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MUNIÇÕES, BALÍSTICA E

PROTEÇÃO BALÍSITCA

COEsp

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PARTE I

MUNIÇÕES PARA ARMAMENTO LEVE

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- MUNIÇÕES PARA ARMAMENTO LEVE -

Neste capítulo falaremos das munições feitas para armamentos de alma raiada,
empregadas no meio Policial e Militar, no tiro esportivo e/ou defesa pessoal. O estudo
será direcionado aos calibres fabricados para armamento leve, ou seja, até o .60’, pelo
fato de serem estes os atualmente utilizados nas Polícias do Brasil e de outros países,
ficando os de armamento pesado, ou acima de .60, limitados ao uso das Forças Armadas.

CAPÍTULO I

GENERALIDADES E CONCEITOS
BÁSICOS

ARTIGO I

EVOLUÇÃO DAS MUNIÇÕES

1. CARTUCHOS DE PAPEL

As primeiras munições eram envoltas em um tubo de papel, onde era inserido


um projétil, normalmente esférico, também podendo ser cônico ou mesmo múltiplo,
acompanhado de uma carga de pólvora com um peso específico.
O conjunto era compactado e fechado com o auxílio de fios ou linhas têxteis,
juntamente com o dobramento adequado do tubo. Após montado, este era lubrificado
externamente para proteger a pólvora contra a umidade e, ao mesmo tempo, lubrificar o
cano da arma.
Esses cartuchos foram desenvolvidos com o objetivo de facilitar e acelerar o
processo de recarregamento das armas de ante-carga (que anteriormente era realizado
com os componentes das munições separados), em especial por atiradores montados a
cavalo.
A técnica de utilização desses cartuchos consistia em romper o tubo de papel
com os dentes (motivo pelo qual, durante longo período, não se aceitava soldados sem
dentes na cavalaria ou infantaria), despejar a carga de pólvora no cano e com a vareta
introduzir o projétil até que o mesmo ficasse encostado no topo da pólvora; em seguida,
também com a vareta, os restos do tubo de papel e da linha eram simplesmente enfiados
no cano até ficarem firmemente apoiados no projétil formando uma bucha e impedindo
assim, seu eventual deslocamento.
A introdução dos restos do tubo com papel lubrificado também serviam para a
lubrificação do interior do cano.

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Seqüência de fabricação: 1- É confeccionado o tubo de papel ao redor de um pino de diâmetro
adequado ao calibre da arma; 2- O pino é retirado em parte, a fim de permitir fechar uma das extremidades
do tubo; O pino é totalmente retirado, o projétil é colocado e levado ao seu correto posicionamento com o
auxílio do próprio pino. O projétil é mantido em seu lugar com o auxílio de uma linha; 4- A carga de pólvora
é despejada no tubo; 5- O tubo é comprimido e é efetuada a primeira dobra; 6- É efetuada a segunda dobra;
7- É efetuada a terceira dobra; 8- O cartucho pronto.

2. CARTUCHOS DE PAPEL COMBUSTÍVEL

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Houveram dois desenvolvimentos ocorridos na metade do século XIX, o papel
combustível e a espoleta, os quais possibilitaram a fabricação do que podemos chamar
verdadeiramente de “o primeiro cartucho”.
Embora bastante semelhante ao descrito anteriormente, já eram destinados ao
uso em armas de retro carga. O sistema de iniciação ainda não era incorporado ao
cartucho. Tinham que ser montados nos “ouvidos” das armas.
Os cartuchos eram fabricados com papel, linho, peles secas e outros materiais
combustíveis e devidamente tratados com nitrato de potássio e ácido sulfúrico para que
pudessem ser facilmente queimados.
Com esse material fabricava-se um tubo no diâmetro adequado ao calibre da
arma e uma bucha do mesmo material era colada no fundo do mesmo. Uma medida pré-
determinada de pólvora era colocada em seu interior, juntamente com um projétil, já
predominantemente cônico, que era colocado na extremidade.
Após a montagem, os tubos de papel combustível eram normalmente tratados
com verniz, de forma a torná-los mais resistentes à umidade.

Seqüência de fabricação: 1- É confeccionado um tubo de papel ao redor de um pino de tamanho


adequado ao calibre da arma. O papel ou pano deve ter comprimento suficiente para dar duas voltas no
pino; 2- É passado cola no papel e o pino é retirado. O tubo estará pronto; 3- Um pedaço de papel, gaze
ou outro material é cortado em um quadrado de lados compatíveis com o calibre; 4- Ajusta-se o quadrado
em cima do pino e é passado cola na sua área externa ou na extremidade interna do tubo, onde o mesmo
será montado; 5- Com o auxílio do pino, é introduzido o quadrado em uma das extremidades do tubo; 6-
Depois da secagem da cola, é adicionada a carga de pólvora; 7- É aplicado um adesivo no projétil; 8- O
projétil é introduzido na extremidade aberta do tubo, forçando o papel contra as ranhuras do mesmo e o
cartucho está pronto.

3. CARTUCHOS NÃO-COMBUSTÍVEIS COM INICIAÇÃO EXTERNA

Devido à fragilidade dos cartuchos de papel combustível, houve muitas


pesquisas de outros materiais.
A partir de aproximadamente 1850, o número de patentes concedidas
registrando novidades ou aprimoramentos em cartuchos, em especial nos EUA, tornaram
este período um dos mais produtivos no desenvolvimento do campo das munições.

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Alguns exemplos das mudanças criativas e engenhosas realizadas podem ser vistas a
seguir:

VARIAÇÕES DE CARTUCHOS NÃO-COMBUSTÍVEIS COM INICIAÇÃO


EXTERNA

01- MARSTON E GOODELL (EUA): Patente nº 8.956 de 18 de maio de 1852, estojo em papel ou metal,
base em couro engraxado. 02- GILBERT SMITH (EUA): Patente 17.702 de 30 de junho de 1.857. Estojo
de borracha ou outro material impermeável e elástico. 03- THOMAS J. RODMAN E SILAS CRISPIN (EUA):
Patente nº 40.988 de 15 de dezembro de 1.863. Estojo em lâmina de latão muito fina, enrolada com o
auxílio de um disco ou pequeno copo no fundo do estojo. 04- AMBROSE E. BURNSIDE (EUA): Patente
14.491de 25 de março de 1.856. Estojo de latão. Na “bolsa” ao redor do projétil era colocado graxa para
lubrificação, de acordo com uma patente suplementar concedida George P. Foster em 10 de abril de 1860
(nº 27.291). 05- EDWARD MAYNARD (EUA): Patente nº 15.141 de 17 de junho de 1.856. Estojo de latão.
Um dico de papel parafinado era colocado sobre a base para proteger a pólvora da umidade. Como
proteção adicional para a base era fornecido um pequeno “copo” que lembra muito um moderno “gás
check”. 06- EDWARD MAYNARD (EUA): Conhecido como “Flop Ear” (cuja melhor tradução pode ser orelha
batida). Patente nº 40.112 de 29 de setembro de 1.863. É considerado um cartucho experimental e a
“orelha” servia para auxiliar na extração do estojo. 07- EDWARD MAYNARD (EUA): Conhecido como
modelo de 1.865. É o primeiro cartucho em latão a utilizar a dilatação do estojo para impedir o escape dos
gases para a culatra. Alguns milhões deste cartucho foram utilizados na guerra civil norte-americana. 8-
EDWARD MAYNARD (EUA): Patente nº 22.565 de 11 de Janeiro de 1859. Estojo de latão com disco
soldado para formar a base.

4. CARTUCHOS COMPLETOS

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Nestes modelos, as espoletas já eram montadas nos próprios cartuchos. As
tentativas para a fabricação destes podem ser divididas em dois grupos. No primeiro, a
característica principal era a total ausência de estojos, ficando a carga de pólvora e a
espoleta, acondicionadas em espaços nas bases dos projéteis.
Os exemplos clássicos desses desenvolvimentos são as patentes concedidas
em 1854, à Gaupillat na França, e à firma Volcanic nos EUA.
O segundo grupo é aquele conhecido como cartucho para “needle guns”, ou
seja, armas de agulha.
Nesses cartuchos o estojo era normalmente fabricado em papel, para que o
percussor da arma, com formato de uma longa agulha, pudesse facilmente perfurar a
base do mesmo, atravessar a camada de pólvora, para só então percutir a espoleta, em
geral montada à frente da carga de pólvora.

5. CARTUCHOS COMPLETOS COM SISTEMAS PATENTEADOS DE IGNIÇÃO

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Aqui encontramos os desenvolvimentos que antecederam os cartuchos até que
chegassem aos sistemas atuais.
Para efeito didático, podemos dividi-lo nos seguintes grupos:

a. Sistema de Ignição Tipo Pino


Esse sistema também é conhecido por Lefaucheux, em homenagem ao
francês que o inventou, por volta de 1836. Foi muito utilizado na Europa e na América do
Sul até o início do século XX.

b. Ignição por sistema de teta e de lábio


Os sistemas de ignição por lábio, criado por volta de 1860, e por teta, criado
por volta de 1864, são bastante semelhantes, variando somente suas posições nos
estojos. Ambos tiveram vida bastante curta.

c. Ignição circular ou fogo circular


O crédito do primeiro cartucho de fogo circular é dado ao francês Flobert,
em meados de 1845, o qual ele denominou cartucho BB. Era uma munição destinada ao
uso em estandes fechados e eram de pequena potência, já que não continham carga de
projeção.
A partir dessa invenção, desenvolveu-se toda a linha da família .22, além
de outros cartuchos de fogo circular.

d. Cartuchos iniciados por espoleta central


Foram diversas as tentativas de desenvolver um sistema eficiente de
iniciação por espoleta central, porém somente os sistemas Boxer, Berdan e Bateria
permaneceram até nossos dias, os quais serão estudados à frente, quando falarmos
sobre espoletas.

ARTIGO II

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CONCEITOS BÁSICOS

Para identificar cartuchos de maneira completa, é necessário ter as seguintes


informações:

- O calibre e a nomenclatura do cartucho;


- Data de fabricação;
- Tipo e material do projétil;
- Finalidade da munição;
- Arma em que é utilizado;
- Tipo e material do estojo;
- Dimensões do cartucho;
- Inscrições na base do estojo.

1. DEFINIÇÕES

a. Calibre real

É o diâmetro do cano antes de procedido o raiamento, também chamado


de diâmetro entre cheios.

b. Calibre do projétil

É a distância entre os fundos


opostos do raiamento, também chamado de
diâmetro entre fundos.

c. Calibre Nominal

É o calibre que consta no nome dado pelo fabricante à munição, o qual pode
ou não estar relacionado com suas dimensões ou outras características.

d. Raiamento

São ranhuras de pequena profundidade, usinadas de forma helicoidal ao


longo do cano. Conclui-se que o calibre efetivo de um projétil será sempre maior que o
calibre real do cano, e essa diferença é que irá permitir que o mesmo seja forçado contra
os cheios do raiamento, neles se engrazando e passando a acompanhar a hélice
segundo a qual o raiamento foi produzido, adquirindo, assim, a rotação necessária à sua

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estabilização após sair do cano. As ranhuras, deixadas no projétil após este atrito,
poderão ser utilizadas em exames de balística.
O passo de raia, que pode ser dextrógiro (da esquerda para a direita) ou
sinestrógiro (também conhecido como levógiro sendo da direita para a esquerda), é a
medida em polegadas que o raiamento percorre para dar uma volta completa no interior
do cano, ou seja, se o passo de raia é de 1 para 7, significa que o raiamento dá uma volta
completa em 7 polegadas de cano.

2. CONSERVAÇÃO DE MUNIÇÕES

a. Umidade

A maior causa de falhas ou negas das munições é a umidade. A pólvora é um


tipo de explosivo muito higroscópico, ou seja, tem pouca resistência à umidade. Sendo
assim, devemos atentar para que o armazenamento de munições seja feito em local seco
e ventilado.
Munições que permaneçam imersas em água ou outros líquidos durante muito
tempo, devem ser utilizadas em instrução logo que possível e não mais ser empregadas
no serviço (não estamos nos referindo à exposição à chuva ou suor).
As munições originais de fábrica são bem vedadas, tanto no encaixe do projétil
quanto na cápsula (espoleta), porém, alguns procedimentos errôneos podem danificar ou
alterar o desempenho do cartucho. Não é raro encontrarmos em nossos almoxarifados
munições com projéteis soltos, que se movimentam girando na boca do estojo. Isto não
acontece pelo uso normal, mas sim por manipulação indevida do próprio usuário, o que
gera a abertura de frestas, tornando a munição totalmente suscetível à umidade.
Outra causa comum de penetração de umidade é a utilização freqüente de
desengripantes com a arma carregada, o que além de danificar as munições, contraria
as normas de segurança para o manejo de armas de fogo. Carregar a arma e municiar
carregadores ainda com excesso desse tipo de substância também deve ser evitado, pois
esses líquidos são extremamente penetrantes, pois são feitos justamente para liberar
peças emperradas ou com presença de ferrugem. Assim sendo, é correto afirmar que,
caso a arma a ser manutenida esteja em condições normais de conservação e sem
ferrugem, é desaconselhável a utilização desse material, mas sim, de um solvente para
a limpeza e um óleo fino em pequena quantidade para a lubrificação, lembrando que os
excessos destas substâncias também devem ser eliminados.
Algumas pessoas costumam vedar a cápsula da munição com esmalte, tinta ou
cola. Como foi dito anteriormente, as munições de fábrica são bem vedadas e este
procedimento, apesar de realmente reforçar a vedação da munição, pode ocasionar a
falha na percussão ou “nega”, pois essa camada aplicada na cápsula vai torná-la mais
resistente a impactos, dificultando assim o atrito com a carga explosiva.

b. Provas e exames das munições

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As provas e exames têm por finalidade determinar o estado de conservação
das munições e pólvoras, permitindo desta forma, em qualquer época, retirá-las de uso
antes que suas condições anormais ofereçam graves perigos, tanto no armazenamento,
quanto no emprego. As pólvoras químicas estão sujeitas a um processo de
decomposição logo após sua fabricação, o qual é acelerado pela ação do do calor e
umidade. Essa decomposição é mais acentuada nas pólvoras de base dupla do que nas
de base simples. A presença da umidade do ar determina a formação de ácidos que
aceleram o processo de deterioração, o que pode provocar combustão espontânea da
pólvora, sendo extremamente perigoso o armazenamento desses explosivos neste
estado.
Há a necessidade de provas e exames periódicos para verificar o estado das
pólvoras e munições, verificando assim a estabilidade e funcionalidade das mesmas.

1) Provas de observação
Serão feitas nos próprios paióis de armazenamento, com a maior
constância possível. Sempre que houver indícios de decomposição, o encarregado dos
paióis de munição retirará uma amostra do lote correspondente e enviará para exame de
laboratório. O invólucro onde se constatou a alteração será isolado dos demais até que
o resultado permita providências definitivas. São indícios de decomposição:

a) Nas pólvoras químicas

(1) Mudança para vermelho da coloração do papel azul de tornassol


(quando utilizado);

(2) Aderência de seus grãos e diminuição da dureza;

(3) Cheiro de vapores nitrosos;

(4) Modificação da cor e aparecimento de manchas nas pólvoras de


base simples não grafitadas;

(5) Exsudação, caracterizada pela formação de gotículas oleosas nos


grãos das pólvoras de base dupla.

b) Nas munições

(1) Mau aspecto externo da munição, bem como da embalagem;

(2) Mudança de cor do papel azul de tornassol (quando utilizado) em


contato com amostras de pólvora retirada de munições;

(3) Aparecimento de gotículas oleosas em torno da rosca da ogiva do


projétil e com cheiro semelhante ao de graxa de sapatos.
2) Exames
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Os exames são de duas espécies: eventuais e periódicos.

a) Eventuais – serão feitos sempre que:

(1) As provas de observação revelar anormalidade no material;

(2) Houver incêndio sem destruição total do material;

(3) Houver suspeita de que a causa de acidentes ou anormalidades


verificadas durante o emprego da munição, forem a eles atribuídos;

(4) A média mensal das temperaturas máximas no interior do paiol ou


do armazém atingir ou ultrapassar os limites abaixo:

 + 30°C para pólvoras químicas;


 + 35°C para

b) Periódicos – serão feitos em épocas determinadas, com intervalos que


variam de acordo com o material estocado:

(1) Carga de projeção de munição: o primeiro exame será feito 5 (cinco)


anos após a fabricação, e os próximos de 2 (dois) em 2 (dois) anos;

(2) Cápsulas e espoletas: o primeiro exame será feito 10 (dez) anos


após a fabricação, e os próximos de 5 (cinco) em 5 (cinco).

(3) Exame de Valor Balístico: fazendo este exame, nas épocas


determinadas no item (1) desta alínea, já estaremos avaliando a carga
de projeção e a cápsula, além da capacidade da munição de manter
uma condição balística similar àquela de uma recém-fabricada.
Com apenas estes procedimentos, acredito que buscaríamos nas
munições os aspectos mais importantes para sua permanência
operacional, sendo uma boa sugestão a ser adotada em nossa
Corporação. Consiste no seguinte:

(a) Determinação da velocidade inicial – a velocidade inicial média


obtida em todos os disparos em relação à velocidade inicial prescrita
pelo fabricante para o tipo de munição avaliada, não pode ser menor do
que 5% do valor desta, e a diferença entre as velocidades obtidas na
série, entre máximas e mínimas, não pode variar mais do que 2,5%.

(b) Caráter de combustão – A combustão deve ser completa, o que


pode ser verificado com um simples exame visual do estojo e do interior
do cano.

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(c) Estado da munição e de sua embalagem – A munição ou
elementos de munição devem apresentar-se em condições satisfatórias
em relação às provas de observação já citadas anteriormente.

(d) Negas de iniciação – Neste teste deve ser tolerada apenas uma
nega por série prevista.

(e) Determinação da pressão máxima – Em nenhum caso, os


valores individuais das pressões obtidas poderão ultrapassar a pressão
de serviço do material, o que podemos notar pela observação do estojo,
que não pode apresentar deformações após o disparo e também de
possíveis solturas de peças do armamento.

(f) Outros incidentes durante a execução da série – Devem ser


levados em consideração outros incidentes que, a critério do
examinador ou de acordo com normas pré-estabelecidas, tornem a
munição insatisfatória no exame de valor balístico.

3) Tomada de amostra
Fazendo também uma analogia ao padrão adotado pelo Exército Brasileiro,
as amostras para teste devem ser retiradas dos lotes cujas condições e aspecto externo
demonstrarem ser os que contenham a munição em pior estado. As quantidades devem
ser as seguintes:

(a) No caso do responsável pelo teste decidir fazer os testes das cargas de
projeção:
 Munição cal. 7,62mm e 5,56mm – 5% do lote existente;
 Munição cal. .40 S&W, .357 Magnum, 9mm e .38 Special – 25% do
lote existente.

(b) Se for feito somente o exame de valor balístico, devem ser efetuados 11
(onze) disparos de cada calibre avaliado de cada lote.

ARTIGO III

PARTES DO CARTUCHO

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Os cartuchos são divididos, basicamente, em quatro partes: o estojo, que
acondiciona os demais componentes, a cápsula ou espoleta, que dá início ao disparo, o
projétil e finalmente a pólvora ou carga de projeção.
Alguns cartuchos trazem algumas nomenclaturas particulares, como podemos ver
abaixo:

1. ESTOJOS

a. Quanto a base:

b. Quanto aos corpos:

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2. ESPOLETAS

Alexander Forsythe, um religioso escocês, foi quem concebeu a idéia de aproveitar


o fulminato de mercúrio (cristais que detonam quando fortemente comprimidos ou
submetidos à fricção) para a ignição das cargas de projeção.
A cápsula, que é montada no culote do estojo, consiste num invólucro de metal
mole (normalmente latão), um misto iniciador (explosivo primário) e uma bigorna. O
choque do percussor da arma amassa a cápsula, comprime o misto de encontro à
bigorna, promovendo a detonação do explosivo por atrito, passando a chama através
do(s) evento(s), promovendo a iniciação da queima da carga de projeção.
Quimicamente, o princípio mantém-se o mesmo há quase dois séculos. A evolução
deu-se apenas na estabilidade do composto iniciante, pois o fulminato de mercúrio,
embora apresente uma ignição bastante positiva, tende a reagir facilmente com a
umidade do ar, desativando-se. Assim, alternativas foram desenvolvidas e após passar
pelo cloreto de potássio, também bastante eficaz, mas altamente corrosivo, chegando-se
aos atuais estifinato de chumbo e azida de chumbo, que agregam boas propriedades
como iniciante, sem as desvantagens de perderem capacidade iniciadora ou serem
corrosivos. O único inconveniente é a intoxicação que podem causar ao atirador que
utiliza estandes fechados (“indoor”) para praticar os seus treinamentos. Novos estudos
estão sendo feitos e em pouco tempo, novos tipos de misturas iniciantes não tóxicas
estarão no mercado.
Podemos concluir que a espessura e/ou dureza das paredes da espoleta devem
permitir que a mistura iniciadora seja efetivamente comprimida pelo impacto do percussor
e que a quantidade e qualidade dessa substância produza, no momento da detonação,
calor suficiente para iniciar de forma completa o propelente, vindo a proporcionar ao
projétil o desempenho esperado.
A dureza dos “copos” (recipiente que acondiciona a mistura detonante) define
dois tipos básicos de espoletas: para armas curtas, que possuem o impacto do percussor
reduzido e para armas longas, que possuem molas bem mais fortes e
conseqüentemente, maior impacto. As espoletas destinadas a armas curtas são
conhecidas genericamente como “Pistol” e para armas longas por “Rifle”. Utilizando uma
espoleta de copo mais resistente em uma arma curta, estamos correndo o risco de ter
uma nega por falha de percussão, pois o amassamento torna-se mais difícil. Por outro

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lado, se uma espoleta Pistol for utilizada em uma arma longa pode ocorrer a perfuração
do copo, o que é um efeito muito perigoso, pois haverá o escape dos gases para trás (em
direção ao rosto do atirador), tantos os resultantes da detonação da espoleta, como os
da carga propelente.
Existe ainda uma subdivisão entre as espoletas, que seriam as “small”(pequena)
e “large”(larga ou grande), tanto para as de armas curtas como longas, o que se refere
ao diâmetro do copo e, conseqüentemente da quantidade de explosivo que o preenche.
As espoletas conhecidas como “Magnum”, são aquelas com cargas mais potentes e são
destinadas também a cartuchos Magnum, como por exemplo o .357, que possuem
cargas de projeção mais elevadas e necessitam de uma melhor excitação para a queima
total. Uma curiosidade é que muitas pessoas já utilizaram espoletas Magnum em
munições convencionais e isto não trouxe nenhum ganho balístico, porém não gera
nenhum problema ou perigo ao usuário, somente o fato de que espoletas especiais
custam mais caro.
Os cartuchos de fogo circular não possuem uma cápsula à parte, sendo o misto
iniciador colocado num alojamento circular no interior do culote do estojo.

a. Sistema Boxer

É constituído de uma pequena estrela em latão estampado, com 2, 3 ou 4


pontas, montada na própria espoleta. A ignição do propelente é feita através de um único
furo (evento) existente no centro do alojamento da espoleta.

b. Sistema Berdan

É aquele cuja bigorna, contra a qual a espoleta será comprimida pelo


percussor a fim de provocar a ignição da carga explosiva, integra o estojo, no
receptáculo onde será encaixada a cápsula. Neste sistema, a chama atinge o
propelente através de dois furos (eventos) que ladeiam a bigorna.
c. Sistema Bateria

No sistema bateria, como no boxer, a bigorna é incorporada na espoleta,


porém, isto ocorre pelo fato de que as espoletas do tipo bateria são montadas
utilizando-se um outro copo externo, dentro do qual é montada uma espoleta Berdan,
juntamente com uma bigorna que fica em contato com a carga iniciadora. Devido ao
seu tamanho, as espoletas tipo bateria são usadas exclusivamente em cartuchos de
caça (chumbo).

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d. Percussão anular ou fogo circular

É aquela em que a mistura detonante é colocada na parte interna do aro ou


gola, e detona quando este aro é atingido (amassado) pelo percussor da arma,
iniciando o propelente com o qual está em contato direto. Atualmente, este tipo de
percussão é limitado a cartuchos de pequena potência, devido à necessidade de
serem fabricados com material de baixa dureza (moles) ou de pequena espessura, de
forma a permitir o “amassamento” pelo percussor.

3. PROJÉTEIS

Os projéteis são, muitas vezes, difíceis de serem corretamente identificados, pois


para fazê-lo, teríamos que desmontar os cartuchos de maneira a poder examinar a forma
e o tipo da base, bem como seu peso. Em alguns casos é necessário desmontar ou cortar
o projétil.
Os projéteis podem ser classificados quanto ao seu uso, sua construção e sua
forma:

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a. Quanto ao uso

1) Projéteis de uso essencialmente militar:

 Encamisados ou jaquetados – uso genérico;

 Perfurantes – destinados a perfurar blindagens leves;

 Traçantes – destinados a indicar a trajetória do tiro;


 Incendiários – destinados a provocar incêndios em viaturas
leves, tanque de combustível, etc;

 Explosivos – destinados à destruição de alvos de pequeno


porte.

Obs: podem ser encontradas combinações dos projéteis


mencionados, como perfurantes-incendiários, perfurantes-
incendiários-traçantes, etc.

2) Projéteis de uso não essencialmente militar:

 Sólidos – uso geral;

 Encamisados ou jaquetados – uso geral;

 Encamisados expansivos – destinados a aumentar a


transferência de energia do projétil ao alvo, aumentando,
conseqüentemente, a cavidade temporal e o sangramento.
Usado para caça e Defesa pessoal;

 Competição – destinados ao uso em competições


esportivas. São semelhantes aos sólidos de uso geral,
porém, produzidos com rigoroso controle de qualidade, o
que os torna mais precisos, de qualidade mais homogênea
e mais caros;

 Sinalização – destinados a operações de busca e


salvamento;

 Fragmentáveis – especialmente projetado para o combate


em ambientes confinados e até mesmo em aeronaves, pelo
fato de que ao encontrar qualquer tipo de obstáculo rígido,
em qualquer ângulo, se desintegra e não ricocheteia, sendo
que em meios líquidos, como o corpo humano, tem o
mesmo efeito das munições convencionais;

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 Múltiplo – São projéteis ainda em uso experimental.
Destinam-se a praticar ferimentos múltiplos, aumentando a
incapacidade temporária da vítima ou aumentar a
probabilidade de acerto de pessoas não treinadas;

b. Quanto à sua construção

1) Confeccionados em um só tipo de material


São aqueles fabricados em liga de chumbo, normalmente endurecida com
estanho ou antimônio;

2) Confeccionados em dois ou mais tipos de material


São os encamisados os jaquetados e que usam uma capa (camisa)
externa fabricada em liga de metal não ferroso e um enchimento feito com um ou mais
materiais.

c. Quanto à forma

1) Da ponta;
As pontas mais comuns são as seguintes:

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2) da base;

Figuras:
1- Plana
2- Convexa
3- Rebaixada
4- Côncava
5- Oca (hollow base)
6- Bisotada
7- Rebatida
8- “Boat Tail”

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3) Do Corpo;

O corpo é, evidentemente, sempre cilíndrico e o uso de canaletas


para lubrificação ou retenção do projétil ao cartucho é praticamente uma regra. O
lubrificante (graxa) que é colocado nas canaletas tem por objetivo principal evitar que as
partículas de chumbo fiquem aderidas ao fundo do raiamento do cano da arma. Se o
“chumbeamento” for grande, irá diminuir o engajamento do projétil e, conseqüentemente,
a precisão do tiro. Existem fabricantes que estão substituindo as canaletas por áreas
recartilhadas, onde a graxa é colocada. Em cartuchos antigos é comum encontrarmos a
parte cilíndrica posterior do projétil enrolada com um papel, ao qual, muitas vezes,
aplicava-se o lubrificante: é o conhecido “paper patch” e sua função era a mesma que a
atualmente obtida pela graxa.
As canaletas também servem para melhorar a fixação projétil/estojo,
o que é obtido pelo curvamento da boca do estojo para dentro da mesma. É o que
chamamos de “crimp” ou fechamento. Este fechamento é sempre necessário em
cartuchos de alta potência, pois com o recuo, os projéteis, em função da inércia, têm a
tendência de sair dos estojos. Em nível militar, além do fechamento acima descrito, são
usados adesivos, de modo a aumentar ainda mais a força necessária para extrair o
projétil.

Figuras:
1- Projéteis ogivais com base plana e convexa;
2- Projétil canto vivo com base oca;
3- Projétil semi-canto vivo com base convexa.

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d. Projéteis encamisados

Os projéteis encamisados, também conhecidos como “jaquetados”, são


aqueles constituídos por uma capa externa e um enchimento.
A capa externa é, normalmente, constituída de uma das seguintes ligas
metálicas:

- Cobre e níquel (cupro níquel);

- Cobre, níquel e zinco (níquel-prata);

- Cobre e zinco (tombak);

- Cobre, níquel e estanho (“lubaloy”);

- Aço (ferro e carbono)


A capa externa pode ser fechada na ponta e aberta na base (projéteis sólidos)
ou fechados na base e abertos na ponta (projéteis expansivos)

Ex:

1- Sólida, 2- Camisa total ponta mole, 3- Camisa parcial ponta mole,


4- camisa total ponta oca, 5- camisa parcial ponta oca

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3. PÓLVORA

Como qualquer outro explosivo, a pólvora é um composto químico que, quando


devidamente iniciado, gera grande quantidade de gases e calor em curto espaço de
tempo. Os gases resultantes desta reação química ocupam um volume muitas vezes
maior do que sua forma anterior sólida, causando um grande aumento de pressão.
Apesar de muito rápido, este último efeito é suportado pelo conjunto cartucho-câmara-
ferrolho, pelo motivo de que a pressão é exercida uniformemente em todas as direções
e, principalmente, por encontrar um ponto de escape, o projétil. Esse deslocamento
causa aumento físico do volume, que permite que os gases se expandam, mantendo a
pressão dentro dos limites de resistência das armas. Tão logo o projétil saia do cano, a
pressão continuará a cair, até atingir o valor da pressão atmosférica do local de disparo.

23
a. Generalidades

A carga de projeção de um cartucho consiste em certa quantidade de pólvora.


Ela deve ser ajustada sempre que mudarmos o tipo de pólvora ou mesmo que somente
o lote do mesmo tipo, pois podem haver variações de pressão, o que além de perigoso,
pode também prejudicar a qualidade do disparo por estar com velocidade e pressão fora
dos limites prescritos para a arma na qual ela é utilizada.

b. Pólvora negra

A pólvora negra é conhecida na Europa, desde o século XII, e foi inicialmente


utilizada para fabricação de fogos de artifício. Posteriormente, ela foi usada em armas
dos mais diversos tipos e, finalmente em mineração. Ela é, basicamente, uma mistura de
nitrato de potássio, carvão vegetal e enxofre, em proporção que permanece inalterada
até os dias de hoje, equivalente a 75% de nitrato de potássio, 15% de carvão vegetal e
10% de enxofre.
Embora a pólvora negra não seja mais utilizada na recarga de cartuchos
modernos, ela ainda é bastante utilizada no interior do País, em velhas espingardas de
carregar pela boca (ante-carga).

c. Pólvora sem fumaça

As pólvoras sem fumaça são assim chamadas, dada a pequena quantidade de


fumaça gerada em sua queima, ao contrário do que ocorre em relação às pólvoras
negras. Essas pólvoras também deixam uma quantidade muito pequena de resíduo após
cada tiro, o que permite um grande número de disparos até que seja necessário proceder
a limpeza da arma.
Há dois tipos de pólvora sem fumaça: as de base simples e as de base dupla,
estas utilizadas nas munições para armas curtas ( revólveres e pistolas ), pois queimam
rapidamente.
As pólvoras sem fumaça geram uma quantidade de energia muito superior
àquela gerada pela pólvora negra, o que, aliado ao melhor controle de velocidade de
queima, possibilitou o desenvolvimento das armas de alta potência. O tamanho dos grãos
da pólvora é o que propicia a única forma de controle, e assim mesmo, dentro dos limites
bastantes estreitos, quanto a sua velocidade de queima.

d. Características

As pólvoras para munição de armamento leve são geralmente grafitadas e


apresentam um aspecto escuro. Grãos mono-perfurados são usualmente empregados
como propelente militar do armamento leve. Em virtude do pequeno tamanho dos grãos
da pólvora, eles queimam e transformam mais rapidamente que as pólvoras de canhões
(pólvora negra). Em presença de umidade ou de temperaturas anormais, as pólvoras da

24
munição de armamento leve ficam sujeitas a uma deteriorização mais rápida do que os
de grãos grandes.

1) BASE SIMPLES: As pólvoras de base simples contêm como


ingrediente ativo exclusivamente nitrocelulose, em proporção atual que varia de 90% a
97%.
- Queimam com menor temperatura, causando menos erosão nos canos, o que confere
uma vida útil mais prolongada à armas;
- São menos sensíveis às variações de temperatura.

2) BASE DUPLA: Nas pólvoras de base dupla, a proporção de


nitrocelulose é de 48% a 58% e a de nitroglicerina é de 35% a 50%.
- São mais fáceis de serem iniciadas;
- Têm maior quantidade de energia;

IMPORTANTE: Sempre que possível, é melhor utilizar pólvoras de base simples, porém,
em muitos casos, a necessidade de utilizar uma pólvora de base dupla se torna uma
exigência por motivos técnicos de funcionamento específicos de cada arma semi-
automática, ou ainda por motivos balísticos.

4. DISPARO

25
CAPÍTULO II

NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO DAS MUNIÇÕES

ARTIGO I

SISTEMAS DE NOMENCLATURA

Podemos dividir os sistemas de nomenclatura de cartuchos para armas de porte e


portáteis, em:

1. SISTEMA NORTE-AMERICANO PARA PÓLVORA COM FUMAÇA

Identificava os cartuchos por uma série de números, que significavam:


 Primeiro grupo – o calibre, em centésimos ou milésimos de polegada;
 Segundo grupo – a carga de pólvora negra, em grains ( 1 grain = 0,0648 g )
 Terceiro grupo – quando existente, indica o peso do projétil, também em
grains;
Ex: .25-30, .32-20, .38-40, .44-40 e o pouco comum no Brasil .45-90-300

2. SISTEMA NORTE AMERICANO PARA PÓLVORA SEM FUMAÇA

Neste sistema, além do calibre, foram usados vários nomes, números, etc, os
quais sem nenhuma regra ou sistema ordenado.
Ex:

 Uso de letras:
.22 BB (“Bullet breech”)
.22 CB (“Conucal bullet”)
.32 ACP (“Automatic Colt Pistol”)
.380 CAPH (“Colt Automatic Pistol – Hammerless (sem cão)
.45 AR (“Auto Rim”). É o calibre .45 para uso em revólveres

 Uso de nomes indicando o “tamanho”:


.22 Short (curto)
.22 Long (longo)
.22 Long rifle (fuzil longo)

 Uso de nomes indicando o “tamanho” e o fabricante:


.38 Short Colt
.38 Long Colt

26
 Uso de nomes indicando fabricantes:
.270 Winchester
.223 Remington
 Uso de nomes indicando as armas a que se destinam:
.303 Savage
.30 Luger
.30 Mauser
 Uso de nomes puramente publicitários:
.218 Bee
.219 Zipper
.22 Hornet
.357 Magnum
.357 Maximum

 Uso do nome do fabricante e slogan publicitário:


.38 S&W Special
.32 Colt New Police
.44 S&W Russian
.22 Remington jet
.221 Remington Fireball
.300 Weatherby Magnum

 Uso de números indicando o ano de adoção:


.30-03 (Calibre oficial dos EUA, adotado em 1903)
.30-06 (Alteração do calibre .30-03, adotada em 1906)

Uso de números indicando características técnicas:


.250-3000 Savage (indicando que o projétil tem uma velocidade na boca
do cano de 3000 pés por segundo)

Obs: Devemos considerar ainda os “Wildcats” (gatos selvagens), que são


cartuchos especiais, desenvolvidos pelos próprios atiradores e caçadores e muitas vezes
adotados pelos fabricantes. São, em geral, cartuchos de alta precisão e velocidade,
destinados a tiro ao alvo, silhuetas metálicas ou ainda Caça a longa distância.

3. SISTEMA INGLÊS

Basicamente igual ao sistema norte-americano, designando o calibre em


centésimos ou milésimos de polegada e acrescenta nomes para facilitar a identificação.

Ex:
.375 Holland & Holland
.416 Rigby
.303 British
4. SISTEMA CONTINENTAL EUROPEU

27
É o mais simples dos sistemas de identificação de munições, sendo as
dimensões dadas todas em milímetros e constam, basicamente, de dois grupos de
números seguidos ou não de letras.
O primeiro grupo de números identifica o calibre e, o segundo, o comprimento do
estojo. A ausência de qualquer letra após o calibre, significa que o estojo é sem aro ou
gola (“rimless”). Caso o estojo não seja o retrocitado, será usado como sufixo a letra R
(“rimmed, ou com aro”). O uso das letras “SR” para “semi-rimmed” (semi-aro), “B” para
“belted” (cinturado) e “RB” para “rebated” (rebatido), embora válido, não é utilizado na
prática pelos fabricantes da Europa Continental.
Ex:
9mm Parabellum (9 x 19)
9,3 x 72 mm
7 x 57 mm

5. SISTEMAS NUMÉRICOS E ALFA-NUMÉRICOS

A utilização de sistemas numéricos para identificação de estojos foi prática


habitual de dois fabricantes europeus: DWM (Deutshe Waffen-und Munitionsfabriken), da
Alemanha, e a austríaca G. Roth. Os números e, no caso da DWM, algumas letras
(sufixos) destinadas a identificar variações de um mesmo calibre, eram gravados nas
bases dos estojos, permitindo assim a segura identificação dos mesmos.

ARTIGO II

CLASSIFICAÇÃO DAS MUNIÇÕES

1. QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS GERAIS

- Munições para armas leves  até o calibre .60


- Munições para armamento pesado  acima do calibre .60
- Munições de arremesso  granadas de mão, de bocal ou sinalizadores

2. QUANTO À ORGANIZAÇÃO DE SEUS ELEMENTOS

- Munições encartuchadas  que utilizam estojos


- Munições desencartuchadas  que não utilizam estojos

3. QUANTO À ESPOLETA

28
- Fogo central
- Fogo circular

4. QUANTO À VELOCIDADE

- Subsônicas  com velocidade inferior à do som ( 340 m/s)


- Supersônicas  com velocidade superior à do som (340 m/s)

5. QUANTO À IDENTIFICAÇÃO POR CORES (NO PROJÉTIL) PADRÃO OTAN

- Sem pintura  comum


- Preto  perfurante
- Alumínio  perfurante-incendiária
- Vermelho  traçante
- Azul  incendiária
- Amarela  observação
- Amarela com banda vermelha  observação/traçante
- Laranja  traçante

Obs: Para o calibre .50, outras combinações de cores são utilizadas:

- Vermelha com banda branca  traçante M33


- Preta com banda branca  perfurante com núcleo de metal duro
- Prata  perfurante/incendiária M8
- Preta com banda prata  perfurante/incendiária com núcleo de metal duro

6. DADOS SOBRE OS CARTUCHOS EM USO NA PMPR

a. .38 Special

Lançado pela Smith & Wesson em 1902 para substituir o então inadequado .38
Long Colt, acabou sendo o calibre oficial de inúmeros organismos policiais, não só
nos EUA como em vários outros países. Extremamente preciso, é um dos calibres
mais utilizados na prática de tiro ao alvo. Foi e é utilizado em diversas armas longas,
incluindo a brasileira Puma, fabricada pela Rossi. Também pode ser encontrado com
as designações .38 S&W Special e 9 x 29,5mm Revólver.

DIMENSÕES POL. mm
29
Diâmetro do projétil .358 9,09
Comprimento do estojo 1.155 29,34
Diâmetro do aro .440 11,18
Diâmetro do corpo .379 9,63
Diâmetro da boca .379 9,63
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO CILÍNDRICO, COM ARO

b. .357 Magnum

Introduzido em 1935 pela Smith & Wesson para seu modelo 27. Foi
desenvolvimento conjunto entre a Smith & Wesson e a Winchester. É um .38 Special
no qual o estojo foi alongado em .14’’ (3,43 mm), de forma que não seja possível seu
uso em revólveres fabricados para esse cartucho. Também é encontrado com a
designação .357 S&W Magnum.

DIMENSÕES POL. mm
Diâmetro do projétil .357 9,07
Comprimento do estojo 1.290 32,77
Diâmetro do aro .440 11,18
Diâmetro do corpo .379 9,63
Diâmetro da boca .379 9,63
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO CILÍNDRICO, COM ARO

c. 9 mm Luger

Desenvolvido pela Alemanha para ser utilizado na pistola Luger. Foi utilizado
pela Marinha e Exército do país em 1904 e 1908, respectivamente. É calibre de
dotação da OTAN e de praticamente todos os países do bloco ocidental, inclusive o
Brasil. Também é bastante difundido como calibre de uso policial. Também é
encontrado com as designações 9 mm Parabellum e 9 x 19 mm.

DIMENSÕES POL. mm
Diâmetro do projétil .355 9,02
Comprimento do estojo .754 19,15
Diâmetro do aro .394 10,01
Diâmetro do corpo .391 9,93
Diâmetro da boca .380 9,65
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO CILÍNDRICO, SEM ARO

d. .40 S&W
30
É um dos recentes desenvolvimentos na busca do calibre ideal para uso policial
e esportivo (nos EUA). Devido ao seu excelente poder de parada, é um dos calibres
que mais vem sendo adotado nos órgãos policiais do Brasil.

DIMENSÕES POL. mm
Diâmetro do projétil .400 10,16
Comprimento do estojo .850 21,59
Diâmetro do aro .424 10,77
Diâmetro do corpo .423 10,77
Diâmetro da boca .423 10,74
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO CILÍNDRICO, SEM ARO

e. .223 Remington

Desenvolvido em 1957 pela Remington, em conjunto com a Armalite, para o


fuzil de assalto AR-15 e oficialmente adotado pelo exército norte-americano em 1964
para o M-16. Em 1980 foi adotado também como calibre oficial da OTAN. É bastante
utilizado pelas forças policiais e na caça de animais de porte pequeno a médio.
Também é encontrado com as designações 5,56 x 45 e 5,56 NATO (OTAN).

DIMENSÕES POL. mm
Diâmetro do projétil .224 5,69
Comprimento do estojo 1.760 44,70
Diâmetro do aro .378 9,60
Diâmetro do corpo .376 9,55
Diâmetro da boca .253 6,43
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO GARRAFA, SEM ARO

f. .308 Winchester

Cartucho desenvolvido pelo exército norte-americano entre 1940 e 1950. Em


1952 a Winchester o lançou no mercado civil com o nome de .308. Foi adotado pela
OTAN em 1954 e por muitos outros países, inclusive o Brasil. É, basicamente, um
cartucho igual ao .30-06, só que mais curto.

DIMENSÕES POL. mm

31
Diâmetro do projétil .308 7,82
Comprimento do estojo 2.015 51,18
Diâmetro do aro .473 12,01
Diâmetro do corpo .470 11,94
Diâmetro da boca .343 8,71
Tipo da iniciação CENTRAL
ESTOJO GARRAFA, SEM ARO

CAPÍTULO V

32
O PODER DE INCAPACITAÇÃO DAS
MUNIÇÕES

ARTIGO I

BREVE HISTÓRICO

A idéia de conseguir uma grande energia de impacto, capaz de por fora de


combate um oponente com o menor número de disparos possível, e ainda, sem ser
necessário o uso de um calibre exageradamente grande, não é recente, como poderemos
perceber nos textos a seguir:

1. CAMPANHAS INGLESAS NA ÍNDIA

Algumas fontes apontam sua origem nas campanhas inglesas na Índia, no final do
século XIX. Os indianos eram oponentes muito resistentes, que continuavam a atacar os
soldados ingleses, mesmo após serem atingidos por diversos disparos.
Visando solucionar o problema, os ingleses idealizaram munições para armas
longas, no arsenal da província de Dum-Dum. O objetivo era justamente ampliar o poder
destrutivo em tecido humano. Alguns autores afirmam que os testes com o chamado
conceito Dum-Dum deram origem aos projéteis encamisados. Foram experimentados
projéteis com corte em cruz, secionados e com diversos tipos de pontas, inclusive,
primitivas hollow point (ponta oca).

Alguns tipos de projéteis desenvolvidos pelos militares ingleses do arsenal

de Dum-dum.

2. EXÉRCITO NORTE-AMERICANO

33
A partir de 1899, o exército norte-americano começou a realizar estudos nesta
área, pois também tiveram muitos problemas quando travaram batalhas com os fortes
guerreiros Moros, nas Filipinas, e as armas no calibre .38 Colt, que era o padrão das
tropas na época, não neutralizavam facilmente seus oponentes, nem após múltiplos
impactos.
O Major A. LaGarde, médico, e o Capitão John T. Thompson, o qual mais tarde
emprestaria seu nome a uma famosa submetralhadora, integraram a primeira comissão
de estudos sobre o poder de parada das munições sobre oponentes com compleição
física avantajada, influenciando diretamente o alto comando armamentista norte-
americano para a adoção do calibre .45 ACP.
Estes estudos foram publicados por volta dos anos 20, e concluíam em linhas
gerais, que as munições com projétil mais lento e mais pesado, tinham melhor poder de
parada em relação às mais leves e velozes.
Estes testes foram feitos utilizando-se cadáveres humanos e animais vivos (a
maioria com peso muito superior ao dos seres humanos), os quais resultaram no
desenvolvimento de tabelas de eficiência balística. Muitos estudiosos consideram
inconclusivos os resultados.

ARTIGO II

EFEITOS DE IMPACTOS BALÍSTICOS


NO CORPO HUMANO

1. CAVIDADE TEMPORÁRIA

É a cavidade aberta em um ser vivo (animal), por impacto de projétil propelido por
uma arma de fogo, que é representada por uma expansão momentânea de tecidos, veias,
artérias e órgãos, os quais, por sua elasticidade natural, retornam quase totalmente ao
seu estado anterior, assim que cessa a pressão do choque hidráulico causado pela
penetração do projétil.
Nem todos os especialistas consideram este, como um bom parâmetro para os
estudos dos efeitos balísticos, pois devido à elasticidade já citada, inerente aos tecidos
dos corpos de todos os animais, estes podem não ser danificados por ocasião de um
impacto balístico.

2. CAVIDADE PERMANENTE

É uma cavidade produzida da mesma forma que a anterior, porém, devido á


potência superior de impacto, gerada pelos efeitos de uma munição especial, como
expansão, maior velocidade, etc, ou pelo surgimento de impactos secundários muito
próximos do primeiro, causa uma destruição efetiva dos tecidos do corpo atingido,
aumentando o diâmetro do canal do ferimento e, conseqüentemente, causando um
trauma suficiente para a incapacitação rápida do alvo.
34
3. LOCALIZAÇÃO E PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO

Refere-se ao ponto de impacto, se atingiu região vital ou não e define o quanto um


projétil pode penetrar em um corpo e se este poderia atingir órgãos vitais, havendo, em
alguns casos, a necessidade de se considerar o acerto em ossos, o que pode desviar a
trajetória ou simplesmente reduzir a energia cinética do projétil.

4. MEDIDA FINAL DO PROJÉTIL

É o tamanho final do projétil, após ter perdido totalmente sua energia e parado
no interior do alvo.

ARTIGO III

ESTUDOS CIENTÍFICOS

Citaremos apenas os estudos que realmente seguiram uma linha científica,


realizados na área de poder de incapacitação das munições.

1. CRIAÇÃO DO ÍNDICE RELATIVO DE INCAPACITAÇÃO

35
Ao longo do tempo, outros testes foram realizados, e com os estudos científicos
das últimas décadas, foi desenvolvida uma gelatina balística, com elasticidade e dureza
similares a do tecido humano, como uma média das diversas partes do corpo, como
ossos, cartilagens e músculos.
Levou-se em consideração também, a pressão hidrostática do corpo humano,
gerada pelo nível de líquidos no organismo. Os resultados, divulgados em 1975 pela NIJ
(National Institute of Justice) dos EUA e revisados em 1983 e 1985 para incluir novas
munições e projéteis, provocaram tanto interesse quanto controvérsia, como por
exemplo, a afirmação de que o 9 mm parabellum era duas vezes mais efetivo que o .45
ACP, quando ambos utilizavam projéteis ogivais totalmente jaquetados.
Os resultados oficiais deste estudo foram publicados de forma detalhada e
completa em 1.983, contendo 157 páginas. Foi desenvolvida a partir deles, uma tabela
que determinava o que os pesquisadores chamaram de RII (Relative Incapacitation
Index) Índice Relativo de Incapacitação.
Eles criaram um “Computador Balístico Humano” (Computer Man), que era uma
tela tridimensional de formato humanóide. Essa silhueta era dividida em pequenos
volumes ou fatias de 1’’ (2,54cm) de espessura, da cabeça aos pés. Cada uma dessas
partes foi dividida em cubos de .2’’ x .2’’ (5mm x 5mm), e a eles eram imputados valores
de 1 a 10, de acordo com sua importância vital.
Levou-se em consideração a possibilidade de acerto dos disparos, obtidos em
simulações de combate real realizadas por soldados qualificados atirando em silhuetas
humanóides. Essa probabilidade de acerto, aliada ao valor de incapacitação atribuído a
cada cubo, gerou um valor definido por VI (Vunerability Index) Índice de vulnerabilidade.
Utilizando esse valor juntamente com as medidas obtidas nos disparos em gelatina
balística com 20% de concentração, o computador calculou o volume de cavidade
temporária a cada centímetro ao longo do “Computer Man”, as quais foram somadas,
permitindo obter o valor RII para cada calibre e tipo de ponta.
Foram simulados mais de 10.000 disparos frontais, sendo, sem dúvida, o estudo
mais completo, realizado até então. Um dos pontos negativos desta pesquisa, foi o fato
de não determinar uma evidência palpável, definindo se a cavidade permanente (aquela
registrada perfeitamente no bloco de gelatina) seria melhor que a temporária (que diminui
após o impacto devido à elasticidade dos tecidos), para indicar se haveria incapacitação
ou não de um agressor.
Outra crítica a este estudo, é que somente foram considerados impactos frontais,
sendo que nas estatísticas policiais, que veremos a seguir no estudo realizado por
Marshall e Sanow, demonstra que em 70% das ocorrências, os impactos não eram
totalmente frontais. Também foi dada muita importância à velocidade dos projéteis, que
pode ser reduzida se o oponente estiver com vestes muito grossas e o projétil for muito
leve e macio, condenando assim calibres que, na prática, sempre tiveram bons
resultados no que tange ao poder de parada, como o .45 ACP.

36
2. MARSHALL E SANOW

Ao final de 1.992, Após mais de quinze anos de pesquisa, os Policiais norte-


americanos Evan P. Marshall e Edwin J. Sanow, publicaram uma obra que não era
baseada em estudos científicos teóricos, mas no acompanhamento de diversos casos
reais de confrontos armados, lendo processos, visitando necrotérios e buscando
informações de testemunhas.
Ele procurou selecionar os casos em que era empregado um único tiro, na região
do tronco, sem levar em consideração múltiplos ferimentos, disparos em membros ou

37
cabeça. Assim, definiu como incapacitação os casos em que a vítima atingida entrou em
colapso antes de realizar um disparo ou outra reação, ou ainda, se não se deslocou mais
que três metros antes de cair.
Através de suas conclusões, foram elaboradas tabelas, definindo percentuais de
efetividade para cada calibre estudado, elencando ainda, o tipo e o peso do projétil
utilizado nas situações estudadas. Estas tabelas serão demonstradas nos anexos deste
trabalho.
Além dos estudos com ocorrências reais, esses dois pesquisadores testaram o
desempenho de muitas das munições utilizadas nas mesmas, em gelatina balística com
10% de concentração. Isto permitiu prever o desempenho real (prático) de novas
munições. As fórmulas desenvolvidas por Marshall e Sanow são as seguintes:

Stopping Power (SP)

 Conhecendo-se a profundidade de penetração (em polegadas)


SP = 85 – (.733 x profundidade)

 Conhecendo-se o diâmetro do projétil recuperado (em polegadas)


SP = 62,9 x diâmetro + 35,7 (projéteis com velocidade até 1.300 pés/s)
SP = (58,7 x diâmetro + 40,6) x 1,15 (velocidade maior que 1.300 pés/s)
 Conhecendo-se o volume da cavidade permanente (em polegadas³)
SP = 6,3 x volume + 45,0 (projéteis com velocidade até 1.300 pés/s)
SP = (5,3 x volume + 53,0) x 1,15 (velocidade maior que 1300 pés/s)
 Conhecendo-se o volume da cavidade temporária (em polegadas³)
SP = .92 x volume + 56,0

3. TESTES DE STRASBOURG

São considerados os testes mais confiáveis já realizados nessa área. Foram feitos
por uma equipe de dezoito pessoas, incluindo médicos, legistas, veterinários,
especialistas em computação e outros.
Foram abatidas 611 cabras alpinas francesas. Dos testes, 580 foram considerados
válidos. Os animais (todos machos, com peso entre 156 e 164 libras) foram escolhidos
por possuírem caixa torácica, capacidade pulmonar e peso, semelhantes aos seres
humanos. Foi inserido na carótida de cada animal um aparelho (transdutor) especial,
capaz de medir a pressão sangüínea à razão de 2000 vezes por segundo.
Foi instalado também um aparelho para a produção do eletro encefalograma, para
que os disparos só fossem efetuados quando o animal estivesse fora do estado de alerta,
sem o efeito da adrenalina, e também acompanhava os sinais cerebrais antes e durante
a execução.
Os disparos foram efetuados em um círculo de duas polegadas de diâmetro,
marcado no lado esquerdo do peito dos animais, quando estes estavam sendo
alimentados em uma manjedoura cônica especial, que os mantinha sempre na mesma
posição frente ao atirador. Os animais eram considerados incapacitados quando não
conseguiam levantar após serem atingidos e, caso permanecessem vivos por mais de

38
um minuto, eram definitivamente abatidos com um disparo de .22 LR na nuca, para evitar
o sofrimento.
O som dos disparos acionava cronômetros, fonte de luz estroboscópica com a
velocidade de um (1) flash por segundo e abria os diafragmas de duas máquinas
fotográficas de 35 mm, registrando todas as etapas dos testes. Após a morte, era
realizada a autópsia, onde eram verificados todos os dados como trajetória do projétil,
danos nos tecidos e órgãos, existência de fragmentos (principalmente de costelas que
porventura fossem atingidas) e outros dados que pudessem ser comparados aos aferidos
pelos aparelhos que eram instalados nos animais e as fotos.
Os resultados foram escalonados por ordem crescente do tempo médio de
incapacitação (AIT – Average Incapacitation Time) e tabulados em função do peso do
projétil, calibre, velocidade, momento e energia, mas separados entre os que atingiram
ou não uma costela na entrada, pois essa ocorrência mostrou ser a causa de grande
variação nos resultados.
Em resumo, os testes indicaram como melhores (menor AIT) os projéteis
fragmentáveis (Glaser e Magsafe), os expansivos que não transfixaram os animais
(hydra-shok, Silvertip e outros com princípio de funcionamento semelhante) e
condenaram o emprego de projéteis ogivais em calibre inferior ao .45 e todos aqueles
que transfixaram os animais.
Um detalhe muito importante a ser observado, é que os resultados dos testes de
Strassbourg aproximam-se muito dos que foram pesquisados por Marshall e Sanow nos
confrontos reais, inclusive os mesmos calibres e projéteis.

4. OUTROS TESTES

Vários outros testes, sem caráter científico ou não tão aprofundado como os retro-
citados, já foram apresentados. Alguns em forças de segurança como o FBI,
NAVY/CRANE (Marinha dos EUA), Polícia Montada do Canadá, entre outras, e também
por outros órgãos de pesquisa.
Estes testes possuem resultados aceitáveis, porém, não foram aqui descritos, pelo
fato de não tratarem especificamente do poder de incapacitação das munições.

ARTIGO IV

MUNIÇÕES DE ÚLTIMA GERAÇÃO

Observando as tabelas produzidas por Marshall, aliadas aos testes científicos já


realizados, podemos notar que projéteis leves, velozes e expansivos, produzem maior
quantidade de energia, mas que, a efetividade da transferência desta ao corpo do
oponente (a tecnologia utilizada em sua fabricação) é condicionante para a ocorrência da
incapacitação.

39
A partir destas conclusões, os fabricantes passaram a desenvolver munições das
mais variadas formas, utilizando muitos tipos de materiais, com a promessa de cada vez
mais aumentarem a transmissão de energia ao corpo atingido.
Nos últimos vinte anos, muitos tipos de projéteis especiais foram criados por vários
fabricantes, cada um defendendo sua tese de maximização dos efeitos de transmissão
de energia cinética ao alvo ou aumento das lesões e possibilidades de incapacitação
imediata de um agressor, ou, ainda, a perfuração de obstáculos e/ou blindagens.
Atualmente, podemos dividir as “munições especiais" feitas para ampliar o poder
de parada em expansivas, que se deformam, aumentando assim a cavidade temporal e
a energia do impacto; fragmentáveis, que transmitem sua energia através da
fragmentação de seus componentes; e híbridas, que atuam pela fusão dos dois
princípios de funcionamento retro-citados. Os modelos confeccionados para ampliar o
poder de perfuração, são conhecidos como “armour piercing” ou perfurantes de
blindagem.
Para a escolha da melhor munição a ser utilizada por órgãos de segurança,
acredito ser necessário, antes da compra de um grande lote, que estas sejam testadas
nas armas a que se destinam, verificando a sua correta ciclagem, bem como se os efeitos
balísticos são os desejáveis para a modalidade de policiamento a que se destinam.
Veremos abaixo, algumas das mais famosas munições especiais existentes no
mercado mundial:

1. SILVERTIP

Criada na década de 80, continua sendo uma das melhores munições


expansivas. No início, apresentava um projétil com núcleo de chumbo puro e uma jaqueta
de liga de alumínio e manganês que revestia o projétil tanto externamente, quanto no
interior da cavidade frontal, de onde adveio seu nome comercial (silver tip = ponta de
prata). Problemas de alimentação em algumas marcas de pistolas semi-automáticas,
forçaram a mudança para uma liga convencional de cobre e zinco e, para manter a
aparência e o nome comercial, a empresa foi obrigada a fazer um acabamento eletrolítico
com níquel nos projéteis.
Pelo fato de possuir uma jaqueta mais fina, especialmente na ponta, onde
possui uma borda serrilhada, propositadamente enfraquecida antes de o núcleo ser
colocado, e ainda, por utilizar um projétil um pouco mais leve do que os convencionais,
expande-se bem mais do que uma JHP comum.

40
2. HYDRA-SHOK

Foi desenvolvida no início dos anos 70, pelo conhecido projetista norte-
americano Tom Burczynski e inicialmente fabricados por uma companhia com o mesmo
nome, como sendo a munição que apresentava “a melhor e mais rápida expansão já
produzida”. Foram relançados no mercado em 1988, após os direitos de sua fabricação
terem sido adquiridos pela empresa norte-americana Federal, com o intuito de fazer
frente ao grande sucesso da Silver Tip da Winchester.
Constitui-se de uma modificação do projétil ponta oca comum, no qual foi
introduzida uma pequena haste metálica na cavidade frontal do projétil, para aumentar e
redirecionar a pressão dos fluidos no interior da mesma. A haste centraliza a pressão
dentro da cavidade, facilitando a expansão do projétil, pois com o impacto, os fluídos
existentes nos tecidos humanos penetram na cavidade frontal, causando um choque
hidrostático e fazendo com que a velocidade de entrada, somada à pressão destes
líquidos, deformem, expandam e fragmentem o mesmo com maior eficiência.

3. STARFIRE

41
Desenvolvida pelo mesmo projetista da Hydra-Shok, e levada ao mercado pela
PMC dos EUA. Produzida também pela norte americana Eldorado, este projétil apresenta
características especiais na cavidade frontal, para forçar a expansão. Possui o interior da
cavidade frontal especialmente construído, de forma que a pressão dos fluidos dos
tecidos do alvo expanda o projétil em cinco linhas de "stress", resultando em um projétil
expandido na forma de uma estrela de cinco pontas. A cavidade frontal aprofunda-se
quase na totalidade do comprimento do projétil, o que permite uma expansão de
praticamente o dobro do tamanho original.

4. GLASER

O projétil Glaser foi desenvolvido para dar origem a projéteis secundários no


momento do impacto, aumentando a possibilidade de que órgãos internos sejam
atingidos. Seu projétil é constituído por uma camisa de cobre, aberto na ponta e fechado
na base. Esta jaqueta oca é preenchida por balins, tendo uma versão preenchida com
chumbo nº 12 e com uma tampa ogival na cor azul, e outra com chumbo nº 6, com uma
tampa ogival de cor cinza. As esferas são comprimidas no interior do projétil, fazendo
com que percam um pouco seu formato esférico, tornando-se octagonais, o que aumenta
sua dispersão.
Extremamente leve, possui grande velocidade inicial, mantendo-se sólida até
o momento em que chega ao alvo, quando se fragmenta completamente, transferindo

42
toda sua energia. É ideal para confrontos urbanos, uma vez que não produz ricochetes e
na maioria dos casos não transfixa o objetivo.

5. MAGSAFE

A linha Magsafe de munições fragmentáveis inclui três cargas básicas por


calibre, que são a "Defender", a "Swat" e a "Max”.
A defender é o top de linha. Variando de calibre, os projéteis Defender são
constituídos por uma jaqueta de liga de cobre, cujo núcleo é composto de chumbos de
caça nº3 (EUA), aglutinados em resina epóxi. A defender utiliza projéteis leves, em
velocidades +P, o que permite que atravesse com facilidade obstáculos não muito
espessos, como portas, paredes finas e roupas pesadas, fragmentando-se no impacto
com alvos macios, como o tecido humano. A sua ponta é plana.

43
QUADRO COMPARATIVO

Magsafe Glaser

44
6. GOLDEN SABER

Desenvolvimento feito pela Remington e que introduziu alguns novos conceitos


nos projéteis, como a utilização de liga de latão (a mesma dos estojos – 70% cobre e
30% zinco) para a camisa do projétil, que é mais resistente que a liga usualmente utilizada
(95% cobre e 5% zinco), o que permite que o impacto cause maior dano em termos de
destruição de tecidos. O projétil possui dois diâmetros, sendo o traseiro igual ao do fundo
do raiamento e o dianteiro igual ao do cheio, o que diminui o atrito do projétil com o cano,
permitindo um melhor deslize e alinhamento do projétil, além não danificar o raiamento
pelo fato de estar utilizando uma liga mais resistente na camisa. A camisa possui pétalas
com cortes completos e virados na ponta, formando uma hélice, os quais permitem a
formação do cogumelo utilizando menos energia, já que a camisa não precisa ser
rompida, mas simplesmente dobradas nos cortes.
Esta munição já foi testada e comporta-se bem, independente do tipo do passo
de raia (dextrógiro ou sinextrógiro).

7. CCI – SPEER "GOLD DOT"

O nome vem de um pequeno ponto de cobre (disco) colocado no interior e no


fundo da cavidade frontal do projétil. Após a expansão, o ponto ("dot") fica visível,
indicando que o projétil alcançou expansão máxima, e ainda retém o peso e volume para
uma boa penetração.
A fabricação da Gold Dot inicia em um "slug" (tarugo) de chumbo. Este núcleo
de chumbo é laminado com cobre puro a uma espessura de .007 a .010, dependendo do
calibre e peso do projétil. No projétil 9mm de 115 grains, por exemplo, a jaqueta sozinha,
pesa 11 grains. Esta jaqueta é quimicamente fundida ao núcleo de chumbo, e eles não
se separam no impacto contra o alvo: permanecem fundidos. Esta munição é bastante

45
utilizada por órgãos policiais nos EUA, devido a sua característica de não separação do
núcleo e da jaqueta, mesmo a altas velocidades, mantendo sua expansão em obstáculos
como o vidro.

8. WINCHESTER "BLACK TALON"

É uma HP com camisa de cobre, revestida por uma camada de Teflon negro.
A base do projétil é aberta, e a camisa, mais grossa na ponta, assegurando maior
retenção de material, mesmo em deformações extremas.
Funciona como uma ponta oca comum, mas graças ao seu serrilhado na ponta
e ao desenho da abertura frontal, somado à espessura diferenciada da jaqueta, ao
deformar-se, o projétil se expande, abrindo-se seis "pétalas" que funcionam, segundo o
fabricante, "como dentes de uma serra circular", aumentando os efeitos traumáticos. A
camisa metálica que penetra da cavidade frontal do projétil, rompe-se deixando-se à
mostra.
A black Talon foi a primeira munição desenvolvida, na qual a jaqueta é de suma
importância para aumentar as lesões provocadas no alvo, notando-se tal fato pelo
formato extremamente agressivo do projétil, após sua expansão.

46
9. "THV"

Criado pela empresa francesa SFM, a sigla THV ( abreviatura de "Très Haute
Vitesse", ou munição de alta velocidade) propõe-se a aumentar os efeitos lesivos através
do impacto do projétil em altíssimas velocidades.
Devido à leveza e ao formato do projétil, o mesmo atinge velocidades altíssimas,
porém tal velocidade cai rapidamente pelo mesmo motivo, sendo esta munição indicada
somente para curtas distâncias. Causa intensa cavidade temporária no alvo e
conseqüentemente excelente poder de parada.
A THV, ao contrário das munições JHP, expande-se da base para a ponta,
possuindo pouco poder de perfuração, porém causando um ferimento bem maior.

47
10. "Metal Piercing" ou "Armour Piercing"

Não se trata de uma munição específica, mas é a denominação genérica de


projéteis destinados a penetrar obstáculos e blindagens leves, como coletes de proteção
balística. É constituído de um projétil totalmente encamisado, de ponta cônica,
normalmente pontiaguda, com uma jaqueta densa, de liga especial.
São construídas em materiais mais rígidos do que o chumbo, sendo comuns
projéteis deste tipo com núcleo de aço, bronze ou tungstênio.
Algumas delas possuem o projétil revestido em Teflon, o que garante uma
melhoria na balística no interior do cano, aumentando o deslize e não causando danos
ao raiamento. Dois exemplos são a SS 190 e a CTW.

48
UTILIZADO NA SUBMETRALHADORA FN – P 90
Atravessa blindagem nível III-A a 200m

MUNIÇÃO KTW

11. STINGER .22 LR

Cartucho de alta velocidade desenvolvido pela CCI. Em armas de cano longo


(24’’) o projétil tem, praticamente, a mesma energia cinética de um .38 Special de
chumbo ogival, disparado em um revólver com 4’’ de cano.

49
12. NYCLAD

Originalmente, os proéteis foram desenvolvidos e fabricados pela Smith Wesson,


quando a empresa ainda possuía fábrica de munições. Produzidos com uma capa
externa em nylon, eram destinados a reduzir a poluição em estandes fechados,
causada pela emissão de partículas de chumbo oriundas do atrito do projétil com o
cano.
A federal adquiriu as patentes para a fabricação dos Nyclads e a utilização desses
projéteis para defesa e uso policial, decorreu da sua excelente capacidade de
expansão, pois como são protegidos pelo nylon, a liga de chumbo utilizada pode ser
bem mais mole, pois não entra em contato com o raiamento, evitando o arrasto e
chumbeamento no interior do cano.

13. TRITON QUICK-SHOK

Fabricada pela norte-americana Triton. O projétil se assemelha a uma JHP


convencional, mesmo se olhada de perto. No impacto, inicia sua expansão como uma
JHP convencional, no entanto, continua a expandir até que seu núcleo de chumbo

50
fragmenta o projétil em três pedaços iguais. Cada fragmento toma uma direção separada
em uma trajetória cônica de dispersão, penetrando no alvo de 9 a 11 polegadas. Ela
transfere energia mais rapidamente do que outras munições especiais, tendo em vista a
fragmentação de seu projétil, causar intensa desrupção de tecidos. É considerada uma
munição híbrida, funcionando primeiramente como expansiva e posteriormente como
fragmentável, guardando bem mais a última característica citada.

14. DIXON "OMEGA STAR"

Possui também um projétil híbrido, criada em 1994 por Rick Dixon. O projétil
se assemelha a uma JHP comum, mas a metade superior de seu núcleo é composta de
chumbo de caça nº 2 e 4, prensados em um bloco solidamente agregado.
Ao expandir, as bordas da jaqueta também atuam como as garras da Black
Talon; no impacto, expande como uma JHP comum. Após o impacto e a expansão inicial,
libera sua carga de chumbos no interior do alvo a partir da parte frontal do núcleo. Os
chumbos penetram no alvo cerca de cinco polegadas.
Esta é uma das mais modernas e eficientes munições High Tech, sendo que
além do excelente poder de parada, ocasionado pela produção de larga cavidade
temporária, múltiplas lesões causadas pelos chumbos e a rápida transferência de
energia, ainda mantém precisão, alcance, facilidade em ciclar em armas semi
automáticas e penetração profunda.

51
52
PARTE II

CALIBRES DE CAÇA

53
- CALIBRES DE CAÇA -
As armas de caça, representadas pelo Calibre 12 ou Gauge 12(termo em inglês
que significa medida ou bitola, bastante utilizado com armas de caça), estão sendo
utilizadas nas forças policiais e militares do mundo todo, há muitos anos. Com as devidas
adaptações (principalmente encurtamento de cano), a espingarda GA 12 demonstra até
os dias de hoje ser uma excelente arma, principalmente se utilizada com munições
adequadas ao combate urbano.
Até pouco tempo atrás, as policias brasileiras utilizavam uma munição que não
atendia tão bem a este quesito. Era a conhecida 3T ou TTT, que possui bagos de chumbo
consideravelmente pequenos (5,50mm), o que causava uma dispersão acentuada,
aumentando o risco de serem atingidos inocentes por ocasião de um disparo, além da
perda rápida de energia pela leveza dos balins, o que restringia o uso da arma para curtas
distâncias.
Além de muitos outros detalhes, veremos principalmente que, com a escolha
acertada da munição e o uso judicioso desta arma, a espingarda Gauge 12 é uma das
mais eficientes e indispensáveis ao serviço policial.

CAPÍTULO I

MUNIÇÕES PARA ARMAS DE CAÇA


DE ALMA LISA

ARTIGO I

GENERALIDADES

Os calibres das espingardas de chumbo foram estabelecidos há muitos anos e


não foram baseados em qualquer sistema convencional de medida. Converteu-se uma
libra (453,6 gr) de chumbo puro, em 12 esferas de igual peso e diâmetro. Se uma dessas
esferas se encaixasse perfeitamente num determinado cano, o calibre era 12, e assim foi
feito também com os demais existentes, com exceção do 36, pois seguindo o mesmo
critério, seria o calibre 67. O calibre 36 corresponde a 0,410 da polegada, ou seja,
10,414mm.
A medida do diâmetro da alma de canos sem raiamento pode variar em 0,40mm,
conforme ficou estabelecido na convenção de Stutgart em 1913. Esta diferença pode
ocorrer devido à broca utilizada na perfuração dos canos ser nova ou usada.

Acompanhe no quadro abaixo:

54
CALIBRE DIÂMETRO EM mm
10 19,3 –19,7
12 18,2 – 18,6
16 16,8 – 17,2
20 15,6 – 16,0
24 14,7 – 15,1
28 14,0 – 14,4
32 12,75 – 13,15
36 410 ou 10,414

1. PARTES DO CARTUCHO

2. CÂMARA

55
Existem dois tamanhos de câmaras nas espingardas de caça: 70 mm (2 ¾ “) e
75 mm (3”). A maioria das espingardas possui câmara 70mm, mas as adotadas para
alvos distantes, têm câmara mais extensa, capaz de alojar os cartuchos Magnum, que
possuem maior carga de projeção.
Normalmente as armas vêm com uma inscrição no cano, definindo o tamanho
da câmara, que é um detalhe a ser observado, pois os cartuchos de caça não ocupam
todo o espaço interno das câmaras, havendo uma pequena folga para o cartucho, o que
permite a expansão do mesmo por ocasião do disparo. Sendo assim, não devemos tentar
utilizar uma munição de 3’’ numa arma que não a comporte, pois são grandes as chances
de um acidente de tiro, podendo ferir o usuário.

3. MUNIÇÕES PARA USO POLICIAL

Existem três tipos de munições no Gauge 12 que se enquadram bem ao


combate urbano, que são a “SG”, “SG Magnum” e o “Balote” ou “Slug”.

a. “SG” E “SG MAGNUM”

Os bagos de chumbo que compõem esses cartuchos são conhecidos por


Super Grosso (SG), com diâmetro de 8,1mm em média, pouco maior que a munição .32.
Nos EUA, esta munição é conhecida como “00 Buckshot”.
A primeira é composta por nove balins de chumbo e tem 70mm (2¾’’) de
comprimento. A segunda é composta por doze balins de chumbo, tem 75mm (3’’) de
comprimento e possui carga de projeção maior (denominação magnum).
Em testes práticos, pudemos notar que o grupamento da chumbada da SG
demonstra um resultado melhor, devido ao número menor de esferas. A SG Magnum,
apesar de ter uma dispersão maior, possui mais energia de impacto em cada esfera,
devido à carga de pólvora mais acentuada.
Para se ter um parâmetro de referência, a energia de impacto dos nove
balins da SG, é 3,5 vezes maior que o da munição .357 Magnum.

b. “BALOTE” OU “SLUG”

O Balote é constituído por um projétil único de chumbo. Seu poder de


incapacitação é enorme, se comparado a outras munições para uso policial. Até trinta
metros de distância, podemos comparar sua energia a um disparo de fuzil, porém, como
se trata um projétil muito maior do que o desta arma, a destruição de tecidos também é
maior.
Pelo fato das espingardas de alma lisa não proporcionarem rotação ao
projétil, este perderá sua energia e trajetória tensa numa distância bem mais curta do que
as de alma raiada, mas já existem alguns tipos de balotes com sulcos usinados neles
próprios, melhorando seu desempenho, além do que, é comprovado estatisticamente que
a maioria dos confrontos armados policiais acontece entre cinco a dez metros de
distância.
56
4. CHOKE

As primeiras espingardas possuíam canos totalmente cilíndricos, ou seja,


tinham o mesmo diâmetro da câmara à boca. Com o passar dos anos, alguns fabricantes
adotaram o “CHOKE”, que é um ligeiro estreitamento do diâmetro interno do cano, junto
ou próximo da boca do mesmo. Serve para propiciar um estrangulamento dos bagos de
chumbo provenientes do disparo, melhorando o grupamento de tiro. As variações de
choque possuem medidas em milímetros, as quais diminuem de acordo com o calibre da
arma.
Existem algumas variações de Choke que serão demonstradas adiante, mas é
importante frisar que no Choque Pleno ou “Full Choke”, pode haver uma variação (no
calibre 12, por exemplo) de 9 décimos de milímetro a 1,1mm, ocorrendo o mesmo para
os demais calibres nesta proporção.
Se uma espingarda Gauge 12, cujo cano com diâmetro interno de 18,50mm,
tem um estrangulamento de 1mm no choque pleno (reduzindo o diâmetro para 17,5 na
boca do cano), uma espingarda 36, cujo diâmetro do cano é de 10,40mm, o estreitamento
para se obter choque pleno será conseqüentemente menor, aproximadamente de meio
milímetro (10,4 / 10).
Existem algumas armas que possuem um tipo de choke removível, semelhante
a um quebra-chama de fuzil.
É contra-indicada a utilização de “Slugs” em espingardas com choke, pois
dependendo do estrangulamento do cano, há a possibilidade do rompimento do mesmo
ou a parada do projétil em seu interior.

CALIBRES
CHOQUE 12 16 20 24 28 32 36
PLENO 1,00mm 0,85mm 0,75mm 0,75mm 0,65mm 0,55mm 0,45mm
¾ 0,75mm 0,65mm 0,55mm 0,55mm 0,45mm 0,45mm 0,30mm
½ 0,50mm 0,45mm 0,35mm 0,35mm 0,30mm 0,20mm 0,20mm
¼ 0,25mm 0,25mm 0,20mm 0,15mm 0,15mm 0,10mm 0,10mm
CILIND. - - - - - - -
SKEET 0,20mm 0,17 0,15mm 0,12mm 0,10mm 0,10mm -

 GRUPAMENTO

57
O grupamento da chumbada depende do tamanho do choke utilizado. É
determinado pelo número de impactos que atingem um alvo padrão de 75cm de diâmetro
a uma distância pré-determinada de 35 metros.
A porcentagem de impactos que atingem o alvo deve variar pouco se
disparados com uma mesma arma, sendo fatores determinantes o tamanho do cartucho,
a carga de pólvora e o tamanho e o número de bagos de chumbo que compõem a
munição.
Mais importante do que o número de impactos, é a sua distribuição uniforme
no alvo, pois isto demonstra se a carga de pólvora está coerente em relação à chumbada.
Caso tenhamos excesso de chumbo em relação à carga de projeção, termos um tiro
grupado, porém com pouca eficiência. Já no caso contrário, muita pólvora em relação à
chumbada, teremos uma dispersão maior e irregular.
Quanto mais fechado for o choke da arma, maior será o alcance desta.
Podemos exemplificar dizendo que o grupamento de um determinado calibre, utilizando
o choke pleno a uma distância de 35m, será muito semelhante ao conseguido com o
“meio choke” a 30m e com ¼ de choke a 25m.

 Os bagos de chumbo (ou aço) se deslocam no ar em forma de gota ou como


um enxame de abelhas, sendo que a dispersão aumenta conforme os projéteis se

58
afastam da arma, e como vimos anteriormente, o choke utilizado determina a maior ou
menor dispersão.

 TAMANHOS DOS CHUMBOS

Na figura abaixo, veremos alguns dados sobre o diâmetro em


milímetros e os números convencionados para cada tamanho de chumbo utilizado no
carregamento de cartuchos de caça, com exceção aos indicados para uso policial:

Diâmetro em mm

Nº do chumbo

2. MUNIÇÕES PARA ARMAS DE CAÇA DE ALMA RAIADA

Os animais são classificados em grupos de acordo com seu tamanho e peso,


porém, na prática, essa divisão apenas serve como base para a escolha da arma e do
calibre que devem ser utilizados para abater adequadamente um determinado animal.
Os calibres pequenos, como o .220 swift por exemplo, são mais utilizados com o
que os norte americanos chamam de “varmints”, animais até 60 Kg em média, como
lebres, cachorros de pradarias, etc., e o disparo deve ser efetuado, no máximo, a 500m
de distância.
Os calibres médios, como o .264 Winchester, são utilizados para abater animais
entre 120 a 130Kg.
E também temos aqueles conhecidos comercialmente como “grandes calibres de
caça”, constando deste rol somente aqueles que atingem, no mínimo, 3.000 libras-pé de
energia na boca do cano. São Utilizados para caça de animais de grande porte, como
búfalos e até mesmo elefantes.
59
60
UNIDADE III
PROTEÇÕES BALÍSTICAS
E
NOÇÕES DE BALÍSTICA EXTERNA, INTERNA E TERMINAL

DEFINIÇÕES

61
1. BALÍSTICA FORENSE
É uma disciplina, integrante da Criminalística, que estuda as armas de fogo, sua
munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação
direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.
A Balística Forense, por meio dos exames, das perícias, objetiva provar a
ocorrência de infrações penais, mas, também, e principalmente, esclarecer o modo, a
maneira como ocorreram tais infrações. Seu conteúdo é, por natureza, eminentemente
técnico, mas sua finalidade específica é jurídica e penal, motivo pelo qual recebe tal
denominação.

2. DIVISÃO DA BALÍSTICA
a. Balística
É a ciência e arte que estuda integralmente as armas de fogo, o alcance e a
direção dos projéteis por elas expelidos e os efeitos que produzem.

b. Balística Interna ou Balística Interior


É a parte da balística que estuda a estrutura, os mecanismos, o funcionamento
das armas de fogo e a técnica do disparo, bem como os efeitos da detonação da espoleta
e deflagração da pólvora dos cartuchos, no seu interior, até que o projétil saia da boca
do cano da arma. Na combustão da pólvora, ocorre uma transformação química que gera,
quase que instantaneamente, uma grande quantidade de gases, em alta temperatura. A
força expansiva destes gases fornecerá o trabalho necessário para que seja expelido o
projétil.

c. Balística Externa ou Balística Exterior


Estuda a trajetória do projétil, desde o momento em que abando o cano da
arma, até sua parada final. Analisa as condições do movimento, velocidade inicial do
projétil, sua forma, massa, superfície, resistência do ar, a ação da gravidade e os
movimentos intrínsecos.

62
MOVIMENTOS QUE INFLUENCIAM NA TRAJETÓRIA DO PROJÉTIL:

 Rotação: com a introdução do raiamento ao cano das armas de fogo,


estas passaram a imprimir um movimento secundário ao projétil, em torno de seu eixo de
deslocamento: a rotação.
Um elemento importante a ser considerado na rotação de um projétil, é o passo
do raiamento.
Nas armas longas, o comprimento do cano possibilita ao projétil efetuar várias
revoluções em torno de seu eixo. Nas curtas, porém, o cano possibilita apenas uma
fração de passo. É o passo que determina maior ou menor rotação do projétil.
O sentido de rotação do raiamento não tem importância alguma sobre o
projétil, a maioria dos fabricantes de arma opta pelo raiamento à direita ou destrógiro.

 Precessão: entende-se pelo deslocamento angular do eixo de simetria


do projétil, compreendido entre dois máximos, deslocamento este que gera um cone de
revolução.
 Nutação: é o movimento epiciclóide do eixo do projétil, ao deslocar-se
na periferia do cone determinado pelo movimento de precessão. Este é o menor dos
movimentos, manifestando-se por uma pequena vibração do projétil.

63
d. Balística dos Efeitos ou Balística Terminal
Pode ainda ser chamada de balística do ferimento. Estuda os efeitos
produzidos pelo projétil desde que abandona o cano da arma até atingir o alvo. Além de
estudar em especial as lesões traumáticas, que liga a balística de forma direta com a
medicina legal, incluem-se nesta área possíveis ricochetes, impactos, perfurações e
lesões externas ou internas de qualquer corpo atingido.

64
PROTEÇÕES BALÍSTICAS

1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO BALÍSTICA

São essenciais para a salvaguarda da vida de qualquer profissional de segurança e


pessoas que possam ser consideradas alvos em potencial do ataque de marginais.
Apresentam-se em diversas versões como: coletes, capacetes, escudos, proteções para
partes diversas do corpo (cintura pélvica, pernas, ombros, etc), além de blindagens
veiculares e em edificações. Pelas características do material de que são constituídos,
suportam o impacto balístico de determinados calibres, sem permitir a transfixação,
amenizando o trauma, de acordo com seu nível de proteção.

a. PRINCÍPIOS BÁSICOS

 IMPACTO BALÍSTICO

Parte da Energia Cinética do projétil se consome em trabalho de deformação com


o choque hidrodinâmico (corpo humano = meio líquido), causando destruição ou
dilaceração de tecidos, vasoconstrição dos capilares e isquemia, surgindo considerável
Energia Térmica.
O material do alvo reage à ação do projétil, opondo-lhe força igual e de sentido
contrário.
 A Energia Cinética eqüivale ao trabalho realizado sobre um obstáculo que detém o
móvel.
Ex: 9mm
- Velocidade do Projétil: 335m/s
- Energia Cinética: 450 joules
7,62mm
- Velocidade do Projétil: 856 m/s
- Energia Cinética: 3561 joules

65
 COMO AGEM AS FIBRAS BALÍSTICAS?
Quando um projétil disparado por uma arma de fogo
se impacta contra uma proteção balística flexível
(colete nível II, por exemplo), ele se engaja num
emaranhado de fibras muito resistentes. Estas fibras
absorvem e dispersam a energia do impacto, fazendo
com que o projétil se deforme, normalmente ficando
como um “cogumelo”. A energia adicional é absorvida
nas camadas subseqüentes do material, até que o
projétil tenha parado.

 LIMITE BALÍSTICO

É a velocidade de um determinado projétil, que um material balístico, numa


determinada espessura, pode parar.

E.C. do projétil
Variáveis Configuração do material do projétil
Forma, posição e material do alvo

 MEDIDA DO TRAUMA

O NIJ (NATIONAL INSTITUTE OF JUSTICE), Órgão responsável pela definição dos


níveis balísticos dos coletes e a prescrição dos calibres que cada um deve suportar,
determina que o trauma balístico aceitável em uma vítima utilizando uma veste com o
nível de proteção adequado à munição utilizada num eventual disparo, não pode
ultrapassar a 44 mm. Os testes normalmente são feitos e mensurados em um material
denominado plastilina ou em blocos de argila, que reagem aos impactos de forma similar
ao corpo humano.

66
TRAUMA

44mm

 PROTEÇÕES CONTRA PROJÉTEIS PERFURANTES (ARMOR PIERCING)

Protegem contra disparos de armas mais potentes, como os fuzis. São placas rígidas
que podem ser anexadas nos coletes nível III e IV, colocadas em bolsos feitos sob
medida, somente na parte frontal. São confeccionadas em cerâmica especial, na parte
mais externa, para fragmentação e dissipação de energia, a qual fixa-se em um apoio de
aramida.

67
 EFEITOS POSSÍVEIS DO IMPACTO NO PROJÉTIL
 ALTERAÇÃO NA MASSA (DEFORMAÇÃO)
FRENAGEM
 DEFLEXÃO
 FRAGMENTAÇÃO
 ENERGIA TÉRMICA
 FUSÃO

 FATORES PARA O PODER DE PERFURAÇÃO E/OU PARADA DO PROJÉTIL


 ENERGIA CINÉTICA
 ENERGIA RESIDUAL
 CALIBRE
 FORMATO (SEÇÃO FRONTAL)
 DUREZA
 RESISTÊNCIA DO ALVO
 ORIENTAÇÃO DO EIXO DE SIMETRIA DO PROJÉTIL (ÂNGULO)

68
 TESTE EM PASTA DE ALGODÃO

69
E.C. = m . v²
2
E.C. = Energia Cinética
m = Massa (peso do projétil em Kg)
v = velocidade em metros por segundo

E.C. = 10,238 g . 265²m/s


2

E.C. = 0,010238 Kg . 70.225m/s E.C. = 359 Joules


2

 NÍVEIS DE PROTEÇÃO
Os níveis da tabela a seguir valem para todos os equipamentos de proteção balística.

NÍVEIS DE PROTEÇÃO BALÍSTICA

70
N
í
Massa Nominal do
vMunição de Teste Velocidade exigida do projétil
Projétil
e
l
.38 Special Chumbo RN 10,2 g (158 gr) 259 m/s (850 pés/s)
I
.22 LRHV Chumbo 2,6 g (40 gr) 320 m/s (1.050 pés/s)
I. 357 Magnum JSP 10,2 g (158 gr) 381 m/s (1.250 pés/s)
I
9 mm FMJ 8,0 g (124 gr) 332m/s (1.090 pés/s)
A

I. 357 Magnum JSP 10,2 g (158 gr) 425 m/s (1.395 pés/s)
I 9 mm FMJ 8,0 g (124 gr) 358 m/s (1.175 pés/s)
. 44 Mag. Chumbo SWC Gas 15,55 g (240 gr) 426 m/s (1.400 pés/s)
III A
9 mm FMJ 8,0 g (124 gr) 426 m/s (1.400 pés/s)
III 7,62 FMJ (Win .308) 9,7 g (150 gr) 838 m/s (2.750 pés/s)
IV .30-06 AP 10,8 g (166 gr) 868 m/s (2.850 pés/s)

DADOS IMPORTANTES

CALIBRE VELOCIDADE = M/S ENERGIA = JOULES


. 22 STANDART 230 143
. 22 HYPER VELOCITY 457 223
. 380 ACP 290 266
. 38 SPL 230 270

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. 38 SPL+P EXPO 266 362
9 MM LUGER 335 450
. 40 S&W 347 605
. 45 ACP 255 480
7.62 MM (.308 WIN) 856 3561
. 223 REM 988 1738
. 357 MAG 376 724

b. COLETE BALÍSTICO

Equipamento essencial a qualquer modalidade de policiamento, pois recobre a


maior porção do nosso corpo, protegendo órgãos vitais como o coração e pulmões. Seria
correto afirmar que o colete balístico, num futuro não muito distante, vai ser peça
indispensável do próprio fardamento PM.
Devido à evolução no desenvolvimento de materiais menos volumosos com
propriedades balísticas, até mesmo operando à paisana o Policial pode estar protegido
sem mostrar o colete, obviamente com exceção de quando utilizado com trajes leves,
como uma camiseta, que não permite a dissimulação do equipamento, podendo
comprometer investigações.
Para uma utilização mais proveitosa desta veste balística, devemos conhecer seus
pontos fracos e minimizá-los com uma posição de tiro correta, assunto este que será
estudado à frente, no capítulo específico de táticas.

NÍVEIS MAIS UTILIZADOS EM FORÇAS POLICIAIS E MILITARES

1) Nível II
Normalmente utilizado nas rádio-patrulhas, rondas táticas e serviço velado,
pois devido à leveza e compacidade, não prejudicam os movimentos e também são
relativamente confortáveis se comparados a níveis superiores. Tendo em vista a duração

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dos turnos de serviço, seria impraticável (com os materiais que existem atualmente) a
utilização de um colete com nível de proteção maior, pois o peso e o volume, além de
prejudicarem a mobilidade do policial, com o passar do tempo poderiam trazer problemas
na coluna vertebral.

2) Nível III / IV
Estes coletes são confeccionados em nível III-A, e a parte anterior pode ser
reforçada pela placa de cerâmica, tornando-os nível III ou IV (dependendo do nível da
placa). Este modelo de colete é indicado para equipes táticas, e são bastante eficientes
em confrontos a curta distância em ambientes confinados, devido a absorver muito bem
o impacto balístico, possibilitando uma reação rápida do policial, mesmo após ser
alvejado.

c. ESCUDO BALÍSTICO

Apresenta-se em diversos tamanhos, com ou sem visor. Alguns modelos possuem


empunhadura ambidestra, mas a maioria é fabricada somente para empunhadura destra.
O mais utilizado é o nível II (padrão PMPR), devido os de nível superior serem
excessivamente pesados. Existem alguns modelos, maiores que o padrão mais utilizado,
com rodas, porém a aplicação prática é bastante restrita.
É uma importante ferramenta tática, mas também é muito perigosa. O escudo pode
oferecer uma falsa sensação de segurança, pois à primeira vista sugere uma proteção
total da equipe, mas não é tão simples. Ele exige um bom adestramento dos usuários,
principalmente daquele que o transporta. Não é raro que policiais que estão aprendendo
a trabalhar com o escudo, ao se depararem com uma ameaça abaixem-se sem avisar a
equipe (devemos lembrar que numa progressão bem abrigada, somente o escudeiro
enxerga à frente), deixando expostos os demais. Outro erro comum, é que o condutor do
escudo queira disparar contra um oponente, ao invés de avisar a equipe para que engaje
o alvo. Nossa opinião é que o escudeiro deve estar sempre empunhando sua arma de
porte apoiada no escudo, mas só fará disparos quando deparar-se com uma ameaça

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muito próxima (tiro encostado), caso contrário, adotando o procedimento já citado, dois
operadores devem sair de trás do escudo, um para cada lado em diagonal ao alvo,
formando sempre duas frentes de tiro (técnica básica).
A maioria das situações, inclusive envolvendo reféns, pode ser resolvida sem o
escudo, pois ele tira a velocidade das ações. Em contrapartida, existem situações em
que se torna impossível a execução sem seu emprego, como progressão em alguns tipos
de escadas, corredores muito longos e galerias de presídios. Diferente das demais
proteções balísticas individuais, o escudo sempre vai estar protegendo mais de um
policial, porém sob a responsabilidade de apenas um. Sendo assim, quem possui este
equipamento deve treinar freqüentemente com sua equipe.

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d. CAPACETE BALÍSTICO

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É a proteção que recobre a área vital que abriga nosso principal órgão, o cérebro.
O capacete balístico deve possuir um pequeno espaço interno, para que possíveis
deformações do material no momento do impacto não atinjam a cabeça.
É contra-indicado para utilização prolongada por ser consideravelmente pesado.
É normalmente empregado por tropas de choque ou equipes táticas.
Pode ser utilizado com a viseira balística ou com óculos tático anti-fragmentação.
O primeiro acessório torna praticamente impossível a execução de um disparo preciso
com armas longas, pois dificulta a visada, o segundo possibilita o uso de armas longas,
porém não oferece proteção balística na área do rosto, mas somente contra estilhaços
de ricochetes. O comandante deve definir a forma de utilização de acordo com a missão.
O padrão PMPR para o policiamento convencional é o nível II.

 CORTE LONGITUDINAL

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 COPOSIÇÃO DO MATERIAL DO ESCUDO E CAPACETE

e. ACESSÓRIOS BALÍSTICOS
Existem equipamentos opcionais para a proteção balística de outras partes do
corpo, como ombreiras (artérias braquiais e coração), peças em formato triangular (ou
formato similar) que são encaixadas nos coletes e protegem a virilha e parte da coxa
(artéria femural), caneleiras balísticas para proteger as pernas que nos dão a
sustentação.

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