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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

(SEL-402)

APOSTILA DE LABORATÓRIO

CONTROLADOR CA MONOFÁSICO

APLICAÇÕES EM OPERAÇÃO COM CONTROLE DE FASE

2003

Autor: Prof. Dr. Azauri Albano de Oliveira Jr.

Colaboração e sugestões: Prof. Dr. Manoel Luís de Aguiar

Prof. Jerson B. de Vargas


1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os controladores de tensão CA possuem, hoje em dia, um vasto campo de apli-
cações, entre as quais podemos citar: reguladores de intensidade luminosa de lâmpa-
das de filamento (dimmers), controle de velocidade de ventiladores residenciais, con-
trole de temperatura, chaves de partida suave de motores de indução (soft-starters),
chaves estáticas, etc...
Dependendo da aplicação a que se destina, os controladores CA podem ser o-
perados no modo de controle de fase ou no modo de controle liga/desliga (on/off).
Conforme já é de conhecimento dos estudantes, o controlador CA basicamente é
constituído de dois retificadores de meia-onda em antiparalelo (figura 1). O circuito de
potência do controlador CA é constituído de dois SCR’s em paralelo, podendo ser utili-
zado, normalmente para baixas ou médias potências, um TRIAC (Tiristor CA).

vAK1=-vAK2

i1
ii i0
A C

i2 vR R
vs vi v0

vL L

B D

Figura 1: Circuito básico de potência de um controlador CA monofásico.

O TRIAC é um dispositivo da família dos tiristores constituído de cinco camadas


PNPNP. A figura 2 apresenta a estrutura básica de cinco camadas de um TRIAC. Seu
funcionamento equivale à estrutura de dois SCR’s am antiparalelo, conforme pode ser
visto na figura 2c. A figura 2a apresenta o símbolo utilizado em diagramas de circuitos
para o TRIAC.
A figura 3 apresenta as curvas características estáticas reais e ideais de um
TRIAC. Como pode depreender-se destas características, o TRIAC pode operar no

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primeiro ou terceiro quadrante com correntes e tensões positivas e negativas. Desta
forma, ele é um dispositivo essencialmente para a utilização em aplicações CA.
Os disparos deste semicondutor podem se dar das mesmas formas que aquelas
explanadas para os SCR’s (vide apostila da prática anterior). A forma preferencial de
disparo de um TRIAC, na grande maioria das aplicações, se dá por injeção de corrente
no terminal de porta. Diferentemente do SCR, o TRIAC pode ser disparado com sinais
de corrente/tensão (de porta para T1) positivos ou negativos, de tal forma, que qual-
quer das possibilidades listadas abaixo são permitidas:
a) VT2T1>0; VGT1>0 b) VT2T1>0; VGT1<0 c) VT2T1<0; VGT1>0 d) VT2T1<0; VGT1>0.

Figura 2: a) Estrutura básica de um TRIAC. b) Símbolo. c) Estrutura equiva-


lente com dois SCR's em antiparalelo.

Figura 3: a) Circuito com TRIAC. b) Características estáticas reais. c) Caracte-


rísticas estáticas ideais.

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O diagrama esquemático da figura 4 apresenta um controlador CA monofásico
utilizando um TRIAC como dispositivo de controle. O circuito de controle de disparo da
porta do TRIAC deve ter as mesmas características de um circuito de disparo para
SCR’s. Desta forma, os métodos de disparo, bem como o diagrama funcional geral de
um circuito de disparo apresentados nos itens 2 e 3 da apostila anterior também são
válidos para a construção de um circuito de controle de disparo de um controlador CA
com TRIAC. Normalmente, o mesmo circuito utilizado para disparar um TRIAC de um
controlador CA pode ser utilizado para disparar dois SCR’s em antiparalelo conforme a
estrutura apresentada na figura 1.

Carga

Circuito de
Fonte CA
Controle
(Disparo) da
Porta

Figura 4: Controlador CA com TRIAC.

Esta prática tem como objetivo principal fazer com que o estudante entre em
contacto com as estruturas de controladores CA monofásicos utilizando tanto um TRI-
AC como dispositivo controlador quanto dois SCR’s em antiparalelo. O aluno será ins-
tado a estudar o comportamento do controlador CA, tanto com carga resistiva quanto
com carga indutiva, devendo para tanto relembrar os conceitos teóricos deste contro-
lador estudados na disciplina anterior (SEL401 – Eletrônica de Potência). Nesta práti-
ca, os controladores CA estarão sendo operados no modo Controle de Fase. Serão
utilizados para o controle do disparo dos semicondutores de potência, dois tipos de
circuitos que usam tecnologias diferentes para a construção dos pulsos de disparo: o
primeiro circuito utilizado é um circuito comercial normalmente utilizado para controle
de ventiladores e/ou regulação de iluminação incandescente utilizando tecnologia de
componentes discretos; e o segundo circuito utiliza como base um circuito integrado
dedicado, normalmente utilizado para aplicações mais refinadas, tais como controle de
motores industriais monofásicos e trifásicos, soft-starters, controle de temperatura, etc.

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Desta forma pretende-se que o estudante também complemente seus estudos de cir-
cuitos de disparo iniciados na prática anterior.

2. O CONTROLADOR DE TENSÃO CA COM CONTROLE DE FASE.


O controlador de tensão CA pode controlar a potência (tensão/corrente) transmi-
tida à carga de duas formas: através do controle do ângulo de disparo dos tiristores a
cada semiciclo da senóide da tensão de entrada, método este denominado de controle
de fase; ou através do controle de ciclos integrais da tensão de entrada, método de-
nominado de controle liga/desliga (on/off). O objeto desta prática é a operação dos
controladores pelo método do controle de fase.

α = 1500

α = 1200

α = 900

φ = 600

α = 600

Figura 5: Formas de onda teóricas de tensão e corrente na carga de


um controlador CA operando no modo controle de fase.

Na figura 5 são mostradas as formas de onda teóricas, de tensão e corrente em


uma carga indutiva, com ângulo de carga de 600, com um controlador CA operando

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em controle de fase. O estudante deve rever a teoria correspondente tratada na litera-
tura e disciplina anterior (SEL401). Como pode ser observado na figura 5, o controle
da potência através do controle do ângulo de disparo (controle de fase), é realizado
fornecendo-se à carga uma senóide recortada. Obviamente, portanto, este método de
controle tem implicações na qualidade de energia elétrica através das gerações de
harmônicos. É também objetivo desta prática que o estudante faça um levantamento
desta implicação através da determinação da distorção harmônica gerada por este tipo
de controlador, assim como foi feito para os conversores das práticas anteriores.
Portanto, os objetivos últimos desta prática, em relação ao circuito de potência
do controlador são os de se levantar as características de desempenho de controle de
potência para a carga, as implicações deste controle em relação à fonte CA (qualidade
de energia), bem como as características de desempenho do conversor de potência. A
metodologia empregada para a obtenção destas características é a mesma da primei-
ra prática com a obtenção dos índices de desempenho da carga, da fonte CA e do
conversor, conforme abaixo:

Em relação à carga (saída do conversor), devem ser elaborados gráficos em va-


lores p.u. (por unidade) com os seguintes dados quantitativos:
• Variações das correntes e tensões rms com a variação do ângulo de disparo.
• Variações da potência média na carga e perdas nos diversos componentes
com o ângulo de disparo.
• Variações das distorções harmônicas (THD) de tensão e corrente com o ân-
gulo de disparo.

Em relação à fonte de alimentação, devem ser elaborados gráficos em valores


p.u. (por unidade) com os seguintes dados quantitativos:
• Variações das correntes rms de primário e secundário do transformador
(considerar o transformador ideal) com o ângulo de disparo.
• Variações das potências aparentes de primário e secundário do transforma-
dor com o ângulo de disparo.
• Variações dos fatores de potência e fatores de deslocamento (cos φ1 – fator
de potência fundamental) de primário do transformador com o ângulo de dis-
paro.
• Variação da distorção harmônica (THD) de corrente de primário do transfor-
mador, com o ângulo de disparo.

Em relação ao desempenho e economia do conversor, devem ser elaborados


gráficos em valor p.u. (por unidade) com os seguintes dados quantitativos:

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• Variações das tensões e correntes de pico dos tiristores com o ângulo de
disparo
• Variações das correntes médias e rms dos tiristores com o ângulo de dispa-
ro.
• Variações das perdas de condução dos tiristores e demais elementos do cir-
cuito com o ângulo de disparo.
• Variação da eficiência do controlador (considerando apenas as perdas nos ti-
ristores) e da eficiência global do sistema (considerando-se as demais per-
das) com o ângulo de disparo.

A construção dos valores p.u. (por unidade) deve ser feita utilizando-se os se-
guintes valores de base:

Tensão de base: Tensão de pico da senóide de entrada - Vbase = 2 .V

Impedância de base: impedância da carga resistiva (lâmpadas) - Z base = Rlâmpada .

Vbase
Corrente de base - I base =
Z base

Potência de base - Pbase = Vbase .I base

ATENÇÃO

TAMBÉM FAZ PARTE DOS OBJETIVOS DESTE LABORATÓRIO QUE O ESTU-


DANTE ADQUIRA A HABILIDADE, QUE TODO ENGENHEIRO DEVE TER, DE
PROJETAR E OTIMIZAR OS SEUS PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS COM
VISTAS À OBTENÇÃO DOS DADOS RELEVANTES QUE LHE PERMITAM ANALI-
SAR E CARACTERIZAR SEU PROBLEMA E/OU EQUIPAMENTO CORRETAMEN-
TE DE ACORDO COM OS OBJETIVOS PRÉ-ESTABELECIDOS. PARA ISTO, AN-
TES DE INICIAR ESTES PROCEDIMENTOS, O ESTUDANTE (ENGENHEIRO) DE-
VE ESTAR PLENAMENTE CONSCIENTE DOS CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS
SOBRE O TEMA (REVISAR TEORIA SOBRE O ASSUNTO), E DAS LIMITAÇÕES E
POTENCIALIDADES DE SEUS EQUIPAMENTOS DE MEDIDA E DE SUA HABILI-
DADE EM MANIPULÁ-LOS. DE POSSE DESTAS DUAS INFORMAÇÕES DEVE
SER CAPAZ DE RESPONDER: PARA SE ATINGIR O(S) OBJETIVO(S) PRÉ-
ESTABELECIDO(S), QUAIS AS VARIÁVEIS IMPORTANTES PODEM SER DIRE-
TAMENTE MEDIDAS COM O EQUIPAMENTO EXISTENTE, E QUAIS MEDIDAS
DEVEM SER REALIZADAS PARA SE CALCULAR VARIÁVEIS QUE NÃO PODEM

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SER DIRETAMENTE MEDIDAS. TENDO ESTA RESPOSTA, O ESTUDANTE (EN-
GENHEIRO) DEVE PROJETAR OS SEUS PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS,
COM VISTAS A OTIMIZAR O TEMPO DESTES COM A FINALIDADE ÚLTIMA DE
ANALISAR E/OU CARACTERIZAR CONCEITUALMENTE TANTO DE FORMA
QUALITATIVA, QUANTO DE FORMA QUANTITATIVA, O PROBLEMA E/OU EQUI-
PAMENTO EM ESTUDO, DENTRO DO PRAZO ESTABELECIDO.

PENSE SEMPRE ANTES DE TOMAR QUALQUER DECISÃO.

VOCÊ ESTARÁ GANHANDO TEMPO E EVITANDO MUITOS PROBLE-


MAS.

REVEJA AS INFORMAÇÕES DA PRIMEIRA APOSTILA SOBRE PLANEJAMENTO


DA PRÁTICA E SOBRE O MULTÍMETRO DE RMS VERDADEIRO.

NAS PRÁTICAS A SEGUIR VOCÊ DEVERÁ CONSTRUIR TABE-


LAS A PARTIR DAS LEITURAS OBTIDAS DO MULTÍMETRO E
OSCILOSCÓPIO. PARA AUXILIAR A OBTENÇÃO DOS DADOS
DO OSCILOSCÓPIO E ANOTAÇÕES DAS FORMAS DE ONDA,
ESTÁ DISPONIBILIZADO NA INTERNET UM ARQUIVO COM
GABARITO DE SENÓIDES. ACESSE ESTE ARQUIVO E FAÇA
CÓPIAS DE TANTOS GABARITOS QUANTO FOREM NECES-
SÁRIOS PARA A REALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS (ANALISE A
PRÁTICA COM ANTECEDÊNCIA E FAÇA UMA ESTIMATIVA DE
QUANTO GRÁFICOS VOCÊ IRÁ UTILIZAR). O ARQUIVO TEM O
NOME gabarito_senóide_mono.pdf.

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CONTROLADOR CA MONOFÁSICO COM CARGA RESISTIVA (LÂMPADA)
Para a realização desta prática será utilizado um circuito de um “dimmer” comer-
cial utilizado para regulação de velocidade de ventiladores residenciais, podendo tam-
bém ser utilizado para regulação de intensidade luminosa de lâmpadas de filamento
(lâmpadas incandescentes). O diagrama esquemático deste circuito está apresentado
na figura 6.

Controlador CA
(Dimmer Comercial)

Circuito de Disparo
Sensor de
Corrente

1k

Carga Resistiva
VARIAC 100k (Lâmpada)

DIAC TRIAC
1Ok
(BT134 ou BT137)
220V 220V
v1

v2

v3

C1 C2

Figura 6: Diagrama esquemático do circuito do controlador CA utilizando um


"dimmer" comercial.

3.1. PARTE A – ANÁLISE DO CIRCUITO DE DISPARO


Como pode ser visto na figura 6, o circuito de controle do disparo do tiristor deste
controlador é extremamente simples. Reportando-se aos métodos de disparo apresen-
tados na apostila anterior, pode-se verificar que este circuito alia a técnica de rede
defazadora para se obter disparos com ângulos maiores que 900 (vide figuras 8 e 9 da
apostila anterior), com a técnica de oscilador de relaxação (vide figura 10 da apostila
anterior) para se obter uma maior precisão no disparo, isto é, uma menor dependência
de variáveis não controladas, tais como a temperatura do tiristor. É utilizado como e-
lemento disparador deste oscilador de relaxação um DIAC (na prática anterior usamos
um circuito oscilador de relaxação com elemento disparador um UJT). Um DIAC é um
dispositivo da família dos tiristores, possuindo cinco camadas (PNPNP) da mesma
forma que o TRIAC. No entanto, o DIAC não possui o terminal de porta. A curva carac-

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terística estática deste componente é similar ao do TRIAC (vide figura 3). Seu método
de disparo preferencial é por ultrapassagem das tensões de rupturas diretas e rever-
sas (VBO e –VBO). O DIAC é um componente de baixa potência, normalmente utilizado
como dispositivo auxiliar de disparo de tiristores de potência.
Para entender o funcionamento deste circuito de controle de disparo proceda da
seguinte maneira:

a) Ajuste o potenciômetro de 100kΩ para obter os seguintes ângulos de dis-


paro: αmínimo, 900, e αmáximo.
b) Anote as formas de onda dos sinais em v1, v2 e v3 (vide figura 6).
c) Identifique as partes do circuito correspondentes aos blocos do diagrama
funcional da mesma forma que foi feito para o circuito com UJT da prática
anterior (reporte-se à figura 11 da apostila anterior).
d) Faça comentários comparativos entre este circuito de disparo e aquele u-
tilizado na prática anterior (circuito com UJT).

3.2. PARTE B – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO CIRCUITO DE PO-


TÊNCIA DO CONTROLADOR CA COM CARGA RESISITIVA (LÂMPADA).
Com a carga resistiva (lâmpada) e o sensor de corrente conectado ao controla-
dor CA, conforme mostrado no diagrama esquemático da figura 6, realizar as medidas
necessárias para se obter os índices de desempenho do controlador, conforme os
objetivos apresentados no final do ítem 2.
Elabore tabelas com as medidas realizadas, tabelas com os valores dos índices
de desempenho calculados, tanto em valores reais, quanto em p.u. A partir dos valo-
res medidos e/ou calculados, faça os gráficos das variações dos índices de desempe-
nho em função do ângulo de disparo do tiristor.
A partir dos dados obtidos, faça comentários sobre o comportamento do conver-
sor em relação à carga, em relação à fonte de alimentação e em relação ao desempe-
nho e economia do conversor, conforme estabelecido no ítem 2.
Estes dados e comentários deverão ser entregues ao professor no final da práti-
ca, juntamente com aqueles solicitados nos itens seguintes, e do ítem 3.1.

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4. CONTROLADOR CA MONOFÁSICO COM CARGA INDUTIVA (LÂMPADA +
REATOR)
Para a realização desta prática será utilizado um circuito de controle de disparo
de Tiristores baseado em um circuito integrado dedicado da Siemens. O controlador
CA será constituído de dois SCR’s em anti-paralelo, ao invés de um TRIAC. O diagra-
ma esquemático do circuito do controlador está apresentado na figura 7.

SENSOR DE LÂMPADA
CORRENTE

TRAFO REATOR
(VARIAC)

SNNUBER

SAÍDA SCR1

SAÍDA SCR2 MÓDULO


MÓDULO AMPLIFI-
DO CADORES
TCA785
TRAFO
(ISOLAÇÃO E
SINCRONISMO)

Figura 7: Controlador CA com dois SCR's e módulo de disparo com


TCA785.

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4.1. PARTE A – ANÁLISE DO CIRCUITO DE DISPARO
Conforme pode ser visto na figura 7, o circuito de controle dos disparos dos tiris-
tores é composto de um módulo que constitui o centro nervoso da geração dos pulsos,
baseado no circuito integrado (CI) TCA785, da Siemens. Este CI constitui-se de um
“chip” de 16 pinos, especializado em geração de pulsos de disparo de tiristores, tanto
para SCR’s quanto para TRIAC’s. O modo mais utilizado para este CI, é o modo con-
trole de fase, podendo-se também, com o auxílio de outros circuitos, também operar
no modo controle liga/desliga (on/off). A figura 8 mostra a configuração da pinagem
deste CI, e a figura 9 mostra o diagrama de blocos interno do mesmo, conforme cons-
tam do “datasheet” do fabricante.

Figura 8: Configuração da pinagem do CI TCA785 da Siemens.

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Figura 9: Diagrama de blocos funcional interno do CI TCA785 da
Siemens.

Como pode ser observado pelo diagrama de blocos interno da figura 9, o CI pro-
cede à geração dos pulsos de disparo com a técnica Schimitt Trigger mostrada es-
quematicamente na figura 10 (ítem 2) da apostila anterior. As principais formas de on-
da produzidas pelo CI são mostradas na figura 10, a seguir. Para conhecimento de
maiores detalhes sobre este CI, o estudante deve reportar-se ao “datasheet” do fabri-
cante, disponibilizado na Internet.
O módulo do TCA785 existente no laboratório pode ser dividido em três sub-
sistemas. O sub-sistema de energização da placa constituído de uma fonte CC regu-
lada em 12V que utiliza o regulador de tensão LM7812 (ver “datasheet” na Internet), o
sub-sistema do próprio circuito do CI TCA785, interconectado conforme a figura 11, e
o sub-sistema do condicionamento do pulso (para adapta-lo ao sinal requerido pelos
transformadores de pulso), constituído do CI LM555 (configurado como multivibrador
astável - ver “datasheet” na Internet) e as portas lógicas constituídas dos CI’s do tipo
C-MOS CD4081(ver “datasheet” na Internet), conforme pode ser visto na figura 12.

12
Figura 10: Formas de onda produzida nos pinos do no CI TCA785.

Nesta parte da prática o estudante deve verificar praticamente o funcionamento


do módulo de controle de disparo do TCA785. Para isto deve:
a) inicialmente energizar a placa que contém o módulo,
b) interconectar o módulo ao transformador de sincronismo, e este com a
tensão a ser sincronizada (conforme a figura 7),
c) conectar a tensão do potenciômetro de controle ao borne de sincronismo
do módulo (v. figura 11),
d) ajustar a tensão de rampa para o máximo valor de pico através do TRIM-
POT de ajuste de rampa (v. figura 11),
e) utilizando preferencialmente dois canais do osciloscópio, verificar as for-
mas de onda nos diversos pontos de medidas, ao variar-se a tensão de
controle através do potenciômetro de controle, e comparando-as com as
formas de onda da figura 10.
f) Repetir o ítem e) fazendo o TCA785 operar com a técnica de pulso largo
(aterrar o pino 12 de controle de largura de pulso – v. figura 11).
g) Verificar a ação do aterramento do borne de inibição (pino 6).
h) Faça comentários comparativos entre este circuito de disparo e aqueles
utilizados nas práticas anteriores (circuito com UJT).

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VCC (12V)

0,1µF

S1
16 S2
56k 13 15
VCC S1
S2 14 STriac
6 Inib
STriac 7
10k 1k
12 8
3.1

4k7 11 Vcont VCR 10

470k 5
Vcont Sincr RR 9
GND
2,2nF 22k
1
10k
220nF
2X1N4004 100k
TRIMPOT DE
POTENCIÔMETRO DE CONTROLE DA
CONTROLE DO RAMPA
ÂNGULO DE DISPARO

Figura 11: Esquema de ligação do sub-sistema do TCA785 na placa do módulo


do TCA785.
VCC

VCC
Striac S2 S1
14

2k2 1 3 P1

2
8 4
2 R 3
5 9 P2
TR Q
7 6
OSCILADOR DIS
6
LM555
CV THR 8 10 Ptriac
5 10k
1 9

TRIMPOT DE
10nF AJUSTE DA
10nF
FREQÜÊNCIA

7
CD4081

Figura 12: Sub-sistema de condicionamento de pulso da placa do TCA785.

14
4.2. PARTE B – ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO CIRCUITO DO CON-
TROLADOR CA COM CARGA INDUTIVA (REATOR + LÂMPADA).

VCC

18R/
5W

1N4004
1N4004
G1
1k
12V/1W K1
TP 1:1

2k2
E BD135

2k2

Figura 13: Circuito básico do módulo dos amplificadores.

Nesta parte da prática deverá ser analisado o comportamento do circuito de po-


tência do controlador CA da figura 7 acoplado a uma carga indutiva (reator + lâmpa-
da), nos mesmos moldes do realizado no ítem 3.2 para uma carga puramente resisti-
va. Note na figura 7, que o módulo do circuito de controle de disparo do TCA785 está
acoplado aos tiristores do controlador CA através de um módulo de amplificadores.
Neste circuito faz-se necessária a existência deste acoplamento, pois como foi visto no
ítem anterior, as saídas dos pulsos do módulo do TCA785 são constituídas das saídas
das portas E (AND) do CI CD4081, que é um CI digital do tipo C-MOS que possui uma
baixa capacidade de corrente (menores que 1mA segundo “datasheet” do componen-
te). Faz-se necessário, portanto a amplificação desta corrente para o disparo dos tiris-
tores utilizados nesta prática. O módulo de amplificadores é constituído de circuitos
amplificadores de corrente, do tipo seguidor de emissor conforme apresentado na figu-
ra 13. Estes circuitos, além de proporcionarem o ganho de corrente necessário para o
disparo para os tiristores, também proporcionam a isolação do circuito de baixa potên-

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cia (circuito de sinal) do circuito de alta potência através do transformador de pulso,
conforme pode ser visto na figura 13.
Com a carga indutiva (lâmpada + reator) e o sensor de corrente conectado ao
controlador CA, conforme mostrado no diagrama esquemático da figura 7, realizar as
medidas necessárias para se obter os índices de desempenho do controlador, confor-
me os objetivos apresentados no final do ítem 2.
Elabore tabelas com as medidas realizadas, tabelas com os valores dos índices
de desempenho calculados, tanto em valores reais, quanto em p.u. A partir dos valo-
res medidos e/ou calculados, faça os gráficos das variações dos índices de desempe-
nho em função do ângulo de disparo do tiristor.
A partir dos dados obtidos, faça comentários sobre o comportamento do conver-
sor em relação à carga, em relação à fonte de alimentação e em relação ao desempe-
nho e economia do conversor, conforme estabelecido no ítem 2.
Estes dados e comentários deverão ser entregues ao professor no final da práti-
ca.

4.3. PARTE C – APLICAÇÃO DO CONTROLADOR CA NO ACIONAMENTO


DE MOTORES DE INDUÇÃO.
Esta prática visa familiarizar o estudante com outra importante aplicação dos
controladores CA. Estes controladores têm sido largamente utilizados para regulação
de velocidade de pequenos motores de indução monofásicos, e controle de velocidade
e/ou partidas suaves de grandes motores trifásicos. Estes motores se comportam, do
ponto de vista de seus terminais, como impedâncias variáveis tanto com a carga aco-
plada ao seu eixo quanto com a velocidade quando controlado através da tensão de
estator. O conjugado eletromagnético produzido pelo motor é aproximadamente pro-
porcional ao quadrado da tensão aplicada aos seus terminais. Antes de iniciar esta
prática, o estudante deve revisar a teoria tanto dos controladores CA, quanto de sua
aplicação no acionamento de motores de indução (ver capítulo 5 do livro Power Semi-
conductor Circuits, autores Dewan e Straughen, utilizado como livro texto da disciplina
SEL401).
O principal objetivo desta prática é o de verificar a influência da utilização de um
controlador CA na regulação de velocidade de um motor de indução monofásico, com-
parando com os resultados obtidos da regulação através de auto-transformadores.
Além disso, compare o comportamento deste controlador acionando a carga indutiva
passiva, utilizada no ítem 4.2, com o controlador acionando o motor, que também é
uma carga indutiva, porém é uma carga do tipo ativa.

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Proceda a prática conforme a seguir:
a) A partir dos dados de placa do motor, determine a impedância equivalen-
te nominal do mesmo.
b) Ligue o motor, em série com um sensor de corrente (resistor de 1Ω/15W)
a um auto-transformador (VARIAC).
c) Varie a tensão do VARIAC de 0 a 220V e faça as medidas convenientes,
utilizando-se do multímetro e do osciloscópio a fim de construir uma tabe-
la com a variação da corrente e da impedância do motor com a tensão
aplicada ao mesmo. Estes dados serão utilizados para construir os res-
pectivos gráficos destas variações.
d) Faça a ligação do motor ao controlador CA da figura 7, substituindo a
carga RL (Reator + Lâmpada) pelo motor.
e) Varie o ângulo de disparo do controlador de tal forma a se obter as mes-
mas tensões nos terminais do motor obtidas no ítem c) anterior. Anote
estes ângulos de disparo, os ângulos de condução dos tiristores, os valo-
res da força eletromotriz do motor, e os valores da corrente do mesmo,
com esta variação. Utilize o multímetro e o osciloscópio para estas medi-
das. Faça uma tabela com estes valores para obter os gráficos das varia-
ções dos mesmos com o ângulo de disparo e com a tensão aplicada ao
motor. Calcule a variação da impedância deste motor quando acionado
por este controlador (revise a teoria de controladores CA e retificadores
acionando cargas RL-fem).
f) Compare os resultados dos itens c) e e) e faça comentários pertinentes.
g) Compare as formas de onda obtidas do acionamento do motor pelo con-
trolador CA com as formas de onda da prática do ítem 4.2 (controlador
CA acionando a carga RL passiva). Faça comentários pertinentes.

5. COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES FINAIS.

Faça uma análise global de todas as práticas e resultados obtidos anteriormente.


Faça comentários e tire conclusões globais a respeito dos controladores CA, bem co-
mo dos circuitos de disparo, baseados principalmente nos comentários parciais que
foram feitos em cada prática.
Os resultados práticos e calculados obtidos durante a execução das práticas,
comentários parciais e comentários finais, assim como outras informações pertinentes
que possibilitem a avaliação de seu trabalho devem ser entregue ao professor no pra-
zo estipulado.

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