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ESTE É O MEU RESPIRAR

Não são poucas as pessoas que se perguntam qual seria


seu ministério nessa vida. Ministério no sentido de serviço, de servir a Deus,
de estar vinculado ao plano de Deus nesta Terra. É comum ouvir alguém
dizendo que gostaria de largar tudo e viver para Deus, na Obra,
exclusivamente. Também alguém dizer que depois que fizer isso ou aquilo,
então estará pronto para servir. Ou ainda, depois de se aposentar, aí sim:
dedicação total. Apesar de muitas vezes as pessoas dizerem essas coisas, e
com sinceridade até, está errado, é um ponto de vista equivocado.

Contudo, não é a pergunta que está errada, mas,


freqüentemente, a resposta. Não o há que esperar. A grande comissão de
Jesus Cristo, por Ele mesmo, nos ordena: “Ide por todo o mundo, e pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc. 16: 15). A hora é agora. Hoje. “Antes, exortai-
vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para
que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb. 3: 13). Amanhã,
pode ser que não adiante mais...

Existe uma frase, atribuída a Albert Einstein, que diz: “A


distinção entre presente, passado e futuro é uma ilusão, embora
persistente”. E é verdade. Não há passado ou futuro, só existe o presente.
Não se faz nada no passado, que é presente exaurido, nem se faz nada no
futuro, pois ainda não é presente. No presente temos a consciência da
existência, pois é nele que vivemos e estamos. No presente é que temos o
poder de fazer (ou não). Por isso, loucuras e filosofias à parte, o tempo é agora,
hoje.

A própria Palavra de Deus é atual e deve ser vivida no hoje,


conforme o versículo acima. Basta um bocado dela por dia para que o Espírito
Santo faça Sua obra naquela pessoa. Não é preciso ser Doutor em Teologia
para se colocar a mão no arado. Não é preciso ser pastor para levar Jesus às
pessoas. Não. É suficiente conhecer a Jesus, ler a Bíblia diariamente, e ter
disposição. Só isso. Não é preciso sequer saber falar. Não é preciso estar em
evidência. Apenas é preciso respirar.

Todo o tempo. Mas alguém poderia argumentar que não é


fácil servir a Deus. E mais: “Eu tenho minha vida, preciso trabalhar,
estudar, cuidar da minha família”. Outro mais legalista diria, com toda
pompa e hipocrisia: “Busque primeiro o reino de Deus e todas as outras
coisas vos serão acrescentadas”. O mais fanático, uma triste figura que
vive em extremos, comumente se “engessa” em regras de homens. O jovem
precisa, antes, “viver a vida”. Enfim, as desculpas são as mais variadas. Não
importa o tipo de argumento que se coloque, uma coisa é verdade: é difícil
mesmo servir a Deus. Mas é também a coisa mais maravilhosa deste mundo.
Um dos versículos mais incompreensíveis da Bíblia, talvez
para todos, está em Provérbios 14: 4. Diz o verso: “Não havendo bois, a
manjedoura fica limpa, mas pela força do boi há abundância de colheita”.
Como entender ou interpretar isso? Em verdade é impossível sem que a
Palavra seja revelada, pois só vivendo o Evangelho em Cristo e com a ajuda do
Espírito Santo pra isso acontecer. Caso contrário, é impossível.

Veja-se que para se colher bons frutos, por certo,


necessário se faz o uso da força dos bois para arar a terra. Sem os bois, a
vantagem é que a manjedoura fica limpa (não tem esforço), mas em
compensação não há frutos. Assim, para se colher tais frutos, há
invariavelmente muito trabalho, que consiste em também manter a
manjedoura limpa. Não é que ela seja suja, ou esteja sempre suja, mas o fato
de que dá trabalho mantê-la limpa. E as recompensas são os frutos do campo.

Nossa vida cristã é exatamente assim. A vida, representada


pela manjedoura, precisa dos bois, que seriam todo o tipo de aflições e
tribulações. E pela força dessas aflições e tribulações, ou dos bois, Deus ara
nossos corações. E no final sempre colhemos bons frutos. Isso significa dizer
que nessas condições, isto é, nas aflições e tribulações, traduzidas em toda
sorte de dificuldades e trabalho, encontramos nossas maiores oportunidades
e Deus nos “lapida”.

Parece contraditório dizer isso, pois a maioria das pessoas


busca a Deus para ter uma vida tranqüila e melhor. Só que andar com Deus é
viver uma aventura, de fato a mais extraordinária. Não raras vezes o Senhor
“vira nossa vida do avesso”. E isso quase sempre é doloroso e sempre é
trabalhoso. Exige de nós uma força que não temos (mas ela sempre vem do
Alto e nunca falta), muitas renúncias, muitos desgostos, muitas decepções...
Porém, uma certeza: chega o dia da colheita e ela é farta. E nós nos fartamos e
ainda alimentamos uma multidão em nosso entorno. Frutos.

Para viver essa realidade (e daqui que vem o erro) nós não
precisamos ser bispos ou pastores (ter um título), nós não precisamos
abandonar tudo e viver exclusivamente focado em atividades de uma igreja.
Nós não precisamos fazer coisas “interessantes”, viver a vida, para só então,
depois, esfarrapados e derrotados, começarmos a servir a Deus. Nós não
precisamos viver “engessados” em doutrinas de homens. Não precisamos
estudar Teologia (se bem que até podemos). Não. Nada disso.

Nós só precisamos respirar. Viver como cristão é exalar o


bom perfume de Cristo. É acordar crente e dormir do mesmo modo. É viver o
Evangelho, sem hipocrisia. Do mesmo modo como nunca paramos de respirar,
jamais devemos deixar de ser crentes. Não podemos viver de modo
“departamentalizado”, isto é, ora nos comportamos como crentes (na igreja,
por exemplo), ora como ímpios (trabalho, escola etc.). Devemos ser sempre a
mesma pessoa, com estabilidade, amando a Jesus de todo coração, sempre.

Não há hora certa para servir a Deus. Toda a hora é hora.


Quem nos vê deve enxergar o Pai. Tudo o que fizermos na vida deve ser motivo
de louvor e adoração a Deus. Não é preciso ter cargo, é preciso ter disposição
e integridade. Ética. É preciso estar alimentado, pois “crente anêmico” (que
não lê a Bíblia) é crente fraco. Nós comemos todos os dias, logo devemos
alimentar nosso espírito todos os dias. Não se faz jejum de Bíblia, só de
comida (ou ainda de outras coisas, sempre segundo direção dada por Deus).
Crente é sinônimo de soldado em prontidão. Sempre pronto
a reagir em situações nefastas, de crise. Suas armas são principalmente o
amor, a compaixão, a sabedoria e a mansidão (não se esqueça da espada: a
Bíblia Sagrada). O crente é um estrategista, que tira vantagem de todas as
situações, geralmente adversas. Conhece a arte da batalha (pela Palavra de
Deus). Marcha em constante amor. O uniforme é um coração limpo e sincero.
Suas divisas, em humildade, a comunhão entre os irmãos e a disposição no
servir. E o melhor de tudo: sabemos que a guerra está ganha e o inimigo
previamente derrotado. Aleluia!

Crise. Servir a Deus dentro de uma “zona de conforto” deve


ser interpretado como pescar em aquário. É fácil. Agora, mostrar Jesus na
paciência. Tendo sido lesado. Ao ser assediado(a) sexualmente por superior
hierárquico. Num acidente de automóvel. Ter sido injustiçado. Na dor. Sejam
lá quais e quantos bois vierem a emporcalhar nossa manjedoura (pois é certo
que eles virão). Nessas situações estão as dificuldades. Nelas, sim, é difícil ser
crente. Contudo, procure ser firme e estável em todo tempo. Respire e exale
Jesus. Diga, em verdade e em alto e bom tom: “Este é o meu respirar: Jesus
Cristo.”

Este é o meu respirar. Não ficamos sem respirar, senão por


segundos ou talvez por uns poucos minutos. Respiramos em todo o tempo,
involuntariamente. Respirar é estar vivo, pois que quem não respira está sem
vida, morto. Deixar de respirar significa morrer. Estar sem Jesus é deixar de
respirar. Tal como inspiramos e expiramos, todo o tempo, assim devemos ser
e agir como bons, idôneos e verdadeiros cristãos, isto é, vinte e quatro horas
por dia, sem cessar. Serviço (ministério) é ser crente em qualquer
circunstância, sempre e voluntariamente. É ser exemplo e vencer o maligno,
segundo a segundo. Que este seja o nosso respirar. Em oração e adoração:
este é o meu respirar...

© Amor-Perfeito © Cr./2006

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