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Catequese Permanente

Orione Silva
Solange Maria do Carmo

Aprofundando a fé cristã

Módulo 5

SER LIVRE E FELIZ

Roteiros de encontros
para adolescentes de 12 a 15 anos
Introdução
Este é o módulo 5, também intitulado Ser livre e feliz. Nos quatro mó-
dulos anteriores demos condições para que os catequizandos fizessem as experi-
ências básicas da fé cristã: saborear o amor infinito de Deus Pai (módulo 1), co-
nhecer Jesus Cristo como salvador (módulo 2), perceber a força transformadora
do Espírito que nos capacita a ser discípulos (módulo 3) e desenvolver os laços de
pertença com a Igreja (módulo 4). Agora é hora de promover outra experiência,
também fundamental para a vida cristã: o encontro consigo mesmo.
Muitos poderão protestar, argumentando que a fé cristã corre o risco
de ser transformada em psicologia e que as Escrituras podem ser vistas como livro
de auto-ajuda. Não é sem razão a advertência. Mas se a boa nova de Jesus é força
para viver, não teria a fé cristã que se preocupar com o bem-estar de quem a aco-
lhe? Estamos fartos de cristãos cheios de doutrina e vazios de entusiasmo com a fé
e com a própria vida. Cristãos tristes, sem entusiasmo, sem vigor, que acolheram a
fé cristã por tradição, mas não se beneficiam da força transformadora que ela ofe-
rece. O apóstolo Paulo intuiu a importância dessa energia de vida que a fé cristã
oferece. Não são poucos os textos onde ele afirma que quem está em Cristo é uma
nova criatura, que tudo se fez novo em Cristo. A fé cristã carrega em si uma força,
uma potência, uma energia assustadora. E essa energia tem sido transformada na
obrigação de cumprimentos de preceitos, sem dar aos cristãos aquilo que lhes é
garantido por Jesus por direito: a força pra viver. Nenhum teólogo de bom senso
pode negar que os relatos dos Evangelhos mostram a força transformadora do
encontro com Jesus. Os evangelistas são unânimes em afirmar que quem fazia seu
encontro com Jesus não descobria só um mestre a quem seguir, mas também uma
força pra viver. Cada seguidor do Mestre de Nazaré, motivado por sua presença
amorosa, reencontrava dentro de si um tesouro perdido: o que havia de melhor em
si mesmo, o seu melhor-eu.
Foi pensando nisto que dedicamos este livro ao tema ser livre e feliz.
Os adolescentes – ainda com mais força que todas as outras faixas etárias – bus-
cam com afinco a felicidade. Eles se rebelam, se revoltam com a vidinha medíocre
que o mundo lhes apresenta como possível. Eles querem experimentar algo mais,
desejam mais... Esse desejo – próprio da idade, das mudanças hormonais, das des-
cobertas da vida – facilita o debate sobre a liberdade e a felicidade, ainda mais em
tempos atuais (que valorizam tanto a felicidade, chegando até a ser condenado por
muitos como tempos de narcisismo, hedonismo, presentismo, individualismo
etc.). Se, na cristandade, gastávamos nossa energia na transmissão da tradição, tão
importante para preservação dos valores e, na modernidade, nos consumíamos em
prol de um reino futuro, uma terra sem males, hoje nossos jovens gastam todo seu
potencial numa busca louca e desenfreada pela felicidade. É, pois, papel da cate-
quese ajudá-los nesta busca. A catequese deve ser espaço para falar livremente
dos sonhos, das esperanças, das angústias, das revoltas... Ela deve favorecer o
encontro do catequizando consigo mesmo, para que, na amizade com Jesus, en-
contre a si mesmo, descubra o que há de melhor dentro de si e tenha forças para
enfrentar a vida.
Não se assuste, então, o catequista quando se deparar com encontros
que – pela mediação da fé cristã – vão propor temas como os diversos tempera-
mentos, suas características básicas, os sentimentos mais frequentes como raiva,
angústia, tristeza... É a vida do adolescente tornada tema de reflexão; é a vida dele
em debate. Os conteúdos da fé cristã, tão importantes, não serão esquecidos. Serão
mediação para a experiência cristã de Deus, que acontecerá no íntimo do coração
de cada um, quando se descobrir livre e feliz, graças a Jesus Cristo que tanto o
amou. É como a água: ela pode ser bebida e com isso manterá a vida das pessoas.
Mas nem toda água é para ser bebida; é para lavar, banhar, proporcionar prazer,
alegrar, simbolizar... Não nos preocupemos tanto nesta etapa – ainda mais que em
outras anteriores – em dar conceitos e doutrinas. A água da fé cristã, neste caso,
não é para beber. É como a água do mar: ninguém bebe a água do mar; a gente
mergulha nela e sai dele renovado, caso contrário, seríamos tragados por sua força
bravia e morreríamos afogados. Que cada catequista ajude sua turma a fazer o
mergulho dentro de si mesmo, pela mediação da fé cristã que é força para viver!
Lembramos aos catequistas que agora eles dispõem de um recurso a
mais em sua formação. O site www.fiquefirme.com.br, que foi criado especial-
mente para este fim: ajudar as pessoas a fazerem sua caminhada com Jesus com
mais ânimo e firmeza. O fiquefirme é um site de assessoria teológico-pastoral,
com linguagem fácil, teologia confiável e espiritualidade profunda. Lá os cate-
quistas vão encontrar desde artigos acadêmicos até causos, fábulas, testemunhos,
poesias, crônicas, orações, vídeos, músicas... Tudo para acompanhar a formação
teológica e espiritual dos agentes das pastorais, especialmente os catequistas. Há,
inclusive, uma coluna só sobre catequese, com artigos diversos, encontros e músi-
cas. Além disso, o leitor pode deixar seus comentários ou tirar suas dúvidas atra-
vés do endereço eletrônico que lá se encontra. Tomara que vocês gostem da novi-
dade!
Desejamos a todos os catequistas um ótimo trabalho. E que Deus os
abençoe!

Os autores.
Primeira Etapa
Convivendo com os dramas da vida

Vamos iniciar este módulo propondo uma reflexão sobre a vida, seus
dramas, alegrias e conflitos. E mais: vamos refletir sobre a nossa presença no
meio deste turbilhão de coisas. A vida é bela, mas é sofrida. A gente é livre, mas
nem tanto. Somos responsáveis pelas nossas decisões, mas há coisas que nos es-
capam. Viver o presente é sabedoria, mas desconsiderar o passado e o futuro é
imprudência. Então, a vida parece bem mais complicada que pensamos inicial-
mente. O que fazer?
Bom, primeiramente, a atitude mais acertada é enfrentar os dramas da
vida, tomando conhecimento da infinitude de possibilidade e emoções que a te-
cem. É este o objetivo desta etapa: conversar livremente sobre a vida, sem receios,
sem culpas, sem pudores e sem máscaras. Essa oportunidade de falar sobre a vida,
de partilhar as angústias, de rezar os dramas que ela oferece, pode ser libertadora.
Isso ajudará cada adolescente a se posicionar com mais firmeza diante das intem-
péries da vida, pois – vamos admitir! – a vida tem muitas intemperanças, muitas
noites traiçoeiras, muitas tempestades que parecem afundar o barquinho frágil de
nossa vida. Fará bem aos catequizandos falar sobre isso e procurar caminhos para
essas tribulações juntamente com outros companheiros.
Que o catequista prepare bem os encontros para não ser pego de sur-
presa. Apesar de o tema proposto parecer corriqueiro – não se engane o catequis-
ta! – os encontros são exigentes. Falar da vida de qualquer modo pode até ser fá-
cil, mas falar da vida e de seus conflitos a partir da ótica cristã, mergulhado no
mundo da fé cristã, não é tarefa de somenos importância. Os encontros exigem
conhecimento do tema, especialmente da Bíblia; abertura de coração e capacidade
de diálogo. Certamente os encontros ajudarão o próprio catequista a entender me-
lhor a vida e a enfrentar seus dramas com mais otimismo e força.
1º Encontro

A VIDA E SEUS DRAMAS

1. Acolhida e oração inicial


- Receber a turma com alegria e atenção, dando a todos as boas-vindas. Can-
tar a música número 6. No fim do livro, há outras opções de cantos anima-
dos que podem ser usados para motivar os adolescentes.
- Montar um cartaz com o nome de cada pessoa da turma, incluindo a data
do aniversário natalício. Se as pessoas ainda não se conhecerem pelo no-
me, sugerimos usar crachás para facilitar a identificação.
- Para montar o cartaz, sugerimos o seguinte. O catequista leva para o en-
contro diversos cartões com desenhos de rostos, uns alegres, uns tristes,
uns com raiva, outros sonolentos etc. (confira desenhos abaixo) e pede que
cada participante escolha um e escreva nele, de forma bem legível, seu
nome e a data de seu aniversário.
- Terminada a escolha e a escrita, um por um, cada catequizando mostra aos
demais participantes da turma o seu cartão e se apresenta de forma breve,
por exemplo: “Eu sou João, um cara muito alegre, meu aniversário é no
dia 25 de abril”.
- Uma dica importante é levar um número de cartões sempre superior ao
número de participantes para que eles tenham opção de escolha. Pode ser
que sobrem rostos com os quais eles não se identificam e faltem desenhos
com rostos com as características de que gostariam. Sugerimos que o cate-
quista tenha em mãos cartões em branco para que, nesse caso, cada um de-
senhe seu rosto com os traços desejados. Podem copiar de outro cartão ou
fazer um desenho livre.
- Terminada a montagem, todos podem se cumprimentar, dando-se as boas
vindas.
- Depois, sossegar a turma e fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 8.
- Todos em roda, fechar os olhos e silenciar o coração para rezar.
- Motivar: “Hoje é o nosso primeiro encontro da catequese, nesse ano. Vie-
mos aqui para nos conhecer uns aos outros e conhecer também a nós mes-
mos. Neste processo de descobertas e buscas, Deus está conosco nos ilu-
minando, nos dando forças. Vamos, pois, entregar a ele a nossa vida e pe-
dir que nos ajude a abrir o nosso coração para acolher aquilo que somos,
aquilo que temos, nossas alegrias e tristezas, nossos dons e nossos defei-
tos. Só assim seremos mais felizes e vamos conviver em paz com todos.
Em silêncio, cada um pode fechar seus olhos e conversar com Jesus na
certeza de que ele ouve nossa prece”.
- Depois de breve momento de silêncio, o catequista convida a turma para
repetir com ele a seguinte prece: “Ó Jesus, nós estamos aqui para buscar
forças para ser melhores, para buscar sua palavra que nos faz viver. Sabe-
mos que o Senhor nos ama, nos quer bem e cuida de nós. Então, ajude-nos
nesta caminhada e nos dê perseverança para frequentarmos os encontros
com muita alegria e animação. Amém!”.
- Cantar novamente a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Nesta etapa da catequese, vamos fazer experiências importantes. Vamos ex-
perimentar a presença amiga de Deus, mesmo nas estranhezas da vida. A vida é
bela, mas tem muita coisa estranha; é cheia de dramas, de mistérios... Tem muita
alegria e realização, mas tem muita dor e sofrimento, além de perdas e fracassos;
tem sucessos e esperanças, mas tem derrotas e desistências. Precisamos aprender a
lidar com tudo isso, na certeza de que Jesus, nosso amigo, está conosco. Para co-
meçar nossos encontros, conheçamos um pouco a história de Elias. Elias não esta-
va sabendo lidar com as contradições e os dramas da vida. O relato que vamos
ouvir fala do cansaço que Elias sentiu na hora da dificuldade. Enquanto o profeta
só teve vitórias, tudo bem; enfrentou a vida sem medos. Mas, quando a vida lhe
apresentou desafios e cruzes, ele desanimou e quis morrer. Hoje vamos falar sobre
a importância de saber viver cada momento que a vida nos oferece, tanto os mo-
mentos bons quanto os momentos sombrios; é preciso enfrentar tudo sem desani-
mar. Vamos cantar a música número 2, preparando o coração para ouvir a Palavra
de Deus.

Texto: 1Rs 19,1-8


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que você mais gostou nesta história?
• O que Elias havia feito com os profetas de Baal?
• Quem prometeu vingança e perseguiu Elias?
• Como Elias se sentiu diante das ameaças recebidas?
• O que Elias pediu a Deus?
• Como Deus ajudou Elias a enfrentar as dificuldades de sua vida?

Aprofundamento
- Elias era um homem valente, um profeta bem sucedido, um grande líder
amado por seu povo. Sua vida era iluminada e gloriosa. Tinha êxito em tu-
do o que fazia. Quem o conhecia jamais haveria de imaginar que a vida de
Elias pudesse ter outra coisa a não ser glória, felicidade, alegria e realiza-
ção.
- Mas um dia, Elias entrou em atrito com a rainha Jezabel, por causa dos
profetas de Baal. A rainha Jezabel era estrangeira e não possuía a mesma
fé de Elias e sua gente. Ela cultuava o deus Baal. Baal era o nome de um
ídolo, um deus dos povos politeístas lá da região de Canaã, onde Elias e
seu povo moravam. A rainha Jezabel incentivava o culto a Baal e havia
muitíssimos profetas e sacerdotes a serviço da religião baalista, seguida
pela rainha.
- Elias era profeta do Deus verdadeiro. Ele e seu povo eram monoteístas, ou
seja, seguiam e serviam ao Deus único. Para ele, era a maior tolice pensar
que havia muitos deuses. “Baal é fruto da imaginação do povo e da cabeça
da rainha”, pensava Elias. Então, Elias desafiou os profetas de Baal a mos-
trarem que o deus deles era real e não pura imaginação. Para dizer que o
deus deles é ídolo e não Deus verdadeiro, o autor sagrado cria uma história
curiosa. Conta que houve uma disputa entre Elias e os profetas de Baal.
Cada qual – tanto Elias quanto os profetas de Baal – deveriam fazer um al-
tar, colocar nele uma oferta e pedir a seu Deus que mandasse fogo do céu
para queimar a oferenda. Os profetas de Baal rezaram dia e noite e nada.
Gritaram até ficar roucos e nada! Mas foi só Elias orar que Deus mandou
fogo do céu e os profetas de Baal ficaram desmoralizados diante do povo.
Ora, esse é um modo de o autor do Livro dos Reis dizer que todos os ou-
tros deuses nos quais o povo acreditava eram apenas ídolos, invenção hu-
mana. Verdadeiro mesmo, só o Deus do povo israelita, o Deus de Elias.
- Pra completar o drama, o autor conta que Elias, com sua valentia, acabou
fazendo verdadeira guerra e matando os profetas da rainha. Certamente,
não é bem assim. Não houve matança nenhuma. Este é o modo que o autor
do livro escolheu para dizer que os profetas de Baal tiveram sua carreira
interrompida por causa da ação profética de Elias, sem possibilidade de ter
mais seguidores. Mas a reação veio logo: a rainha não gostou nada de ver
seus funcionários desacreditados. Então, prometeu vingança e jurou matar
Elias.
- A vida de Elias caiu, então, num poço de sombras. Ele sentiu medo e en-
trou em crise. Para não enfrentar a rainha Jezabel, fugiu para bem longe.
Vagou pelo deserto, na mais completa solidão, perdeu as forças e a valen-
tia, rendeu-se ao cansaço, sentou-se debaixo de uma árvore e ficou lá dese-
jando a morte. Parece que preferia morrer ali mesmo a ter de enfrentar os
obstáculos que haviam surgido em sua vida. Elias chegou a pedir a Deus a
morte. Sem saber o que fazer e morto de cansaço da peleja da vida, Elias
adormeceu debaixo da árvore. O que vem a seguir é como um sonho.
- Elias é confortado por um anjo que lhe dá pão e água. Na Bíblia, quase
sempre, quando se fala em anjo, o autor sagrado não está falando de seres
alados e cabelos cacheados, como os anjos barrocos de nossa iconografia
cristã. O anjo, na Bíblia, é o mensageiro de Deus. Como o povo entendia
que não se pode ver Deus e continuar vivo, dizia então que o anjo do Se-
nhor, e não o próprio Deus, vinha em socorro dos seus. Mas o anjo simbo-
liza Deus com sua presença amiga e consoladora. Deus conforta e ampara
Elias, restaurando suas forças para que ele possa continuar a caminhada de
sua vida.
- Vejamos, então: Como pode a vida de Elias oscilar tanto, ter momentos tão
contraditórios? Primeiro, encontramos o Elias glorioso: valente guerreiro,
cheio de coragem e de força, enfrentando todos os profetas e sacerdotes de
Baal. Logo depois encontramos o Elias doloroso: desanimado com a vida,
frustrado e querendo morrer, com medo da rainha Jezabel e desejando a
morte. É que Elias estava enfrentando os mistérios dolorosos da vida. Nos-
sa vida, toda cheia de glória, tem também seus momentos desconcertantes.
- Mas o momento de desânimo não destruiu Elias. Deus veio em seu socorro
e renovou suas forças. O texto mostra isso, narrando uma espécie de sonho
no qual um anjo de Deus oferece a Elias pão e água. Por duas vezes, o anjo
acorda Elias, em sonho, e oferece comida e bebida para devolver-lhe suas
energias. Assim socorrido em suas misérias, Elias consegue levantar-se e
prosseguir em sua caminhada. Estava superado seu momento de sombras.
Elias entendeu a lição: “a vida tem seus dramas e é preciso enfrentá-los
com a força de Deus”.

3. ATIVIDADE
Apresentamos duas sugestões. O catequista veja se faz apenas uma ou se quer fazer as
duas atividades. Para isso, deve organizar bem o tempo do encontro para que ele não se
estenda demais.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um cartaz, mostrando as contradições da vida.
Por exemplo, no mesmo dia, o jornal traz notícias boas e notícias ruins.
- Dividir a turma em grupos de 4 ou 5 catequizandos e distribuir o material
de trabalho. O catequista deverá ter levado jornais e revistas, além de car-
tolinas, pincéis, cola, tesoura etc.
- Enquanto a turma trabalha, o catequista passa pelos grupos vistoriando,
apoiando, ajudando...
- Terminada a montagem do cartaz, refazer a roda com todos. Cada grupo
apresentará seu cartaz, mostrando as colagens e partilhando suas experiên-
cias.

Sugestão 2
- Convidar a turma para assistir a um vídeo da música “Deus, estou aqui”,
número 16 no final do livro. O vídeo pode ser acessado no site
www.fiquefirme.com.br, no menu principal, na sessão de vídeos e entre-
vistas (http://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/deus-estou-aqui/).
- Depois de assistir o vídeo, a turma poderá cantar a canção. O catequista
poderá entregar à turma a letra da música em um bonito cartão, que servirá
de lembrança da catequese. Veja modelo abaixo:

(Na primeira página) (Na página de dentro)


Deus, estou aqui
1.Deus, estou aqui, venho
cansado para entregar-te a
Na caminhada da vida, minha vida. Ah! São tantas
pedras pelo caminho, sei que
você nunca está sozinho. não posso andar sozinho.

R. Por isso, vem, Senhor,


(um desenho ou foto) consolar o teu povo que aqui
está. Só em ti pode haver paz e
força prá viver

2. Deus, estou aqui, venho


cansado para entregar-te a
minha vida. Ah! É tanto
espinho pela estrada, nem
sempre é fácil a caminhada.

3. Deus, estou aqui, venho


cansado para entregar-te a
minha vida. Ah! São tantas
cruzes pelo caminho, sei que
Catequese paroquial não posso andar sozinho

- Em seguida, debater sobre as cruzes, pedras e espinhos da caminhada. Ca-


da um poderá partilhar sobre as surpresas desagradáveis da vida, suas pele-
jas e sofrimentos, seus dramas...
- Ao final, cantar novamente a canção número 16, Deus, estou aqui.

Conclusão
A vida é mesmo cheia de dramas. Tem momentos gloriosos e momentos do-
lorosos. Tem alegrias e tristezas. Tem animação e muito desânimo. Certamente,
vocês conhecem pessoas que se destacaram em algo importante, tiveram momen-
tos de glória e depois passaram por crises. Grandes esportistas perderam a capaci-
dade de praticar esportes e tiveram que encontrar um novo rumo para a vida. É
preciso saber conviver com tudo o que a vida oferece. Vamos nos deixar abater
quando o momento é de dificuldade ou vamos ficar sempre firmes? Vamos cho-
ramingar e desejar a morte ou vamos nos encher de coragem e recomeçar? ? Elias
desejou a morte, mas depois, apoiado na ajuda de Deus, teve coragem de recome-
çar. A decisão é nossa. Se nós temos fé, se sabemos que Deus está conosco como
esteve com Elias, então vamos nos encher de sua força – simbolizada no pão e na
água que o anjo ofereceu em sonho a Elias – e vamos recomeçar sempre. Se Deus
está conosco, não nos faltará força.

4. Oração final e encerramento


- Sossegar a turma, fazer bastante silêncio e convidá-la para rezar.
- Cantar a música número 3.
- Motivar: “Deus nos ama, está sempre conosco e nos ajuda a viver bem a
nossa vida. Se ele está conosco não devemos temer; sua força nos sustenta
e nos anima na caminhada. Vamos agradecer a ele por sua presença e ami-
zade”.
- Convidar a turma para repetir uma prece com o catequista: “Obrigado, Se-
nhor, pelo dom da minha vida, da vida de meus amigos e também de mi-
nha família. Obrigado porque, apesar dos atropelos da vida, dos dramas
que ela tem, minha vida é um dom e deve ser cuidada e bem vivida. Obri-
gado porque, na jornada da vida, nunca estamos sós, nunca estamos aban-
donados. Sabemos que a sua presença nos anima e nos fortalece para bem
viver. Amém!”.
- Repetir a música anterior.
- Motivar para o próximo encontro e encerrar cantando à vontade. Que tal a
música número 14?

Dicas para o catequista


- O Livro dos Reis foi escrito por ocasião do Exílio do povo israelita na Babilônia
(598-538). O rei Nabucodonosor havia invadido Jerusalém onde o povo morava.
Ele, com suas tropas, saqueou tudo, queimou parte da cidade, destruiu o tempo,
e depois disso ainda levou para a sua terra os trabalhadores, a elite intelectual, a
corte. Deixou nas terras de Jerusalém somente os pobres, os incultos, os doen-
tes... aqueles que não serviam para engrandecer e fazer progredir suas cidades.
O povo simples, que ficou em Jerusalém, caiu num desânimo sem fim; achou
que aquele infortúnio que vivia era castigo de Deus. Eles pensaram: “tudo isto
está acontecendo conosco porque fomos infiéis a Deus; descuidamos do amor a
Deus e dos mandamentos que nosso Senhor nos ensinou. De vez em quando,
nós também cultuamos a Baal, como os povos politeístas que convivem conosco
na vizinhança. Se tivéssemos sido fiéis, nada disso teria acontecido”. Foi aí que
o escritor do livro dos Reis, sabendo da história de Elias, que há muitos anos era
contada entre eles, teve a ideia de escrever este relato. É por isso que ele é tão
radical com os sacerdotes de Baal, dizendo que foram eliminados. Ele ensinava
à sua gente que é preciso eliminar o mal pela raiz e ser fiel a Deus.
- Outra coisa importante é entender o desânimo de Elias. O autor pesou a mão no
desânimo de Elias, dizendo que o profeta desejou a morte, que fugiu... No tempo
em que o livro foi escrito, o povo que ficou em Jerusalém (remanescentes de Ju-
dá) estava para desanimar de tudo, só choramingando e desejando a morte. Esta
história foi escrita para consolar e animar o povo, afinal a vida é cheia de altos e
baixos. É preciso saber viver tanto nas dores quanto nas alegrias.
- O povo de Canaã, terra onde os israelitas moravam, era politeísta. Mas o que é
mesmo isso? Em grego, poli quer dizer muitos. Theo quer dizer Deus. Um povo
politeísta é um povo que cultua muitos deuses: reza pra um pedindo chuva; reza
pra outro pedindo felicidade; faz homenagem a um para vencer a guerra e a ou-
tro para resolver os problemas de família... e assim vai. O povo cananeu era po-
liteísta, adorava e cultuava muitos deuses, sendo que o deus principal, o mais
popular entre eles, era Baal, o deus da fertilidade. Eles acreditavam que Baal fe-
cundava a terra pra ela produzir muito, assim como também o gado para dar
muitas crias e os seres humanos para terem muitos filhos. Muitas vezes o povo
de Deus – com medo da infertilidade, entendida como maldição naquela cultura
– recorria a Baal na hora do aperto, mesmo sendo monoteísta (mono=um só;
theo=Deus; ou seja, um povo que cultuava e adorava só um Deus, pois entendia
que não havia mais deus nenhum).
- O povo antigo sempre ficou intrigado com os sonhos. Antes de Freud (lê-se
Froide) - aquele psicanalista austríaco que descobriu o inconsciente -, a gente
ficava se perguntando de onde vinham os sonhos. Muitos povos entenderam que
os sonhos eram manifestação de seus deuses. Na cultura bíblica, esta ideia não
está ausente. Sabendo que o ser humano é meio cabeça dura e nem sempre aco-
lhe o que seu Deus diz, entendia-se que Deus preferia falar em sonhos, pois
dormindo não podíamos reagir aos seus apelos e contrariá-los. Por isso, muitas
vezes, nas Escrituras Sagradas, Deus fala em sonhos: a José do Egito, a Jacó, a
Elias, a José (pai de Jesus), aos apóstolos etc. Esse é um modo de dizer que
Deus está sempre se comunicando conosco e nos interpelando.

2º Encontro

A FÉ E OUTRAS VIRTUDES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com alegria e animação. Cantar algo bonito para animar.
Sugerimos a música número 12.
- Depois, sossegar a turma para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz, lembrando que nos reunimos em nome do Deus uno
e trino, que nos ama, nos salva e nos santifica.
- Convidar a turma para se assentar e em roda; todos, em silêncio, cantar a
música número 5.
- Motivar a confiança em Deus, dizendo: “Nosso Deus é grande e forte, está
sempre junto de nós, nos amando e nos dando sua força. Podemos sentir
sua força a cada momento, no abraço de um amigo, no carinho da família,
na palavra que Deus nos dirige por meio da Bíblia, no silêncio do nosso
coração. Ele nos sustenta em meio às dificuldades. Quando estamos feli-
zes, ele está conosco. Quando estamos tristes, ele está conosco. Quando
somos vitoriosos em nossos projetos, ele se alegra conosco. Quando esta-
mos derrotados, ele se compadece de nós e nos estende sua mão. Podemos
confiar nele, pois ele é um grande amigo. Sua força se faz sentir em nós,
em cada momento de nossa vida. Por isso, vamos entregar a ele nosso co-
ração, nossos sentimentos e afetos, e ele irá nos orientar para sermos ainda
mais felizes”.
- Depois da motivação, fazer breve silêncio, cantando baixinho e bem len-
tamente a música anterior. Em seguida, motivar a turma a fazer preces es-
pontâneas de entrega. Cada um poderá dizer uma breve prece conforme o
modelo a seguir: “Senhor, eu te entrego minha vida!” ou “Senhor, eu te en-
trego meus estudos!”. Após cada prece, todos repetem: “Recebe, Senhor, a
nossa vida!”.
- Ao final, repetir a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Neste encontro, vamos refletir sobre a importância da fé e das virtudes na
caminhada da vida. A fé é algo maravilhoso que só agrega valores à nossa jorna-
da. Quem dela carece fica míope; não enxerga o que a vida tem de belo e que está
bem diante de seus olhos. Aí tudo fica mais difícil. Vamos cantar a música núme-
ro 2, preparando nosso coração para acolher a palavra de Deus.

Texto: 2Pd 1,3-11


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que você entendeu da Segunda Carta de Pedro que acabamos de ler?
• Quais as virtudes que o autor enumera? Vamos relembrá-las?
• Qual a primeira delas?
• O que é prometido a quem ficar pleno destas virtudes?

Aprofundamento
- Nada nos falta para bem viver, afirma a Carta de Pedro: “Deus nos presenteou
com tudo o que contribui para a vida e para a piedade” (v.3a, ou seja, a primeira
parte do versículo). A piedade é a vida em comunhão com Deus alimentada pela
fé. Nada nos falta para viver bem e na plena amizade com nosso Deus, que nos
deu toda condição para bem viver mediante a fé.
- A fé – dita no texto como “conhecimento daquele que nos chamou para sua gló-
ria” (v.3b – ou seja, sua segunda parte) – nos dá acesso aos bens prometidos: vi-
da plena (v.4). Esta vida em Deus, na amizade com ele, é um bem muito precio-
so, mais valioso que tudo, pois nos faz participantes da vida de Deus – sua vida
divina. Se temos fé, temos acesso à vida divina e fugimos da corrupção, ou seja,
do estrago que a concupiscência provoca.
- Mas o que é a concupiscência? É o desejo ou a pulsão da vida quando mal orien-
tados; é a tendência para o egoísmo, para vivermos para nós mesmos. O desejo é
algo maravilhoso. É uma força poderosa e benéfica, que precisa ser orientada pa-
ra o bem. Desejar é bom e importante, mas o desejo pode ser para a vida ou para
a morte. Podemos canalizar as forças de nossos desejos para bem viver – tanto
para nós quanto para as pessoas com quem convivemos – ou para o mal. Neste
caso, o desejo é concupiscência e pode fazer estragos.
- Para vencer a concupiscência e orientar o desejo para o bem – ou seja, para bem-
desejar –, a fé é a base de tudo. A ela devemos ajuntar outras virtudes que vão
colaborar para enfrentar a vida e ajudar a bem viver (v.5).
- A fé (conhecimento de Deus) dá força; a força faz querer conhecer mais (v.6). O
conhecimento ajuda no autodomínio. O autodomínio traz a constância. E a cons-
tância faz viver como verdadeiros filhos de Deus (a piedade). A piedade leva a
viver a fraternidade; a fraternidade é porta aberta para o amor se concretizar. E o
amor é tudo que a gente busca nesta vida; ele dá força e faz superar os dramas da
vida. Logo, tudo começa com a fé e tudo desemboca no amor, ou seja, a vivência
fraterna e afetuosa com as pessoas (v.7).
- Quem consegue realizar essa cadeia de virtudes não se sente vazio, nem sozinho,
nem estéril, nem acha que sua vida é sem sentido... Mas quem delas carece é
míope (v.8): não enxerga a beleza da vida, só seus dramas e problemas; vive
afundado em seus pecados e se esquece da vida nova que Deus lhe oferece.
(v.9). Por isso é preciso confirmar a fé, ou seja, “nossa vocação e eleição”, diz o
texto. A fé é força para bem viver (v.10). Quem vive pela força da fé jamais tro-
peçará. Veja bem: o texto bíblico não diz que Deus vai tirar as pedras do cami-
nho, nem eliminar os problemas, nem achar solução para tudo com milagres e
prodígios. O autor afirma apenas que quem tem fé jamais tropeçará, ou melhor,
quem tem fé não vai ser surpreendido pelos problemas da vida, pois a fé lhe en-
sina que a vida é mesmo cheia de pedras no caminho.
- Quem vive assim, cheio de fé, tem acesso ao reino eterno – à vida plena, livre e
feliz. Ou seja, a fé cristã é meio de libertação e felicidade; é força para bem vi-
ver.

3. ATIVIDADE
Apresentamos duas sugestões. O catequista veja se faz apenas uma ou se quer fazer as duas ativi-
dades. Para isso, deve organizar bem o tempo do encontro para que ele não se estenda demais.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer caça-palavras. Distribuir um caça-palavra para cada du-
pla, pedindo que encontrem oito virtudes que ajudam a bem viver e oito atitudes que
só atrapalham a vida. O catequista deverá ter levado lápis ou caneta para todas as du-
plas.
- Terminado o trabalho, conferir se encontraram todas as palavras, escrevendo-as num
quadro ou cartaz. Discutir com a turma como cada uma destas virtudes (fé, força de
vontade, compreensão, esperança, conhecimento, paciência, coragem e resistência)
ajuda a viver melhor e como cada uma destas atitudes negativas pode impedir a vida
plena (revolta, pessimismo, conformismo, medo, ignorância, apatia, modismo e desâ-
nimo).

A S C D E * V O K L * W E R T Y U I R P
A F O R Ç A * D E * V O N T A D E K E L
C I M Q * E R D T Y P U P M N B V C S A
O Z O X C V * E N * A R E V O L T A I O
M A D S O D F S G K C H S L P O U Y S T
P W I G N O R Â N C I A S M B V * X T E
R A S D H * G N J K E L I P O F É T E Y
E Q M M E D O I W E N R M Z X C * I N N
E S O Q C W E M R T C Y I P O L K J C H
N E T U I * S O D F I G S J A P A T I A
S O X C M V B U E M A R M Q W K I L A S
à F C O N F O R M I S M O M T R Z C X V
O M Y V N P O T U R Q W I C O R A G E M
B A * D T * M L K J U H G E D S A N Z I
A E F G O K E S P E R A N Ç A P I W T O

Sugestão 2
- O catequista, se tiver à sua disposição recursos de multimídia, deve passar
o vídeo bagagem para a turma assistir, depois cantar e conversar sobre ele
O acesso ao vídeo pode ser feito pelo site fiquefirme, no menu “entrevistas
e vídeos” (http://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/bagagem/).
- Depois, dividir a turma em pequenos grupos de 4 ou 5 pessoas, entregando
aos grupo a letra da música BAGAGEM, número 19. Pedir que leiam e
meditem a canção que é um belo poema e conversem livremente sobre ela.

Bagagem

Quando eu comecei a crescer minha mãe me falava


Que os caminhos da vida são cheios de muita surpresa
Mas que existem lugares bastantes pra quem se dispõe a caminhar
Que é preciso ter fé e coragem e acreditar.
Sempre guardo no fundo do peito estas sábias palavras
E os meus olhos jamais se cansaram de olhar a estrada
Pouco a pouco os sonhos da gente se transformam em realidade
E a gente começa a entender como a fé é importante.
R.: Senhor, Senhor – minha fé e segurança
Senhor, Senhor – minha vida e esperança (bis)
Sua força é a bagagem que eu levo nas minhas andanças.
O caminho da gente é um espaço a ser conquistado
Neste espaço se encontram desertos, vazios, imensos
Sei que existem momentos difíceis que a vida oferece pra gente enfrentar
E é preciso ter fé e coragem e acreditar.
Os meus passos parecem seguros, caminham confiantes
Nada existe afinal que eu espere a não ser a vitória
Mas às vezes os passos vacilam e nos vem uma grande incerteza
E a gente começa a entender como a fé é importante.
R.: Senhor, Senhor – minha fé e segurança
Senhor, Senhor – minha vida e esperança (bis)
Sua força é a bagagem que eu levo nas minhas andanças.
As pessoas com quem eu me encontro estendem seus braços
E me acenam mostrando o horizonte que além me espera
E diante de tanto futuro, de tantas fronteiras que eu devo cruzar
É preciso ter fé e coragem e acreditar.
Tantos rostos ostentam sorrisos, parecem tranquilos
Bem no fundo, porém, pode ser que existam receios
Pois a vida tem muitas surpresas e eu recordo o que mamãe dizia
E então eu começo a entender como a fé é importante.

- Depois do debate livre, a turma pode responder as perguntas abaixo:


a. Qual a principal mensagem desta música?
b. Você concorda que a fé é importante para bem viver? Por quê?
c. Como buscar a força da fé para vencer os receios e atropelos que a vi-
da oferece?
- Cantar novamente a canção Bagagem.
Conclusão
A fé é um tesouro precioso que nos ajuda a bem viver. Ela nos dá força e
segurança na caminhada, nos ajuda a orientar o nosso desejo para o bem, firma
nossos passos. Diante de tantos momentos difíceis que a vida oferece pra gente
enfrentar, é preciso caminhar confiando que seremos vitoriosos, mas sem a fé a
gente acaba vacilando. Por isso a fé é tão importante. Ela traz fortaleza, coragem,
autodomínio, constância, fraternidade e amor. Com a fé a caminhada da vida flui
mais facilmente, não porque ela elimina os problemas, mas porque dá força para
superá-los ou para com eles conviver. Numa vida de altos e baixos, a fé nos man-
tem estáveis, firmes em Deus.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar: “É uma alegria terminar nosso encontro reafirmando a certeza de
que, nos caminhos da vida, nunca estamos sozinhos. Está conosco o Deus for-
te e bom, que nos ama sem colocar condições e nos fortalece para enfrentar-
mos os obstáculos encontrados, por isso ficamos firmes. Vamos lembrar sua
presença e cuidado conosco cantando a música número 14”.
- Convidar a turma para erguer as mãos para o alto e rezar juntamente com o
catequista: “Senhor, nós te agradecemos, porque, na jornada da vida, nunca
estamos sozinhos. O Senhor nos acompanha com seu amor e nos fortalece
com seu Espírito. Obrigado, Senhor! Amém!”.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar algo bem animado?

Dicas para o catequista


- Este livro foi pensado para adolescentes de 12 a 14 anos e, provavelmente, sua
turma está nesta faixa etária. Aproveitemos que o texto bíblico deste encontro
não exige maiores esclarecimentos e falemos sobre o trato especial que os ca-
tequistas devem ter com jovens desta idade. Os adolescentes são ótimos de se-
rem trabalhados, se os catequistas são respeitosos, fazem um encontro animado
e dialogam abertamente com eles, sem moralismos ou imposições. A catequese
é um espaço para o diálogo e a fraternidade e não para a imposição de ideias ou
a doutrinação. Respeitem, pois, os catequistas a opinião de seus catequizandos.
Se há discordância entre o que vocês propõem e o que eles pensam, tudo deve
ser falado abertamente e discutido sem imposições ou grosserias. Nada de auto-
ritarismos tipo: “Mas está na Bíblia” ou “Foi assim que aprendemos desde cri-
ança” ou “A Igreja ensina assim” ou “Vocês são rebeldes” etc. Argumente,
mostre as consequências, diga que vai pensar melhor sobre o assunto, mas não
ganhe a discussão com autoritarismo. Se isto acontece, os catequistas ganham a
discussão e perdem os catequizandos. E isso não nos interessa. Além disso, não
precisamos ter razão em tudo, podemos conviver com a suspeita, com a dúvida;
afinal, temos muito a aprender.
- Outra dica importante é sobre a música. Adolescente costuma ser meio sem
jeito para cantar, bater palmas, fazer gestos, e isso, algumas vezes, cria obstá-
culos, constrange até os catequistas. Seria bom que os catequistas fossem bem
“descolados” como dizem os jovens, ou seja, cabeça fresca, tranquilos e bem
animados, sem traumas e bloqueios neste sentido. Os catequistas devem ser os
mais animados, devem cantar, pular, fazer gestos e dançar sem preconceitos. A
turma vai logo se descontrair e amar os encontros.

3º Encontro

A RESPONSABILIDADE PELA
PRÓPRIA VIDA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com entusiasmo. Cantar algo bonito e animado. Veja lista
de músicas no final do livro.
- Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz ou cantar “Em nome do
Pai”.
- Motivar a turma para rezar, dizendo: “Estamos reunidos na presença do Deus
amigo e bom que nunca nos desampara. Ele prometeu que estaria conosco to-
dos os dias da nossa vida e ele é fiel, pois mantém sua promessa. Ele está aqui
junto de nós, nos dando força e coragem para enfrentar a vida com animação,
nos capacitando para superar nossas fraquezas. Ele está bem junto de nós para
nos ajudar a viver a vida de forma alegre e sensata. Ele nos auxilia nas nossas
escolhas, nos ajuda a aceitar nossa própria história e nos apoia para assumi-la
sem angústias. Vamos confiar a ele nossa vida, cantando a música número
14”.
- Terminada a música, dar um tempo de silêncio e motivar a fazer uma pequena
prece ao Senhor. Cada um poderá dizer, por exemplo, “Obrigado, Jesus, por-
que o Senhor é nosso amigo” ou “Obrigado, Jesus, porque o Senhor está sem-
pre comigo”. Após cada prece, todos respondem: “Obrigado, Senhor!”.
- Cantar a música número 10.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro de hoje, vamos ouvir um curioso relato do Livro do Gênesis,
que fala de como é fácil atribuir a culpa de nossos infortúnios aos outros, em vez
de assumir a responsabilidade por nossa própria vida. É o que nos conta o relato
da desobediência do homem e da mulher. Depois de terem desobedecido a Deus,
colocam a culpa um no outro ou na serpente. Eles não assumem as rédeas da pró-
pria vida; ficam procurando a quem culpar e, com isso, não evoluem, não melho-
ram, não crescem. Vamos cantar a música número 2.

Texto: Gn 3,1-13
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que você entendeu desta história?
• Você sabe o que significa a árvore da vida? E a árvore do conhecimento do
bem e do mal?
• Por que Deus proibiu ao homem e à mulher comerem do fruto da árvore do
bem e do mal?
• Quem é a serpente? O que ela diz à mulher?
• O que a mulher fez ao receber a proposta da serpente?
• Ao se verem descobertos, o que fizeram?

Aprofundamento
- Este relato, tirado do Livro do Gênesis, é uma parábola, ou seja, uma fábula
ou um mito. Nas fábulas, serpentes falam; Deus e seres humanos vivem no
mesmo jardim; os personagens são figuras criadas para dizer algo.
- O texto fala de um homem, uma mulher, uma serpente e duas árvores bem
diferentes com seus respectivos frutos. Vejamos o que significam estes sím-
bolos.
- O homem e a mulher simbolizam toda a raça humana. Para ter geração da vi-
da humana é preciso ter homem e mulher. Mas eles não têm nomes. Nós é
que demos a eles os nomes de Adão e Eva por causa de algumas expressões
em hebraico que aparecem mais à frente no texto. Ao homem chamamos
Adão, que vem de Adam, no hebraico quer dizer barro (cf. 2,7). Deus fez o
ser humano frágil, como o barro que quebra à toa. Ou melhor, o autor do tex-
to está dizendo que o ser humano é criatura e não deus. À mulher chamamos
Eva, que quer dizer vida (cf. 3,20), porque dela a vida virá. Ambos simboli-
zam a vida humana: frágil, mas plena de possibilidades de mais vida ainda.
Na união dos dois seres, masculino e feminino, a vida floresce.
- A serpente simboliza o mal. O mal não é o Diabo, nem o Capeta, nem o En-
cardido – como dizem popularmente. O mal é aquilo que afasta de Deus. O
símbolo do mal é a serpente porque, no tempo em que foi escrito este texto, o
que afastava o povo de Deus era o baalismo (a religião de Baal – cf. encontro
1) cujo símbolo era a serpente. Daí a serpente seduzir a mulher e levá-la a de-
sobedecer a Deus.
- A árvore da vida simboliza a Palavra de Deus, a Torá, a felicidade buscada
no cumprimento dos mandamentos de Deus. De seu fruto, homem e mulher
devem comer.
- A árvore do conhecimento do bem e do mal simboliza o conhecimento fora
de Deus, a felicidade buscada longe dele e de seus preceitos, na vida fácil que
o baalismo oferecia
- A mulher acredita na serpente e come o fruto. Mas por que a mulher e não o
homem? Porque era por meio das mulheres que o baalismo entrava no mundo
judaico. Os judeus contraíam matrimônio com mulheres estrangeiras, que não
eram monoteístas como eles; eram politeístas e adoravam Baal. É o caso de
Salomão e suas mulheres estrangeiras. As mulheres – sempre muito habilido-
sas – convenciam seus maridos a cultuarem Baal, pois tinham medo da pró-
pria infertilidade e da infecundidade dos campos e rebanhos. Aí tudo desan-
dava...
- O relato diz que, depois de comer o fruto, os olhos se abriram. Isso significa
que ambos perceberam sua fragilidade, sua nudez. Perceberam que, sem
Deus, ficavam desprotegidos. O baalismo não podia protegê-los, não conse-
guia confortá-los, ampará-los na dor, apenas iludia.
- Então, eles fizeram roupas com folhas de figueira: buscaram socorro na Torá,
no judaísmo; a figueira simboliza a Torá que sempre tem frutos, sombra e
abrigo para oferecer. A Torá, para os judeus, era entendida como a Lei de
Deus.
- Ouviram os passos de Deus e se esconderam: antes não se escondiam de
Deus; Deus era um amigo com quem conviviam fraternalmente. Isso quer di-
zer que, se a gente fica fiel a Deus e não o desobedece (comer do fruto proi-
bido), sua presença amorosa – mesmo na dor – é certeira e podemos senti-la.
Mas, quando o desobedecemos, rompemos a amizade com ele, nos esconde-
mos dele, fugimos de sua presença. Ora Deus, que era o grande amigo, se tor-
na uma ameaça, um perigo, um inimigo de quem devemos nos esconder. Mas
Deus não desiste de nós. Ele procura o ser humano, mesmo na sua miséria,
caído, ferido, desobediente, afastado dele. Deus nunca se cansa de vir ao nos-
so encontro (v.8-9).
- Quando interpelado sobre o que fez, o homem disse: “A culpa é da mulher”.
(v.12). Quando interpelada, a mulher diz: “a culpa é da serpente” (v.13). É
um jogo-de-empurra, como diziam os antigos. Ninguém assume a própria
culpa. E nós, ainda hoje, não desconhecemos esse empurra-empurra da culpa.
Diante dos atropelos da vida, temos sempre a tendência de culpar alguém. É
mais fácil colocar a culpa no outro, nos acontecimentos, na vida, em Deus,
que assumir as rédeas da vida. Isso exigiria coragem para enfrentar a vida e
olhar de frente nossas fragilidades. Mas, enquanto transferirmos a responsabi-
lidade de nossa felicidade ou de nossos infortúnios para os outros ou para al-
go fora de nós, não vai dar pra ser feliz. Condição indispensável para a felici-
dade é ser dono de nós mesmos, senhor de nossos próprios caminhos, respon-
sável por nossas próprias decisões... Enquanto a gente ficar como Adão e Eva,
jogando a culpa um no outro ou na serpente (algo fora de nós), não vai dar pa-
ra retomar as rédeas da vida. A vida é como um cavalo bravo que temos que
montar. Uma vez montados, é preciso domar. Cada um se responsabilize por
sua própria cavalgada, ainda que tenhamos – é claro – a responsabilidade de
ajudar o outro nesta aventura. Mas cada qual é responsável por seus próprios
atos.
- Se a gente assume nossos erros, nossas decisões, nossos desejos, nossos ca-
minhos, não será preciso nos esconder de Deus. Deus nos conhece por inteiro
e a gente se esconder dele é pura bobagem. Ele continua vindo em nossa dire-
ção, como disse o Livro do Gênesis. Melhor deixar o Senhor conhecer logo
nossa nudez, nossa fragilidade, mesmo que isso nos deixe vulneráveis. Mas
ele é misericordioso e bom e vai nos proteger. Ele é nossa proteção e escudo,
diz o Salmo 18,2.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Fazer um debate a partir da História do jornaleiro mal humorado.

O jornaleiro mal humorado


Perto de minha casa, havia uma banca de revistas. Todas as manhãs, antes
mesmo do café, eu ia lá pegar os jornais do dia. Gostava de começar o dia bem
informado.
O jornaleiro era uma triste figura. Estava sempre de mal com a vida, cuspin-
do fogo, como se fosse um dragão mal humorado. Ele me olhava com uma cara de
profundo desgosto. Não havia nenhuma simpatia em suas atitudes. Ficava pare-
cendo que para ele era extremamente penoso e desagradável vender-me os jornais.
Eu poderia ter ido comprar meus jornais em outro lugar. Mas não quis. Afi-
nal, não havia outra banca perto de minha casa e eu decididamente não estava
disposto a sacrificar-me por causa do mau humor do jornaleiro.
Continuei repetindo toda manhã o mesmo ritual. E ele repetia para mim sua
cara fúnebre de enjoo matinal.
Um amigo, então, me questionou:
- Não sei por que razão você insiste em não se importar com o mau humor
desse jornaleiro. Se fosse comigo, eu procuraria outra banca ou ao menos lhe diria
umas boas verdades.
Ao que respondi:
- Que tenho eu a ver com o humor desse homem? Ele escolheu ficar mal
humorado diante de mim. Isso, no entanto, não me leva a ficar mal humorado di-
ante dele.
E continuei comprando lá os meus jornais. Tranquilamente.

Questões:
• Como você reagiria em uma situação semelhante à do autor desse texto?
• O que você acha da reação do autor?
• É mais comum, em sua opinião, as pessoas reagirem, em situações seme-
lhantes, como o autor do texto ou como o seu amigo?
• Que significa a reação do amigo? Por que as pessoas agem assim?
• Que significa a reação do autor? Por que ele reagiu assim?
- Terminado o trabalho em grupo, fazer um debate geral, conferindo as opiniões.
Ver se alguém tem alguma experiência semelhante para contar, alguma situação
em que ficamos tentados a agir de determinada forma não porque queríamos,
mas por influência dos outros.

Conclusão
A história do jornaleiro mal humorado mostra uma questão básica. Cada um
é dono de sua própria vida e a dirige como julgar mais acertado. A gente faz as
escolhas que são importantes para nós. Se o jornaleiro quer ficar mal humorado,
que fique. Nem por isso, os outros precisam absorver o seu mau humor. Cada um
assuma o comando da própria vida e dê a ela o melhor rumo possível.
É comum, no entanto, a gente deixar a vida nos dirigir em vez de nós a diri-
girmos. Nosso passado nos dirige. As pessoas nos dirigem, com seus olhares, com
seus sentimentos, aprovações e reprovações. E passamos a viver em função dos
outros. Se aquele homem da história, contra a sua vontade, se afastasse da banca
por causa do jornaleiro, já não estaria se conduzindo livremente. Os sentimentos e
atitudes do jornaleiro é que estariam guiando sua vida. Ninguém é escravo de nin-
guém, nem das circunstâncias. Ninguém é vítima da vida, nem da decisão dos
outros. Cada um dirige sua própria vida livremente, escolhendo, a cada situação, o
melhor caminho.
Cada um tem a tarefa de construir sua vida e direcionar-se rumo à felicida-
de. Pode também tomar outras direções, mas já não será mais livre. Ser livre e
feliz é poder dizer: “Sou eu quem dirige a minha vida e não a vida que me dirige.
Eu decido como vou me comportar. Eu dou um rumo inteligente à minha vida,
dirigindo-a com sabedoria”. Isso é liberdade.
Isso não significa, é claro, agir contra tudo e contra todos. Nem é viver co-
mo se não dependesse de mais ninguém. Significa apenas que a vida pertence a
cada um e cada um precisa aprender a se conduzir nessa viagem que é a vida.
Muitos ficam no meio do caminho reclamando da falta de oportunidades ou dos
entraves e limites que são impostos por terceiros. Ser livre é criar oportunidades,
driblar os entraves, conviver com os outros sem perder a individualidade. Sem
isso, não há liberdade.
Quem não assume o comando da própria vida acaba colocando nos outros a
culpa por sua infelicidade: culpa os pais, a família, os colegas. Mas quem se as-
sume busca dentro de si a maneira de conviver com as circunstâncias sem deixar
de ser feliz e de realizar aquelas manobras radicais que permitem conduzir a vida,
mesmo numa estrada bem selvagem. Isso é liberdade.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a oração, falando brevemente da importância de sempre assumir sua
vida com coragem e força: “Jesus assumiu sua vida, com tudo que ela signifi-
cava: perseguições, incompreensões, cruz, sofrimento, abandono de amigos,
solidão. Ele acreditou na força do amor de Deus e se entregou ao Pai com
confiança. Vamos também confiar nossa vida a Deus assim como fez Jesus”.
- Cantar a música número 7.
- Dar um tempo para preces espontâneas, sugerindo que cada um entregue sua
vida a Deus com confiança e peça forças para dirigir sua própria vida, assu-
mindo seus desejos e suas culpas.
- Dar as mãos e rezar juntos o Pai-Nosso.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Se tem um problema que sempre reaparece no Antigo Testamento é a escapulida
do povo para o baalismo. Vamos entender melhor o porquê. O baalismo era uma
religião bastante atraente. Seu culto era prazeroso e divertido (incluindo inclusi-
ve práticas sexuais); sua ética era fácil em comparação ao judaísmo – sempre tão
exigente. Para agradar Baal, bastava fazer o culto a ele, ou seja, cumprir o rito.
Em contrapartida, para agradar a Deus era bem mais difícil. Precisava viver os
mandamentos, aliás muito exigentes. Além disso, o baalismo prometia mundos e
fundos. Quem seguia Baal tinha promessa de fecundidade da família, dos cam-
pos, do gado... O medo da infertilidade atormentava aquela gente. Os infecundos
eram malditos, sem a bênção dos deuses – inclusive esta era a visão do povo he-
breu, que entendia a grande prole como sinal da bênção do Senhor. Ora, o baa-
lismo era uma tentação constante: culto mais divertido e prazeroso, vida ética
nada exigente e promessas de prosperidade (disse a serpente: “sereis como deu-
ses”). Quem não quer? Daí a tentação do baalismo, ou seja, a serpente é tentado-
ra, convincente.
- Por que o símbolo do baalismo é a serpente? Que ninguém se escandalize com a
explicação que se segue, por favor. O símbolo do baalismo lembra o órgão sexu-
al masculino externo (ou seja, o pênis), pois Baal era o deus da fecundidade, da
fertilidade. Acreditava-se que ele fazia a terra e o homem serem fecundos. O cul-
to a Baal era feito a partir da relação sexual, inclusive não era incomum haver
mulheres no templo à disposição para este ato, entendendo-o como culto a Baal,
as tais prostitutas sagradas (um nome meio impróprio, mas não incomum no
mundo da hermenêutica bíblica).
- Por que a mulher come o fruto primeiro? A religião judaica foi pensada para o
homem, o varão. A mulher, especialmente a estrangeira – por causa do politeís-
mo –, punha a fidelidade a Deus em risco atraindo seus maridos para cultos es-
tranhos. Este relato surge no tempo de Salomão, quando as mulheres estrangei-
ras – com quem contraiu matrimônio por causa de acordos políticos – o afasta-
ram da fidelidade a Deus e seu reino foi destruído.
- Apesar das origens do texto remontarem ao tempo de Salomão (mais ou menos
930 aC), este relato foi escrito quando o povo estava no exílio. No exílio, a per-
gunta que não queria calar era: “De quem é a culpa do exílio?”. A resposta fácil
era: “Dos outros, dos nossos líderes, dos nossos pais, dos antepassados...”. Mas
não minha culpa, minha máxima culpa... por isso, o jogo-de-empurra do homem
para a mulher, da mulher para a serpente.
4º Encontro

A SUPERAÇÃO DAS
DIFICULDADES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com alegria e descontração. Cantar músicas animadas, à es-
colha.
- Acalmar a turma, silenciando para conversar com Deus. Fazer o Sinal da
Cruz.
- Cantar suavemente uma música que ajude na interiorização. Sugerimos a mú-
sica número 3. Cantar várias vezes, motivando a confiança em Deus e dizen-
do que, se Deus é amor, se ele nos ama, não devemos temer nada, pois ele es-
tá conosco.
- Distribuir para a turma a oração “Creio, Senhor!”.

Creio, Senhor
Creio, Senhor Jesus, que estás vivo e presente na minha vida.
Creio que tu me amas e cuidas de mim, porque sou precioso aos teus olhos.
Creio que, na tribulação da vida, tua mão me sustenta, tua força me anima.
Creio, Senhor, que teu amor por mim é maior que minhas fraquezas.
Creio que o amor elimina o temor e, por isso, confio alegremente em ti.
Creio que os limites e as angústias da vida não podem me separar do Senhor.
Creio que tudo que tenho e que sou pertence a ti.
Por isso, agradeço, Senhor.
Agradeço por tua presença e por teu amor;
Agradeço por tua força e por teu cuidado comigo.
Agradeço porque posso sempre contar com o Senhor na minha caminhada.
Amém!
- Sugerimos cantar a música número 20.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Neste encontro, vamos falar da importância de tentar, com todas as forças,
superar nossas fraquezas e limites. No encontro anterior, falamos sobre a respon-
sabilização de nossas faltas e insucessos. Se não enfrentarmos com coragem esses
insucessos e fracassos e ficarmos sempre culpando alguém por nossa infelicidade,
jamais conseguiremos ser livres e felizes. É preciso buscar a superação. Deixemos
de lado a vida velha, cheia de lamentos e lamúrias, e recomecemos com coragem
nossa caminhada.

Texto: Ef 4,17-24
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que significa se comportar como os pagãos?
• Quais as duas características atribuídas aos pagãos? (inteligência obscure-
cida e coração endurecido)
• É assim que devem viver os cristãos, ou seja, como deve viver quem tem
fé?
• O que significa deixar a vida antiga?
• O que significa renovar a mente e revestir-se do homem novo?

Aprofundamento
- O autor da Carta aos Efésios adverte sua comunidade a não viver como os pa-
gãos. Sua comunidade, provavelmente, veio do paganismo. Ela professa a fé cristã
não a fé judaica, mas vale a mesma regra. A fé cristã – cujas origens se assentam
no judaísmo – tem um modo próprio de viver, que implica em um estilo de vida.
Ela modifica nosso viver; ela dá forças pra viver melhor. Para o autor da Carta aos
Efésios, os pagãos não tem esta força; não porque Deus tenha negado isso a eles,
mas porque não conhecem a Deus, não conhecem sua palavra (v.17).
- Para o autor desta Carta, os pagãos – aqueles que não abraçaram a fé cristã –,
vivem segundo o capricho dos deuses que eles cultuam. E esses deuses são genio-
sos, cheios de vontades. As mentes dos pagãos não foram libertadas pela fé cristã;
seus corações estão endurecidos (v.18). Ou seja, sem abertura de mente e coração,
fica difícil ter vida plena, livre e feliz. Para ser feliz, é preciso libertar coração e
mente. A fé cristã pode ajudar demais. Se a mente está embotada (ou seja, obstru-
ída), como não se entregar à devassidão? É mais fácil se entregar à devassidão que
buscar a superação (v.19).
- Mas os cristãos não devem viver assim, como se não contassem com a força da
fé, como se não tivessem sido libertados por Jesus (mente e coração) (v.20). Cora-
ção libertado é a capacidade de desejar, de sonhar, de esperar, de querer algo
mais, de não se conformar com uma vida medíocre e infeliz. Mente libertada é a
capacidade de planejar, de se organizar, de arquitetar planos para a felicidade se
tornar concreta; é a capacidade de fazer a vida de tal modo que se cumpram os
desejos mais legítimos do coração. Esta capacidade, a fé dá, ou seja, o conheci-
mento de Cristo traz, porque a presença de Jesus ressuscitado é força para bem
viver (v.21).
- A superação consiste em deixar a vida antiga: a antiga preguiça, o antigo con-
formismo, a antiga autopiedade, o conformismo de achar que qualquer tipo de
vida é a mesma coisa. Estas são características do homem velho, daquele que vi-
via ao sabor de suas paixões enganadoras, ou seja, da lei do menor esforço (v.22).
- Para renovar, é preciso começar pela mente: fazer uma faxina na cabeça. E de-
pois, é preciso revestir-se do homem novo, ou seja, adotar novas atitudes, hábitos
saudáveis que ajudam a bem viver. (v.23). Aí sim, seremos livres e felizes, como
Deus desejou desde o princípio, fazendo-nos sua imagem e semelhança (v.24).

3. ATIVIDADE
Apresentamos duas atividades. O catequista faça o discernimento vendo qual de-
las é mais oportuna para sua turma ou até se deve utilizar as duas.
Sugestão 1
- Convidar a turma para um debate. Dividir os catequizandos em pequenos gru-
pos e repartir o texto “O sonho das pedras preciosas”, para que leiam e refli-
tam.

O sonho das pedras preciosas


Sonhei que num vale todo seco e árido havia muitas pedras, espalhadas e
sem ordem alguma. Amanhecia. A claridade mostrava a frieza do lugar.
De repente, o sol ressurgiu. E assim, lá do alto, descia sobre as pedras um
raio. E quando esse raio chegava sobre uma pedra, ela se transformava em pedra
preciosa, brilhante, resplandecente, esplendorosa.
O estranho é que o raio de luz não caía sobre todas as pedras, mas apenas
sobre algumas. Eu não entendia a razão. Mas o certo é que algumas pedras foram
iluminadas pelo raio de luz e se tornaram preciosas, ao passo que outras nunca
foram iluminadas e continuaram sendo pedras vulgares. Assim, eu via um vale
não mais cheio de pedras comuns, mas de muitas pedras preciosas que resplande-
ciam no meio de outras que não tinham brilho algum.
Então, eu acordei e fiquei a pensar: Uma pedra preciosa jamais poderá ser
uma pedra comum. Poderá até ser quebrada, mas seus pedaços serão pedaços de
uma pedra preciosa. Poderá ser jogada no lixo, a poeira poderá pousar sobre ela,
mas será sempre uma pedra preciosa.
E eu me perguntava: Então, por que todas as pedras não se tornaram precio-
sas?

Questões:
• O que você entendeu do texto?
• O que representam as pedras espalhadas pelo vale?
• Que significa a luz que fez cada pedra tornar-se preciosa?
• Que significa o fato de que o raio de luz não chegava a todas as pe-
dras?
• Por que algumas pedras continuavam sendo comuns, enquanto ou-
tras se tornavam preciosas?
• Que semelhança isso tem com a nossa vida?
• Levando em conta que essas pedras representam as pessoas, no vale
da vida, para você o que significa tornar-se precioso? E por que uns
se tornam e outros não?

Terminado o trabalho em grupo, promover uma conversa geral, mostrando


que toda pessoa pode tornar-se preciosa, contando que se deixe iluminar.

Sugestão 2
- Convidar a turma para conversar sobre casos concretos de pessoas que se
superaram: artistas que, não tendo as mãos, passaram a pintar quadros com
os pés; pessoas que se recuperaram de acidentes graves e voltaram a exer-
cer suas profissões, ou que tiveram de encontrar outra profissão para se re-
alizarem; atletas que superaram obstáculos enormes para chegar à fama
etc.
- O catequista pode pesquisar esse assunto e levar textos ou recortes de jor-
nais sobre casos concretos que ajudem a motivar a turma ou pode pedir, no
encontro anterior, que a turma pesquise este assunto, levando o resultado
para ser compartilhado no próximo encontro.

Conclusão
A superação é algo possível ou, pelo menos, é algo desejável. Certamente
nem tudo dá para superar e vai ser preciso aprender a conviver com limites. Mas
limites, quem não os tem? Uma pessoa que perdeu um braço: não vai ter esforço
que vai devolver seu braço, mas ela pode aprender a fazer tudo com o outro. Uma
pessoa que perdeu um parente querido: nada vai lhe trazer este parente de volta,
mas é possível viver sem amarguras, apesar da perda. E assim vai: a fé cristã tem
um modo de vida. Este modo é a plenitude da vida, apesar dos limites que a vida
impõe. Se a gente se esforça pra melhorar, certamente muita coisa boa virá pela
frente. Não seria razoável conformar-se com a vida velha, como disse o autor de
Efésios: uma vida nova nos espera.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Silenciar a turma para rezar.
- Cantar a música número 11.
- Todos, de mãos dadas, rezam o Pai-Nosso. Depois, cada um, em silêncio, pe-
de a Deus para abençoar o colega que está ao seu lado, para que ele tenha for-
ças para superar suas dificuldades.
- Dado um tempo de silêncio, o catequista reza e a turma repete: “Senhor Jesus,
abençoe e fortaleça esse meu companheiro de caminhada, para que ele supere
sempre suas dificuldades, para que ele tenha forças para cada dia recomeçar.
Que ele nunca desanime diante dos obstáculos da vida, diante da tristeza, da
dor... Encha o coração dele de esperança e paz, de força e fé, para que ele tu-
do supere com a sua ajuda. Amém”.
- Cantar algo animado. Sugerimos a música número 15.
- Despedir alegremente a turma, fazendo motivação para o próximo encontro.

Dicas para o catequista


- Primeiramente expliquemos quem são os pagãos. Para os judeus, havia dois
grupos de pessoas: 1) eles, que faziam parte do povo monoteísta, pertencente
ao Senhor. 2) Os pagãos ou gentios, que são todos os outros povos, os estran-
geiros ao mundo judaico. O judaísmo – religião do povo de Israel ao qual per-
tenceu Jesus – tinha suas regras. E estas implicavam em um modo de viver
bem diferente da maneira como viviam outros povos: desde o modo de se
comportar eticamente (regras sobre a terra, o dinheiro, a família, os desampa-
rados etc.) até o modo de comer (regras alimentares: lavar mãos e copos, não
comer alguns alimentos etc.), passando pelo modo de fazer o culto e de organi-
zar a comunidade. Tudo mostrava que um judeu não era como os outros povos.
Isso não tem nada a ver com elitismo; era a cultura monoteísta que exigia – pa-
ra sua sobrevivência – certa separação dos outros povos. Então, comportar-se
como os pagãos significava viver de qualquer modo, sem uma orientação para
a vida, sem as regras claras da Torá, que mostrava o modo de viver daquela
gente.
- Durante o aprofundamento do texto, evitamos dizer que o autor da Carta aos
Efésios é Paulo, como comumente é divulgado. Estudos mais recentes apontam
para a impossibilidade disto. Há várias cartas de Paulo na Bíblia: a Carta aos
Romanos, as duas dirigidas aos Coríntios, a Carta aos Gálatas, aos Filipenses, a
Primeira aos Tessalonicenses e também a destinada a Filêmon. As outras prova-
velmente são de algum secretário ou de alguma comunidade com influência
paulina. Isso não interessa aos adolescentes, a não ser que perguntem, mas para
o catequista pode ser uma informação importante.

5º Encontro

A ALEGRIA JUVENIL

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com carinho.
- Cantar músicas animadas. Que tal cantar também a nº 6?
- Criar clima de silêncio e oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Motivar: “Na semana passada, nós falamos sobre a importância de superar
nossas dificuldades, de buscar forças para continuar a caminhada, mesmo
quando é tão difícil. Quem tem fé não está isento de dificuldades, de pro-
blemas, de angústias e dores. Todo mundo, em alguma ocasião da vida,
experimenta tudo isso. Mas quem tem fé sabe que não está sozinho nestas
horas, pois conta com a força e a amizade de Jesus. A amizade de Jesus é
muito importante; ela nos dá lucidez, ânimo, esperança. Ela é como uma
luz que ilumina nosso caminho, quando tudo parece ter ficado escuro. É
por isso que nós não precisamos temer nada. Nas horas difíceis da vida,
não estamos sozinhos: Jesus está vivo no nosso coração nos iluminando e
ajudando a gente a encontrar saída para nossos problemas”.
- Cantar a música nº 3.
- Entregar para cada catequizando uma tirinha de papel com uma prece.
Após cada oração, todos dirão: “Ajuda-nos, Jesus!”. Abaixo, algumas su-
gestões. O catequista, vendo o formato, faça outras de modo que todos os
catequizandos recebam uma prece.
• Para que vençamos nossos medos!
• Para que vençamos nossas inseguranças!
• Para que superemos nossas angústias!
• Para que saibamos enfrentar as frustrações!
• Para que o medo não nos paralise!
• Para que a dor seja vivida com serenidade!
• Para que nossa juventude seja vivida com alegria.
• Para que nossa vida seja de superação.
• Para que enxerguemos as alegrias da vida.
• Etc.
- Cantar de novo a música número 3.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ler hoje um texto muito bonito, tirado do livro do Eclesiastes ou
Qohélet. Ouçamos com atenção os conselhos que ele nos dá. Por meio de suas
palavras, é Deus mesmo quem nos aconselha e adverte. Vamos cantar a música
número 2, preparando nosso coração pra acolher o que Deus vai nos dizer.

Texto: Ecl 11,7-10


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Quais os conselhos que o Eclesiastes dá para os jovens?
• O que você acha destes conselhos?
• Qual a advertência final sobre a adolescência e a juventude?

Aprofundamento
- O Livro do Eclesiastes foi escrito por um pensador: alguém que gostava de ob-
servar a vida e suas contradições. Este autor é um sábio que põe suas reflexões
no papel com a intenção de orientar os jovens a bem viver. Na primeira parte do
livro(capítulos 1 a 7), ele diz que observou tudo; na segunda (8 a 12), diz suas
conclusões. O que ele observou? Primeiramente, observou a efemeridade da vi-
da: tudo passa, nada é para sempre; nem a alegria, nem a tristeza; nem a riqueza,
nem a pobreza; nem a saúde, nem a doença. O que ele concluiu? Primeiro, que a
vida não tem muita lógica. Há mistérios que nos ultrapassam. Por exemplo; não
adianta querer explicar a vida assim: “Deus abençoa o homem bom e castiga o
homem mau”. A vida não tem esta lógica. Tem maus se dando bem e tem bons
se dando mal. Mas esta também não é uma regra. Há bons se dando bem e há
maus que se danaram na sua maldade. Logo a vida é mesmo estranha, e Deus
não tem nada a ver com isso (Ecl 8). Em segundo lugar, ele observou que a vida
é passageira; é curtinha e se acaba num piscar de olhos... Se a vida é cheia de
mistérios e é assim tão breve (vento que logo passa), melhor viver bem o tempo
que temos à nossa disposição, em meio às estranhezas da vida. Daí os conselhos
que ele dá aos jovens.
- Primeiro conselho: ter uma postura otimista, esperançosa, grata, mas realis-
ta diante da vida, ou seja, valorizar as pequenas coisas, mas sem se iludir com
as alegrias da vida. “É doce a luz e agradável ver a luz do sol” (v.7). Pode pare-
cer romantismo barato, mas valorizar cada conquista é importante; perceber a
beleza de cada coisa; ter coração generoso capaz de reconhecer a gratuidade da
vida, a beleza de cada coisa... Isso é sabedoria. Mas o conselho do Eclesiastes
continua: “Ainda que alguém tenha vivido muitos anos e em todos tenha se ale-
grado, é preciso que se lembre dos dias sombrios...” (v.8). Um pouco de realis-
mo faz bem e pondera as coisas. Viver iludido achando tudo lindo é alienação. A
vida tem seus atropelos. Isso não nos impede de ver sua beleza, é claro, nem de
agradecer por cada coisinha, por menor que seja, como a possibilidade de acor-
dar pela manhã, respirar fundo e recomeçar. O conselho então é: máximo oti-
mismo equilibrado por uma boa dose de realismo.
- Segundo conselho: aproveitar bem a juventude, viver cada dia (v.9). “Alegra-
te na tua adolescência e teu coração esteja no bem durante tua juventude”. Mas
como aproveitar a juventude? O autor indica três passos: 1) Um modo de enxer-
gar a vida: Alegrar-se com cada conquista, comemorando cada vitória, vivendo
intensamente as oportunidades que a vida oferece (v.9a). 2) Um modo de viver:
firmar-se no bem que deve ser o fim primeiro e último: “viver com o coração
voltado para o bem” (v.9b). Um coração que cultiva o bem desde a juventude
faz poupança de energias positivas para o futuro. 3) Um modo de decidir, de to-
mar decisões: andar nos caminhos do coração, ou seja, cultivando sonhos e dese-
jos, mantendo a utopia, a capacidade de sonhar e de lutar pelos sonhos, mas se-
gundo o discernimento dos olhos (não se deixar iludir por qualquer desejo do co-
ração). O coração impulsiona as decisões; os olhos decidem, pois os olhos signi-
ficam conhecimento. Logo, o jovem não deve se esquecer de sua capacidade de
discernir, de ponderar, de usar a razão para decidir, pois de todas as decisões ha-
veremos de prestar contas. A Deus? A nós mesmos? Não importa: tudo tem con-
sequências!
- Terceiro conselho: prevenir-se para o futuro, ou seja, cuidar do coração e do
corpo: “Tira a angústia do coração e afasta o mal do teu corpo” (v.10). A força
da juventude e da adolescência não vai durar para sempre. Melhor se cuidar; a
velhice vai chegar um dia, cobrando as contas do passado. Por isso, o corpo e o
coração (mente) precisam de cuidados. O corpo precisa de esporte, de lazer, de
descanso, de horas de sono, de boa alimentação. Para que ele se mantenha sau-
dável, o adolescente ou jovem deve fugir de todo excesso, especialmente dos ví-
cios: do cigarro, do álcool, da droga. Não cuidar do corpo é adoecê-lo. Esses
cuidados devem começar cedo, não na velhice quando o corpo já está cobrando
os excessos da juventude. A mente também precisa de cuidados. Ela precisa de
incentivo para progredir. Por isso a importância dos estudos, da leitura, da pes-
quisa, da cultura, das artes, da música... Se a mente não estiver bem para enfren-
tar o enfraquecimento do corpo, vai ser difícil ser feliz no futuro. Se o corpo não
estiver bem, vai ser difícil responder aos apelos da mente. Logo, nenhum dos
dois aspectos pode ser negligenciado. Assim, a alegria juvenil é bem vinda e jus-
ta, mas que ela não leve ao esquecimento do que vem pela frente, com atitudes
inconsequentes que podem prejudicar a vida plena.

3. ATIVIDADE
De novo, duas opções. O catequista veja o que melhor convém à turma.
Sugestão 1
- Pedir a cada catequizando que produza um pequeno texto que fale das alegrias e
tristezas da própria vida. Repartir papel e lápis e deixar que cada um se expresse
à vontade.
- Depois, tentar fazer um debate sobre como a turma vê esse assunto, ou seja, co-
mo cada um se alegra com as realidades mais diversas da vida, mesmo em meio
aos sofrimentos.
Sugestão 2
- Fazer com a turma um criptograma bíblico, com as frases do livro do Eclesias-
tes. Distribuir os criptogramas para serem decifrados em grupos de duas ou três
pessoas, com a ajuda da legenda que segue.
- Depois, conferir os criptogramas, vendo se acertaram as frases. Cada dupla parti-
lha a frase encontrada e fala algo sobre ela.
Frases:
1) Jovem, vive tua adolescência com alegria.
2) Jovem, que tua vida seja conservada no bem.
3) Jovem, fica alegre pois agradável é ver o sol.
4) Jovem, anda nos caminhos do teu coração.
5) Jovem, tira a angústia da tua vida.
6) Jovem, afasta o mal para longe de ti.
7) Jovem, lembra que tua juventude é passageira.

a b c d e f g h i j L m n O p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
1ª) #*[5%, [9[5 =]1 14*$5§35&391 3*% 1$5791.
1ª)

a b c d e f g h i j l m n O p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
2ª) #*[5%, )]e =]1 [941 §5#1 3*&§5+[141 &* 25%.
2ª)

a b c d e f g h i j l m n O p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
3ª) #*[5%, 6931 1$57+5 )*9§ 17+141[5$ 5 [5+ * §*$.
3ª)

a b c d e f g h i j l m n O p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
4ª) #*[5%, 1&41 &*§ 31%9&8*§ 4* §5&*+.
4ª)

a b c d e f g h i j l m n O p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
5ª) #*[5%, =9+1 1 1&7]§=91 41 =]1 [941.
5ª)

a b c d e f g h i j L m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
6ª) #*[5%, 161§=1 * %1$ (1+1 $*&75 45 =9.
6ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
7ª) #*[5%, $5%2+1 )]5 =]a #][5&=]45 5 (1§§1759+1.
7ª)

Conclusão
A juventude traz alegrias e desafios imensos. Devemos aproveitá-la bem,
curtir cada momento, gozar cada boa oportunidade que a vida oferece. Para isso,
bom mesmo é ter um olhar grato e otimista, mas que não seja ingênuo. Cada mo-
mento deve ser usufruído com alegria e prazer: o prazer de amar e ser amado, de
ter amigos, de construir laços e boas relações, de jogar bola, de bater papo... o
prazer de uma boa música, de uma boa comida, de uma boa bebida... o prazer de
um cinema, de um teatro, de um momento de lazer e descontração... Mas tudo
feito com moderação e bom senso. A vida não é feita só de flores não; muitas do-
res temos ou poderemos vir a ter. Precisamos tomar alguns cuidados, tanto com o
corpo quanto com a mente, para que não estraguemos o dom da vida que Deus nos
dá.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música número 4.
- Agradecer a Jesus, pois ele está sempre conosco em nossa caminhada; ele não
nos abandona e nunca nos deixa sozinhos, sem apoio, sem amparo.
- Cada um poderá fazer breve prece espontânea. O catequista começa fazendo a
primeira oração e motiva a turma a correr a roda, mas – que fique bem claro!
– nenhum catequizando deve ser constrangido a fazer o que não quer; deve
apenas ser motivado para confiantemente fazer sua oração. A prece pode ter,
por exemplo, o seguinte formato: “Obrigado, Senhor, por sua amizade!”. To-
dos dirão: “Obrigado, Senhor!”. Cada pessoa troca a expressão “sua amizade”
por outra: por seu amor, por seu carinho, por nossa fé, por nossa juventude,
por nossa saúde, por sua presença, etc.
- Encerrar cantando a música número 19.

Dicas para o catequista


- O Livro do Eclesiastes é muito precioso. Ele traz um belo questionamento acerca
da teologia da retribuição. O autor, provavelmente, aprendeu desde criança uma
explicação teológica para o sucesso ou para o fracasso que é a seguinte: “Quem
fez o bem vai se dar bem pois Deus vai abençoá-lo. Quem fez o mal vai se dar
mal pois Deus vai castigá-lo”. Ora, ao observar a vida, o autor percebeu que a
vida não tem essa lógica. Tem muita gente boa no sufoco e muita gente má se
dando bem. Tem muita gente justa que não teve oportunidades de ter sucesso e
muita gente maldosa que passou os outros pra traz e se tornou bem-sucedida.
Daí concluiu: “Deus não retribui, ao mau, o mal que ele fez; nem, ao bom, o
bem que ele merece, ou não haveria tanta gente boa sofrendo e tanta gente má
agindo impunemente”. Por isso não adianta ficar esperando a justiça de Deus. A
vida é mesmo injusta e é preciso saber viver feliz mesmo em meio a essas con-
tradições. Eis o motivo de seus conselhos: que o jovem seja otimista, mas sem
ilusões; que ele goze a vida, mas sem excessos; que ele pense no futuro e cuide
do dom da vida que recebeu.
- Usamos muitas vezes o verbo gozar neste encontro. Um verbo bastante desgas-
tado que, quase sempre, remete ao prazer sexual. Mas o gozo não está necessari-
amente atrelado ao ato sexual. Há o gozo de uma boa companhia, de fazer o
bem a alguém, de tomar um banho de mar, de ouvir uma bela canção, de rezar,
de comer um bom prato, de descansar etc. Tudo isto – e muito mais – pode e
deve dar prazer assim como também o sexo. Mas o prazer é lícito? Viver praze-
rosamente é possível ao cristão? Ou o cristão deve desprezar os prazeres em
nome da fé? O autor do Eclesiastes acha que não. E a Igreja que adotou este li-
vro na sua Sagrada Escritura também pensa que o prazer é lícito. Aquela ideia
que circula por aí de que “tudo que é bom e prazeroso é pecado ou engorda” não
faz parte da vida cristã. Viver prazerosamente é lícito e aconselhável. Para nós
cristãos, o pecado não é prazeroso: desfaz a amizade com Deus, impede nosso
crescimento, fere nossa dignidade de filhos de Deus. Se é pecado, desconfie:
não deve ser tão prazeroso assim ou o preço a pagar pelo prazer vai ser alto de-
pois: o rompimento da comunhão com Jesus.

6º Encontro

A IMPORTÂNCIA DAS ESCOLHAS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com simpatia, preparando ambiente acolhedor. Cantar músi-
cas animadas. Que tal a número 6?
- Silenciar a turma e criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar suavemente a música número 7.
- Motivar a turma: “Vamos fazer bastante silêncio e rezar. Vamos dizer a Deus
que nós confiamos nele, pois ele é nosso amigo e está sempre conosco. Ele é
nossa força; é nossa luz. Ele nos estende a mão e nos socorre em nossas difi-
culdades. Por isso, cada um pode entregar a Deus sua vida, dizendo a ele que
quer renovar sua aliança e amizade com ele”.
- Fazer breve pausa para a oração silenciosa e, depois, convidar a turma para
rezar o Salmo 18. Cada pessoa deverá receber o Sl 18(17),1-4 em um cartão
bem bonito com uma mensagem da catequese.
- Rezar juntos o Salmo.
- Após a oração do salmo, cantar novamente a música 7 .

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vimos, no encontro anterior, que é preciso viver bem cada dia, sabendo per-
ceber a beleza da vida, mas sem nos iludirmos achando que tudo é lindo e maravi-
lhoso. Este equilíbrio nos ajuda a enfrentar o presente com coragem, a fruir dele
todos os seus prazeres e alegrias, mas também ajuda a tomar as decisões acertadas
para o futuro. Hoje falaremos um pouco mais sobre a importância dessas decisões.
Preparemos nosso coração para escutar a Palavra do Senhor, cantando a música
número 2.

Texto: Dt 30,15-20.
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que o texto nos diz sobre a vida?
• Quais as duas opções que a vida nos oferece? Quais as suas consequên-
cias?
• Você concorda que temos diante de nós, de um lado, a felicidade e a vida,
e, de outro, a desgraça e a morte?
• Você acha que a gente escolhe nossos caminhos ou eles já estão traçados?
• Você acredita em destino ou em predestinação?
Aprofundamento
- Para a fé cristã, Deus nos criou livres e responsáveis por nossa própria vida.
Diante de nós, estão as possibilidades da vida. Quem escolhe somos nós (v.
15). Não há destino, nem predestinação; a nossa vida depende de nossas esco-
lhas. Para nós cristãos, as escolhas – como toda a vida – são motivadas pela
fé, ditas no texto como “preceitos do Senhor” (v. 16). Quem vive guiado pela
fé faz escolhas acertadas, ditas como “bênçãos do Senhor”.
- Não é que, uma vez tendo fé, estamos livres das desgraças, das fatalidades,
dos desacertos... Quem tem fé está sujeito às mesmas intempéries da vida.
Mas, pelo menos no que depende de nós – nem tudo depende de nós, infeliz-
mente –, as decisões serão mais conscientes, mais acertadas, mais pondera-
das.
- E as fatalidades? Elas certamente acontecerão; todo mundo está sujeito a elas,
logo o jeito é conviver com elas, aceitá-las. Até nisso a fé pode ajudar. Quem
tem fé, quem vê a vida com bons olhos, certamente conseguirá superar mais
facilmente os atropelos que a vida apresentar.
- Quem se desvia do Senhor e de seus ensinamentos tem mais chances de pere-
cer (v. 17-18). Mais dia menos dia, a vida poderá acertar contas de decisões
tomadas imprudentemente, de uma vida desregrada, sem os cuidados devidos
para ser livre e feliz.
- O céu e a terra são testemunhas de que Deus nos deu todas as chances para
ser felizes, mesmo em meio aos dramas da vida. Ter céu e terra como teste-
munha é ter tudo testemunhando nossas escolhas. Céu e terra: expressão usa-
da para significar o todo. E exatamente dois, céu e terra, como a lei judaica
prevê, para ser válido o testemunho. A vida testemunha que somos livres, que
podemos escolher o bem ou o mal.
- O amor de Deus revelado em todas as coisas mostra que Deus não nos pre-
destinou para nada; a não ser para o amor, manifestado em seu Filho Jesus
Cristo. A única coisa que nos predestina é o amor de Deus. Estamos condena-
dos ao seu amor. Ele nos ama e não nos deixa outra opção. Por isso nos salva
em Cristo. Fora isso, é saber viver o jogo da vida, com seus imprevistos...
- Nem os astros, nem carma de vidas passadas, nada decide nossa vida. Somos
nós que, guiados pela luz da fé, devemos dar rumo para os nossos passos. E a
reencarnação? E as vidas passadas? Nada disso. Nascemos e morremos uma
só vez; nossa vida é única; exatamente por isso o autor da Bíblia diz que pre-
cisamos saber tomar as decisões certas. Resta-nos seguir a vida amando o Se-
nhor e obedecendo a sua voz, apegando-nos a ele (cf. v.20). O que der errado,
ele nos dará forças para corrigir.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e distribuir o texto abaixo. Pedir que leiam e conver-
sem sobre ele, respondendo as questões propostas.

Refazendo decisões

Era uma vez um jovem rapaz, com dezoito anos, com o corpo sarado, boni-
tão e com imenso talento para o futebol. A família não o apoiava muito no espor-
te. Preferia que ele estudasse mais, fizesse alguma faculdade, virasse doutor em
alguma coisa.
Mas ele enfrentou a família e decidiu: vou procurar um clube de futebol,
bem importante, e fazer um teste. “Quero ser um grande atleta, um grande jogador
de futebol, ganhar campeonatos, ir para a Europa, ficar muito rico”, dizia ele. E
tomou esta decisão. Procurou o clube, passou no teste, assinou o contrato. Era, de
repente, uma promessa do futebol brasileiro. Tinha alcançado sua primeira grande
vitória ao passar no teste e assinar seu primeiro contrato.
A família comemorou. Os amigos comemoraram. O jovem comemorou. E
nessas comemorações, fizeram um churrasco, à beira do rio. O jovem tomou umas
e outras e, já meio alcoolizado, mergulhou de cabeça nas águas do rio. O rio não
era muito profundo. O jovem bateu a cabeça em um banco de areia, quebrou a
coluna e ficou paraplégico, numa cadeira de rodas.
Todos se comoveram e se sentiram frustrados com o acontecido. Como al-
guém tão jovem há de passar por tudo isso: num dia é um jogador contratado por
um grande clube e no dia seguinte é um cadeirante sem a menor condição de en-
trar em campo!?
O jovem entrou em crise, brigou com Deus, com a vida, com tudo e com to-
dos. Depois, caiu em si e viu que a vida haveria de prosseguir, mas de outra for-
ma. Era preciso refazer suas decisões. Então, se lembrou de que também sabia
cantar e tocar violão. E tomou a decisão de ser músico. Fundou uma banda. E em
vez de ficar na cama ou na cadeira de rodas resmungando e reclamando da vida,
decidiu ser feliz cantando e tocando. E virou um cantor, não de grande sucesso,
mas com alegria suficiente para levar a vida adiante e cantar alegrando, com sua
música, a todos que o ouviam.

Questões:
• O que aconteceu com o jovem, em sua opinião, foi falta de sorte, castigo
de Deus ou fruto de suas decisões?
• Quantas decisões ele tomou somente neste texto?
• Você conhece casos semelhantes?
• O que você acha de, na vida, a gente às vezes precisar refazer algumas de-
cisões?

Conclusão
A liberdade humana é um dom maravilhoso de Deus. Ela nos dá a capacida-
de de escolher, de tomar decisões, de discernir e optar. É o que comumente cha-
mamos de livre arbítrio. Nenhum de nós nasceu predestinado a sofrer, a pagar
pecados, a passar por problemas e sofrimentos. Os sofrimentos da vida são parte
dela, porque a vida é frágil e se quebra à toa. Podem ser fruto da irresponsabilida-
de humana, do egoísmo ou do acaso, como a história do rapaz que ficou paraplé-
gico. Por outro lado, nós também carregamos condicionamentos psicológicos que
nos fazem sofrer. Por isso é tão importante decidir bem, ainda mais quando se é
jovem. Às vezes não somos livres dos nossos condicionamentos, mas somos livres
para decidir o que fazer com eles. Podemos tomar posição frente ao que nos acon-
teceu. Nossa decisão pode orientar nossa vida para sempre, tornando-a plena e
fecunda ou fazendo dela um inferno. E não é só isso! Nossas decisões afetam
também nossas famílias, nossos amigos e muitas outras pessoas que nos cercam.
Elas têm consequências e deixam marcas: boas ou ruins. Por isso é preciso decidir
tudo calmamente e com muita responsabilidade, sabendo que estamos traçando
nosso destino e de muita gente com nossas opções.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para rezar.
- Motivar: “Vamos pedir a Deus sabedoria e força pra sempre guiar a nossa vi-
da no caminho do bem, para sempre fazer escolhas acertadas que nos condu-
zem à liberdade e à felicidade. Ele vai nos ajudar a abandonar todo mal que
nos faz cair; ele vai nos conceder seu perdão e seu amor que são capazes de
nos reerguer quando caímos. Já é hora de acordar, de perceber que nem tudo
vale a pena, que algumas decisões não são boas para nossa vida, não nos fa-
zem crescer, nem ser melhores, mais livres e felizes”.
- Todos em silêncio, fazer breve pausa para meditar.
- Depois, convidar para cantar a música n.18.
- O catequista reza e a turma repete: “Ó Deus de amor, tu nos fizeste capazes
de amar e de decidir; nos deste inteligência para pensar, coração para amar;
tudo pra gente ser feliz. Nós te pedimos que nos ajude a colocar todas as nos-
sas faculdades a serviço do bem. Ajuda-nos, Senhor, a tomar sempre decisões
inteligentes que levem à felicidade e à liberdade. Amém!”.
- Rezar juntos o Pai-Nosso, pedindo forças.
- Cantar novamente a canção anterior.

Dicas para o catequista


- Sobre a liberdade humana, vale mais uma palavrinha de esclarecimento ao cate-
quista. Insistimos neste encontro que somos livres e responsáveis por nossas de-
cisões. Assim pensa a fé cristã. Mas como é essa liberdade? Ela é uma liberdade
limitada. Somos livres sim, mas não totalmente livres. Nascemos numa cultura,
num povo, numa família. Temos um corpo, temos sexo, temos traços próprios
no corpo e na personalidade que independem de nossas escolhas. Não escolhe-
mos nascer no Brasil ou na China; simplesmente nascemos. Não escolhemos ser
homem ou mulher; nascemos com o sexo masculino ou feminino. Não escolhe-
mos traços de personalidade, como ser manso ou irascível. Certamente podemos
nos mudar do Brasil para a China; podemos escolher a nossa profissão; pode-
mos aprender a controlar nossa ira e nos tornar mansos. Mas nem tudo são esco-
lhas e isso não estraga nossa liberdade; só mostra que somos seres situados na
história, na família, em um corpo e não um espírito vagando por aí.
- Sobre a predestinação é bom lembrar que não há predestinação das almas, nem
destino traçado num livro da vida lá no céu, nem um carma a cumprir por causa
de erros de outras vidas. Nosso Deus é um Deus amoroso e bom e não nos im-
pôs destino algum, ou seria um carrasco. Quem acredita em predestinação não
entendeu ainda o amor de Deus e sua presença amorosa nos perdoando e esten-
dendo a mão em todos os momentos da nossa vida.
- E aquela história de a gente pagar erros dos antepassados? Não há na Bíblia um
texto que diz que Deus castiga até a 3ª ou 4ª geração? De fato, há na Bíblia esta
expressão, presente em Ex 20,5-6: “Eu castigo a culpa dos pais nos filhos até a
terceira geração dos que me odeiam, mas uso de misericórdia por mil gerações
para com os que me amam e guardam os meus mandamentos”. Como entender
esta frase? Deus não castiga ninguém ou não seria amor, muito menos Deus cas-
tiga a culpa de um no outro, ainda mais dos pais nos filhos. Não temos culpa da
besteira de nossos pais, avós ou bisavós. Não é isto que o texto diz. Reparem
que o autor diz que Deus castiga até a terceira geração e que ele perdoa até a mi-
lésima. Este é um recurso de linguagem comum na língua semita; a língua em
que a Bíblia foi escrita. Para realçar o amor de Deus, fala-se que ele castiga um
pouquinho, mas perdoa sempre e sem limites. O que o texto quer não é dizer que
Deus castiga e que temos um destino traçado por causa dos pecados de nossos
antepassados. É bem o contrário: quer dizer que Deus é infinitamente bom, não
levando em conta nossas faltas.
7º Encontro

A IMPORTÂNCIA DE SONHAR

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com alegria e disposição. Fazer momentos de animação, can-
tando músicas apropriadas. Que tal a canção número 13 ou 15?
- Preparar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 7.
- Dar um tempo de silêncio para cada um pensar nas suas angústias, limites e
tristezas, entregando tudo a Jesus. Motivar a reflexão, lembrando que Jesus
nos dá seu Espírito e revigora nossas forças.
- Se for oportuno, cantar novamente a música anterior.
- Erguer as mãos e rezar a oração ao Espírito Santo, pedindo a Deus que, com
seu Espírito, nos capacite a enfrentar a vida e a buscar sempre o melhor.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro anterior falamos da importância de nossas escolhas e decisões.
Cada decisão que tomamos vai determinando pouco a pouco os rumos de nossa
vida. Essas decisões são sempre motivadas por projetos que queremos construir e
sonhos que queremos realizar. Daí a importância de nunca parar de sonhar, de
desejar algo, de buscar algo mais. O sonho nos dá vitalidade; a utopia preenche
nossos vazios e nos faz crer no amanhã. Vamos, pois, escutar um texto tirado da
Bíblia, que nos fala de Abraão e Sara, um casal curioso que, movido pela fé, nun-
ca deixou de sonhar.

Texto: Hb 11,8-12

Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Quem foi Abraão? Quem foi Sara?
• O que Abraão fez movido pela fé?
• O que fez Sara movida pela fé?

Aprofundamento
- Abraão é uma figura importante para a fé cristã, herdeira do monoteísmo judai-
co. Foi em torno de Abraão que se formou um povo numeroso que abandonou
o politeísmo e se confiou ao Senhor. Somos herdeiros da fé professada por
Abraão. Sara foi sua esposa: aquela com quem ele dividiu seus sonhos e partiu
em busca de uma terra distante, de um lugar favorável para criar sua família e
formar este povo novo. Eles são tão importantes – são modelo para nós – que o
texto de Hebreus, escrito 2000 anos depois, recorda-os como pessoas de fé.
- Abraão era um sonhador; um homem cheio de projetos que nunca deixou de
sonhar. A fé alimentava seus sonhos. Ele deixou tudo e correu atrás de seus de-
sejos, daquilo em que ele acreditava. Seu maior sonho era constituir um povo
numeroso que servisse ao Senhor; um povo que não seguisse os ídolos, que só
adorasse a Deus e a mais ninguém. Abraão acreditou que isto era possível e
correu atrás. Para formar este povo, Abraão precisava ter filhos, formar uma
família numerosa para quem pudesse passar seus ensinamentos. Mas Abraão
não tinha filhos e já estava ficando velho.
- Para realçar toda a luta de Abraão, o seu esforço e a sua fé, o autor sagrado –
quem escreveu o texto – diz que Abraão e Sara queriam ter filhos, mas ela era
estéril. Este é um modo de dizer que eles tiveram dificuldades para realizar
seus projetos, mas não desistiram diante dos obstáculos. Quanto maior a difi-
culdade, maior o valor da conquista. Abraão e Sara vão acreditar quando tudo
indica que devem desistir. Mas eles não desistem; sabem o que querem. E as-
sim, diz a Bíblia que, mesmo na velhice, Sara, esposa de Abraão, concebeu. E
de seu filho Isaac nasceu um povo imenso: o povo hebreu, cuja fé monoteísta
tornou-se conhecida por todos.
- Também nós somos parte deste povo numeroso que Abraão sonhou, pois dele
recebemos a fé no Deus vivo. Somos herdeiros da fé professada por Abraão e
de seus sonhos. Resta-nos manter a força e a coragem de Abraão para continuar
lutando em busca de nossos projetos e sonhos. Faz parte da fé cristã sonhar, de-
sejar, buscar e lutar sempre mais. Nós cristãos somos guerreiros como nossos
antepassados e como Jesus que não desistiu de construir um mundo novo, um
reino de amor. Ele enfrentou até a morte e venceu-a, pois não há limites para o
sonho.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e distribuir o texto abaixo pedindo que leiam e
debatam as questões.
- Terminada a leitura e o debate, fazer um plenário com todos os grupos.

Pão com queijo

Manoel era português e havia se mudado para o Brasil com sua família ain-
da muito jovem. Aqui ele, seus pais e seus irmãos viveram a vida toda, contando
causos de Portugal e guardando enormes saudades da Terrinha Natal. Seus pais
morreram; Manoel casou-se com uma portuguesa e constituiu família no Brasil,
tendo uma penca de filhos, sendo Joãozinho o mais novo deles. Manoel estava
feliz aqui, mas seu coração estava mesmo na Terra do Tejo.
A saudade foi tanta que Manoel e sua família resolveram voltar para Portu-
gal. Manoel, que era padeiro, disse à sua esposa e sua prole: “Vamos voltar para
Portugal!”. Manoel, Maria e seus seis filhos se animaram. Em tempos que avião
não existia, apenas navios para cruzar os mares, Manoel vendeu sua padaria e,
com o dinheiro, comprou as passagens de navio para toda a família. Antes, porém,
encheu alguns sacos de pão e colocou queijo dentro. Seria o alimento da viagem.
Iniciada a viagem, ele e seus filhos nem se arriscavam a sair do navio, para
não serem tentados a frequentar o restaurante e ver todas aquelas maravilhas às
quais não tinham acesso. No primeiro dia – que delícia – pão com queijo. No se-
gundo dia, pão com queijo, ainda bem saboroso. No terceiro dia, pão com queijo.
Joãozinho não aguentou e reclamou. Mas o pai conteve os ânimos do filho. Era
preciso um pouco de sacrifício para chegar a Portugal. No quarto dia, pão com
queijo. Joãozinho reclama e buscava uma solução. No quinto dia, o pão com quei-
jo não descia mais. Mas era preciso se esforçar, pois ainda havia muito mar pela
frente. Toda a família dizia a Joãozinho que se conformasse e não reclamasse
mais. Então foi assim a viagem toda: pão com queijo... queijo com pão... e João-
zinho aborrecido sempre desejando uma comidinha saborosa, sentindo o cheiro
delicioso que vinha do restaurante do navio. E já ninguém aguentava mais ver
aquele pão velho, seco, aquele queijo maduro, com cheiro forte, mas era preciso
se conformar.
Só Joãozinho, o filho mais novo, não estava conformado. Depois de vinte e
cinco dias de viagem, não aguentou mais. Ele queria algo melhor. Fugiu do quarto
e aventurou-se pelo navio até chegar ao restaurante. Faltavam apenas dois dias
para chegar a Portugal, mas ele estava desesperado. Sentou, comeu, bebeu... e
nem se preocupou com a conta. Já não aguentava mais pão com queijo. Na hora
do acerto, o garçom apelou: “Como assim não tem dinheiro?”. Joãozinho só tinha
a passagem no bolso. O garçom pegou a passagem, olhou e sorriu. “Não esquente
a cabeça, menino; no preço da passagem, estão incluídas todas as refeições!”, dis-
se a Joãozinho que tremia de medo.
Manoel e sua família tinham direito a um banquete e passaram toda a tra-
vessia do mar a pão com queijo. Joãozinho não acreditou no que ouviu. E se per-
guntava: “Por que não me arrisquei antes a conquistar meus desejos?”.

Conclusão
Sonhar é bom e importante; conformar-se com a vida, como se ela não pu-
desse nos oferecer nada mais, é um erro. A vida tem novidades reservadas para
nós, por isso é tão importante sonhar. O sonho alimenta o ânimo; faz a vida fluir e
o desejo crescer sempre mais. Abraão e Sara sonharam com um povo de fé, com
uma vida diferente, plena, feliz. E o sonho deles foi realizado. Parecia impossível
que o sonho de Abraão e Sara se realizasse. Eles já estavam velhos e cansados...
Joãozinho sonhou com uma viagem mais prazerosa, pratos saborosos, refeições
deliciosas. Nunca é tarde para sonhar, para fazer planos, para projetar, para ter
boas ideias e nelas investir forças. Se Abraão e Sara, já velhos, mantiveram seus
sonhos acesos e os viram se realizar, quanto mais os jovens devem sonhar alto,
devem ter projetos e neles colocar suas energias.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Fazer silêncio para rezar. Pedir que todos fechem os olhos, abaixem a cabeça
e pensem nos projetos que desejam realizar. Motivar: “Cada um de nós tem
um sonho; cada um de nós tem seus projetos. E é muito importante sonhar
sempre, pois os sonhos trazem força para a vida. Quando a gente tem uma
meta, a gente se esforça e corre atrás do sonho como fez Abraão, mesmo que
pareça impossível. Vamos pedir a Deus que nos dê seu Espírito de força e
garra para que não desanimemos de nossos sonhos e projetos”.
- Cantar a música nº 8.
- Erguer as mãos e rezar a oração ao Espírito Santo, pedindo a Deus que nossos
sonhos sejam alimentados pela força da fé.
- Cantar a música número 1.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Na Bíblia não é raro encontrarmos mulheres estéreis, sempre sonhando ter fi-
lhos e lutando para este fim. A gente chega até a se perguntar por que tanta mu-
lher estéril naquele tempo: Sara, esposa de Abraão; Rebeca, esposa de Isaac;
Raquel, esposa de Jacó; Ana, mãe de Samuel; Isabel, esposa de Zacarias etc.
Seriam mesmo todas estéreis? Bom, parece que já ficou claro que a Bíblia não
faz um relato factual – dos fatos tais como eles aconteceram –, mas relatos teo-
lógicos. Este tipo de relato que fala de esterilidade faz parte dos chamados “re-
latos de heróis”. São relatos cuja finalidade é dificultar a vida de uma pessoa –
desde criança ou mesmo antes de nascer – para realçar sua importância e hero-
ísmo. Quanto mais difícil pra nascer, quanto mais dificuldade para sobreviver,
mais serão exaltados os feitos deste personagem. É o caso do relato de Sara. O
autor sagrado diz que Sara era estéril e velha, Abraão também velho, para real-
çar que Isaac – o filho da promessa – será pura graça de Deus; um personagem
muito importante para a continuidade da fé monoteísta.
- Ao falar sobre a importância de sempre sonhar sem jamais desistir dos proje-
tos, o catequista deve tomar muito cuidado para não estimular sonhos impossí-
veis e em vão. Aquele lema “querer, poder, realizar”, muito presente na mídia,
não faz parte do leque de lemas da fé cristã. Nós cristãos sabemos que há mui-
tas coisas que não vamos realizar, há sonhos que não vamos alcançar; há proje-
tos que nunca se tornarão realidade. Mas nem por isso devemos parar de sonhar
e de desejar sempre mais algo novo e bom. É preciso unir ao otimismo uma
boa dose de realismo e pé-no-chão.

1ª etapa

8º Encontro

CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Preparar um momento de confraternização.
- Preparar as faixas com os temas dos encontros e as preces, conforme indi-
cado no item 3.
- Fazer um cartãozinho com a prece: Bem viver em Cristo, um para cada ca-
tequizando. Veja modelo no final do encontro.
- Ensaiar bem as músicas.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar bem a proclama-
ção do Evangelho.

1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: “É uma grande ale-
gria nos reunirmos para rezar e bendizer a Deus ao final dessa etapa
de nossa catequese. Sejam todos bem-vindos; a todos Jesus acolhe
com alegria. Você pode chegar trazendo sua alegria, seus medos, suas
esperanças, suas angústias. Tudo que você traz é bem-vindo, pois você
é dom de Deus e nós te acolhemos como você é. Vamos alegremente
cantar a música número 6.
D - Na alegria de nosso encontro, iniciemos nossa celebração com o sinal
de nossa fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
- Se a turma preferir, o Sinal da Cruz pode ser cantado.
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês, renovando suas
vidas.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D - Motivar: No início deste encontro, recordemos o amor de Deus por
nós. Na jornada da vida, Deus está conosco. Ele é amor e amor fiel.
Ele nunca nos abandona; ao contrário, sua mão está sempre estendida
para nós. Agradeçamos a ele por seu amor. Cada um pode pensar algo
para agradecer. Vamos dizer: “Eu agradeço a Deus por minha família”
ou “por minha turma de catequese” etc. Depois de cada louvor, a tur-
ma toda dirá: “Obrigado, Senhor!”
- Convidar para cantar a música número 10.
D - Oremos: Ó Deus de amor e bondade, nós nos alegramos na vossa pre-
sença, pois, mesmo em meio às tribulações e angústias da vida, sabe-
mos que estais conosco. Nós vos pedimos: ajudai-nos a bem-viver pe-
la força de vossa palavra e de vosso amor. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
T - Amém.

2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se sentar e se acalmar para ouvir a Palavra de
Deus.
- Comentar: vamos ouvir um belo texto do Evangelho de João, que nos
fala sobre a vida em abundância que Deus reservou para nós. Ou-
çamos atentos, mas antes cantemos a música número 2.
L - Proclamação do Evangelho de João - Ler na Bíblia.
Jo 10,7-10
C - Convidar a turma para partilhar a leitura.
• O que Jesus disse que ele próprio é? O que significa isso?
• Quem passar pela porta que é Jesus, o que encontrará?
• O que Jesus veio trazer para nós, suas ovelhas?

D - Concluir:
Como refletimos durante toda esta etapa, a vida é mesmo estranha e
cheia de agonias e problemas, mas Jesus é a porta para uma vida plena e
cheia de paz. Quem entra em relação com Deus e trava com ele grande
amizade, nunca mais ficará sozinho, nunca mais ficará sem apoio. Ele é a
porta para uma vida de verdade. Todo outro caminho acaba nos decepci-
onando. Todas as outras portas apontam pequenos oásis, mas só Jesus dá
vida plena de fato. Todos aqueles em quem colocamos nossa esperança
antes dele não são pastores de verdade. Nenhum deles pode nos trazer
realização e força para viver bem. Jesus é a porta. Ele é a saída que pro-
curamos; a força de que precisamos. Ele nos conduz para boas pastagens,
como um pastor faz com suas ovelhas. Por isso, acolhemos sua mão es-
tendida e deixamos que ele nos conduza para a vida.

3. RITO DE RENOVAÇÃO

C - Convidar a turma para renovar o compromisso com a vida.


- Explicar: Depois de perceber que Jesus está nos oferecendo vida ple-
na, vamos rezar pedindo a ele que nos ajude a conquistar essa liberda-
de de filhos de Deus.
D - Convidar a turma para fazer preces. A resposta da assembleia será:
“Vem nos ajudar, Senhor!”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A vida tem seus dramas” e de-
positá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nossa vida tem seus dramas,
tem pelejas, tem problemas. Ajuda-nos a viver na tua presença e a
conviver com os dramas da vida, sem perder a alegria e a paz”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A fé e outras virtudes” e depo-
sitá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nesta vida cheia de dramas e
sofrimentos, a fé e as outras virtudes nos ajudam a bem-viver. Aumen-
ta, Senhor, a nossa fé e sustenta-nos na caminhada para que não vaci-
lemos”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A responsabilidade pela própria
vida” e depositá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nossa vida foi entregue a nós
como um dom. Ajuda-nos a assumir nossa vida, sem empurrar para os
outros a culpa de nossos desacertos”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A superação das dificuldades” e
depositá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, diante das dificuldades, o
mais fácil é chorar e reclamar da vida, mas nós que cremos no Senhor
não queremos desanimar. Ajuda-nos a superar nossas dificuldades na
força de sua amizade”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A alegria juvenil” e depositá-la
no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nossa vida juvenil nos reser-
va alegrias imensas. Ajuda-nos a viver essa alegria na sua presença”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A importância das escolhas” e
depositá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nossa vida é feita de escolhas
que dirigem nossos caminhos futuros. Ajuda-nos a discernir esses ca-
minhos para bem escolher e vivermos livres e felizes”.
- Entrar um catequizando com a faixa: “A importância de sonhar” e
depositá-la no centro da roda.
- Outro catequizando reza: “Senhor Jesus, nossa vida é movida por de-
sejos e sonhos. Ajuda-nos a continuar sempre sonhando sem desani-
mar, mesmo quando a vida nos dá umas rasteiras”.
C - Cantar a música número 17.
C - Convidar os catequizandos para rezar juntos uma bela oração, com-
prometendo-se com Jesus a cuidar bem do dom da vida que ele nos
deu. Distribuir o cartãozinho com a prece para cada um.
4. RITOS FINAIS:
D - Oremos: Estamos contentes, ó Deus de amor, pois sabemos que Jesus
está conosco nos iluminando e fortalecendo. Ajudai-nos a prosseguir
sempre buscando em vosso Filho força para bem viver. Por nosso Se-
nhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
T - Amém!
D - O Senhor esteja convosco.
T - Ele está no meio de nós.
D - Abençoe-nos o Deus amoroso e bom: Pai, Filho e Espírito Santo.
T - Amém!

C - Dar os avisos necessários.


- Motivar para o próximo encontro.
- Cantar a música número 13.
- Fazer confraternização, se assim foi combinado.
- Encerrar, à vontade.
Segunda Etapa
Conhecendo a si mesmo
Esta etapa ajudará nossos jovens a prosseguirem seu caminho na aven-
tura do autoconhecimento. A vida tem seus dramas, suas alegrias e esquisitices.
Mas não é só a vida que é esse mistério grandioso que não damos conta de expli-
car. Nós mesmos somos um mar tão profundo e grandioso, que nos surpreende-
mos com nós próprios. Somos uma mistura de luzes e sombras, de certezas e inse-
guranças, de virtudes e defeitos que ora conhecemos e que ora nos surpreendem.
Não somos tão previsíveis quanto parecemos a princípio. Nem somos tão iguais
aos outros como poderia parecer. Cada um tem seu temperamento, suas caracterís-
ticas próprias. E é sobre isso que vamos falar nesta etapa.
Pode ser que, a princípio, o tema pareça tão novo que o catequista fi-
que inseguro, pensando: “Não sou psicólogo, como poderei falar sobre essas ques-
tões que dizem respeito à pessoa humana e suas esquisitices? Como falar sobre
temperamento, personalidade, caráter?”. Mas não é preciso temor. Este livro é de
catequese, não de psicologia. Basta ao catequista desejar também fazer a aventura
desta jornada para dentro de si. Não só os adolescentes precisam se conhecer e
investir na árdua e trabalhosa tarefa do autoconhecimento. Também o catequista
será beneficiado com tal empreendimento!
A fé cristã será a mediação desta viagem para dentro de si mesmo.
Tomaremos textos bíblicos que mostram a jornada de muitos em busca de si, seus
conflitos, suas lutas, derrotas, vitórias... Personagens bíblicos serão ponto de par-
tida para falarmos dos principais temperamentos: colérico, melancólico, sanguí-
neo e fleumático. E mostraremos por meio deles como as pessoas são diferentes,
cada qual com suas características, fazendo seu próprio caminho e buscando ser
aceito tal como é. Esta etapa nos ajudará não só a aceitar a nós mesmos, mas tam-
bém às pessoas com quem convivemos, tão diferentes de nós!
1º Encontro

A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER

1. Acolhida e oração inicial


- Receber a turma com alegria e atenção, dando a todos as boas-vindas. Cantar
músicas animadas. No fim do livro, há diversas sugestões.
- Depois, sossegar a turma e fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 8.
- Todos em roda, silenciar o coração para rezar.
- Motivar: “No começo deste encontro, peçamos a Deus que nos ajude a co-
nhecer bem nossa força interior, mas também nossas fraquezas e limites. Pode
parecer estranho, mas a gente não se conhece como deveria. Muitas vezes
sentimos e pensamos coisas que nós mesmos não entendemos. Muitas vezes
nos surpreendemos com nós mesmos. Temos dentro de nós uma área escura e
sombria, que nós mesmos não conhecemos. E, quando menos esperamos, essa
treva se manifesta em forma de muitas emoções que fogem do nosso controle.
Mas Jesus, que nos conhece por inteiro, pode nos ajudar a lidar com tudo isso
com tranquilidade e paz. Ele vai com sua luz lá naquela região escura à qual
nem nós mesmos temos acesso. Ele ilumina os porões de nosso coração, de
nossa mente, de nossa alma. Vamos entregar tudo a ele com muita confiança,
na certeza de que ele nos ajuda a ser sempre melhores”.
- Cantar novamente a música número 8.
- Depois de breve momento de silêncio, o catequista convida a turma para repe-
tir com ele a seguinte prece: “Senhor Jesus, nós cremos no teu amor e na tua
bondade. Cremos que tua luz penetra o mais fundo do nosso coração e ilumi-
na todo o nosso ser. Nós queremos, Jesus, que tua luz arranque toda treva de
nós e ilumine todo o nosso ser. Amém!”
- Cantar novamente a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Nesta etapa, em nossos encontros, vamos conversar um pouco sobre nossos
sentimentos, emoções, afetos... tudo o que pensamos e sentimos, o modo como
enfrentamos a vida, o jeito como nos comportamos diante das diversas situações
que a vida nos oferece. O mundo das emoções e sentimentos é como o mar: belo,
profundo, desconhecido. Vai e volta nos surpreendemos com um sentimento meio
estranho que invade nosso coração e ocupa nossa mente. Às vezes pensamos que
estamos preparados para o que der e vier e, de repente, somos surpreendidos por
nós mesmos. Nossas emoções nos traem; nossos sentimentos nos enganam; nos-
sos ímpetos de força e coragem vacilam e voltamos atrás em nossas decisões. Na-
da anormal. Na leitura de hoje veremos como Pedro foi traído por suas emoções.
Pedro amava Jesus e achava que daria conta de ser fiel a Jesus até o fim, mas o
medo falou mais forte. Todo mundo está sujeito a ser traído pelas próprias emo-
ções.

Texto: Lc 22,31-34
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Por que Jesus diz que vai orar por Pedro?
• Pedro acha que precisa da força da oração?
• O que Pedro promete fazer?
• Mas o que Jesus diz que Pedro fará?

Aprofundamento
- Este diálogo de Pedro e Jesus está no fim do Evangelho de Lucas. Jesus está
em Jerusalém e há um complô para matá-lo. As autoridades religiosas, que se
sentiram ameaçadas pela pregação de Jesus, querem acabar com ele; ele está
incomodando, atrapalhando a ordem religiosa, ameaçando os poderosos da re-
ligião com a novidade de sua pregação.
- Na hora da perseguição, Jesus não pode contar com as leis judaicas, pois as
autoridades religiosas podem manipulá-las contra ele. Também não pode con-
tar com as leis romanas, pois ele é um pobre nazareno e não têm direitos. Je-
sus só pode contar com a amizade e a fidelidade de seus amigos.
- Então Jesus diz a Pedro que vai rezar por ele para que fique fiel para ampará-
lo na hora em que ele mais precisar. Jesus afirma que satanás quer permissão
para peneirar Pedro. Na Bíblia, satanás é tudo aquilo que não faz a vontade de
Deus, ou seja, o antirreino, aquilo que se opõe ao reino de Deus, todas as for-
ças que não querem que o Reino de Deus aconteça. Satanás não é o capeta,
aquele de rabo e chifres das imagens do inferno que preenchem nossa imagi-
nação. Satanás é a força contrária; ou seja, tudo que seduz e alicia Pedro para
que ele seja infiel ao projeto de Deus, e não fiel como Jesus.
- Jesus não quer que Pedro faça parte deste antirreino. Pedro é discípulo: deve
construir o reino. Mas sempre é possível mudar de lado, trair, fraquejar, en-
ganar. Então, Jesus torce para que isto não aconteça com seu amigo.
- Jesus faz essa torcida, não só por si mesmo, para que Pedro o defenda na hora
da dor, mas também por Pedro, pois ser infiel e traído pelas emoções não é
boa coisa. Jesus não quer que Pedro seja surpreendido por seus afetos desor-
denados, pelas emoções pouco conhecidas que habitam seu interior, como o
medo, o desejo de preservar-se, a angústia da perda do amigo.
- Então, Jesus reza por Pedro, torce por ele. E lhe diz que satanás pede permis-
são para peneirá-lo. Naquele tempo, como o povo não sabia explicar por que
a vida tinha tanta coisa ruim, culpava satanás, ou seja, culpava algo que é
contra Deus. Então, pensava-se que, como Deus é poderoso e manda em tudo,
satanás devia pedir permissão a ele para fazer o mal (como em Jó: Satanás
pede permissão para ferir Jó). Para que não aconteça que Pedro seja surpreen-
dido pela vida, Jesus reza por Pedro, para que ele tenha forças.
- Mas Pedro acha que não precisa da oração. Ele pensa que já está pronto. Pe-
dro não sabe que dentro de si moram coisas ruins que ele desconhece. Pedro
está muito confiante em si mesmo; esqueceu-se de que nós podemos nos trair,
nos enganar. Quando pensamos que nossos afetos estão sob controle, lá estão
eles desordenados e loucos, a desbaratar nossa estabilidade. Foi o que aconte-
ceu com Pedro. Toda autoconfiança não foi suficiente para mantê-lo na fide-
lidade. E ele traiu Jesus como Jesus havia desconfiado (cf. Lc 22,54-62).
- Esta narrativa do Evangelho mostra como estamos sujeitos a nos enganar a
respeito de nós mesmos. Às vezes nos achamos fortes e nos deparamos fracos
diante do primeiro obstáculo. Ou o contrário: às vezes achamos que vamos
sucumbir, desanimar, e encontramos uma força dentro de nós que nem sabía-
mos que existia. Às vezes achamos que amamos, mas esse amor é só insegu-
rança ou medo de ficar só. E o ódio pode ser só um modo de pedir para ser
amado. Etc. Às vezes achamos que vemos claramente, mas nossos olhos estão
vendados. Nossos sentimentos não são muito confiáveis... Daí a importância
de deixar Jesus entrar em nosso coração e iluminar os recônditos mais obscu-
ros que há em nós.
- Nossa vida não é feita só do que conhecemos de nós mesmos. Há muita coisa
em nós que foge ao nosso controle. Vejamos o quadro abaixo.
Eu conheço Eu conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
Eu não conheço Eu não conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem

- A parte de cima deste quadro representa o consciente. Todos nós temos uma
parte de nossa vida que conhecemos bem: é fruto do autoconhecimento, da
memória, da caminhada pessoal. O consciente está dividido em duas partes.
Uma delas eu dou a conhecer aos que me cercam, aqueles que convivem co-
migo. Nesta área está a nossa vida pública; aquilo que somos diante dos ou-
tros. Fazem parte desta área as emoções que deixamos transparecer, sem me-
do de reprimendas ou coerções. É a área clara da gente. A outra parte, nós a
guardamos só pra nós, faz parte de nossos segredos, ou a revelamos a alguns
poucos escolhidos em quem confiamos. Há, pois, emoções, sentimentos que
temos receio de partilhar. As pessoas que não nos amam podem não entender
o que sentimos, o que pensamos, o que somos... Então nós nos fechamos e
preservamos nossa intimidade e este é um direito nosso. É uma área clara da
nossa vida, mas que não partilhamos com todos; só com alguns mais íntimos,
para não nos expor nem ficar sujeitos ao juízo alheio.
- A parte de baixo é o inconsciente. O inconsciente é um desconhecido para
nós mesmos. É a área escura da nossa vida; nem nós conhecemos. Parte desta
área está oculta para nós, mas é bem visível para outros. Algumas pessoas que
vivem conosco nos percebem, veem nossas reações, acompanham nossas
emoções diárias e fazem uma leitura de nossa vida. É o que aconteceu com
Pedro: ele achou que sabia de seus afetos e emoções, mas Jesus – seu amigo –
sabia de Pedro melhor que ele, por isso Jesus se preocupa com ele na hora di-
fícil da cruz. A outra parte da nossa mente é mais obscura ainda: ela não vem
à tona a não ser em ocasiões muito raras: em atos falhos, sonhos e outras oca-
siões específicas. Esta parte da nossa mente guarda monstros e segredos, co-
mo um lago limpo e cristalino que esconde sujeira debaixo da transparência
de suas águas. Esta área só Deus conhece, pois ele nos conhece por inteiro.
Então só ele pode nos ajudar a lidar com estas emoções e traumas guardados
a sete chaves. Daí a importância de nos abrir cada vez mais para ele e confiar
em seu amor.
- Se Deus conhece a gente por inteiro, ele pode nos ajudar nesta tarefa. O auto-
conhecimento ajuda a gente a viver mais sensatamente, sem muitas surpresas
das emoções. Isso é vantajoso, pois gera o autocontrole, o domínio de si
mesmo, a boa convivência com a gente e com os outros.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Repartir com a turma a seguinte história e debater em grupo.

Quanto a gente vale?


Um dia, um jovem desanimado da vida, achando que não valia muita
coisa, procurou um mestre para ajudá-lo. Disse ao mestre: “Eu me sinto inútil e
sem valor; acho que só tenho defeitos e às vezes me comporto de modo como
nem eu mesmo entendo”.
O mestre pegou um anel que usava no dedo e pediu ao jovem: “Vá ao
mercado e venda esse anel para mim, mas não aceite menos que uma moeda de
ouro”.
O jovem foi ao mercado tentando vender o anel por uma moeda de ou-
ro. Mas pessoas do mercado não entendem de joias. Todos gostaram do anel,
mas o acharam muito caro. O jovem voltou desolado e disse ao Mestre: “Este
anel está muito caro. Talvez eu consiga vendê-lo por duas moedas de prata...”
O mestre então pediu ao jovem que levasse o anel a um joalheiro expe-
riente, que conhecia joias e poderia avaliar melhor o valor daquele anel.
O joalheiro pegou o anel e logo disse: “Diga ao seu mestre que, se ele
quiser vender agora este anel, só posso dar por ele 58 moedas de ouro. Mas da-
qui a alguns dias posso dar pelo anel 70 moedas de ouro”.
O jovem ficou surpreso e voltou ao mestre.
E o mestre concluiu. Esse anel é como você; está inseguro porque tem
sido avaliado por pessoas que não conhecem o seu valor. Por isso, é importante a
gente se conhecer bem, para não pensar que valemos menos que uma joia preci-
osa. Só quem conhece o valor das pessoas pode se sentir valioso na vida.

Questões:
• Que conclusão podemos tirar desta história a respeito da importância de nos
conhecermos bem?
• Será possível uma joia preciosa ser confundida com uma bijuteria? E será
possível que nosso valor seja menosprezado por pessoas que não nos conhe-
cem direito?

Conclusão
Nossas emoções, nossos sentimentos e, consequentemente, nossas reações
diante dos fatos da vida são sempre meio imprevisíveis. Nós podemos nos surpre-
ender com nós mesmos, como Pedro diante da perseguição que seu amigo Jesus
sofreu. Toda autoconfiança de Pedro não foi suficiente para garantir fidelidade ao
seu amigo na hora da dor. Jesus sabia disso e por isso avisou a Pedro que rezaria
por ele. A oração é força para superar nossos instintos mais primitivos, nossas
emoções mais desordenadas... Deus – que nos conhece por inteiro – sempre nos
estende a mão e nos ajuda a enfrentar as surpresas que temos com nós mesmos. A
confiança em Deus e no seu amor é uma aliada importante. Ela não nos deixa de-
sesperar; ela nos ajuda a ficar firmes quando o vento sopra contrário e o barco de
nossa vida parece que vai afundar, ela nos ajuda a ter coragem de entrar em nós
mesmos, naquelas regiões escuras que ainda desconhecemos, para fazer uma faxi-
na e recomeçar a vida com mais força.

4. Oração final e encerramento


- Convidar a turma para rezar.
- Cantar a música número 4.
- Dar as mãos e juntos rezar: “Ó Deus de amor, ao final deste encontro, nós que-
remos acolher tua presença e tua força. Somos teus amigos e confiamos em ti.
Por isso, nós te pedimos que abençoe cada um de nós e nos fortaleças na jorna-
da do autoconhecimento. Fica sempre junto de nós, Senhor, nos amando e am-
parando, nos ajudando a clarear as áreas mais escuras de nossa vida. Ajuda-
nos, Jesus, com seu amor. Com a tua presença, posso ser mais forte, posso ser
melhor, posso amar mais. Amém!”.
- Cantar de novo a música anterior, se for oportuno.
- Ao final, rezar o Pai-Nosso.
- Motivar para o próximo encontro.
- Encerrar cantando a música número 1.

Dicas para o catequista


- Apareceu no texto bíblico a expressão satanás. Normalmente, quando lemos este
nome, associamo-lo com o Diabo ou o Capeta, que faz parte da religiosidade
popular católica. Seria bom entender que, na Bíblia, a expressão demônio, diabo
ou satanás não indica o mesmo que o Capeta do imaginário católico. No tempo
em que a Bíblia foi escrita, não havia esse imaginário pós-morte com céu cheio
de santos, inferno cheio de demônios, purgatório cheio de tormentos etc. Fora
raras exceções, na Bíblia, o demônio é uma figura de linguagem para expressar
a força do mal, tudo aquilo que se opõe ao reino de Deus, ou para explicar o
inexplicável. Assim, toda doença que não tem explicação (febre, epilepsia, sur-
dez e cegueira de nascença etc.) é obra de espíritos imundos.
- Na Escritura, satanás ou demônio é o tentador; ele tenta a todos, prova a todos,
como fez com Jó, com Jesus, com Pedro. Daí a expressão que apareceu no
Evangelho “satanás quer te peneirar”. Essa tentação não significa que Jesus ou
Pedro estivessem com o capetinha falando aos seus ouvidos. Na cultura bíblica é
assim: Deus não pode fazer o mal, só o bem. Mas então como o mal acontece?
O mal é obra do diabo, mas, para o mal acontecer, pensavam eles, Deus deve
permitir que o diabo o faça. Estranho, não é? Mas para o povo da Bíblia bastava
isto. Para nós, a resposta é bem mais complicada. Deus não faz o mal nem per-
mite o mal: o mal vem dos limites da vida ou do mau uso da liberdade. Mas isso
é assunto controverso, que deve ser deixado para outra ocasião.
- Dessa explicação pode surgir uma dúvida maior. Se satanás ou diabo é uma figu-
ra de linguagem, então o Demônio, aquele ser perverso que – na cultura popular
– faz estrago na vida dos cristãos, não existe? Não é bem isto. Ao afirmar que o
diabo da Bíblia é uma figura de linguagem e não deve ser entendido com o Dia-
bo (com D maiúsculo), estamos apenas evitando interpretações equivocadas das
Escrituras. Se o Demônio ou Diabo existe ou não, se ele se apossa do corpo dos
outros ou não, é outro problema que requer uma discussão muito ampla que não
cabe aqui. Mas certamente não é como o senso comum pensa: Deus é o deus do
bem; o diabo é o deus do mal. Isso é maniqueísmo (um pensamento antigo que
separa em dois grupos o bem e o mal) e não cristianismo. Para a fé cristã, só há
um Deus e ele é amor: o Pai de Jesus Cristo, que manifestou seu amor no seu Fi-
lho e nos deu seu Espírito Santo. Quando a Igreja afirma que o Diabo ou Demô-
nio existe, baseia-se em todo mal presente no mundo, que parece superar a pró-
pria capacidade humana de fazer o mal. Então, parece que há algo que sugere o
mal mas que, em última instância, sempre depende do ser humano para se con-
cretizar, para acontecer de fato. O Diabo deve ser entendido, então, como o ge-
rador do mal, mas não como um deus do mal que concorra com o Deus de Jesus
Cristo.

2º Encontro

AS PESSOAS SÃO DIFERENTES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com toda a atenção. Fazer momento de animação, cantando
músicas apropriadas. Que tal a número 6?
- Sossegar a turma para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz, lembrando que o Deus da vida está conosco nos ani-
mando e fortalecendo em nossa caminhada.
- Convidar a turma para rezar. Motivar: “No começo deste encontro, vamos
pedir ao Espírito Santo que nos ajude a viver nossa vida com força e ânimo.
Jesus prometeu que daria seu Espírito a todos nós para que a gente não de-
sanimasse nunca de lutar e melhorar. Nós cremos na promessa de Jesus e
buscamos no Espírito Santo que ele nos prometeu a força para enfrentar a vi-
da e todos os problemas que ela nos apresenta. Em nosso coração está o Espí-
rito santificador; ele nos consola, nos anima e nos capacita para toda obra
boa”.
- Convidar a turma para cantar a música número 8.
- Depois de cantar várias vezes, o catequista convida a turma para repetir a pre-
ce seguinte: “Manda sobre nós, Jesus, o teu Espírito Santo que é força e luz.
Não nos deixes desanimar na caminhada. Infunda sobre nós, Senhor, o sopro
revigorador do Espírito e nós teremos força para continuar a caminhada de fé.
Amém!”.
- Rezar a oração ao Espírito Santo.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir agora um belo texto da Carta que o apóstolo Paulo escreveu
para os cristãos de Roma. Paulo soube, por meio de uns amigos, que lá em Roma
havia muita gente que tinha aderido à fé cristã. Essas pessoas procuravam seguir
Jesus, mas estava havendo desavenças entre elas. Algumas se achavam maiores
que as outras e desprezavam as mais frágeis. Paulo vai lembrar que somos dife-
rentes, mas cada qual a seu modo serve ao Senhor; e isto é o que importa.

Texto: Rm 12,3-8
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que Paulo recomenda a seus irmãos da comunidade de Roma?
• Qual a imagem que Paulo usa para falar das diferenças que há entre nós?
• Algum dom é mais importante ou melhor que outro?
• O que Paulo recomenda que cada um faça com seus dons?

Aprofundamento
- A primeira recomendação de Paulo é muito importante: que ninguém faça de si
uma ideia muito elevada (v.3a). Foi o que vimos no encontro anterior. Pedro es-
tava equivocado a seu próprio respeito. Fez uma imagem elevada de si mesmo:
achou que tinha forças para enfrentar tudo, mas descobriu muitas fraquezas em
seu coração.
- Cada um deve procurar se ver segundo a medida do bom senso e da fé (v.3b),
diz Paulo. A medida do bom senso: a vida ensina por mil modos que não somos
tão bons quanto pensamos. A medida da fé: a fé cristã ensina que somos frágeis,
passíveis de erros, com possibilidades múltiplas de nos equivocar, de nos enga-
nar e de pecar. Então, melhor desconfiar de nós mesmos.
- Ora, somos fracos, mas cada um tem seus dons, suas virtudes, suas forças... por
isso, somos tão diferentes. O que é força em um é fraqueza em outro. O que falta
em um sobra em outro. Somos muito diferentes, como os membros do corpo.
Todos são membros; todos pertencem ao mesmo corpo, mas cada um é de um
jeito e tem uma função específica (v.4-5).
- Aí é que está o bom. Na diferença a gente se completa. Cada um exerce seu dom
em função do outro, para bem do outro e todo mundo ganha com isto. A diferen-
ça é uma riqueza.
- Paulo está falando da diferença no exercício dos ministérios que surgem na co-
munidade eclesial graças à fé: dom de profecia, serviço, exortação etc. Mas po-
demos estender isso a outros aspectos da vida. A diferença é uma graça, não um
problema. A uniformidade é um problema; ela é medíocre; massifica, empobrece
a convivência, gera intolerância e preconceito quando o novo aparece... A diver-
sidade não: ela é aberta, acolhedora, simpática, inteligente. Não dá para viver
bem com os outros sem essa abertura, sem essa disposição para acolher o dife-
rente.
- Ora, se na comunidade cristã – conforme disse Paulo – já é necessária uma aber-
tura para a compreensão de que somos membros do mesmo corpo, mas diferen-
tes uns dos outros, quanto mais na sociedade onde as pessoas não têm a mesma
fé, nem o mesmo modo de compreender a vida. Se a gente se fecha em conceitos
– ou preconceitos – que não nos deixam acolher o diferente, a convivência fica
insuportável, ainda mais hoje quando o mundo é mesmo plural e diversificado.
Para que a vida seja leve e a convivência fraterna, é muito importante eliminar
os preconceitos e acolher o diferente como fez Jesus. Ele acolhia as pessoas do
jeito que elas eram. No seu tempo havia muito preconceito: em relação aos co-
bradores de impostos, às mulheres, aos doentes. Jesus convivia fraternalmente
com eles e ignorava o preconceito da sociedade. Assim devem se comportar os
seguidores de Jesus.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, sugerimos mais de uma atividade. Os catequistas devem discernir
o que fazer: podem fazer uma ou outra atividade; ou podem também preparar
todas elas e deixar a própria turma escolher o que deseja fazer no encontro.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um trabalho de grupo: listar os preconceitos da
sociedade atual.
- Ao final, fazer um cartaz ou um teatro sobre os preconceitos.
Sugestão 2
- Dar a cada um papel e lápis e pedir que façam uma lista de como se sentem ou
reagem diante do diferente, por exemplo, diante de homossexuais, de gangues,
de grupos com formatos próprios que achamos estranhos.
- Depois, partilhar em pequenos grupos o que escreveram.
- Fazer plenário geral. O catequista anota num grande cartaz as emoções relata-
das, por exemplo, aversão, raiva, piedade, medo, indignação etc.
- Conversar sobre essas emoções, vendo como a tolerância e o diálogo podem
ajudar a vencer os preconceitos e a gerar um clima mais irmão e fraterno.
Sugestão 3
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras. Em duplas, procurar palavras que
indicam atitudes que podem facilitar ou dificultar a convivência com o diferente.
- Conversar sobre essas atitudes, vendo os prejuízos e benefícios das mesmas.

A C F T I B UP O NL C O N WQ R A T E B X I
I S I N D I F E R E N Ç A V R U M E WJ U WX
D A R U F G UR E MU MC U R I O S I D A D E
A B E X E Y MI J KÇ V O J U Y Ç E ME WI U
WE S A N G AL E VX U L O Ç T X K P A MD D
P R E C O N C E I T O N H E J N H E L I Y E I
T T Q U A C I MÇ UK V I Y Ç V Y U I Q U X A
B U S K Ç E XV A Ç I MD WI N Ç A C U M
X I L
S R C U I D AD O S G I A N D O M I A L G U O
X A M J Y WO J A DE S C
A O N F I A N Ç A H G
V F A E MA Y WD I Y WU I MA R M C I S L O
B I R
A R I T AÇ A OP E D Y R MA N I L Y E X
E V E N MO G I M AG Y V E D A G R A P O MU
Q Y O U Y A WT O L E R A N C I A B U
MA G E M
I J Y A ME Y I D AY D G E R Y C D T
O Y E A B
R
Conclusão
Cada um de nós tem seu jeito próprio: dons, talentos, carismas e também de-
feitos, manias, gostos diferentes. Fazemos opções diferentes; gostamos de coisas
diferentes, pois somos diferentes e isto é uma riqueza. Como Paulo recomenda
que a comunidade pratique a humildade e reconheça o valor de cada um, assim
nós devemos também reconhecer cada pessoa – na sua diferença – como um dom
de Deus na nossa vida, sem preconceitos ou intolerâncias.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para encerrar rezando.
- Cantar a música número 12.
- Distribuir com a turma os cartões com a oração: “Porque somos diferentes”.

Porque somos diferentes


Obrigado, Senhor,
Porque somos obra maravilhosa e cheia de mistérios.
Obrigado, Senhor,
Porque somos únicos e podemos nos aceitar assim como somos.
Obrigado, Senhor,
Porque somos diferentes e isto é sinal de riqueza e encantamento.
E, porque somos diferentes,
Podemos nos amar e admirar,
Podemos crescer com o outro e aprender coisas novas.
Podemos respeitar o que o outro é e exigir que nos respeitem como somos.
Podemos nos complementar e nos fazer bem.
Podemos ser livres para conviver com as diferenças sem preconceitos.
Podemos ser nós mesmos e viver sem fingimento.
Obrigado, Senhor,
Porque somos amados pelo Senhor do jeito que somos.
Amém!

- Cantar a música número 13. Dar o abraço da paz.


- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar algo bem animado antes de despedir a tur-
ma?

Dicas para o catequista


- Pode ser que durante a partilha apareçam temas como homossexualidade, tra-
vestismo, grupos de emos, gangues etc. É muito importante o catequista não
incentivar nenhum tipo de intolerância, com qualquer pessoa ou qualquer gru-
po, nem tomar posições radicais dizendo que a fé cristã não aceita isso ou aqui-
lo. A fé cristã aceita a todos, cada um do seu jeito, apesar de não incentivar cer-
tas atitudes nem ver algumas como saudáveis. Nesses encontros, é bom deixar
a turma livre para falar, se expressar sem medos. O catequista não tem obriga-
ção de ter a palavra final sobre tudo, a não ser sobre a solidariedade e o amor
que devem reinar entre todos.
- Coisa muito comum é o bulling, tão frequente nas escolas e ambientes simila-
res, vitimando crianças e jovens. O bulling é caracterizado pela hostilidade de
uma maioria contra uma minoria, por exemplo, dos alunos de uma classe con-
tra um colega homossexual ou obeso. Seria bom o catequista ajudar os catequi-
zandos a perceberem que algumas brincadeiras são humilhantes, carregadas de
hostilidade, e não convém a uma pessoa respeitosa. Aos que já sofreram tal
perseguição, o catequista deve incentivar a buscar ajuda para superar as marcas
que podem ter restado. Deve também o catequista incentivar os catequizandos
a denunciar todo bulling sofrido, sem medo, seja na escola, num clube, na ca-
tequese ou em casa. Deve mostrar que não há vergonha em ser diferente. Ver-
gonhoso é não aceitar o diferente.

3º Encontro

AMÓS: O PROFETA CORAJOSO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com entusiasmo.
- Cantar músicas animadas de acolhida ou de louvor.
- Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz, cantando “Em nome do
Pai”.
- Motivar: “Estamos reunidos em nome do Deus fiel e bom que nos ama. Ele
nos quer bem e nos acompanha sempre. Diante de nossas fraquezas, ele está
conosco. Diante de nossa força, ele está conosco. Diante de nossas realiza-
ções, ele está conosco. Diante de nossos fracassos, ele está conosco. É por is-
so que podemos nos aceitar e nos amar do jeito que somos, pois ele nos co-
nhece e nos ama sem colocar condições. E nos ajuda no processo de conhe-
cimento de nós mesmos. Ele nos dá força para enfrentarmos aquilo que so-
mos. O que há de ruim em nós, ele nos ajuda a melhorar. O que há de bom em
nós, ele nos ajuda a fazer crescer ainda mais. Nós contamos com ele neste
processo de crescimento. Por isso, vamos entregar a ele nossa vida, cantando
a música número 7”.
- Depois de cantar várias vezes, encerrar dando as mãos e repetindo uma prece
com o catequista: “Recebe, Senhor, com confiança nosso coração e ajuda-nos
a crescer no amor e a melhorar nossa vida cada dia mais. Amém!”.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro de hoje, vamos conhecer um pouco do profeta Amós. Este pro-
feta atuou no século VIII aC, ou seja, quase 800 anos antes de Jesus nascer. Amós
é um profeta corajoso, cheio de garra, mas muito nervoso. Porém, esse estopim
curto de Amós foi muito útil no seu ministério. O povo daquele tempo estava
mesmo precisando de um corretivo. Amós vai corajosamente advertir sua gente.
Vai sobrar pra ele, pois sua profecia não vai agradar aos poderosos. Vejamos! Mas
antes, cantemos a música número 2.

Texto: Am 7,10-17
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Viram como é nervoso o profeta Amós?
• Quem ficou irritado com a profecia de Amós?
• O que Amasias disse a Amós?
• Amós se deixou intimidar? Como ele reagiu?

Aprofundamento
- Quem era Amós? Amós era um homem simples, do campo, que cuidava de
vacas e cultivava sicômoros para alimentá-las. Sicômoro é uma espécie de fi-
gueira selvagem, cujos frutos servem para alimentar o gado.
- Amós não tinha nenhum parente profeta. Naquele tempo era comum fazer
parte de uma família de profetas: pais, filhos etc. todos seguiam o caminho da
profecia. Amós não! Ninguém de sua casa tinha este ofício. Ele era um ho-
mem da roça. Mas coragem não lhe faltava. Ao saber que o povo do Reino do
Norte (Israel, cuja capital era Samaria) estava aprontando poucas e boas, ato-
lados na idolatria, Amós saiu do Sul (reino de Judá, capital Jerusalém) e foi
para o Norte profetizar para seus irmãos.
- Houve quem não gostasse da profecia de Amós, é claro, principalmente os
poderosos como o sacerdote Amasias que estava instigando o povo à adora-
ção de outros deuses. Mas Amós enfrenta até as autoridades religiosas; ele –
um zero à esquerda, um ilustre desconhecido – não se intimida: fala o que tem
que falar; faz o que tem que fazer. Quando advertido pelo sacerdote Amasias,
Amós se enche ainda mais de coragem e atrevimento e anuncia uma porção
de ruínas para Amasias.
- Há grandes vantagens em ser um profeta corajoso como Amós, mas há um
preço a pagar. Quase sempre, quem é muito corajoso também é muito irrita-
do, muito nervoso, fala o que vem na boca, magoa as pessoas, faz coisas das
quais pode se arrepender depois.
- Vejamos como Amós é tenso. Ele xinga as mulheres da Samaria de “vacas de
Basã” (cf. 4,1). Basã é um lugar. Acostumado com suas vacas teimosas lá em
Tequa, onde morava, Amós compara as mulheres da Samaria com um bando
de vacas bravas. Amós não mede as palavras; vai logo chamando as mulheres
de vacas. Ele não tem paciência para adverti-las com bons modos e carinho.
Amós despeja toda sua irritação em cima de quem o provoca.
- Outro exemplo: Em meio a tantas possibilidades de profetizar, Amós vai ado-
tar um estilo direto e veemente de pregação. Em vez de chamar o povo para
um diálogo amável, Amós avança. É bem verdade que aquela gente não que-
ria conversa, mas mesmo assim... Vejamos, por exemplo, Am 6,1-8. Amós é
duro e chega a falar que tem ódio do convencimento do povo do Norte. Fica
claro no texto o temperamento do profeta: colérico, com suas características:
decidido e corajoso, mas nervoso e irritado.
- Todo temperamento tem vantagens e desvantagens: virtudes e limites. O colé-
rico, por exemplo, tem a vantagem de ser decidido, de saber o que quer, de
tomar atitudes rapidamente, mas tem desvantagens: pode magoar os outros e
se magoar facilmente, tem dificuldades em negociar, é irritado e nervoso, di-
plomacia não é com ele.
- Como o colérico pode lidar com suas características e como tolerar essa ira
que invade o seu coração? Não é fácil. Uma pessoa irascível – que fica nervo-
sa à toa, com raiva das pessoas – carrega dentro de si um leão sempre pronto
a atacar. É preciso domar a fera todo dia. A gente doma hoje; amanhã ela já
perdeu toda a compostura e já está avançando de novo. Só Jesus com sua gra-
ça pode acalmar um coração assim. Só Jesus, manso e humilde de coração,
pode ensinar o colérico a mansidão e a doçura. Quem confia em Jesus entrega
a ele seu coração nervoso; pede a ele seu Espírito e começa vida nova. Isso
não quer dizer que a pessoa colérica vai receber uma graça como num passe
de mágica. Não! Todo dia, ela vai ter que domar o leão de novo. É um exercí-
cio para a vida toda. Com o passar do tempo, este leão pronto para atacar o
outro acaba sendo domesticado. Mas é preciso lembrar: ele não é um cordei-
rinho; é só um leão domesticado. Melhor não descuidar.
- Se por um lado o colérico é um perigo, por outro, sua vida é um dom. Seu
espírito de liderança, sua capacidade de mobilizar, sua coragem e intrepidez
são muito úteis e importantes. O colérico não teme dizer a verdade, não recua
na hora do aperto, não cruza os braços na hora do trabalho. O jeito, então, vai
ser incentivar suas virtudes e minar as forças de seus defeitos. Para quem
convive com o colérico, melhor aprender a relativizar seus ataques de ira.
Depois destes momentos, ele sempre repensa sua raiva e vem todo arrependi-
do recomeçar a amizade.
- Vejam só como foi útil o temperamento colérico de Amós; não é qualquer
profeta que daria conta da missão que ele recebeu. Ele poderia ser um pouco
mais gentil e diplomático? Certamente! Mas vamos admitir que a situação
não estava muito para diálogo; estava mais para um ataque surpresa. Foi o
que fez Amós e, mesmo com os limites da vida, cumpriu bem sua missão.

3. ATIVIDADE
- Dividir a turma em grupos e repartir a seguinte história. Pedir que leiam, reflitam
e respondam as questões propostas.

Lidando com a raiva


Era uma vez um garoto que tinha um temperamento muito explosivo. Um
dia, seu pai lhe deu um saco de pregos e uma tábua de madeira. E lhe disse: toda
vez que você ficar com raiva e perder o controle, pregue um prego na tábua.
O garoto achou estranho, mas topou. Não custava nada.
No primeiro dia, ele pregou mais de trinta pregos. Nos dias seguintes, en-
quanto ele ia aprendendo a controlar sua raiva, o número de pregos diminuía. Fi-
nalmente, chegou um dia em que o garoto não perdeu a paciência hora nenhuma.
Então, foi correndo agradecer ao pai que lhe ensinara a controlar a raiva. O
pai então pediu ai filho que retirasse os pregos da tábua. E refletiu com o garoto.
Você está de parabéns por ter controlado sua raiva. Mas veja esta tábua. Está to-
da furada. Nunca mais será a mesma. Assim, é na vida. Quanto você diz coisas
com raiva, suas palavras deixam marcas como estas. Por isso é tão importante
controlar as nossas raivas.

Questões:
• O grande desafio de quem tem um temperamento colérico é justamente este:
controlar-se para não se machucar e muito menos machucar os outros. Va-
mos conversar sobre isso?
• Você concorda que o temperamento colérico tem muitas vantagens? Quais as van-
tagens? E quais os prejuízos?
• Alguma vez você já ficou com raiva e saiu ferindo os outros?
• O que você faz para controlar a raiva e não avançar em quem está à sua frente?

Conclusão
Certamente as virtudes do colérico têm grande utilidade. Num grupo de pes-
soas, o colérico sempre tem destaque e tira o grupo da pasmaceira. Mas sua pre-
sença também pode causar transtornos, provocar tumultos. Nada como a força do
Espírito de Deus para equilibrar as coisas: com a graça de Deus toda ira e cólera
podem ser acalmadas e todo dom pode ser potencializado.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a oração: “Neste processo de autoconhecimento, é muito importante
confiar em Deus, pois ele é um Deus forte capaz de nos ajudar nesta tarefa.
Ele nos toma pela mão e nos guia neste processo. Sem ele, tudo fica mais di-
fícil. Com ele, tudo fica mais leve porque seu amor nos fortalece. Ele nos aju-
da a vencer os limites de nosso temperamento e a potencializar o que esse
temperamento tem de bom. Jesus, com sua força, nos ajuda a vencer muita
coisa”.
- Cantar a música número 5.
- Todos em silêncio, entregar a Jesus seu coração, pedir a ele que nos ajude a
vencer a raiva, o nervosismo, a irritação, a cólera... características do colérico
que podem causar atropelos e mal estar.
- Depois, pedir que Jesus ajude a potencializar o que há de bom: a coragem, a
intrepidez, a capacidade de tomar iniciativas etc.
- Para encerrar, dar as mãos e rezar juntos o Pai-Nosso.
- Cantar a música número 1.
- Convidar cada um a desejar a paz aos demais, como gesto de união.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista

- Para saber mais sobre Amós, confira o site fiquefirme, na página de bíblia, em
“livros bíblicos” (http://www.fiquefirme.com.br/#!livro-bblico9/cy8z).
- Explicamos no aprofundamento que Amós era um profeta do Reino do Sul, mas
que pregou no Norte. Vamos entender melhor isto. No governo de Salomão (fi-
lho de Davi – 930 aC), o povo ficou muito irritado com seu rei. Salomão cobrava
impostos muito altos de sua gente para pagar as belas construções e outros em-
preendimentos que ele fazia. Salomão construiu o templo, o palácio, as muralhas
da cidade... Salomão contratou sábios para recolher a sabedoria de seu povo e
registrá-las, organizou o exército... Tudo isto custou muito para o povo, que sub-
sidiava todos estes gastos. Tendo morrido Salomão, reinou Roboão, seu filho. E
Roboão caiu na bobeira de fazer ainda pior que seu pai. O povo se revoltou e
quis melhores condições de vida. Roboão não cedeu, logo o povo dividiu o reino
em dois: no Norte, Israel, capital Samaria; no Sul, Judá, capital Jerusalém. Amós
era do sul (Tequa), mas atuou no Norte.
- O que era ser profeta? Muitas vezes imaginamos que um profeta é um vidente,
um homem que adivinha o futuro, pois tem conexão direta com Deus. Nada dis-
to! Um profeta é um homem do seu tempo, com seus limites e forças, como
Amós. A diferença é que ele é um homem atento aos sinais dos tempos, uma
pessoa que – por causa da sua comunhão com Deus – presta atenção em tudo e,
em nome de Deus, se põe a anunciar sua palavra e a denunciar o que há de erra-
do. Veja só Amós: ele não adivinhou nada; não previu o futuro; não ouviu a voz
de Deus nem viu sua face, a não ser como experiência de fé. Amós era um pobre
de um vaqueiro lá da roça e é como tal que ele se põe a servir a seu Senhor. Ca-
da um deve se pôr a serviço do reino do jeito que é; com limites e possibilidades,
com qualidades e defeitos.
- No texto de Amós, vimos que ele lança mão das chamadas invectivas. Uma in-
vectiva é uma investida contra alguém; quase uma praga que se roga – não para
o mal, é claro, mas para o bem – com o objetivo de despertar a pessoa de sua ar-
rogância e fazê-la cair na real. Amós usa e abusa das invectivas. Seu texto é
cheio de “ais”: ai dos ricos; ai dos que não cuidam do povo... Não se assuste o
catequista com esse gênero literário que aparece em outros profetas como Mi-
quéias ou até nos Evangelhos “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!”.
- Cada pessoa nasce com um temperamento. Isso é hereditário. Não é a gente que
escolhe. Mas, ao aprender a lidar com o nosso temperamento, construímos um
jeito de ser, valorizando os pontos positivos que todo temperamento tem e pro-
curando lidar de modo inteligente com as fraquezas de cada temperamento. É a
personalidade: uma mistura do que herdamos, o temperamento, e do que faze-
mos dele. Esse esforço pessoal, tarefa de cada um, cria o que nós chamamos de
caráter. O caráter não é herdado. Este, a gente constrói. Por isso, ninguém é mar-
cado só pelo temperamento, mas pelo seu caráter. A personalidade é o resultado
da interação entre essas partes.
4º Encontro

JEREMIAS: O PROFETA
MELANCÓLICO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com alegria e descontração. Cantar músicas animadas, à es-
colha.
- Acalmar a turma, silenciando para conversar com Deus. Fazer o Sinal da
Cruz.
- Cantar suavemente uma música que ajude na interiorização. Sugerimos a mú-
sica número 1l.
- Motivar: “Vamos pedir a Jesus que envie sobre nós seu Espírito Santo. Ele
prometeu no Evangelho de João que nunca nos deixaria sozinhos, que ele nos
daria o Espírito consolador, que seu Espírito nos daria forças em todas as oca-
siões. Então, confiantes na promessa de Jesus, cantemos pedindo seu Espíri-
to”.
- Depois de cantar várias vezes, motivar cada um a fazer uma prece pedindo o
Espírito Santo. Dar um tempo para que eles façam breves preces espontâneas.
- Ao final, convidar a turma para erguer os braços e rezar a oração ao Espírito
Santo.
- Sugerimos cantar a música número 13. Dar o abraço da paz.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos meditar hoje um texto do Livro de Jeremias. Jeremias foi um profeta
que, quando as dificuldades se tornaram muito grandes, ele desanimou e quis mor-
rer, desistir de tudo. Enquanto Amós era intrépido, corajoso, colérico e, quando
provocado, sentia-se estimulado a anunciar mais ainda a Palavra de Deus, Jeremi-
as era melancólico, com tendências à depressão e à tristeza. Ele também tem sua
força e sua coragem, mas suas reações são bem diferentes das de Amós. São am-
bos profetas, mas cada qual com seu temperamento, com seu jeito de anunciar e
de enfrentar a vida. Vejamos!
Texto: Jr 20,14-18
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que Jeremias diz sobre o dia em que nasceu?
• O que ele gostaria que tivesse acontecido consigo, ainda no útero materno?
• Você acha estranho que Jeremias se comporte assim?
• O que pensar desta crise de melancolia de Jeremias? Será falta de fé?

Aprofundamento
- Jeremias viveu no tempo do exílio. O exílio foi uma experiência dolorosa: muita
gente da terra de Judá (reino do Sul, capital Jerusalém) foi deportada para a Babi-
lônia, quando o grande rei da Babilônia, Nabucodonosor, invadiu Jerusalém e
subjugou o povo. Nabucodonosor levou a elite de Judá para trabalhar para ele,
para construir suas cidades, enriquecer seu país e também para evitar que o povo
se organizasse e se revoltasse contra ele depois do seu domínio.
- Toda a força de trabalho foi deportada. Gente habilidosa para o comércio, arte-
sãos, intelectuais, pessoas da corte... Nabucodonosor deixou um resto em Judá:
pobres, doentes, pessoas menos cultas e que não simbolizavam perigo para a Ba-
bilônia; gente que ele pensava que não daria trabalho, não se organizaria contra
ele, etc. Entre essas pessoas que ficaram, chamadas remanescentes de Judá, estava
Jeremias: um pobre coitado, melancólico, com tendências ao desânimo.
- Mas Jeremias surpreendeu: diante da crise, surgiu uma coragem enorme e lide-
rou seu povo, deu-lhe esperança com sua pregação, estimulou a confiança no Se-
nhor etc. Só que, à medida que Jeremias foi crescendo no seu ministério, os pro-
blemas foram aumentando. E alguns poderosos quiseram acabar com ele. Jeremias
foi perseguido e preso (cf. Jr 18,18-23; 20,1-6). O temperamento de Jeremias não
ajudou nesta hora. Se fosse Amós, ele rodava a baiana, fazia e acontecia. Mas
Jeremias deprimiu e quis a morte e se pôs a maldizer o dia em que nasceu.
- A melancolia de Jeremias e o seu desejo de fugir da vida não invalidam seu mi-
nistério, ao contrário, elas o engrandecem, pois mostram como o profeta – apesar
de suas dificuldades e limites – serviu o Senhor com fidelidade.
- Vamos ver o que o profeta melancólico disse:
• Maldito o dia em que fui gerado: quando a vida está difícil, a primeira
tendência do melancólico é dizer: “Pra que eu nasci? Eu não devia ter nas-
cido. Eu não pedi pra nascer”. Normal isso. Não sabendo o que fazer, o
melancólico lamenta a sorte e o faz começando pelo seu nascimento.
• Maldito quem a meu pai deu a notícia que o alegrou tanto: não basta
lamentar ter nascido, o melancólico lamenta também quem se alegra com
sua vida. Para ele, a vida não parece motivo de alegria; então, se alguém se
alegra com seu nascimento, esse também é um coitado que está equivoca-
do sobre a vida, pensa ele.
• Que tal pessoa sofra como as cidades que o Senhor destrói sem com-
paixão: além de maldizer quem se alegrou com seu nascimento, o profeta
ainda lhe roga uma praga. Quer que tal pessoa sofra na pele as dores que
ele mesmo está sentindo. É que o melancólico acha estranho que alguém
seja otimista e veja a vida com bons olhos. Parece que a pessoa não sofre,
não tem problemas... mas não é isso. O que acontece é que esta pessoa vê a
vida de forma diferente de quem tem muita melancolia.
• Por que minha mãe no útero não me matou? Jeremias lamenta sua vida
e acha a sorte de um aborto melhor que a sua. Quem foi abortado não ex-
perimentou as dores desta vida. Parece que ele teve sorte melhor que Je-
remias, cuja vida é só sofrimento, dor e perseguição.
• Para que fui sair do ventre de minha mãe; só para ver tristeza e afli-
ção? Jeremias não vê nada de bom na vida. O melancólico é assim: na ho-
ra da dor, esquece-se rapidamente das alegrias e só vê o sofrimento presen-
te. Na hora da crise, Jeremias esqueceu-se de tudo de bom que já tinha vi-
vido, da força de Deus, da amizade dos companheiros, das vitórias con-
quistadas... Jeremias olha para si e se sente um coitado, uma vítima e fica
cheio de autopiedade.
- A autopiedade não é boa conselheira. Ela tem memória curta e é egoísta. Faz
com que nos sintamos uns coitados, só pensemos em nós mesmos, nas nossas
dores e angústias, e não nos deixa recordar tudo de bom que já vivemos.
Além disso, ela nos amarra no momento da dor e não nos deixa projetar o fu-
turo. Isso é muito perigoso. Se na hora da dificuldade, nós nos fecharmos em
nós mesmos nos sentindo a pior pessoa da terra, sem nada de bom para recor-
dar, sem nada de bom para esperar da vida, o que vai prevalecer é o desejo de
morrer. Foi o que aconteceu com Jeremias. Mas Deus vai socorrer Jeremias e
ele vai recomeçar cheio de ânimo e coragem.
- Se, por um lado, o melancólico tem uma tendência a mudar facilmente de
humor e a desanimar, seu temperamento também lhe reservas boas virtudes.
O melancólico é reflexivo, pensativo, por isso fala pouco “pra não dar bom
dia a cavalo”, como diz o dito popular. Mas, quando fala, quase sempre já re-
fletiu bastante e sabe o que está falando. Além disso, o melancólico costuma
ser um amigo fiel, dedicado, virtude que todos nós procuramos em compa-
nheiros, colegas, namorados e amigos. Veja só o caso de Jeremias. Passada a
crise maior, assumiu com destemor sua missão e não abandonou seus amigos
na solidão. Não só amparou e acompanhou seus amigos que não foram exila-
dos, mas também apoiou os irmãos exilados, mandando-lhes uma carta muito
bonita para que eles ficassem fiéis a Deus. E mais, o melancólico costuma ser
caprichoso, faz tudo bem feito, tendo até o risco do perfeccionismo. Se ele
usar suas características a seu favor e a favor de quem o rodeia, terá muitos
amigos e dará boa contribuição a seus companheiros, como aconteceu com
Jeremias.
- O temperamento do melancólico facilita a angústia, a autopiedade e a melan-
colia. Mas é preciso distinguir a melancolia, própria deste temperamento, da
tristeza ou da depressão. A melancolia é uma tendência ao pessimismo e ao
desânimo, mas que podem ser vencidas com um pouco de esforço. É só lapi-
dar o temperamento melancólico. Já sabendo de suas tendências, o melancóli-
co deve ficar atento para não sucumbir e desanimar. A tristeza é um senti-
mento doloroso, mas frequente e natural. Todo mundo fica triste em algum
momento: na hora da doença, da morte, da separação das pessoas amadas...
Mas esta tristeza desparece com o tempo. Passados alguns dias ou meses, a
vida volta ao normal. Aprendemos a lidar com a dor, e a alegria volta a reinar
em nossos corações. A depressão é algo bem mais sério. É uma doença. A
pessoa deprimida está tão triste, mas tão triste, que não tem forças pra nada,
às vezes, nem para se levantar, para se arrumar, para tomar banho, para comer
ou para trabalhar. A depressão exige tratamento médico: é falta de uma subs-
tância no cérebro, a serotonina. Para vencer a depressão, às vezes será preciso
tomar medicamento, além de fazer tratamento psicológico, exercícios físicos
como caminhada, natação etc. Ninguém se iluda, achando que depressão é
falta de fé: é falta de serotonina. A fé não tem nada a ver com isso. Pessoas de
fé também se deprimem, adoecem como todo mundo. Há padres com depres-
são, pessoas muito santas deprimidas. Depressão não é coisa do diabo ou au-
sência de Deus. É doença que exige cuidados, e uma família que tem alguém
deprimido dentro de casa sabe como é ela dolorosa, não só para o doente mas
para todos.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, colocamos duas opções de atividades. O catequista veja com a a
turma o que é melhor.
Sugestão 1
- Repartir com a turma um caça-palavras e pedir que cada um encontre pala-
vras que sirvam de motivação para a gente superar as dificuldades da vida,
sem deixar-se dominar pela melancolia. Sugerimos as seguintes palavras: ale-
gria, coragem, entusiasmo, motivação, força, superação, otimismo, gratidão,
paciência, vontade.
C F T I B- U X
P O NL C O N WQ R A T E B X
I S C O R A GA E M E N Ç A V R S M V WJ U W
D A R U F G UN E MU ML U R U O O I D A D
A B E X E Y MT J KÇ V E J U P Ç N ME W I
WE S A N G AU E VX U G O Ç E X T P A MD
R P E C O MC S I T F O R Ç A R H A L I Y E
T T Q U A C I I Ç UK V I Y Ç A Y D I G U X
B R S K Ç E XA A Ç I MA WI Ç N E C R M
X I
S R C U I Z AS U S G I M N D A M I
A A A G U
X A M J Y WO M O T I V
A A Ç A O Q A N T A H
V F A E MA YO D I Y WU I MA RI M C I S L
B I O
A T I MI S M OM O D Y R MA N I D Y E
E V E N MO G I M AG P A C I E N C I A O M
Q Y O U Y A WT I L E R A Y C I A B U
MO G E
I J Y A ME Y I D AY D G E R Y C D T
O Y E A
R
Sugestão 2
- Repartir o texto seguinte com a turma, dividida em grupos, para que leiam e
reflitam sobre as questões propostas.

O pote rachado
Um carregador de água levava consigo dois potes grandes, pendurados um
em cada ponta de uma vara que ele trazia sobre os ombros. Um dos potes, porém,
tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito.
Ao chegar ao destino final, o pote rachado estava apenas com a metade da
água nele colocada, enquanto o outro pote estava cheio. O pote perfeito se ufanava
de seus méritos. Ele não desperdiçava água como o outro. Enquanto isso, o pote
rachado se entristecia e lamentava sua rachadura, sem saber o que fazer.
Cheio de vergonha de si mesmo, o pote rachado se pôs a reclamar com o seu
dono. E dizia: “Eu não quero mais transportar água. Eu sou um pobre pote racha-
do! Eu não tenho valor; sou um pote defeituoso, desperdiço a água. Eu nem deve-
ria existir. Por que você, meu dono, não me descarta e usa apenas o pote perfeito?
Por que não me joga fora, no lixo? Ou então, deixe-me esquecido num canto, pois
não tenho utilidade alguma”.
Mas o dono do pote, o carregador de água, respondeu: “Ora, da próxima vez
que formos à fonte buscar água, quero que observes bem o caminho”.
No dia seguinte, o carregador de água tomou os dois potes e lá se foi para o
poço buscar água. Qual não foi a surpresa do pote rachado, quando viu que havia
muitas e lindas flores pela estrada, justamente do lado que ele passava.
Foi então que o carregador lhe disse: “Estas flores que estão enfeitando o
caminho são obra sua. Sendo um pote rachado, deixou escapar a água e fez o vale
florescer. Se você não fosse do jeito que é, essas flores não existiriam. E são elas
que enfeitam não somente o vale, mas a casa em que moramos. Você, pote racha-
do, também tem muito valor”.

Questões:
• Que lição tiramos dessa história para a nossa vida?
• Como lidar com nossos defeitos e fraquezas, sem nos dominar pela
melancolia?

Conclusão
Na hora da angústia, o melancólico precisa fazer memória dos bons momen-
tos, alimentar-se da alegria passada e cultivar a esperança. Ninguém pode viver o
momento presente, achando que ele é o único da sua vida, ainda mais quando este
momento não é bom, não é prazeroso. Se não vemos perspectivas, tomamos deci-
sões precipitadas, cansamos da vida, queremos morrer. Se olhamos apenas para
nossas rachaduras, ou seja, para nossos fracassos e derrotas, esquecemo-nos das
coisas boas que somos capazes de fazer. Se nós nos lembramos apenas das triste-
zas da vida, o desânimo vem e nos dá uma rasteira, fazendo-nos desistir de tudo,
inclusive da vida. Foi o que aconteceu com o profeta Jeremias, vaso rachado mas
muito útil nas mãos de Deus. Ainda bem que Deus veio em seu socorro. O profeta
pode sentir a força do amor de Deus e se recuperar, continuando sua vida e sua
missão. Cada um de nós, especialmente os mais melancólicos, lembremo-nos de
que não estamos sós. Deus está conosco em toda angústia e sofrimento. Por isso
tudo passa, até a dor mais profunda. É só ficar firme e não desanimar.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música número 14.
- Convidar a turma para agradecer a Deus por sua presença e amizade. O cate-
quista poderá fazer a seguinte motivação: “A vida tem muita coisa ruim; tem
muita tristeza; tem muitos fracassos e sofrimentos. Mas a vida também tem
coisas belas; tem alegrias; tem vitórias... Não temos motivos só para lamentar
como Jeremias. Temos também motivos para nos alegrar e para agradecer”.
- Convidar cada pessoa a fazer breve prece de louvor do tipo: “Obrigado, Se-
nhor, por minha vida!”. No lugar de “minha vida”, cada catequizando coloque
o motivo de seu louvor. A resposta pode ser: “Obrigado, Senhor”.
- Cantar de novo a música anterior ou a número 12.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- O exílio foi uma experiência traumática para o povo de Deus. O povo de Judá
foi invadido por tropas da Babilônia, que saquearam casas e templo, destruíram
quase tudo e levaram a força de trabalho para a Babilônia. Quem foi se entriste-
ceu; foi separado de sua gente, arrancado de sua terra à força, instalado num ou-
tro mundo, com outra cultura, outros costumes e outra religião. Quem ficou de-
primiu; ficou sem seus parentes; viu sua terra destruída, sem recursos para re-
começar. A tristeza foi geral. Jeremias não foi o único a lamentar a sorte. Mas,
apesar da dor do momento, o exílio foi uma experiência fecunda. Quem foi exi-
lado pensou: “precisamos sobreviver aqui e conservar nossa identidade em terra
estranha”. Então um grupo de sacerdotes, para não deixar sua identidade de sua
gente se perder, escreveu a Obra Sacerdotal: Gênesis, Êxodo, Levítico, Núme-
ros e, mais tarde, agregou o Deuteronômio a essa coleção. Quem ficou pensou:
“Por que estamos no fundo do poço?”. E para responder a esta pergunta escre-
veu a Obra Deuteronomista: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis, além do
Deuteronômio que, depois, foi parar na outra coleção. Momentos de dores e an-
gústias podem ser muito fecundos. É só saber usar o sofrimento e a angústia a
nosso favor.

5º Encontro

ISAÍAS: O PROFETA CONFIANTE

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com alegria e disposição. Fazer momentos de animação, can-
tando músicas apropriadas. Que tal a número 15?
- Preparar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 5. Motivar: “Nosso Deus é grande e forte, por isso
entregamos a ele nossa vida com confiança. Hoje vamos rezar não só por nós,
mas por nossos irmãos que participam conosco da catequese. Vamos pedir a
Jesus que a força de seu amor renove o ânimo de nossos amigos e colegas da
catequese”.
- Todos assentados em roda, motivar os catequizandos a rezarem uns pelos ou-
tros. Colocar a mão no ombro do irmão à direita e rezar por ele. O catequista
reza e a turma repete: “Ó Jesus, nosso amigo, abençoa este irmão! Dá a ele
tua paz, tua força, tua luz. Anima a vida dele com tua presença e ajuda-o a se-
guir sempre os teus caminhos. Amém!”. Depois, fazer o mesmo pela esquer-
da. O catequista reza e a turma repete; “Ó Jesus, Deus de amor, derrama tua
paz e teu amor sobre este amigo para que ele seja teu discípulo e viva sempre
na tua presença. Amém!”.
- Cantar a música número 1 ou 13, se oportuno. Cumprimentar uns aos outros
com alegria.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Na semana passada, conhecemos um pouco mais Jeremias, o profeta melan-
cólico, que, diante das perseguições, lamentou o dia em que nasceu e desejou ser
um aborto. Hoje falaremos sobre um profeta bem mais otimista: Isaías. Diante das
dificuldades, Isaías tem esperança e vê coisas boas no futuro.

Texto: Is 40,1-11
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual a principal mensagem deste texto de Isaías?
• O que Isaías promete ao povo?
• Que significa “todo vale será aterrado, toda montanha rebaixada”?
• Por que Isaías confia tanto se sabe que “toda a carne é como a erva”, ou
seja, se sabe que todo ser humano é frágil como uma plantinha indefesa?
• O que ele manda avisar do alto da montanha para todo mundo ouvir?
• Que imagem ele usa para falar do cuidado de Deus com seu povo?

Aprofundamento
- Isaías era um homem confiante e conseguia ver a mão de Deus em tudo. Ao con-
trário de Jeremias que se punha a chorar e desesperava na hora da crise, Isaías
mantém a esperança acesa, mesmo quando tudo vai mal.
- Tem gente que tem esse dom, essa capacidade de não se desesperar, de não de-
sanimar, de confiar mesmo na hora mais difícil. Tem gente que consegue até rir
da própria desgraça e fazer dela motivo de crescimento. Isaías parece ser assim.
Todo seu texto é permeado de esperança e luz e quase não se vê uma palavra de
lamentação ou cólera no seu livro. Até o sofrimento mais cruel lhe parece opor-
tunidade para crescer. É o caso dos cânticos do servo sofredor. Vendo o sofri-
mento do povo, Isaías cria um personagem, o servo sofredor, para dizer que é
possível ser fiel nas angústias. Cf. dicas para o catequista.
- Isaías tem tanta capacidade de lidar com as coisas difíceis da vida que, diante da
idolatria, considerada como um pecado grave, ele ironiza. Ele é um comediante;
faz sátira até das coisas mais sérias. Se fosse Amós gritava e esperneava, rogava
pragas e xingava. Se fosse Jeremias, lamentava e chorava a sorte, querendo de-
sistir de tudo, achando que não tinha mais solução para o caso. Isaías ri, faz go-
zação e confia que dias melhores virão.
- Outro exemplo de sua confiança e bom humor é o modo como ele vê Ciro, o rei
da Pérsia. Ciro seria um inimigo, pois não pertence ao povo hebreu e vinha do-
minando todas as gentes. Quando Ciro avançou com suas tropas, Isaías se ale-
grou. Viu em Ciro a possibilidade de ficar livre de Nabucodonosor, rei da Babi-
lônia. Mesmo sendo inimigo, Ciro pode ser um ungido; um enviado de Deus pa-
ra tirar o povo das mãos de Nabucodonosor, pensava o profeta. Isaías tem espe-
rança e acredita que algo bom vai acontecer; ele pensa otimistamente; vê tudo
com bons olhos.
- Vejamos como o bom humor e a confiança de Isaías transparecem no texto que
lemos:
• Isaías traz uma mensagem de consolação e ânimo (v. 1). Quando todo
mundo está tomado pelo desânimo, ele ainda confia e acredita.
• Ele anuncia o fim do exílio: “o cativeiro terminou; a culpa foi apagada” (v.
2).
• E manda que a mensagem seja anunciada a todos: “rasgai estrada para nos-
so Deus” (v. 3). Isaías confia que Deus está agindo e vai proporcionar con-
dições para os exilados retornarem para sua terra natal.
• Seu otimismo transparece no texto: “Todo vale será aterrado” (v. 4). Ou se-
ja: vai dar tudo certo, vamos vencer nossas dificuldades.
• Sua confiança em Deus é visível: “Todos verão que foi o Senhor quem fa-
lou” (v. 5). Até quem já desanimou, já perdeu a esperança, vai saber que
Deus cumpre o prometido.
• Apesar de esperançoso e otimista, Isaías não é um iludido. Ele sabe da rea-
lidade humana e de sua fragilidade: “Toda carne é como a erva” (v. 6), ou
seja, todo mundo é frágil e está sujeito a quedas.
• Isaías não espera em vão, espera em Deus, pois confia em suas promessas:
“A palavra de nosso Deus permanece para sempre!” (v. 8); Deus cuida de
seu povo como um pastor de seu rebanho (v. 11).
- Isaías não perde o ânimo nem a confiança. Esta é uma das vantagens do tem-
peramento sanguíneo: vê tudo com bons olhos, não se irrita com nada, diverte-
se mesmo na desgraça, confia que dias melhores virão. Tudo indica que Isaías
tinha muito de sanguíneo. Mas e os defeitos? E os limites? Bom, todo tempe-
ramento tem seu lado frágil: o sanguíneo às vezes, é meio iludido; não se irrita,
mas irrita os outros com seu humor excessivo, com sua cabeça fresca; seu jeito
brincalhão parece avacalhação, falta de seriedade diante dos problemas. Com
isso, quem está perto do sanguíneo se irrita às vezes, especialmente se for colé-
rico; se for melancólico, fica chateado com tanta alegria e animação. Como o
sanguíneo leva a vida na brincadeira, algumas vezes tem atitudes irresponsá-
veis, decide tudo no calor das emoções e acaba se dando mal. Além disso, é tão
extrovertido e acostumou-se a ficar cercado de gente que tem problemas de
concentração e também tem dificuldades para enfrentar a solidão. Outro pro-
blema é que o sanguíneo se torna doutor em começar as coisas e deixá-las ina-
cabadas. Imediatista, ele começa tudo sem planejar as atividades e isto pode ser
ruim para ele e para os outros que o cercam. É preciso tomar cuidado para que
o bom humor e a alegria do sanguíneo não se transformem em irresponsabili-
dade e falta de compromisso.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, duas sugestões de atividades. O catequista veja com a turma a que
lhe parece mais conveniente
Sugestão 1
-Dividir a turma em duplas e pedir que resolvam a palavra-cruzada abaixo.
1) Figura criada por Isaías para falar sobre o sofrimento e a fidelidade do po-
vo (servo sofredor)
2) Título que Isaías dá ao exílio (cativeiro)
3) País para onde o povo foi exilado (babilônia)
4) Uma das mais marcantes características do sanguíneo (alegria)
5) Nome do rei que deportou o povo a Babilônia (Nabucodonosor)
6) Nome do rei da Pérsia que Isaías vê como um ungido de Deus (Ciro)
7) Outra característica importante do sanguíneo (confiança)
8) Atividade exercida por Isaías (profecia)
9) Prática cometida pelo povo de Deus e muito condenada por Isaías (idola-
tria)
S
A
N
G
U
I
N
E
O
Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos de 5 pessoas e pedir que façam um cartaz com uma
mensagem de alegria e esperança para algum grupo sofredor do momento, como
fez Isaías com o povo exilado na Babilônia. Podem ser pessoas que são vítimas
de doenças, de catástrofes como enchentes, tsunamis, quedas de avião, incêndio,
exploração sexual, etc.
- O catequista deverá distribuir pincel, tesoura, cola, revistas, jornais etc. O cartaz
poderá conter figuras ou desenhos e frases.
- Ao final, cada grupo fará breve exposição de seu trabalho para os demais.

Conclusão
O temperamento de uma pessoa sanguínea tem vantagens e desvantagens
como qualquer outro. Tudo vai depender de como a pessoa lida com os traços de
seu temperamento. Isaías usou sua alegria e confiança para animar e amparar o
povo sofrido e sua mensagem não ficou esquecida. Até hoje a gente lê o que ele
ensinou e se sente animado com suas palavras. A alegria e a confiança de Isaías
mostram que alguém de um temperamento assim tem muito a contribuir. Mas
melhor não abusar na dose de humor. Muito humor pode virar deboche, sarcas-
mo, gozação. E muita alegria e esperança podem virar alienação. Tudo na dose
certa!

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a turma a se manter fiel ao Senhor como Maria, mãe de Jesus. Mesmo
em meio às dificuldades, Maria não desistiu, não desanimou; conservou a espe-
rança e a coragem.
- Cantar a música número 9.
- Dar as mãos e rezar juntos a Ave-Maria.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar cantando à vontade. Que tal a música número 14?
Dicas para o catequista
- O livro de Isaías está dividido em 3 partes: Primeiro Isaías, do capítulo 1 ao 39;
Segundo Isaías, do capítulo 40 ao 55; Terceiro Isaías do capítulo 56 ao 66. No
tempo em que a Bíblia foi escrita era muito comum uma pessoa importante trans-
mitir uma mensagem e, depois, seus seguidores adotarem seu nome e completa-
rem seu trabalho. Foi o que aconteceu. Por isso, temos 3 Isaías. O Primeiro Isaías
viveu antes do exílio, no século VII aC, mais ou menos no ano 722, tempo do rei
Acaz que reinou em Judá (Reino do Sul). Sua palavra fez sucesso; sua mensagem
encontrou ressonância no coração do povo. Mais tarde, surgiu outro profeta que
seguiu sua linha de pensamento: é o Segundo Isaías. Este viveu no tempo do exí-
lio (597 aC) e provavelmente foi deportado com o povo para a Babilônia, tempos
bem difíceis, mas Isaías não desanimou. É deste Isaías que lemos a mensagem de
hoje. Ainda tem o Terceiro Isaías, que viveu depois do exílio, provavelmente já
por ocasião do retorno para Jerusalém (depois de 538 aC).
- Sobre o servo sofredor, o catequista pode conferir os Cânticos: Is 42,1-4; 49,1-6;
50,4-11; 52,13-53,12. Isaías está falando de sua gente sofrida, o povo de Israel,
que sofre calado sem perder a esperança. Mas não é incomum ouvirmos por aí
que Isaías adivinhou o futuro. Inspirado por Deus, ele teria previsto o sofrimento
de Jesus, por isso dizem que o servo sofredor é Jesus. Grande equívoco este. Um
profeta não é um adivinho, mas um homem do seu tempo. No caso do servo so-
fredor, por exemplo, Isaías não está falando de Jesus Cristo. Inspirado no seu povo
que sofreu calado e resistiu a muitos perigos, Isaías cria um personagem para inci-
tar o povo à fidelidade. Ele não adivinhou que Jesus ia passar pela cruz e pelo so-
frimento. Foram os evangelistas que mais trade, fazendo uma retomada das Escri-
turas, fizeram uma releitura destes textos, aplicando-os a Jesus. Pensaram: “Se o
povo já é servo sofredor, quanto mais Jesus que tudo sofreu por amor a nós!”.
- Sobre as sátiras aos deuses, confira Is 44,9-20; 46,1-13. Isaías está tão convicto
que só há um Deus e não pode haver outro que, com seu temperamento sanguíneo,
ri do politeísmo, ou seja, a idolatria. Para Isaías, tudo é motivo de graça e esperan-
ça.

6º Encontro

EZEQUIEL: O PROFETA TRANQUILO


1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL
- Receber a turma com simpatia, preparando ambiente acolhedor. Cantar músi-
cas animadas. Que tal a número 6?
- Silenciar a turma e criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar suavemente música de interiorização. Sugerimos a música número 11.
- Motivar: “Porque somos discípulos de Jesus e queremos sempre seguir seus
passos, devemos sempre pedir a Deus – que é amor e bondade – que envie
sobre nós o Espírito Santo para que não nos falte força na caminhada. Vamos
pedir a ele que nos dê seu Espírito; que restaure nossas forças, que refaça as
energias de nosso coração. Vamos pedir que nos renove, nos batize com seu
Espírito, tirando de nós tudo que nos impede de ser um bom discípulo”.
- Motivar cada catequizando a fazer sua prece, pedindo o Espírito Santo. O ca-
tequista faz a primeira prece e incentiva os catequizandos a fazerem o mesmo.
Sugerimos correr a roda, mas insistimos que ninguém deve ser constrangido a
fazer preces em voz alta, caso não queira. O modelo da oração poderá ser:
“Renova nosso coração, Senhor, com teu Espírito!”. Cada um poderá trocar a
frase, substituindo-a por outra tal como “Renova nossa vida, Senhor” ou “En-
che-nos de paz, Senhor” ou “Dá-nos tua força, Senhor”. Após cada prece, to-
dos cantam ou rezam um breve refrão: “Senhor, escuta nossa prece!”.
- Para encerrar, erguer os braços e rezar a oração ao “Espírito Santo”.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vimos, no encontro passado, que Isaías era um personagem bem confiante e
cheio de esperanças. Conheçamos hoje outro profeta: Ezequiel. Este é um profeta
tranquilo e sabe viver bem, mesmo em meio às adversidades.

Texto: Ez 37,1-14
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que Ezequiel vê?
• O que o Senhor manda Ezequiel fazer?
• Ezequiel se desespera com o que vê? Como reage?
• O que significam os ossos secos que Ezequiel vê?

Aprofundamento
- O texto que ouvimos relata uma visão de Ezequiel. O que é uma visão? Não é
algo que o autor viu mesmo, como se vê alguém diante de nós ou a estrada na
qual caminhamos. Uma visão é o relato de uma experiência religiosa. O autor
teve uma experiência de Deus. Falar de Deus nem sempre é fácil. Transmitir
o que experimentamos quando nos encontramos com Deus é tarefa quase im-
possível. As palavras não dão conta de dizer o que vivemos, o que sentimos, o
que aconteceu dentro de nós. Então falamos por comparação.
- Ezequiel compara sua experiência e de sua gente com um campo cheio de os-
sos. “Credo”, alguns podem pensar, “que coisa estranha!”. Mas não. O relato
é cheio de beleza e encantamento.
- Ezequiel vê um campo cheio de ossos e ossos secos. Para os hebreus, os ossos
são símbolo da força, da essência da pessoa, pois eles são a última coisa que
se decompõe quando ela morre, são seu sustentáculo.
- Ezequiel vê um monte de ossos e bem secos, num lugar desértico. Isso signi-
fica que a vida já se foi há muito tempo, que a esperança já morreu, que a
chance de vida já se esvaiu. Quando Ezequiel vê isso, era para ele desesperar,
descabelar, rasgar as vestes e chorar como Jeremias. Mas não. Ezequiel fica
impassível. Diante da pergunta do Senhor se os ossos poderiam reviver, Eze-
quiel devolve a Deus a responsabilidade. “Senhor, tu é que sabes”. Ezequiel é
inteligente. Sabe que humanamente é impossível que os ossos revivam. Mas
sabe também que Deus é fiel e sua força ultrapassa a medida da fraqueza hu-
mana. Mesmo quando parece que tudo morreu, mesmo quando parece que o
fim chegou, ficou uma essência, ficou um resto de esperança.
- Então Deus manda Ezequiel profetizar. Ezequiel obedece simplesmente: não
questiona, nem lamenta. Faz o que Deus manda. E, à palavra de profecia de
Ezequiel, os ossos começam a se juntar, a formar carne, nervos e músculos...
Mas ainda faltava o sopro da vida. Os ossos ganharam corpo, mas não tinham
vida. Ainda depois da profecia de Ezequiel, eles estavam mortos. Eram cadá-
veres estirados no campo.
- Deus manda Ezequiel profetizar de novo e agora sim o espírito anima os cor-
pos antes inanimados. Eles se põem de pé, pois de pé deve estar o povo de
Deus que ele ergue do monturo, que ele refaz com sua força.
- Ezequiel vê tudo isso, ouve o Senhor, obedece sua palavra. Nenhuma discus-
são, nenhuma interrogação, nenhum obstáculo à ordem do Senhor. Nem entu-
siasmo demais, nem raiva, nem ironia, nem lamentação nada, apenas tudo vê
e se adapta à situação. Ezequiel demonstra uma tranquilidade, um equilíbrio
diante da vida que causa inveja na maioria das pessoas. Então Deus manda
Ezequiel dizer ao povo que aqueles ossos são todas as pessoas cuja fé e espe-
rança já fraquejaram. Ezequiel não desanima diante do desânimo do povo.
- Ezequiel é bem assim; fleumático, capaz de adaptação, de fazer mudanças...
Antes de ir para o exílio, Ezequiel era sacerdote. Ele era filho do sacerdote
Buzir (cf. Ez 1,3). Mas Ezequiel foi exilado, deportado com o povo. Lá na
Babilônia não tinha o templo nem a liturgia com a qual Ezequiel estava acos-
tumado. Ele perdeu seu ofício, sua profissão; seu mundo se desmoronou junto
com o templo que foi destruído por Nabucodonosor. Mas Ezequiel não deses-
perou. Ficou tranquilo e confiante e achou saída para a crise. Se um sacerdote
não tinha o que fazer no exílio, um profeta tinha muito serviço. Foi aí que
Ezequiel começou a profetizar, por necessidade.
- Ezequiel mostra que é preciso saber lidar com as situações mais adversas sem
se abalar. Assim é o fleumático: adapta-se a toda situação; cria logo um plano
B quando vê o plano A falir. Para o fleumático, nada como um dia depois do
outro. Sua tranquilidade lhe dá condições de enfrentar a vida com suas tribu-
lações. Quase sempre ele é muito bem educado, pacífico, não se ira, não grita,
não agride. E ele acaba achando um jeito para tudo, até para a desgraça.
- Mas nem tudo são flores para o fleumático. Esse temperamento tem também
suas desvantagens. O fleumático parece não ligar pra nada, parece meio in-
sensível, sofre calado e sozinho e isso, muitas vezes, é irritante para quem
convive com ele. Quando o circo pega fogo e todo mundo corre, o fleumático
está lá, pronto pra ver. Com isso, ele se queima algumas vezes. Sua tranquili-
dade vira indiferença ou resignação. Ele não é do tipo que vai à luta como o
colérico. Não luta muito pelo que quer, espera um pouco que as coisas ve-
nham até ele e, com isso, perde muitas oportunidades. É adepto da lei do me-
nor esforço; com isto torna-se egoísta e acomodado. Ele adora a rotina e de-
testa ter que liderar um grupo, mandar nas pessoas etc. Ele percebe o ambien-
te, mas dificilmente se oferece para fazer mudanças. O fleumático é da paz,
não gosta de brigas, evita discussões, mas isso é meio irritante às vezes. Vai
ser preciso aprender a lidar com seu temperamento e reagir para não cair no
comodismo, nem se encostar tranquilamente em alguém mais forte.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, há duas sugestões. O catequista veja o que é mais conveniente.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras. Dois a dois, os catequizandos
deverão encontrar 10 vantagens (liderança, coragem, alegria, confiança, otimismo,
tranquilidade, fidelidade, paciência, bom humor) e 10 desvantagens (ira, tristeza,
melancolia, gozação, indecisão, mau-humor, raiva, comodismo, letargia, imedia-
tismo) de cada temperamento (colérico, melancólico, sanguíneo e fleumático),
identificando-as com os respectivos temperamentos.
L I D E R AN Ç AL C D T I R A T E B X C E B D A
S X B R A L I ME N T E R S MV R J U WX I Z I M
P R O F G E * E MU R T A M O X I D A D Q Z A M O
A E M E Y GT J KÇ A E N A U Ç C S E WD R T Y E P
C S * C O R A G E MN R Q U X O T A M I E G Q D R
I E H
A O MI X I T F Q MU * H ME L A N C O L I A
E Q U
C A C AE Ç * K U I I H R Y O Z F U D N Z Ç A I
N S M Ç E X Z A Ç I I N LI U N D A R M X E B A D T V
C C O N F I A N Ç A L A I MMA I A A G C Z Ç V I A
I M R Y WO I O T I I Ç D O Q S N M A I C A E S A
A C O N Z I E X Ç A D A A R R I MA C I S S E O C MM
I O
A T I MI S MOMA O D MA O M I D Y A C A Q O R
V E * MO G I V AG D A E E N C I A O O A X O E V
Y E S P R R A N Ç I E A X I L E T MA R G I A E Z T
F I D E L I D A DE D G Z Y C D T O Y E A Y O L P W
E R P
- Fazer, ao final, um cartaz ou escrever no quadro as virtudes e defeitos dos diver-
sos temperamentos, assim:
Colérico: liderança, coragem, determinação; ira, raiva.
Melancólico: fidelidade; mau-humor, tristeza, melancolia.
Sanguíneo: bom-humor, confiança, otimismo, alegria; gozação, imediatismo.
Fleumático: tranquilidade, paciência, indecisão, letargia, comodismo.
- Explicar que os temperamentos não são algo quimicamente puros: normalmente
uma pessoa é 50% colérica e 50% sanguínea, por exemplo. Ou 90% sanguínea e
10% fleumática. E assim por diante.

Sugestão 2
- Distribuir lápis e papel para cada catequizando. Pedir que eles escrevam suas
principais características: positivas e negativas. Depois, cada um tente descobrir
qual tipo de temperamento acha que tem, lembrando que uma pessoa pode possuir
mais de um temperamento (tipo assim: 40 um e 60% outro)
- Terminada a tarefa individual, formar duplas. Mostrar para o colega o que escre-
veu e ver se ele concorda com a análise feita. Lembrar que nem sempre nos en-
xergamos tão perfeitamente. O outro pode nos revelar algumas facetas de nós
mesmos que não conhecemos.
- Ainda em duplas, rezar uns pelos outros pedindo a Deus que ajude cada um a
superar suas fraquezas e a crescer nas suas virtudes.

Conclusão
Um temperamento é algo inato, ou seja, nascemos com ele. É uma carga ge-
nética que carregamos desde o ventre materno. Mas ninguém está condenado a ser
escravo de seu temperamento. Daí a importância da formação do caráter da pes-
soa, da educação que ela recebe e de sua própria vontade de mudar. A personali-
dade de alguém é uma soma de características já herdadas e de outras que adqui-
rimos ao longo da vida. É a resultante de um processo trabalhoso e árduo, como a
lapidação de um diamante. Todo temperamento é um diamante bruto; precisa ser
polido, lapidado. Só assim mostrará seu verdadeiro valor.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para rezar o Salmo 121, que é uma bela oração de confiança
em Deus. Como as traduções das Bíblias são diferentes, melhor entregar a cada
catequizando um cartão com o salmo, conforme modelo abaixo, a não ser que a
turma toda tenha a mesma tradução.
- Dividir o grupo em dois coros: A e B

- Cantar a música número 7.


- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Volta e meia, quando lemos a Bíblia, encontramos alguma visão: Ezequiel viu
um monte de ossos secos, Jacó viu uma escada ligando o céu e a terra, Pedro viu
um lençol descendo do céu cheio de bichos, os evangelistas dizem que Jesus viu
o céu se abrindo na hora do batismo e o escritor do apocalipse viu anjos, cava-
los, cavaleiros, mulher e dragão em luta etc. Como entender essas visões?
Quando a Bíblia fala que um personagem viu algo, não quer dizer que ele viu
mesmo, como a gente vê o que está diante de nossos olhos. Na Bíblia, uma vi-
são é a descrição de uma experiência religiosa, de um encontro com Deus. Co-
mo é muito difícil descrever o que a gente sente, pensa e vive na presença de
Deus, usamos símbolos para falar dele. Os autores sagrados usam muito este re-
curso. Para falar que o povo estava desiludido e no fundo do poço, sem esperan-
ças, Ezequiel conta que viu um monte de ossos secos. Para dizer que a comuni-
dade cristã, mesmo frágil como uma mulher dando a luz, vai vencer todo mal e
toda perseguição, o autor do Apocalipse diz que viu uma mulher em luta com
um dragão de 7 cabeças e 10 chifres. Para dizer que não devemos ter preconcei-
to com os gentios (os não-judeus), Lucas – autor dos Atos dos Apóstolos – diz
que Pedro viu um lençol com animais puros e impuros, tudo junto... E assim vai.
- O profeta Ezequiel foi muito importante para o povo quando este foi exilado
para a Babilônia. Uma das tristezas que o povo carregou de ter sido deportado
foi o fato de ficar longe do Templo, de não poder mais fazer seu culto. Pensava-
se que Deus estava no Templo e que, para encontrar-se com ele, a pessoa deve-
ria ir ao Templo participar de uma liturgia, fazer uma oferta, um sacrifício. En-
tão, ir para longe significava ficar longe de Deus. Mas o profeta Ezequiel pen-
sou diferente. Ele entendeu que Deus não estava preso no Templo; Deus estava
com sua gente e por isso a acompanhou para a Babilônia, mesmo sendo terra de
cativeiro. É belo o relato que ele faz da caminhada do povo para o exílio e uma
carruagem de fogo – que é Deus – andando com eles (cf. Ez 10). Quando o povo
foi exilado, Deus exilou-se também, pois o Senhor não abandona sua gente. Este
foi um consolo maravilhoso que o povo recebeu no exílio, pois, apesar da sau-
dade dos seus e de sua terra, os deportados sabiam que Deus estava com eles.

7º Encontro

NINGUÉM É ESCRAVO DE SI
MESMO
1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL
- Receber a turma com carinho.
- Cantar músicas animadas de acolhida. Que tal cantar também a número 15?
- Criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz ou cantar Em nome do Pai.
- Motivar: “Durante nossos encontros, estamos refletindo sobre a presença
amiga de Jesus que nos ajuda a crescer, que nos faz ser melhores e mais feli-
zes. Ele estende para nós a sua mão e nos auxilia em todas as nossas dificul-
dades. Ele nos ajuda a conhecer a nós mesmos para que saibamos lidar com
nossas fraquezas e forças. Na caminhada de nosso crescimento e busca da
maturidade, contamos com a parceria de Jesus. Ele é nosso amigo e está co-
nosco neste processo”.
- Cantar a música número 14, lembrando que nunca estamos sozinhos.
- Convidar a turma para fazer preces espontâneas, pedindo a Jesus que esteja
sempre conosco, nos amparando e dando forças para crescermos cada vez
mais no conhecimento de nós mesmos. As preces podem ser do tipo: “Ajuda-
nos, Senhor, a reconhecer nossas fraquezas”. Trocar “reconhecer nossas fra-
quezas” por outra expressão, tal como “confiar que somos capazes de vencer
obstáculos” ou “lidar com nossas perdas” etc. Depois que cada pessoa tiver
feito sua oração livremente, todos repetirão: “Vem nos ajudar, Jesus!”.
- Cantar de novo a música acima.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ler hoje um belo texto da Carta de Paulo aos Gálatas. Paulo recomen-
da aos seus amigos cristãos que não se deixem levar pelos impulsos imediatos,
mas que saibam cultivar os frutos do Espírito Santo. Quem de fato acolheu Jesus
em seu coração não vive mais sob os impulsos da vida velha, mas cultiva a vida
nova que o Espírito Santo gera em nós.

Texto: Gl 5,16-25
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual a recomendação primeira de Paulo?
• O que significa a expressão “desejos da carne”?
• Quem está sob o influxo do Espírito não está mais sujeito à Lei, diz Paulo.
Que Lei é esta?
• Quais os frutos da carne? Quais os frutos do Espírito?
Aprofundamento
• Paulo nos exorta – ou seja, corrige, admoesta, aconselha – a nos deixar sempre
guiar pelo Espírito e a não satisfazer os desejos da carne (v. 16). Deixar-se guiar
pelo Espírito significa viver com uma força a mais que a força da natureza hu-
mana; significa contar com a força de Deus que é bem maior que a nossa. Os de-
sejos da carne são as vontades de nossa natureza frágil, nosso temperamento
com suas fraquezas. No caso do colérico, os desejos da carne são a vontade de
avançar nos outros, a facilidade de irar-se e perder a compostura. Para o melan-
cólico, o desejo da carne é lamentar e chorar as tristezas da vida. Para o sanguí-
neo, os desejos da carne levam-no a ignorar a seriedade que a vida exige e a le-
var tudo na brincadeira. E o fleumático, se seguir sua carne, protela as decisões,
acomoda-se e não toma jeito na vida. Mas quem tem o Espírito pode vencer suas
tendências negativas e superar todas estas coisas.
• No v. 17, Paulo fala que o que o espírito e a carne desejam coisas contraditórias.
As fraquezas do colérico levam-no a irritar-se e magoar-se com os outros; o Es-
pírito leva a perdoar e a ser misericordioso. As fraquezas do melancólico levam-
no a ver tudo sombrio e triste e achar que a vida é uma droga; o Espírito leva-o a
criar forças e a superar as angústias, olhando com otimismo a vida. As fraquezas
do sanguíneo levam-no a enrolar a vida e não tomar nada a sério; o Espírito aju-
da-o a ser responsável e a tomar decisões na hora certa. As fraquezas do fleumá-
tico levam-no ao perfeccionismo e a viver na lei do menor esforço; o Espírito
ajuda-o a conviver com os limites e a superar toda inércia.
• Quem é conduzido pelo Espírito não está sob o jugo da Lei, ou seja, não faz as
coisas porque é obrigado, mas porque o Espírito o move a viver de outra forma
(v. 18).
• Paulo enumera algumas obras da carne: quinze ao todo e ainda deixa a lista em
aberto (v. 21). Para ele quem vive assim não vai herdar o Reino de Deus, o que
significa que esta pessoa não vai viver feliz, não terá vida plena.
• Quanto aos frutos do Espírito, Paulo enumera nove (v. 22-23), que é três vezes
três. Ou seja, quem tem esses frutos tem uma vida ajustada e feliz, pois o núme-
ro três significa equilíbrio, plenitude.
• Para Paulo, quem pertence a Jesus já não vive sob o jugo destas coisas, como se
vivesse sob o jugo da Lei (v. 24-25). A lei da natureza, ou seja nosso tempera-
mento com suas fraquezas, pode ser uma lei mais pesada que a Torá. Ela pode
nos oprimir, nos subjugar, arrancar nossa alegria. E a presença do Espírito pode
nos libertar e nos dar vida plena.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras.
- Distribuir os caça-palavras para as duplas, pedindo que descubram os frutos
do Espírito (amabilidade, alegria, autocontrole, bondade, amor, paciência,
paz, lealdade e mansidão) e os frutos da carne (imoralidade, bebedeira, idola-
tria, inimizades, invejas, discórdia, feitiçarias, ira, impureza, facções, devas-
sidão, orgias, intrigas, ciúmes, contendas), citados por Paulo na Carta aos Gá-
latas.

A M A B I L I D AD E D Z I M O R A L I D A D E A
S A B A A
R L A M E N T E T D M V R J U M X I Z I C
P N O L G E A E MU R T U O B X I D A M
P Q I A M O
A S M E Y G U J KÇ A C D L
U E C F E WU R N Y E N
C I * G O R T G L M N R E A B O A V I R A T Q D T
I D H
A R MI O I E F Q N V T E M C A A E C R L I E
P A C I E N C I AK U I A R D O Ç S U Z N I Ç A N
A O M A E X O A L I I K S I E D O S M
X A B G O C D
Z C E N F I N N DA L A S A
U I F
A E I T I Ç A R I A
I M R Y WO T O AM O R I O R S S D A I C S G U S
A C O N Z I R X DA D A D R A
I M
A C A S S E O I M M
I O
A T E MI O M E M A O A D D I
M S C O R D I A E R
V E * MO G L V AG D A O E N C I A O O A X S S V
B O N D A D E N Ç I E A X I N I M I Z A D E S Z T
F X D E Q I D I DE D G H Y C D T
O Y I N V E J A S
E R P
Sugestão 2
- Dividir a turma em dois grupos para fazer uma gincana. A brincadeira consistirá
no seguinte. O catequista sorteia o grupo que deverá iniciar. Dentro de uma ces-
tinha, o catequista terá diversas perguntas. Um membro da equipe tira uma per-
gunta; o catequista lê e a equipe deve responder imediatamente (tempo máximo:
10 segundos). Se o grupo acertar, ganha 10 pontos. Se errar, perde a vez e a
mesma pergunta vai para o grupo oponente. Se o grupo acertar, ganha 5 pontos e
terá direito à próxima pergunta. Se errar, terá apenas direito à próxima pergunta
e não perde ponto algum. A vez passa para outra sempre que não acertar a per-
gunta que sorteou.
- Questões propostas:
• João e Luiz se desentenderam por causa de um jogo de bola. João, domi-
nado pela raiva, ficou cego e passou logo pra agressão e Luiz ficou fazen-
do gozação. Qual é provavelmente o temperamento de João? (colérico).
• Joana é uma menina inteligente, mas vive meio triste. Era seu aniversário e
ela planejou uma festa; preparou tudo criteriosamente quando, por um
azar, houve um imprevisto e a festa teve que ser adiada. Joana ficou incon-
formada e quis morrer. Por mais que a consolassem e dissessem que a fes-
ta seria daí a uma semana, ela não se deixou conformar. Qual é provavel-
mente o temperamento de Joana? (melancólica)
• Martinha tem 12 anos e adora rir e brincar. Onde ela chega, ninguém fica
mais triste. Mas ela é meio enrolada. O grupo de estudos do qual ela parti-
cipa marcou para fazer o trabalho bem na hora que ela podia, mas ela não
apareceu no horário combinado. Quando todos já estavam desistindo de
esperar, ela chegou com o maior sorriso se desculpando. Qual é provavel-
mente o temperamento de Martinha? (sanguíneo)
• Quando José e Carlos discutiram por causa das piadinhas de Carlos, José
deu as costas e saiu sem dar resposta; achou a piada de tal mau gosto que
nem merecia ser retrucada. O grupo que assistia achou estranho ela não
partir para a pancadaria. José simplesmente disse: “Deixa ele pra lá. Não
tô nem aí pra ele” e seguiu sua vida. Que temperamento parece que José
tem? (fleumático)
• Cláudio é um artista, tem muitos dons, mas vive triste achando que não sa-
be fazer nada. Tudo que ele faz, acha feio e quer melhorar. Que nome da-
mos a isto? (perfeccionismo)
• Como se chama o rei que exilou o povo para a Babilônia? (Nabucodono-
sor)
• Qual o nome da religião do povo politeísta que morava em Canaã e cujo
símbolo era a serpente? (baalismo)
• Qual o nome do profeta nervosinho e resolvido que saiu de Tequa e foi
profetizar no Reino do Norte (Amós)
• Qual o nome do profeta esperançoso que não perdeu a paz quando foi exi-
lado junto com o povo, nem perdeu a esperança na hora da angústia? (Isaí-
as)
• Quem é o profeta que disse que o povo de Israel era como ossos secos?
(Ezequiel)
• Que nome é dado às características de nossa personalidade com as quais
nascemos e que nos acompanham por toda a vida? (temperamento)
• Cite três frutos do espírito e três frutos da carne elencados por Paulo na
Carta aos Gálatas.

Conclusão
Nossa vida nem sempre é fácil. Há muitas tristezas e dores que independem
de nós; são fatalidades da vida, acidentes, problemas diversos que nem sempre
fomos nós que procuramos. Se somamos a ela as fraquezas de nossos tempera-
mentos (frutos da carne), ela fica bem mais difícil ainda. O Espírito de Deus que
habita em nós pode nos ajudar a tornar a vida mais leve e mais tranquila. Se nos
deixamos guiar pela força de Deus, os problemas – apesar de persistirem – são
mais facilmente superados. Buscar os frutos do Espírito não é uma imposição,
mas a melhor possibilidade para nossa vida.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Colocar no centro uma toalha, uma vela acesa e um crucifixo.
- Pedir que todos olhem atentamente para a cruz de Jesus e se recordem de sua
coragem, de sua perseverança, buscando em Jesus forças para ser fiel e perse-
verante.
- Cantar a música número 16.
- Fazer momento de silêncio para que todos possam rezar. Distribuir um pe-
queno pedaço de papel em branco, lápis ou caneta, e orientar para que cada
um escreva uma prece pedindo a Jesus energias para ser melhor, para enfren-
tar seus limites, suas fraquezas e para continuar buscando a vida nova, feliz e
livre, que só ele pode nos dar.
- Enquanto eles escrevem, cantar a música número 4 ou colocar um fundo mu-
sical com aparelho de CD.
- Terminando de escrever, cada um, em silêncio, vai até o altar e deposita sua
prece.
- Para terminar, todos em torno do altar e de mãos dadas, rezar o Pai-Nosso.
- Encerrar cantando à vontade. Que tal a música número 18?

Dicas para o catequista


- Quando Paulo escreveu a Carta aos Gálatas, havia uma polêmica nas comuni-
dades cristãs. O cristianismo nascia e as regras da fé não estavam bem definidas.
A fé cristã nasceu no seio do judaísmo, cuja Lei, a Torá ou Pentateuco, era a re-
gra máxima. A princípio, os seguidores de Jesus eram todos judeus, logo se-
guiam a Torá e obedeciam seus mandamentos, ou seja, estavam sujeitos à Lei.
Com o passar do tempo, a fé cristã conquistou outros adeptos, os pagãos ou gen-
tios. Paulo foi o grande apóstolo dos gentios, pois levou a Palavra de Jesus até
eles. Quando o evangelho chegou no meio dos pagãos, alguns judeus pensavam
que, antes de ser cristão, o pagão tinha que se tornar judeu, ou seja, submeter-se
à Lei ou Torá. A Torá era uma coisa boa, mas a observância da Torá ficou rigo-
rosa demais a tal ponto que, em vez de libertar, a Torá estava escravizando o po-
vo, por causa do excesso de exigências que foram criadas a partir dela. Havia no
tempo de Jesus 613 mandamentos a cumprir: 365 para não fazer e 248 prescre-
vendo o que fazer. Ninguém conseguia cumprir a Lei, mas continuava sujeito a
ela. E a Lei escravizava e oprimia as pessoas, tornando-as tristes porque não da-
vam conta de fazer o que era exigido. O apóstolo Paulo rapidamente desconfiou
que havia algo errado. Ele entendeu que, para ser cristão, não era preciso se
submeter à Lei Judaica; bastava aceitar Jesus com a força de seu Espírito e a vi-
da cristã começava acontecer.
- Paulo fala das obras da carne e das obras do espírito. Carne e espírito: uma an-
títese para falar da totalidade do ser humano ou das facetas de nossa vida. A
carne não é má; ela simboliza a natureza humana, mas simboliza a natureza hu-
mana por si só, sem a graça de Deus, sem seu Espírito. A natureza humana é
boa, mas a força de Deus está aí para ajudar a gente a superar as fraquezas desta
natureza, afinal a gente não é deus; só uma pobre criatura sem muita força. En-
tão, não diga o catequista a seus catequizandos que os frutos da carne são coisa
do diabo ou algo parecido, levando especialmente para o campo da moral sexual.
Não é disto que Paulo está falando, apesar da imoralidade e outras fraquezas es-
tarem enumeradas nesta lista. Os frutos da carne simbolizam nossa vida levada
de qualquer jeito, sem os padrões do evangelho, sem a força do Espírito que ha-
bita em nós. O Espírito é a força de Deus. Com a força de Deus produzimos fru-
tos bem melhores do que quando estamos entregues à nossa própria sorte. Como
disse um antigo sábio da Igreja, “Enquanto não estou cheio do Espírito de Deus,
sou um peso para mim mesmo”. O Espírito nos torna leves; ele potencializa nos-
sas forças e nos ajuda a viver com nossas fraquezas, afinal cada temperamento
tem forças e fraquezas.

2ª etapa

8º Encontro

CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Preparar um altar: mesa, toalha, flores, vela e uma bíblia.
- Levar uma jarra com água, uma bacia e toalha.
- Preparar um grande e bonito coração de papel material para fixá-lo em lugar
bem visível.
- Levar crachás com o nome dos catequizandos.
- Ensaiar bem as músicas. Confira roteiro.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar um momento de confraternização. Apesar do trabalho, vale a pena
investir nesses momentos de comunhão fraterna, onde todos lancham e con-
versam à vontade.

1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma, colocando em cada catequizando um crachá com seu
nome. Estando todos reunidos, motivar a celebração, dizendo: Ami-
gos, durante esta etapa da catequese refletimos sobre os temperamen-
tos, suas forças e fraquezas, e conversamos sobre os caminhos para
superar nossas limitações. Vimos que temos traços positivos que nos
fazem crescer e traços negativos que devemos superar. Jesus está co-
nosco nos ajudando neste trabalho de superação. Iniciemos com ale-
gria nosso encontro, cantando a música número 15.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nossa
fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D - Motivar: Estamos reunidos aqui para lembrar que somos pessoas es-
peciais, cheias de valor e muito amadas por Deus. Ele nos guarda no
seu coração e cuida de nós com carinho. Para lembrar esse amor de
Deus por nós, vamos receber um coração e vamos colar nele os nossos
nomes. Que fique bem certo: Deus tem nosso nome gravado sem eu
coração. Somos pessoas muito amadas por ele. Enquanto fazemos a co-
lagem, cantemos a música número 3.
- Em seguida, convidar para louvar a Deus por seu amor: Irmãos, agra-
deçamos a Deus por seu amor e amizade, cantando a música de louvor
número 12.
D - Oremos: Ajudai-nos, ó Deus de amor, a aperfeiçoar nosso jeito de ser
para que, renascidos pela força do vosso Espírito, possamos amar e
servir o vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Es-
pírito Santo.
T - Amém.

2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se sentar e se acalmar para ouvir a Palavra de
Deus. Cantar a música número 2.
- Comentar: Por meio de sua Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo
lembra a comunidade de corinto que todos que estão em Cristo são
nova criatura. Assim também nós, irmãos, mortos para os pecados,
renascemos para uma vida nova em Jesus, nosso amigo. Ouçamos
atentos.
L - Proclamação da Carta de Paulo aos Coríntios - Ler na Bíblia.
2Cor 5,14-17
C - Convidar a turma para dois a dois partilhar a leitura.
- Dar um tempo para que conversem livremente sobre a leitura pro-
clamada.
D - Concluir:
“Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura”, lembra o
apóstolo Paulo. Hoje nos alegramos por receber esta bela notícia: Todos
nós podemos nos renovar sem cessar. Apesar de termos um temperamen-
to com traços característicos, não somos escravos de nada nem de nin-
guém; Cristo nos libertou e sua força nos renova a cada dia. Não importa
se somos nervozinhos, calmos ou tranquilos, coléricos ou engraçados,
melancólicos e ou de bem com a vida. Todos nós podemos ser renovados
pela força da fé em Jesus ressuscitado que caminha conosco e nos esten-
de sua mão. Quando aderimos à fé cristã pelo batismo, fomos sepultados
com Cristo na sua morte e renascemos com ele para uma vida nova. As-
sim, cada um assuma as rédeas de sua vida e tenha coragem: há muito a
fazer. Temos longo trabalho de interiorização e conhecimento de nós
mesmos que precisa ser realizado. Temos possibilidades mil de renova-
ção e recomeço. Basta nos abrirmos para a ação amorosa de Jesus e aco-
lhermos a força que ele nos oferece para toda superação.
C - Cantar a música número 4.

3. RITO DE RENOVAÇÃO

C - Convidar a turma para fazer preces a Deus, pedindo sua ajuda para
ser nova criatura, pedindo forças para deixar para trás o homem ve-
lho e seus maus hábitos. Após cada prece, todos dirão: “Renova-me,
Senhor Jesus!”.
- Senhor, vem nos ajudar a compreender as fraquezas de nosso tempe-
ramento e nos esforçar para superá-las.
- Senhor, vem nos ajudar a desenvolver nossos dons e nossas qualida-
des, colocando-as a serviço dos irmãos.
- Senhor, pela força do teu Espírito, ajuda-nos a sermos novas criatu-
ras.
- Senhor, ajuda-nos a superar todo desânimo e a fazer todo esforço
para cada dia mais melhorar e crescer.
- Ajuda-nos a compreender as fraquezas de nossos irmãos, assim co-
mo desejamos que compreendam e tenham paciência com nossas
fraquezas.
- Senhor, lava-nos de nossas faltas e purifica-nos de nossas culpas,
para que possamos, com a força de teu amor, ter chance de recome-
çar.
D - Convidar a turma para fazer o ritual da lavação. Cada catequizando
vai até o altar, onde deverá ter uma bacia e uma jarra com água. O
catequista despeja água nas mãos de cada um para que se lavem.
Enquanto isso, cantar a música número 18.
- Terminada a lavação, erguer os braços para o alto e rezar juntos:
“Renova-me, Senhor Jesus, com a força do teu Espírito. Ajuda-me a
recomeçar meu caminho, abandonando as fraquezas que me fazem
cair e apegando-me aos dons que o Senhor mesmo me deu. Uma
nova chance eu quero ter de recomeçar, de aprender a amar. Ajuda-
me, Senhor. Amém!”.
- Se for, oportuno, cantar a música número 18.

4. RITOS FINAIS:
D - Convidar a turma para dar as mãos e rezar o Pai-Nosso.
- Oremos: Ajudai-nos, ó Deus de amor, a nos renovar sem cessar,
despojando-nos da velha criatura que não sabe bem viver e nos re-
vestindo da nova criatura em Cristo, que é mais livre e mais feliz.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
T - Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar para o próximo encontro
D - O Senhor esteja conosco!
T - Ele está no meio de nós.
D - Abençoe-nos o Deus misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito
Santo.
T - Amém!
C - Encerrar cantando à vontade e, depois, fazer a confraternização.
Terceira Etapa
Trabalhando as emoções
Na aventura pelo mundo misterioso que somos nós, na viagem interior
à procura de nós mesmos, não poderia faltar ocasião para conversar sobre o que
sentimos, sobre as emoções que nos invadem. Esta etapa vai ajudar os catequizan-
dos a lidar com suas emoções. Normalmente, os adolescentes e jovens têm difi-
culdade para compreender o que sentem. E tudo o que sentem é muito intenso e
parece definitivo. Se amam, amam demais e creem que esse amor é eterno. Se
odeiam, odeiam intensamente e acham o perdão impossível. Ódio, amor, raiva,
angústia, alegria... emoções que povoam os corações juvenis e bagunçam suas
cabeças. Esta etapa pretende conversar sobre essas emoções e ajudar os catequi-
zandos a perceberem que emoções são próprias da vida, pois como canta Roberto
Carlos “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. As emoções
mostram que estamos vivos e aptos ao relacionamento.
Certamente, porém, não basta sentir emoções. É preciso saber lidar
com elas. As emoções devem estar sob controle, devem ser domesticadas, ou ofe-
recem perigos para nossa vida. Uma pessoa cujas emoções afloram intensamente,
sem o menor controle, está sempre sujeita a decisões impensadas, a atitudes pri-
márias das quais pode se arrepender depois. Daí a importância de falar sobre isso,
de conversar livremente e sem tabus sobre as emoções que sentimos.
Mais uma vez, o ponto de partida da conversa é a Palavra de Deus. Os
textos bíblicos vão provocar o bate-papo, mas ele é só o pontapé inicial. A con-
versa deve fluir livremente, sem entraves, deixando os adolescentes à vontade
para falar do que sentem e como vivem. Esse diálogo aberto pode ser libertador.
1º Encontro

COMO VEJO A MIM MESMO

1. Acolhida e oração inicial


- Receber a turma com alegria e atenção, dando a todos as boas-vindas. Can-
tar músicas animadas. No fim do livro, há diversas sugestões.
- Depois, sossegar a turma e fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 16.
- Motivar a oração: “Amigos, vamos fazer uma oração. Vamos conversar
com Jesus que é nosso amigo, nos ama e mora dentro de nossos corações.
Feche seus olhos, pense só em Jesus que declarou seu amor e sua amizade
por você. Diga a ele que você também quer ser seu amigo e corresponder
ao seu amor. E deixe que ele renove seu coração. Peça a ele que tire do seu
interior tudo aquilo que ainda é treva, tudo que não é luminoso nem boni-
to. Vamos começar este encontro fazendo uma faxina em nós mesmos, no
nosso interior. Vamos deixar Jesus renovar todo o nosso ser”.
- Cantar de novo a canção anterior.
- Convidar cada um a fazer breve prece espontânea, pedindo a Jesus que re-
nove sua vida. Após cada prece, todos dirão: “Vem nos renovar, Senhor!”.
- Dar o abraço da paz, dizendo uns aos outros: “Muita paz pra você; desejo
que Jesus renove seu coração!”.
- Cantar a música número 13.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos conversar hoje sobre a imagem que temos de nós mesmos. É muito
importante a gente refletir sobre o que pensamos de nós mesmos, sobre o modo
como nos vemos. A imagem que temos de nós mesmos vai influenciar no modo
de ver a vida, de ver as pessoas, de comportar, de decidir... Mas, para conversar
sobre o modo como nós nos vemos, vamos antes ouvir um texto da Bíblia que
mostra como uma pessoa de fé se vê: como um dom maravilhoso de Deus. É o
Salmo 8.
Texto: Sl 8
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual a primeira atitude do salmista quando contempla a vida e o mundo?
• Ao olhar a lua e as estrelas, o salmista se admira. Sua admiração é só pela
beleza da criação ou tem algo mais?
• Para o salmista, o ser humano é comparado a quem?
• Para ele, de que o ser humano está pleno?
• Segundo o salmista, que lugar o ser humano ocupa na criação?
• Como termina o salmo? Ou seja, ao olhar para o ser humano, qual a atitude
que brota no coração do salmista?

Aprofundamento
- O Salmo 8 é um belo exemplo do modo positivo como as pessoas de fé veem
a vida, os seres humanos e a si mesmo. Ver a vida com bons olhos é muito
importante, apesar das dificuldades que a vida apresenta. Ver as pessoas com
bons olhos é fundamental para boa convivência e bom relacionamento entre
todos. Ver cada um de nós como obra maravilhosa de Deus é condição para
viver em paz com a gente mesmo, sem dramas, sem traumas, sem angústias...
- Ao ver que nós somos uma obra maravilhosa de Deus e que a vida humana é
um dom incomparável, o salmista agradece a Deus, eleva a ele seu louvor.
Nasce no seu coração uma atitude de gratidão, que o ajuda a viver mais ple-
namente.
- Para o salmista, toda a criação é bela; mas o ser humano é ainda mais perfei-
to, mais bonito, mais completo. Ele é “pouco menor que um deus”, ou seja,
dentre toda a criação, o ser humano é que se assemelha a Deus: é capaz de
amar, de decidir, de se responsabilizar... afinal, é imagem e semelhança de
Deus.
- O modo como nos vemos , a imagem que temos de nós mesmos, é algo muito
importante. Se nos vemos como um dom de Deus, cuidamos bem de nós, da
nossa saúde, dos nossos afetos, do nosso corpo e de tudo que nos envolve. Se
sabemos que somos a obra prima de Deus, não vamos querer estragar e de-
formar esta obra maravilhosa que Deus fez. Vamos viver dignamente e sem-
pre agradecidos por tudo que ele fez e faz por nós. Se, ao contrário, achamos
que não somos nada e que a vida é uma droga, então nossa atitude será bem
outra.
- Uma visão distorcida de nós mesmos pode trazer sérios problemas. A fé cristã
pode ajudar a corrigir isto. Ela nos mostra que somos seres maravilhosos,
imagem e semelhança de Deus. Mas mostra também que não somos deuses.
A fé nos ajuda a achar o equilíbrio e a viver bem. Nem uma imagem distorci-
da para mais, que nos leve a pensar que somos maravilhosos, imbatíveis, su-
perpoderosos... nem uma imagem distorcida para menos, que gere em nós
complexos, angústias, desvalorização e temores... Somos maravilhosos, disse
o salmista, mas podemos ser absurdos, tresloucados, inconsequentes, adver-
tem outros textos da Bíblia.
- Na jornada da vida, podemos cultivar alguns traumas e angústias que chegam
a deformar a verdadeira imagem da gente e nos trazem doenças e prejuízos
diversos. É o caso de alguns distúrbios como bulimia (a pessoa come compul-
sivamente e depois vomita), anorexia (a pessoa não come quase nada por se
achar gorda), síndrome de pânico (a pessoa fica descontrolada por qualquer
situação, mesmo que esta não apresente nenhum perigo), complexo de inferi-
oridade (a pessoa se acha feia e sem talentos, diminuindo-se diante dos ou-
tros) e outras doenças.
- Essas doenças precisam de tratamento. Não se vence o complexo de inferiori-
dade só com bons conselhos, nem a bulimia ou anorexia são vencidas apenas
com informações. Nestes casos, é importante receber ajuda médica, de psi-
quiatra, de psicólogo e, muitas vezes, será preciso tomar medicação, além de
receber apoio da família, dos amigos, fazer terapia, ginástica, caminhada...
- Ninguém se envergonhe caso precise de terapia. Neste mundo agitado e com
mudanças tão rápidas, praticamente todo mundo precisa deste recurso para fi-
car inteiro, sem maiores angústias. É isso ou vamos ser um caco, sempre
ajuntando os restos que sobraram. Essas doenças psiquiátricas podem advir de
angústias do passado, de traumas, de violências sofridas, de abandonos. Todo
mundo deveria ter a chance de se tratar e se cuidar. E quem não precisa disto
não é melhor do que quem precisa. Todo mundo é obra maravilhosa de Deus
e esta obra deve ser tratada com amor e cuidado. Mas nem sempre é assim.
Alguns foram mais poupados pela vida, tiveram uma infância mais feliz ou
têm uma estrutura mais forte e não se quebraram tanto. Que bom! Que esten-
dam a mão a quem precisa! Quem ficou mais marcado pela vida, levante a
poeira e dê volta por cima. Busque ajuda, não sofra tanto mais. Há bons re-
cursos hoje para ajudar quem se encontra com esses males. E isso não dimi-
nui ninguém; ao contrário, engrandece, pois mostra a coragem de ir à luta pa-
ra ser livre e feliz como é desejo de Deus.
- De novo uma advertência: essas angústias psicológicas ou doenças psiquiátri-
cas não significam falta de fé ou de confiança em Deus. São doenças, como
diabetes, câncer, úlcera, pressão alta ou gripe. Todo mundo adoece mesmo:
uns mais, outros menos. Mas é próprio do ser humano sofrer esses males, pois
a vida humana é mesmo complexa e dolorosa. Só Jesus para nos ajudar a dar
conta de ser livre e feliz. Esta não é uma tarefa fácil!

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e repartir o texto abaixo, pedindo que leiam e
reflitam, respondendo as questões que seguem.

As sete maravilhas do mundo


Um grupo de estudantes pesquisava as sete maravilhas do mundo. Como
sempre foram lembrados: O Taj Mahal, a Muralha da China, as Pirâmides do
Egito etc.
Ao recolher os votos, o professor notou um estudante muito quieto. Não tinha
escrito nada e parecia meio constrangido.
O professor perguntou se tinha problemas em escolher as sete maravilhas do
mundo.
O aluno disse: “Um pouco. Eu não consigo fazer uma lista só de sete, porque
são muitas maravilhas”.
O professor incentivou o aluno a dizer o que pensava. E ele disse: “Eu penso
que as sete maravilhas do mundo sejam: ver, ouvir, tocar, provar, sentir, rir e
amar”.
A sala ficou completamente em silêncio.

Questões:
• Você concorda que o ser humano é maravilhoso? Fale sobre isso.
• O que você acha da lista que o aluno fez. Para ele, as capacidades hu-
manas são as verdadeiras maravilhas do mundo. Você concorda?
• Além das sete maravilhas que o aluno elencou, faça uma lista com ou-
tras coisas maravilhosas que podemos fazer.

Conclusão
O salmista, encantado com a maravilha da vida, agradeceu, a Deus especi-
almente pela beleza do ser humano. De fato, a vida é bela e um dom maravilhoso
que deve ser cultivado. Mas o fato de a vida humana ser maravilhosa não a impe-
de de ser sofrida, cheia de angústias e males. Talvez por causa disso ela seja mes-
mo tão preciosa. Sua fragilidade mostra que ela precisa de cuidados especiais.
Todo mundo precisa de cuidado para ser feliz. Ninguém se envergonhe se a vida
lhe parece um peso; se não consegue ter esta atitude otimista do salmista que diz:
“Que maravilha, meu Senhor, sou eu!”. Esta atitude vem com o tempo, se a gente
se cuida, se trata e cura as marcas do passado. Daí a importância da fé cristã. Ela
pode ajudar; ela é força pra viver, pois sabemos que não enfrentamos a vida sozi-
nhos: Deus está conosco.

4. Oração final e encerramento


- Convidar a turma para rezar.
- Motivar: “Na vida, muita coisa pode deformar a imagem que temos de nós
mesmos: as marcas do passado, os traumas, as doenças psíquicas... mas
não só isso. Também o pecado pode nos deformar. O pecado tira nossas
forças pra lutar; ele nos faz esquecer que somos obra maravilhosa de Deus.
Ele nos deixa abatidos, sem forças para a luta. Por isso é tão importante
confiar no amor de Deus e buscar sua ajuda. Seu perdão nos fortalece; seu
amor nos refaz. Vamos pedir perdão a Deus cantando a música número
17”.
- Cantar várias vezes. Depois, dar um tempo para que, em silêncio, cada um
peça perdão por suas faltas.
- Cantar de novo, se oportuno.
- Encerrar com o Pai-Nosso.
- Motivar para o próximo encontro e encerrar cantando à vontade. Que tal a
música número 12?

Dicas para o catequista


- Alguns apontam a fé cristã como uma das responsáveis pelo desastre ecológico
que hoje presenciamos no nosso planeta. Dizem eles: “Foi esta visão de superio-
ridade do ser humano que estragou tudo. Se homem e mulher se entendessem
como parte da natureza e não como senhores dela, nada disso estaria acontecen-
do!”. Tem razão em parte os que nos acusam a esse respeito. De fato, a fé cristã
sempre entendeu – e continua entendendo – que o ser humano é a obra prima de
Deus, e isto, mal compreendido, pode gerar estragos no planeta. Mas, apesar de
a fé cristã entender o ser humano como o centro da obra criada, isto não faz dele
o senhor de tudo nem dá a ele o direito de subjugar todas as criaturas indiscri-
minadamente com fins de consumismo. Ao contrário, a fé cristã reconhece o va-
lor da criação e louva a Deus por ela. Ao abordar o tema do ser humano como
obra maravilhosa de Deus, tome cuidado o catequista para não desprezar as ou-
tras formas de vida, sem as quais a vida humana perece. Mas cuide também para
não humanizar – como é tendência de alguns grupos hoje – os animais e outros
seres. Tem gente por aí achando que bicho de estimação é gente. Aí também já é
demais.
- As doenças psiquiátricas ou psíquicas, que abarcam desde bulimia e anorexia até
transtorno bipolar e esquizofrenia, devem ser encaradas com muita caridade por
todos. Que o catequista tome muito cuidado ao tratar desses assuntos! Normal-
mente, um portador destas síndromes, ou alguém que tenha um familiar nesta si-
tuação, não fala abertamente sobre isto. É preciso delicadeza e bom senso nesses
casos. O catequista deve, pois, tocar neste assunto sabendo que nem todos po-
dem querer falar sobre o tema. Será preciso não forçar a barra, não ultrapassar
os limites. Não é o caso certamente de deixar de abordar o tema. Isso pode ser
libertador e ajudar muita gente.

2º Encontro

VENCENDO OS COMPLEXOS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com toda a atenção. Fazer momento de animação, cantando
músicas apropriadas.
- Sossegar a turma para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz, lembrando que o Deus da vida está conosco nos ani-
mando e fortalecendo na nossa caminhada.
- Convidar a turma para rezar. Motivar: “Nós somos uma obra maravilhosa de
Deus e, por isso, agradecemos a ele pela vida, mesmo com os sofrimentos e
angústias que ela traz consigo. Deus nos convida a ‘viver e a não ter vergonha
de ser feliz’, como dizia Gonzaguinha. Nós somos muito amados por Deus;
ele nos criou, nos ama e cuida de nós. Agradeçamos a ele pelo dom da vida”.
- Convidar a turma para cantar a música número 10.
- Depois da canção, cada um poderá dizer breve prece de louvor. Após cada
prece, todos dirão: “Obrigado, Senhor!”.
- Cantar a canção número 12.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Deus está sempre conosco nos ajudando a vencer as dificuldades da vida.
Esta é a vantagem da fé: ela nos capacita para enfrentar os desafios da vida. Va-
mos ouvir um belo texto da Bíblia que mostra a importância da fé para nos ajudar
a vencer, mas, antes, cantemos a música número 2.

Texto: 1Jo 5,1-5


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Conforme a Carta de João, o que é que vence o mundo? Você concorda
que a fé vence o mundo?
• E os mandamentos de Deus, são pesados para quem nele crê e confia?
• Segundo João, o que é amar a Deus? Como podemos saber que o amamos
de fato?

Aprofundamento
- Este texto da Primeira Carta de João fala sobre a importância da fé para vencer
os atropelos da vida. Nossa vida tem muita coisa diferente do que a gente ideali-
zou. Nós gostaríamos de ser mais inteligentes e nem sempre somos tão inteligen-
tes assim. Gostaríamos de ter um corpo mais sarado e esculpido e ele nem sem-
pre é tão perfeito assim. Sonhamos ter uma saúde de ferro e ela é frágil e nós vi-
vemos com muitas debilidades do corpo, tendo que ser felizes dentro dos limites
que as condições da vida impõem. Então, a fé pode ajudar. E muito. Por meio da
fé, a gente começa a entender a beleza da vida, nos limites que ela impõe.
- Mas o que é a fé e qual seu papel? A fé pode ser dita em dois níveis: a fé-desejo
e a fé-adesão. A fé-desejo é aquela força que move a gente a seguir sempre em
frente, a querer sempre mais, a superar as dificuldades, a enfrentar os desafios.
Todo mundo tem, de alguma forma, esta fé; ela independe da crença, da religião;
ela está ligada à vida e não à profissão de fé. A fé-adesão é a resposta que da-
mos a Deus, quando percebemos sua presença em nossa vida e entendemos que,
na sua companhia, com sua força, a vida fica mais bonita, ganha mais sentido.
- A fé-desejo é muito importante, mas a fé adesão é determinante para nós cris-
tãos. É desta fé que João está falando na sua Carta. João escreve para sua comu-
nidade, animando-a a vencer todos os obstáculos por meio da fé cristã, ou seja, a
confiança de que Jesus está vivo e ressuscitado junto de nós. Ele sabe que quem
dá sua adesão a Deus tem uma força a mais para superar seus problemas, pois a
boa-nova de Jesus é força pra viver; seu amor é uma injeção de ânimo para nossa
vida; sua presença nos revigora.
- Quem tem só a fé-desejo já tem uma mola propulsora que o anima, mas quem
tem a fé-adesão tem um trampolim que o projeta ainda mais para frente. Quem
adere a Jesus não se sente mais só; não se entrega ao desânimo; não se deixa
abater, apesar das dificuldades que enfrenta. Quem tem fé-adesão, ou seja fé
cristã, sabe que não conta só com sua força para vencer seus complexos, suas
angústias etc. Conta com a força de Jesus, o Filho de Deus. Quando cremos em
Jesus e aderimos ao seu projeto, nascemos de novo: morrem o desânimo, o medo
e a tristeza, não porque eles deixem de existir, mas porque a força que Deus nos
dá por meio de Cristo é bem maior.
- O evangelista João fala que a vitória que vence o mundo é a fé. O mundo para
João não é uma coisa ruim, como se fosse coisa do demônio. O mundo, neste ca-
so, é a nossa história com suas mazelas e dores. Nossa história, se não for bem
trabalhada, pode adquirir o sentido negativo de mundo: o inimigo de Deus, aqui-
lo que se opõe a seu reino. Se a gente se deixa levar pela história em vez de con-
duzi-la com a força de Deus, ela pode nos arrastar para caminhos tortuosos. Daí
a importância da fé, especialmente da fé-adesão. Se já aderimos a Cristo, já so-
mos vitoriosos com ele; já morremos para o pecado e todo mal e já nascemos pa-
ra uma vida nova. É bom lembrar que, se o mundo é perigoso e ameaça nossa
vida, ele também é belo e oferece boas oportunidades. A nossa história mesmo,
certamente tem mazelas, mas admitamos, também tem coisas boas e isso não
pode ser esquecido.
- Ninguém está isento de males. Todo mundo tem angústias, um espinho na carne
como disse o apóstolo Paulo. Todo mundo tem traumas, todo mundo tem triste-
zas. Se a gente lida bem com o corpo, não lida bem com a questão intelectual. Se
lida bem com o lado intelectual, deixa afetos mal resolvidos para trás. Se admi-
nistra bem os afetos, mesmo assim pode não se dar bem na questão profissional.
E assim vai. “Uns tem o pé torto; outros têm o chinelo furado”, diziam os anti-
gos. Uns tem a saúde frágil, outros tem a inteligência mediana. Uns tem uns qui-
los a mais, outros tem chatices difíceis de suportar. E assim vai. Mas é bom lem-
brar: dá pra ser feliz mesmo assim. Dá pra amar e ser amado sem ser perfeito.
Dá pra viver feliz, mesmo com nossas imperfeições e tristezas. Se a gente tem
qualquer limitação que seja, tanto física, intelectual ou moral, mesmo assim dá
pra ser feliz. É só não deixar isso virar um trauma, um complexo, um fator limi-
tante na nossa vida. Não podemos esperar ter o corpo de uma modelo internaci-
onal ou a inteligência de santo Agostinho ou a simpatia do papa Francisco para
ser felizes e aceitos pelos outros. Devemos buscar a aceitação, começando por
nós mesmos, na superação dos complexos.
- Os complexos só atrapalham a gente. Eles nos deformam diante de nós mesmos.
Muitas vezes somos inteligentes, mas nos achamos burrinhos. Outras vezes, so-
mos fortes e bonitos e nos vemos totalmente sem graça, sem atrativo. Em alguns
casos, somos talentosos, sabemos escrever, cantar, pintar, dançar, tocar, falar em
público... mas não notamos nossos próprios dons. Não sei por que temos a pés-
sima mania de nos diminuir, de nos depreciar. São os complexos! Outras vezes,
a situação é bem outra: somos frágeis, com limitações visíveis, todos as perce-
bem, menos nós. Nós nos achamos o tal, o cara, o bom. Isso também não é legal!
De novo os complexos deformando a imagem que temos de nós mesmos.
- A fé em Cristo pode ajudar. A fé nos esclarece, nos anima, nos motiva. Ela serve
de espelho: ajuda a gente a se conhecer e a superar esses complexos. Quando nos
sentimos grandes, orgulhosos, vaidosos, arrogantes, e olhamos para Jesus, para o
seu amor, para a sua grandeza, entendemos a nossa pequenez e desconfiamos
que não somos nada. Ele sim é maravilhoso. Ele é o homem perfeito, o homem
total, inteiro, que, por sua fé, sempre se refez depois de cada pancada que levou
da vida. A fé lhe deu forças para tudo vencer e tudo enfrentar.
- O contrário também vale. Quando nos sentimos abatidos, sem forças, sem valor,
sem atrativos, sem beleza, sem capacidade alguma, a fé nos lembra de nosso va-
lor. Lembra que temos muitos dons, que somos filhos queridos de Deus, amados
por ele, amparados por seu amor e seu carinho. Isso nos dá força e corrige a
ideia deformada que temos de nós. Por isso são João fala da importância da fé.
Esta consciência do amor de Deus, esta certeza de que somos seus filhos ama-
dos, nos ajuda a bem viver, a superar muitos males e traumas. Certamente, além
da fé, outras coisas poderão contribuir para vencer esses males, como terapia,
bons amigos, boa convivência familiar, esportes, artes e outras coisas e até me-
dicamentos, em alguns casos. Mas uma certeza temos: a fé não pode faltar, ela é
força pra viver.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos.
- Distribuir o poema abaixo. Pedir que leiam e comentem.
- Depois, em plenário, partilhar o que acharam do poema. Dizer se ele tem algo a ver
com o tema do encontro de hoje.

História de amor
(Gui Gui gago e Linda estrábica)

De: Antônio Fabiano

Foi do desencontro
De um certo par de olhos
Que o amor se apaixonou.
Primeiro ele a viu
E ela duplamente o viu
Ouviu seu desconserto de palavras
E o acerto
Daquele bom concerto
Si...silábico.
Amaram-se.
Porque o amor dispensa
A previsível língua
E óbvios olhos.

Sugestão 2
- Se o poema anterior for muito adulto para a turma, sugerimos trocar pelo poema
abaixo, certamente mais apropriado.

Viva a diferença

O Joaquim é magro e feio. Se Tião fosse simpático


Veja só quem é que diz. Namorava as meninas
É Joãozinho espuleta Mas do jeito que é esnobe
Veja só o seu nariz. Nem dá jeito com vacinas.
Elizabete – quem diria? Adriana é mal humorada
É lindinha e patricinha Com careta de injeção
Que adianta tudo isso Quem vê cara da menina
Se sempre brinca sozinha? Não vê não seu coração.
A Joana é grande e forte O Felipe é bom amigo
Ela tem é um corpão. Dizem alguns que tem trejeitos.
Do tamanho do seu corpo Mas quem disse que machão
É também seu coração. É que é jeito perfeito?
O Luizinho é bom amigo Não importam mão e olho
Ele tem a perna torta. Mas somente amor e afeto
Pra brincar e ser amigo, Mais importam a amizade
Sei que a perna pouco importa. E o carinho, isso é certo.
A Renata é pretinha Todo mundo é diferente
Pérola Negra é o apelido Cada um com seu defeito
Olha só quem tá dizendo O que importa é tudo gente
É o Tião do pé comprido. Cada um com o seu jeito.
Margarete é inteligente No amor é importante
E diferente, pois albina Respeitar a diferença
Mas quem ri da Margarete Cada um com sua fé
É magrela e perna fina. Cada um com sua crença.
Ching tem olho puxado Se há respeito à diferença
Afinal é japonês Reina alegria, paz e luz.
Jhonne tem língua enrolada Viva a fraternidade!
Ele é filho de inglês. Foi o que ensinou Jesus.
Conclusão
- Cada um de nós tem seus complexos, suas limitações, seus traumas, suas angús-
tias. Um é gago; a outra é estrábica. Um tem a perna torta; o outro tem a o nariz
comprido. Um tem o olho puxado; o outro tem problemas de peso. Um tem jeito
de machão; outro tem jeito mais delicado. Uma não tem o corpo de miss que
queria; outra tem cabelo sarará que custa a domar... Mas, apesar de tudo isso,
podemos ser felizes; podemos viver em paz, aprendendo a conviver com todas
essas mazelas. Algumas delas podemos superar. Outras devemos apenas harmo-
nizar para que não nos agridam, nem nos destruam. São angústias com as quais
devemos aprender a conviver, sem sofrer, pois – afinal de contas – não há nin-
guém sem uma angústia, sem algo que o perturbe. Apesar de todos os traumas e
sofrimentos, apesar de nossos defeitos e particularidades, podemos viver de bem
com a vida. É o que refletimos hoje. Podemos ser felizes, cada um aceitando
seus próprios limites e os limites do outro. E viva a diferença que é uma riqueza,
não um motivo de angústia para nós.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para encerrar rezando.
- Cantar a música número 18.
- Motivar: “Vamos dar as mãos e vamos pedir a Jesus que nos ajude a vencer
nossos complexos, nossas inseguranças e a caminhar confiantes pela força da
fé”.
- O catequista reza e a turma repete: “Ó Jesus, nós confiamos no Senhor e te
entregamos a nossa vida. Nós desejamos uma vida melhor, mais plena, e ade-
rimos à proposta do seu evangelho que traz força para bem viver. Ajuda-nos,
Jesus! Inflama nosso coração de amor pela vida; faz pulsar em nós um desejo
de vida mais plena. Coloca em nosso coração uma alegria nova diante da vi-
da, mesmo com seus obstáculos e misérias. Ajuda-nos a superar nossos com-
plexos, angústias e traumas. Nós confiamos no Senhor. Amém!”.
- Cantar a música número 5.
- Antes de terminar o encontro, o catequista deverá motivar sua turma a pesqui-
sar revistas e jornais que tragam reportagens sobre pessoas que, sob o impulso
de fortes emoções, fizeram alguma besteira: mataram ou agrediram alguém,
deram algum fora de tanta alegria etc. Estas reportagens vão ser o ponto de
partida da atividade do próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar Bagagem – número 19 – para encerrar?

Dicas para o catequista


- O texto bíblico de hoje falou-nos a respeito da vitória que a fé é capaz de trazer:
“A vitória que vence o mundo é nossa fé”, disse são João na Primeira Carta. Mas
é bom tomar cuidado com esta afirmação. Certamente a fé é muito importante,
especialmente a fé cristã, a certeza de que Jesus está vivo junto de nós. Mas crer
em Jesus não significa encontrar uma palavrinha mágica que vence tudo. Não
nos iludamos. Apesar da fé em Jesus, vamos ter muitas derrotas; vamos precisar
aprender a lidar com o fracasso como o próprio Jesus fez. As máximas que cir-
culam por aí afirmando que “o sangue de Jesus tem poder” e que “mais poderoso
é Deus” continuam valendo, mas sua interpretação está equivocada. Dizer que o
sangue de Jesus tem poder significa apenas afirmar que seu amor é maior que
tudo, a tal ponto de ele entregar sua vida, derramando seu sangue. Certamente
que Deus é mais poderoso que tudo, mas seu poder é o amor. Ele não é um má-
gico que, por uma palavra de fé, faz o milagre acontecer. A fé cristã ensina que
os sofrimentos são parte da vida e o cristão deve aprender a conviver com as
mazelas que a vida oferece, quando não é possível eliminá-las.
- Aconselhamos que o catequista, ao falar sobre os complexos, deixe entreaberta a
porta, ou seja, que não encerre o assunto com um ponto final. A fé cristã pode
ajudar muito quem quer superar seus complexos, mas pode ser que alguns, além
da força da fé, precisem de tratamento médico, psicológico e psiquiátrico, e não
há nenhuma vergonha nisto. Bem disse o Livro do Eclesiástico que quem des-
preza a medicina é um tolo.

3º Encontro

A IMPORTÂNCIA DE NOSSAS EMOÇÕES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com entusiasmo.
- Cantar músicas animadas de acolhida ou louvor.
- Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz, cantando “Em nome
do Pai”.
- Motivar: “Estamos reunidos, mais uma vez, para acolher a presença de
Deus e agradecer por sua força. Vamos fazer bastante silêncio, fechar nos-
sos olhos, vamos esquecer tudo lá fora e sentir a presença amiga e bondosa
de Jesus junto de nós, nos apoiando. Jesus é um Deus fiel, amigo e com-
panheiro. Na jornada de nossa vida, povoada de fortes emoções, não esta-
mos sozinhos. Quando a gente se alegra, Jesus está junto a nós se alegran-
do conosco. Quando a gente se entristece, Jesus está conosco nos conso-
lando e estendendo-nos a sua mão amiga. Na agitação das ondas de nossas
emoções, não estamos sozinhos. Vamos entregar a ele as pedras do nosso
caminho, os espinhos, as cruzes de nossa jornada. Ele – que é um Deus fiel
– vai nos estender sua mão e nos ajudar a superar tudo isto”.
- Convidar a turma para cantar a música n. 16.
- Convidar a turma para erguer os braços e rezar juntos: “Ó bom Jesus, com
a força do teu amor, ajuda-nos a vencer nossas angústias e tristezas, ajudar
a carregar a cruz de cada dia. Ajuda-nos a fazer desabrochar em nós a ale-
gria de viver e a força para enfrentar a vida. Nós confiamos em ti, Senhor!
Amém!”.
- Cantar algo animado. Que tal a música n. 15?

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro de hoje, vamos ouvir um belo texto do Evangelho de Marcos
que mostra as emoções de Jesus à flor da pele. Jesus de Nazaré, o filho de Deus,
foi homem como nós, sentiu o que nós sentimos, teve reações normais como todos
nós. Não há pessoas sem emoções e, se há, é um distúrbio, uma síndrome, uma
doença. Sentir algo é normal: alegria ou tristeza; raiva ou ternura. Jesus sentiu ira,
raiva e tristeza, quando viu que os fariseus não se importavam com as pessoas.

Texto: Mc 3,1-6
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Onde estava o homem da mão seca? O que é uma sinagoga?
• Que dia era? Qual o problema de ser sábado?
• O que Jesus disse para o homem? Para onde Jesus o levou?
• O que Jesus perguntou aos fariseus? Quem são os fariseus?
• O que eles responderam? Como Jesus se sentiu diante da reação deles?
• O que Jesus fez, então?
• O que os fariseus decidiram fazer depois disso?

Aprofundamento
- Jesus está na sinagoga, território dos fariseus. Os fariseus são homens estuda-
dos, pessoas que conhecem as Escrituras Judaicas; são uma espécie de profes-
sores de teologia, que ajudam o povo a conhecer a Torá, a Lei que regulamen-
ta suas vidas.
- Na sinagoga se lê a Escritura, se reza etc. Tem uma liturgia em torno da Torá.
A Torá é muito importante para eles; ela deve ser cumprida. Para cumprir a
Torá, os fariseus fizeram 613 mandamentos; com proibições e obrigações.
Uma das obrigações mais severas era a de guardar o sábado, ou seja, no sába-
do não se podia fazer quase nada; o tempo deveria ser usado para descansar e
ir à sinagoga estudar a Torá. Por isso no sábado era proibido trabalhar. Para
garantir que ninguém trabalharia, havia uma listinha de atividades proibidas
para o sábado, por exemplo, carregar coisas, colher ou quebrar espigas etc.
- Um homem doente era uma pessoa discriminada, por isso estava no canto da
sinagoga. Jesus o chama para o meio. A vida vale mais que as regras, os pre-
conceitos, as convenções.
- Jesus pergunta aos fariseus para que serve o sábado. Eles sabiam que a lei do
sábado foi instituída para proteger a vida humana, o descanso; para garantir o
direito à religião, à instrução religiosa, à família... Mas, apegados aos seus
costumes, os fariseus ignoram o que sabiam muito bem: a lei do sábado existe
para proteger a vida.
- Então Jesus se irrita. É preciso ter nervos de aço e coração congelado pra não
se irritar com hipocrisias. Jesus não só se irrita: o texto diz que ele sentiu ira e
tristeza. Uai, mas ira não é pecado? Não é um dos pecados capitais? (cf. dicas
para os catequistas). Mas, se Jesus não pecou, como pode ser isto? Jesus sen-
tiu raiva e sentir raiva não é pecado. Pecado é avançar nos outros; deixar a ira
nos dominar e fazer mal para quem está ao nosso lado na hora da ira. Jesus fi-
cou irado, mas fez o bem. Canalizou a emoção para uma coisa boa. Em vez
de avançar nos fariseus, fez o bem ao homem de mão seca. A ira é uma emo-
ção.
- Mas o que são as emoções? São sentimentos ou estados de espírito que se
manifestam diferentemente em cada pessoa e influenciam seu modo de agir.
Diante das circunstâncias da vida, cada pessoa sente impulsos diferentes.
Imaginemos uma cena qualquer: Uma reportagem na televisão mostra um
acidente com vítimas fatais. Ainda que várias pessoas assistam a mesma re-
portagem, elas não terão os mesmos sentimentos diante do fato: um sentirá
tristeza por tantas perdas; outro ficará possesso de raiva, por causa do descaso
das autoridades; outro sentirá medo, pois a vida lhe parecerá muito perigosa;
outra sentirá indiferença, pois não conhece ninguém envolvido no acidente
em questão.
- Há diversos tipos de emoções: ira, tristeza, medo, prazer, amor, espanto, nojo,
vergonha... Essas emoções costumam explodir dentro de nós e, quando a gen-
te menos espera, elas nos tomam de assalto. Quando isto acontece, quase
sempre nos arrependemos das atitudes que tomamos. Muitos crimes são resul-
tado da raiva descontrolada; muitos fracassos advêm da ansiedade; muita pa-
lavra indelicada vem do medo que gera agressividade... Mas as emoções po-
dem ser canalizadas e gerar boas coisas. Foi o que aconteceu com Jesus. Sua
raiva e tristeza foram colocadas a favor do sofredor. Essas emoções ajudaram
Jesus a ter coragem para enfrentar os poderosos e defender o fraco, pois emo-
ções são energia. Jesus usou suas energias para fazer o bem.
- Saber controlar as emoções e canalizar suas energias para o bem é uma virtu-
de que deve ser cultivada. É o que hoje a psicologia chama de inteligência
emocional. A inteligência emocional é a capacidade de lidar com as emoções
para resolver os problemas da vida, para tomar decisões, para discernir cami-
nhos. Mas o que é uma pessoa inteligente emocionalmente? É alguém que sa-
be se acalmar quando sente raiva, se conter quando está irritada, se controlar
quando sente medo, se motivar quando está triste, etc.
- Saber lidar com as emoções é muito importante para ser livre e feliz. Quem
perde a cabeça a toda hora, quem se deixa dominar pelas fortes emoções não
é livre nem feliz: é escravo das emoções, das circunstâncias, das intempéries
da vida. As emoções não são boas nem más. Elas são o que são, mas o modo
como lidamos com elas é determinante para a felicidade.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, sugerimos duas atividades. O catequista veja com sua turma qual é
a opção mais indicada para o encontro.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos para conversar sobre reportagens que descrevem
situações em que pessoas agem desastradamente sob o impulso descontrolado
das emoções, conforme pedido no encontro anterior. Os catequistas deverão
ter recolhido estas reportagens durante a semana, pois, caso alguns tenham se
esquecido da tarefa, não faltará material para o trabalho.
- Nos grupos, os catequizandos vão mostrar as reportagens e relatar o aconteci-
do, procurando identificar a emoção ou sentimento que desencadeou o pro-
cesso.
- Ao final, os grupos deverão partilhar entre si os casos mais curiosos e o cate-
quista fará breve apanhado, mostrando o perigo das emoções descontroladas.

Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos e repartir a estória “o lenhador e a raposa”. Pedir
que leiam e respondam as questões indicadas.

O lenhador e a raposa

Um lenhador acordava às seis da manhã e trabalhava o dia inteiro cor-


tando lenha. Ele tinha um filho pequeno, de poucos meses, e uma raposa, sua
amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias
o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando do bebê. Ao anoitecer, a
raposa ficava feliz com a chegada de seu dono.
Os vizinhos, porém, alertavam que a raposa era um bicho, um animal
selvagem e, portanto, não merecia tanta confiança. Quando sentisse fome, dizi-
am, comeria a criança.
O lenhador dizia que isso era uma grande bobagem, pois a raposa era
sua amiga, de total confiança; ele a alimentava regularmente e ela jamais faria
isso. Mas os vizinhos viviam falando e falando e enchiam a cabeça do lenha-
dor...
Um dia, o lenhador, cansado do trabalho e cansado também dos co-
mentários dos vizinhos, chegou em casa e viu a raposa sorrindo como sempre,
mas com a boca toda ensanguentada. O lenhador pensou: “Desgraçada, ela co-
meu o meu filho, os vizinhos tinham razão”. E sem pensar mais, cego de tanta
raiva, acertou o machado na cabeça da raposa e ela morreu.
Desesperado, entrou correndo no quarto. Encontrou o filho dormindo
no berço, tranquilamente, e, ao lado do berço, uma cobra morta. Seu filho vi-
via, graças aos cuidados da raposa que devorara a cobra.
Questões
• Qual a emoção que fez com que o lenhador investisse contra a raposa e a
matasse?
• O que gerou tal emoção no lenhador?
• Será que vale a pena se deixar levar pelas emoções?

Conclusão
Certamente as emoções são muito importantes. Quem não sente nada diante
das situações da vida está doente, incapaz de reagir e isso não é normal. É só ob-
servar como o sangue de Jesus ferveu diante da hipocrisia dos fariseus. Tomado
pela raiva e pela tristeza, ele reagiu imediatamente em favor do doente, curando-o
e defendendo-o. Mas Jesus não agiu inconsequentemente. Ele teve autocontrole.
Não saiu correndo de medo dos fariseus; não avançou neles saindo para a panca-
daria; não ficou chorando num canto e lamentando as injustiças da vida. Jesus foi
inteligente emocionalmente. Soube reverter a situação a seu favor e a favor do
desvalido. É assim que devemos ser: não como o lenhador da estória que ouvimos
há pouco, que avançou sobre a raposa sem nem sequer saber o que havia aconte-
cido. Devemos ser como Jesus: canalizar nossas emoções para o bem.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a oração: “Neste processo de conhecimento de nós mesmos, pode-
mos confiar em Deus. Ele é um Deus forte, capaz de nos ajudar nesta tarefa.
Ele nos toma pela mão e nos guia neste processo. Sem ele, tudo fica mais di-
fícil. Com ele, tudo fica mais leve porque seu amor nos fortalece. Até nossas
emoções ficam mais ordenadas. Nossos afetos ficam mais ajustados. Com Je-
sus, podemos ter o autocontrole e não sair avançando nos outros. Vamos pe-
dir a Jesus a sua ajuda, cantando a música número 3”.
- Depois, dar as mãos e rezar juntos o Pai-Nosso.
- Cantar a música número 1.
- Convidar cada um a desejar a paz aos demais, como gesto de união.
- Caso este livro esteja sendo usado com jovens (apesar de ser originalmente
pensado para adolescentes), sugerimos ao catequista convidar a turma para
ver um filme durante a semana. O filme indicado é “Um dia de fúria” (classi-
ficação 16 anos). Não é um filme água com açúcar, mas sim um enredo de
fortes emoções, que mostra um homem que, depois de um dia de trabalho,
explode em ira num engarrafamento e vai deixando atrás de si um rastro de
fúria. O catequista veja antes o filme e analise se é apropriado para sua turma.
Talvez a turma seja jovem para tanta violência, para enfrentar tal debate. Mas
lembre-se: se optar pelo filme, deverá preparar tudo e combinar antecipada-
mente com os catequizandos para que nada dê errado.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Muitos catequistas devem estar se perguntando como surgiu a prescrição de
guardar o sábado e por que ela não vale mais hoje. O costume de guardar o
sábado surgiu certamente no tempo do exílio, quando o povo foi deportado
para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor. Dispersos na Babilônia, o ritmo de
vida era outro e exigia tomada de decisões, regras definidas, para preservar a
identidade do povo, que era afeito aos costumes religiosos e guiava-se por sua
fé. O risco de assumir o estilo de vida da Babilônia era grande. Fora de sua
terra natal e sem maiores alegrias, o jeito era enfiar a cara no trabalho para
não pensar em nada. Mas não era assim que o povo monoteísta, consagrado
ao Senhor, vivia seus dias. Eles sempre tinham tempo para Deus, para o culto,
a oração, a família, os amigos, o cuidado com o outro. Por causa disso, pres-
creveram a lei do sábado. E para dar maior legitimidade a essa regra, coloca-
ram-na na lista dos dez mandamentos e até disseram que Deus trabalhou seis
dias e descansou no sábado. “Se até Deus tem tempo pra descansar, por que
não nós?”, perguntavam eles.
- Quanto ao abandono da prescrição sabática por parte dos cristãos é simples. A
fé cristã surgiu, nasceu dentro do judaísmo. A maioria dos primeiros cristãos
era de origem judaica. Mas, com a perseguição sofrida nos primeiros anos, a
comunidade primitiva passou a se reunir de forma escondida nas catacumbas,
nas casas, nos lugares mais inesperados. A reunião na sinagoga no sábado não
era mais segura, pois os judeus não estavam entendendo bem a fé cristã. En-
tão, por volta do ano 80 dC, houve um conflito entre judaísmo e cristianismo,
e os cristãos foram expulsos das sinagogas, tornando-se independentes do ju-
daísmo. Criaram suas próprias regras; estabeleceram seu próprio estilo de vi-
da, seu culto, sua liturgia... Muitos grupos cristãos já se reuniam no domingo,
por causa da ressurreição de Jesus – o primeiro dia da semana. O costume se
implantou: os cristãos entenderam que, em Cristo, Deus está recriando o
mundo, começando tudo de novo. Daí o costume de guardar o domingo e re-
servar esse dia para o descanso, a família, o lazer, a fé, e não mais guardar o
sábado.
- Os chamados pecados capitais aparecem listados nos antigos manuais de ca-
tequese: soberba, avareza, luxúria, inveja, gula, ira, preguiça. São chamados
capitais por serem entendidos como origem de todos os outros. O nome peca-
dos não parece mais apropriado para esta lista. Os ditos pecados capitais são
muito mais emoções ou sentimentos que desabrocham em algumas pessoas e
em certas ocasiões e não pecados propriamente ditos. Quando eles foram lis-
tados, a Igreja não distinguia as emoções dos fatos; não conhecia o inconsci-
ente; não sabia que as emoções são quase sempre involuntárias, como o pen-
sar. Quando a gente vê, já pensou uma besteira. A Bíblia diz que Jesus sentiu
raiva, ira... Ora, se Jesus não pecou, estes sentimentos não podem ser pecami-
nosos. Sentimentos não são bons nem ruins. Só são! Eles existem e, na maio-
ria das vezes, independem de nossos desejos e consentimentos. Eles surgem
involuntariamente dependendo de nossos hormônios, nosso estado de ânimo,
nosso estado de saúde psíquica e emocional. Sentir raiva não é pecado; peca-
do é deixar a raiva dominar a gente e praticar a violência. Sentir preguiça não
é pecado: pecado é viver preguiçosamente nas costas dos outros sem fazer
nada. Sentir desejos sexuais (luxúria) não é pecado; pecado é viver de acordo
com esses desejos, como se fosse um animal e não um ser racional, dotado de
capacidade de amar, decidir etc. E assim vai... É bom lembrar: uma coisa é
um pensamento invadir nossa cabeça, um sentimento passar por nosso cora-
ção; outra coisa é deixar isso criar raízes. Já dizia um velho sábio: “Ninguém
pode impedir um urubu de voar sobre sua cabeça, mas pode impedir que ele
faça nela o seu ninho”.
- Se a ira não é pecado mas avançar nos outros é, então como explicar que Je-
sus no templo pegou um chicote e expulsou todo mundo de lá? Primeiro é
bom lembrar que estes relatos dos Evangelhos não são uma biografia de Je-
sus, mas relatos teológicos. Os evangelistas colocam Jesus fazendo ou dizen-
do algo para transmitir uma mensagem de fé. Nestes relatos, a ira de Jesus só
fez bem. Tocar todos aqueles exploradores do Templo não é pecado, mas ges-
to de coragem e bravura. Jesus está defendendo a fé e o povo contra a explo-
ração das autoridades religiosas do Templo.

4º Encontro

COMO LIDAR COM A RAIVA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com alegria e descontração. Cantar músicas animadas, à es-
colha.
- Acalmar a turma, silenciando-a para conversar com Deus. Fazer o Sinal da
Cruz.
- Cantar suavemente uma música que ajude na interiorização. Sugerimos a mú-
sica número 11.
- Motivar a oração: “Vamos rezar a Deus, nosso Pai querido, pedindo a ele que
envie sobre nós seu Espírito Santo. Com a força do Espírito Santo, podemos
superar nossas angústias, podemos vencer nossas fraquezas e podemos, sem-
pre que cair, recomeçar, pois Deus está conosco e nos estende sua mão. Pe-
çamos a Deus que seu Espírito penetre em todo nosso ser, que sua luz perpas-
se até aqueles cantinhos da nossa alma que estão mais escurecidos. A luz de
Deus só faz bem a nós. Ele coloca nossa vida às claras e nos faz enfrentar
nossas misérias. Esse processo pode parecer duro – e é – mas é também liber-
tador ter a vida iluminada por Deus: a gente renasce”.
- Sugerimos cantar novamente a música número 11.
- Ao final, dar o abraço da paz.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Amigos, ouçamos com atenção os conselhos do Livro do Eclesiástico. O au-
tor nos adverte dos perigos da ira, do rancor e outros males; ele nos lembra das
vantagens do perdão e de se ter um coração dócil. Vamos preparar nosso coração
para ouvir o que Deus tem a nos falar, cantando a música número 2.

Texto: Eclo 27,33–28,9


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual a principal mensagem deste texto?
• Você concorda com os conselhos que o autor do Eclesiástico dá?
• O que você pensa da ira? E do perdão?

Aprofundamento
- O texto que ouvimos fala sobre a ira, o furor, o ódio, o rancor. Logo no começo,
o autor vai avisando o que pensa destas coisas: “ira e furor são execráveis”. Uma
coisa execrável é algo que não presta pra nada, que não tem utilidade alguma e só
produz danos. Na verdade, o autor não está falando do sentimento de ira ou raiva,
está falando das consequências dessas emoções quando fogem ao controle. Qual-
quer pessoa de bom senso há de concordar com o que diz o Eclesiástico: ambien-
tes de ira e furor são muito desagradáveis; a ira angaria antipatia, causa mal-estar
no meio onde a gente vive e polui nosso coração.
- Para o Eclesiástico, “quem quer vingar-se encontrará a vingança do Senhor, que
pedirá contas de seus pecados”. Bom, nós já sabemos que Deus não vinga nem
castiga ninguém (cf. 6º encontro da primeira etapa do módulo 1). E já sabemos
também que, na cultura da Bíblia, tudo é atribuído a Deus. Mais ou menos como
hoje ainda: morre alguém, a gente diz “vontade de Deus”; um acidente, “Deus
quis assim”. Etc. Então, o que o autor quer dizer? Apenas que a vingança se volta
contra nós mesmos, que ela faz mal não só a quem é dirigida, mas principalmente
àquele que a pratica. A vingança não vale a pena.
- Por isso, o autor aconselha o perdão. Ele diz inclusive que quem perdoa alcança
também o perdão de Deus. Fácil de entender. Deus nos ama e nos perdoa sempre,
sem exigir nada em troca. Quando a gente é capaz de perdoar fica mais parecido
com Deus; fica mais aberto a acolher seu perdão e sua ternura. Quem tem dificul-
dade de perdoar os outros, quase sempre tem também dificuldades de perdoar a si
mesmo. Como poderia Deus nos perdoar se rejeitarmos o perdão? Então, quando
o texto diz que quem perdoa, quando fizer sua oração, terá seus pecados perdoa-
dos, esta não é uma fórmula mágica: perdoou-rezou-foi perdoado. Não se trata de
mágica, mas do fluxo normal da vida. O perdão abre as portas do coração para
acolher a graça que Deus nos oferece.
- O mesmo seja dito quanto à cura. Se a gente se trata, se cuida, faz terapia, vai ao
psicólogo, ao psiquiatra, ao médico, toma remédios etc., mas não abre o coração
para o perdão, fica faltando alguma coisa para a cura. O ódio e a ira envenenam o
coração. Que a ira venha de repente, a gente até entende. É um sentimento que
surge sem nossa permissão. Mas que ela se implante em nós e se torne desejo de
vingança, aí já é demais! De que adianta tomar remédio e fazer terapia e, depois,
se intoxicar de raiva e ódio? “A raiva abrevia os dias”, lembra Eclo 30,26. Quem
pensa no futuro, quem quer dias felizes, deve esquecer o ódio e abrandar seu cora-
ção com o amor. A ira é perigosa quando é mal administrada; pode traz prejuízos
irreversíveis. Melhor gastar energias se esforçando para cumprir os mandamentos
que gastar energia cultivando a ira e odiando.
- Mas o que é guardar os mandamentos? Guardar os mandamentos não significa
cumprir os 10 mandamentos. É muito mais do que isto. A expressão mandamentos
significa a Lei dos Judeus, a Torá. Melhor gastar energia na aprendizagem e na
prática da Torá, que gera a vida, do que desperdiçar forças odiando, que traz só a
morte. É questão de sabedoria.
- O perdão é o antídoto contra o ódio. Perdão não é sentimento como ira e raiva,
nem como tristeza e medo. Perdão é decisão. A gente perdoa quando decide per-
doar, pois sabemos que todos estão sujeitos a fraquezas e desventuras, até nós.
Para perdoar contamos com a graça de Deus: ele nos ama e nos perdoa sempre.
Seu amor é motivação para exercitarmos o perdão. Quando a gente perdoa al-
guém, é normal que nossos sentimentos e nossas lembranças insistam em nos fa-
zer recordar os momentos ruins que a gente viveu com essa pessoa. O perdão in-
depende dos sentimentos. O coração vai continuar sentido por um tempo; as lem-
branças vão persistir por um tempo. Mas, se o perdão já foi dado na tomada de
decisão de perdoar, tudo vai se ajeitando aos poucos. A cabeça vai esquecendo; o
coração vai se aquietando; pouco a pouco a paz volta ao coração.

3. ATIVIDADE
Estamos oferecendo duas opções. A primeira é assistir um filme com os catequi-
zandos: coisa nem sempre possível. O catequista deve discernir, dentro de suas
possibilidades, o que fazer.
Sugestão 1
- Caso a turma seja mais juvenil e o catequista tenha se organizado para ver
durante a semana o filme “Um dia de fúria” (classificação; 16 anos), aprovei-
te o momento da atividade para debater sobre ele. O ponto de partida da con-
versa pode ser as questões propostas abaixo.

Questões
• O que motivou o primeiro ataque de ira do protagonista do filme?
• Suas reações foram proporcionais aos desencontros enfrentados?
• Vamos lembrar os atos tresloucados que ele comete? Quais foram? Vocês
acham que os incidentes pelos quais ele passou justificam tais atitudes?
• O que há por detrás do ataque de ira? Quais os problemas que sustentam a
ira que o protagonista vinga em tudo e em todos?

Sugestão 2
- Convidar a turma para decifrar criptogramas.
- Distribuir a turma em grupos de duas ou três pessoas e entregar os criptogramas
para serem decifrados com a ajuda da legenda. Terminada a tarefa, cada dupla
partilha com as demais a frase encontrada.
- As frases serão as seguintes:
1) Ira e furor são coisas detestáveis.
2) A violência não vale a pena.
3) Não guarde ódio, pois a vida é curta.
4) Controle a raiva e viva feliz.
5) Raiva descontrolada faz grandes estragos.
6) O autocontrole é um grande bem.
7) Feliz aquele que controla sua ira.

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
1ª) 9+1 5 6]+*+ §1* 3*9§1§ 45=5§=1[59§
1ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
2ª) 1 [9*$5&391 &1* [1$5 1 (5&1
2ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
3ª) &1* 7]1+45 *49* (*9§ 1 [541 5 3]+=1
3ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
4ª) 3*&=+*$5 1 +19[1 5 [9[1 65$9{
4ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
5ª) +19[1 45§3*&=*$141 61{ 7+1&45§ 5§=+17*§
5ª)

a b c d e f g h i j L m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
6ª) * 1]=*3*&=+*$5 5 ]% 7+1&45 25%
6ª)

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
7ª) 65$9{ )]5% 3*&=+*$1 §]1 +19[1
7ª)

Conclusão
Se o perdão faz bem e o ódio adoece, parece evidente que a gente escolha o
perdão. Os autores da Bíblia estão sempre preocupados com a vida, com a felici-
dade das pessoas, com a vida plena, livre e feliz. Por isso aconselham a não culti-
var raiva, a não guardar rancor, a não se alimentar de ódio, nem buscar a vingan-
ça. Nada disso torna a gente livre e feliz, ao contrário, só escraviza e adoece.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música número 10.
- Convidar a turma para agradecer a Jesus. Motivar: “Só com a força da ressur-
reição de Jesus podemos tirar toda ira e todo furor do nosso coração. Sozi-
nhos não somos capazes de vencer a ira, nem o ódio, nem o rancor. Mas Jesus
está vivo e nos dá força. Ele nos anima. Ele lava e transforma o nosso cora-
ção. Por isso, agradeçamos a Deus. Louvemos a ele que é o Deus da vida, o
Deus do amor”.
- Motivar preces espontâneas.
- Cantar novamente a música anterior.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- A Torá, a Lei dos Judeus, está sempre preocupada com a vida e por isto traz
muitos conselhos principalmente para os jovens, como é o caso do Livro do
Eclesiástico que vimos hoje. Ela os ensinava a bem-viver e a fruir dela vida ple-
na. Pena que em algumas ocasiões a Torá, ou seja, sua interpretação se tornou
tão legalista que mais maltratava que libertava o povo. É por isto que algumas
vezes, os Evangelhos relatam Jesus recriminando os fariseus e escribas: a Torá
foi feita pra libertar e não para oprimir. Ainda hoje, devemos nos lembrar disto,
pois esta é a principal tarefa da religião: tornar as pessoas livres e felizes. Se a
religião serve para escravizar e colocar fardo sobre os ombros dos mais fracos,
ela não cumpre sua função verdadeira: está distorcida e perde sua legitimidade.
- Há correntes teológicas por aí que atribuem os males do corpo e da alma ao ran-
cor. Dizem que o rancor envenena o corpo e o adoece. Estamos de acordo com a
afirmação de que o rancor faz muito mal, mas daí a atribuir as doenças ao rancor
ou à magoa já é um grande passo. Nós queremos sempre explicar por que adoe-
cemos. Primeiramente falamos que a doença é castigo de Deus, mas já vimos
que Deus é amor e não castiga ninguém. Depois, falamos que é por causa do pe-
cado, mas estamos cansados de saber que pessoas santas também adoecem, en-
tão a tese não se sustenta. Aí apelamos para os rancores e mágoas que guarda-
mos no coração (em algumas teologias, esta mágoa pode vir dos antepassados)
na tentativa de explicar os males do corpo. Mas pensemos um pouco: Por que
crianças adoecem? Por que algumas já nascem doentes? Ora esta teoria não tem
razão de ser. É melhor admitir: adoecemos porque somos seres humanos, frá-
geis, cuja vida precisa de mil condições para se estabelecer bem. Faltando algu-
ma destas condições, a vida perece. O estranho não é que a gente adoeça já que
somos de carne e osso. O espetacular é quando não adoecemos. A vida é tão
frágil que mantê-la é um mistério que nos ultrapassa. Certamente devemos ter
todo o cuidado com nossa vida, com nosso corpo. Mas, por mais que cuidemos,
uma hora a gente adoece. É a vida. E isso não tem nada a ver com ódio, mágoa
ou rancor, apesar de tudo isso contribuir para o mal estar do corpo. Há males
que simplesmente existem, estão aí e pronto. O negócio é saber conviver com
eles e não explicá-los
5º Encontro

COMO LIDAR COM O MEDO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com alegria e disposição. Fazer momentos de animação, can-
tando músicas apropriadas.
- Preparar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 3.
- Motivar a oração: “Amigos, Deus é fiel e companheiro de nossa jornada da
vida. Se ele está ao nosso lado, não precisamos temer. Se ele está conosco, es-
tamos seguros. Se nossa vida está nas mãos dele, podemos seguir confiantes
sem medo algum. Deus é amor e não justifica ter medo; nem medo de Deus,
nem medo da vida, nem medo do que nos espera pela frente. Deus é nosso
parceiro neste empreendimento de viver dias melhores, de ser mais livre e
mais feliz. Vamos rezar confiantemente entregando nosso coração a ele”.
- Dar um tempo de silêncio e motivar cada pessoa a fazer espontaneamente sua
prece entregando seu coração a Jesus. Depois rezar o Salmo 23.
- Caso a turma tenha traduções diferentes da Bíblia, providenciar uma versão
igual para todos. Sugerimos o texto abaixo que pode ser feito em forma de um
belo cartão, que ficará como lembrança da catequese.
- Formar dois coros e rezar alternamente homens e mulheres, por exemplo.

Salmo 23
A – O Senhor é meu pastor, nada me falta.
B – Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranquilas me conduz.
A – Restaura minhas forças, guia-me pelo caminho reto por amor de seu nome.
B – Se eu tiver de andar pelo vale escuro, não temerei mal nenhum, pois comigo
estás.
A – O teu bastão e teu cajado me dão segurança.
B – Diante de mim preparas uma mesa aos olhos de meus inimigos.
A – Unges com óleo minha cabeça, meu cálice transborda.
B – Felicidade e graça vão me acompanhar todos os dias da minha vida
A – E vou morar na casa do Senhor por muitíssimos anos.
B – Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,
A – Como era no princípio, agora e sempre. Amém!
- Encerrar cantando a música número 1.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
O medo é coisa muito chata. Ele paralisa a gente; não deixa a gente ir pra
frente, nem tomar novas decisões, nem arriscar no novo... Então é preciso vencer
o medo. Mas é normal sentir um pouco de medo também: ele nos preserva do pe-
rigo e serve de alerta quando nossa vida está em risco. Vamos ouvir um texto bí-
blico que mostra o medo dos discípulos diante do mar agitado. O medo deles re-
presenta o medo de cada um de nós diante das tempestades da vida.

Texto: Mc 4,35-41
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Onde estavam os discípulos e Jesus?
• O que aconteceu?
• Por que os discípulos sentiram medo?
• O que fizeram na hora do medo?
• O que Jesus lhes disse?
• E depois, o que fez Jesus?
• O que os discípulos perguntaram uns aos outros ao ver a tempestade acal-
mada?

Aprofundamento
- Jesus convida seus discípulos a passar para outra margem. Nos Evangelhos, a
passagem por obstáculos lembra a passagem do Senhor, sua páscoa, e convida os
leitores a uma mudança de consciência, a uma nova postura, a um novo modo de
viver a partir da presença do Ressuscitado.
- A passagem para a outra margem se dá no cair da tarde, ou seja, quando a vida
começa a ficar na escuridão. Só o Ressuscitado com sua luz vai poder dissipar
o medo que esta noite trará. A vida é mesmo cheia de “cair de tarde”, de oca-
sos, de trevas, de escuridão e devemos atravessar tudo isso na presença do Se-
nhor, como rezamos no salmo 23 no começo do encontro.
- No mar das águas agitadas do mundo, está o barco da nossa vida sendo sacudi-
do pra lá e pra cá. Jesus está lá, mas sua presença é tão discreta que às vezes
nos perturba: ele dorme tranquilamente recostado sobre um travesseiro. A pre-
sença discreta de Jesus nos perturba quase tanto quanto a agitação das ondas.
“Será que ele não percebe o que vivemos? Ele também está no barco. Como
consegue dormir?”, nós nos perguntamos.
- Mas Jesus reage e acalma o mar e o vento. Mais que isto, são os corações dos
discípulos que são acalmados. O medo havia agitado suas vidas, como sempre
agita a nossa. O medo traz inseguranças, sensação de impotência, de solidão,
de abandono...
- Jesus repreende não só o mar e o vento, mas especialmente os discípulos: “Por
que sois tão medrosos; ainda não tendes fé?”. Se Jesus está presente, medo pra
quê e por quê? E os discípulos ficam admirados com o poder terapêutico da pre-
sença de Jesus. Não só a tempestade e o mar, mas seus corações ficam calmos;
o medo se vai; a força retorna.
- O medo é mesmo uma coisa terrível. Todo mundo tem seus medos. Mesmo a
pessoa mais corajosa é surpreendida por algum medo estranho e sem explica-
ção. Parece que ninguém escapa disso. Mesmo assim, vai e volta, a gente ri do
medo dos outros: medo de barata, medo de avião, medo de morrer, medo de
perder os pais, os amigos, a namorada. Medo disso e daquilo, medo até de fan-
tasmas – que só existem dentro de nós e não realmente. Mas o medo não é coi-
sa de rir. Ter medo é muito ruim. Ele petrifica a gente, paralisa, faz soar frio,
disparar o coração, gelar as mãos. No momento do medo, parece que vamos
morrer de tanta aflição. Jesus não ri do medo dos discípulos; dissipa-o; elimina
o medo de seus amigos, pois os ama e cuida deles.
- O que fazer quando o medo vem? Como lidar com o medo? Bom, no Evange-
lho, os discípulos fizeram o que puderam: pediram socorro a Jesus, afinal, em
alto-mar não havia mais o que fazer. E deu certo: a fé ajudou. Eles que se sen-
tiam sozinhos, como se Jesus não estivesse com eles, puderam sentir a presença
do mestre e ficaram confortados.
- E nós, o que podemos fazer na hora do medo? Certamente podemos fazer o
mesmo: confiar em Jesus e buscar conforto em sua presença. Mas, para nós,
além da fé, há ainda outras possibilidades importantes. Hoje, dispomos de mui-
tos recursos que podem ajudar na superação do medo: desde fazer terapia até
conversar sobre eles com nossos amigos e pais. Isso pode ajudar muito. O me-
do é um monstro: quanto mais a gente o esconde mais ele cresce. Quanto me-
nos a gente fala dele, mais ele é alimentado pelo nosso silêncio. Quanto mais
corremos das situações que nos amedrontam, mais elas ficam poderosas. Falar
de nossos medos pode ser boa opção. Ainda bem que Jesus está conosco como
sempre esteve com seus discípulos. Na sua presença, é possível vencer os te-
mores, superar os medos, recomeçar.
3. ATIVIDADE
Estamos oferecendo mais de uma atividade, deixando a escolha a critério do
catequista com sua turma.
Sugestão 1
- Dividir a turma e grupos, distribuir o texto e pedir que leiam e façam um debate.

O meu herói
(Paulo Verdão)

O meu herói não é o forte que tudo vence.


O meu herói não é o valente que nada teme.
O meu herói é o fraco que nada vence, mas não desiste.
O meu herói é o medroso que tudo teme, mas não foge.
O meu herói é você, homem comum,
que consegue vive e sobreviver, apesar de tudo.

- Fazer breve plenário, partilhando as impressões do grupo.


• Vocês concordam que o fraco e o medroso podem ser herói?
• Por que o fraco e o medroso podem ser herói?
• Você tem algum medo? Quer falar sobre ele?
• Você tem medo de falar de seus medos? Tem vergonha de admiti-los?
Como faz para superá-los?

Sugestão 2
- Se a atividade anterior estiver muito adulta, sugerimos convidar a turma para
fazer uma lista dos próprios medos.
- Depois, ver quem quer partilhar algum medo, falar sobre ele etc. Talvez o
próprio catequista possa falar de um medo real, mostrando como este medo
faz mal para ele e como o paralisa. Mas deve ser algo verdadeiro, não um tea-
tro. Isso pode encorajar os catequizandos a também se abrirem.
- Ao final, pedir que cada um escreva num papelzinho um medo. Fazer silêncio
e rezar. Pedir a Jesus forças para superar este medo.
- No centro da roda, juntamente com um crucifixo, deve haver um vaso de bar-
ro. Cada um vai lá, coloca seu medo e depois o catequista ateia fogo. Todos
cantam a música número 3.

Conclusão
Ter medo é coisa normal. Diante do perigo, a gente tem medo e recua. Isso
não é totalmente mal. O medo tem um lado bom: ele preserva a vida. Se a gente
não tivesse medo de nada, seria o caos; nossa vida estaria em perigo e a gente
nem saberia se defender. Mas o medo tem também o lado negativo. Isso acontece
quando eles dominam e paralisam a gente, impedindo-nos de viver as boas coisas
da vida. Os primeiros cristãos tiveram medo. Eles estão representados nos discí-
pulos que no meio do mar tem medo da tempestade. Eles se esqueceram de que
Jesus ressuscitado estava com eles. A presença de Jesus anima e dá forças. Cer-
tamente ele não elimina o perigo, mas nos segura pela mão. Na hora do medo,
uma mão estendida é tudo de bom. Nada como um amigo querido de mão esten-
dida para gente na hora do medo e da angústia.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a turma a ficar fiel ao Senhor como Maria, mãe de Jesus.
- Cantar a música número 9.
- Depois, cada um poderá colocar a mão no ombro do amigo ao lado e rezar
para que ele vença seus temores, seus medos. O catequista reza e a turma re-
pete: “Ó Deus de amor, o Senhor fortaleceu Maria, mãe de Jesus, e a ajudou
a enfrentar a vida com coragem. Diante da cruz, ela não desanimou. Diante
do medo, ela não vacilou. Ajude-nos a superar nossos medos também.
Amém!”.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar a música número 1.

Dicas para o catequista


- É importante lembrar que os relatos do Evangelho são pós-pascais, ou seja,
falam muito mais da vida das primeiras comunidades na presença de Jesus res-
suscitado que da vida dos discípulos com o Jesus histórico. Quando Jesus viveu
entre os apóstolos, as pessoas não ligaram de anotar o que viveram junto com
ele. Elas o seguiram e acreditaram em sua proposta, mas não sabiam direito
quem era ele, nem que ele era Deus, que ia ressuscitar. Só mais tarde, 40 a 60
anos depois da morte de Jesus, é que os Evangelhos foram escritos. Quem os
escreveu foram pessoas que receberam o testemunho dos apóstolos e creram
nele. Assim, quando os relatos surgiram, o mais importante não era dizer exa-
tamente o que aconteceu, mas sim como eles percebiam a presença de Jesus na
caminhada da comunidade cristã. É por isso que Marcos fala do mar agitado e
da tempestade acalmada. Sua comunidade estava em apuros, com os agitos do
mar da vida. Mas, mesmo quando parecia que Jesus estava dormindo, ele esta-
va presente e acalmava seus temores.
- Na Bíblia, dormir muitas vezes significa morrer. Assim como despertar pode
significar reviver, ressuscitar. Se para os discípulos Jesus dorme, parece que
não perceberam sua presença viva. Ele está com eles, mas ainda não experi-
mentaram o vigor de sua ressurreição. Se Jesus está conosco, mas apenas como
uma lembrança, como um fato do passado e não como vivo e atuante, então o
medo aflora. Sua presença impotente parece mais incomodar que confortar. Pa-
ra dizer que a comunidade cristã ainda não entendeu a presença do Ressuscita-
do, Marcos diz que Jesus dorme, ou seja, parece que ainda está morto. Mas não
é Jesus que dorme; é a comunidade cristã – os discípulos – que ainda não des-
pertaram para sua presença viva.

6º Encontro

COMO LIDAR COM A TRISTEZA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com simpatia, preparando ambiente acolhedor. Cantar músi-
cas animadas. Que tal a número 6?
- Silenciar a turma e fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 7.
- Convidar para fechar os olhos e pensar nas dificuldades que a vida tem apre-
sentado a cada um. Motivar: “Vamos pensar nas dificuldades da vida, nos
momentos de tristeza e dor pelos quais passamos. Lidar com a tristeza não é
nada fácil, mas com a força de Deus podemos superar estes momentos e re-
começar cheios de ânimo. Vamos pedir a Jesus, que está vivo e presente no
meio de nós, que invada nosso coração com sua paz e sua força e apazigue
nossas angústias, controle nossos medos, liberte-nos das tristezas. Jesus vai
nos ajudar. Ele nos ama e está conosco. Ele quer o nosso bem. Sua presença
nos anima e nos ajuda a viver melhor; sua força nos ajuda a bem viver e ser
mais livres. Então, em silêncio, vamos conversando com Jesus; vamos confi-
ando a ele nossos problemas; vamos entregando a ele tudo que somos e tudo
que temos vivido”.
- Terminada a motivação, dar um tempo para preces silenciosas.
- Depois, para encerrar, erguer os braços e rezar com o catequista “Recebe, Se-
nhor, minha vida inteira: minhas tristezas e dificuldades, meus medos e an-
gústias. Eu confio no seu amor, Jesus. Amém!”.
- Cantar de novo, se for oportuno, a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vimos, no encontro passado, que Jesus acalma as tempestades da vida e li-
berta-nos de nossos medos. Ele está conosco. E é por isso que podemos viver feli-
zes, apesar das tempestades. Podemos cultivar a alegria que vem da fé, pois Jesus
– nosso amigo – está conosco. Vamos ouvir um belo texto do eclesiástico que fala
sobre isto.

Texto: Eclo 30,22-27


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que recomenda o Eclesiástico?
• Quais os benefícios da alegria e os prejuízos da tristeza?
• O que a tristeza pode fazer com a gente?
• E o ciúme e a raiva, podem fazer mal?
• Como vive um coração luminoso, alegre e bom?

Aprofundamento
- O autor recomenda que tenhamos alegria no coração e fujamos da tristeza. A
vida mostra que a tristeza é perniciosa; ela pode trazer muitos males, desde
depressão até doenças do corpo.
- Muitas vezes, a tristeza vem chegando de mansinho, quando menos percebe-
mos, ela já se alojou em nosso coração, já achou morada nele. Aí fica difícil
sair do fosso no qual entramos.
- Para evitar a instalação da tristeza em nós, precisamos nos cuidar. Cuidar do
espírito: ler boas coisas, ver bons filmes, assistir bons programas, conviver
com pessoas que acrescentam algo à nossa vida. Cuidar do corpo: caminhar,
cuidar da saúde, não beber, não fumar, não usar drogas etc.
- Muitas vezes, a gente faz exatamente o contrário para combater a tristeza. Fi-
camos fechamos em nós mesmos, não convivemos com ninguém, não temos
ânimo para sair, nem para caminhar, nem para nada... E utilizamos álcool, ci-
garro e droga, achando que vão espantar a tristeza, o que é um engano. A tris-
teza é normal, mas, se ela se instala em nós e perdura, pode se tornar uma do-
ença: a depressão.
- Enquanto a tristeza mata, a alegria revigora os ânimos. Quando a gente está
alegre, feliz, nem se lembra da doença. O corpo se revigora: a pressão arterial
tende a normalizar, as taxas e índices do organismo tendem a ficar mais está-
veis. Tudo encontra melhor saída quando a alegria está presente. Não é que
quem é alegre não vá adoecer. Não é isso. Mas as chances de um deprimido e
ranzinza adoecer é bem maior que as chances de alguém de bem com a vida.
Também as chances de alguém alegre e feliz superar uma doença são bem
maiores que as de um mal humorado. Por isso, o Eclesiástico diz que a triste-
za mata e a alegria prolonga a vida. Desde muito observamos o valor salutar
da alegria, sua capacidade de trazer saúde e outros benefícios.
- O Eclesiástico também aconselha paciência com a gente mesmo e consolo
para o coração. Tem gente que se entristece porque não se perdoa; porque fica
remoendo o passado, porque não se dá nova chance na vida. É preciso saber
conviver com as perdas e redescobrir alegria em outras coisas da vida. É pre-
ciso saber consolar o coração com pequenas coisas. Pequenos desejos realiza-
dos; pequenas vitórias alcançadas podem ter um efeito muito grande sobre
nós.
- Às vezes a tristeza é o resultado de alguma raiva ou ciúmes que cultivamos.
Uma cascata puxa para outra e assim vai. Se o ciúme e a raiva brotam em nós,
melhor combater o mal pela raiz. Pra que deixar a raiva crescer? Pra que dei-
xar o ciúme se avolumar? Nem o ciúme nem a raiva vão nos ajudar em nada.
É certo que um pouco de raiva pode fazer bem: mostra que estamos vivos e
somos capazes de reagir ao mal que nos fazem. Assim como o ciúme, pode
revelar que amamos alguém e que ela é importante para nós. Mas o Eclesiás-
tico não fala desta raiva, nem deste ciúme que preservam a vida. Fala da rai-
va, da cólera que pode destruir, e do ciúme que corrói por dentro, gera des-
confiança e mina as relações. Quem se deixa povoar por estes sentimentos e
se vê dominado por eles vive nas trevas, não vê caminhos pela frente. Ao
contrário, quem sabe manter a luminosidade do coração está sempre cheio de
forças para o que der e vier.

3. ATIVIDADE
De novo, propomos mais de uma atividade.
O catequista analise e escolha a que mais convém.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e distribuir algumas estórias para que leiam, reflitam
e depois respondam as questões propostas.

Um amor maior que o mundo

Carlitos era um grande cantor e seus fãs o adoravam. Durante toda sua vi-
da só soube cantar e alegrar os corações com suas belas canções. Ainda em plena
juventude, Carlitos contraiu o vírus do HIV e depois disto tudo mudou. Na efer-
vescência de sua juventude, não pensou nas consequências de suas escolhas,
achou-se imbatível e nunca pensou que poderia adoecer. Mas adoeceu e não era
qualquer doença.
Durante algum tempo, ele ainda teve forças para cantar, fazer shows etc.
Naquele tempo, a aids era uma doença ainda muito mais temida do que hoje. Não
havia os recursos dos quais dispomos agora para levar uma vida digna. E as con-
sequências foram chegando devagarinho e debilitando Carlitos. Por nada, ele es-
tava de cama; ficou com baixa imunidade e qualquer gripezinha era um Deus-nos-
acuda.
Marina, sua mãe, fiel escudeira, esteve ao seu lado todo o tempo. Lutou
pela vida do filho com unhas e dentes, como uma leoa que defende sua presa. Mas
o vírus venceu e Carlitos veio a óbito. Marina se debulhou em lágrimas; não sabia
mais o que fazer da vida, afinal tinha perdido seu filho único. Sua vida caiu num
vazio, numa falta de sentido sem fim e Marina achou que fosse morrer de tristeza.
Até que um dia, o padre da paróquia convidou Marina para ajudá-lo num abrigo
com crianças aidéticas. Muita gente achou cruel aquele convite, pensando: “Esse
padre não tem sensibilidade. A mulher está doida para esquecer o que aconteceu
com seu filho e ele a leva para um abrigo onde cada criança sofredora lhe faz pen-
sar em Carlitos!”.
Enganou-se, porém, quem pensou assim. Marina se encheu de coragem ao
ver aquelas criancinhas precisando de tratamento e cuidado. Zelou por elas, amou-
as, tratou cada uma com carinho e amor. E refez sua vida. Tornou-se embaixadora
da Unicef na defesa pela vida. Viajou o mundo, fez campanha contra a aids, sal-
vou muitas vidas... E viu sua vida ser salva de uma tristeza mortal, pois descobriu
dentro de si um amor maior que o mundo. Quem vê Marina hoje não pensa que
ela já passou por tamanha dor. Vive alegre e feliz, sem deixar de se lembrar de seu
querido Carlitos, é claro. Mas a perda do filho já não lhe tira as forças para viver,
ao contrário, lhe dá forças para viver e fazer muitos viverem em nome do amor.

Um motivo para viver

Antônia tinha três filhas: Maria, Elizabete e Cibele. Já viúva, suas filhas
eram a razão de sua vida. Quando Antônia via uma reportagem sobre a morte de
um jovem, comovia-se só de pensar na possibilidade de perder uma de suas meni-
nas. Antônia era mãe extremosa e dedicada; fazia tudo por suas filhas.
Cibele, a filha mais nova, era uma garota cheia de vida e energia. Vivia fa-
zendo esporte, estudando trabalhando. Dava gosto ver. Tudo ia a mil maravilhas,
até um dia em que Cibele foi a um evento esportivo e, numa briga de torcidas,
algum tresloucado deu um tiro e Cibele foi atingida bem no peito, sem chances de
se defender. A menina, que não tinha nada a ver com a confusão, não resistiu:
morreu na hora. Quando o SAMU chegou, Cibele já estava morta. Lá se foram 20
anos de juventude com um disparo de um revólver na mão de um inconsequente.
Antônia perdeu seu chão; sua alegria foi enterrada junto com sua filha; seu
vigor saiu do seu corpo quando viu o caixão de Cibele partir para o cemitério.
Antônia chorou, chorou, chorou... até adoecer. Mas Antônia era professora dedi-
cada de uma escola pública e ela amava seus alunos. Os colegas professores vie-
ram visitá-la; seus alunos vierem confortá-la; os funcionários da escola vierem dar
apoio; sua família ficou ali presente amparando-a. Até que um dia Antônia levan-
tou-se cedo, arrumou-se e foi trabalhar, para surpresa de todos. Na escola reencon-
trou a vida. Cada criança carente, necessitada de atenção, tornou-se a causa de
Antônia. Cada criança problemática tornou-se sua bandeira. Todos precisavam de
uma chance, pensava Antônia. E ela lutava por isso. A alegria enterrada com Ci-
bele foi ressuscitada em cada jovem, em cada criança que Antônia amparava. Ho-
je Antônia está feliz. Recorda-se de Cibele como um dom de Deus, uma lembran-
ça boa de sua vida. Mas quase já não sofre mais. A alegria voltou ao seu coração.

Dançando para alegrar a vida

Dona Roberta teve seis filhos. Ela é daquele tempo em que não se fazia
muito planejamento familiar e os filhos iam chegando um após outro. Dona Ro-
berta amou a todos que Deus lhe deu, dizia ela. Cuidou de cada um com carinho;
protegeu cada um como uma águia protege seus filhotes.
Dona Roberta, seu marido e seus filhos saíram da roça e foram morar na
cidade, para seus filhos estudarem. Um dia, voltando à casa materna, seus filhos,
juntamente com os primos da região, foram todos tomar um banho de cachoeira.
A correnteza estava forte neste dia e os jovens – na alegria do passeio – nem per-
ceberam o perigo. A água, sempre boa, mas traiçoeira, puxou o primeiro filho de
Dona Roberta. Os irmãos, vendo-o pedir socorro, correram para ajudá-lo. Mas a
água foi mais forte e levou três filhos de Dona Roberta de uma só vez.
Não é preciso nem dizer que a cidade ficou de luto. Não só Dona Roberta
adoeceu de dor, mas toda a família ficou desmantelada. O marido dela procurou
consolo na cachaça. Saía todos os dias para beber e voltava tonto, chorando, xin-
gando e batendo nos filhos que restaram. Os filhos choravam a saudade dos ir-
mãos e procuravam entender a tragédia, mas tragédia não tem mesmo explicação.
Passado o tempo do luto, daquela dor pungente que destrói a gente por
dentro, Dona Roberta foi voltando ao normal. Arranjou forças para cuidar dos
filhos que ainda tinha e nem sequer maldizia a Deus pela fatalidade. Muita gente
boa ajudou; ela procurou psicólogo, médico... E qual não foi o susto de sua famí-
lia, quando numa noite Dona Roberta se aprontou e foi com as amigas ao baile da
comunidade. Todos convidavam, mas ela nunca tinha se arriscado a ir. Quando
jovem, dançava muito nos bailes da roça e a dança era sua alegria. Era hora de
redescobrir a alegria de dançar e, com a dança, a alegria de viver.
Desde aquela noite, Dona Roberta renasceu das cinzas de seus filhos. Dan-
çou e dançou e dançou mais ainda. A alegria foi voltando ao seu coração. Toda
sexta-feira, pra espanto de muitos, lá estava dona Roberta prontinha para o baile.
Até entrou na academia para fazer dança de salão. E se tornou a maior pé de valsa
da cidade, conhecida por todos por sua leveza e sua alegria. Seus filhos estranha-
ram no começo, mas depois entenderam que a vida continua apesar da dor. Seu
marido ficou em casa bebendo e chorando. Enquanto isso, Dona Roberta ganhou
concursos de dança; tornou-se dama disputada entre os cavalheiros. Dona Roberta
desabrochou para a vida no prazer de dançar, como uma bailarina.

Sugestão 2
- Ouvir a canção Tropeços, uma ou mais vezes, até fixar um pouco o conteúdo. Se
não for possível ouvir, usar apenas a letra para reflexão.
- Depois, dividir a turma em grupos e distribuir a letra para ser meditada.

Tropeços
(De: Paulo verdão)

Se uma vez tu caíres sob o peso


Desse fardo que arrastas pela vida
Ergue-te de novo
E tão logo ileso
recomeça a jornada interrompida
Se outra vez reincidires na caída
e da fadiga se te vires preso
ante a angústia enorme da subida
levanta-te de ânimo mais aceso.
Esta vida é assim como tu vês
Calvário de tropeços
Mas subindo-o te cobrirás de mérito e mercês
Vive, pois, com redobrada altivez
A vida é um recomeçar contínuo
Ou então é um acabar de vez.

- Tendo refletido, responder as questões propostas.


Questões
• A vida tem seu peso? O que acham desta frase?
• Será possível depois da queda levantar-se com mais ânimo? Você já expe-
rimentou isto?
• O que acha deste verso: “A vida é um recomeçar contínuo ou então é um
acabar de vez”?
- Ao final, cantar bem animado a mesma música de novo.

Conclusão
Qualquer pessoa de bom senso sabe que os conselhos do Eclesiástico são
muito importantes: cultivar a alegria, fugir da tristeza, controlar a raiva e o ciú-
me... É bom que a Bíblia ajude a reforçar estes valores, afinal a gente acaba se
esquecendo deles. Não há como fugir da tristeza, nem da raiva, nem de um pouco
de ciúmes, mas melhor aprender a lidar com esses sentimentos ou podem destruir
a nossa vida. Bom mesmo é colocar adubo na alegria e deixá-la florescer livre-
mente. A vida fica bem melhor assim.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para rezar agradecendo a Deus pela vida, pois, mesmo com
as tristezas e angústias que ela tem, a vida é dom maravilhoso de Deus e deve
ser vivida alegremente.
- Cada um poderá dizer breve prece de louvor, tal como “Obrigado, Senhor,
por que me dá forças para vencer os problemas”. Cada catequizando diga seu
motivo para louvar e viver alegremente.
- Encerrar cantando a música número 10.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar a música número 13 e despedir-se com o
abraço da paz?

Dicas para o catequista


- Aproveitamos para lembrar aos catequistas a importância dos momentos orantes.
Às vezes, o encontro cai na rotina e o catequista acaba se descuidando de prepa-
rar bem as orações. Chega apressado e risca uma Ave-Maria ou um Pai-Nosso
sem maiores preparações. Seria uma perda se isto acontecesse. As orações são
ocasião importante para interiorizar o debate dos encontros, para fazer interiori-
zar o tema proposto e fazer a experiência de encontro consigo mesmo, pela me-
diação da fé. Cada momento de oração deve ser criteriosamente preparado,
usando toda criatividade e bom gosto para fazer do simples ato de rezar uma
oportunidade para experimentar a presença de Deus.
- E por falar em oração, lembramos mais uma vez a importância das músicas, es-
pecialmente nas orações. A música ajuda a rezar melhor, a fazer comunhão com
Deus e os irmãos. A música enleva a alma, abre o coração, toca o mais íntimo do
ser. Por isso, aconselhamos que os catequistas aprendam as canções com antece-
dência para motivar a turma a cantar. Adolescente gosta de música e esta pode
ser uma boa arma para tornar o encontro mais alegre, vibrante e profundo.

7º Encontro

A IMPORTÂNCIA DE MANTER O
ENTUSIASMO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com carinho.
- Cantar músicas animadas. Que tal cantar também a número 15?
- Criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 11, pedindo a Deus que encha nossa vida de amor,
fé, paz e luz para vencer todas as dificuldades que cruzarem nosso caminho
- Motivar: “Estamos reunidos na presença do Deus amoroso que nunca nos
abandona nem se esquece de nós. Mas, apesar de seus cuidados conosco, às
vezes estamos tão fechados em nossos problemas, tão preso em nossas triste-
zas, que nem percebemos sua presença e acabamos desanimando da vida.
Vamos pedir ao Deus de amor que envie sobre nós o seu Espírito. Só quando
o Espírito de Deus age em nós, podemos reacender o ânimo e seguir confian-
tes o caminho de Jesus. Ele é o restaurador das almas abatidas; ele é aquele
que dá entusiasmo e faz a chama da vida se manter acesa”.
- Cantar de novo a música acima.
- Convidar a turma para meditar e rezar no silêncio do coração, entregando sua
vida e suas angústias, na certeza de que Deus pode restaurar as nossas forças.
- Após pequena pausa para oração silenciosa, cada um poderá fazer uma prece
e todos responderão: “Vem, Espírito Santo”. As preces podem seguir o se-
guinte modelo: “Vem, Espírito Santo refazer nosso ânimo”. Trocar a palavra
ânimo por esperança, alegria, fé, coragem etc. Uma boa ideia é correr a roda:
um dos catequistas começa e a turma continua. Cada qual vai fazendo sua
prece. É bom lembrar que ninguém deve ser constrangido a rezar em voz alta,
caso não se sinta à vontade para fazê-lo.
- Cantar a música número 8.
- Encerrar rezando juntos a Oração ao Espírito Santo.
- Cantar algo bem animado.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ler hoje um belo texto da Carta de Paulo aos Filipenses. A comunida-
de de Filipos era muito querida pelo apóstolo Paulo. Ele lhe escreve com ternura e
abre seu coração para que todos saibam do seu amor por Jesus Cristo e do seu
entusiasmo sempre renovado com o evangelho que anuncia. Vejamos o que Paulo
diz sobre seu empenho nesta causa.

Texto: Fl 3,7-16
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Como Paulo vê todas as coisas quando comparadas a Cristo?
• Paulo acha que já encontrou a Cristo, que já alcançou sua meta?
• A que Paulo compara sua caminhada de fé?
• O que mais importa para Paulo?

Aprofundamento
- Paulo é um entusiasta incansável do evangelho. Ele não desanima, não deixa o
ardor da fé se esfriar, não olha para trás na corrida em busca do conhecimento de
Deus. Para ele, o conhecimento de Deus é o maior bem que alguém pode alme-
jar.
- O que é o conhecimento de Deus? Na Bíblia, conhecer alguém não é estudá-la,
nem decifrar seus enigmas ou saber seus segredos mais íntimos. Conhecer é en-
trar em comunhão, participar da intimidade daquela pessoa. Tal é a ligação da
palavra conhecer com a intimidade que, muitas vezes, para falar da relação se-
xual, a Bíblia usa o verbo conhecer: Abraão conheceu Sara; Maria não conhecia
homem algum etc. Conhecer Deus é entrar em comunhão com ele, fazer amiza-
de, entrar em relação profunda, acolher seu amor e viver na sua presença.
- Paulo considera tudo lixo ou esterco diante de Cristo. Isso significa que tudo que
era importante para Paulo foi relativizado diante da grandeza de sua experiência
cristã. Ao conhecer Jesus, Paulo percebeu que todas as coisas que ele tinha como
grandes eram, na verdade, tão insignificantes que não valia mais a pena se des-
gastar por elas. Paulo está cheio de determinação e ânimo: está pronto a se con-
sumir pelo reino de Deus, pela divulgação do evangelho.
- E Paulo cumpriu o prometido: durante toda sua vida não deixou seu ânimo es-
morecer. Mesmo quando as tribulações vieram, quando os problemas cresceram,
as perseguições chegaram, Paulo não desanimou. Paulo se uniu a Cristo mesmo
nos sofrimentos (abraçou sua morte) para alcançar sua ressurreição. Ele sabia
que isto não é coisa que se alcança de uma vez, mas cada dia um pouquinho. A
experiência da ressurreição, ou seja, o encontro com Jesus, é coisa para todo dia.
Por isso, o apóstolo faz como um atleta; continua sempre a correr. E se alcança
um prêmio hoje, tem outro maior e mais difícil esperando lá na frente. Por isto,
Paulo não se enche de orgulho como se já tivesse alcançado tudo (v. 13). Esque-
cendo-se do que deixou para trás, Paulo segue seu caminho com determinação
(v. 14), em busca do prêmio que é a amizade com Jesus.
- É impressionante o ânimo e a determinação de Paulo. Ele não se dá o direito de
parar no meio do caminho, de voltar atrás, de desanimar. Paulo está cheio de vi-
gor e este entusiasmo vem do próprio Deus que o chama e o atrai para si.
- Ter entusiasmo é muito importante. Ter entusiasmo é ter alma, ânimo. É deixar a
força interior vencer os problemas externos, que são muitos, mas que não são
maiores que a força, o ânimo que Deus nos dá. Todos nós temos, de alguma
forma, de lutar contra o desânimo. Umas pessoas são naturalmente mais anima-
das e motivadas que outras. Depende do temperamento de cada um. Quem já
tem uma tendência a desanimar, a estacionar no mesmo lugar e se acomodar de
vez, precisa se cuidar ainda mais. Precisa procurar atividades que o motivem:
precisa descobrir alegria em alguma arte, em algum esporte, em algum serviço...
O que não pode é cruzar os braços e virar um morto-vivo sem força pra nada.
- Na busca pelo entusiasmo constante, a fé cristã também pode dar bela contribui-
ção. Quem tem fé no Ressuscitado tem mais motivação para viver, para levantar
da cama de manhã e se pôr a serviço. Há um mundo a ser evangelizado, pessoas
a serem amadas, sofredores a serem consolados, doentes a serem visitados, en-
contros de fraternidade para serem vividos. Quando a gente abre os olhos pela
manhã é bom respirar fundo e pedir a força do Espírito para mais um dia, mais
uma jornada, mais um mundo de desafios a serem enfrentados sem desanimar.
Quem já tem motivação natural, pessoas cujo temperamento já é alto-astral e em
quem a motivação sobra, deve entregar essa motivação a Deus para que ela seja
direcionada para o bem. Quem já acorda pesado e sem forças, o evangelho – que
é força pra viver – pode trazer ao seu coração coragem e ânimo pra mais um dia.
Certamente que a fé cristã não é a única fonte de motivação da vida. Há pessoas
que se deixam motivar por sua profissão, por uma paixão – como um esporte,
uma arte (a música, por exemplo) ou um trabalho. Mas a fé pode ajudar muito.
- Há pessoas, que mesmo cheias de fé, lutam contra o desânimo. Pode ser um pro-
blema de temperamento, podem ser angústias escondidas lá no inconsciente que
minam suas forças, pode ser até uma doença. Às vezes, esta pessoa está com hi-
potiroidismo e se sente desanimada. Pode estar anêmica ou com baixa vitamina
B12 ou com falta de vitamina D. Pode ser que esteja deprimida, sem desejo al-
gum, apenas entregue ao desânimo. Tanto as doenças do corpo quanto as doen-
ças psíquicas tiram o vigor e o ânimo. Por isso é preciso estar atento aos sinais
do corpo. Para quem está doente, tudo isto causa desânimo e o corpo torna-se
pesado, parecendo que será preciso um guindaste para levantá-lo. Até as meno-
res coisas da vida se tornam custosas. Tomar banho, se arrumar, comer, sair para
trabalhar. Tudo fica pesado.
- Também nestes casos a fé pode ajudar, mas que ninguém ache que ficar doente
assim é falta de fé. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Quem tem fé
também adoece, também desanima, também cansa de lutar. A diferença é que
quem tem fé sempre encontra em Deus a força para recomeçar.

3. ATIVIDADE
Oferecemos duas opções de atividades.
O catequista veja com sua turma a que mais lhe agrada.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e distribuir a letra da música “O que importa”,
que é baseada na Carta de Paulo aos Filipenses. Pedir que leiam e meditem
a canção.
- Depois, responder as questões propostas.
- Ao final, todos juntos, cantar de forma bem animada.

O que importa

Tudo o que prá mim era vantagem


Hoje já não passa de ilusão.
Julgo como perda essas coisas sem valor
Diante de Jesus que é meu Senhor.
Diante dele, tudo eu desprezei,
Pois só ele eu preciso ganhar.
Certo de estar no rumo certo, vou seguir.
Sei bem onde eu quero chegar.
R. O que importa é prosseguir decididamente até o fim.
E não importa a que grau chegamos,
Pois, se lutamos prá vencer,
Logo veremos a vitória acontecer.

Não são muitas coisas que eu anseio


Só me importa conhecer Jesus
Quero, junto dele, caminhar, seguir, viver,
Mesmo que precise até sofrer.
Ainda não alcancei a minha meta,
Ainda não cheguei à perfeição.
Mas me empenho sempre em conquistá-la por Jesus
Que já conquistou meu coração.

Deixo para trás o meu passado,


Olho para a frente e sigo em paz.
Quem possui na vida um ideal deve lutar.
O importante é sempre confiar.
Ouço a voz de Deus a me chamar.
Ponho nele todo o meu amor.
Sinto que ele vai esclarecendo para mim
Onde estão as coisas de valor.

Questões
• Você concorda que é preciso prosseguir sempre e decididamente?
• Você já alcançou sua meta? Qual seu sonho, sua meta?
• O que você acha do ânimo do apóstolo Paulo quando diz que olha para
frente e prossegue decididamente sem desanimar. Você é animado assim
ou costuma desanimar de seus projetos?
• O que você pensa da frase “Quero caminhar, seguir, viver, mesmo que
precise até sofrer?” Você está disposto a fazer sacrifícios para alcançar
seus objetivos ou você desanima quando encontra o primeiro obstáculo?

Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos e distribuir um fato da vida para ler lido e medita-
do.
- Conversar sobre as questões propostas.
Decidido a vencer

Hércules era um rapaz franzino e miúdo, bem diferente do que seu nome
indicava. Apesar do porte físico não ajudar, Hércules era apaixonado pelos espor-
tes. Durante sua infância, sua paixão sempre fora os campeonatos de atletismo.
Para ele não havia nada mais bonito que aqueles homens e mulheres, cheios de
músculos fortes, correndo em busca do prêmio, cruzando a linha de chegada...
Hércules ficava cada dia mais apaixonado pelos esportes. Sua família não
incentivava. Queria um filho doutor ou advogado e não um corredor. Mas Hércu-
les não queria ser doutor... nem advogado... nem engenheiro... Queria ser atleta e
representar o país nas olimpíadas. Foi aí que o jovem decidiu treinar. Ele tinha
apenas doze anos quando começou a correr. Tudo começou como brincadeira,
num campeonato na escola. Hércules era ágil e deixou todos para trás. Foi sua
primeira medalha. Depois desta muitas outras vieram. Na escola não tinha para
mais ninguém. O rapazinho era danado; corria velozmente, como uma lebre. E
quanto mais Hércules corria, mais ágil ele ficava.
O jovenzinho foi ganhando corpo, foi tomando porte de atleta, foi ganhan-
do fama na região, até que uma empresa local se interessou por ele e resolveu pa-
trociná-lo. Bingo! Com o patrocínio, Hércules pode se dedicar ainda mais ao atle-
tismo e virou uma fera da corrida. Ganhou uma porção de campeonatos locais.
Até que, um dia, um time grande descobriu Hércules e ele, com 18 anos, foi con-
tratado para representar uma grande marca. Hércules ficava cada dia melhor, mas,
mesmo com todo incentivo do patrocínio, a família de Hércules não se cansava de
dizer: “Melhor teria sido se você fosse doutor”. Hércules nem dava mais ouvidos.
Sua motivação vinha de dentro, não de fora. Lá no seu coração algo lhe dizia que
devia seguir em frente. E, mesmo quando alguns lhe puxavam o tapete, o jovem
atleta não desanimava.
Tudo corria bem para Hércules, até o dia em que, numa viagem para dis-
putar um campeonato, a equipe sofreu um acidente. Foi um Deus-nos-acuda! To-
do mundo ficou de luto: alguns da equipe morreram, outros se feriram gravemen-
te, alguns poucos saíram ilesos. Hércules teve sorte; ficou vivo, mas o que o espe-
rava pela frente não era nada fácil: teve que amputar uma perna.
Aí começou o drama da vida de Hércules: apenas 20 anos, corredor profis-
sional, uma carreira belíssima pela frente, a promessa das olimpíadas, tinha perdi-
do uma perna. Fosse um braço, era menos doloroso. Mas uma perna!... Ah! Todos
estavam arrasados, inclusive ele. Todos pensaram que era seu fim. Mas qual não
foi a surpresa de sua família e amigos, quando Hércules, recuperado do acidente,
pôs uma perna mecânica e começou a correr. Alguns disseram: ficou louco! Mas
Hércules queria correr. Correr era sua vida.
Foi preciso um esforço hercúleo e muita motivação interior, mas Hércules
enfrentou tudo. Fez fisioterapia, treinou, recuperou musculatura, e lá estava ele
nas pistas de novo; só que desta vez nas paraolimpíadas. E não teve pra mais nin-
guém. Disparado na frente, Hércules Silva cruzou a linha de chegada com a ban-
deira do Brasil nas costas, ao som de gritos de alegria e júbilo da torcida emocio-
nada. Hércules era um campeão; sua motivação o levara bem longe, até onde ele
sonhara.

• Você concorda que a motivação é elemento fundamental na nossa vida,


para guiar nossos rumos e nos fazer prosseguir em frente?
• Você é uma pessoa motivada? Ou você desiste logo de seus objetivos?
• O que você achou da estória de Hércules? Vc conhece outros casos
parecidos com este?

Conclusão
Se tem uma coisa boa na vida é a motivação. Quando ela falta, tudo fica pe-
sado, viver se torna muito difícil. Daí a importância de cuidar para que a motiva-
ção não desfaleça. O apóstolo Paulo foi incansável. Desde que ele conheceu Jesus
e se tornou seu seguidor, encontrou muitas barreiras pelo caminho, sofreu muito,
quis desanimar... mas nunca desanimou. A fé lhe dava forças; ele sempre recome-
çava. Assim somos nós que também confiamos em Jesus. Além do ânimo natural
de nossa personalidade, um ânimo bem maior nos impulsiona. Este ânimo vem da
presença de Deus em nós.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Colocar no centro uma toalha, uma vela acesa e um crucifixo.
- Pedir que todos olhem atentamente para a cruz de Jesus e se recordem de sua
força, de sua coragem, de sua perseverança, pedindo a Jesus para ajudá-lo a
ser fiel, corajoso, perseverante. Na hora da cruz, foi preciso ânimo e coragem
para sustentar seu SIM, sem vacilar.
- Fazer momento de silêncio para que todos possam rezar. Se alguém quiser,
poderá fazer preces espontâneas pedindo ânimo e força a Jesus.
- Para terminar, todos em torno do altar, de mãos dadas, rezar o Pai-Nosso.
- Encerrar cantando à vontade. Sugerimos a música número 7.

Dicas para o catequista


- Muita gente acha que ser uma pessoa constantemente animada é ser um bobo-
alegre. Ou seja, a vida está despencando e a pessoa está rindo à toa como se tu-
do estivesse bem. Não é isso. A palavra ânimo tem a mesma raiz da palavra al-
ma. Perder o ânimo é estar sem alma; o corpo fica pesado se a motivação falta.
Tome cuidado, pois, o catequista para não iludir as crianças de que quem tem fé
vai viver rindo à toa. Não é isso! Mesmo quando a gente chora, se entristece, se
aborrece, o ânimo não pode faltar. Ele nos ajuda a recomeçar.
- Uma palavra final sobre a importância da fé para ajudar as pessoas a encontra-
rem o equilíbrio e a paz. Não se trata de psicologismo, mas de uma abordagem
psicológica do evangelho, o que é totalmente possível e benfazeja. Os próprios
catequistas, se tiverem preparado os encontros com zelo e paixão, com certeza
se beneficiaram dos encontros e fizeram eles mesmos um trabalho interior em
busca de si que vale a pena.

3ª etapa

8º Encontro

CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Preparar altar com toalha, flores, vela e uma bíblia.
- Preparar uma cesta, contendo tiras de papel com versículos bíblicos.
- Fazer um grande coração de papel e faixas contendo as emoções. Confira
item 3.
- Ensaiar os cantos.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar um cartãozinho com a oração “Novo rumo”; uma para cada cate-
quizando.
- Preparar confraternização.

1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: Queridos irmãos e
irmãs, sejam bem vindos ao nosso encontro. Jesus está aqui à nossa
espera para um diálogo franco e amigo conosco. Vamos abrir nosso
coração para esse encontro. Nesta etapa de nossa caminhada, refleti-
mos sobre nossas emoções e vimos como é possível viver em paz com
elas. Vamos deixar que estas emoções sejam trabalhadas por Jesus,
pois ele nos ajuda a lidar com tudo isso com mais clareza e facilidade.
Comecemos nosso encontro cantando a música número 6.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nossa
fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
C - Motivar: Hoje nos alegramos por saber que nossos sentimentos não
são um bicho de sete cabeças que nos ameaça ou nos devora. Podemos
melhorar a imagem que temos de nós mesmos, pois Jesus nos vê com
bons olhos, reconhece nosso valor e nos ajuda nos autocontrole de
nossas emoções. Ele quer nos ver mais afirmados, mais em paz com a
gente mesmo, mais livres e felizes.
- Convidar para cantar a música número 4.
D - Convidar os catequizandos a rezar uns pelos outros. Colocar a mão no
ombro do irmão da direita e rezar por ele: “Senhor Jesus, derrama so-
bre este irmão o teu Espírito Santo para ajudá-lo a renascer pela força
do teu amor. Que acolha sua presença amiga, que o acompanha dia e
noite e que ele deixe essa presença transformar todo o seu ser.
Amém!”. Fazer o mesmo com o irmão da esquerda: “Jesus nosso ami-
go, abençoe e fortalece este meu irmão, para que, repleto de sua força,
possa sempre recomeçar, sem jamais desanimar. Amém!”.
C - Convidar para cantar a música número 1. Depois, dar o abraço da paz.
D - Oremos: “Ó Deus, nossa luz e nossa força, abençoai cada um de nós,
pois sem vós nós fraquejamos. Dai-nos a força do vosso Espírito que
assegurou a Jesus coragem e vigor em toda sua vida. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!

2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se assentar e fazer uma dinâmica. Numa cesti-
nha no altar, deve haver uma porção de papéis com frases bíblicas.
Sugerimos algumas, conforme lista abaixo. Se a turma tiver mais ca-
tequizandos, o catequista escolha outras frases para completar a lista
de forma que tenha um número suficiente para todos.
• “Não entregues tua alma à tristeza; não atormentes a ti mesmo em
teus pensamentos” (Eclo 30,22).
• “Concentra teu coração em coisas boas e afasta a tristeza para
longe de ti” (Eclo 30,24).
• “A tristeza já matou a muitos e não há nela utilidade alguma”
(Eclo 30,25).
• “A inquietação acarreta a velhice antes do tempo” (Eclo 30,26).
• “Transformai-vos pela renovação de vosso espírito” (Rm 12,2).
• “Amai-vos mutuamente com afeição fraterna” (Rm 12,10).
• “Sede alegres na esperança e pacientes na tribulação” (Rm 12,12).
• “Vivei em boa harmonia uns com os outros” (Rm 12,16).
• “Não pagueis a ninguém o mal com o mal” (Rm 12,17a).
• “Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos” (Rm 12,17b).
• “Tanto quanto depender de vós, vivei em paz com todos os ho-
mens” (Rm 12, 18).
• “Não vos preocupeis com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá
suas preocupações próprias” (Mt 6,34).
• “Tranquilizai-vos. Não tenhais medo!” ( Mt 14,27).
• “Não vos inquieteis com nada” (Fl 4,6a).
• “Em todas as circunstâncias, apresentai a Deus as vossas preocu-
pações mediante a oração” (Fl 4,6b).
• “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo,
puro, amável e louvável, eis o que deve ocupar os vossos pensa-
mentos” (Fl 4,8).
- Pedir que cada um pegue um papelzinho na cesta, leia silenciosamente
e, depois, em atitude de meditação e respeito, faça brevemente um
comentário sobre sua frase. Por exemplo, se alguém pegou Fl 4,6a, di-
ga: “Este versículo nos convida a viver com o coração em paz, sem
preocupações exageradas, sem desesperar na hora da crise”. E assim,
um após outro partilhe sua reflexão com a turma.
- Depois que cada um tiver falado, convidar a turma para ouvir o Evan-
gelho.
C - Acalmar a turma para ouvir o Evangelho. Cantar a música número 2.
L - Ler na própria Bíblia: Mt 5,43-48
D - Concluir:
O Evangelho de Mateus nos ensina que precisamos cultivar atitudes
positivas de amor e reconciliação. Mesmo que nos persigam, que nos
maltratem, que nos desprezem, devemos sempre relevar, reconsiderar,
esquecer e recomeçar. De que adianta cultivar a ira, a tristeza, o medo, o
rancor? Nada! Essas atitudes só estragam a vida da gente. Por isso, Jesus
ensinou a amar sempre, mesmo quando as pessoas não merecem. Não é
só por causa dos outros que devemos amar e perdoar, mas por causa de
nós mesmos. O rancor e a ira destroem nosso coração, envenenam nossa
vida. Este texto nos sugere que sejamos donos de nossas próprias emo-
ções; que não nos deixemos levar pela provocação do mal que nos fazem.
Assim seremos mais parecidos com Deus, que nos ama sem nenhum me-
recimento de nossa parte.

3. RITO DO COMPROMISSO
C - Convidar a turma para rezar. Comentar: “Uma coisa boa que nos ajuda
muito a controlar nossas emoções, a lidar bem com nossos sentimen-
tos, é a oração. Deus acalma o nosso coração e alimenta nosso interior
de bons pensamentos. Vamos rezar não só por nós mesmos, mas tam-
bém por nossos colegas, para que todos possam sair daqui com o co-
ração cheio de otimismo e paz”.
D - Colar na parede um coração grande com as faixas: ira, angústia, medo.
- Comentar: “Vemos, neste coração, algumas emoções que agitam e
transformam nossa vida. Quem cultiva essas emoções e não quer se li-
bertar delas dificilmente será livre e feliz. Estas emoções podem es-
cravizar a gente e nos tornar amargas, sem gosto pela vida. Por isso,
vamos rezar para que Jesus nos ajude a nos libertar delas”.
- Colocar a mão no ombro do colega ao lado e rezar por ele: “Liberta,
Senhor, esse meu irmão de toda ira, de todo rancor, de toda agressivi-
dade, de toda tristeza e melancolia, de todo medo e timidez. Acalme
seu coração e ajude-o a viver de forma plena e feliz. Ajude-o a lidar
com essas emoções de forma positiva, para que nunca se deixe domi-
nar e destruir por elas”.
- Cantar a música número 8.
- Convidar a turma para trocar as emoções que agitam nossos corações
por emoções que nos edificam e nos ajudam a bem-viver. Três cate-
quizandos vão à frente e arrancam as faixas que estão pregadas no co-
ração e colam novas faixas no lugar. As novas faixas conterão as pa-
lavras amor, confiança e alegria.
- Distribuir o cartão com a oração “Novo rumo” e rezar todos juntos.
4. RITOS FINAIS:
D - Oremos: “Ajudados por vós, Ó Deus de amor, saímos vitoriosos de
nossas fraquezas e mais confiantes para enfrentar as dificuldades da
vida. Nos vos pedimos que não nos falte a força para continuar sem-
pre lutando por uma vida melhor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vos-
so Filho, na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar para o próximo encontro
D - O Senhor esteja conosco.
T - Ele está no meio de nós
D - Abençoe-nos o Deus misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito San-
to.
T - Amém
- Cantar bem animado a música número 13 ou 14.
- Fazer confraternização, se assim foi combinado.
- Encerrar, à vontade.
Quarta Etapa
Aceitando o que somos
Nas três primeiras etapas deste módulo conversamos sobre a vida e
seus dramas em geral, assim como sobre a nossa vida, com suas dificuldades e
absurdos. Nesta etapa, vamos trabalhar com os adolescentes algumas dicas para
melhor conviver com a vida e seus absurdos, sejam eles pessoais ou não. Vamos
falar sobre a importância de aceitar a nós mesmos, nosso corpo, nossa história,
nossa família, nosso temperamento... Só um trabalho lento e doloroso de aceitação
de nós mesmos pode nos ajudar a viver livres e felizes. Sem isto, a vida torna-se
um vale de tropeços, onde recomeçar é impossível.
Mais uma vez, a fé cristã será a mediação para tocar nestes assuntos
nada fáceis. Vamos procurar motivação na Escritura. Vamos mergulhar no mundo
da fé e tirar daí a força para viver e sobreviver, apesar de tudo. Os encontros são
simples e prazerosos, mas vão requerer boa preparação do catequista para não
transformá-los em sessão de autoajuda barata, sem a menor fundamentação. De
novo insistimos, a fé tem um poder terapêutico e isso é bom. Não há nada de erra-
do com isto. Ao contrário, arrancar da fé cristã seu poder terapêutico é distorcer o
evangelho de Jesus, cuja presença terapêutica trouxe bem estar e vida a todos que
dele se aproximaram. Recomendamos, então, que os encontros sejam preparados
com zelo e bom gosto. Vai valer a pena, com certeza!
1º Encontro

ACEITAR O QUE SOMOS

1. Acolhida e oração inicial


- Receber a turma com alegria e atenção, dando as boas-vindas.
- Cantar músicas animadas. No fim do livro, há diversas sugestões. Que tal
começar dando o abraço da paz e motivando a amizade e a união do grupo?
- Depois, sossegar a turma e fazer o Sinal da Cruz.
- Motivar a oração: “Esta etapa da catequese se dedica a nos ajudar a descobrir
e a aceitar melhor quem somos. Neste processo, Jesus – nosso amigo – está
conosco nos ajudando a fazer este trabalho interior, nada fácil. Fazer essa ca-
minhada interior é coisa dolorosa. Muitas vezes, parece mais fácil não reme-
xer nosso coração. Deixá-lo como água parada evita conflitos, mas não nos
deixa crescer. Para crescer é preciso aceitar ser quebrado e refeito, como um
barro nas mãos do oleiro. Jesus é o oleiro que amassa nossa vida antiga e nos
ajuda a construir uma vida nova muito melhor, muito mais livre, mais plena,
mais feliz”.
- Cantar a música número 11, pedindo o Espírito Santo para encher nossa vida
de fé, força e luz. Cantar várias vezes, repetindo como um mantra até acalmar
a turma e colocá-la em meditação. O catequista poderá ir falando baixinho,
conduzindo o grupo a rezar, enquanto os catequizandos cantam repetidamente
a canção. O catequista poderá dizer, por exemplo: “Nossa vida é mais plena e
mais livre quando estamos cheios do Espírito de Deus e vazios de nossos ego-
ísmos. Você pode entregar a Jesus seu coração e pedir a ele que encha sua vi-
da com o Espírito Santo. Deixe que ele plenifique você com sua luz, que esta
luz interior ilumine toda sua vida, seu passado, seu presente, seu futuro. Dei-
xe que a presença de Deus te liberte de suas angústias, de seus medos, de seus
bloqueios. Você pode pedir a ele que tire toda treva de seu interior. Só assim
você vai se sentir mais livre, mais forte e mais animado para enfrentar a vida
com seus desafios”.
- Terminada a meditação, cantar novamente a música anterior.
- Depois, dar as mãos e repetir com o catequista a prece seguinte: “Ó Deus de
amor, nós agradecemos porque teu Espírito Santo nos guia, nos anima, nos
ilumina. Nós te pedimos que não nos deixes jamais nos afastar de ti, que não
nos deixes jamais fechar nosso coração para tua presença, para a força do teu
Espírito que age em nós. Amém!”
- Cantar a música número 4.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Em nossos encontros, estamos fazendo experiências importantes. Hoje va-
mos falar sobre a alegria de viver em paz com a gente mesmo. Nós somos obra
maravilhosa de Deus e seu amor nos capacita para bem viver. Deus está conosco,
nos conhece e nos ama profundamente, mesmo com os defeitos e limites que te-
mos. É o que ouviremos agora. Vamos antes cantar a música número 2.

Texto: Sl 139 (138),1-14


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que reza o salmista?
• Qual sua maior certeza?
• O que este conhecimento gera nele?

Aprofundamento
- O salmista começa dizendo de sua certeza de ser examinado e conhecido por
Deus. Ser examinado por Deus não significa que, dia e noite, ele nos ponha à
prova. Não é isso. Quer dizer que ele tem ciência de nossa vida toda, que na-
da do que somos ou vivemos é desconhecido a ele. Essa certeza de que Deus
nos conhece por inteiro gera confiança e paz. Se ele é um Deus amoroso, um
pai bondoso que zela por nossa vida, esse conhecimento só pode ser para o
bem e só pode gerar bem-estar. Por isso, o salmista diz: “Tu sabes quando me
sento ou quando me levanto”. Levantar e sentar são expressões opostas para
significar o todo. O salmista está consciente que Deus sabe tudo de sua vida.
- Deus penetra de longe nossos pensamentos: nós já vimos em encontros ante-
riores que há uma área da nossa vida que é totalmente desconhecida para nós
mesmos e até para os outros, mas não para Deus que nos ama. Ele distingue
nossos caminhos, todas as nossas trilhas, ou seja, em nenhum momento esta-
mos sós. Deus está sempre conosco em qualquer jornada da nossa vida, seja
de trabalho ou de descanso.
- Deus nos conhece tanto que o salmista afirma que ele sabe até aquilo que nem
chegamos a falar ainda. A palavra é o veículo da comunicação. Ela é muito
importante entre nós, ela revela quem somos, o que queremos, o que pensa-
mos. Mas Deus, antes mesmo da palavra chegar à nossa boca, já nos conhece
todo. Ora, a comunicação com Deus não se dá pelo que dizemos a ele; ele
sonda nosso coração e nosso pensamento. As palavras são importantes para
verbalizar o que sentimos, mas ainda que não falemos uma só palavra para
Deus, ele sabe tudo de nós, nossas intenções mais íntimas.
- Não há como fugir de Deus; não há como ficar longe desse conhecimento. Se
estamos nas alturas, no sucesso, nas vitórias, ele lá está. Se estamos nos abis-
mos, nas derrotas, no fundo do poço existencial, ele lá está.
- Ainda que quiséssemos viver em trevas, com a escuridão nos cobrindo; as
trevas ou noites são como dia para o Senhor. Deus é luz e ilumina nossa vida
toda. É ele que nos ajuda a arrancar as trevas de nós mesmos.
- Foi ele quem nos criou, ou seja, viemos dele, somos sua imagem e semelhan-
ça e, desde o ventre materno, fomos amados e desejados por ele.
- E o salmista suspira louvando ao Senhor. Tendo tomado consciência do amor
zeloso de Deus, tudo que tem a fazer é agradecer. Resistir pra que? Melhor se
deixar amar e conhecer ainda mais por ele. Seu amor nos sustentará no pro-
cesso de autoconhecimento e auto-aceitação. Assim como Deus nos conhece,
quer também que cada um de nós se conheça. Ele nos aceita como somos e
nos ama e quer que cada um de nós se aceite e se ame. Isso pode ajudar muito
na superação de nossas fraquezas e contribuir para uma vida mais plena e fe-
liz.
- Lembremo-nos do quadro abaixo, que já vimos em encontros anteriores.
- Nossa vida é como este quadro, com quatro áreas diferentes.

Eu conheço Eu conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
Eu não conheço Eu não conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem

- O importante é esforçar-se para aumentar a área do “Eu conheço” e diminuir


a área do “Não conheço”. Deus conhece tudo e nos ajuda neste autoconheci-
mento. Quanto mais a gente se conhece, mais a gente tem controle da própria
vida, das emoções, etc. E mais chances a gente tem de se aceitar e ser feliz.
- Quando a gente se revolta contra o que é, as chances de ser feliz são peque-
nas. Quanto mais a gente se aceita, aceita nossa história, nosso corpo, nossos
dons, nossas fraquezas, mais podemos viver em paz com a gente mesma e
mais feliz poderá ser a vida. É assim que se sente o salmista: feliz da vida
porque Deus o conhece e o ajuda neste autoconhecimento.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- O catequista deverá ter levado para o encontro uma porção de balões de soprar
(ou bexigas).
- Cada catequizando ganha um balão, enche-o e escreve nele uma qualidade e
um defeito que tem. Depois liberam os balões com tapas para o ar. Cada um
pegue um balão aleatoriamente. Leia o que está escrito nele, identifique o dono
do balão e a turma acolhe o dono do balão com suas qualidades e defeitos.
Quem pegou o balão dá um abraço no dono do balão em nome da turma.

Conclusão
O salmo 139 revela uma grande verdade: Deus nos conhece e nos ama. Sa-
ber-se conhecido por Deus até nas profundezas e acompanhado por ele em toda
situação dá a nós uma sensação muito boa. Não precisamos mais fugir de nós; não
precisamos nos esconder; não precisamos fingir ser quem não somos. Deus nos
conhece e nos ama do jeitinho que somos. Certamente ele quer que melhoremos
muita coisa, mas sua amizade e amor independem disso. Se eu posso mudar, devo
me esforçar para fazê-lo, não para que Deus me ame mais, mas para que eu viva
mais feliz e seja mais livre. O amor de Deus é incondicional, mas meu amor por
mim mesmo nem sempre é tão grande assim. Tudo que a gente puder fazer para
ficar em paz com a gente e de bem com a vida será ótima iniciativa.

4. Oração final e encerramento


- Convidar a turma para louvar a Deus, para agradecer a ele por tudo de bom
que há em nossas vidas, por todas as conquistas alcançadas, por tudo que so-
mos etc.
- Pedir que cada pessoa lembre-se de algo bom para agradecer ao Senhor. Dei-
xar que os catequizandos falem à vontade.
- Encerrar o louvor, cantando a música número 12.
- Para o próximo encontro, há duas sugestões de atividades. Uma delas é fazer
uma atividade física, uma caminhada por exemplo ou um piquenique. Caso o
catequista ache viável, deve avisar os pais e combinar bem com os catequi-
zandos. Tudo dever ser preparado com antecedência para que não haja desen-
contros. Lembre-se: não se arrisque o catequista a levar a turma para locais
com piscina, lagoas, cachoeiras etc., mas apenas para praças, parques, jardim
botânico, área de lazer e ginástica. Caso a turma aceite fazer a caminhada de-
ve ser orientada a ir com roupas e calçados apropriados para dar conta do tra-
jeto. Além disso, deve levar água e lanche para partilhar no encerramento da
atividade.
- Motivar para o próximo encontro e despedir a turma.

Dicas para o catequista


- Os versículos 15 e16 não foram lidos no encontro, mas mesmo assim vale a pena
explicá-los. Pode ser que algum catequizando curioso continue a leitura e preci-
se de ajuda para entender o texto. Estes versículos trazem a ideia de que nossa
vida inteira estava escrita no livro de Deus. Muitos podem pensar que se trata de
predestinação, como se – mesmo antes de saber – nossa vida já estivesse previ-
amente determinada por Deus. Alguns chegam a interpretar o texto ao pé da le-
tra entendendo que há um livro no céu onde nossa vida já está toda escrita, in-
clusive as dificuldades, as alegrias, o dia de nossa morte. Certamente não é este
o caso. A fé cristã não admite a predestinação, pois esta é contrária à liberdade
humana. Deus nos criou para a liberdade e é exatamente por isso que temos uma
responsabilidade ética. Não estamos condenados a nada, a não ser às contingên-
cias da vida, ou seja, aos limites que a vida impõe. Na cultura bíblica, a predes-
tinação não é o nosso futuro escrito nas estrelas e a gente como uma marionete
nas mãos de Deus sem poder traçar nosso destino. Deus nos predestinou para o
amor. Nosso futuro está condenado ao amor de Deus, de tal forma ele nos ama
que não podemos escapar dele. Se há alguma predestinação é no amor; não nos
fatos da vida.
- O salmo falou que antes de a palavra chegar à nossa boca, Deus já sabe o que
vamos dizer. É claro que se trata de uma hipérbole para garantir a ciência de
seu, seu conhecimento completo acerca de nossa vida. Isso não deve significar
que não precisamos nem devemos mais rezar, pois Deus já sabe de tudo. Não é
isso! Nós rezamos para informar a Deus acerca do que vivemos. Ele certamente
sabe de tudo que se passa conosco. Rezamos para fazer comunhão com Deus.
Rezar é uma necessidade antropológica do crente, ou seja, é inerente ao ser hu-
mano que admite que não está referido a si mesmo mas a alguém maior do que
ele: Deus.

2º Encontro

ACEITAR NOSSO CORPO


1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL
- Receber a turma com toda a atenção. Fazer momento de animação, cantando
músicas apropriadas.
- Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz, lembrando a presença
amiga do Deus uno e trino. Se quiser, cantar “Em nome do Pai”.
- Motivar a oração: “Vamos todos abaixar as nossas cabeças e fechar nossos
olhos para não nos dispersar neste momento. Vamos pensar no amor que
Deus tem por nós, vamos sentir seu amor e seu cuidado conosco. Deus é
amor. E se ele é amor não devemos temer nada; ele está conosco nos amando
e amparando. Em qualquer dificuldade, ele nos estende sua mão; ele nos dá
seu amor que nos fortalece e tira todo temor, toda insegurança, todo medo”.
- Cantar a música número 3. Repetir várias vezes, motivando a turma a abrir
seu coração para acolher o amor de Deus.
- Depois de cantar bastante, convidar a colocar a mão direita no ombro do co-
lega ao lado e rezar por ele. O catequista reza e a turma repete: “Senhor Jesus,
derrama sobre este irmão a força do teu amor. Que ele sinta tua presença ami-
ga revigorando todo seu ser. Que ele acolha tua oferta de amor com generosi-
dade de coração. Que teu amor seja fecundo na vida dele e possa produzir fru-
tos de alegria e paz. Amém”.
- Ao final, cantar a música número 11.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir hoje um belo texto da Escritura Sagrada que é tirado do Livro
do Eclesiastes. Nós já conhecemos este livro, pois ele já apareceu em outros en-
contros. Ele foi escrito por um sábio do povo de Israel que, observando a vida e
suas contradições, concluiu que a vida é passageira e tudo é vaidade, ou seja, pas-
sa rápido. Ouçamos um pequeno trecho que nos aconselha a cuidar de nosso corpo
e a aproveitar o que de bom a vida nos oferece.

Texto: Ecl 9,7-9


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Quais os conselhos que o sábio Eclesiastes dá aos jovens?
• Por que ele dá esses conselhos? O que ele pensa da vida que o faz aconse-
lhar os jovens deste modo?

Aprofundamento
- No texto que lemos, o Eclesiastes dá diversos conselhos aos jovens. Estes conse-
lhos estão relacionados ao prazer: prazer de comer e beber; prazer de vestir-se
bem e de ter boa aparência; prazer de amar e ser amado. Falar dos prazeres do
corpo é tocar em um tabu; muitos pensam que os prazeres são ilícitos, coisa do
diabo. Mas não é assim que o Eclesiastes vê a vida. Ele aconselha seus jovens a
não viverem de forma tão penitente, pois a vida passa rápido. Certamente não
aconselha também a viver de forma sem juízo, até porque ele considera tudo
vaidade, inclusive os prazeres. Para ele viver prazerosamente é um direito de to-
dos; faz parte da vida plena que Deus quer nos proporcionar, mas também o pra-
zer não é um fim em si mesmo.
- O primeiro conselho diz respeito ao comer e ao beber. Comer e beber são condi-
ções para a vida. Nutrir o corpo é importante para mantê-lo saudável e cheio de
vigor. O corpo deve ser bem cuidado; ele é condição para a existência; é nosso
modo de estar no mundo, de nos relacionar uns com os outros; é nossa morada.
- Mas não basta apenas comer o alimento, tomar a bebida. Comer e beber é muito
mais que ingerir vitaminas e sais minerais. Tomar refeição é um ritual importan-
te. Nós nos alimentamos não só do alimento que comemos, mas da comunhão
que a refeição proporciona. Se o alimento nutre o corpo, a comunhão com os
amigos nutre a alma, alimenta nosso ânimo e revigora a vida.
- A piedade cristã muitas vezes viu o prazer como pecado, até o prazer de uma
boa refeição. Em algumas casas religiosas e seminários, no passado, rezava-se
“Pequei, Senhor, misericórdia!”, após a refeição. Incentivava-se uma vida de re-
núncia e ascese e a comida, muitas vezes, era vista como uma ameaça à vida
cristã, tanto é que a gula entrou na lista dos pecados capitais. Mas o Eclesiastes
não pensa assim. Para ele, comer e beber são prazeres que não devemos dispen-
sar, não só porque nutrem o corpo mas também porque geram a comunhão e
alimentam a amizade.
- O segundo conselho é quanto ao vestir-se e aos cuidados com a aparência. Cui-
dar-se demais pode ser pura vaidade e ilusão, mas descuidar-se é descaso e reve-
la que algo vai mal dentro de nós. Toda pessoa de bom senso cuida do próprio
corpo, não o maltrata nem o despreza, ao contrário nutre-o com cuidado. Maltra-
tar o próprio corpo é maltratar nós mesmos, então não faz sentido. Por isso a
gente se cuida, se veste com certo cuidado, toma banho, passa óleos e perfumes,
corta cabelo, se enfeita... O autor do Eclesiastes sabe que isso é prazeroso e in-
centiva esses cuidados. Já foi o tempo em que os cristãos amarravam cilício na
perna e se flagelavam com chicotes. Esses exageros foram incentivados por al-
gumas pessoas de boa vontade, mas equivocadas em relação à vida.
- Cuidado, porém, deve ser tomado para que o zelo com o corpo não se torne uma
obsessão. Tem gente que cuida tanto do corpo que revela um desequilíbrio psí-
quico. Faz plásticas desnecessárias; só se sente bem com roupas de grife ou mui-
to maquiadas; quer ter um corpo escultural, perfeito... Mas há exagero do outro
lado. Tem quem despreze o corpo: mesmo podendo, se veste como um mendigo;
não cuida dos dentes nem da saúde; não se importa com a aparência; vive feito
um maltrapilho; fuma, bebe ou até usa drogas.
- O Eclesiástico avisa que as roupas devem ser bem cuidadas – não chiques ou de
grifes – e a cabeça deve estar perfumada, ou seja, os cabelos e a pele bem cuida-
dos. Uma boa aparência é muito importante. A aparência diz muito sobre nós
mesmos. Apesar de o ditado “as aparências se enganam” ter razão às vezes e nos
prevenir para não prejulgar os outros sem conhecer o que elas realmente são,
normalmente nossa aparência revela muito de nós. Ela mostra se estamos de bem
com a vida ou deprimidos, se estamos animados ou sem forças para viver. Diz se
somos pessoas saudáveis ou doentes, se estamos cansados ou cheios de vigor.
Ela mostra se somos pessoas simples ou cheias de tititi. O corpo mostra quem
somos. Por isso é tão importante cuidar dele: por meio dele, entramos em relação
com os outros, gozamos a vida, registramos nossa existência neste mundo.
- O terceiro conselho diz respeito ao prazer da afetividade e da sexualidade. Este
prazer é o maior de todos os tabus para nós cristãos. A sexualidade foi, durante
muito tempo, vista como coisa feia e suja. Houve tempo em que, se os casais
(marido e mulher) tivessem relação sexual à noite, não podiam comungar no dia
seguinte. Mas o Eclesiastes não vê assim a sexualidade. Ele aconselha que o ma-
rido goze da boa companhia da esposa a quem ama. Aliás, a companhia de uma
pessoa amada é talvez o maior prazer que a vida pode oferecer, mesmo quando
estas pessoas não têm relação sexual. Há o prazer de uma amizade; enorme é o
prazer da mãe ou do pai na companhia dos filhos; prazer sem conta é a fraterni-
dade entre irmãos. O prazer da convivência revigora o corpo. Depois do encon-
tro com a pessoa amada, a gente sai mais cheio de esperança. A gente acredita
que nem tudo na vida é mal e perverso. O afeto é algo benéfico; restaura a saúde
do corpo e da alma. Por isso falamos há pouco – quando falamos do prazer de
comer – que o corpo precisa mais que do alimento; precisa da comunhão da re-
feição entre pessoas que se amam e se querem bem.
- Mas sobre a afetividade e a sexualidade, falaremos no módulo 6. Por enquanto
basta. O importante aqui é perceber o valor do cuidado com o corpo e dos praze-
res que o corpo oferece: comer, beber, vestir-se, cuidar-se, amar, conviver, rela-
cionar-se...

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, estamos com duas atividades. O catequista veja o que é oportuno.

Sugestão 1
- Convidar a turma para montar um cartaz, vendo os cuidados de que o corpo
precisa.
- Escolher uma bela imagem para colar no centro do cartaz. Escrever em cima:
NOSSO CORPO PRECISA DE
- O catequista vai anotando no cartaz, o que os catequizandos vão dizendo, por
exemplo: alimento, descanso, exercício, sono, carinho, higiene, proteção...
- Ao final, concluir a partir das necessidades que forem levantadas pela turma

Sugestão 2
- Se for oportuno, o catequista poderá fazer com a turma uma atividade física.
Para que isto seja possível, ele deverá ter combinado antecipadamente com os
catequizandos e pais, para que não haja nenhum atropelo. Sugerimos fazer
uma caminhada – não muito longa. Ao final, chegando em local oportuno, a
turma partilha um lanche, brinca, joga bola etc.
- Depois de brincar e se divertir, encerrar o encontro. O encerramento pode ser
feito ali mesmo, sem necessidade de voltar ao local costumeiro.

Conclusão
O corpo é fonte de prazer, e o prazer alimenta a vida. O Eclesiastes incenti-
va os jovens a viverem prazerosamente. Certamente o prazer incentivado é o pra-
zer lícito, aquele que gera vida e comunhão, fraternidade e bem-estar para todos.
Em nenhum momento o Eclesiastes incentiva o prazer egoísta, que faz do outro
objeto, que o põe em referência a mim como único importante na relação. O sábio
reconhece que o corpo se nutre do prazer: prazer de comer, prazer de beber, prazer
de se relacionar, prazer de se proteger, aquecer, relaxar, descansar... Cuidar do
corpo não é só uma obrigação, mas um direito e uma questão de responsabilidade.
O corpo é a possibilidade da existência humana e descuidar dele seria descuidar
do dom precioso que Deus nos deu: a vida.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para rezar. Fazer bastante silêncio e, depois, cantar a músi-
ca número 4.
- Agradecer a Jesus porque com ele podemos vencer os complexos que temos
em relação a nosso corpo e podemos nos aceitar assim como somos. Convidar
cada um para pensar nos complexos e desajustes que dizem respeito ao corpo.
Depois, em silêncio, entregar tudo isto a Jesus, pedindo forças para superar os
problemas com o corpo.
- Dar as mãos e rezar o Pai-Nosso.
- Cantar algo bem animado para encerrar. Que tal a música número 1?
- Para a próxima semana, nosso encontro sugere falar sobre a família e a neces-
sidade de assumi-la tal qual ela é. Caso este livro, apesar de pensado origi-
nalmente para adolescentes, esteja sendo usado com jovens mais maduros,
pode ser oportuno convidar a turma durante a semana para assistir o filme Ál-
bum de família (classificação: 12 anos). Depois de uma tentativa frustrada de
reaproximação dos familiares, cada membro voltou para seu canto com seus
próprios problemas. Em alguns casos, a solução vai ser assumir a família
desmantelada que se temos. Fazer o quê? Caso o catequista opte por assistir o
filme, deve planejar tudo antecipadamente, pois a atividade do próximo en-
contro será comentar o filme.
- Despedir a turma alegremente, convidando para o próximo encontro.

Dicas para o catequista


- Muito comum é os jovens e adolescentes não lidarem bem com o corpo. Por
isso, todo cuidado é pouco ao tocar neste assunto. Os adolescentes se meio es-
tranhos dentro do próprio corpo e não é para menos. Já repararam como o cor-
po do adolescente é desproporcional? Seu pé cresce mais que o corpo todo; o
nariz cresce antes do resto do rosto; as espinhas poluem os lindos rostos, man-
chando-os e causando horror nas meninas; a voz muda e fica fina ou grossa...
São ajustes hormonais que vão acontecendo. Basta esperar um pouco e tudo se
harmoniza. Nesta ocasião muitos complexos surgem. Alguns se cuidam para
evitar maiores dores futuras; outros se descuidam de vez, ficam gordos, deslei-
xados... É importante ajudar os adolescentes a perceberem que isto é só uma
fase e que é preciso se cuidar.
- Quando falamos dos prazeres do corpo, evitamos falar do prazer sexual, pois
muitos pais poderiam não entender esta abordagem, criticando o livro e a cate-
quese. Mas, entenda o catequista: o sexo faz parte dos prazeres lícitos do corpo,
desde que entendido dentro da ética cristã, assim como os outros prazeres. Há
uma ética que perpassa todo prazer: o prazer de comer, por exemplo, é lícito,
mas se você não esbanja, não rouba o alimento dos outros nem os priva deste
direito. O mesmo se dá com o sexo. Não vamos gastar fôlego com este tema
aqui, pois vai ser amplamente debatido no módulo 6, o nosso próximo livro.
Mas, se o catequizando na hora de listar as necessidades do corpo, falar que o
corpo precisa de sexo, o catequista não deve ignorar sua fala. Anote no cartaz o
que ele diz e converse sobre isto, sem medos.
3º Encontro

ACEITAR NOSSA FAMÍLIA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com entusiasmo. Cantar músicas animadas. Que tal a núme-
ro 6?
- Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música número 16.
- Motivar a oração: “Vamos neste momento deixar Jesus morar em nós, tomar
conta de nosso coração e enchê-lo com sua paz e seu amor. Se Jesus está co-
nosco, nosso coração se renova; nosso interior se enche de força para enfren-
tar a vida; uma força tão grande, que não vem de nós, mas do amor de Deus.
Vamos acolher a força e a paz que Jesus nos oferece. Vamos fazer silêncio e
cada um – no silêncio de seu coração – vai entregar a Jesus as pedras e os es-
pinhos da sua caminhada. Jesus é amigo fiel. Ele prometeu que estaria conos-
co e ele cumpre sua promessa. Diga a ele: ‘Jesus, venha caminhar comigo.
Venha me ajudar nesta jornada a vida. Venha me ajudar a superar as pedras,
os espinhos, as cruzes que encontro na caminhada. Eu confio no Senhor, Je-
sus. Ajuda-me! Amém”.
- Dar um tempo para cada um fazer sua oração silenciosa.
- Depois, cantar de novo a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro de hoje, vamos falar sobre a importância de acolher e amar a
família que temos. É preciso assumir a nossa família, com as misérias e estranhe-
zas que ela tem. Dentro do possível, procuremos viver em paz uns com os outros
dentro de nosso lar, como aconselha a Carta aos Efésios.

Texto: Ef 6,1-4
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que o autor aconselha aos filhos?
• O que aconselha aos pais?
• O que Deus promete a quem honra seu pai e sua mãe?
• Você acha esses conselhos razoáveis?

Aprofundamento
- No texto que acabamos de ouvir, o autor aconselha tanto os filhos quanto
os pais, para que eles possam viver harmoniosamente.
- Quanto aos filhos, o conselho é obedecer aos pais. Para o autor, é justo que
seja assim. Mas será mesmo justo e bom obedecer aos pais? Vamos en-
tender isto. No tempo em que a Bíblia foi escrita, havia a curiosa e inteli-
gente cultura de se valorizar o conhecimento acumulado durante a vida.
Por isso, os mais velhos deveriam sempre ser tratados com deferência e
respeito. Tanto é assim que, para a cultura judaica, não há nada mais es-
tranho que um velho sem juízo. Que um jovem tivesse a cabeça meio vo-
ada, povoada de ilusões, eles entendiam; mas que um homem ou uma mu-
lher vividos não tivessem aprendido com a experiência, isso era inaceitá-
vel. Então, para eles, os adultos, os mais velhos, tinham sempre razão.
Eles sabiam mais da vida e era obrigação deles preservar os jovens das
loucuras da juventude. Naquela cultura era importante que os pais fossem
sempre ouvidos pelos filhos e isto parecia justo: quem já viveu mais tem
mais a ensinar.
- E hoje? Bom, muita coisa mudou, mas a máxima da obediência dos filhos
aos pais continua válida. Certamente que há exceções, mas na maioria dos
casos, supondo que os pais querem somente o bem de seus filhos, aconse-
lha-se que os filhos deem ouvidos a seus pais. Ouvir os pais não é o mes-
mo que fazer a vontade deles, nem viver a vida deles. Cada qual vive sua
própria vida e assume seus próprios desafios. Nem é também anular-se
diante de pais autoritários e impositivos. É saber dialogar e levar em conta
a importante opinião dos pais na hora de tomar decisões. Pode ser – e
acontece frequentemente – que os pais, por serem mais vividos, vejam pe-
rigos e riscos que os filhos ignoram.
- Mas em que casos há exceções? Infelizmente, há famílias em que os pais
têm menos juízo que os filhos. Não raramente encontramos pais que se
drogam e os filhos é que cuidam dos pais; às vezes o pai ou a mãe está
atolado num mundo de depressão e angústia, e o filho é que mantém a lu-
cidez. Em alguns casos, os pais são mau-caráter, corruptos, desonestos e
os filhos não querem seguir seus passos.
- Quanto aos pais, o conselho é que eles não irritem nem exasperem seus fi-
lhos. Os pais devem tratar seus filhos com brandura e respeito. Isso evita-
rá ódio, cólera, mágoa... Não é incomum haver mágoa entre familiares,
especialmente entre pais e filhos. Quando os pais são muito implicantes,
ficam cerceando os filhos, não lhes tratam como pessoas livres e dignas,
insistem em impor sua vontade sobre a deles, então as mágoas florescem.
Os pais, se querem que seus filhos os respeitem e amem, devem ser amá-
veis com eles.
- Mas independente da amabilidade dos pais, é obrigação dos filhos honrá-
los e respeitá-los. Mesmo que eles sejam esquisitos, ainda que sejam vici-
ados ou corruptos, ainda que não tenham dado carinho e amor aos filhos,
é tarefa dos filhos honrá-los. O que quer dizer honrar os pais? Quer dizer
não humilhá-los, nem desprezá-los, cuidando deles nas necessidades. Cer-
tamente que há pais que, por merecimento, não deveriam receber os cui-
dados dos filhos, mas mesmo assim é de bom tom que os filhos tenham a
magnanimidade de cuidar deles. Isso agrada ao Senhor, diz a Bíblia, e
Deus garante recompensa para quem o faz. Que recompensa? Certamente
não são bens materiais, nem ausência de problemas. Ao contrário, quem
cuida de um pai ou de uma mãe problemáticos tem mais problemas que
quem os abandona. Mas quem cuida dos seus pais terá a recompensa do
dever cumprido, de uma paz sem fim que só quem ama e cuida pode ex-
perimentar, mesmo que isto venha em meio a angústias e desavenças.
- Exceção seja aberta, porém, para alguns casos, onde é melhor os filhos
tomarem seus rumos e deixarem seus pais cuidarem da própria vida. Por
exemplo: 1) Se uma filha foi molestada sexualmente pelo pai e não dá
conta de superar isto, melhor viver sua vida longe dele do que ficar sujeita
à sua tirania e remoer isto a vida inteira. 2) Se um filho viu sua mãe se
drogar a vida toda e corre o risco de cair na mesma cilada, se ela não quer
abandonar o vício, melhor o filho fugir e cuidar de si deixando a mãe aos
cuidados de alguma instituição ou órgão que tenha condições de fazê-lo.
3) Se um filho insiste em ignorar seus pais e escolhe viver bêbado, caído
pelas ruas, sem laços familiares e, se os pais já tentaram de tudo e suas
forças parecem ter acabado, o que fazer? Deprimir, viver todos os dias
atrás do filho, sem poder cuidar de sua própria vida? Melhor aguardar o
momento certo de agir. Enquanto isso, os pais salvem sua própria vida da
angústia, de forma que, na hora em que o filho aceitar socorro, a família
estará em condições de acolhê-lo.
- Bom, parece que já deu para entender. A regra para os filhos é cuidar dos
pais, honrá-los, ampará-los, obedecer suas orientações. A regra para os
pais é proteger e amar seus filhos sempre, sem irritá-los. Mas que fique
bem claro: cada caso é um caso; há exceções que devem ser cogitadas pa-
ra a preservação da vida tanto dos pais quanto dos filhos.

3. ATIVIDADE
Mais uma vez, oferecemos duas atividades.
O catequista analise antecipadamente o que é melhor para sua turma.

Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos de dois ou três e convidar a turma para fazer caça-
palavras. Num quadro, haverá atitudes que os pais devem ter com os filhos
(cuidado, carinho, e, paciência, segurança, zelo, proteção etc.); no outro, ati-
tudes que os filhos devem ter com seus pais (obediência, respeito, reverência,
amor, gentileza etc.).

Sugestão 2
- Se a turma assistiu a película Álbum de Família (classificação: 12 anos) du-
rante a semana, o catequista aproveitará esta ocasião para comentar o filme.
Veja o que os catequizandos entenderam, deixe-os partilhar à vontade a im-
pressão que tiveram do filme. O catequista via conduzindo a conversa, fazen-
do perguntas, tais como: “Por que aquela família não conseguiu viver unida?
Por que não teve um final feliz para o filme? Alguém foi culpado?”. Sugeri-
mos que o catequista mostre à turma que nem sempre temos finais felizes e é
preciso viver com isto também. Nem sempre nossos investimentos na família
dão o resultado que queremos. É preciso assumir a família do jeito que ela é,
inclusive dividida, despedaçada, sem os laços de compromisso que gostaría-
mos que os membros tivessem uns com os outros.

Conclusão
A família é uma instituição muito importante na sociedade. Dela recebemos
as primeiras noções da vida, os primeiros valores. Através dela aprendemos a ser
gente, a tomar consciência da vida e, assim, nos preparamos para enfrentar o futu-
ro. Por isso, ainda que a nossa família não seja aquela que a gente gostaria, ela é a
única que temos; é a família possível, com seus limites e virtudes. Há famílias que
não são completas: falta o pai ou a mãe ou até os irmãos. Há famílias que tem
outras configurações, mas tudo é família e o importante é o respeito e o carinho
que há entre seus membros. Para ser feliz, cada um deve aceitar sua família, as-
sumi-la mesmo com seus problemas. Negar as raízes familiares, abandonar os pais
no esquecimento, desprezar os parentes, fingir que eles não existem... tudo isso
não gera vida, ao contrário, traz traumas e angústias ainda maiores.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Motivar a oração, falando brevemente da importância de assumir a família do
jeito que ela é, tentando ajudar a todos com amor e carinho, mas sabendo que
nem tudo tem solução. Convidar para rezar pelos familiares. Cada um poderá
fazer uma prece e depois todos dirão: “Jesus, abençoa as nossas famílias”. O
catequista começa e incentiva cada um a fazer também sua oração.
- Cantar a música número 19.
- Ao final, dar as mãos e rezar juntos o Pai-Nosso.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Ao falar de família, muitos catequistas, certamente, terão na cabeça o modelo
clássico de família com o qual fomos acostumados: papai, mamãe, filhinhos.
Ótimo! Este é um belo modelo de família. Mas os tempos mudaram e é hora de
acolhermos os novos modelos de família que vão surgindo na sociedade atual.
Seria bom que o catequista se despisse de todo preconceito para ajudar os cate-
quizandos neste processo de aceitação de sua própria família. Uma família sem o
pai, por exemplo, é família do mesmo jeito. Ou uma família sem o pai e a mãe
também é família. Às vezes os irmãos são órfãos, mas se cuidam, se protegem,
ou estão sob os cuidados de um tio ou dos avós. Tudo é família. Até mesmo um
casal homossexual com os filhos (adotados ou filhos naturais de um deles, não
importa) compõe, de alguma maneira, um grupo familiar, se conserva valores os
valores da convivência. Pode não ser a família que a Igreja sonhou, nem mesmo
a família que o catequista deseja, mas esta agregação familiar não pode ser des-
denhada nem desprezada. Deve ser amada e acolhida como qualquer outra. Co-
mo diz um slogan escolar que correu por aí: “Família: meu pai, minha mãe, mi-
nha tia; aquele que cuida de mim todo dia”. Sem querer desprezar o valor da
família clássica, lembramos que o mais importante é o cuidado e o amor.
- Sobre essa questão de casais homossexuais, não podemos discorrer sobre o as-
sunto, pois ele é polêmico e longo. Apenas recomendamos que os catequistas se-
jam zelosos e prudentes; que se deixem guiar mais pelo amor que pelo legalis-
mo, tal qual fez Jesus. Não estamos incentivando a união homossexual; só esta-
mos reconhecendo que ela está aí, e os filhos destes casais começam a chegar
para a catequese. O que vamos fazer com eles: vamos rejeitá-los, vamos discri-
miná-los, vamos consertar sua família pois ela não está nos padrões da Igreja?
Não! Vamos acolher e amar todos que vem até nós, reconhecendo os valores que
há entre eles, mesmo que sejam diferentes daqueles com os quais estávamos
acostumados. A caridade é a máxima lei, dizia o apóstolo Paulo.

4º Encontro

ACEITAR NOSSA HISTÓRIA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com entusiasmo. Cantar músicas animadas e de acolhida.
Conferir a lista no final do livro.
- Colocar no centro da roda uma toalha, uma imagem de Maria e uma vela ace-
sa.
- Motivar a turma a olhar para a imagem de Maria e pensar na coragem daquela
jovenzinha que tudo enfrentou para cumprir sua missão e foi feliz dizendo seu
sim a Deus. Incentivar cada um a corajosamente dizer seu sim a Deus, à vida,
à felicidade. Mas, para isso, cada pessoa deve assumir sua vida tal como ela é,
com suas mazelas e alegrias. E assumir sua personalidade, sua interioridade,
com coragem e sem falsidades. Aí vai ser possível ser feliz, mesmo em meio
às dificuldades da vida.
- Depois de dar um tempo para meditar, convidar para cantar a música número
9.
- Dar as mãos, como gesto de união em busca da felicidade e rezar a Ave-
Maria.
- Encerrar à vontade.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Hoje vamos refletir sobre um belo texto da Bíblia, que se encontra no Evan-
gelho de João. É um texto que fala de uma mulher que foi pega em adultério e
quase perdeu a vida por isto. Depois de todo apuro, foi preciso recomeçar, assu-
mindo seus erros, sua história, sua vida.

Texto: Jo 8,1-8
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Onde se encontrava Jesus?
• Quem estava com ele?
• O que Jesus fazia?
• Qual o principal conteúdo da pregação de Jesus?
• Quem foi que os escribas e fariseus trouxeram a Jesus?
• Em que situação ela foi pega?
• O que a Lei de Moisés prescrevia para esses casos?
• O que disse Jesus diante da insistência dos fariseus em condenar a mulher?
• Como os fariseus reagiram?
• O que aconteceu à mulher?
• Qual foi o veredicto de Jesus para aquela situação?
• Qual a ordem final que Jesus deu à mulher?

Aprofundamento
- Esta é uma bonita história para falar da vida, com seus atropelos e dificuldades.
O relato mostra como podemos superar as tribulações que enfrentamos cada dia.
A mulher adúltera representa cada um de nós que, muitas vezes, tomou uma deci-
são errada, trocou os pés pelas mãos e a vida parece interrompida por causa disso.
Naquele tempo, a Lei de Moisés era clara: quando era pega em adultério, a mulher
deveria morrer apedrejada. É o que querem fazer os fariseus: querem cumprir a
Lei, sem olhar a situação da mulher, sem usar de misericórdia com ela. Por isso,
eles a põem no centro da roda, cercam-na de forma que ela não tem como escapar.
Seus olhos agudos e maus espreitam a mulher, prontos para dar o bote, para devo-
rar sua vida, culpando-a, condenando-a, como se fosse a única a se equivocar nes-
ta vida.
- Mas Jesus não tem o mesmo olhar dos fariseus. Seu olhar é misericordioso. Ele
sabe que todo mundo está sujeito a erros e, por isso, todos precisam do direito de
recomeçar. Em vez de julgamento e condenação, precisamos de apoio e perdão.
Foi o que fez Jesus. Diante daquela pobre mulher, acuada pela Lei e pelos cum-
pridores da Lei, Jesus lembrou que a lei do amor é maior que todas as leis da vida.
Jesus amou aquela mulher e compreendeu sua história tão atropelada, cheia de
equívocos e desenganos. E mostrou que todos se enganam de vez em quando. To-
dos precisam de uma chance para recomeçar.
- Diante da bondade de Jesus e de seu ensinamento sobre a fragilidade humana
(“quem não tem pecado atire a primeira pedra”), os fariseus que haviam condena-
do a mulher caíram em si e fugiram da verdade. Era muito duro admitir que todo
mundo tem pecado e precisa assumir sua história e recomeçar. Melhor posar de
bonzinho e fingir que nunca errou do que enfrentar a vida com suas mazelas.
- Ao final do texto, vemos que Jesus dialoga com a mulher de igual pra igual. Ele
dá voz e vez a ela, que até aquele momento não fora ouvida nem acolhida na sua
miséria, só julgada e condenada (perceba que a mulher não teve direito à voz no
começo do texto!). Diante da compreensão de Jesus, uma nova história se abre. O
caminho fechado pelos condenadores que a cercavam se abre diante da palavra de
Jesus que diz: “Vai e, de agora em diante, não peques mais!”.
- A mulher vai ter que assumir diante de todos a sua história. Certamente todos
vão olhar para ela e dizer: “Olha lá a mulher adúltera! Só não morreu apedrejada
porque Jesus a defendeu! Mulher de vida dissoluta! Mulher pecadora!”. Assumir a
própria história não é fácil. Requer assumir os próprios erros, as escolhas do pas-
sado, as origens, a cultura, a condição social, a família. Tudo precisa ser assumi-
do. Mas, com Jesus, é possível assumir quem somos e recomeçar. A comunidade
cristã aprendeu, por meio desta história, que a bondade é o remédio para todos os
erros. E os cristãos que aprenderam que é preciso assumir os erros e recomeçar.
Para isso contamos sempre com a bondade e o apoio de Jesus, que compreende a
gente e nos estende sua mão.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos de 4 ou 5 pessoas e distribuir os textos para serem
lidos e refletidos. São dois textos diferentes. Terminada a leitura, responder as
questões que seguem.

Uma vida em conflito

Maristela é uma jovem bonita, inteligente, cheia de saúde e energia. Por


onde ela passa, atrai os olhares; sua beleza rouba a cena. Mas, apesar de tudo, Ma-
ristela não vive feliz. É que Maristela sabe que foi adotada e sente a maior mágoa
de ter sido abandonada quando criança. Ela não entende como uma mãe pode fa-
zer isto com uma bebezinha indefesa.
Os pais de Maristela tem o maior xodó com a jovem. Ela é tudo pra eles.
Eles não tiveram filhos e já estavam mais maduros quando decidiram adotar. Eles
se lembram com alegria o dia em que o telefone ligou e era o juizado de menores
dizendo que tinha uma menininha de quase um ano para lhes entregar. Foi a maior
festa. Convidaram parentes e amigos para a recepção. A menina foi amada desde
o começo; sua vida foi cercada de cuidados. Mas seus pais não lhe esconderam a
verdade: ela era filha do coração, como sua mãe costumava falar, e não filha bio-
lógica.
Maristela adora seus pais adotivos e não consegue imaginar um lugar onde
ela pudesse ser mais amada, mas, apesar de tudo, ela guarda uma mágoa da vida
que atrapalha seu sucesso. Vai e volta Maristela está angustiada por causa disso.
Já foi a psicólogo, já tentou outros tratamentos... o médico disse que ela precisa se
aceitar. Maristela esconde de todos a sua origem. Tem vergonha de ter sido aban-
donada, como se fosse culpa dela. Na escola, por exemplo, ela não gosta que seus
pais participem das reuniões. Seus pais são brancos, descendentes de italiano, e
Maristela é uma mulata cor de jambo, de faces bem rosadas e cabelo sarará criou-
la. Quando seus pais chegam, não há quem não se pergunte se ela não é adotada.
Maristela morre de vergonha e se esquiva de dizer a verdade.
Agora, Maristela está mocinha e começou a namorar. A família do namo-
rado é gente importante; uma família de tradição na cidade, todos advogados, dou-
tores. O namorado quer levar Maristela para conhecer seus pais e quer ir à casa
dela para pedir o namoro como é costume na sua família. A menina está no maior
dilema: o que fazer? Ela não sabe se é melhor terminar o namoro, que mal come-
çou, ou se é hora de enfrentar a realidade da adoção com coragem e bravura. O
médico já lhe disse: “Maristela, é hora de recomeçar. Deixe o passado para trás e
comece vida nova, sem angústias”. Mesmo assim, ela está vacilando. O que fazer?
Questões
• O que Maristela deve fazer?
• Você acha que há motivo para vergonha?
• Você concorda com a atitude de Maristela de não apresentar seus
pais aos amigos e professores? Por quê?
• Você conhece histórias parecidas com esta?

Negando a própria origem

Juarez tem 18 anos e já está fazendo medicina. Passou no primeiro vesti-


bular. O menino é uma fera. Sempre tirando o primeiro lugar na escola, ganhando
medalhas de melhor aluno, etc. Ele tem uma facilidade para os estudos que dá
gosto. Até inglês e francês, ele aprendeu assim brincando, cantando, sem grandes
esforços. Agora, como foi muito bem classificado no vestibular, ganhou uma bol-
sa de estudos e vai inclusive estudar dois anos na Inglaterra, pelo programa Ciên-
cias sem Fronteiras. Ele está feliz.
A família de Juarez fica num contentamento só. Seus pais se enchem de
orgulho do filho e contam pra todo mundo o sucesso que o rapaz faz na faculdade.
Mas na casa de Juarez nem todo mundo é tão inteligente e nem todos tiveram a
mesma chance que ele. Seus pais são semi-analfabetos. Estudaram só até o segun-
do ano de grupo, como eles costumam dizer. Ou melhor, sabem ler e escrever,
fazer alguma conta, mas tudo muito precário. O irmão mais novo – coitado! – sua
mãe teve complicações no parto e ele teve falta de oxigenação no cérebro; nasceu
com muitas debilidades e este não vai aprender nem sequer ler e escrever. A irmã
mais velha é moça inteligente, mas não teve chances. Desde mocinha teve que
cuidar dos irmãos mais novos e não pode estudar. Ela cuidou de Juarez como uma
mãe, quando sua mãe adoeceu no parto do mais novo. Além destes dois irmãos,
Juarez tem mais três irmãos do primeiro casamento. Seu pai era viúvo quando
casou com sua mãe. Estes irmãos vivem lá na roça, na capina, na lida com a terra.
Nunca vieram para a cidade estudar como Juarez.
Juarez tem enorme gratidão por seus pais, pelo esforço que fizeram para
estudar o menino, mas o jovem estudante não sabe o que fazer com a família que
tem. Ele gosta de seus pais e irmãos, até do que tem paralisia cerebral. Juarez
lembra-se com carinho dos dois brincando no terreiro da roça. Acontece, porém,
que aquela família não é a família ideal para um jovem aprendiz, que promete ser
um médico brilhante. Juarez tem vergonha de apresentar seus pais e irmãos para
os colegas da faculdade. Ele se arrepia de pavor só de pensar no dia da formatura:
aquele tanto de pais e mães elegantes desfilando pelo salão e lá estarão seus pais
jecas sem saber se comportar em ambiente tão sofisticado! Tem dois amigos de
Juarez que estudam com ele desde o segundo grau. Eles vivem pedindo para ir
passar férias na roça com o amigo, mas Juarez nunca os levou à sua casa.
Agora, a situação ficou mais grave: Juarez está namorando Luíza. Os pais
dela se mudaram para a China, pois ele é pesquisador e foi fazer doutorado; sua
mãe o acompanhou. A menina não quis ir, pois já tinha começado os estudos no
Brasil. O período escolar está encerrando-se e ela quer ir para o interior passar
férias com o namorado, pois não vai dar para ir para a China ver seus pais. Juarez
já disse não outras vezes, se esquivando com uma desculpa qualquer. Mas, desta
vez, não vai ter desculpas que convença Luíza a ficar sozinha na cidade. Um ami-
go de infância de Juarez que também estuda na universidade, encheu-se de cora-
gem e lhe disse: “Deixe de ser bobo, rapaz. Você vai perder uma menina de ouro
por causa de bobagem. Assuma suas origens e bola pra frente. Não há motivos
para receios ou vergonha!”. Mesmo assim, ele está inseguro. O que fazer?
Questões
• Juarez deve levar a namorada para a casa dos pais?
• Há motivos para se envergonhar da sua família?
• Esconder suas origens vai fazer bem para o jovem estudante?
• Como lidar com a própria história sem angústias e sem vergonha
do que somos?
- Ao final, fazer plenário, partilhando as histórias e as reflexões.
Sugestão 2
- Fazer um altar no centro da roda. Colocar flores, vela acesa e um crucifixo.
Aos pés, um vaso de barro.
- Distribuir lápis e papel para todos. Pedir que escrevam uma carta para Jesus,
falando de sua própria história, o que o deixa feliz e o que o envergonha nesta
história. Colocar um CD com um fundo musical, fazer bastante silêncio en-
quanto cada um escreve sua carta.
- Depois que todos tiverem escrito seu texto, convidar cada um a entregar esta
carta para Jesus, pedindo a ele forças para assumir sua história tal qual ela é.
- Cada um vai levantar sua cartinha e rezar com o catequista: “Recebe Jesus, a
minha vida, a minha história, as minhas origens, o meu passado, a minha fa-
mília! Tudo o que sou e o que tenho eu te entrego, Jesus. E te peço que me
ajude a assumir minha vida com coragem e fé. Amém!”.
- Terminada a oração, cantar a música número 4 e ofertar a carta, colocando-a
no vaso de barro no altar. O catequista faz a queima, enquanto todos cantam.

Conclusão
Assumir nossa própria história não é tarefa nada fácil. Algumas vezes, negar
as origens, as raízes, os fatos, parece menos doloroso. Mas também é menos liber-
tador. Ainda que nossa história seja sofrida, seja estranha aos olhos de muitos, ela
precisa ser assumida. Foi o que aconteceu com a mulher adúltera, cuja narrativa se
encontra no Evangelho de João. Ela tinha um passado sofrido e um futuro a enca-
rar. O julgamento dos cumpridores da Lei não ajudava neste processo. Só o amor
de Jesus deu a ela forças para recomeçar. O perdão anima e o amor refaz. Diante
da acolhida de Jesus e de sua atitude de misericórdia, a mulher estava pronta para
recomeçar, assumindo sua história: “Vai em paz”, disse Jesus, “não peques mais”.
É isso que Jesus diz também para nós: “Vá em paz! Em paz consigo, em paz com
a família, em paz com a própria história!”. Jesus está conosco e nos ajuda a reco-
meçar sempre.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


Se o catequista tiver optado pela atividade 2, ele já terá feito momento de oração
com a turma. Sugerimos não prolongar muito então. Basa rezar um Pai-Nosso e
fazer o encerramento. Caso ele tenha optado pela atividade 1, sugerimos breve
oração final.
- Motivar: “Coisa boa é saber que nossa história é única, mesmo que meio estra-
nha. Mas as estranhezas não são só nossas. Todo mundo é meio estranho mes-
mo. Nós sentimos coisas estranhas; nós pensamos coisas estranhas; nós faze-
mos coisas estranhas, toda família é um pouco estranha, toda história é um
pouco diferente. Estas estranhezas devem ser vividas com serenidade e paz, na
presença de Deus, de forma que elas sejam integradas e assumidas, para não
causar dor nem em nós nem nos outros, pois elas fazem parte da nossa vida.
Quanto mais a gente nega nossas raízes, mais estranhos nos sentimos. Quanto
mais a gente insiste em ser quem não somos, mais esquisitos nos tornamos.
Vamos colocar nossa vida, mesmo que estranha, nas mãos de Deus. Cada um
pense – apenas pense mas não fale – em uma coisa estranha que sente, que
pensa, que lhe aconteceu no passado... e entregue a Jesus sua estranha história
pedindo a ele que te ajude a assumi-la, a superá-la ou a integrá-la”.
- Dar um tempo de silêncio para cada um pensar e rezar.
- Depois, convidar para cantar a música número 14.
- Dar as mãos e rezar o Pai-Nosso.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade. Que tal cantar algo bem animado como a música número
12?

Dicas para o catequista


- A narrativa da mulher adúltera é provavelmente tardia, escrita por ocasião de
severas perseguições aos cristãos (final do século II ou começo do III), quando –
por medo da morte – os cristão abandonavam e fé. Diante das dificuldades, muitos
cristãos – principalmente os recém-convertidos – apostatavam, ou seja, renegavam
a fé com medo da morte, da prisão, dos castigos. A Bíblia sempre chamou a idola-
tria ou o abandono da fé de “prostituição”. Deus é o esposo de cada um de nós e é
fiel até o fim à aliança que fez conosco. Mas nem sempre nós mantemos a mesma
fidelidade. Por motivos diversos, renegamos a fé. Quando este texto foi escrito,
alguns abandonaram a fé por medo das perseguições, que aliás eram muito cruéis.
Uns cristãos mais rigoristas – como os escribas e fariseus descritos no Evangelho
de João – achavam que estas pessoas não mereciam perdão. Deveriam ser excluí-
das da comunidade e receber o castigo por suas faltas. Outros, mais misericordio-
sos como Jesus, achavam que todo mundo tem seus erros e que a comunidade de
fé deveria dar uma nova chance para a pessoa que errou poder recomeçar. Houve
controvérsias. Foi aí que escreveram este bonito texto, que foi parar no Evangelho
de João. É uma história que a comunidade cristã criou para falar duas coisas: 1ª) A
bondade e o amor são sempre a melhor medida em qualquer ocasião; 2ª) todo
mundo tem o direito de recomeçar.
- No tempo de Jesus, sua comunidade era regida pelo Sinédrio, um grupo de líde-
res religiosos cuja tarefa era zelar pelo bem-estar das pessoas a partir da Lei Ju-
daica. A Lei determinava que o adultério fosse castigado com a morte, assim co-
mo os casos de blasfêmia e outros raros. A lei previa punição tanto para o homem
quanto para a mulher, mas a prática era condescendente com os homens e usava
de rigor com as mulheres. Não se assuste, nem o catequista nem o catequizando,
com estas regras. Faziam parte da cultura do povo daquela época.

5º Encontro

ACEITAR AS PERDAS INEVITÁVEIS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com alegria e disposição. Fazer momentos de animação, can-
tando músicas apropriadas.
- Preparar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
- Erguer as mãos e rezar a oração ao Espírito Santo.
- Cantar a música número 11.
- Convidar cada um a fazer suas preces, pedindo a Jesus que o plenifique com
sua força e seu amor. Motivar: “Nossa história nem sempre é fácil; viver é mui-
to complicado. Trazemos marcas profundas em nosso coração de tudo que já
passamos nesta vida. Essas marcas são como cicatrizes que nos lembram a toda
hora os incidentes de percurso pelos quais passamos ao longo da vida. Nossa
memória insiste em nos lembrar tudo isto; nosso coração, apesar das lembran-
ças da memória, deve viver serenamente, em paz. Peçamos ao Espírito Santo
que encha nossa vida de força para vivermos com estas cicatrizes, mas sem do-
res, sem angústias, sem rancores. Se Deus está conosco nos apoiando e aman-
do, vai ser mais fácil superar os espinhos da caminhada e as cruzes que carre-
gamos. Vamos rezar a Deus, vamos pedir seu Espírito e nos abrir para sua
ação. E vamos recomeçar cheios de força e garra”.
- Dar uma pequena pausa para que todos pensem em suas mazelas e peça a ajuda
do Espírito Santo para superar tudo isto.
- Cantar de novo a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir hoje um belo texto do Livro do Eclesiástico que nos dá uns
conselhos muito importantes. Diante das dores e dificuldades da vida, o sábio es-
critor sugere que a comunidade de fé não desanime.

Texto: Eclo 2,1-6


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que aconselha o Livro do Eclesiástico?
• Como preparar a alma para a provação?
• Devemos aceitar tudo o que nos acontecer? Isso não é acomodação?
• Quem cuida de nós na hora da dor e da angústia?

Aprofundamento
- O livro do Eclesiástico é um conjunto de conselhos e máximas com a finalidade
de formar os jovens, ajudando-os a se firmarem na fé e nos bons costumes. Tem
desde conselhos sobre a vida de fé como conselhos sobre o comércio, os amigos,
as mulheres, a educação dos filhos, o serviço na corte etc. O Eclesiástico fala de
tudo que envolve a vida e de como se comportar diante das diversas situações.
Isso ajudava os jovens daquele tempo a não ficarem perdidos diante das novida-
des que as novas e sedutoras culturas lhes apresentavam.
- Este texto que ouvimos fala sobre a importância da firmeza e da fé diante dos
atropelos da vida. A vida tem muitas surpresas, nem sempre agradáveis. Tem
muitas provações, nem sempre fáceis de suportar. Tem muitos desafios, nem
sempre fáceis de superar. Há muitas perdas, fracassos, insucessos, nem sempre
fáceis de aceitar.
- Por isso, o Eclesiástico aconselha a acolher as palavras de sabedoria e a não ter
pressa para tomar decisões. Ele convida os jovens a suportar a vida com o peso
que ela tem, que ele chama de “demoras de Deus”, mas entendendo que, para o
judeu, tudo era ação de Deus, o bem e o mal. As demoras de Deus são as de-
moras normais da vida.
-
- Para suportar as perdas, o conselho do Eclesiástico é fantástico: “Agarra-te a
Deus e não o largues”. O autor sabe que só com a força de Deus é possível dar
conta da vida sem desesperos e angústias maiores.
- Ele aconselha ainda que aceitemos tudo que venha a nos acontecer e que fi-
quemos constantes na dor. Suportar e aceitar o que a vida nos oferece de bom e
prazeroso é fácil; difícil, porém, é aceitar as adversidades, os aborrecimentos,
as perdas, as derrotas, principalmente as perdas familiares, perda de quem a
gente ama e que às vezes se foi tão cedo; perda das forças físicas por causa da
debilidade da saúde; perda por causa de algum acidente; perda por causa de al-
gum descuido, perda de bens, perda de sonhos, perda de pessoas.
- Quando vivemos alguma destas situações, quase sempre, fora raras exceções,
não há o que fazer a não ser aceitar em paz o que a vida nos trouxe: a doença, a
ausência de alguém, o limite do corpo, a debilidade, o insucesso. Contra algu-
mas coisas, há como lutar; há o que fazer e é preciso fazer algo. Mas há coisas
contra as quais não há nada a fazer como no caso da morte de alguém querido,
por exemplo. Nada a fazer a não ser o luto e depois recomeçar a vida “agarrado
a Deus”, como disse o Eclesiástico,
- Importa na hora difícil ser constante e não desanimar. E a paciência é remédio
pra muitos males. Assim como o ouro é provado no fogo, é na dificuldade e
nas tribulações que sabemos quem realmente tem um coração que é ouro puro,
capaz de passar pela crise sem se derreter.
- Na hora da dor, a fé pode ajudar muito. Saber que Deus cuida de nós e está
conosco nos consola e fortalece. Essa certeza deve nos acompanhar até a velhi-
ce: seja qual for a perda, seja qual for a dor, não estamos sozinhos; Deus está
conosco.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- O catequista leia para a turma a história abaixo.
-
Por que, meu Deus?

Marcone é um rapaz esperto, já tem 23 anos e está na faculdade fazendo


veterinária. Há 18 anos atrás, ele tinha apenas 5 anos de idade, quando teve
sua primeira perda irreparável. Em janeiro de 1996, uma chuva forte derrubou
casas, e um amiguinho de Marcone foi soterrado e não sobreviveu. Marcone
não entendeu nada. Sua mãe o levou ao enterro. Ele chorou, achou esquisita a
morte que vem sem pedir licença, reclamou, mas não teve o que fazer. Poucos
meses depois, em março do mesmo ano, Marcone teve nova perda irrepará-
vel. Num acidente estúpido de avião, morreram os integrantes da banda Ma-
monas Assassinas, que Marcone adorava. Mesmo pequenininho, ele cantava a
plenos pulmões: “Mina, seu cabelo é da hora, seu corpão violão, não me sinto
sozinho. Você é meu chuchuzinho!”. E corria pela casa com seu violão de
brinquedo imitando o vocalista da banda. Ele tem até fotos divertidas desta
época, quando ele fingia ser um dos integrantes da banda. Até hoje, Marcone
gosta de ouvir seus ídolos e coleciona os cds da banda.
Quando criança, Marcone já aprendeu – a preço de lágrimas – que tem
perdas que são irreparáveis. Não bastasse a perda de pessoas, Marcone convi-
veu com outra dor dilacerante. Não tinha ainda oito anos, quando morreu seu
cachorro. Foi um chororô. Ele e sua irmã Natália, fizeram um funeral com a
ajuda dos pais e enterraram o Toddy, era como se chamava o cãozinho.
Passado alguns anos, Marcone ia fazer dez anos, quando seu pai teve
problemas nos negócios e veio á falência. Mais perdas; desta vez materiais.
Marcone precisou ser trocado de escola; o carro foi vendido; a casa foi aluga-
da para ajudar nas despesas da família e eles alugaram um apartamento num
bairro mais simples. Tempos difíceis aqueles. Mas foi preciso acostumar-se
com o novo estilo de vida que passaram a ter. Não havia nada que Marcone
pudesse fazer. As coisas se organizaram com o tempo, mas Marcone não se
esqueceu das pelejas vividas.
Quando seu amiguinho morreu Marcone ouviu a professora da escola
dizer que Papai do Céu levou seu amiguinho para o céu. Quando os Mamonas
Assassinas morreram, Marcone perguntou para sua mãe por que tinha aconte-
cido tal tragédia. Sua mãe respondeu que Papai do Céu tinha levado seus
amiguinhos para o céu. Marcone ficou indignado com o tal Papai do Céu que,
sem pedir licença, chega e leva quem ele quer para o tal do céu. Isso parecia
meio absurdo. Quando seu cachorro morreu, ele concluiu que foi papai do céu
quem fez a travessura de novo, mas sua decepção foi maior. Seu pai disse que
cachorros não vão para o céu. Marcone ficou indignado! Quando sua família
foi á falência, seu pai disse que Deus quis assim. O menino ficou ainda mais
chateado com Deus. Como pode ser isso: Deus mata seus amigos, não tem lu-
gar para cachorro no céu e faz sua família perder tudo. Esse tal Papai do Céu
não aprecia boa gente!
Marcado por tantas perdas, Marcone guardou no seu coração duas coi-
sas: uma é uma antipatia de Deus. Não há cristão que o convença que Deus é
gente boa. A outra é o medo de novas perdas. Marcone tem medo de perder
os pais, de perder a namorada, de perder disciplinas na faculdade, de perder
os amigos... Ele vive cheio de medos. E culpa Deus por seus infortúnios.

Questões
• Há um culpado pelas perdas de Marcone? Como entender todas
essas perdas? Elas são vontade ou culpa de Deus?
• Adianta Marcone viver cheio de medo de novas perdas? Isso vai
impedir que perdas futuras aconteçam?
- Entregar lápis e papel para cada um. No alto da folha deve estar escrito: O
QUE EU MAIS TENHO MEDO DE PERDER?
- Cada catequizando é convidado a fazer uma lista com seus medos: medo de
perder os pais, medo de perder a saúde, medo de ser fracassado no futuro etc.
- No final, cada um diz qual é seu maior medo e o catequista conclui, mostran-
do que a vida segue em frente mesmo com esses medos e perdas.

Conclusão
Lidar com a perda e o fracasso é sempre algo muito difícil. Lidar com o in-
sucesso e com a frustração é mesmo muito doloroso. Mas é preciso saber que
perdas e insucessos fazem parte da vida. Não são culpa de Deus; não são armadi-
lhas ou laços que ele nos arma para nos atormentar. Deus não é sádico, não quer
ver ninguém sofrendo, não quer o mal de ninguém. Deus é amor e quer o nosso
bem. Mas nem sempre as coisas acontecem como nós queremos: é a vida e suas
surpresas. Ficar revoltado com Deus não resolve. Ao contrário, deus é nosso ami-
go e nos estende a mão na hora da dor para que a gente não vacile. Só com a for-
ça de Jesus pra gente dar conta de superar esses momentos, sem ficar amargo,
ranzinza, rabugento, de mal com a vida. Mas, se estamos sempre juntos de Jesus
ressuscitado, sua força nos sustenta e sua mão estendida nos ampara na hora da
queda. É com ele que contamos para vencer essas horas difíceis e permanecer de
pé, seguindo sempre em frente. E que ninguém diga na hora da dor: “É Deus
quem está me provando” ou “É Deus quem está me castigando!”. Nada disso:
Deus não prova, nem tenta ninguém. O contrário é que é verdadeiro: Na hora da
dor, Deus me sustenta, me estende sua mão e me ajuda a vencer as angústias das
perdas”.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Num altar, expor uma imagem de Maria, a mãe de Jesus. Em torno ao altar,
todos vão olhar para a imagem e lembrar o sofrimento de Maria, mãe de Je-
sus, quando viu seu filho morrer na cruz. Motivar: “Não foi fácil para Maria
lidar com a morte de Jesus. Ela poderia ter se revoltado, ter culpado Deus, ter
desanimado, pensando que a vida é mesmo assim e não tem nada a ser feito.
Diante daquela dor, daquele sofrimento, o que ela fez? Foi para o quarto cho-
rar e pedir a morte? Não. Revoltou-se? Também não. Ela continuou sua vida,
firme e sem vacilar, pois Deus estava com ela, amando-a e ajudando-a em su-
as dificuldades. Assim também, cada um de nós pode seguir o exemplo de
Maria, pode enxergar sua vida como um campo aberto de possibilidades, de
novas chances apesar das dores...”
- Cantar a música número 9.
- Cada catequizando poderá fazer uma prece, pedindo a Deus que o ajude a
vencer suas fraquezas. Poderá, por exemplo, dizer: “Ajuda-me, Senhor, a
vencer minhas angústias!” ou “Ajuda-me, Senhor, a vencer meus medos!”.
Após cada prece, todos dirão: “Dá-nos, Senhor, a força de Maria”.
- Cantar de novo a música nº 9.
- Rezar a Ave-Maria.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Na hora da dor e da perda, ficamos inconformados e queremos entender o por-
quê do sofrimento. E perguntamos: “Por que, meu Deus? Por que isso? Será
que fiz algo para merecer essa dor? Será que estou pagando algum pecado?”. É
bom que o catequista saiba e oriente a turma: o sofrimento é parte da vida e não
castigo de Deus. Ele é algo natural. Nossa condição humana nos impõe limites:
no corpo (debilidades, doenças, morte, traumas); no convívio social (incompre-
ensões, fracassos, perseguições, insucessos); na família (desajustes, desenten-
dimentos, incompreensões). Se a gente fosse de barro, quebrava. Se fosse de
ferro, enferrujava. Sendo de carne e osso, nós adoecemos, envelhecemos, mor-
remos. É natural isso. E com isso vem a dor, vem a angústia da perda das for-
ças ou da pessoa amada. Que ninguém culpe a Deus por seus infortúnios. Eles
são parte da vida. Não é à toa que o Livro do Eclesiástico aconselha os jovens
para que saibam lidar com esses problemas desde cedo. A vida não é mesmo
um mar de rosas.
- Na hora da dor, quase sempre, perguntamos: “Por que isso?”. Mas esta não
parece a pergunta mais aconselhável. Melhor seria perguntar: “Como vou lidar
com isso”? Como vou arranjar forças para dar conta deste desafio?”. A vida
tem seus mistérios; ela é inexplicável, muitas vezes sem lógica e nem sempre
justa. Quanto mais cedo todos entenderem isso, menos sofrerão. Que ninguém
espere justiça da vida. Que ninguém diga “Eu não merecia isto!”. A vida não é
feita somente de merecimentos, de conquistas, mas também de acasos, de fata-
lidades, de imprevistos, de infortúnios. E não há explicação para tal. Há somen-
te a força de Deus que nos ajuda a tudo superar pela fé que nele depositamos. E
basta isso!
6º Encontro

SER BEM SUCEDIDO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com simpatia, preparando ambiente acolhedor. Cantar músi-
cas animadas. Que tal a número 6?
- Silenciar a turma e criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar suavemente música de interiorização. Sugerimos a música nº 14.
- Motivar a oração: “Vamos rezar lembrando que, em todas as situações da vi-
da, Deus está conosco; ele não nos abandona à nossa própria sorte. Na hora
do medo, Deus está conosco; na hora da dor, Deus está conosco; na hora da
alegria, Deus está conosco; na hora da derrota ou da vitória, Deus está conos-
co. Ele é um amigo fiel, um bom companheiro que caminha conosco no itine-
rário da vida. Ele nos estende sua mão e nos dá sua força. Vamos então firmar
ainda mais nossos laços de amizade com ele; renovar nossa aliança de amor
com Jesus”.
- Dar as mãos e todos juntos repetir com o catequista: “Ó Jesus, nosso amigo
fiel, nós renovamos com o Senhor nosso compromisso de amizade e amor. E
agradecemos, porque em toda nossa vida nunca nos abandona, está sempre
conosco. Obrigado, Senhor! Amém!”.
- Encerrar cantando a música n. 5 ou outra conveniente.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vimos, no encontro passado, que as perdas são inevitáveis. Houve falar so-
bre o sucesso e o fracasso; realidades presentes na nossa vida com as quais deve-
mos aprender a lidar. Vamos ouvir um texto do Evangelho de Mateus, que fala de
um jovem bem-sucedido, mas não muito feliz. Vamos nos preparar para ouvir a
Bíblia, cantando a música número 2.

Texto: Mt 19,16-22
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O jovem perguntou a Jesus?
• O que respondeu Jesus? O que sugeriu que ele fizesse?
• Mas o homem insistiu e perguntou o quê?
• Quais os mandamentos que Jesus listou?
• O que o jovem disse a respeito dos mandamentos?
• Faltava alguma coisa para aquele jovem? O que Jesus o aconselhou a fa-
zer?
• Como o jovem reagiu?

Aprofundamento
- Um homem se aproximou de Jesus e perguntou a ele o que devia fazer para
ter a vida eterna. Havia um sonho no coração daquele homem – um jovem se-
gundo Mateus. Todo jovem sonha e sonha muito, sonha alto. Sonha ser feliz;
sonha conquistar muitas coisas; sonha ter sucesso; sonha formar uma família,
ter uma carreira, um bom trabalho, uma profissão bacana; sonha viajar e fazer
mil coisas. Aquele jovem não era diferente.
- Como bom judeu, aquele jovem sonhava com a vida eterna, ou seja, a vida
plena que a Torá prometia, incluindo sucesso, vida longa, família numerosa e
muitos bens. Para ser feliz, conforme o pensamento da Torá, a primeira con-
dição era seguir os mandamentos, por isso Jesus respondeu a ele que fizesse
isto: cumprisse os mandamentos. Jesus resume os mandamentos em seis bem
conhecidos: 1) Não cometer homicídio; 2) não cometer adultério; 3) não rou-
bar; 4) não levantar falso testemunho; 5) honrar pai e mãe; 6) amar o próxi-
mo. O número seis é significativo; significa algo incompleto, imperfeito, in-
capaz de trazer a felicidade, como as seis talhas de água já vazias nas bodas
de Caná.
- Ao colocar seis mandamentos, Mateus está dizendo que só seguir a Torá não
é suficiente para ser feliz. O jovem confirma esta ideia, pois disse a Jesus que
já fazia isto e ainda faltava alguma coisa. Na Torá o número perfeito é o sete.
Para ser feliz, para ter sucesso, para realmente ser bem sucedido como era de-
sejado, o jovem ainda tinha que fazer uma coisa: desapegar-se de tudo para
ser verdadeiramente livre.
- O sucesso é boa coisa, mas o apego ao sucesso pode fazer a gente se dar mal.
Quanto mais alto se sonha, quanto mais a gente se obriga a ter sucesso, pior
pode ser. O sucesso é bom, mas devemos lidar com a possibilidade do insu-
cesso. O jovem ficou triste quando Jesus falou qual era a sétima coisa, aquilo
que o completaria e o faria bem sucedido e feliz. Ele foi embora infeliz. Às
vezes, queremos o sucesso, mas nos apegamos tanto aos caminhos para ser
feliz que nem percebemos que a felicidade pode estar em outro lugar: no de-
sapego e na liberdade, por exemplo.
- O jovem tinha muitos bens, disse o Evangelho. Que bens tinha aquele jovem?
“Por que desapegar-se dos bens, se eles eram fruto de sua justiça?”, pensou o
jovem. Vejamos, muitos judeus pensavam assim: “Quanto mais justo eu for,
mais bens Deus vai me dar”. Ora, se ele – mesmo jovem – já tinha muitos
bens, a conclusão era obvia: Ele era um poço de justiça! Seus bens foram ad-
quiridos por mérito; Deus retribuiu em bens a justiça praticada. Então por que
deixar os bens?
- O Evangelho de Mateus não é contra os bens materiais. Mateus escreve para
uma comunidade de judeus, com muita dificuldade para abandonar os valores
da Torá – como a retribuição divina – e se apegar aos ensinamentos cristãos.
Mateus está dizendo que a felicidade que os judeus-cristãos buscavam não es-
tava nos bens – que, segundo eles, vinha do cumprimento da Torá –, mas da
mais plena liberdade diante desses bens.
- Isso vale pra nós hoje. Somos como esse jovem que quer ser feliz, quer o so-
nho mais alto, a conquista mais difícil, na linguagem judaica, a vida eterna.
Mas o sucesso pode não estar onde nós o colocamos; e o caminho para alcan-
çá-lo pode ser bem diferente do que projetamos. Às vezes, temos sonhos, pro-
jetos e, quando menos esperamos, eles se desmoronam. É preciso entender
que dá pra ser feliz de outra forma, pra ter sucesso de outro modo. Se uma
porta se fecha, mil outras se abrem. Se o plano A dá errado, dá pra ser feliz no
plano B ou C ou D... Pois o sucesso não está nas coisas, mas na forma como
lidamos com todas elas.
- O jovem foi embora triste, disse Mateus. Esperamos que esta tristeza simboli-
ze a capacidade de repensar a vida. Há tristezas que são boas; são a chance
que a gente precisa para repensar e recomeçar. Ser bem sucedido não é coisa
fácil e é preciso saber lidar também com o insucesso. O insucesso de hoje po-
de ser o trampolim para a realização de amanhã. A tristeza do jovem pode ser
uma porta para grandes alegrias futuras.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e repartir o texto abaixo para ser lido e meditado.
- Pedir que terminada a leitura, reflitam sobre a história e responda as questões
propostas.

A ESCOLHA CERTA
Uma mulher, ao sair de casa, deparou-se com três andarilhos em frente ao
seu portão. Um deles disse:
- Senhora, estamos famintos. Pode nos dar algo, para matar a fome?
- Claro, entrem e comam alguma coisa – respondeu a mulher.
- O homem da casa está? - perguntaram.
- Não, ele está trabalhando.
- Então, não podemos entrar. E não entraram, sem que a mulher entendesse
a razão.
À noite, quando a família estava reunida, a esposa contou ao marido o que
havia ocorrido. Então, ele disse:
- Vá lá fora e convide-os para entrar.
A mulher saiu e eles ainda estavam lá. Convidou-os para entrar. Mas eles
disseram:
- Não podemos entrar juntos. E explicaram:
- Meu nome é AMOR, o dele é FARTURA, o outro se chama SUCESSO.
Você e sua família precisam escolher um de nós, que irá entrar em sua casa.
- A mulher, sem entender nada, foi conversar com o marido e o restante da
família. Ela sugeriu:
- Vamos convidar a FARTURA para entrar em nossa casa. Assim, não vai
faltar mais nada.
O marido, porém, discordou e sugeriu:
- E se convidássemos o SUCESSO, não seria melhor?
- Estavam inseguros. Conversaram um pouco mais e decidiram:
- Vamos convidar o AMOR.
A mulher saiu e disse aos três:
- Nós conversamos e escolhemos o AMOR para entrar em nossa casa.
O AMOR levantou-se e caminhou na direção da porta de entrada. Mas, para
surpresa de todos, os outros dois – FARTURA e SUCESSO – seguiram o AMOR
e entraram também.
Ela, sem entender, indagou:
- Mas não era um só que deveria entrar?
Eles responderam:
- Se você convidasse a FARTURA ou o SUCESSO, os outros dois esperari-
am aqui fora. Mas, como você convidou o AMOR, onde ele for vão também a
FARTURA e o SUCESSO.
Questões
• O que você entendeu da parábola acima?
• Por que o SUCESSO e a FARTURA entraram junto com o AMOR?
• Você concorda que nem sempre sucesso e fartura são sinônimo de fe-
licidade?

Conclusão
“Como lidar com o insucesso?”, nós nos perguntamos. Hoje mais do que
nunca a sociedade nos impõe a tirania do sucesso. Precisamos ser bem-sucedidos;
alcançar o primeiro lugar, conquistar fama, poder, dinheiro, prestígio, reconheci-
mento. Mas será que a vida plena está mesmo nisto? Será que a felicidade está no
sucesso? O sucesso pode ser fugaz e passageiro. Há coisas mais importantes que
podem trazer maiores realizações. Certamente um pouco de sucesso e reconheci-
mento todo mundo quer, mas esta não deveria ser a meta de nossa vida. A vida
vale mais que o sucesso; a família e os amigos valem mais que a fama; a saúde
vale mais que o dinheiro e o reconhecimento. Um pequeno momento de prazer
familiar, de comunhão com quem a gente ama pode ser um sucesso bem maior
que o reconhecimento de uma sociedade inteira. Que ninguém se iluda: saber lidar
com o insucesso pode ser fonte de felicidade tanto quanto ser bem sucedido; saber
desfrutar pequenos prazeres da vida pode ser mais realizador que grandes conquis-
tas. Lembremo-nos do jovem rico: tanta riqueza, tanto reconhecimento de sua
justiça, tanto orgulho de cumprir a Torá, nada disso lhe trouxe a vida plena! A
vida plena, o sucesso verdadeiro, estava em algo mais simples: abrir mão de suas
seguranças e seguir Jesus.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música número 17.
- Fazer silêncio para rezar. Pedir que todos fechem os olhos, abaixem a cabeça
e pensem nos projetos que desejam realizar. O catequista poderá dizer: “To-
dos nós queremos ter sucesso em nossos empreendimentos, queremos realizar
nossos sonhos. Vamos entregar ao Senhor nossos projetos pedindo forças pa-
ra realizá-los. Vamos também pedir a ele que nos ajude a lidar com as frustra-
ções, pois nem sempre conseguimos realizar aquilo que sonhamos. Faz parte
da vida lidar com o desafio do sucesso a todo momento, mas nem sempre te-
mos sucesso em tudo que fazemos. O fracasso faz parte da vida e, apesar de
sofrido, é uma bela aprendizagem. Vamos, pois, entregar com confiança nos-
sos projetos a Deus, sabendo que nem todos serão realizados, mas que deve-
mos continuar lutando por eles, sem desanimar”. Dar um tempo de silêncio.
- Repetir a seguinte prece com o catequista: “Ó Senhor, nosso Deus, nós te pe-
dimos força e coragem para enfrentar os desafios e insucessos da vida. Que os
fracassos não nos desanimem; que nossas esperanças não sejam depositadas
em um só projeto; que nosso coração não se apegue a nada que é vão. Que
saibamos amar o que é bom e nos desapegar do que nos impede de prosseguir
em frente. Amém!”.
- Cantar a música número 19.

Dicas para o catequista


- Afirmamos no aprofundamento do texto bíblico que a riqueza do jovem rico lhe
parecia justa, pois se pensava que Deus abençoa os justos e pune os maus. Ora,
esta teologia intitulada Teologia da Prosperidade perpassa quase todo o Antigo
Testamento. Acreditava-se que Deus abençoa o justo com bens, prole numerosa
e longos dias, e que ele punia os maus com pobreza, esterilidade e doenças que
abreviariam seus dias na terra. Essa teologia perdurou até que o Livro de Jó te-
nha mostrado suas falhas. Jó era um homem bom, muito bom, reto, piedoso e
por isso muito rico, com muitos filhos e muita saúde. Mas um dia tudo isso ruiu
e Jó ficou pobre, doente e seus filhos morreram. O autor deste livro quer mostrar
as incoerências desta teologia, ou seja, que há justos que sofrem grandes males e
maus que estão numa vida bem boa. A Teologia da Prosperidade não dá conta
de explicar a vida.
- Ainda hoje, muitos grupos religiosos, inclusive dentro da Igreja católica, são
adeptos da Teologia da Retribuição. Acreditam que a doença é castigo de Deus
por algum pecado cometido, ensinam que se a gente pagar o dízimo Deus vai re-
tribuir muito mais, que se a gente fizer tudo direitinho conforme a fé e a ética
cristã nada dará errado para nós. Ledo engano! Se fosse assim, os santos não
adoeciam, nem morriam, nem sofriam aborrecimentos mil. E mais: os corruptos
não ficariam impunes, a maldade seria sempre punida e os ateus viveriam se
dando mal. A lógica da vida é bem outra. Para nós cristãos, a teologia da Retri-
buição é conversa fiada. Sabemos que a vida tem seus males e, com a força de
Jesus, enfrentamos o que a vida nos oferecer, sem desanimar.

7º Encontro

VIVER COM AMOR


1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL
- Receber a turma com carinho.
- Cantar músicas animadas. Que tal a número 6?
- Criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz.
- Motivar: “Na semana passada, vimos como é importante a gente se desapagar
de algumas coisas, inclusive de alguns sonhos. O apego nos impede de pros-
seguir, não nos deixa ser livres e felizes. Por isso, todo dia é dia de recome-
çar. Sempre é tempo de confiar no amor de Deus e começar de novo a jorna-
da. Tudo que nos amarra, tudo que nos faz cair deve ser deixado para trás.
Deus restaura o nosso coração com seu amor e nos capacita a sempre recome-
çar. Peçamos a ele a força de seu amor e de seu perdão que são capazes de
nos motivar no recomeço de uma nova etapa da vida.
- Cantar a música número 18.
- Fazer preces espontâneas, pedindo a Deus forças para prosseguir. As preces
podem seguir o seguinte modelo: “Ajuda-nos, Senhor, a superar os fracas-
sos”. Cada um troca a palavra “fracassos” por outra como insucessos, fraque-
zas, angústias, dores, males etc.
- Cantar de novo a música anterior.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ler hoje um texto do Evangelho de João. Nele Jesus fala sobre a feli-
cidade completa, que não vem do sucesso que temos, nem das conquistas que rea-
lizamos, mas do modo como vivemos. A felicidade vem do amor que depositamos
na vida, nas pessoas, no nosso trabalho. É o amor que dá sentido à vida.

Texto: Jo 15,9-17
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• O que Jesus diz aos seus discípulos?
• Por que ou para que Jesus diz todas aquelas coisas? Ou seja, qual a finali-
dade de seu ensinamento?
• Como Jesus nos ama? E como devemos amar uns aos outros?
• O que Jesus fala sobre o amor aos amigos?
• Como Jesus nos trata?

Aprofundamento
- Neste texto da Bíblia, o evangelista João nos ensina o caminho da verdadeira
felicidade: o amor. Acolher o amor que Deus tem por nós é o princípio da felici-
dade, e amar os outros como ele nos amou é o que leva esta felicidade à plenitu-
de.
- Para que a gente consiga amar assim, nada como abrir o coração para acolher o
amor que Jesus nos dispensa. Ele nos ama e nos convida a viver no seu amor (v.
10).
- Quem ama vive em comunhão com o amado. Por isso Jesus nos diz que, se aco-
lhemos de fato o amor que ele tem por nós, viveremos os seus mandamentos.
Não uns mandamentos frios e distantes de nós, mas o único e verdadeiro man-
damento: o mandamento do amor. Ele mesmo diz que este é o mandamento:
“amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” (v. 12). Este é o legado – a heran-
ça – que ele nos deixou, a ordem máxima que ele nos deu: o amor.
- E por que ele nos deu esta ordem? Para nos impor um fardo? Para nos dificultar
a vida? Não. Para nos fazer felizes. Só o amor traz a felicidade completa. Amar é
muito mais que ter sucesso. Uma vida com amor é uma vida plena de sentido, de
significado, de realizações. Ainda que realizemos todos os nossos sonhos, que
alcancemos nossas metas profissionais, que realizemos nossos projetos, se não
amarmos nem formos amados, nada adiantará. O amor é o que, de fato, realiza a
gente.
- Jesus ensina como é o verdadeiro amor. O amor verdadeiro é aquele capaz de se
sacrificar pelo amado, como Jesus fez por nós. Amando-nos, amou-nos até o
fim; até entregar a vida por nós. Ele, em nome do amor que sentiu por cada um
de nós, seus amigos, não poupou sua própria vida. Ele nos escolheu para amar e
nos amou sem reservas.
- E é esta ordem que ele nos dá: que nos amemos uns aos outros como ele nos
amou. Quem experimenta o amor tem a alegria completa, pois foi para amar e
ser amados que fomos criados.
- Mas o que é o amor? É um sentimento, uma emoção? Não! O amor é a capaci-
dade de entregar ao outro numa relação sincera e sem cobranças, numa cumpli-
cidade bacana, realizadora. Este amor ultrapassa a relação dos casais, mas tam-
bém a contempla. Mas vai muito além. O amor tem muitas formas, todas belas,
todas plenas, como o amor de Jesus por seus amigos.

3. ATIVIDADE
Oferecemos duas opções de atividades. O catequista veja a que mais convém.
Sugestão 1
- Convidar a turma para recordar os encontros anteriores. Cada um receberá
um cartão em branco, lápis ou caneta, e irá escrever nele algo daquele en-
contro que mais o marcou durante o ano.
- Tendo escrito, convidar a turma para partilhar o que escreveu. Nem todos
precisam falar, apenas alguns.
- Em seguida, montar um cartaz colando nele os cartões que eles fizeram.
- Cantar bem animado a música número 17.

Sugestão 2
- Fazer uma loteria: cada catequizando recebe uma folha com 13 questões bíbli-
cas e um diagrama para marcar a resposta certa. Vamos ver quem faz os 13
pontos.
- Questões:
1. Sobre a predestinação
A. Nossos caminhos estão predestinados, pois quando nascemos Deus já es-
creveu nossa vida no livro da vida.
B. Nossos caminhos não estão determinados e tudo que acontece na vida de-
pende unicamente de nossas escolhas.
C. Nossos caminhos não estão predestinados, mas nem sempre temos tantas
escolhas assim; há coisas que nos são dadas e não há como mudar.
2. Sobre os temperamentos
A. Já nascemos com um determinado temperamento e isto não pode ser mu-
dado.
B. Já nascemos com determinado temperamento, mas podemos trabalhar suas
características e moldá-lo conforme nossos princípios éticos e escolhas pesso-
ais.
C. Já nascemos com determinado temperamento, mas uma boa educação e
severa disciplina podem mudar isso completamente.
3. Sobre a raiva
A. A raiva é um pecado capital e sentir raiva deve ser motivo pra gente se
confessar.
B. A raiva é uma emoção normal e todos sentem raiva; pecado é agir com vi-
olência e não sentir raiva.
C. A raiva é uma emoção normal e também é normal ser violento quando es-
tamos com raiva.
4. Sobre a tristeza
A. A tristeza é uma emoção muito perigosa, pois gera a angustia e a depres-
são.
B. A tristeza é uma emoção como qualquer outra e o importante é como va-
mos reagir a ela.
C. A tristeza é falta de fé, pois quem tem fé em Deus não se entristece nem se
deprime.
5. Sobre o medo
A. O medo é uma emoção que tem suas vantagens, pois pode nos preservar do
perigo.
B. O medo é algo inadmissível em quem tem fé, pois Jesus está conosco e ter
medo é falta de fé.
C. O medo é uma doença e quem tem medo tem que ir ao psiquiatra.
6. Sobre a depressão
A. A depressão é uma doença psiquiátrica e quem sofre de depressão precisa
se tratar para vencer suas angústias, mas a fé também pode ajudar.
B. A depressão é uma doença psiquiátrica e quem tem depressão deve rezar
bastante, pois a fé é o remédio contra a depressão.
C. A depressão só ataca pessoas sem fé, pois quem tem fé está imunizado
contra os ataques do inimigo.
7. Sobre o sucesso
A. O sucesso deve ser buscado a qualquer preço, pois ele é sinônimo de feli-
cidade.
B. Ter sucesso é bom, mas ser bem sucedido não é sinônimo de ser feliz.
C. O sucesso é um perigo para o cristão, pois o cristão deve ser humilde como
Jesus e o sucesso corrompe a alma.
8. Sobre a felicidade
A. A felicidade não existe; é uma ilusão do inimigo.
B. A felicidade consiste em ter bens, fama e sucesso.
C. A felicidade consiste em amar e ser amado.
9. Sobre os dramas da vida
A. A vida é triste e cheia de surpresas desagradáveis porque a humanidade
pecou e o sofrimento é consequência do pecado.
B. A vida tem seus dramas, mas ela é bela e cheia de alegrias.
C. A vida só tem dramas para quem é frágil e não luta com garra.
10. Sobre os sofrimentos
A. O sofrimento faz parte da vida e dá pra ser feliz mesmo em meio às pelejas
da vida.
B. O sofrimento é reservado para os maus e a felicidade para os bons.
C. O sofrimento existe para nos purificar dos pecados.
11. Sobre o prazer
A. O prazer é lícito desde que não seja egoísta, por isso a Bíblia não condena
o prazer.
B. O prazer é condenado pela Bíblia e tudo que dá prazer é pecado.
C. O prazer está sempre ligado à sexualidade e não há prazer fora do sexo.
12. Sobre a teologia da retribuição
A. De fato, Deus retribui o bem para quem faz o bem e o mal para quem faz o
mau.
B. Deus não retribui nem bem nem mal; ele não tem nada a ver com isso. A
vida é que tem seus atropelos e suas alegrias, pois Deus não está nem aí
pra nós.
C. Deus abençoa a todos e para todos quer dar vida plena, mas há outras
questões em jogo na trama da vida que não são tão fáceis de explicar.
13. Sobre a superação
A. Quem é forte supera tudo e tudo vence.
B. Devemos aceitar passivamente tudo que nos acontecer, pois esta é vontade
de Deus.
C. Mesmo sendo fortes há coisa que não temos como superar ou vencer e de-
vemos apenas aceitar.

A B C
1 x
2 x
3 x
4 x
5 x
6 x
7 x
8 x
9 x
10 x
11 x
12 x
13 x
- Quando a turma terminar a atividade, corrigir e ver quem fez mais pontos.
É importante aproveitar para ver quem errou e explicar qual seria a respos-
ta certa e por que razão.

Conclusão
A verdadeira felicidade não vem do sucesso, nem da fama, nem da riqueza.
Vem da capacidade de amar, de construir verdadeiras relações de afeto, de amiza-
de, de amor. É isso que Jesus nos ensina. Quanto mais a gente for capaz de amar,
de se entregar por amor, de perdoar, de doar a vida sem cobranças, sem exigên-
cias, mais feliz a gente será. Quem muito ama experimenta a verdadeira liberdade
e realização.
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
- Cantar a música número 17.
- Motivar a oração: “Muitas vezes, buscamos a paz e a felicidade em outros
caminhos e não no máximo mandamento que Jesus nos ensinou. Vamos pedir
a Jesus que nos ajude a superar essa ilusão de uma felicidade longe do seu
amor e da sua palavra. Só com Jesus ao nosso lado podemos superar algumas
barreiras. Com ele somos mais felizes, mais fortes, mais bondosos. Vamos
nos encher do seu amor e fazer também o compromisso de amar sempre mais,
pois, repletos de seu amor, somos capazes de amar. Vamos fazer bastante si-
lêncio e cada um, no seu coração, vai conversar com Jesus e firmar com ele o
compromisso de amar”.
- Encerrar rezando o Pai-Nosso.
- Cantar à vontade.

Dicas para o catequista


- Estamos chegando ao final de mais um ano de atividades. Desejamos que o cate-
quista tenha encontrado fortes no exercício do seu ministério para nunca aban-
doná-lo. Que o catequista se lembre de que ele próprio está em formação e que a
experiência de Deus nunca se esgota. A fé é constante devir, ou seja, ela nunca
está pronta ou madura; está sempre em processo de maturação.
- Seria de bom tom o catequista motivar a perseverança da turma, ainda que ela já
tenha recebido os sacramentos da iniciação. É bom lembrar que a catequese é
permanente, logo há sempre novos módulos com novas temáticas e novas ativi-
dades para o próximo ano. Para o ano seguinte, esta turma vai conversar e refle-
tir sobre temas bem interessantes para a idade: relacionamentos familiares, na-
moro, sexualidade, amizade etc. É bom já ir avisando para que eles tenham de-
sejo de retornar.

4ª etapa

8º Encontro

CELEBRAÇÃO
PREPARAÇÃO
- Preparar um altar, com toalha, vela, flores e a bíblia.
- Levar um galho seco, grande e bem visível. Preparar lugar para fixa-lo. Pode
ser um vaso com areia molhada onde o galho é enterrado.
- Levar uma planta grande e bonita, como uma arvorezinha.
- Preparar corações de papel, um para cada catequizando. Colocar neles um
barbante ou fita de forma que possam ser fixados na planta verde.
- Preparar cartão de natal para todos os catequizandos.
- Ensaiar as músicas.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar com capricho um belo momento de confraternização.

1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: “Durante este ano
de catequese, refletimos sobre nossa vida com seus dramas e alegri-
as, sobre nossa vida, nosso temperamento, nossas emoções e senti-
mentos... E vimos que devemos aceitar o que somos para sermos fe-
lizes e livres. Aceitar a nós mesmos, com nossos defeitos e virtudes,
aceitar nossa família com suas esquisitices, aceitar a vida do jeito
que ela é: eis um passo muito importante para a felicidade. Sem isso,
viveremos amargos e rabugentos, só choramingando e reclamando da
vida. Hoje nos encontramos aqui para celebrar a vida como ela é e
agradecer a Deus por tantas oportunidades que temos. Vamos iniciar
cantando a música número 6”.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nos-
sa fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso
Pai e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
C - Motivar: “Nossa felicidade e nossa liberdade tem mais chance de
acontecer se nos apoiamos em Jesus e firmamos com ele nossa ami-
zade. Na comunhão com ele encontramos força para viver, como um
galho que tira do tronco a seiva para permanecer verde, dar flores e
frutos. Muitas vezes, porém, seguimos nossa cabeça meio maluca e
rompemos a amizade com Deus. Aí nossa vida vai secando e se torna
um galho seco, incapaz de produzir. Sem a força de Deus, nossa ale-
gria vai secando, nossa capacidade de lutar e reagir vai diminuindo,
nossas energias vão se esgotando... Será que esta é a melhor opção
para nossa vida?”.
- Dar um tempo para pensar, fazendo bastante silêncio.
- Entrar um catequizando trazendo o galho seco e fixá-lo em vaso
apropriado. Enquanto isso, cantar a música número 18.
D - Motivar: “Se com Deus temos mais chances de ser felizes, rezemos
pedindo a ele sua força. Cada um coloque a mão no seu coração, fe-
che seus olhos e reze comigo: ‘Jesus, ajude-me a caminhar sempre
em comunhão com o Senhor, sem jamais separar-me de seu amor.
Amém.’”.
- Cantar novamente a música anterior.
D - Oremos: “Ajudai-nos, ó Deus de amor, a cultivar nossa amizade com
o Senhor, para que por meio desta comunhão, tenhamos a vida plena
que vós nos prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!

2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se assentar e se acalmar para ouvir a Palavra
de Deus.
- Comentar: “Vamos ouvir agora um trecho da bíblia. Deus nos fala
por meio de sua palavra e devemos ter ouvidos atentos, para acolher
o seu recado. Hoje ele nos convida á comunhão e nos adverte sobre
os perigos de romper nossa amizade com ele. Ouçamos atentos”.
L - Jo 15,1-8 - Ler na Bíblia.
D - Convidar a turma para partilhar a leitura. Cada um pode falar livre-
mente o que entendeu do texto ou o que achou mais bonito.
D - Terminada a partilha, concluir:
Jesus fala a seus discípulos sobre a importância da comunhão e da
amizade com ele. Para que eles entendam bem, jesus usa uma compara-
ção: a videira e os ramos. Jesus é a videira; os discípulos, os ramos. Para
que os ramos fiquem verdes, cheios de vigor e produzam frutos, devem
ficar bem unidos ao tronco. Assim acontece com os seguidores de Jesus.
Nossa vida está nele. Dele dependemos para viver bem, livres e felizes.
Sem ele, a vida é bem mais difícil; sem a força do evangelho, nós fraque-
jamos. Logo, o convite de Jesus é claro: fiquem unidos a mim e a vida de
vocês será plena.

3. RITO DE COMPROMISSO
C - Convidar a turma para professar a fé e depois fazer seu compromisso
com Jesus. Explicar; “Nosso compromisso com Jesus, depende de
nossa fé. Vamos professar a nossa fé. Ela deve ser forte e decidida
para que não vacilemos em nossos compromissos firmados com
Deus. Vamos perguntar se vocês creem e vocês responderão sim ou
não; depois todos juntos cantaremos bem bonito”. Música número
20.
- O catequista pergunta e a turma responde.
D - Vocês creem em Deus, o criador, que tanto nos ama e nos aceita do
jeito que somos?
T - Responder sim e depois cantar a primeira parte da música.
D - Vocês creem e Jesus, nosso salvador e amigo, que nos dá vida plena,
livre e feliz?
T - Responder sim e depois cantar a segunda parte da música.
D - Vocês creem no Espírito Santo, que nos dá força e luz na caminhada
da fé?
T - Responder sim e depois cantar a terceira parte da música.
C - Explicar: “Vamos receber agora uma planta verde e bonita; seus ga-
lhos são verdes e fortes pois estão unidos ao tronco, como forte e be-
la é nossa vida quando unida a Jesus”.
- Distribuir aos catequizandos o coração de papel com o nome de cada
um deles. Convidá-los a fixar o coração na planta verde, comprome-
tendo-se a se manter unido a Jesus.
- Enquanto isso, cantar a música número 14.
D - Concluir: “Unidos a Jesus, teremos força e coragem para sempre
produzir frutos de alegria e paz. Desejamos que vocês jamais se afas-
tem de Jesus, que todos possam viver na sua presença e gozar de sua
amizade fiel!”.
- Cantar de novo a música anterior ou outra equivalente.

4. RITOS FINAIS:
D - Oremos: Estamos felizes, ó Deus, porque vossa força e proteção nos
acompanham sempre. Agradecemos a vós por teu amor e pedimos
forças para sempre corresponder a ele. Por nosso Senhor Jesus Cris-
to, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
- Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar o retorno no ano seguinte.
- Entregar o cartão de natal.
D - O Senhor esteja conosco.
T - Ele está no meio de nós.
D - Abençoe-nos o Deus, misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito
Santo.
C - Amém.
- Fazer confraternização, se assim foi combinado.
- Encerrar, à vontade.
MÚSICAS

1. DEUS NOS ABENÇOA


- R.: Deus nos abençoa e nos dá a paz
Ele está com a gente aqui e em todo lugar.

- Deus te abençoe e te dê a paz


Ele está contigo aqui e em qualquer lugar.

- Deus te abençoe e te dê coragem...


- Deus te abençoe e te dê saúde...
- Deus te abençoe e te de inteligência...

2. TUA PALAVRA
- Tua palavra, Senhor, é luz que ilumina os meus passos,
Luz que me guia e orienta
Ao longo da caminhada.
Ela é um clarão
Ela é um farol
Ela é uma ajuda importante
Que me faz viver melhor. (BIS)

3. PRA QUE TEMER?


- Deus é amor (3x)
- Se Deus é amor, não existe temor.
Se Deus ama você, pra que temer?

4. COM JESUS, SOU MAIS FELIZ


Com Jesus, eu sou mais feliz,
Com Jesus, eu sou mais eu.
Mais confiante, mais amigo,
Mais qualquer coisa bem melhor
Bem mais tranquilo.

Sua presença me dá força


Vida nova cresce em mim
Enfrento a vida,
Venço batalhas,
Já não estou só.
Venham problemas,
Venham as dores,
Já não estou só,
Cristo está comigo.

5. NOSSO DEUS É GRANDE E FORTE


Nosso Deus é grande e forte.
É mais forte que a morte.
De tão grande, é pequenino;
Nosso Deus se fez menino.

Sua força é seu amor,


Nos traz luz e seu calor.
Ergo os braços em louvor
A Jesus, o salvador.

Sai dos meus lábios a canção,


Entrego a ele o coração.

6. VAI SE ACHEGANDO
Meu amigo, meu irmão, vai se achegando.
Seu lugar reservado aqui está.
Se você vem trazendo alegria em seu ser,
Aqui estamos pra poder te acolher.

Vem partilhar, de coração aberto,


Buscar a Deus e nele confiar.
Vem partilhar, de coração aberto,
Buscar a Deus e a Ele se entregar.

Meu amigo, meu irmão, vai se achegando.


Seu lugar reservado aqui está.
Se você vem trazendo sofrimento em seu ser,
Aqui estamos pra poder te receber.

7. PÕE EM DEUS TUA CONFIANÇA


Põe em Deus tua confiança,
Põe em Deus o teu coração
Põe em Deus a tua fé e a tua vida. (BIS)

Pois ele te ama


Ele te chama, ele te quer bem
Te estende a mão. (BIS)

8. A TI CLAMAMOS
Senhor Jesus, a nossa vida é um grande desafio,
Vivê-la bem é arte nada fácil.
Manda sobre nós, ó Senhor,
Teu Espírito de amor,
Que ensina a bem viver.

Senhor Jesus, os nossos sonhos são difíceis de alcançar


Pra realizá-los, precisamos de tua força
Manda sobre nós, ó Senhor,
Teu Espírito de amor,
Que ensina a bem viver.

R.: Senhor Jesus, a ti clamamos.


Do teu Espírito, necessitamos.
Manda sobre nós,
Manda sobre nós
Tua luz e força, ó Senhor. (2X)

Senhor Jesus, eis que vivemos cercados de limites


E, assim, podemos mesmo até sofrer.
Manda sobre nós, ó Senhor,
Teu Espírito de amor,
Que ensina a bem viver.

Senhor Jesus, jamais perdemos nossa esperança,


Porque, sabemos, tu estás sempre conosco.
Manda sobre nós, ó Senhor,
Teu Espírito de amor,
Que ensina a bem viver.
9. NÓS ADMIRAMOS MARIA
- Jesus, nós admiramos tua mãe Maria;
Porque ela foi fiel e não desanimou.
Diante das dificuldades, ela nunca vacilou.
Ajuda-nos, Senhor, a ser fiéis assim
Hoje e sempre, do começo ao fim. (2X)

- Jesus, nós admiramos tua mãe Maria


Porque ela foi fiel e não desanimou
Diante do peso da cruz, ela não se desesperou.
Ajuda-nos, Senhor, a ser fiéis assim
Hoje e sempre, do começo ao fim. (2X)

- Jesus, nós admiramos tua mãe Maria


Porque ela foi fiel e não desanimou
Diante de perdas e fracassos, ela confiou em ti.
Ajuda-nos, Senhor, a ser fiéis assim
Hoje e sempre, do começo ao fim. (2X)

10. AGRADEÇO A DEUS


- Eu agradeço a Deus de todo o coração
Por sua mão estendida para mim.
Seu olhar carinhoso sempre me acompanha
E seu amor vem em minha direção.

Na hora em que o barco ameaça afundar, Deus me estende a sua mão.


Na hora em que eu pareço vacilar, Deus me estende a sua mão.

Na hora em que as forças parecem acabar, Deus me estende a sua mão.


Na hora em que minha vida ameaça desabar, Deus me estende a sua mão.

Na hora em que dói bem lá no coração, Deus me estende a sua mão.


Na hora em que a doença vem me atormentar, Deus me estende a sua mão.

11. ENCHE NOSSA VIDA


- Enche nossa vida, ó Deus de amor.
Enche-nos de força, ó Deus de amor.
Porque, se estamos plenos do teu Espírito
Nada poderá deter-nos
No caminho de Jesus.

Enche nossa vida de amor.


Enche nossa vida de fé.
Enche nossa vida de paz, nós te pedimos.
Enche nossa vida de luz. (BIS)

12. LOUVADO SEJA DEUS

Deus está neste lugar


No meu e no seu coração
Deus está sempre conosco
Deus está sempre conosco
Ele nos estende a mão.

Vamos erguer os braços, meus irmãos


Bater palmas com alegria, meus irmãos.
Louvado seja Deus que tanto nos amou
Louvado seja que Deus está presente aqui
Louvado seja Deus que nos dá força e amor
Coragem e vigor.
Louvado seja Deus.

13. PAZ NUNCA É DEMAIS

- Se você quer a paz, irmão,


A paz te dou
A paz te dou
Paz e amor
- Se você quer a paz, irmão,
A paz te dou
Paz de Jesus
Nosso Senhor.
- Eu quero paz
Eu quero mais
Porque a paz
Nunca é demais
- Eu quero paz – A paz te dou
Eu quero mais – Paz do Senhor
Porque a paz – A paz te dou
Nunca é demais – Paz e amor
Nunca é demais – Paz de Jesus, nosso Senhor!

14. NÃO ESTAMOS MAIS SÓS

- Na agonia dessa vida,


Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- No medo que me ronda,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- No sofrimento tão doído,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- Na solidão de minha cruz,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.

R: Não estamos mais sós


Não estamos mais sós
Não estamos mais sós
Deus está sempre com a gente
E a vida segue em frente
Não estamos mais sós.

- Na fraqueza da doença,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- Na morte que se achega,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- No abandono e no vazio,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- Na minha cruz de cada dia,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.

15. NÃO SOMOS DE PERDER O ÂNIMO


1. Nunca esqueçamos o que Deus tem feito a nós.
Quantas maravilhas Ele fez em nossa vida!
Temos que lembrar a cada dia o seu amor
É Deus quem nos dá força e nos faz seguir em frente.

R. Pois nós não somos um povo


De perder o ânimo e parar
De olhar prá trás e voltar
De desanimar.
Porque nós somos um povo
De manter a fé e o amor
De olhar prá frente e lutar
Pela salvação.

2. Foram tantas lutas prá chegar até aqui


Tudo suportamos com firmeza e alegria
Que nunca nos falte a coragem prá lutar
Se vencemos o mar, não foi prá morrer na praia.

3. Grandes recompensas Deus reserva para nós


Em largas medidas, Ele abre os seus tesouros
Quem perseverar até o fim se salvará
Quem não desfalecer conquistará sua vitória.

16. DEUS, ESTOU AQUI

1. Deus, estou aqui, venho cansado


Para entregar-te a minha vida
Ah! São tantas pedras pelo caminho
Sei que não posso andar sozinho

R. Por isso, vem, Senhor, consolar


O teu povo que aqui está
Só em Ti pode haver
Paz e força prá viver

2. Deus estou aqui. Venho cansado


Para entregar-te a minha vida
Ah! é tanto espinho pela estrada
Nem sempre é fácil a caminhada

3. Deus estou aqui . Venho cansado


Para entregar-te a minha vida
Ah! São tantas cruzes pelo caminho
Sei que não posso andar sozinho

17. TUDO QUE PRÁ MIM ERA VANTAGEM


1. Tudo o que prá mim era vantagem
Hoje já não passa de ilusão.
Julgo como perda essas coisas sem valor
Diante de Jesus que é meu Senhor.
Diante dele, tudo eu desprezei,
Pois só ele eu preciso ganhar.
Certo de estar no rumo certo, vou seguir.
Sei bem onde eu quero chegar.

R. O que importa é prosseguir decididamente até o fim.


E não importa a que grau chegamos,
Pois, se lutamos prá vencer,
Logo veremos a vitória acontecer.

2. Não são muitas coisas que eu anseio 3. Deixo para trás o meu passado,
Só me importa conhecer Jesus Olho para a frente e sigo em paz.
Quero, junto dele, caminhar, seguir, Quem possui na vida um ideal deve
viver, lutar.
Mesmo que precise até sofrer. O importante é sempre confiar.
Ainda não alcancei a minha meta, Ouço a voz de Deus a me chamar.
Ainda não cheguei à perfeição. Ponho nele todo o meu amor.
Mas me empenho sempre em Sinto que ele vai esclarecendo para
conquistá-la por Jesus mim
Que já conquistou meu coração. Onde estão as coisas de valor.

18. UMA NOVA CHANCE

1. Deus está nos chamando


A deixar todo o mal
Que nos faça cair
Deus esta libertando
Restaurando corações
Concedendo o seu perdão

R. Já é hora de despertar
E voltar prá junto de Deus
Ele estende a mão prá nos socorrer e nos amparar
Uma nova chance haverá
Se quisermos recomeçar
Deus não nos despreza, não nos abandona, sabe perdoar.

2. Alegria maior 3. Quando a gente se esquece


Não existe no céu Do Senhor nosso Deus
Do que a nossa conversão Algo morre em nós
Quando a gente desperta Deus não sente prazer
E se eleva em Deus Com a morte de ninguém
Todo o mundo se elevará Foi prá vida que Ele nos fez.

19) BAGAGEM
Quando eu comecei a crescer minha mãe me falava
Que os caminhos da vida são cheios de muita surpresa
Mas que existem lugares bastante pra quem se dispõe a caminhar
Que é preciso ter fé e coragem e acreditar.

Sempre guardo no fundo do peito estas sábias palavras


E os meus olhos jamais se cansaram de olhar a estrada
Pouco a pouco os sonhos da gente se transformam em realidade
E a gente começa a entender como a fé é importante.

R.: Senhor, Senhor – minha fé e segurança


Senhor, Senhor – minha vida e esperança (bis)
Sua força é a bagagem que eu levo nas minhas andanças.

O caminho da gente é um espaço a ser conquistado


Neste espaço se encontram desertos, vazios imensos
Sei que existem momentos difíceis que a vida oferece pra gente enfrentar
E é preciso ter fé e coragem e acreditar.

Os meus passos parecem seguros caminham confiantes


Nada existe afinal que eu espere a não ser a vitória
Mas às vezes os passos vacilam e nos vem uma grande incerteza
E a gente começa a entender como a fé é importante.

R.: Senhor, Senhor – minha fé e segurança


Senhor, Senhor – minha vida e esperança (bis)
Sua força é a bagagem que eu levo nas minhas andanças.

As pessoas com quem eu me encontro estendem seus braços


E me acenam mostrando o horizonte que além me espera
E diante de tanto futuro, de tantas fronteiras que eu devo cruzar
É preciso ter fé e coragem e acreditar.

Tantos rostos sustentam sorrisos parecem tranquilos


Bem no fundo, porém, pode ser que existam receios
Pois a vida tem muitas surpresas e eu recordo o que mamãe dizia
E então eu começo a entender como a fé é importante.

20) CREIO
- Creio em Deus Pai, o Criador,
Bondade infinita, amor sem igual.
R.: Creio como Igreja, porque sou Igreja.
Somos povo santo, sacerdotal. (bis)
- Creio em Jesus, o Salvador...
- Creio no Espírito de amor...

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