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Este enfoque fundamenta a estrutura da personalidade com base na integração em

diferentes configurações: as unidades psicológicas primárias, as formações psicológicas


o as sínteses reguladoras como um processo integrador ascendente em níveis superiores
de complexidade. Estes subsistemas são uma expressão da unidade do cognitivo e do
afetivo.

González, F. e Mitjáns, A. (1989) definem estas categorias da seguinte forma:


• Unidades psicológicas primárias: constituem uma integração cognitivo-afetiva
relativamente estável, que atua imediatamente sobre o comportamento diante das
situações, vinculada a sua ação reguladora. O nível de intervenção que a
personalidade exerce sobre elas depende do nível de regulação em que esta opera.
• Formação psicológica: é definida basicamente pela categoria de formação
motivacional complexa, utilizada para designar formações que investigamos
empiricamente, como as intenções profissionais, os ideais morais e a auto-
avaliação.
 Sínteses reguladoras: o próprio caráter sistêmico da personalidade determina que
seus elementos e formações se integrem em diferentes configurações psicológicas
de forma simultânea, as quais têm uma particular relevância na regulação do
comportamento.

A concepção e a formulação dos indicadores funcionais tem uma especial importância no


processo de seleção de pessoal, entre os quais González F. e A. Mitjáns (1989) definem
os seguintes:
• - Rigidez-flexibilidade: é a flexibilidade ou não do sujeito para reorganizar,
reconceituar e revalorizar os diferentes conteúdos psicológicos de sua
personalidade; sua capacidade para mudar decisões, projetos e adequá-los a novas
exigências e situações, assim como de trocar alternativas e estratégias de
comportamentos concretos.
• Estruturação temporária de um conteúdo psicológico: capacidade para
organizar e estruturar os conteúdos em uma dimensão futura de forma que sejam
efetivos no exercício das funções reguladoras da personalidade. A organização
futura de um conteúdo é um elemento essencial para suas potencialidades
reguladoras presentes.
• - Intervenção das operações cognitivas nas funções reguladoras: é a
capacidade da pessoa para utilizar, de forma ativa e consciente, operações
cognitivas na regulação do comportamento. Neste sentido, são essenciais a
reflexão, os processos avaliativos e as possibilidades de elaboração complexa de
sujeito; que permitem o enfoque individualizado e consciente das direções
essenciais expressas pela personalidade.
• - Capacidade de estruturar o campo de ação: é a capacidade do sujeito para
organizar alternativas diversas de comportamento ante situações novas e
ambíguas. O indivíduo é capaz de configurar as situações e se implicar nelas,
otimizando a informação relevante de que dispõe
• Estruturação consciente ativa da função reguladora da personalidade:
individuo realiza um esforço volitivo estável, direcionado a conscientização das
principais questões associadas a expressão de suas tendências essenciais com
personalidade. Diante das experiências negativas ou inexplicáveis, o individuo se
esforça em estabelecer um critério que lhe permita estruturar seu campo de ação.

No estudo da personalidade, dependendo da seleção do pessoal, existe um conjunto de


formações motivacionais particulares de interesse ao avaliar os principais aspectos que
direcionam e mantem a atuação das pessoas nas diferentes atividades.

INTERESSES; ASPIRAÇÃO; AUTO-AVALIAÇÃO

 Os interesses refletem a inclinação afetiva para o conhecimento de diferentes


esferas da vida social.
• As aspirações expressam a orientação da personalidade com vistas a alcançar
objetivos futuros e ideais, como a concepção de um modelo de atuação do sujeito
que inclui suas principais ações futuras e as intenções manifestadas nos planos e
projetos de ação que orientam a conduta do sujeito.
• A auto-avaliação é a formação motivacional em seu nível regulador superior, em
que o sujeito avalia as qualidades e conduz para obter determinados objetivos.

Tudo isto unido à vontade, como expressão da constância, da perseverança, da


independência, da decisão, da força e do autodomínio na orientação do sujeito para
alcançar um objetivo.

Também existem sínteses nas quais se expressa, no mais alto nível, a integração dos
seguintes aspectos cognitivos e afetivos:

• As convicções que expressam a orientação da atividade do homem com base nos


princípios e pontos de vista e são uma expressão da integridade pessoal.
• • O estilo de vida, visto como o modo sistemático para atuar e se manifestar nas
diferentes esferas da vida.
• • O sentido da vida, como a forma motivacional complexa, que expressa os níveis
superiores de orientação da hierarquia de motivos, manifesta o objetivo supremo
da vida do sujeito e rege sua orientação.
2.8.1.1 ESFERA COGNITIVA

Entre os fatores que se atribui grande importância e aos de maior atenção na psicologia,
estão os aspectos da esfera cognitiva, como dimensão executora na regulação e
autorregulação da personalidade.

Embora seja correto afirmar que possuir determinado desenvolvimento de conhecimentos


e habilidades facilita o desempenho de uma atividade, pode-se afirmar que isoladamente,
sem a integração de outros fatores, não é suficiente, principalmente quando a atividade
trabalhista não é uma abstração baseada apenas no nível de execução, mas que é uma
atividade social com múltiplos requerimentos.

INTELIGÊNCIA; HABILIDADES; ATITUDES; CONHECIMENTOS; TEMPO DE


SERVIÇO; NÍVEL DE ESCOLARIDADE; QUALIFICAÇÃO TÉCNICA

Entre os principais aspectos de caráter cognitivo integrados na avaliação dos


requerimentos dos candidatos, encontram-se: a inteligência, as habilidades, as aptidões,
os conhecimentos e outros indicadores que incorporamos e que podem ser: o tempo de
serviço, o nível de escolaridade e a qualificação técnica, elementos que podem aparecer
de forma significativa como requisitos ou geralmente integrados em determinadas
competências.

Na esfera cognitiva, dá-se especial atenção ao estudo das capacidades e, em particular; ao


estudo da inteligência.

É importante no estudo das capacidades, conhecer sua estrutura para poder determinas os
níveis de incidência, seja de forma relativamente direta, de processos independentes ou
integrado em configurações em um nível superior tipo operacional.

Sob o ponto de vista estrutural, é necessário abordar o estudo das capacidades a partir de
um enfoque funcional e sistêmico configuracional.

Parte-se da análise da estrutura das capacidades, formada pelos diferentes processos


psicológicos de ordem cognitiva, tais como: percepção, atenção, memória, pensamento e
linguagem, e que servem de base ao subsistema operacional, no qual se integram
diferentes processos em habilidades e hábitos, que expressam as ações do sujeito no
desenvolvimento das diferentes atividades.

Em relação aos processos cognitivos e ao estudo de sua participação na construção do


conhecimento do sujeito, é importante precisar os indicadores a partir dos quais se
expressam, como é o caso do pensamento.

As capacidades específicas são a análise, a síntese, a comparação, a abstração, a


generalização e a existência de qualidades que o caracterizam, que são: independência,
fluidez, flexibilidade, originalidade, nível de elaboração, profundidade, consecução,
produtividade, economia de recursos e rapidez.

Devido à evidente inter-relação existente entre os termos capacidade, inteligência,


habilidade e aptidão, há elementos diferenciais que sugerem sua distinção.

As capacidades constituem elementos da esfera executora nas quais se expressam, em


um alto nível, a integração do cognitivo e do afetivo na personalidade. O sistema de
processos, as unidades psicológicas, as formações e sínteses integradas expressam as
faculdades do homem para desenvolver com êxito uma determinada atividade.

Entre as capacidades, pode-se distinguir a existência de uma capacidade geral usualmente


denominada inteligência, e capacidades específicas vinculadas ao desenvolvimento de
determinadas atividades. Existem múltiplas definições de inteligência.

A inteligência é a capacidade intelectual geral, que não só reflete as potencialidades


da execução na esfera acadêmica, mas também compreende as ações do ser humano
na diversidade de atividades que desenvolve no decorrer de sua vida e que se
caracteriza pela capacidade de solução de problemas, expressa na possibilidade de
identificá-los, analisar, avaliar e interpretar suas causas, gerar soluções potenciais e
escolher as mais adequadas, planejar, organizar e implementar sua solução, assim
como controlar e adequar sua atuação com base no feedback recebido; tudo isso com
o uso adequado dos diferentes recursos.

Há uma estreita inter-relação entre capacidades, habilidades, conhecimentos e hábitos.

As habilidades são ações simples ou complexas que foram aprendidas até serem
executadas com rapidez.

Fitts, P., e Posner, M. (1968) quando avaliam as experiências desenvolvidas por W.


Bryan, e M. Harter, em 1899, falam sobre o desenvolvimento de habilidades na
aprendizagem da transmissão e recepção telegráfica, na qual se produz a necessidade do
emprego de habilidades perceptivos-motoras e linguísticas, realizando a seguinte
classificação:
Os hábitos são as manifestações que expressam a automatização de determinadas
operações no desenvolvimento da atividade, ao passo que os conhecimentos expressam a
aquisição por parte do homem dos aspectos teóricos e metodológicos da cultura
socialmente elaborada nas diferentes esferas da vida social.

As aptidões são precondições para a aquisição de conhecimentos e to de o


desenvolvimento de habilidades, que permitem o desenvolvimento de determinadas
capacidades dependendo da atividade.

As aptidões existem como potencialidades e incluem as disposições anátomo-fisiológicas


do envolvimento e desenvolvimento no meio, vinculadas à experiência pessoal; esta
combinação possibilita prever se uma determinada pessoa apresenta as capacidades para
formar e executar com êxito uma atividade.

Deve-se destacar o aspecto regulador e auto-regulador da esfera cognitiva como dimensão


executora da personalidade, que é expressão da integração do cognitivo e do afetivo.

2.8.1.2 ESFERA AFETIVA

Uma característica essencial da personalidade é sua integridade, não obstante, pode-se


identificar, em sua estrutura, duas dimensões: executora e indutora.

O homem no desenvolvimento das diferentes atividades em sua implicação no meio, não


só conhece, mas também nessa interação manifesta determinadas atitudes para as demais
pessoas, objetos e fenômenos que, por sua vez, incidem no desempenho da atividade.

As características e traços pessoais, como unidades psicológicas isoladas, não


determinam o êxito no desenvolvimento de uma atividade.

A personalidade é indivisa; é uma conjugação de elementos cognitivos e afetivos; por


isso tem-se insistido que determinadas qualidades adquirem influência sobre o
comportamento a partir de sua integração funcional. Apenas, do ponto de vista da
investigação, é possível abstrair determinados fatores e empregar técnicas específicas
para conhecer o estado dos mesmos.

Na esfera afetiva é importante determinar as qualidades facilitadoras para o desempenho


de uma atividade e a possível presença de alterações significativas da personalidade que
atrasam o desenvolvimento do processo laboral.
• NECESSIDADES
• MOTIVOS
• INTERESSES
• ASPIRAÇÕES
• CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
• EQUILÍBRIO EMOCIONAL
Entre os principais elementos que compõem a esfera afetiva, podem-se assinalar: as
necessidades, os motivos, os interesses, as aspirações, as características pessoais e o
equilíbrio emocional.

A teoria da atividade tem especial relevância na análise desta esfera, ao considerar o


homem como um ser ativo, partindo da relação necessidade-motivo como elemento
ativador da conduta.

Neste vínculo com as demais pessoas, objetos e fenômenos formam-se determinadas


atitudes, a partir das quais se configura toda uma série de formações motivacionais.

A motivação pode ser definida como a formação psicológica complexa, que expressa
a dimensão indutora da personalidade, que tem uma evidente função reguladora e
auto-reguladora; e manifesta a sua tendência orientadora mediante as necessidades
e a hierarquia de motivos.

As necessidades são o estado de carência do indivíduo, que o induz a satisfazê-las de


acordo com a dependência das condições de sua existência, e os motivos são os objetos,
pessoas ou processos que respondem a uma ou outra necessidade, e que refletido, sob
uma ou outra forma pelo sujeito, conduz sua atividade.

Do ponto de vista teórico e metodológico da seleção, é necessária a seguinte classificação


das necessidades:
• - Fisiológicas: fome, sede, sexo, sono, movimento, respiração;
• - De segurança: física e socioprofissional;
• - De artigos produzidos socialmente;
• - Sociais propriamente ditos: reconhecimento, afeto, posse, estima, realização.

É importante, ao estudar a motivação do ser humano, a classificação dos motivos.


González, V. e outros (1995) propõem:
-Por sua manifestação: interesses, convicções, aspirações, ideais, intenções,
autoavaliações;
• - Por seu conteúdo: cognitivos, trabalhistas, artísticos;
• - Por seu nível de consciência: conscientes, inconscientes;
• - Por sua polaridade: positivos e negativos;
• - Segundo sua estabilidade: estáveis, instáveis;
• - Por sua generalidade: gerais ou amplos e particulares ou estreitos;
• -Por sua influência hierárquica: reitores ou dominantes e secundários ou
subordinados.

Para conhecer a personalidade e as motivações de uma pessoa é importante


determinar quais são as principais necessidades e motivos, ou seja, a configuração
da hierarquia destes, para poder avaliar os principais elementos dinamizadores de
sua conduta.

Existe, por sua vez, todo um conjunto de formações psicológicas complexas, que
expressam a partir de distintos ângulos a orientação do comportamento das pessoas.

Dentro das de tipo afetivo destaca-se o caráter, que tradicionalmente foi considerada a
expressão generalizadora da esfera afetiva, que integra, a partir da hierarquia de motivos,
as principais necessidades, atitudes e características pessoais que expressam a relação do
homem com outros semelhantes, objetos e fenômenos.

Para a seleção de pessoal é importante conhecer o grau de estabilidade, plenitude,


integridade e força dos elementos caracterológicos.

2.8.2- ESFERA SOCIAL

Pode parecer redundante falar de uma esfera social ao fazer alusão ao homem, já que se
parte do princípio de que é um ser social por excelência; porém, não se trata dos fatores
internos refletidos através do envolvimento do homem no meio e que combinam essência
de sua personalidade, mas da manifestação e da imagem externa projetada.
A esfera social se traduz segundo com as normas e valores predominantes, direcionados
fundamentalmente, neste caso, aqueles que caracterizam a cultura da organização a qual
o candidato aspira se integrar e do meio, visto em função dos requerimentos da seleção.

2.8.3 ESFERA FÍSICA

Entre as principais características de ordem física que podem ser requerimentos para o
desenvolvimento da atividade trabalhista, encontram-se pa constituição física, a estatura,
a compleição, as habilidades físicas, o peso corporal, o vigor físico, a força, a idade, sexo
e a aparência física.

Assim, as habilidades motoras podem ser um requisito específico para determinadas


ocupações e existem diferentes métodos e técnicas para seu estudo, que incluem amostras
de trabalho, testes de lápis e papel e aparelhos.

2.9 AS COMPETÊNCIAS

Há várias definições de competências. Pela transcendência desta categoria, é importante


analisar diferentes enfoques do termo, em função de caracterizar a polêmica situação
existente ao redor do termo. O amplo espectro das definições sobre esta categoria mostra
o complexo estado em seu estudo. Ao analisar as definições, emergem os diferentes
enfoques, assim como os elementos comuns e as divergências.

2.9.1 ENFOQUES DAS COMPETENCIAS

L. Mertens (1996) identifica a existência de três grandes tendências no estudo das


competências:
• A análise condutista, que não se refere à corrente psicológica dessa denominação,
mas à ênfase que se faz ao papel das características do indivíduo, ou seja, parte do

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