Durante a intervenção, a turma pareceu menos participativa em relação as
meninas, que em sua maioria pareciam fechadas à experiência que trouxemos para eles. Em primeiro momento, apenas um menino estava detalhando seu conhecimento, as outras respostas eram curtas e rasas. Mas ao longo da discussão, mais pessoas se abriram para a atividade e compartilharam suas experiências. Todos os discentes da turma conheciam pelo menos um caso de abuso ou ouviram falar, até mesmo pela região de Cajazeiras, afirmando a ideia de que esse crime é mais comum do que deveria. Outras pessoas que passaram por essa situação vividamente ao lado da vítima, em sua maioria parentes e amigos, apresentaram apoio a eles e empatia. Os sentimentos expressados após o curta-metragem eram de nojo e repúdio ao agressor e pena da mãe e da vítima, deixando claro que todos conseguiram entender a mensagem que foi repassada através do vídeo: a luta contra o abuso infantil e ao adolescente. Porém, outros assuntos foram abordados, como assédio, a falta de apoio para essas vítimas, inclusive para vítimas de violência doméstica, um ponto bastante discutido. Essa discussão foi iniciada, principalmente, em torno da frase “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, a qual foi totalmente negada pelo público, que relatava sua indignação com figuras autoridade, como policiais e delegados, desprezando denúncias e normalizando a dependência, seja emocional, financeira..., como uma vontade própria da vítima em continuar naquelas condições.
Violências contra Mulheres em uma Delegacia de Mulheres do Rio de Janeiro: entre o real e o ficcional uma análise histórica da hipossuficiência feminina nos anos 1980-1990