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Orione Silva
Solange Maria do Carmo
Aprofundando a fé cristã
Módulo 5
Roteiros de encontros
para adolescentes de 12 a 15 anos
Introdução
Este é o módulo 5, também intitulado Ser livre e feliz. Nos quatro mó-
dulos anteriores demos condições para que os catequizandos fizessem as experi-
ências básicas da fé cristã: saborear o amor infinito de Deus Pai (módulo 1), co-
nhecer Jesus Cristo como salvador (módulo 2), perceber a força transformadora
do Espírito que nos capacita a ser discípulos (módulo 3) e desenvolver os laços de
pertença com a Igreja (módulo 4). Agora é hora de promover outra experiência,
também fundamental para a vida cristã: o encontro consigo mesmo.
Muitos poderão protestar, argumentando que a fé cristã corre o risco
de ser transformada em psicologia e que as Escrituras podem ser vistas como livro
de auto-ajuda. Não é sem razão a advertência. Mas se a boa nova de Jesus é força
para viver, não teria a fé cristã que se preocupar com o bem-estar de quem a aco-
lhe? Estamos fartos de cristãos cheios de doutrina e vazios de entusiasmo com a fé
e com a própria vida. Cristãos tristes, sem entusiasmo, sem vigor, que acolheram a
fé cristã por tradição, mas não se beneficiam da força transformadora que ela ofe-
rece. O apóstolo Paulo intuiu a importância dessa energia de vida que a fé cristã
oferece. Não são poucos os textos onde ele afirma que quem está em Cristo é uma
nova criatura, que tudo se fez novo em Cristo. A fé cristã carrega em si uma força,
uma potência, uma energia assustadora. E essa energia tem sido transformada na
obrigação de cumprimentos de preceitos, sem dar aos cristãos aquilo que lhes é
garantido por Jesus por direito: a força pra viver. Nenhum teólogo de bom senso
pode negar que os relatos dos Evangelhos mostram a força transformadora do
encontro com Jesus. Os evangelistas são unânimes em afirmar que quem fazia seu
encontro com Jesus não descobria só um mestre a quem seguir, mas também uma
força pra viver. Cada seguidor do Mestre de Nazaré, motivado por sua presença
amorosa, reencontrava dentro de si um tesouro perdido: o que havia de melhor em
si mesmo, o seu melhor-eu.
Foi pensando nisto que dedicamos este livro ao tema ser livre e feliz.
Os adolescentes – ainda com mais força que todas as outras faixas etárias – bus-
cam com afinco a felicidade. Eles se rebelam, se revoltam com a vidinha medíocre
que o mundo lhes apresenta como possível. Eles querem experimentar algo mais,
desejam mais... Esse desejo – próprio da idade, das mudanças hormonais, das des-
cobertas da vida – facilita o debate sobre a liberdade e a felicidade, ainda mais em
tempos atuais (que valorizam tanto a felicidade, chegando até a ser condenado por
muitos como tempos de narcisismo, hedonismo, presentismo, individualismo
etc.). Se, na cristandade, gastávamos nossa energia na transmissão da tradição, tão
importante para preservação dos valores e, na modernidade, nos consumíamos em
prol de um reino futuro, uma terra sem males, hoje nossos jovens gastam todo seu
potencial numa busca louca e desenfreada pela felicidade. É, pois, papel da cate-
quese ajudá-los nesta busca. A catequese deve ser espaço para falar livremente
dos sonhos, das esperanças, das angústias, das revoltas... Ela deve favorecer o
encontro do catequizando consigo mesmo, para que, na amizade com Jesus, en-
contre a si mesmo, descubra o que há de melhor dentro de si e tenha forças para
enfrentar a vida.
Não se assuste, então, o catequista quando se deparar com encontros
que – pela mediação da fé cristã – vão propor temas como os diversos tempera-
mentos, suas características básicas, os sentimentos mais frequentes como raiva,
angústia, tristeza... É a vida do adolescente tornada tema de reflexão; é a vida dele
em debate. Os conteúdos da fé cristã, tão importantes, não serão esquecidos. Serão
mediação para a experiência cristã de Deus, que acontecerá no íntimo do coração
de cada um, quando se descobrir livre e feliz, graças a Jesus Cristo que tanto o
amou. É como a água: ela pode ser bebida e com isso manterá a vida das pessoas.
Mas nem toda água é para ser bebida; é para lavar, banhar, proporcionar prazer,
alegrar, simbolizar... Não nos preocupemos tanto nesta etapa – ainda mais que em
outras anteriores – em dar conceitos e doutrinas. A água da fé cristã, neste caso,
não é para beber. É como a água do mar: ninguém bebe a água do mar; a gente
mergulha nela e sai dele renovado, caso contrário, seríamos tragados por sua força
bravia e morreríamos afogados. Que cada catequista ajude sua turma a fazer o
mergulho dentro de si mesmo, pela mediação da fé cristã que é força para viver!
Lembramos aos catequistas que agora eles dispõem de um recurso a
mais em sua formação. O site www.fiquefirme.com.br, que foi criado especial-
mente para este fim: ajudar as pessoas a fazerem sua caminhada com Jesus com
mais ânimo e firmeza. O fiquefirme é um site de assessoria teológico-pastoral,
com linguagem fácil, teologia confiável e espiritualidade profunda. Lá os cate-
quistas vão encontrar desde artigos acadêmicos até causos, fábulas, testemunhos,
poesias, crônicas, orações, vídeos, músicas... Tudo para acompanhar a formação
teológica e espiritual dos agentes das pastorais, especialmente os catequistas. Há,
inclusive, uma coluna só sobre catequese, com artigos diversos, encontros e músi-
cas. Além disso, o leitor pode deixar seus comentários ou tirar suas dúvidas atra-
vés do endereço eletrônico que lá se encontra. Tomara que vocês gostem da novi-
dade!
Desejamos a todos os catequistas um ótimo trabalho. E que Deus os
abençoe!
Os autores.
Primeira Etapa
Convivendo com os dramas da vida
Vamos iniciar este módulo propondo uma reflexão sobre a vida, seus
dramas, alegrias e conflitos. E mais: vamos refletir sobre a nossa presença no
meio deste turbilhão de coisas. A vida é bela, mas é sofrida. A gente é livre, mas
nem tanto. Somos responsáveis pelas nossas decisões, mas há coisas que nos es-
capam. Viver o presente é sabedoria, mas desconsiderar o passado e o futuro é
imprudência. Então, a vida parece bem mais complicada que pensamos inicial-
mente. O que fazer?
Bom, primeiramente, a atitude mais acertada é enfrentar os dramas da
vida, tomando conhecimento da infinitude de possibilidade e emoções que a te-
cem. É este o objetivo desta etapa: conversar livremente sobre a vida, sem receios,
sem culpas, sem pudores e sem máscaras. Essa oportunidade de falar sobre a vida,
de partilhar as angústias, de rezar os dramas que ela oferece, pode ser libertadora.
Isso ajudará cada adolescente a se posicionar com mais firmeza diante das intem-
péries da vida, pois – vamos admitir! – a vida tem muitas intemperanças, muitas
noites traiçoeiras, muitas tempestades que parecem afundar o barquinho frágil de
nossa vida. Fará bem aos catequizandos falar sobre isso e procurar caminhos para
essas tribulações juntamente com outros companheiros.
Que o catequista prepare bem os encontros para não ser pego de sur-
presa. Apesar de o tema proposto parecer corriqueiro – não se engane o catequis-
ta! – os encontros são exigentes. Falar da vida de qualquer modo pode até ser fá-
cil, mas falar da vida e de seus conflitos a partir da ótica cristã, mergulhado no
mundo da fé cristã, não é tarefa de somenos importância. Os encontros exigem
conhecimento do tema, especialmente da Bíblia; abertura de coração e capacidade
de diálogo. Certamente os encontros ajudarão o próprio catequista a entender me-
lhor a vida e a enfrentar seus dramas com mais otimismo e força.
1º Encontro
Partilha
• O que você mais gostou nesta história?
• O que Elias havia feito com os profetas de Baal?
• Quem prometeu vingança e perseguiu Elias?
• Como Elias se sentiu diante das ameaças recebidas?
• O que Elias pediu a Deus?
• Como Deus ajudou Elias a enfrentar as dificuldades de sua vida?
Aprofundamento
- Elias era um homem valente, um profeta bem sucedido, um grande líder
amado por seu povo. Sua vida era iluminada e gloriosa. Tinha êxito em tu-
do o que fazia. Quem o conhecia jamais haveria de imaginar que a vida de
Elias pudesse ter outra coisa a não ser glória, felicidade, alegria e realiza-
ção.
- Mas um dia, Elias entrou em atrito com a rainha Jezabel, por causa dos
profetas de Baal. A rainha Jezabel era estrangeira e não possuía a mesma
fé de Elias e sua gente. Ela cultuava o deus Baal. Baal era o nome de um
ídolo, um deus dos povos politeístas lá da região de Canaã, onde Elias e
seu povo moravam. A rainha Jezabel incentivava o culto a Baal e havia
muitíssimos profetas e sacerdotes a serviço da religião baalista, seguida
pela rainha.
- Elias era profeta do Deus verdadeiro. Ele e seu povo eram monoteístas, ou
seja, seguiam e serviam ao Deus único. Para ele, era a maior tolice pensar
que havia muitos deuses. “Baal é fruto da imaginação do povo e da cabeça
da rainha”, pensava Elias. Então, Elias desafiou os profetas de Baal a mos-
trarem que o deus deles era real e não pura imaginação. Para dizer que o
deus deles é ídolo e não Deus verdadeiro, o autor sagrado cria uma história
curiosa. Conta que houve uma disputa entre Elias e os profetas de Baal.
Cada qual – tanto Elias quanto os profetas de Baal – deveriam fazer um al-
tar, colocar nele uma oferta e pedir a seu Deus que mandasse fogo do céu
para queimar a oferenda. Os profetas de Baal rezaram dia e noite e nada.
Gritaram até ficar roucos e nada! Mas foi só Elias orar que Deus mandou
fogo do céu e os profetas de Baal ficaram desmoralizados diante do povo.
Ora, esse é um modo de o autor do Livro dos Reis dizer que todos os ou-
tros deuses nos quais o povo acreditava eram apenas ídolos, invenção hu-
mana. Verdadeiro mesmo, só o Deus do povo israelita, o Deus de Elias.
- Pra completar o drama, o autor conta que Elias, com sua valentia, acabou
fazendo verdadeira guerra e matando os profetas da rainha. Certamente,
não é bem assim. Não houve matança nenhuma. Este é o modo que o autor
do livro escolheu para dizer que os profetas de Baal tiveram sua carreira
interrompida por causa da ação profética de Elias, sem possibilidade de ter
mais seguidores. Mas a reação veio logo: a rainha não gostou nada de ver
seus funcionários desacreditados. Então, prometeu vingança e jurou matar
Elias.
- A vida de Elias caiu, então, num poço de sombras. Ele sentiu medo e en-
trou em crise. Para não enfrentar a rainha Jezabel, fugiu para bem longe.
Vagou pelo deserto, na mais completa solidão, perdeu as forças e a valen-
tia, rendeu-se ao cansaço, sentou-se debaixo de uma árvore e ficou lá dese-
jando a morte. Parece que preferia morrer ali mesmo a ter de enfrentar os
obstáculos que haviam surgido em sua vida. Elias chegou a pedir a Deus a
morte. Sem saber o que fazer e morto de cansaço da peleja da vida, Elias
adormeceu debaixo da árvore. O que vem a seguir é como um sonho.
- Elias é confortado por um anjo que lhe dá pão e água. Na Bíblia, quase
sempre, quando se fala em anjo, o autor sagrado não está falando de seres
alados e cabelos cacheados, como os anjos barrocos de nossa iconografia
cristã. O anjo, na Bíblia, é o mensageiro de Deus. Como o povo entendia
que não se pode ver Deus e continuar vivo, dizia então que o anjo do Se-
nhor, e não o próprio Deus, vinha em socorro dos seus. Mas o anjo simbo-
liza Deus com sua presença amiga e consoladora. Deus conforta e ampara
Elias, restaurando suas forças para que ele possa continuar a caminhada de
sua vida.
- Vejamos, então: Como pode a vida de Elias oscilar tanto, ter momentos tão
contraditórios? Primeiro, encontramos o Elias glorioso: valente guerreiro,
cheio de coragem e de força, enfrentando todos os profetas e sacerdotes de
Baal. Logo depois encontramos o Elias doloroso: desanimado com a vida,
frustrado e querendo morrer, com medo da rainha Jezabel e desejando a
morte. É que Elias estava enfrentando os mistérios dolorosos da vida. Nos-
sa vida, toda cheia de glória, tem também seus momentos desconcertantes.
- Mas o momento de desânimo não destruiu Elias. Deus veio em seu socorro
e renovou suas forças. O texto mostra isso, narrando uma espécie de sonho
no qual um anjo de Deus oferece a Elias pão e água. Por duas vezes, o anjo
acorda Elias, em sonho, e oferece comida e bebida para devolver-lhe suas
energias. Assim socorrido em suas misérias, Elias consegue levantar-se e
prosseguir em sua caminhada. Estava superado seu momento de sombras.
Elias entendeu a lição: “a vida tem seus dramas e é preciso enfrentá-los
com a força de Deus”.
3. ATIVIDADE
Apresentamos duas sugestões. O catequista veja se faz apenas uma ou se quer fazer as
duas atividades. Para isso, deve organizar bem o tempo do encontro para que ele não se
estenda demais.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um cartaz, mostrando as contradições da vida.
Por exemplo, no mesmo dia, o jornal traz notícias boas e notícias ruins.
- Dividir a turma em grupos de 4 ou 5 catequizandos e distribuir o material
de trabalho. O catequista deverá ter levado jornais e revistas, além de car-
tolinas, pincéis, cola, tesoura etc.
- Enquanto a turma trabalha, o catequista passa pelos grupos vistoriando,
apoiando, ajudando...
- Terminada a montagem do cartaz, refazer a roda com todos. Cada grupo
apresentará seu cartaz, mostrando as colagens e partilhando suas experiên-
cias.
Sugestão 2
- Convidar a turma para assistir a um vídeo da música “Deus, estou aqui”,
número 16 no final do livro. O vídeo pode ser acessado no site
www.fiquefirme.com.br, no menu principal, na sessão de vídeos e entre-
vistas (http://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/deus-estou-aqui/).
- Depois de assistir o vídeo, a turma poderá cantar a canção. O catequista
poderá entregar à turma a letra da música em um bonito cartão, que servirá
de lembrança da catequese. Veja modelo abaixo:
Conclusão
A vida é mesmo cheia de dramas. Tem momentos gloriosos e momentos do-
lorosos. Tem alegrias e tristezas. Tem animação e muito desânimo. Certamente,
vocês conhecem pessoas que se destacaram em algo importante, tiveram momen-
tos de glória e depois passaram por crises. Grandes esportistas perderam a capaci-
dade de praticar esportes e tiveram que encontrar um novo rumo para a vida. É
preciso saber conviver com tudo o que a vida oferece. Vamos nos deixar abater
quando o momento é de dificuldade ou vamos ficar sempre firmes? Vamos cho-
ramingar e desejar a morte ou vamos nos encher de coragem e recomeçar? ? Elias
desejou a morte, mas depois, apoiado na ajuda de Deus, teve coragem de recome-
çar. A decisão é nossa. Se nós temos fé, se sabemos que Deus está conosco como
esteve com Elias, então vamos nos encher de sua força – simbolizada no pão e na
água que o anjo ofereceu em sonho a Elias – e vamos recomeçar sempre. Se Deus
está conosco, não nos faltará força.
2º Encontro
A FÉ E OUTRAS VIRTUDES
Partilha
• O que você entendeu da Segunda Carta de Pedro que acabamos de ler?
• Quais as virtudes que o autor enumera? Vamos relembrá-las?
• Qual a primeira delas?
• O que é prometido a quem ficar pleno destas virtudes?
Aprofundamento
- Nada nos falta para bem viver, afirma a Carta de Pedro: “Deus nos presenteou
com tudo o que contribui para a vida e para a piedade” (v.3a, ou seja, a primeira
parte do versículo). A piedade é a vida em comunhão com Deus alimentada pela
fé. Nada nos falta para viver bem e na plena amizade com nosso Deus, que nos
deu toda condição para bem viver mediante a fé.
- A fé – dita no texto como “conhecimento daquele que nos chamou para sua gló-
ria” (v.3b – ou seja, sua segunda parte) – nos dá acesso aos bens prometidos: vi-
da plena (v.4). Esta vida em Deus, na amizade com ele, é um bem muito precio-
so, mais valioso que tudo, pois nos faz participantes da vida de Deus – sua vida
divina. Se temos fé, temos acesso à vida divina e fugimos da corrupção, ou seja,
do estrago que a concupiscência provoca.
- Mas o que é a concupiscência? É o desejo ou a pulsão da vida quando mal orien-
tados; é a tendência para o egoísmo, para vivermos para nós mesmos. O desejo é
algo maravilhoso. É uma força poderosa e benéfica, que precisa ser orientada pa-
ra o bem. Desejar é bom e importante, mas o desejo pode ser para a vida ou para
a morte. Podemos canalizar as forças de nossos desejos para bem viver – tanto
para nós quanto para as pessoas com quem convivemos – ou para o mal. Neste
caso, o desejo é concupiscência e pode fazer estragos.
- Para vencer a concupiscência e orientar o desejo para o bem – ou seja, para bem-
desejar –, a fé é a base de tudo. A ela devemos ajuntar outras virtudes que vão
colaborar para enfrentar a vida e ajudar a bem viver (v.5).
- A fé (conhecimento de Deus) dá força; a força faz querer conhecer mais (v.6). O
conhecimento ajuda no autodomínio. O autodomínio traz a constância. E a cons-
tância faz viver como verdadeiros filhos de Deus (a piedade). A piedade leva a
viver a fraternidade; a fraternidade é porta aberta para o amor se concretizar. E o
amor é tudo que a gente busca nesta vida; ele dá força e faz superar os dramas da
vida. Logo, tudo começa com a fé e tudo desemboca no amor, ou seja, a vivência
fraterna e afetuosa com as pessoas (v.7).
- Quem consegue realizar essa cadeia de virtudes não se sente vazio, nem sozinho,
nem estéril, nem acha que sua vida é sem sentido... Mas quem delas carece é
míope (v.8): não enxerga a beleza da vida, só seus dramas e problemas; vive
afundado em seus pecados e se esquece da vida nova que Deus lhe oferece.
(v.9). Por isso é preciso confirmar a fé, ou seja, “nossa vocação e eleição”, diz o
texto. A fé é força para bem viver (v.10). Quem vive pela força da fé jamais tro-
peçará. Veja bem: o texto bíblico não diz que Deus vai tirar as pedras do cami-
nho, nem eliminar os problemas, nem achar solução para tudo com milagres e
prodígios. O autor afirma apenas que quem tem fé jamais tropeçará, ou melhor,
quem tem fé não vai ser surpreendido pelos problemas da vida, pois a fé lhe en-
sina que a vida é mesmo cheia de pedras no caminho.
- Quem vive assim, cheio de fé, tem acesso ao reino eterno – à vida plena, livre e
feliz. Ou seja, a fé cristã é meio de libertação e felicidade; é força para bem vi-
ver.
3. ATIVIDADE
Apresentamos duas sugestões. O catequista veja se faz apenas uma ou se quer fazer as duas ativi-
dades. Para isso, deve organizar bem o tempo do encontro para que ele não se estenda demais.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer caça-palavras. Distribuir um caça-palavra para cada du-
pla, pedindo que encontrem oito virtudes que ajudam a bem viver e oito atitudes que
só atrapalham a vida. O catequista deverá ter levado lápis ou caneta para todas as du-
plas.
- Terminado o trabalho, conferir se encontraram todas as palavras, escrevendo-as num
quadro ou cartaz. Discutir com a turma como cada uma destas virtudes (fé, força de
vontade, compreensão, esperança, conhecimento, paciência, coragem e resistência)
ajuda a viver melhor e como cada uma destas atitudes negativas pode impedir a vida
plena (revolta, pessimismo, conformismo, medo, ignorância, apatia, modismo e desâ-
nimo).
A S C D E * V O K L * W E R T Y U I R P
A F O R Ç A * D E * V O N T A D E K E L
C I M Q * E R D T Y P U P M N B V C S A
O Z O X C V * E N * A R E V O L T A I O
M A D S O D F S G K C H S L P O U Y S T
P W I G N O R Â N C I A S M B V * X T E
R A S D H * G N J K E L I P O F É T E Y
E Q M M E D O I W E N R M Z X C * I N N
E S O Q C W E M R T C Y I P O L K J C H
N E T U I * S O D F I G S J A P A T I A
S O X C M V B U E M A R M Q W K I L A S
à F C O N F O R M I S M O M T R Z C X V
O M Y V N P O T U R Q W I C O R A G E M
B A * D T * M L K J U H G E D S A N Z I
A E F G O K E S P E R A N Ç A P I W T O
Sugestão 2
- O catequista, se tiver à sua disposição recursos de multimídia, deve passar
o vídeo bagagem para a turma assistir, depois cantar e conversar sobre ele
O acesso ao vídeo pode ser feito pelo site fiquefirme, no menu “entrevistas
e vídeos” (http://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/bagagem/).
- Depois, dividir a turma em pequenos grupos de 4 ou 5 pessoas, entregando
aos grupo a letra da música BAGAGEM, número 19. Pedir que leiam e
meditem a canção que é um belo poema e conversem livremente sobre ela.
Bagagem
3º Encontro
A RESPONSABILIDADE PELA
PRÓPRIA VIDA
Texto: Gn 3,1-13
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que você entendeu desta história?
• Você sabe o que significa a árvore da vida? E a árvore do conhecimento do
bem e do mal?
• Por que Deus proibiu ao homem e à mulher comerem do fruto da árvore do
bem e do mal?
• Quem é a serpente? O que ela diz à mulher?
• O que a mulher fez ao receber a proposta da serpente?
• Ao se verem descobertos, o que fizeram?
Aprofundamento
- Este relato, tirado do Livro do Gênesis, é uma parábola, ou seja, uma fábula
ou um mito. Nas fábulas, serpentes falam; Deus e seres humanos vivem no
mesmo jardim; os personagens são figuras criadas para dizer algo.
- O texto fala de um homem, uma mulher, uma serpente e duas árvores bem
diferentes com seus respectivos frutos. Vejamos o que significam estes sím-
bolos.
- O homem e a mulher simbolizam toda a raça humana. Para ter geração da vi-
da humana é preciso ter homem e mulher. Mas eles não têm nomes. Nós é
que demos a eles os nomes de Adão e Eva por causa de algumas expressões
em hebraico que aparecem mais à frente no texto. Ao homem chamamos
Adão, que vem de Adam, no hebraico quer dizer barro (cf. 2,7). Deus fez o
ser humano frágil, como o barro que quebra à toa. Ou melhor, o autor do tex-
to está dizendo que o ser humano é criatura e não deus. À mulher chamamos
Eva, que quer dizer vida (cf. 3,20), porque dela a vida virá. Ambos simboli-
zam a vida humana: frágil, mas plena de possibilidades de mais vida ainda.
Na união dos dois seres, masculino e feminino, a vida floresce.
- A serpente simboliza o mal. O mal não é o Diabo, nem o Capeta, nem o En-
cardido – como dizem popularmente. O mal é aquilo que afasta de Deus. O
símbolo do mal é a serpente porque, no tempo em que foi escrito este texto, o
que afastava o povo de Deus era o baalismo (a religião de Baal – cf. encontro
1) cujo símbolo era a serpente. Daí a serpente seduzir a mulher e levá-la a de-
sobedecer a Deus.
- A árvore da vida simboliza a Palavra de Deus, a Torá, a felicidade buscada
no cumprimento dos mandamentos de Deus. De seu fruto, homem e mulher
devem comer.
- A árvore do conhecimento do bem e do mal simboliza o conhecimento fora
de Deus, a felicidade buscada longe dele e de seus preceitos, na vida fácil que
o baalismo oferecia
- A mulher acredita na serpente e come o fruto. Mas por que a mulher e não o
homem? Porque era por meio das mulheres que o baalismo entrava no mundo
judaico. Os judeus contraíam matrimônio com mulheres estrangeiras, que não
eram monoteístas como eles; eram politeístas e adoravam Baal. É o caso de
Salomão e suas mulheres estrangeiras. As mulheres – sempre muito habilido-
sas – convenciam seus maridos a cultuarem Baal, pois tinham medo da pró-
pria infertilidade e da infecundidade dos campos e rebanhos. Aí tudo desan-
dava...
- O relato diz que, depois de comer o fruto, os olhos se abriram. Isso significa
que ambos perceberam sua fragilidade, sua nudez. Perceberam que, sem
Deus, ficavam desprotegidos. O baalismo não podia protegê-los, não conse-
guia confortá-los, ampará-los na dor, apenas iludia.
- Então, eles fizeram roupas com folhas de figueira: buscaram socorro na Torá,
no judaísmo; a figueira simboliza a Torá que sempre tem frutos, sombra e
abrigo para oferecer. A Torá, para os judeus, era entendida como a Lei de
Deus.
- Ouviram os passos de Deus e se esconderam: antes não se escondiam de
Deus; Deus era um amigo com quem conviviam fraternalmente. Isso quer di-
zer que, se a gente fica fiel a Deus e não o desobedece (comer do fruto proi-
bido), sua presença amorosa – mesmo na dor – é certeira e podemos senti-la.
Mas, quando o desobedecemos, rompemos a amizade com ele, nos esconde-
mos dele, fugimos de sua presença. Ora Deus, que era o grande amigo, se tor-
na uma ameaça, um perigo, um inimigo de quem devemos nos esconder. Mas
Deus não desiste de nós. Ele procura o ser humano, mesmo na sua miséria,
caído, ferido, desobediente, afastado dele. Deus nunca se cansa de vir ao nos-
so encontro (v.8-9).
- Quando interpelado sobre o que fez, o homem disse: “A culpa é da mulher”.
(v.12). Quando interpelada, a mulher diz: “a culpa é da serpente” (v.13). É
um jogo-de-empurra, como diziam os antigos. Ninguém assume a própria
culpa. E nós, ainda hoje, não desconhecemos esse empurra-empurra da culpa.
Diante dos atropelos da vida, temos sempre a tendência de culpar alguém. É
mais fácil colocar a culpa no outro, nos acontecimentos, na vida, em Deus,
que assumir as rédeas da vida. Isso exigiria coragem para enfrentar a vida e
olhar de frente nossas fragilidades. Mas, enquanto transferirmos a responsabi-
lidade de nossa felicidade ou de nossos infortúnios para os outros ou para al-
go fora de nós, não vai dar pra ser feliz. Condição indispensável para a felici-
dade é ser dono de nós mesmos, senhor de nossos próprios caminhos, respon-
sável por nossas próprias decisões... Enquanto a gente ficar como Adão e Eva,
jogando a culpa um no outro ou na serpente (algo fora de nós), não vai dar pa-
ra retomar as rédeas da vida. A vida é como um cavalo bravo que temos que
montar. Uma vez montados, é preciso domar. Cada um se responsabilize por
sua própria cavalgada, ainda que tenhamos – é claro – a responsabilidade de
ajudar o outro nesta aventura. Mas cada qual é responsável por seus próprios
atos.
- Se a gente assume nossos erros, nossas decisões, nossos desejos, nossos ca-
minhos, não será preciso nos esconder de Deus. Deus nos conhece por inteiro
e a gente se esconder dele é pura bobagem. Ele continua vindo em nossa dire-
ção, como disse o Livro do Gênesis. Melhor deixar o Senhor conhecer logo
nossa nudez, nossa fragilidade, mesmo que isso nos deixe vulneráveis. Mas
ele é misericordioso e bom e vai nos proteger. Ele é nossa proteção e escudo,
diz o Salmo 18,2.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Fazer um debate a partir da História do jornaleiro mal humorado.
Questões:
• Como você reagiria em uma situação semelhante à do autor desse texto?
• O que você acha da reação do autor?
• É mais comum, em sua opinião, as pessoas reagirem, em situações seme-
lhantes, como o autor do texto ou como o seu amigo?
• Que significa a reação do amigo? Por que as pessoas agem assim?
• Que significa a reação do autor? Por que ele reagiu assim?
- Terminado o trabalho em grupo, fazer um debate geral, conferindo as opiniões.
Ver se alguém tem alguma experiência semelhante para contar, alguma situação
em que ficamos tentados a agir de determinada forma não porque queríamos,
mas por influência dos outros.
Conclusão
A história do jornaleiro mal humorado mostra uma questão básica. Cada um
é dono de sua própria vida e a dirige como julgar mais acertado. A gente faz as
escolhas que são importantes para nós. Se o jornaleiro quer ficar mal humorado,
que fique. Nem por isso, os outros precisam absorver o seu mau humor. Cada um
assuma o comando da própria vida e dê a ela o melhor rumo possível.
É comum, no entanto, a gente deixar a vida nos dirigir em vez de nós a diri-
girmos. Nosso passado nos dirige. As pessoas nos dirigem, com seus olhares, com
seus sentimentos, aprovações e reprovações. E passamos a viver em função dos
outros. Se aquele homem da história, contra a sua vontade, se afastasse da banca
por causa do jornaleiro, já não estaria se conduzindo livremente. Os sentimentos e
atitudes do jornaleiro é que estariam guiando sua vida. Ninguém é escravo de nin-
guém, nem das circunstâncias. Ninguém é vítima da vida, nem da decisão dos
outros. Cada um dirige sua própria vida livremente, escolhendo, a cada situação, o
melhor caminho.
Cada um tem a tarefa de construir sua vida e direcionar-se rumo à felicida-
de. Pode também tomar outras direções, mas já não será mais livre. Ser livre e
feliz é poder dizer: “Sou eu quem dirige a minha vida e não a vida que me dirige.
Eu decido como vou me comportar. Eu dou um rumo inteligente à minha vida,
dirigindo-a com sabedoria”. Isso é liberdade.
Isso não significa, é claro, agir contra tudo e contra todos. Nem é viver co-
mo se não dependesse de mais ninguém. Significa apenas que a vida pertence a
cada um e cada um precisa aprender a se conduzir nessa viagem que é a vida.
Muitos ficam no meio do caminho reclamando da falta de oportunidades ou dos
entraves e limites que são impostos por terceiros. Ser livre é criar oportunidades,
driblar os entraves, conviver com os outros sem perder a individualidade. Sem
isso, não há liberdade.
Quem não assume o comando da própria vida acaba colocando nos outros a
culpa por sua infelicidade: culpa os pais, a família, os colegas. Mas quem se as-
sume busca dentro de si a maneira de conviver com as circunstâncias sem deixar
de ser feliz e de realizar aquelas manobras radicais que permitem conduzir a vida,
mesmo numa estrada bem selvagem. Isso é liberdade.
A SUPERAÇÃO DAS
DIFICULDADES
Creio, Senhor
Creio, Senhor Jesus, que estás vivo e presente na minha vida.
Creio que tu me amas e cuidas de mim, porque sou precioso aos teus olhos.
Creio que, na tribulação da vida, tua mão me sustenta, tua força me anima.
Creio, Senhor, que teu amor por mim é maior que minhas fraquezas.
Creio que o amor elimina o temor e, por isso, confio alegremente em ti.
Creio que os limites e as angústias da vida não podem me separar do Senhor.
Creio que tudo que tenho e que sou pertence a ti.
Por isso, agradeço, Senhor.
Agradeço por tua presença e por teu amor;
Agradeço por tua força e por teu cuidado comigo.
Agradeço porque posso sempre contar com o Senhor na minha caminhada.
Amém!
- Sugerimos cantar a música número 20.
Texto: Ef 4,17-24
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que significa se comportar como os pagãos?
• Quais as duas características atribuídas aos pagãos? (inteligência obscure-
cida e coração endurecido)
• É assim que devem viver os cristãos, ou seja, como deve viver quem tem
fé?
• O que significa deixar a vida antiga?
• O que significa renovar a mente e revestir-se do homem novo?
Aprofundamento
- O autor da Carta aos Efésios adverte sua comunidade a não viver como os pa-
gãos. Sua comunidade, provavelmente, veio do paganismo. Ela professa a fé cristã
não a fé judaica, mas vale a mesma regra. A fé cristã – cujas origens se assentam
no judaísmo – tem um modo próprio de viver, que implica em um estilo de vida.
Ela modifica nosso viver; ela dá forças pra viver melhor. Para o autor da Carta aos
Efésios, os pagãos não tem esta força; não porque Deus tenha negado isso a eles,
mas porque não conhecem a Deus, não conhecem sua palavra (v.17).
- Para o autor desta Carta, os pagãos – aqueles que não abraçaram a fé cristã –,
vivem segundo o capricho dos deuses que eles cultuam. E esses deuses são genio-
sos, cheios de vontades. As mentes dos pagãos não foram libertadas pela fé cristã;
seus corações estão endurecidos (v.18). Ou seja, sem abertura de mente e coração,
fica difícil ter vida plena, livre e feliz. Para ser feliz, é preciso libertar coração e
mente. A fé cristã pode ajudar demais. Se a mente está embotada (ou seja, obstru-
ída), como não se entregar à devassidão? É mais fácil se entregar à devassidão que
buscar a superação (v.19).
- Mas os cristãos não devem viver assim, como se não contassem com a força da
fé, como se não tivessem sido libertados por Jesus (mente e coração) (v.20). Cora-
ção libertado é a capacidade de desejar, de sonhar, de esperar, de querer algo
mais, de não se conformar com uma vida medíocre e infeliz. Mente libertada é a
capacidade de planejar, de se organizar, de arquitetar planos para a felicidade se
tornar concreta; é a capacidade de fazer a vida de tal modo que se cumpram os
desejos mais legítimos do coração. Esta capacidade, a fé dá, ou seja, o conheci-
mento de Cristo traz, porque a presença de Jesus ressuscitado é força para bem
viver (v.21).
- A superação consiste em deixar a vida antiga: a antiga preguiça, o antigo con-
formismo, a antiga autopiedade, o conformismo de achar que qualquer tipo de
vida é a mesma coisa. Estas são características do homem velho, daquele que vi-
via ao sabor de suas paixões enganadoras, ou seja, da lei do menor esforço (v.22).
- Para renovar, é preciso começar pela mente: fazer uma faxina na cabeça. E de-
pois, é preciso revestir-se do homem novo, ou seja, adotar novas atitudes, hábitos
saudáveis que ajudam a bem viver. (v.23). Aí sim, seremos livres e felizes, como
Deus desejou desde o princípio, fazendo-nos sua imagem e semelhança (v.24).
3. ATIVIDADE
Apresentamos duas atividades. O catequista faça o discernimento vendo qual de-
las é mais oportuna para sua turma ou até se deve utilizar as duas.
Sugestão 1
- Convidar a turma para um debate. Dividir os catequizandos em pequenos gru-
pos e repartir o texto “O sonho das pedras preciosas”, para que leiam e refli-
tam.
Questões:
• O que você entendeu do texto?
• O que representam as pedras espalhadas pelo vale?
• Que significa a luz que fez cada pedra tornar-se preciosa?
• Que significa o fato de que o raio de luz não chegava a todas as pe-
dras?
• Por que algumas pedras continuavam sendo comuns, enquanto ou-
tras se tornavam preciosas?
• Que semelhança isso tem com a nossa vida?
• Levando em conta que essas pedras representam as pessoas, no vale
da vida, para você o que significa tornar-se precioso? E por que uns
se tornam e outros não?
Sugestão 2
- Convidar a turma para conversar sobre casos concretos de pessoas que se
superaram: artistas que, não tendo as mãos, passaram a pintar quadros com
os pés; pessoas que se recuperaram de acidentes graves e voltaram a exer-
cer suas profissões, ou que tiveram de encontrar outra profissão para se re-
alizarem; atletas que superaram obstáculos enormes para chegar à fama
etc.
- O catequista pode pesquisar esse assunto e levar textos ou recortes de jor-
nais sobre casos concretos que ajudem a motivar a turma ou pode pedir, no
encontro anterior, que a turma pesquise este assunto, levando o resultado
para ser compartilhado no próximo encontro.
Conclusão
A superação é algo possível ou, pelo menos, é algo desejável. Certamente
nem tudo dá para superar e vai ser preciso aprender a conviver com limites. Mas
limites, quem não os tem? Uma pessoa que perdeu um braço: não vai ter esforço
que vai devolver seu braço, mas ela pode aprender a fazer tudo com o outro. Uma
pessoa que perdeu um parente querido: nada vai lhe trazer este parente de volta,
mas é possível viver sem amarguras, apesar da perda. E assim vai: a fé cristã tem
um modo de vida. Este modo é a plenitude da vida, apesar dos limites que a vida
impõe. Se a gente se esforça pra melhorar, certamente muita coisa boa virá pela
frente. Não seria razoável conformar-se com a vida velha, como disse o autor de
Efésios: uma vida nova nos espera.
5º Encontro
A ALEGRIA JUVENIL
Partilha
• Quais os conselhos que o Eclesiastes dá para os jovens?
• O que você acha destes conselhos?
• Qual a advertência final sobre a adolescência e a juventude?
Aprofundamento
- O Livro do Eclesiastes foi escrito por um pensador: alguém que gostava de ob-
servar a vida e suas contradições. Este autor é um sábio que põe suas reflexões
no papel com a intenção de orientar os jovens a bem viver. Na primeira parte do
livro(capítulos 1 a 7), ele diz que observou tudo; na segunda (8 a 12), diz suas
conclusões. O que ele observou? Primeiramente, observou a efemeridade da vi-
da: tudo passa, nada é para sempre; nem a alegria, nem a tristeza; nem a riqueza,
nem a pobreza; nem a saúde, nem a doença. O que ele concluiu? Primeiro, que a
vida não tem muita lógica. Há mistérios que nos ultrapassam. Por exemplo; não
adianta querer explicar a vida assim: “Deus abençoa o homem bom e castiga o
homem mau”. A vida não tem esta lógica. Tem maus se dando bem e tem bons
se dando mal. Mas esta também não é uma regra. Há bons se dando bem e há
maus que se danaram na sua maldade. Logo a vida é mesmo estranha, e Deus
não tem nada a ver com isso (Ecl 8). Em segundo lugar, ele observou que a vida
é passageira; é curtinha e se acaba num piscar de olhos... Se a vida é cheia de
mistérios e é assim tão breve (vento que logo passa), melhor viver bem o tempo
que temos à nossa disposição, em meio às estranhezas da vida. Daí os conselhos
que ele dá aos jovens.
- Primeiro conselho: ter uma postura otimista, esperançosa, grata, mas realis-
ta diante da vida, ou seja, valorizar as pequenas coisas, mas sem se iludir com
as alegrias da vida. “É doce a luz e agradável ver a luz do sol” (v.7). Pode pare-
cer romantismo barato, mas valorizar cada conquista é importante; perceber a
beleza de cada coisa; ter coração generoso capaz de reconhecer a gratuidade da
vida, a beleza de cada coisa... Isso é sabedoria. Mas o conselho do Eclesiastes
continua: “Ainda que alguém tenha vivido muitos anos e em todos tenha se ale-
grado, é preciso que se lembre dos dias sombrios...” (v.8). Um pouco de realis-
mo faz bem e pondera as coisas. Viver iludido achando tudo lindo é alienação. A
vida tem seus atropelos. Isso não nos impede de ver sua beleza, é claro, nem de
agradecer por cada coisinha, por menor que seja, como a possibilidade de acor-
dar pela manhã, respirar fundo e recomeçar. O conselho então é: máximo oti-
mismo equilibrado por uma boa dose de realismo.
- Segundo conselho: aproveitar bem a juventude, viver cada dia (v.9). “Alegra-
te na tua adolescência e teu coração esteja no bem durante tua juventude”. Mas
como aproveitar a juventude? O autor indica três passos: 1) Um modo de enxer-
gar a vida: Alegrar-se com cada conquista, comemorando cada vitória, vivendo
intensamente as oportunidades que a vida oferece (v.9a). 2) Um modo de viver:
firmar-se no bem que deve ser o fim primeiro e último: “viver com o coração
voltado para o bem” (v.9b). Um coração que cultiva o bem desde a juventude
faz poupança de energias positivas para o futuro. 3) Um modo de decidir, de to-
mar decisões: andar nos caminhos do coração, ou seja, cultivando sonhos e dese-
jos, mantendo a utopia, a capacidade de sonhar e de lutar pelos sonhos, mas se-
gundo o discernimento dos olhos (não se deixar iludir por qualquer desejo do co-
ração). O coração impulsiona as decisões; os olhos decidem, pois os olhos signi-
ficam conhecimento. Logo, o jovem não deve se esquecer de sua capacidade de
discernir, de ponderar, de usar a razão para decidir, pois de todas as decisões ha-
veremos de prestar contas. A Deus? A nós mesmos? Não importa: tudo tem con-
sequências!
- Terceiro conselho: prevenir-se para o futuro, ou seja, cuidar do coração e do
corpo: “Tira a angústia do coração e afasta o mal do teu corpo” (v.10). A força
da juventude e da adolescência não vai durar para sempre. Melhor se cuidar; a
velhice vai chegar um dia, cobrando as contas do passado. Por isso, o corpo e o
coração (mente) precisam de cuidados. O corpo precisa de esporte, de lazer, de
descanso, de horas de sono, de boa alimentação. Para que ele se mantenha sau-
dável, o adolescente ou jovem deve fugir de todo excesso, especialmente dos ví-
cios: do cigarro, do álcool, da droga. Não cuidar do corpo é adoecê-lo. Esses
cuidados devem começar cedo, não na velhice quando o corpo já está cobrando
os excessos da juventude. A mente também precisa de cuidados. Ela precisa de
incentivo para progredir. Por isso a importância dos estudos, da leitura, da pes-
quisa, da cultura, das artes, da música... Se a mente não estiver bem para enfren-
tar o enfraquecimento do corpo, vai ser difícil ser feliz no futuro. Se o corpo não
estiver bem, vai ser difícil responder aos apelos da mente. Logo, nenhum dos
dois aspectos pode ser negligenciado. Assim, a alegria juvenil é bem vinda e jus-
ta, mas que ela não leve ao esquecimento do que vem pela frente, com atitudes
inconsequentes que podem prejudicar a vida plena.
3. ATIVIDADE
De novo, duas opções. O catequista veja o que melhor convém à turma.
Sugestão 1
- Pedir a cada catequizando que produza um pequeno texto que fale das alegrias e
tristezas da própria vida. Repartir papel e lápis e deixar que cada um se expresse
à vontade.
- Depois, tentar fazer um debate sobre como a turma vê esse assunto, ou seja, co-
mo cada um se alegra com as realidades mais diversas da vida, mesmo em meio
aos sofrimentos.
Sugestão 2
- Fazer com a turma um criptograma bíblico, com as frases do livro do Eclesias-
tes. Distribuir os criptogramas para serem decifrados em grupos de duas ou três
pessoas, com a ajuda da legenda que segue.
- Depois, conferir os criptogramas, vendo se acertaram as frases. Cada dupla parti-
lha a frase encontrada e fala algo sobre ela.
Frases:
1) Jovem, vive tua adolescência com alegria.
2) Jovem, que tua vida seja conservada no bem.
3) Jovem, fica alegre pois agradável é ver o sol.
4) Jovem, anda nos caminhos do teu coração.
5) Jovem, tira a angústia da tua vida.
6) Jovem, afasta o mal para longe de ti.
7) Jovem, lembra que tua juventude é passageira.
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1ª) #*[5%, [9[5 =]1 14*$5§35&391 3*% 1$5791.
1ª)
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2ª) #*[5%, )]e =]1 [941 §5#1 3*&§5+[141 &* 25%.
2ª)
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3ª) #*[5%, 6931 1$57+5 )*9§ 17+141[5$ 5 [5+ * §*$.
3ª)
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4ª) #*[5%, 1&41 &*§ 31%9&8*§ 4* §5&*+.
4ª)
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5ª) #*[5%, =9+1 1 1&7]§=91 41 =]1 [941.
5ª)
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6ª) #*[5%, 161§=1 * %1$ (1+1 $*&75 45 =9.
6ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
7ª) #*[5%, $5%2+1 )]5 =]a #][5&=]45 5 (1§§1759+1.
7ª)
Conclusão
A juventude traz alegrias e desafios imensos. Devemos aproveitá-la bem,
curtir cada momento, gozar cada boa oportunidade que a vida oferece. Para isso,
bom mesmo é ter um olhar grato e otimista, mas que não seja ingênuo. Cada mo-
mento deve ser usufruído com alegria e prazer: o prazer de amar e ser amado, de
ter amigos, de construir laços e boas relações, de jogar bola, de bater papo... o
prazer de uma boa música, de uma boa comida, de uma boa bebida... o prazer de
um cinema, de um teatro, de um momento de lazer e descontração... Mas tudo
feito com moderação e bom senso. A vida não é feita só de flores não; muitas do-
res temos ou poderemos vir a ter. Precisamos tomar alguns cuidados, tanto com o
corpo quanto com a mente, para que não estraguemos o dom da vida que Deus nos
dá.
6º Encontro
Texto: Dt 30,15-20.
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que o texto nos diz sobre a vida?
• Quais as duas opções que a vida nos oferece? Quais as suas consequên-
cias?
• Você concorda que temos diante de nós, de um lado, a felicidade e a vida,
e, de outro, a desgraça e a morte?
• Você acha que a gente escolhe nossos caminhos ou eles já estão traçados?
• Você acredita em destino ou em predestinação?
Aprofundamento
- Para a fé cristã, Deus nos criou livres e responsáveis por nossa própria vida.
Diante de nós, estão as possibilidades da vida. Quem escolhe somos nós (v.
15). Não há destino, nem predestinação; a nossa vida depende de nossas esco-
lhas. Para nós cristãos, as escolhas – como toda a vida – são motivadas pela
fé, ditas no texto como “preceitos do Senhor” (v. 16). Quem vive guiado pela
fé faz escolhas acertadas, ditas como “bênçãos do Senhor”.
- Não é que, uma vez tendo fé, estamos livres das desgraças, das fatalidades,
dos desacertos... Quem tem fé está sujeito às mesmas intempéries da vida.
Mas, pelo menos no que depende de nós – nem tudo depende de nós, infeliz-
mente –, as decisões serão mais conscientes, mais acertadas, mais pondera-
das.
- E as fatalidades? Elas certamente acontecerão; todo mundo está sujeito a elas,
logo o jeito é conviver com elas, aceitá-las. Até nisso a fé pode ajudar. Quem
tem fé, quem vê a vida com bons olhos, certamente conseguirá superar mais
facilmente os atropelos que a vida apresentar.
- Quem se desvia do Senhor e de seus ensinamentos tem mais chances de pere-
cer (v. 17-18). Mais dia menos dia, a vida poderá acertar contas de decisões
tomadas imprudentemente, de uma vida desregrada, sem os cuidados devidos
para ser livre e feliz.
- O céu e a terra são testemunhas de que Deus nos deu todas as chances para
ser felizes, mesmo em meio aos dramas da vida. Ter céu e terra como teste-
munha é ter tudo testemunhando nossas escolhas. Céu e terra: expressão usa-
da para significar o todo. E exatamente dois, céu e terra, como a lei judaica
prevê, para ser válido o testemunho. A vida testemunha que somos livres, que
podemos escolher o bem ou o mal.
- O amor de Deus revelado em todas as coisas mostra que Deus não nos pre-
destinou para nada; a não ser para o amor, manifestado em seu Filho Jesus
Cristo. A única coisa que nos predestina é o amor de Deus. Estamos condena-
dos ao seu amor. Ele nos ama e não nos deixa outra opção. Por isso nos salva
em Cristo. Fora isso, é saber viver o jogo da vida, com seus imprevistos...
- Nem os astros, nem carma de vidas passadas, nada decide nossa vida. Somos
nós que, guiados pela luz da fé, devemos dar rumo para os nossos passos. E a
reencarnação? E as vidas passadas? Nada disso. Nascemos e morremos uma
só vez; nossa vida é única; exatamente por isso o autor da Bíblia diz que pre-
cisamos saber tomar as decisões certas. Resta-nos seguir a vida amando o Se-
nhor e obedecendo a sua voz, apegando-nos a ele (cf. v.20). O que der errado,
ele nos dará forças para corrigir.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e distribuir o texto abaixo. Pedir que leiam e conver-
sem sobre ele, respondendo as questões propostas.
Refazendo decisões
Era uma vez um jovem rapaz, com dezoito anos, com o corpo sarado, boni-
tão e com imenso talento para o futebol. A família não o apoiava muito no espor-
te. Preferia que ele estudasse mais, fizesse alguma faculdade, virasse doutor em
alguma coisa.
Mas ele enfrentou a família e decidiu: vou procurar um clube de futebol,
bem importante, e fazer um teste. “Quero ser um grande atleta, um grande jogador
de futebol, ganhar campeonatos, ir para a Europa, ficar muito rico”, dizia ele. E
tomou esta decisão. Procurou o clube, passou no teste, assinou o contrato. Era, de
repente, uma promessa do futebol brasileiro. Tinha alcançado sua primeira grande
vitória ao passar no teste e assinar seu primeiro contrato.
A família comemorou. Os amigos comemoraram. O jovem comemorou. E
nessas comemorações, fizeram um churrasco, à beira do rio. O jovem tomou umas
e outras e, já meio alcoolizado, mergulhou de cabeça nas águas do rio. O rio não
era muito profundo. O jovem bateu a cabeça em um banco de areia, quebrou a
coluna e ficou paraplégico, numa cadeira de rodas.
Todos se comoveram e se sentiram frustrados com o acontecido. Como al-
guém tão jovem há de passar por tudo isso: num dia é um jogador contratado por
um grande clube e no dia seguinte é um cadeirante sem a menor condição de en-
trar em campo!?
O jovem entrou em crise, brigou com Deus, com a vida, com tudo e com to-
dos. Depois, caiu em si e viu que a vida haveria de prosseguir, mas de outra for-
ma. Era preciso refazer suas decisões. Então, se lembrou de que também sabia
cantar e tocar violão. E tomou a decisão de ser músico. Fundou uma banda. E em
vez de ficar na cama ou na cadeira de rodas resmungando e reclamando da vida,
decidiu ser feliz cantando e tocando. E virou um cantor, não de grande sucesso,
mas com alegria suficiente para levar a vida adiante e cantar alegrando, com sua
música, a todos que o ouviam.
Questões:
• O que aconteceu com o jovem, em sua opinião, foi falta de sorte, castigo
de Deus ou fruto de suas decisões?
• Quantas decisões ele tomou somente neste texto?
• Você conhece casos semelhantes?
• O que você acha de, na vida, a gente às vezes precisar refazer algumas de-
cisões?
Conclusão
A liberdade humana é um dom maravilhoso de Deus. Ela nos dá a capacida-
de de escolher, de tomar decisões, de discernir e optar. É o que comumente cha-
mamos de livre arbítrio. Nenhum de nós nasceu predestinado a sofrer, a pagar
pecados, a passar por problemas e sofrimentos. Os sofrimentos da vida são parte
dela, porque a vida é frágil e se quebra à toa. Podem ser fruto da irresponsabilida-
de humana, do egoísmo ou do acaso, como a história do rapaz que ficou paraplé-
gico. Por outro lado, nós também carregamos condicionamentos psicológicos que
nos fazem sofrer. Por isso é tão importante decidir bem, ainda mais quando se é
jovem. Às vezes não somos livres dos nossos condicionamentos, mas somos livres
para decidir o que fazer com eles. Podemos tomar posição frente ao que nos acon-
teceu. Nossa decisão pode orientar nossa vida para sempre, tornando-a plena e
fecunda ou fazendo dela um inferno. E não é só isso! Nossas decisões afetam
também nossas famílias, nossos amigos e muitas outras pessoas que nos cercam.
Elas têm consequências e deixam marcas: boas ou ruins. Por isso é preciso decidir
tudo calmamente e com muita responsabilidade, sabendo que estamos traçando
nosso destino e de muita gente com nossas opções.
A IMPORTÂNCIA DE SONHAR
Texto: Hb 11,8-12
Partilha
• Quem foi Abraão? Quem foi Sara?
• O que Abraão fez movido pela fé?
• O que fez Sara movida pela fé?
Aprofundamento
- Abraão é uma figura importante para a fé cristã, herdeira do monoteísmo judai-
co. Foi em torno de Abraão que se formou um povo numeroso que abandonou
o politeísmo e se confiou ao Senhor. Somos herdeiros da fé professada por
Abraão. Sara foi sua esposa: aquela com quem ele dividiu seus sonhos e partiu
em busca de uma terra distante, de um lugar favorável para criar sua família e
formar este povo novo. Eles são tão importantes – são modelo para nós – que o
texto de Hebreus, escrito 2000 anos depois, recorda-os como pessoas de fé.
- Abraão era um sonhador; um homem cheio de projetos que nunca deixou de
sonhar. A fé alimentava seus sonhos. Ele deixou tudo e correu atrás de seus de-
sejos, daquilo em que ele acreditava. Seu maior sonho era constituir um povo
numeroso que servisse ao Senhor; um povo que não seguisse os ídolos, que só
adorasse a Deus e a mais ninguém. Abraão acreditou que isto era possível e
correu atrás. Para formar este povo, Abraão precisava ter filhos, formar uma
família numerosa para quem pudesse passar seus ensinamentos. Mas Abraão
não tinha filhos e já estava ficando velho.
- Para realçar toda a luta de Abraão, o seu esforço e a sua fé, o autor sagrado –
quem escreveu o texto – diz que Abraão e Sara queriam ter filhos, mas ela era
estéril. Este é um modo de dizer que eles tiveram dificuldades para realizar
seus projetos, mas não desistiram diante dos obstáculos. Quanto maior a difi-
culdade, maior o valor da conquista. Abraão e Sara vão acreditar quando tudo
indica que devem desistir. Mas eles não desistem; sabem o que querem. E as-
sim, diz a Bíblia que, mesmo na velhice, Sara, esposa de Abraão, concebeu. E
de seu filho Isaac nasceu um povo imenso: o povo hebreu, cuja fé monoteísta
tornou-se conhecida por todos.
- Também nós somos parte deste povo numeroso que Abraão sonhou, pois dele
recebemos a fé no Deus vivo. Somos herdeiros da fé professada por Abraão e
de seus sonhos. Resta-nos manter a força e a coragem de Abraão para continuar
lutando em busca de nossos projetos e sonhos. Faz parte da fé cristã sonhar, de-
sejar, buscar e lutar sempre mais. Nós cristãos somos guerreiros como nossos
antepassados e como Jesus que não desistiu de construir um mundo novo, um
reino de amor. Ele enfrentou até a morte e venceu-a, pois não há limites para o
sonho.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e distribuir o texto abaixo pedindo que leiam e
debatam as questões.
- Terminada a leitura e o debate, fazer um plenário com todos os grupos.
Manoel era português e havia se mudado para o Brasil com sua família ain-
da muito jovem. Aqui ele, seus pais e seus irmãos viveram a vida toda, contando
causos de Portugal e guardando enormes saudades da Terrinha Natal. Seus pais
morreram; Manoel casou-se com uma portuguesa e constituiu família no Brasil,
tendo uma penca de filhos, sendo Joãozinho o mais novo deles. Manoel estava
feliz aqui, mas seu coração estava mesmo na Terra do Tejo.
A saudade foi tanta que Manoel e sua família resolveram voltar para Portu-
gal. Manoel, que era padeiro, disse à sua esposa e sua prole: “Vamos voltar para
Portugal!”. Manoel, Maria e seus seis filhos se animaram. Em tempos que avião
não existia, apenas navios para cruzar os mares, Manoel vendeu sua padaria e,
com o dinheiro, comprou as passagens de navio para toda a família. Antes, porém,
encheu alguns sacos de pão e colocou queijo dentro. Seria o alimento da viagem.
Iniciada a viagem, ele e seus filhos nem se arriscavam a sair do navio, para
não serem tentados a frequentar o restaurante e ver todas aquelas maravilhas às
quais não tinham acesso. No primeiro dia – que delícia – pão com queijo. No se-
gundo dia, pão com queijo, ainda bem saboroso. No terceiro dia, pão com queijo.
Joãozinho não aguentou e reclamou. Mas o pai conteve os ânimos do filho. Era
preciso um pouco de sacrifício para chegar a Portugal. No quarto dia, pão com
queijo. Joãozinho reclama e buscava uma solução. No quinto dia, o pão com quei-
jo não descia mais. Mas era preciso se esforçar, pois ainda havia muito mar pela
frente. Toda a família dizia a Joãozinho que se conformasse e não reclamasse
mais. Então foi assim a viagem toda: pão com queijo... queijo com pão... e João-
zinho aborrecido sempre desejando uma comidinha saborosa, sentindo o cheiro
delicioso que vinha do restaurante do navio. E já ninguém aguentava mais ver
aquele pão velho, seco, aquele queijo maduro, com cheiro forte, mas era preciso
se conformar.
Só Joãozinho, o filho mais novo, não estava conformado. Depois de vinte e
cinco dias de viagem, não aguentou mais. Ele queria algo melhor. Fugiu do quarto
e aventurou-se pelo navio até chegar ao restaurante. Faltavam apenas dois dias
para chegar a Portugal, mas ele estava desesperado. Sentou, comeu, bebeu... e
nem se preocupou com a conta. Já não aguentava mais pão com queijo. Na hora
do acerto, o garçom apelou: “Como assim não tem dinheiro?”. Joãozinho só tinha
a passagem no bolso. O garçom pegou a passagem, olhou e sorriu. “Não esquente
a cabeça, menino; no preço da passagem, estão incluídas todas as refeições!”, dis-
se a Joãozinho que tremia de medo.
Manoel e sua família tinham direito a um banquete e passaram toda a tra-
vessia do mar a pão com queijo. Joãozinho não acreditou no que ouviu. E se per-
guntava: “Por que não me arrisquei antes a conquistar meus desejos?”.
Conclusão
Sonhar é bom e importante; conformar-se com a vida, como se ela não pu-
desse nos oferecer nada mais, é um erro. A vida tem novidades reservadas para
nós, por isso é tão importante sonhar. O sonho alimenta o ânimo; faz a vida fluir e
o desejo crescer sempre mais. Abraão e Sara sonharam com um povo de fé, com
uma vida diferente, plena, feliz. E o sonho deles foi realizado. Parecia impossível
que o sonho de Abraão e Sara se realizasse. Eles já estavam velhos e cansados...
Joãozinho sonhou com uma viagem mais prazerosa, pratos saborosos, refeições
deliciosas. Nunca é tarde para sonhar, para fazer planos, para projetar, para ter
boas ideias e nelas investir forças. Se Abraão e Sara, já velhos, mantiveram seus
sonhos acesos e os viram se realizar, quanto mais os jovens devem sonhar alto,
devem ter projetos e neles colocar suas energias.
1ª etapa
8º Encontro
CELEBRAÇÃO
PREPARAÇÃO
- Preparar um momento de confraternização.
- Preparar as faixas com os temas dos encontros e as preces, conforme indi-
cado no item 3.
- Fazer um cartãozinho com a prece: Bem viver em Cristo, um para cada ca-
tequizando. Veja modelo no final do encontro.
- Ensaiar bem as músicas.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar bem a proclama-
ção do Evangelho.
1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: “É uma grande ale-
gria nos reunirmos para rezar e bendizer a Deus ao final dessa etapa
de nossa catequese. Sejam todos bem-vindos; a todos Jesus acolhe
com alegria. Você pode chegar trazendo sua alegria, seus medos, suas
esperanças, suas angústias. Tudo que você traz é bem-vindo, pois você
é dom de Deus e nós te acolhemos como você é. Vamos alegremente
cantar a música número 6.
D - Na alegria de nosso encontro, iniciemos nossa celebração com o sinal
de nossa fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
- Se a turma preferir, o Sinal da Cruz pode ser cantado.
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês, renovando suas
vidas.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D - Motivar: No início deste encontro, recordemos o amor de Deus por
nós. Na jornada da vida, Deus está conosco. Ele é amor e amor fiel.
Ele nunca nos abandona; ao contrário, sua mão está sempre estendida
para nós. Agradeçamos a ele por seu amor. Cada um pode pensar algo
para agradecer. Vamos dizer: “Eu agradeço a Deus por minha família”
ou “por minha turma de catequese” etc. Depois de cada louvor, a tur-
ma toda dirá: “Obrigado, Senhor!”
- Convidar para cantar a música número 10.
D - Oremos: Ó Deus de amor e bondade, nós nos alegramos na vossa pre-
sença, pois, mesmo em meio às tribulações e angústias da vida, sabe-
mos que estais conosco. Nós vos pedimos: ajudai-nos a bem-viver pe-
la força de vossa palavra e de vosso amor. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
T - Amém.
2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se sentar e se acalmar para ouvir a Palavra de
Deus.
- Comentar: vamos ouvir um belo texto do Evangelho de João, que nos
fala sobre a vida em abundância que Deus reservou para nós. Ou-
çamos atentos, mas antes cantemos a música número 2.
L - Proclamação do Evangelho de João - Ler na Bíblia.
Jo 10,7-10
C - Convidar a turma para partilhar a leitura.
• O que Jesus disse que ele próprio é? O que significa isso?
• Quem passar pela porta que é Jesus, o que encontrará?
• O que Jesus veio trazer para nós, suas ovelhas?
D - Concluir:
Como refletimos durante toda esta etapa, a vida é mesmo estranha e
cheia de agonias e problemas, mas Jesus é a porta para uma vida plena e
cheia de paz. Quem entra em relação com Deus e trava com ele grande
amizade, nunca mais ficará sozinho, nunca mais ficará sem apoio. Ele é a
porta para uma vida de verdade. Todo outro caminho acaba nos decepci-
onando. Todas as outras portas apontam pequenos oásis, mas só Jesus dá
vida plena de fato. Todos aqueles em quem colocamos nossa esperança
antes dele não são pastores de verdade. Nenhum deles pode nos trazer
realização e força para viver bem. Jesus é a porta. Ele é a saída que pro-
curamos; a força de que precisamos. Ele nos conduz para boas pastagens,
como um pastor faz com suas ovelhas. Por isso, acolhemos sua mão es-
tendida e deixamos que ele nos conduza para a vida.
3. RITO DE RENOVAÇÃO
A IMPORTÂNCIA DE SE CONHECER
Texto: Lc 22,31-34
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Por que Jesus diz que vai orar por Pedro?
• Pedro acha que precisa da força da oração?
• O que Pedro promete fazer?
• Mas o que Jesus diz que Pedro fará?
Aprofundamento
- Este diálogo de Pedro e Jesus está no fim do Evangelho de Lucas. Jesus está
em Jerusalém e há um complô para matá-lo. As autoridades religiosas, que se
sentiram ameaçadas pela pregação de Jesus, querem acabar com ele; ele está
incomodando, atrapalhando a ordem religiosa, ameaçando os poderosos da re-
ligião com a novidade de sua pregação.
- Na hora da perseguição, Jesus não pode contar com as leis judaicas, pois as
autoridades religiosas podem manipulá-las contra ele. Também não pode con-
tar com as leis romanas, pois ele é um pobre nazareno e não têm direitos. Je-
sus só pode contar com a amizade e a fidelidade de seus amigos.
- Então Jesus diz a Pedro que vai rezar por ele para que fique fiel para ampará-
lo na hora em que ele mais precisar. Jesus afirma que satanás quer permissão
para peneirar Pedro. Na Bíblia, satanás é tudo aquilo que não faz a vontade de
Deus, ou seja, o antirreino, aquilo que se opõe ao reino de Deus, todas as for-
ças que não querem que o Reino de Deus aconteça. Satanás não é o capeta,
aquele de rabo e chifres das imagens do inferno que preenchem nossa imagi-
nação. Satanás é a força contrária; ou seja, tudo que seduz e alicia Pedro para
que ele seja infiel ao projeto de Deus, e não fiel como Jesus.
- Jesus não quer que Pedro faça parte deste antirreino. Pedro é discípulo: deve
construir o reino. Mas sempre é possível mudar de lado, trair, fraquejar, en-
ganar. Então, Jesus torce para que isto não aconteça com seu amigo.
- Jesus faz essa torcida, não só por si mesmo, para que Pedro o defenda na hora
da dor, mas também por Pedro, pois ser infiel e traído pelas emoções não é
boa coisa. Jesus não quer que Pedro seja surpreendido por seus afetos desor-
denados, pelas emoções pouco conhecidas que habitam seu interior, como o
medo, o desejo de preservar-se, a angústia da perda do amigo.
- Então, Jesus reza por Pedro, torce por ele. E lhe diz que satanás pede permis-
são para peneirá-lo. Naquele tempo, como o povo não sabia explicar por que
a vida tinha tanta coisa ruim, culpava satanás, ou seja, culpava algo que é
contra Deus. Então, pensava-se que, como Deus é poderoso e manda em tudo,
satanás devia pedir permissão a ele para fazer o mal (como em Jó: Satanás
pede permissão para ferir Jó). Para que não aconteça que Pedro seja surpreen-
dido pela vida, Jesus reza por Pedro, para que ele tenha forças.
- Mas Pedro acha que não precisa da oração. Ele pensa que já está pronto. Pe-
dro não sabe que dentro de si moram coisas ruins que ele desconhece. Pedro
está muito confiante em si mesmo; esqueceu-se de que nós podemos nos trair,
nos enganar. Quando pensamos que nossos afetos estão sob controle, lá estão
eles desordenados e loucos, a desbaratar nossa estabilidade. Foi o que aconte-
ceu com Pedro. Toda autoconfiança não foi suficiente para mantê-lo na fide-
lidade. E ele traiu Jesus como Jesus havia desconfiado (cf. Lc 22,54-62).
- Esta narrativa do Evangelho mostra como estamos sujeitos a nos enganar a
respeito de nós mesmos. Às vezes nos achamos fortes e nos deparamos fracos
diante do primeiro obstáculo. Ou o contrário: às vezes achamos que vamos
sucumbir, desanimar, e encontramos uma força dentro de nós que nem sabía-
mos que existia. Às vezes achamos que amamos, mas esse amor é só insegu-
rança ou medo de ficar só. E o ódio pode ser só um modo de pedir para ser
amado. Etc. Às vezes achamos que vemos claramente, mas nossos olhos estão
vendados. Nossos sentimentos não são muito confiáveis... Daí a importância
de deixar Jesus entrar em nosso coração e iluminar os recônditos mais obscu-
ros que há em nós.
- Nossa vida não é feita só do que conhecemos de nós mesmos. Há muita coisa
em nós que foge ao nosso controle. Vejamos o quadro abaixo.
Eu conheço Eu conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
Eu não conheço Eu não conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
- A parte de cima deste quadro representa o consciente. Todos nós temos uma
parte de nossa vida que conhecemos bem: é fruto do autoconhecimento, da
memória, da caminhada pessoal. O consciente está dividido em duas partes.
Uma delas eu dou a conhecer aos que me cercam, aqueles que convivem co-
migo. Nesta área está a nossa vida pública; aquilo que somos diante dos ou-
tros. Fazem parte desta área as emoções que deixamos transparecer, sem me-
do de reprimendas ou coerções. É a área clara da gente. A outra parte, nós a
guardamos só pra nós, faz parte de nossos segredos, ou a revelamos a alguns
poucos escolhidos em quem confiamos. Há, pois, emoções, sentimentos que
temos receio de partilhar. As pessoas que não nos amam podem não entender
o que sentimos, o que pensamos, o que somos... Então nós nos fechamos e
preservamos nossa intimidade e este é um direito nosso. É uma área clara da
nossa vida, mas que não partilhamos com todos; só com alguns mais íntimos,
para não nos expor nem ficar sujeitos ao juízo alheio.
- A parte de baixo é o inconsciente. O inconsciente é um desconhecido para
nós mesmos. É a área escura da nossa vida; nem nós conhecemos. Parte desta
área está oculta para nós, mas é bem visível para outros. Algumas pessoas que
vivem conosco nos percebem, veem nossas reações, acompanham nossas
emoções diárias e fazem uma leitura de nossa vida. É o que aconteceu com
Pedro: ele achou que sabia de seus afetos e emoções, mas Jesus – seu amigo –
sabia de Pedro melhor que ele, por isso Jesus se preocupa com ele na hora di-
fícil da cruz. A outra parte da nossa mente é mais obscura ainda: ela não vem
à tona a não ser em ocasiões muito raras: em atos falhos, sonhos e outras oca-
siões específicas. Esta parte da nossa mente guarda monstros e segredos, co-
mo um lago limpo e cristalino que esconde sujeira debaixo da transparência
de suas águas. Esta área só Deus conhece, pois ele nos conhece por inteiro.
Então só ele pode nos ajudar a lidar com estas emoções e traumas guardados
a sete chaves. Daí a importância de nos abrir cada vez mais para ele e confiar
em seu amor.
- Se Deus conhece a gente por inteiro, ele pode nos ajudar nesta tarefa. O auto-
conhecimento ajuda a gente a viver mais sensatamente, sem muitas surpresas
das emoções. Isso é vantajoso, pois gera o autocontrole, o domínio de si
mesmo, a boa convivência com a gente e com os outros.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Repartir com a turma a seguinte história e debater em grupo.
Questões:
• Que conclusão podemos tirar desta história a respeito da importância de nos
conhecermos bem?
• Será possível uma joia preciosa ser confundida com uma bijuteria? E será
possível que nosso valor seja menosprezado por pessoas que não nos conhe-
cem direito?
Conclusão
Nossas emoções, nossos sentimentos e, consequentemente, nossas reações
diante dos fatos da vida são sempre meio imprevisíveis. Nós podemos nos surpre-
ender com nós mesmos, como Pedro diante da perseguição que seu amigo Jesus
sofreu. Toda autoconfiança de Pedro não foi suficiente para garantir fidelidade ao
seu amigo na hora da dor. Jesus sabia disso e por isso avisou a Pedro que rezaria
por ele. A oração é força para superar nossos instintos mais primitivos, nossas
emoções mais desordenadas... Deus – que nos conhece por inteiro – sempre nos
estende a mão e nos ajuda a enfrentar as surpresas que temos com nós mesmos. A
confiança em Deus e no seu amor é uma aliada importante. Ela não nos deixa de-
sesperar; ela nos ajuda a ficar firmes quando o vento sopra contrário e o barco de
nossa vida parece que vai afundar, ela nos ajuda a ter coragem de entrar em nós
mesmos, naquelas regiões escuras que ainda desconhecemos, para fazer uma faxi-
na e recomeçar a vida com mais força.
2º Encontro
Texto: Rm 12,3-8
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que Paulo recomenda a seus irmãos da comunidade de Roma?
• Qual a imagem que Paulo usa para falar das diferenças que há entre nós?
• Algum dom é mais importante ou melhor que outro?
• O que Paulo recomenda que cada um faça com seus dons?
Aprofundamento
- A primeira recomendação de Paulo é muito importante: que ninguém faça de si
uma ideia muito elevada (v.3a). Foi o que vimos no encontro anterior. Pedro es-
tava equivocado a seu próprio respeito. Fez uma imagem elevada de si mesmo:
achou que tinha forças para enfrentar tudo, mas descobriu muitas fraquezas em
seu coração.
- Cada um deve procurar se ver segundo a medida do bom senso e da fé (v.3b),
diz Paulo. A medida do bom senso: a vida ensina por mil modos que não somos
tão bons quanto pensamos. A medida da fé: a fé cristã ensina que somos frágeis,
passíveis de erros, com possibilidades múltiplas de nos equivocar, de nos enga-
nar e de pecar. Então, melhor desconfiar de nós mesmos.
- Ora, somos fracos, mas cada um tem seus dons, suas virtudes, suas forças... por
isso, somos tão diferentes. O que é força em um é fraqueza em outro. O que falta
em um sobra em outro. Somos muito diferentes, como os membros do corpo.
Todos são membros; todos pertencem ao mesmo corpo, mas cada um é de um
jeito e tem uma função específica (v.4-5).
- Aí é que está o bom. Na diferença a gente se completa. Cada um exerce seu dom
em função do outro, para bem do outro e todo mundo ganha com isto. A diferen-
ça é uma riqueza.
- Paulo está falando da diferença no exercício dos ministérios que surgem na co-
munidade eclesial graças à fé: dom de profecia, serviço, exortação etc. Mas po-
demos estender isso a outros aspectos da vida. A diferença é uma graça, não um
problema. A uniformidade é um problema; ela é medíocre; massifica, empobrece
a convivência, gera intolerância e preconceito quando o novo aparece... A diver-
sidade não: ela é aberta, acolhedora, simpática, inteligente. Não dá para viver
bem com os outros sem essa abertura, sem essa disposição para acolher o dife-
rente.
- Ora, se na comunidade cristã – conforme disse Paulo – já é necessária uma aber-
tura para a compreensão de que somos membros do mesmo corpo, mas diferen-
tes uns dos outros, quanto mais na sociedade onde as pessoas não têm a mesma
fé, nem o mesmo modo de compreender a vida. Se a gente se fecha em conceitos
– ou preconceitos – que não nos deixam acolher o diferente, a convivência fica
insuportável, ainda mais hoje quando o mundo é mesmo plural e diversificado.
Para que a vida seja leve e a convivência fraterna, é muito importante eliminar
os preconceitos e acolher o diferente como fez Jesus. Ele acolhia as pessoas do
jeito que elas eram. No seu tempo havia muito preconceito: em relação aos co-
bradores de impostos, às mulheres, aos doentes. Jesus convivia fraternalmente
com eles e ignorava o preconceito da sociedade. Assim devem se comportar os
seguidores de Jesus.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, sugerimos mais de uma atividade. Os catequistas devem discernir
o que fazer: podem fazer uma ou outra atividade; ou podem também preparar
todas elas e deixar a própria turma escolher o que deseja fazer no encontro.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um trabalho de grupo: listar os preconceitos da
sociedade atual.
- Ao final, fazer um cartaz ou um teatro sobre os preconceitos.
Sugestão 2
- Dar a cada um papel e lápis e pedir que façam uma lista de como se sentem ou
reagem diante do diferente, por exemplo, diante de homossexuais, de gangues,
de grupos com formatos próprios que achamos estranhos.
- Depois, partilhar em pequenos grupos o que escreveram.
- Fazer plenário geral. O catequista anota num grande cartaz as emoções relata-
das, por exemplo, aversão, raiva, piedade, medo, indignação etc.
- Conversar sobre essas emoções, vendo como a tolerância e o diálogo podem
ajudar a vencer os preconceitos e a gerar um clima mais irmão e fraterno.
Sugestão 3
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras. Em duplas, procurar palavras que
indicam atitudes que podem facilitar ou dificultar a convivência com o diferente.
- Conversar sobre essas atitudes, vendo os prejuízos e benefícios das mesmas.
A C F T I B UP O NL C O N WQ R A T E B X I
I S I N D I F E R E N Ç A V R U M E WJ U WX
D A R U F G UR E MU MC U R I O S I D A D E
A B E X E Y MI J KÇ V O J U Y Ç E ME WI U
WE S A N G AL E VX U L O Ç T X K P A MD D
P R E C O N C E I T O N H E J N H E L I Y E I
T T Q U A C I MÇ UK V I Y Ç V Y U I Q U X A
B U S K Ç E XV A Ç I MD WI N Ç A C U M
X I L
S R C U I D AD O S G I A N D O M I A L G U O
X A M J Y WO J A DE S C
A O N F I A N Ç A H G
V F A E MA Y WD I Y WU I MA R M C I S L O
B I R
A R I T AÇ A OP E D Y R MA N I L Y E X
E V E N MO G I M AG Y V E D A G R A P O MU
Q Y O U Y A WT O L E R A N C I A B U
MA G E M
I J Y A ME Y I D AY D G E R Y C D T
O Y E A B
R
Conclusão
Cada um de nós tem seu jeito próprio: dons, talentos, carismas e também de-
feitos, manias, gostos diferentes. Fazemos opções diferentes; gostamos de coisas
diferentes, pois somos diferentes e isto é uma riqueza. Como Paulo recomenda
que a comunidade pratique a humildade e reconheça o valor de cada um, assim
nós devemos também reconhecer cada pessoa – na sua diferença – como um dom
de Deus na nossa vida, sem preconceitos ou intolerâncias.
3º Encontro
Texto: Am 7,10-17
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Viram como é nervoso o profeta Amós?
• Quem ficou irritado com a profecia de Amós?
• O que Amasias disse a Amós?
• Amós se deixou intimidar? Como ele reagiu?
Aprofundamento
- Quem era Amós? Amós era um homem simples, do campo, que cuidava de
vacas e cultivava sicômoros para alimentá-las. Sicômoro é uma espécie de fi-
gueira selvagem, cujos frutos servem para alimentar o gado.
- Amós não tinha nenhum parente profeta. Naquele tempo era comum fazer
parte de uma família de profetas: pais, filhos etc. todos seguiam o caminho da
profecia. Amós não! Ninguém de sua casa tinha este ofício. Ele era um ho-
mem da roça. Mas coragem não lhe faltava. Ao saber que o povo do Reino do
Norte (Israel, cuja capital era Samaria) estava aprontando poucas e boas, ato-
lados na idolatria, Amós saiu do Sul (reino de Judá, capital Jerusalém) e foi
para o Norte profetizar para seus irmãos.
- Houve quem não gostasse da profecia de Amós, é claro, principalmente os
poderosos como o sacerdote Amasias que estava instigando o povo à adora-
ção de outros deuses. Mas Amós enfrenta até as autoridades religiosas; ele –
um zero à esquerda, um ilustre desconhecido – não se intimida: fala o que tem
que falar; faz o que tem que fazer. Quando advertido pelo sacerdote Amasias,
Amós se enche ainda mais de coragem e atrevimento e anuncia uma porção
de ruínas para Amasias.
- Há grandes vantagens em ser um profeta corajoso como Amós, mas há um
preço a pagar. Quase sempre, quem é muito corajoso também é muito irrita-
do, muito nervoso, fala o que vem na boca, magoa as pessoas, faz coisas das
quais pode se arrepender depois.
- Vejamos como Amós é tenso. Ele xinga as mulheres da Samaria de “vacas de
Basã” (cf. 4,1). Basã é um lugar. Acostumado com suas vacas teimosas lá em
Tequa, onde morava, Amós compara as mulheres da Samaria com um bando
de vacas bravas. Amós não mede as palavras; vai logo chamando as mulheres
de vacas. Ele não tem paciência para adverti-las com bons modos e carinho.
Amós despeja toda sua irritação em cima de quem o provoca.
- Outro exemplo: Em meio a tantas possibilidades de profetizar, Amós vai ado-
tar um estilo direto e veemente de pregação. Em vez de chamar o povo para
um diálogo amável, Amós avança. É bem verdade que aquela gente não que-
ria conversa, mas mesmo assim... Vejamos, por exemplo, Am 6,1-8. Amós é
duro e chega a falar que tem ódio do convencimento do povo do Norte. Fica
claro no texto o temperamento do profeta: colérico, com suas características:
decidido e corajoso, mas nervoso e irritado.
- Todo temperamento tem vantagens e desvantagens: virtudes e limites. O colé-
rico, por exemplo, tem a vantagem de ser decidido, de saber o que quer, de
tomar atitudes rapidamente, mas tem desvantagens: pode magoar os outros e
se magoar facilmente, tem dificuldades em negociar, é irritado e nervoso, di-
plomacia não é com ele.
- Como o colérico pode lidar com suas características e como tolerar essa ira
que invade o seu coração? Não é fácil. Uma pessoa irascível – que fica nervo-
sa à toa, com raiva das pessoas – carrega dentro de si um leão sempre pronto
a atacar. É preciso domar a fera todo dia. A gente doma hoje; amanhã ela já
perdeu toda a compostura e já está avançando de novo. Só Jesus com sua gra-
ça pode acalmar um coração assim. Só Jesus, manso e humilde de coração,
pode ensinar o colérico a mansidão e a doçura. Quem confia em Jesus entrega
a ele seu coração nervoso; pede a ele seu Espírito e começa vida nova. Isso
não quer dizer que a pessoa colérica vai receber uma graça como num passe
de mágica. Não! Todo dia, ela vai ter que domar o leão de novo. É um exercí-
cio para a vida toda. Com o passar do tempo, este leão pronto para atacar o
outro acaba sendo domesticado. Mas é preciso lembrar: ele não é um cordei-
rinho; é só um leão domesticado. Melhor não descuidar.
- Se por um lado o colérico é um perigo, por outro, sua vida é um dom. Seu
espírito de liderança, sua capacidade de mobilizar, sua coragem e intrepidez
são muito úteis e importantes. O colérico não teme dizer a verdade, não recua
na hora do aperto, não cruza os braços na hora do trabalho. O jeito, então, vai
ser incentivar suas virtudes e minar as forças de seus defeitos. Para quem
convive com o colérico, melhor aprender a relativizar seus ataques de ira.
Depois destes momentos, ele sempre repensa sua raiva e vem todo arrependi-
do recomeçar a amizade.
- Vejam só como foi útil o temperamento colérico de Amós; não é qualquer
profeta que daria conta da missão que ele recebeu. Ele poderia ser um pouco
mais gentil e diplomático? Certamente! Mas vamos admitir que a situação
não estava muito para diálogo; estava mais para um ataque surpresa. Foi o
que fez Amós e, mesmo com os limites da vida, cumpriu bem sua missão.
3. ATIVIDADE
- Dividir a turma em grupos e repartir a seguinte história. Pedir que leiam, reflitam
e respondam as questões propostas.
Questões:
• O grande desafio de quem tem um temperamento colérico é justamente este:
controlar-se para não se machucar e muito menos machucar os outros. Va-
mos conversar sobre isso?
• Você concorda que o temperamento colérico tem muitas vantagens? Quais as van-
tagens? E quais os prejuízos?
• Alguma vez você já ficou com raiva e saiu ferindo os outros?
• O que você faz para controlar a raiva e não avançar em quem está à sua frente?
Conclusão
Certamente as virtudes do colérico têm grande utilidade. Num grupo de pes-
soas, o colérico sempre tem destaque e tira o grupo da pasmaceira. Mas sua pre-
sença também pode causar transtornos, provocar tumultos. Nada como a força do
Espírito de Deus para equilibrar as coisas: com a graça de Deus toda ira e cólera
podem ser acalmadas e todo dom pode ser potencializado.
- Para saber mais sobre Amós, confira o site fiquefirme, na página de bíblia, em
“livros bíblicos” (http://www.fiquefirme.com.br/#!livro-bblico9/cy8z).
- Explicamos no aprofundamento que Amós era um profeta do Reino do Sul, mas
que pregou no Norte. Vamos entender melhor isto. No governo de Salomão (fi-
lho de Davi – 930 aC), o povo ficou muito irritado com seu rei. Salomão cobrava
impostos muito altos de sua gente para pagar as belas construções e outros em-
preendimentos que ele fazia. Salomão construiu o templo, o palácio, as muralhas
da cidade... Salomão contratou sábios para recolher a sabedoria de seu povo e
registrá-las, organizou o exército... Tudo isto custou muito para o povo, que sub-
sidiava todos estes gastos. Tendo morrido Salomão, reinou Roboão, seu filho. E
Roboão caiu na bobeira de fazer ainda pior que seu pai. O povo se revoltou e
quis melhores condições de vida. Roboão não cedeu, logo o povo dividiu o reino
em dois: no Norte, Israel, capital Samaria; no Sul, Judá, capital Jerusalém. Amós
era do sul (Tequa), mas atuou no Norte.
- O que era ser profeta? Muitas vezes imaginamos que um profeta é um vidente,
um homem que adivinha o futuro, pois tem conexão direta com Deus. Nada dis-
to! Um profeta é um homem do seu tempo, com seus limites e forças, como
Amós. A diferença é que ele é um homem atento aos sinais dos tempos, uma
pessoa que – por causa da sua comunhão com Deus – presta atenção em tudo e,
em nome de Deus, se põe a anunciar sua palavra e a denunciar o que há de erra-
do. Veja só Amós: ele não adivinhou nada; não previu o futuro; não ouviu a voz
de Deus nem viu sua face, a não ser como experiência de fé. Amós era um pobre
de um vaqueiro lá da roça e é como tal que ele se põe a servir a seu Senhor. Ca-
da um deve se pôr a serviço do reino do jeito que é; com limites e possibilidades,
com qualidades e defeitos.
- No texto de Amós, vimos que ele lança mão das chamadas invectivas. Uma in-
vectiva é uma investida contra alguém; quase uma praga que se roga – não para
o mal, é claro, mas para o bem – com o objetivo de despertar a pessoa de sua ar-
rogância e fazê-la cair na real. Amós usa e abusa das invectivas. Seu texto é
cheio de “ais”: ai dos ricos; ai dos que não cuidam do povo... Não se assuste o
catequista com esse gênero literário que aparece em outros profetas como Mi-
quéias ou até nos Evangelhos “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!”.
- Cada pessoa nasce com um temperamento. Isso é hereditário. Não é a gente que
escolhe. Mas, ao aprender a lidar com o nosso temperamento, construímos um
jeito de ser, valorizando os pontos positivos que todo temperamento tem e pro-
curando lidar de modo inteligente com as fraquezas de cada temperamento. É a
personalidade: uma mistura do que herdamos, o temperamento, e do que faze-
mos dele. Esse esforço pessoal, tarefa de cada um, cria o que nós chamamos de
caráter. O caráter não é herdado. Este, a gente constrói. Por isso, ninguém é mar-
cado só pelo temperamento, mas pelo seu caráter. A personalidade é o resultado
da interação entre essas partes.
4º Encontro
JEREMIAS: O PROFETA
MELANCÓLICO
Partilha
• O que Jeremias diz sobre o dia em que nasceu?
• O que ele gostaria que tivesse acontecido consigo, ainda no útero materno?
• Você acha estranho que Jeremias se comporte assim?
• O que pensar desta crise de melancolia de Jeremias? Será falta de fé?
Aprofundamento
- Jeremias viveu no tempo do exílio. O exílio foi uma experiência dolorosa: muita
gente da terra de Judá (reino do Sul, capital Jerusalém) foi deportada para a Babi-
lônia, quando o grande rei da Babilônia, Nabucodonosor, invadiu Jerusalém e
subjugou o povo. Nabucodonosor levou a elite de Judá para trabalhar para ele,
para construir suas cidades, enriquecer seu país e também para evitar que o povo
se organizasse e se revoltasse contra ele depois do seu domínio.
- Toda a força de trabalho foi deportada. Gente habilidosa para o comércio, arte-
sãos, intelectuais, pessoas da corte... Nabucodonosor deixou um resto em Judá:
pobres, doentes, pessoas menos cultas e que não simbolizavam perigo para a Ba-
bilônia; gente que ele pensava que não daria trabalho, não se organizaria contra
ele, etc. Entre essas pessoas que ficaram, chamadas remanescentes de Judá, estava
Jeremias: um pobre coitado, melancólico, com tendências ao desânimo.
- Mas Jeremias surpreendeu: diante da crise, surgiu uma coragem enorme e lide-
rou seu povo, deu-lhe esperança com sua pregação, estimulou a confiança no Se-
nhor etc. Só que, à medida que Jeremias foi crescendo no seu ministério, os pro-
blemas foram aumentando. E alguns poderosos quiseram acabar com ele. Jeremias
foi perseguido e preso (cf. Jr 18,18-23; 20,1-6). O temperamento de Jeremias não
ajudou nesta hora. Se fosse Amós, ele rodava a baiana, fazia e acontecia. Mas
Jeremias deprimiu e quis a morte e se pôs a maldizer o dia em que nasceu.
- A melancolia de Jeremias e o seu desejo de fugir da vida não invalidam seu mi-
nistério, ao contrário, elas o engrandecem, pois mostram como o profeta – apesar
de suas dificuldades e limites – serviu o Senhor com fidelidade.
- Vamos ver o que o profeta melancólico disse:
• Maldito o dia em que fui gerado: quando a vida está difícil, a primeira
tendência do melancólico é dizer: “Pra que eu nasci? Eu não devia ter nas-
cido. Eu não pedi pra nascer”. Normal isso. Não sabendo o que fazer, o
melancólico lamenta a sorte e o faz começando pelo seu nascimento.
• Maldito quem a meu pai deu a notícia que o alegrou tanto: não basta
lamentar ter nascido, o melancólico lamenta também quem se alegra com
sua vida. Para ele, a vida não parece motivo de alegria; então, se alguém se
alegra com seu nascimento, esse também é um coitado que está equivoca-
do sobre a vida, pensa ele.
• Que tal pessoa sofra como as cidades que o Senhor destrói sem com-
paixão: além de maldizer quem se alegrou com seu nascimento, o profeta
ainda lhe roga uma praga. Quer que tal pessoa sofra na pele as dores que
ele mesmo está sentindo. É que o melancólico acha estranho que alguém
seja otimista e veja a vida com bons olhos. Parece que a pessoa não sofre,
não tem problemas... mas não é isso. O que acontece é que esta pessoa vê a
vida de forma diferente de quem tem muita melancolia.
• Por que minha mãe no útero não me matou? Jeremias lamenta sua vida
e acha a sorte de um aborto melhor que a sua. Quem foi abortado não ex-
perimentou as dores desta vida. Parece que ele teve sorte melhor que Je-
remias, cuja vida é só sofrimento, dor e perseguição.
• Para que fui sair do ventre de minha mãe; só para ver tristeza e afli-
ção? Jeremias não vê nada de bom na vida. O melancólico é assim: na ho-
ra da dor, esquece-se rapidamente das alegrias e só vê o sofrimento presen-
te. Na hora da crise, Jeremias esqueceu-se de tudo de bom que já tinha vi-
vido, da força de Deus, da amizade dos companheiros, das vitórias con-
quistadas... Jeremias olha para si e se sente um coitado, uma vítima e fica
cheio de autopiedade.
- A autopiedade não é boa conselheira. Ela tem memória curta e é egoísta. Faz
com que nos sintamos uns coitados, só pensemos em nós mesmos, nas nossas
dores e angústias, e não nos deixa recordar tudo de bom que já vivemos.
Além disso, ela nos amarra no momento da dor e não nos deixa projetar o fu-
turo. Isso é muito perigoso. Se na hora da dificuldade, nós nos fecharmos em
nós mesmos nos sentindo a pior pessoa da terra, sem nada de bom para recor-
dar, sem nada de bom para esperar da vida, o que vai prevalecer é o desejo de
morrer. Foi o que aconteceu com Jeremias. Mas Deus vai socorrer Jeremias e
ele vai recomeçar cheio de ânimo e coragem.
- Se, por um lado, o melancólico tem uma tendência a mudar facilmente de
humor e a desanimar, seu temperamento também lhe reservas boas virtudes.
O melancólico é reflexivo, pensativo, por isso fala pouco “pra não dar bom
dia a cavalo”, como diz o dito popular. Mas, quando fala, quase sempre já re-
fletiu bastante e sabe o que está falando. Além disso, o melancólico costuma
ser um amigo fiel, dedicado, virtude que todos nós procuramos em compa-
nheiros, colegas, namorados e amigos. Veja só o caso de Jeremias. Passada a
crise maior, assumiu com destemor sua missão e não abandonou seus amigos
na solidão. Não só amparou e acompanhou seus amigos que não foram exila-
dos, mas também apoiou os irmãos exilados, mandando-lhes uma carta muito
bonita para que eles ficassem fiéis a Deus. E mais, o melancólico costuma ser
caprichoso, faz tudo bem feito, tendo até o risco do perfeccionismo. Se ele
usar suas características a seu favor e a favor de quem o rodeia, terá muitos
amigos e dará boa contribuição a seus companheiros, como aconteceu com
Jeremias.
- O temperamento do melancólico facilita a angústia, a autopiedade e a melan-
colia. Mas é preciso distinguir a melancolia, própria deste temperamento, da
tristeza ou da depressão. A melancolia é uma tendência ao pessimismo e ao
desânimo, mas que podem ser vencidas com um pouco de esforço. É só lapi-
dar o temperamento melancólico. Já sabendo de suas tendências, o melancóli-
co deve ficar atento para não sucumbir e desanimar. A tristeza é um senti-
mento doloroso, mas frequente e natural. Todo mundo fica triste em algum
momento: na hora da doença, da morte, da separação das pessoas amadas...
Mas esta tristeza desparece com o tempo. Passados alguns dias ou meses, a
vida volta ao normal. Aprendemos a lidar com a dor, e a alegria volta a reinar
em nossos corações. A depressão é algo bem mais sério. É uma doença. A
pessoa deprimida está tão triste, mas tão triste, que não tem forças pra nada,
às vezes, nem para se levantar, para se arrumar, para tomar banho, para comer
ou para trabalhar. A depressão exige tratamento médico: é falta de uma subs-
tância no cérebro, a serotonina. Para vencer a depressão, às vezes será preciso
tomar medicamento, além de fazer tratamento psicológico, exercícios físicos
como caminhada, natação etc. Ninguém se iluda, achando que depressão é
falta de fé: é falta de serotonina. A fé não tem nada a ver com isso. Pessoas de
fé também se deprimem, adoecem como todo mundo. Há padres com depres-
são, pessoas muito santas deprimidas. Depressão não é coisa do diabo ou au-
sência de Deus. É doença que exige cuidados, e uma família que tem alguém
deprimido dentro de casa sabe como é ela dolorosa, não só para o doente mas
para todos.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, colocamos duas opções de atividades. O catequista veja com a a
turma o que é melhor.
Sugestão 1
- Repartir com a turma um caça-palavras e pedir que cada um encontre pala-
vras que sirvam de motivação para a gente superar as dificuldades da vida,
sem deixar-se dominar pela melancolia. Sugerimos as seguintes palavras: ale-
gria, coragem, entusiasmo, motivação, força, superação, otimismo, gratidão,
paciência, vontade.
C F T I B- U X
P O NL C O N WQ R A T E B X
I S C O R A GA E M E N Ç A V R S M V WJ U W
D A R U F G UN E MU ML U R U O O I D A D
A B E X E Y MT J KÇ V E J U P Ç N ME W I
WE S A N G AU E VX U G O Ç E X T P A MD
R P E C O MC S I T F O R Ç A R H A L I Y E
T T Q U A C I I Ç UK V I Y Ç A Y D I G U X
B R S K Ç E XA A Ç I MA WI Ç N E C R M
X I
S R C U I Z AS U S G I M N D A M I
A A A G U
X A M J Y WO M O T I V
A A Ç A O Q A N T A H
V F A E MA YO D I Y WU I MA RI M C I S L
B I O
A T I MI S M OM O D Y R MA N I D Y E
E V E N MO G I M AG P A C I E N C I A O M
Q Y O U Y A WT I L E R A Y C I A B U
MO G E
I J Y A ME Y I D AY D G E R Y C D T
O Y E A
R
Sugestão 2
- Repartir o texto seguinte com a turma, dividida em grupos, para que leiam e
reflitam sobre as questões propostas.
O pote rachado
Um carregador de água levava consigo dois potes grandes, pendurados um
em cada ponta de uma vara que ele trazia sobre os ombros. Um dos potes, porém,
tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito.
Ao chegar ao destino final, o pote rachado estava apenas com a metade da
água nele colocada, enquanto o outro pote estava cheio. O pote perfeito se ufanava
de seus méritos. Ele não desperdiçava água como o outro. Enquanto isso, o pote
rachado se entristecia e lamentava sua rachadura, sem saber o que fazer.
Cheio de vergonha de si mesmo, o pote rachado se pôs a reclamar com o seu
dono. E dizia: “Eu não quero mais transportar água. Eu sou um pobre pote racha-
do! Eu não tenho valor; sou um pote defeituoso, desperdiço a água. Eu nem deve-
ria existir. Por que você, meu dono, não me descarta e usa apenas o pote perfeito?
Por que não me joga fora, no lixo? Ou então, deixe-me esquecido num canto, pois
não tenho utilidade alguma”.
Mas o dono do pote, o carregador de água, respondeu: “Ora, da próxima vez
que formos à fonte buscar água, quero que observes bem o caminho”.
No dia seguinte, o carregador de água tomou os dois potes e lá se foi para o
poço buscar água. Qual não foi a surpresa do pote rachado, quando viu que havia
muitas e lindas flores pela estrada, justamente do lado que ele passava.
Foi então que o carregador lhe disse: “Estas flores que estão enfeitando o
caminho são obra sua. Sendo um pote rachado, deixou escapar a água e fez o vale
florescer. Se você não fosse do jeito que é, essas flores não existiriam. E são elas
que enfeitam não somente o vale, mas a casa em que moramos. Você, pote racha-
do, também tem muito valor”.
Questões:
• Que lição tiramos dessa história para a nossa vida?
• Como lidar com nossos defeitos e fraquezas, sem nos dominar pela
melancolia?
Conclusão
Na hora da angústia, o melancólico precisa fazer memória dos bons momen-
tos, alimentar-se da alegria passada e cultivar a esperança. Ninguém pode viver o
momento presente, achando que ele é o único da sua vida, ainda mais quando este
momento não é bom, não é prazeroso. Se não vemos perspectivas, tomamos deci-
sões precipitadas, cansamos da vida, queremos morrer. Se olhamos apenas para
nossas rachaduras, ou seja, para nossos fracassos e derrotas, esquecemo-nos das
coisas boas que somos capazes de fazer. Se nós nos lembramos apenas das triste-
zas da vida, o desânimo vem e nos dá uma rasteira, fazendo-nos desistir de tudo,
inclusive da vida. Foi o que aconteceu com o profeta Jeremias, vaso rachado mas
muito útil nas mãos de Deus. Ainda bem que Deus veio em seu socorro. O profeta
pode sentir a força do amor de Deus e se recuperar, continuando sua vida e sua
missão. Cada um de nós, especialmente os mais melancólicos, lembremo-nos de
que não estamos sós. Deus está conosco em toda angústia e sofrimento. Por isso
tudo passa, até a dor mais profunda. É só ficar firme e não desanimar.
5º Encontro
Texto: Is 40,1-11
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Qual a principal mensagem deste texto de Isaías?
• O que Isaías promete ao povo?
• Que significa “todo vale será aterrado, toda montanha rebaixada”?
• Por que Isaías confia tanto se sabe que “toda a carne é como a erva”, ou
seja, se sabe que todo ser humano é frágil como uma plantinha indefesa?
• O que ele manda avisar do alto da montanha para todo mundo ouvir?
• Que imagem ele usa para falar do cuidado de Deus com seu povo?
Aprofundamento
- Isaías era um homem confiante e conseguia ver a mão de Deus em tudo. Ao con-
trário de Jeremias que se punha a chorar e desesperava na hora da crise, Isaías
mantém a esperança acesa, mesmo quando tudo vai mal.
- Tem gente que tem esse dom, essa capacidade de não se desesperar, de não de-
sanimar, de confiar mesmo na hora mais difícil. Tem gente que consegue até rir
da própria desgraça e fazer dela motivo de crescimento. Isaías parece ser assim.
Todo seu texto é permeado de esperança e luz e quase não se vê uma palavra de
lamentação ou cólera no seu livro. Até o sofrimento mais cruel lhe parece opor-
tunidade para crescer. É o caso dos cânticos do servo sofredor. Vendo o sofri-
mento do povo, Isaías cria um personagem, o servo sofredor, para dizer que é
possível ser fiel nas angústias. Cf. dicas para o catequista.
- Isaías tem tanta capacidade de lidar com as coisas difíceis da vida que, diante da
idolatria, considerada como um pecado grave, ele ironiza. Ele é um comediante;
faz sátira até das coisas mais sérias. Se fosse Amós gritava e esperneava, rogava
pragas e xingava. Se fosse Jeremias, lamentava e chorava a sorte, querendo de-
sistir de tudo, achando que não tinha mais solução para o caso. Isaías ri, faz go-
zação e confia que dias melhores virão.
- Outro exemplo de sua confiança e bom humor é o modo como ele vê Ciro, o rei
da Pérsia. Ciro seria um inimigo, pois não pertence ao povo hebreu e vinha do-
minando todas as gentes. Quando Ciro avançou com suas tropas, Isaías se ale-
grou. Viu em Ciro a possibilidade de ficar livre de Nabucodonosor, rei da Babi-
lônia. Mesmo sendo inimigo, Ciro pode ser um ungido; um enviado de Deus pa-
ra tirar o povo das mãos de Nabucodonosor, pensava o profeta. Isaías tem espe-
rança e acredita que algo bom vai acontecer; ele pensa otimistamente; vê tudo
com bons olhos.
- Vejamos como o bom humor e a confiança de Isaías transparecem no texto que
lemos:
• Isaías traz uma mensagem de consolação e ânimo (v. 1). Quando todo
mundo está tomado pelo desânimo, ele ainda confia e acredita.
• Ele anuncia o fim do exílio: “o cativeiro terminou; a culpa foi apagada” (v.
2).
• E manda que a mensagem seja anunciada a todos: “rasgai estrada para nos-
so Deus” (v. 3). Isaías confia que Deus está agindo e vai proporcionar con-
dições para os exilados retornarem para sua terra natal.
• Seu otimismo transparece no texto: “Todo vale será aterrado” (v. 4). Ou se-
ja: vai dar tudo certo, vamos vencer nossas dificuldades.
• Sua confiança em Deus é visível: “Todos verão que foi o Senhor quem fa-
lou” (v. 5). Até quem já desanimou, já perdeu a esperança, vai saber que
Deus cumpre o prometido.
• Apesar de esperançoso e otimista, Isaías não é um iludido. Ele sabe da rea-
lidade humana e de sua fragilidade: “Toda carne é como a erva” (v. 6), ou
seja, todo mundo é frágil e está sujeito a quedas.
• Isaías não espera em vão, espera em Deus, pois confia em suas promessas:
“A palavra de nosso Deus permanece para sempre!” (v. 8); Deus cuida de
seu povo como um pastor de seu rebanho (v. 11).
- Isaías não perde o ânimo nem a confiança. Esta é uma das vantagens do tem-
peramento sanguíneo: vê tudo com bons olhos, não se irrita com nada, diverte-
se mesmo na desgraça, confia que dias melhores virão. Tudo indica que Isaías
tinha muito de sanguíneo. Mas e os defeitos? E os limites? Bom, todo tempe-
ramento tem seu lado frágil: o sanguíneo às vezes, é meio iludido; não se irrita,
mas irrita os outros com seu humor excessivo, com sua cabeça fresca; seu jeito
brincalhão parece avacalhação, falta de seriedade diante dos problemas. Com
isso, quem está perto do sanguíneo se irrita às vezes, especialmente se for colé-
rico; se for melancólico, fica chateado com tanta alegria e animação. Como o
sanguíneo leva a vida na brincadeira, algumas vezes tem atitudes irresponsá-
veis, decide tudo no calor das emoções e acaba se dando mal. Além disso, é tão
extrovertido e acostumou-se a ficar cercado de gente que tem problemas de
concentração e também tem dificuldades para enfrentar a solidão. Outro pro-
blema é que o sanguíneo se torna doutor em começar as coisas e deixá-las ina-
cabadas. Imediatista, ele começa tudo sem planejar as atividades e isto pode ser
ruim para ele e para os outros que o cercam. É preciso tomar cuidado para que
o bom humor e a alegria do sanguíneo não se transformem em irresponsabili-
dade e falta de compromisso.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, duas sugestões de atividades. O catequista veja com a turma a que
lhe parece mais conveniente
Sugestão 1
-Dividir a turma em duplas e pedir que resolvam a palavra-cruzada abaixo.
1) Figura criada por Isaías para falar sobre o sofrimento e a fidelidade do po-
vo (servo sofredor)
2) Título que Isaías dá ao exílio (cativeiro)
3) País para onde o povo foi exilado (babilônia)
4) Uma das mais marcantes características do sanguíneo (alegria)
5) Nome do rei que deportou o povo a Babilônia (Nabucodonosor)
6) Nome do rei da Pérsia que Isaías vê como um ungido de Deus (Ciro)
7) Outra característica importante do sanguíneo (confiança)
8) Atividade exercida por Isaías (profecia)
9) Prática cometida pelo povo de Deus e muito condenada por Isaías (idola-
tria)
S
A
N
G
U
I
N
E
O
Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos de 5 pessoas e pedir que façam um cartaz com uma
mensagem de alegria e esperança para algum grupo sofredor do momento, como
fez Isaías com o povo exilado na Babilônia. Podem ser pessoas que são vítimas
de doenças, de catástrofes como enchentes, tsunamis, quedas de avião, incêndio,
exploração sexual, etc.
- O catequista deverá distribuir pincel, tesoura, cola, revistas, jornais etc. O cartaz
poderá conter figuras ou desenhos e frases.
- Ao final, cada grupo fará breve exposição de seu trabalho para os demais.
Conclusão
O temperamento de uma pessoa sanguínea tem vantagens e desvantagens
como qualquer outro. Tudo vai depender de como a pessoa lida com os traços de
seu temperamento. Isaías usou sua alegria e confiança para animar e amparar o
povo sofrido e sua mensagem não ficou esquecida. Até hoje a gente lê o que ele
ensinou e se sente animado com suas palavras. A alegria e a confiança de Isaías
mostram que alguém de um temperamento assim tem muito a contribuir. Mas
melhor não abusar na dose de humor. Muito humor pode virar deboche, sarcas-
mo, gozação. E muita alegria e esperança podem virar alienação. Tudo na dose
certa!
6º Encontro
Texto: Ez 37,1-14
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que Ezequiel vê?
• O que o Senhor manda Ezequiel fazer?
• Ezequiel se desespera com o que vê? Como reage?
• O que significam os ossos secos que Ezequiel vê?
Aprofundamento
- O texto que ouvimos relata uma visão de Ezequiel. O que é uma visão? Não é
algo que o autor viu mesmo, como se vê alguém diante de nós ou a estrada na
qual caminhamos. Uma visão é o relato de uma experiência religiosa. O autor
teve uma experiência de Deus. Falar de Deus nem sempre é fácil. Transmitir
o que experimentamos quando nos encontramos com Deus é tarefa quase im-
possível. As palavras não dão conta de dizer o que vivemos, o que sentimos, o
que aconteceu dentro de nós. Então falamos por comparação.
- Ezequiel compara sua experiência e de sua gente com um campo cheio de os-
sos. “Credo”, alguns podem pensar, “que coisa estranha!”. Mas não. O relato
é cheio de beleza e encantamento.
- Ezequiel vê um campo cheio de ossos e ossos secos. Para os hebreus, os ossos
são símbolo da força, da essência da pessoa, pois eles são a última coisa que
se decompõe quando ela morre, são seu sustentáculo.
- Ezequiel vê um monte de ossos e bem secos, num lugar desértico. Isso signi-
fica que a vida já se foi há muito tempo, que a esperança já morreu, que a
chance de vida já se esvaiu. Quando Ezequiel vê isso, era para ele desesperar,
descabelar, rasgar as vestes e chorar como Jeremias. Mas não. Ezequiel fica
impassível. Diante da pergunta do Senhor se os ossos poderiam reviver, Eze-
quiel devolve a Deus a responsabilidade. “Senhor, tu é que sabes”. Ezequiel é
inteligente. Sabe que humanamente é impossível que os ossos revivam. Mas
sabe também que Deus é fiel e sua força ultrapassa a medida da fraqueza hu-
mana. Mesmo quando parece que tudo morreu, mesmo quando parece que o
fim chegou, ficou uma essência, ficou um resto de esperança.
- Então Deus manda Ezequiel profetizar. Ezequiel obedece simplesmente: não
questiona, nem lamenta. Faz o que Deus manda. E, à palavra de profecia de
Ezequiel, os ossos começam a se juntar, a formar carne, nervos e músculos...
Mas ainda faltava o sopro da vida. Os ossos ganharam corpo, mas não tinham
vida. Ainda depois da profecia de Ezequiel, eles estavam mortos. Eram cadá-
veres estirados no campo.
- Deus manda Ezequiel profetizar de novo e agora sim o espírito anima os cor-
pos antes inanimados. Eles se põem de pé, pois de pé deve estar o povo de
Deus que ele ergue do monturo, que ele refaz com sua força.
- Ezequiel vê tudo isso, ouve o Senhor, obedece sua palavra. Nenhuma discus-
são, nenhuma interrogação, nenhum obstáculo à ordem do Senhor. Nem entu-
siasmo demais, nem raiva, nem ironia, nem lamentação nada, apenas tudo vê
e se adapta à situação. Ezequiel demonstra uma tranquilidade, um equilíbrio
diante da vida que causa inveja na maioria das pessoas. Então Deus manda
Ezequiel dizer ao povo que aqueles ossos são todas as pessoas cuja fé e espe-
rança já fraquejaram. Ezequiel não desanima diante do desânimo do povo.
- Ezequiel é bem assim; fleumático, capaz de adaptação, de fazer mudanças...
Antes de ir para o exílio, Ezequiel era sacerdote. Ele era filho do sacerdote
Buzir (cf. Ez 1,3). Mas Ezequiel foi exilado, deportado com o povo. Lá na
Babilônia não tinha o templo nem a liturgia com a qual Ezequiel estava acos-
tumado. Ele perdeu seu ofício, sua profissão; seu mundo se desmoronou junto
com o templo que foi destruído por Nabucodonosor. Mas Ezequiel não deses-
perou. Ficou tranquilo e confiante e achou saída para a crise. Se um sacerdote
não tinha o que fazer no exílio, um profeta tinha muito serviço. Foi aí que
Ezequiel começou a profetizar, por necessidade.
- Ezequiel mostra que é preciso saber lidar com as situações mais adversas sem
se abalar. Assim é o fleumático: adapta-se a toda situação; cria logo um plano
B quando vê o plano A falir. Para o fleumático, nada como um dia depois do
outro. Sua tranquilidade lhe dá condições de enfrentar a vida com suas tribu-
lações. Quase sempre ele é muito bem educado, pacífico, não se ira, não grita,
não agride. E ele acaba achando um jeito para tudo, até para a desgraça.
- Mas nem tudo são flores para o fleumático. Esse temperamento tem também
suas desvantagens. O fleumático parece não ligar pra nada, parece meio in-
sensível, sofre calado e sozinho e isso, muitas vezes, é irritante para quem
convive com ele. Quando o circo pega fogo e todo mundo corre, o fleumático
está lá, pronto pra ver. Com isso, ele se queima algumas vezes. Sua tranquili-
dade vira indiferença ou resignação. Ele não é do tipo que vai à luta como o
colérico. Não luta muito pelo que quer, espera um pouco que as coisas ve-
nham até ele e, com isso, perde muitas oportunidades. É adepto da lei do me-
nor esforço; com isto torna-se egoísta e acomodado. Ele adora a rotina e de-
testa ter que liderar um grupo, mandar nas pessoas etc. Ele percebe o ambien-
te, mas dificilmente se oferece para fazer mudanças. O fleumático é da paz,
não gosta de brigas, evita discussões, mas isso é meio irritante às vezes. Vai
ser preciso aprender a lidar com seu temperamento e reagir para não cair no
comodismo, nem se encostar tranquilamente em alguém mais forte.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, há duas sugestões. O catequista veja o que é mais conveniente.
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras. Dois a dois, os catequizandos
deverão encontrar 10 vantagens (liderança, coragem, alegria, confiança, otimismo,
tranquilidade, fidelidade, paciência, bom humor) e 10 desvantagens (ira, tristeza,
melancolia, gozação, indecisão, mau-humor, raiva, comodismo, letargia, imedia-
tismo) de cada temperamento (colérico, melancólico, sanguíneo e fleumático),
identificando-as com os respectivos temperamentos.
L I D E R AN Ç AL C D T I R A T E B X C E B D A
S X B R A L I ME N T E R S MV R J U WX I Z I M
P R O F G E * E MU R T A M O X I D A D Q Z A M O
A E M E Y GT J KÇ A E N A U Ç C S E WD R T Y E P
C S * C O R A G E MN R Q U X O T A M I E G Q D R
I E H
A O MI X I T F Q MU * H ME L A N C O L I A
E Q U
C A C AE Ç * K U I I H R Y O Z F U D N Z Ç A I
N S M Ç E X Z A Ç I I N LI U N D A R M X E B A D T V
C C O N F I A N Ç A L A I MMA I A A G C Z Ç V I A
I M R Y WO I O T I I Ç D O Q S N M A I C A E S A
A C O N Z I E X Ç A D A A R R I MA C I S S E O C MM
I O
A T I MI S MOMA O D MA O M I D Y A C A Q O R
V E * MO G I V AG D A E E N C I A O O A X O E V
Y E S P R R A N Ç I E A X I L E T MA R G I A E Z T
F I D E L I D A DE D G Z Y C D T O Y E A Y O L P W
E R P
- Fazer, ao final, um cartaz ou escrever no quadro as virtudes e defeitos dos diver-
sos temperamentos, assim:
Colérico: liderança, coragem, determinação; ira, raiva.
Melancólico: fidelidade; mau-humor, tristeza, melancolia.
Sanguíneo: bom-humor, confiança, otimismo, alegria; gozação, imediatismo.
Fleumático: tranquilidade, paciência, indecisão, letargia, comodismo.
- Explicar que os temperamentos não são algo quimicamente puros: normalmente
uma pessoa é 50% colérica e 50% sanguínea, por exemplo. Ou 90% sanguínea e
10% fleumática. E assim por diante.
Sugestão 2
- Distribuir lápis e papel para cada catequizando. Pedir que eles escrevam suas
principais características: positivas e negativas. Depois, cada um tente descobrir
qual tipo de temperamento acha que tem, lembrando que uma pessoa pode possuir
mais de um temperamento (tipo assim: 40 um e 60% outro)
- Terminada a tarefa individual, formar duplas. Mostrar para o colega o que escre-
veu e ver se ele concorda com a análise feita. Lembrar que nem sempre nos en-
xergamos tão perfeitamente. O outro pode nos revelar algumas facetas de nós
mesmos que não conhecemos.
- Ainda em duplas, rezar uns pelos outros pedindo a Deus que ajude cada um a
superar suas fraquezas e a crescer nas suas virtudes.
Conclusão
Um temperamento é algo inato, ou seja, nascemos com ele. É uma carga ge-
nética que carregamos desde o ventre materno. Mas ninguém está condenado a ser
escravo de seu temperamento. Daí a importância da formação do caráter da pes-
soa, da educação que ela recebe e de sua própria vontade de mudar. A personali-
dade de alguém é uma soma de características já herdadas e de outras que adqui-
rimos ao longo da vida. É a resultante de um processo trabalhoso e árduo, como a
lapidação de um diamante. Todo temperamento é um diamante bruto; precisa ser
polido, lapidado. Só assim mostrará seu verdadeiro valor.
7º Encontro
NINGUÉM É ESCRAVO DE SI
MESMO
1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL
- Receber a turma com carinho.
- Cantar músicas animadas de acolhida. Que tal cantar também a número 15?
- Criar clima de oração. Fazer o Sinal da Cruz ou cantar Em nome do Pai.
- Motivar: “Durante nossos encontros, estamos refletindo sobre a presença
amiga de Jesus que nos ajuda a crescer, que nos faz ser melhores e mais feli-
zes. Ele estende para nós a sua mão e nos auxilia em todas as nossas dificul-
dades. Ele nos ajuda a conhecer a nós mesmos para que saibamos lidar com
nossas fraquezas e forças. Na caminhada de nosso crescimento e busca da
maturidade, contamos com a parceria de Jesus. Ele é nosso amigo e está co-
nosco neste processo”.
- Cantar a música número 14, lembrando que nunca estamos sozinhos.
- Convidar a turma para fazer preces espontâneas, pedindo a Jesus que esteja
sempre conosco, nos amparando e dando forças para crescermos cada vez
mais no conhecimento de nós mesmos. As preces podem ser do tipo: “Ajuda-
nos, Senhor, a reconhecer nossas fraquezas”. Trocar “reconhecer nossas fra-
quezas” por outra expressão, tal como “confiar que somos capazes de vencer
obstáculos” ou “lidar com nossas perdas” etc. Depois que cada pessoa tiver
feito sua oração livremente, todos repetirão: “Vem nos ajudar, Jesus!”.
- Cantar de novo a música acima.
Texto: Gl 5,16-25
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Qual a recomendação primeira de Paulo?
• O que significa a expressão “desejos da carne”?
• Quem está sob o influxo do Espírito não está mais sujeito à Lei, diz Paulo.
Que Lei é esta?
• Quais os frutos da carne? Quais os frutos do Espírito?
Aprofundamento
• Paulo nos exorta – ou seja, corrige, admoesta, aconselha – a nos deixar sempre
guiar pelo Espírito e a não satisfazer os desejos da carne (v. 16). Deixar-se guiar
pelo Espírito significa viver com uma força a mais que a força da natureza hu-
mana; significa contar com a força de Deus que é bem maior que a nossa. Os de-
sejos da carne são as vontades de nossa natureza frágil, nosso temperamento
com suas fraquezas. No caso do colérico, os desejos da carne são a vontade de
avançar nos outros, a facilidade de irar-se e perder a compostura. Para o melan-
cólico, o desejo da carne é lamentar e chorar as tristezas da vida. Para o sanguí-
neo, os desejos da carne levam-no a ignorar a seriedade que a vida exige e a le-
var tudo na brincadeira. E o fleumático, se seguir sua carne, protela as decisões,
acomoda-se e não toma jeito na vida. Mas quem tem o Espírito pode vencer suas
tendências negativas e superar todas estas coisas.
• No v. 17, Paulo fala que o que o espírito e a carne desejam coisas contraditórias.
As fraquezas do colérico levam-no a irritar-se e magoar-se com os outros; o Es-
pírito leva a perdoar e a ser misericordioso. As fraquezas do melancólico levam-
no a ver tudo sombrio e triste e achar que a vida é uma droga; o Espírito leva-o a
criar forças e a superar as angústias, olhando com otimismo a vida. As fraquezas
do sanguíneo levam-no a enrolar a vida e não tomar nada a sério; o Espírito aju-
da-o a ser responsável e a tomar decisões na hora certa. As fraquezas do fleumá-
tico levam-no ao perfeccionismo e a viver na lei do menor esforço; o Espírito
ajuda-o a conviver com os limites e a superar toda inércia.
• Quem é conduzido pelo Espírito não está sob o jugo da Lei, ou seja, não faz as
coisas porque é obrigado, mas porque o Espírito o move a viver de outra forma
(v. 18).
• Paulo enumera algumas obras da carne: quinze ao todo e ainda deixa a lista em
aberto (v. 21). Para ele quem vive assim não vai herdar o Reino de Deus, o que
significa que esta pessoa não vai viver feliz, não terá vida plena.
• Quanto aos frutos do Espírito, Paulo enumera nove (v. 22-23), que é três vezes
três. Ou seja, quem tem esses frutos tem uma vida ajustada e feliz, pois o núme-
ro três significa equilíbrio, plenitude.
• Para Paulo, quem pertence a Jesus já não vive sob o jugo destas coisas, como se
vivesse sob o jugo da Lei (v. 24-25). A lei da natureza, ou seja nosso tempera-
mento com suas fraquezas, pode ser uma lei mais pesada que a Torá. Ela pode
nos oprimir, nos subjugar, arrancar nossa alegria. E a presença do Espírito pode
nos libertar e nos dar vida plena.
3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Convidar a turma para fazer um caça-palavras.
- Distribuir os caça-palavras para as duplas, pedindo que descubram os frutos
do Espírito (amabilidade, alegria, autocontrole, bondade, amor, paciência,
paz, lealdade e mansidão) e os frutos da carne (imoralidade, bebedeira, idola-
tria, inimizades, invejas, discórdia, feitiçarias, ira, impureza, facções, devas-
sidão, orgias, intrigas, ciúmes, contendas), citados por Paulo na Carta aos Gá-
latas.
A M A B I L I D AD E D Z I M O R A L I D A D E A
S A B A A
R L A M E N T E T D M V R J U M X I Z I C
P N O L G E A E MU R T U O B X I D A M
P Q I A M O
A S M E Y G U J KÇ A C D L
U E C F E WU R N Y E N
C I * G O R T G L M N R E A B O A V I R A T Q D T
I D H
A R MI O I E F Q N V T E M C A A E C R L I E
P A C I E N C I AK U I A R D O Ç S U Z N I Ç A N
A O M A E X O A L I I K S I E D O S M
X A B G O C D
Z C E N F I N N DA L A S A
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A E I T I Ç A R I A
I M R Y WO T O AM O R I O R S S D A I C S G U S
A C O N Z I R X DA D A D R A
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A C A S S E O I M M
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A T E MI O M E M A O A D D I
M S C O R D I A E R
V E * MO G L V AG D A O E N C I A O O A X S S V
B O N D A D E N Ç I E A X I N I M I Z A D E S Z T
F X D E Q I D I DE D G H Y C D T
O Y I N V E J A S
E R P
Sugestão 2
- Dividir a turma em dois grupos para fazer uma gincana. A brincadeira consistirá
no seguinte. O catequista sorteia o grupo que deverá iniciar. Dentro de uma ces-
tinha, o catequista terá diversas perguntas. Um membro da equipe tira uma per-
gunta; o catequista lê e a equipe deve responder imediatamente (tempo máximo:
10 segundos). Se o grupo acertar, ganha 10 pontos. Se errar, perde a vez e a
mesma pergunta vai para o grupo oponente. Se o grupo acertar, ganha 5 pontos e
terá direito à próxima pergunta. Se errar, terá apenas direito à próxima pergunta
e não perde ponto algum. A vez passa para outra sempre que não acertar a per-
gunta que sorteou.
- Questões propostas:
• João e Luiz se desentenderam por causa de um jogo de bola. João, domi-
nado pela raiva, ficou cego e passou logo pra agressão e Luiz ficou fazen-
do gozação. Qual é provavelmente o temperamento de João? (colérico).
• Joana é uma menina inteligente, mas vive meio triste. Era seu aniversário e
ela planejou uma festa; preparou tudo criteriosamente quando, por um
azar, houve um imprevisto e a festa teve que ser adiada. Joana ficou incon-
formada e quis morrer. Por mais que a consolassem e dissessem que a fes-
ta seria daí a uma semana, ela não se deixou conformar. Qual é provavel-
mente o temperamento de Joana? (melancólica)
• Martinha tem 12 anos e adora rir e brincar. Onde ela chega, ninguém fica
mais triste. Mas ela é meio enrolada. O grupo de estudos do qual ela parti-
cipa marcou para fazer o trabalho bem na hora que ela podia, mas ela não
apareceu no horário combinado. Quando todos já estavam desistindo de
esperar, ela chegou com o maior sorriso se desculpando. Qual é provavel-
mente o temperamento de Martinha? (sanguíneo)
• Quando José e Carlos discutiram por causa das piadinhas de Carlos, José
deu as costas e saiu sem dar resposta; achou a piada de tal mau gosto que
nem merecia ser retrucada. O grupo que assistia achou estranho ela não
partir para a pancadaria. José simplesmente disse: “Deixa ele pra lá. Não
tô nem aí pra ele” e seguiu sua vida. Que temperamento parece que José
tem? (fleumático)
• Cláudio é um artista, tem muitos dons, mas vive triste achando que não sa-
be fazer nada. Tudo que ele faz, acha feio e quer melhorar. Que nome da-
mos a isto? (perfeccionismo)
• Como se chama o rei que exilou o povo para a Babilônia? (Nabucodono-
sor)
• Qual o nome da religião do povo politeísta que morava em Canaã e cujo
símbolo era a serpente? (baalismo)
• Qual o nome do profeta nervosinho e resolvido que saiu de Tequa e foi
profetizar no Reino do Norte (Amós)
• Qual o nome do profeta esperançoso que não perdeu a paz quando foi exi-
lado junto com o povo, nem perdeu a esperança na hora da angústia? (Isaí-
as)
• Quem é o profeta que disse que o povo de Israel era como ossos secos?
(Ezequiel)
• Que nome é dado às características de nossa personalidade com as quais
nascemos e que nos acompanham por toda a vida? (temperamento)
• Cite três frutos do espírito e três frutos da carne elencados por Paulo na
Carta aos Gálatas.
Conclusão
Nossa vida nem sempre é fácil. Há muitas tristezas e dores que independem
de nós; são fatalidades da vida, acidentes, problemas diversos que nem sempre
fomos nós que procuramos. Se somamos a ela as fraquezas de nossos tempera-
mentos (frutos da carne), ela fica bem mais difícil ainda. O Espírito de Deus que
habita em nós pode nos ajudar a tornar a vida mais leve e mais tranquila. Se nos
deixamos guiar pela força de Deus, os problemas – apesar de persistirem – são
mais facilmente superados. Buscar os frutos do Espírito não é uma imposição,
mas a melhor possibilidade para nossa vida.
2ª etapa
8º Encontro
CELEBRAÇÃO
PREPARAÇÃO
- Preparar um altar: mesa, toalha, flores, vela e uma bíblia.
- Levar uma jarra com água, uma bacia e toalha.
- Preparar um grande e bonito coração de papel material para fixá-lo em lugar
bem visível.
- Levar crachás com o nome dos catequizandos.
- Ensaiar bem as músicas. Confira roteiro.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar um momento de confraternização. Apesar do trabalho, vale a pena
investir nesses momentos de comunhão fraterna, onde todos lancham e con-
versam à vontade.
1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma, colocando em cada catequizando um crachá com seu
nome. Estando todos reunidos, motivar a celebração, dizendo: Ami-
gos, durante esta etapa da catequese refletimos sobre os temperamen-
tos, suas forças e fraquezas, e conversamos sobre os caminhos para
superar nossas limitações. Vimos que temos traços positivos que nos
fazem crescer e traços negativos que devemos superar. Jesus está co-
nosco nos ajudando neste trabalho de superação. Iniciemos com ale-
gria nosso encontro, cantando a música número 15.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nossa
fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D - Motivar: Estamos reunidos aqui para lembrar que somos pessoas es-
peciais, cheias de valor e muito amadas por Deus. Ele nos guarda no
seu coração e cuida de nós com carinho. Para lembrar esse amor de
Deus por nós, vamos receber um coração e vamos colar nele os nossos
nomes. Que fique bem certo: Deus tem nosso nome gravado sem eu
coração. Somos pessoas muito amadas por ele. Enquanto fazemos a co-
lagem, cantemos a música número 3.
- Em seguida, convidar para louvar a Deus por seu amor: Irmãos, agra-
deçamos a Deus por seu amor e amizade, cantando a música de louvor
número 12.
D - Oremos: Ajudai-nos, ó Deus de amor, a aperfeiçoar nosso jeito de ser
para que, renascidos pela força do vosso Espírito, possamos amar e
servir o vosso Filho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Es-
pírito Santo.
T - Amém.
2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se sentar e se acalmar para ouvir a Palavra de
Deus. Cantar a música número 2.
- Comentar: Por meio de sua Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo
lembra a comunidade de corinto que todos que estão em Cristo são
nova criatura. Assim também nós, irmãos, mortos para os pecados,
renascemos para uma vida nova em Jesus, nosso amigo. Ouçamos
atentos.
L - Proclamação da Carta de Paulo aos Coríntios - Ler na Bíblia.
2Cor 5,14-17
C - Convidar a turma para dois a dois partilhar a leitura.
- Dar um tempo para que conversem livremente sobre a leitura pro-
clamada.
D - Concluir:
“Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura”, lembra o
apóstolo Paulo. Hoje nos alegramos por receber esta bela notícia: Todos
nós podemos nos renovar sem cessar. Apesar de termos um temperamen-
to com traços característicos, não somos escravos de nada nem de nin-
guém; Cristo nos libertou e sua força nos renova a cada dia. Não importa
se somos nervozinhos, calmos ou tranquilos, coléricos ou engraçados,
melancólicos e ou de bem com a vida. Todos nós podemos ser renovados
pela força da fé em Jesus ressuscitado que caminha conosco e nos esten-
de sua mão. Quando aderimos à fé cristã pelo batismo, fomos sepultados
com Cristo na sua morte e renascemos com ele para uma vida nova. As-
sim, cada um assuma as rédeas de sua vida e tenha coragem: há muito a
fazer. Temos longo trabalho de interiorização e conhecimento de nós
mesmos que precisa ser realizado. Temos possibilidades mil de renova-
ção e recomeço. Basta nos abrirmos para a ação amorosa de Jesus e aco-
lhermos a força que ele nos oferece para toda superação.
C - Cantar a música número 4.
3. RITO DE RENOVAÇÃO
C - Convidar a turma para fazer preces a Deus, pedindo sua ajuda para
ser nova criatura, pedindo forças para deixar para trás o homem ve-
lho e seus maus hábitos. Após cada prece, todos dirão: “Renova-me,
Senhor Jesus!”.
- Senhor, vem nos ajudar a compreender as fraquezas de nosso tempe-
ramento e nos esforçar para superá-las.
- Senhor, vem nos ajudar a desenvolver nossos dons e nossas qualida-
des, colocando-as a serviço dos irmãos.
- Senhor, pela força do teu Espírito, ajuda-nos a sermos novas criatu-
ras.
- Senhor, ajuda-nos a superar todo desânimo e a fazer todo esforço
para cada dia mais melhorar e crescer.
- Ajuda-nos a compreender as fraquezas de nossos irmãos, assim co-
mo desejamos que compreendam e tenham paciência com nossas
fraquezas.
- Senhor, lava-nos de nossas faltas e purifica-nos de nossas culpas,
para que possamos, com a força de teu amor, ter chance de recome-
çar.
D - Convidar a turma para fazer o ritual da lavação. Cada catequizando
vai até o altar, onde deverá ter uma bacia e uma jarra com água. O
catequista despeja água nas mãos de cada um para que se lavem.
Enquanto isso, cantar a música número 18.
- Terminada a lavação, erguer os braços para o alto e rezar juntos:
“Renova-me, Senhor Jesus, com a força do teu Espírito. Ajuda-me a
recomeçar meu caminho, abandonando as fraquezas que me fazem
cair e apegando-me aos dons que o Senhor mesmo me deu. Uma
nova chance eu quero ter de recomeçar, de aprender a amar. Ajuda-
me, Senhor. Amém!”.
- Se for, oportuno, cantar a música número 18.
4. RITOS FINAIS:
D - Convidar a turma para dar as mãos e rezar o Pai-Nosso.
- Oremos: Ajudai-nos, ó Deus de amor, a nos renovar sem cessar,
despojando-nos da velha criatura que não sabe bem viver e nos re-
vestindo da nova criatura em Cristo, que é mais livre e mais feliz.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
T - Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar para o próximo encontro
D - O Senhor esteja conosco!
T - Ele está no meio de nós.
D - Abençoe-nos o Deus misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito
Santo.
T - Amém!
C - Encerrar cantando à vontade e, depois, fazer a confraternização.
Terceira Etapa
Trabalhando as emoções
Na aventura pelo mundo misterioso que somos nós, na viagem interior
à procura de nós mesmos, não poderia faltar ocasião para conversar sobre o que
sentimos, sobre as emoções que nos invadem. Esta etapa vai ajudar os catequizan-
dos a lidar com suas emoções. Normalmente, os adolescentes e jovens têm difi-
culdade para compreender o que sentem. E tudo o que sentem é muito intenso e
parece definitivo. Se amam, amam demais e creem que esse amor é eterno. Se
odeiam, odeiam intensamente e acham o perdão impossível. Ódio, amor, raiva,
angústia, alegria... emoções que povoam os corações juvenis e bagunçam suas
cabeças. Esta etapa pretende conversar sobre essas emoções e ajudar os catequi-
zandos a perceberem que emoções são próprias da vida, pois como canta Roberto
Carlos “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. As emoções
mostram que estamos vivos e aptos ao relacionamento.
Certamente, porém, não basta sentir emoções. É preciso saber lidar
com elas. As emoções devem estar sob controle, devem ser domesticadas, ou ofe-
recem perigos para nossa vida. Uma pessoa cujas emoções afloram intensamente,
sem o menor controle, está sempre sujeita a decisões impensadas, a atitudes pri-
márias das quais pode se arrepender depois. Daí a importância de falar sobre isso,
de conversar livremente e sem tabus sobre as emoções que sentimos.
Mais uma vez, o ponto de partida da conversa é a Palavra de Deus. Os
textos bíblicos vão provocar o bate-papo, mas ele é só o pontapé inicial. A con-
versa deve fluir livremente, sem entraves, deixando os adolescentes à vontade
para falar do que sentem e como vivem. Esse diálogo aberto pode ser libertador.
1º Encontro
Partilha
• Qual a primeira atitude do salmista quando contempla a vida e o mundo?
• Ao olhar a lua e as estrelas, o salmista se admira. Sua admiração é só pela
beleza da criação ou tem algo mais?
• Para o salmista, o ser humano é comparado a quem?
• Para ele, de que o ser humano está pleno?
• Segundo o salmista, que lugar o ser humano ocupa na criação?
• Como termina o salmo? Ou seja, ao olhar para o ser humano, qual a atitude
que brota no coração do salmista?
Aprofundamento
- O Salmo 8 é um belo exemplo do modo positivo como as pessoas de fé veem
a vida, os seres humanos e a si mesmo. Ver a vida com bons olhos é muito
importante, apesar das dificuldades que a vida apresenta. Ver as pessoas com
bons olhos é fundamental para boa convivência e bom relacionamento entre
todos. Ver cada um de nós como obra maravilhosa de Deus é condição para
viver em paz com a gente mesmo, sem dramas, sem traumas, sem angústias...
- Ao ver que nós somos uma obra maravilhosa de Deus e que a vida humana é
um dom incomparável, o salmista agradece a Deus, eleva a ele seu louvor.
Nasce no seu coração uma atitude de gratidão, que o ajuda a viver mais ple-
namente.
- Para o salmista, toda a criação é bela; mas o ser humano é ainda mais perfei-
to, mais bonito, mais completo. Ele é “pouco menor que um deus”, ou seja,
dentre toda a criação, o ser humano é que se assemelha a Deus: é capaz de
amar, de decidir, de se responsabilizar... afinal, é imagem e semelhança de
Deus.
- O modo como nos vemos , a imagem que temos de nós mesmos, é algo muito
importante. Se nos vemos como um dom de Deus, cuidamos bem de nós, da
nossa saúde, dos nossos afetos, do nosso corpo e de tudo que nos envolve. Se
sabemos que somos a obra prima de Deus, não vamos querer estragar e de-
formar esta obra maravilhosa que Deus fez. Vamos viver dignamente e sem-
pre agradecidos por tudo que ele fez e faz por nós. Se, ao contrário, achamos
que não somos nada e que a vida é uma droga, então nossa atitude será bem
outra.
- Uma visão distorcida de nós mesmos pode trazer sérios problemas. A fé cristã
pode ajudar a corrigir isto. Ela nos mostra que somos seres maravilhosos,
imagem e semelhança de Deus. Mas mostra também que não somos deuses.
A fé nos ajuda a achar o equilíbrio e a viver bem. Nem uma imagem distorci-
da para mais, que nos leve a pensar que somos maravilhosos, imbatíveis, su-
perpoderosos... nem uma imagem distorcida para menos, que gere em nós
complexos, angústias, desvalorização e temores... Somos maravilhosos, disse
o salmista, mas podemos ser absurdos, tresloucados, inconsequentes, adver-
tem outros textos da Bíblia.
- Na jornada da vida, podemos cultivar alguns traumas e angústias que chegam
a deformar a verdadeira imagem da gente e nos trazem doenças e prejuízos
diversos. É o caso de alguns distúrbios como bulimia (a pessoa come compul-
sivamente e depois vomita), anorexia (a pessoa não come quase nada por se
achar gorda), síndrome de pânico (a pessoa fica descontrolada por qualquer
situação, mesmo que esta não apresente nenhum perigo), complexo de inferi-
oridade (a pessoa se acha feia e sem talentos, diminuindo-se diante dos ou-
tros) e outras doenças.
- Essas doenças precisam de tratamento. Não se vence o complexo de inferiori-
dade só com bons conselhos, nem a bulimia ou anorexia são vencidas apenas
com informações. Nestes casos, é importante receber ajuda médica, de psi-
quiatra, de psicólogo e, muitas vezes, será preciso tomar medicação, além de
receber apoio da família, dos amigos, fazer terapia, ginástica, caminhada...
- Ninguém se envergonhe caso precise de terapia. Neste mundo agitado e com
mudanças tão rápidas, praticamente todo mundo precisa deste recurso para fi-
car inteiro, sem maiores angústias. É isso ou vamos ser um caco, sempre
ajuntando os restos que sobraram. Essas doenças psiquiátricas podem advir de
angústias do passado, de traumas, de violências sofridas, de abandonos. Todo
mundo deveria ter a chance de se tratar e se cuidar. E quem não precisa disto
não é melhor do que quem precisa. Todo mundo é obra maravilhosa de Deus
e esta obra deve ser tratada com amor e cuidado. Mas nem sempre é assim.
Alguns foram mais poupados pela vida, tiveram uma infância mais feliz ou
têm uma estrutura mais forte e não se quebraram tanto. Que bom! Que esten-
dam a mão a quem precisa! Quem ficou mais marcado pela vida, levante a
poeira e dê volta por cima. Busque ajuda, não sofra tanto mais. Há bons re-
cursos hoje para ajudar quem se encontra com esses males. E isso não dimi-
nui ninguém; ao contrário, engrandece, pois mostra a coragem de ir à luta pa-
ra ser livre e feliz como é desejo de Deus.
- De novo uma advertência: essas angústias psicológicas ou doenças psiquiátri-
cas não significam falta de fé ou de confiança em Deus. São doenças, como
diabetes, câncer, úlcera, pressão alta ou gripe. Todo mundo adoece mesmo:
uns mais, outros menos. Mas é próprio do ser humano sofrer esses males, pois
a vida humana é mesmo complexa e dolorosa. Só Jesus para nos ajudar a dar
conta de ser livre e feliz. Esta não é uma tarefa fácil!
3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e repartir o texto abaixo, pedindo que leiam e
reflitam, respondendo as questões que seguem.
Questões:
• Você concorda que o ser humano é maravilhoso? Fale sobre isso.
• O que você acha da lista que o aluno fez. Para ele, as capacidades hu-
manas são as verdadeiras maravilhas do mundo. Você concorda?
• Além das sete maravilhas que o aluno elencou, faça uma lista com ou-
tras coisas maravilhosas que podemos fazer.
Conclusão
O salmista, encantado com a maravilha da vida, agradeceu, a Deus especi-
almente pela beleza do ser humano. De fato, a vida é bela e um dom maravilhoso
que deve ser cultivado. Mas o fato de a vida humana ser maravilhosa não a impe-
de de ser sofrida, cheia de angústias e males. Talvez por causa disso ela seja mes-
mo tão preciosa. Sua fragilidade mostra que ela precisa de cuidados especiais.
Todo mundo precisa de cuidado para ser feliz. Ninguém se envergonhe se a vida
lhe parece um peso; se não consegue ter esta atitude otimista do salmista que diz:
“Que maravilha, meu Senhor, sou eu!”. Esta atitude vem com o tempo, se a gente
se cuida, se trata e cura as marcas do passado. Daí a importância da fé cristã. Ela
pode ajudar; ela é força pra viver, pois sabemos que não enfrentamos a vida sozi-
nhos: Deus está conosco.
2º Encontro
VENCENDO OS COMPLEXOS
Partilha
• Conforme a Carta de João, o que é que vence o mundo? Você concorda
que a fé vence o mundo?
• E os mandamentos de Deus, são pesados para quem nele crê e confia?
• Segundo João, o que é amar a Deus? Como podemos saber que o amamos
de fato?
Aprofundamento
- Este texto da Primeira Carta de João fala sobre a importância da fé para vencer
os atropelos da vida. Nossa vida tem muita coisa diferente do que a gente ideali-
zou. Nós gostaríamos de ser mais inteligentes e nem sempre somos tão inteligen-
tes assim. Gostaríamos de ter um corpo mais sarado e esculpido e ele nem sem-
pre é tão perfeito assim. Sonhamos ter uma saúde de ferro e ela é frágil e nós vi-
vemos com muitas debilidades do corpo, tendo que ser felizes dentro dos limites
que as condições da vida impõem. Então, a fé pode ajudar. E muito. Por meio da
fé, a gente começa a entender a beleza da vida, nos limites que ela impõe.
- Mas o que é a fé e qual seu papel? A fé pode ser dita em dois níveis: a fé-desejo
e a fé-adesão. A fé-desejo é aquela força que move a gente a seguir sempre em
frente, a querer sempre mais, a superar as dificuldades, a enfrentar os desafios.
Todo mundo tem, de alguma forma, esta fé; ela independe da crença, da religião;
ela está ligada à vida e não à profissão de fé. A fé-adesão é a resposta que da-
mos a Deus, quando percebemos sua presença em nossa vida e entendemos que,
na sua companhia, com sua força, a vida fica mais bonita, ganha mais sentido.
- A fé-desejo é muito importante, mas a fé adesão é determinante para nós cris-
tãos. É desta fé que João está falando na sua Carta. João escreve para sua comu-
nidade, animando-a a vencer todos os obstáculos por meio da fé cristã, ou seja, a
confiança de que Jesus está vivo e ressuscitado junto de nós. Ele sabe que quem
dá sua adesão a Deus tem uma força a mais para superar seus problemas, pois a
boa-nova de Jesus é força pra viver; seu amor é uma injeção de ânimo para nossa
vida; sua presença nos revigora.
- Quem tem só a fé-desejo já tem uma mola propulsora que o anima, mas quem
tem a fé-adesão tem um trampolim que o projeta ainda mais para frente. Quem
adere a Jesus não se sente mais só; não se entrega ao desânimo; não se deixa
abater, apesar das dificuldades que enfrenta. Quem tem fé-adesão, ou seja fé
cristã, sabe que não conta só com sua força para vencer seus complexos, suas
angústias etc. Conta com a força de Jesus, o Filho de Deus. Quando cremos em
Jesus e aderimos ao seu projeto, nascemos de novo: morrem o desânimo, o medo
e a tristeza, não porque eles deixem de existir, mas porque a força que Deus nos
dá por meio de Cristo é bem maior.
- O evangelista João fala que a vitória que vence o mundo é a fé. O mundo para
João não é uma coisa ruim, como se fosse coisa do demônio. O mundo, neste ca-
so, é a nossa história com suas mazelas e dores. Nossa história, se não for bem
trabalhada, pode adquirir o sentido negativo de mundo: o inimigo de Deus, aqui-
lo que se opõe a seu reino. Se a gente se deixa levar pela história em vez de con-
duzi-la com a força de Deus, ela pode nos arrastar para caminhos tortuosos. Daí
a importância da fé, especialmente da fé-adesão. Se já aderimos a Cristo, já so-
mos vitoriosos com ele; já morremos para o pecado e todo mal e já nascemos pa-
ra uma vida nova. É bom lembrar que, se o mundo é perigoso e ameaça nossa
vida, ele também é belo e oferece boas oportunidades. A nossa história mesmo,
certamente tem mazelas, mas admitamos, também tem coisas boas e isso não
pode ser esquecido.
- Ninguém está isento de males. Todo mundo tem angústias, um espinho na carne
como disse o apóstolo Paulo. Todo mundo tem traumas, todo mundo tem triste-
zas. Se a gente lida bem com o corpo, não lida bem com a questão intelectual. Se
lida bem com o lado intelectual, deixa afetos mal resolvidos para trás. Se admi-
nistra bem os afetos, mesmo assim pode não se dar bem na questão profissional.
E assim vai. “Uns tem o pé torto; outros têm o chinelo furado”, diziam os anti-
gos. Uns tem a saúde frágil, outros tem a inteligência mediana. Uns tem uns qui-
los a mais, outros tem chatices difíceis de suportar. E assim vai. Mas é bom lem-
brar: dá pra ser feliz mesmo assim. Dá pra amar e ser amado sem ser perfeito.
Dá pra viver feliz, mesmo com nossas imperfeições e tristezas. Se a gente tem
qualquer limitação que seja, tanto física, intelectual ou moral, mesmo assim dá
pra ser feliz. É só não deixar isso virar um trauma, um complexo, um fator limi-
tante na nossa vida. Não podemos esperar ter o corpo de uma modelo internaci-
onal ou a inteligência de santo Agostinho ou a simpatia do papa Francisco para
ser felizes e aceitos pelos outros. Devemos buscar a aceitação, começando por
nós mesmos, na superação dos complexos.
- Os complexos só atrapalham a gente. Eles nos deformam diante de nós mesmos.
Muitas vezes somos inteligentes, mas nos achamos burrinhos. Outras vezes, so-
mos fortes e bonitos e nos vemos totalmente sem graça, sem atrativo. Em alguns
casos, somos talentosos, sabemos escrever, cantar, pintar, dançar, tocar, falar em
público... mas não notamos nossos próprios dons. Não sei por que temos a pés-
sima mania de nos diminuir, de nos depreciar. São os complexos! Outras vezes,
a situação é bem outra: somos frágeis, com limitações visíveis, todos as perce-
bem, menos nós. Nós nos achamos o tal, o cara, o bom. Isso também não é legal!
De novo os complexos deformando a imagem que temos de nós mesmos.
- A fé em Cristo pode ajudar. A fé nos esclarece, nos anima, nos motiva. Ela serve
de espelho: ajuda a gente a se conhecer e a superar esses complexos. Quando nos
sentimos grandes, orgulhosos, vaidosos, arrogantes, e olhamos para Jesus, para o
seu amor, para a sua grandeza, entendemos a nossa pequenez e desconfiamos
que não somos nada. Ele sim é maravilhoso. Ele é o homem perfeito, o homem
total, inteiro, que, por sua fé, sempre se refez depois de cada pancada que levou
da vida. A fé lhe deu forças para tudo vencer e tudo enfrentar.
- O contrário também vale. Quando nos sentimos abatidos, sem forças, sem valor,
sem atrativos, sem beleza, sem capacidade alguma, a fé nos lembra de nosso va-
lor. Lembra que temos muitos dons, que somos filhos queridos de Deus, amados
por ele, amparados por seu amor e seu carinho. Isso nos dá força e corrige a
ideia deformada que temos de nós. Por isso são João fala da importância da fé.
Esta consciência do amor de Deus, esta certeza de que somos seus filhos ama-
dos, nos ajuda a bem viver, a superar muitos males e traumas. Certamente, além
da fé, outras coisas poderão contribuir para vencer esses males, como terapia,
bons amigos, boa convivência familiar, esportes, artes e outras coisas e até me-
dicamentos, em alguns casos. Mas uma certeza temos: a fé não pode faltar, ela é
força pra viver.
3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos.
- Distribuir o poema abaixo. Pedir que leiam e comentem.
- Depois, em plenário, partilhar o que acharam do poema. Dizer se ele tem algo a ver
com o tema do encontro de hoje.
História de amor
(Gui Gui gago e Linda estrábica)
Foi do desencontro
De um certo par de olhos
Que o amor se apaixonou.
Primeiro ele a viu
E ela duplamente o viu
Ouviu seu desconserto de palavras
E o acerto
Daquele bom concerto
Si...silábico.
Amaram-se.
Porque o amor dispensa
A previsível língua
E óbvios olhos.
Sugestão 2
- Se o poema anterior for muito adulto para a turma, sugerimos trocar pelo poema
abaixo, certamente mais apropriado.
Viva a diferença
3º Encontro
Texto: Mc 3,1-6
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Onde estava o homem da mão seca? O que é uma sinagoga?
• Que dia era? Qual o problema de ser sábado?
• O que Jesus disse para o homem? Para onde Jesus o levou?
• O que Jesus perguntou aos fariseus? Quem são os fariseus?
• O que eles responderam? Como Jesus se sentiu diante da reação deles?
• O que Jesus fez, então?
• O que os fariseus decidiram fazer depois disso?
Aprofundamento
- Jesus está na sinagoga, território dos fariseus. Os fariseus são homens estuda-
dos, pessoas que conhecem as Escrituras Judaicas; são uma espécie de profes-
sores de teologia, que ajudam o povo a conhecer a Torá, a Lei que regulamen-
ta suas vidas.
- Na sinagoga se lê a Escritura, se reza etc. Tem uma liturgia em torno da Torá.
A Torá é muito importante para eles; ela deve ser cumprida. Para cumprir a
Torá, os fariseus fizeram 613 mandamentos; com proibições e obrigações.
Uma das obrigações mais severas era a de guardar o sábado, ou seja, no sába-
do não se podia fazer quase nada; o tempo deveria ser usado para descansar e
ir à sinagoga estudar a Torá. Por isso no sábado era proibido trabalhar. Para
garantir que ninguém trabalharia, havia uma listinha de atividades proibidas
para o sábado, por exemplo, carregar coisas, colher ou quebrar espigas etc.
- Um homem doente era uma pessoa discriminada, por isso estava no canto da
sinagoga. Jesus o chama para o meio. A vida vale mais que as regras, os pre-
conceitos, as convenções.
- Jesus pergunta aos fariseus para que serve o sábado. Eles sabiam que a lei do
sábado foi instituída para proteger a vida humana, o descanso; para garantir o
direito à religião, à instrução religiosa, à família... Mas, apegados aos seus
costumes, os fariseus ignoram o que sabiam muito bem: a lei do sábado existe
para proteger a vida.
- Então Jesus se irrita. É preciso ter nervos de aço e coração congelado pra não
se irritar com hipocrisias. Jesus não só se irrita: o texto diz que ele sentiu ira e
tristeza. Uai, mas ira não é pecado? Não é um dos pecados capitais? (cf. dicas
para os catequistas). Mas, se Jesus não pecou, como pode ser isto? Jesus sen-
tiu raiva e sentir raiva não é pecado. Pecado é avançar nos outros; deixar a ira
nos dominar e fazer mal para quem está ao nosso lado na hora da ira. Jesus fi-
cou irado, mas fez o bem. Canalizou a emoção para uma coisa boa. Em vez
de avançar nos fariseus, fez o bem ao homem de mão seca. A ira é uma emo-
ção.
- Mas o que são as emoções? São sentimentos ou estados de espírito que se
manifestam diferentemente em cada pessoa e influenciam seu modo de agir.
Diante das circunstâncias da vida, cada pessoa sente impulsos diferentes.
Imaginemos uma cena qualquer: Uma reportagem na televisão mostra um
acidente com vítimas fatais. Ainda que várias pessoas assistam a mesma re-
portagem, elas não terão os mesmos sentimentos diante do fato: um sentirá
tristeza por tantas perdas; outro ficará possesso de raiva, por causa do descaso
das autoridades; outro sentirá medo, pois a vida lhe parecerá muito perigosa;
outra sentirá indiferença, pois não conhece ninguém envolvido no acidente
em questão.
- Há diversos tipos de emoções: ira, tristeza, medo, prazer, amor, espanto, nojo,
vergonha... Essas emoções costumam explodir dentro de nós e, quando a gen-
te menos espera, elas nos tomam de assalto. Quando isto acontece, quase
sempre nos arrependemos das atitudes que tomamos. Muitos crimes são resul-
tado da raiva descontrolada; muitos fracassos advêm da ansiedade; muita pa-
lavra indelicada vem do medo que gera agressividade... Mas as emoções po-
dem ser canalizadas e gerar boas coisas. Foi o que aconteceu com Jesus. Sua
raiva e tristeza foram colocadas a favor do sofredor. Essas emoções ajudaram
Jesus a ter coragem para enfrentar os poderosos e defender o fraco, pois emo-
ções são energia. Jesus usou suas energias para fazer o bem.
- Saber controlar as emoções e canalizar suas energias para o bem é uma virtu-
de que deve ser cultivada. É o que hoje a psicologia chama de inteligência
emocional. A inteligência emocional é a capacidade de lidar com as emoções
para resolver os problemas da vida, para tomar decisões, para discernir cami-
nhos. Mas o que é uma pessoa inteligente emocionalmente? É alguém que sa-
be se acalmar quando sente raiva, se conter quando está irritada, se controlar
quando sente medo, se motivar quando está triste, etc.
- Saber lidar com as emoções é muito importante para ser livre e feliz. Quem
perde a cabeça a toda hora, quem se deixa dominar pelas fortes emoções não
é livre nem feliz: é escravo das emoções, das circunstâncias, das intempéries
da vida. As emoções não são boas nem más. Elas são o que são, mas o modo
como lidamos com elas é determinante para a felicidade.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, sugerimos duas atividades. O catequista veja com sua turma qual é
a opção mais indicada para o encontro.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos para conversar sobre reportagens que descrevem
situações em que pessoas agem desastradamente sob o impulso descontrolado
das emoções, conforme pedido no encontro anterior. Os catequistas deverão
ter recolhido estas reportagens durante a semana, pois, caso alguns tenham se
esquecido da tarefa, não faltará material para o trabalho.
- Nos grupos, os catequizandos vão mostrar as reportagens e relatar o aconteci-
do, procurando identificar a emoção ou sentimento que desencadeou o pro-
cesso.
- Ao final, os grupos deverão partilhar entre si os casos mais curiosos e o cate-
quista fará breve apanhado, mostrando o perigo das emoções descontroladas.
Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos e repartir a estória “o lenhador e a raposa”. Pedir
que leiam e respondam as questões indicadas.
O lenhador e a raposa
Conclusão
Certamente as emoções são muito importantes. Quem não sente nada diante
das situações da vida está doente, incapaz de reagir e isso não é normal. É só ob-
servar como o sangue de Jesus ferveu diante da hipocrisia dos fariseus. Tomado
pela raiva e pela tristeza, ele reagiu imediatamente em favor do doente, curando-o
e defendendo-o. Mas Jesus não agiu inconsequentemente. Ele teve autocontrole.
Não saiu correndo de medo dos fariseus; não avançou neles saindo para a panca-
daria; não ficou chorando num canto e lamentando as injustiças da vida. Jesus foi
inteligente emocionalmente. Soube reverter a situação a seu favor e a favor do
desvalido. É assim que devemos ser: não como o lenhador da estória que ouvimos
há pouco, que avançou sobre a raposa sem nem sequer saber o que havia aconte-
cido. Devemos ser como Jesus: canalizar nossas emoções para o bem.
4º Encontro
Partilha
• Qual a principal mensagem deste texto?
• Você concorda com os conselhos que o autor do Eclesiástico dá?
• O que você pensa da ira? E do perdão?
Aprofundamento
- O texto que ouvimos fala sobre a ira, o furor, o ódio, o rancor. Logo no começo,
o autor vai avisando o que pensa destas coisas: “ira e furor são execráveis”. Uma
coisa execrável é algo que não presta pra nada, que não tem utilidade alguma e só
produz danos. Na verdade, o autor não está falando do sentimento de ira ou raiva,
está falando das consequências dessas emoções quando fogem ao controle. Qual-
quer pessoa de bom senso há de concordar com o que diz o Eclesiástico: ambien-
tes de ira e furor são muito desagradáveis; a ira angaria antipatia, causa mal-estar
no meio onde a gente vive e polui nosso coração.
- Para o Eclesiástico, “quem quer vingar-se encontrará a vingança do Senhor, que
pedirá contas de seus pecados”. Bom, nós já sabemos que Deus não vinga nem
castiga ninguém (cf. 6º encontro da primeira etapa do módulo 1). E já sabemos
também que, na cultura da Bíblia, tudo é atribuído a Deus. Mais ou menos como
hoje ainda: morre alguém, a gente diz “vontade de Deus”; um acidente, “Deus
quis assim”. Etc. Então, o que o autor quer dizer? Apenas que a vingança se volta
contra nós mesmos, que ela faz mal não só a quem é dirigida, mas principalmente
àquele que a pratica. A vingança não vale a pena.
- Por isso, o autor aconselha o perdão. Ele diz inclusive que quem perdoa alcança
também o perdão de Deus. Fácil de entender. Deus nos ama e nos perdoa sempre,
sem exigir nada em troca. Quando a gente é capaz de perdoar fica mais parecido
com Deus; fica mais aberto a acolher seu perdão e sua ternura. Quem tem dificul-
dade de perdoar os outros, quase sempre tem também dificuldades de perdoar a si
mesmo. Como poderia Deus nos perdoar se rejeitarmos o perdão? Então, quando
o texto diz que quem perdoa, quando fizer sua oração, terá seus pecados perdoa-
dos, esta não é uma fórmula mágica: perdoou-rezou-foi perdoado. Não se trata de
mágica, mas do fluxo normal da vida. O perdão abre as portas do coração para
acolher a graça que Deus nos oferece.
- O mesmo seja dito quanto à cura. Se a gente se trata, se cuida, faz terapia, vai ao
psicólogo, ao psiquiatra, ao médico, toma remédios etc., mas não abre o coração
para o perdão, fica faltando alguma coisa para a cura. O ódio e a ira envenenam o
coração. Que a ira venha de repente, a gente até entende. É um sentimento que
surge sem nossa permissão. Mas que ela se implante em nós e se torne desejo de
vingança, aí já é demais! De que adianta tomar remédio e fazer terapia e, depois,
se intoxicar de raiva e ódio? “A raiva abrevia os dias”, lembra Eclo 30,26. Quem
pensa no futuro, quem quer dias felizes, deve esquecer o ódio e abrandar seu cora-
ção com o amor. A ira é perigosa quando é mal administrada; pode traz prejuízos
irreversíveis. Melhor gastar energias se esforçando para cumprir os mandamentos
que gastar energia cultivando a ira e odiando.
- Mas o que é guardar os mandamentos? Guardar os mandamentos não significa
cumprir os 10 mandamentos. É muito mais do que isto. A expressão mandamentos
significa a Lei dos Judeus, a Torá. Melhor gastar energia na aprendizagem e na
prática da Torá, que gera a vida, do que desperdiçar forças odiando, que traz só a
morte. É questão de sabedoria.
- O perdão é o antídoto contra o ódio. Perdão não é sentimento como ira e raiva,
nem como tristeza e medo. Perdão é decisão. A gente perdoa quando decide per-
doar, pois sabemos que todos estão sujeitos a fraquezas e desventuras, até nós.
Para perdoar contamos com a graça de Deus: ele nos ama e nos perdoa sempre.
Seu amor é motivação para exercitarmos o perdão. Quando a gente perdoa al-
guém, é normal que nossos sentimentos e nossas lembranças insistam em nos fa-
zer recordar os momentos ruins que a gente viveu com essa pessoa. O perdão in-
depende dos sentimentos. O coração vai continuar sentido por um tempo; as lem-
branças vão persistir por um tempo. Mas, se o perdão já foi dado na tomada de
decisão de perdoar, tudo vai se ajeitando aos poucos. A cabeça vai esquecendo; o
coração vai se aquietando; pouco a pouco a paz volta ao coração.
3. ATIVIDADE
Estamos oferecendo duas opções. A primeira é assistir um filme com os catequi-
zandos: coisa nem sempre possível. O catequista deve discernir, dentro de suas
possibilidades, o que fazer.
Sugestão 1
- Caso a turma seja mais juvenil e o catequista tenha se organizado para ver
durante a semana o filme “Um dia de fúria” (classificação; 16 anos), aprovei-
te o momento da atividade para debater sobre ele. O ponto de partida da con-
versa pode ser as questões propostas abaixo.
Questões
• O que motivou o primeiro ataque de ira do protagonista do filme?
• Suas reações foram proporcionais aos desencontros enfrentados?
• Vamos lembrar os atos tresloucados que ele comete? Quais foram? Vocês
acham que os incidentes pelos quais ele passou justificam tais atitudes?
• O que há por detrás do ataque de ira? Quais os problemas que sustentam a
ira que o protagonista vinga em tudo e em todos?
Sugestão 2
- Convidar a turma para decifrar criptogramas.
- Distribuir a turma em grupos de duas ou três pessoas e entregar os criptogramas
para serem decifrados com a ajuda da legenda. Terminada a tarefa, cada dupla
partilha com as demais a frase encontrada.
- As frases serão as seguintes:
1) Ira e furor são coisas detestáveis.
2) A violência não vale a pena.
3) Não guarde ódio, pois a vida é curta.
4) Controle a raiva e viva feliz.
5) Raiva descontrolada faz grandes estragos.
6) O autocontrole é um grande bem.
7) Feliz aquele que controla sua ira.
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
1ª) 9+1 5 6]+*+ §1* 3*9§1§ 45=5§=1[59§
1ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
2ª) 1 [9*$5&391 &1* [1$5 1 (5&1
2ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
3ª) &1* 7]1+45 *49* (*9§ 1 [541 5 3]+=1
3ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
4ª) 3*&=+*$5 1 +19[1 5 [9[1 65$9{
4ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
5ª) +19[1 45§3*&=*$141 61{ 7+1&45§ 5§=+17*§
5ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
6ª) * 1]=*3*&=+*$5 5 ]% 7+1&45 25%
6ª)
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
7ª) 65$9{ )]5% 3*&=+*$1 §]1 +19[1
7ª)
Conclusão
Se o perdão faz bem e o ódio adoece, parece evidente que a gente escolha o
perdão. Os autores da Bíblia estão sempre preocupados com a vida, com a felici-
dade das pessoas, com a vida plena, livre e feliz. Por isso aconselham a não culti-
var raiva, a não guardar rancor, a não se alimentar de ódio, nem buscar a vingan-
ça. Nada disso torna a gente livre e feliz, ao contrário, só escraviza e adoece.
Salmo 23
A – O Senhor é meu pastor, nada me falta.
B – Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranquilas me conduz.
A – Restaura minhas forças, guia-me pelo caminho reto por amor de seu nome.
B – Se eu tiver de andar pelo vale escuro, não temerei mal nenhum, pois comigo
estás.
A – O teu bastão e teu cajado me dão segurança.
B – Diante de mim preparas uma mesa aos olhos de meus inimigos.
A – Unges com óleo minha cabeça, meu cálice transborda.
B – Felicidade e graça vão me acompanhar todos os dias da minha vida
A – E vou morar na casa do Senhor por muitíssimos anos.
B – Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,
A – Como era no princípio, agora e sempre. Amém!
- Encerrar cantando a música número 1.
Texto: Mc 4,35-41
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Onde estavam os discípulos e Jesus?
• O que aconteceu?
• Por que os discípulos sentiram medo?
• O que fizeram na hora do medo?
• O que Jesus lhes disse?
• E depois, o que fez Jesus?
• O que os discípulos perguntaram uns aos outros ao ver a tempestade acal-
mada?
Aprofundamento
- Jesus convida seus discípulos a passar para outra margem. Nos Evangelhos, a
passagem por obstáculos lembra a passagem do Senhor, sua páscoa, e convida os
leitores a uma mudança de consciência, a uma nova postura, a um novo modo de
viver a partir da presença do Ressuscitado.
- A passagem para a outra margem se dá no cair da tarde, ou seja, quando a vida
começa a ficar na escuridão. Só o Ressuscitado com sua luz vai poder dissipar
o medo que esta noite trará. A vida é mesmo cheia de “cair de tarde”, de oca-
sos, de trevas, de escuridão e devemos atravessar tudo isso na presença do Se-
nhor, como rezamos no salmo 23 no começo do encontro.
- No mar das águas agitadas do mundo, está o barco da nossa vida sendo sacudi-
do pra lá e pra cá. Jesus está lá, mas sua presença é tão discreta que às vezes
nos perturba: ele dorme tranquilamente recostado sobre um travesseiro. A pre-
sença discreta de Jesus nos perturba quase tanto quanto a agitação das ondas.
“Será que ele não percebe o que vivemos? Ele também está no barco. Como
consegue dormir?”, nós nos perguntamos.
- Mas Jesus reage e acalma o mar e o vento. Mais que isto, são os corações dos
discípulos que são acalmados. O medo havia agitado suas vidas, como sempre
agita a nossa. O medo traz inseguranças, sensação de impotência, de solidão,
de abandono...
- Jesus repreende não só o mar e o vento, mas especialmente os discípulos: “Por
que sois tão medrosos; ainda não tendes fé?”. Se Jesus está presente, medo pra
quê e por quê? E os discípulos ficam admirados com o poder terapêutico da pre-
sença de Jesus. Não só a tempestade e o mar, mas seus corações ficam calmos;
o medo se vai; a força retorna.
- O medo é mesmo uma coisa terrível. Todo mundo tem seus medos. Mesmo a
pessoa mais corajosa é surpreendida por algum medo estranho e sem explica-
ção. Parece que ninguém escapa disso. Mesmo assim, vai e volta, a gente ri do
medo dos outros: medo de barata, medo de avião, medo de morrer, medo de
perder os pais, os amigos, a namorada. Medo disso e daquilo, medo até de fan-
tasmas – que só existem dentro de nós e não realmente. Mas o medo não é coi-
sa de rir. Ter medo é muito ruim. Ele petrifica a gente, paralisa, faz soar frio,
disparar o coração, gelar as mãos. No momento do medo, parece que vamos
morrer de tanta aflição. Jesus não ri do medo dos discípulos; dissipa-o; elimina
o medo de seus amigos, pois os ama e cuida deles.
- O que fazer quando o medo vem? Como lidar com o medo? Bom, no Evange-
lho, os discípulos fizeram o que puderam: pediram socorro a Jesus, afinal, em
alto-mar não havia mais o que fazer. E deu certo: a fé ajudou. Eles que se sen-
tiam sozinhos, como se Jesus não estivesse com eles, puderam sentir a presença
do mestre e ficaram confortados.
- E nós, o que podemos fazer na hora do medo? Certamente podemos fazer o
mesmo: confiar em Jesus e buscar conforto em sua presença. Mas, para nós,
além da fé, há ainda outras possibilidades importantes. Hoje, dispomos de mui-
tos recursos que podem ajudar na superação do medo: desde fazer terapia até
conversar sobre eles com nossos amigos e pais. Isso pode ajudar muito. O me-
do é um monstro: quanto mais a gente o esconde mais ele cresce. Quanto me-
nos a gente fala dele, mais ele é alimentado pelo nosso silêncio. Quanto mais
corremos das situações que nos amedrontam, mais elas ficam poderosas. Falar
de nossos medos pode ser boa opção. Ainda bem que Jesus está conosco como
sempre esteve com seus discípulos. Na sua presença, é possível vencer os te-
mores, superar os medos, recomeçar.
3. ATIVIDADE
Estamos oferecendo mais de uma atividade, deixando a escolha a critério do
catequista com sua turma.
Sugestão 1
- Dividir a turma e grupos, distribuir o texto e pedir que leiam e façam um debate.
O meu herói
(Paulo Verdão)
Sugestão 2
- Se a atividade anterior estiver muito adulta, sugerimos convidar a turma para
fazer uma lista dos próprios medos.
- Depois, ver quem quer partilhar algum medo, falar sobre ele etc. Talvez o
próprio catequista possa falar de um medo real, mostrando como este medo
faz mal para ele e como o paralisa. Mas deve ser algo verdadeiro, não um tea-
tro. Isso pode encorajar os catequizandos a também se abrirem.
- Ao final, pedir que cada um escreva num papelzinho um medo. Fazer silêncio
e rezar. Pedir a Jesus forças para superar este medo.
- No centro da roda, juntamente com um crucifixo, deve haver um vaso de bar-
ro. Cada um vai lá, coloca seu medo e depois o catequista ateia fogo. Todos
cantam a música número 3.
Conclusão
Ter medo é coisa normal. Diante do perigo, a gente tem medo e recua. Isso
não é totalmente mal. O medo tem um lado bom: ele preserva a vida. Se a gente
não tivesse medo de nada, seria o caos; nossa vida estaria em perigo e a gente
nem saberia se defender. Mas o medo tem também o lado negativo. Isso acontece
quando eles dominam e paralisam a gente, impedindo-nos de viver as boas coisas
da vida. Os primeiros cristãos tiveram medo. Eles estão representados nos discí-
pulos que no meio do mar tem medo da tempestade. Eles se esqueceram de que
Jesus ressuscitado estava com eles. A presença de Jesus anima e dá forças. Cer-
tamente ele não elimina o perigo, mas nos segura pela mão. Na hora do medo,
uma mão estendida é tudo de bom. Nada como um amigo querido de mão esten-
dida para gente na hora do medo e da angústia.
6º Encontro
Partilha
• O que recomenda o Eclesiástico?
• Quais os benefícios da alegria e os prejuízos da tristeza?
• O que a tristeza pode fazer com a gente?
• E o ciúme e a raiva, podem fazer mal?
• Como vive um coração luminoso, alegre e bom?
Aprofundamento
- O autor recomenda que tenhamos alegria no coração e fujamos da tristeza. A
vida mostra que a tristeza é perniciosa; ela pode trazer muitos males, desde
depressão até doenças do corpo.
- Muitas vezes, a tristeza vem chegando de mansinho, quando menos percebe-
mos, ela já se alojou em nosso coração, já achou morada nele. Aí fica difícil
sair do fosso no qual entramos.
- Para evitar a instalação da tristeza em nós, precisamos nos cuidar. Cuidar do
espírito: ler boas coisas, ver bons filmes, assistir bons programas, conviver
com pessoas que acrescentam algo à nossa vida. Cuidar do corpo: caminhar,
cuidar da saúde, não beber, não fumar, não usar drogas etc.
- Muitas vezes, a gente faz exatamente o contrário para combater a tristeza. Fi-
camos fechamos em nós mesmos, não convivemos com ninguém, não temos
ânimo para sair, nem para caminhar, nem para nada... E utilizamos álcool, ci-
garro e droga, achando que vão espantar a tristeza, o que é um engano. A tris-
teza é normal, mas, se ela se instala em nós e perdura, pode se tornar uma do-
ença: a depressão.
- Enquanto a tristeza mata, a alegria revigora os ânimos. Quando a gente está
alegre, feliz, nem se lembra da doença. O corpo se revigora: a pressão arterial
tende a normalizar, as taxas e índices do organismo tendem a ficar mais está-
veis. Tudo encontra melhor saída quando a alegria está presente. Não é que
quem é alegre não vá adoecer. Não é isso. Mas as chances de um deprimido e
ranzinza adoecer é bem maior que as chances de alguém de bem com a vida.
Também as chances de alguém alegre e feliz superar uma doença são bem
maiores que as de um mal humorado. Por isso, o Eclesiástico diz que a triste-
za mata e a alegria prolonga a vida. Desde muito observamos o valor salutar
da alegria, sua capacidade de trazer saúde e outros benefícios.
- O Eclesiástico também aconselha paciência com a gente mesmo e consolo
para o coração. Tem gente que se entristece porque não se perdoa; porque fica
remoendo o passado, porque não se dá nova chance na vida. É preciso saber
conviver com as perdas e redescobrir alegria em outras coisas da vida. É pre-
ciso saber consolar o coração com pequenas coisas. Pequenos desejos realiza-
dos; pequenas vitórias alcançadas podem ter um efeito muito grande sobre
nós.
- Às vezes a tristeza é o resultado de alguma raiva ou ciúmes que cultivamos.
Uma cascata puxa para outra e assim vai. Se o ciúme e a raiva brotam em nós,
melhor combater o mal pela raiz. Pra que deixar a raiva crescer? Pra que dei-
xar o ciúme se avolumar? Nem o ciúme nem a raiva vão nos ajudar em nada.
É certo que um pouco de raiva pode fazer bem: mostra que estamos vivos e
somos capazes de reagir ao mal que nos fazem. Assim como o ciúme, pode
revelar que amamos alguém e que ela é importante para nós. Mas o Eclesiás-
tico não fala desta raiva, nem deste ciúme que preservam a vida. Fala da rai-
va, da cólera que pode destruir, e do ciúme que corrói por dentro, gera des-
confiança e mina as relações. Quem se deixa povoar por estes sentimentos e
se vê dominado por eles vive nas trevas, não vê caminhos pela frente. Ao
contrário, quem sabe manter a luminosidade do coração está sempre cheio de
forças para o que der e vier.
3. ATIVIDADE
De novo, propomos mais de uma atividade.
O catequista analise e escolha a que mais convém.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e distribuir algumas estórias para que leiam, reflitam
e depois respondam as questões propostas.
Carlitos era um grande cantor e seus fãs o adoravam. Durante toda sua vi-
da só soube cantar e alegrar os corações com suas belas canções. Ainda em plena
juventude, Carlitos contraiu o vírus do HIV e depois disto tudo mudou. Na efer-
vescência de sua juventude, não pensou nas consequências de suas escolhas,
achou-se imbatível e nunca pensou que poderia adoecer. Mas adoeceu e não era
qualquer doença.
Durante algum tempo, ele ainda teve forças para cantar, fazer shows etc.
Naquele tempo, a aids era uma doença ainda muito mais temida do que hoje. Não
havia os recursos dos quais dispomos agora para levar uma vida digna. E as con-
sequências foram chegando devagarinho e debilitando Carlitos. Por nada, ele es-
tava de cama; ficou com baixa imunidade e qualquer gripezinha era um Deus-nos-
acuda.
Marina, sua mãe, fiel escudeira, esteve ao seu lado todo o tempo. Lutou
pela vida do filho com unhas e dentes, como uma leoa que defende sua presa. Mas
o vírus venceu e Carlitos veio a óbito. Marina se debulhou em lágrimas; não sabia
mais o que fazer da vida, afinal tinha perdido seu filho único. Sua vida caiu num
vazio, numa falta de sentido sem fim e Marina achou que fosse morrer de tristeza.
Até que um dia, o padre da paróquia convidou Marina para ajudá-lo num abrigo
com crianças aidéticas. Muita gente achou cruel aquele convite, pensando: “Esse
padre não tem sensibilidade. A mulher está doida para esquecer o que aconteceu
com seu filho e ele a leva para um abrigo onde cada criança sofredora lhe faz pen-
sar em Carlitos!”.
Enganou-se, porém, quem pensou assim. Marina se encheu de coragem ao
ver aquelas criancinhas precisando de tratamento e cuidado. Zelou por elas, amou-
as, tratou cada uma com carinho e amor. E refez sua vida. Tornou-se embaixadora
da Unicef na defesa pela vida. Viajou o mundo, fez campanha contra a aids, sal-
vou muitas vidas... E viu sua vida ser salva de uma tristeza mortal, pois descobriu
dentro de si um amor maior que o mundo. Quem vê Marina hoje não pensa que
ela já passou por tamanha dor. Vive alegre e feliz, sem deixar de se lembrar de seu
querido Carlitos, é claro. Mas a perda do filho já não lhe tira as forças para viver,
ao contrário, lhe dá forças para viver e fazer muitos viverem em nome do amor.
Antônia tinha três filhas: Maria, Elizabete e Cibele. Já viúva, suas filhas
eram a razão de sua vida. Quando Antônia via uma reportagem sobre a morte de
um jovem, comovia-se só de pensar na possibilidade de perder uma de suas meni-
nas. Antônia era mãe extremosa e dedicada; fazia tudo por suas filhas.
Cibele, a filha mais nova, era uma garota cheia de vida e energia. Vivia fa-
zendo esporte, estudando trabalhando. Dava gosto ver. Tudo ia a mil maravilhas,
até um dia em que Cibele foi a um evento esportivo e, numa briga de torcidas,
algum tresloucado deu um tiro e Cibele foi atingida bem no peito, sem chances de
se defender. A menina, que não tinha nada a ver com a confusão, não resistiu:
morreu na hora. Quando o SAMU chegou, Cibele já estava morta. Lá se foram 20
anos de juventude com um disparo de um revólver na mão de um inconsequente.
Antônia perdeu seu chão; sua alegria foi enterrada junto com sua filha; seu
vigor saiu do seu corpo quando viu o caixão de Cibele partir para o cemitério.
Antônia chorou, chorou, chorou... até adoecer. Mas Antônia era professora dedi-
cada de uma escola pública e ela amava seus alunos. Os colegas professores vie-
ram visitá-la; seus alunos vierem confortá-la; os funcionários da escola vierem dar
apoio; sua família ficou ali presente amparando-a. Até que um dia Antônia levan-
tou-se cedo, arrumou-se e foi trabalhar, para surpresa de todos. Na escola reencon-
trou a vida. Cada criança carente, necessitada de atenção, tornou-se a causa de
Antônia. Cada criança problemática tornou-se sua bandeira. Todos precisavam de
uma chance, pensava Antônia. E ela lutava por isso. A alegria enterrada com Ci-
bele foi ressuscitada em cada jovem, em cada criança que Antônia amparava. Ho-
je Antônia está feliz. Recorda-se de Cibele como um dom de Deus, uma lembran-
ça boa de sua vida. Mas quase já não sofre mais. A alegria voltou ao seu coração.
Dona Roberta teve seis filhos. Ela é daquele tempo em que não se fazia
muito planejamento familiar e os filhos iam chegando um após outro. Dona Ro-
berta amou a todos que Deus lhe deu, dizia ela. Cuidou de cada um com carinho;
protegeu cada um como uma águia protege seus filhotes.
Dona Roberta, seu marido e seus filhos saíram da roça e foram morar na
cidade, para seus filhos estudarem. Um dia, voltando à casa materna, seus filhos,
juntamente com os primos da região, foram todos tomar um banho de cachoeira.
A correnteza estava forte neste dia e os jovens – na alegria do passeio – nem per-
ceberam o perigo. A água, sempre boa, mas traiçoeira, puxou o primeiro filho de
Dona Roberta. Os irmãos, vendo-o pedir socorro, correram para ajudá-lo. Mas a
água foi mais forte e levou três filhos de Dona Roberta de uma só vez.
Não é preciso nem dizer que a cidade ficou de luto. Não só Dona Roberta
adoeceu de dor, mas toda a família ficou desmantelada. O marido dela procurou
consolo na cachaça. Saía todos os dias para beber e voltava tonto, chorando, xin-
gando e batendo nos filhos que restaram. Os filhos choravam a saudade dos ir-
mãos e procuravam entender a tragédia, mas tragédia não tem mesmo explicação.
Passado o tempo do luto, daquela dor pungente que destrói a gente por
dentro, Dona Roberta foi voltando ao normal. Arranjou forças para cuidar dos
filhos que ainda tinha e nem sequer maldizia a Deus pela fatalidade. Muita gente
boa ajudou; ela procurou psicólogo, médico... E qual não foi o susto de sua famí-
lia, quando numa noite Dona Roberta se aprontou e foi com as amigas ao baile da
comunidade. Todos convidavam, mas ela nunca tinha se arriscado a ir. Quando
jovem, dançava muito nos bailes da roça e a dança era sua alegria. Era hora de
redescobrir a alegria de dançar e, com a dança, a alegria de viver.
Desde aquela noite, Dona Roberta renasceu das cinzas de seus filhos. Dan-
çou e dançou e dançou mais ainda. A alegria foi voltando ao seu coração. Toda
sexta-feira, pra espanto de muitos, lá estava dona Roberta prontinha para o baile.
Até entrou na academia para fazer dança de salão. E se tornou a maior pé de valsa
da cidade, conhecida por todos por sua leveza e sua alegria. Seus filhos estranha-
ram no começo, mas depois entenderam que a vida continua apesar da dor. Seu
marido ficou em casa bebendo e chorando. Enquanto isso, Dona Roberta ganhou
concursos de dança; tornou-se dama disputada entre os cavalheiros. Dona Roberta
desabrochou para a vida no prazer de dançar, como uma bailarina.
Sugestão 2
- Ouvir a canção Tropeços, uma ou mais vezes, até fixar um pouco o conteúdo. Se
não for possível ouvir, usar apenas a letra para reflexão.
- Depois, dividir a turma em grupos e distribuir a letra para ser meditada.
Tropeços
(De: Paulo verdão)
Conclusão
Qualquer pessoa de bom senso sabe que os conselhos do Eclesiástico são
muito importantes: cultivar a alegria, fugir da tristeza, controlar a raiva e o ciú-
me... É bom que a Bíblia ajude a reforçar estes valores, afinal a gente acaba se
esquecendo deles. Não há como fugir da tristeza, nem da raiva, nem de um pouco
de ciúmes, mas melhor aprender a lidar com esses sentimentos ou podem destruir
a nossa vida. Bom mesmo é colocar adubo na alegria e deixá-la florescer livre-
mente. A vida fica bem melhor assim.
7º Encontro
A IMPORTÂNCIA DE MANTER O
ENTUSIASMO
Texto: Fl 3,7-16
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Como Paulo vê todas as coisas quando comparadas a Cristo?
• Paulo acha que já encontrou a Cristo, que já alcançou sua meta?
• A que Paulo compara sua caminhada de fé?
• O que mais importa para Paulo?
Aprofundamento
- Paulo é um entusiasta incansável do evangelho. Ele não desanima, não deixa o
ardor da fé se esfriar, não olha para trás na corrida em busca do conhecimento de
Deus. Para ele, o conhecimento de Deus é o maior bem que alguém pode alme-
jar.
- O que é o conhecimento de Deus? Na Bíblia, conhecer alguém não é estudá-la,
nem decifrar seus enigmas ou saber seus segredos mais íntimos. Conhecer é en-
trar em comunhão, participar da intimidade daquela pessoa. Tal é a ligação da
palavra conhecer com a intimidade que, muitas vezes, para falar da relação se-
xual, a Bíblia usa o verbo conhecer: Abraão conheceu Sara; Maria não conhecia
homem algum etc. Conhecer Deus é entrar em comunhão com ele, fazer amiza-
de, entrar em relação profunda, acolher seu amor e viver na sua presença.
- Paulo considera tudo lixo ou esterco diante de Cristo. Isso significa que tudo que
era importante para Paulo foi relativizado diante da grandeza de sua experiência
cristã. Ao conhecer Jesus, Paulo percebeu que todas as coisas que ele tinha como
grandes eram, na verdade, tão insignificantes que não valia mais a pena se des-
gastar por elas. Paulo está cheio de determinação e ânimo: está pronto a se con-
sumir pelo reino de Deus, pela divulgação do evangelho.
- E Paulo cumpriu o prometido: durante toda sua vida não deixou seu ânimo es-
morecer. Mesmo quando as tribulações vieram, quando os problemas cresceram,
as perseguições chegaram, Paulo não desanimou. Paulo se uniu a Cristo mesmo
nos sofrimentos (abraçou sua morte) para alcançar sua ressurreição. Ele sabia
que isto não é coisa que se alcança de uma vez, mas cada dia um pouquinho. A
experiência da ressurreição, ou seja, o encontro com Jesus, é coisa para todo dia.
Por isso, o apóstolo faz como um atleta; continua sempre a correr. E se alcança
um prêmio hoje, tem outro maior e mais difícil esperando lá na frente. Por isto,
Paulo não se enche de orgulho como se já tivesse alcançado tudo (v. 13). Esque-
cendo-se do que deixou para trás, Paulo segue seu caminho com determinação
(v. 14), em busca do prêmio que é a amizade com Jesus.
- É impressionante o ânimo e a determinação de Paulo. Ele não se dá o direito de
parar no meio do caminho, de voltar atrás, de desanimar. Paulo está cheio de vi-
gor e este entusiasmo vem do próprio Deus que o chama e o atrai para si.
- Ter entusiasmo é muito importante. Ter entusiasmo é ter alma, ânimo. É deixar a
força interior vencer os problemas externos, que são muitos, mas que não são
maiores que a força, o ânimo que Deus nos dá. Todos nós temos, de alguma
forma, de lutar contra o desânimo. Umas pessoas são naturalmente mais anima-
das e motivadas que outras. Depende do temperamento de cada um. Quem já
tem uma tendência a desanimar, a estacionar no mesmo lugar e se acomodar de
vez, precisa se cuidar ainda mais. Precisa procurar atividades que o motivem:
precisa descobrir alegria em alguma arte, em algum esporte, em algum serviço...
O que não pode é cruzar os braços e virar um morto-vivo sem força pra nada.
- Na busca pelo entusiasmo constante, a fé cristã também pode dar bela contribui-
ção. Quem tem fé no Ressuscitado tem mais motivação para viver, para levantar
da cama de manhã e se pôr a serviço. Há um mundo a ser evangelizado, pessoas
a serem amadas, sofredores a serem consolados, doentes a serem visitados, en-
contros de fraternidade para serem vividos. Quando a gente abre os olhos pela
manhã é bom respirar fundo e pedir a força do Espírito para mais um dia, mais
uma jornada, mais um mundo de desafios a serem enfrentados sem desanimar.
Quem já tem motivação natural, pessoas cujo temperamento já é alto-astral e em
quem a motivação sobra, deve entregar essa motivação a Deus para que ela seja
direcionada para o bem. Quem já acorda pesado e sem forças, o evangelho – que
é força pra viver – pode trazer ao seu coração coragem e ânimo pra mais um dia.
Certamente que a fé cristã não é a única fonte de motivação da vida. Há pessoas
que se deixam motivar por sua profissão, por uma paixão – como um esporte,
uma arte (a música, por exemplo) ou um trabalho. Mas a fé pode ajudar muito.
- Há pessoas, que mesmo cheias de fé, lutam contra o desânimo. Pode ser um pro-
blema de temperamento, podem ser angústias escondidas lá no inconsciente que
minam suas forças, pode ser até uma doença. Às vezes, esta pessoa está com hi-
potiroidismo e se sente desanimada. Pode estar anêmica ou com baixa vitamina
B12 ou com falta de vitamina D. Pode ser que esteja deprimida, sem desejo al-
gum, apenas entregue ao desânimo. Tanto as doenças do corpo quanto as doen-
ças psíquicas tiram o vigor e o ânimo. Por isso é preciso estar atento aos sinais
do corpo. Para quem está doente, tudo isto causa desânimo e o corpo torna-se
pesado, parecendo que será preciso um guindaste para levantá-lo. Até as meno-
res coisas da vida se tornam custosas. Tomar banho, se arrumar, comer, sair para
trabalhar. Tudo fica pesado.
- Também nestes casos a fé pode ajudar, mas que ninguém ache que ficar doente
assim é falta de fé. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Quem tem fé
também adoece, também desanima, também cansa de lutar. A diferença é que
quem tem fé sempre encontra em Deus a força para recomeçar.
3. ATIVIDADE
Oferecemos duas opções de atividades.
O catequista veja com sua turma a que mais lhe agrada.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos e distribuir a letra da música “O que importa”,
que é baseada na Carta de Paulo aos Filipenses. Pedir que leiam e meditem
a canção.
- Depois, responder as questões propostas.
- Ao final, todos juntos, cantar de forma bem animada.
O que importa
Questões
• Você concorda que é preciso prosseguir sempre e decididamente?
• Você já alcançou sua meta? Qual seu sonho, sua meta?
• O que você acha do ânimo do apóstolo Paulo quando diz que olha para
frente e prossegue decididamente sem desanimar. Você é animado assim
ou costuma desanimar de seus projetos?
• O que você pensa da frase “Quero caminhar, seguir, viver, mesmo que
precise até sofrer?” Você está disposto a fazer sacrifícios para alcançar
seus objetivos ou você desanima quando encontra o primeiro obstáculo?
Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos e distribuir um fato da vida para ler lido e medita-
do.
- Conversar sobre as questões propostas.
Decidido a vencer
Hércules era um rapaz franzino e miúdo, bem diferente do que seu nome
indicava. Apesar do porte físico não ajudar, Hércules era apaixonado pelos espor-
tes. Durante sua infância, sua paixão sempre fora os campeonatos de atletismo.
Para ele não havia nada mais bonito que aqueles homens e mulheres, cheios de
músculos fortes, correndo em busca do prêmio, cruzando a linha de chegada...
Hércules ficava cada dia mais apaixonado pelos esportes. Sua família não
incentivava. Queria um filho doutor ou advogado e não um corredor. Mas Hércu-
les não queria ser doutor... nem advogado... nem engenheiro... Queria ser atleta e
representar o país nas olimpíadas. Foi aí que o jovem decidiu treinar. Ele tinha
apenas doze anos quando começou a correr. Tudo começou como brincadeira,
num campeonato na escola. Hércules era ágil e deixou todos para trás. Foi sua
primeira medalha. Depois desta muitas outras vieram. Na escola não tinha para
mais ninguém. O rapazinho era danado; corria velozmente, como uma lebre. E
quanto mais Hércules corria, mais ágil ele ficava.
O jovenzinho foi ganhando corpo, foi tomando porte de atleta, foi ganhan-
do fama na região, até que uma empresa local se interessou por ele e resolveu pa-
trociná-lo. Bingo! Com o patrocínio, Hércules pode se dedicar ainda mais ao atle-
tismo e virou uma fera da corrida. Ganhou uma porção de campeonatos locais.
Até que, um dia, um time grande descobriu Hércules e ele, com 18 anos, foi con-
tratado para representar uma grande marca. Hércules ficava cada dia melhor, mas,
mesmo com todo incentivo do patrocínio, a família de Hércules não se cansava de
dizer: “Melhor teria sido se você fosse doutor”. Hércules nem dava mais ouvidos.
Sua motivação vinha de dentro, não de fora. Lá no seu coração algo lhe dizia que
devia seguir em frente. E, mesmo quando alguns lhe puxavam o tapete, o jovem
atleta não desanimava.
Tudo corria bem para Hércules, até o dia em que, numa viagem para dis-
putar um campeonato, a equipe sofreu um acidente. Foi um Deus-nos-acuda! To-
do mundo ficou de luto: alguns da equipe morreram, outros se feriram gravemen-
te, alguns poucos saíram ilesos. Hércules teve sorte; ficou vivo, mas o que o espe-
rava pela frente não era nada fácil: teve que amputar uma perna.
Aí começou o drama da vida de Hércules: apenas 20 anos, corredor profis-
sional, uma carreira belíssima pela frente, a promessa das olimpíadas, tinha perdi-
do uma perna. Fosse um braço, era menos doloroso. Mas uma perna!... Ah! Todos
estavam arrasados, inclusive ele. Todos pensaram que era seu fim. Mas qual não
foi a surpresa de sua família e amigos, quando Hércules, recuperado do acidente,
pôs uma perna mecânica e começou a correr. Alguns disseram: ficou louco! Mas
Hércules queria correr. Correr era sua vida.
Foi preciso um esforço hercúleo e muita motivação interior, mas Hércules
enfrentou tudo. Fez fisioterapia, treinou, recuperou musculatura, e lá estava ele
nas pistas de novo; só que desta vez nas paraolimpíadas. E não teve pra mais nin-
guém. Disparado na frente, Hércules Silva cruzou a linha de chegada com a ban-
deira do Brasil nas costas, ao som de gritos de alegria e júbilo da torcida emocio-
nada. Hércules era um campeão; sua motivação o levara bem longe, até onde ele
sonhara.
Conclusão
Se tem uma coisa boa na vida é a motivação. Quando ela falta, tudo fica pe-
sado, viver se torna muito difícil. Daí a importância de cuidar para que a motiva-
ção não desfaleça. O apóstolo Paulo foi incansável. Desde que ele conheceu Jesus
e se tornou seu seguidor, encontrou muitas barreiras pelo caminho, sofreu muito,
quis desanimar... mas nunca desanimou. A fé lhe dava forças; ele sempre recome-
çava. Assim somos nós que também confiamos em Jesus. Além do ânimo natural
de nossa personalidade, um ânimo bem maior nos impulsiona. Este ânimo vem da
presença de Deus em nós.
3ª etapa
8º Encontro
CELEBRAÇÃO
PREPARAÇÃO
- Preparar altar com toalha, flores, vela e uma bíblia.
- Preparar uma cesta, contendo tiras de papel com versículos bíblicos.
- Fazer um grande coração de papel e faixas contendo as emoções. Confira
item 3.
- Ensaiar os cantos.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar um cartãozinho com a oração “Novo rumo”; uma para cada cate-
quizando.
- Preparar confraternização.
1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: Queridos irmãos e
irmãs, sejam bem vindos ao nosso encontro. Jesus está aqui à nossa
espera para um diálogo franco e amigo conosco. Vamos abrir nosso
coração para esse encontro. Nesta etapa de nossa caminhada, refleti-
mos sobre nossas emoções e vimos como é possível viver em paz com
elas. Vamos deixar que estas emoções sejam trabalhadas por Jesus,
pois ele nos ajuda a lidar com tudo isso com mais clareza e facilidade.
Comecemos nosso encontro cantando a música número 6.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nossa
fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso Pai
e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
C - Motivar: Hoje nos alegramos por saber que nossos sentimentos não
são um bicho de sete cabeças que nos ameaça ou nos devora. Podemos
melhorar a imagem que temos de nós mesmos, pois Jesus nos vê com
bons olhos, reconhece nosso valor e nos ajuda nos autocontrole de
nossas emoções. Ele quer nos ver mais afirmados, mais em paz com a
gente mesmo, mais livres e felizes.
- Convidar para cantar a música número 4.
D - Convidar os catequizandos a rezar uns pelos outros. Colocar a mão no
ombro do irmão da direita e rezar por ele: “Senhor Jesus, derrama so-
bre este irmão o teu Espírito Santo para ajudá-lo a renascer pela força
do teu amor. Que acolha sua presença amiga, que o acompanha dia e
noite e que ele deixe essa presença transformar todo o seu ser.
Amém!”. Fazer o mesmo com o irmão da esquerda: “Jesus nosso ami-
go, abençoe e fortalece este meu irmão, para que, repleto de sua força,
possa sempre recomeçar, sem jamais desanimar. Amém!”.
C - Convidar para cantar a música número 1. Depois, dar o abraço da paz.
D - Oremos: “Ó Deus, nossa luz e nossa força, abençoai cada um de nós,
pois sem vós nós fraquejamos. Dai-nos a força do vosso Espírito que
assegurou a Jesus coragem e vigor em toda sua vida. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!
2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se assentar e fazer uma dinâmica. Numa cesti-
nha no altar, deve haver uma porção de papéis com frases bíblicas.
Sugerimos algumas, conforme lista abaixo. Se a turma tiver mais ca-
tequizandos, o catequista escolha outras frases para completar a lista
de forma que tenha um número suficiente para todos.
• “Não entregues tua alma à tristeza; não atormentes a ti mesmo em
teus pensamentos” (Eclo 30,22).
• “Concentra teu coração em coisas boas e afasta a tristeza para
longe de ti” (Eclo 30,24).
• “A tristeza já matou a muitos e não há nela utilidade alguma”
(Eclo 30,25).
• “A inquietação acarreta a velhice antes do tempo” (Eclo 30,26).
• “Transformai-vos pela renovação de vosso espírito” (Rm 12,2).
• “Amai-vos mutuamente com afeição fraterna” (Rm 12,10).
• “Sede alegres na esperança e pacientes na tribulação” (Rm 12,12).
• “Vivei em boa harmonia uns com os outros” (Rm 12,16).
• “Não pagueis a ninguém o mal com o mal” (Rm 12,17a).
• “Aplicai-vos a fazer o bem diante de todos” (Rm 12,17b).
• “Tanto quanto depender de vós, vivei em paz com todos os ho-
mens” (Rm 12, 18).
• “Não vos preocupeis com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá
suas preocupações próprias” (Mt 6,34).
• “Tranquilizai-vos. Não tenhais medo!” ( Mt 14,27).
• “Não vos inquieteis com nada” (Fl 4,6a).
• “Em todas as circunstâncias, apresentai a Deus as vossas preocu-
pações mediante a oração” (Fl 4,6b).
• “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo,
puro, amável e louvável, eis o que deve ocupar os vossos pensa-
mentos” (Fl 4,8).
- Pedir que cada um pegue um papelzinho na cesta, leia silenciosamente
e, depois, em atitude de meditação e respeito, faça brevemente um
comentário sobre sua frase. Por exemplo, se alguém pegou Fl 4,6a, di-
ga: “Este versículo nos convida a viver com o coração em paz, sem
preocupações exageradas, sem desesperar na hora da crise”. E assim,
um após outro partilhe sua reflexão com a turma.
- Depois que cada um tiver falado, convidar a turma para ouvir o Evan-
gelho.
C - Acalmar a turma para ouvir o Evangelho. Cantar a música número 2.
L - Ler na própria Bíblia: Mt 5,43-48
D - Concluir:
O Evangelho de Mateus nos ensina que precisamos cultivar atitudes
positivas de amor e reconciliação. Mesmo que nos persigam, que nos
maltratem, que nos desprezem, devemos sempre relevar, reconsiderar,
esquecer e recomeçar. De que adianta cultivar a ira, a tristeza, o medo, o
rancor? Nada! Essas atitudes só estragam a vida da gente. Por isso, Jesus
ensinou a amar sempre, mesmo quando as pessoas não merecem. Não é
só por causa dos outros que devemos amar e perdoar, mas por causa de
nós mesmos. O rancor e a ira destroem nosso coração, envenenam nossa
vida. Este texto nos sugere que sejamos donos de nossas próprias emo-
ções; que não nos deixemos levar pela provocação do mal que nos fazem.
Assim seremos mais parecidos com Deus, que nos ama sem nenhum me-
recimento de nossa parte.
3. RITO DO COMPROMISSO
C - Convidar a turma para rezar. Comentar: “Uma coisa boa que nos ajuda
muito a controlar nossas emoções, a lidar bem com nossos sentimen-
tos, é a oração. Deus acalma o nosso coração e alimenta nosso interior
de bons pensamentos. Vamos rezar não só por nós mesmos, mas tam-
bém por nossos colegas, para que todos possam sair daqui com o co-
ração cheio de otimismo e paz”.
D - Colar na parede um coração grande com as faixas: ira, angústia, medo.
- Comentar: “Vemos, neste coração, algumas emoções que agitam e
transformam nossa vida. Quem cultiva essas emoções e não quer se li-
bertar delas dificilmente será livre e feliz. Estas emoções podem es-
cravizar a gente e nos tornar amargas, sem gosto pela vida. Por isso,
vamos rezar para que Jesus nos ajude a nos libertar delas”.
- Colocar a mão no ombro do colega ao lado e rezar por ele: “Liberta,
Senhor, esse meu irmão de toda ira, de todo rancor, de toda agressivi-
dade, de toda tristeza e melancolia, de todo medo e timidez. Acalme
seu coração e ajude-o a viver de forma plena e feliz. Ajude-o a lidar
com essas emoções de forma positiva, para que nunca se deixe domi-
nar e destruir por elas”.
- Cantar a música número 8.
- Convidar a turma para trocar as emoções que agitam nossos corações
por emoções que nos edificam e nos ajudam a bem-viver. Três cate-
quizandos vão à frente e arrancam as faixas que estão pregadas no co-
ração e colam novas faixas no lugar. As novas faixas conterão as pa-
lavras amor, confiança e alegria.
- Distribuir o cartão com a oração “Novo rumo” e rezar todos juntos.
4. RITOS FINAIS:
D - Oremos: “Ajudados por vós, Ó Deus de amor, saímos vitoriosos de
nossas fraquezas e mais confiantes para enfrentar as dificuldades da
vida. Nos vos pedimos que não nos falte a força para continuar sem-
pre lutando por uma vida melhor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vos-
so Filho, na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar para o próximo encontro
D - O Senhor esteja conosco.
T - Ele está no meio de nós
D - Abençoe-nos o Deus misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito San-
to.
T - Amém
- Cantar bem animado a música número 13 ou 14.
- Fazer confraternização, se assim foi combinado.
- Encerrar, à vontade.
Quarta Etapa
Aceitando o que somos
Nas três primeiras etapas deste módulo conversamos sobre a vida e
seus dramas em geral, assim como sobre a nossa vida, com suas dificuldades e
absurdos. Nesta etapa, vamos trabalhar com os adolescentes algumas dicas para
melhor conviver com a vida e seus absurdos, sejam eles pessoais ou não. Vamos
falar sobre a importância de aceitar a nós mesmos, nosso corpo, nossa história,
nossa família, nosso temperamento... Só um trabalho lento e doloroso de aceitação
de nós mesmos pode nos ajudar a viver livres e felizes. Sem isto, a vida torna-se
um vale de tropeços, onde recomeçar é impossível.
Mais uma vez, a fé cristã será a mediação para tocar nestes assuntos
nada fáceis. Vamos procurar motivação na Escritura. Vamos mergulhar no mundo
da fé e tirar daí a força para viver e sobreviver, apesar de tudo. Os encontros são
simples e prazerosos, mas vão requerer boa preparação do catequista para não
transformá-los em sessão de autoajuda barata, sem a menor fundamentação. De
novo insistimos, a fé tem um poder terapêutico e isso é bom. Não há nada de erra-
do com isto. Ao contrário, arrancar da fé cristã seu poder terapêutico é distorcer o
evangelho de Jesus, cuja presença terapêutica trouxe bem estar e vida a todos que
dele se aproximaram. Recomendamos, então, que os encontros sejam preparados
com zelo e bom gosto. Vai valer a pena, com certeza!
1º Encontro
Partilha
• O que reza o salmista?
• Qual sua maior certeza?
• O que este conhecimento gera nele?
Aprofundamento
- O salmista começa dizendo de sua certeza de ser examinado e conhecido por
Deus. Ser examinado por Deus não significa que, dia e noite, ele nos ponha à
prova. Não é isso. Quer dizer que ele tem ciência de nossa vida toda, que na-
da do que somos ou vivemos é desconhecido a ele. Essa certeza de que Deus
nos conhece por inteiro gera confiança e paz. Se ele é um Deus amoroso, um
pai bondoso que zela por nossa vida, esse conhecimento só pode ser para o
bem e só pode gerar bem-estar. Por isso, o salmista diz: “Tu sabes quando me
sento ou quando me levanto”. Levantar e sentar são expressões opostas para
significar o todo. O salmista está consciente que Deus sabe tudo de sua vida.
- Deus penetra de longe nossos pensamentos: nós já vimos em encontros ante-
riores que há uma área da nossa vida que é totalmente desconhecida para nós
mesmos e até para os outros, mas não para Deus que nos ama. Ele distingue
nossos caminhos, todas as nossas trilhas, ou seja, em nenhum momento esta-
mos sós. Deus está sempre conosco em qualquer jornada da nossa vida, seja
de trabalho ou de descanso.
- Deus nos conhece tanto que o salmista afirma que ele sabe até aquilo que nem
chegamos a falar ainda. A palavra é o veículo da comunicação. Ela é muito
importante entre nós, ela revela quem somos, o que queremos, o que pensa-
mos. Mas Deus, antes mesmo da palavra chegar à nossa boca, já nos conhece
todo. Ora, a comunicação com Deus não se dá pelo que dizemos a ele; ele
sonda nosso coração e nosso pensamento. As palavras são importantes para
verbalizar o que sentimos, mas ainda que não falemos uma só palavra para
Deus, ele sabe tudo de nós, nossas intenções mais íntimas.
- Não há como fugir de Deus; não há como ficar longe desse conhecimento. Se
estamos nas alturas, no sucesso, nas vitórias, ele lá está. Se estamos nos abis-
mos, nas derrotas, no fundo do poço existencial, ele lá está.
- Ainda que quiséssemos viver em trevas, com a escuridão nos cobrindo; as
trevas ou noites são como dia para o Senhor. Deus é luz e ilumina nossa vida
toda. É ele que nos ajuda a arrancar as trevas de nós mesmos.
- Foi ele quem nos criou, ou seja, viemos dele, somos sua imagem e semelhan-
ça e, desde o ventre materno, fomos amados e desejados por ele.
- E o salmista suspira louvando ao Senhor. Tendo tomado consciência do amor
zeloso de Deus, tudo que tem a fazer é agradecer. Resistir pra que? Melhor se
deixar amar e conhecer ainda mais por ele. Seu amor nos sustentará no pro-
cesso de autoconhecimento e auto-aceitação. Assim como Deus nos conhece,
quer também que cada um de nós se conheça. Ele nos aceita como somos e
nos ama e quer que cada um de nós se aceite e se ame. Isso pode ajudar muito
na superação de nossas fraquezas e contribuir para uma vida mais plena e fe-
liz.
- Lembremo-nos do quadro abaixo, que já vimos em encontros anteriores.
- Nossa vida é como este quadro, com quatro áreas diferentes.
Eu conheço Eu conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
Eu não conheço Eu não conheço
As pessoas conhecem As pessoas não conhecem
Conclusão
O salmo 139 revela uma grande verdade: Deus nos conhece e nos ama. Sa-
ber-se conhecido por Deus até nas profundezas e acompanhado por ele em toda
situação dá a nós uma sensação muito boa. Não precisamos mais fugir de nós; não
precisamos nos esconder; não precisamos fingir ser quem não somos. Deus nos
conhece e nos ama do jeitinho que somos. Certamente ele quer que melhoremos
muita coisa, mas sua amizade e amor independem disso. Se eu posso mudar, devo
me esforçar para fazê-lo, não para que Deus me ame mais, mas para que eu viva
mais feliz e seja mais livre. O amor de Deus é incondicional, mas meu amor por
mim mesmo nem sempre é tão grande assim. Tudo que a gente puder fazer para
ficar em paz com a gente e de bem com a vida será ótima iniciativa.
2º Encontro
Partilha
• Quais os conselhos que o sábio Eclesiastes dá aos jovens?
• Por que ele dá esses conselhos? O que ele pensa da vida que o faz aconse-
lhar os jovens deste modo?
Aprofundamento
- No texto que lemos, o Eclesiastes dá diversos conselhos aos jovens. Estes conse-
lhos estão relacionados ao prazer: prazer de comer e beber; prazer de vestir-se
bem e de ter boa aparência; prazer de amar e ser amado. Falar dos prazeres do
corpo é tocar em um tabu; muitos pensam que os prazeres são ilícitos, coisa do
diabo. Mas não é assim que o Eclesiastes vê a vida. Ele aconselha seus jovens a
não viverem de forma tão penitente, pois a vida passa rápido. Certamente não
aconselha também a viver de forma sem juízo, até porque ele considera tudo
vaidade, inclusive os prazeres. Para ele viver prazerosamente é um direito de to-
dos; faz parte da vida plena que Deus quer nos proporcionar, mas também o pra-
zer não é um fim em si mesmo.
- O primeiro conselho diz respeito ao comer e ao beber. Comer e beber são condi-
ções para a vida. Nutrir o corpo é importante para mantê-lo saudável e cheio de
vigor. O corpo deve ser bem cuidado; ele é condição para a existência; é nosso
modo de estar no mundo, de nos relacionar uns com os outros; é nossa morada.
- Mas não basta apenas comer o alimento, tomar a bebida. Comer e beber é muito
mais que ingerir vitaminas e sais minerais. Tomar refeição é um ritual importan-
te. Nós nos alimentamos não só do alimento que comemos, mas da comunhão
que a refeição proporciona. Se o alimento nutre o corpo, a comunhão com os
amigos nutre a alma, alimenta nosso ânimo e revigora a vida.
- A piedade cristã muitas vezes viu o prazer como pecado, até o prazer de uma
boa refeição. Em algumas casas religiosas e seminários, no passado, rezava-se
“Pequei, Senhor, misericórdia!”, após a refeição. Incentivava-se uma vida de re-
núncia e ascese e a comida, muitas vezes, era vista como uma ameaça à vida
cristã, tanto é que a gula entrou na lista dos pecados capitais. Mas o Eclesiastes
não pensa assim. Para ele, comer e beber são prazeres que não devemos dispen-
sar, não só porque nutrem o corpo mas também porque geram a comunhão e
alimentam a amizade.
- O segundo conselho é quanto ao vestir-se e aos cuidados com a aparência. Cui-
dar-se demais pode ser pura vaidade e ilusão, mas descuidar-se é descaso e reve-
la que algo vai mal dentro de nós. Toda pessoa de bom senso cuida do próprio
corpo, não o maltrata nem o despreza, ao contrário nutre-o com cuidado. Maltra-
tar o próprio corpo é maltratar nós mesmos, então não faz sentido. Por isso a
gente se cuida, se veste com certo cuidado, toma banho, passa óleos e perfumes,
corta cabelo, se enfeita... O autor do Eclesiastes sabe que isso é prazeroso e in-
centiva esses cuidados. Já foi o tempo em que os cristãos amarravam cilício na
perna e se flagelavam com chicotes. Esses exageros foram incentivados por al-
gumas pessoas de boa vontade, mas equivocadas em relação à vida.
- Cuidado, porém, deve ser tomado para que o zelo com o corpo não se torne uma
obsessão. Tem gente que cuida tanto do corpo que revela um desequilíbrio psí-
quico. Faz plásticas desnecessárias; só se sente bem com roupas de grife ou mui-
to maquiadas; quer ter um corpo escultural, perfeito... Mas há exagero do outro
lado. Tem quem despreze o corpo: mesmo podendo, se veste como um mendigo;
não cuida dos dentes nem da saúde; não se importa com a aparência; vive feito
um maltrapilho; fuma, bebe ou até usa drogas.
- O Eclesiástico avisa que as roupas devem ser bem cuidadas – não chiques ou de
grifes – e a cabeça deve estar perfumada, ou seja, os cabelos e a pele bem cuida-
dos. Uma boa aparência é muito importante. A aparência diz muito sobre nós
mesmos. Apesar de o ditado “as aparências se enganam” ter razão às vezes e nos
prevenir para não prejulgar os outros sem conhecer o que elas realmente são,
normalmente nossa aparência revela muito de nós. Ela mostra se estamos de bem
com a vida ou deprimidos, se estamos animados ou sem forças para viver. Diz se
somos pessoas saudáveis ou doentes, se estamos cansados ou cheios de vigor.
Ela mostra se somos pessoas simples ou cheias de tititi. O corpo mostra quem
somos. Por isso é tão importante cuidar dele: por meio dele, entramos em relação
com os outros, gozamos a vida, registramos nossa existência neste mundo.
- O terceiro conselho diz respeito ao prazer da afetividade e da sexualidade. Este
prazer é o maior de todos os tabus para nós cristãos. A sexualidade foi, durante
muito tempo, vista como coisa feia e suja. Houve tempo em que, se os casais
(marido e mulher) tivessem relação sexual à noite, não podiam comungar no dia
seguinte. Mas o Eclesiastes não vê assim a sexualidade. Ele aconselha que o ma-
rido goze da boa companhia da esposa a quem ama. Aliás, a companhia de uma
pessoa amada é talvez o maior prazer que a vida pode oferecer, mesmo quando
estas pessoas não têm relação sexual. Há o prazer de uma amizade; enorme é o
prazer da mãe ou do pai na companhia dos filhos; prazer sem conta é a fraterni-
dade entre irmãos. O prazer da convivência revigora o corpo. Depois do encon-
tro com a pessoa amada, a gente sai mais cheio de esperança. A gente acredita
que nem tudo na vida é mal e perverso. O afeto é algo benéfico; restaura a saúde
do corpo e da alma. Por isso falamos há pouco – quando falamos do prazer de
comer – que o corpo precisa mais que do alimento; precisa da comunhão da re-
feição entre pessoas que se amam e se querem bem.
- Mas sobre a afetividade e a sexualidade, falaremos no módulo 6. Por enquanto
basta. O importante aqui é perceber o valor do cuidado com o corpo e dos praze-
res que o corpo oferece: comer, beber, vestir-se, cuidar-se, amar, conviver, rela-
cionar-se...
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, estamos com duas atividades. O catequista veja o que é oportuno.
Sugestão 1
- Convidar a turma para montar um cartaz, vendo os cuidados de que o corpo
precisa.
- Escolher uma bela imagem para colar no centro do cartaz. Escrever em cima:
NOSSO CORPO PRECISA DE
- O catequista vai anotando no cartaz, o que os catequizandos vão dizendo, por
exemplo: alimento, descanso, exercício, sono, carinho, higiene, proteção...
- Ao final, concluir a partir das necessidades que forem levantadas pela turma
Sugestão 2
- Se for oportuno, o catequista poderá fazer com a turma uma atividade física.
Para que isto seja possível, ele deverá ter combinado antecipadamente com os
catequizandos e pais, para que não haja nenhum atropelo. Sugerimos fazer
uma caminhada – não muito longa. Ao final, chegando em local oportuno, a
turma partilha um lanche, brinca, joga bola etc.
- Depois de brincar e se divertir, encerrar o encontro. O encerramento pode ser
feito ali mesmo, sem necessidade de voltar ao local costumeiro.
Conclusão
O corpo é fonte de prazer, e o prazer alimenta a vida. O Eclesiastes incenti-
va os jovens a viverem prazerosamente. Certamente o prazer incentivado é o pra-
zer lícito, aquele que gera vida e comunhão, fraternidade e bem-estar para todos.
Em nenhum momento o Eclesiastes incentiva o prazer egoísta, que faz do outro
objeto, que o põe em referência a mim como único importante na relação. O sábio
reconhece que o corpo se nutre do prazer: prazer de comer, prazer de beber, prazer
de se relacionar, prazer de se proteger, aquecer, relaxar, descansar... Cuidar do
corpo não é só uma obrigação, mas um direito e uma questão de responsabilidade.
O corpo é a possibilidade da existência humana e descuidar dele seria descuidar
do dom precioso que Deus nos deu: a vida.
Texto: Ef 6,1-4
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que o autor aconselha aos filhos?
• O que aconselha aos pais?
• O que Deus promete a quem honra seu pai e sua mãe?
• Você acha esses conselhos razoáveis?
Aprofundamento
- No texto que acabamos de ouvir, o autor aconselha tanto os filhos quanto
os pais, para que eles possam viver harmoniosamente.
- Quanto aos filhos, o conselho é obedecer aos pais. Para o autor, é justo que
seja assim. Mas será mesmo justo e bom obedecer aos pais? Vamos en-
tender isto. No tempo em que a Bíblia foi escrita, havia a curiosa e inteli-
gente cultura de se valorizar o conhecimento acumulado durante a vida.
Por isso, os mais velhos deveriam sempre ser tratados com deferência e
respeito. Tanto é assim que, para a cultura judaica, não há nada mais es-
tranho que um velho sem juízo. Que um jovem tivesse a cabeça meio vo-
ada, povoada de ilusões, eles entendiam; mas que um homem ou uma mu-
lher vividos não tivessem aprendido com a experiência, isso era inaceitá-
vel. Então, para eles, os adultos, os mais velhos, tinham sempre razão.
Eles sabiam mais da vida e era obrigação deles preservar os jovens das
loucuras da juventude. Naquela cultura era importante que os pais fossem
sempre ouvidos pelos filhos e isto parecia justo: quem já viveu mais tem
mais a ensinar.
- E hoje? Bom, muita coisa mudou, mas a máxima da obediência dos filhos
aos pais continua válida. Certamente que há exceções, mas na maioria dos
casos, supondo que os pais querem somente o bem de seus filhos, aconse-
lha-se que os filhos deem ouvidos a seus pais. Ouvir os pais não é o mes-
mo que fazer a vontade deles, nem viver a vida deles. Cada qual vive sua
própria vida e assume seus próprios desafios. Nem é também anular-se
diante de pais autoritários e impositivos. É saber dialogar e levar em conta
a importante opinião dos pais na hora de tomar decisões. Pode ser – e
acontece frequentemente – que os pais, por serem mais vividos, vejam pe-
rigos e riscos que os filhos ignoram.
- Mas em que casos há exceções? Infelizmente, há famílias em que os pais
têm menos juízo que os filhos. Não raramente encontramos pais que se
drogam e os filhos é que cuidam dos pais; às vezes o pai ou a mãe está
atolado num mundo de depressão e angústia, e o filho é que mantém a lu-
cidez. Em alguns casos, os pais são mau-caráter, corruptos, desonestos e
os filhos não querem seguir seus passos.
- Quanto aos pais, o conselho é que eles não irritem nem exasperem seus fi-
lhos. Os pais devem tratar seus filhos com brandura e respeito. Isso evita-
rá ódio, cólera, mágoa... Não é incomum haver mágoa entre familiares,
especialmente entre pais e filhos. Quando os pais são muito implicantes,
ficam cerceando os filhos, não lhes tratam como pessoas livres e dignas,
insistem em impor sua vontade sobre a deles, então as mágoas florescem.
Os pais, se querem que seus filhos os respeitem e amem, devem ser amá-
veis com eles.
- Mas independente da amabilidade dos pais, é obrigação dos filhos honrá-
los e respeitá-los. Mesmo que eles sejam esquisitos, ainda que sejam vici-
ados ou corruptos, ainda que não tenham dado carinho e amor aos filhos,
é tarefa dos filhos honrá-los. O que quer dizer honrar os pais? Quer dizer
não humilhá-los, nem desprezá-los, cuidando deles nas necessidades. Cer-
tamente que há pais que, por merecimento, não deveriam receber os cui-
dados dos filhos, mas mesmo assim é de bom tom que os filhos tenham a
magnanimidade de cuidar deles. Isso agrada ao Senhor, diz a Bíblia, e
Deus garante recompensa para quem o faz. Que recompensa? Certamente
não são bens materiais, nem ausência de problemas. Ao contrário, quem
cuida de um pai ou de uma mãe problemáticos tem mais problemas que
quem os abandona. Mas quem cuida dos seus pais terá a recompensa do
dever cumprido, de uma paz sem fim que só quem ama e cuida pode ex-
perimentar, mesmo que isto venha em meio a angústias e desavenças.
- Exceção seja aberta, porém, para alguns casos, onde é melhor os filhos
tomarem seus rumos e deixarem seus pais cuidarem da própria vida. Por
exemplo: 1) Se uma filha foi molestada sexualmente pelo pai e não dá
conta de superar isto, melhor viver sua vida longe dele do que ficar sujeita
à sua tirania e remoer isto a vida inteira. 2) Se um filho viu sua mãe se
drogar a vida toda e corre o risco de cair na mesma cilada, se ela não quer
abandonar o vício, melhor o filho fugir e cuidar de si deixando a mãe aos
cuidados de alguma instituição ou órgão que tenha condições de fazê-lo.
3) Se um filho insiste em ignorar seus pais e escolhe viver bêbado, caído
pelas ruas, sem laços familiares e, se os pais já tentaram de tudo e suas
forças parecem ter acabado, o que fazer? Deprimir, viver todos os dias
atrás do filho, sem poder cuidar de sua própria vida? Melhor aguardar o
momento certo de agir. Enquanto isso, os pais salvem sua própria vida da
angústia, de forma que, na hora em que o filho aceitar socorro, a família
estará em condições de acolhê-lo.
- Bom, parece que já deu para entender. A regra para os filhos é cuidar dos
pais, honrá-los, ampará-los, obedecer suas orientações. A regra para os
pais é proteger e amar seus filhos sempre, sem irritá-los. Mas que fique
bem claro: cada caso é um caso; há exceções que devem ser cogitadas pa-
ra a preservação da vida tanto dos pais quanto dos filhos.
3. ATIVIDADE
Mais uma vez, oferecemos duas atividades.
O catequista analise antecipadamente o que é melhor para sua turma.
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos de dois ou três e convidar a turma para fazer caça-
palavras. Num quadro, haverá atitudes que os pais devem ter com os filhos
(cuidado, carinho, e, paciência, segurança, zelo, proteção etc.); no outro, ati-
tudes que os filhos devem ter com seus pais (obediência, respeito, reverência,
amor, gentileza etc.).
Sugestão 2
- Se a turma assistiu a película Álbum de Família (classificação: 12 anos) du-
rante a semana, o catequista aproveitará esta ocasião para comentar o filme.
Veja o que os catequizandos entenderam, deixe-os partilhar à vontade a im-
pressão que tiveram do filme. O catequista via conduzindo a conversa, fazen-
do perguntas, tais como: “Por que aquela família não conseguiu viver unida?
Por que não teve um final feliz para o filme? Alguém foi culpado?”. Sugeri-
mos que o catequista mostre à turma que nem sempre temos finais felizes e é
preciso viver com isto também. Nem sempre nossos investimentos na família
dão o resultado que queremos. É preciso assumir a família do jeito que ela é,
inclusive dividida, despedaçada, sem os laços de compromisso que gostaría-
mos que os membros tivessem uns com os outros.
Conclusão
A família é uma instituição muito importante na sociedade. Dela recebemos
as primeiras noções da vida, os primeiros valores. Através dela aprendemos a ser
gente, a tomar consciência da vida e, assim, nos preparamos para enfrentar o futu-
ro. Por isso, ainda que a nossa família não seja aquela que a gente gostaria, ela é a
única que temos; é a família possível, com seus limites e virtudes. Há famílias que
não são completas: falta o pai ou a mãe ou até os irmãos. Há famílias que tem
outras configurações, mas tudo é família e o importante é o respeito e o carinho
que há entre seus membros. Para ser feliz, cada um deve aceitar sua família, as-
sumi-la mesmo com seus problemas. Negar as raízes familiares, abandonar os pais
no esquecimento, desprezar os parentes, fingir que eles não existem... tudo isso
não gera vida, ao contrário, traz traumas e angústias ainda maiores.
4º Encontro
Texto: Jo 8,1-8
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Onde se encontrava Jesus?
• Quem estava com ele?
• O que Jesus fazia?
• Qual o principal conteúdo da pregação de Jesus?
• Quem foi que os escribas e fariseus trouxeram a Jesus?
• Em que situação ela foi pega?
• O que a Lei de Moisés prescrevia para esses casos?
• O que disse Jesus diante da insistência dos fariseus em condenar a mulher?
• Como os fariseus reagiram?
• O que aconteceu à mulher?
• Qual foi o veredicto de Jesus para aquela situação?
• Qual a ordem final que Jesus deu à mulher?
Aprofundamento
- Esta é uma bonita história para falar da vida, com seus atropelos e dificuldades.
O relato mostra como podemos superar as tribulações que enfrentamos cada dia.
A mulher adúltera representa cada um de nós que, muitas vezes, tomou uma deci-
são errada, trocou os pés pelas mãos e a vida parece interrompida por causa disso.
Naquele tempo, a Lei de Moisés era clara: quando era pega em adultério, a mulher
deveria morrer apedrejada. É o que querem fazer os fariseus: querem cumprir a
Lei, sem olhar a situação da mulher, sem usar de misericórdia com ela. Por isso,
eles a põem no centro da roda, cercam-na de forma que ela não tem como escapar.
Seus olhos agudos e maus espreitam a mulher, prontos para dar o bote, para devo-
rar sua vida, culpando-a, condenando-a, como se fosse a única a se equivocar nes-
ta vida.
- Mas Jesus não tem o mesmo olhar dos fariseus. Seu olhar é misericordioso. Ele
sabe que todo mundo está sujeito a erros e, por isso, todos precisam do direito de
recomeçar. Em vez de julgamento e condenação, precisamos de apoio e perdão.
Foi o que fez Jesus. Diante daquela pobre mulher, acuada pela Lei e pelos cum-
pridores da Lei, Jesus lembrou que a lei do amor é maior que todas as leis da vida.
Jesus amou aquela mulher e compreendeu sua história tão atropelada, cheia de
equívocos e desenganos. E mostrou que todos se enganam de vez em quando. To-
dos precisam de uma chance para recomeçar.
- Diante da bondade de Jesus e de seu ensinamento sobre a fragilidade humana
(“quem não tem pecado atire a primeira pedra”), os fariseus que haviam condena-
do a mulher caíram em si e fugiram da verdade. Era muito duro admitir que todo
mundo tem pecado e precisa assumir sua história e recomeçar. Melhor posar de
bonzinho e fingir que nunca errou do que enfrentar a vida com suas mazelas.
- Ao final do texto, vemos que Jesus dialoga com a mulher de igual pra igual. Ele
dá voz e vez a ela, que até aquele momento não fora ouvida nem acolhida na sua
miséria, só julgada e condenada (perceba que a mulher não teve direito à voz no
começo do texto!). Diante da compreensão de Jesus, uma nova história se abre. O
caminho fechado pelos condenadores que a cercavam se abre diante da palavra de
Jesus que diz: “Vai e, de agora em diante, não peques mais!”.
- A mulher vai ter que assumir diante de todos a sua história. Certamente todos
vão olhar para ela e dizer: “Olha lá a mulher adúltera! Só não morreu apedrejada
porque Jesus a defendeu! Mulher de vida dissoluta! Mulher pecadora!”. Assumir a
própria história não é fácil. Requer assumir os próprios erros, as escolhas do pas-
sado, as origens, a cultura, a condição social, a família. Tudo precisa ser assumi-
do. Mas, com Jesus, é possível assumir quem somos e recomeçar. A comunidade
cristã aprendeu, por meio desta história, que a bondade é o remédio para todos os
erros. E os cristãos que aprenderam que é preciso assumir os erros e recomeçar.
Para isso contamos sempre com a bondade e o apoio de Jesus, que compreende a
gente e nos estende sua mão.
3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Dividir a turma em grupos de 4 ou 5 pessoas e distribuir os textos para serem
lidos e refletidos. São dois textos diferentes. Terminada a leitura, responder as
questões que seguem.
Conclusão
Assumir nossa própria história não é tarefa nada fácil. Algumas vezes, negar
as origens, as raízes, os fatos, parece menos doloroso. Mas também é menos liber-
tador. Ainda que nossa história seja sofrida, seja estranha aos olhos de muitos, ela
precisa ser assumida. Foi o que aconteceu com a mulher adúltera, cuja narrativa se
encontra no Evangelho de João. Ela tinha um passado sofrido e um futuro a enca-
rar. O julgamento dos cumpridores da Lei não ajudava neste processo. Só o amor
de Jesus deu a ela forças para recomeçar. O perdão anima e o amor refaz. Diante
da acolhida de Jesus e de sua atitude de misericórdia, a mulher estava pronta para
recomeçar, assumindo sua história: “Vai em paz”, disse Jesus, “não peques mais”.
É isso que Jesus diz também para nós: “Vá em paz! Em paz consigo, em paz com
a família, em paz com a própria história!”. Jesus está conosco e nos ajuda a reco-
meçar sempre.
5º Encontro
Partilha
• O que aconselha o Livro do Eclesiástico?
• Como preparar a alma para a provação?
• Devemos aceitar tudo o que nos acontecer? Isso não é acomodação?
• Quem cuida de nós na hora da dor e da angústia?
Aprofundamento
- O livro do Eclesiástico é um conjunto de conselhos e máximas com a finalidade
de formar os jovens, ajudando-os a se firmarem na fé e nos bons costumes. Tem
desde conselhos sobre a vida de fé como conselhos sobre o comércio, os amigos,
as mulheres, a educação dos filhos, o serviço na corte etc. O Eclesiástico fala de
tudo que envolve a vida e de como se comportar diante das diversas situações.
Isso ajudava os jovens daquele tempo a não ficarem perdidos diante das novida-
des que as novas e sedutoras culturas lhes apresentavam.
- Este texto que ouvimos fala sobre a importância da firmeza e da fé diante dos
atropelos da vida. A vida tem muitas surpresas, nem sempre agradáveis. Tem
muitas provações, nem sempre fáceis de suportar. Tem muitos desafios, nem
sempre fáceis de superar. Há muitas perdas, fracassos, insucessos, nem sempre
fáceis de aceitar.
- Por isso, o Eclesiástico aconselha a acolher as palavras de sabedoria e a não ter
pressa para tomar decisões. Ele convida os jovens a suportar a vida com o peso
que ela tem, que ele chama de “demoras de Deus”, mas entendendo que, para o
judeu, tudo era ação de Deus, o bem e o mal. As demoras de Deus são as de-
moras normais da vida.
-
- Para suportar as perdas, o conselho do Eclesiástico é fantástico: “Agarra-te a
Deus e não o largues”. O autor sabe que só com a força de Deus é possível dar
conta da vida sem desesperos e angústias maiores.
- Ele aconselha ainda que aceitemos tudo que venha a nos acontecer e que fi-
quemos constantes na dor. Suportar e aceitar o que a vida nos oferece de bom e
prazeroso é fácil; difícil, porém, é aceitar as adversidades, os aborrecimentos,
as perdas, as derrotas, principalmente as perdas familiares, perda de quem a
gente ama e que às vezes se foi tão cedo; perda das forças físicas por causa da
debilidade da saúde; perda por causa de algum acidente; perda por causa de al-
gum descuido, perda de bens, perda de sonhos, perda de pessoas.
- Quando vivemos alguma destas situações, quase sempre, fora raras exceções,
não há o que fazer a não ser aceitar em paz o que a vida nos trouxe: a doença, a
ausência de alguém, o limite do corpo, a debilidade, o insucesso. Contra algu-
mas coisas, há como lutar; há o que fazer e é preciso fazer algo. Mas há coisas
contra as quais não há nada a fazer como no caso da morte de alguém querido,
por exemplo. Nada a fazer a não ser o luto e depois recomeçar a vida “agarrado
a Deus”, como disse o Eclesiástico,
- Importa na hora difícil ser constante e não desanimar. E a paciência é remédio
pra muitos males. Assim como o ouro é provado no fogo, é na dificuldade e
nas tribulações que sabemos quem realmente tem um coração que é ouro puro,
capaz de passar pela crise sem se derreter.
- Na hora da dor, a fé pode ajudar muito. Saber que Deus cuida de nós e está
conosco nos consola e fortalece. Essa certeza deve nos acompanhar até a velhi-
ce: seja qual for a perda, seja qual for a dor, não estamos sozinhos; Deus está
conosco.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- O catequista leia para a turma a história abaixo.
-
Por que, meu Deus?
Questões
• Há um culpado pelas perdas de Marcone? Como entender todas
essas perdas? Elas são vontade ou culpa de Deus?
• Adianta Marcone viver cheio de medo de novas perdas? Isso vai
impedir que perdas futuras aconteçam?
- Entregar lápis e papel para cada um. No alto da folha deve estar escrito: O
QUE EU MAIS TENHO MEDO DE PERDER?
- Cada catequizando é convidado a fazer uma lista com seus medos: medo de
perder os pais, medo de perder a saúde, medo de ser fracassado no futuro etc.
- No final, cada um diz qual é seu maior medo e o catequista conclui, mostran-
do que a vida segue em frente mesmo com esses medos e perdas.
Conclusão
Lidar com a perda e o fracasso é sempre algo muito difícil. Lidar com o in-
sucesso e com a frustração é mesmo muito doloroso. Mas é preciso saber que
perdas e insucessos fazem parte da vida. Não são culpa de Deus; não são armadi-
lhas ou laços que ele nos arma para nos atormentar. Deus não é sádico, não quer
ver ninguém sofrendo, não quer o mal de ninguém. Deus é amor e quer o nosso
bem. Mas nem sempre as coisas acontecem como nós queremos: é a vida e suas
surpresas. Ficar revoltado com Deus não resolve. Ao contrário, deus é nosso ami-
go e nos estende a mão na hora da dor para que a gente não vacile. Só com a for-
ça de Jesus pra gente dar conta de superar esses momentos, sem ficar amargo,
ranzinza, rabugento, de mal com a vida. Mas, se estamos sempre juntos de Jesus
ressuscitado, sua força nos sustenta e sua mão estendida nos ampara na hora da
queda. É com ele que contamos para vencer essas horas difíceis e permanecer de
pé, seguindo sempre em frente. E que ninguém diga na hora da dor: “É Deus
quem está me provando” ou “É Deus quem está me castigando!”. Nada disso:
Deus não prova, nem tenta ninguém. O contrário é que é verdadeiro: Na hora da
dor, Deus me sustenta, me estende sua mão e me ajuda a vencer as angústias das
perdas”.
Texto: Mt 19,16-22
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O jovem perguntou a Jesus?
• O que respondeu Jesus? O que sugeriu que ele fizesse?
• Mas o homem insistiu e perguntou o quê?
• Quais os mandamentos que Jesus listou?
• O que o jovem disse a respeito dos mandamentos?
• Faltava alguma coisa para aquele jovem? O que Jesus o aconselhou a fa-
zer?
• Como o jovem reagiu?
Aprofundamento
- Um homem se aproximou de Jesus e perguntou a ele o que devia fazer para
ter a vida eterna. Havia um sonho no coração daquele homem – um jovem se-
gundo Mateus. Todo jovem sonha e sonha muito, sonha alto. Sonha ser feliz;
sonha conquistar muitas coisas; sonha ter sucesso; sonha formar uma família,
ter uma carreira, um bom trabalho, uma profissão bacana; sonha viajar e fazer
mil coisas. Aquele jovem não era diferente.
- Como bom judeu, aquele jovem sonhava com a vida eterna, ou seja, a vida
plena que a Torá prometia, incluindo sucesso, vida longa, família numerosa e
muitos bens. Para ser feliz, conforme o pensamento da Torá, a primeira con-
dição era seguir os mandamentos, por isso Jesus respondeu a ele que fizesse
isto: cumprisse os mandamentos. Jesus resume os mandamentos em seis bem
conhecidos: 1) Não cometer homicídio; 2) não cometer adultério; 3) não rou-
bar; 4) não levantar falso testemunho; 5) honrar pai e mãe; 6) amar o próxi-
mo. O número seis é significativo; significa algo incompleto, imperfeito, in-
capaz de trazer a felicidade, como as seis talhas de água já vazias nas bodas
de Caná.
- Ao colocar seis mandamentos, Mateus está dizendo que só seguir a Torá não
é suficiente para ser feliz. O jovem confirma esta ideia, pois disse a Jesus que
já fazia isto e ainda faltava alguma coisa. Na Torá o número perfeito é o sete.
Para ser feliz, para ter sucesso, para realmente ser bem sucedido como era de-
sejado, o jovem ainda tinha que fazer uma coisa: desapegar-se de tudo para
ser verdadeiramente livre.
- O sucesso é boa coisa, mas o apego ao sucesso pode fazer a gente se dar mal.
Quanto mais alto se sonha, quanto mais a gente se obriga a ter sucesso, pior
pode ser. O sucesso é bom, mas devemos lidar com a possibilidade do insu-
cesso. O jovem ficou triste quando Jesus falou qual era a sétima coisa, aquilo
que o completaria e o faria bem sucedido e feliz. Ele foi embora infeliz. Às
vezes, queremos o sucesso, mas nos apegamos tanto aos caminhos para ser
feliz que nem percebemos que a felicidade pode estar em outro lugar: no de-
sapego e na liberdade, por exemplo.
- O jovem tinha muitos bens, disse o Evangelho. Que bens tinha aquele jovem?
“Por que desapegar-se dos bens, se eles eram fruto de sua justiça?”, pensou o
jovem. Vejamos, muitos judeus pensavam assim: “Quanto mais justo eu for,
mais bens Deus vai me dar”. Ora, se ele – mesmo jovem – já tinha muitos
bens, a conclusão era obvia: Ele era um poço de justiça! Seus bens foram ad-
quiridos por mérito; Deus retribuiu em bens a justiça praticada. Então por que
deixar os bens?
- O Evangelho de Mateus não é contra os bens materiais. Mateus escreve para
uma comunidade de judeus, com muita dificuldade para abandonar os valores
da Torá – como a retribuição divina – e se apegar aos ensinamentos cristãos.
Mateus está dizendo que a felicidade que os judeus-cristãos buscavam não es-
tava nos bens – que, segundo eles, vinha do cumprimento da Torá –, mas da
mais plena liberdade diante desses bens.
- Isso vale pra nós hoje. Somos como esse jovem que quer ser feliz, quer o so-
nho mais alto, a conquista mais difícil, na linguagem judaica, a vida eterna.
Mas o sucesso pode não estar onde nós o colocamos; e o caminho para alcan-
çá-lo pode ser bem diferente do que projetamos. Às vezes, temos sonhos, pro-
jetos e, quando menos esperamos, eles se desmoronam. É preciso entender
que dá pra ser feliz de outra forma, pra ter sucesso de outro modo. Se uma
porta se fecha, mil outras se abrem. Se o plano A dá errado, dá pra ser feliz no
plano B ou C ou D... Pois o sucesso não está nas coisas, mas na forma como
lidamos com todas elas.
- O jovem foi embora triste, disse Mateus. Esperamos que esta tristeza simboli-
ze a capacidade de repensar a vida. Há tristezas que são boas; são a chance
que a gente precisa para repensar e recomeçar. Ser bem sucedido não é coisa
fácil e é preciso saber lidar também com o insucesso. O insucesso de hoje po-
de ser o trampolim para a realização de amanhã. A tristeza do jovem pode ser
uma porta para grandes alegrias futuras.
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos e repartir o texto abaixo para ser lido e meditado.
- Pedir que terminada a leitura, reflitam sobre a história e responda as questões
propostas.
A ESCOLHA CERTA
Uma mulher, ao sair de casa, deparou-se com três andarilhos em frente ao
seu portão. Um deles disse:
- Senhora, estamos famintos. Pode nos dar algo, para matar a fome?
- Claro, entrem e comam alguma coisa – respondeu a mulher.
- O homem da casa está? - perguntaram.
- Não, ele está trabalhando.
- Então, não podemos entrar. E não entraram, sem que a mulher entendesse
a razão.
À noite, quando a família estava reunida, a esposa contou ao marido o que
havia ocorrido. Então, ele disse:
- Vá lá fora e convide-os para entrar.
A mulher saiu e eles ainda estavam lá. Convidou-os para entrar. Mas eles
disseram:
- Não podemos entrar juntos. E explicaram:
- Meu nome é AMOR, o dele é FARTURA, o outro se chama SUCESSO.
Você e sua família precisam escolher um de nós, que irá entrar em sua casa.
- A mulher, sem entender nada, foi conversar com o marido e o restante da
família. Ela sugeriu:
- Vamos convidar a FARTURA para entrar em nossa casa. Assim, não vai
faltar mais nada.
O marido, porém, discordou e sugeriu:
- E se convidássemos o SUCESSO, não seria melhor?
- Estavam inseguros. Conversaram um pouco mais e decidiram:
- Vamos convidar o AMOR.
A mulher saiu e disse aos três:
- Nós conversamos e escolhemos o AMOR para entrar em nossa casa.
O AMOR levantou-se e caminhou na direção da porta de entrada. Mas, para
surpresa de todos, os outros dois – FARTURA e SUCESSO – seguiram o AMOR
e entraram também.
Ela, sem entender, indagou:
- Mas não era um só que deveria entrar?
Eles responderam:
- Se você convidasse a FARTURA ou o SUCESSO, os outros dois esperari-
am aqui fora. Mas, como você convidou o AMOR, onde ele for vão também a
FARTURA e o SUCESSO.
Questões
• O que você entendeu da parábola acima?
• Por que o SUCESSO e a FARTURA entraram junto com o AMOR?
• Você concorda que nem sempre sucesso e fartura são sinônimo de fe-
licidade?
Conclusão
“Como lidar com o insucesso?”, nós nos perguntamos. Hoje mais do que
nunca a sociedade nos impõe a tirania do sucesso. Precisamos ser bem-sucedidos;
alcançar o primeiro lugar, conquistar fama, poder, dinheiro, prestígio, reconheci-
mento. Mas será que a vida plena está mesmo nisto? Será que a felicidade está no
sucesso? O sucesso pode ser fugaz e passageiro. Há coisas mais importantes que
podem trazer maiores realizações. Certamente um pouco de sucesso e reconheci-
mento todo mundo quer, mas esta não deveria ser a meta de nossa vida. A vida
vale mais que o sucesso; a família e os amigos valem mais que a fama; a saúde
vale mais que o dinheiro e o reconhecimento. Um pequeno momento de prazer
familiar, de comunhão com quem a gente ama pode ser um sucesso bem maior
que o reconhecimento de uma sociedade inteira. Que ninguém se iluda: saber lidar
com o insucesso pode ser fonte de felicidade tanto quanto ser bem sucedido; saber
desfrutar pequenos prazeres da vida pode ser mais realizador que grandes conquis-
tas. Lembremo-nos do jovem rico: tanta riqueza, tanto reconhecimento de sua
justiça, tanto orgulho de cumprir a Torá, nada disso lhe trouxe a vida plena! A
vida plena, o sucesso verdadeiro, estava em algo mais simples: abrir mão de suas
seguranças e seguir Jesus.
7º Encontro
Texto: Jo 15,9-17
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O que Jesus diz aos seus discípulos?
• Por que ou para que Jesus diz todas aquelas coisas? Ou seja, qual a finali-
dade de seu ensinamento?
• Como Jesus nos ama? E como devemos amar uns aos outros?
• O que Jesus fala sobre o amor aos amigos?
• Como Jesus nos trata?
Aprofundamento
- Neste texto da Bíblia, o evangelista João nos ensina o caminho da verdadeira
felicidade: o amor. Acolher o amor que Deus tem por nós é o princípio da felici-
dade, e amar os outros como ele nos amou é o que leva esta felicidade à plenitu-
de.
- Para que a gente consiga amar assim, nada como abrir o coração para acolher o
amor que Jesus nos dispensa. Ele nos ama e nos convida a viver no seu amor (v.
10).
- Quem ama vive em comunhão com o amado. Por isso Jesus nos diz que, se aco-
lhemos de fato o amor que ele tem por nós, viveremos os seus mandamentos.
Não uns mandamentos frios e distantes de nós, mas o único e verdadeiro man-
damento: o mandamento do amor. Ele mesmo diz que este é o mandamento:
“amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” (v. 12). Este é o legado – a heran-
ça – que ele nos deixou, a ordem máxima que ele nos deu: o amor.
- E por que ele nos deu esta ordem? Para nos impor um fardo? Para nos dificultar
a vida? Não. Para nos fazer felizes. Só o amor traz a felicidade completa. Amar é
muito mais que ter sucesso. Uma vida com amor é uma vida plena de sentido, de
significado, de realizações. Ainda que realizemos todos os nossos sonhos, que
alcancemos nossas metas profissionais, que realizemos nossos projetos, se não
amarmos nem formos amados, nada adiantará. O amor é o que, de fato, realiza a
gente.
- Jesus ensina como é o verdadeiro amor. O amor verdadeiro é aquele capaz de se
sacrificar pelo amado, como Jesus fez por nós. Amando-nos, amou-nos até o
fim; até entregar a vida por nós. Ele, em nome do amor que sentiu por cada um
de nós, seus amigos, não poupou sua própria vida. Ele nos escolheu para amar e
nos amou sem reservas.
- E é esta ordem que ele nos dá: que nos amemos uns aos outros como ele nos
amou. Quem experimenta o amor tem a alegria completa, pois foi para amar e
ser amados que fomos criados.
- Mas o que é o amor? É um sentimento, uma emoção? Não! O amor é a capaci-
dade de entregar ao outro numa relação sincera e sem cobranças, numa cumpli-
cidade bacana, realizadora. Este amor ultrapassa a relação dos casais, mas tam-
bém a contempla. Mas vai muito além. O amor tem muitas formas, todas belas,
todas plenas, como o amor de Jesus por seus amigos.
3. ATIVIDADE
Oferecemos duas opções de atividades. O catequista veja a que mais convém.
Sugestão 1
- Convidar a turma para recordar os encontros anteriores. Cada um receberá
um cartão em branco, lápis ou caneta, e irá escrever nele algo daquele en-
contro que mais o marcou durante o ano.
- Tendo escrito, convidar a turma para partilhar o que escreveu. Nem todos
precisam falar, apenas alguns.
- Em seguida, montar um cartaz colando nele os cartões que eles fizeram.
- Cantar bem animado a música número 17.
Sugestão 2
- Fazer uma loteria: cada catequizando recebe uma folha com 13 questões bíbli-
cas e um diagrama para marcar a resposta certa. Vamos ver quem faz os 13
pontos.
- Questões:
1. Sobre a predestinação
A. Nossos caminhos estão predestinados, pois quando nascemos Deus já es-
creveu nossa vida no livro da vida.
B. Nossos caminhos não estão determinados e tudo que acontece na vida de-
pende unicamente de nossas escolhas.
C. Nossos caminhos não estão predestinados, mas nem sempre temos tantas
escolhas assim; há coisas que nos são dadas e não há como mudar.
2. Sobre os temperamentos
A. Já nascemos com um determinado temperamento e isto não pode ser mu-
dado.
B. Já nascemos com determinado temperamento, mas podemos trabalhar suas
características e moldá-lo conforme nossos princípios éticos e escolhas pesso-
ais.
C. Já nascemos com determinado temperamento, mas uma boa educação e
severa disciplina podem mudar isso completamente.
3. Sobre a raiva
A. A raiva é um pecado capital e sentir raiva deve ser motivo pra gente se
confessar.
B. A raiva é uma emoção normal e todos sentem raiva; pecado é agir com vi-
olência e não sentir raiva.
C. A raiva é uma emoção normal e também é normal ser violento quando es-
tamos com raiva.
4. Sobre a tristeza
A. A tristeza é uma emoção muito perigosa, pois gera a angustia e a depres-
são.
B. A tristeza é uma emoção como qualquer outra e o importante é como va-
mos reagir a ela.
C. A tristeza é falta de fé, pois quem tem fé em Deus não se entristece nem se
deprime.
5. Sobre o medo
A. O medo é uma emoção que tem suas vantagens, pois pode nos preservar do
perigo.
B. O medo é algo inadmissível em quem tem fé, pois Jesus está conosco e ter
medo é falta de fé.
C. O medo é uma doença e quem tem medo tem que ir ao psiquiatra.
6. Sobre a depressão
A. A depressão é uma doença psiquiátrica e quem sofre de depressão precisa
se tratar para vencer suas angústias, mas a fé também pode ajudar.
B. A depressão é uma doença psiquiátrica e quem tem depressão deve rezar
bastante, pois a fé é o remédio contra a depressão.
C. A depressão só ataca pessoas sem fé, pois quem tem fé está imunizado
contra os ataques do inimigo.
7. Sobre o sucesso
A. O sucesso deve ser buscado a qualquer preço, pois ele é sinônimo de feli-
cidade.
B. Ter sucesso é bom, mas ser bem sucedido não é sinônimo de ser feliz.
C. O sucesso é um perigo para o cristão, pois o cristão deve ser humilde como
Jesus e o sucesso corrompe a alma.
8. Sobre a felicidade
A. A felicidade não existe; é uma ilusão do inimigo.
B. A felicidade consiste em ter bens, fama e sucesso.
C. A felicidade consiste em amar e ser amado.
9. Sobre os dramas da vida
A. A vida é triste e cheia de surpresas desagradáveis porque a humanidade
pecou e o sofrimento é consequência do pecado.
B. A vida tem seus dramas, mas ela é bela e cheia de alegrias.
C. A vida só tem dramas para quem é frágil e não luta com garra.
10. Sobre os sofrimentos
A. O sofrimento faz parte da vida e dá pra ser feliz mesmo em meio às pelejas
da vida.
B. O sofrimento é reservado para os maus e a felicidade para os bons.
C. O sofrimento existe para nos purificar dos pecados.
11. Sobre o prazer
A. O prazer é lícito desde que não seja egoísta, por isso a Bíblia não condena
o prazer.
B. O prazer é condenado pela Bíblia e tudo que dá prazer é pecado.
C. O prazer está sempre ligado à sexualidade e não há prazer fora do sexo.
12. Sobre a teologia da retribuição
A. De fato, Deus retribui o bem para quem faz o bem e o mal para quem faz o
mau.
B. Deus não retribui nem bem nem mal; ele não tem nada a ver com isso. A
vida é que tem seus atropelos e suas alegrias, pois Deus não está nem aí
pra nós.
C. Deus abençoa a todos e para todos quer dar vida plena, mas há outras
questões em jogo na trama da vida que não são tão fáceis de explicar.
13. Sobre a superação
A. Quem é forte supera tudo e tudo vence.
B. Devemos aceitar passivamente tudo que nos acontecer, pois esta é vontade
de Deus.
C. Mesmo sendo fortes há coisa que não temos como superar ou vencer e de-
vemos apenas aceitar.
A B C
1 x
2 x
3 x
4 x
5 x
6 x
7 x
8 x
9 x
10 x
11 x
12 x
13 x
- Quando a turma terminar a atividade, corrigir e ver quem fez mais pontos.
É importante aproveitar para ver quem errou e explicar qual seria a respos-
ta certa e por que razão.
Conclusão
A verdadeira felicidade não vem do sucesso, nem da fama, nem da riqueza.
Vem da capacidade de amar, de construir verdadeiras relações de afeto, de amiza-
de, de amor. É isso que Jesus nos ensina. Quanto mais a gente for capaz de amar,
de se entregar por amor, de perdoar, de doar a vida sem cobranças, sem exigên-
cias, mais feliz a gente será. Quem muito ama experimenta a verdadeira liberdade
e realização.
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
- Cantar a música número 17.
- Motivar a oração: “Muitas vezes, buscamos a paz e a felicidade em outros
caminhos e não no máximo mandamento que Jesus nos ensinou. Vamos pedir
a Jesus que nos ajude a superar essa ilusão de uma felicidade longe do seu
amor e da sua palavra. Só com Jesus ao nosso lado podemos superar algumas
barreiras. Com ele somos mais felizes, mais fortes, mais bondosos. Vamos
nos encher do seu amor e fazer também o compromisso de amar sempre mais,
pois, repletos de seu amor, somos capazes de amar. Vamos fazer bastante si-
lêncio e cada um, no seu coração, vai conversar com Jesus e firmar com ele o
compromisso de amar”.
- Encerrar rezando o Pai-Nosso.
- Cantar à vontade.
4ª etapa
8º Encontro
CELEBRAÇÃO
PREPARAÇÃO
- Preparar um altar, com toalha, vela, flores e a bíblia.
- Levar um galho seco, grande e bem visível. Preparar lugar para fixa-lo. Pode
ser um vaso com areia molhada onde o galho é enterrado.
- Levar uma planta grande e bonita, como uma arvorezinha.
- Preparar corações de papel, um para cada catequizando. Colocar neles um
barbante ou fita de forma que possam ser fixados na planta verde.
- Preparar cartão de natal para todos os catequizandos.
- Ensaiar as músicas.
- Escolher antecipadamente alguém para ser leitor e treinar com ele.
- Preparar com capricho um belo momento de confraternização.
1. RITOS INICIAIS:
C - Acolher a turma e motivar a celebração, dizendo: “Durante este ano
de catequese, refletimos sobre nossa vida com seus dramas e alegri-
as, sobre nossa vida, nosso temperamento, nossas emoções e senti-
mentos... E vimos que devemos aceitar o que somos para sermos fe-
lizes e livres. Aceitar a nós mesmos, com nossos defeitos e virtudes,
aceitar nossa família com suas esquisitices, aceitar a vida do jeito
que ela é: eis um passo muito importante para a felicidade. Sem isso,
viveremos amargos e rabugentos, só choramingando e reclamando da
vida. Hoje nos encontramos aqui para celebrar a vida como ela é e
agradecer a Deus por tantas oportunidades que temos. Vamos iniciar
cantando a música número 6”.
D - Unidos e confiantes, iniciemos nossa celebração com o sinal de nos-
sa fé na presença de Deus junto de nós.
T - Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
D - Meus irmãos, eu desejo que a paz de Jesus, o amor de Deus nosso
Pai e a força de Espírito Santo estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
C - Motivar: “Nossa felicidade e nossa liberdade tem mais chance de
acontecer se nos apoiamos em Jesus e firmamos com ele nossa ami-
zade. Na comunhão com ele encontramos força para viver, como um
galho que tira do tronco a seiva para permanecer verde, dar flores e
frutos. Muitas vezes, porém, seguimos nossa cabeça meio maluca e
rompemos a amizade com Deus. Aí nossa vida vai secando e se torna
um galho seco, incapaz de produzir. Sem a força de Deus, nossa ale-
gria vai secando, nossa capacidade de lutar e reagir vai diminuindo,
nossas energias vão se esgotando... Será que esta é a melhor opção
para nossa vida?”.
- Dar um tempo para pensar, fazendo bastante silêncio.
- Entrar um catequizando trazendo o galho seco e fixá-lo em vaso
apropriado. Enquanto isso, cantar a música número 18.
D - Motivar: “Se com Deus temos mais chances de ser felizes, rezemos
pedindo a ele sua força. Cada um coloque a mão no seu coração, fe-
che seus olhos e reze comigo: ‘Jesus, ajude-me a caminhar sempre
em comunhão com o Senhor, sem jamais separar-me de seu amor.
Amém.’”.
- Cantar novamente a música anterior.
D - Oremos: “Ajudai-nos, ó Deus de amor, a cultivar nossa amizade com
o Senhor, para que por meio desta comunhão, tenhamos a vida plena
que vós nos prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo”.
T - Amém!
2. RITO DA PALAVRA:
C - Convidar a turma para se assentar e se acalmar para ouvir a Palavra
de Deus.
- Comentar: “Vamos ouvir agora um trecho da bíblia. Deus nos fala
por meio de sua palavra e devemos ter ouvidos atentos, para acolher
o seu recado. Hoje ele nos convida á comunhão e nos adverte sobre
os perigos de romper nossa amizade com ele. Ouçamos atentos”.
L - Jo 15,1-8 - Ler na Bíblia.
D - Convidar a turma para partilhar a leitura. Cada um pode falar livre-
mente o que entendeu do texto ou o que achou mais bonito.
D - Terminada a partilha, concluir:
Jesus fala a seus discípulos sobre a importância da comunhão e da
amizade com ele. Para que eles entendam bem, jesus usa uma compara-
ção: a videira e os ramos. Jesus é a videira; os discípulos, os ramos. Para
que os ramos fiquem verdes, cheios de vigor e produzam frutos, devem
ficar bem unidos ao tronco. Assim acontece com os seguidores de Jesus.
Nossa vida está nele. Dele dependemos para viver bem, livres e felizes.
Sem ele, a vida é bem mais difícil; sem a força do evangelho, nós fraque-
jamos. Logo, o convite de Jesus é claro: fiquem unidos a mim e a vida de
vocês será plena.
3. RITO DE COMPROMISSO
C - Convidar a turma para professar a fé e depois fazer seu compromisso
com Jesus. Explicar; “Nosso compromisso com Jesus, depende de
nossa fé. Vamos professar a nossa fé. Ela deve ser forte e decidida
para que não vacilemos em nossos compromissos firmados com
Deus. Vamos perguntar se vocês creem e vocês responderão sim ou
não; depois todos juntos cantaremos bem bonito”. Música número
20.
- O catequista pergunta e a turma responde.
D - Vocês creem em Deus, o criador, que tanto nos ama e nos aceita do
jeito que somos?
T - Responder sim e depois cantar a primeira parte da música.
D - Vocês creem e Jesus, nosso salvador e amigo, que nos dá vida plena,
livre e feliz?
T - Responder sim e depois cantar a segunda parte da música.
D - Vocês creem no Espírito Santo, que nos dá força e luz na caminhada
da fé?
T - Responder sim e depois cantar a terceira parte da música.
C - Explicar: “Vamos receber agora uma planta verde e bonita; seus ga-
lhos são verdes e fortes pois estão unidos ao tronco, como forte e be-
la é nossa vida quando unida a Jesus”.
- Distribuir aos catequizandos o coração de papel com o nome de cada
um deles. Convidá-los a fixar o coração na planta verde, comprome-
tendo-se a se manter unido a Jesus.
- Enquanto isso, cantar a música número 14.
D - Concluir: “Unidos a Jesus, teremos força e coragem para sempre
produzir frutos de alegria e paz. Desejamos que vocês jamais se afas-
tem de Jesus, que todos possam viver na sua presença e gozar de sua
amizade fiel!”.
- Cantar de novo a música anterior ou outra equivalente.
4. RITOS FINAIS:
D - Oremos: Estamos felizes, ó Deus, porque vossa força e proteção nos
acompanham sempre. Agradecemos a vós por teu amor e pedimos
forças para sempre corresponder a ele. Por nosso Senhor Jesus Cris-
to, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
- Amém!
C - Dar os avisos necessários.
- Motivar o retorno no ano seguinte.
- Entregar o cartão de natal.
D - O Senhor esteja conosco.
T - Ele está no meio de nós.
D - Abençoe-nos o Deus, misericordioso e bom, Pai, Filho e Espírito
Santo.
C - Amém.
- Fazer confraternização, se assim foi combinado.
- Encerrar, à vontade.
MÚSICAS
2. TUA PALAVRA
- Tua palavra, Senhor, é luz que ilumina os meus passos,
Luz que me guia e orienta
Ao longo da caminhada.
Ela é um clarão
Ela é um farol
Ela é uma ajuda importante
Que me faz viver melhor. (BIS)
6. VAI SE ACHEGANDO
Meu amigo, meu irmão, vai se achegando.
Seu lugar reservado aqui está.
Se você vem trazendo alegria em seu ser,
Aqui estamos pra poder te acolher.
8. A TI CLAMAMOS
Senhor Jesus, a nossa vida é um grande desafio,
Vivê-la bem é arte nada fácil.
Manda sobre nós, ó Senhor,
Teu Espírito de amor,
Que ensina a bem viver.
- Na fraqueza da doença,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- Na morte que se achega,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- No abandono e no vazio,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
- Na minha cruz de cada dia,
Deus, que é meu amigo,
Está sempre comigo.
2. Não são muitas coisas que eu anseio 3. Deixo para trás o meu passado,
Só me importa conhecer Jesus Olho para a frente e sigo em paz.
Quero, junto dele, caminhar, seguir, Quem possui na vida um ideal deve
viver, lutar.
Mesmo que precise até sofrer. O importante é sempre confiar.
Ainda não alcancei a minha meta, Ouço a voz de Deus a me chamar.
Ainda não cheguei à perfeição. Ponho nele todo o meu amor.
Mas me empenho sempre em Sinto que ele vai esclarecendo para
conquistá-la por Jesus mim
Que já conquistou meu coração. Onde estão as coisas de valor.
R. Já é hora de despertar
E voltar prá junto de Deus
Ele estende a mão prá nos socorrer e nos amparar
Uma nova chance haverá
Se quisermos recomeçar
Deus não nos despreza, não nos abandona, sabe perdoar.
19) BAGAGEM
Quando eu comecei a crescer minha mãe me falava
Que os caminhos da vida são cheios de muita surpresa
Mas que existem lugares bastante pra quem se dispõe a caminhar
Que é preciso ter fé e coragem e acreditar.
20) CREIO
- Creio em Deus Pai, o Criador,
Bondade infinita, amor sem igual.
R.: Creio como Igreja, porque sou Igreja.
Somos povo santo, sacerdotal. (bis)
- Creio em Jesus, o Salvador...
- Creio no Espírito de amor...