complexidade.

A Rutura com o Senso Comum

O senso comum pode ser visto como o ato de agir e pensar espontâneo, com fortes raízes
culturais e sociais, criando obstáculos epistemológicos ao estudo científico, nomeadamente em
ciências sociais.

Em ciências sociais, construir sobre premissas é o mesmo que construir sobre areia, o
conhecimento tem de ser construído sobre uma base sólida, com conhecimentos científicos.

Romper com o Senso Comum é romper com preconceitos e falsas evidências, que apenas nos
dão uma visão ilusória de compreensão das coisas.

A rutura constitui o primeiro ato da investigação.

Manual de Investigação em Ciências Sociais

• A construção de um projecto de investigação;


• A construção de um plano de pesquisa;
• Critérios de escolha das técnicas de recolha, tratamento e análise de dados

Procedimentos:

o Não ler demasiada literatura ou estatísticas e sim tentar encontrar o meu


procedimento para usar na minha investigação
o É necessário passar pelas 7 etapas
o Ter um texto claro e simples

O Procedimento em investigação ocorre em 3 fases (atos):


Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

1. A RUTURA (Romper com os preconceitos e as falsas evidências. O primeiro ato


constitutivo do procedimento científico);
2. A CONSTRUÇÃO (de um sistema de conceitos organizados suscetível de exprimir a lógica
que o investigador supõe estar na base do fenómeno);
3. A VERIFICAÇÃO (uma proposição só tem o direito ao estatuto científico na medida em
que pode ser verificada pelos fatos).

Etapa 1

A PERGUNTA DE PARTIDA

Uma boa pergunta de partida deve:

✓ Romper com os preconceitos e as noções prévias;


✓ Deve-se poder trabalhar eficazmente a partir dela;
✓ Pergunta precisa, concisa, não deve cobrir um campo de análise demasiado vasto.
(CLAREZA)

✓ O investigador deve assegurar-se de que os seus conhecimentos, mas também os seus
recursos em tempo, dinheiro e meios logísticos, lhe permitirão obter elementos de
resposta válidos. (EXEQUIBILIDADE)
✓ PERTINÊNCIA – prende-se com o registo (explicativo, normativo, preditivo) em que se
enquadra a pergunta de partida. Uma boa pergunta de partida não deve julgar, mas
compreender. O seu objetivo deve ser o conhecimento, não o de demonstração. Não
visa prever o futuro, mas captar um campo de constrangimento e de possibilidades, bem
como os desafios que o campo define. Deve visar um melhor conhecimento dos
fenómenos estudados e não apenas a sua descrição.

Etapa 2

A EXPLORAÇÃO (como proceder para se conseguir qualidade de informação).

o LEITURA – escolher e organizar as leituras para irem de encontro à pergunta de


partida, com dimensão razoável; saber o que procurar; realizar uma grelha de
leitura e resumos.

Característica de uma Ficha de leitura:


- Permitem o registo da referência bibliográfica completa, para uso posterior na redação
do relatório final;
- Referenciam elementos do texto, de modo que, seja possível de um modo fácil e rápido
localizar essa informação no texto.
- Palavras-chaves;
- Sintetiza o trabalho.

A leitura pode ser denotativa (verificar a finalidade do texto…); Interpretativa (o que quer
o autor demonstrar com o texto?); Crítica (avaliar); Problematizante (reflexão sobre o
assunto).
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

o AS ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS – devem ajudar a construir a problemática da


investigação.
As entrevistas exploratórias servem para encontrar pistas de reflexão, ideias e
hipóteses de trabalho, e não para verificar hipóteses pré-estabelecidas.

Há 3 categorias de interlocutores válidos para a realização das entrevistas


exploratórias:
- Docentes;
- Testemunhas privilegiadas;
- Público potencial de estudo.

Regras:
✓ Fazer o menor número de perguntas possível;
✓ Formular as intervenções de forma mais aberta possível;
✓ Não dar opinião durante a entrevista;
✓ Procurar que a entrevista ocorra num local adequado;
✓ Gravar a entrevista;

Etapa 3

A PROBLEMÁTICA

É a abordagem que decidimos adotar para tratarmos o problema formulado pela pergunta de
partida. “Como vou abordar este fenómeno”.

- Equivale a construir a nossa problemática com base no confronto crítico das diferentes
perspetivas que se afiguram possíveis.

Etapa 4

A CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE

o Indicadores – São traços observáveis de uma ou mais dimensões dos conceitos


que gerarão informação no sentido de avaliar as hipóteses.
o Hipóteses – a organização de uma investigação em torno de uma hipótese
constitui a melhor forma de conduzir com ordem e rigor. As hipóteses apontam
o caminho da procura, fornecendo um fio condutor á investigação e fornecendo
o critério para a recolha de dados que confrontará as hipóteses com a realidade.
o A construção de conceitos - o conceito retém apenas o essencial da realidade.
o A construção de hipóteses – uma hipótese é uma proposição provisória, que
deve ser verificada.
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

O Modelo Hipotético-dedutivo:
Segue os três atos do procedimento (Rutura; Construção e Verificação).
1. Definição do problema;
2. Pergunta de partida;
3. Exploração;
4. Enquadramento teórico /fundamentação;
5. Metodologia;
6. Recolha e análise da informação
7. Conclusões / relatório final

Etapa 5

A OBSERVAÇÃO

A observação engloba o conjunto das operações através das quais o modelo de análise
(constituído por hipóteses e conceitos) é submetido aos testes dos factos e confrontado com
dados observáveis.

Observar o que? Em quem? Como?

Existem várias possibilidades de estudar “em quem”:

✓ Estudar a totalidade da população;


✓ Estudar uma amostra representativa da população
✓ Estudar componentes não estritamente representativas, mas características da
população.

“como?”

✓ Observação direta – é aquela em que o investigador procede diretamente à recolha das


informações, sem que haja interação dos sujeitos observados.
✓ Observação Indireta – o investigador dirige-se ao sujeito para obter a informação
procurada.

As 3 operações/objetivos da Observação:
1. Conceber um instrumento capaz de produzir todas as informações adequadas e
necessárias para testar as hipóteses.
2. Testar o instrumento de observação
3. Recolha de dados
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

Métodos de Recolha de Informação

1. Inquérito por questionário


Vantagens: possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados e de proceder a
numerosas análises de correlação.
Limites: Peso e custos elevados; Superficialidade de respostas; Individualização dos
entrevistados, que são separados das duas redes de relações sociais.

2. Entrevista
Permite retirar da entrevista informações e elementos de reflexão ricos; Contacto direto
entre o investigador e os seus interlocutores.
Vantagens: o grau de profundidade dos elementos de análise; A flexibilidade e a fraca
diretividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações.
Limites: A flexibilidade do método torna importante a capacidade e competência do
investigador; A informação não fica imediatamente disponível; a não espontaneidade
dos entrevistas e dificuldade na total neutralidade do investigador.

3. A observação direta
A observação participante de tipo etnológico consiste em estudar uma comunidade
durante um longo período participando na vida coletiva.
Vantagens: A apreensão dos comportamentos e acontecimentos no próprio momento
em que se produzem; a recolha do material relativamente espontâneo; a autenticidade
dos dados.
Limites: Dificuldade em ser aceite como observador pelo grupo; O registo dos dados e a
selectividade da memória; a interpretação das observações.

4. A recolha de dados preexistentes: dados secundários e dados documentais.


O investigador recolhe documentos para os estudar por si próprios ou porque espera
encontrar informações úteis para estudar outro objecto.
Podem ser documentos, audiovisuais, documentos privados, oficiais, e muito
frequentemente são dados estatísticos.
Vantagens: Economia de tempo e dinheiro; Evita o recurso abusivo das sondagens e
questionários, aproveita a riqueza do material documental disponível.
Limites: O investigador pode ser impedido de divulgar as informações ou pode verificar
que os dados são inadequados ou manipulados.

Etapa 6

A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

1. Análise secundária (Quando os dados são prévios à investigação)


2. Tratamento de Inquérito (Quando os dados foram recolhidos graças a um inquérito por
questionário desenhado para a investigação).
3. Análise de Conteúdo
É uma técnica que utiliza o procedimento normal da investigação, isto é, existe um
confronto entre o quadro de referências do investigador e o material empírico
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

recolhido. Tem uma dimensão descritiva que visa dar conta do que foi narrado e uma
visão interpretativa que decorre das interrogações face ao objeto de estudo, o que
permite formular conclusões.

Exemplo de análise de entrevistas que se podem dividir nas seguintes fases:


1. Transcrição as entrevistas – reprodução escrita exaustiva e fiel de tudo o que foi dito
a partir do registo de áudio.
2. Leitura das entrevistas – leitura cuidadosa e integral de todas as entrevistas
colocando algumas anotações e distinguindo alguns aspetos relevantes.
3. Construção/elaboração das sinopses das entrevistas – grelha que organiza o
discurso em função dos grandes temas do guião.
4. Análise descritiva – primeira agregação da informação – tipológica, categorial e
temática aprofundada.
5. Análise interpretativa ou interpretação – relacionar a informação empírica com os
conteúdos teóricos, hipóteses explicativas, ideias-tipo.

Etapa 7

AS CONCLUSÕES

1- Retrospetiva das grandes linhas de procedimento

Pergunta de partida na sua formulação definitiva;

✓ Apresentação das características gerais do modelo de análise e das hipóteses


de pesquisa;
✓ Apresentação do campo de observação, dos métodos utilizados e das
observações efetuadas;
✓ Comparação com os resultados esperados e os resultados observados e uma
interpretação da diferença.

2- Apresentação pormenorizada dos contributos para o conhecimento originados pelo


trabalho
✓ “o que sei mais sobre o objecto de análise?”
✓ “o que sei de novo sobre este objecto?”

3- Considerações de ordem prática

Quais os aspetos a integrar num relatório de investigação?

✓ Capa
✓ Índice
✓ Introdução
✓ Modelo de análise
✓ Metodologia
✓ Discussão de dados
✓ Conclusão
Resumo – Metodologia de Investigação Educacional

O relatório de investigação serve para apresentar o problema, o processo de pesquisa, os


resultados alcançados e as consequências dos resultados.

A importância do planeamento de uma pesquisa.

- É importante fazer uma boa gestão do tempo e dos recursos (cronograma da pesquisa) seja
através das leituras de diversos materiais, pesquisas em bases de dados o importante é manter
o foco no objeto da investigação de forma a alimentar, de maneira eficaz, o material
epistemológico que será utilizado como base. É necessário planear o tempo também para cada
uma das 7 fases da investigação, incluindo para a realização do relatório de investigação.

As vantagens das Bases de Dados na Investigação

✓ Simples e de rápido acesso em qualquer sítio através da internet;


✓ Previne que o investigador se perca ao estar rodeado de tanta informação;
✓ Acesso a recursos especializados, específicos e credíveis;
✓ Poupança de tempo e melhor gestão de recursos: Procedimento de busca,
classificação, análise e utilização de dados de forma rápida e rigorosa.
✓ Compartilhar dados existentes.

Alguns dos desafios da Investigação Educacional

✓ Desafios na Investigação com a população idosa


-Dificuldade de distanciamento do investigador devido ao caracter, muitas
vezes emocional ou de isolamento dos interlocutores que vêm no investigador
uma solução para o seu “problema” ou para o objeto retratado na investigação.
✓ Desafios em relações éticas
- Como reagir aos efeitos emotivos suscitados pelo investigador por parte do
interlocutor?
- Como estabelecer o equilíbrio entre a proximidade entrevistador-entrevistado
exigida para o estabelecimento da confiança e o distanciamento metodológico?

- como gerir potenciais efeitos indesejados do consentimento informado, como


o receio de perda de anonimato?

Você também pode gostar