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A DESCOBERTA DO TESOURO DE BRESA

Houve outrora numa terra distante, um simples e modesto alfaiate chamado Enedim, homem esforçado
e trabalhador, que por suas boas qualidades e amor no coração, era muito querido na cidade em que morava.
Enedim passava o dia inteiro, da manhã à noite, cortando, costurando e preparando as roupas de seus
numerosos fregueses, e, embora, ganhando muito pouco, não perdia a esperança de vir a ser muito rico,
senhor de muitos empregados e dono de grande quantidades de ouro, jóias e palácios.
 Como conquistar, porém, essa riqueza?
Meditava o modesto alfaiate
 Como descobrir um desses famosos tesouros que se acham escondidos?
Ouvira contar, histórias prodigiosas de aventureiros que haviam encontrado cavernas imensas, cheias
de ouro... E não poderia ele, à semelhança desses aventureiros felizes, descobrir um tesouro fabuloso?

Ah! Se tal coisa acontecesse, ele seria, então, senhor de um imenso e magnífico palácio... Teria
numerosos empregados, e todas as tardes, num grande carro de ouro, puxado por mansos leões, passearia
sobre as muralhas daquele reinado, saudando amistosamente os Príncipes ilustres da casa Real.
Assim meditava o bondoso Enedim, quando um dia, parou à porta de sua casa, um jovem mercador,
chamado Sazão, que trazia em sua carroça uma infinidade de objetos extravagantes que comprava por onde
passava. Enedim se aproximou daquele mercador e começou a examinar as bugigangas vindas de diversas
partes do mundo, quando algo chamou sua atenção, era uma espécie de livro com muitas folhas, em que se
viam caracteres e palavras estranhos e desconhecidos.
Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na capa do livro, o seguinte título: "O segredo
do tesouro de Bresa". Não sabia como ele decifrou aquele texto, veio como que por inspiração o significado.
Por Deus! Aquele livro maravilhoso, cheio de mistérios, ensinava, com certeza, onde se encontrava
algum tesouro fabuloso. O TESOURO DE BRESA!
Que tesouro seria esse? Enedim recordava vagamente já ter ouvido qualquer referência a ele, mas
não se lembrava onde, nem quando.
Era uma preciosidade aquele livro - conforme afirmava o mercador - e custava apenas três dinares.
Muito dinheiro para aquele alfaiate, razão pela qual o mercador olhou no fundo dos olhos de Enedim e
decidiu dar-lhe de presente. Agradecido, Enedim o presenteou com um lindo manto de seda azul com
bordas amarelas.
Logo que ficou sozinho com o livro Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia
adquirido. E com o coração batendo forte, decifrou ainda: "O tesouro de Bresa criado pelo gênio de mesmo
nome e escondido na cordilheira do Harbatol, ali se acha ainda, até que um Homem esforçado venha a
encontrá-lo!!".
Harbatol? Que montanhas seriam essas que guardavam todo o ouro fabuloso de um gênio?
E o esforçado alfaiate, se determinou a decifrar todas as páginas daquele livro. Com o segredo de
Bresa, conseguiria se apoderar do tesouro imenso escondido em algum lugar entre as montanhas da
cordilheira do Harbatol.
As primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim
estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o complicado idioma dos judeus.
Ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser intérprete do Rei, pois não havia
na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros.
O cargo de intérprete do Rei era bem rendoso. Ganhava Enedim, cem dinares por dia; ademais
morava numa grande casa, tinha alguns criados e todos os nobres da corte saudavam-no respeitosamente.
O trabalho de decifrar o livro misterioso não era fácil, mas Enedim não desistia de descobrir o grande
mistério de Bresa, investigava cada informação, pedia orientações sobre o que ainda não conhecia, nunca se
arriscava como um curioso.
Continuando a ler o livro encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para
entender o que havia no livro, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-
se grande conhecedor das complicadas transformações aritméticas.

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Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio,
facilitando muito o comércio da cidade. Esse trabalho agradou tanto ao Rei, que o monarca resolveu nomear
Enedim para exercer o cargo de Prefeito, visto que nunca fazia nada à toa ou sem necessidade.

Como um prisma distribui a luz em formato de arco-íris, Enedim distribuía os elogios e presentes,
que recebia do rei e seus admiradores, para todos aqueles ao seu redor, assim todos queriam ajudar o Enedim
em seus estudos e projetos. Todos o viam como um líder.

Sua força crescia pela leitura. Ativo e sempre empenhado em desvendar os segredos do tal livro, foi
compelido a estudar profundamente as leis, os princípios religiosos de seu país e os do povo da região; com
o auxílio desses novos conhecimentos, conseguiu Enedim dirimir uma velha pendência entre os doutores,
trazendo paz àquela região.

- É um grande homem, o Enedim! - declarou o Rei quando soube do fato.


- Vou nomeá-lo Primeiro Ministro.

E assim o fez. Foi o nosso esforçado herói, ocupar o elevado cargo de Primeiro Ministro.

Vivia, então, num suntuoso palácio, perto do Jardim Real, tinha muitos criados e recebia visitas dos
príncipes mais poderosos do mundo, que um a um, se encantavam com a sabedoria ofertada, firmando
alianças em troca de conhecimentos que os fizessem prosperar nos seus respectivos reinados.

Graças ao trabalho e ao grande SABER de Enedim, o reino prosperava majestosamente e a capital


ficou repleta de estrangeiros; ergueram-se grandes palácios, várias estradas se construíram para ligar aquele
lugar às cidades vizinhas.

Enedim era o homem mais notável do seu tempo. Ganhava diariamente mais de mil moedas de ouro,
e tinha em seu palácio de mármore e pedrarias, caixas cheias de jóias riquíssimas, e de pérolas de valores
incalculáveis.

Mas - coisa interessante! - Enedim não conhecia ainda o segredo do livro de Bresa, embora tivesse
lido e relido todas as páginas! Como poderia penetrar naquele mistério?

Até que um dia decidiu ir ao encontro do respeitável e discreto sacerdote e Guardião da Pirâmide.
Conversando com o velho amigo, referiu-se à incógnita que o atormentava contando toda sua
história.

O sacerdote, sorrindo, esclareceu: "O tesouro de Bresa já está em seu poder meu senhor, pois graças
ao livro libertou-se da ideia que um tesouro verdadeiro era constituído de ouro e jóias, e pode ser esforçar na
direção certa de adquirir grande saber, que lhe proporcionou os muitos bens que possui. Afinal, BRESA
significa SABER; e HARBATOL quer dizer TRABALHO.

Siga, “Sempre rumo ao Tesouro de Bresa e com muito Harbatol!!”

Enedim ficou maravilhado com o que tinha descoberto, o verdadeiro tesouro.

Assim Enedim percebeu a importância de aprender a ler a natureza e que nela estão os ensinos mais
valiosos, os ensinos da vida, livrando-o cada vez mais da ignorância e celebrando a sabedoria.

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