Gonzaguinha, em um memorável samba, cantava: "Viver! E não ter a vergonha
de ser feliz. Cantar e cantar e cantar. A beleza de ser um eterno aprendiz." Ser um constante aprendiz. Nunca se fechar para a vida, para as experiências, para o convívio. Resistir ao comodismo e à autossuficiência. Penso que este é um grande desafio que nos é colocado. Na medida em que nos fechamos em nós, achamos que não temos mais nada a aprender, vamos deixando de viver. Não estou falando simbolicamente - porque este comportamento pode realmente encurtar os nossos dias de vida terrena. Em termos de fé, vale a mesma coisa. Lutero defendia que a luta contra o pecado perdura por todos os dias da vida. Diariamente precisamos afogar o velho ser pecador que insiste em ressurgir e conduzir a nossa vida. Não nos dá trégua. A conversão de vida para Cristo, diferente do que o rito do Batismo, não acontece uma vez só. Ela é diária. Se dá pela ação de Deus, através do Espírito Santo, em nossa vida. Ele, diária e incessantemente, faz opção por nós. Nos escolhe e acolhe, apesar de sermos nós. O salmo 119.7 nos fala a respeito: "Com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos." Um "coração sincero e o louvor" surgem na medida em que somos alimentados nos "ensinamentos justos de Deus". Deus nos ensina de diversas maneiras: pela oração e leitura bíblica; pelo convívio com as outras pessoas de fé na comunidade; ele nos ensina - quem diria - através das relações difíceis com as pessoas com as quais precisamos exercitar a paciência e a tolerância; nos sofrimentos e dificuldades da vida. Desejo que tenhamos sempre a grandeza de ter uma postura de aprendiz - especialmente na vida de fé. Que Deus faça surgir em nós um "coração sincero e o louvor" - que são genuínas respostas ao amor de Deus revelado em Cristo. Fraterno abraço