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I- dados cadastrais datados, contendo:

a) data e local da inscrição.


03 e abril de 2019, Sã o Paulo-SP

b) nome, tempo de duração (prazo de inicio e término) e custo total do


projeto;
O ENTERRO DO LOBO BRANCO
6 meses
R$ 198.790,00

c) Proponente:

Razão Social : Associaçã o Cultural Corpo Rastreado

Numero do CNPJ: 07.818.952/0001-66

Número do CCM: 3487928-0

Endereço: Rua Romeu Perroti, 39 – Sã o Paulo-SP

Telefone/Fax: (11) 3031-7138

d) nome do responsável pela pessoa jurídica, número de seu RG e CPF, seu


endereço e telefone;

Marilia Gabriela Gonçalves

RG: 28.349.677-0

CPF: 271.241.418-77

Endereço: Rua Lira 58 vila Madalena Sã o Paulo, SP

Telefone: 11.941743067

e) nome, endereço, e-mail e telefone (inclusive celular) do representante


do projeto;

Vanise Susane Carneiro


Rua Bento Freitas 448/44 – Repú blica – Sã o Paulo
teatroliquidocia@gmail.com
11.991324275 / 11.951374275
II- objetivos e metas a serem alcançados:

- Criaçã o, produçã o e realizaçã o de temporada de oito semanas (24 apresentaçõ es) do


espetá culo teatral O ENTERRO DO LOBO BRANCO, a partir do livro homô nimo de
Má rcia Barbieri, sendo no mínimo 04 apresentaçõ es gratuitas e 20 a preços populares
(ou gratuitas no caso de teatro do município).
Pú blico alvo: Jovens e adultos, a partir de 18 anos, de todas as classes.
Previsã o de pú blico: 2.400 pessoas
Parâ metros: Borderô s, materiais de imprensa e de divulgaçã o.

- Realizaçã o de ensaio aberto, para grupos e estudantes de teatro da periferia, com


bate-papo com a equipe do espetá culo, sobre o processo criativo e adaptaçã o da
literatura para teatro, fomentando a reflexã o, gosto pelas artes e promovendo
discussã o da temá tica abordada.
Pú blico alvo: grupos e estudantes de teatro da periferia, estudantes EJA de escolas
pú blicas.
Previsã o pú blico: 80 pessoas
Parâ metros: Registro fotográ fico e vídeo.

- Realizaçã o de residência artística de cinco encontros com 10 atores e atrizes,


selecionados mediante carta de intençã o e currículo, de imersã o e troca no processo
de criaçã o do espetá culo com o diretor e elenco;
Pú blico alvo: atores e atrizes.
Previsã o de pú blico: 10
Parâ metros: Registro fotográ fico, vídeos e depoimentos dos participantes.

- Realizaçã o de encontro aberto ao pú blico com a autora, direçã o, atrizes, grupo


Maravilhosas corpo de baile e Pajubá – diversidade em rede, com os temas Outras
Narrativas de Poder e Novas Masculinidades.
Pú blico alvo: Jovens e adultos interessados nas temá ticas
Previsã o de pú blico: 80
Parâ metros: Clipagem, registro fotográ fico e vídeos.

- Democratizaçã o do acesso a arte através de temporada em teatro com acessibilidade


a pessoas com deficiência; uma apresentaçã o semanal com traduçã o em libras,
apresentaçõ es gratuitas ou ingressos a preços populares; meia entrada para idosos,
portadores de deficiência, estudantes, professores e classe artística e cota de convites
para escolas da rede pú blica e instituiçõ es de apoio a mulheres (no caso de
temporada paga).
III- justificativa dos objetivos a serem alcançados;

'Haverá um tempo em que você


descobrirá que o homem não passa de um
simulacro pretensioso do monstro e o monstro
habita embaixo da sua cama.'– Márcia Barbieri

O projeto O Enterro do Lobo Branco parte do romance homô nimo de Má rcia Barbieri
para trazer à cena os abismos entre o feminino e o masculino na sociedade
contemporâ nea. Ao dar voz para o monstro, percebemos que o homem branco
opressor nã o é uma fantasia que ele constró i de si mesmo. É o resultado de uma
estrutura. Queremos construir novas narrativas para tensionar essa estrutura e,
assim, repensar as relaçõ es de poder que a sustentam.

Nã o há como pensar no feminino sem entender as estruturas que formam a sociedade


patriarcal. Em um momento em que assuntos como feminismo, igualdade de gênero e
diversidade sã o pauta em projetos de lei, discussõ es mundiais e trendingtopics, a
nova masculinidade é um conceito que vem sendo cada vez mais debatido em um país
com a 5ª maior taxa de feminicídio do mundo.

'Quando uma mulher é morta, todas as


outras são' – major DeniceSantiago,
criadora da Ronda Maria da Penha

Essa é uma peça sobre feminicídio e masculinidade tó xica – uma expressã o que 75%
dos homens brasileiros nunca ouviram falar, segundo pesquisa do Google de 2019 / A
Nova Masculinidade e os Homens Brasileiros.

'Guerra. Violência. Sexo. Amputações. Mortes. Culpa.


Passado e futuro que se encontram e, sem se resolver,
reverberam e assombram. Sensações de dor, prazer e nojo
fundadas e descritas às vezes numa mesma frase.
...
O enigmático narrador pode ser percebido como um
poeta profundo, um ser sensível ou um amante carinhoso.
Revela-se ignorante, simplório, tosco e tarado, quando
mergulhamos no seu íntimo e confrontamos suas fraquezas.'
– Dimitri Brandi, autor do prefácio do romance

A encenaçã o coloca duas atrizes narrando o discurso de um homem tó xico sobre o


assassinato de sua parceira. Ao envolver-se em seu ego, objetificar a mulher e praticar
essa violência em cada palavra, cada gesto, nã o percebe sua pró pria autodestruiçã o.
Em uma histó ria de protagonistas mulheres, vemos em cena um homem que morre à
mesma medida em que suga a vida de sua companheira.

Sobreviventes, defuntas, vítimas e algozes sã o representados pelas mesmas atrizes.


Personagens que se duplicam, multiplicam, porque representam nã o uma mulher ou
um homem isolados. Nã o é um discurso ú nico: sã o diversos olhares e suas
subjetividades.

Somos uma equipe formada por mulheres e homens que acreditam que este é um
assunto urgente e que precisa ser discutido hoje, agora. Mulheres precisam parar de
morrer.

A Cia Teatro Líquido, através das atrizes Cibele Bissoli e Vanise Carneiro, convida o
diretor Joã o Pedro Madureira para este projeto. A escolha acontece pela sintonia no
trabalho, pelo refinamento estético com ênfase no ator e na fisicalidade, explícitas na
pesquisa do encenador, "Memória, Corpo e Dramaturgia", em que o corpo é colocado
no centro da criaçã o dramatú rgica, articulando-se com a memó ria do ator e com suas
experiências íntimas. Além disso, por sua trajetó ria e percepçã o, soma um olhar
masculino sensível e provocador, distanciando-se do macho dominante - uma vez
que ele pró prio também é vítima dessa toxicidade. Desde o seu primeiro trabalho, o
diretor pesquisa questõ es de gênero – em Parasitas e Agora Eu Era, da vai!
ciadeteatro, o ator está em funçã o de uma percepçã o do gênero da personagem.

Com foco em textos contemporâ neos e inéditos, a Cia Teatro Líquido vem, ao longo de
sua trajetó ria, trabalhando com autores que colaboram com o processo de criaçã o em
sala de ensaio. Criada em Porto Alegre, em 2006, a Cia mudou-se para Sã o Paulo em
2012, iniciando novas parcerias, com grupos locais e internacionais. O Enterro do
Lobo Branco dá continuidade a essa proposta.

Completando a equipe dessa investigaçã o temá tica, a atriz, diretora e pesquisadora


Janaína Leite fará uma provocaçã o no processo, pela maneira controversa como a
artista explora as representaçõ es do feminino através de sua pesquisa sobre abjeçõ es.
Essa provocaçã o visa enriquecer e aprofundar a discussã o, distanciando de um mero
discurso feminista imediatista ou panfletá rio. “A Abjeçã o é um conceito que pode
operar critica e dialeticamente na problematizaçã o dos gêneros sem apaziguar as
tensõ es e contradiçõ es ainda latentes em nosso tempo”(Leite, 2018).

O grupo Maravilhosas Corpo de Baile e a empresa Pajubá - Diversidade em Rede,


prestarã o uma consultoria, lançando um olhar problematizador, somando subsídios e
fortalecendo as escolhas no processo criativo.
Convidamos o cantor e compositor Filipe Catto para integrar a equipe como
compositor da trilha sonora original. A escolha se deu pelo seu talento indiscutível,
mas também por sua performatividade andró gina, representando uma tensã o na
narrativa de masculinidade vigente.

A complexidade de imagens, vozes, símbolos e metá foras que o texto de Má rcia


Barbieri propõ e é um estímulo para o teatro. Propomos uma intervençã o de
linguagem neste romance, buscando aproveitar a inovaçã o da autora, saudada pelos
críticos e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2018 na categoria Melhor
Romance 2017

A dramaturgia do espetá culo parte da estrutura apresentada no romance, dividida em


três ciclos: o assassinato, o veló rio e o enterro. O texto traz relaçõ es que se repetem, o
peso da violência nos atos impensados, a insanidade humana, o absurdo e o retorno
infinito de açõ es cometidas pela nossa espécie. Como calar essa herança? Como
romper esse ciclo?

‘Haverá um tempo em que penetrarei nas


bifurcações do jardim e encontrarei todos aqueles
homens iguais e franzinos velando o grande lobo
branco. E eu não soltarei um uivo eu não acuarei nem
devorarei minha presa eu ficarei estático esperando a
hora certa da cova se abrir diante de minhas patas
defeituosas.’– Márcia Barbieri

A transposiçã o de um texto literá rio nã o faria sentido se fosse somente a encenaçã o


ilustrada de uma histó ria. A nova obra será criada a partir do cruzamento com as
açõ es do espetá culo – drama-ergon, a dramaturgia que, segundo Eugenio Barba, é
sobre as açõ es e o texto enquanto tessitura de um espetá culo. Autora, atrizes, diretor
e equipe: a junçã o dessas experiências promove algo inédito, que potencializa e
inaugura novos modos de ver.

O teatro é um espaço político mediado por uma poética que ressignifica a sociedade
com um olhar crítico. É necessá rio olhar para as feridas, para a cultura que as
construiu e para onde isso vai nos levar: existe no texto de Má rcia Barbieri a profecia
do “tempo que virá ”. E assim surge a esperança de que este Enterro seja o enterro de
velhos significados, a morte anunciada do patriarcado e o surgimento de algo novo
pela presença do feminino, sem o qual nã o existe possibilidade de renovaçã o.

IV- plano de trabalho

Tempo total: 06 meses


12 semanas de ensaios
24 apresentações

Pré-Produção/produção
Mês 1
- Contrataçã o de equipe e elenco;
- Definiçã o de rotina de trabalho, com horá rios de ensaios e agendamento de reuniõ es
de criaçã o;
- Negociaçã o de pauta de teatro para temporada, preferencialmente teatro municipal;
- Captaçã o de apoios e parcerias;
- Leituras e discussõ es sobre as referências estéticas e teó ricas que serã o utilizadas
para a montagem (mú sicas, filmes, artes visuais, bibliografia, etc);
- Segunda quinzena: Início do ensaios com 05 encontros semanais de 4 horas cada,
com levantamento de material, imagens e trabalho sobre o texto;
- Trabalho de adaptaçã o do texto literá rio para teatro.

Produção:
Mês 2:
- Realizaçã o de residência artística com atores e atrizes selecionados por processo de
inscriçã o;
- Seguem ensaios com 05 encontros semanais de 4 horas cada, com levantamento de
material, imagens e trabalho sobre o texto. Pesquisas sobre temá ticas com
provocaçõ es e colaboraçã o artística de Janaína Leite e treinamento corporal das
atrizes;
- Reuniõ es de produçã o, fechamento de apoios e parcerias;
- Acompanhamento dos ensaios pela equipe de criaçã o e consultorias;
- Continuidade do trabalho sobre a dramaturgia.

Mês 3:
- Ensaios com 05 encontros semanais;
- Finalizaçã o da dramaturgia do espetá culo;
- Acompanhamento dos ensaios pela equipe de criaçã o com experimentos e
definiçõ es de cenografia, figurinos, trilha sonora, desenho de som, vídeos e
iluminaçã o e consultorias;
- Início da produçã o de cená rio, figurinos, trilha sonora e vídeos;
- Primeira sessã o de fotos e vídeos para divulgaçã o e para material grá fico;
- Definiçã o detalhada do Plano de Divulgaçã o com a Assessoria de Imprensa;
- Criaçã o e Confecçã o do Material Grá fico;
- Início da divulgaçã o do espetá culo pela Assessoria de Imprensa.

Mês 4:
- finalizaçã o de cenografia e figurinos;
- Gravaçã o da trilha e finalizaçã o do material audiovisual;
- Contrataçã o de intérprete e libras;
- Agendamento de grupos para ensaio aberto, escolas pú blicas/EJA e para cota de
convites para apresentaçõ es;
- Montagem de som, luz e cená rio no teatro;
- Ensaios finais e ensaio aberto para grupos e estudantes de teatro da periferia com
debate aberto;
- Divulgaçã o do espetá culo em todos os meios de comunicaçã o;
- Estreia e realizaçã o da 1ª parte da temporada;
- Registro em vídeo do espetá culo;
- Registro fotográ fico do espetá culo.

Produção
Mês 5:
- Realizaçã o do Encontro aberto ao pú blico, com convidados e equipe;
- Realizaçã o 2ª parte da temporada.

Produção e Pós produção/Finalização


Mês 6:
- Ú ltimas apresentaçõ es e Finalizaçã o da temporada;
- Agradecimento aos apoiadores e desproduçã o;
- Avaliaçã o do projeto;
- Organizaçã o do clipping;
- Prestaçã o de contas e entrega de relató rio final.

V- orçamento

QTD
VALOR
UNIDA DE VALOR
GRUPOS DE DESPESA QTD UNITÁRIO
DE UNID TOTAL
(R$)
ADE
RECURSOS HUMANOS
Coordenaçã o financeira e 1 servico 1 R$ 7.000,00 R$ 7.000,00
administrativa
Direçã o de Produçã o 1 mês 6 R$ 3.000,00 R$
18.000,00
Produçã o Executiva 1 mês 5 R$ 2.000,00 R$
10.000,00
Diretor Artístico (concepçã o, direçã o e 1 cachê 1 R$ R$
dramaturgia) 18.000,00 18.000,00
Autora 1 cachê 1 R$ 7.000,00 R$ 7.000,00
Colaboradora/Provocadora de 1 cachê 1 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00
Processo
Atrizes 2 cachê 1 R$ R$
(concepçã o/dramaturgia/ensaios e 18.000,00 36.000,00
temporada 24 apresentaçõ es)
Musico em cena 1 cachê 1 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00
Direçã o de arte - concepçã o de 1 cachê 1 R$ 7.000,00 R$ 7.000,00
cenografia, figurinos e adereços
Cenotécnico 1 servico 1 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00
Costureira 1 servico 1 R$ 1.800,00 R$ 1.800,00
Composiçã o Trilha sonora 1 cachê 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00
Vídeos (criaçã o e produçã o de 1 cachê 1 R$ R$
vídeomapping) 10.000,00 10.000,00
operaçã o vídeomapping (ensaios e 24 1 cachê 1 R$ 7.000,00 R$ 7.000,00
apresentaçõ es)
Iluminador 1 cachê 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00
Técnico apoio montagem som e luz 1 diaria 4 R$ 200,00 R$ 800,00
Operador de luz (ensaio + 24 1 cachê 1 R$ 7.000,00 R$ 7.000,00
apresentaçõ es)
Covidados Encontro aberto (atividade 4 cachê 1 R$ 300,00 R$ 1.200,00
formativa)
Consultoria temá tica - narrativas de 2 cachê 1 R$ 1.000,00 R$ 2.000,00
poder e novas masculinidades
Traduçã o/interprete em libras - 8 1 servico 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
apresentaçõ es
R$
Subtotal
157.100,00
RECURSOS MATERIAIS/LOCAÇÃO/ESTRUTURA
Material para cená rio e objetos de cena 1 verba 1 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00
Material para figurino 1 verba 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Locaçã o equipamentos 1 verba 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00
Locaçã o sala de ensaio 1 verba 1 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00
R$
Subtotal
15.700,00
DIVULGAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Assessoria de Imprensa 1 mês 2 R$ 3.000,00 R$ 6.000,00
Comunicaçã o e mídias só cias 1 servico 1 R$ 3.000,00 R$ 3.000,00
Designer Grá fico 1 cachê 1 R$ 3.000,00 R$ 3.000,00
Registro em vídeo e ediçã o 1 servico 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00
Fotó grafo (3 sessõ es) 1 servico 1 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00
Impusionamento redes sociais 1 verba 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Material Grá fico
Cartaz 1 unidade 30 R$ 3,00 R$ 90,00
Programa 1 unidade 2000 R$ 1,80 R$ 3.600,00
BANNER 1 unidade 1 R$ 300,00 R$ 300,00
R$
Subtotal
20.990,00
DESPESAS OPERACIONAIS E DE CONSUMO
Copias, mídias, telefone, transportes e 1 verba 1 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00
alimentaçã o
Subtotal R$ 5.000,00
TOTAL R$
198.790,00

VI- currículo completo da proponente;

Associação Corpo Rastreado

www.corporastreado.com

Somos um nú cleo criado por artistas produtores, que desenvolve propostas


autorais, a partir da necessidade primeira de entender e investir em novos meios de
produçã o. Nosso objetivo é experimentar, gerir e difundir pensamentos atrelados à
cultura, que deem autonomia, para pú blico e artista, no que se refere à relaçã o com a
arte contemporâ nea. Com foco em estratégias de sustentabilidade e diversidade
propositiva, buscamos linhas de fuga para direcionar as manifestaçõ es artísticas junto
ao entorno de seu ponto de criaçã o e irradiaçã o.

O nú cleo é formado por Gabriela Gonçalves, que, junto a uma rede de parceiros,
desenvolve projetos culturais em vá rias aéreas. O Nú cleo desenvolve parceria na
gestã o de projetos importantes para o cená rio das artes cênicas no Brasil.

No Teatro, efetuamos parcerias de projetos e produtos artísticos com a Casa


Laborató rio e com o ator Cacá Carvalho, resultando dessa parceria a produçã o dos
espetá culos Umnenhumcemil, O Hó spede Secreto, A Poltrona Escura e o Homem com
a Flor na Boca, que esteve em cartaz em Sã o Paulo no Cit Ecum, em diversos Sescs,
além de apresentaçõ es e temporadas pelo interior de Sã o Paulo e outros estados.
Esses espetá culos compõ em a Trilogia Pirandello que viajou pelo Brasil desde 2012.

Produzimos os espetá culos Caranguejo Overdrive e Guanabara Canibal da


Aquela Cia. de Teatro (RJ), em 2017 com circulaçã o pelo Palco Girató rio do Sesc;
Guerrilheiras ou Para a terra nã o há de desaparecidos com direçã o de Georgette
Fadel, contemplado pelo Rumos Itaú 2015; Cidade Vodu do Teatro de Narradores,
com direçã o José Fernando Azevedo; e O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu
com Renata Carvalho e direçã o de Natalia Mallo, em circulaçã o com o Prêmio Zé
Renato em 2017.

Ainda no teatro produzimos a Cia Simples, com os espetá culos Azirilhante, Meu
Pai é um Homem Pá ssaro, Mina e Histó rias de Dentro, e a estreia em 2017 de Skellig
contemplado pelo Edital Cultura Inglesa. Trabalhamos com grupos de teatro como
Teatro de Narradores, Teatro da Vertigem e Aquela Cia de Teatro.

Como açõ es e intervençã o na rua, criamos e produzimos o Anô nimos-SP, um


á udio guia para a Av. Paulista onde o ouvinte é levado pela avenida sendo informado
de sua histó ria além de ouvir textos de Machado de Assis e Fernando Pessoa (Funarte
Artes Cênicas de Rua 2009).

No que diz respeito a produçõ es de grande porte o Nú cleo Corpo Rastreado foi
responsá vel pela produçã o da Virada Cultural do estado de Sã o Paulo, em 2009 e
2010, que aconteceu em 30 cidades simultaneamente além da produçã o do palco da
dança na Virada Cultural Municipal de Sã o Paulo. E também a coordenaçã o de
produçã o da MIT (Mostra Internacional de Sã o Paulo) em 2014 e 2015.

No ano de 2012 e 2015 fomos indicados ao Prêmio Femsa de Produçã o.

Na Dança Contemporâ nea tivemos como principais trabalhos os I e II Encontro


Internacional de Contato Improvisaçã o (Secretaria Municipal de Cultura de Sã o
Paulo), Panorama Sesi de Dança 2010 (Prêmio APCA de Modelo de Curadoria em
Dança 2010), Entorno: encontro latino americano de dança contemporâ nea
(Secretaria Municipal de Cultura de Sã o Paulo), Propaganda –um encontro entre a Cia
Lia Rodrigues de Danças, do Rio de Janeiro e o Grupo Cena 11 de Florianó polis
(Funarte Klauss Vianna 2009).

Produzimos os grupos GRUA, Key Zetta e Cia, Grupo Cena 11, Nú cleo
Arremesso, Nú cleo Mercearia de Ideias com Luiz Fernando Bongiovanni, Lia
Rodrigues cia de Dança entre outros.

A Associaçã o Corpo Rastreado trabalha também com a produçã o de artistas


independentes nacionais e internacionais. Atualmente produz trabalhos de artistas
como Wagner Schwartz, Sheila Ribeiro, Marcos Moraes, Marina Guzzo, Luis Ferron,
Denise Namura, Cristiane Paoli Quito, Marat Descartes, Sara Antunes, entre outros.

VII- currículo completo do núcleo artístico e seus integrantes (clipping


anexo) e currículo resumidos do demais integrantes do projeto:

NÚCLEO ARTÍSTICO:

Cia Teatro Líquido


Criada em 2006 em Porto Alegre, a Cia Teatro Líquido mudou-se para Sã o
Paulo em 2012, e vem desenvolvendo seu trabalho na capital Paulista desde entã o.
Desde seu surgimento a Cia tem o foco em textos inéditos de autores
contemporâ neos. Seu primeiro projeto foi o espetá culo teatral CRUCIAL DOIS UM,
com texto do escritor Paulo Scott, escrito especialmente para a Cia e contemplado
pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. O espetá culo recebeu 5 indicaçõ es ao
Prêmio Açorianos de Teatro 2007: Melhor Dramaturgia, Melhor Produçã o, Melhor
Trilha Sonora original, Melhor Cená rio e Melhor Iluminaçã o.

9 MENTIRAS SOBRE A VERDADE foi o segundo espetá culo do Teatro Líquido,


com o dramaturgo Diones Camargo. O espetá culo foi vencedor do Prêmio Açorianos
de Melhor Atriz 2010, além de receber indicaçã o para o Prêmio Açorianos de Melhor
Dramaturgia 2010. Realizou temporadas em Porto Alegre em 2010 e 2011. Entre
2011 e 2014 participou de diversos festivais nacionais e internacionais como 12º
Cena Contemporâ nea (Brasília), 18º Porto Alegre Em Cena, 13º Caxias Em Cena, 18º
Janeiro de Grandes Espetá culos – Festival Internacional de PE, 44º FILO – Festival
Internacional de Teatro de Londrina, XIX Festival de Teatro de Presidente Prudente.
Participou ainda de projetos especiais como Circulaçã o Rio Grande no Palco
promovido pelo SESC, Projeto Dulcina Abraça o Sul/Funarte – apresentaçõ es no
Teatro Dulcina – RJ e Virada Cultural Paulista, em Sã o Joã o da Boa Vista. Foi
convidado pelo Teatro El Galpó n, para intercâ mbio artístico com apresentaçõ es em
Montevidéu, em novembro de 2012.

Em 2012 a Cia muda-se para Sã o Paulo e realiza temporadas de 9 MENTIRAS


SOBRE A VERDADE no Teatro Commune e no Centro Cultural da Penha, em
2013.

Em 2014 a Cia Teatro Líquido recebeu o apoio do Programa Iberescena, para


projeto de co-produçã o internacional com o Nú cleo Adega de Teatro (SP), Sol Picó Cia
de Danza (Espanha) e a atriz Soledad Frugone (Uruguai). O projeto foi desenvolvido
em residência artística na cidade de Barcelona em maio/junho, resultando na
montagem do espetá culo ELA, LUGAR QUE CHOVE DENTRO. O espetá culo foi
apresentado no Teatro La Villela em Barcelona e mais 5 espaços em Sã o Paulo no mês
de julho de 2014.

Em 2015 a Cia investiu em nova parceria com o Nucleo Adega em SP, agora
para uma montagem direcionada ao pú blico infantil a partir de roteiro inédito de
Vanise Carneiro. DA PONTA DA LÍNGUA À PONTA DO PÉ , O BOM É SER O QUE É
estreou em fevereiro de 2015 e cumpriu temporada em Sã o Paulo além de
apresentaçõ es na periferia pelas Fá bricas de Cultura e no interior do Estado.

Em 2016 a Cia realiza turnê internacional com o espetá culo 9 MENTIRAS


SOBRE A VERDADE, com apresentaçõ es em Barcelona e Valência, na Espanha.

Em 2018 a Cia inicia um trabalho de contaçõ es de histó rias com o projeto


BELEZA FATAL, realizando diversas apresentaçõ es em CEUS e Bibliotecas da SMC,
que segue durante 2019.
Ainda em 2018 aconteceu o encontro das atrizes com Má rcia Barbieri, leitura
de sua obra e inicio dos estudos para este projeto.

VANISE CARNEIRO

site: http://vanisecarneiro.wixsite.com/vanisecarneiro
Atriz e diretora, Bacharel em Artes Cênicas pelo Departamento de Arte Dramá tica da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professora de teatro e de atuaçã o para
cinema, e produtora cultural.
Realizou as pesquisas: “A Bufonaria no Realismo Grotesco de Rabelais” – Nú cleo de
experimentaçã o Teatral - Projeto de Pesquisa - Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, 1995. “Atuaçã o em Cinema – o trabalho do ator da preparaçã o à filmagem”
Bolsa Fumproarte de Pesquisa, 2009/2010. “Trâ nsitos nas criaçõ es entre o tempo e
os espaços na obra de Lorca: diá logos tecidos entre atrizes do Brasil, Uruguai e
Espanha” Projeto selecionado pelo Programa Iberescena. Co-produçã o com Espanha e
Uruguai para criaçã o de espetá culo teatral performativo, 2014.
Atualmente ministra oficinas de atuaçã o para cinema pelo programa Pontos MIS do
Museu da Imagem e Som de SP.
Em seus vá rios trabalhos em teatro atuou junto a companhias como Depó sito de
Teatro, Cia Rú stica, Teatro Stú dio, Cia Stravaganza, Nú cleo Adega de Teatro, Cia
Alvorada. Integra a Cia Teatro Líquido, da qual é uma das fundadoras.
Em 2010 recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Atriz pelo monó logo “9 Mentiras
Sobre a Verdade”. Foi indicada outras quatro vezes ao Prêmio Açorianos de atuaçã o.
Por “Ella” recebeu o Prêmio Açorianos de Direção e Melhor Cenário em 1998. Foi
também indicada ao Prêmio Tibicuera de Melhor Direçã o pelo espetá culo “Drauzio,
um vampiro diferente” de 1999. Assina ainda a direçã o de cena do espetá culo de
bonecos “Sob a luz da Lua” da Cia Gente Falante, que circulou por inú meros festivais
nacionais e internacionais de artes cênicas.
Em 2011 mudou-se para Sã o Paulo ministrando oficinas na Oficina Cultural Oswald
de Andrade e em 2012 inicia as parcerias do Teatro Líquido com cias locais em
pesquisas teatrais.
Em 2014 recebeu o apoio do programa Iberescena de co-produçã o internacional para
criaçã o do espetá culo “Ela, lugar que chove dentro”. O espetá culo é uma parceria da
Cia Teatro Líquido, o Nú celo Adega, a atriz Soledad Frugone do Uruguai e a Sol Picó
Cia de danza, criado em residência artística em Barcelona.
Em 2018 atua no espetá culo “Funâmbul@s”, de Priscila Gontijo, com direçã o de Eric
Lenate, contemplado pelo Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de Sã o Paulo.
Em 2019 estreia no espetá culo “Vidas Medíocres ou Almas Líricas”, sobre a obra de
Anton Tcheckov, com direçã o de Leonardo Karasek.
Por sua atuaçã o em cinema recebeu os prêmios de Melhor Atriz na Mostra Gaúcha
do Festival de Gramado pelo filme “Vaga-lume”, de Gilson Vargas em 2002 e por sua
atuaçã o no curta-metragem “Messalina” de Cristiane Oliveira recebeu os prêmios:
Candango de Melhor Atriz do Festival de Cinema de Brasília (2004), Prêmio José
Lewgoy de Melhor Atriz Curta-Metragem do cinema gaúcho (2004), Prêmio de
Melhor Atriz 15º Cine Ceará (2005) e Melhor Atriz no 28º Festival Guarnicê de
Cinema (Maranhã o, 2005).
Atuou também nos longa-metragens “Ainda Orangotangos”, de Gustavo Spolidoro,
“Nove Crônicas para um coração aos Berros” e “Uma dose violenta de qualquer coisa”,
de Gustavo Galvã o e “O Dromedário no Asfalto”, de Gilson Vargas.
Realizou a preparaçã o de elenco dos curtas: “Hóspedes” de Cristiane Oliveira,
“Enciclopédia” de Bruno Barreto e “Julia” de Sérgio Minehira.
Como produtora cultural trabalhou na coordenaçã o do Porto Alegre Em Cena –
Festival Internacional de Artes Cênicas de Porto Alegre por 10 anos, como
coordenadora de produçã o, coordenadora adjunta e programadora das atividades
formativas.
Ministra oficinas de teatro e atuaçã o para cinema. Integrou a equipe do Programa
Vocacional da SMC de Sã o Paulo por dois anos.

CIBELE BISSOLI

Atriz, contadora de histó rias, bonequeira e arte-educadora. Formada atriz pela Escola
de Arte Dramá tica da Universidade de Sã o Paulo e pela Escola Livre de Teatro de
Santo André. Com curso técnico em magistério e experiência em sala de aula na
educaçã o infantil, de 2000 a 2006 educaçã o infantil, na PMSBC, cursando pedagogia
na Anhembi Morumbi.
Atualmente faz parte da Cia Teatro Líquido, onde apresenta a contaçã o Beleza Fatal,
além de investir em processos de pesquisa para novo espetá culo com adaptaçã o de
obra literá ria. Em 2018 apresentou o espetá culo Feminino Abjeto, direçã o de Janaína
Leite; o espetá culo Quarenta e Duas, da Cia Arte Humos com direçã o de Daniel
Hortega e Emerson Rossini; e Noel Rosa, O Poeta da Vila e seus Amores, texto de
Plínio Marcos (PROAC prêmio/montagem 2009), dirigido por Dagoberto Feliz; na Cia
Coisas Nossas. Também está com a Contaçã o Beleza Fatal; e com o conjunto musical
Triabolos Celestiais.
Fundadora da Siga La Cia, criou e produziu as quatro contaçõ es do grupo Severina e
Sebastiana, de André Neves, O Príncipe Encantado no Reino da Escuridã o, de Ricardo
Azevedo, Kachtanka, de Anton Chekov, O Foguete Notá vel, de Oscar Wilde, Os
Duendes que Raptaram um Coveiro, de Charles Dickens e o espetá culo infantil
Kachtanka, adaptaçã o do conto homô nimo de Anton Tchekhov, na Siga La Cia de
Teatro, com orientaçã o de Henrique Sitchin, (Lei de Fomento ao Teatro 2012 da Cia
Truks).
Ministrou oficinas de contaçõ es de histó rias na formaçã o de educadores nas
entidades do terceiro setor (ONGS e Institutos) de 2012 a 2016 pela empresa
Educadores Sociais e na Mostra de Paraisó polis nos anos de 2012 e 2013. Trabalhou
como contadora de histó rias, e com projetos de contaçõ es com crianças de 3 a 17
anos, na Escola Lumiar, em 2011 e 2012.
Ministrou oficinas de teatro No programa Vocacional, como artista orientadora, em
2012, 2013 e 2016; Centros da Juventude Ermelino Matarazzo, em 2017 e Padre
Josimo, em 2014; nos Centros da Criança e do Adolescente Casa do Cristo Redentor,
de 20011 a 2014, e Lar Ditosos, em 2013; no Nú cleo de Convivência do Idoso, em
2012; colégio Nossa Senhora de Fá tima de 2013 a 20015, na Escola Lumiar, de 2009 a
2011 e no Instituto Social Claretiano em 2019; e a oficina de Teatro “O Estado de
Prontidã o”, através do programa Palco Girató rio do SESC, em nove estados
brasileiros: Paraná , em Santa Catarina, no Mato Grosso do Sul, em Goiâ nia, no Distrito
Federal, na Paraíba, no Ceará , em Alagoas, em 2008.
Oficinas ministrados em teatro de bonecos e formas animadas Programa Fá bricas de
Cultura de Vila Nova Cachoerinha e Jardim Sã o Luis, do Estado de Sã o Paulo, em 2013;
no condomínio fechado Ilhas Polinésias, 2012 e 13; SESC Santana em 2008. Oficina de
confecçã o de instrumento musicais no Sesc Itaquera, em 2009; Cortejo de Carnaval
com oficina de musica no Sesc Itaquera, em 2009. . Oficina de Brinquedos
Tradicionais no SESC Santana, em 2009. Oficinas de Dança popular Brasileira
ministradas na ONG Achiropita, em 2015; na ONG Casa
do Cristo Redentor, em 2012. Oficinas de Expressã o Corporal ministradas no Colégio
Nossa Senhora de Fá tima, em 2013; no Projeto EMIA – Escola de Iniciaçã o Artística,
no Céu Iná cio Monteiro.
Ministrou a palestra sobre A arte como ferramenta expressiva para os alunos da
Faculdade Belas Artes de Sã o Paulo, junto com de Alexandre Rabelo, em 2007
Realizou as performances “A Praia na Paulista”, da Cia Bote no Contrafluxo (2009); “O
Fogo”, no Sesc Pinheiros, pela Cia Mundo Má gico (2009). Das intervençõ es “Ofélia, sua
Boneca”, na Virada Cultural,em 2017, “O Grande T do Teatro, em 2016, “A Mulher do
Rio”, para o SESC Santana, no Projeto Lixo Mínimo (2008) e “Inquisidores da Moda”;
“Inspetores da Moda”, evento na Fá brica da Unilever, em 2010. Em locuçõ es:
“Histó rias da Cidade”, campanha publicitá rio para o Partido dos Trabalhadores, em
1999 e “Cartas para Pierina”, peça radiofô nica dirigida por Gustavo Kurlat com texto
de Luiz Antô nio de Abreu, em 1999. Atua na simulaçã o de paciente na prova de
residência para ingresso no Hospital das Clínicas ( 2010/ 12 ) e nas Sessõ es de
psicologia do Instituto Brasileiro interdisciplinar de Sexologia e Medicina
Psicossomá tica (ISEXP).

EQUIPE DE CRIADORES:

Márcia Barbieri – Autora.


Nasceu em Indaiatuba, Sã o Paulo, em 1979. Formou-se em Letras pela Unesp e é
mestra em Filosofia pela Unifesp. Participou de vá rias antologias e tem textos nas
principais revistas literá rias brasileiras. É uma das idealizadoras do Coletivo Pú caro e
do canal Pílulas contemporâ neas.
Publicou os livros de contos Anéis de Saturno (ed. independente, 2009), As mã os
mirradas de Deus (Multifoco, 2011) e O exílio do euou a revoluçã o das coisas mortas
(Appaloosa, 2018). Entre os romances figuram Mosaico de rancores (Terracota,
2013) lançado no Brasil e na Alemanha (Clandestino Publikationen, 2016), A
Puta (Terracota, 2014) e O enterro do lobo branco (Patuá , 2017), finalista como
melhor romance de 2017 pelo Prêmio Sã o Paulo de Literatura 2018.

João Pedro Madureira – diretor artístico.


É encenador, ator, diretor de movimento e preparador de atores, formado em
atuaçã o pelo Teatro-escola de Porto Alegre em 2005, e em cinema pela PUCRS em
2013. Atuou em 14 peças, das quais destacam-se Clownssicos (2007, dir. Daniela
Carmona), e A noite Á rabe (2013, Alexandre Dill).
Sua primeira direçã o foi o show Ouro e Pétala, de Filipe Catto (2008). Diretor artístico
e fundador do grupo portoalegrense vai!ciadeteatro, encenou Agora eu era (Prêmio
FUNARTE M. Muniz de Teatro 2009), Parasitas (2010, Prêmio Novos diretores
Instituto Goethe), Cara a Tapa (Prêmio Açorianos de melhor direçã o 2012),
Sincroná rio - dia fora do tempo (Fumproarte, 2013) e Bobo (Teatro de Arena 50
anos, 2018). Depois de encenar Medida Provisó ria (2013), em parceria com o
dramaturgo Diogo Liberano, em Porto Alegre, muda-se para o Rio de Janeiro. Faz a
dir. de movimento de Uma vida boa (2014) e é colaborador em O Narrador (2015),
ambos de Liberano. Também faz a dir. de movimento de Escuro-claro, de Liberano e
Vinícius Arneiro. Em 2015, é diretor assistente em Cá ssia Eller – O musical (Joã o
Fonseca e Arneiro), e atua em Exercícios para Sr. Silva (Cristina Moura). Em 2018,
dirige os espetá culos Bobo e Calígula (vencedores do Prêmio Teatro de Arena 50
anos - FACRS), em Porto Alegre, além do espetá culo CAVAR UM BURACO NÃ O VER O
BURACO, no Rio de Janeiro.

Carmela Rocha – Direção de Arte


Natural de Porto Alegre, Carmela Rocha graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela
UFRGS em 2006 e tem pó s-graduaçã o em Cinema pela Unisinos em 2008. Trabalhou
como arquiteta, diretora de arte e cenó grafa para cinema e teatro durante seis anos
em Porto Alegre e em 2010 mudou-se para Sã o Paulo. Foi diretora de projeto do
Atelier Marko Brajovic até 2016, quando saiu para se dedicar a outros projetos e
investigaçõ es. Em 2018, finalizou mestrado em projeto de arquitetura na FAUUSP,
onde estudou pavilhõ es expositivos na Expo 2015. Atualmente se dedica a
investigaçã o sobre novas possibilidades de ocupar e narrar o espaço através de
pesquisas que cruzam diferentes á reas - arte, teatro, dança e arquitetura. Em 2017,
abriu seu pró prio escritó rio em Sã o Paulo onde desenvolve projetos de arquitetura,
cenografia e expografia.
Dentre os principais trabalhos, destacam-se: Exposiçã o David Bowie (2014) e Stanley
Kubrick (2013) para o MIS, Exposiçã o Tuiteratura (2013) e Exposiçã o Roteiro Musical
da Cidade de Sã oPaulo (2012) para o SESC-SP, Exposiçã o Futebol na Ponta da Língua
para Museu da Língua Portuguesa (2014), expografia para Bienal de Design (2012),
Expografia para o Pavilhã o do Brasil e para o Pavilhã o de Montenegro na Expo
Mundial em Milã o (2015) - como diretora de projeto junto ao Atelier Marko Brajovic;
cenografia para peça Eu sou essa outra (2018), expografia para Ocupaçã o Angel
Vianna no Itaú Cultural (2018); expografia para o Forum de Fotografia do Itaú
Cultural (2019); direçã o de arte para medias e curtas-metragem como Um animal
Menor (direçã o de Pedro Harres e Marcos Contreras - 2008), As Férias de Lord Lucas
(direçã o de Tatiana Nequete - 2008), entre outros; cenografia para Peça infantil Pipi
Meialonga (direçã o de Moira Stein), vencedor de melhor cenografia no prêmio
Tibicuera (2007); cenografia para o longa-metragem Cã o Sem Dono (direçã o Beto
Brandt e Renato Ciasca - 2007) e para minissérie Mulher de Fases para HBO (Casa de
Cinema de Porto Alegre, 2010), entre outros. Atua também como arquiteta tendo
realizado projetos de estandes, feiras, apartamentos e residências.

Romy Pocztaruk – Vídeos


É mestre em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Seu
trabalho lida com simulaçõ es e com a posiçã o a partir da qual o artista interage com
diferentes lugares, e com as relaçõ es possíveis a partir do cruzamento de diferentes
campos e disciplinas (como ciência e comunicaçã o) com o campo da arte, gerando
resultados poéticos em diferentes meios e suportes. Realizou exposiçõ es individuais
no CDF Centro de Fotografia de Montevideo (2016), Centro Cultural Sã o Paulo (2015),
SIM Galeria (2014), Galeria Gestual (2014) e Instituto Goethe POA (2013). Entre as
principais mostras coletivas das quais participou estã o: Uma coleçã o particular
(2015). Pinacoteca do Estado de Sã o Paulo, Sã o Paulo, Brasil; Teló n De Fondo (2015).
Backroom Caracas (2015) [em colaboraçao com a Fundaçã o Cisneros], Venezuela;
31a Bienal de Sã o Paulo (2014), BRICS (2014), OI futuro flamengo, Rio de Janeiro,
Brasil; Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais (2011-13), Itaú Cultural, Sã o
Paulo/Rio de Janeiro/Goiâ nia, Brasil; 9a Bienal do Mercosul (2013), Porto Alegre,
Brasil; Region 0 - The Latino Video Art Festival of New York (2013), Nova York; 64o
Salã o Paranaense (2012), Museu de Arte Contemporâ nea do Paraná , Curitiba, Brasil;
Prêmio diá rio contemporâ neo de fotografia (2012), Casa das onze janelas, Belém do
Para, Brasil; Percursos Simulados (2011), Paço das Artes, Sã o Paulo, Brasil; Simulated
Pathways (2011), Skalitzer 140, Berlim, Alemanha.
Também realizou residências no Bronx Museum (Nova York), pela Bolsa Iberê
Camargo de residências artísticas; China (Sunhoo Creatives in Residency), Berlim
(Takt Kunstprojektraum) e Instituto Sacatar na Bahia.

Filipe Catto – Trilha sonora original


É um cantor, instrumentista, compositor, ilustrador e designer brasileiro. Ganhou
fama ainda muito jovem, voltado para a MPB, o samba e o tango moderno, mas com o
tempo, avançou para outros gêneros, como o jazz, o rock e o bolero, entre outros.
Já dividiu o palco com outros grandes artistas nacionais, como Maria Bethâ nia, Ney
Matogrosso, Vanessa da Matta, Toquinho, Daniela Mercury, Zélia Duncan, Arnaldo
Antunes, Nando Reis, Dzi Croquettes, entre outros. Suas cançõ es sã o conhecidas por
constarem em trilhas sonoras de sucesso, como "Saga" (trilha da novela Cordel
Encantado), "Quem É Você" (trilha da novela Sangue Bom), "Adoraçã o" (trilha da
novela Saramandaia) e "Flor da Idade" (trilha da novela Jó ia Rara).
Apesar de se definir com frequência como intérprete, é o compositor da maioria de
seus sucessos, como “Saga”, "Adoraçã o", "Lua Deserta", "Dias e Noites", "Torrente",
"Depois de Amanhã ", "Redoma" e "Roupa do Corpo".
Na adolescência, participou de algumas bandas com influências de rock. Em 2006
iniciou sua carreira solo e começou a se apresentar em bares e divulgar seu trabalho
pela internet. Em 2008 montou com o diretor Joã o Pedro Madureira o show "Ouro e
Pétala", composto de voz, violã o e palmas e se apresentou em teatros. Quando se viu
pronto, lançou pela internet o EP "Saga" em 2009 para download gratuito, o que
marcou o início sua carreira profissional.
Em 2010 mudou-se para Sã o Paulo e seu trabalho começou a ganhar mais
visibilidade.
Em 2011 a mú sica "Saga" entrou para a trilha sonora da novela Cordel Encantado.
Filipe Catto assinou contrato com a gravadora Universal Music e gravou o seu
primeiro á lbum: "Fô lego". Em novembro de 2011 estreou a turnê "Fô lego" no Theatro
Sã o Pedro (Porto Alegre).
No dia 8 de setembro de 2015, foi lançado Tomada, seu segundo á lbum de estú dio de
forma independente. O show de lançamento do disco aconteceu em 14 de novembro
de 2015, no Auditó rio Ibirapuera, em Sã o Paulo.
Em 2017, estreou a aclamada turnê "Over" na Casa Natura Musical, em Sã o Paulo. No
mesmo ano, participa de uma série de shows dividindo o palco com nomes
consagrados da mú sica brasileira: Inauguraçã o da Casa Natura Musical, em Sã o Paulo,
ao lado de Maria Bethâ nia, Vanessa da Matta, Johnny Hooker, Xenia França e
Mestrinho. Homenagem a Vinicius de Moraes, no Espaço das Américas, ao lado de
Toquinho e Daniela Mercury. Homenagem a Cauby Peixoto no Bar Brahma, este sem a
participaçã o de outros cantores. Cauby havia citado Filipe Catto como um dos novos
cantores que ele mais admirava.
No dia 24 de novembro de 2017, lançou seu terceiro disco de estú dio, CATTO.
Com duas pré-estreias em Portugal e três shows esgotados no Sesc Vila Mariana,
Filipe lançou a turnê "O Nascimento de Vênus Tour", do disco CATTO, no início de
2018, com muitos elogios da crítica especializada.
Em março, levou a turnê aos Estados Unidos, com três shows no festival SxSW, em
Austin, Texas. No site do evento, Filipe foi descrito como “uma das grandes vozes do
Brasil no Séc. XXI, como uma diva e algo entre Freddie Mercury e Maria Bethâ nia,
entre o bolero e o rock glam moderno”

Paula Hemsi – Iluminadora


É atriz e iluminadora. Pesquisa iluminaçõ es nã o convencionais e o uso da tecnologia
aplicada a cena, com vídeo projeçõ es mapeadas e sincronicidade de som, luz e vídeo.
Dentre seus trabalhos como iluminadora destacam-se: Adeus, Palhaços Mortos, Nã o
Contém Glutem, O Inevitavel Tempo das Coisas, O Poço e o Pêndulo, A Cor Que Caiu
do Espaço, Dois a Duas. Foi indicada a melhor iluminaçã o no prêmio Botequim
Cultural RJ de 2017 e no prêmio Shell SP em 2018.

Janaina Leite – Colaboradora/provocadora de processo


É doutoranda no departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicaçã o e Artes
com pesquisa apoiada pela Fapesp. É atriz, diretora e dramaturga e também uma das
fundadoras do premiado Grupo XIX de Teatro (APCA, SHELL, BRAVO, NASCENTE,
entre outros), companhia existente desde 2001 que participou dos principais festivais
do país e de inú meros no exterior em países tais quais França, Portugal, Cabo Verde,
Inglaterra e Itá lia. Concebeu o espetá culo "Festa de Separaçã o: um documentá rio
cênico" e “Conversas com meu pai”, consolidando sua pesquisa sobre autobiografia e
documentá rio no teatro. Coordenou os nú cleos de estudo “Feminino Abjeto” (com
apoio da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de sã o Paulo) e “Memó rias, arquivos
e (auto)biografias” apoiado pela Lei de Fomento à dança. Conduz oficinas, cursos e
palestras por todo o país em instituiçõ es como SESI, SESC, curso de pó s-graduaçã o do
Célia Helena, entre outros.
Em 2017, lançou o livro “Autoescrituras performativas: do diá rio à cena” pela Editora
Perspectiva. Foi curadora em 2018 do Festival Internacional de Sã o José do Rio Preto
e do Festival de Teatro de Santa Bá rbara. Foi uma das diretoras brasileiras
selecionadas para o corredor Latino Americano. Atualmente, desenvolve seu novo
trabalho “Stabat Mater” escolhido entre os três melhores textos no “Edital de
dramaturgia em pequenos formatos cênicos” do CCSP e apresentado em processo na
MIT-SP 2019. Orienta o nú cleo de pesquisa “Feminino abjeto 2 – O vó rtice do
masculino”.

Maravilhosas Corpo de Baile - consultoria

O Maravilhosas Corpo de Baile é um coletivo Artivista Feminista que por meio da


dança e do encontro promove o resgate e a ampliaçã o da autoestima feminina. O
Maravilhosas surgiu da ideia de experimentar a dança como ferramenta de libertaçã o
de padrõ es estéticos e de comportamento e hoje abriga mulheres reais que
encontram umas nas outras a coragem e afeto necessá rios para levar seus corpos à s
ruas das maneiras que acharem necessá rio. Ao entender o corpo como abrigo das
nossas vivências e merecedor de respeito e celebraçã o, passamos a perceber que
nossos corpos sã o exatamente o que deveriam: protagonistas das nossas histó rias,
amores e desejos. Ú nicos em suas habilidades e limitaçõ es – maravilhosos exatamente
por isso.

Pajubá - Diversidade em Rede - consultoria

PAJUBÁ , Diversidade em Rede, é uma rede de consultorxs e ativistas LGBT e de outros


grupos minorizados que prepara marcas, empresas e projetos para construir
diversidades estruturais. Pensamos inovaçã o a partir da diversidade: para nó s, ela é a
força motriz da criatividade.

VIII- ficha técnica do projeto:

Autora: Má rcia Barbieri


Dramaturgia e concepção geral: Cibele Bissoli, Joã o Pedro Madureira e Vanise
Carneiro
Direção: Joã o Pedro Madureira
Atuação: Cibele Bissoli e Vanise Carneiro
Colaboração artística: Janaína Leite
Direção de Arte: Carmela Rocha
Criação de vídeos: Romy Pocztaruk
Trilha sonora original: Filipe Catto
Iluminação: Paula Hemsi
Produção: Corpo Rastreado
Realização: Cia Teatro Líquido e Nú cleo Corpo Rastreado

IX- as seguintes informações:

a) argumento, roteiro ou texto teatral, com as devidas autorizaçõ es do


autor.

O texto teatral será desenvolvido a partir do romance: O Enterro do Lobo Branco -


Barbieri, Márcia. São Paulo: Patuá, 2017, pelo diretor e atrizes do espetá culo com
colaboraçã o da autora.
Segue o roteiro, em primeiro tratamento, da 1ª parte: O assassinato. E na sequência
uma seleçã o de textos da 2ª parte – O veló rio, e 3ª parte – O enterro, que deverã o ser
utilizados na dramaturgia. O trabalho de adaptaçã o seguirá durante todo o processo
de criaçã o do espetá culo, até sua versã o final.

O Enterro do Lobo Branco

Parte I - O assassinato

PRÓLOGO – O FUTURO

CIBELE - Haverá um tempo em que penetrarei nas bifurcaçõ es do jardim e


encontrarei todos aqueles homens iguais e franzinos
velando o grande lobo branco
E ele nã o soltará um uivo
ele nã o acuará nem devorará sua presa
ele ficará está tico esperando a hora certa da cova se abrir diante de suas patas
defeituosas
haverá um tempo em que você descobrirá que o homem nã o passa de um simulacro
pretensioso do monstro
e o monstro habita embaixo da sua cama

PARTE 1 - APRESENTAÇÃO

CIBELE - Alice nã o pronunciava seu nome nem nomeava qualquer coisa ao seuredor
as coisas eram
e isso bastava para a urgência do seucérebro e para escassez do seu corpo

VANISE - Eu sim tinha a mania idiota de dar nomes a coisas inanimadas


e essa mania quase compulsiva fez com que os homens me confundissem com as
coisas que eu nomeava
e as coisas me olhavam atô nitas e invisíveis
entã o nã o me surpreendia ao ser chamado de pedra parafuso porca espanador
catapulta
também nã o me assustava ao escutar alguém gritar por Maurício ou Osvaldo
por puro costume me virava querendo saber a quem procuravam ao anunciar aquelas
sílabas ocas e eram a mim
sim apesar da minha invisibilidade e fraqueza eles me procuravam
CIBELE - Alice nã o nomeava ninguém
VANISE – Alice tinha os cabelos pretos a bocacheia de dentes e saliva
a mente cheia de perversidades
as vizinhas gritavam lá vai Alice com suas orelhas de abano grandes fartas
no entanto eu nunca tinha reparado nos acessó rios do seu corpo
me impressionavammais os seus buracos
o resto eram histó rias para boi dormir
eu nomeava as coisas mas era por pura ignorâ ncia
nã o talvez nã o
era para fazer com que as beiradas tomassem uma certa singularidade
porém era inú til
as coisas se misturavam e tinham todas a mesma insipidez

PARTE 2 - O INTERROGATÓRIO
(VANISE APONTA A LANTERNA)
CIBELE: (TENTANDO FUGIR DA LUZ NO ROSTO) Pare de me olhar como se eu fosse
um louco ou como se eu tivesse mal de Alzheimer
nã o me diga que o nome dela nã o era Catarina, Alice, Stela, Augustina
ela continha no seu corpo todos os nomes do mundo e pouco me importa como eu a
recordo

Agora você precisava tê-la visto nua


se eu fosse um homem menos viril
talvez nunca a conhecesse
os homens fracos sã o engolidos feito aranhas

VANISE: É mesmo um gato assustado


onde você escondeu o corpo
vai esperar que a gente remexa toda cidade
uma hora acharemos o corpo dela e você será desmascarado Don Juan de araque

CIBELE: Desistam
sou um homem sem cérebro

agora batem com a pontadas botas encardidas na minha cara fingindo que sã o
representantes da Lei

VANISE: Desembucha, o que você usou


Vimos o tamanho da bala
o rombo entre uma vértebra e outra
e por que o estrangulamento entã o
o que você esconde

CIBELE: Nada
vocês acham mesmo que os estigmas que ela traz na superfície da pele fui eu quem
forjei
hipó critas
foram vocês ditando regras absurdas
VANISE: Fale logo temos milhares de casos como o seu para resolver.

CIBELE: nomes
vocês sabem o que acontece com caguetas na quebrada de onde venho
sabem quantos rifles já ameaçaram explodir meu cérebro

VANISE: Queremos apenas o seu relato


é de você que falamos e da merda que você fez

INVASÃO DA CASA

VANISE: Eu sabia
um dia eles chegariam
pichariam o muroarrombariam a porta da minha casaestuprariam meus
cã esdestruiriam os mó veisremexeriam os objetos
levantariam a poeira que adormecia nas lâ minas das facas mortas
procurariam por impressõ es digitais e marcas de sangue como se nã o soubessem que
os piores crimes acontecem no escombro silencioso da manhã

CIBELE: nã onã o procurem por Sthela é tempo perdido


elanã o se esconde aqui ela nunca esteve aqui
Alice era rarefeita capturá -la é impossível nã o digam bobagens
Stelanã o morreu ela nã o cairia em uma armadilha tã o primitivae ordiná ria procurem
na cidade ao lado
Ester gostava deruas agitadas e noites quentes

VANISE: Sim
nú meros
é só isso que interessa a eles
nã o se importam com o bem-estar de Ester
ela é apenas mais uma nas suas estatísticas de casos mal resolvidos

CIBELE: Eles sã o hipó critas demais para entender o tipo de relacionamento que eu e
Esther mantínhamos
higiênicos em excesso

Você pode rir pode duvidar da nossa sintonia mas éramosdestinados um ao outro
quando crianças ela procurava coma língua infantil as dobras gordas do meu corpo
sim naquele tempo minha carne era flá cida como a de um sapogordo e gelatinoso
minhas banhas despencavam em direçã o aos buracos do asfalto
Estela nã o se importava e com suamagreza quase anoréxica
me esperava para apostar corridaas quais eu sempre ganhava porque ela nã o tinha
coragemde me derrotar nem de me deixar para trá s
depois davauma leve lambidinha nos meus lá bios
dizia que os vencedores tinham direito à quela saliva densa e asquerosa
euficava com nojo fechava os olhos e o meu pau que aindanã o conhecia a maldade
subia levemente e eu achava quefoder e mijar eram sinô nimos
depressa me escondia atrá sdo caule grosso tirava o pau para fora e molhava com
malícia aquela á rvore frondosa
à s vezes Esther aparecia e molhava os pés naquele pequeno poço artificial
o gozo apareceu bem mais tarde quando começaram a crescer os pelos pubianos

VANISE - Há muitas formas de se permanecer ou se esconder no mundo


meus dedos serviram de corda para o pescoço de Ester
entretanto antes dissosua buceta serviu para calar minha boca e minha retó rica falida
quantas vezes nã o pude pronunciar uma palavra porque minha língua estava
enclausurada no seu gozo
quem é o carrasco

CIBELE: eles abriram minha braguilha

VANISE: eu nã o tinha medo

CIBELE: tentaram endurecer meu pau

VANISE: sentia repulsa por esses seres

CIBELE :primeiro tentaram apenas de modo tímido


discreto
como se nã o gostassem de porra

VANISE: quando salivavam perto da minha boca

CIBELE: como se fizessem isso como uma puniçã o severa para os homens maus

VANISE: eles pareciam disputar como cadelas a quentura do meu membro

CIBELE: no entanto eu podia ver seus paus crescendo por baixo da calça
broxei

VANISE: eles poderiam armar o cercodominar meu corpomas nã o cercear meu desejo
a afronta nã o me desmontaria
DELÍRIO – A NOIVA DO CORDEIRO

CIBELE: (canta)
Ele sussurra em seu ouvido
Você é a noiva
Você é a noiva do cordeiro
Ornamente sua cabeça com flores de laranjeira
Cubram sua face sangrenta

VANISE: Alice que nã o conhecia afeto


polia com delicadeza os caninos dos homens que dormiam em sua cama

CIBELE: (canta)

Você é a noiva

Você é a noiva do cordeiro

VANISE: Ela sem afeto afagava seus paus


tinha a ideia curta um buço quase imperceptível a boca cheia de dentes e saliva a
mente cheia de perversidades

CIBELE: (canta)
Ele sussurra no meu ouvido
Eu sou a noiva
Eu sou a noiva do cordeiro

VANISE: Ela diz que nã o é afeto é malícia


e nenhum falo merece a desatençã o de sua língua

VANISE E CIBELE: (cantam)


Cortem suas unhas
lavem os seus pés de santa
Purifiquem o seu há lito
O pasto é contaminado

CIBELE: Rebeca as vezes tocava em silêncio uma siririca


ela costumava dizer que pornográ fico mesmo era abrir os olhos nas manhã s íngremes
de segunda-feira
subir a rua e aguentar a realidade quente que ecoava do asfalto

VANISE: (canta)
Ele sussurra no meu ouvido
Eu sou a noiva
Eu sou a noiva do cordeiro

CIBELE: (canta)
Tire as aranhas de sua buceta
Ele a espera e quer desnuda toda sua

CIBELE: Augustina que gostava de foder e amar em um só tempo


sonhava em criar coelhos vê-los copular

VANISE E CIBELE: (cantam)


Limpem o seu corpo
Nã o a deixem nua em pelo
Sua carne nã o é santa
E pode pecar

VANISE: Estela preferia passar as mã os


CIBELE: Catarina era perversa
VANISE: por debaixo das calças cinzas dos homens
CIBELE:dissimulada
VANISE: que voltavam tristes das fá bricas
CIBELE: Exigia novas performances
VANISE: Frá geis-autô matos
CIBELE: formas inovadoras de êxtase
VANISE: Nã o acreditava nas promessas de dias melhores
CIBELE: estrangulamentos já nã o a satisfaziam
VANISE: mas sabia que o orgasmo
CIBELE: nã o aceitava comprimidos ou alucinó genos
VANISE: era uma pequena morte
CIBELE: recusava essas pequenas trapaças químicas
VANISE: ao menos em francês

VANISE E CIBELE: (cantam)


Limpem o seu corpo
Nã o a deixe nua em pelo
Sua carne nã o é santa
E pode pecar!
(3x)
(seguem cantando)
CIBELE: Ouça sussurrar no seu ouvido
CIBELE E VANISE: Você é a noiva
Você é a noiva do cordeiro
VANISE: Ele te espera
E quer desnuda
Toda sua
CIBELE E VANISE: Você é a noiva
Você é a noiva do cordeiro

(param de cantar)

VANISE: Alice ou Esther ou Augustina nã o era má


só nã o estava acostumada ao nonsense da vida
cedo se viu abandonada sem saber o que fazer com o corpo com as mã os os pés os
braços os quadris a bunda o peito suculento e se era para terra comer até os seus
olhos

CIBELE: desde da infâ ncia me assustava ao escutar esses olhos que a terra há de
comer

VANISE: resolveu doar aos homens o que era de direito da terra e toda vez que via
uma caralhonã o titubeava
oferecia a boca as mã os a bunda e quieta contabilizava os anos
e a solidã o era uma ideia esnobe e vaga

CIBELE: (canta) Desnuda com o véu da concó rdia


Rumina infame o Cordeiro
Retirem os comichõ es do meu abdome
Ela é a noiva
Ela é a noiva do cordeiro

A RELAÇÃO

ELE – vamos
pre agora com esse chororô
a culpa foi toda sua
nenhum homem toca num fio de cabelo de uma mulher se ela for obediente ficar
calada

ELA – para nã o ser arrastada por um monó logo vazio enquanto ele cuspia discursos
geniais tentei silenciar
no entanto até meu silêncio era uma repetiçã o ordiná ria do silêncio dos meus
ancestrais
olhei pra trá s
o lobo branco me observava

ELE – Stela, eu juro que nã o te culpo por isso


eu juro que dessa vez nã o a deixarei fugir
me perdoe por tudo

ELA – Avisto dez mil mortos nas pregas das suas cordas vocais dez mil mortos
naquele grito antecipado dez mil mortos peregrinando sobre meu ventre dez mil
mortos no tumor que se estende na minha laringedez mil mortos

ELE -eu catarei sozinho uma por uma das bolinhas de gude que te roubei
você sabe nunca soube perder
mas aprendi com maestria a enganar
ludibriar
tenho que te contar agora que mantém os olhos cerrados e nã o me encara com
reprovaçã o
nã o era má gica eu fazia pequenas marcas a lá pis nas cartas
você tã o ingênua me beijava animada como se eu fosse o homem mais especial do
mundo

ELA - me poupe das suas mixarias


eu sabia quem era você desde o princípio
sabia que era um fruto bichado
e você talvez se pergunte se eu estava ciente de tudo
porque cravei o dente com vontade
sim eu assumi os riscos
você me lembrava as goiabas suculentas da minha infâ ncia
como as desejá vamose quando as tínhamos nas mã os
mordíamos com gosto
no entanto
mal chegá vamos na terceira dentada e encontrá vamos o miolo preto
nã o
nã oera a primeira goiaba que colhíamos
porém no fundo achá vamos que encontraríamos uma ainda nã o arruinada pelo
descaso
foi a mesma sensaçã o quando te vi pela primeira vez
eu quis acreditar que você era um homem nã o devastado

ELE - eu perseguia obcecado o seu corpo e você obcecada exigia meus enforcamentos
como se fosse minha obrigaçã o te ressuscitar do marasmo do tédio e da infelicidade
diá ria
minhas fodas nã o bastavam
também tinham virado parte da monotonia
ELA - Nã o me olhe assim como se eu estivesse morta e enterrada
ELE - Mas acabou
ELA - E nã o me venha com seus dramas de pequeno-burguês
ELE – Estela
nã o me obrigue a te pedir para ir embora
ELA - nunca me senti tã o viva
ELE - agora acabou
ELA - durante muitos anos mantive os olhos fechados à s coisas que aconteciam ao
meu redor
eu acordei
se eu fosse você apalparia o pró prio corpo para ter alguma certeza sobre quem é o
cadá ver aqui

ELE - feche esses botõ es da blusa


nã o quero mais lamber seus seios
abaixa a saia
eu nã o vou te foder de novo
neu corpo nã o suporta mais do que uma transa por noite
apenas os adolescentes fodem como coelhos porque seus corpos ainda nã o trazem a
dimensã o trá gica da vida

ELA - nã o me faça passar por idiota na frente das pessoas


descubra meu corpo
deixe que eu mostre meus seios
vamosnã o tenha ciú mes
ou você é tã o tolo a ponto de pensar que você foi o ú nico a chupar meus mamilos
me dê suas mã os agora
coloque sua língua nos meus bicos sente como está arrepiado
cadá veres nã o se arrepiam

ELE - Quem é o verdadeiro culpado pela bala que estourou seu cérebro
Euvocê ou os NÃ OS jogados na minha cara lambuzando meu corpo de desprezo
simera um sim que eu esperava quando abria a porta e via suas coxas jogadas em
cima da cama
mas num ímpeto feminista você cruzou as pernas e impediu que meu pau entrasse
por mil anos você sofrerá as consequências da sua recusa

(CANTAM)
Morto e enterrado - Ela sempre se referia a mim assim
Morto e enterrado - Dizia: solo ruim não deve ser adubado
Morto e enterrado - Que certas coisas precisam ser extirpadas
Morto e enterrado - Que eu não podia subtrair a sua língua assim
Morto e enterrado - Homem nenhum deveria ser julgado
Morto e enterrado - Por impropérios na hora do ódio
Morto e enterrado - Você jamais deveria ter submetido
Morto e enterrado- a minha epopéia à sua sintaxe perversa
Morto e enterrado - E meus dedos sempre tentando alcançar
Morto e enterrado - A sua vulva Que esta sim está
Morta e enterrada!

CONSUMAÇÃO DO ATO/ASSASSINATO

VANISE – Era euera ela e uma arma branca e quente no criado-mudo

CIBELE - Ela sigilosa como um lagarto

VANISE - Eu um cínico chupando as beiras da sua vulva escura e lacrimosa

CIBELE - Ela gemendo baixinho e fingindo reprovaçã o. A arma esquentando


agora era enfiar no canto da sua boca vermelha e esperar a saliva escorrer raivosa

VANISE - E depois o tiro estrondoso-escarlate

VANISE E CIBELE – Bum

A CELA

CIBELE (se protegendo da luz da lanterna) - Sim eu me lembro perfeitamente nã o


precisa narrar detalhe por detalhe oassassinato daquela tarde
eu nã o quero saber nada sobreAugustina eu sei que ela está viva em algum escombro

VANISE: Eles me socaram até que o sangue jorrasse e coagulasse nas minhas
têmporas
até que os dedos desmontassem outras verdades
até que a cabeça inventasse novas histó rias
perguntei se algum deles queria tocar o meu pau
claro que nenhum deles queria admitir
entã o olhei para o mais alto e mais encorpado
os outros poderiam continuar ali se quisessem
podiam colocar seus paus para fora das calças
solicitei uma corda

CIBELE: Está vamos empolgados com a encenaçã o


VANISE: Disse que seria do meu jeito
queria prender suas mã os na grade
deixá -lo imobilizado
só depois disso eu agiria
eles exigiram que antes eu tirasse as calças
tirei
comecei a bater uma punheta exibindo a rigidez do meu mastro
sim eu queria que eles sentissem o meu poder e ele exalava por todos os meus poros
me ajudaram a amarrar o soldado

CIBELE: O espetá culo nos agradava

VANISE: Nã o haveria cuspe no meio das ná degas


meu pau estava seco e era assim que eu queria
enfiei com toda a minha força

CIBELE: Gritei

VANISE: Eu enfiei de novo dessa vez ainda mais forte

CIBELE: Gritei

VANISE: E nã o era apenas no cu do soldado que eu enfiava enquanto eu estuprava


aquele imbecil
eu estava arrombando o cu do Estadoo cu da religiã o o cu da Lei o cu dos desertores o
cu de uma sociedade hipó crita e fardada estava arrombando o cu dos almofadinhas o
cu de uma corja de mamadores
eu queria ver o sangue jorrar daquela cloaca podre
só parei quando vi o sangue escorrer entre suas pernas
tirei o pau e ele continuou em pé
no entanto nã o era desejo o que eu sentia era raiva
o ó dio mantinha as veias dilatadas
mal coloquei as mã os atrá s do corpo
fiz um esforço com a garganta e escarrei forte no pé da mesa
entã o a ira deles aumentou
talvez tenha sido uma ideia tola e perigosa e eles nã o mais
simularam elegâ ncia
começaram com os pontapés no fígado nas costelasno meu cu
a verdade é que os imbecis acabaram comigo

nã o conseguia me mexer e senti uma dor aguda no fêmur esquerdo


PARTE 8 – HOSPITAL

CIBELE – voltei à consciência depois de três dias a minha


perna estava inchada como uma abó bora madura e latejava
olhei ao redor e nã o estava dentro da cela.estava em uma sala branca e embora nã o
fosse muito
grande senti uma sensaçã o de paz as cores claras me acalmavam
VANISE - Infelizmente as noticias nã o sã o tã o animadoras
CIBELE - Nunca se deve relaxar perto de outro macho. Somos presas potenciais
VANISE - Fuma
CIBELE – Nã omas gostaria de fumar esse charuto
é cubano
VANISE - Sim
acredita em Deus
em transcendência
CIBELE – Nã o
VANISE - Pior pra você
CIBELE - Uma de minhas pernas estava preta
esse mal cheiro é meu
VANISE – Sim

teremos de amputar

estamos sem anestesia

usaremos bebida para entorpece-lo


e folhas de jambu e de jurema preta

algumas pessoas acreditam que os mortos encarnavam nas arvores de jurema

CIBELE – Estela
Estela

VANISE - Quem

CIBELE – Augustina
pensei tê-la visto
ela deve estar dormindo em algum beco escuro
decerto com as duas pernas

CIBELE – Nã o
Estela!
nã o se vá
desde criança aprendi que o fêmur é um dos maiores ossos do corpo e nos dá
sustentaçã o

CIBELE : Estela!

VANISE - Você precisa esperar a cicatrizaçã o e enterrar a sua perna


CIBELE - Como

VANISE - O Hospital nã o pode se responsabilizar pelo enterro de sua perna


se tivesse algum parente morto por perto isso te ajudaria
você deve ter
todo mundo tem um tio ou um primo que nã o se importaria em abrir a sepultura e
colocar uma perna a mais no caixã o

CIBELE - Eu perco a minha perna e ainda preciso enterra-la


eu preciso encontrar Estelaresgatá -la e leva-la comigo

CIBELE - Estela voltava com frequência aos meus pensamentos


me irritava lembrar da sua hipocrisia, do seu cinismo
me impressionavam seus discursos me enjoavam
Quem ela queria enganar com aquilo
ela era contra a ditadura contra a opressã o
a boca era um instrumento de luta e ninguém tinha o direito sobre sua língua sobre
seu dentes, sobre sua mordida
simuma libertina de esquerda
ao meu lado ela jamais permitiu que eu deixassem meu cabelo crescer
quando entrei com um cã o dentro da minha pró pria casaonde ela era apenas uma
visita fui escorraçado
era fá cil ser contra os ditames da sociedade e mandar a forca ao pró prio amante
assim mesmo imaginava ela feliz trepando no meu leito

Um peixe enterrou um rosto


E um sorriso nesse corpo plá stico
E tudo que faço é desmemó ria
Pra esquecer esse tempo trá gico
Em que minhas pernas eram cartilagem
E meus ossos nadadeiras
É meus olhos tã o grandes
Refletiam a ausência
E eu sem ninguém mais
E jorravam clemência
Quando via os corpos por sobre o mar
Ainda penso
Enquanto ovas mergulham
no cérebro Pororoca
Enquanto homens mergulham
no meu cérebro Pororoca
Nesse cérebro Pororoca

Haverá um tempo
Em que os homens
Fingindo epilepsia
Desmaiaram sobre os saiotes das fêmeas
E em silêncio
Escalaram seu pelos pubianos
Nã o ignorando as vontades do clitó ris,
Subirã o em direçã o de suas línguas
Em direçã o a suas bocas
E enojados de discursos fajutos
Cuspirã o verdades em seus lá bios quase sagrados
e depois de mortos nunca mais enterrarã o as vozes histéricas de suas mulheres
Estas sem remorsos pisaram de leva em suas covas rasas

Parte II - O velório
O cã o branco-cinzento gania embaixo do caixã o me olhava de viés e ela estava lú cida
nunca a vi tã o lú cida e calada senti certo conforto nã o precisaria mais atar sua boca
nem prender seus pulsos nem ameaçá -la com a arma e o estrondo de festim tentei
chegar mais perto queria abrir sua blusa e soprar seus seios passar os dedos em suas
auréolas roxas mas o cã o gania entã o me afastei e um cheiro de câ nfora tapou minhas
narinas
Era urgente sair de perto daquele corpo silenciado morto a cajadadas seus olhos nã o
mais seguiam a ó rbita certa dos gozos intensos agora eu também era um cadá ver e
você uma carcaça verde atrá s do véu eu podia ver os engenheiros do holocausto a
arquitetura grotesca da carne sabia que um dia as cores tomariam conta dos seus
ossos mas eu ainda tento ainda vasculho o abismo dos seus orifícios sim eu nunca me
contentei com a maciez das suas mucosas eu ia além gostava das pedras escondidas
nos seus rins nas suas vesículas no seu baço gostava de me embrenhar no seu
intestino delgado escutar o seu grito de desespero enquanto meus membros
radiografavam a sua angú stia e os seus dias cinzentos você escondia um hospício
atrá s dessa pele habitá vel
no entanto Estela nã o merecia ser abandonada nã o agora naquela situaçã o
degradante em que se encontrava de onde eu estava eu podia ver um prego
enferrujado que atravessava o caixã o e penetrava na sua carne eu podia vê-la
suplicando minha presença fajuta ela sabia eu nã o poderia fazer nada nã o a salvaria
dessa espécie de zíper enguiçado que é a morte
a agarrei pela cintura forcei seus braços a segurarem em volta do meu pescoço ela era
mais pesada do que imaginava ela era mais leve anos atrá s antes do homicídio
Comecei a imaginar o que o homicídio tinha feito por ela por que agora ela pesava
tanto¿ por que estava tã o pá lida¿ logo ela que gostava das bochechas vermelhas de
blush dizia só admirar as mulheres que sabiam se maquiar e ficar tã o pró ximas da
plasticidade das bonecas o que ela falaria se estivesse aqui¿ com certeza reclamaria
de ter de ficar deitada com as mã os em cima do ventre ela adorava exibir a barriga a
qual nã o era nada parecida com as barrigas das atrizes pornô s e ela dizia era
exatamente por isso que nunca tinha aceitado fazer um filme pornô eu sorria e
perguntava se houvera convite claro e nã o foi um só foram vá rios recusei todos ela
gostava de exibir a fartura mas nã o gostava dos uivos daquelas garotas que fingiam
orgasmos fenomenais gostava dos orgasmos minimalistas ela chamava assim os
melhores orgasmos em que o prazer maior era o movimento peristá ltico da vulva e
nã o o grunhido descomunal eu nã o concordava com ela e uma das nossas maiores
discussõ es começaram com essa banalidade apenas depois a discussã o foi ganhando
corpo e seriedade ela jogaria fora essas flores ordiná rias de defunto ela pediria
begô nias ou qualquer outra flor com nome bonito
Antes de poder agarrá -la pela cintura um homem nu e preto ao meu lado disse ela era
uma boa esposa sim um anjo um doce de mulher queria rir daquele comentá rio
absurdo ela nã o era companheira de ninguém
ah se você a conhecesse! com certeza teria se apaixonado por ela se eu a
conhecesse¿ eu nã o estava acreditando numa palavra que aquele idiota estava
pronunciando muito mal pronunciada aliá s como ele ousa dizer um absurdo
desses¿ por isso a mantinha aqui trancada nã o porque sou louco como teria coragem
de trancar uma coisinha daquelas só a mantinha longe das cidades movimentadas e
você sabe as ruas agitadas as luzes as placas luminosas essas coisas costumam mexer
com a cabeça das mulheres e depois ela poderia descobrir as vantagens de ser uma
puta imagine se ela sonhasse como as putas fazem quantos paus passam por suas
bocas mas a minha Esther nã o! era uma boneca nem eu ousava profanar aqueles
lá bios quase nem se maquiava quando muito um rosa pá lido nas maçã s
protuberantes bem fale mais baixo bem mais baixo ele me alertava como se fosse eu
que estivesse há horas tagarelando veja como o olho de Estela está arregalado você
sabe o que isso significa¿ no mínimo que este homem é um terrorista maluco as
pessoas do povoado comentam que quando os defuntos trazem os olhos abertos é
porque sã o um morto-acordado ou seja eles podem escutar tudo o que falamos sobre
eles e nã o quero ofender a minha pequena nem preocupá -la com nada muito menos
agora nessas circunstâ ncias nã o se engane meu amigo os mortos e os vivos estã o
irremediavelmente ligados você reparou como o seu ventre está inchado¿ nã o eu nã o
tinha reparado em nada eu desejava apenas tirá -la logo do alcance desse suposto
marido alienado voltando a nossa vida antes dessa tragédia posso afirmar que a
privei completamente do convívio de outro sexo eu contratei um eunuco sim ela
passava dias e noites trancada com ele você sabe nã o é possível sentir ciú me de um
eunuco seu saco é atrofiado e seu membro bem é constrangedor falar sobre isso
enfim o seu pau nã o endurece como poderia me preocupar¿ Ele era sua melhor amiga
viviam sussurrando pelos cantos por um minuto senti uma vontade incontrolá vel de
irritá -lo sim eu poderia contar pelo menos três histó rias em que os eunucos comiam
suas patroas será que ele se esqueceu que os dedos sã o tã o eficazes quanto um pau¿ E
na maioria das vezes uma boa chupada vale mais que dez trepadas deixei quieto nã o
adiantava contrariá -lo ele só podia ser um alienado ou um psicó tico
aquilo só podia ser uma brincadeira de mau gosto o que eles estavam querendo com
aquela brincadeira¿ pensei talvez tudo aquilo nã o passasse de uma encenaçã o fiquei
olhando para todos os lados possíveis procurando uma suposta plateia de uma
tragicomédia no entanto por mais que procurasse nã o via nada além de quatro ou
cinco gatos pingados assim mesmo eles nã o aplaudiam pelo contrá rio nã o paravam
de chorar e sussurrar uma oraçã o desconhecida para mim estava me sentindo
confuso e com â nsia olhei ao redor e a ú nica coisa que vi foi um espelho velho de
forma que olhando eu tinha a impressã o que o lugar estava mais cheio do que
realmente estava minha coluna doía quando me movimentava podia escutar estalos
terríveis eu nã o sabia se escutava aquele homem se olhava para aquelas crianças ou
se continuava levantando o corpo morto de Ester resolvi direcionar minha atençã o
à quelas estranhas crianças eram quatro nã o era verdade ela nã o tinha quatro filhos
ela era tã o nova sã o gêmeas nã o parecem sã o tã o diferentes sã o bivitelinas você sabe
nã o nasceram do mesmo ovo aquela mulher era uma diaba ovulava três ou quatro
vezes por mês nã o podia ser normal uma coisas dessas eu nã o comentava nada sabe
como é com mulher e louco o melhor é nã o mexer de repente me voltou à cabeça
todas as noites e dias em que fodi Esther estranho mas se era verdade mesmo que ela
ovulava de três a quatro vezes por mês aqueles filhos também poderiam ser meus tá
certo em algumas fodas eu usava o método do coito interrompido mas caí em
inú meras tentaçõ es e gozei fortemente dentro do seu ú tero nã o esperava que algo
frutificasse ali nunca criei expectativas nunca quis que ela se casasse comigo e jamais
sonhei que seres pequenos e famintos abocanhassem aqueles seios maravilhosos eles
eram a fonte primá ria do meu prazer encarei as três meninas e o menino ruivo era
incrível mas eu tinha que admitir certa semelhança uma tinha seus olhos a outra seu
nariz a terceira sua boca e o menino bem o menino tinha seis dedos em uma das mã os
acariciava o dorso de um dragã o de komodo
talvez ele tivesse razã o nunca vi Estela tã o bonita e tã o harmoniosa apenas o seu
ventre continuava inchando tomando uma proporçã o um tanto quanto monstruosa
logo ela que se preocupava com a quantidade exata de abdominais a fim de manter o
físico impecá vel que ironia agora poderia descansar sossegada
se existe algo que nunca passou pela minha cabeça foi ser pai mas ser arrastado assim
por uma garotinha de dez anos despertou um instinto paterno fez com que eu
sentisse certo asco me controlei nã o vomitaria na cabeça de uma pobre menina ainda
mais de uma ó rfã depois fiquei imaginando aquela criança de certo modo nã o deixava
de ser um pouco minha filha já que tinha saído do ventre de Esther o mesmo ventre
que costumeiramente abrigava meu pau e meu sêmen pensar dessa forma me deu
alívio o enjoo passou nã o vomitaria em cima de ninguém
Queria ter deixado a sala rá pido antes que minha ú ltima palavra ecoasse pelos
ouvidos daqueles homens aparentemente dementes porém nã o foi isso que aconteceu
meus pés estavam colados ao assoalho por um minuto fiquei está tico e apavorado por
mais que fizesse força nã o conseguia mover nem um milímetro a minha esquerda um
espelho me devolvia uma imagem magra e incoerente tirei uma das mã os de cima do
caixã o e levei ao rosto a minha barba estava com exatamente três centímetros e meio
levei uma das mã os ao bolso e retirei uma navalha eles ficaram assustados
imaginaram que eu fosse atacá -los no entanto eu queria apenas chegar mais perto do
espelho e aparar meus pelos era visível nã o era apenas Esther que apodrecia e se
fingia de escombros eu também estava esfarelado e eu sentia os cupins roendo minha
carne e as baratas à espreita de repente as mulheres começaram a me puxar e gritar
nã o entendi nada eu era inofensivo pelo menos naquele momento eu nã o
representava perigo nem para uma mosca no entanto elas continuaram gritando que
eu nã o olhasse os espelhos eles nã o deveriam estar ali os defuntos nã o podem se fitar
no espelho se isso acontece antes de eles terem consciência de que estã o mortos suas
almas podem se perder para sempre
olhe bem para o rosto do pai de Ester veja se vocês nã o têm o mesmo rosto eu corto
meu pescoço se me engano
Ainda nã o tinha pousado meu olhar sobre o pai de Ester embora eles tivessem me
falado sobre ele eu mal observei sua aparência física o pai dela nã o me causava
interesse por que haveria de causar se nem mesmo ela nunca tinha me falado sobre o
pai¿ Eu nã o queria saber da onde vinham os genes que me faziam feliz e eram
responsá veis por Estela ser quem Estela era o engraçado é que nã o consegui me
manter indiferente à quelas palavras eu precisava ver com meus pró prios olhos eles
nã o eram de confiança no entanto a minha curiosidade foi maior e me coloquei em
frente daquele que se autodenominava pai de Estela primeiro nã o senti nada nã o
consegui enxergar nenhuma semelhança e até achei ele bem mais parecido com a
turma da aldeia entretanto depois de alguns minutos fiquei impressionado realmente
éramos muito parecidos apesar de eu aparentar ser pelo menos trinta anos mais novo
se percorrêssemos as linhas e as rugas ainda por vir podíamos dizer que se tratava de
pai e filho no entanto isso nã o foi o mais estranho o mais inusitado foi que encontrei
naquele rosto todos os indícios de morte sim com certeza ele era um cadá ver e nã o
sabia seus olhos eram baços as olheiras fundas a pele macilenta primeiro pensei que
estivesse apenas sugestionado pelas coisas ouvidas no povoado entretanto logo o vi
correndo
Tive de me conter amarrei mentalmente as mã os atrá s das costas pois meu primeiro
impulso foi ir até a frente daquele homem e violentar o seu rosto agarrar com as
pontas dos dedos sua pele flá cida e esticar esticar e esticar até que sua fisionomia
voltasse à juventude e eu pudesse me olhar num espelho mais confortá vel
fiquei sem saber como interferir nã o sabia se fazia um dueto ou gritava com aquele
homem hediondo que roubara a minha face e agora a expunha sem a mínima
vergonha para todos os outros seres daquele povoado imundo sim era ultrajante que
ele tivesse coragem de sair com uma carranca pendurada na cabeça nã o Esther nã o
quero te ofender nã o é sobre você ou sobre seu riso que falo é sobre seu pai no
entanto você sabe prefiro rasgos a risos por isso gostava quando se movia calada
pelos cantos obscuros da sala de repente todos abaixaram os braços e a cantoria
cessou havia um espelho do lado oposto ao cadá ver de forma que havia duas Estelas
mortas uma me olhava atô nita a outra me ignorava aos poucos aquela partitura se
desfez e eu senti a musculatura do meu rosto desenrijecer
ESTHER ESTÁ MORTA intrigueiro filho da puta como pode afirmar isso da minha
garota¿ ela está viva mais viva que nunca está cego¿ será que nã o a viu descansando
naqueles carvalhos frondosos¿ Tolo aquilo era um caixã o! Chamem pelo nome que
quiserem porque eu sei o que significa isso tudo e sei que nomes sã o etiquetas falsas e
descolam com facilidade onde você vê escrito desespero eu vejo sonho e vejo Estela
linda e meiga como antes mas nã o quero me perder em réguas temporais antes e
depois existe para os medíocres que precisam contabilizar o tempo a mim todos os
dias sã o agora
O sol estava forte a estrada estava seca pequenas pedras me incomodavam os sapatos
minhas canelas estavam imundas eu precisava achar um mato rasteiro e parar à beira
da estrada olhei de relance o rosto de Stela ela parecia confortá vel com a situaçã o
talvez a viagem para ela fosse mais tranquila já que estava sendo levada nas costas e
nã o precisava se preocupar com a dificuldade em caminhar sobre um solo tã o á rido
assim que avistei uma á rvore parei tirei Esther dos ombros a coloquei sob a sombra e
estiquei as articulaçõ es elas faziam pequenos barulhos como estalos de galhos secos
nã o demorou muito e vi um cã o vindo em nossa direçã o procurei algo para me
defender nã o sabia se era bravo ou se estava com raiva peguei um pedaço de pedra e
o ameacei pensei que dessa forma ele desistiria de chegar perto de nó s e seguiria
viagem sozinho no entanto o cã o era branco e estava tã o magro e sarnento que nã o
apresentava perigo nem para uma mosca ele nã o se importou com a minha mã o
ameaçadora fingiu nã o ver continuou andando em minha direçã o cheirou minhas
pernas depois foi até Estela e deitou escorado no seu corpo tentei afugentá -lo
novamente no entanto ele mostrou a gengiva disposto a me morder para nã o sair de
perto do corpo da minha pequena Esther nã o entendi direito mas logo vi que era o
mesmo cachorro que estava velando Estela embaixo do caixã o achei melhor nã o
contrariá -lo deixei-o descansar logo mais seguiríamos nosso trajeto um cã o nã o devia
ser um problema em um lugar despovoado como aquele imitei um uivo assim ele
teria consciência de quem mandava ali ele nã o abriu os olhos ignorava minhas ordens
agora ela poderia relaxar a flacidez foi ludibriada observei com afeto o seu rosto ela
mantinha os olhos cerrados fiz sinal que o cã o silenciasse ela estava exausta era bom
que dormisse assim nã o se irritaria devido aos percalços da viagem o cã o parecia nã o
se importar com nada que eu fizesse bocejava constantemente
foi quando vi um homem e um cavalo minto um burro chegar perto de onde
descansá vamos boa tarde está tudo bem com vocês¿ sim sim está tudo bem um pouco
esgotados por causa da viagem mas bem é sua mulher essa que dorme no capim¿ é
sim é minha mulher por que¿ ela nã o me parece muito bem tem certeza que nã o está
acontecendo nada com ela¿ claro que tenho o que está insinuando¿ nada homem
apenas me preocupei achei ela um pouco pá lida os olhos arroxeados mas nã o deve
ser motivo de preocupaçã o a anemia é uma doença bem comum por essas bandas
quanto você quer por esse burro¿ do que você está falando¿ ah nã o ele nã o está à
venda é meu amigo meu companheiro já passamos por poucas e boas juntos mas deve
ter um preço que pague essa amizade nã o tem preço nã o amigo é meu companheiro
eu preciso continuar a viagem minha mulher tem a saú de frá gil nã o vai aguentar por
muito tempo essa caminhada foi o senhor mesmo quem disse que ela estava pá lida
feito um cadá ver calma aí amigo nã o foi bem isso o que disse só falei que deveria ficar
atento à saú de da moça nã o se brinca com a vida porém se o seu problema for esse
quero dizer se estiver querendo comprar o meu pobre burro por este motivo talvez
eu possa te ajudar como você poderia me ajudar¿ eu dou uma carona para vocês é só
vocês se embolarem na boleia
vamos subam aí atrá s preciso continuar a viagem já estamos subindo você tem
certeza de que a sua esposa passa bem¿ sim ela tem aquela doença de nome estranho
catalepsia já escutou¿ como nã o¿ se eu mesmo com esses olhos que a terra há de
comer vi um povoado inteirinho de catalépticos aquilo era um horror nã o consegui
ficar um dia naquele lugar apavorante só tomem cuidado com a defunta aí atrá s eu
preciso levar ela intacta à família de repente senti uma vontade irresistível de
levantar o lençol e ver a cara da morta esperei o nosso anfitriã o se distrair e
rapidamente levantei o pano quase cai da carroça aquilo era impossível nã o podia ser
verdade tinha algo de muito sinistro naquele lugar a morta era igualzinha a Esther
nã o sabia o que pensar
Caminhamos alguns minutos na estrada e logo avistamos outro viajante ele parecia
bem cansado fez sinal que pará ssemos alertei o carroceiro que nã o desse trela afinal
era perigoso ficar pegando qualquer um pelo caminho ele com certeza ficou sabendo
do caso do caminhoneiro que ficou sem as duas pernas depois de ter abrigado um
indigente deu um sorriso sarcá stico e disse que se pensasse dessa forma eu nã o teria
subido na boleia concordei meio contrariado o homem trazia uma maleta grande e
preta e outra de tamanho menos considerá vel a maior pelo jeito era bem pesada pois
o seu ombro direito era uns dez centímetros mais baixo que o esquerdo boa tarde
companheiros nã o gostaria de interromper nem atrapalhar a viagem dos senhores
mas veja bem tenho um problema enorme como estã o vendo trago uma mala bem
pesada e o meu burro empacou uns dez quilô metros para trá s claro
nã o tínhamos do que reclamar dentro da carroça o sol nã o era mais tã o quente a noite
estava quase chegando eu concordaria em dormir mas logo ao pensar na ideia avistei
um lago do lado esquerdo pedi licença ao anfitriã o e perguntei se por acaso ele nã o
estava a fim de uma paradinha para esfriar os pés ele hesitou um instante nã o podia
chegar atrasado com uma encomenda tã o importante eu retruquei dizendo que a
situaçã o nã o poderia ficar pior do que estava para a família da defunta ele torceu um
pouco a cara e concordou comigo desci primeiro e logo puxei o corpo de Agustina
para os meus ombros o caixeiro me olhou torto perguntou se já nã o era hora de
despertar minha mulher ela tinha dormido a viagem inteira discordei disse que nã o
se acorda catalépticos eles podem morrer com o susto ele nã o insistiu ao invés disso
me ajudou a posicioná -la melhor no dorso e desceu na minha frente em direçã o à
beira do lago se sentou eu cheguei logo em seguida com cuidado encostei Esther em
um tronco à margem da á gua sem cerimô nia retirei sua blusa já encharcada de suor
nã o sei se meu ou dela percebi que o carroceiro estendeu os olhos sobre os seus seios
duros fingi nã o ver mas comecei a pegar calmamente a á gua com as mã os e passar
delicadamente sobre os bicos o homem ficava cada vez mais irrequieto no entanto
nã o fez nenhum comentá rio deslizei sobre o umbigo e para facilitar o trabalho arriei
as suas calças e massageei no meio das suas ná degas levei os dedos entre sua vulva
para limpá -la direito olhei com os cantos dos olhos e percebi que o carroceiro
massageava o pau que já estava a ponto de explodir enxuguei o corpo de Esther com
meu lenço e coloquei cuidadosamente sua roupa de volta
Logo depois de levantar o lençol me arrependi daquele gesto impulsivo o maldito
carroceiro estava querendo me influenciar sim ele queria que eu fosse infiel a Estela
ela que me ama e nã o abre a boca para nada olhei Esther e senti remorso a mulher era
mesmo uma criatura desgraçada sempre à mercê dos desejos do macho passei
levemente a mã o no seu rosto pá lido ela esboçou um sorriso frio nã o era tonta
embora aparentasse deve ter percebido a minha estratégia deve ter sentido a ameaça
daquele corpo belo e está tico se oferecendo feito puta a minha frente é difícil para um
homem resistir à s insinuaçõ es das mulheres se a defunta ao menos trouxesse uma
blusa mesmo que fina encobrindo os seios fartos e os bicos inchados nã o ela fazia
questã o de expor a céu aberto aquela indecência comecei a sentir um pouco de pena
do carroceiro afinal ele fez uma viagem bem longa e apenas depois que me viu
banhando Augustina ousou trepar com o cadá ver eu nã o sei se eu aguentaria tanto
tempo de tortura só de falar o meu membro começa a responder Estela continua
dormindo bem que eu poderia acordá -la com o pau no seu rabo nã o melhor deixá -la
descansar sossegada o dia foi estressante abro o zíper e bato uma punheta enquanto
os bicos da irmã gêmea de Lú cia rasgam o pano vagabundo
Aproveito que Esther e o caixeiro estã o dormindo e deixo a porra escorrer pelos seios
duros da irmã gêmea a semelhança é realmente incrível tenho certeza de que se eu
tirar o resto do lençol e me deparar com a virilha nã o verei nenhuma diferença nã o é
correto um homem calcular mentalmente sobre um fato que está nas suas fuças nã o
tem sentido algum o certo seria eu levantar o pano estendido sobre a irmã de Esther e
pousar rapidamente os olhos na sua regiã o pélvica apenas dessa forma poderei ter
absoluta certeza da minha suposiçã o no entanto sou um homem que guarda algumas
reservas e nã o me darei ao desfrute de levantar feito um tarado o lençol de uma
defunta que nunca me fez nada embora se analisarmos com cuidado é possível
perceber que ela enviou alguns sinais e eu nã o sou de todo maluco veja bem ela nã o
precisaria chacoalhar dessa maneira insinuante que chacoalha dentro da carroça
assim como nã o precisaria exibir os peitos duros e arrepiados principalmente porque
sabe que está acompanhada da irmã e do cunhado sem contar o carroceiro aposto que
se tivéssemos nos conhecido antes ela teria virado aquele rabo esplêndido e exigido
que a comesse direito claro Estela nã o permitiria uma afronta desse tamanho mas as
mulheres sã o ardilosas ela acharia um jeito de ficar a só s no jardim comigo inclinaria
o dorso sobre o tronco da á rvore e pediria que tivesse cuidado pois ninguém a tinha
comido por trá s era necessá rio zelo nã o queria ficar toda arrombada queria ser
possuída com carinho eu perguntaria com timidez sobre a irmã sentada na sala ela
calaria a minha boca com os dedos depois chuparia meus dedos simulando um
caralho engraçado meu pau nã o consegue permanecer flá cido imaginando essas
cenas a irmã de Lú cia é mesmo uma piranha acabou de deixar aquele pano imundo
cair do seu tronco agora exibe os peitos feito uma vadia que depois ninguém coloque
a culpa em mim nã o tive culpa de nada eu nem sequer iria verificar a semelhança de
suas bucetas porém o pano já está no chã o mesmo Esther continua dormindo feito um
anjo nã o tenho motivos para perturbá -la apenas quero conferir se seus buracos têm a
mesma consistência por dentro por fora sã o iguaizinhos até a quantidade de pregas
até o tamanho dos grandes lá bios escarro com força na mã o direita e na esquerda
depois enfio os dedos na buceta das duas irmã s elas fingem estar entorpecidas mas
sei que gostam tiro o pau para fora novamente e para que ninguém saía perdendo
alterno as bombadas no final acho mais justo gozar no rabo de Esther afinal ela é a
minha mulher de verdade cubro a irmã com o lençol e adormeço

Parte III - O enterro


O caixeiro-viajante arregalou os olhos e disse finalmente cheguei a minha casa é logo
ali vejam estã o vendo aquelas duas figueiras¿ sinceramente eu nã o via á rvore alguma
na direçã o em que ele apontava assim mesmo ele pegou as malas e saiu correndo
pensei em correr atrá s e pedir uma explicaçã o plausível no entanto logo a mala caiu e
se abriu eu e o carroceiro ficamos olhando e esperando os livros tombarem pela
estrada porém vimos um corpo se desdobrar e tamanho nã o foi o nosso susto era
Estela ou melhor era igualzinha Estela embora fosse outra o caixeiro nã o tentou nos
esclarecer nada recolheu depressa o corpo dobrou e enfiou na mala logo mais
desapareceu sem deixar vestígios
a esposa tinha morrido fazia poucos dias ainda se sentia deprimido e culpado sim
alegou o carroceiro e eu concordei com a cabeça é por isso que estamos aqui o seu
sogro levou o corpo até mim com a intençã o que eu o preparasse para o funeral claro
que devia ter sido com a sua permissã o e quem é esse homem estranho do seu lado¿
o caixã o continuava no meio da sala dava para ver que tinha uma defunta lá dentro e
meu coraçã o quase saiu pela boca quando vi uma mulher idêntica a Esthela dentro
daquela caixa de madeira o carroceiro ficou sem reaçã o apenas gritou que agora
restava saber o que ele faria com aquele corpo estendido na sua carroceria suspirei
ainda abalado pelos ú ltimos acontecimentos e sussurrei que isso de fato nã o era um
grande problema bastava dar uma volta na vila e seria possível encontrar um dono
para o corpo nã o faltavam mã es desesperadas com filhas desaparecidas assim como
nã o faltavam esposos desconsolados procurando por suas antigas mulheres e a pior
desgraça que pode acontecer a um homem é ter um veló rio e nã o ter um corpo para
compor o cená rio o carroceiro sorriu e deu o assunto por encerrado
vi que o carroceiro tinha um sorriso no canto da boca nã o era impressã o minha era a
mais pura verdade ele adorou saber que aquele corpo despido em sua carroceria
seria inteiro dele e por tempo indeterminado porém nã o demorou cinco minutos e ele
estava de volta perto do caixã o e me cutucando com insistência fazendo sinal para
que eu o seguisse ele precisava conversar algo muito sério comigo
e confessou no começo ficou até muito empolgado afinal era solteiro e nã o costumava
andar na companhia de uma mulher ainda mais uma tã o bonita quanto aquela e com
o corpo tã o bem feito mas é preciso dizer que logo depois fiquei apavorado o que eu
faria a vida inteira com uma mulher pendurada nos braços¿ eu coloquei as mã os
sobre os seus ombros e disse que ele nã o deveria se preocupar tanto as mulheres sã o
imprevisíveis fique calmo nã o dê tanta importâ ncia a coisas tolas as mulheres acabam
indo embora mais rá pido do que imaginamos quando nos acostumamos com o seu
cheiro lá estã o elas farejando o pau de outro macho
Esther parecia outra pessoa a imersã o fez com que suas bochechas voltassem a ficar
rosadas como se tivesse colocado um punhado de blush quase nã o a reconheci já nã o
trazia a palidez dos desacordados a velha começou a se gabar no seu dialeto usted
está vendo muchacha de nuevo está viva no lo dijo un bañ o hace milagres y que
formosa esta muchacha tiene covinhas en la face e na bunda y que buracos deliciosos
que buracos tiene esta muchacha nunca vi nada igual fiquei horas massageando sus
mucosas imagino que el muchacho también se distraía en los buracos respirei fundo
toda vez que tinha o ímpeto de enforcar alguém repetia este recurso antigo quase
ancestral sempre funcionava velha imunda como ousou escarafunchar a minha doce
Augustina¿ Por acaso era louca¿ E o seu discursinho sobre a safadeza dos
homens¿ olhei de novo para Esther agora ela trazia as narinas tapadas com algodã o
abaixei suas calças e lá estavam os pedaços de algodã o camuflando o seu cu e a sua
buceta como se fosse uma morta! Confiei Esther em suas mã os e olha como a idiota
retribui apalpando de cima a baixo a minha pequena ela me encarava com os olhos
miú dos e os dentes amarelos das suas orelhas escorria um líquido purulento ela
gargalhava ah como es macia esa muchacha e lambia os beiços deixei a sala antes que
a gargalhada ecoasse e retornasse aos meus ouvidos
se ela podia manter uma conversa amigá vel com defuntos deveria saber que Ester me
adorava e exigia minha presença ela gargalhou los hombres son mismo una raza
presunçosa Estela jamá s há precisado de usted és usted que tiene necesidad de ella
no te preocupes yo no te culpo despues de conocer los buracos de Estela considero
razonable su obsesió n ella és presencia donde aparentemiente és falta ela disse de
modo sério enquanto vasculhava cuidadosamente as beiras cavernosas da vulva de
Augustina estã o me punindo por ter esganado Estela até ela soltar um sopro pelo cu
eles nã o entendem uma vírgula do que falo nã o adianta explicar é como se tivesse
pregando para uma plantaçã o de jumentos eles nem imaginam como Dora gostava
quando a colocava de quatro e fechava as duas mã os em volta do seu pomo de Adã o
nã o eles nem sonhavam ela gritava como uma histérica e depois eu sentia sua vulva
esmagando meu pau como que infringindo a ele o mesmo enforcamento que eu
impunha a sua traqueia agora enfraquecida pelos gozos repetidos depois me
desprezava como se nã o visse em mim nada além de um acessó rio para o seu prazer
Nã o demorou muito e eu percebi o equívoco que cometia nenhum homem poderia ser
livre servindo a outros homens mesmo servindo como superior como voz de
comando aquele que manda também é escravo dos seus servos poderia ser uma
grande experiência ser legislador daquele povo mas também poderia ser uma
catá strofe poderia ser meu fim a ú nica pessoa que me prendeu eu enlacei o pescoço
torci até arrebentar as vértebras nã o cairia de novo nesse truque barato o sol entra
pela janela e explode cavalga nas minhas pupilas olho de novo para Ester agora ela
traz uma expressã o dura tudo bem meu amor nã o se preocupe eu tirarei você daqui
nã o precisará olhar mais a cara desses homens estranhos fique tranquila crianças
brincam nos quintais vizinhos nã o se apavore chegaremos a tempo de ver as
cerejeiras florirem
Seus seios incomodavam um pouco o movimento dos meus ombros nã o parei para
ver já imaginava os hematomas que eu deixaria em sua carne nã o me importei tantas
outras vezes já a tinha espancado que todo sangramento percorreria por baixo da
pele e da consciência e nã o passaria do que os velhos chamam de sangue pisado
quando você passava e tocava a campainha do meu apartamento logo que você
entrava os vizinhos metiam os olhos no olho má gico nã o fede nã o cheira mas deve
foder bem você olhou os pés dela¿ alguém com esses pés vai longe pois é agora você
realmente foi longe demais o suicídio quem diria falava em se matar e nã o imaginou
que acabaria morta pelas mã os de outro meu pulso ainda dó i nã o imaginei que
precisasse tanto esforço para um sufocamento lá fora o asfalto ainda brota gramas
para todo lado e alastram as marias-sem-vergonha roxas
eu sabia que concordaria venha entã o me dê um beijo de gratidã o afinal eu vivo
tirando você das enrascadas em que se mete onde já se viu querer andar por aí nesse
estado nã o sabe que o mundo é cheio de maldade e poderemos encontrar
malfeitores¿ Venha querida encoste seu rosto no meu ombro é bom descansar
enquanto pode veja lá longe o cã o continua a nos seguir
E o homem preto e nu que se autodenominava marido de Estela continuou falando
por horas como se eu fosse um velho companheiro ou um amigo de infâ ncia logo eu
que nunca tive infâ ncia que conheci logo a desgraça de ser grande demasiadamente
grande enorme obeso inoportuno logo eu que aprendi a amarrar cadarços antes de
aprender a cuspir logo eu que aprendi sobre foder antes de aprender a empinar pipas
e jogar bolinhas de gude
você acha que ela ainda pode ser considerada a moça mais bonita da vila¿ Sabe se
você conhecesse a minha Esther eu tenho a mais absoluta certeza de que se
apaixonaria sim você seria obcecado por ela por isso a mantinha longe dos olhos
masculinos sim algumas mulheres também se apaixonaram mas nunca tive ciú mes eu
permitia que ela escarafunchasse os buracos femininos nã o via mal nisso só nã o
permitiria que lambesse os membros eretos de outros machos já via com alguma
desconfiança a sua amizade com aquele cã o sarnento muitas vezes vi o cã o exibindo o
pau enquanto ela acariciava o seu dorso
logo ela que tinha um vigor incompará vel fodia feito os coelhos nã o é apenas do seu
sexo que eu sinto falta é da sua presença do estalo rouco das suas falanges do ruído
que fazia ao roer as unhas do eixo estranho das suas ró tulas do peso do seu corpo
afundando o colchã o Está vendo a nossa menina¿ Você nã o acha que é a cara da
mã e¿ Veja que coisa maluca chego agora a ter medo de ficar sozinho com a minha
pró pria filha fico imaginando ela moça ultimamente o seu corpo anda adquirindo as
mesmas características do corpo da mã e deus me proteja de comer minha pró pria
cria alguns dizem que ela tem os meus olhos mas acho que falam isso para me agradar
olhe para seu cabelo o cabelo da menina batia perto do calcanhar no entanto nã o foi o
tamanho que me assustou mas os nó s em toda sua extensã o ela nunca cortou o cabelo
foi promessa de Estela é engraçado como as crianças pagam pela sandice dos pais
Estela prometeu que jamais cortaria o cabelo da filha se sua mã e nã o voltasse para o
hospício e resolveu¿ nã o sua promessa foi inú til desde que a menina nasceu a mã e já
foi internada mais de dez vezes você já deve ter escutado falar os loucos se
acostumam ao cá rcere depois que conhecem o manicô mio dificilmente concordam em
voltar a viver como o resto dos mortais existe certo fascínio em nã o obedecer leis em
romper com as regras porém é tudo ilusó rio fora do hospício nã o passam de mortos-
vivos e os nó s o que significavam os nó s¿
E eu me acostumara a rugosidade do asfalto e a solidã o das ruas vazias antes da chuva
a nuvem está carregada mas nã o está enegrecida temos tempo antes do temporal no
entanto as á guas correram antes do previsto e os nossos corpos se encharcaram e eu
gritava você errou novamente você nunca acerta você é caolha e ela me sorria com os
dois olhos retos querendo me desmentir e depois me abraçava e dentro de mim era
um sol escaldante e eu explodia dentro dela sílabas tô nicas e sonoras e eu nunca fui
capaz de distinguir as surdas das sonoras quadrados e catetos
Tentei durante anos agradá -la com ideias originalíssimas depois desisti eu nã o sabia
pensar ela precisaria se contentar com um homem comum que nã o conhece toadas só
conhece rimas imperfeitas e catacreses enforquei todos os artauds esperei cada ó rgã o
saltar pelos seus poros e ainda assim nã o me veio um pensamento sequer todos os
meus pensamentos assim costumo nomeá -los sã o ausências placas combinató rias que
circulam e nã o saem do lugar corredores estreitos luminosos mas finitos
No início antes do grunhido antes do gemido que iguala santa e puta no princípio você
era magma luz pastosa à s vezes nuvem à s vezes chuva com o tempo tomou para si o
tom endurecido-enfurecido dos mú sculos e suas mã os tocavam em um piano de teclas
negras aço frondoso cavavam buracos você me enterrava palmo a palmo enquanto eu
me distraía com as notas graves e o que me importa que agora embalsame meu corpo
evitando as borboletas as libélulas as lagartas as mariposas os cupins as formigas os
bichos de pau os vermes¿ se antes das suas mã os epiléticas sufocarem meu pescoço
eram dos vermes que falá vamos eram os vermes que rondavam-ruíam nossos corpos
quase vivos quase mortos
você tinha a mania de esfolar os seus mortos retirar a epiderme que os afastava da
realidade das coisas vivas uma revoluçã o é o que daria jeito para trezentos anos de
um país que alimentava com á gua e farinha os cadavéricos
Entã o o que fará agora¿ Vai esperar eu o louco destroçar todos esses ossos brancos
calada¿ Você nem sequer soltará um gemido de discordâ ncia¿ eu sabia que você
morreria pelas mã os do seu protetor sim eu te mataria e mesmo assim você
acobertaria as minhas maiores falcatruas até o fim nã o foi por falta de aviso eu te falei
que um dia eu cagaria em tudo mas você deu pra querer ser santa nã o confiava nas
minhas palavras dizia que minha língua era cheia de veneno olha no que deu agora vá
junte os miolos espalhados pelo chã o do quarto nunca mais se refira a mim como um
paranoico nã o diga que te alertava só porque queria te comer desde o início eu era o
ú nico que mantinha os parafusos no lugar e quer mesmo saber parafuso à s vezes
espana e nem sempre o cã o lambe a mã o do dono
Mas ela parecia mesmo nem se envolver com aquelas palavras todas que eu soltava
feito um maníaco por que todos pensavam que os maníacos nã o tinham consciência
das baboseiras que pronunciavam¿
nã o seja besta apenas nó s humanos achamos normal ficar esfregando a morte na cara
dos outros os animais têm noçã o da falência de seus corpos eles sentem vergonha por
serem tã o fracos e finitos eles sabem que a morte é obscena e por isso quando estã o
prestes a morrer se retiram para poupar os vivos do seu espetá culo bizarro sim ela
tinha razã o nã o conseguíamos morrer sem antes esfregar a morte na fuça dos outros
no entanto ao olharmos para o ventre de Ester percebemos que ele estava ainda mais
inchado como se fosse uma parturiente de repente sua barriga começou a se mover
como se houvesse um ninho de cobras dentro o suposto marido de Estela considerou
que era insensato enterrá -la daquela forma precisá vamos de uma faca cortaríamos a
sua barriga e veríamos o que estava acontecendo depois de alguns minutos uma das
velhas chegou com uma bacia de á gua morna e uma faca afiada disse que já ouvira
falar de mulheres que deram à luz depois de mortas deveríamos considerar plausível
essa hipó tese embora achasse aquilo tudo uma loucura deixei que prosseguissem pois
eu também estava curioso para ver o que Augustina trazia no ventre a velha
continuou e afirmou que algumas mulheres conseguiam renascer na pró pria cria
como era absurdo tal pensamento nã o comentei nada apenas esperei em silêncio
como costumava fazer quando discordava a velha mesmo cortou a barriga de Esther e
que surpresa quando ela enfiou suas mã os e retirou uma criança do seu ventre nã o
conseguia acreditar que fosse verdade pisquei diversas vezes mas a criança continuou
ali nã o escutei nenhum choro a velha pegou uma camiseta velha e limpou a criança e
assim que pude ver o seu rosto o meu susto foi ainda maior a criança tinha o meu
rosto sim nos mínimos detalhes apenas nã o trazia as rugas que eu trazia todos me
olharam atô nitos fiquei esperando uma reaçã o de repente percebi que a criança nã o
respirava era um natimorto peguei ela dos braços da velha e a chacoalhei escutei
Estela sussurrar qualquer coisa abaixei perto de seus lá bios e ela repetia
incessantemente cadáveres não se arrepiam esperei ela terminar a ladainha e
perguntei por quê¿ por quê¿ por quê¿ me responde Esther!!!! Por que dessa forma¿ E
ela com a voz fraca e sumida respondeu Há apenas uma forma de se livrar do desterro
e do exílio nascendo no corpo agonizante do macho
Olhei novamente para o caixã o e para sua maquiagem fú nebre era evidente ela estava
morta a criança estava morta no entanto eu estava confinado eu era o cadá ver rigor
mortis pallor mortis eu tinha esgotado todas as possibilidades de sobrevivência a
metafísica falida da carne me restava sentar feito um cã o magro e me distrair
matando os carrapatos que escalavam o cume das minhas orelhas ela nã o diria nada
ela se acostumara ao silêncio das ruas agitadas
[Haverá um tempo em que penetrarei nas bifurcaçõ es do jardim e encontrarei todos
aqueles homens iguais e franzinos velando o grande lobo branco. E eu nã o soltarei um
uivo eu nã o acuarei nem devorarei minha presa eu ficarei está tico esperando a hora
certa da cova se abrir diante de minhas patas defeituosas. Eu esperarei a hora certa
do ventre engolir meu crâ nio e a minha medula abrirá ao meio e dará origem a novas
e insignificantes constelaçõ es.]

b) proposta de encenação:

Um homem mata uma mulher.


Um homem está morrendo.
Um homem mata uma mulher e não sabe que está morrendo.

Uma mulher veste a pele do macho.


Duas mulheres vestem a pele do macho.

Um homem se vangloria de sua força e seu poder.


Um homem se vangloria de sua força e seu poder sem perceber que está morrendo.

Uma mulher tateia ser um macho.


Duas mulheres tateiam ser um macho.

Homens matam mulheres diariamente, repetidamente.


Duas mulheres reproduzem o discurso de um homem que não sabe que está morrendo.
Enquanto ele não percebe sua falência, sua força e seu poder matam muitas mulheres.

O patriarcado mata mulheres.


Mulheres estão morrendo.
O patriarcado precisa morrer.

Duas mulheres encenam o texto de outra mulher, na tentativa de entender a


masculinidade tóxica: na tentativa de estancar sua própria morte.

Encenação
A encenaçã o tem como premissa o olhar crítico das atrizes sobre o que estã o
narrando, na voz do macho. Queremos que o pú blico tenha clareza de que este é o
ponto de vista que elas assumem sobre o patriarcado.
A principal imagem da obra é um corpo - aparentemente vivo - que carrega um corpo
- aparentemente morto. Ambos – que ora se despedaçam, ora se regozijam – trazem
uma histó ria ancestral de abusos, com uma sexualidade desesperada.

Atuação
Entre os principais focos desta investigaçã o estã o: a presença das atrizes em primeiro
plano; a relaçã o direta com o espectador, compartilhando uma visã o; a criaçã o de
dispositivos para que o real, o acaso e o risco invadam a cena; o hibridismo de
linguagens, principalmente na relaçã o com o audiovisual.

A preparaçã o das atrizes será conduzida com o objetivo de gerar uma presença cênica
carregada de verdades, porém nã o de ‘qualquer verdade’: verdades construídas
através de exercícios que proporcionem a vivência física das emoçõ es dos
personagens. Para isso, o diretor lançará mã o das Energias Corporais, de Arthur
Lessac.

Viewpoints, exaustã o física e dança pessoal sã o outras ferramentas a serem utilizadas


no processo de criaçã o.

Direção de arte
Corpos que vagam por seus acú mulos de memó ria.

A cenografia para a peça O enterro do lobo branco recria o ambiente onírico presente
no texto, e busca desconstruir a noçã o de tempo e espaço, localizando o espectador
em todos e nenhum lugar ao mesmo tempo. Nas memó rias narradas, os acú mulos das
lembranças e dos fatos tornam-se escombros que ajudam a compor a cena e mudam-
se conforme o decorrer na narrativa. Escombros carregados de passado que criam e
recriam uma geografia disforme, entre topografias que se movem. O tempo, narrado
por essas transformaçõ es escorre como areia em uma ampulheta e cria formas nunca
iguais, mas sempre reconhecíveis como qualquer campo devastado.
Os objetos sã o parte desse acú mulo de passado e misturam-se a essa topografia que
desenha as diversas ambiências. Projeçõ es e o desenho de luz trazem uma segunda
camada informativa sobre essa topografia de restos. O pó do que restou ajuda a
compor o ambiente e tridimensionalizar a simbologia da morte e da transformaçã o.

Trilha sonora
A mú sica traz elementos que se misturam com as imagens de um jeito tã o orgâ nico
que a dissociaçã o parece impossível. Haverá o contraste das batidas intensas e
hipnó ticas do techno com os instrumentos de timbres poéticos e mais etéreos. Tudo
lembra o corpo e provoca tensã o na cena.
O cantor e compositor Filipe Catto fará a trilha original e ela será executada por um
mú sico/dj, que estará em cena.

Videomapping
Para criar os vídeos do espetá culo, convidamos a artista visual Romy Pocztaruck, que
desenvolve uma pesquisa em paisagens visuais, criando texturas e as projetando em
diferentes superfícies.

As projeçõ es estarã o difundidas pelos espaços, utilizando a técnica do videomapping,


e podem ganhar ritmos diferentes de acordo com a dinâ mica da narrativa. O recurso,
nesse sentido, valoriza mais as constantes contradiçõ es – a morte foi por tiro,
pancada, sufocamento? Falamos de Ester, Estela, Alice, Augustina? O rosto dele é o
mesmo do pai, do filho, do natimorto? Ela está no caixã o, dentro da mala, na
carroceria?

Os vídeos têm, em alguns momentos, funçã o narrativa - ora impulsionando o


desenrolar da dramaturgia, ora criando atmosferas. O recurso audiovisual também
será usado na multiplicaçã o das vozes femininas ao vocalizar o discurso masculino
sobre a obsessã o do gozo, do falo, do sexo.

As imagens que vemos sã o poesias visuais que funcionam como carimbos, simulando
formas fá licas, e que também remetem aos fluídos corporais, entranhas, tecidos
orgâ nicos, desertos exteriores e interiores.

Iluminação
Na maior parte do tempo, a luz do espetá culo surge de dentro da cena, sendo
manipulada pelas atrizes. As imagens projetadas pelo videomapping, além de
construir formas e texturas, também as iluminam, em consonâ ncia com os refletores
do teatro.
---

Nossa proposta nã o é exaustiva, ou seja, nã o dá conta de todas as questõ es envolvidas


em uma montagem, pois acreditamos fortemente que o teatro é feito na açã o e na
prá tica. Por isso, nã o podemos antecipar diversos elementos difíceis de serem
decididos sem tempo e experimentaçã o.

d) Contrapartidas:
1. Realizaçã o de 24 apresentaçõ es, sendo no mínimo quatro gratuitas. As
apresentaçõ es darã o preferência a espaços da Secretaria Municipal de Cultura, sendo
neste caso gratuitas. Caso nã o seja possível pauta em espaços pú blicos, as
apresentaçõ es terã o o preço popular de R$20,00 (vinte reais) para custear a locaçã o
do teatro, permanecendo 4 apresentaçõ es com entrada franca;

2. Traduçã o em libras em 8 apresentaçõ es da temporada, preferencialmente 01 por


final de semana.

3. Realizaçã o de um ensaio aberto, para grupos e estudantes de teatro da periferia e


estudantes EJA, com bate-papo com a equipe do espetá culo sobre o processo criativo.

4. Realizaçã o de residência artística de cinco encontros com 10 atores e atrizes,


selecionados mediante carta de intençã o e currículo, de imersã o e troca no processo
de criaçã o do espetá culo com o diretor e elenco;

5. Realizaçã o de encontro aberto ao pú blico com a autora, direçã o, atrizes, grupo


Maravilhosas e Pajubá , com o tema Novas Masculinidades e Outras Narrativas de
poder

XI - Cronograma de desembolso, tendo como base o cronograma de pagamento


conforme item 7.4 deste Edital

Pagamentos Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 subtotal


RECURSOS Direçã coord Direçã o coord Direçã o de Direçã o de
HUMANOS: o de financie de financeira Produçã o Produçã o 157.100
Produç ra Produçã o Direçã o de Produçã o Produçã o ,00
ão Direçã o Produçã o Produçã o Executiva executiva
Autora de Executiva Produçã o Direçã o operador
Produçã Colaborad Executiva Atrizes de luz
o ora Direçã o Operaçã o de Operador
Produçã processo Atrizes luz de
o Consultor Mú sico Operador de videomap
Executi ias Direçã o de videomappin ping
va arte g Mú sico Mú sico
Direçã o Costureira e Convidados Intérprete
Atrizes cenotécnico Econtro Libras
Composiçã o Intérprete
trilha sonora libras
Vídeos
Iluminador
Apoio
montagem
operador de
luz
Operador de
videomappin
g Interprete
libras
RECURSOS Locaçã o Locaçã o Locaçã o sala
MATERIAIS: Sala de Sala de de ensaio
Ensaio Ensaio Locaçã o de
Material equipamento
Figurino s
Material
de 15.700,
cená rio 00
DIVULGAÇÃ Comunica Assessoria de Assessoria de
OE çã o e Imprensa Imprensa
COMUNICA mídias Fotografo Regustro em
ÇÃ O: Designer Material vídeo e
Grá fico Grá fico ediçã o
Impulsionam Impulsionam
ento redes ento redes 20.990,
sociais sociais 00
DESPESAS
OP:
có pias
mídias,
telefone,
alimentaçã o 500,00 1000,00 2000,00 500,00 1000,00 5.000,0
, transporte 0
* previsão
dividida
pelo
período
TOTAL
10.0 25. 40.20 12 198.7
27.900,
00,00 400,00 82.790,00 0,00 .500,00 90,00
00

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