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anual da AIM
13-16 maio
Universidade de
Santiago de Compostela
A AIM – Associação de Investigadores da
Imagem em Movimento surgiu da vontade
de reunir em Portugal, numa mesma
entidade representativa, um conjunto de
investigadores que têm em comum objetos
e temas de pesquisa.
02 informações
úteis
livro de
03 resumos
13 maio 14 maio 15 maio 16 maio
9h30
Cerimónia de
abertura
Conferência
Conferência
Plenária Conferência
Plenária
12h15-14h00 Santos
Stephanie
Plenária
Zunzunegui Francesco Casetti
Dennison
14h00-16h00
16h30-18h
Mesa-
16h00-17h45 Redonda painel painel painel
*Salão de B E H
Atos
18h15-20h
Sessão de painel
painel painel
18h00-19h45 Cinema C
F I
*Salão de
Atos
20h00
Reunião
Apresentação
Informal dos Assembleia-
20h00 de Livros Encerramento
GTs geral
* Praça de
Porto d’honra
Mazarelos
22h00
Jantar Oficial
22h00
22h00 * Restaurante
Festa de
Casal do
Despedida
Cabindo
*Pub Atlântico
-
10h15-19h45 Feira do Livro
pro
gra
ma
13
segunda-feira (pré-encontro)
segunda-feira
16h30 18h15
- -
18h00 20h00
Mesa-Redonda Sessão de cinema
Local: Salão de Atos da Faculdade de Local: Salão de Atos da Faculdade de
Filosofia da USC Filosofia da USC
-
Cinema Galego -
Com Margarita Ledo (USC), Marta Pérez Trote
Pereiro (USC), Jaime Pena (CGAI) e de Xacio Baño
Xacio Baño (cineasta) Galiza / Lituânia, 2018, 83’
Moderação de Xosé Nogueira (USC) com a presença do realizador
Sinopse
O ‘Novo Cinema Galego’ é uma das
manifestações mais importantes do Filha de. Irmã de. Carme vive numa
‘Outro Cinema Espanhol’. Cineastas aldeia nas montanhas do interior da
como Óliver Laxe, Xurxo Chirro, Lois Galiza com o seu pai, Ramón, com quem
Patiño, Eloy Enciso, Alberto Gracia, Ángel mal se comunica, e a sua mãe, que está
Santos, Xacio Baño, Anxos Fazáns ou doente. Trabalha numa padaria e precisa
Diana Toucedo, entre outros, levaram a de escapar a esse ambiente opressivo,
produção galega a grandes festivais mas as circunstâncias sempre a
europeus como Cannes, Berlim, Locarno impediram de dar esse passo. Zarpar.
ou Roterdão, onde ganharam inúmeros Fugir.
prémios. Dois factores contribuíram para Trote acontece durante o fim de semana
esta situação: a política cinematográfica em que se celebra a "Rapa das Bestas",
desenvolvida a partir de 2006 desde a a luta ancestral do homem com o cavalo.
Agência Audiovisual Galega, com ajudas A aldeia começa a preparar-se para a
ao talento que recebiam directamente os festa. Luis, o seu irmão mais velho, volta
criadores (sem necessidade dum à casa da família por alguns dias com a
produtor, duma empresa) e a sua parceira, María.
coincidência no tempo destes filmes com
Trote é a luta entre o homem e o cavalo,
o início da grande transformação
entre a razão e o instinto.
tecnológico-mediático dos últimos anos,
que radicalizou as formas do cinema
independente, caracterizado agora pela
hibridação formal e a experimentação
com géneros e formatos. Esta mesa 20h00
redonda reúne a vários representantes da
historiografia, a análise, a crítica, a
programação e a direcção Reunião Informal dos Grupos de
cinematográfica na Galiza com o intuito Trabalho
de reflectir sobre este processo e falar Local: Cafés e esplanadas da Praça de
sobre o presente e do futuro do cinema Mazarelos
galego.
14
terça-feira
14 de maio
- imagens do passado em
Natureza Morta | Eduarda
12h00 A mulher, uma aventura
da linguagem | Catarina
Kuhnert (UFF, Brasil)
A estética da resistência e
a memória utópica em 14h00 María Contreras (UBI,
Portugal)
três filmes sobre o pós-
maio de 68 | Rita
-
B2 | GT Cinema e
Magalhães Furtado (UFG,
Brasil)
16h00 Educação I
Pausa para almoço Sala 15
Moderação: José António
Tempo, Imagem e
Moreira
subjetividade: Os
-
sentidos da velhice na
Palavra de professor: O
contemporaneidade |
Mirella R. C. Pessoa (UnB,
16h00 sentido do educativo no
Brasil) - cinema produzido pelo
INCE no Brasil | Marcio
17h45 Blanco (UERJ, Brasil)
12h00 -
B1 | GT A Teoria dos
“O cinema é o livro do
futuro”: as escolhas de
- Cineastas II produção de
12h15 Sala 5
Moderação: André Rui
Inconfidência Mineira e os
planos governamentais
Pausa Graça para o cinema no Brasil
- dos anos 1940 | Lívia
A raiz clássica de uma Cabrera (UFF, Brasil)
estética da “presença” no
cinema. Os casos de O espectador em
Dreyer, Bresson e Oliveira construção | Raquel
12h15 | Maria do Rosário Lupi Pacheco e Ana Isabel
Bello (UAb / CECC-UCP, Soares (CIAC-UAlg,
- Portugal) Portugal)
14h00 Quando a alucinação
B3 | GT O Cinema e as
bordeja a desordem: a
Conferência plenária subversão dos home Outras Artes II: Cinema e
Paraninfo movies no cinema de Stan Práticas Artísticas
Moderação: Xosé Nogueira Brakhage e Jonas Mekas | Sala 16
- Luis Fernando Severo (UTP, Moderação: Antonio
Santos Zunzunegui Brasil) Fatorelli
(Universidade do País -
Basco, Espanha) As quatro estações de Cinema e aporia nas
Ingmar Bergman | Ney imagens de Jeff Wall |
Explorando de nuevo Costa Santos (PUC-Rio, Júlia Paes Leme (UFRJ,
territorios conocidos: Brasil) Brasil)
Avatares del filme
documental O espectador pelo olhar "What you see is not what
do cineasta: da you see": cinema e
construção da memória minimalismo em 68 |
histórica e coletiva na Leonardo Esteves (FCA-
obra de Patricio Guzmán | UFMT, Brasil)
14 de maio
Da ontologia de objetos
digitais audiovisuais 18h00 C2 | GT O Cinema e as
Outras Artes III
expandidos em síntese:
processos embarcados
- Sala 16
Moderação: Teresa Bastos
em tecnologias de redes
computacionais | Carlos F.
19h45 -
- As instalações
B. Dowling (UFRJ / UFPB, audiovisuais de Lucas
C1 | GT Cinema e
Brasil) Bambozzi e o
Educação II
deslocamento do
Corpo-território enquanto Sala 15
dispositivo
ferramenta artística e Moderação: Elsa Mendes
cinematográfico para o
resistência de gênero | -
espaço urbano | Gabriela
Anna Petracca (UBI, Experiências com cinema
de Freitas (UnB, Brasil)
Portugal) e educação e a
construção de narrativas
Extratos artísticos em A
audiovisuais
B4 | Músicas y silencios Ilha dos Amores | Nelson
participativas | Maria
del trabajo: La Araújo (CEAA-ESAP,
Moema Costa Nascimento
desaparición del mundo Portugal)
(UJI, Espanha) e
rural Beatriz Colucci (UFS, Brasil)
Estranhar o texto – Sobre
Sala de Professores
Domingo à Tarde |
Moderação: Mariana Souto Kant y Marx van al cine:
Elisabete Marques (ILCML,
- La filosofía a través de la
Portugal)
Música que no cesa: los ficción fílmica | Jesús
Cantos de Trabalho de Ramé López (URJC /
Re-velar os mortos:
Leon Hirszman | Albert UNED, Espanha)
cinemas, apocalipses e
Elduque (U. Reading, Reino
outros fins | Diego
Unido) Um modelo pedagógico
Paleólogo (UERJ / UFRJ,
centrado na
Brasil)
El silencio campesino en “Desconstrução” de
Portrait, una dialéctica de imagens em movimento e
la temporalidad | María o seu impacto no C3 | Contra narrativas
Soliña Barreiro e Jorge Oter autoconceito académico fílmicas feministas en
(ESUPT-UPF, Espanha) de estudantes reclusos México y en España: del
em Portugal | José António cine huérfano y cine
El canto neomelódico de Moreira e Sara Dias- militante a las prácticas
Belluscone, una storia Trindade (CEIS20-UC, háptico-performativas
siciliana y sus afinidades Portugal)
contemporáneas
con la omertà | Joan Jordi Sala de Professores
Miralles (ESUPT-UPF, Expressão e motivação
Moderação: Marta Pérez
Espanha) pedagógica pelo Cinema:
Pereiro
metodologia, resultados e
-
conclusões do projeto
De toros, mujeres y
“Olhar pela Lente” | Pedro
17h45 Alves (CITAR-UCP,
sangre: contra-narrativa
necropolítica y feminista
- Portugal) e Ana Sofia
Pereira (FCSH-UNL,
en los filmes de María
Cañas | Marta Álvarez
18h00 Portugal)
(UBFC, França)
Pausa
14 de maio
El arte de fracasar:
mujeres en la Escuela
Oficial de Cinematografía |
Sonia García López (UC3M,
Espanha)
20h00
Lançamento de Livros
Paraninfo
Porto d’honra
Claustro
22h00
Jantar Oficial (necessária
inscrição prévia)
Restaurante Casal do
Cabindo
15
quarta-feira
15 de maio
- Ribeiro
- E3 | Técnicas e Estéticas
14h00 Duas cidades em Sala 11
Moderação: Milena Szafir
Hiroshima Mon Amour,
uma análise da lembrança -
Conferência plenária Espaços, imagens e
Sala 10 nos retrocessos de
Hiroshima e Nevers | corpos: interações
Moderação: Mariana Liz
Thaís Vasconcelos (UFJF, possíveis | Fernanda
-
Brasil) Gomes (UB, Espanha)
Stephanie Dennison
(Universidade de Leeds,
Paisagens urbanas da A composition on motion
UK)
maternidade: Colo e track mask and the
Tempo Comum | Mariana memory montage
Cinema, identidade e
Liz (ICS-UL, Portugal) aesthetics | Milena Szafir
cultura popular: algumas
(USP, Brasil)
reflexões sobre a
importância dos ensaios Da literatura de viagem
aos road movies. Alice Campo e fora de campo
de Paulo Emílio Salles
nas Cidades – A da intimidade: Carol,
Gomes para o “World
representação de espaços Leiter e Hopper | Fernando
Cinema”
em trânsito | Rose May Cabral (Labcom.IFP-UBI,
(UnB, Brasil) Portugal)
A imagem glamorosa de
Olivia de Havilland numa
E2 | GT Cinemas em
idade madura | Miguel
Português II Moreira (FLUC, Portugal)
Sala 10
14h00 Moderação: Jorge Cruz
- E4 | GT Cinemas Pós-
- Kandango: autopética do
eu - um filme a devir |
Coloniais e Periféricos II
Sala 12
16h00 Philipi Bandeira (UFPE Moderação: Catarina
Andrade
Pausa para almoço Brasil)
-
Para além do Aquarius: A Contranarrativas fílmicas
propriedade na análise de Guarani Mbya: atos
Kleber Mendonça Filho | decoloniais de
Márcia Motta (UFF, Brasil) desobediência
15 de maio
Interpelação do olhar a
- -
Heloisa Passos:
partir da (re)montagem 18h00 interpelando uma
trajetória a partir do
dos arquivos no cinema Pausa
gênero | Marina Cavalcanti
brasileiro contemporâneo
Tedesco (UFF, Brasil)
| Maria Bogado (UFRJ,
Brasil) Poesia e melodrama em
História e historicidades
18h00 Paraíso Perdido:
no cinema indígena
contemporâneo no Brasil |
- paisagens de Almodóvar
no cinema brasileiro |
Rodrigo Lacerda (NOVA- 19h45 Sandra Fischer e Aline Vaz
(UTP, Brasil)
FCSH / ISCTE-IUL, -
Portugal) Releitura de O Filme e o
F1 | GT Paisagem e Realismo, de Baptista-
E5 | GT Narrativas Cinema III: Viagens e Bastos. O realismo e um
Audiovisuais I Fronteiras novo regime de imagens
Sala 14 Sala 9 nos inícios do Cinema
Moderação: Noélia Cruz Moderação: Filipa Rosário Novo em Portugal |
- - António Pedro Pita (CEIS20-
El cine de Hong Sang- Travelogues no país da UC, Portugal)
Soo: narrativas de la austeridade | Iván
indeterminación, Villarmea Álvarez (USC, Raul Solnado,
personajes indecisos | Espanha) comediante, entertainer e
Elisenda Díaz (UPF, one-man-show português
Espanha) Campo de Flamingos sem | Afrânio Catani (USP,
Flamingos: construção e Brasil)
representação da
Contar o eu ou contar o
paisagem fílmica e F3 | Géneros
mundo – Os limites da
geográfica na obra de
identidade e da narrativa Cinematográficos
André Príncipe | Rayman
em Adaptation | Jorge Sala 11
Virmond (UBI, Portugal)
Palinhos (CEAA/CITAR, Moderação: Sérgio Bordalo
Portugal) e Sá
A paisagem do ‘cinema-
-
fronteira’: deslocamentos,
Macronarrativa e Scream and the slasher
imaginários e desejos de
micronarrativa – A (sub)genre | Diana Neiva
personagens femininas
estrutura das séries de TV (CEHUM / IFILNOVA,
nas narrativas em trânsito
| Angelica Coutinho (FACHA Portugal)
nas fronteiras do Brasil,
/ ANCINE, Portugal)
Argentina e o Uruguai |
15 de maio
quinta-feira
16 de maio
16h00 Pimentel
-
| Vítor Moura (CEHUM-
UMinho, Portugal)
Pausa para almoço
O Cine Jornal Brasileiro e a
política externa do Estado H4 | Cinema e História
Novo | Alvaro Americano Sala 12
(CIAC-UAlg, Portugal) Moderação: Mariana Liz
-
La construcción de la Arame farpado, Europa
imagen de la nueva España Central: rasgando o
en el noticiario Jornal uniforme e o céu de Berlim
16 de maio
La grande illusion e La
18h00 -
Santos Zunzunegui
Explorando de nuevo territorios conocidos: Avatares del filme documental
Stephanie Dennison
Cinema, identidade e cultura popular: algumas reflexões sobre a importância dos ensaios de
Paulo Emílio Salles Gomes para o “World Cinema”
Francesco Casetti
In praise of cinephobia
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is
informações úteis
https://goo.gl/maps/gdxoiY51wEN2
Pub Atlântico
9, Rúa da Fonte de San Miguel, 15704 Santiago de Compostela
https://goo.gl/maps/4QjGrZM5gux
15.06.2019
+ info
www.aim.org.pt/aniki
v1n1 – 01.2014 v1n2 – 07.2014 v2n1 – 02.2015
Dossiê ‘Cinefilia Digital’ Dossiê ‘Arte e Cinema’ Dossiê ‘Cinema Expandido’
Editor: Tiago Baptista Editor: Carolin Overhoff Ferreira Editor: Susana Viegas
Livro
de
resu
mos
CP
CP
Conferência Plenária
Santos Zunzunegui
Durante los últimos años del extinto siglo XX Santos Zunzunegui é Professor de
se desató lo que un filósofo denominó la Comunicação Audiovisual na
“pasión por lo real”. Las olas de sus Universidade do País Basco, Espanha.
diferentes manifestaciones alcanzaron las Introduziu a semiótica e a análise fílmica
costas del cinematógrafo trayendo consigo no contexto académico espanhol através
un interés insólito por lo que solemos de livros como Metamorfosis de la Mirada
denominar cine “documental”. Hoy, cuando (1990, 2003), La mirada cercana (1996) ou
el temporal ha amainado, quizá sea La mirada plural (2008). Publicou também
oportuno volver a explorar con serenidad monografias sobre realizadores
territorios que, sobre la base de provincias y importantes e outras obras sobre a
fronteras que se creían bien delimitadas, história do cinema. Como crítico de
parecían conocidos y acotados, pero que a cinema, contribuiu para algumas das
la postre resultan no serlo ni estarlo tanto. publicações mais importantes em
Sobre todo cuando el comienzo del siglo en Espanha, da Contracampo (1979-1987) à
curso ha hecho de la denominada Cahiers du cinéma. España. Para a
posverdad una de sus señas de identidad, Caimán. Cuadernos de Cine, escreve a
volviendo la idea de verdad, en palabras del secção “Lo viejo y lo nuevo” todos os
poeta, en algo “tan útil como platos de usar y meses desde 2007. Anteriormente, como
tirar (…) Una nada en la que nadie necesita argumentista, trabalhou em vários filmes
creer”. experimentais, como Contactos (P. Viota,
Tomando como punto de partida la 1970) e as curtas-metragens Camino de
afirmación que, presente en uno de sus hierro y agua (J. M. Ortuoste Blanco & F.
filmes sobrevuela toda la obra de Jean- J. Rebollo Fernández, 1984), Bilbao
Marie Straub y Danièle Huillet, diremos que transfer (J. M. Ortuoste Blanco, 1986),
“la verdad es absoluta en su relatividad”. Y Bilbao en la memoria (J. M. Ortuoste
con esta convicción volveremos a recorrer el Blanco & F. J. Rebollo Fernández, 1987),
universo del arte cinematográfico en busca Bilbao como un mosaico (J. M. Ortuoste
(es André Bazin el que habla) de un cine Blanco, 1987) e Bilbao mientras tanto (J.
“que no se satisfaga con la ilusión de las M. Ortuoste Blanco & F. J. Rebollo
formas”, sino que sea capaz de “expresar a Fernández, 1987), entre outras.
la vez la significación concreta y esencial del
mundo”.
-
CP
Conferência Plenária
Stephanie Dennison
In praise of cinephobia
Francesco Casetti
(Universidade de Yale - Reino Unido)
-
The emergence of cinema was paralleled by Francesco Casetti é o Professor de
a number of discourses that expressed fear Humanidades e Estudos Fílmicos e dos
of the new invention. During the 20th Media Thomas E. Donnelley na
Century, the progressive acceptance of film Universidade de Yale. Foi duas vezes
as a positive social phenomenon erased the Presidente da Sociedade Italiana de
memory of these early cinephobic instances. Estudos Fílmicos e dos Media (1998-
New attempts to discredit film—like the one 2002; 2006-2010). Foi convidado como
heralded by the so-called “Grand Theory”— Professor Associado na Universidade de
were compensated by an appreciation for Paris III: Sorbonne Nouvelle (1977) e
radical artistic experimentations. Against the Professor Visitante na Universidade de
grain, I will contend that cinephobia can Iowa (1988, 1991 e 1998). Em 2000,
contribute to a better comprehension of film’s recebeu a titularidade da Cátedra de
multifaceted nature. Retracing some of the Cultura Italiana na Universidade da
more drastic condemnations of film during Califórnia, Berkeley. Com Jane Gaines
the 1910s and 1920s, I will try to show how (Columbia University) é o co-fundador do
they were able to grasp some of film’s crucial Seminário Permanente sobre Histórias
aspects that cinephiliac approaches totally das Teorias do Cinema. A sua
ignored. In particular, the recurring metaphor investigação actual centra-se em três
that film was like a “plague” infecting the tópicos: a teoria dos primeiros filmes,
social body with outrageous representations especialmente as posturas cinefóbicas
and illicit behaviors, unconsciously na primeira metade do século XX; a
underscored the nature of medium—and not relocalização do cinema para novos
merely as art—of film that only recently we espaços e novos dispositivos e, em
became fully aware of. geral, a persistência de uma “ideia de
- cinema” na época digital; e o ecrã como
um aparelho óptico e componente das
nossas “mediascapes” (paisagens
mediáticas). Mais recentemente,
explorou o papel do cinema no contexto
da modernidade (Eye of the Century:
Film, Experience, Modernity, 2005) e a
reconfiguração do cinema na era pós-
media, comparando essa mudança com a
ascensão do cinema no início do século
XX (The Lumière Galaxy: Seven Key
Words for the Cinema to Come, 2015).
Escreveu e editou igualmente livros
sobre teorias de cinema.
A 14 maio
10h15 — 12h00
GT Teoria dos Cineastas (I)
A1
O ofício cinematográfico em Portugal: Um ensaio cinematográfico: Son... o no
testemunhos na primeira pessoa son
André Rui Graça Maria Gutierrez
(CEIS20-UC, Portugal) (USP, Brasil)
- -
Esta comunicação pretende contribuir para A proposta desta comunicação é proceder a
uma análise da forma como os cineastas uma análise de Son... o no son (1980), de
portugueses têm entendido o ato de fazer Julio García Espinosa. Trata-se de um filme-
cinema em Portugal. Fortemente ancorada ensaio em que o diretor discute o fazer
na metodologia da teoria dos cineastas cinematográfico, a cultura de massas e a
inicialmente proposta por Aumont e cultura popular, ao mesmo tempo em que
desenvolvida no âmbito do GT da AIM, esta realiza um musical sobre a (im)possibilidade
investigação reunirá e analisará uma série de produzir um musical num país
de testemunhos disponíveis de realizadores subdesenvolvido, que tem, no entanto, uma
de vários setores e épocas, de forma a cultura musical tão rica. García Espinosa
poder montar uma caracterização do que pretendia provar que era possível fazer um
tem vindo a significar ser um cineasta em filme com quase nada: com os técnicos mais
Portugal. Torna-se uma análise e inexperientes, pouquíssimos recursos e
abordagem deste género tão mais premente tempo escasso. O filme é um ensaio teórico
porquanto a atividade cinematográfica no audiovisual, uma materialização prática das
país comporta idiossincrasias de dimensão ideias que o cineasta viera desenvolvendo
material e de contexto de mercado. Nesse em vários textos escritos ao longo dos anos.
sentido, urge sistematizar as vozes dos O diretor fictício de Son... o no son se
cineastas em torno deste tema. A primeira pergunta: se a revolução havia liberado o
parte desta comunicação apresentará os tempo de trabalho da população, como
ganchos teóricos e elencará os depoimentos liberar seu tempo livre? E, numa carta
selecionados para, de seguida, se proceder endereçada a Sanjinés, coloca-se um
a uma leitura contextualizada dos mesmos. problema fundamental: por que discutir tanto
Finalmente, a conclusão pretende avançar bons filmes que não têm público e ignorar os
com várias notas acerca do que Portugal ruins que enchem as salas de cinema?
significa para os cineastas e de como leem
cultural, social e materialmente o meio em
que as suas práticas se têm inserido.
GT Teoria dos Cineastas (I)
A1
Os monstros de nossa sujeição: uma Intermediality, hiper-text and
reflexão sobre o ato enunciativo technological change: Greenaway's
discursivo em Otesánek de Jan Prospero's Book
Švankmajer Ivan Capeller
Rodrigo Graça (UFRJ, Brasil)
(UTP, Brasil) -
-
Os filmes do diretor checo Jan Švankmajer As a hybrid medium that combines images
exploram aspectos da experiência humana, (moving or not), sounds (musical or not) and
construindo uma poderosa reflexão crítica words (spoken or written), intermediality is
acerca da existência. Em seus dois the core of any theory able to cope with
primeiros filmes, Alice (Něco z Alenky, 1988) cinema’s many different formats and
e Fausto (Lekce Faust, 1994) aborda a technologies. The purpose of this
relação com o inconsciente e o self. Em communication is to analyse Peter
Conspiradores do Prazer (Spiklenci slasti, Greenaway’s film Prospero’s Book (1991),
1996) aborda como o desejo individual based on William Shakespeare’s play The
fundamenta nosso discurso. Em O Pequeno Tempest, as a metalinguistical,
Otik (Otesánek, 2000), seu terceiro filme, cinematographic hyper-text that functions as
Švankmajer se preocupa em fazer uma a palimpsest with multiple layers of images,
reflexão sobre como um discurso circula sounds and texts, that are intertwined in a
pela sociedade, quais suas formas de complex manner. This will be done in order
transmissão, como é recebido, como é to demonstrate cinema’s inherent intermedial
reelaborado, e, principalmente, como os character: released for the screen right after
sujeitos sociais se posicionam frente a estes the appearance of Microsoft’s Windows
discursos. Com um jogo de espelhos, operational system for computers, this film
elipses e transferências Švankmajer explora allows us to think not only about the
os efeitos perversos, de uma sujeição, e semiotical aspects of cinema’s intermediality,
transformadores, de uma subversão, a um but also about its constant technological re-
discurso monológico social, cultural e shaping throughout its already long history,
mediático. No filme a monstruosidade é and, more specifically, about the major shift,
gerada a partir da subserviência, da from analog to digital techniques, that took
aceitação de seu lugar social. Para place in the movie industry during the last
Švankmajer a repressão, tanto externa decade of the twentieth century. Prospero’s
quanto voluntária, é inerente à civilização e a Book can thus be read (and seen, and
liberdade reside no nexo entre a imaginação, heard) as a cinematographical metaphor of
capacidade humana subversiva por natureza cinema itself, with its multi-modal ways of
e o mundo da vida. Para desenvolver esta expression being explored in a self- reflexive
análise são utilizados os conceitos de mise-en-scène that manages to be faithful to
Mikhail Bakhtin, como discursos são the spirit and intent of Shakespeare’s play
absorvidos e resignificados; de Norval while being also innovative and experimental
Baitello Jr, como a retórica imagética se for its own time.
constitui; e Georges Didi-Huberman, a
imagem como uma forma crítica, singular e
impura.
Corpos e Performances
A2
Um corpo vivo: Corporeidade e amor em O corpo e a performance no filme The
Ida Act Of Killing
Sérgio Dias Branco Lucas Campacci
(CEIS20-UC, Portugal) (UBI, Portugal)
-
-
Ida (2013) é aqui analisado cruzando os O objetivo da comunicação é analisar como
estudos fílmicos e a teologia. Este filme o documentário The Act Of Killing, do
polaco narra a estória de uma noviça cineasta norte-americano Joshua
chamada Ida em 1962. Ela sai pela primeira Oppenheimer, utiliza a atuação de não-
vez do convento para conhecer a tia, uma atores para representar suas memórias e
juíza caída em desgraça depois do período como os mesmos constroem seu
estalinista, e descobrir que a sua mãe e o testemunho. Levando como ponto de partida
seu pai eram judeus e foram mortos durante a relação histórica da dramaticidade como
a ocupação nazi. A minha leitura teológica utensílio para compor a narrativa no cinema
chama a atenção para o modo como as documental, o trabalho também busca
descobertas sobre o passado da analisar a potência desse tipo de cinema
protagonista e do país envolvem que mistura livremente a subjetividade do
experiências novas na vida dela. São testemunho com a realidade social, para
experiências que ela não teve porque viveu rever questões históricas, como no caso, a
isolada do resto do mundo num ambiente ditadura militar que ocorreu na Indonésia.
religioso. Há nelas uma tensão entre as Utilizando os conceitos de performance
dimensões social e individual, física e propostos por Diana Taylor em O Arquivo e
espiritual, que torna o trajecto dela num o Repertório (2013) e O Trauma como
caminho de discernimento pessoal marcado Performance de Longa Duração (2009), para
pelo fundamento do amor. Em De Trinitate, compreender a escolha do diretor na
Agostinho lembra que Deus só é visível para proposta das reencenações da memória,
quem ama. A corporeidade é central neste tortura que acaba revelando também os
percurso desde a primeira cena, em que Ida traumas dos personagens do filme. Afinal,
retoca a pintura de uma estátua de Cristo são os seus corpos que reiteram e ocupam
quase da sua estatura que, a espaços, o espaço onde a História ocorreu e recriam o
pontua o filme como uma presença que a passado evocando as marcas do tempo.
acompanha e interpela. Como a luta de Discutindo se o método pode ampliar as
Jacob com Deus (Gen 32,22-32), a de Ida fronteiras da análise fílmica e trazer outras
será feita corpo a corpo — ao contacto com maneiras que o cinema documental pode
a estátua podemos acrescentar a recolha retratar a violência de Estado.
dos ossos dos seus progenitores e o
encontro sexual com um saxofonista. Estes
momentos vão fazendo o seu corpo mais
vivo, a sua vida mais intensa, mais
participante na natureza divina e animada
pelo amor divino. No fim, a câmara fixa
torna-se móvel para acompanhar a sua
determinação.
A2
Corpos e Performances
Una ciudad arrojada al mar: Je veux voir Barry Jenkins’s Moonlight or the cultural
de Joana Hadjithomas y Khalil Joreige work of film narratives of the private
José Manuel López Luis M. García-Mainar
(USC, Espanha) (Unizar, Espanha)
- -
La guerra del Líbano de 2006 entre Israel y The last few years have seen a resurgence
Hezbolá sorprendió a la pareja de cineastas of identity politics in US American culture, a
libaneses en Francia. Al no poder regresar a phenomenon that dates back to the Obama
su país asistieron a la retransmisión de la years and their abrupt ending with the
guerra a través de los medios, incapaces de election of Donald Trump as president in
reconocer en aquellas imágenes a su propio 2016. While cultural commentators have
país: «¿Qué tipo de imágenes debíamos blamed the identity politics embraced by the
Democratic Party for this sudden shift to the
hacer, entonces? Khalil y yo hemos
conservative right, the MeToo movement
trabajado mucho sobre las ruinas. ¿Cómo
sparked by activism in the film industry has
debemos filmarlas? ¿Cómo encontrar las proved the relevance of such politics in the
huellas de la memoria?». La respuesta la United States. Barry Jenkins’s Moonlight
encontraron en el cuerpo y el rostro de was heralded as a product of the progressive
Catherine Deneuve, a la que se llevaron a su Obama era, sanctioned by the Film
país unos meses después para filmar 'Je Academy with the 2017 Award for Best
veux voir'. Deneuve representa para ellos la Picture, and quickly became an object of
mirada del 'étranger' —como ellos ante las cultural debate within black and queer
imágenes de los medios— pero también la culture, while film critics praised its lavish
mirada del cine. Hadjithomas y Joreige cinematography and virtuoso narrative.
enfrentaban así, según sus propias However, the debate that followed the film
failed to set it in another context that would
palabras, un «cuerpo-cine» (Deneuve) a «un
illuminate its function in contemporary US
espacio documental» (Beirut, una ciudad
culture: it was the product of a renewed
acribillada por sucesivas guerras). Esta idea
interest in narratives of the private. This
de lugar irreconocible porque que ha sido paper will explore the role of Moonlight in the
'borrado' es central en toda su obra y me current explosion of a culture of
servirá para acercarme al paisaje urbano representation of the self that has produced
como lugar de desapariciones, de cambios a prominent cinema centred on private lives
traumáticos y heridas que se esconden bajo that nevertheless do not refuse to engage
los escombros. Desde la modernidad, al politically with public issues. On the contrary,
menos, desde las imágenes de Rossellini y their emphasis on autobiographical material,
las palabras de Deleuze, el cine siempre ha clearly subjective perspectives, and the
sido un arte de las ruinas y de cuerpos exhaustive recreation of the spaces of the
vagabundos que atraviesan esas ruinas. En private results in narratives that exhibit a
deep commitment with the social milieu they
'Je veux voir' buscaré la pervivencia de esa
inhabit.
'última imagen', la imagen terminal de una
ciudad que es literalmente arrojada en
pedazos al mar.
A5
Cultura e Política
B 14 maio
16h00 — 17h45
B1
GT Teoria dos Cineastas (II)
O espectador em construção
Raquel Pacheco e Ana Isabel Soares
(CIAC-UAlg, Portugal)
-
O cinema e educação, que se enquadra
dentro do tema educação para os media,
promove à literacia cinematográfica e
audiovisual, assim como colabora para a
construção de uma literacia mediática,
encontra-se ainda num processo de
consolidação em Portugal, sendo composto
pelo PNC – Plano Nacional de Cinema e
iniciativas dispersas e privilegiando à
iniciação aos estudos fílmicos. Esta
investigação propõe-se aprofundar o
conhecimento sobre as culturas
cinematográficas e audiovisuais de crianças
e jovens de ambientes sociais diversos, de
forma a compreender as capacidades de
literacia cinematográfica e audiovisual que
desenvolvem, as que necessitam de
intervenção e quais as formas mais eficazes
para o fazer. Prestaremos particular atenção
ao trabalho de cinema e educação bem como
à literacia audiovisual, dado o papel que
estas esferas assumem entre os mais novos
e com os novos desenvolvimentos mediáticos
e tecnológicos. As metodologias qualitativas,
principalmente as participativas e de
investigação-ação, constituem pontos de
partida para desenvolver um projeto
integrado e compreensivo de educação para
os media, incluindo cinema, audiovisual,
informação, entretenimento e publicidade,
além dos diferentes meios.
B3
GT O Cinema e as Outras Artes (II)
Cinema e aporia nas imagens de Jeff "What you see is not what you see":
Wall cinema e minimalismo em 68
Júlia Paes Leme Leonardo Esteves
(UFRJ, Brasil) (FCA-UFMT, Brasil)
- -
Cinematografia costuma ser tratada, dentro Fun and games for everyone é um filme
da obra do fotógrafo canadense Jeff Wall, dirigido por Serge Bard a partir de uma
em linhas simples, como a presença das vernissage homônima de Olivier Mosset.
técnicas normalmente associadas com a Nesta, o pintor minimalista expunha uma
produção de filmes (TATE, s.d). Essa série de quadros similares que consistia em
comunicação, contudo, tomando como base
um círculo negro pintado no centro de uma
seu texto Frames of reference (WALL, 2003)
tela branca. Ao filmar a exposição e as
pretenderá desenvolver como, indo mais
interações entre obra e público, incluindo aí
além, essa expressão pode revelar uma
relação mais intima do artista com questões a ilustre presença de Salvador Dali, Bard
que ele considera marcas do cinema. Um radicaliza um recurso fotográfico explorado
aspecto de destaque em geral de sua obra já no filme anterior, Ici et maintenant. Da
costuma vir atrelado ao título “near parceria com o fotógrafo Henri Alekan,
documentary”, ou “quase documentário” composta por estes dois títulos, chega-se a
(CHEVRIER, 2006), indicador de um lugar um resultado extravagante e demolidor: uma
de ambiguidade, ou, como Wall coloca, de imagem em preto e branco composta
uma opção por permanecer na dúvida. Essa apenas por preto e branco, sem escalas de
opção seria possível dentro de uma cinza, e suprimindo visualmente a menor
percepção cinematográfica na qual haveria estrutura da imagem fotoquímica, o grão.
espaço para uma “indecisão estilística” na
Esta reflexão pretende investigar a relação
qual não seria necessário escolher entre fato
complexa que se dá nesta transposição/
e ficção (WALL, 2003). A partir desse lugar
de não escolha, ou de opção pela indecisão, captação da arte minimalista para o cinema,
essa comunicação irá propor trilhar uma considerando alguns dos predicados
leitura política de seu trabalho. Tomando defendidos pelo grupo que se veem
como base as considerações do francês problematizados na incursão de Bard. A se
Jacques Rancière, especialmente em seu O começar pela negação do lema “what you
Desentendimento (RANCIÈRE, 2018), see is what you see”, abalado pelos efeitos
pensaremos as possibilidades de uma arte fotográficos manobrados por Alekan – uma
que se realiza política no momento que luz não-significante, irá assim classificá-la o
acolhe a aporia. Pretendemos concluir com diretor de fotografia. Em Fun and games
novas aproximações com o cinema, dessa estimula-se em toda sua extensão um
vez via Rancière, trazendo sua leitura de exercício fantasmático de problematizar o
algumas das referências de Wall
visível, acarretando em um jogo no qual a
(RANCIÈRE, 2016) e seu conceito de
aparência das coisas oscila em uma mise-
regimes de visibilidade (RANCIÈRE, 2012 e
2014). en-scène reformulada a partir de padrões de
textura da imagem.
B3
GT O Cinema e as Outras Artes (II)
D1
11 x 14 ou a paisagem como forma Os tempos da paisagem fílmica
cartográfica em James Benning Filipa Rosário
Fernando Gonçalves (CEC-UL, Portugal)
(UERJ, Brasil) -
-
O cineasta americano James Benning é A paisagem corresponde a uma porção de
conhecido por explorar de forma pouco natureza pensada ou contemplada por alguém
convencional, desde os anos 70, as temáticas exterior a ela, revelando-se assim a paisagem
da paisagem, da narrativa e do tempo como enquanto forma mental que une a natureza ao
experiências de contemplação. Em fevereiro indivíduo, juntando e homogeneizando num
de 2018, seu primeiro longa-metragem, 11 x mesmo quadro contemplado aquilo que, fora
14 (1977), recém restaurado, foi relançado dele, permanece desagregado para sempre
oficialmente no Festival de Berlin e (Simmell, 2001). Um território geográfico
posteriormente em diversos países, torna-se numa paisagem quando um sujeito
permitindo-nos revisitar uma de suas primeiras operativo o experiencia enquanto ambiente,
reflexões acerca de nossas relações com os contemplando-o, filmando-o. Na paisagem,
espaços naturais e construídos. A proposta do estão ancorarados de forma coesa o tempo da
paper é evidenciar primeiramente como desde natureza – tempos naturais –, e a
o início de sua trajetória como realizador a temporalidade humana – a duração individual
paisagem aparece não apenas como uma (Serrão, 2012: 330). Nesse mesmo território
experiência contemplativa mas também como natural, convivem também, de forma subjetiva,
um mosaico material e simbólico costurado o tempo originário e um tempo prenunciador
por jogos feitos com a memória e com o apocalíptico, resultante da consciência
fragmento. Em segundo lugar, o paper propõe ambientalista e antropocénica humana. Neste
pensar que se, por um lado, Benning parece sentido, o cinema procede como a paisagem:
recusar um sentido para as paisagens que os tempos da imagem em movimento são
compõem suas narrativas, por outro, é múltiplos, coexistem no mesmo espaço,
exatamente por meio dessa recusa que faz sobrepõem-se, por vezes confrontam-se
surgir a paisagem enquanto narrativa visual de (Rosário, 2017). Tal como o cristal do tempo
nossas relações com o espaço. Do ponto de fílmico congrega facetas temporais diferenciadas
vista material, a paisagem emerge em 11 x 14 (Deleuze, 1985: 109), também “a paisagem é um
como amálgama do humano e do não- cristal que refrata o tempo das imagens no
humano. Do ponto de vista simbólico, como limiar (tableau ou ecrã) que contemplamos”
representação visual e mapa que dá a ver (Natali, 1996: 147). Nesta comunicação,
como se entrelaçam, ora nas circunstâncias pretendo apresentar uma sistematização dos
mais banais e cotidianas, ora nas mais tempos da paisagem fílmica convoca,
inusitadas, os diversos personagens e as recorrendo a Acto da Primavera (Oliveira,
diversas experiências que compõem a vida no 1963), Trás-os-Montes (Reis e Cordeiro,
meio-oeste americano dos anos 70. 1976), Se Eu Fosse Ladrão.... Roubava
(Rocha, 2014), Eldorado XXI (Lamas, 2016) e
Farpões, Baldios (Mateus, 2017).
D1
Atravessar a paisagem – sobre uma cena
GT Paisagem e Cinama (I)
D3
Entre o político e o íntimo: o cinema Filmes fora do armário: em busca de
doméstico sob a ditadura militar brasileira imagens domésticas queer
Thais Blank (FGV-CPDOC, Brasil) e Patricia Beatriz Gonçalves
Machado (PUC-Rio, Brasil) (Paris 3, França)
- -
A comunicação propõe apresentar os A arqueologia, a arquivologia e a historiografia
primeiros resultados de uma pesquisa ainda do cinema amador em geral e do filme de
em andamento, que tem como finalidade família em particular têm-se dedicado
mapear, recuperar e analisar filmes majoritariamente a filmes que reproduzem
domésticos e amadores produzidos no período normas patriarcais, heterossexuais, burguesas
da ditadura militar brasileira (1964 -1985). e etnocêntricas. Contudo, onde estão as
Tratam-se de raros registros, que realizados imagens domésticas de famílias “outras”? Que
no âmbito do espaço privado encarnam uma corpos e que olhares têm direito à existência e
dimensão pública e política quando à existência de uma imagem de si? Esta
conhecemos seus contextos de produção. comunicação inscreve-se em um projeto
Para recuperar a história desses filmes iniciado em 2018 de busca por filmes de
adotamos como procedimentos primordial de família divergentes. Situando-se à margem de
pesquisa a noção de “cruzamento de arquivos” uma prática e de uma historiografia menores e
proposta pela historiadora francesa Sylvie carregando imagens de outridade, tais filmes
Lindeperg, que consiste em desvendar a confrontam-se a um múltiplo devir “outro”. A
história da fabricação das imagens a partir do partir do devir outro queer, em um caminho de
cruzamento de diferentes documentos vai do armário ao arquivo e ao espaço de
produzidos em sua órbita; da realização de atualização e de reapropriação dessas
entrevistas com os personagens envolvidos na imagens, este trabalho propõe discutir filmes
filmagem; e da reconstituição do momento da de família feitos por mulheres lésbicas, por
tomada. Aplicaremos essa metodologia de meio dos quais questionaremos a construção
pesquisa em filmes domésticos realizados no de um olhar lésbico. Que lugares de
período da ditadura militar para escavar e performance (BUTLER, 1993) eles instituem?
revelar imagens que encarnam os conflitos da Como sua retomada, seja por um gesto
história política brasileira. Os estudos de caso arqueológico ou artístico, torna-se um gesto
abordados nessa comunicação apresentarão político em um contexto de emergência de
os registros do casamento da militante Inês discursos e afetos neo-fascistas e de
Etienne e as imagens rodadas em Super-8 no perseguição à comunidade LGBTIQ+? Como
presídio Tavalera Bruce com a militante Jessie esses filmes, assim como sua recuperação,
Jane. propõem outros modos de existência e de
resistência? Ademais, poderia o arquivo
fílmico lésbico subverter e desfazer a lei do
Arquivo?
D3 GT Outros Filmes (I)
D4
À margem do cinema português: estudo Autorrepresentação e memória: vozes
sobre o cinema afrodescendente emergentes no cinema em Portugal e em
produzido em Portugal Moçambique
Michelle Sales Ana Cristina Pereira
(UFRJ, Brasil) (CECS – UMinho, Portugal)
-
-
A representação do negro no cinema Em Portugal e em Moçambique o vértice do
português e a relação de diretores poder no Cinema é ainda e sem surpresa, um
portugueses com temáticas pós-coloniais ou território ocupado maioritariamente por
pós-independência não é recente; nomes homens, brancos, de classe média e alta. A
como Pedro Costa, Margarida Cardoso, Filipa par das dificuldades comuns a todos os
César, entre outros, têm sua trajetória artística cineastas, as realizadoras de cinema
intrinsecamente vinculada à “Africa lusófona”. debatem-se num universo em que “as
Entretanto, interessa-nos pensar a forma com relações de poder estão todas deslocadas
a qual realizadores portugueses para o lado masculino” (Cardoso Branco,
afrodescendentes despontam no campo do 2014, p. 289). Contrariando as dificuldades
cinema português propondo novas dinâmicas decorrentes deste grande desequilíbrio, são
de produção e circulação de imagens, além de cada vez mais as mulheres que assinam
temáticas voltadas para a questão anti- obras (Pereira, 2015) e na última década
colonial, transpondo o lugar da representação apareceram realizadoras provenientes de
para auto-apresentação. Muito recentemente, meios socioculturais tradicionalmente
o debate sobre racismo em Portugal afastados do cinema. Longe ainda do que
aprofundou-se em diferentes frentes de poderia ser designado como um movimento de
atuação. Numa delas, além da revisão dos cinema negro feminino, diferentes vozes
traumas e feridas do período colonialista, a isoladas (talvez demasiado) vão dando corpo
produção intelectual de negros e negras tem a um discurso sobre o peso do passado no
mantido aberta a questão sobre a inserção que é ser mulher negra, periférica, minoritária
social, cultural, profissional e, sobretudo, hoje. As realizadoras Vanessa Fernandes
representacional do povo negro e (Portugal) e Teodora Martins (Moçambique)
afrodescendente na sociedade portuguesa. pertencem a diferentes diásporas africanas e
Dessa forma, a questão da representação do os seus filmes dialogam com a memória desse
povo negro no cinema português assume, em passado migrante e a forma como se
pleno século XXI, dois aspectos centrais deste expressa nos fios com que se tecem as
debate: a necessidade de pertencimento relações nas sociedades em que vivem.
efetivo ao campo do trabalho cinematográfico, Partindo da análise dos filmes Si Distino de
ou seja, produzindo filmes e ocupando cargos Vanessa Fernandes (2015) e Marcas do
técnicos; e, sobretudo, redefinindo Desterro (2015) de Teodora Martins e ainda
subjetividades, memórias e afetividades do de entrevistas concedidas por estas
povo negro na sociedade portuguesa a partir realizadoras emergentes, a presente
do olhar de negros e negras. Analiseremos, comunicação propõe uma leitura dos seus
nessa comunicação, o filme O canto de percursos e discursos fílmicos, enquanto
Ossobó (2017), de Silas Tiny. projetos de autorrepresentação e de afirmação
de vozes silenciadas.
D4 GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (I)
D5
As fantasmagorias da técnica: uma Crônica de trabalhadores em Vozes do
arqueologia aos dispositivos da imagem medo: dramaturgia e direção de
em movimento Gianfrancesco Guarnieri
Maria Mire Pedro Plaza Pinto (
(i2ADS, Portugal) UFPR, Brasil)
-
-
Tendo como base a noção de “constelação O caso único da curta-metragem Aquele dia
fílmica” como forma de operacionalização de 10 (Gianfrancesco Guarnieri, 1972) é
uma pesquisa comparatista no cinema, estudado enquanto acontecimento
procedemos a uma análise da presença de cinematográfico, na sua forma fílmica, com
fantasmagorias nos cinemas ibero- ênfase nos paradigmas dramáticos das cenas.
americanos, tendo como âncora o filme A O material compõe trecho do filme que lhe dá
mulher sem cabeça (Lucrecia Martel, 2008), existência, no caso, a longa-metragem Vozes
que se expande em possibilidades do medo, coordenada por Roberto Santos.
interpretativas na relação com outras obras. Tendo sido dramaturgo e ator do Teatro de
Pensar num corpus como constelação Arena, do núcleo renovador do teatro
favorece uma concepção relacional, que vê brasileiro moderno, Gianfrancesco Guarnieri
diálogos, tensões e afinidades entre as obras, experimenta a sua única direção no cinema
colocando-as em relação de alteridade umas dentro do projeto de examinar o medo da
com as outras. A metáfora, que buscamos juventude na grande metrópole a partir de
tanto na astronomia como em Walter múltiplas perspectivas. A denúncia do
Benjamin, caracteriza-se pela liberdade de autoritarismo, do fetichismo e da alienação dá
estabelecer ligações entre partes dispersas o tom geral da longa-metragem. A proposta é
que se iluminam mutuamente. Nessa verificar a emergência do filme no período
constelação, situamos o filme de Martel junto a ditatorial e da curta-metragem dentro do filme,
obras contemporâneas de Lisandro Alonso, correlacionando-a com a trajetória de
Kleber Mendonça e Pedro Costa. Trata-se não Guarnieri. A crônica leve da dupla de
exatamente de fantasmas presentes nas pedreiros de folga e em busca de paqueras é
tramas dos filmes, mas de uma maneira de a transfiguração de elementos do nacional-
filmar assombrada, que por vezes aciona popular presentes na sua atividade teatral. É
convenções do filme de horror para dar conta notável, nesta linha de trabalho, o diálogo com
da experiência social em tempos turbulentos. uma temática típica do teatro épico, a
Destacamos, nesses filmes, a filmagem de performance da música para a atmosfera do
outros de classe e de raça ora como vultos, curta, a presença em cena do ator Antonio
sombras ou espectros ora com seus corpos Pitanga e o balanço melancólico sobre as
fragmentados ou decapitados pela fantasias masculinas dos trabalhadores. A
composição. São figuras relegadas, ao mesmo deambulação pela cidade em dia de descanso
tempo, às margens da história e dos interroga os desejos e ilusões da dupla
enquadramentos. Os filmes constelados popular e se singulariza dentro do quadro da
remetem a questões de classe ou vivências longa-metragem que teve trechos decepados
coloniais violentas, traumas do passado nunca pela censura.
superados em países como Brasil, Argentina e
Portugal.
D5 História do Cinema
A paisagem do ‘cinema-fronteira’:
deslocamentos, imaginários e desejos de
personagens femininas nas narrativas em
trânsito nas fronteiras do Brasil,
Argentina e o Uruguai
Francieli Rebelatto
(UNILA / UFF, Brasil)
-
Muitos são os imaginários sobre as regiões
de fronteira entre diferentes países. Alguns
nos remetem a imagens dos impedimentos
das passagens - os muros, as aduanas e os
controles a partir da presença do estado-,
outros reivindicam à fronteira seus fluxos, a
zona de contato e imiscuição entre diferentes
nacionalidades, produtos e culturas. Destes
imaginários emanam distintam possibilidades
de representações dos territórios fronteiriços
no cinema contemporâneo latino-americano a
partir do deslocamento do olhar sobre a
perspectiva de uma paisagem transnacional.
As personagens mulheres dos filmes
brasileiros co-produzidos com Argentina e
Uruguai – respectivamente -, Pela Janela
(2017) e A Mulher do Pai (2017) se
perguntam intimamente durante seus trajetos:
O que há do outro lado da fronteira? Diante
desta questão, este ensaio caminhará pelas
zonas de fronteiras territoriais, de gênero e
da linguagem cinematográfica dos dois filmes
em busca de leituras sobre estes imaginários,
desejos e deslocamentos na/sobre a
paisagem.
GT Cinemas em Português (III)
F2
Poesia e melodrama em Paraíso Perdido:
Heloisa Passos: interpelando uma paisagens de Almodóvar no cinema
trajetória a partir do gênero brasileiro
Marina Cavalcanti Tedesco Sandra Fischer e Aline Vaz
(UTP, Brasil)
(UFF, Brasil) -
-
O cinema de Pedro Almodóvar é reconhecido
Embora sempre tenha havido mulheres na por suas marcas autorais, as tais paisagens
direção de fotografia, esta é uma das áreas almodovarianas, que cineastas sucessores,
mais masculinizadas da realização fílmica. por vezes, apropriam-se. O presente estudo
Em levantamento realizado nos longas- ocupa-se da multiplicidade de ecos e
metragens nacionais de ficção brasileiros que espelhos – característicos de sua obra – que
tiveram exibição pública, encontramos uma se transpõem no filme Paraíso perdido (2018)
assistente de câmera creditada pela primeira da diretora brasileira Monique Gardenberg.
vez em 1981 – Luelane Corrêa em Amor e Assim como se dá em Todo sobre mi madre
Traição (Pedro Camargo, Brasil, 1981). Já na (Almodóvar), Paraíso perdido constrói
direção de fotografia, as pioneiras são Márcia paisagens reverberativas de uma instituição
Lara, em Louca Utopia (Márcia Lara, Brasil, familiar potencialmente carnavalizada.
1984), e Kátia Coelho, em Real Desejo Famílias em trânsito que deixam-se revelar,
(Augusto Sevá; João de Bartolo, Brasil, vulneráveis a afetos e desafetos, amores e
1990). Após termos nos dedicado essa ódios, tolerâncias e violências, encontros e
história quase não contada das mulheres na desencontros, trajetórias pessoais que são
direção de fotografia brasileira, percebemos também de ordem coletiva, de uma esfera
que seria necessário entrevistarmos algumas social que infere preconceitos e repressões,
delas a fim de compreendermos melhor que expondo feridas e cicatrizes, passado e
fatores possibilitaram: que elas lentamente presente. Nosso estudo propõe uma análise
começassem a conquistar espaço onde até crítico- reflexiva atenta aos tráfegos e
então só havia homens; o que ser mulher transplantes temático-imagéticos que têm
significa(va) em termos de mercado e lugar em Paraíso perdido, revelando-se tanto
oportunidades de trabalho. A diretora de como ecos de um cinema almodovariano
fotografia Heloisa Passos, uma das principais quanto como o despontar de um cinema
do país, é uma de nossas entrevistadas. Se brasileiro contemporâneo afeito a poéticas
hoje o preconceito enfrentado pelas mulheres peculiares. Paisagens cinematográficas
na cinematografia vem sendo percebido, intercambiantes, que pressupõem e articulam
denunciado e combatido, em um processo noções subversivas de uma família
que tem como um de seus ápices a criação perambulante e plural, espalhada não apenas
do Coletivo de Diretoras do Brasil, em 2016, nos lugares físicos, mas principalmente nos
até pouco tempo atrás a situação era espaços – marcados pela inexorável
diferente. A maioria delas ou não percebia os passagem do tempo, por indefinições de
obstáculos adicionais que ser mulher trazia gênero, por utopias e distopias –
ou preferia não falar sobre isso para não determinados pelos deslocamentos afetivos.
aumentar o estigma e as dificuldades
cotidianas.
F2
GT Cinemas em Português (III)
F3
Scream and the slasher (sub)genre Papel do personagem digital nos filmes
Diana Neiva de ação/fantasia
(CEHUM / IFILNOVA, Portugal) Cláudia Cunha Miguel
- (UCM, Espanha)
-
Wes Craven’s Scream (1996) has been Após investigação sobre a trama e a imagem
consistently considered as metahorror, i.e., a no cinema digital considerou-se importante
film about the horror genre, specifically about dar continuidade à investigação tendo como
the slasher subgenre. According to M. foco principal o personagem digital. Esta
Jancovich, “films of this subgenre are comunicação é dedicada ao papel do
supposedly concerned with a process of personagem digital nos filmes de
terrorization in which a serial killer ação/fantasia e tem como objetivo analisar
methodically stalks a group of teenagers who qual a relevância do personagem digital no
are killed off one by one” (Jancovich 2002, 5). desenvolvimento da trama nas suas duas
Scream revolves around Sidney Prescott and grandes componentes: a narrativa e a visual.
her teen friends, as the film seems to Para dar resposta a esta premissa torna-se
combine all elements from a slasher film that necessário atingir um quadro de
C. Clover analyses in her book Men, Women, referência/caracterização de personagens
and Chainsaws: a male killer who uses knives digitais. Não existindo atualmente quadros de
(one of the most common slasher weapons), referência para personagens digitais o
the teenager victims, a final girl, shocking objetivo é criar em primeira instância pela
imagery, and so on. However, if on the primeira vez um quadro de caracterização
surface Scream seems to follow the slasher especifico para este tipo de personagens.
“rules”, it actually plays with genre Como atingir? Cruzando a análise teórica dos
conventions, breaking them and making us autores que estudam a temática com quem
think about what slasher films are, what a film faz e vê estes personagens. (especialistas,
(sub)genre is, and the genre’s relation with dando destaque aos diretores, atores,
audience expectations, especially with a guionistas, diretores de fotografia e
group of characters who know previous professores da área e espectadores). Para o
slashers like John Carpenter’s Halloween grupo de especialistas serão efetuados
(1978) and are aware of horror culture. In this inquéritos e entrevistas para o efeito. O
presentation, I propose to make a close resultado destes instrumentos metodológicos,
analysis of Scream and show how the film sustentados pelas análise teórica dos
exposes, critiques, and plays with (sub)genre autores, permitirá criar um quadro de
conventions and audience expectations with caracterização preliminar. O mesmo será a
reference to previous films of the same base/eixo central para dar resposta ao papel
(sub)genre. Furthermore, I will briefly question do personagem digital no desenvolvimento da
whether this film, as self-reflective, is a trama nos filmes de ação/fantasia (Avatar,
philosophical work. Planeta dos Macacos e Hulk) e em
consequência aos pesos e à importância da
narrativa e da imagem neste processo.
F3 Géneros Cinematográficos
F4
A "digital" do cinema analógico sobre o
Fluxos migratórios e fronteiras inventadas
– o caso FESPACO povo preto
Maíra Zenun Clementino Junior
(UFG, Brasil) (UNIRIO, Brasil)
- -
Com o fim do tráfico escravagista, certos O presente artigo reflete sobre a importância
fluxos migratórios – intra-continentais e extra- dos primeiros passos dados pelos pioneiros
continentais – intensificaram, misturaram-se do que chamo de Cinema da Diáspora
uns aos outros, e se transformaram em Africana, no século XX, onde a práxis
importante fenômeno social. Graças ao cinematográfica e o acesso aos recursos
impacto tão profundo desses trânsitos na para produzir filmes em busca de uma
vida de pessoas negras, a repercussão identidade negra e/ou africana eram distintas,
destas dinâmicas provocadas por tantas tanto no Brasil no período da “Abertura”, no
migrações forçadas, em conflito com tantas Caribe, assim como nas décadas de 60 e 70
fronteiras inventadas pelo neo colonialismo, nos países africanos pós-coloniais. Dialogarei
tem sido tema de muitos dos filmes exibidos revendo destaques das questões levantadas
e premiados pelo FESPACO – Festival Pan- pelos participantes dos debates cineclubistas
africano de Cinema e Televisão de do curso realizado pelo CAN – Cineclube
Ouagadougou –, maior e mais antiga festa do Atlântico Negro sobre essa cinematografia,
cinema em África, que acontece em em dialogo com os conceitos trazidos por
Ouagadougou, Burkina Faso, desde 1969, a Stuart Hall sobre as representações “dessa
fim de estimular a promoção e discussão de África” no cinema caribenho, e com a
filmes negros, realizados em todo o epistemologia da existência de Milton Santos.
continente africano e em seus territórios O artigo tratará das seguintes etapas:
diaspóricos, por pessoas africanas e proposta do curso; os corpos negros à
afrodiaspóricas. Neste sentido, para esta serviço da branquitude no cinema brasileiro;
comunicação oral, proponho trazer um breve as “brechas” para um cinema pós-colonial
levantamento a respeito dos filmes exibidos preto e crítico nos países africanos
durante as edições do FESPACO, que tratam francófonos; o cinema feito por pretos e a
da questão das migrações (forçadas) em globalização; e o legado deste fazer
relação as fronteiras que foram sendo cinematográfico para as futuras gerações.
inventadas ao longo dos processos
diaspóricos identificados por Goli Guerreiro
(2009). Para tanto, proponho identificar os
conceitos de migração e fronteira atribuídos
ao continente-África, na intenção de traçar
um breve apontamento sobre como o cinema
negro africano apresentado em tal festival
tem retratado estes fluxos.
F4 GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (III)
Para um terceiro cinema feminista latino Cinema das mulheres que falam
americano português
Maíra Tristão Helyenay Araújo
(NOVA-FCSH, Portugal) (UERJ, Brasil / UAlg, Portugal)
- -
A partir de uma análise estética e social dos Pelo fato de ser o audiovisual um meio
filmes Feminino Plural (Vera de Figueiredo, expressivo que manipula em ampla escala
Brasil, 1976), De Cierta Manera (Sara valores culturais, políticos, comerciais,
Gòmez, Cuba, 1974) e Cosas de Mujeres identitários e artísticos, no cenário atual, onde
(Rosa Martha Fernandèz, México, 1977), vemos surgir uma onda crescente de discussão
precursoras de um cinema de gênero na sobre os lugares de fala das minorias, a
América Latina "terceiro mundista", este representatividade e o protagonismo feminino,
estudo aborda possibilidades de conexão é fundamental problematizar sobre a presença
entre estudos pós-coloniais, cinema feminina na elaboração das narrativas com
contemporâneo e estudos feministas, com sons e imagens em movimento. O cinema
ênfase no contexto cinematográfico latino- feminino em língua portuguesa, apesar de
americano da década de 1970. A ausência percorrer uma trajetória invulgar na história das
da participação dessas cineastas na história diversas cinematografias em português, está
tradicional e na teoria do Terceiro Cinema na circunscrito a uma situação de dupla
América Latina coloca em debate as próprias invisibilidade: tanto no contexto das
questões decoloniais elaboradas no cinematografias mundiais, estes cinemas
Manifesto Hacia un Tercer Cine (Solanas e falados em português são pouco vistos,
Getino, 1969), porém, neste momento tratado conhecidos e tidos como cinemas periféricos,
dentro de uma abordagem e reflexão quanto a participação feminina neste universo,
interdisciplinar. Para apresentação desta apesar de expressiva, carece de visibilidade.
comunicação apresento como método uma Neste sentido, a nossa proposta pretende
cartografia visual destes três filmes, lançar luz sobre a programação da Mostra
enfatizando as marcas de uma militância em Cinema das Mulheres que Falam Português,
busca de um rompimento de um pensamento para refletir sobre os aspectos de produção,
hegemônico de dominação masculina e políticas de promoção e elementos estéticos
estereótipos de feminilidade. Falar em dos filmes selecionados na sua curadoria.
cinema por/sobre mulheres em um período Organizada primeiramente em 2017, na cidade
onde as lutas sociais pulsavam, coloca em do Rio de Janeiro, e replicada um ano depois
análise narrativas cinematográficas de um na cidade do Porto, a mostra reuniu um
contra-cinema (Mulvey, 2011) e a panorama representativo da produção
necessidade de ampliar olhares, tempos e cinematográfica contemporânea elaborada nos
espaços na frente e atrás do ecrã. Nesse países de língua oficial portuguesa, sob o viés
sentido, torna-se relevante a apresentação feminino.
de um Manifesto do Terceiro Cinema
Feminista, destacando o posicionamento
estético e social destas obras.
GT Narrativas Audiovisuais (II)
F5
Interatividade e não linearidade - As A construção da subjetividade em
fronteiras entre o i-doc e o Webdoc webdocumentários: uma análise sobre
Lilian França Rio de Janeiro – Autorretratos
(UFS, Brasil) Rafael Valles
- (PUCRS-Brasil)
-
Por meio de sua interface gráfica, a web abriu Neste trabalho, pretendo analisar algumas
espaço para dar ao documentário um novo premissas sobre o que se constitui como
status, desta feita, mediado pelas tecnologias webdocumentário. Para isso, parto do
digitais, e, “[...] o certo é que as tecnologias pressuposto de que o webdocumentário afirma-
são um elemento fundamental para se se como “um filme interativo que mistura
afirmarem, renovarem e concretizarem fotografias, vídeos, sons, textos, mapas e
diversas estéticas e diferentes modos de elementos gráficos, associados às
representação” (PENAFRIA, 2013: 150). No
potencialidades da web participativa (fóruns
caso do i-doc e do webdoc a web permite a
sociais, chat, geolocalização, bases de dados,
reunião dos elementos específicos dos filmes
etc.)” (BOLKA; GANTIER, 2011: 119, tradução
não ficcionais articulados à uma série de
ferramentas da internet, unindo interatividade nossa). Os webdocumentários têm a tendência
e não-linearidade para a produção de uma de estar inseridos em projetos transmídia, em
narrativa de outra natureza, formada por narrativas que se afirmam na convergência de
vozes que ora se completam, ora divergem. diversas mídias, como é o caso do uso de
Em ambos os casos, o formato ainda se plataformas digitais, vídeos, fotografias,
encontra em processo de desenvolvimento, infográficos e animações, inseridos numa
uma vez que o pressuposto de interatividade, mesma página web e numa mesma concepção
muitas vezes, resume-se à uma estrutura estética. É através destas convergências que
hipertextual na qual são inseridos vídeos ou também se constroem novos processos de
links para vídeos. No entender de Bole e Mal subjetividade e novos caminhos para os
(2014), o uso da interatividade ao se contar
autores elaborarem as suas narrativas. Como
uma história é, ainda, incomum. Aston e
estudo de caso, buscarei analisar o projeto Rio
Gaudenzi (2012), Nash, Hight e
Summerhayes (2014), Soar (2014), Wolf de Janeiro – Autorretratos (Marcelo Bauer,
(2018), discutem os limites e as 2011), que retrata um grupo de jovens
possibilidades da interface entre web e os fotógrafos, nascidos na favela da Maré, que se
documentários. A presente pesquisa tem por formaram na Escola de Fotógrafos Populares
objetivo realizar um levantamento através da da Maré, assim como o contato com as
archival research nos sites i-doc, ifda DocLab pessoas que eles retrataram nessa mesma
e MIT/Dacbase: acerca dos tipos de narrativa região da cidade do Rio de Janeiro. Neste
utilizados e os graus de não-linearidade. webdocumentário, é possível conhecer o
trabalho fotográfico de AF Rodrigues, Ratão
Diniz e Jaqueline Félix e, ainda, ficar sabendo
de que forma a fotografia alterou as suas
trajetórias de vida e a relação que
estabeleceram com a comunidade e o local
onde vivem.
F5 GT Narrativas Audiovisuais (II)
Tendo como base a noção de “constelação No filme Branco Sai, Preto fica (2014), de
fílmica” como forma de operacionalização de Adirley Queirós, a música, em sua estreita
uma pesquisa comparatista no cinema, relação com as paisagens sonoras de
procedemos a uma análise da presença de Ceilândia, é o fio condutor que reativa
fantasmagorias nos cinemas ibero- memórias, reaviva experiências passadas, e
americanos, tendo como âncora o filme A prepara o terreno para uma ação subversiva
mulher sem cabeça (Lucrecia Martel, 2008), por vir. Neste ensaio, pretendemos levantar
que se expande em possibilidades algumas questões sobre a figuração do som
interpretativas na relação com outras obras. no filme, além de refletir sobre as
Pensar num corpus como constelação possibilidades políticas na constituição de um
favorece uma concepção relacional, que vê comum e uma multidão que podem
diálogos, tensões e afinidades entre as atravessar criativamente o cinema
obras, colocando-as em relação de alteridade contemporâneo brasileiro, em suas escolhas
umas com as outras. A metáfora, que estéticas e suas preocupações históricas.
buscamos tanto na astronomia como em Pensamos aqui a multidão a partir das
Walter Benjamin, caracteriza-se pela formulações de Michel Hardt, como “um
liberdade de estabelecer ligações entre conjunto de singularidades” (HARDT, 2004,
partes dispersas que se iluminam 1), uma potência em movimento,
mutuamente. Nessa constelação, situamos o incomensurável em sua força produtiva, em
filme de Martel junto a obras contemporâneas sua capacidade de constituir um monstro
de Lisandro Alonso, Kleber Mendonça e revolucionário. A multidão se impõe e traz
Pedro Costa. Trata-se não exatamente de consigo seus processos subjetivos em
fantasmas presente nas tramas dos filmes, mutação. Ampliar a multidão sem perder a
mas de uma maneira de filmar assombrada, sua dimensão política é tecer o comum em
que por vezes aciona convenções do filme de sua capacidade produtiva, sem esquecer as
horror para dar conta da experiência social forças e fluxos que entram em relação no
em tempos turbulentos. Destacamos, nesses momento em que ele é produzido. Caberia
filmes, a filmagem de outros de classe e de nos indagar como a música, em sua ampla
raça ora como vultos, sombras ou espectros capacidade de mover sensações e se
ora com seus corpos fragmentados ou disseminar na multidão, pode despertar uma
decapitados pela composição. São figuras força de criação capaz de subverter a lógica
relegadas, ao mesmo tempo, às margens da capitalista ao propor uma política pautada no
história e dos enquadramentos. Os filmes afeto e no bem-estar comum. É no campo do
constelados remetem a questões de classe imaginário e da fabulação, das maquinações
ou vivências coloniais violentas, traumas do simbólicas de um contrapoder emergente,
passado nunca superados em países como que Branco Sai, Preto fica age como filme-
Brasil, Argentina e Portugal. militante e subversivo.
G5
GT Cultura Visual Digital (I)
I3
O amargo obituário do cinema O cinema antropofágico do udigrudi
pernambucano brasileiro
Rodrigo Almeida Rodrigo Guéron
(UFRN, Brasil) (UERJ, Brasil)
- -
Essa investigação histórica de ordem mais A partir da concepção de “antropofagia”
prática, realizada inteiramente a partir de criado por Oswald de Andrade para superar a
pesquisas em jornais na Hemeroteca da dualidade entre um desprezo do Brasil por si
Biblioteca Nacional, resgata seis mesmo que levaria a uma submissão
acontecimentos esquecidos, descartados, colonizada e a busca de uma identidade
desconhecidos da história do cinema de nacional que resistiria a toda influência
Pernambuco, estado localizado no Nordeste estrangeira, analisaremos o movimento
do Brasil. Assim, lançando breves cinematográfico que aconteceu neste país os
perspectivas mnemônicas desde o final do anos 1960/70, denominado – meio ao
século XIX até a metade do século XX, desagrado de seus autores – de “cinema
partimos das primeiras exibições do marginal”. Este movimento, cujos principais
cinematógrafo na região, passando pelas diretores foram Rogério Sganzerla, Julio
primeiras produções realizadas por Bressane e Andrea Tonacci, foi chamado
imigrantes italianos no Recife, a relação também de “udigrudi” e identificado mais
desses italianos com o fascismo, a recentemente pelo crítico Jairo Ferreira como
dificuldade de separar os filmes que nunca um “cinema de invenção”. Radicalizando a
foram feitos dos que podem ser considerados proposta oswaldiana de antropofagia, o
desaparecidos até chegar no “udigrudi” marca uma diferença importante
desaparecimento de O Coelho Sai (1942), de em relação ao chamado “cinema novo” e a
Newton Paiva e Firmo Neto, o primeiro longa- concepção de “cultura popular”, inspirada no
metragem sonoro nordestino. A proposta se conceito de “nacional popular”, que
revela como forma de articular uma firme influenciou os cineastas cinemanovistas. O
defesa da importância da preservação da cinema marginal encara a situação trágica de
memória audiovisual local a partir do um país que já não era mais o mesmo diante
entendimento do esquecimento em da sua veloz industrialização e, em uma
determinadas sociedades enquanto uma situação um pouco diferente da encontrada
condição histórica. por Oswald, o que será agora
“antropofagizado” é a chamada “indústria
cultural”, e junto com ela uma “sub-indústria
cultural” local: o pop, o sub- pop, as mil uma
imagens de quinquilharias e publicidades dos
bens de consumo que inundam a vida e as
paisagens das grandes metrópoles
brasileiras, além dos clichês do cinema
hollywoodiano.
I3 Cinemas do Brasil
I4
Documentário etnográfico: os limites e A relação com o outro no filme
interações entre a produção do documental (de cariz autoral) – O caso de
conhecimento e a visão subjetiva da Agnès Varda
narrativa fílmica Luisa Neves Soares
Carlos Eduardo Fialho (UFF, Brasil) e Tatiana (CEIS20-UC, Portugal)
Miranda (IBGE, Brasil) -
-
O documentário etnográfico resulta do O filme documental parte do real concreto do
processo de pesquisa, metodologicamente mundo e de quem o habita, para, através de
orientado, para o conhecimento do objeto uma mediação direta por parte do realizador,
com vistas a colocar em evidência questões existir enquanto objeto de criação. Nesta
sociais, culturais, políticas ou econômicas (ou análise, a reflexão parte de um tipo de
a combinação de algumas dessas áreas). cinema documental de cunho marcadamente
Mas, sendo um filme, a imagem de alguma autoral (documentários performáticos, na
coisa não é a reprodução fiel desse definição de Bill Nichols ou que cabem na
fenômeno, é sua representação atravessada definição de filme-ensaio), e por isso objetos
por fatores de escolha do autor na captura fílmicos em que a visão, posicionamento
das imagens e falas. É a realidade crítico, escolha e linguagem do autor se
representada. A voz do documentário, de assumem como determinantes. Para esta
forma geral, é o meio pelo qual essa comunicação, a proposta é a de questionar a
perspectiva singular se dá a conhecer. No relação que existe entre quem filma e quem é
documentário etnográfico, particularmente, filmado, a forma como acontece esse
essa voz é a forma de construção de encontro e quais os fatores que podem
narrativas com origem no desejo de expor influenciar ou ser determinantes nessa
fatos relevantes num campo específico de relação (tempo, proximidade cultural,
conhecimento. O suporte da pesquisa convicções, História, género, aparato técnico,
metodologicamente orientada ainda assim etc). Que tipo de relação é gerada e qual o
caracteriza o documentário etnográfico como grau de autenticidade desenvolvido com o
a exposição de um ponto de vista, trata-se de objeto de interesse por parte do realizador, o
uma narrativa que se expressa por intermédio sujeito a partir de quem o filme existe?
de opções do uso da imagem e som. Nos Analisar-se-á a forma como a realidade não
interessa, na nossa pesquisa, analisar os sendo adulterada é enquadrada por parte de
elementos que fornecem ao documentário quem a filma, qual o tipo de presença do
etnográfico uma linguagem própria, entre realizador fora e dentro de campo e o seu
eles, o mais notável, a aproximação entre envolvimento com o tema, tendo por base a
áreas das ciências sociais e o cinema, como obra documental de Agnès Varda, cineasta
plataforma da produção de conhecimento. que tem na sua obra uma voz, na aceção de
Como campo de análise trabalharemos com Nichols decididamente presente e
dois filmes documentários com fortes traços interventiva e cujo cunho autoral pode
etnográficos: Ex-Pajé (Luiz Bolognese, 2018) claramente ser reconhecido.
e Bixa Travesty (Kiko Goifman e Cláudia
Priscilla, 2017) analisando os pontos de
encontro entre o cinema e as ciências
sociais.
I4 Cinema Documental
Comissão Científica
Albert Elduque (U. Reading, Reino Unido), Ana Bela Morais (ULisboa, Portugal), Filipa
Rosário (ULisboa, Portugal), Maria Irene Aparício (NOVA, Portugal), María Soliña
Barreiro (UPF, Espanha), Mariana Liz (ULisboa, Portugal), Marta Pérez Pereiro (USC,
Espanha), Marta Pinho Alves (ESE-IPS, Portugal), Nívea Faria Souza (FACHA /
UNESA, Brasil), Paulo Cunha (UBI, Portugal), Tiago Baptista (NOVA, Portugal),
Wiliam Pianco (UNICSUL)
Comissão Organizadora
AIM: Catarina Maia, Filipa Rosário, Maria do Rosário Lupi Bello, Mariana Liz, Marta
Pinho Alves, Nelson Araújo e Sérgio Dias Branco.
Edição
AIM Maio de 2019
ISBN
[A definir]
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