Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
F i s c a l i d a d e
E
xistem despesas que, pelas suas despesas terão que, necessariamente, ter como
semelhanças, levantam dúvi- base um documento emitido de forma legal para
das e dificuldade em conseguir comprovar a sua aceitabilidade fiscal. Logo, de-
transmitir aos originários utilizadores verá ser uma factura ou documento equivalente
as necessidades que lhes estão ine- passada de forma legal (1).
rentes, nomeadamente os cuidados a O custo das despesas de deslocação e estada são
Paula Franco
ter com a informação que os mesmos aceites fiscalmente na totalidade. No entanto,
Consultora da CTOC devem conter. Tratam-se das despe- para que as mesmas não possam ser postas em
sas que normalmente envolvem os causa pela administração fiscal, sugere-se que o
trabalhadores da empresa, tais como funcionário que apresente tais despesas coloque
despesas com «deslocação e estada», «despesas no verso do documento de suporte o nome de
de representação», «ajudas de custo» e «com- quem efectuou a despesa, bem como o justifica-
pensação pela deslocação em viatura própria do tivo da deslocação.
trabalhador, ao serviço da entidade patronal.» Despesas de representação – «Consideram-se des-
Genericamente, podemos referir que, para efei- pesas de representação, nomeadamente, os encar-
tos fiscais, este tipo de despesas acarreta diferen- gos suportados com recepções, refeições, viagens,
ças na sua aceitabilidade como custo da activi- passeios e espectáculos oferecidos no país ou no
dade da empresa. Ou seja, umas são aceites na estrangeiro a clientes ou a fornecedores ou ainda a
totalidade como custo e outras não. Umas estão quaisquer outras pessoas ou entidades.»
sujeitas a tributação autónoma e outras não. A Direcção-Geral das Contribuições e Impostos
O que significa isto? Quais os tipos de despesas considera-as como custos do exercício, na sua
mencionadas que são menos penalizadoras para totalidade, mas são tributadas autonomamente a
as empresas? Que cuidados deve ter o trabalha- uma taxa de 5 por cento, de acordo com o artigo
dor que apresenta tais despesas? 81.º do Código do IRC, o que significa que, na
Pode distinguir-se este tipo de despesas da se- prática, 20 por cento da despesa não é aceite
guinte forma: fiscalmente. As despesas de representação são,
Deslocações e estadas – São despesas supor- basicamente, todas as efectuadas para represen-
tadas quando se estiver perante encargos com tação da empresa junto de terceiros. Isto implica
transporte, estadas, refeições suportadas com que sempre que estejam envolvidos terceiros à
trabalhadores dependentes da empresa por moti- empresa, como clientes, fornecedores e outros,
vos de deslocação destes fora do local de traba- as despesas sejam assim consideradas. As despe-
lho mediante a apresentação de um documento sas deverão ter como base um documento emiti-
comprovativo. do de forma legal.
Este tipo de despesa compreende os gastos de Também aqui se sugere que, no verso do docu-
alojamento e viagem (hotel, avião, comboio) e mento, sejam identificados os funcionários, bem
alimentação (restaurantes, pastelarias, etc..) efec- como os clientes ou outros terceiros que também
tuados por trabalhadores da empresa, ao servi- integrem a despesa efectuada, bem como o justi-
ço da mesma, fora do local de trabalho. Estas ficativo da mesma.
46
TOC 96 - Março 2008
Ajudas de custo – São importâncias atribuídas atribuído, de modo a aferir se o mesmo excede
pela entidade patronal aos seus trabalhadores os limites legais de sujeição a IRS, bem como o
dependentes quando estes se desloquem ao ser- valor facturado.
viço da entidade patronal e que se destinem a Estas despesas encontram-se sujeitas a tribu-
compensar os gastos acrescidos por essa deslo- tação autónoma à taxa de cinco por cento e
cação (alimentação e alojamento) sem apresen- estão condicionadas na sua aceitabilidade fis-
tação do documento de despesa. cal à apresentação do referido mapa. Isto é,
Neste caso, é imprescindível que a sociedade se não existir o mapa de suporte, a despesa
possa comprovar os encargos efectivamente su- não é aceite, não sendo neste caso também
portados respeitantes a ajudas de custo através tributada autonomamente, excepto se a em-
do mapa itinerário, sendo necessário dar a co- presa apresentar prejuízo fiscal.
nhecer o nome do beneficiário, o local e a data Contudo, se as despesas em causa forem fac-
da deslocação, tempo e objectivo de permanên- turadas a clientes, mesmo não existindo o
cia, bem como o montante diário que lhe foi mapa de suporte, são aceites na totalidade
Tributação autónoma
Correcção fiscal (parte da despesa
Documento Características especiais
(parte da despesa não é não é aceite fiscalmente,
de suporte do documento de suporte
aceite fiscalmente) mesmo que a empresa
tenha prejuízos)
f i s c a l i d a d e
Facturas dos identificado o/os funcionário/os
Deslocações
prestadores que efectuou/aram as despesas, Não Não
e estada
de serviço bem como o justificativo das des-
locações
47
TOC 96 - Março 2008
F i s c a l i d a d e
como custo e não são sujeitas a tributação montante pago por quilómetro, de modo a
autónoma. Assim, sugere-se que se pondere aferir se o mesmo excede os limites legais de
as situações em que as despesas efectuadas sujeição a IRS. Estas despesas encontram-se
possam ser facturadas aos clientes que origi- sujeitas a tributação autónoma e estão condi-
naram a necessidade dessa despesa, pois trará cionadas na sua aceitabilidade fiscal à apre-
vantagens fiscais. sentação do referido mapa.
Compensação pela deslocação em viatura Isto é, se não existir o mapa de suporte a despe-
própria do trabalhador, ao serviço da enti- sa não é aceite na totalidade, não sendo neste
dade patronal – São despesas que a entidade caso também tributada autonomamente, excep-
patronal suporta para ressarcir o trabalhador to se a empresa apresentar prejuízo fiscal.
pela utilização da viatura pessoal ao serviço Todavia, à semelhança do que foi referido
da empresa. Deste modo, apenas a entidade para as ajudas de custo, se as despesas em
patronal pode atribuir ajudas de custo e sub- causa forem facturadas a clientes mesmo que
sídio de transporte (quilómetros percorridos não exista mapa de suporte, são aceites na
em viatura própria). totalidade como custo e não são sujeitas a tri-
Também neste caso, a sociedade é obrigada a butação autónoma. Assim, sugere-se que se
comprovar os encargos efectivamente supor- pondere as situações em que os quilómetros
tados com a compensação por uso de viatura efectuados possam ser facturados aos clientes
própria (quilómetro), através do mapa itinerá- que originaram a necessidade dessas desloca-
rio, sendo necessário dar a conhecer o nome ções, pois trará vantagens fiscais. ■
do beneficiário, o local onde se deslocou, a
data da deslocação, tempo e objectivo de per- (Texto recebido pela CTOC
manência, matrícula da viatura, bem como o em Fevereiro de 2008)
(1) As facturas ou documentos equivalentes podem ser emitidas informaticamente ou através de livros previamente impressos tipogra-
ficamente, e devem conter os seguintes elementos: Data; numeração sequencial; nome, firma ou denominação social, a sede ou
domicílio e o número de identificação fiscal do fornecedor de bens ou prestador de serviços; o nome, firma ou denominação social,
a sede ou domicílio e o número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, bem como os correspondentes números de
identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto; a quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços
prestados, com especificação dos elementos necessários à determinação da taxa aplicável; o preço, líquido de imposto, e os outros
elementos incluídos no valor tributável; as taxas aplicáveis e o montante de imposto devido; o motivo justificativo da não aplicação
do imposto, se for caso disso; a data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os serviços foram reali-
zados ou em que foram efectuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão
da factura.
Se a factura ou documento equivalente for emitida por uma sociedade deverá ainda conter: a conservatória do registo onde se en-
contrem matriculadas e o número matrícula de identificação de pessoa colectiva; capital social.
48