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Carta de D.

Manuel I ao Rei de Aragão, Fernando, sobre a tomada de Goa:


Diogo Alexandre Gonçalves
22/11/2020
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1. Conservou-se uma carta endereçada ao Sr. Cardeal D. Jorge da Costa, no dia 28


de agosto de 1499, anunciando-lhe, a chegada do descobridor e navegador
português, Vasco da Gama à India, nesse ano, bem como este, descobrir a India
pela primeira vez e, por se situar em Calecute.
2. E a carta, datada de 19 de junho de 1508, para como destinatário, o Arcebispo
de Braga, D. Diogo de Sousa, que, recebeu as notícias trazidas pela frota
portuguesa de Tristão da Cunha.
3. E, outras duas cartas, aos Sumos Pontífices: uma carta, escrita no dia de 25 de
setembro de 1507 para o Papa Júlio II bem como também, para o Sacro
Colégio, acerca dos últimos sucessos portugueses no Índico;
4. Já a outra carta, escrita no dia 6 de junho de 1513 para o Papa Leão X, que teve
como principal assunto, informar-lhe (o Papa), sobre a conquista de Malaca,
pelos portugueses.
5. Ambos passaram para as mãos dos impressores, que as editarem
repetidamente, em vários lugares e também em vários idiomas.
6. A presente publicação, comemorativa do V Centenário do nascimento de Vasco
da Gama, vem dar a conhecer uma nova carta,»» desta última série».
7. Expedida de Lisboa, com a data de 21 de junho de 1511, e endereçada como:»»
Ao muy alto, muyto eixcelente primcipe e muyto poderoso el Rey d´Aragam, de
Cizilia e de Napoles cetera, meu muyto armado e preçado Padre»», ela
transmite as notícias.

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8. Acabadas de chegar, acerca da conquista definitiva de Goa, levada a cabo por
D. Afonso de Albuquerque, em dia de Santa Catarina do ano anterior.

A conquista de Goa foi narrada por 5 grandes cronistas:

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Carta de D. Manuel I ao Rei de Aragão, Fernando, sobre a tomada de Goa:
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1. João de Barros;
2. Fernão Lopes de Castanheda;
3. Gaspar Correia (secretario de Afonso de Albuquerque);
4. Damião de Gois;
5. Comentários (feitas pelo Filho de Gaspar Correia)

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9. milagre seria, se a carta régia trouxesse achegas sensacionais. Não as traz, de


facto.
10. E, contudo, dois pontos de interesse podemos desde já assinalar no novo texto:
um de natureza documental, outro de ordem crítica.
O interesse documental consiste no seguinte:
11. A fonte principal donde o Rei hauriu as suas notícias, foi a carta enviada de Goa
por Afonso de Albuquerque logo a seguir à conquista ( e que se perdeu).
12. Até o próprio Afonso de Albuquerque, na carta de 22 de dezembro de 1510,
lembra ao Rei: «A carta que escrevi a Vossa Alteza sobre a Tomada de Goa, foi logo
aquele dia à tarde [25 de novembro de 1510], porque determinei mandar um navio a
Cananor.»

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13. O problema crítico em relação à carta do Rei, não é somente (nem sobretudo)
histórico; é também político, psicológico, etc…
14. O texto acerca da carta escrita por Afonso de Albuquerque irradia otimismo: na
Índia portuguesa, «tudo estaa muy bem, louvores a nosso Senhor».

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5. Em conclusão, parece, portanto, ser bem maior nesta carta, escrita pelo Rei D.
Manuel I a dose de singeleza informativa que a de deformação calculada na carta

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Carta de D. Manuel I ao Rei de Aragão, Fernando, sobre a tomada de Goa:
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escrita por D. Afonso de Albuquerque (que se perdeu, mas que omite diversos dados.
Afinal tinha havido uma primeira conquista de Goa que teve de ser abandonada)

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6. As normas que presidiram à elaboração das duas leituras (paleográfica e a


diplomática), pode o leitor interessado deduzi-las sem dificuldade, confrontando a
primeira leitura com o original, e a segunda leitura com a primeira.

7. Essencialmente, a leitura «paleográfica»» é uma transliteração quanto possível


fiel, com desenvolvimento (não assinalado) das abreviaturas;
8. A edição «diplomática», uma ulterior transposição desta, com introdução
daquela dose mínima de modernizações (na grafia e na pontuação) considerada
conveniente para facilitar ao leitor médio a inteleção correta do texto.

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9. “Ao muyto alto, muyto eixcelente Principe e muyto poderoso el Rey d´Aragan, de
Cizilia e de Napoles cetera, meu muyto amado e preçado Padre”.
10. D. Fernando, o «Rei Católico», aqui designado pelos seus títulos pessoais, com
comissão de Castela e de Leão, pertencentes da Rainha D. Isabel: (falecida em 1504).

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Nas quaees xxiiij naaos e navios levava pasamte de dous mill e quinhentos homees de
peleja (2500 homens),

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✔ Confrontar a conta com os outros cronicas, no que diz respeito ao número

total de efetivos que compunham a força de ataque de Portugal.

1. João de Barros (p.531); - 1800 homens (1500 portugueses e 300 malabares)


2. Fernão Lopes de Castanheda (p.98); - 1200 homens (110 portugueses e 100
malabares)
3. Gaspar Correia (p. 140); - 2700 homens (1700 portugueses e 1000 escravos)
4. Damião de Gois (p.45); - 1800 homens (1500 portugueses e 300 malabares)
5. Comentários (filho de Gaspar Correia) - 2000 homens (apenas portugueses)

✔ Por conseguinte, apenas Gaspar Correia e o Filho é que se aproximaram dos

números apontados por D. Manuel I (relembre-se 2700 homens)

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Na qual achou os inimigos com muito grandes aparelhos de defesa e de g[u]eetta asy
de baluartes ao longo do rrio da emtrada da dita cidade, de uma parte como da outra,
com muita e muito grossa artelharia, como d distâncias muito fortes ao longo da
ribeira; e com outro mil homens de garnyçam; rrumes, turcos, mamellucos e outra
geemte de g[u]eerra muy beem armada e aparelhada, e allem destes, de dez atee xij
mil homens outros de peleja da mesma cidade; (10 mil homens)

✔ Nesta carta é referido que a força defensora era composta por 10 mil

homens. Confrontar com outras fontes de outros cronistas.

1. João de Barros (p.531); - “9000 homens de peleja”;


2. Fernão Lopes de Castanheda (p.98); - “até 9000”;

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3. Gaspar Correia (p.140); - “4000 de guarnição na cidade e, 4000 nos arrabaldes,
e mais de 10 000 guerreiros naturais”.
4. Damião de Gois (p.43); - “9000 homens de peleja”;
5. Comentários (filho de Gaspar Correia) – (p. 2); - “calculam 4000 homens de
guarnição estrangeiros, e outros 4000 naturais de terra”.

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13. Foram cativos passante de mil almas dos mouros (1000 prisioneiros). E ouve além
desse grande despojo e rico da cidade. E dos nossos morreram alguns poucos; e foram,
porém,muitos feridos os quais, houve a nosso Senhor que todos escaparan.

✔ Confrontar com os outros cronistas, sobre o número de prisioneiros que

foram feitos.
1.João de Barros (p. 543) - “6000 almas, mouros e mouras”;
2. Fernão Lopes de Castanheda (p.106) – “Eles foram perto de 4000”;
3. Gaspar Correia (p. 153) – “Mais de 2000”;
4. Damião de Góis (p. 48) - “Mais de 3000”;
5.Comentários (filho de Gaspar Correia) - (p. 15) - “mais de seis mil pessoas de
todas as idades”;

✔ E qual o número de baixas no que respeita aos portugueses?

1.João de Barros (p.543) - “Mais de 40” ;/” São tantos que fariam hum grande
catalogo”;
2. Fernão Lopes de Castanheda (p.106) – “À roda de 30” ;/” Andando pelos
300”;
3. Gaspar Correia (p.155) – “À roda de 30” ;/” Passam de 200”,
4. Damião de Góis (p.48) - “Mais de 40” ;/ “Andando pelos 300”,
5.Comentários (filho de Gaspar Correia) - (p. 153)- “Alguns poucos”;

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Tomaram cento e vinte peças de artilharia (120 peças de artilharia capturadas), dos
quais as vinte delas são muito grossas e, segundo nos dizem alguns que aqui nestas
naus vieram, que foram no mesmo feito, não as viram nestas partes tão grossas.

✔ Confrontar com os outros cronistas sobre o número de peças de artilharia

(canhões) capturados
1. João de Barros (p.62) - “Certamente pertencia ao número destas 20, aquela
“bombarda grossa chamada a Sabaya”, que em 1512 Albuquerque mandou a D.
Manuel(I)”.
2. Fernão Lopes de Castanheda (p.62) – “Certamente pertencia ao número destas
20, aquela “bombarda grossa chamada a Sabaya”, que em 1512 Albuquerque
mandou a D. Manuel(I)”.
3. Gaspar Correia (p.62) – “Certamente pertencia ao número destas 20, aquela
“bombarda grossa chamada a Sabaya”, que em 1512 Albuquerque mandou a D.
Manuel(I)”.

4. Damião de Góis (p.62) – “Certamente pertencia ao número destas 20, aquela


“bombarda grossa chamada a Sabaya”, que em 1512 Albuquerque mandou a D.
Manuel(I)”.

5. Comentários (filho de Gaspar Correia) (p.62) – “Certamente pertencia ao


número destas 20, aquela “bombarda grossa chamada a Sabaya”, que em 1512
Albuquerque mandou a D. Manuel(I)”.

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Scprita em Lixboa, a xxj dias de junho de 1511;

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