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NATAL/RN
2018
ii
de Doutora em Psicologia.
NATAL/RN
2018
iii
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, que permitiu a realização de mais este sonho, e por ter me dado forças para enfrentar
À minha orientadora Izabel, por ter acreditado e confiado no meu potencial, por ser para mim
À minha co-orientadora Natália, por ter aceitado a co-orientação deste trabalho, por ter
Às instituições onde foram realizadas o estudo, FUNAD e CAEHH (e a seus profissionais), por
Às juízas que participaram do segundo estudo desta Tese, pela leitura atenta e pelas
Aos meus pais, Jozilda e Hermano, por serem meu alicerce e por me darem forças nos
indispensáveis para que eu pudesse chegar até aqui. Agradeço também aos meus irmãos, Renata
Aos amigos de sempre, Cibele, Olívia e Diogo, pela amizade sincera e pelo apoio e incentivo
Às amigas que fiz durante minha temporada em Recife, em especial a Valéria, Anelise e Sâmid,
e às amigas de Natal, Heloísa e Sayonara, por todo carinho e apoio durante período em que
Ao meu amor de quatro patas, Lolla, por ter sido minha companhia fiel noites e madrugadas
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram com este trabalho, meu muito
obrigada!
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS................................................................................................................ix
RESUMO.................................................................................................................................xiii
ABSTRACT.............................................................................................................................xv
INTRODUÇÃO........................................................................................................................17
OBJETIVOS.............................................................................................................................30
OBJETIVO GERAL.................................................................................................................30
OBJETIVO ESPECÍFICO........................................................................................................30
DOWN......................................................................................................................................31
1. Introdução..............................................................................................................31
SD............................................................................................................................48
6. Objetivos................................................................................................................50
7. Método......................................................................................................................51
vii
7.1. Participantes....................................................................................................51
7.2. Instrumentos...................................................................................................52
7.3. Procedimento..................................................................................................58
9. Resultados.................................................................................................................60
10. Discussão................................................................................................................72
11.Considerações Finais................................................................................................91
12.Referências...............................................................................................................94
DOWN....................................................................................................................................106
1. Introdução..............................................................................................................106
intervenções...........................................................................................................115
(PIAFEX)..............................................................................................................121
6. Objetivos...............................................................................................................125
7. Método..................................................................................................................126
8. Resultados e Discussão..........................................................................................129
viii
9. Considerações Finais.............................................................................................150
10. Referências............................................................................................................152
APÊNDICES...........................................................................................................................157
ix
LISTA DE FIGURAS
separação...................................................................................................................................66
Figura 3 - Gráfico apontando o grau de importância de cada variável para a partição dos
grupos........................................................................................................................................67
separação...................................................................................................................................69
Figura 6 - Gráfico apontando o grau de importância de cada variável para a partição dos
grupos........................................................................................................................................70
LISTA DE TABELAS
Tabela 4 - Resultado da análise descritiva das pontuações totais obtidas pelas crianças com SD
no IFERA-I................................................................................................................................60
Tabela 5 - Resultado da análise descritiva das pontuações obtidas pelas crianças com SD nas
subescala...................................................................................................................................60
subescalas..................................................................................................................................60
Tabela 8 - Resultado da análise descritiva das idades mentais obtidas pelas crianças com SD no
SON-R.......................................................................................................................................61
Tabela 9 - Idades mentais das crianças com SD avaliadas pelo SON-R 2 ½ - 7 [a] e respectivas
frequências................................................................................................................................62
Tabela 10 - Resultados da análise descritivas das pontuações brutas obtidas pelas crianças com
Tabela 11 - QIs obtidos pelas crianças com SD na faixa etária de sete anos...............................63
II................................................................................................................................................64
Tabela 17 - Caracterização dos dois grupos obtidos após submissão dos dados a análise de
cluster........................................................................................................................................67
Tabela 19 - Caracterização dos dois grupos obtidos após submissão dos dados a análise de
cluster........................................................................................................................................70
Tabela 20 - Níveis de significância encontrado entre os resultados das crianças nas escalas e
Tabela 21 - Níveis de significância encontrado entre as idades os resultados das crianças nas
(PIAFEX-SD)..........................................................................................................................129
Tabela 4 - Resultado da avaliação dos juízes dos quatro primeiros componentes dos “Aspectos
Essenciais” do PIAFEX-SD....................................................................................................132
Tabela 5 - Resultado da avaliação dos juízes dos três últimos componentes dos “Aspectos
Essenciais” do PIAFEX-SD....................................................................................................133
AD Aversão à Demora
AR Autorregulação
CA Comportamento Adaptativo
CI Controle Inibitório
DI Deficiência Intelectual
DT Desenvolvimento Típico
FC Flexibilidade Cognitiva
FE Funções Executivas
MT Memória de Trabalho
QI Quociente de Inteligência
SD Síndrome de Down
RESUMO
Nos últimos anos, pesquisas vêm destacando que déficits nas Funções Executivas (FE) se
interventivos que busquem estimular o desenvolvimento das FE neste subgrupo clínico, uma
vez que estas funções são consideradas fundamentais para a realização de diversas atividades
presente pesquisa teve como objetivo adaptar para o grupo clínico da SD um programa
interventivo das FE. A fim de atingir tal objetivo, foram realizados dois estudos, o estudo I: I)
para a SD. Participaram do estudo I 31 crianças diagnosticadas com SD, com idades entre 7 e
12 anos, de ambos os sexos, bem como os seus respectivos pais ou responsáveis. Estas foram
aspectos estes que foram levados em consideração na adaptação da intervenção no estudo II,
para seus resultados. Em relação ao estudo II, inicialmente, foi realizada uma análise detalhada
fenótipo neuropsicológico da SD. Finalizada a adaptação, o programa foi enviado para juízes
especialistas na SD, com o objetivo de avaliá-lo, bem como possibilitar o seu aprimoramento
e/ou reformulação. Após a síntese da avaliação dos juízes, o programa foi pilotado com um
grupo de três crianças com SD, a fim de verificar sua adequabilidade para este grupo clínico.
Ao final deste processo, o programa foi revisado e realizadas as últimas modificações. Esta
intervenção inédito voltado para a estimulação das FE. Tal estudo poderá, portanto, servir de
profissionais que atuam junto a estes indivíduos, seja em contexto clínico ou em contexto
escolar.
ABSTRACT
In recent years, research has highlighted that deficits in executive functions (EF) constitute one
of the main characteristics of the cognitive functioning of individuals with Down Syndrome
(DS). Difficulties are identified in the initiation of activities, construction of plans and
strategies, updating and monitoring of these, maintenance of focus and persistence, cognitive
flexibility, among other aspects. Such damages negatively impact the lives of these individuals
and point to the need for the elaboration of intervention programs that seek to stimulate the
development of EF in this clinical subgroup, since these functions are considered fundamental
for the accomplishment of several activities of our daily life, especially for learning and school
success. In this sense, the present research had as objective to adapt an intervention program of
the EF to the clinical group of the DS. In order to achieve this objective, two studies were
school children with DS; and study II) PIAFEX-DS: Intervention Program in Self-Regulation
and Executive Functions for DS. Thirty-one children diagnosed with DS, aged 7 to 12 years, of
both sexes, as well as their respective parents or guardians participated in the study. These were
assessed through specific neuropsychological scales and measures. The results of this study
that were taken into account in the adaptation of the intervention in study II, such as the
pronounced deficits in working memory, the level of development lowered in the different
subdomains of the adaptive behavior, the observed mental ages and the presence or absence of
ADHD symptoms in these children and the impact of this for their results. In relation to study
II, initially, a detailed analysis of the modules and activities that PIAFEX composite was
performed, aiming to select them and adapt them to the neuropsychological phenotype of DS.
After the adaptation, the program was sent to specialists judges in the DS, with the objective of
xvii
evaluating it, as well as making possible its improvement and/or reformulation. After the
synthesis of the judges' evaluation, the program was piloted with a group of three children with
DS, in order to verify their suitability for this clinical group. At the end of this process, the
program was reviewed and the last modifications were made. This research made possible the
stimulation of EF. Such a study may serve as a basis for subsequent interventions and
instrumentalize the work, in the future, of several professionals who work with these
1. INTRODUÇÃO
atualmente a causa genética mais comum de deficiência intelectual (DI) (D’Ardhuy et al.,
2015), possuindo uma incidência aproximada, em todo o mundo, de um para cada 1000-1100
nascimentos vivos (World Health Organization - WHO, 2015). No nosso país, estima-se que
existam aproximadamente 270 mil pessoas com esta condição clínica (BRASIL, 2014).
Na quase totalidade dos casos (95%), esta síndrome é ocasionada pela trissomia do
cromossomo 21 (ou seja, a presença de três cópias inteiras deste cromossomo nas células do
organismo). No entanto, a SD também pode ser associada a outros dois grupos de anomalias
ligado a outro par cromossômico que não o par 21 (muitas vezes ao cromossomo 14). Já no
refere-se a este subgrupo de alterações (Cunningham, 2008; Fávero & Oliveira, 2004; Rondal,
1993).
uma porção extra crítica do cromossomo 21 (a banda cromossômica 21q22, referente a 1/3
desse cromossomo), presente em todas ou algumas de suas células. Este material genético
adicional está associado, por sua vez, a uma cascata de efeitos no curso de desenvolvimento
cognitivo e comportamental deste grupo clínico. No entanto, vale ressaltar, que como um
fenótipo provêm de todo o conjunto do genoma não balanceado (Moreira, El-Hani & Gusmão,
2000).
fissuras palpebrais oblíquas, orelhas pequenas, prega palmar única, pregas epicânticas, entre
outras características. Porém, o diagnóstico final da SD só pode ser obtido com o exame do
cariótipo do indivíduo. Além das expressões fenotípicas, é comum que crianças com SD
indivíduos apresentam estas alterações, existindo uma enorme variação no que diz respeito aos
Além dos aspectos citados acima, as anomalias cromossômicas que ocorrem nesta
diminuições dos tamanhos de áreas como o lobo frontal, lobo temporal, tronco cerebral,
cerebelo e hipocampo (Contestabile, Benfenati & Gasparini, 2010; Ma´ayan, Gardiner &
Iyengar, 2006; Menghini, Costanzo & Vicari, 2011; Pennington, Moon, Edgin, Stedron &
Nadel, 2003; Pinter, Eliez, Schimitt, Capone & Reiss, 2001). Estas alterações neuroanatômicas,
que podem ser observadas desde muito cedo no desenvolvimento neurológico destes
indivíduos, estão associadas à deficiência intelectual, bem como aos diversos prejuízos nas suas
considerada a única desordem genética cuja expectativa de vida dobrou nos últimos anos. Isto
19
síndrome passasse de uma média de 12 anos de idade em 1940 para 60 anos ou mais na
Este aumento da expectativa de vida tem impulsionado, por sua vez, a ampliação de
desta maior longevidade com uma melhor qualidade de vida. Assim, cada vez mais se torna
estimulação.
Um dos campos do saber que tem contribuído para ampliar a compreensão acerca da SD
Tais estudos têm como objetivo realizar uma descrição do perfil de capacidades destes
uma análise minuciosa dos seus processos cognitivos através de comparações com outras
síndromes genéticas, ou entre a SD e crianças com desenvolvimento típico (DT) (Freire, Duarte
específico (Silverman, 2007). Este perfil inclui, de maneira geral, pontos fortes ou desempenho
velocidade de processamento e funções executivas (Will, Fidler & Daunhauer 2014; Kogan et
al., 2009; Menghini et al., 2011; Silverman, 2007; Tsao & Kindelberger, 2009; Wang, 1996).
desenvolvimento para todas as pessoas que possuem esta síndrome. Isto porque, o
desenvolvimento cognitivo não depende exclusivamente das alterações cromossômicas que são
desenvolvimento cognitivo desta população clínica (Lott & Dierssen, 2010; Silverman, 2007).
neuropsicológico da SD explicitado acima, sugerindo que este pode ser melhor compreendido
“Funções Executivas” (FE) incluem, dentre outras, (1) a capacidade de armazenar informações
na mente e manipulá-las (memória de trabalho), (2) a capacidade de inibir ações para as quais
uma tendência de resposta foi estabelecida (controle inibitório) e (3) a capacidade de mudar de
De acordo com Edgin (2013), a caracterização da SD como uma síndrome que afeta os
acerca de seu fenótipo neuropsicológico. Isso porque, a maioria dos estudos que investigaram
este fenótipo encontraram déficits relacionados às funções destes sistemas, incluindo o CPF, o
Lobo Temporal Medial, e os sistemas neurais da linguagem, todos estes caracterizados pelo
prolongado curso de desenvolvimento. Vale ressaltar que, além de déficits nestas regiões, Edgin
21
nosso estudo somam-se, então, aos de outras pesquisas e apontam para a necessidade da
Sabe-se que os déficits nas FE podem ter diversas implicações críticas para o
desenvolvimento das crianças com SD. Isto porque, estas funções são consideradas
fundamentais para a execução de diversas atividades do nosso cotidiano. Além disto, tem sido
extensamente documentado, tanto em crianças com desenvolvimento típico (DT) (Diamond &
Lee, 2011; Moriguchi, 2014), quanto em crianças com SD (Will, Fidler, Daunhauer &
sucesso escolar, uma vez que são importantes para a aprendizagem de novas informações.
Crianças com FE frágeis apresentam dificuldades para iniciar e completar tarefas, inibir
múltiplas informações, dentre outras habilidades (Seabra, Reppold, Dias & Pedron, 2014).
Segundo Seabra et al. (2014), crianças que iniciam a escolarização com menores
esforçarem cada vez menos e a abandonar mais rapidamente as atividades escolares, todos estes
executivas. Tal trabalho poderia prevenir a exarcebação dos déficits executivos, bem como
minimizar dificuldades já instaladas, possibilitando assim que estas crianças lidem melhor com
A presente tese de doutorado pretende então contribuir com este cenário através da
indivíduos com SD. Tal projeto nasceu diante da constatação da grande dificuldade que este
e materiais voltados para o desenvolvimento das FE desta população, e, não menos importante,
das queixas das escolas, professores, pais e sociedade em geral em não saber como trabalhar
A fim de atingir o nosso objetivo, foram realizados dois estudos. Um Estudo Prévio (I)
específicas das FE em crianças com SD, identificadas em estudos anteriores, serão explicitadas
manipular diferentes informações na mente, o que envolve a memória de trabalho; bem como,
exigindo para tanto flexibilidade cognitiva (Amadó, Serrat & Vallès-Majoral, 2016). Todas
(FE).
controle de comportamentos orientados por objetivos (Brydges, Fox, Reid & Anderson, 2014).
Estas funções são recrutadas durante a execução de diversos comportamentos complexos, nos
quais é necessário que o indivíduo exerça controle e regule tanto os seus pensamentos, quanto
os seus comportamentos e/ou emoções, bem como se adapte a diferentes demandas e mudanças
As FE se incluem dentro das chamadas “funções cognitivas superiores”, “de alta ordem”
cognitivos mais automáticos (Arán Filippetti & López, 2013). Como pontua Diamond (2013),
o uso das FE requer um maior esforço mental, visto que é mais fácil, por exemplo, continuar
fazendo algo que já vem sendo feito do que mudar; ceder a uma tentação do que resistir a ela;
ou continuar agindo no “piloto automático” do que parar e considerar o que vem depois. Desta
Nos últimos anos, a importância das FE tem sido bastante ressaltada, através de estudos
que demonstram que tais habilidades estão fortemente associadas ao desempenho escolar e
24
escrita e do raciocínio lógico-matemático (Kirk, Gray, Riby & Cornish, 2015). Além disso,
estas funções também têm sido associadas a uma melhor socialização, bem como à manutenção
da saúde física e mental ao longo da vida (Diamond, 2013; Kirk et al., 2015).
indivíduos podem vivenciar uma série de dificuldades no seu cotidiano social, acadêmico e
emocional. Déficits nas FE têm sido associados a diversos transtornos, tais como o Transtorno
Depressão, ou ainda, a síndromes genéticas, como a SD (Carreiro, Reppold, Córdova, Vieira &
Mello, 2014).
No que diz respeito aos seus correlatos neuroanatômicos, considera-se que as FE estão
como um todo para um eficaz funcionamento das mesmas (Barros & Hazin, 2013; Pires, 2010).
O CPF constitui quase um terço da massa total do córtex cerebral e mantém múltiplas
relações, quase sempre recíprocas, com outras inúmeras estruturas encefálicas. Dentre estas
occipital, assim como com diversas estruturas subcorticais, notadamente o tálamo. Além disso,
como um local de integração entre diferentes processos cognitivos e como importante para as
FE. No entanto, esses modelos nem sempre estão em concordância acerca de quais seriam estas
25
com o campo em que são utilizadas (por exemplo: Educação, Neuropsicologia, Psicologia
por apenas um fator, uma FE geral, assumindo-se assim a sua unicidade, ou se elas seriam
compostas por múltiplas funções dissociáveis e independentes entre si (Purdy, 2011). Porém,
atualmente, parece existir um consenso acerca da diversidade das FE, já que se entende que elas
não constituem uma entidade única, mas englobam vários subprocessos distintos e
modelo fatorial de Miyake et al. (2000). Este propõe a unidade e diversidade das FE, ou seja,
entre si, também apresentam certa independência (Miyake et al., 2000; Miyake & Friedman,
2012).
Além do modelo de Miyake et al. (2000), outro modelo amplamente aceito e utilizado
partiu dos estudos desenvolvidos por Miyake e também considera a existência de três
partir das quais outras habilidades executivas mais complexas emergiriam, como planejamento,
tomada de decisão e raciocínio (Dias et al., 2015). A seguir, estas três habilidades centrais serão
consiste na habilidade para inibir respostas impulsivas e/ou automáticas, bem como o controle
26
a pensar antes de emitir uma resposta. Ela envolve tanto a inibição do comportamento, referido
memórias, também referida como inibição cognitiva (Diamond, 2013; Seabra, Reppold, Dias
De acordo com Diamond (2013), sem o controle inibitório ficaríamos presos a velhos
inibitório permite que o indivíduo mude o seu comportamento e escolha como reagir e se
comportar (ao invés de se levar pelo hábito), superando assim o controle do meio externo,
imediata e déficits na autorregulação. Por outro lado, indivíduos com melhor habilidade de
“memória operacional” e foi primeiramente descrita por Baddeley e Hitch (1974), como um
modelo independente do conceito de FE (Seabra et al., 2014). Este modelo será descrito
sucintamente a seguir, visto que parece ser particularmente propício para a discussão dos
prejuízos executivos que são associados com a SD, a serem apresentados a posteriori.
De acordo com o modelo de Baddeley e Hitch (1974), revisado por Baddeley (2000), a
raciocínio lógico e aritmético. Dois outros sistemas subsidiários seriam a alça fonológica e o
episódico, responsável por integrar as informações dos subsistemas subordinados e permitir sua
na resposta à tarefa ou reprocessada (Baddeley, 2000; Seabra et al., 2014). Além disto, este
acesso aos conteúdos armazenados e tornando-os conscientes à medida em que são utilizados.
ou ordens de acontecimentos, dentre outros aspectos (Baddeley, 2000; Diamond, 2013; Seabra
et al., 2014). Esta habilidade também possui um papel significativo para a aprendizagem.
Estudos vêm apontando a memória de trabalho como preditora da aquisição e sucesso das
28
al., 2014).
Por fim, a última habilidade executiva central refere-se à flexibilidade cognitiva. Tal
bem como adaptar-se às demandas contextuais. Ter uma “boa” flexibilidade cognitiva (o que
de uma situação ou problema, sem que fiquemos presos a padrões rígidos ou pré-estabelecidos
de comportamentos (Diamond, 2013; Seabra et al., 2014). Considera-se que alterações nessa
destas três habilidades executivas centrais emergiriam FE mais complexas, como o raciocínio,
caracteriza-se enquanto processo complexo que, de certa forma, requer a atuação integrada das
manutenção em mente do plano inicial, bem como dos objetivos e sub objetivos durante a
alcance do objetivo, bem como a flexibilidade cognitiva necessária para mudar o plano inicial,
Cabe acrescentar que outros teóricos citam outras habilidades integrando o escopo das
materiais necessários para execução de uma atividade), manejo do tempo (que envolve a
(capacidade de manter e sustentar a atenção sobre um estímulo durante certo período), iniciação
e persistência (capacidade de iniciar uma atividade e persistir em direção à uma meta), dentre
desenvolver bastante precocemente, tornando-se paulatinamente mais robustas a partir dos anos
pré-escolares e estendendo o seu aprimoramento até o início da idade adulta, o que está em
Jerman, Dal Pont, Alberti & Vianello, 2010). Tal fato é importante, pois esse processo
redes neuronais que sustentam o seu funcionamento executivo, abrindo assim a possibilidade
atingindo platô em idades precoces, enquanto outras estendem o seu desenvolvimento ao início
da vida adulta.
Ainda que o modelo de FE proposto por Miyake et al. (2000) seja considerado
Brydges et al. (2014), a estrutura das FE em crianças de até cerca de nove anos de idade parece
ser unitária, ou seja, um modelo de um único fator de funcionamento executivo (apenas uma
diferenciam umas das outras, de modo que com a idade de 10-11 anos, os componentes
executivos que compõem o modelo de FE de Miyake et al. (2000) começam a ser identificados,
Diante da importância das FE para a vida dos indivíduos e diante dos déficits que
crianças com SD apresentam nas mesmas, o objetivo geral desta pesquisa foi adaptar um
programa interventivo das Funções Executivas para o grupo clínico da Síndrome de Down
Estudo prévio (I) para melhor compreensão de aspectos do fenótipo neuropsicológico destas
2. OBJETIVOS
2.2.Objetivos Específicos
adaptativo;
DOWN
1. Introdução
Estudo II. Tal pesquisa fez-se necessária devido à importância de melhor compreender aspectos
como do nível de desenvolvimento global das mesmas, para assim embasar a adaptação do
Portanto, este estudo prévio tem como objetivo a avaliação de domínios específicos em
crianças escolares com SD, de maneira a possibilitar a análise acerca da pertinência e/ou
necessidade de adaptação de cada uma das atividades que integram o programa de intervenção
proposto (PIAFEX). Foram investigados neste estudo, além das FE, outros aspectos apontados
indivíduos com SD terem resultado num aumento de sua expectativa de vida, estas
funcionais necessárias para uma vida independente na sociedade (Dierssen & De la Torre,
2012).
indivíduos com a síndrome. Além disto, como ocorre em outros transtornos associados à DI,
32
Neste sentido, como dito anteriormente, o objetivo do presente estudo foi investigar as
estimulação das FE em crianças com SD (Estudo II), fornecendo informações específicas acerca
adequação dos instrumentos existentes para avaliação das crianças com SD, uma vez que
possam ser utilizados com esta população clínica. A seguir, serão caracterizados em crianças
Nas últimas décadas, alguns estudos têm sido realizados com o intuito de investigar as
FE na SD. Em uma destas pesquisas, Rowe, Lavender e Turk (2006) identificaram a presença
amostra de adultos com a síndrome, o que foi relacionado com a presença de demência precoce
nesta população. No entanto, de acordo com Lanfranchi et al. (2010), um número menor de
pesquisas voltou-se para a investigação destas funções em crianças e adolescentes com SD.
33
Segundo os autores, tal aspecto é importante a fim de determinar se os déficits nas FE estão
relacionados com o declínio cognitivo associado à idade e à presença de demência precoce nesta
grupo de adolescentes (N = 15; idades entre 11 a 18) com SD através de um conjunto de testes
o grupo controle de crianças com DT pareadas por idade mental. As maiores deficiências
flexibilidade cognitiva.
relacionando, porém, os resultados nos testes com os conhecimentos acadêmicos básicos das
acadêmicos na SD. Isto porque, estes domínios foram apontados como preditores significativos
trabalho e controle inibitório em crianças com SD, considerando a importância que assumiram
na investigação.
No que diz respeito a estudos que analisaram subdomínios específicos das FE,
que tem sido repetidamente relatada como prejudicada nesta população. Esses estudos têm
alça fonológica), enquanto que o esboço visoespacial encontra-se menos deficitário (Baddeley
34
& Jarrold, 2007; Carretti & Lanfranchi, 2010; Duarte, Covre, Braga & Macedo, 2011; Jarrold,
Nadel & Vicari, 2008; Lanfranchi et al., 2009; Laws, 2002;). No entanto, outros estudos vêm
verbais quanto em tarefas visoespaciais ativas, ou seja, quando as mesmas exigem um alto grau
de controle executivo (Contestabile et al., 2010; Lanfranchi et al., 2009; Lanfranchi et al., 2004;
investigação de tal aspecto em crianças com SD, ainda que este seja um mecanismo (ou melhor,
um conjunto de funções) que possui uma contribuição central para o desempenho cognitivo
anos) em tarefas de controle inibitório. A pesquisa tinha como objetivo examinar se o grupo
Hamburg & Strydom (2016), muitas vezes estes instrumentos acabam não sendo adequados
para uma significativa parcela desta população, notadamente para aqueles indivíduos mais
pontuam escores muito baixos (efeitos de chão) em diversas tarefas. Nestes casos, medidas
possível avaliar diversos aspectos de toda a população, bem como acompanhar possíveis
comportamento por pais/professores não avaliam o mesmo constructo. No entanto, eles podem
fornecer informações complementares acerca das FE das crianças. Nesse sentido, escalas
Function (BRIEF), possuiriam uma maior validade ecológica, visto que abordariam as FE em
situações mais complexas, como manifestações da vida diária das crianças (Pritchard et al.,
2015).
das FE de crianças com SD. O estudo realizado por Lee et al. (2011), por exemplo, avaliou as
FE de crianças com a síndrome (N= 26; idades entre 4 e 10 anos) através do Behavior Rating
Inventory of Executive Function Preschool (BRIEF-P), que foi respondido pelos pais e/ou
amostra.
resultados do estudo de Lee et al. (2011) também revelaram maiores prejuízos das crianças com
comparação às normas das crianças com DT de mesma idade mental. Vale destacar que os
àquelas encontradas em estudos anteriores que investigaram tal aspecto, sugerindo que déficits
nesta habilidade podem estar presentes precocemente no desenvolvimento das crianças com
SD. Tal resultado é importante, principalmente porque as medidas tradicionais desta habilidade
(como o teste span de dígitos, ordem direta e inversa), não são possíveis de serem administrados
36
em crianças com a idade mental incluídas na amostra. Desta forma, instrumentos destinados
aos pais/responsáveis ou cuidadores podem ser uma solução para investigar as habilidades
cognitivas em crianças pequenas com SD, notadamente quando não for possível a utilização de
Daunhauer et al. (2014) buscou replicar as descobertas de Lee et al. (2011) em uma
amostra diferente de crianças com SD, também utilizando o BRIEF-P, porém, coletando
respostas tanto dos pais/responsáveis, quanto de professores. Semelhante aos resultados de Lee
comparação ao grupo com DT pareado por idade mental, tanto a partir dos relatos dos pais
indicaram que o grupo com SD possuía maiores deficiências na escala de inibição (controle
Uma alternativa de interpretação dos estudos citados anteriormente pode ser realizada
através de um quadro teórico que diferencia as FE em dois grandes grupos: as FE do tipo “frias”
Considerando os resultados das crianças com SD nos estudos relatados, observa-se que
comprometimento mais acentuado em aspectos “frios” das FE, como memória de trabalho e
emocional (Lee et al., 2011; Lee et al., 2015; Daunhauer et al., 2014). No entanto, de acordo
com Lee et al. (2015), é importante destacar que embora esta seja uma força relativa na SD, se
comparada com ela mesma, não é uma força absoluta. Dificuldades com o controle emocional,
por exemplo, são maiores nestas crianças do que os encontrados em pares com DT de mesma
idade cronológica.
déficits generalizados nas FE deste subgrupo clínico. Estas dificuldades estão presentes em uma
trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva (Freire & Hazin, 2015; Will et al., 2014;).
crianças, o que pode vir a embasar a elaboração de programas interventivos destinados para
estas funções.
mais polêmicos) da Psicologia. Ao longo dos anos, este constructo tem gerado diversas
controvérsias entre os autores que se dedicaram ao seu estudo (Almeida, 2002). Apesar disto,
atualmente o conceito de inteligência, para grande parte dos pesquisadores, está relacionado à
(Laros, Valentini, Gomes & Andrade, 2014), ou ainda, à capacidade dos indivíduos de
assumiam a sua unicidade (Almeida, 2002). Posteriormente, outras definições foram propostas
fator explicativo para a inteligência, como o modelo bi-fatorial de Spearman (que propôs a
existência de um fator geral (g) de inteligência e múltiplos fatores específicos (s) e a teoria de
Modelo de Cattell de Inteligência Fluida (Gf) e Cristalizada (Gc). Para este modelo, a
inteligência fluida (Gf) refere-se a uma habilidade que depende pouco das experiências e
à resolução de problemas. Estudos indicam que a Gf se associa com domínios como a memória
de trabalho, principalmente com as funções do executivo central (Primi, 2002). Por outro lado,
et al., 2014).
Além do modelo de Cattell, outros modelos foram desenvolvidos, como a Teoria dos
Três Estratos de Carroll. No entanto, de acordo com Primi (2003), atualmente o modelo Cattell-
Horn-Carroll (CHC) vem sendo considerado o “estado da arte” no campo da inteligência. Este
este modelo, o nível III, mais amplo, seria composto por uma única dimensão geral. O nível II
abrangeria 16 dimensões amplas, entre elas, a inteligência fluida e memória. Por fim, o I nível
raciocínio indutivo (Laros et al., 2014). Em resumo, a visão predominante atual considera que
39
a inteligência é constituída não apenas de uma capacidade única e sim de múltiplas habilidades
ou capacidades específicas.
Outro aspecto que tem levantado intenso debate e polêmicas no campo da inteligência
entanto, a inteligência da criança com SD não é determinada apenas pelas alterações genéticas
que são observadas, mas também, e de modo fundamental, pelo restante do potencial genético
e pelas importantes influências do ambiente no qual esta criança vive (Voivodic & Storer,
2002).
constrói (Voivodic & Storer, 2002). A criança com SD é, assim, mais que sua carga genética, é
um organismo que funciona como um todo, sendo a genética apenas um aspecto que integra
interação com outras crianças e adultos mais experientes, dentre outros aspectos, pode
adaptativo. De acordo com o DSM-5 (APA, 2013), os prejuízos nas funções intelectuais
aprendizagem com a experiência. Além disto, o diagnóstico deve se basear em uma avaliação
apresentar pontuações que variam de 20 a 85 pontos de QI. Cerca de 70 a 75% dos indivíduos
com SD apresentam escores de QI entre 20 e 50, sendo a causa de dificuldades leves, moderadas
Um dado que merece atenção e que precisa ser discutido, a fim de se evitar interpretações
errôneas, refere-se ao aparente declínio no QI que pode ser observado à medida que crianças
com SD vão envelhecendo. De acordo com Schawartzman (2003), este declínio pode ser
resultado da forma como o QI tem sido avaliado. Nestas avaliações as crianças com SD são
comparadas com crianças e adolescentes com DT da mesma idade cronológica, o que não seria
o mais adequado, visto que é necessário que se leve em consideração que o desenvolvimento
na SD é mais lento, sendo óbvio que os seus QIs, verbal e não-verbal, serão mais baixos se
comparados com crianças com DT. Este tipo de comparação, segundo o mesmo autor, acaba
intelectual tem sido alvo de uma série de questionamentos. Isto porque, em sua grande maioria,
estes instrumentos foram desenvolvidos para crianças com DT, desconsiderando, muitas vezes,
2012). Tal fato ocasiona uma série de dificuldades, tanto no que diz respeito à avaliação destas
crianças com estes instrumentos, quanto em relação à interpretação dos seus resultados.
41
De acordo com Pacanaro, Santos e Suheriro (2009), em grande parte dos instrumentos
existentes atualmente para a avaliação da inteligência, o uso da linguagem oral tem sido uma
No caso das crianças com SD, a avaliação de aspectos cognitivos baseada nas suas
verdadeiro potencial, uma vez que estudos demonstram que o desenvolvimento cognitivo destas
crianças é superior ao seu desenvolvimento da linguagem (Pacanaro et al., 2009). Desta forma,
de Inteligência para crianças e adultos, Duarte (2009) relata que de uma amostra composta por
67 indivíduos com SD, 46,2% dos participantes tiveram que ser excluídos, sendo um dos
motivos destas exclusões o fato dos indivíduos com a síndrome não terem sido capazes de
que compõem as escalas verbais dos instrumentos. Desta forma, conforme ressalta Mecca
(2013), a perda amostral pode ser associada às características do instrumento, que se mostrou
Observa-se, portanto, uma maior preocupação atualmente no que diz respeito à escolha
Um dos instrumentos que tem sido bastante utilizado em contexto internacional refere-se à
Escala Internacional de Inteligência Leiter-R (D’Ardhuy et al., 2015; Daunhauer et al., 2014;
42
Will et al., 2016). Segundo Daunhauer et al. (2014), por ser um teste não-verbal de inteligência,
o Leiter-R é um instrumento adequado para avaliar crianças com SD. Este instrumento permite
Em contexto nacional, no estudo de Mecca, Morão, Silva & Macedo (2015) a Escala
com SD, com idades entre três e oito anos. Os resultados encontrados mostraram que as crianças
nos domínios de processamento visual e inteligência fluida. No entanto, uma maior dificuldade
crianças o objetivo maior não pode resumir-se à confirmação dos déficits intelectuais por meio
de comparações com a população sem deficiências. Em vez disto, estas avaliações precisam
destes indivíduos, através de análises qualitativas do processo de avaliação, que podem ser úteis
para a caracterização de pontos fortes e fracos, bem como para o desenvolvimento de projetos
entendimento da DI, dando-se importância maior, atualmente, não apenas aos déficits
43
adequado na vida cotidiana (AAIDD, 2017; Macho, Alonso, Martínez & Sanchez, 2010; Tassé
et al., 2012).
funcionalidade, proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com esta
funções do corpo, atividades e participação (Mecca et al., 2015). O CA, por sua vez, engloba o
conjunto de habilidades conceituais, práticas e sociais, sendo assim, mais específico que o
De acordo com Tassé et al., (2012) seis elementos comuns são observados nas
definições até então disponíveis do comportamento adaptativo. São elas: (a) a aprendizagem e
para uma vida independente, como cuidados pessoais, autocontrole, organização de tarefas
horários e rotinas, uso do dinheiro, etc. Por fim, as habilidades sociais referem-se às habilidades
relação aos comportamentos esperados para estas faixas etárias. De acordo com Reschly, Myers
e interação com os outros. Na infância propriamente dita e início da adolescência, por sua vez,
espera-se a aplicação de habilidades básicas acadêmicas nas atividades de vida diária, bem
como a aplicação do raciocínio e julgamento no domínio adequado dos meios ambiente e social,
profissional e social.
moderada, grave ou severa) passaram a ser estabelecidos com base na avaliação do CA e não
mais nos escores de QI (APA, 2013). As formas mais comumente empregadas para a avaliação
do CA, por sua vez, são baseadas em situações de análise de observações, entrevistas,
questionários, entre outros (Ferreira & Van Munster, 2015). A APA (2013) recomenda que a
45
Behavior System (ABAS), dentre outras (Ferreira & Van Munster, 2015).
do domínio do CA são relativamente recentes, porém, crescentes nos últimos anos, com uma
concentração maior de estudos na área multidisciplinar. Ressaltam, ainda, que apesar do CA ter
da APA e AAIDD recomendarem para sua avaliação o uso de medidas padronizadas (Tassé et
al., 2012), no contexto nacional observa-se uma carência destes instrumentos (Ferreira & Van
Munster, 2015). Os estudos que tiveram como foco os instrumentos detiveram-se apenas na sua
Participaram do estudo 80 crianças com SD, com idades entre um e 11,5 anos. Os resultados
holandesas com SD, com idades variando de 0 a 12 anos, foram comparadas com as habilidades
adaptativas de um grupo de crianças com DT, também utilizando a Escala Vineland II. Os
mais lento e atingiam os maiores escores em torno dos 12 anos de idade, sendo estes em nível
substancialmente inferior ao das crianças com DT. Os resultados também apontaram que o
perfil de habilidades adaptativas das crianças com SD era caracterizado por forças relativas no
desenvolvimentais de uma amostra de 123 crianças com SD, acompanhadas ao longo de 10,7
adaptativo e nas habilidades motoras de crianças com SD, bem como determinar o valor
adaptativa mais forte, enquanto que a comunicação foi identificada como o domínio de maior
força em relação às habilidades de vida diária. Estes resultados diferem, em parte, de estudos
anteriores, os quais apontaram o domínio de comunicação como o mais fraco nestas crianças.
Os autores consideram que aparentemente as habilidades de vida diária, talvez, não estejam
que por ser constantemente relatado como mais prejudicado, possivelmente é mais focalizado
também por uma série de outras razões. Primeiramente, a avaliação deste domínio pode
Além disto, esta medida também permite a clarificação dos pontos fortes e fracos dos
intervenção, avaliando o progresso alcançado pelo indivíduo. Por fim, esta medida também
pode ser utilizada, em certas ocasiões, como critério de elegibilidade dos serviços que as
Segundo Dykens (2007), quando comparados com a população geral, indivíduos com
psiquiátricos. No caso específico de crianças com SD, a literatura tem reportado que a
prevalência exata do TDAH (diagnosticado por um profissional competente) não ter sido
claramente definida nessa população geral (Ekstein, Glick, Weill, Kay & Berger, 2011).
É possível observar, no entanto, que alguns estudos foram desenvolvidos com o objetivo
de avaliar a prevalência do TDAH em grupos de crianças com SD, bem como esclarecer a
possível relação entre os sintomas de TDAH e o nível de DI e/ou problemas médicos comuns.
No estudo de Ekstein et al. (2011), por exemplo, a prevalência de TDAH entre as crianças com
SD (N = 41) foi bastante alta, atingindo 43,9%. Neste estudo, o diagnóstico do transtorno foi
realizado por um neurologista pediátrico com base no DSM-IV, diagnóstico este que incluía
nível de DI, mas uma correlação significativa foi observada entre o TDAH e problemas
oftalmológicos.
sintomas de TDAH e variáveis como idade, sexo, número de irmãos, presença de doença
negligenciados no dia a dia destas crianças. Isto porque, o diagnóstico de tais transtornos em
indivíduos com DI se constitui enquanto processo complexo, uma vez que muitos profissionais
de saúde tendem a minimizar as fragilidades deste grupo, atribuindo os sintomas à própria DI,
prevalência destes sintomas, bem como investigar possíveis relações destes com outros
aspectos (variáveis clínicas como idade, sexo, bem como os domínios avaliados - FE,
aspectos do fenótipo neuropsicológico de crianças com SD, considerando para tanto, as FE, o
toda esta introdução, este tipo de investigação é extremamente importante a fim de melhor
fortes e fracos de seu fenótipo, elucidação do nível de desenvolvimento das mesmas, bem como
6. Objetivos:
6.2.Objetivos Específicos
Identificar os pontos de força e fragilidade de crianças com SD nos domínios das FE,
7. Método:
7.1. Participantes:
crianças (61,30%) do sexo masculino e 12 (38,70%) do sexo feminino), com idades entre 7 e
12 anos (M = 8,74 ; DP = 1,78), bem como os seus respectivos pais e/ou responsáveis. Estas
crianças foram selecionadas a partir de uma lista de pacientes atendidas na Fundação Centro
serviço que atende crianças com SD e outras deficiências. A partir desta lista disponibilizada
pela direção do serviço, foram selecionadas as crianças que preenchiam os critérios de inclusão,
e após contato inicial com as mesmas, excluídas aquelas que eventualmente preenchessem
Os critérios de inclusão das crianças na amostra foram: (1) possuir o diagnóstico de SD;
(2) possuir idades dentro da faixa etária estabelecida para a pesquisa (7 a 12 anos) e (3) estar
matriculada em rede de ensino regular. Por sua vez, os critérios de exclusão foram: (1) possuir
o diagnóstico de outra síndrome ou doença; (2) apresentar problemas auditivos ou visuais não
neurológicas.
Tabela 1
Caracterização da amostra
Variáveis N (%)
Idade 7 11 35,48%
8 6 19,35%
9 4 12,90%
10 4 12,90%
11 2 6,45%
12 4 12,90%
Sexo Feminino 12 38,70%
Masculino 19 61,30%
Escola Pública 18 58,06%
Privada (de pequeno porte) 13 41,93%
Renda familiar Até 1 SM 9 29,03%
1 a 2 SM 14 45,16%
51
2 a 3 SM 6 19,35%
3 a 4 SM 2 6,45%
Escolaridade dos pais Analfabeto 2 6,45%
Fundamental I Incompleto 5 16,12%
Fundamental II Incompleto 3 9,67%
Fundamental II Completo 6 19,35%
Ensino Médio Completo 12 38,70%
Ensino Superior 3 9,67%
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tendo sido aprovada
7.2. Instrumentos
realizada com os pais e/ou responsáveis das crianças, a fim de levantar informações acerca do
foram utilizados instrumentos para a avaliação das crianças, conforme descrito na Tabela 2.
Tabela 2
Instrumentos utilizados para avaliação das crianças com SD
Domínio avaliado Instrumento utilizado
Funções Executivas IFERA-I
Blocos de Corsi
Subteste Dígitos do WISC
Berberian, Dias & Seabra, no prelo) foi desenvolvido com base no modelo fatorial de FE
proposto por Miyake et al. (2000, 2012) e tem como objetivo avaliar o funcionamento executivo
à demora - AD (5 itens) e Regulação – RG (6 itens). Cada um dos 28 itens pode ser avaliado a
partir de uma escala Likert (nunca, raramente, às vezes, muitas vezes, sempre).
O instrumento pode ser respondido por pais e professores (na presente pesquisa, foi
respondido pelos pais ou responsáveis) e oferece uma medida funcional a respeito das
crianças com DT, na faixa etária de 6 a 14 anos e demonstrou possuir boas características de
Tabela 3
Exemplo de itens do IFERI
Exemplos de itens Escala
Item 5: “Tem dificuldade com tarefas ou atividades que Memória de trabalho (MT)
têm várias etapas. Por exemplo, para crianças pequenas,
se vestirem completamente sem lembretes; para crianças
mais velhas, fazer toda a lição de casa de forma
independente.”
53
Item 27: “Tem dificuldade de parar uma atividade Controle Inibitório (CI)
imediatamente quando é dito para fazer isso.”
Item 20: “Tem dificuldade de mudar uma ordem ou jeito Flexibilidade (FL)
rígido para realizar as atividades do dia-a-dia.”
Item 7: “Quando quer alguma coisa, espera que seja Aversão à demora (AD)
imediatamente.”
Item 9: “Tem dificuldade para iniciar uma tarefa pouco Regulação (RG)
interessante, precisando de ajuda ou de mais tempo para
isso.”
Os Blocos de Corsi são uma atividade que avalia a memória imediata visoespacial (span
inversa. O teste é composto por nove blocos dispostos em um tabuleiro. O examinador deve
tocar nos blocos seguindo sequências pré-definidas, e a criança deve reproduzir tais sequências
(Lezak, 2004). Na ordem direta pede-se que a criança reproduza a mesma sequência
sequência vista, porém reproduzi-la na ordem inversa. Duas sequências de cada série serão
executadas, sendo a pontuação dada pela extensão máxima desempenhada na ordem direta e
inversa.
instrumentos mais conhecidos e utilizados para a avaliação do nível intelectual, bem como para
memória auditiva, como também, a memória de trabalho verbal. A aplicação do teste é dividida
dígitos) são apresentadas oralmente, solicitando-se, após cada sequência dita, que a criança
54
repita literalmente os números que ouviu. No segundo momento, que corresponde à etapa de
Dígitos ordem Inversa, a criança tem que repetir os números que ouviu na sua ordem inversa
(Ex: 2-8, a criança responde 8-2) e a sequência de números varia de 2 a 8 dígitos. Na primeira
verbal e a memória auditiva. A segunda etapa da aplicação do Dígitos, ordem inversa, avalia a
complexa que a antecedente, visto que envolve aspectos do funcionamento executivo, tais como
para avaliar crianças na faixa etária de dois anos e meio a sete anos e que foi validado no Brasil
no ano de 2009 (Jesus, 2009). Considera-se que o SON-R avalia um largo espectro de
habilidades cognitivas, sem, no entanto, envolver o uso da linguagem verbal ou escrita. Esta
especiais de linguagem, como por exemplo, crianças com deficiência auditiva, autismo ou com
2015).
De acordo com Laros et al. (2015), o teste SON-R 2 ½ - 7 [a] envolve notadamente a
domínios como o raciocínio abstrato, concreto e espacial. Este teste é composto por uma bateria
de quatro subtestes (Mosaicos, Categorias, Situações e Padrões), os quais podem ser agrupados
em dois tipos: os testes de raciocínio abstrato e concreto (Categorias e Situações), que fornecem
a 50 minutos. As instruções do instrumento podem ser dadas tanto de maneira verbal, quanto
para criança, inicialmente, como realizar a primeira atividade. Além disto, outro aspecto
importante é o feedback fornecido depois da realização de cada item. De acordo com Jesus
(2009), este feedback é utilizado não apenas para informar se a criança acertou ou errou, mas
também para ajudar a criança a encontrar a resposta correta. Desta maneira, o teste SON-R 2 ½
- 7 [a] estaria mais associado com testes que avaliam o potencial para aprender e não com testes
tradicionais de inteligência.
No que diz respeito aos seus subtestes, no primeiro a ser aplicado, o subteste Mosaicos,
são utilizadas figuras em forma de mosaicos, impressas num caderno. A criança deve copiar o
mosaico do livro para uma moldura, utilizando e manipulando três tipos de quadrados coloridos
para a criança um caderno com conjuntos incompletos de figuras que possuem algo em comum.
A criança precisa descobrir o conceito que subjaz a categoria e escolher outras figuras, entre as
alternativas, para completar aquela categoria. O subteste Situações, por sua vez, consiste em
figuras impressas num caderno nas quais é omitida a metade de um desenho ou parte de alguma
situação. A criança deve escolher, entre várias alternativas, a parte que completa o desenho. Por
fim, no subteste Padrões, a criança precisa copiar desenhos impressos num caderno de papel.
Para os itens mais fáceis, basta copiar uma forma simples, como uma linha, já para os mais
difíceis, é necessário copiar um padrão de linhas com base em diversos pontos (Laros et al.,
2015).
56
Segundo Laros et al. (2015) ao utilizar o SON-R 2 ½ - 7 [a], dois tipos de escores podem
seriam as idades mentais) são baseadas nos escores normatizados de cada subteste e no escore
total (somatório dos escores normatizados nos quatro subtestes). Ao utilizar o programa de
computador que faz parte do kit do teste, é possível obter a idade de referência exata da criança
em todo o mundo para a avaliação deste domínio em pessoas sem deficiências e também com
DI (Ferreira & Van Munster, 2015), além de outros transtornos, como o autismo. Ela foi
nascimento aos 90 anos de idade. A padronização americana foi feita a partir de uma amostra
de 3695 indivíduos, tendo sido também coletados dados para normatização de onze grupos
clínicos, dentre eles a DI (CUP, 2011). No Brasil, a escala foi traduzida por Elaine C. Zachi,
porém, ainda não foram realizados estudos voltados para o desenvolvimento de normas
brasileiras.
comportamento; 1 para “algumas vezes ou parcialmente”; 0 para “não, nunca”; N para “não
teve oportunidade”; D para “desconhecido”, quando o respondente não sabe se a criança produz
Dentro de cada subescala, existem itens de entrada que são aplicados de acordo com a
faixa etária da criança. Como não existem dados normativos brasileiros para esta escala, as
análises serão realizadas com as idades correspondentes às pontuações obtidas pelas crianças
em cada subescala.
& Seabra, 2012). A tradução utilizada na presente pesquisa foi a tradução do GEDA – Grupo
Adolescência da UFRGS.
quais devem ser pontuados por pais e/ou professores, em uma escala de quatro níveis de
gravidade (nem um pouco, só um pouco, bastante e demais) (Marcon, Sardagna & Schussler,
2016). Na presente pesquisa, o instrumento foi respondido pelos pais e/ou responsáveis das
7.3. Procedimento
foi realizada, a fim de solicitar a sua carta de anuência. Obtida a aprovação, o projeto foi
58
1.329.570). Retornamos então à instituição e esta nos repassou uma lista de todos os usuários
Neste contato inicial, observou-se que algumas crianças preenchiam algum dos critérios
de exclusão (uma criança, por exemplo, possuía comorbidade com o Transtorno do Espectro
Autista). Para as que não preenchiam, foi feito o convite para participarem da pesquisa. Após o
Foi solicitado aos pais que respondessem à anamnese, o IFERA-I, o SNAP-IV e a Escala
duração da avaliação variou de criança para criança, ressaltando-se que nem todas conseguiram
padrão, etc) do desempenho das crianças com SD nos instrumentos/escalas utilizados (IFERA-
I, SON-R 2 ½ - 7 [a], SNAP-IV e VINELAND II) no intuito de traçar o perfil dos participantes.
Após esta etapa, para melhor compreender o relacionamento entre os resultados das
crianças nos diferentes domínios avaliados pelos instrumentos/escalas utilizados, bem como
estes resultados com as variáveis sociodemográficas, foi realizada análise estatística inferencial,
(ausência de associações).
Ressalta-se que todas as análises estatísticas dos dados foram realizadas mediante o
auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 21.0).
9. Resultados
utilizada para avaliar as FE. Foi realizada a análise descritiva para estabelecimento das médias
e desvios-padrões, bem como valores máximos e mínimos obtidos pelas crianças com SD no
instrumento. Conforme pode ser observado na tabela 4, a média da pontuação total obtida pelas
crianças foi alta (M = 104, 90; DP = 10, 264), uma vez que a pontuação máxima na escala é
140, e mínima 28. Em relação à pontuação das crianças nas subescalas que compõem o
instrumento (CI, MT, FC, AR e AD), conforme observa-se na tabela 5, as crianças obtiveram
Tabela 4
Resultado da análise descritiva das pontuações totais obtidas pelas crianças com SD no
IFERA-I
N Máximo Mínimo Média Desvio
Padrão
IFERA- 31 122 77 104,90 10,264
ITOTAL
Tabela 5
Resultado da análise descritiva das pontuações obtidas pelas crianças com SD nas cinco
subescalas do IFERA-I
Apesar das menores médias terem sido identificadas nas escalas de Aversão à demora
(AD) e Flexibilidade Cognitiva (FC), o melhor resultado de 48,4% das crianças, representando
o seu ponto de força, foi na escala de Controle Inibitório (CI). As menores médias nas escalas
AD e FC explicam-se pelo número reduzido de itens (apenas cinco, em oposição aos seis itens
das demais escalas – MT, CI e AR). Neste sentido, conforme observa-se na tabela 6, o melhor
resultado da maioria das crianças com SD foi na escala de CI (48,4% das crianças tiveram uma
Tabela 6
Frequência e porcentagem de crianças que obtiveram a melhor pontuação em cada subescala
Por outro lado, o pior resultado (maior pontuação) de 96,8% das crianças foi na escala
de Memória de trabalho (MT). Apenas uma criança obteve uma maior pontuação na escala de
CI (tabela 7).
Tabela 7
Frequência e porcentagem de crianças que obtiveram a pior pontuação em duas subescalas
Quanto aos testes Bloco de Corsi e Dígitos do WISC IV, tentou-se aplicar os mesmos
nas crianças com SD, no entanto, elas só compreendiam a primeira etapa dos testes (ordem
direta) que avalia a memória visual (Bloco de Corsi) e auditiva (Dígitos IV) imediata. Na
sessão de Discussão.
apresenta-se a análise descritiva dos resultados obtidos. Antes de relatar estes resultados, é
importante mencionar que para este instrumento temos dados disponíveis de apenas vinte
crianças. Isto porque, cinco delas não conseguiram compreender, ou dispensar a atenção
teste. Para o grupo de crianças com SD que responderam ao SON-R 2 ½ - 7 [a], tem-se que a
Tabela 8
Resultado da análise descritiva das idades mentais obtidas pelas crianças com SD no SON-R
N Máximo Mínimo Média Desvio
Padrão
62
respectivas frequências.
Tabela 9
Idades mentais das crianças com SD avaliadas pelo SON-R 2 ½ - 7 [a] e respectivas
frequências
Idades Mentais Frequência Porcentagem Porcentagem Cumulativa
2,10 1 5,0 5,0
2,11 1 5,0 10,0
2,80 1 5,0 15,0
3,10 1 5,0 20,0
3,11 1 5,0 25,0
3,50 1 5,0 30,0
3,60 2 10,0 40,0
3,80 1 5,0 45,0
3,90 2 10,0 55,0
4,00 1 5,0 60,0
4,11 1 5,0 65,0
4,20 1 5,0 70,0
4,30 1 5,0 75,0
4,50 1 5,0 80,0
4,70 2 10,0 90,0
4,80 1 5,0 95,0
5,50 1 5,0 100,0
Total 20 100,0
Na tabela 10, são apresentadas as análises descritivas das pontuações brutas obtidas
pelas crianças em cada um dos quatro subtestes que compõem o SON-R 2 ½ - 7 [a]. Conforme
é possível observar, a maior pontuação média foi no subteste Padrões (M = 6,55; DP = 1,847),
Tabela 10
Resultados da análise descritivas das pontuações brutas obtidas pelas crianças com SD nos
subtestes do SON-R
Para as crianças na faixa etária de sete anos avaliadas com o instrumento (40% das
crianças), foi possível estimar seus QI´s (idades dentro da faixa etária da normatização
Tabela 11
QIs obtidos pelas crianças com SD na faixa etária de sete anos
SON QI SON ER SON EE
Part1_7anos 60 68 61
Part2_7anos 66 80 59
Part3_7anos 59 72 54
Part4_7anos 54 67 52
Part5_7anos 52 62 52
Part6_7anos 48 52 42
Part7_7anos 48 52 52
Part8_7anos 48 52 52
Nota: Part, participante; SON QI, QI total no instrumento; SON EE, QI de execução e SON ER, QI de raciocínio.
numa criança ou adolescente com DT. Onze crianças (35,48%) apresentaram ambos os
Tabela 12
Frequência e porcentagem de crianças com sintomas de desatenção
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Com desatenção 18 58,1% 58,1%
Sem desatenção 13 41,9% 100%
Total 31 100
Tabela 13
64
Por fim, serão apresentados os resultados das crianças com SD na escala VINELAND
II. Conforme já mencionado, não existem normas brasileiras disponíveis para o instrumento.
Desta forma, para análise dos dados, considerou-se a pontuação bruta obtida pelas crianças com
receptiva, a pontuação máxima é 40. Uma criança que pontua mais de 20 pontos na escala, tem
um nível de desenvolvimento da linguagem receptiva acima de três anos, e aquelas que pontuam
Não é possível estimar qual a idade exata correspondente à pontuação obtida pela
criança a partir do instrumento, no entanto, é possível se ter uma ideia do seu nível de
Nas tabelas seguintes, observa-se as estatísticas descritivas para cada uma das
Tabela 14
Frequência e porcentagem de crianças com SD em relação ao nível de desenvolvimento nas
subescalas do domínio de Comunicação do Vineland II
Linguagem Receptiva
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de três anos 8 25,8% 25,8%
Acima de três anos 23 74,2% 100%
Total 31 100
Linguagem Expressiva
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de três anos 20 64,5% 64,5%
Acima de três anos 11 35,5% 100%
Total 31 100
Tabela 15
Frequência e porcentagem de crianças com SD em relação ao nível de desenvolvimento nas
subescalas do domínio de Atividades de Vida Cotidiana do Vineland II
65
Pessoal
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de quatro anos 7 22,6% 22,6%
Acima de quatro anos 24 77,4% 100%
Total 31 100
Doméstica
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de sete anos 20 64,4% 64,5%
Acima de sete anos 11 35,5% 100%
Total 31 100
Comunidade
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de cinco anos 13 41,9% 41,9%
Acima de cinco anos 18 58,1% 100%
Total 31 100
Tabela 16
Frequência e porcentagem de crianças com SD em relação ao nível de desenvolvimento nas
subescalas do domínio de Socialização do Vineland II
Relações Interpessoais
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de cinco anos 17 54,8% 54,8%
Acima de cinco anos 14 45,2% 100%
Total 31 100
Brincar e Lazer
Frequência Porcentagem Porcentagem cumulativa
Abaixo de quatro anos 14 45,2% 45,2%
Acima de quatro anos 17 54,8% 100%
Total 31 100
Inicialmente, foi realizada análise de cluster com os dados das vinte crianças que
responderam ao SON-R 2 ½ - 7 [a]. Para realização desta análise, os dados das crianças no
idade, nível de escolaridade dos pais e renda familiar foram transformados em categorias
nominais. Obteve-se, por conseguinte, a partição dos sujeitos em dois grupos, sem perdas, cujas
e 2.
66
Figura 3. Gráfico apontando o grau de importância de cada variável para a partição dos
grupos
Tabela 17
Caracterização dos dois grupos obtidos após submissão dos dados a análise de cluster
Características Cluster 1 Cluster 2
60% (N = 12) 40% (N = 8)
Pontuação Desatenção 91,7% com desatenção 100% sem desatenção
Pontuação 66,7% com hiperatividade 100% sem hiperatividade
Hiperatividade
IFERA TOTAL 75% maior que 105 87,5% menor que 105
Sexo 75% sexo masculino 62,5% sexo feminino
SON-R Idade Mental 66,7% menor que 4 anos 62,5% maior que 4 anos
Escolaridade dos pais 58,3% médio completo 37,5% médio completo
Renda Familiar 41,7% um salário mínimo 75% um a dois salários
mínimos
Idade 66,7% 7 a 9 anos 50% 10 a 12 anos
Melhor IFERA 41,7% controle inibitório 75% controle inibitório
possíveis associações das variáveis sociodemográficas e dos resultados das crianças nas escalas
mental no SON-R.
68
Tabela 18
Diferença das crianças participantes em função das variáveis pontuação hiperatividade e
idade mental no SON-R
Pontuação Hiperatividade
Com Sem Total
Hiperatividade hiperatividade
Idade Abaixo de 4 7 4 11
mental no anos
SON-R Acima de 4 1 8 9
anos
Total 8 12 20
Teste exato 0,028
de Fisher
V de 0,533
Cramer
Como 50% das células apresentaram frequências esperadas menores do que 5 (o que
de Fisher. Ele forneceu p = 0,028, o que indica a rejeição da hipótese nula (inexistência de
associação entre hiperatividade e idade mental) para o nível de significância p<0,05. O valor
efeito médio.
Por fim, realizou-se também análise de cluster com os dados das 31 crianças nos
instrumentos IFERA-I, SNAP-IV, VINELAND II, bem como com os dados referentes às
variáveis sociodemográficas sexo, idade, nível de escolaridade dos pais e renda familiar.
Novamente, estes dados foram transformados em categorias nominais. Obteve-se a partição dos
participantes em dois grupos, sem perdas, cujas medidas de coesão e separação foram
Figura 6. Gráfico apontando o grau de importância de cada variável para a partição dos
grupos
Tabela 19
Caracterização dos dois grupos obtidos após submissão dos dados a análise de cluster
Características Cluster 1 Cluster 2
58,1% (N = 18) 41,9% (N = 13)
Pontuação 88,9% sem 100% com
Hiperatividade hiperatividade hiperatividade
Brincar e Lazer 88,9% acima de 4 anos 92,3% abaixo de 4 anos
Interpessoal 72,2% acima de 4 anos 92,3% abaixo de 4 anos
Pessoal 100% acima de 4 anos 53,8% abaixo de 4 anos
Doméstica 61,1% acima de 7 anos 100% abaixo de 7 anos
Linguagem Expressiva 61,1% acima de 3 anos 100% abaixo de 3 anos
Pontuação Desatenção 66,7% sem desatenção 92,3% com desatenção
Linguagem Receptiva 94,4% acima de 3 anos 53,8% abaixo de 3 anos
Comunidade 77,8% acima de 5 anos 69,2% abaixo de cinco
anos
Idade 55,6 7 a 9 anos 84,6% 7 a 9 anos
Sexo 50% sexo masculino 76,9% sexo masculino
Melhor IFERA 66,7% CI 38,5% AD
IFERA TOTAL 55,6% menor que 105 69,2% maior que 105
Renda familiar 50% 1 a 2 SM 38,5% 1 SM
Escolaridade dos pais 38,9% médio completo 38,5% médio completo
possíveis associações das variáveis sociodemográficas e dos resultados das crianças nas escalas
com a variável que demonstrou maior importância para a partição dos grupos, no caso, a
71
Tabela 20
Níveis de significância encontrado entre os resultados das crianças nas escalas e subescalas
utilizadas e a pontuação de hiperatividade
Pontuação Hiperatividade
Brincar e Lazer Pearson Chi-Square 14,243
Significância 0,000
Interpessoal Pearson Chi-Square 7,429
Significância 0,006
Pessoal Teste exato de Fisher 0,002
Doméstica Pearson Chi-Square 6,229
Significância 0,013
Linguagem Expressiva Pearson Chi-Square 6,229
Significância 0,013
Pontuação Desatenção Pearson Chi-Square 9,764
Significância 0,002
Linguagem Receptiva Teste exato de Fisher 0,015
Comunidade Pearson Chi-Square 3,895
Significância 0,048
IFERA TOTAL Pearson Chi-Square 4,014
Significância 0,045
importância para a partição dos grupos, no caso, a idade das crianças, e os resultados das
Tabela 21
Níveis de significância encontrado entre as idades os resultados das crianças nas escalas e
subescalas utilizadas
IDADE
Linguagem Expressiva Pearson Chi-Square 3,876
72
Significância 0,049
Pontuação Desatenção Pearson Chi-Square 4,775
Significância 0,029
Doméstica Pearson Chi-Square 7,682
Significância 0,006
6. Discussão
um grupo de crianças escolares com SD, a saber, os domínios das funções executivas,
desenvolvimento das crianças avaliadas, o que foi útil para a adaptação do programa de
inicialmente uma questão que impactou no desenho desta pesquisa, qual seja, a carência de
destas crianças, que considerem para tanto as características deste grupo, tais como a própria
A intenção inicial deste estudo incluía a utilização de medidas diretas (testes e tarefas
neuropsicológicas) para avaliação das FE das crianças com SD (como os testes Blocos de Corsi
e Dígitos do WISC IV, teste de Stroop semântico, Atividade do paradigma GoNoGo e o teste
de Trilhas para pré-escolares) no entanto, ao começar tal avaliação, observou-se que a maioria
das crianças não compreendia as instruções dos instrumentos, não prestava atenção para
realização das atividades, ou não conseguia responder os testes, principalmente as crianças mais
jovens, na faixa etária de sete anos, sendo esta a maior parte da nossa amostra (35,48%).
73
Neste sentido, a avaliação das FE teve que ser realizada através de uma medida indireta,
respondida pelos pais ou responsáveis das crianças, a escala IFERA-I. Estudos vêm ressaltando
outros informantes possuem uma importância notável para esta população, uma vez que através
delas é possível avaliar crianças mais novas com a síndrome, às quais não é adequada ainda a
aplicação de testes. Estas escalas permitem uma coleta rápida e objetiva de informações sobre
adaptativos, possuindo assim uma maior validade ecológica em comparação com os testes e
A busca e escolha da escala utilizada na pesquisa não foi uma tarefa fácil, uma vez que
se observa também ausência deste tipo de instrumento validado e normatizado para a população
Rating Inventory of Executive Function (BRIEF) (Gioia, Isquith, Guy e Kenworthy, 2000), que
foi traduzido e adaptado em amostra nacional (Bustamante, Miranda, Amoedo & Bueno, 2012),
A escala escolhida para utilização no presente estudo também não possui ainda
normatização. No entanto, ela foi desenvolvida, utilizada e avaliada (no que diz respeito às suas
anos com desenvolvimento típico (DT), bem como em uma amostra clínica de crianças com
TDAH. O estudo preliminar utilizando tal escala sugeriu que o instrumento é preciso, possui
(CHEXI) e com o SNAP-IV. Além disso, a escala possui também evidências de validade de
critério, dada sua capacidade de distinguir grupos com e sem TDAH (Trevisan, Berberian, Dias
& Seabra, no prelo). Os dados deste estudo inicial com o IFERA-I serão remetidos para
(Daunhauer et al., 2014; Lee et al., 2011), as crianças com SD apresentaram altas pontuações
Memória de Trabalho (MT), por exemplo, a média da pontuação das crianças com SD foi M =
27,03, enquanto que no estudo com o IFERA-I (Trevisan et al., submetido), a média das
crianças com DT nesta subescala foi M = 11,19. A média das crianças com SD neste domínio
atingiu quase o máximo de pontos permitido para a subescala (30 pontos). Em todas as outras
subescalas as crianças com SD também obtiveram maiores pontuações (na escala de CI: Média
Média DT = 12,14).
sugerindo que este é o ponto de maior fragilidade deste grupo. Tal dado está de acordo com o
que já indicava a literatura, seja através de estudos que utilizaram outras escalas para avaliação
das FE, seja através de estudos que avaliaram as crianças com testes e tarefas neuropsicológicas
(Lanfranchi, Jerman & Vianello, 2009; Lee et al., 2011; Will et al., 2014), os quais já
ressaltavam ser este domínio o aspecto das FE mais prejudicado nesta síndrome.
controle inibitório (CI), seguido das escalas de aversão à demora (AD) (22,6%) e flexibilidade
cognitiva (FC) (16,1%). Tal resultado encontra-se parcialmente de acordo com os outros
estudos desenvolvidos com estas crianças (Daunhauer et al., 2014; Lee et al., 2011; Will et al.,
2014).
75
déficits na escala de inibição do BRIEF-P. Somente nas escalas de flexibilidade cognitiva (FC)
e controle emocional estas crianças não apresentaram deficiências significativas, sendo estes
considerados os seus pontos de força. No estudo de Lee et al. (2011), também utilizando o
relação aos demais, uma vez que este foi o terceiro subdomínio com menores prejuízos nas
nossas crianças, ficando atrás do domínio de aversão à demora e controle inibitório, considerado
no nosso estudo o ponto de força das crianças com SD. No entanto, nossos resultados apoiam
de trabalho, como observou-se nos estudos de Lee et al. (2011) e Daunhauer et al. (2014).
dificuldades iniciais nesta habilidade (observadas, através destas escalas, desde a terna infância
nas crianças com a síndrome) possuem efeitos deletérios para o seu desenvolvimento, na
medida em que esta função tem demonstrado uma importância notável para aprendizagem,
nestes aspectos serem explicadas, em parte, por estes déficits iniciais na memória de trabalho.
De fato, em estudo recente, Will et al. (2016) avaliando domínios das FE e o seu papel
nos resultados acadêmicos de crianças com SD, encontraram que aspectos da memória de
atividades acadêmicas) quando os desempenhos das crianças em quatro tarefas utilizadas para
com SD no domínio de memória de trabalho, desta vez, em uma subescala respondida por pais
geral (Daunhauer et al., 2017) e de uma melhor função adaptativa no ambiente escolar,
predizendo estes aspectos até mesmo melhor do que índices de QI (Daunhauer, Fidler, & Will,
2014).
voltadas para a melhoria destes déficits executivos em crianças com SD. Tais intervenções
essenciais para o desempenho acadêmico. Por outro lado, torna-se essencial também considerar
o domínio de maior força para este grupo, sendo este apoio e alavanca necessários para a
estimulação dos demais. Nesse sentido, a habilidade de controle inibitório precisa ser
não verbal de inteligência SON-R 2 ½ - 7 [a], revelam que da totalidade das 31 crianças, vinte
testagem e o restante não demonstrou disponibilidade para a realização do teste. Neste sentido,
o SON-R revelou ser adequado para avaliação da maioria das crianças do nosso estudo,
da linguagem; a natureza dos materiais, considerados atrativos para crianças com SD,
e itens, o que contribui para que a sua aplicação seja mais rápida quando comparada com outros
testes disponíveis, etc. Porém, apesar da quantidade menor de subtestes, ressalta-se que parcela
significativa do grupo necessitou de mais de uma sessão para finalizá-lo, o que parece estar
relacionado com a dificuldade que apresentam para manter a atenção sustentada por períodos
prolongados de tempo.
realidades das crianças que compuseram o estudo. Em sua maioria, estas são residentes do
interior da Paraíba, frequentam a instituição na qual foi realizada a pesquisa (FUNAD) apenas
uma vez por semana, têm renda familiar baixa (a maioria, 74,19%, um a dois salários mínimos)
deslocamento à capital. Todos esses aspectos podem estar associados à baixa estimulação, bem
como ao cansaço e baixa disponibilidade para a realização das atividades, uma vez que a rotina
Feito este adendo e voltando à discussão dos resultados no SON-R 2 ½ - 7 [a], ressalta-
se que o mesmo foi desenvolvido e normatizado nacionalmente para crianças na faixa etária de
dois anos e meio a sete anos. Por esta razão, foi possível mensurar os QI´s apenas das crianças
na faixa etária de sete anos da nossa amostra. Para estas crianças, o QI total variou de 48 a 60,
Apesar de não ser possível estabelecer valores preciso de QI para todas as crianças
avaliadas, o SON-R fornece, através de um software que vem com o instrumento, as idades
mentais equivalentes às pontuações brutas obtidas pelas crianças. Estas idades variaram de 2
idade mental observadas em outros estudos com crianças com SD na faixa etária aproximada
da nossa pesquisa (Daunhauer et al., 2014; Lee et al., 2011). No estudo de Daunhauer et al.
(2014), por exemplo, as crianças com SD avaliadas com o Leiter-R na faixa etária de 5 a 11
Em relação à análise do desempenho das crianças com SD nos subtestes que compõem
desempenho das crianças foi no subteste “Padrões” (pontuação média bruta M= 6,55 sendo o
sendo o máximo 10 pontos e o mínimo 1), que envolve a habilidade de raciocino concreto, e o
Neste subteste são utilizadas figuras em forma de mosaicos, impressas num livro. A
criança deve copiar o mosaico para uma moldura, utilizando e manipulando três tipos de
criança reproduza padrões simples a complexos com os mosaicos. No itens iniciais, o nível de
subteste mosaicos, que exigiam mais das habilidades citadas acima, o que indica prejuízos ou
um desenvolvimento ainda não estabelecido nas mesmas. A pontuação máxima das crianças
neste subteste foi 6 (ou seja, o item mais avançado que estas crianças conseguiram responder
Por outro lado, o melhor desempenho das crianças no subteste categorias (M= 6,20,
máximo 10 e mínimo 1), aponta que a habilidade de raciocínio concreto se constituiu um dos
pontos de força das nossas crianças. Neste subteste, são apresentados conjuntos incompletos de
figuras com desenhos que possuem algo em comum. A criança precisa descobrir o conceito que
79
subjaz a categoria e escolher outras figuras, entre as alternativas, que apresentam o mesmo
conceito e que portanto, completam a categoria. Conforme já mencionado, tal subteste envolve
abstrato, o que indica maior habilidade das crianças com SD a primeira modalidade de
raciocínio.
pesquisa pode ser considerada alta. No estudo de Ekstein et al. (2011), por exemplo, das 41
critérios diagnósticos de TDAH, sendo que nove deles estava em tratamento com o
metilfenidato. Já no estudo de Edvardson et al. (2014), dos 83 indivíduos com SD avaliados (na
Do mesmo modo, na nossa pesquisa, a maioria das crianças também apresentavam mais
serão melhor discutidos adiante, ao tratar das análises de cluster, uma vez que os mesmos se
era esperado a partir de relatos da literatura (Dykens et al., 2006; Van Duijn et al., 2010), a
maioria das crianças com SD (64,5%) apresentaram uma pontuação correspondente a um nível
80
de desenvolvimento da linguagem expressiva abaixo de três anos, o que sugere prejuízos neste
máxima nesta subescala foi 66, o que corresponde a um nível de desenvolvimento de 4,5 anos.
Por outro lado, a maioria das crianças com SD (74,2%) obtiveram uma pontuação na habilidade
idade, o que também está de acordo com a literatura, que aponta a compreensão da linguagem
na SD um ponto de força em relação à sua expressão (Freire, Duarte & Hazin, 2012).
primeira habilidade avaliada, atividades pessoais (subescala “Pessoal”), 74,4% das crianças
sendo a pontuação máxima correspondente à idade de sete anos. Esta escala avalia a
sua higiene pessoal. Os itens da escala correspondentes à idade acima de quatro anos envolvem
as habilidades de alimentar-se sozinho, uso do toalete sem auxílios, vestir-se com roupas
básicas, etc.
crianças (64,4%) obtiveram pontuações correspondentes à idade abaixo de sete anos, sendo
35,5% acima de sete anos. Na escala “Doméstica” investiga-se quais as tarefas domésticas o
indivíduo executa e se o mesmo tem cuidado durante a realização das mesmas. A maioria das
tais como guardar brinquedos e objetos pessoais, não tendo cuidado com a utilização de objetos
cortantes e não utilizando utensílios domésticos, dentre outras situações que envolvam perigo.
(escala “Comunidade”), que investiga noções de tempo, dinheiro, uso do telefone, computador
desenvolvimento abaixo de cinco anos, e 58,1% acima de cinco anos, indicando que a maioria
das crianças não possuem noções básicas de uso de dinheiro e de tempo. No entanto, as
entrevistas revelaram que muitas crianças sabiam utilizar telefones celulares (smartphones) de
avalia como a criança interage com outras, 54,8% apresentaram um nível de desenvolvimento
abaixo dos cinco anos, e 45,2% acima dos cinco, sendo a pontuação máxima correspondente à
idade de seis anos. Estes resultados indicam que estas crianças apresentam habilidades
interpessoais mais básicas, tais como demonstrar interesse por outras crianças, responder
perguntas simples, ter um melhor amigo, utilização de palavras para expressar suas próprias
emoções, etc. Já nas habilidades de Brincar e Lazer, que envolvem como a criança brinca e
utiliza seu tempo de lazer, 45,2% das crianças apresentaram pontuações correspondentes a
abaixo de quatro anos e 54,8% acima de quatro, sendo a pontuação máxima referente
novamente à idade de seis anos. Estas crianças são capazes de participarem de brincadeiras
idades cronológicas. Tais resultados já eram esperados, uma vez que as mesmas possuem
despontou como uma das habilidades mais comprometidas. Tais resultados corroboram outros
estudos que investigaram o CA em crianças com SD (Dykens et al., 2006, Van Duijin et al.,
2010).
82
para sua autonomia. Por exemplo, deve-se considerar o impacto para as relações sociais, para
sugere que estas crianças sejam dependentes dos seus responsáveis, o que foi observado, de
fato, na nossa amostra, com crianças aos sete anos ainda usando fraldas, crianças que não
tomavam banho ou escovavam os dentes sozinhas, que não possuíam noções básicas de tempo
e espaço, uso de dinheiro, etc, e que por isso, eram incapazes de cuidar-se minimamente, de
primeira delas, com os dados sociodemográficos (idade, sexo, escolaridade dos pais e renda
familiar) e com os dados do IFERA-I, SNAP-IV e SON-R das vinte crianças que foram
avaliadas por este último, obteve-se a circunscrição de dois agrupamentos homogêneos e coesos
hiperatividade, pontuação IFERA-TOTAL, sexo, SON-R idade mental e escolaridade dos pais.
Apresentaram menor força para partição dos agrupamentos as variáveis renda familiar, idade e
O cluster 1 reuniu 60% dos participantes. Desses, 91,7% possuíam sintomas clínicos
IFERA-I maior que 105, 75% era do sexo masculino e 66,7% obtiveram idades mentais
menores que quatro anos. Os dados desta análise indicam que os participantes deste
agrupamento eram em sua maioria crianças do sexo masculino, com sintomas clínicos de
83
maiores prejuízos nas FE) e idades mentais menores que quatro anos, constituindo-se, desta
forma, o grupo com maior comprometimento das FE, com mais sintomas clínicos do TDAH,
O cluster 2, por sua vez, reuniu 40% dos participantes. Destes, 100% não possuía
menor que 105, 62,5% eram do sexo feminino e 62,5% obtiveram no SON-R idade mental
maior que 4 anos. Neste sentido, as crianças deste grupo não apresentaram sintomas clínicos do
TDAH, possuíam melhores FE em comparação com o outro grupo e maiores idades mentais,
crianças deste grupo também possuía renda familiar de um a dois salários mínimos.
uma maior relevância para partição da amostra, a saber, a presença ou não de sintomas do tipo
relação à presença de sintomas hiperativos (com ou sem) e idade mental obtida no SON-R
(menor ou maior que quatro anos), com as crianças com sintomas de hiperatividade
apresentando menores idades mentais no SON-R. Os resultados desta análise indicam que a
(sexo, idade, renda e escolaridade dos pais), não foram identificadas associações significativas.
amostra de indivíduos com a SD (Ekstein et al., 2011; Edvardson et al., 2014), não foram
problemas clínicos e nível de deficiência intelectual. No nosso estudo, foi observada associação
crianças, com as crianças com menores idades mentais apresentando maiores sintomas
hiperativos. Tal aspecto pode estar relacionado a questões desenvolvimentais, uma vez que
crianças com idades mentais inferiores costumam ser mais impulsivas e hiperativas, fato que se
dados das 31 crianças nos instrumentos IFERA-I, SNAP-IV, VINELAND II, bem como com
os dados referentes às variáveis sociodemográficas sexo, idade, nível de escolaridade dos pais
força na partição entre os grupos foi a pontuação de hiperatividade, seguida dos resultados dos
‘linguagem expressiva’.
O cluster 1 reuniu 58,1% dos participantes. Desses, 88,9% não possuíam sintomas
dos 4 anos, 72,2% desenvolvimento acima de quatro anos no domínio interpessoal, 100% acima
de quatro anos no domínio pessoal, 61,1% acima de sete anos no domínio atividades domésticas
e 61,1 % acima de três anos na linguagem expressiva. Os dados desta análise sugerem a
padrões do brincar, melhores habilidades interpessoais, maior autonomia para realização das
O cluster 2, por sua vez, reuniu 41,9% dos participantes. Destes, 100% possuía
abaixo dos 4 anos, 92,3% desenvolvimento abaixo de quatro anos no domínio interpessoal,
53,8% abaixo de quatro anos no domínio pessoal, 100% abaixo de sete anos no domínio
atividades domésticas e 100% abaixo de três anos na linguagem expressiva. Por sua vez, os
dados desta análise sugerem a associação entre maior índice de comportamentos hiperativos,
autonomia para realização das atividades pessoais e domésticas, bem como menor
estatisticamente significativas entre os dois grupos em relação à variável que demonstrou uma
desenvolvimento nas subescalas do VINELAND II, e com uma maior pontuação no IFERA.
no VINELAND II, apontando que nas crianças mais novas, na faixa etária de 7 a 9 anos, era
86
mais comum a presença dos sintomas desatentos, e que o nível de desenvolvimento inferior era
significativamente mais prevalente nas mesmas do que nas crianças de 10 a 12 anos nos
criança ser mais nova ou mais velha não foi um fator significativo para o resultado das mesmas.
forte impacto para os resultados das mesmas nos padrões do brincar, na autonomia para
crianças que apresentam estes sintomas possuindo um menor nível de desenvolvimento nestes
associados à déficits nas FE, em aspectos tais como o controle inibitório, memória de trabalho,
adiamento de recompensas, autorregulação, dentre outros (Barkley, 1997; Dias et al., 2010).
Desta forma, apresentar estes sintomas e consequentemente déficits nestas funções pode
Por outro lado, não são todas as crianças com SD que apresentaram sintomas
enquanto fator protetivo para o seu desenvolvimento, uma vez que a ausência ou o número
reduzido destes sintomas esteve relacionado com maiores idades mentais, bem como um nível
dos seus sintomas utilizando a escala SNAP-IV, a qual se baseia nos critérios diagnósticos do
entanto, o rastreio inicial destes sintomas permitiu identificar que a sua presença está associada
87
a prejuízos deletérios no desenvolvimento das crianças com SD. Tal fato é alarmante, tendo em
vista que os clínicos costumam negligenciar o diagnóstico do transtorno neste grupo devido às
diagnóstico”. No entanto, o não diagnóstico deste transtorno pode privar, às vezes, estas
crianças de um tratamento mais adequado, inclusive com o uso de medicação específica. Pode
ser bastante desafiador e problemático para as famílias destas crianças a presença destes
sintomas em níveis clínicos em conjunto com os demais aspectos do seu fenótipo. Neste sentido,
realizar o diagnóstico e com isso poder proporcionar um tratamento mais adequado torna-se de
extrema importância.
provavelmente porque os resultados das mesmas na escala foram bastante homogêneos, com
todas as crianças apresentando altas pontuações. No entanto, a escala SNAP-IV foi mais
sensível na detecção de diferenças entre os grupos, e os itens que constituem esta escala
estas funções. Deste modo, assim como esperado nas criança com desenvolvimento típico, a
SD pode ser compreendida como uma síndrome que afeta os sistemas neurais de
CPF em indivíduos com a síndrome é corroborada por estudos clínicos que apontaram a
impacto marcante para os efeitos em cascata que culminam com as alterações nas FE destas
crianças.
Nesta direção, Fidler, Hepburn & Osaki (2011) propuseram um modelo hipotético
que pode ser útil para a compreensão dos prejuízos nas FE em crianças com SD. Estes autores
análogo ao das FE) tem um curso atípico nesta síndrome. Este modelo (ver figura abaixo)
enfatiza os efeitos em cascata dos prejuízos motores que estas crianças apresentam para as
experiências exploratórias iniciais e para representações cognitivas precoces, bem como para o
De acordo com este modelo (Fidler et al., 2011), devido aos atrasos no desenvolvimento
diminuídos. Como a criança com SD manipula e explora menos os objetos, isto prejudica o
desenvolvimento de representações sobre o que é, e qual o uso daquele objeto, o que por sua
planejar e criar estratégias com estes objetos (entendê-los como ferramentas que podem ser
utilizadas).
Além disto, crianças com SD podem, também devido à diminuição das explorações
motoras, apresentar prejuízos na experiência dinâmica de descobrir que ações com os objetos
89
causam efeitos específicos sobre os mesmos, associando o seu comportamento com estes
resultados. Assim, eles perdem oportunidades críticas que levam, aos poucos, de uma mudança
comportamento como a causa específica de determinados resultados, prejudicando, por sua vez,
a habilidade de iniciação nesta população, uma vez que para iniciar atividades é imprescindível
Resumindo-se, os autores citados (Fidler et al. 2011) sugerem que esta via é um quadro
específicas desde fenótipo se movimentam num caminho em cascata que leva, em última
Estas teorias são importantes e úteis na medida que apontam que direções devem ser
tomadas para a promover a diminuição dos prejuízos do fenótipo deste grupo clínico.
Idealmente, as intervenções deveriam ser iniciadas desde muito cedo no desenvolvimento, com
o objetivo de evitar estes efeitos em cascata que iniciam com alterações motoras, focalizando a
estimulação deste domínio, ainda em bebês com a síndrome. Posteriormente, seria interessante
com maior importância para os resultados destas crianças, como a memória de trabalho,
inibição e planejamento. Salienta-se que é interessante que estas intervenções sejam baseadas
no conhecimento disponível acerca do seu fenótipo neuropsicológico, uma vez que este
adequadas e sensíveis.
internacional, porém, ainda pouco explorada na literatura nacional. As principais reflexões que
refere-se à impossibilidade de utilização de medidas diretas das FE, uma vez que as pensadas
inicialmente não foram adequadas, bem como a utilização de escalas ainda não normatizadas.
Além destes aspectos, a comparação dos resultados com os de outros estudos já desenvolvidos
na literatura foi prejudicada, uma vez que os mesmos utilizaram medidas diretas ou medidas
brasileira. Observa-se nos últimos anos que um esforço vem sendo empreendido no sentido de
desenvolver, bem como normatizar testes voltados para a população infantil, no entanto, a
91
grande maioria é direcionada para crianças com DT, enquanto que a população de crianças com
avaliações inclusivas, que direcionem o olhar para as características específicas destes grupos
Estas baterias são formadas por novos testes e tarefas, e também por outros já desenvolvidos,
Arizona, desenvolvido por Edgin et al. (2010), o qual inclui testes de habilidades cognitivas
bateria de medidas com propriedades específicas que possibilitem avaliar a eficácia destas
Ainda segundo estes autores, estas baterias necessitam levar em consideração aspectos do
do fenótipo neuropsicológico de crianças com SD, aspectos estes que foram levados em
impacto consequente disto para a vida funcional destas crianças; as idades mentais observadas,
as quais foram, em alguns casos, mais baixas do que as idades das crianças com DT para as
92
A partir destas avaliações será possível investigar a eficácia de intervenções voltadas para os
12. Referências
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Introdução:
específicos, caracterizados por pontos fortes e fracos distintos. O fenótipo neuropsicológico (ou
variados, como o cognitivo, motor, linguístico e socioemocional (O'Brien & Yule, 1995). Na
SD, este fenótipo constitui-se por forças relativas, ou desenvolvimento de acordo com a idade
motor, memória de longo prazo, memória de trabalho verbal e outras funções executivas (Freire,
Duarte & Hazin, 2012; Silverman, 2007; Will, Fidler & Daunhauer, 2014).
De acordo com Will et al. (2014), é importante que estes resultados sejam
indivíduos que apresentam uma determinada síndrome genética possuem uma probabilidade
síndrome, porém, nem todos apresentariam estas características e no mesmo grau de expressão
Funções Executivas (FE) vêm se destacando como uma das principais áreas de dificuldade.
2013). Atualmente, estas funções são consideradas extremamente importantes, uma vez que os
seus resultados iniciais são apontados como preditores de aspectos como o desempenho
acadêmico, saúde física e mental ao longo da vida e o ajustamento social (Diamond, 2012).
Desta forma, a investigação destas funções torna-se primordial em casos de transtornos que
atualmente que estes indivíduos apresentam dificuldades generalizadas neste domínio (Will et
al., 2014). No entanto, algumas habilidades apresentam-se mais deficitárias do que outras, como
o domínio da memória de trabalho, que vem sendo considerado o ponto de maior fragilidade
deficitário, bem como o executivo central (Baddeley & Jarrold, 2007; Carretti & Lanfranchi,
2010; Duarte, Covre, Braga & Macedo, 2011; Jarrold, Nadel & Vicari, 2008; Lanfranchi,
Jerman & Vianello, 2009; Laws, 2002). Ressalta-se que estes prejuízos em domínios das FE
vêm sendo confirmados, tanto a partir de estudos que utilizaram tarefas neuropsicológicas,
quanto em estudos que envolveram medidas indiretas de relatos de pais e/ou professores (Will
et al., 2014).
e monitoramento destas e flexibilidade cognitiva (Freire & Hazin, 2015a). Na prática isto quer
2. Podem apresentar dificuldades com atividades que envolvam mais de uma etapa,
cognitiva) e;
5. Podem se distrair com pequenos detalhes, perdendo a ideia principal das atividades
interventivos que busquem estimular o desenvolvimento das FE nesta população clínica, uma
vez que estas funções são consideradas fundamentais para diversas habilidades, sejam elas
intelectuais, sociais ou emocionais (Diamond, 2013). Somado a isto, a literatura tem apontado
prejuízos (como a memória de trabalho), são preditoras mais fortes do desempenho acadêmico
do que outras FE. Salienta-se que, no caso de crianças que são especialmente vulneráveis devido
à presença de deficiência intelectual (como o caso de crianças com SD), dificuldades nas FE
poderão exacerbar os prejuízos de um sistema cognitivo já comprometido (Kirk, Gray, Riby &
Cornish, 2015).
desenvolvimento das habilidades executivas pode ser benéfico para todas as crianças. Em
muitos casos, esta postura pode minimizar ou prevenir dificuldades posteriores, preparando-os
para lidar com as demandas crescentes colocadas pela sociedade e pela escola. Além disto, a
crianças em idades precoces, e alguns autores têm até mesmo apontado o potencial preventivo
desenvolvimento da criança que possui esta síndrome não pode ser resumido apenas a este
aspecto (determinismo genético), visto que outros fatores (como as experiências com o
pessoa com SD não se reduz à alteração genética que apresenta; pelo contrário, as dimensões
comportamental dos processos psicológicos superiores apenas pode ser compreendida através
Desta forma, a origem das mudanças que ocorrem nos indivíduos ao longo do seu
desenvolvimento (nível ontogenético) deve ser compreendida como resultante dialética das
maturações cerebrais e das interações simbólicas estabelecidas entre o sujeito e o seu entorno
certamente o desenvolvimento cognitivo da criança, tenha ela ou não SD, cursará de forma
diferente daquele de uma criança que não é devidamente estimulada em seu ambiente. Este
arcabouço teórico nos ajuda a compreender que intervenções para grupos com
109
tanto em populações com DT, quanto em populações com alterações desenvolvimentais. Foram
memória de trabalho), não tendo sido encontrados estudos que focalizassem a estimulação do
ou/adaptação de um programa interventivo das FE voltado para este grupo clínico. No presente
2013), desenvolvido para ser utilizado de maneira complementar ao currículo escolar em salas
desenvolvimento típico (sendo também apropriado para uso em outros contextos, como o
clínico)
Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi adaptar para o grupo clínico da SD um
algumas abordagens e conclusões advindas de intervenção das FE para crianças com DT, bem
como estudos que já foram realizados com crianças com SD. Não será retomada nesta
adolescentes com SD, visto que estes aspectos já foram detalhados anteriormente (no primeiro
estudo desta tese). No terceiro subtópico serão apontadas algumas possibilidades de intervenção
para indivíduos com SD, considerando-se os achados do seu fenótipo neuropsicológico. Por
110
fim, será apresentado o programa de intervenção que foi adaptado para a SD, o Programa de
desenvolvimento das FE, bem como possibilitar uma melhora ou remediação de seus déficits
(Diamond & Ling, 2016). Estas intervenções são bastante diferenciadas e, em sua maioria,
maneira geral, estas intervenções vêm apontando que é possível impulsionar o desenvolvimento
déficits posteriores, uma vez que os problemas iniciais nas FE antecipam os mesmos problemas
na idade adulta. Assim, acredita-se que os déficits nas FE apresentados por crianças não
desapareceriam, se não remediados, mas aumentariam a sua intensidade com o passar dos anos
(Diamond, 2012).
mesmas autoras, evidências de diversos estudos oferecem respaldo a seis diferentes abordagens
para promoção das FE nos primeiros anos escolares. Estas seis abordagens serão resumidas a
seguir.
Treino Cognitivo defende que é possível tratar déficits ou estimular habilidades cognitivas
através de exercícios e prática repetida. Um exemplo desta abordagem, e que tem sido
outras FE não treinadas (Diamond & Lee, 2011; Diamond, 2012), além de serem dificilmente
exercícios aeróbicos, sendo os ganhos superiores àqueles observados na educação física padrão
(Diamond & Lee, 2011). No entanto, de acordo com Diamond e Ling (2016), para promover
melhoras nas FE estes exercícios precisam mobilizar aspectos cognitivos e não apenas resumir-
se à prática pura da atividade física. Além dos exercícios aeróbicos, a prática regular de esportes
também desempenharia forte influência sobre as FE, uma vez que demandam atenção
autocontrole e da disciplina, evidências apontam que crianças que praticam artes marciais
yoga, envolve o controle da atenção e constante auto monitoramento. Ambas as práticas têm
entre sete e nove anos, havendo, inclusive, indícios de generalização para outras áreas e
Vygotsky, o programa Tools of the Mind foi estruturado para crianças da pré-escola e tem como
uma série de atividades que permeiam as tarefas escolares ao longo de todo o dia. As autoras
segundo o qual o professor assume o papel de mediador e fornece assistência máxima nos
“Funções Executivas” não ser encontrado no currículo montessoriano, Diamond e Lee (2011)
defendem que o conceito de “normalização” associado a tal currículo refere-se a ter um bom
2013).
professores, os quais são instruídos a utilizar rotinas e regras claras em sala de aula,
conclusões que podem ser extraídas através das diversas pesquisas desenvolvidas até o
momento sobre os métodos de intervenção das FE. Uma das primeiras conclusões destacadas,
e importante para o presente estudo, refere-se ao fato de que crianças com FE mais frágeis são
aquelas que mais se beneficiam de qualquer uma das modalidades de intervenção das FE. Neste
sentido, a estimulação precoce destas funções nestas crianças poderia minimizar os déficits
Uma segunda conclusão diz respeito à consideração de que a prática repetida é a chave
para o sucesso das intervenções. Assim, as melhorias nas FE dependem da quantidade de tempo
que as crianças atuam com estas habilidades, estimulando-as. Outra conclusão importante é que
melhorias das FE também dependem da maneira como as atividades interventivas são realizadas
nos resultados, notando-se que os indivíduos mais comprometidos e que acreditam no sucesso
de seu trabalho são os que mais influenciam positivamente (Diamond & Ling, 2016).
Uma quarta conclusão importante é que o funcionamento executivo das crianças precisa
ser desafiado durante as intervenções, ou seja, as exigências precisam aumentar à medida que
melhorias forem observadas. Muitas vezes, quando as demandas de uma tarefa não aumentam,
importante, assim, que à medida que a criança vá desenvolvendo determinada habilidade o nível
abordagem de intervenção que é utilizada, são limitadas para as atividades treinadas, tal como
observado com o treinamento computadorizado realizado através do CogMed Systems. Para que
Por esta razão, abordagens como currículos escolares, programas complementares ou artes
comparação aos treinos cognitivos, visto que as primeiras abordam de forma mais global as
Diamond e Ling (2016) consideram que além das conclusões mencionadas acima,
outros aspectos também precisam ser destacados em intervenções para as FE. Segundo as
autoras, considerando que o estresse, indisposição física (como sono insuficiente), e aspectos
direcionadas paras estas funções teriam maiores chances de sucesso se abordassem também as
Desta forma, os programas mais bem sucedidos em estimular as FE seriam aqueles que
a criança passa realizando a tarefa (bem como da forma que a atividade é feita e conduzida) são
elaboradas para a SD são escassas, tendo sido encontradas intervenções de uma habilidade
Holmes & Buckley, 2013; Conners, Rosenquist & Taylor, 2001; Conners, Rosenquist, Arnett,
Moore & Hume, 2008). Conforme mencionado anteriormente, muitas críticas têm sido dirigidas
115
um dos domínios que tem sido apontado como mais deficitário na SD, a saber, a memória de
trabalho auditivo/verbal, utilizando para isto técnicas como o ensaio verbal cumulativo
(Broadley & MacDonald, 1993; Comblain, 1994; Conners, Rosenquist, Arnett, Moore & Hume,
auditivo/verbal, porém, Conners et al. (2008) consideram que este procedimento (no qual se
solicita que o indivíduo repita progressivamente listas de dígitos ou de palavras) requer também
mantenha o item lido da lista em sua memória, para em seguida, integrá-lo e pronunciá-lo numa
sequência.
De acordo com Bennett et al. (2013), de maneira geral, os estudos desenvolvidos até o
na SD, e muitas vezes, estes não eram estatisticamente significativos, não se sustentavam ao
longo do tempo e não eram transferíveis para outras habilidades (Broadley & MacDonald 1993;
abordagem de treinamento computadorizado com crianças com SD. Este estudo utilizou a
desenvolvido para crianças com DT (programa este que aborda o treinamento da memória de
trabalho visoespacial) com crianças com SD na faixa etária de 7 a 12 anos (e idades mentais
entre 4 a 7 anos). O treinamento era realizado nas escolas das crianças. A pesquisa encontrou
treinadas e não treinadas, que foram sustentadas até quatro meses após o término do
treinamento.
bem como às suas habilidades iniciais, com crianças com melhores habilidades de partida
crianças com SD. Porém, diferentemente do estudo anterior, o treinamento envolveu apenas
destacam que, quando este componente é dividido em aspectos visuais e espaciais separados,
estas crianças demonstram uma memória espacial (ou seja, das posições espaciais) melhor do
que a memória visual (memória de objetos e suas propriedades visuais, como cores, superfícies,
etc). Além disto, é importante lembrar que ambas as habilidades se encontram deficitárias em
crianças com SD, se as mesmas forem comparadas com crianças com DT de mesma idade
cronológica.
Na pesquisa de Pulina et al. (2015), foi utilizado um software que abordava os dois
foram utilizadas no estudo. O nível de controle atencional (ou controle executivo) foi
manipulado, utilizando-se tarefas que requeriam um baixo, médio e alto nível de controle. As
sendo os mesmos alocados em dois grupos: um grupo no qual o treinamento era administrado
por um especialista e outro grupo em que o treinamento era realizado junto com os pais e/ou
responsáveis. O treinamento foi administrado individualmente, duas vezes por semana durante
Apesar dos estudos anteriores serem importantes, a validade ecológica destes tipos de
intervenção vem sendo discutida. A principal questão que se coloca é: Qual o benefício que
estes treinamentos tão pontuais poderiam trazer para a vida real destes indivíduos, para a
aspectos treinados, sendo poucos os estudos que observaram efeitos de transferência para outras
habilidades, bem como efeito de manutenção por períodos maiores que quatro meses. É
necessário, desta forma, pensar em intervenções das FE mais adequadas para este grupo, que
no tópico anterior).
adaptar para o grupo clínico da SD um programa de intervenção das FE, considerando para isto
conhecimento acerca do fenótipo neuropsicológico da SD, ou seja, das suas áreas de forças e
fraquezas, é possível propor estratégias de intervenção que, se apoiando nos seus pontos fortes,
SD, pode-se, por exemplo, adotar algumas atitudes a fim de minimizar este prejuízo. Visto que
estas crianças possuem um span auditivo reduzido, ou seja, conseguem “guardar” um número
menor de palavras ou informações que lhe são apresentadas, pode-se adotar uma postura de
maior cuidado ao se comunicar com elas pela via auditivo/verbal, o que pode incluir a limitação
da quantidade de instruções verbais a uma de cada vez, bem como a concessão de um tempo
maior para a criança processar e responder às colocações verbais. Além disto, como a memória
se desta sua capacidade, realizando sempre que possível “traduções” visuais ou gestuais daquilo
Sabendo-se que indivíduos com SD apresentam prejuízos de memória que atingem tanto
a memória de curto prazo, quanto a memória de longo prazo, pode-se propor, a utilização de
anote numa lista ou utilize gravuras/símbolos para indicar o que deverá ser feito durante a
realização de uma atividade e em que sequência, tais materiais poderão ser úteis para que se
obtenha sucesso.
Outras ideias também podem ser adotadas, como por exemplo: a importância de se
horários; a construção de uma gama de tarefas curtas, focalizadas e definidas claramente, bem
119
como a divisão das atividades mais complexas em etapas (da mais fácil para a mais difícil); a
cognitiva); variação do tipo de material, procurando sempre aqueles mais atrativos, etc.
(2000), muitas crianças com SD se beneficiam de rotinas bem estruturadas, bem como
atividades focalizadas claramente. Comumente, situações sem estrutura e informais são mais
difíceis para elas. Desta forma, parece benéfico estabelecer uma rotina diária, semanal e mensal
junto à criança (o que pode ser facilitado pelo uso de sua agenda individual, bem como por
quadros de horários e listas de atividades) que explicite as atividades que serão realizadas. É
interessante, ainda, confeccionar uma grade de horários e listas de tarefas visualmente atrativas
com muitas figuras, desenhos e fotos. Sempre que for iniciar alguma atividade, deve-se remeter
à lista ou grade de horários assinalando a atividade que será feita. Além disto, deve-se sempre
estruturação e divisão das atividades, ou seja, a uma sequenciação mais detalhada dos objetivos,
para a realização das mesmas devem ser curtas, claras, concretas e bem pronunciadas (Freire &
Hazin, 2015b).
instrução e ensino em um número maior de passos intermediários, com uma sequenciação mais
120
detalhada dos objetivos e atividades, apoio e reforço continuado para a realização das tarefas
partindo sempre do mais fácil para o mais difícil. Este é um princípio essencial que deve ser
voltados para pessoas com SD com base no seu fenótipo neuropsicológico. Tendo em mente a
Ressalta-se que algumas das estratégias mencionadas anteriormente já fazem parte das
atividades do programa selecionado, o que se constituiu, inclusive, como justificativa para sua
sua aplicação a fim de que estas atividades se tornem adequadas e sensíveis para o perfil da SD.
Por outro lado, novas atividades também foram sugeridas, focalizando a estimulação das FE
Autorregulação e Funções Executivas - PIAFEX (Dias & Seabra, 2013), um programa pioneiro,
visto ter sido o primeiro programa de intervenção das FE desenvolvido no cenário nacional.
Este programa foi fruto de uma pesquisa de doutorado realizada por Dias (2013) e pode ser
intervenção foi desenvolvida com base nos programas Tools of the Mind (Bodrova e Leong,
2007), Sarilhos do Amarelo (Rosário Nunes & González-Pienda, 2007), bem como inspirado
desenvolvido para ser aplicado pelos professores regulares no dia a dia escolar. No entanto, sua
utilidade não se restringe apenas a este ambiente, podendo ser utilizado em outras situações
interventivas.
básicos. Além disso, possui uma sessão de Aspectos Essenciais e um Módulo Complementar.
atividades. Eles são: (1) interação professor/aluno; (2) mediadores externos; (3) fala privada e
estimulação;
planejamento de tarefas e na resolução de problemas do seu dia a dia (Dias & Seabra, 2013).
Conforme destacam as autoras do programa (Dias & Seabra, 2013), muitas das atividades do
PIAFEX já são conhecidas e até mesmo implementadas por diversos profissionais no seu
cotidiano, no entanto, a inovação consiste na ênfase que é dada na aplicação das atividades,
bem como da forma de mediá-las, para que assim, de fato, possam engajar e estimular o
(Campos, 2017; Meneses, 2013; Pereira, 2016). Ele foi aplicado e avaliado em investigações
com crianças com DT, observando-se melhores desempenhos das mesmas em medidas de FE
(Dias & Seabra, 2015a), enquanto que em crianças do 1º ano do Ensino Fundamental foram
desempenho, além de planejamento, avaliado por meio de uma escala respondida por pais e
Em outro estudo conduzido com estudantes do 1º ano, observou-se que crianças que
participaram da intervenção com o PIAFEX não apenas obtiveram ganhos em medidas de FE,
No que diz respeito a populações clínicas, retoma-se o estudo desenvolvido por Meneses
(2013), no qual o programa foi adaptado, aplicado em contexto clínico e avaliado para crianças
123
com TDAH. Nesta pesquisa, observaram-se ganhos do grupo de crianças com TDAH que
O PIAFEX foi selecionado para adaptação na presente pesquisa por uma série de razões.
Primeiramente, ele foi desenvolvido no nosso país, o que elimina etapas como traduções de
requer a seleção de abordagens mais completas, como programas complementares. Este tipo de
abordagem, por sua vez, contribui para uma maior generalização se comparado a abordagens
como o treino cognitivo e computadorizado (Dias, 2013), o que constitui a terceira razão para
atividades do PIAFEX permitiu constatar que ele possibilita a estimulação de domínios que
organização e planejamento.
Uma última razão para escolha do programa refere-se à importância de adaptar uma
intervenção das FE para a SD que poderá ser aplicada, futuramente, pelos próprios professores
em suas escolas, podendo ser facilmente implementado em salas de aula com pouco custo. Tal
aspecto é importante porque são estes profissionais que lidam diariamente com estes indivíduos.
Estes profissionais relatam dificuldades de trabalhar com a SD devido à pouca informação que
disponíveis (Freire, 2013). Desta forma, tal estudo poderá ser útil no futuro para
Por fim, ressaltamos que o PIAFEX parte de uma concepção mais “ecológica” para o
desenvolvimento das FE que, semelhante aos currículos citados anteriormente, deve ser
habilidades a partir de paradigmas de testagem (Dias, 2013). Esse tipo de intervenção, conforme
comparação com outras abordagens interventivas (Diamond & Lee, 2011), além de possuírem
5. Objetivos
5.1.Objetivo Geral
Especializado;
6. Método
A fim de se atingir estes objetivos, a presente pesquisa foi dividida em cinco etapas
2ª
1ª
Seleção, adaptação e 3ª
Estudo técnico do
inserção de novas Avaliação por juízes
PIAFEX
atividades
4ª 5ª
Estudo piloto Revisão final
Autorregulação e Funções Executivas (PIAFEX) (Dias & Seabra, 2013). O estudo técnico do
programa contemplou uma revisão de sua fundamentação teórica, bem como de outros
módulos e atividades, bem como a maneira de realizá-las, e por fim a revisão dos estudos que
adequadas para a SD, bem como propostas adaptações destas e inserção de novas atividades
conhecimento advém dos resultados do primeiro estudo desta tese, bem como da literatura da
área acerca dos seus pontos fortes e fracos, veiculadas em livros, artigos científicos, capítulos,
manuais de ensino para professores, dissertações e teses de doutorado, bem como outras
propostas de intervenção (Fidler & Nadel, 2007; Perera, Flórez & Rondal, 2013; Rondal &
Quartino, 2007; Rondal, Perera & Spiker, 2011; Rodriguéz, 2013; Rodriguéz, 2012).
PIAFEX foram selecionadas e adaptadas, quando necessário, enquanto outras foram excluídas.
Após estas etapas iniciais, o programa adaptado foi submetido à avaliação por juízes
especialistas na SD. Estes eram profissionais com diferentes formações (psicologia, pedagogia
foram:
Juíza 1: Fonoaudióloga, que atua com a SD desde 2013, possuindo experiência também
Escolar, com ênfase no trabalho com crianças e jovens com SD. Atua na área da
a partir das sugestões e críticas propostas pelos juízes. Neste sentido, foi utilizado um protocolo
de avaliação, adaptado a partir do estudo de Dias (2013), enviado para os juízes eleitos. Tal
Especializado e regular, linguagem utilizada na descrição das atividades, dentre outros aspectos
(Dias, 2013). A partir das sugestões feitas pelos juízes, o programa foi revisado, buscando
A quarta etapa constituiu-se de um breve estudo piloto com um grupo de três crianças
com SD (idades de 7,10 e 12 anos), realizado pela própria pesquisadora. Os critérios de inclusão
das crianças na amostra foram: (1) possuir o diagnóstico de SD; (2) possuir idades dentro da
faixa etária estabelecida para a pesquisa (7 a 12 anos) e (3) estar matriculada em rede de ensino
regular. Por sua vez, os critérios de exclusão foram: (1) possuir o diagnóstico de outra síndrome
ou doença; (2) apresentar problemas auditivos ou visuais não compensados; (3) possuir
piloto.
128
cidade de João Pessoa -PB, em quatro encontros, com duração aproximada de uma hora e meia.
Foram selecionadas quatro atividades por encontro, sendo utilizadas nos mesmos atividades de
diferentes módulos.
crianças com SD. Para isto, a pesquisadora utilizou uma folha de registro individual para cada
consentimento livre e esclarecido pelos pais e/ou responsáveis. A pesquisa foi aprovada pelo
estudo piloto.
Tabela 1
Atividades pilotadas em cada encontro
Sessões Atividades
Primeiro encontro Esquemas diários e rotina – Módulo I
Por fim, foi realizada uma última revisão no PIAFEX-SD com objetivo de agregar as
informações oriundas do estudo piloto, da avaliação dos juízes, bem como os resultados do
Estudo I.
8. Resultados e Discussão
Após a realização das duas etapas inicias de adaptação do PIAFEX (1ª etapa - Estudo
(Módulo 8 – Jogando com o significado das palavras, o qual continha duas atividades, e o
Módulo 9 – Conversando sobre as atividades) por serem considerados complexos demais para
deficitários da síndrome. Por outro lado, foram propostas adaptações nas demais atividades. As
Tabela 2
Adaptações empreendidas ao PIAFEX para o perfil das crianças com SD (PIAFEX-SD)
Tipo de Adaptação Atividades adaptadas
Adaptação das instruções 24 atividades
Adaptação do tempo destinado à 6 atividades
execução da atividade
Adaptação na execução da atividade 28 atividades
Inclusão de Aspectos essenciais 4 Aspectos essenciais adicionados
Exclusão de atividades 8 Atividades
Inclusão de novas atividades 2 Atividades
Inclusão e adaptação de materiais 8 atividades
Tabela 3
Comparação entre as versões do PIAFEX e PIAFEX-SD
PIAFEX PIAFEX-SD
43 atividades 35 atividades
principais características da síndrome, seus pontos fortes e fracos, possíveis estratégias que
podem ser utilizadas em sala de aula ou em contexto clínico, etc, podendo ser assim um guia
para se propor outros tipos de adaptações ou intervenções. Esse subtópico tem como objetivo
que as intervenções precisam utilizar deste seu ponto de força. O Módulo IV do PIAFEX-SD
engloba uma série de atividades que requerem e estimulam o controle inibitório, porém, foram
sugeridas nestas atividades algumas estratégias (tais como o uso de mediadores externos) para
domínio que tem demonstrado estar associado às FE. Além disto, este estudo também apontou
que as idades mentais observadas, foram, em alguns casos, mais baixas do que as idades das
crianças com DT para as quais o PIAFEX foi desenvolvido, indicando que possivelmente, para
algumas crianças na faixa etária deste primeiro estudo, as atividades do PIAFEX-SD não seriam
adequadas.
juízes, que baseados num protocolo de avaliação, julgaram a pertinência das atividades de
acordo com os critérios elencados. As tabelas abaixo sumariam a avaliação realizada pelos
Tabela 4
Resultado da avaliação dos juízes dos quatro primeiros componentes dos “Aspectos Essenciais” do PIAFEX-SD
AP 1 AP 2 AP 3 AP 4
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Down?
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
aula especial?
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
aula regular?
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Não Sim
profissional que aplicará a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
operacional e de custo?
Tabela 5
Resultado da avaliação dos juízes dos três últimos componentes dos “Aspectos Essenciais” do PIAFEX-SD
AP 5 AP 6 AP 7
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de Down? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula especial? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula regular? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional que aplicará Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista operacional e Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
de custo?
Tabela 6
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo I do PIAFEX-SD
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
regular?
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional que Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
aplicará a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
operacional e de custo?
Tabela 7
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo II do PIAFEX-SD
Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 Atividade 4 Atividade 5
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J J3 J4 J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de S S S S S 2
S S S S S S S S 2
S S S S S S S
Down?
Plausível de ser aplicado em contexto de sala S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S
de aula especial?
Tabela 8
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo III do PIAFEX-SD
Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 Atividade 4 Atividade 5 Atividade 6 Atividade 7
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Tabela 9
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo IV do PIAFEX-SD
Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3 Atividade 4 Atividade 5 Atividade 6
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Tabela 10
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo IV do PIAFEX-SD
S
140
Tabela 11
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo V do PIAFEX-SD
Atividade 1 Atividade 2
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de Down? Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula especial? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula regular? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional que aplicará Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista operacional e Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
de custo?
141
Tabela 12
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo VI do PIAFEX-SD
Atividade 1 Atividade 2
Critérios principais J1 J2 J3 J4 J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de Down? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula especial? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula regular? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional que aplicará Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista operacional e Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
de custo?
Tabela 13
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo VII do PIAFEX-SD
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
aula regular?
Plausível de ser aplicado em contexto clínico? Sim Sim Não Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
que aplicará a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
operacional e de custo?
Tabela 14
Resultado da avaliação dos juízes do Módulo VIII do PIAFEX-SD
Atividade 1
Critérios principais J1 J2 J3 J4
Adequado para crianças com Síndrome de Down? Sim Sim Sim Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula especial? Sim Sim Não Sim
Plausível de ser aplicado em contexto de sala de aula regular? Sim Sim Sim Sim
A descrição está clara e adequada ao profissional que aplicará Sim Sim Sim Sim
a intervenção?
Os materiais são acessíveis dos pontos de vista operacional e Sim Sim Sim Sim
de custo?
os critérios dos aspectos essenciais, bem como todas atividades de todos os módulos. A
juíza 3, por outro lado, foi a que mais respondeu “Não” (ver as tabelas – o “Não” está em
Tal juíza considerou, por exemplo, que a descrição dos Aspectos Essenciais 3, 4
e 5 não estavam claras para o profissional que aplicará a intervenção. A juíza 4, por sua
vez, também considerou que a descrição do Aspecto Essencial 3 não estava clara. Desta
forma, o texto destes aspectos foi revisto de maneira a torná-los mais compreensíveis.
todas as atividades do Módulo IV, bem como as Atividades 1 e 2 do Módulo VII não
necessitam ser realizadas em grupo, por isso não seriam adequadas. No entanto, em
ambos os contextos é possível e até comum o atendimento em grupo. Nas instituições nas
quais foi realizado o Estudo I (bem como o piloto deste estudo) observou-se que os
não eram acessíveis dos pontos de vista operacional e de custo. Esta atividade refere-se à
que as crianças façam alguma escolha, ponderando sobre algumas condições, por
exemplo: brincar 10 minutos a mais agora, ou deixar para brincar 30 minutos amanhã? A
145
juíza considerou que poderiam ser sugeridos mais exemplos e materiais para a atividade.
Mais uma vez, o texto desta atividade foi revisto de maneira a agregar tais apontamentos.
como a Atividade 1 do Módulo VI também não estavam claras, sendo as mesmas revistas.
Por fim, a terceira juíza também considerou que a Atividade 1 do Módulo V não era
adequada para crianças com SD. Trata-se da atividade “A hora da roda: fechamento da
semana”, na qual são discutidas, junto ao grupo, as ocorrências (tanto negativas, quanto
positivas) da semana. Possivelmente, a juíza considerou que a mesma não era adequada
atividade foi pilotada com objetivo de verificar-se se poderia ser adequada ou não para
este grupo.
foram consideradas difíceis ou muito difíceis pelas juízas para crianças com SD. As
atividades do Módulo III foram as que receberam as maiores pontuações (difícil ou muito
De fato, as atividades do Módulo III podem ser consideradas as mais difíceis para
estas crianças considerando o seu perfil de funcionamento, uma vez que as mesmas
“mais executivo”, que mais envolve estas habilidades e a estimulação das mesmas. Neste
são atividades que requerem pronunciadamente, em relação aos outros módulos, o uso da
Módulo VI – Regulando Emoções, podem ter sido consideradas difíceis pela exigência
A faixa etária pensada inicialmente para utilização do PIAFEX-SD foi a partir dos
sete anos. Neste sentido, as juízas fizeram algumas considerações em relação a estas
atividades assinaladas como “difíceis” ou “muito difíceis” para crianças pequenas com a
síndrome. Elas questionam se crianças com SD com sete anos obteriam sucesso na
analisadas, sendo a grande maioria acatada e agregada ao material. De maneira geral, esta
Estudo piloto inicial que foi empreendido com algumas das atividades do PIAFEX-SD.
Nas tabelas, Suj 1 refere-se aos resultados da criança de 7 anos; Suj 2 da criança de 10
anos e Suj 3 da criança de 12 anos. Foi assinalado SIM quando a criança demonstrou
Tabela 15
Resultados das atividades pilotadas do Módulo I
Módulo 1 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 1: Esquemas diários e rotinas SIM SIM SIM
Atividade 3: Manejo do tempo na organização da sala NÃO SIM SIM
Tabela 16
Resultados das atividades pilotadas do Módulo II
Módulo 2 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 3: Listas de checagem: o que era mesmo para NÃO SIM SIM
fazer?
Atividade 5: Aproveitando o tempo que sobra NÃO NÃO SIM
Tabela 17
Resultados das atividades pilotadas do Módulo III
Módulo 3 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 1: Categorização de ideias NÃO SIM SIM
Atividade 3: De olho na ideia principal e nos detalhes SIM SIM SIM
Atividade 4: Ligando figuras SIM SIM SIM
Tabela 18
Resultados das atividades pilotadas do Módulo IV
Módulo 4 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 1: Siga o mestre SIM SIM SIM
Atividade 2: O chefe mandou SIM SIM SIM
Atividade 3: Brincadeira da estátua NÃO SIM SIM
Atividade 4: Brincadeira Morto-vivo NÃO SIM SIM
Tabela 19
Resultados da atividade pilotada do Módulo V
Módulo 5 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 1: A hora da roda: fechamento da semana NÃO NÃO SIM
148
Tabela 20
Resultados da atividade pilotada do Módulo VI
Módulo 6 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 1: Lidando com as nossas emoções NÃO SIM SIM
Tabela 21
Resultados das atividades pilotadas do Módulo VII
Módulo 7 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
Atividade 3: Na aula de artes SIM SIM SIM
Atividade 4: Montagem com blocos NÃO SIM SIM
Tabela 22
Resultados da atividade pilotada do Módulo VIII
Módulo 8 Crianças
Suj 1 Suj 2 Suj 3
A brincadeira planejada NÃO SIM SIM
SD na faixa etária inicial de sete anos. No entanto, os resultados do primeiro estudo desta
tese, alguns apontamentos dos juízes e os resultados do breve estudo piloto indicaram que
Conforme pode-se observar nas tabelas, a criança com sete anos de idade foi a que
apresentou maior dificuldade para compreender as atividades pilotadas. Esta criança era
adequadas para esta criança, uma vez que a mesma demonstrou não compreender as
instruções.
anos também apresentou dificuldade para compreender algumas das atividades, como a
piloto permitiram então uma revisão final, revisão esta que pretendeu, primeiramente, não
mais delimitar e propor uma faixa etária para utilização do programa. Inicialmente,
indicando quais habilidades seriam necessárias para realização dos módulos, uma vez que
de desenvolvimento do indivíduo.
da síndrome, que poderá ser utilizado com indivíduos de diferentes idades, observando-
excluídas as atividades assinaladas como “NÃO” na análise dos juízes e no estudo piloto
(uma vez que o critério de avaliação das mesmas foi a idade), mas sim acrescentadas
150
novas informações que possibilitarão que o profissional que for utilizar futuramente o
9. Considerações Finais
de intervenção das FE. A fim de alcançar este objetivo, foi realizado um estudo inicial
(Estudo I), bem como desenvolvidas algumas etapas que possibilitaram a elaboração da
versão final da intervenção. Tais etapas incluíram: o estudo técnico do PIAFEX, sendo
De maneira geral, a análise dos juízes e o estudo piloto indicaram que as atividades
dificuldade de algumas atividades para crianças muito novas ou indivíduos com um nível
acima. Tal constatação culminou com uma revisão do programa e com a não mais
aumentar a faixa etária para pilotagem. Ademais, após novos estudos pilotos, estudos
síndrome, uma vez que o PIAFEX-SD não é adequado para todas as faixas etárias deste
crianças precisam ser informados e instruídos de aspectos que crianças com DT aprendem
naturalmente.
aprendizagem.
deve e pode ser realizada em projetos de intervenção com estas crianças. É possível
o trabalhado em casa. Ressalta-se que esta associação pode ser realizada com o uso de
algumas das atividades do PIAFEX-SD, uma vez que muitas delas são possíveis de serem
10. Referências
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Freire, R. C. L., Duarte, N. S., & Hazin, I. (2012). Fenótipo neuropsicológico de crianças
Hazin, I., Leitão, S., Garcia, D, Lemos, C., & Gomes, E. (2010). Contribuições da
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Pulina, F., Carretti, B., Lanfranchi, S., & Mammarella, I. C. (2015). Improving spatial-
Rodríguez, E. R. (2013). Cómo mejorar la atención de los niños con síndrome de down.
Rondal, J. A., & Rasore, Q. A. (2007). Therapies and rehabilitation in Down syndrome.
Rosário, P., Núñes, J. C., & González-Pienda, J. (2007). Sarilhos do amarelo. Porto: Porto
Editora.
Will, E., Fidler, D., & Daunhauer, L. A. (2014). Executive function and planning in early
APÊNDICES
158
APÊNDICE I
ROTEIRO DE ANAMNESE
1. DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS:
Nome da criança: __________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Endereço: ________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Pai:______________________________________________________________________
159
Mãe: _____________________________________________________________________
Principal provedor:_________________________________________________________
2. DADOS CLÍNICOS:
A criança apresenta/já apresentou alguma doença? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual(is)?
_________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
___
Se sim, qual(is)?
_____________________________________________________________________________
___A criança apresenta/já apresentou algum quadro de lesão ou alteração neurológica ou
psiquiátrica?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual?
__________________________________________________________________-
_________________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
___________________________________________________________
3. CONCEPÇÃO/GESTAÇÃO:
a. Concepção:
( ) Sim ( ) Não
b. Gestação:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
161
A mãe fez uso de medicação ao longo da gravidez? ( ) Sim ( ) Não. Qual? _______
________________________________________________________________________
A mãe fez uso de cigarro, álcool ou drogas durante a gestação? ( ) Sim ( ) Não.
c. Parto:
_________________________________________________________________________
Peso ao nascimento:________________________________________________________
Tamanho ao nascimento:____________________________________________________
Qual(is): __________________________________________________________________
4. DESENVOLVIMENTO:
Quando bebê foi uma criança fácil ou difícil de lidar? ( ) Fácil ( ) Difícil
Como era a interação do bebê com o seu meio (família, brinquedos e demais suportes que foram
disponibilizados)? ____________________________________________________________
_________________________________________________________________________
a. Desenvolvimento motor:
Quando sustentou a cabeça? _________________________________________________
Já apresenta preferência por uma das mãos para escrever, desenhar ou se alimentar?
( ) Sim ( ) Não
162
b. Desenvolvimento da linguagem:
Com que idade falou? _______________________________________________________
c. Desenvolvimento escolar:
Como foi a adaptação na escola? ______________________________________________
_________________________________________________________________________
Já sabe escrever? ( ) Sim ( ) Não Com que idade aprendeu a escrever? ______________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Se sim, por quanto tempo, com que idade e por qual motivo?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
d. Atividades Psicomotoras
Como realiza as seguintes atividades?
_________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______
_____________________________________________________________________________
___
Brincadeiras preferidas:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
164
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Manhã:______________________________________________________________________
____
Tarde:_______________________________________________________________________
____
Noite:________________________________________________________________________
___ Como é o sono? ( ) Normal ( ) Agitado
g. O responsável leva a criança a parquinhos, parques e/ou clubes pelo menos 1 VEZ POR
SEMANA?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
166
APÊNDICE II
Esclarecimentos
Estamos solicitando a você a sua participação e autorização para que a criança pelo qual você é
responsável participe da pesquisa “ADAPTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA
INTERVENTIVO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN”,
coordenada pela doutoranda Rosália Carmen de Lima Freire, do Programa de Pós Graduação de Psicologia
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Esta pesquisa tem como objetivo adaptar e avaliar a utilidade de um programa de
intervenção para o aprimoramento e/ou desenvolvimento das funções executivas de crianças
com Síndrome de Down, buscando verificar se o programa adaptado promove melhora no
comportamento destas crianças.
O motivo que nos leva a realizar este estudo está relacionado ao fato de que muitas
crianças com Síndrome de Down apresentam diversos prejuízos nas suas funções executivas.
As funções executivas são processos cognitivos, tal como a memória, atenção, linguagem,
raciocínio, etc. Todos estes processos são importantes para o comportamento e aprendizagem
da criança. Falando especificamente das funções executivas, estas habilidades permitem que a
criança controle e regule tanto o seu comportamento, quanto seus pensamentos (e até
emoções), possibilitando o seu envolvimento em comportamentos adaptativos, autoorganizados e
direcionados a metas. Essas funções permitem que seu filho, por exemplo,
planeje seu comportamento para realização de uma atividade, preste atenção na mesma, aja
menos impulsivamente, realize várias tarefas ao mesmo tempo e pense de uma maneira
criativa. As crianças precisam ser capazes de desenvolver essas habilidades para serem bem sucedidas na
escola e na vida.
Caso autorize a participação da criança na pesquisa, serão utilizados com ela testes e
tarefas neuropsicológicas que avaliam os componentes das funções executivas, em dois
momentos distintos: um no início e outro ao término da pesquisa. A aplicação dos testes e
tarefas será individual, realizada pela pesquisadora, em uma sala reservada da instituição na
qual seu filho é atendido, em três sessões com duração média de 50 minutos. Estes testes são
atividades semelhantes a jogos e tarefas que a criança faz na escola.
Também, as crianças participarão de atividades que compõe o programa interventivo
adaptado. Essas atividades tem caráter lúdico e serão conduzidas pela pesquisadora, duas
vezes por semana, com as crianças subdivididas em grupos de cinco sujeitos, tendo esse
processo duração total de cerca de oito meses. Aos pais/responsáveis será solicitado o
preenchimento de alguns questionários e entrevistas sobre o desenvolvimento e
comportamento da criança.
A aplicação dos testes e das atividades que compõem o programa interventivo não
oferece qualquer risco conhecido, apesar de poder causar cansaço na criança. Ressalta-se,
porém, que o trabalho será interrompido se a criança apresentar desconforto, cansaço,
inquietação ou sonolência decorrentes da atividade que está realizando. Além disso, a criança,
e você, quando do momento de responder aos questionários e entrevistas, terão o direito de se
recusar a responder perguntas que lhes causem constrangimento de qualquer natureza.
Somente participarão da pesquisa aqueles que voluntariamente concordarem em responder
aos instrumentos e cujos pais assim autorizarem.
Por outro lado, esta pesquisa poderá trazer benefícios na medida em poderá identificar se o
programa interventivo proposto foi útil em promover o desenvolvimento e/ aprimoramento das funções
executivas das crianças com Síndrome de Down participantes,
podendo posteriormente beneficiar e ser aplicado em mais crianças que possuam esta
síndrome. Após a avaliação final, os resultados encontrados serão detalhadamente informados
a você e ao seu filho, através de um laudo contendo as informações obtidas na avaliação da
criança.
Os dados que o seu filho irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados
apenas em eventos ou publicações científicas, sendo garantido que nenhum dado que possa
identifica-lo será divulgado. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por
essa pesquisa em local seguro e por um período de cinco anos e em qualquer etapa vocês
167
___________________________________________
Assinatura do Responsável:
Impressão
datiloscópica do
representante legal
Declaração do pesquisador responsável
_____________________________________
Assinatura do pesquisador responsável