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IX encontro

anual da AIM

13-16 maio

Universidade de
Santiago de Compostela
A AIM – Associação de Investigadores da
Imagem em Movimento surgiu da vontade
de reunir em Portugal, numa mesma
entidade representativa, um conjunto de
investigadores que têm em comum objetos
e temas de pesquisa.

Entre os objetivos da AIM, encontram-se a


promoção da investigação em áreas como
o cinema, a televisão, a arqueologia do
cinema, o vídeo, a Internet, entre outras;
assim como a promoção de encontros
científicos regulares e a edição da Aniki:
Revista Portuguesa da Imagem em
Movimento.
01 programa

02 informações
úteis

livro de
03 resumos
13 maio 14 maio 15 maio 16 maio

9h30
Cerimónia de
abertura

10h15-12h00 painel painel painel


A D G

Conferência
Conferência
Plenária Conferência
Plenária
12h15-14h00 Santos
Stephanie
Plenária
Zunzunegui Francesco Casetti
Dennison

14h00-16h00

16h30-18h
Mesa-
16h00-17h45 Redonda painel painel painel
*Salão de B E H
Atos

18h15-20h
Sessão de painel
painel painel
18h00-19h45 Cinema C
F I
*Salão de
Atos

20h00
Reunião
Apresentação
Informal dos Assembleia-
20h00 de Livros Encerramento
GTs geral
* Praça de
Porto d’honra
Mazarelos

22h00
Jantar Oficial
22h00
22h00 * Restaurante
Festa de
Casal do
Despedida
Cabindo
*Pub Atlântico

-
10h15-19h45 Feira do Livro

*Ver informações úteis.


Todos os slots horários decorrem nas instalações da Universidade de
Santiago de Compostela (Faculdade de Geografia e História), excepto quando
indicado.
01

pro
gra
ma
13

segunda-feira (pré-encontro)
segunda-feira

16h30 18h15
- -
18h00 20h00
Mesa-Redonda Sessão de cinema
Local: Salão de Atos da Faculdade de Local: Salão de Atos da Faculdade de
Filosofia da USC Filosofia da USC
-
Cinema Galego -
Com Margarita Ledo (USC), Marta Pérez Trote
Pereiro (USC), Jaime Pena (CGAI) e de Xacio Baño
Xacio Baño (cineasta) Galiza / Lituânia, 2018, 83’
Moderação de Xosé Nogueira (USC) com a presença do realizador

Sinopse
O ‘Novo Cinema Galego’ é uma das
manifestações mais importantes do Filha de. Irmã de. Carme vive numa
‘Outro Cinema Espanhol’. Cineastas aldeia nas montanhas do interior da
como Óliver Laxe, Xurxo Chirro, Lois Galiza com o seu pai, Ramón, com quem
Patiño, Eloy Enciso, Alberto Gracia, Ángel mal se comunica, e a sua mãe, que está
Santos, Xacio Baño, Anxos Fazáns ou doente. Trabalha numa padaria e precisa
Diana Toucedo, entre outros, levaram a de escapar a esse ambiente opressivo,
produção galega a grandes festivais mas as circunstâncias sempre a
europeus como Cannes, Berlim, Locarno impediram de dar esse passo. Zarpar.
ou Roterdão, onde ganharam inúmeros Fugir.
prémios. Dois factores contribuíram para Trote acontece durante o fim de semana
esta situação: a política cinematográfica em que se celebra a "Rapa das Bestas",
desenvolvida a partir de 2006 desde a a luta ancestral do homem com o cavalo.
Agência Audiovisual Galega, com ajudas A aldeia começa a preparar-se para a
ao talento que recebiam directamente os festa. Luis, o seu irmão mais velho, volta
criadores (sem necessidade dum à casa da família por alguns dias com a
produtor, duma empresa) e a sua parceira, María.
coincidência no tempo destes filmes com
Trote é a luta entre o homem e o cavalo,
o início da grande transformação
entre a razão e o instinto.
tecnológico-mediático dos últimos anos,
que radicalizou as formas do cinema
independente, caracterizado agora pela
hibridação formal e a experimentação
com géneros e formatos. Esta mesa 20h00
redonda reúne a vários representantes da
historiografia, a análise, a crítica, a
programação e a direcção Reunião Informal dos Grupos de
cinematográfica na Galiza com o intuito Trabalho
de reflectir sobre este processo e falar Local: Cafés e esplanadas da Praça de
sobre o presente e do futuro do cinema Mazarelos
galego.
14

terça-feira
14 de maio

Book | Ivan Capeller (UFRJ, Blaufuks's Fábrica |


9h00 Brasil) Sandra Camacho (CEC-
Abertura do Secretariado/ FLUL, Portugal)
Recepção aos A2 | Corpos e
participantes Performances A4 | GT História do
Piso 1 - Em frente ao Sala 11 Cinema Português
Paraninfo Moderação: Maria do Sala 13
Rosário Lupi Bello Moderação: Elisabete
- Marques
9h30 Um corpo vivo: -
Cerimónia oficial de Corporeidade e amor em Novas tendências do
abertura Ida | Sérgio Dias Branco cruzamento entre arte e
Paraninfo (CEIS20-UC, Portugal) cinema em Portugal |
Daniel Ribas (CITAR-UCP,
O corpo e a performance Portugal)
no filme The Act Of Killing
10h15 | Lucas Campacci (UBI,
Portugal)
A atualização das

- imagens do passado em
Natureza Morta | Eduarda
12h00 A mulher, uma aventura
da linguagem | Catarina
Kuhnert (UFF, Brasil)

- Maia (CEIS20-UC, Portugal) Práticas do filme de


A1 | GT Teoria dos apropriação durante o
Cineastas (I) A3 | GT O Cinema e as salazarismo | Tiago
Sala 5 Outras Artes (I): Cinema Baptista (IHC-NOVA /
Moderação: Luis Fernando FCSH, Portugal)
e Fotografia
Severo
Sala 12
- A arte poética de Manuel
Moderação: Nelson Araújo
O ofício cinematográfico Guimarães | Leonor Areal
-
em Portugal: testemunhos (CIMJ / ESAD.CR, Portugal)
Movendo imagens
na primeira pessoa |
estáticas – foto-filmes |
André Rui Graça (CEIS20- A5 | Cultura e Política
Fernanda Bastos (ECO-
UC, Portugal) Sala 15
UFRJ, Brasil)
Moderação: Albert Elduque
Um ensaio -
cinematográfico: Son... o Uma leitura dos
emblemas do rosto na Una ciudad arrojada al
no son | Maria Gutierrez mar: Je veux voir de
(USP, Brasil) fotografia contemporânea
| Teresa Bastos (ECO- Joana Hadjithomas y
UFRJ, Brasil) Khalil Joreige | José
Os monstros de nossa
Manuel López (USC,
sujeição: uma reflexão
Tu, de Thierry Kuntzel – Espanha)
sobre o ato enunciativo
discursivo em Otesánek atravessamentos entre o
analógico e o digital | Barry Jenkins’s Moonlight
de Jan Švankmajer |
Antonio Fatorelli (ECO- or the cultural work of film
Rodrigo Graça (UTP, Brasil)
UFRJ, Brasil) narratives of the private |
Intermediality, hiper-text Luis M. García-Mainar
and technological change: Obsolescence: the (Unizar, Espanha)
Greenaway's Prospero's nostalgic look in Daniel
14 de maio

A estética da resistência e
a memória utópica em 14h00 María Contreras (UBI,
Portugal)
três filmes sobre o pós-
maio de 68 | Rita
-
B2 | GT Cinema e
Magalhães Furtado (UFG,
Brasil)
16h00 Educação I
Pausa para almoço Sala 15
Moderação: José António
Tempo, Imagem e
Moreira
subjetividade: Os
-
sentidos da velhice na
Palavra de professor: O
contemporaneidade |
Mirella R. C. Pessoa (UnB,
16h00 sentido do educativo no
Brasil) - cinema produzido pelo
INCE no Brasil | Marcio
17h45 Blanco (UERJ, Brasil)

12h00 -
B1 | GT A Teoria dos
“O cinema é o livro do
futuro”: as escolhas de
- Cineastas II produção de

12h15 Sala 5
Moderação: André Rui
Inconfidência Mineira e os
planos governamentais
Pausa Graça para o cinema no Brasil
- dos anos 1940 | Lívia
A raiz clássica de uma Cabrera (UFF, Brasil)
estética da “presença” no
cinema. Os casos de O espectador em
Dreyer, Bresson e Oliveira construção | Raquel
12h15 | Maria do Rosário Lupi Pacheco e Ana Isabel
Bello (UAb / CECC-UCP, Soares (CIAC-UAlg,
- Portugal) Portugal)
14h00 Quando a alucinação
B3 | GT O Cinema e as
bordeja a desordem: a
Conferência plenária subversão dos home Outras Artes II: Cinema e
Paraninfo movies no cinema de Stan Práticas Artísticas
Moderação: Xosé Nogueira Brakhage e Jonas Mekas | Sala 16
- Luis Fernando Severo (UTP, Moderação: Antonio
Santos Zunzunegui Brasil) Fatorelli
(Universidade do País -
Basco, Espanha) As quatro estações de Cinema e aporia nas
Ingmar Bergman | Ney imagens de Jeff Wall |
Explorando de nuevo Costa Santos (PUC-Rio, Júlia Paes Leme (UFRJ,
territorios conocidos: Brasil) Brasil)
Avatares del filme
documental O espectador pelo olhar "What you see is not what
do cineasta: da you see": cinema e
construção da memória minimalismo em 68 |
histórica e coletiva na Leonardo Esteves (FCA-
obra de Patricio Guzmán | UFMT, Brasil)
14 de maio

Da ontologia de objetos
digitais audiovisuais 18h00 C2 | GT O Cinema e as
Outras Artes III
expandidos em síntese:
processos embarcados
- Sala 16
Moderação: Teresa Bastos
em tecnologias de redes
computacionais | Carlos F.
19h45 -
- As instalações
B. Dowling (UFRJ / UFPB, audiovisuais de Lucas
C1 | GT Cinema e
Brasil) Bambozzi e o
Educação II
deslocamento do
Corpo-território enquanto Sala 15
dispositivo
ferramenta artística e Moderação: Elsa Mendes
cinematográfico para o
resistência de gênero | -
espaço urbano | Gabriela
Anna Petracca (UBI, Experiências com cinema
de Freitas (UnB, Brasil)
Portugal) e educação e a
construção de narrativas
Extratos artísticos em A
audiovisuais
B4 | Músicas y silencios Ilha dos Amores | Nelson
participativas | Maria
del trabajo: La Araújo (CEAA-ESAP,
Moema Costa Nascimento
desaparición del mundo Portugal)
(UJI, Espanha) e
rural Beatriz Colucci (UFS, Brasil)
Estranhar o texto – Sobre
Sala de Professores
Domingo à Tarde |
Moderação: Mariana Souto Kant y Marx van al cine:
Elisabete Marques (ILCML,
- La filosofía a través de la
Portugal)
Música que no cesa: los ficción fílmica | Jesús
Cantos de Trabalho de Ramé López (URJC /
Re-velar os mortos:
Leon Hirszman | Albert UNED, Espanha)
cinemas, apocalipses e
Elduque (U. Reading, Reino
outros fins | Diego
Unido) Um modelo pedagógico
Paleólogo (UERJ / UFRJ,
centrado na
Brasil)
El silencio campesino en “Desconstrução” de
Portrait, una dialéctica de imagens em movimento e
la temporalidad | María o seu impacto no C3 | Contra narrativas
Soliña Barreiro e Jorge Oter autoconceito académico fílmicas feministas en
(ESUPT-UPF, Espanha) de estudantes reclusos México y en España: del
em Portugal | José António cine huérfano y cine
El canto neomelódico de Moreira e Sara Dias- militante a las prácticas
Belluscone, una storia Trindade (CEIS20-UC, háptico-performativas
siciliana y sus afinidades Portugal)
contemporáneas
con la omertà | Joan Jordi Sala de Professores
Miralles (ESUPT-UPF, Expressão e motivação
Moderação: Marta Pérez
Espanha) pedagógica pelo Cinema:
Pereiro
metodologia, resultados e
-
conclusões do projeto
De toros, mujeres y
“Olhar pela Lente” | Pedro
17h45 Alves (CITAR-UCP,
sangre: contra-narrativa
necropolítica y feminista
- Portugal) e Ana Sofia
Pereira (FCSH-UNL,
en los filmes de María
Cañas | Marta Álvarez
18h00 Portugal)
(UBFC, França)
Pausa
14 de maio

El arte de fracasar:
mujeres en la Escuela
Oficial de Cinematografía |
Sonia García López (UC3M,
Espanha)

El cine como herramienta


contra-ideológica.
Prácticas y estéticas del
colectivo feminista Cine
Mujer (1975-1981) | Elena
Oroz (UC3M, Espanha)

Normatividad: no, gracias.


Estudio de la
performatividad contra-
narrativa en la obra de
Tatiana Huezo | Julia
González de Canales
(UniWien, Áustria)

20h00
Lançamento de Livros
Paraninfo

Porto d’honra
Claustro

22h00
Jantar Oficial (necessária
inscrição prévia)
Restaurante Casal do
Cabindo
15

quarta-feira
15 de maio

10h15 O gesto de Masagão:


Apropriação e o escape
produzido em Portugal |
Michelle Sales (UFRJ,
- na criação | Lais Lara
(UFF, Brasil)
Brasil)

12h00 Dança, autoria e imagem


Autorrepresentação e
memória: vozes
-
D1 | GT Paisagem e em movimento | Beatriz emergentes no cinema em
Cerbino (UFF, Brasil) Portugal e em
Cinema I: A Experiência
Moçambique | Ana Cristina
da Paisagem Pereira (CECS – UMinho,
Sala 9 D3 | GT Outros Filmes I:
Portugal)
Moderação: Iván Villarmea Documentário, filme
Álvarez amador e arquivo A realização de "filmes de
- Sala 11 Improvisação” com os
11 x 14 ou a paisagem Moderação: Felipe Polydoro povos da floresta | Luiz
como forma cartográfica - Daminello (ICS-UMinho,
em James Benning | Entre o político e o íntimo: Portugal)
Fernando Gonçalves o cinema doméstico sob a
(UERJ, Brasil) ditadura militar brasileira |
Thais Blank (FGV-CPDOC, D5 | Histórias do
Os tempos da paisagem Brasil) e Patricia Machado Cinema
fílmica | Filipa Rosário (PUC-Rio, Brasil) Sala 14
(CEC-UL, Portugal) Moderação: Tiago Baptista
Filmes fora do armário: -
em busca de imagens As fantasmagorias da
Atravessar a paisagem –
domésticas queer | Beatriz técnica: uma arqueologia
sobre uma cena de
Gonçalves (Paris 3, França) aos dispositivos da
Nostalgia | Ana Costa
imagem em movimento |
Ribeiro (UERJ, Brasil)
Realizando Passeio Maria Mire (i2ADS,
Público: o cinema de Portugal)
Filmes de rocha, água e
arquivo como gesto
solidão – Estéticas da Crônica de trabalhadores
destruidor | Andréa França
paisagem madeirense | em Vozes do medo:
(UFRJ, Brasil)
Carlos Valente (UMa, dramaturgia e direção de
Portugal) Gianfrancesco Guarnieri |
O cinema em exposição: a
narrativa e o imaginário Pedro Plaza Pinto (UFPR,
D2 | GT Cinemas em no museu de cinema | Brasil)
Português I Thaís Lara (Unicamp /
Cinema direto e
Sala 10 FLUP, Brasil)
autobiografia nos anos
Moderação: Afrânio Catani
1970: a produção do MIT
- D4 | GT Cinemas Pós- Film Section | Gabriel Kitofi
Autoria e sua relação com Coloniais e Periféricos I Tonelo (ECA-USP, Brasil)
o modo de produção | Sala 12
Leandro Mendonça (UFF, Moderação: Paulo Cunha Preservar, restaurar,
Brasil) - difundir: o filme de volta
À margem do cinema às telas, o caso de La
O coautor na legislação português: estudo sobre chute de la Maison Usher |
do cinema no Brasil hoje | o cinema Vivian Malusá (Paris 8,
Jorge Cruz (UERJ, Brasil) afrodescendente França)
15 de maio

12h00 16h00 Terras e fronteiras:


- - documentário e história
em espaços de
12h15 17h45 (des)encontros | Alan
Dutra Cardoso (UFF, Brasil)
Pausa -
E1 | GT Paisagem e
A Caméra-Stylo de
Cinema II: Paisagens
Vicente F. Cecim |
Urbanas Alexandra C. Conceição
12h15 Sala 9
Moderação: Ana Costa
(Unicamp, Brasil)

- Ribeiro
- E3 | Técnicas e Estéticas
14h00 Duas cidades em Sala 11
Moderação: Milena Szafir
Hiroshima Mon Amour,
uma análise da lembrança -
Conferência plenária Espaços, imagens e
Sala 10 nos retrocessos de
Hiroshima e Nevers | corpos: interações
Moderação: Mariana Liz
Thaís Vasconcelos (UFJF, possíveis | Fernanda
-
Brasil) Gomes (UB, Espanha)
Stephanie Dennison
(Universidade de Leeds,
Paisagens urbanas da A composition on motion
UK)
maternidade: Colo e track mask and the
Tempo Comum | Mariana memory montage
Cinema, identidade e
Liz (ICS-UL, Portugal) aesthetics | Milena Szafir
cultura popular: algumas
(USP, Brasil)
reflexões sobre a
importância dos ensaios Da literatura de viagem
aos road movies. Alice Campo e fora de campo
de Paulo Emílio Salles
nas Cidades – A da intimidade: Carol,
Gomes para o “World
representação de espaços Leiter e Hopper | Fernando
Cinema”
em trânsito | Rose May Cabral (Labcom.IFP-UBI,
(UnB, Brasil) Portugal)

A imagem glamorosa de
Olivia de Havilland numa
E2 | GT Cinemas em
idade madura | Miguel
Português II Moreira (FLUC, Portugal)
Sala 10
14h00 Moderação: Jorge Cruz
- E4 | GT Cinemas Pós-
- Kandango: autopética do
eu - um filme a devir |
Coloniais e Periféricos II
Sala 12
16h00 Philipi Bandeira (UFPE Moderação: Catarina
Andrade
Pausa para almoço Brasil)
-
Para além do Aquarius: A Contranarrativas fílmicas
propriedade na análise de Guarani Mbya: atos
Kleber Mendonça Filho | decoloniais de
Márcia Motta (UFF, Brasil) desobediência
15 de maio

institucional no cinema Vestígios de Foucault no Francieli Rebelatto (UNILA /


indígena | Marcos Aurélio jogo pop de Spielberg | UFF, Brasil)
Felipe (UFRN, Brasil) Cassia Cassitas (UTP,
Brasil) F2 | GT Cinemas em
Os cinemas das periferias
Português III
como "confrontação" |
Sala 10
Liliane Leroux (UERJ,
Brasil)
17h45 Moderação: Beatriz Cerbino

Interpelação do olhar a
- -
Heloisa Passos:
partir da (re)montagem 18h00 interpelando uma
trajetória a partir do
dos arquivos no cinema Pausa
gênero | Marina Cavalcanti
brasileiro contemporâneo
Tedesco (UFF, Brasil)
| Maria Bogado (UFRJ,
Brasil) Poesia e melodrama em
História e historicidades
18h00 Paraíso Perdido:
no cinema indígena
contemporâneo no Brasil |
- paisagens de Almodóvar
no cinema brasileiro |
Rodrigo Lacerda (NOVA- 19h45 Sandra Fischer e Aline Vaz
(UTP, Brasil)
FCSH / ISCTE-IUL, -
Portugal) Releitura de O Filme e o
F1 | GT Paisagem e Realismo, de Baptista-
E5 | GT Narrativas Cinema III: Viagens e Bastos. O realismo e um
Audiovisuais I Fronteiras novo regime de imagens
Sala 14 Sala 9 nos inícios do Cinema
Moderação: Noélia Cruz Moderação: Filipa Rosário Novo em Portugal |
- - António Pedro Pita (CEIS20-
El cine de Hong Sang- Travelogues no país da UC, Portugal)
Soo: narrativas de la austeridade | Iván
indeterminación, Villarmea Álvarez (USC, Raul Solnado,
personajes indecisos | Espanha) comediante, entertainer e
Elisenda Díaz (UPF, one-man-show português
Espanha) Campo de Flamingos sem | Afrânio Catani (USP,
Flamingos: construção e Brasil)
representação da
Contar o eu ou contar o
paisagem fílmica e F3 | Géneros
mundo – Os limites da
geográfica na obra de
identidade e da narrativa Cinematográficos
André Príncipe | Rayman
em Adaptation | Jorge Sala 11
Virmond (UBI, Portugal)
Palinhos (CEAA/CITAR, Moderação: Sérgio Bordalo
Portugal) e Sá
A paisagem do ‘cinema-
-
fronteira’: deslocamentos,
Macronarrativa e Scream and the slasher
imaginários e desejos de
micronarrativa – A (sub)genre | Diana Neiva
personagens femininas
estrutura das séries de TV (CEHUM / IFILNOVA,
nas narrativas em trânsito
| Angelica Coutinho (FACHA Portugal)
nas fronteiras do Brasil,
/ ANCINE, Portugal)
Argentina e o Uruguai |
15 de maio

Papel do personagem F5 | GT Narrativas


digital nos filmes de Audiovisuais II
ação/fantasia | Cláudia Sala 14
Cunha Miguel (UCM, Moderação: Jorge Palinhos
Espanha) -
Interatividade e não
De Walter Ruttmann a linearidade - As fronteiras
Leitão de Barros e Manoel entre o I-doc e o Webdoc |
de Oliveira: o pulsar de Lilian França (UFS, Brasil)
um cinema urbano em
forma de poema sinfónico A construção da
| Jaime Neves (CITAR-UCP, subjetividade em
Portugal) webdocumentários: uma
análise sobre Rio de
Dialética entre imagem e Janeiro – Autorretratos |
texto no filme-ensaio: O Rafael Valles (PUCRS-
caso de O Buraco Negro | Brasil)
Jorge Vaz Gomes (FBAUL,
Portugal) Estratégias de
desenvolvimento de
F4 | GT Cinemas Pós- roteiro, narrativa e
personagens e o realismo
Coloniais e Periféricos III
de confronto em Boyhood
Sala 12
e Entre les murs | Marcela
Moderação: Liliane Leroux
Amaral (UERJ, Brasil)
-
Fluxos migratórios e
A viagem do gigante: da
fronteiras inventadas – o
ideia ao ecrã | Nélia Cruz
caso FESPACO | Maíra
(CLEPUL / CEAUL,
Zenun (UFG, Brasil)
Portugal)
A "digital" do cinema
analógico sobre o povo
preto | Clementino Junior
(UNIRIO, Brasil) 20h00
Para um terceiro cinema -
feminista latino americano Assembleia-geral da AIM
| Maíra Tristão (NOVA- Sala 10
FCSH, Portugal)

Cinema das mulheres que


falam português |
Helyenay Araújo (UERJ,
Brasil / UAlg, Portugal)
16

quinta-feira
16 de maio

10h15 Transferring labor-related


knowledge in the
G4 | GT Cinemas Pós-
Coloniais e Periféricos IV
- cybernetic age: Notes on
some audiovisual
Sala 12
Moderação: Michelle Salles
12h00 databases of occupational
training | Guilherme
-
- Actos de Contrição | Paulo
G1 | GT Cinema e Machado (Paris 3, França / Cunha (Labcom.IFP-UBI,
JWGU, Alemanha) Portugal)
Materialidades I
Sala 9
Amateur industrial films Imagens pós-coloniais
Moderação: Ana Bela Morais
from West Germany – The entre os Cinemas e o
-
case of “The Filming Djumbais | Catarina
Materialidades e ofícios no
Baker’s Wife” Elisabeth Laranjeiro (CES-UC,
cinema português:
Wilms | Alexander Stark Portugal)
estilistas, figurinistas e
(PUM / JWGU, Alemanha)
diretores de arte ao longo
Constelações fílmicas:
da história | Caterina
Fábricas – o lugar do fantasmagorias sociais no
Cucinotta (IHC-NOVA FCSH,
sujeito no trabalho coletivo cinema ibero-americano |
Portugal)
| Adriana Cursino (UC3M / IE Mariana Souto (USP, Brasil)
Entre a técnica e a poética: University, Espanha)
Branco Sai, Preto Fica: A
o processo criativo música como potência do
materializador da direção G3 | GT Cinema, Som, comum multitudinal | Arthur
de arte | Nívea Faria Souza Música e Linguagem Lins (UFF, Brasil)
(FACHA / UNESA, Brasil) Sala 11
Moderação: Érica Faleiro
Tinha sangue por todo Rodrigues G5 | GT Cultura Visual
lado. Cor e espaço como - Digital I
artifício e presença em Documentários e Sala 14
Mate-me Por Favor | Tainá paisagens sonoras: Moderação: Luís Nogueira
Xavier (UNILA / UFF, Brasil) experimentações em -
territórios sertanejos | O cinema ao vivo:
Juliana Michaello Dias definições e possibilidades
G2 | GT Outros Filmes II:
(UFAL, Brasil) | Marta Pinho Alves (CIEF /
Filme industrial ESE-IPS, Portugal)
Sala 10
Dial M for Murch | Rui
Moderação: Patricia Between real and virtual -
Ribeiro (UBI, Portugal)
Machado A study on the artistic
- potentialities of virtual
Identidade e cinema: o rol
Films from the reality systems | Rogério
industrialization: the case do galego na construción
dunha identidade Bordini (Unicamp, Brasil)
of the Fundo de Fomento
de Exportação, Portugal, cinematográfica galega
propia | Brais Romero Ficção no Youtube: a
1950s-1970s | Emília autenticidade como efeito
Margarida Marques (CRIA / Suárez (USC, Espanha)
e estratégia narrativa |
ISCTE-IUL, Portugal) Francisco Merino
Un modelo simple para el
sonido cinematográfico | (Labcom.IFP-UBI, Portugal)
Alberto José Canán (BUAP,
México / USMB, França)
16 de maio

12h00 16h00 Português | Olivia Novoa


Fernández e Mirian Tavares
- - (CIAC-Ualg, Portugal)

12h15 17h45 O celular e a algema:


imagens de violência e
Pausa -
H1 | GT Cinema e conflitos de poder na
realidade brasileira | Felipe
Materialidades II
Polydoro (UnB, Brasil)
Sala 9
Moderação: Nívea Faria de
Souza H3 | Linguagem
12h15 -
Filmar palavras:
Cinematográfica
Sala 11
- materialidade e
reflexividade da escrita em
Moderação: Raquel Pacheco
-
14h00 Journal d’un curé de A história da eternidade:
campagne | Bruno Fontes uma proposta de análise
Conferência plenária (CLP-UC, Portugal) de esquemas de mise-en-
Sala 10 scène | Bertrand Lira (UFPB,
Moderação: Maria do Rosário Uma questão de Brasil)
Lupi Bello identidade? A paisagem
- sonora transmontana no La representación auditiva
Francesco Casetti cinema português | Tiago de la subjetividad. La
(Universidade de Yale) Fernandes (Labcom.IFP-UBI, focalización perceptiva en
Portugal) Wonderstruck | Diana
In praise of cinephobia Ramahí-García (UVigo,
Prácticas sonoras en el Espanha)
cine portugués
contemporáneo (2000- Dos olhares possíveis: a
2018) | Vanja Milena Munjin metaimagem como
Paiva (UNL, Portugal) proposta de intervenção do
real em Blablablá e Manhã
H2 | GT Outros Filmes III: Cinzenta | Natália Reis
Poder e governança nos (UFJF, Brasil)
“outros filmes”, ontem e
14h00 hoje
"Are you talking to me?" –
Modelos conversacionais
- Sala 10
Moderação: Leandro
na interpretação do cinema

16h00 Pimentel
-
| Vítor Moura (CEHUM-
UMinho, Portugal)
Pausa para almoço
O Cine Jornal Brasileiro e a
política externa do Estado H4 | Cinema e História
Novo | Alvaro Americano Sala 12
(CIAC-UAlg, Portugal) Moderação: Mariana Liz
-
La construcción de la Arame farpado, Europa
imagen de la nueva España Central: rasgando o
en el noticiario Jornal uniforme e o céu de Berlim
16 de maio

| Isabel Stein (FCSH-UNL,


Portugal) 17h45 London, Reino Unido / IHC -
NOVA FCSH, Portugal)

Eurospy: um caso limite no


-
I2 | GT Outros Filmes IV:
estudo do cinema e da 18h00 Desconstruções do filme
história transnacional Pausa industrial
contemporânea | Rui Lopes Sala 10
(IHC-NOVA / FCSH, Moderação: Beatriz
Portugal) Rodovalho

La grande illusion e La
18h00 -

règle du jeu: Relações de - Ruins of the industrial


landscape in Gordon Matta-
classe e cidadania em
tempo de guerra | Sérgio 19h45 Clark's work: entropy as a
critical manifesto |
Bordalo e Sá (INET-MD / - Benjamin Léon (CEAC-U.
FMH-UL, Portugal) I1 | GT Cinema e Lille, França)
Materialidades III
H5 | GT Cultura Visual Sala 9 Gordon Matta-Clark, o
Digital II Moderação: Caterina artista como produtor |
Sala 14 Cuccinota Raquel Schefer (CEC-UL,
Moderação: Marta Pinho - Portugal / UWC, África do
Alves Ofício de Censor: cortes a Sul)
- imagens, som, legendas |
Videoclip e estética do Ana Bela Morais (CEC-FLUL, Re-fotografar e reciclar: a
autêntico na cultura hip Portugal) imagem da indústria após
hop | Luís Nogueira a era industrial | Leandro
(Labcom.IFP-UBI, Portugal) Censura cinematográfica Pimentel (FCS-UERJ, Brasil)
no Brasil e em Portugal:
Subjetividade em comparando bases Investigando os “outros
diferentes telas: Produção discursivas | José W. de filmes”: o caso do filme
audiovisual para um Oliveira Júnior (FLUL, industrial | Sofia Sampaio
Cinema Menor na periferia Portugal) (CRIA-ISCTE-IUL, Portugal)
do Rio de Janeiro | Alita Sá
Rego (UERJ, Brasil) Palavras em movimento: I3 | Cinemas do Brasil
testemunho vivo do Sala 11
O tempo das Huacas: património Moderação: Marina
Musealização de corpos cinematográfico, uma Cavalcanti Tedesco
ameríndios e artivismo História para criar | Raquel -
para contra- Rato (IHC-NOVA FCSH, O amargo obituário do
representações éticas e Portugal) cinema pernambucano |
estéticas | Rui Mourão Rodrigo Almeida (UFRN,
(FCSH-UNL, Portugal) Quase objeto – A estética Brasil)
do inacabado na adaptação
ao cinema do conto O cinema antropofágico do
Embargo, de José udigrudi brasileiro | Rodrigo
Saramago | Érica Faleiro Guéron (UERJ, Brasil)
Rodrigues (Birkbeck-U.
16 de maio

Amador, pero no mucho. O I5 | Mesa-redonda:


cinema super 8 do Música e Liberdade de
brasileiro Fernando Expressão na Produção
Spencer | Cláudio Bezerra
Audiovisual História
(Unicap, Brasil)
(org. GT Cinemas em
Empatia do espectador Português)
com os personagens na Sala 14
cinemática de Glauber Moderação: Leandro
Rocha | Henrique Lima e Mendonça
Kelly Ambrozzio (UBI, -
Portugal) Allan Rocha de Souza
(UFRRJ, Brasil), Vitor
Almeida Júnior (UFRRJ,
I4 | Cinema Documental Brasil), Vanessa Souza
Sala 12 (UFRRJ, Brasil), Alexandre
Moderação: Sandra Fairbanks (UFRRJ, Brasil)
Camacho
-
Documentário etnográfico:
os limites e interações
entre a produção do
20h00
conhecimento e a visão -
subjetiva da narrativa Encerramento
fílmica | Carlos Eduardo
Fialho (UFF, Brasil) e Tatiana
Miranda (IBGE, Brasil)

A relação com o outro no


filme documental (de cariz
autoral) – O caso de Agnès
Varda | Luisa Neves Soares
(CEIS20-UC, Portugal)

Vieira da Silva vista a


través del documental |
África García Zamora (UEx,
Espanha)
Conferências plenárias

Santos Zunzunegui
Explorando de nuevo territorios conocidos: Avatares del filme documental

Stephanie Dennison
Cinema, identidade e cultura popular: algumas reflexões sobre a importância dos ensaios de
Paulo Emílio Salles Gomes para o “World Cinema”

Francesco Casetti
In praise of cinephobia

A1 | GT Teoria dos Cineastas (I) F1 | GT Paisagem e Cinema (III)


A2 | Corpos e Performances F2 | GT Cinemas em Português (III)
A3 | GT O Cinema e as Outras Artes (I) F3 | Géneros Cinematográficos
A4 | GT História do Cinema Português (I) F4 | GT Cinemas Pós-Coloniais e
A5 | Cultura e Política Periféricos (III)
F5 | GT Narrativas Audiovisuais (II)
B1 | GT Teoria dos Cineastas (II)
B2 | GT Cinema e Educação (I) G1 | GT Cinema e Materialidades (I)
B3 | GT O Cinema e as Outras Artes (II) G2 | GT Outros Filmes (II)
B4 | Músicas y silencios del trabajo: La G3 | GT Cinema, Som, Música e Linguagem
desaparición del mundo rural G4 | GT Cinemas Pós-Coloniais e
Periféricos (IV)
C1 | GT Cinema e Educação (II) G5 | GT Cultura Visual Digital (I)
C2 | GT O Cinema e as Outras Artes (III)
C3 | Contra narrativas fílmicas feministas H1 | GT Cinema e Materialidades (II)
en México y en España: del cine H2 | GT Outros Filmes (III)
huérfano y cine militante a las H3 | Linguagem Cinematográfica
prácticas háptico-performativas H4 | Cinema e História
contemporáneas H5 | GT Cultura Visual Digital (II)

D1 | GT Paisagem e Cinema (I) I1 | GT Cinema e Materialidades (III)


D2 | GT Cinemas em Português (I) I2 | GT Outros Filmes (IV)
D3 | GT Outros Filmes (I) I3 | Cinemas do Brasil
D4 | GT Cinemas Pós-Coloniais e I4 | Cinema Documental
Periféricos (I) I5 | Imagem, Música e Liberdade de
D5 | Histórias do Cinema Expressão na Produção Audiovisual

E1 | GT Paisagem e Cinema (II)


E2 | GT Cinemas em Português (II)
E3 | Técnicas e Estéticas
E4 | GT Cinemas Pós-Coloniais e
Periféricos (II)
E5 | GT Narrativas Audiovisuais (I)
02

in
maç for
úte sõ e
is
informações úteis

Universidade de Santiago de Compostela


Faculdade de Geografia e História

https://goo.gl/maps/gdxoiY51wEN2

Piso 2 _____________________________________________________________ Sala: 16

Piso 1 ________ Salas: 9 // 10 // 11 // 12 // 13 // 14 // 15 // Sala de Professores // Paraninfo

Piso 0 ___________________________________________________ Salas: 5 // Claustro

Salão de Atos da Faculdade de Filosofia da USC


Plaza de Mazarelos
https://goo.gl/maps/swdC17AovaA2

Restaurante Casal do Cabindo


Rúa de San Pedro, 18, 15703 Santiago de Compostela
https://goo.gl/maps/pZ25MbgJnh62

Pub Atlântico
9, Rúa da Fonte de San Miguel, 15704 Santiago de Compostela
https://goo.gl/maps/4QjGrZM5gux

Livro de Resumos online:


v.7, n. 1 (2020)

Mulheres e espaço no cinema contemporâneo /


Women and space in contemporary cinema /
Mujeres y espacio en el cine contemporáneo

ed. Mariana Liz e Marina Cavalcanti Tedesco

Chamada de artigos aberta até / open call for


submissions until:

15.06.2019

+ info

www.aim.org.pt/aniki
v1n1 – 01.2014 v1n2 – 07.2014 v2n1 – 02.2015
Dossiê ‘Cinefilia Digital’ Dossiê ‘Arte e Cinema’ Dossiê ‘Cinema Expandido’
Editor: Tiago Baptista Editor: Carolin Overhoff Ferreira Editor: Susana Viegas

v2n2 – 07.2015 v3n1 – 02.2016 v3n2 – 07.2016


Dossiê ‘Os Arquivos Fílmicos e a Dossiê ‘O que é o Cinema Dossiê ‘Outros Filmes’
memória: Documentos e Ficções ’ Português?’ Editoras: Sofia Sampaio, Raquel
Editor: Vicente Sánchez-Biosca Editor: Paulo Cunha Schefer e Thaís Blank
v4n1 – 02.2017 v4n2 – 07.2017 v5n1 – 01.2018
Dossiê ‘Paisagem e Cinema’ Dossiê ‘A Longa Duração’ Dossiê ‘Música e Som no Cinema’
Editores: Filipa Rosário, Iván Editor: Tiago de Luca Editor: Manuel Deniz Silva
Villarmea e Francesco Giarrusso

v5n2 – 07.2018 v6n1 – 01.2019


Dossiê ‘O cinema brasileiro na era Dossiê ‘O visionamento e a crítica de
neoliberal’ séries de televisão’
Editoras: Lúcia Nagib, Ramayana Editor: Sérgio Dias Branco
Lira, Alessandra Brandão
grupos
de trabalho
Cultura Visual Digital Narrativas Audiovisuais
Responsáveis: Marta Pinho Alves; Luís Responsáveis: Fátima Chinita; Maria
Nogueira. Guilhermina Castro; Jorge Palinhos.

História do Cinema Português O Cinema e as Outras Artes


Responsáveis: Daniel Ribas; Responsáveis: Antonio Fatorelli; Anabela
Rita Benis. Dinis Branco de Oliveira; Nelson Araújo.

Cinemas em Português Cinema e Educação


Responsáveis: Jorge Cruz; Sílvia Vieira; Responsáveis: Pedro Alves; José António
Leandro Mendonça. Moreira; Elsa Mendes.

Paisagem e Cinema Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos


Responsáveis: Filipa Rosário; Iván Responsáveis: Paulo Cunha, Michelle Sales,
Villarmea; Ana Costa Ribeiro. Liliane Leroux

Outros Filmes Cinema e Materialidades


Responsáveis: Sofia Sampaio; Responsáveis: Caterina Cucinotta, Ana Bela
Raquel Schefer; Thais Blank. Morais, Nívea Faria Souza

A Teoria dos Cineastas Cinema, Música, Som e Linguagem


Responsáveis: Manuela Penafria; André Rui Responsáveis: Carlos Ruiz, Érica Faleiro
Graça; Eduardo Baggio. Rodrigues, Ivan Capeller

No sentido de melhorar a relação entre os membros e estimular as parcerias científicas, a Direção


da AIM determinou a possibilidade de criação de Grupos de Trabalho (GT) por parte dos nossos
membros. Esperamos que possam servir para agrupar os investigadores de acordo com os seus
interesses científicos e que daí resultem novas propostas científicas.

Como se adicionar aos grupos de trabalho?

Qualquer membro ativo (com as quotas regularizadas) poderá juntar-se a qualquer


grupo de trabalho existente na AIM. Para isso, deve aceder à Área de Membros,
procurar o grupo de trabalho pretendido e adicionar-se. O funcionamento de cada grupo
é da exclusiva responsabilidade dos seus coordenadores.

Qualquer dúvida ou sugestão escreva para: membros@aim.org.pt


03

Livro
de
resu
mos
CP
CP
Conferência Plenária
Santos Zunzunegui

Explorando de nuevo territorios conocidos:


Avatares del filme documental
Santos Zunzunegui
(Universidade do País Basco, Espanha)
-

Durante los últimos años del extinto siglo XX Santos Zunzunegui é Professor de
se desató lo que un filósofo denominó la Comunicação Audiovisual na
“pasión por lo real”. Las olas de sus Universidade do País Basco, Espanha.
diferentes manifestaciones alcanzaron las Introduziu a semiótica e a análise fílmica
costas del cinematógrafo trayendo consigo no contexto académico espanhol através
un interés insólito por lo que solemos de livros como Metamorfosis de la Mirada
denominar cine “documental”. Hoy, cuando (1990, 2003), La mirada cercana (1996) ou
el temporal ha amainado, quizá sea La mirada plural (2008). Publicou também
oportuno volver a explorar con serenidad monografias sobre realizadores
territorios que, sobre la base de provincias y importantes e outras obras sobre a
fronteras que se creían bien delimitadas, história do cinema. Como crítico de
parecían conocidos y acotados, pero que a cinema, contribuiu para algumas das
la postre resultan no serlo ni estarlo tanto. publicações mais importantes em
Sobre todo cuando el comienzo del siglo en Espanha, da Contracampo (1979-1987) à
curso ha hecho de la denominada Cahiers du cinéma. España. Para a
posverdad una de sus señas de identidad, Caimán. Cuadernos de Cine, escreve a
volviendo la idea de verdad, en palabras del secção “Lo viejo y lo nuevo” todos os
poeta, en algo “tan útil como platos de usar y meses desde 2007. Anteriormente, como
tirar (…) Una nada en la que nadie necesita argumentista, trabalhou em vários filmes
creer”. experimentais, como Contactos (P. Viota,
Tomando como punto de partida la 1970) e as curtas-metragens Camino de
afirmación que, presente en uno de sus hierro y agua (J. M. Ortuoste Blanco & F.
filmes sobrevuela toda la obra de Jean- J. Rebollo Fernández, 1984), Bilbao
Marie Straub y Danièle Huillet, diremos que transfer (J. M. Ortuoste Blanco, 1986),
“la verdad es absoluta en su relatividad”. Y Bilbao en la memoria (J. M. Ortuoste
con esta convicción volveremos a recorrer el Blanco & F. J. Rebollo Fernández, 1987),
universo del arte cinematográfico en busca Bilbao como un mosaico (J. M. Ortuoste
(es André Bazin el que habla) de un cine Blanco, 1987) e Bilbao mientras tanto (J.
“que no se satisfaga con la ilusión de las M. Ortuoste Blanco & F. J. Rebollo
formas”, sino que sea capaz de “expresar a Fernández, 1987), entre outras.
la vez la significación concreta y esencial del
mundo”.
-
CP
Conferência Plenária
Stephanie Dennison

Cinema, identidade e cultura popular:


algumas reflexões sobre a importância
dos ensaios de Paulo Emílio Salles
Gomes para o “World Cinema”
Stephanie Dennison
(Universidade de Leeds Reino - Unido)
-

Paulo Emílio Salles Gomes é reverenciado Stephanie Dennison é Professora Titular


no Brasil como um dos fundadores da crítica de Estudos Brasileiros na Universidade
cinematográfica e dos estudos de cinema. de Leeds, Inglaterra. Fundou o Centre for
Ele publicou cerca de 400 ensaios ao longo World Cinemas em Leeds em
de sua vida, ministrou aulas em uma série 2001. Stephanie é autora de vários livros
de importantes escolas de cinema, era e artigos sobre o cinema e a cultura
figura-chave no desenvolvimento do brasileiros publicados na Inglaterra, nos
arquivamento sistematizado de filmes, tanto Estados Unidos e no Brasil. Ela é co-
na Europa como no Brasil, e é considerado organizadora da série Remapping World
o primeiro defensor e promotor do cinema Cinemas (Routledge). Organizou, com
brasileiro. Fora do Brasil ele é conhecido Maite Conde, a primeira coletânea de
pelo seu estudo definitivo de Jean Vigo de ensaios de Paulo Emílio Salles Gomes a
1957, e por um ensaio importante ("Cinema: serem publicados em inglês (Paulo
uma trajetória no subdesenvolvimento"), Emilio Salles Gomes: On Brazil and
traduzido para o inglês. Nesta palestra Global Cinema, 2018).
oferecerei algumas reflexões sobre a obra
dele e, no contexto da publicação da
primeira coletânea de ensaios traduzidos
para o inglês, a importância dos seus
ensaios para a compreensão do chamado
World Cinema (Cinema Mundial).
-
CP
Conferência Plenária
Francesco Casetti

In praise of cinephobia
Francesco Casetti
(Universidade de Yale - Reino Unido)
-
The emergence of cinema was paralleled by Francesco Casetti é o Professor de
a number of discourses that expressed fear Humanidades e Estudos Fílmicos e dos
of the new invention. During the 20th Media Thomas E. Donnelley na
Century, the progressive acceptance of film Universidade de Yale. Foi duas vezes
as a positive social phenomenon erased the Presidente da Sociedade Italiana de
memory of these early cinephobic instances. Estudos Fílmicos e dos Media (1998-
New attempts to discredit film—like the one 2002; 2006-2010). Foi convidado como
heralded by the so-called “Grand Theory”— Professor Associado na Universidade de
were compensated by an appreciation for Paris III: Sorbonne Nouvelle (1977) e
radical artistic experimentations. Against the Professor Visitante na Universidade de
grain, I will contend that cinephobia can Iowa (1988, 1991 e 1998). Em 2000,
contribute to a better comprehension of film’s recebeu a titularidade da Cátedra de
multifaceted nature. Retracing some of the Cultura Italiana na Universidade da
more drastic condemnations of film during Califórnia, Berkeley. Com Jane Gaines
the 1910s and 1920s, I will try to show how (Columbia University) é o co-fundador do
they were able to grasp some of film’s crucial Seminário Permanente sobre Histórias
aspects that cinephiliac approaches totally das Teorias do Cinema. A sua
ignored. In particular, the recurring metaphor investigação actual centra-se em três
that film was like a “plague” infecting the tópicos: a teoria dos primeiros filmes,
social body with outrageous representations especialmente as posturas cinefóbicas
and illicit behaviors, unconsciously na primeira metade do século XX; a
underscored the nature of medium—and not relocalização do cinema para novos
merely as art—of film that only recently we espaços e novos dispositivos e, em
became fully aware of. geral, a persistência de uma “ideia de
- cinema” na época digital; e o ecrã como
um aparelho óptico e componente das
nossas “mediascapes” (paisagens
mediáticas). Mais recentemente,
explorou o papel do cinema no contexto
da modernidade (Eye of the Century:
Film, Experience, Modernity, 2005) e a
reconfiguração do cinema na era pós-
media, comparando essa mudança com a
ascensão do cinema no início do século
XX (The Lumière Galaxy: Seven Key
Words for the Cinema to Come, 2015).
Escreveu e editou igualmente livros
sobre teorias de cinema.
A 14 maio
10h15 — 12h00
GT Teoria dos Cineastas (I)

A1
O ofício cinematográfico em Portugal: Um ensaio cinematográfico: Son... o no
testemunhos na primeira pessoa son
André Rui Graça Maria Gutierrez
(CEIS20-UC, Portugal) (USP, Brasil)
- -
Esta comunicação pretende contribuir para A proposta desta comunicação é proceder a
uma análise da forma como os cineastas uma análise de Son... o no son (1980), de
portugueses têm entendido o ato de fazer Julio García Espinosa. Trata-se de um filme-
cinema em Portugal. Fortemente ancorada ensaio em que o diretor discute o fazer
na metodologia da teoria dos cineastas cinematográfico, a cultura de massas e a
inicialmente proposta por Aumont e cultura popular, ao mesmo tempo em que
desenvolvida no âmbito do GT da AIM, esta realiza um musical sobre a (im)possibilidade
investigação reunirá e analisará uma série de produzir um musical num país
de testemunhos disponíveis de realizadores subdesenvolvido, que tem, no entanto, uma
de vários setores e épocas, de forma a cultura musical tão rica. García Espinosa
poder montar uma caracterização do que pretendia provar que era possível fazer um
tem vindo a significar ser um cineasta em filme com quase nada: com os técnicos mais
Portugal. Torna-se uma análise e inexperientes, pouquíssimos recursos e
abordagem deste género tão mais premente tempo escasso. O filme é um ensaio teórico
porquanto a atividade cinematográfica no audiovisual, uma materialização prática das
país comporta idiossincrasias de dimensão ideias que o cineasta viera desenvolvendo
material e de contexto de mercado. Nesse em vários textos escritos ao longo dos anos.
sentido, urge sistematizar as vozes dos O diretor fictício de Son... o no son se
cineastas em torno deste tema. A primeira pergunta: se a revolução havia liberado o
parte desta comunicação apresentará os tempo de trabalho da população, como
ganchos teóricos e elencará os depoimentos liberar seu tempo livre? E, numa carta
selecionados para, de seguida, se proceder endereçada a Sanjinés, coloca-se um
a uma leitura contextualizada dos mesmos. problema fundamental: por que discutir tanto
Finalmente, a conclusão pretende avançar bons filmes que não têm público e ignorar os
com várias notas acerca do que Portugal ruins que enchem as salas de cinema?
significa para os cineastas e de como leem
cultural, social e materialmente o meio em
que as suas práticas se têm inserido.
GT Teoria dos Cineastas (I)

A1
Os monstros de nossa sujeição: uma Intermediality, hiper-text and
reflexão sobre o ato enunciativo technological change: Greenaway's
discursivo em Otesánek de Jan Prospero's Book
Švankmajer Ivan Capeller
Rodrigo Graça (UFRJ, Brasil)
(UTP, Brasil) -
-
Os filmes do diretor checo Jan Švankmajer As a hybrid medium that combines images
exploram aspectos da experiência humana, (moving or not), sounds (musical or not) and
construindo uma poderosa reflexão crítica words (spoken or written), intermediality is
acerca da existência. Em seus dois the core of any theory able to cope with
primeiros filmes, Alice (Něco z Alenky, 1988) cinema’s many different formats and
e Fausto (Lekce Faust, 1994) aborda a technologies. The purpose of this
relação com o inconsciente e o self. Em communication is to analyse Peter
Conspiradores do Prazer (Spiklenci slasti, Greenaway’s film Prospero’s Book (1991),
1996) aborda como o desejo individual based on William Shakespeare’s play The
fundamenta nosso discurso. Em O Pequeno Tempest, as a metalinguistical,
Otik (Otesánek, 2000), seu terceiro filme, cinematographic hyper-text that functions as
Švankmajer se preocupa em fazer uma a palimpsest with multiple layers of images,
reflexão sobre como um discurso circula sounds and texts, that are intertwined in a
pela sociedade, quais suas formas de complex manner. This will be done in order
transmissão, como é recebido, como é to demonstrate cinema’s inherent intermedial
reelaborado, e, principalmente, como os character: released for the screen right after
sujeitos sociais se posicionam frente a estes the appearance of Microsoft’s Windows
discursos. Com um jogo de espelhos, operational system for computers, this film
elipses e transferências Švankmajer explora allows us to think not only about the
os efeitos perversos, de uma sujeição, e semiotical aspects of cinema’s intermediality,
transformadores, de uma subversão, a um but also about its constant technological re-
discurso monológico social, cultural e shaping throughout its already long history,
mediático. No filme a monstruosidade é and, more specifically, about the major shift,
gerada a partir da subserviência, da from analog to digital techniques, that took
aceitação de seu lugar social. Para place in the movie industry during the last
Švankmajer a repressão, tanto externa decade of the twentieth century. Prospero’s
quanto voluntária, é inerente à civilização e a Book can thus be read (and seen, and
liberdade reside no nexo entre a imaginação, heard) as a cinematographical metaphor of
capacidade humana subversiva por natureza cinema itself, with its multi-modal ways of
e o mundo da vida. Para desenvolver esta expression being explored in a self- reflexive
análise são utilizados os conceitos de mise-en-scène that manages to be faithful to
Mikhail Bakhtin, como discursos são the spirit and intent of Shakespeare’s play
absorvidos e resignificados; de Norval while being also innovative and experimental
Baitello Jr, como a retórica imagética se for its own time.
constitui; e Georges Didi-Huberman, a
imagem como uma forma crítica, singular e
impura.
Corpos e Performances

A2
Um corpo vivo: Corporeidade e amor em O corpo e a performance no filme The
Ida Act Of Killing
Sérgio Dias Branco Lucas Campacci
(CEIS20-UC, Portugal) (UBI, Portugal)
-
-
Ida (2013) é aqui analisado cruzando os O objetivo da comunicação é analisar como
estudos fílmicos e a teologia. Este filme o documentário The Act Of Killing, do
polaco narra a estória de uma noviça cineasta norte-americano Joshua
chamada Ida em 1962. Ela sai pela primeira Oppenheimer, utiliza a atuação de não-
vez do convento para conhecer a tia, uma atores para representar suas memórias e
juíza caída em desgraça depois do período como os mesmos constroem seu
estalinista, e descobrir que a sua mãe e o testemunho. Levando como ponto de partida
seu pai eram judeus e foram mortos durante a relação histórica da dramaticidade como
a ocupação nazi. A minha leitura teológica utensílio para compor a narrativa no cinema
chama a atenção para o modo como as documental, o trabalho também busca
descobertas sobre o passado da analisar a potência desse tipo de cinema
protagonista e do país envolvem que mistura livremente a subjetividade do
experiências novas na vida dela. São testemunho com a realidade social, para
experiências que ela não teve porque viveu rever questões históricas, como no caso, a
isolada do resto do mundo num ambiente ditadura militar que ocorreu na Indonésia.
religioso. Há nelas uma tensão entre as Utilizando os conceitos de performance
dimensões social e individual, física e propostos por Diana Taylor em O Arquivo e
espiritual, que torna o trajecto dela num o Repertório (2013) e O Trauma como
caminho de discernimento pessoal marcado Performance de Longa Duração (2009), para
pelo fundamento do amor. Em De Trinitate, compreender a escolha do diretor na
Agostinho lembra que Deus só é visível para proposta das reencenações da memória,
quem ama. A corporeidade é central neste tortura que acaba revelando também os
percurso desde a primeira cena, em que Ida traumas dos personagens do filme. Afinal,
retoca a pintura de uma estátua de Cristo são os seus corpos que reiteram e ocupam
quase da sua estatura que, a espaços, o espaço onde a História ocorreu e recriam o
pontua o filme como uma presença que a passado evocando as marcas do tempo.
acompanha e interpela. Como a luta de Discutindo se o método pode ampliar as
Jacob com Deus (Gen 32,22-32), a de Ida fronteiras da análise fílmica e trazer outras
será feita corpo a corpo — ao contacto com maneiras que o cinema documental pode
a estátua podemos acrescentar a recolha retratar a violência de Estado.
dos ossos dos seus progenitores e o
encontro sexual com um saxofonista. Estes
momentos vão fazendo o seu corpo mais
vivo, a sua vida mais intensa, mais
participante na natureza divina e animada
pelo amor divino. No fim, a câmara fixa
torna-se móvel para acompanhar a sua
determinação.
A2
Corpos e Performances

A mulher, uma aventura da linguagem


Catarina Maia
(CEIS20-UC, Portugal)
-
No cinema de João César Monteiro, existe
uma tensão permanente e irresolúvel entre a
dimensão corpórea ou mundana das
mulheres e uma outra que se poderia
chamar imaterial. Este duplo movimento – o
mesmo que atravessa toda a poesia
trovadoresca – é determinante no desenho
das relações amorosas na obra de Monteiro.
Nesta comunicação, proponho-me explorar o
simbolismo dos cabelos e do elemento
aquático, quase sempre associado às
mulheres jovens e à experiência
amorosa/erótica, enquanto exemplos do
modo como o realizador joga com os
códigos da lírica trovadoresca e com o
complexo rol de códigos e de preceitos que
enformam a tradição cortês da ars amatória.
A3
GT O Cinema e as Outras Artes (i)

Movendo imagens estáticas – foto-filmes Uma leitura dos emblemas do rosto na


Fernanda Bastos fotografia contemporânea
(ECO-UFRJ, Brasil) Teresa Bastos
- (ECO-UFRJ, Brasil)
A imagem em movimento do cinema -
analógico nasce, como se sabe, de imagens Na recente exposição “A origem do rosto”
fotográficas, então por que não fazer um (exibida em São Paulo de setembro a
filme a partir de fotografias impressas? novembro 2018) o artista brasileiro Arthur
Assim são os fotofilmes: ensaios fílmicos Omar propõe um deslocamento do rosto, -
criados a partir da associação de fotografias considerado secularmente como o emblema
ao som – direto, efeitos e trilha sonora –, do humano – que escapa de uma fixidez
identitária e vai ao encontro de uma
durante o processo de montagem onde
abstração. Torna-se interessante observar
ganham dimensões temporais, como
que este gesto do artista brasileiro, de tornar
duração e ritmo, e espaciais quando
o rosto local muito mais de abertura para o
decupadas de modo a explorar o espaço sensorial do que para a comunicação de
interno do quadro fotográfico; tudo isso lhes uma representação, pode ser também
agrega uma narrativa cinematográfica. apontado em trabalhos contemporâneos,
Esses fotofilmes desafiam e desestabilizam como na produção de retratos da artista
os modelos dominantes dos campos holandesa Desirée Dolron, da francesa
específicos da fotografia e do cinema Valérie Belin, no trabalho de Bill Viola, entre
estabelecendo um duplo diálogo com o pré e muitos outros. Esta comunicação objetiva
o pós cinema, uma vez que esse diálogo refletir sobre o rosto na produção artística
ultrapassa a questão do suporte e está contemporânea, sobretudo fotográfica, com
diretamente ligado à filosofia e à estética: o sua potência para a encenação e
performatividade, como uma “falsa
tempo e suas possíveis representações
evidência” (Dominique Baqué, 2007). O
imagéticas. Dando continuidade a pesquisa
rosto pode ser visto, simultaneamente, como
Movendo imagens estáticas – cuja primeira experiência originária, risco, objeto de
parte tratou do audiovisual –, nossa sedução e projeção fantasmática. Lugar de
proposta é pensar três fotofilmes: Si j’avais vulnerabilidade, onde são expostos terrores
quater dromadaires, Salut, les cubains! e e angústias, uma vez que o rosto é o que
(nostalgia), e observar o que de nos expõe ao olhar do outro: “a gente não se
cinematográfico se agrega à fotografia que é vê vendo” (Pirandelo, 2001). O rosto em
transformada em filme e o que ela guarda de imagem fixa é diferente daquele que vive no
fotográfico, esmiuçando o papel da cinema, está sempre em movimento,
montagem como constitutiva do cinema. ancorado por gestos, sons, ambiente e
Vale destacar que são filmes anteriores à permite ao espectador deter sobre ele nos
tecnologia do vídeo, que permitiu, pela closes. “O rosto é inumano desde o início;
ele é por natureza close, a tal ponto que se o
primeira vez, ao espectador parar a imagem,
homem tem um destino, esse será mais de
ou seja visualizar ao mesmo tempo imagem
escapar ao rosto” (Deleuze, 1996).
fixa e em movimento, interrompendo e
controlando o fluxo imagético.
A3
GT O Cinema e as Outras Artes (i)

Tu, de Thierry Kuntzel – atravessamentos Obsolescence: the nostalgic look in


entre o analógico e o digital Daniel Blaufuks's Fábrica
Antonio Fatorelli Sandra Camacho
(ECO-UFRJ, Brasil) (CEC-FLUL, Portugal)
- -
A transição da imagem analógica à imagem In 2013, as part of the work produced for
digital possibilita a revisão crítica das Guimarães 2012 European Capital of
crenças tradicionalmente associadas à Culture, Daniel Blaufuks developed a 25-
representação analógica, ao tempo que cria minute short film titled Fábrica. Appropriating
novas temporalidades, diretamente referidas archival footage where the former employees
ao hiato entre o instantâneo fotográfico e o of the Vizela River Spinning and Textile
movimento contínuo do cinema. Nessa Factory take a central role, as well as
apresentação problematizaremos o efeito pictures of the space in its heyday, images of
morfing, utilizado na instalação Tu (1994), sample pattern folios and footage made by
do crítico e artista francês Thierry Kuntzel. the artist of the factory in its state current of
Os procedimentos de simulação eletrônica e abandonment, Blaufuks, elaborates a
de pós-produção digital alteraram reflection on a declining industry and on the
substancialmente as suposições históricas nostalgia produced by obsolete technologies
predominantes sobre o modo de and ways of life. This is emphasised by the
funcionamento das mídias analógicas. A artist's choice of filming the abandoned,
instalação Tu combina oito fotografias e um dust-covered, factory-space in Super 8, a
vídeo. Os oito painéis iniciais exibem medium that — with its tonality, format and
retratos fotográficos, enquanto o último noise — might be read as a nostalgic trigger
apresenta uma projeção em vídeo, em in a digital world. Taking as reference Susan
movimento muito lento, das oito poses vistas Stewart’s notion of nostalgia, put forward in
anteriormente, agora exibidas On Longing (1993), as well as Carolyn
processualmente, na forma de imagem Steedman’s — Dust (2001) — reading of
animada. Submetidos ao processamento Jacques Derrida’s Archive Fever (1995),
digital conhecido como efeito morfing, os oito where the fever of the title's English
fotogramas ganharam uma versão em translation is taken literary, as a physical
movimento. De modo bem diferente do malady produced by the dust in the handling
decorrido na representação fotográfica, of archival material, I will analyse the
quando podíamos prever a efetiva presença nostalgic effect generated by Blaufuks’s use
do modelo diante da câmera, o processo de of archival images and the artist's decision to
renderização digital acontece numa etapa interlace these with Super 8 film.
posterior, na ausência do retratado e do
fotógrafo. Enquanto a imagem ótica, de
natureza analógica, pressupõe uma relação
de dependência física e pontual com a
ocorrência externa, a imagem digital
registra, e também produz, espaços e
tempos virtuais. Estaríamos diante de um
novo paradigma da imagem?
A4
GT História do Cinema Português (I)

Novas tendências do cruzamento entre A atualização das imagens do passado


arte e cinema em Portugal em Natureza Morta
Daniel Ribas Eduarda Kuhnert
(CITAR-UCP, Portugal) (UFF, Brasil)
- -
Nos últimos anos, têm-se intensificado os A comunicação proposta no presente
cruzamentos entre o cinema e as artes resumo tem como objetivo analisar a
montagem do filme Natureza Morta,
visuais, isto é, artistas plásticos que fazem
realizado por Susana de Sousa Dias, sob o
filmes “tradicionais” e cineastas que
viés da discussão do desvio proposta por
arriscam em fazer instalações com forte Guy Debord. O filme é composto por
presença audiovisual. Em Portugal, essa imagens de prisioneiros políticos da PIDE
tendência tem sido também seguida, com os (Polícia Internacional e de Defesa do
casos evidentes de Filipa César, Salomé Estado), órgão português responsável pela
Lamas, Gabriel Abrantes. Não sendo um repressão a atos de oposição ao regime
fenómeno novo, no caso português, esse salazarista, e vídeos de reportagens de
fenómeno tem provocado particulares guerra e documentários de propaganda do
redefinições nos temas (o arquivo, a crítica governo. A produção cinematográfica de
pós-colonial ou as identidades nacionais) e Susana de Sousa Dias inscreve no presente
nas formas (utilização de discursos de a matéria da história recente de Portugal e
reanima imagens de arquivo destinadas ao
conferência-performance, os ambientes
esquecimento. Os caminhos escolhidos na
tridimensionais, o humor pós-moderno)
estrutura formal do filme se aproximam da
utilizadas nestes filmes. Esta comunicação
noção de desvio elaborada por Guy Debord,
pretende utilizar os três casos de estudos para quem o cinema era uma questão de
para traçar e elaborar esta tendência, montagem. Tal conceito permite
assinalando os seus aspetos mais interrogarmos uma compreensão estática de
relevantes. autoria da produção imagética. O desvio é
uma forma de atualizar as imagens do
passado ao mesmo tempo em que implica o
próprio presente. Sousa Dias faz uso desse
projeto estético, desmontando os discursos
sobre o período conhecido como Estado
Novo. Além disso, outro procedimento
importante explorado pela realizadora é a
repetição e a paragem, o que possibilita
Natureza Morta colocar a história em
recomeços. A comunicação a ser
apresentada pretende investigar as
particularidades dessa montagem que age
como uma tomada de posição diante de
imagens de arquivo.
A4
GT História do Cinema Português (I)

Práticas do filme de apropriação durante A arte poética de Manuel Guimarães


o salazarismo Leonor Areal
Tiago Baptista (CIMJ / ESAD.CR, Portugal)
(IHC-NOVA / FCSH, Portugal) -
-
Esta comunicação analisará os primeiros Manuel Guimarães (1915-1975) esteve
exemplos de “filme de apropriação” em esquecido da história do cinema por longos
Portugal e as práticas de produção, anos. São recentes os diversos textos e
distribuição e exibição desses mesmos estudos publicados que vieram recolocar no
filmes. Como casos de estudo particulares lugar certo a importância do seu contributo
serão investigadas as práticas de para o cinema português, nomeadamente a
remontagem encorajadas pela “lei dos 100 sua filiação na corrente neo-realista, o seu
metros” de 1927; a remontagem de imagens combate estético e ideológico e o sacrifício
de propaganda produzidas pelo (ou para) o que lhe foi infligido pela Censura. Estamos
regime salazarista; e finalmente, a hoje em condições de perceber melhor o seu
remontagem de imagens rodadas em percurso como homem do seu tempo e a
contexto colonial pelas missões sua originalidade como artista. Em diversas
cinematográficas estatais da primeira entrevistas que deu, Guimarães procurou
metade do século XX. A comunicação sacudir os chavões que o confinavam a um
contrastará os propósitos e os efeitos território ideológico balizado nas etiquetas
camufladores da passagem do tempo do neo-realismo. Porque a sua ambição era
presentes destes trabalhos de re- essencialmente de procura de uma
apropriação e ressignificação de imagens de expressão artística genuinamente pessoal; a
arquivo no período histórico marcado pela criação de um “cinema português de
ditadura militar e o regime salazarista com expressão” e a busca de novas formas de
os efeitos críticos e denunciadores da linguagem, aquilo que ele designa como
distância irredutível entre o passado e o “movimento estático ou estático em
presente que marcaram as práticas de movimento”, bússola estética que o
remontagem de imagens de arquivo nos acompanha do primeiro ao último filme. Este
filmes de apropriação portugueses pós- é o desiderato que hoje incluímos na
1974. expressão baziniana de “plano-sequência”,
mas que se afigurava de difícil execução
quando se trabalhava com escassos meios
financeiros e ainda mais curtos recursos
técnicos, nomeadamente aproveitando
pontas de película e sofrendo numerosos
cortes e amputações da censura. Esta
comunicação procurará definir a arte poética
deste cineasta, renovada à luz de uma
abordagem que tem por referência a
chamada “teoria dos cineastas”.
A5
Cultura e Política

Una ciudad arrojada al mar: Je veux voir Barry Jenkins’s Moonlight or the cultural
de Joana Hadjithomas y Khalil Joreige work of film narratives of the private
José Manuel López Luis M. García-Mainar
(USC, Espanha) (Unizar, Espanha)
- -
La guerra del Líbano de 2006 entre Israel y The last few years have seen a resurgence
Hezbolá sorprendió a la pareja de cineastas of identity politics in US American culture, a
libaneses en Francia. Al no poder regresar a phenomenon that dates back to the Obama
su país asistieron a la retransmisión de la years and their abrupt ending with the
guerra a través de los medios, incapaces de election of Donald Trump as president in
reconocer en aquellas imágenes a su propio 2016. While cultural commentators have
país: «¿Qué tipo de imágenes debíamos blamed the identity politics embraced by the
Democratic Party for this sudden shift to the
hacer, entonces? Khalil y yo hemos
conservative right, the MeToo movement
trabajado mucho sobre las ruinas. ¿Cómo
sparked by activism in the film industry has
debemos filmarlas? ¿Cómo encontrar las proved the relevance of such politics in the
huellas de la memoria?». La respuesta la United States. Barry Jenkins’s Moonlight
encontraron en el cuerpo y el rostro de was heralded as a product of the progressive
Catherine Deneuve, a la que se llevaron a su Obama era, sanctioned by the Film
país unos meses después para filmar 'Je Academy with the 2017 Award for Best
veux voir'. Deneuve representa para ellos la Picture, and quickly became an object of
mirada del 'étranger' —como ellos ante las cultural debate within black and queer
imágenes de los medios— pero también la culture, while film critics praised its lavish
mirada del cine. Hadjithomas y Joreige cinematography and virtuoso narrative.
enfrentaban así, según sus propias However, the debate that followed the film
failed to set it in another context that would
palabras, un «cuerpo-cine» (Deneuve) a «un
illuminate its function in contemporary US
espacio documental» (Beirut, una ciudad
culture: it was the product of a renewed
acribillada por sucesivas guerras). Esta idea
interest in narratives of the private. This
de lugar irreconocible porque que ha sido paper will explore the role of Moonlight in the
'borrado' es central en toda su obra y me current explosion of a culture of
servirá para acercarme al paisaje urbano representation of the self that has produced
como lugar de desapariciones, de cambios a prominent cinema centred on private lives
traumáticos y heridas que se esconden bajo that nevertheless do not refuse to engage
los escombros. Desde la modernidad, al politically with public issues. On the contrary,
menos, desde las imágenes de Rossellini y their emphasis on autobiographical material,
las palabras de Deleuze, el cine siempre ha clearly subjective perspectives, and the
sido un arte de las ruinas y de cuerpos exhaustive recreation of the spaces of the
vagabundos que atraviesan esas ruinas. En private results in narratives that exhibit a
deep commitment with the social milieu they
'Je veux voir' buscaré la pervivencia de esa
inhabit.
'última imagen', la imagen terminal de una
ciudad que es literalmente arrojada en
pedazos al mar.
A5
Cultura e Política

A estética da resistência e a memória Tempo, Imagem e subjetividade: Os


utópica em três filmes sobre o pós-maio sentidos da velhice na
de 68 contemporaneidade
Rita Magalhães Furtado Mirella R. C. Pessoa
(UFG, Brasil) (UnB, Brasil)
- -
O propósito com este trabalho é o de A partir de uma análise genealógica que
relaciona os conceitos de biopoder,
associar filmes que tratam da temática do
governamentalidade e o emergência
pós-maio de 68, tecendo uma análise do
histórica de saberes-poderes, propôs-se a
desencantamento utópico, do abandono da suspensão dos significado das imagens da
luta coletiva engajada e da nostalgia do que velhice na modernidade e na
poderia ter resultado de modo diferente nos contemporaneidade. Partimos do
planos individual e coletivo. Os três filmes pressuposto que há uma estreita relação
aqui abordados – Jonas que terá 25 anos no entre o regime atual de visibilidade e a
ano 2000, de Alain Tanner, Depois de maio, produção de sentidos próprio para a velhice.
de Olivier Assayas e No intenso agora, de Observaram-se questões que perpassam
João Moreira Salles –, examinam pela autonomia, constante atualização,
essencialmente o tratamento dessa atividade e valorização do trabalho
temática, tão pertinente, cinquenta anos intelectual, empreendedor e conectado
depois da eclosão no movimento de maio de configurado em uma “mão-de-obra” eterna
do capitalismo financeiro atual, identificando
68 e permitem problematizar a questão
uma nova velhice que se afasta cada vez
crucial que se situa no entrecruzamento da
mais das descrições patológicas modernas.
narrativa fílmica, da práxis política e de uma As patologias normais ao corpo idoso são
outra via de restituição do real que é a agora colocadas em segundo plano,
utopia. Com o intuito de abordar a relevância administradas em práticas e cuidados de si
dessa temática no contexto atual e na que os mantém de pé, ereto e longe da
apreensão rigorosa da inscrição do cinema bengala que representa a dependência.
como suporte legítimo de um discurso Foram analisados, a luz do gesto
filosófico, discutiremos as dúvidas e as genealógico, manuais médicos,
inquietudes surgidas a partir desse propagandas, filmes e publicações de redes
movimento e sua herança utópica, no sociais – corpus formado a partir de uma
entrecruzamento da ficção com o arqueologia de imagens – relacionadas ao
contexto histórico do qual fazem parte.
documentário, analisando em que medida
Pôde-se perceber que a nova velhice é
estes gêneros fílmicos dialogam com o real
independente, ativa e administra as perdas
e como o cinema, tanto para os que o tempo pode causar aos corpos,
personagens e protagonistas dos filmes em observando-os menos como problemas e
questão, torna-se basilar para a mais como oportunidades. Constituem-se
ressignificação das utopias, instituindo-se, assim, subjetividades centradas no
de certo modo, como uma estética da gerenciamento dos corpos velhos
resistência. adequados a mesma lógica da empresa,
metáfora maior que perpassa as relações
sociais do hoje.
Cultura e Política
Cultura e Política

B 14 maio
16h00 — 17h45
B1
GT Teoria dos Cineastas (II)

A raiz clássica de uma estética da Quando a alucinação bordeja a


“presença” no cinema. Os casos de desordem: a subversão dos home
Dreyer, Bresson e Oliveira movies no cinema de Stan Brakhage e
Maria do Rosário Lupi Bello Jonas Mekas
(UAb / CECC-UCP, Portugal) Luis Fernando Severo
- (UTP, Brasil)
-
É sabido que tanto C. Th. Dreyer como R. No universo da análise fílmica, home movies
Bresson afirmaram, prática e teoricamente, ocupam um lugar pouco privilegiado,
que o cinema devia afastar-se da estética associados a um gesto criador não
teatral. Se Dreyer defendeu que o cinema informado por pretensões artísticas e que
transita nas bordas do domínio da técnica.
tinha de “desembaraçar-se do teatro”,
Para serem alçados a um patamar mais
Bresson foi ainda mais radical, afirmando
respeitável necessitam de apropriação por
que “nada há a esperar de um cinema outras narrativas cinematográficas, e podem
ancorado no teatro”. Pelo contrário, M. de ser expostos a releituras dissociadas da sua
Oliveira repetiu que “o teatro é a síntese de configuração original. Associando teorias
todas as artes” e que o cinema mais não faz escritas ou verbalizadas pelos realizadores à
do que fixá-lo. Porém, um olhar atento duas obras específicas, Kindering (Stan
permite detectar, nas obras destes Brakhage, 1987) e As I Was Moving Ahead
cineastas, um importante traço aproximativo: Occasionally I Saw Brief Glimpses of Beauty
a recusa de um conceito de “performance”, (Jonas Mekas, 2000) este trabalho pretende
por parte do actor, de raiz realista ou analisar como ambos registram a mesma
naturalista, que frequentes vezes resulta realidade cotidiana e caseira que impulsiona
num desempenho classificado (por críticos e a feitura de home movies e produzem
imagens que ardem em contato com o real,
espectadores) como “artificial” ou “teatral”. O
segundo conceitua Didi-Huberman num de
propósito deste ensaio é investigar, em
seus ensaios. Em seu livro Methaphors on
termos metodológicos comparativos, as Vision Brakhage propõe uma visão sem
teorias destes cineastas, procurando regras pré-definidas inerente ao olho de uma
estabelecer o elo de ligação entre os criança. Kindering registra seus netos
respectivos conceitos acerca do papel e do brincando num jardim mas o olhar que
desempenho do actor e a raiz clássica do compartilhamos é o do realizador, que
teatro grego, onde a marca identitária de manipula as expressões do real capturada
cada personagem se resumia à escassez de pela câmera através de distorções e
informação contida em cada “máscara”. Na sobreposições visuais e sonoras, deixando
tragédia grega, o valor predominante do “a alucinação penetrar no reino da
actor consistia na sua presença e na sua percepção”. Mekas, que se notabilizou por
seus diários filmados, agrupa numa
palavra (prescindindo da expressão facial e
assumida desordem dezenas de rolos
de outros elementos de comunicação
desses diários, boa parte registrando sua
emocional) – aspectos que se revelam
vida doméstica, onde esparsos voice overs
fulcrais na estética destes realizadores. O fornecem insights e reflexões sobre um fluxo
objectivo será, pois, verificar de que tipo de contínuo e sempre instigante de caos e
teatro se pretendem afastar Dreyer e acaso.
Bresson e em que tipo de teatro se baseia o
cinema de Oliveira.
B1
Teoria dos Cineastas (II)

As quatro estações de Ingmar Bergman O espectador pelo olhar do cineasta: da


Ney Costa Santos construção da memória histórica e
(PUC-Rio, Brasil) coletiva na obra de Patricio Guzmán
-
María Contreras
(UBI, Portugal)
-
Podemos aproximar Sonata de Outono A memória é um tema fundamental nas
(Höstsonaten/1978) e Morangos Silvestres obras fílmicas de Patrício Guzmán,
(Smultronstälett/1957). No primeiro filme o documentarista chileno que se debruçou a
reencontro, inicialmente cordial e feliz, é aos retratar as ambiguidades de seu país, tanto
poucos tomado pela amargura e o na ditadura militar, quanto nos
ressentimento de Eva, a filha da pianista
desdobramentos do processo de
Charlotte; no segundo, o velho Professor
redemocratização. Esta comunicação
Borg, no entardecer de sua vida, se prepara
para uma viagem à Lund, onde receberá um propõe analisar os mecanismos
título honorífico. Ao invés do avião, ele opta cinematográficos utilizados por Guzmán
por ir de carro a fim de, no caminho, rever para que o espectador adentre na memória
lugares e emoções de sua vida. Borg viaja histórica e coletiva Chilena, a partir da
com a nora e três jovens a quem deu comparação entre dois momentos da
carona. É um road movie bergmaniano. Em carreira do autor: Batalla de Chile I, II, II da
Sonata de Outono, Charlotte faz uma década de 1970 e Nostalgia de la Luz, Botón
viagem de reencontro e reconciliação. Ela de Nacar da década de 2010. Em especial
pretende passar alguns dias com a filha, de do livro Filmar o que não se vê encontramos
quem está afastada há sete anos. Embora a concepção do espectador como alguém
uma e outra demonstrem ansiedade e que possui uma faculdade mental
expectativa pelo encontro, os
importante, a memória, a partir da qual
ressentimentos, as carências e as culpas
Patrício Guzmán constrói sua filmografia. E
estão à flor da pele. Em Morangos
Silvestres, no limiar do grande inverno, o a memória é um suporte para a construção
professor Borg, durante o verão sueco, se da sua carreira, que foi modificando sua
reconcilia consigo mesmo e encontra uma linguagem em busca de novas formas
inesperada primavera em meio ao outono de estéticas e narrativas de dialogar sobre o
sua vida. Os dois filmes são um longo mesmo tema.
Andante. Em Sonata de Outono ele é ora
apaixonado, ora triste e reflexivo; em
Morangos Silvestres a possibilidade de uma
tardia primavera torna esse Andante ora
alegre, ora melancólico. A análise
comparativa de situações nos dois filmes
buscará perceber a flutuação emocional do
Andante e a metáfora das quatro estações.
B2
GT Cinema e Educação (I)

Palavra de professor: O sentido do “O cinema é o livro do futuro”: as


educativo no cinema produzido pelo escolhas de produção de Inconfidência
INCE no Brasil Mineira e os planos governamentais para
Marcio Blanco o cinema no Brasil dos anos 1940
(UERJ, Brasil) Lívia Cabrera
- (UFF, Brasil)
-
A criação do Instituto Nacional de Cinema A proposta é a apresentação da pesquisa
Educativo em 1937, primeiro órgão federal em andamento sobre a realização do filme
responsável por produzir e fornecer filmes brasileiro Inconfidência Mineira (1948),
educativos às escolas brasileiras, é escrito, produzido, dirigido e estrelado por
precedida por um conjunto de discursos que Carmen Santos. Maria do Carmo Santos
conferiam um duplo estatuto ao cinema. Ao Gonçalves nasceu em Portugal, em 1904,
mesmo tempo que ele poderia ser um mudando-se para a cidade do Rio de Janeiro
agente perturbador da formação sadia das junto com a família em 1912. A jovem
crianças, também poderia agir como fonte começou a trabalhar cedo entrando em
de educação científica e patriótica. Esses contato com uma cidade em processo de
discursos estão imbuídos de uma uma modernização cujo cinematógrafo era uma
crença nos poderes miméticos da imagem e das principais atrações. Maria do Carmo vê
do som em relação aos objetos que no cinema uma possibilidade de ascensão
representam. Neste sentido se atribuía como econômica e social e se lança nessa
qualidade educativa desse cinema a aventura transformando-se em Carmen
apreensão de fenômenos que já haviam sido Santos, uma das grandes atrizes e
descritos e explicados pela ciência. Apesar produtoras do cinema brasileiro. O trabalho
dessa tônica, ao analisar o modo de dialogará com os debates em torno das
produção e uso dos primeiros filmes ideias desenvolvimentistas acerca do
educativos do INCE verifica-se como o cinema: o filme como instrumento para a
sentido conferido pelo professor à obra é tão educação e os planos governamentais para
ou mais importante que o uso da narrativa ele no Brasil. O desejo dos realizadores nas
oral incluída em sua banda sonora. O primeiras décadas do século XX era de
número crescente de filmes mudos alcançar um status industrial para o cinema
produzidos em detrimento do filme sonoro e e isso se alinha ao início de um interesse
a confecção de cartilhas que acompanham estatal na atividade. A realização dessa obra
as obras demonstram isso. Entendendo a se conecta com o momento em que
obra cinematográfica como um tipo de pedagogos debatiam o cinema educativo,
manifestação que regula a relação entre o pensando nele como veículo divulgador de
visível e o dizível (RANCIÈRE, 2012) essa ideias e constitutivo de uma identidade
prática demonstrava que aquilo que se nacional. Essas ideias atravessaram o filme
considerava educativo no cinema produzido e tiveram importante papel na ampla política
pelo INCE não dependia intrinsicamente de estatal do presidente Getúlio Vargas.
suas imagens e sons mas residia também Acredita-se que a articulação das escolhas
na regulagem da relação entre filme e cinematográfica com os processos políticos,
observador sob um mesmo dispositivo sociais e culturais do período elucidarão
normativo, onde a palavra do professor se uma parte importante da história brasileira.
fazia imprescindível.
B2
GT Cinema e Educação (I)

O espectador em construção
Raquel Pacheco e Ana Isabel Soares
(CIAC-UAlg, Portugal)
-
O cinema e educação, que se enquadra
dentro do tema educação para os media,
promove à literacia cinematográfica e
audiovisual, assim como colabora para a
construção de uma literacia mediática,
encontra-se ainda num processo de
consolidação em Portugal, sendo composto
pelo PNC – Plano Nacional de Cinema e
iniciativas dispersas e privilegiando à
iniciação aos estudos fílmicos. Esta
investigação propõe-se aprofundar o
conhecimento sobre as culturas
cinematográficas e audiovisuais de crianças
e jovens de ambientes sociais diversos, de
forma a compreender as capacidades de
literacia cinematográfica e audiovisual que
desenvolvem, as que necessitam de
intervenção e quais as formas mais eficazes
para o fazer. Prestaremos particular atenção
ao trabalho de cinema e educação bem como
à literacia audiovisual, dado o papel que
estas esferas assumem entre os mais novos
e com os novos desenvolvimentos mediáticos
e tecnológicos. As metodologias qualitativas,
principalmente as participativas e de
investigação-ação, constituem pontos de
partida para desenvolver um projeto
integrado e compreensivo de educação para
os media, incluindo cinema, audiovisual,
informação, entretenimento e publicidade,
além dos diferentes meios.
B3
GT O Cinema e as Outras Artes (II)

Cinema e aporia nas imagens de Jeff "What you see is not what you see":
Wall cinema e minimalismo em 68
Júlia Paes Leme Leonardo Esteves
(UFRJ, Brasil) (FCA-UFMT, Brasil)
- -
Cinematografia costuma ser tratada, dentro Fun and games for everyone é um filme
da obra do fotógrafo canadense Jeff Wall, dirigido por Serge Bard a partir de uma
em linhas simples, como a presença das vernissage homônima de Olivier Mosset.
técnicas normalmente associadas com a Nesta, o pintor minimalista expunha uma
produção de filmes (TATE, s.d). Essa série de quadros similares que consistia em
comunicação, contudo, tomando como base
um círculo negro pintado no centro de uma
seu texto Frames of reference (WALL, 2003)
tela branca. Ao filmar a exposição e as
pretenderá desenvolver como, indo mais
interações entre obra e público, incluindo aí
além, essa expressão pode revelar uma
relação mais intima do artista com questões a ilustre presença de Salvador Dali, Bard
que ele considera marcas do cinema. Um radicaliza um recurso fotográfico explorado
aspecto de destaque em geral de sua obra já no filme anterior, Ici et maintenant. Da
costuma vir atrelado ao título “near parceria com o fotógrafo Henri Alekan,
documentary”, ou “quase documentário” composta por estes dois títulos, chega-se a
(CHEVRIER, 2006), indicador de um lugar um resultado extravagante e demolidor: uma
de ambiguidade, ou, como Wall coloca, de imagem em preto e branco composta
uma opção por permanecer na dúvida. Essa apenas por preto e branco, sem escalas de
opção seria possível dentro de uma cinza, e suprimindo visualmente a menor
percepção cinematográfica na qual haveria estrutura da imagem fotoquímica, o grão.
espaço para uma “indecisão estilística” na
Esta reflexão pretende investigar a relação
qual não seria necessário escolher entre fato
complexa que se dá nesta transposição/
e ficção (WALL, 2003). A partir desse lugar
de não escolha, ou de opção pela indecisão, captação da arte minimalista para o cinema,
essa comunicação irá propor trilhar uma considerando alguns dos predicados
leitura política de seu trabalho. Tomando defendidos pelo grupo que se veem
como base as considerações do francês problematizados na incursão de Bard. A se
Jacques Rancière, especialmente em seu O começar pela negação do lema “what you
Desentendimento (RANCIÈRE, 2018), see is what you see”, abalado pelos efeitos
pensaremos as possibilidades de uma arte fotográficos manobrados por Alekan – uma
que se realiza política no momento que luz não-significante, irá assim classificá-la o
acolhe a aporia. Pretendemos concluir com diretor de fotografia. Em Fun and games
novas aproximações com o cinema, dessa estimula-se em toda sua extensão um
vez via Rancière, trazendo sua leitura de exercício fantasmático de problematizar o
algumas das referências de Wall
visível, acarretando em um jogo no qual a
(RANCIÈRE, 2016) e seu conceito de
aparência das coisas oscila em uma mise-
regimes de visibilidade (RANCIÈRE, 2012 e
2014). en-scène reformulada a partir de padrões de
textura da imagem.
B3
GT O Cinema e as Outras Artes (II)

Da ontologia de objetos digitais Corpo-território enquanto ferramenta


audiovisuais expandidos em síntese: artística e resistência de gênero
processos embarcados em tecnologias Anna Petracca
de redes computacionais (UBI, Portugal)
Carlos F. B. Dowling -
(UFRJ / UFPB, Brasil)
-
A presente comunicação pretende articular O objetivo desta comunicação é discutir,
alguns conceitos basilares que circundam a analisar e apresentar um panorama sobre a
imagem, especificamente as ideias de real, representação do corpo feminino a partir de
simulação, presença e devir, como uma seleção de obras realizadas por quatro
instrumental analítico para processos artistas da metade do século XX: Ana
contemporâneos audiovisuais expandidos Mendieta, Hannah Wilke, Francesca
através de tecnologias digitais operadas em Woodman e Valie Export, além de identificar
redes computacionais, através da análise de
as características identitárias e propor
conceitos sobre a técnica e tecnologias
possíveis diálogos entre as obras. Parte-se
aplicados à linguagem audiovisual como
apresentados pelos teóricos Heidegger, do princípio de que o corpo feminino sempre
Deleuze, Flusser, e com especial interesse foi objeto de representação nas artes em
em recentes estudos de Lev Manovich e Yuk geral, mas com o tempo algumas artistas
Hui. Platão ao imaginar a projeção das viram a necessidade de delimitar o espaço
sombras e os ecos em estágio imaginal do corpo feminino enquanto objeto de
complementando a metamorfose de seu representação e resistência social e de
pensar como o oposto original da verdade, gênero, e de seus próprios corpos,
posta como estertores invadindo a alegoria utilizando-os muitas vezes como
da caverna, finca um modo de fiar o instrumentos em suas obras. As artistas
pensamento ocidental onde a imagem leva citadas como referência de pesquisa, além
envolto em seu casulo a marca de
de empregarem o próprio corpo como
simulação, ou propriamente a plataforma
ferramenta de expressão, geralmente
base da ficção. O cânone platônico que
circunda o conceito de verdade será utilizam mais de uma linguagem artística,
fundamental para a obra do filósofo Martin principalmente a videoarte, performance,
Heidegger ao pensar a técnica, e que serão escultura, fotografia. Assim, em suas obras,
abordas a partir das contemporâneas o corpo feminino é polissêmico, ocupando o
inflexões apresentadas por Yuk Hui para espaço de símbolo como resistência social,
tecer reflexões sobre a ontologia do objeto de gênero, físico e artístico.
digital, mais especificamente de uma
ontologia e filosofia das imagens e sons
digitais, e as potenciais novas relações
estético-narrativas estabelecidas através de
novas tecnologias computacionais de
interação, imersividade, realidades
manipuladas através de protocolos de
inteligência artificial e afins e convergentes
derivações.
B4
Músicas y silêncios del trabajo: La desaparición del mundo rural

Música que no cesa: los Cantos de El silencio campesino en Portrait, una


Trabalho de Leon Hirszman dialéctica de la temporalidad
Albert Elduque María Soliña Barreiro e Jorge Oter
(U. Reading, Reino Unido) (ESUPT-UPF, Espanha)
- -
Leon Hirszman elaboró su serie de Portrait (Loznitsa, 2002) captura la
cortometrajes Cantos de Trabalho (Mutirão melancolía del fin de una época conteniendo
[1975], Cacau [1976] y Cana-de-açúcar el movimiento y ensordeciendo los cantos
[1976]) a partir de su descubrimiento de los del trabajo. Los planos casi fijos de los
cantos rurales del nordeste brasileño campesinos mirando a cámara en silencio
durante la filmación de São Bernardo (1972). mientas transcurren las estaciones retratan
Siguiendo los pasos etnomusicológicos de un mundo en desaparición del que sólo
Mário de Andrade y Humberto Mauro, quedan sus murmullos, evocadora
Hirszman se propuso registrar unas formas recreación ambiental característica de los
musicales que definía como “una especie de primeros filmes de Loznitsa. El film propone
partido-alto en el campo, una roda de samba que la vida campesina, considerada arcaica
en el trabajo”, enfatizando su espíritu por la modernidad, debe representarse de
comunitario y el riesgo de su desaparición un modo arcaico que violente lo
por la industrialización y los medios de cinematográfico: creando imágenes
comunicación de masas. En esta fotográficas, que se densifican con los
comunicación analizaremos el papel de los ambientes sonoros y en las que el silencio
cantos en la construcción espacial y de sus personajes mantiene el misterio de
temporal de las piezas, su sincronización o un final que no acaba de llegar. Este corto
desincronización con las imágenes y su rol documental aborda la melancolía del fin
en algunas decisiones narrativas, desde una perspectiva formalista. Los
especialmente el protagonismo colectivo. planos ofrecen una misma propuesta
También su relación con otros sonidos, tales compositiva –frontalidad, integralidad de las
como las voces de los campesinos, los figuras, distribución en el plano– que se
ruidos del trabajo (golpes, roces, cortes) y la expande a lo largo de una serie de
voice over de Ferreira Gullar, que en dos de variaciones que no desembocan en ningún
las piezas articula un discurso sobre el valor desenlace, como el ciclo estacional no
antropológico de estas formas musicales. En desemboca sino en repetición. La dialéctica
general, indagaremos cómo el cine arcaico-moderno, subsistencia-fin viene
documental puede reivindicar formas de marcada doblemente por la temporalidad del
trabajo pre-capitalistas mediante el registro tema y por aquella impresa en la forma
de un patrimonio sonoro amenazado de (ligada a los primeros retratos en foto, la
muerte. En ese contexto, puntuales voluntad anacrónica de Malévitch en
comparaciones con los trabajos pinturas campesinas o la poesía mítica de
desarrollados por Vittorio de Seta en Italia y Dovchenko). Cuando los cantos del trabajo
por Michel Giacometti en Portugal servirán se silencien, el rural será “un sol poniente;
para iluminar las especificidades del como un astro que declina, es soberbio, sin
acercamiento de Hirszman. calor y lleno de melancolía” (Baudelaire).
B4
Músicas y silêncios del trabajo: La desaparición del mundo rural

El canto neomelódico de Belluscone, una


storia siciliana y sus afinidades con la
omertà
Joan Jordi Miralles
(ESUPT-UPF, Espanha)
-
El film Belluscone, una storia siciliana
(Maresco, 2014), parte de la obsesión del
director palermitano Franco Maresco por
descubrir el motivo de consenso de los
habitantes de la isla de Sicilia a la hora de
votar al político y empresario Silvio
Berlusconi. Este punto de partida, permite a
Maresco contactar con Ciccio Mira,
empresario local de cantantes neomelódicos
que se encuentra relacionado con la mafia y
el código de silencio alrededor de su
actividad criminal, la omertà. La película
descubre la alquimia entre la dimensión
coral de la plaza palermitana, el sentimiento
popular de admiración incondicional hacia la
figura de Berlusconi y la fuerte cultura
individualista que impera en la calle.
Maresco demuestra conocer ampliamente
los recodos de plazas y festividades, como
ya dejó claro en Enzo, domani a Palermo!
(1999), cortometraje documental filmado
junto a su exsocio Daniele Ciprì. El film
Belluscone nos vuelve a introducir en un
universo para nada inocuo, formado por
cantantes neomelódicos que anhelan el éxito
provinciano y cantan bajo las casas de los
«boss», y por mensajes en código lanzados
desde los palcos y las televisiones privadas.
En la propuesta fílmica de Maresco, no deja
de haber un desconsuelo ante la vorágine
capitalista, capaz de introducirse en un
sistema tradicionalmente anclado en la
ruralidad, desvirtuando así el sentido de
colectividad en pro de un auge por ciertos
modelos de atención e imitación asociados
al poder de los ídolos.
C 14 maio
18h00 — 19h45
C1
GT Cinema e Educação (II)

Experiências com cinema e educação e a Kant y Marx van al cine: La filosofía a


construção de narrativas audiovisuais través de la ficción fílmica
participativas Jesús Ramé López
Maria Moema Costa Nascimento (UJI, (URJC / UNED, Espanha)
Espanha) e Beatriz Colucci (UFS, Brasil) -
-
Esse trabalho analisa as narrativas Cuando nos preguntamos por el porqué de la
audiovisuais produzidas por jovens e creación cinematográfica nos acercamos
adolescentes da rede pública de ensino do mucho al sentido de la filosofía, ya que las dos
estado de Sergipe durante os anos de 2017 e pretenden entender al ser humano. El filósofo
2018, em projeto de extensão realizado pelo se adentra en un tema recogiendo las
Laboratório de Pesquisa e Produção respuestas que han dado otros y, sumando su
Audiovisual, vinculado ao curso de Cinema e propia reflexión, organiza la conclusión. Al
Audiovisual da Universidade Federal de igual que un montador, hace una edición, que
Sergipe. Levando em conta o caráter en muchas ocasiones, como en el cine,
interdisciplinar do cinema, discutimos os plantea más interrogantes que soluciones.
processos participativos na construção das Tanto el aprendizaje clásico de la historia de la
narrativas audiovisuais, recorrendo às filosofía como de temas más contemporáneos
reflexões propostas por Alain Bergala (2008), pueden ser herramientas entendidas desde el
sobre o papel do cinema na educação, e estudio cinematográfico de la teoría de los F.
Daniel Meirinho (2016), sobre as identidades P. R. (Fragmentos Puestos en Relación) de
juvenis, a fotografia participativa e o Alain Bergala. Cuando hablamos, por ejemplo,
compartilhamento de imagens visuais, a partir del alma, podemos empezar con una
de conceitos de Blackman e Fairey (2007). O secuencia de Ghost (Jerry Zucker, 1990) en la
projeto “Fotografia, vídeo e identidade social” cual Sam (Patrick Swayze), muerto, ocupa el
incluiu aulas expositivas e oficinas práticas cuerpo de la médium Oda (Whoopi
sobre história, linguagem e técnica fotográfica; Goldberg)para poder abrazar y besar a su
produção e edição de imagens, além de mujer Molly (Demi Moore). El carácter
debates sobre cidadania e direitos humanos, logopático del cine nos invita a utilizar también
que criaram condições mínimas para que os secuencias de producción Mainstream, ya que
alunos pudessem expressar, por meio de el cine pone en juego una suerte de nuevos
narrativas visuais, a forma como enxergam a mitos, donde el carácter fílmico de ejemplo de
si mesmos e a comunidade em que vivem. lo posible desarrolla nuevos repertorios para
Tornaram-se, pois, produtores de suas hacer filosofía. La educación es un acto
próprias representações. Dessa forma, o comunicativo y el medio audiovisual tiene una
desenvolvimento do projeto possibilitou aos gran capacidad de educar, por lo que la
participantes aprofundarem a reflexão sobre filosofía puede utilizar el cine como recurso de
suas próprias identidades, relações sociais e aprendizaje sin la necesidad de banalizar sus
afetivas e seus lugares de pertencimento, o presupuestos.
que evidencia a importância da experiência
estética e criativa com imagens no contexto da
educação contemporânea.
C1
GT Cinema e Educação (II)

Um modelo pedagógico centrado na Expressão e motivação pedagógica pelo


“Desconstrução“ de imagens em Cinema: metodologia, resultados e
movimento e o seu impacto no conclusões do projeto “Olhar pela Lente”
autoconceito académico de estudantes Pedro Alves (CITAR-UCP, Portugal) e Ana
reclusos em Portugal Sofia Pereira (FCSH-UNL, Portugal)
José António Moreira e Sara Dias-Trindade -
(CEIS20-UC, Portugal)
-
Ao longo das últimas décadas, e resultado, A expressão audiovisual permite a
sobretudo, das mudanças que têm ocorrido interpretação não apenas do que é
nos mercados de trabalho, tem-se tornado representado, mas também dos sujeitos que
cada vez mais premente repensar através dela se manifestam. Enquanto
paradigmas educativos, processos de inevitável processo de aproximação crítica ao
comunicação educacional, cenários de real, estabelece um conjunto de valores,
aprendizagem e modelos pedagógicos. É, ideias, emoções e potências empíricas que
precisamente, um desses modelos, centrado geram um diálogo entre autores e contextos
na desconstrução de Imagens em socioculturais. Por outro lado, a
Movimento, que pretendemos analisar, contextualização de objetivos pedagógicos
descrevendo o seu impacto no autoconceito através da linguagem e da literacia
académico de vinte estudantes em situação cinematográfica e audiovisual permite
de reclusão num estabelecimento prisional colmatar e preencher necessidades
em Portugal, a partir da análise qualitativa específicas de contextos escolares
das suas perceções e narrativas. Os desafiantes. Em 2018, o projeto “Olhar pela
resultados mostram que o design do Lente” (realizado na Escola Secundária de
ambiente educativo e o modelo que o Vila Verde) capacitou 168 alunos de turmas
suporta, ancorado nos princípios do não-artísticas do 10º ano para a criação de
construtivismo, da autonomia, da narrativas audiovisuais, nas quais os
flexibilidade, da inclusão e da interação, e na estudantes desenvolveram e configuraram as
teoria da Flexibilidade Cognitiva, podem ter suas perspetivas e preocupações vitais
efeitos muito positivos no autoconceito através de códigos fílmico- narrativos. Nesta
académico de estudantes reclusos, a nível comunicação, apresentaremos algumas das
das diferentes dimensões consideradas: principais conclusões do projeto a partir das
Motivação, Orientação para a Tarefa, 26 curtas-metragens produzidas,
Confiança nas suas Capacidades e Relação contextualizadas nos objetivos pedagógicos
com os Colegas. São discutidas as do projeto, bem como no processo criativo e
implicações dos resultados encontrados, no trabalho desenvolvido pelos e com os
tanto do ponto de vista de intervenção alunos.
prática, quer em termos de investigações
futuras.
C2
GT O Cinema e as Outras Artes (III)

As instalações audiovisuais de Lucas Extratos artísticos em A Ilha dos Amores


Bambozzi e o deslocamento do dispositivo Nelson Araújo
cinematográfico para o espaço urbano (CEAA-ESAP, Portugal)
-
Gabriela de Freitas
(UnB, Brasil)
-
Há uma forma de cinema que subverte a O filme A Ilha dos Amores (1982) de Paulo
narrativa tradicional e prioriza a invenção e a Rocha assume-se como um filão fílmico com
experimentação, com fundamental múltiplas possibilidades exploratórias; para
contribuição de artistas. Para Parente (2012), este trabalho direcionamos a extração artística
a relação entre cinema e artes visuais pode para o campo da dialogia e a intertextualidade
ser abordada em três momentos: das numa tentativa de sublimar a presença das
vanguardas históricas; dos movimentos pós- outras artes nesta obra. A transplantação dos
modernistas e o período recente, das textos de Wenceslau de Moraes para a
instalações audiovisuais. No contexto linguagem cinematográfica e uma encenação
brasileiro, ressaltamos o período pós- devedora do teatro japonês assumem-se
moderno com produção de Hélio Oiticica e como uma sociedade artística frutífera que
Neville D’Almeida e suas cosmococas, sob o importa sinalizar. A depuração imagética neste
conceito do Quase Cinema (MACIEL, In: filme transporta-nos também para as
BRAGA, 2011). Ao pensar o cinema como contaminações fílmicas dos mestres
instalação, os elementos constitutivos da obra japoneses Yasujiro Ozu e Kenji Mizoguchi,
se espacializam e abrem-se possibilidades revelando-se, esta aproximação, um código de
mais interativas com o participador. Dentre acesso ao nível espiritual das imagens do
tais artistas, escolhemos algumas obras de realizador português.
Lucas Bambozzi. Cineasta, artista visual e
pesquisador em novas mídias, Bambozzi
questiona as mobilidades e imobilidades do
contexto urbano. Na comunicação,
apresentaremos as análises de quatro
instalações: Coisa Lida (2014), Curto Circuito
(2014), Multidão (2013), Do sofá da sua casa
(2011). Nelas encontramos uma relação entre
obra e participador que subverte o espaço,
criando heterotopias (FOUCAULT, 2013) em
que se desloca o dispositivo cinematográfico
(DELEUZE, 1990) para o espaço urbano. Tal
situação intensifica a interação e o diálogo
com o outro na cidade, expandindo a própria
cartografia urbana (DELEUZE e GUATTARI,
1995).
C2
GT Outros Filmes (III) – Educação, ensino e arquivo

Estranhar o texto – Sobre Domingo à Tarde Re-velar os mortos: cinemas, apocalipses


Elisabete Marques e outros fins
(ILCML, Portugal) Diego Paleólogo
(UERJ / UFRJ, Brasil)
- -
Domingo à tarde (1966), de António Macedo, Peter Szendy em Cinema-Apocalypse, evoca
filme emblemático do cinema novo, é a a noção-conceito de revelação, herdeira das
adaptação do romance homónimo de tradições judaico-cristãs, e ilumina que, para
Fernando Namora (1961). No documentário algo ser revelado, deveria ‘ter estado ali’ o
“Memórias de um Domingo à tarde", o tempo todo. Apocalipse, revelação e visões
realizador explica que teve de arranjar fariam parte, dessa forma, de um mesmo
estratégias para reinventar o texto, na sua campo semântico e implicariam em outros – e
opinião demasiado marcado pelo neo-realismo estranhos – regimes de visibilidades. A
e suas retóricas. Daí que o filme exponha um imagem (em movimento) faz ver, em suas
conjunto de artifícios através dos quais complexas tramas, algo ou alguma coisa que
simultaneamente acata e recusa a obra sempre esteve ali – revela algo, ameaça o
literária. Veja-se, por exemplo, o recurso à voz imaginário tranquilo. Os anos noventa, última
off pela qual Macedo mantém a narrativa feita década do século XX, através de um cinema
na primeira pessoa e desconstrói a mainstream, olhou para a morte (finitude) com
sequencialidade temporal do livro; ou a uma mirada quase encantada, explorando as
exibição das imagens de volumes anatómicos possibilidades técnicas da imagem. A
e de radiografias que a um só tempo reflecte o sensibilidade de uma morte-em-vida (ética,
universo hospitalar da novela e é meta- política, estética) fez-se mais presente no
reflexão sobre os limites do visível; ou o filme imaginário ocidental. Morte e mortos figuram
dentro do filme que, evocando a ida ao cinema como articulações discursivas e estéticas em
descrita no texto de Namora, é também meio oposição à Vida e seus vivos – quais corpos
para pensar o cinema através dos seus podem viver? Essa comunicação tem como
próprios dispositivos. Assim sendo, nesta objetivo dar continuidade à pesquisa
apresentação analisar-se-á a forma como apresentada no AIM de 2018, “Por uma
Macedo reinventa a história de Namora, plasticidade do Fim do Mundo”, dando ênfase
considerando-se ainda a hipótese de a ao aspecto peculiar do cinema e da imagem
adaptação corresponder a um processo de em movimento como espaços nos quais os
estranhamento dos textos. mortos podem retornar. Ao pensar com Laura
Mulvey, Susan Buck-Morss, Derrida e outros,
a imagem técnica que se move, passível de
uma repetição (quase) infinita, engendra o
gesto dos mortos. O cinema mainstream se
converte, então, em outro tipo de arte.
C3
Contra narrativas fílmicas feministas en México y en España:
del cine huérfano y cine militante a las prácticas
háptico-performativas contemporáneas

De toros, mujeres y sangre: contra- El arte de fracasar: mujeres en la Escuela


narrativa necropolítica y feminista en los Oficial de Cinematografía
filmes de María Cañas Sonia García López
(UC3M, Espanha)
Marta Álvarez
-
(UBFC, França)
-
Hace casi una década, Josep María Català Esta contribución aborda la experiencia de las
(2009) clasificaba los filmes de María Cañas mujeres que estudiaron dirección
entre documentales ‘melodramáticos’ y cinematográfica en el IIEC / EOC (Instituto de
‘gamberros’, distinguiendo entre estetizadas Investigaciones y Experiencias
obras de ritmo pausado y otras de ritmo Cinematográficas / Escuela Oficial de Cine) en
desenfrenado y humor grueso. Si Català España durante la dictadura franquista. A
achacaba esta tendencia al ardor juvenil, la pesar de que el centro comenzó su andadura
trayectoria de la autoproclamada Archivera de en 1947, ninguna mujer se graduó en
Sevilla persiste en la estética gamberra, que dirección cinematográfica hasta 1969, año en
se reafirma como denuncia – más radical en que consiguieron su título Josefina Molina y
tiempos de crisis. Sus filmes han seguido Cecilia Bartolomé. Sin embargo, antes de
contando con la atención de la crítica (Oroz, ellas, y a partir de 1952, pasaron por los
2013; Álvarez, 2014; Estrada, 2014; Cerdán, estudios de dirección Manuela González-
2016), atraída por el discurso crítico de la Haba, Elisa Corona, Angelita Asensio, Teresa
videoartista y por su cultivo del reciclaje Dressel, Kathryn Waldo y Helena Lumbreras.
audiovisual como respuesta a la actual La mayoría de estos nombres resultan
saturación mediática. Nuestra comunicación totalmente desconocidos, pero las prácticas
pretende contribuir a completar esos análisis, que estas mujeres realizaron en la escuela
abordando sus más recientes search footage nos descubren una parte de la historia del cine
(Campos de sueños, 2016; Expo Lio 92’, español que no ha sido contada y cuya
2017; La cosa vuestra, 2018) y su discurso recuperación supone cuestionar los preceptos
decidamente feminista, que asume valores sobre los que se asientan los cánones y las
animalistas y pone de manifiesto la dimensión historias del cine tradicionales, basadas en
necropolítica (Mbembe, 2006) de una criterios industriales, estéticos y autorales y
sociedad colonialista y patriarcal, a través de asentadas sobre narrativas de éxito
una patente ambición por decontruir los más constituidas por grandes hitos y nombres
variados aspectos de la cosa pública y la ilustres. A partir de una investigación basada
apuesta por un lenguaje fílmico contra- en la metodología del estudio de fuentes
narrativo que nunca renuncia al humor. primarias (expedientes académicos, guiones,
y expedientes de censura), la realización de
entrevistas y el análisis textual de los citados
ejercicios cinematográficos, se pretende poner
de manifiesto la importancia de estas prácticas
para la existencia de historias alternativas y no
patriarcales del cine.
C3
Contra narrativas fílmicas feministas en México y en España:
del cine huérfano y cine militante a las prácticas
háptico-performativas contemporáneas

El cine como herramienta contra- Normatividad: no, gracias. Estudio de la


ideológica. Prácticas y estéticas del performatividad contra-narrativa en la obra
colectivo feminista Cine Mujer (1975-1981) de Tatiana Huezo
Elena Oroz Julia González de Canales
(UC3M, Espanha) (UniWien, Áustria)
- -
Esta comunicación analiza la producción de la Esta contribución aborda la experiencia de las
primera etapa del colectivo Cine Mujer (1975- mujeres que estudiaron dirección
1981), pionero a la hora de articular un cine cinematográfica en el IIEC / EOC (Instituto de
abiertamente feminista en México. Formado Investigaciones y Experiencias
por alumnas del Centro Universitario de Cinematográficas / Escuela Oficial de Cine) en
Estudios Cinematográficos, Cine Mujer realizó España durante la dictadura franquista. A
filmes que desafiaron las representaciones pesar de que el centro comenzó su andadura
dominantes de la mujer en la sociedad en 1947, ninguna mujer se graduó en
mexicana del momento en términos de dirección cinematográfica hasta 1969, año en
contenido —abordando temas como el aborto, que consiguieron su título Josefina Molina y
la violación, la prostitución o el trabajo Cecilia Bartolomé. Sin embargo, antes de
doméstico— y lenguaje cinematográfico. Pese ellas, y a partir de 1952, pasaron por los
a la valiosa recuperación de su legado (Millán, estudios de dirección Manuela González-
1999; Rashkin, 2001; Aceves, 2013), la Haba, Elisa Corona, Angelita Asensio, Teresa
dimensión formal de sus filmes ha sido Dressel, Kathryn Waldo y Helena Lumbreras.
desatendida e infravalorada. Se abordan, por La mayoría de estos nombres resultan
tanto, los debates teóricos y estéticos que totalmente desconocidos, pero las prácticas
tuvieron lugar en su seno para convertir el que estas mujeres realizaron en la escuela
cine, como expresara una de sus miembros, nos descubren una parte de la historia del cine
en una herramienta de “contra- ideologización” español que no ha sido contada y cuya
con la que desarmar los códigos que recuperación supone cuestionar los preceptos
solidificaban la opresión de la mujer. Se sobre los que se asientan los cánones y las
recurre a la entrevista en profundidad y al historias del cine tradicionales, basadas en
análisis textual para iluminar cómo su praxis y criterios industriales, estéticos y autorales y
propuesta estética prolongan, al tiempo que asentadas sobre narrativas de éxito
problematizan, el debate sobre el realismo y el constituidas por grandes hitos y nombres
contra-cine que marcó el devenir de la teoría ilustres. A partir de una investigación basada
fílmica feminista durante los años 70. Lejos de en la metodología del estudio de fuentes
adscribirse a un realismo “ingenuo” (Mulvey, primarias (expedientes académicos, guiones,
1979), las películas del colectivo Cine Mujer y expedientes de censura), la realización de
incorporaron estrategias reflexivas propias de entrevistas y el análisis textual de los citados
los cines militantes reconstruyendo la ejercicios cinematográficos, se pretende poner
modalidad documental de acuerdo con los de manifiesto la importancia de estas prácticas
objetivos políticos del feminismo. para la existencia de historias alternativas y no
patriarcales del cine.
D 15 maio
10h15 — 12h00
GT Paisagem e Cinema (I)

D1
11 x 14 ou a paisagem como forma Os tempos da paisagem fílmica
cartográfica em James Benning Filipa Rosário
Fernando Gonçalves (CEC-UL, Portugal)
(UERJ, Brasil) -
-
O cineasta americano James Benning é A paisagem corresponde a uma porção de
conhecido por explorar de forma pouco natureza pensada ou contemplada por alguém
convencional, desde os anos 70, as temáticas exterior a ela, revelando-se assim a paisagem
da paisagem, da narrativa e do tempo como enquanto forma mental que une a natureza ao
experiências de contemplação. Em fevereiro indivíduo, juntando e homogeneizando num
de 2018, seu primeiro longa-metragem, 11 x mesmo quadro contemplado aquilo que, fora
14 (1977), recém restaurado, foi relançado dele, permanece desagregado para sempre
oficialmente no Festival de Berlin e (Simmell, 2001). Um território geográfico
posteriormente em diversos países, torna-se numa paisagem quando um sujeito
permitindo-nos revisitar uma de suas primeiras operativo o experiencia enquanto ambiente,
reflexões acerca de nossas relações com os contemplando-o, filmando-o. Na paisagem,
espaços naturais e construídos. A proposta do estão ancorarados de forma coesa o tempo da
paper é evidenciar primeiramente como desde natureza – tempos naturais –, e a
o início de sua trajetória como realizador a temporalidade humana – a duração individual
paisagem aparece não apenas como uma (Serrão, 2012: 330). Nesse mesmo território
experiência contemplativa mas também como natural, convivem também, de forma subjetiva,
um mosaico material e simbólico costurado o tempo originário e um tempo prenunciador
por jogos feitos com a memória e com o apocalíptico, resultante da consciência
fragmento. Em segundo lugar, o paper propõe ambientalista e antropocénica humana. Neste
pensar que se, por um lado, Benning parece sentido, o cinema procede como a paisagem:
recusar um sentido para as paisagens que os tempos da imagem em movimento são
compõem suas narrativas, por outro, é múltiplos, coexistem no mesmo espaço,
exatamente por meio dessa recusa que faz sobrepõem-se, por vezes confrontam-se
surgir a paisagem enquanto narrativa visual de (Rosário, 2017). Tal como o cristal do tempo
nossas relações com o espaço. Do ponto de fílmico congrega facetas temporais diferenciadas
vista material, a paisagem emerge em 11 x 14 (Deleuze, 1985: 109), também “a paisagem é um
como amálgama do humano e do não- cristal que refrata o tempo das imagens no
humano. Do ponto de vista simbólico, como limiar (tableau ou ecrã) que contemplamos”
representação visual e mapa que dá a ver (Natali, 1996: 147). Nesta comunicação,
como se entrelaçam, ora nas circunstâncias pretendo apresentar uma sistematização dos
mais banais e cotidianas, ora nas mais tempos da paisagem fílmica convoca,
inusitadas, os diversos personagens e as recorrendo a Acto da Primavera (Oliveira,
diversas experiências que compõem a vida no 1963), Trás-os-Montes (Reis e Cordeiro,
meio-oeste americano dos anos 70. 1976), Se Eu Fosse Ladrão.... Roubava
(Rocha, 2014), Eldorado XXI (Lamas, 2016) e
Farpões, Baldios (Mateus, 2017).
D1
Atravessar a paisagem – sobre uma cena
GT Paisagem e Cinama (I)

Filmes de rocha, água e solidão – Estéticas


de Nostalgia da paisagem madeirense
Ana Costa Ribeiro Carlos Valente
(UERJ, Brasil) (UMa, Portugal)
- -
Na última cena de Nostalgia, de Tarkovski, o A paisagem madeirense pressupõe o conceito
personagem principal atravessa um pátio com de insularidade, balizado pela linha de costa,
um chão inundado de poças d’água. Tenta onde a terra se submerge e predomina a
cruzar o pátio com uma vela acesa em suas vastidão oceânica, Nesta comunicação
mãos mas ela se apaga. Retorna ao ponto de pretende-se, sob um ponto de vista semiótico
origem e acende a vela novamente. Tenta e estético, analisar a potencialidade
expressiva da paisagem insular como local de
mais uma vez cruzar o pátio e novamente ela
filmagem, e enquanto aproveitamento dos
se apaga, fazendo com que retorne ao ponto
espaços naturais para criar ambientes
inicial. Acende a vela pela última vez e, enfim, ficcionais. O objeto desta análise reside na
consegue chegar ao lado oposto do pátio sem comparação de duas obras audiovisuais
apagá-la. No filme de um única tomada realizadas na Madeira: um filme de longa-
Man.road.river, do artista Marcellvs L., um metragem (As ilhas encantadas, de Carlos
homem atravessa um rio com a água até a Vilardebó, 1966) e uma curta-metragem,
cintura. Caminhar dentro d’água é uma prática integrada numa exposição artística (Insula, de
que enfrenta muita resistência. No entanto, o Vasco Araújo, 2010). Ambos trabalhos
homem de Man.road.river não recua: segue exploram, de modo diverso, uma paisagem
lentamente rumo à outra margem do rio. No delimitada, confinada ao litoral, e sublinham a
início de Vidas Secas, de Nelson Pereira dos “dureza” da rocha; o confronto do humano
com a indefinição aquática; o naufrágio
Santos, um casal de retirantes atravessa o
(consumado ou eminente) e,
sertão com seus dois filhos e uma cadela. Em
subsequentemente, a solidão submergida nas
determinado momento, o menino mais velho
vicissitudes da natureza. Citamos John Wylei,
se joga no chão aos prantos porque não quando questiona: “Does the word landscape
aguenta mais caminhar. Convencido de que o describe the mutual embeddedness and
menino está incapaz de se levantar, seu pai o interconnectivity of self, body, knowledge and
coloca nas costas e avança na travessia pelo land?”, emprestando-nos, assim, o quadro
sertão. O trabalho pretende analisar cenas de conceptual desta análise da paisagem insular
filmes de diferentes períodos em que é preciso enquanto construção do imaginário, a partir da
atravessar a paisagem. Tema recorrente na relação do sujeito com o espaço habitado. O
arte desde o século XIX, atravessar a lugar da narrativa é assumido, nos filmes de
paisagem a pé é uma prática associada à “rocha e água” aqui abordados, como um
própria experiência humana. Para se lugar-qualquer ao serviço de uma reflexão
cinemática acerca da condição humana,
atravessar a paisagem é preciso um esforço
integrada num conceito alargado de paisagem.
do corpo. Nós tocamos a paisagem, a
paisagem nos toca. Nós atravessamos a
paisagem, a paisagem nos atravessa.
GT Cinemas em Português (I)

Autoria e sua relação com o modo de


D2
O coautor na legislação do cinema no
produção Brasil hoje
Leandro Mendonça Jorge Cruz
(UFF, Brasil) (UERJ, Brasil)
- -
O ponto de partida é a historicidade da noção Mesmo que a questão do autor e dos seus
de autor e as relações de apropriação geradas direitos venha aparecendo na legislação do
pela proteção à propriedade autoral. Trata-se Brasil desde o século XIX, a sua discussão
de um mapeamento sobre os processos de ganhou fôlego no século XX, desde o código
criação subjetiva de autoria cinematográfica Civil de 1916. Mas parece que o tema ainda
esteja essa relação suportada ou não pelos está longe de ser esgotado, mesmo com a
procedimentos artísticos e/ou sistemas de aprovação da Lei do Direito Autoral, número
legitimação autoral. Através de discussões 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que nos
sobre direitos autorais e o conceito de orienta até os dias de hoje, e que é resultante
novidade subjetiva pretende-se uma análise de muitas reformulações. No artigo 16 desta
sobre distinções e semelhanças das noções lei aponta como coautores de qualquer obra
de ideia de criação, de original, de audiovisual, os autores do argumento, os
originalidade e obra primígena. autores da música e o diretor, nesta ordem, e
fique claro que, por não serem citados, sob a
ótica da legislação brasileira, o roteirista, o
diretor de arte, o montador e todos os outros
profissionais que participam da realização de
uma obra audiovisual não são coautores e,
mais complicado, no caso de um filme de
dança, o coreógrafo tampouco seria um
coautor, assim como o são aqueles que criam
os desenhos no caso das animações
(conforme consta do parágrafo único do artigo
16). Neste sentido, então, com este trabalho
pretendemos contribuir para a difusão do
conhecimento sobre a legislação que trata dos
direitos autorais e suas implicações e visando
também facilitar a compreensão desta lei.
D2 GT Cinemas em Português (I)

O gesto de Masagão: Apropriação e o Dança, autoria e imagem em movimento


escape na criação Beatriz Cerbino
Lais Lara (UFF, Brasil)
(UFF, Brasil) -
-
A partir dos pontos levantados nos filmes- Esta comunicação tem por objetivo apontar
colagens do cineasta brasileiro Marcelo uma reflexão entre a dança cênica e a imagem
Masagão: Nós que aqui estamos por vós em movimento, especificamente a videodança.
esperamos 1999, e Ato, atalho e vento 2015, Um pensar que leve em consideração não
pretendemos trazer à tela da presente apenas os aspectos históricos desse
comunicação o debate acerca de autoria, processo, mas também como é possível
criação e apropriação sob o escopo de uma perceber na cena elaborada pelo corpo a
subjetividade contemporânea. Para autoria ali construída, seja em seus aspectos
pensarmos a ideia de autoria recorreremos à cênicos, seja nos aspectos técnicos da própria
discussão suscitada pelo filósofo italiano dança e da produção em vídeo. Um
Giorgio Agamben, onde nos estimula a pensar movimento que constrói sentido pelo ato
a autoria enquanto gesto em uma espécie de performativo de estar em cena – entendendo o
diálogo com o conceito de função-autor do estado de paragem também como movimento.
filósofo francês Michel Foucault. Nesse Toma-se aqui o conceito de “corpo paradoxal”,
sentido, reapropiando-nos da função-autor do filósofo José Gil, a fim de entender que o
para pensarmos esta mesma função no corpo que dança é capaz de construir uma
cinema, não só no sentido de produção e relação espaço-temporal pelo próprio
inserção de discursividade, como também na movimento e para além da materialidade da
forma de circulação da obra. No sentido da carne, ou seja, um corpo que elabora sentido
criação pretendemos debater essa borda pelo movimento em si, e não simplesmente
porosa entre criação e apropriação, onde por apresentar uma narrativa linear, uma
pensaremos também a ideia de criação a história a ser narrada. A relação estabelecida
partir da noção de gesto, porém, o gesto de pelo corpo com e na tela tem a capacidade de
criação. Assim, pensaremos o gesto que elaborar tais sentidos em uma dramaturgia do
escapa de um dispositivo social em uma linha movimento. Uma dramaturgia produzida pelo
de fuga, um gesto de criação que, não corpo e no corpo que constrói por meio do
somente move-se do virtual para o real como movimento a própria noção de autoria. Texto
em um colapso artístico, mas que é em si em gesto, em movimento, pavimentando o
transitório. Um gesto que transita entre caminho de uma autoria que ganha diferentes
espaços e tempos, podendo exercer-se nas maneiras de se expressar, e, acima de tudo,
ranhuras da apropriação como quem escapa outros corpos. Na videodança, estas
do dispositivo. Sendo assim, pretendemos experiências possuem aspectos ainda mais
pensar as obras supracitadas juntamente com fluidos, pois as relações entre diretor, bailarino
o diretor, ainda na concepção de cinema de e coreógrafo apresentam-se cada vez mais
autor, sob os desdobramentos dos gestos: imbrincadas, construindo uma autoria múltipla
autoria e gesto e o gesto de criação. e ampliada.
GT Outros Filmes (I)

D3
Entre o político e o íntimo: o cinema Filmes fora do armário: em busca de
doméstico sob a ditadura militar brasileira imagens domésticas queer
Thais Blank (FGV-CPDOC, Brasil) e Patricia Beatriz Gonçalves
Machado (PUC-Rio, Brasil) (Paris 3, França)
- -
A comunicação propõe apresentar os A arqueologia, a arquivologia e a historiografia
primeiros resultados de uma pesquisa ainda do cinema amador em geral e do filme de
em andamento, que tem como finalidade família em particular têm-se dedicado
mapear, recuperar e analisar filmes majoritariamente a filmes que reproduzem
domésticos e amadores produzidos no período normas patriarcais, heterossexuais, burguesas
da ditadura militar brasileira (1964 -1985). e etnocêntricas. Contudo, onde estão as
Tratam-se de raros registros, que realizados imagens domésticas de famílias “outras”? Que
no âmbito do espaço privado encarnam uma corpos e que olhares têm direito à existência e
dimensão pública e política quando à existência de uma imagem de si? Esta
conhecemos seus contextos de produção. comunicação inscreve-se em um projeto
Para recuperar a história desses filmes iniciado em 2018 de busca por filmes de
adotamos como procedimentos primordial de família divergentes. Situando-se à margem de
pesquisa a noção de “cruzamento de arquivos” uma prática e de uma historiografia menores e
proposta pela historiadora francesa Sylvie carregando imagens de outridade, tais filmes
Lindeperg, que consiste em desvendar a confrontam-se a um múltiplo devir “outro”. A
história da fabricação das imagens a partir do partir do devir outro queer, em um caminho de
cruzamento de diferentes documentos vai do armário ao arquivo e ao espaço de
produzidos em sua órbita; da realização de atualização e de reapropriação dessas
entrevistas com os personagens envolvidos na imagens, este trabalho propõe discutir filmes
filmagem; e da reconstituição do momento da de família feitos por mulheres lésbicas, por
tomada. Aplicaremos essa metodologia de meio dos quais questionaremos a construção
pesquisa em filmes domésticos realizados no de um olhar lésbico. Que lugares de
período da ditadura militar para escavar e performance (BUTLER, 1993) eles instituem?
revelar imagens que encarnam os conflitos da Como sua retomada, seja por um gesto
história política brasileira. Os estudos de caso arqueológico ou artístico, torna-se um gesto
abordados nessa comunicação apresentarão político em um contexto de emergência de
os registros do casamento da militante Inês discursos e afetos neo-fascistas e de
Etienne e as imagens rodadas em Super-8 no perseguição à comunidade LGBTIQ+? Como
presídio Tavalera Bruce com a militante Jessie esses filmes, assim como sua recuperação,
Jane. propõem outros modos de existência e de
resistência? Ademais, poderia o arquivo
fílmico lésbico subverter e desfazer a lei do
Arquivo?
D3 GT Outros Filmes (I)

Realizando Passeio Público: o cinema de O cinema em exposição: a narrativa e o


arquivo como gesto destruidor imaginário no museu de cinema
Andréa França Thaís Lara
(UFRJ, Brasil) (Unicamp / FLUP, Brasil)
- -
Passeio Público (2016) é um experimento de Nos últimos anos, a relação entre cinema e
15 min realizado por Andréa França e museu tem atraído pesquisadores de
Nicholas Andueza. O filme retoma sobretudo o diferentes áreas que buscam compreender as
que restou de A cidade do Rio de Janeiro “conexões cruzadas” entre os campos do
(1924), de Alberto Botelho. Queríamos nos cinema e da museologia. A exposição do
aproximar da experiência de um cinegrafista cinema seduz o público e provoca nos
entusiasmado pelo projeto de modernização arquivos de filmes uma necessidade de
em voga na capital federal (Rio de Janeiro) e compreender a representação dessas
no país daquele momento. As perguntas que imagens no espaço museológico. À luz da
fazíamos ao navegar por esse material, entre teorização da “morte do cinema” (CHERCHI
as sobras de outros filmes também, eram: O USAI, 2001; AUMONT, 2012; BELLOUR,
que podemos realizar com esses restos de 2012; GAUDREAULT; MARION, 2016) e dos
imagem que, antes de terem sido montados e conceitos de narrativa (BAL, 2006) e
dados de presente à realeza italiana, foram imaginário (DURAND, 2012), esta
exibidos como cine-jornais nas salas de comunicação discute se é possível um
cinema da década de 1920? Como retomar “(re)nascimento” do cinema nos museus e de
material tão distante no tempo? Que escolhas que modo a montagem das exposições podem
e implicações estão em jogo nesse gesto? provocar a construção de uma narrativa ou a
Como, através dessas escolhas, nos reafirmação de um imaginário sobre uma obra
comprometemos com filme alheio? O que as ou um tema cinematográfico. O fio condutor da
imagens que sobraram da cidade carioca nos apresentação é a exposição de “pré-cinema”
dizem? (FRANÇA e ANDUEZA, 2017; 2018). da Cinemateca Júnior - Cinemateca
O cinema de arquivo seria, assim, uma prática Portuguesa e do Deutsches Filmmuseum e a
artística na qual os realizadores são não reinterpretação dos brinquedos óticos no
apenas produtores de novas sensibilidades e vídeoclipe We Got Time de David Wilson e na
percepções mas também “destruidores”, ou campanha publicitária da TV Bravia da Sony.
seja, alguém que desmonta e interroga traços
já conhecidos do que passou para incitar
novos modos de conhecimento dos vestígios
de experiências de outrora.
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (I)

D4
À margem do cinema português: estudo Autorrepresentação e memória: vozes
sobre o cinema afrodescendente emergentes no cinema em Portugal e em
produzido em Portugal Moçambique
Michelle Sales Ana Cristina Pereira
(UFRJ, Brasil) (CECS – UMinho, Portugal)
-
-
A representação do negro no cinema Em Portugal e em Moçambique o vértice do
português e a relação de diretores poder no Cinema é ainda e sem surpresa, um
portugueses com temáticas pós-coloniais ou território ocupado maioritariamente por
pós-independência não é recente; nomes homens, brancos, de classe média e alta. A
como Pedro Costa, Margarida Cardoso, Filipa par das dificuldades comuns a todos os
César, entre outros, têm sua trajetória artística cineastas, as realizadoras de cinema
intrinsecamente vinculada à “Africa lusófona”. debatem-se num universo em que “as
Entretanto, interessa-nos pensar a forma com relações de poder estão todas deslocadas
a qual realizadores portugueses para o lado masculino” (Cardoso Branco,
afrodescendentes despontam no campo do 2014, p. 289). Contrariando as dificuldades
cinema português propondo novas dinâmicas decorrentes deste grande desequilíbrio, são
de produção e circulação de imagens, além de cada vez mais as mulheres que assinam
temáticas voltadas para a questão anti- obras (Pereira, 2015) e na última década
colonial, transpondo o lugar da representação apareceram realizadoras provenientes de
para auto-apresentação. Muito recentemente, meios socioculturais tradicionalmente
o debate sobre racismo em Portugal afastados do cinema. Longe ainda do que
aprofundou-se em diferentes frentes de poderia ser designado como um movimento de
atuação. Numa delas, além da revisão dos cinema negro feminino, diferentes vozes
traumas e feridas do período colonialista, a isoladas (talvez demasiado) vão dando corpo
produção intelectual de negros e negras tem a um discurso sobre o peso do passado no
mantido aberta a questão sobre a inserção que é ser mulher negra, periférica, minoritária
social, cultural, profissional e, sobretudo, hoje. As realizadoras Vanessa Fernandes
representacional do povo negro e (Portugal) e Teodora Martins (Moçambique)
afrodescendente na sociedade portuguesa. pertencem a diferentes diásporas africanas e
Dessa forma, a questão da representação do os seus filmes dialogam com a memória desse
povo negro no cinema português assume, em passado migrante e a forma como se
pleno século XXI, dois aspectos centrais deste expressa nos fios com que se tecem as
debate: a necessidade de pertencimento relações nas sociedades em que vivem.
efetivo ao campo do trabalho cinematográfico, Partindo da análise dos filmes Si Distino de
ou seja, produzindo filmes e ocupando cargos Vanessa Fernandes (2015) e Marcas do
técnicos; e, sobretudo, redefinindo Desterro (2015) de Teodora Martins e ainda
subjetividades, memórias e afetividades do de entrevistas concedidas por estas
povo negro na sociedade portuguesa a partir realizadoras emergentes, a presente
do olhar de negros e negras. Analiseremos, comunicação propõe uma leitura dos seus
nessa comunicação, o filme O canto de percursos e discursos fílmicos, enquanto
Ossobó (2017), de Silas Tiny. projetos de autorrepresentação e de afirmação
de vozes silenciadas.
D4 GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (I)

A realização de "filmes de Improvisação”


com os povos da floresta
Luiz Daminello
(ICS-UMinho, Portugal)
-
Os filmes de ficção e improvisação de Jean
Rouch sugeriram modelos de realização que
podem ser ideais para a afirmação de
identidades regionais e étnicas. Inspirado
nesse conceito de cinema, é apresentado o
Projeto NORTEAR, que consiste em
experimentações audiovisuais com os jovens
ribeirinhos habitantes da Floresta de
Caxiuanã. O projeto acredita que estamos
entrando, finalmente, de modo lento, numa
época de abandono do ato passivo de
espectadores para nos tornarmos todos
artistas amadores, atingindo, dessa maneira, o
sonho dos surrealistas de transformar a arte
em expressão de qualquer cidadão. Este
modelo pode servir para a afirmação de
identidades regionais, étnicas e sociais. E
desta forma ajudar as mais diversas
populações a melhor se localizarem dentro de
um mundo onde são obrigados a conviver com
imagens dominantes desenvolvidas pelo
sistema industrial do cinema e da televisão,
que transformam a vida dos seres comuns em
algo insignificante. Inspirado nesse conceito
de cinema, o NORTEAR surgiu como Projeto
de Extensão do Curso de Cinema e
Audiovisual da UFPA. Consiste em várias
atividades de trocas de experiências, oficinas
e experimentações audiovisuais com os
jovens ribeirinhos habitantes da Floresta de
Caxiuanã, geralmente culminando com uma
realização compartilhada de filmes de
improvisação. Tem como principal objetivo que
comunidades distantes dos centros urbanos
possam se apoderar da criação de suas
imagens e usar o audiovisual como ferramenta
de expressão.
Histórias do Cinema

D5
As fantasmagorias da técnica: uma Crônica de trabalhadores em Vozes do
arqueologia aos dispositivos da imagem medo: dramaturgia e direção de
em movimento Gianfrancesco Guarnieri
Maria Mire Pedro Plaza Pinto (
(i2ADS, Portugal) UFPR, Brasil)
-
-
Tendo como base a noção de “constelação O caso único da curta-metragem Aquele dia
fílmica” como forma de operacionalização de 10 (Gianfrancesco Guarnieri, 1972) é
uma pesquisa comparatista no cinema, estudado enquanto acontecimento
procedemos a uma análise da presença de cinematográfico, na sua forma fílmica, com
fantasmagorias nos cinemas ibero- ênfase nos paradigmas dramáticos das cenas.
americanos, tendo como âncora o filme A O material compõe trecho do filme que lhe dá
mulher sem cabeça (Lucrecia Martel, 2008), existência, no caso, a longa-metragem Vozes
que se expande em possibilidades do medo, coordenada por Roberto Santos.
interpretativas na relação com outras obras. Tendo sido dramaturgo e ator do Teatro de
Pensar num corpus como constelação Arena, do núcleo renovador do teatro
favorece uma concepção relacional, que vê brasileiro moderno, Gianfrancesco Guarnieri
diálogos, tensões e afinidades entre as obras, experimenta a sua única direção no cinema
colocando-as em relação de alteridade umas dentro do projeto de examinar o medo da
com as outras. A metáfora, que buscamos juventude na grande metrópole a partir de
tanto na astronomia como em Walter múltiplas perspectivas. A denúncia do
Benjamin, caracteriza-se pela liberdade de autoritarismo, do fetichismo e da alienação dá
estabelecer ligações entre partes dispersas o tom geral da longa-metragem. A proposta é
que se iluminam mutuamente. Nessa verificar a emergência do filme no período
constelação, situamos o filme de Martel junto a ditatorial e da curta-metragem dentro do filme,
obras contemporâneas de Lisandro Alonso, correlacionando-a com a trajetória de
Kleber Mendonça e Pedro Costa. Trata-se não Guarnieri. A crônica leve da dupla de
exatamente de fantasmas presentes nas pedreiros de folga e em busca de paqueras é
tramas dos filmes, mas de uma maneira de a transfiguração de elementos do nacional-
filmar assombrada, que por vezes aciona popular presentes na sua atividade teatral. É
convenções do filme de horror para dar conta notável, nesta linha de trabalho, o diálogo com
da experiência social em tempos turbulentos. uma temática típica do teatro épico, a
Destacamos, nesses filmes, a filmagem de performance da música para a atmosfera do
outros de classe e de raça ora como vultos, curta, a presença em cena do ator Antonio
sombras ou espectros ora com seus corpos Pitanga e o balanço melancólico sobre as
fragmentados ou decapitados pela fantasias masculinas dos trabalhadores. A
composição. São figuras relegadas, ao mesmo deambulação pela cidade em dia de descanso
tempo, às margens da história e dos interroga os desejos e ilusões da dupla
enquadramentos. Os filmes constelados popular e se singulariza dentro do quadro da
remetem a questões de classe ou vivências longa-metragem que teve trechos decepados
coloniais violentas, traumas do passado nunca pela censura.
superados em países como Brasil, Argentina e
Portugal.
D5 História do Cinema

Cinema direto e autobiografia nos anos Preservar, restaurar, difundir: o filme de


1970: a produção do MIT Film Section volta às telas, o caso de La chute de la
Gabriel Kitofi Tonelo Maison Usher
(ECA-USP, Brasil) Vivian Malusá
-
(Paris 8, França)
-
Proponho um exame das atividades práticas e A difusão cinematográfica, uma das principais
teóricas que foram desenvolvidas no MIT Film missões de uma cinemateca, se configura na
Section, na década de 1970. O MIT Film exibição de filmes, através de ciclos, mostras,
Section foi o departamento de pesquisa, festivais, exibições especiais. Em um
produção e inovação cinematográficas do momento da história em que a exibição digital
Massachusetts Institute of Technology. substitui velozmente a projeção de filmes em
Fundado em 1967, foi liderado por Richard película, festivais de filmes de arquivo buscam
Leacock e Ed Pincus. As atividades realizadas manter e valorizar o trabalho relacionado à
no departamento sugerem um ambiente preservação fílmica e dar acesso aos filmes
vibrante concernindo avanços na área do da forma mais próxima a que foram
cinema documentário. Advindos da tradição do concebidos. Estes eventos são como grandes
cinema direto americano, tais estudantes / oportunidades para o arquivo trabalhar a ação
cineastas buscaram atualizá-la aos contextos curatorial de forma mais contundente,
dos anos 1970. O departamento foi percebendo necessidades maiores de
responsável pela miniaturização do aparato conservação e de restauração, descobrindo e
cinematográfico em direção à possibilidade de divulgando pérolas. Para além do trabalho
um registro fílmico feito por uma equipe de interno dessas instituições, quando a
uma pessoa só – o(a) próprio(a) cineasta. restauração de um determinado filme é
Essa inovação tecnológica serviu a um novo concluída, uma nova fase, de divulgação da
contexto ideológico e estilístico. A postura obra restaurada propriamente dita, se inicia.
"mosca-na-parede” deu lugar à ênfase na Neste ponto, a troca e contatos
interação do realizador com os indivíduos interinstitucionais são essenciais para dar vida
filmados: especialmente pessoas com as “efetiva” a essas obras, colocando-as de volta
quais mantinha- se vínculos afetivos. nas telas e estimulando debates sobre elas.
Influenciada por fenômenos como o feminismo Esta comunicação apresenta um estudo de
dos anos 1970, a autobiografia tornou-se uma caso de um filme restaurado que volta às
demanda urgente para o cinema telas. O filme em questão é La chute de la
documentário. Tais tópicos foram Maison Usher (France, Jean Epstein, 1928),
apresentados em artigos acadêmicos escritos pertencente ao acervo da Cinemateca
naquela época pelos professores e ex-alunos Francesa e restaurado em dois diferentes
do departamento. Esta apresentação pretende momentos. Desde o lançamento das versões
retratar a história do MIT Film Section e suas restauradas, a carreira em festivais de filmes
principais preocupações conceituais através de arquivo e ciclos realizados por cinematecas
de um exame de fontes primárias de tem sido prolífica.
informação, destacando suas contribuições
para a cultura mais ampla do documentário. .
E 15 maio
16h00 — 17h45
E1
GT Paisagem e Cinema (II)

Duas cidades em Hiroshima Mon Amour, Paisagens urbanas da maternidade: Colo e


uma análise da lembrança nos retrocessos Tempo Comum
de Hiroshima e Nevers Mariana Liz
Thaís Vasconcelos (ICS-UL, Portugal)
-
(UFJF, Brasil)
-
O presente estudo é dedicado à análise da Como tem sido representada a maternidade
lembrança em Hiroshima Mon Amour, no trabalho das realizadoras portuguesas?
pensando os diferentes aspectos entre os Que paisagens do dia a dia, do corpo à esfera
retrocessos de Hiroshima e Nevers. O filme doméstica, emergem em filmes recentes
retrata um breve romance em Hiroshima, entre realizados por mulheres? Examinando as
noções de casa, família e parentalidade, esta
uma atriz francesa e um arquiteto japonês. Ela
comunicação analisa os filmes Colo (Teresa
ainda busca esquecer a dor pela morte do seu
Villaverde, 2017) e Tempo Comum (Susana
amante alemão que ocorreu em Nevers, assim
Nobre, 2018), focando-se em dois tópicos:
como o mundo ainda busca esquecer o terror espaço urbano, por um lado, e género,
do que aconteceu em Hiroshima. Com direção nomeadamente, concepções de família e
de Alain Resnais e texto de Marguerite Duras, maternidade, por outro. Ao mesmo tempo que,
o filme propõe reflexões sobre o ato de filmar de maneiras diferentes, mas sobretudo devido
as cidades destruídas do contexto do pós- ao seu foco no espaço urbano, estes filmes
guerra, ponto irremediável da relação da posicionam Lisboa, Portugal e o cinema
cidade com o cinema (COMOLLI, 2008). O português numa esfera internacional,
retrocesso de Hiroshima ocorre nos primeiros cosmopolita e de olhos no futuro; por causa da
minutos do filme e possui forte caráter visão que apresentam da maternidade,
documental, já o retrocesso de Nevers é Colo e Tempo_Comum revelam um lado
restrito, constrangido e conservador de
construído ao longo do filme. Tem-se primeiro
Lisboa, Portugal e a sociedade portuguesa. A
apenas um breve flash e aos poucos vai se
análise conjunta destes dois filmes contribui
compreendendo, ou imaginando, a dimensão para o debate teórico sobre a articulação do
do que é Nevers para Ela. Os personagens espaço e do tempo através das questões de
não possuem nome, somente na última cena género no cinema contemporâneo. Estes
se autonomeiam. Ela diz: Hiroshima é o teu filmes mostram que o cinema periférico feito
nome. Ele responde: Teu nome é Nevers. A por mulheres, produzido em Portugal e
partir de discussões que perpassam os projectado no estrangeiro, chama a atenção
estudos da memória, destacando-se o para tensões não resolvidas entre atraso e
pensamento de Bergson (1999) e seus modernidade – e que estas tensões são
desdobramentos na obra de Deleuze (1990) e fundamentais para o entendimento da cultura
também estudos que tangenciam a relação portuguesa contemporânea.
dos personagens com a paisagem, em
especial Bachelard (1993) e David Melbye
(2010). Propõe-se pensar a paisagem fílmica
nas suas possibilidades psicológicas e
alegóricas através dos diferentes aspectos
entre os retrocessos de Hiroshima e Nevers.
E1
GT Paisagem e Cinema (II)

Da literatura de viagem aos road movies.


Alice nas Cidades – A representação de
espaços em trânsito
Rose May
(UnB, Brasil)
-

Este artigo analisa o primeiro road movie de


Wim Wenders – Alice nas Cidades (Alice in den
Städten/1974) que, ao seu modo, expressa a
impossibilidade de diálogos na era da
comunicação, o excesso de imagens que
esvazia a realidade imaginária contemporânea,
os simulacros e os cenários em ruínas. Seus
personagens, embora estrangeiros à nossa
cultura, trazem algumas identificações. São,
talvez, a melhor descrição dos dilemas de
nossos tempos, além de representarem todas
as crises possíveis: nas trocas de afetos, nos
relacionamentos, nos modos de ver, ser e
(con)viver. Os filmes de Wenders nos fazem
pensar na forma como estamos nos
comunicando. Comunicar, à primeira vista,
parece um ato natural. Temos uma
necessidade, premente, de sermos entendidos.
Assim, mesmo sem querer, estamos sempre
dizendo algo para alguém; seja através da fala,
da entonação da nossa voz, dos gestos, dos
nossos movimentos corporais, na escolha das
nossas roupas, cores, tecidos e texturas. Tudo,
de certa forma, tenta comunicar. O ser humano,
por natureza, sempre foi um ser simbólico, ser
de linguagem e de comunicação. Vivemos em
uma era em que a comunicação tem um papel
fundamental. Para compreender a experiência
e a transitoriedade do cinema e os reflexos
dessa linguagem em nosso cotidiano,
precisamos entendê-lo como uma linguagem
estética, poética ou musical, com uma sintaxe e
um estilo próprio; uma forma de expressão tão
ampla quanto necessária.
E2
GT Cinemas em Português (II)

Kandango: autopética do eu - um filme a Para além do Aquarius: A propriedade na


devir análise de Kleber Mendonça Filho
Philipi Bandeira Márcia Motta
(UFPE Brasil) (UFF, Brasil)
- -
Kandango é uma proposta de documentário Filme franco-brasileiro escrito e dirigido pelo
com foco na migração, ancestralidade e cineasta Kleber Mendonça Filho, Aquarius
memória na formação civilizatória lusófona, veio a público em 2016 e foi imediatamente
centrada na região mais antiga e híbrida do acalmado pela crítica, em grande parte pela
Brasil, o Nordeste. Através da estratégia de atuação precisa de Sonia Braga. Seu enredo
road-movie, um jovem documentarista e está marcado pela discussão sobre o direito
antropólogo buscará investigar e descobrir sua da personagem Clara em continuar a habitar o
própria genealogia e reconstituir as rotas de seu apartamento, mesmo em face da venda
migrações familiares nos últimos quatro de todos os outros para uma construtora
séculos. Ao aceder ao último chamado da avó Bonfim, interessada em iniciar outro
memorialista, em meio a mais um golpe de empreendimento no local. Tendo por base as
estado brasileiro, um investigador desvela discussões em torno da noção de
uma longa história que remonta às origens propriedade, pretende-se esquadrinhar as
familiares no norte de Portugal até Lisboa, em leituras propostas pelo cineasta acerca dos
direção ao porto do Recife, portal de entrada conceitos operados no filme: patrimônio,
no Brasil entre os séculos XVII e o XVIII. especulação e direito à terra.
Deste ponto nevrálgico traçar-se-á então uma
cartografia afetiva em mais de oito mil
quilômetros de estradas, em travessia
contínua de leste a oeste do Brasil até a
capital Brasília, concluída com um epílogo
além-mar, de Lisboa a Viana do Castelo. A
concepção para tal filme em variantes vozes
dialetais da língua portuguesa surge de um
processo pessoal de autoconhecimento sobre
minhas próprias ancestralidades. A genealogia
vem, há dez anos, se desdobrando em
autopoiése de uma longa pesquisa
multidisciplinar em ciências humanas e no
atual desenvolvimento da proposta fílmica.
Nesta comunicação busco expor tal processo
criativo com o objetivo de obter críticas e
colaborações às vésperas das rodagens,
previstas para junho-julho no Brasil e para a
primavera de 2020 em Portugal.
E2
GT Cinemas em Português (II)

Terras e fronteiras: documentário e A Caméra-Stylo de Vicente F. Cecim


história em espaços de (des)encontros Alexandra C. Conceição
(Unicamp, Brasil)
Alan Dutra Cardoso
-
(UFF, Brasil)
-
A comunicação analisa o documentário Terras O presente trabalho tem como propósito
produzido pela cineasta Maya Da-Rin no ano revisitar as obras cinematográficas de Vicente
de 2009. O filme enfoca as relações F. Cecim, artista amazônida, brasileiro,
estabelecidas entre as comunidades realizadas nos anos 70, em Belém-Pa, em
transfronteiriças em uma das mais distantes película, com câmera Super 8. Para isso
regiões do país, a tríplice fronteira entre o realizei análises quanto à produção, ao
Brasil, Peru e Colômbia. Confundida com a processo criativo, à estética e identidade
imensidão da floresta amazônica, essa zona sobre as seguintes obras; Matadouro (75),
de fronteira é apresentada no documentário Permanência (76), Sombras (77), Malditos
como espaço de encontro e de passagem Mendigos (78) e Rumores (79). Cabe ressaltar
para seus moradores e transeuntes, a que o artista realizou obras utilizando de
despeito de ser vista, por alguns outros, como estética e linguagem cinematográfica muito
uma grande barreira caracterizada pela semelhante às da Nouvelle Vague. Também é
distinção frente ao outro. Desta forma, importante ressaltar não apenas as questões
pretende-se discutir a fronteira como um estéticas e de produção que resumidamente
produto histórico, a partir das tensões que explano abaixo, mas a questão de identidade
marcaram a sua constituição política nos desse cinema, feito na Amazônia, em que
séculos XIX e XX. Preocupamo-nos, ainda, em percebemos a presença não apenas dos
apontar diversas leituras que os sujeitos cenários, mas indícios da cultura amazônica.
históricoS fazem do lugar que hoje ocupam Cecim não utilizou roteiros, atores e nem
através das contribuições dos investigadores equipe, visto que ele sozinho ia para as ruas,
que se debruçam sobre a relação entre a locações de Belém e filmava. Outra
História e a Memória. característica de produção é que ele utilizava
o "olho mecânico” da câmera para filmar, ele
tirava a câmera da altura de seus olhos e a
baixava para a altura do peito e deixava que
ela captasse as imagens sem que ele tivesse
o controle visual completo sobre o que estava
sendo captado. Ele também utiliza o espaço-
tempo, fixava a câmera e capturava as ações
que ocorriam a frente dela, sem preocupar-se
em acelerar o movimento. Suas obras
possuem experimentação artística e estética,
além da questão de identidade do cinema
realizado na Amazônia, que foge ao
estereótipo deste.
E3
GT Técnicas e Estéticas

A composition on motion track mask and


Espaços, imagens e corpos: interações
the memory montage aesthetics
possíveis
Milena Szafir
Fernanda Gomes (USP, Brasil)
(UB, Espanha) -
-

From digital database aesthetics to motion


Nas diversas experimentações com imagens
graphics, the present communication is a
em movimento, identificadas no contexto
research excerpt on how film editing became
contemporâneo, podemos identificar algumas
propostas que entram em diversos tipos de videographics design. The Moving Image
interações e contaminações, não só com os we're analyzing is all around us: from
espectadores, mas também com os espaços, streaming (or broadcasting) tele-vision to
mobile device interfaces; from VFx to VJ
culturas e contextos nos quais são inseridas.
performances. Might montage aesthetics be
Geralmente os artistas que fazem parte deste
recorte são identificados como verdadeiros the state-of-art of Moving Image? Aesthesis
agentes, principalmente no processo de speaks to us on sensations, those things
produção e recepção de instalações which reason couldn’t completely define.
Design plus movement, besides its
interativas expostas em espaços públicos. A
commercial use, is a powerful way to
partir da perspectiva de Flusser (2008),
understand montage gestures. As well as “the
podemos afirmar que o mundo antes
conhecido, vivenciado e valorizado pelas collision” in Eisenstein theory, pathos is averse
linhas escritas passou a ser dominado pelas to logos. Composition, rhythm and interval
were originally terminologies of musical
superfícies imaginadas. Além de exercer
language. This communication aims to share
influências sobre as mensagens, as
our drift on aesthetics of montage over the
constantes mutações nas estruturas da
mediação também provocam mutações nas audiovisual arts (film-form dialect, kinect
vivências, conhecimentos e valores. “O mundo typography, experimental and sci-fi cinema) as
an approach on cinematic procedure dialogue.
não se apresenta mais enquanto linha,
From Sharits' flicker films to the Black Mirror
processo, acontecimento, mas enquanto
series, I'd like to discuss during the conference
plano, cena, contexto” (FLUSSER, 2008, p.
15). A nova estrutura social que está se how Moving Image compositing plays our
consolidando, a da sociedade informática, pleasure experience (Aristotle, Longino, Burke,
Kant, Freud). I'll introduce my focal point on
organiza as pessoas em torno de imagens,
Moving Image montage of Black Mirror: how it
exigindo novo enfoque sociológico e novos
works as part of viewers' narrative affection
critérios. Cada vez mais os artistas se
conscientizam dos modos de produção e das through the Pathosformeln (Warburg,
relações humanas possibilitadas pelas Ginzburg). In short, it's a strolling research on
técnicas de sua época. Chegamos aos audiovisual aesthetics in order to become a
composition. Or, should we say some
modelos experimentais e participativos, que
movements towards a communication on
substituem a concepção racionalista da
composition of the current Moving Images?
modernidade. Aqui se origina a obra de arte
que Bourriaud (2006) define como arte
relacional.
E3
GT Técnicas e Estéticas

Campo e fora de campo da intimidade: A imagem glamorosa de Olivia de


Carol, Leiter e Hopper Havilland numa idade madura
Fernando Cabral Miguel Moreira
(Labcom.IFP-UBI, Portugal) (FLUC, Portugal)
- -
Tendo como ponto de partida o filme Carol, A presente proposta, enquadrada nos Star
de Todd Haynes, e o modo como este, por Studies, tem como objetivo demonstrar o
sua vez, nos remete para outros olhares – modo singular como a atriz Olivia de
mais especificamente, para a fotografia de Havilland transmitiu glamour (conceito
Saul Leiter e a pintura de Edward Hopper –, associado à sensualidade e à juventude)
esta proposta procura analisar o modo como enquanto mulher madura, comparando-a aos
a conjugação do enquadramento (molduras seus primeiros papéis e a outras atrizes da
dentro de molduras), da composição (objetos-
sua geração. Enquanto que várias estrelas de
obstáculos) e da mise-em-scène (jogos de
Hollywood encarnaram, quando mais velhas,
luzes, sombras e cores) permite diluir a
diferença entre dentro e fora de campo, mulheres mais recatadas, de Havilland,
intimidade e alheamento, criando relações de conhecida pelas suas personagens virginais,
distanciamento e aproximação entre o começou, por volta dos seus 40 anos, a dar
espectador e as personagens. Se, por um vida a mulheres mais arrojadas. A
lado, as cenas ficam enriquecidas por uma metodologia utilizada para concretizar tal
dimensão de voyerismo e intimidade objetivo consistiu na leitura de publicações
interrompida que o aproximam, por outro, e focadas nos Star Studies como o livro
ao mesmo tempo, cingem-lhe o olhar Por Revisiting Star Studies (2018), de Sabrina
utilizarem, em algumas circunstâncias, Qiong Yu, que apresenta duas reflexões
métodos análogos em situações narrativa e sobre o envelhecimento feminino
dramaticamente semelhantes, o trabalho dos (exemplificativas de que este corresponde à
cineastas Wong Kar-Wai e Douglas Sirk será
perda de glamour), e o ensaio “Hollywood
igualmente analisado nesta procura de uma
legend Olivia de Havilland as the bad girl”
estética da intimidade e do seu reverso.
(2015), de Victoria Amador, que faz uma
breve referência à luxúria da atriz em dois
dos seus filmes mais tardios. Partindo deste
ensaio, poder-se-ia aprofundar a comparação
entre as diferentes personagens de de
Havilland, bem como confrontar o seu
envelhecimento com o de outras atrizes. Esta
proposta revela-se importante, não só pela
inexistência de investigações focadas
detalhadamente na imagem glamorosa de de
Havilland, mas também por se mostrar
pertinente do ponto de vista social, ao aflorar
uma imagem rara e positiva da mulher
madura no cinema (a maturidade pode
significar sensualidade).
E4
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (II)

Contranarrativas fílmicas Guarani Mbya: Os cinemas das periferias como


atos decoloniais de desobediência "confrontação"
institucional no cinema indígena Liliane Leroux
Marcos Aurélio Felipe (UERJ, Brasil)
(UFRN, Brasil) -
-
O Coletivo Guarani Mbya de Cinema surge No cenário do cinema brasileiro, tanto
nas oficinas do Vídeo nas Aldeias (VNA), em representar quanto “dar a voz” ou “dar autoria”
2007, com os participantes das comunidades aos moradores de periferias e favelas
Anhetenguá e Koenju, Rio Grande do Sul-RS. constituíram movimentos que marcaram época
Em suas produções, a questão indígena (o e instituíram gêneros. Porém, não só nos filmes
processo secular de expropriação e de em que são retratados, mas também nas
resistência dos povos originários) ganha produções em que cineastas das periferias
centralidade temática. Como leitmotiv “tomam” para si o posto narrativo - em um
imagético decolonial, as ruínas jesuítas de contexto de cinema independente, que vem se
São Miguel (embaladas, museificadas, consolidando na última década -, a questão da
pedagogizadas) condensam traços, representação permanence como problema. No
processos e dispositivos contranarrativos que primeiro caso, a representação se impõe como
desnudam a colonialidade do poder, do saber violência, e a pressuposição de uma
e do ser. Um percurso proposto está no universalidade (cujo porta-voz seria o cineasta
campo da metalinguagem, que, à branco) conferiria a sua validade. Em seguida,
narratividade, incorpora o deslocamento a representação resurge como um fardo,
como ethos cultural e fílmico; e, a partir de através da demanda (social e comercial) para
um sistema de reutilização imagético, cria que filmes de cineastas das periferias sejam
uma rede intrincada entre as obras, além de auto-representativos do lugar. Uma certa
confundir os espaços fílmicos e históricos. universalidade se instaura a partir de um
Utilizamos os estudos decoloniais e de circuito que pretende visibilizar poucos filmes
cinema não para analisar uma obra apenas como um suplemento que simula
particular, mas, partindo de Mokoi Tekoá inclusão e confere um certo exotismo e
Petei Jeguatá (2008), em uma perspectiva de etnicidade às mostras e festivais. Por serem
rede, adentrarmos a poética dos cineastas limitados em número, carregam a tarefa de
guaranis constitutiva de atos de representar a periferia inteira. As revisões
desobediência institucional (Mignolo, 2010). pós/anti/decoloniais permitiram esta percepção
Pensando o metafilme no entremeio da da representação como violência e como fardo
dimensão pós-colonial do cinema indígena, e culminaram, mais recentemente, na ideia de
podemos aplicar à escritura Guarani Mbyá o “confrontação”, da filósofa Denise Ferreira da
que Corrigan (2015, p. 191) concluiu quando Silva, como a possibilidade de uma
comentou sobre um certo “cinematográfico apresentação que recuse toda representação.
[que] pode nos forçar para além de suas A partir desta chave analítica, pretendo rever
fronteiras e nossas fronteiras, forçar-nos a algumas produções audiovisuais periféricas.
pensar sobre um mundo e sobre nós
mesmos, que necessária e crucialmente
existem fora dos limites do cinema”.
E4
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (II)

Interpelação do olhar a partir da História e historicidades no cinema


(re)montagem dos arquivos no cinema indígena contemporâneo no Brasil
brasileiro contemporâneo Rodrigo Lacerda
(NOVA-FCSH / ISCTE-IUL, Portugal)
Maria Bogado
-
(UFRJ, Brasil)
-
Lincoln Péricles é morador do Capão A maioria do cinema indígena no Brasil das
últimas duas décadas incide sobre aspetos da
Redondo, periferia de São Paulo, e compõe
cultura e ethos ameríndio, tanto como forma
esta primeira geração de realizadores de
de registro para arquivo interno, como meio de
origem periférica urbana no Brasil. Um dos
construir discursos de etnicidade direcionado à
seus filmes mais conhecidos é o Filme dos sociedade colonial (“cultura com aspas”
Outros, de 2014. O filme utiliza imagens de [Cunha, 2008] e “talk back” [Ginsburg, 1993]).
arquivo retiradas de celulares roubados de Recentemente, começaram a surgir obras
pessoas de classe média. A apresentação que, recorrendo a dispositivos
dessas imagens revela cenas cotidianas cinematográficos diversos, se centram na
desses indivíduos, em especial, nos história dos seus povos e comunidades,
momentos de lazer. Trata-se de uma inversão revelando memórias submersas, mas também
profunda de ponto de vista. A história do outras historicidades produzidas por
cinema brasileiro foi marcada pela presença cosmologias e ontologias distintas da
de filmes sobre "o outro de classe", como modernidade (Albert, Ramos, 2002;
Whitehead, 2003). A comunicação analisa três
demonstrou Jean Claude Bernardet no seu
filmes – Já me transformei em Imagem
célebre livro Cineastas e Imagens do Povo
(Zezinho Yube, 2008); Tava, A Casa de Pedra
(1985), no qual analisava filmes das décadas
(Carelli, Carvalho, Ferreira, Ortega, 2012), Ava
de 1960/1970 em que realizadores de classe Yvy Verá - A Terra do Povo do Raio (Coletivo
média se debruçavam sobre sujeitos Guarani Kaiowá, 2016) - no sentido de inquirir
periféricos. Atualmente, aqueles que sempre como história, historicidade e cinema são
foram observados, passam a observar quem articulados de diferentes modos nesta
os observava. E mais, a remontarem as cinematografia emergente.
imagens expropriadas desses sujeitos agora
tomados como um "outro". Gostaria de pensar,
a partir análise conjunta das falas públicas,
ensaios e filmes de Péricles, como o seu olhar
ajuda a repensar a produção cinematográfica
no país. Péricles, que hoje se recusa a
participar de festivais, questiona desde o
modo de produção dos filmes, até os espaços
de circulação e recepção dos mesmos, bem
como os espaços de ensino do audiovisual.
Tomo as perspectivas descolonizadoras de
Frantz Fanon e Viveiros de Castro como base
para a refletir acerca do que o ponto de vista
revelado por Péricles.
E5
GT Narrativas Audiovisuais (I)

El cine de Hong Sang-Soo: narrativas de Contar o eu ou contar o mundo – Os


la indeterminación, personajes indecisos limites da identidade e da narrativa em
Elisenda Díaz Adaptation
(UPF, Espanha) Jorge Palinhos
- (CEAA/CITAR, Portugal)
-
J.L. Borges en El jardín de los senderos que Adaptation é um dos mais celebrados filmes
se bifurcan (1941) introdujo las vicisitudes de de ficção sobre o próprio trabalho de
un individuo ante un camino fracturado. Este guionismo e de contar histórias. Nesta obra,
cuento nos sirve de punto de partida para o seu real guionista desdobra-se no seu
próprio irmão gémeo para tentar adaptar uma
comprender cómo el cine contemporáneo, en
história sobre orquídeas para cinema, nesse
especial el cine asiático, está representando
âmbito confrontando os limites das histórias
la duda a través del relato partido, del juego
que é possível contar e até um famoso guru
del espejo. Películas como Right now, wrong de guionismo. Mas fora a sua natureza
then (H. Sang-Soo, 2015), Three times (H. metaficcional, Adaptation é também um filme
Hsiao- Hsien, 2005), Syndromes and a que confronta a questão dos limites da
century (A. Weerasethakul, 2006) o Romance identidade individual no ato de contar, e até
Joe (L. Kwang-kuk, 2011) hacen avanzar la que ponto as histórias são expressões de
historia a saltos y retornos. Asistimos a la subjetividade ou antes atos comunicativos
misma historia dos, tres veces; en medio del assentes num repositório cultural comum.
relato se instala un espejo cuyo reflejo Nesta apresentação procurarei explorar como
produce el regreso a un momento anterior, y Adaptation aborda a ténue fronteira entre a
en el espectador, la sonrisa, la incertidumbre. narrativa enquanto género e a narrativa
enquanto expressão pessoal, tentando
Empieza el desciframiento de las semejanzas
identificar pontes e obstáculos entre ambas,
y diferencias; parece como si estos cineastas
e procurando determinar o que há de autoral
quisieran explorar la realidad en todas sus numa narrativa.
potencialidades. Gracias al montaje se logra
una experiencia vertical del tiempo que reúne
en el mismo plano el sueño, lo imaginario y lo
real, finalmente cuestionado. En esta ruptura
de la linealidad temporal, en repetir la
experiencia, como sucedía ya en Rashomon
(A. Kurosawa, 1950) el estatuto de verdad se
retira y aparece un narrador falsificante
(Deleuze: La imagen-Tiempo, 1985). Entre la
incertidumbre y la liberación del peso de la
verdad, experimentamos el ver y rever, y en
ese rever, prever los sueños e imaginarios
posibles del individuo indeciso.
E5
GT Narrativas Audiovisuais (I)

Macronarrativa e micronarrativa – A Vestígios de Foucault no jogo pop de


estrutura das séries de TV Spielberg
Angelica Coutinho Cassia Cassitas
(FACHA / ANCINE, Portugal) (UTP, Brasil)
- -
A expansão da narrativa seriada na televisão Há categorias de filmes capaz de absorver e
a partir da Terceira Era de Ouro da TV norte- influenciar os mais diversos grupos e faixas
americana revalorizou o formato em todo o etárias. O presente estudo se propõe a
mundo. Bem além das sitcoms tradicionais analisar como a introdução do filme O
de uma câmera (single camera) em estúdio, Jogador número um (2018) do diretor Steven
as histórias passaram a ser contadas de Spielberg atinge esses resultados ao
forma mais expandida em sua estrutura incorporar elementos da cultura pop do final
narrativa, temática e de gênero. No entanto, do século XX. Se o título, baseado no
observamos que a estrutura clássica utilizada romance de estreia do roteirista Ernest Cline,
como referência do longa-metragem ficcional remete ao gênero ficção científica presente
tem as mesmas marcas preservadas tanto no nos jogos eletrônicos, a produção ultrapassa
desenho do desenvolvimento da temporada a narrativa previsível. Entrelaçada a questões
quando de cada um doa episódios tanto nos como disputas pelo pódio e enriquecimento, a
modelos de um caso por dia (procedurals) diversidade desponta como o grande tema.
quanto nos modelos de arco narrativo. Nesta As diferenças ultrapassam os loucos,
comunicação, vamos apresentar a análise de homossexuais e prisioneiros abordados na
algumas séries dramáticas avaliando cada obra de Michel Foucault, para convidar a
uma de suas etapas – apresentação, crise, sociedade do século XXI à importante
desenvolvimento, clímax, resolução – tanto reflexão, sob a ótica do autor, de uma
no desenho da temporada em sua totalidade estética da diferença em meio à explosão de
de episódios quanto em cada um deles. párias, ou como proponho demonstrar, o
Nosso foco será primeiras temporadas de movimento em direção à convergência de
séries mundialmente reconhecidas e individualidades. A sequência de cenas de
episódios- piloto e de encerramento. Este abertura, objeto da presente análise fílmica
recorte permitirá radiografar a estrutura diagnóstica, exibe a divergência anatômica,
narrativa e elencar estratégias específicas etária e racial de personagens conectados
como a criação de ganchos (cliffhanger) ou a com a própria imagem. Estaria surgindo, na
utilização de teasers. A partir das atmosfera turva da ficção de Spielberg, uma
constatações, defendemos, portanto, a sociedade digital de desiguais
definição de macronarrativa e micronarrativa progressivamente insensível? Como esse
como modelos estruturais para o contexto se revela na introdução de O
desenvolvimento de séries dramáticas. Jogador número um? Embora persistam
diferenças exteriorizadas, esse estudo
propõe a ocorrência de uma convergência de
comportamento, a denunciar os desejos que
motivam os personagens a colocar os óculos
e jogar.
F 15 maio
18h00 — 19h45
F1
GT Paisagem e Cinema (III)

Travelogues no país da austeridade Campo de Flamingos sem Flamingos:


Iván Villarmea Álvarez construção e representação da paisagem
(USC, Espanha) fílmica e geográfica na obra de André
- Príncipe
Rayman Virmond
(UBI, Portugal)
-

Um ‘travelogue’ é um diário de viagem, um Esta proposta de comunicação tem como


filme-ensaio que recolhe as impressões de objetivo discutir e analisar a representação
um cineasta itinerante que percorre um da paisagem das fronteiras portuguesas no
território – próprio ou alheio – à procura de filme Campo de Flamingos sem Flamingos.
imagens e ideias que lhe permitam Busca também realizar uma reflexão sobre
compreender o passado e o presente. As como a construção da paisagem fílmica se
paisagens registadas nos travelogues são relaciona com os conceitos geográficos
metáforas ou mistérios, símbolos ou enigmas espaço, lugar, paisagem e território. Para a
que contribuem a desenvolver os discursos geografia, o espaço é uma extensão física,
dos cineastas. Esta proposta de lógica e material, constituída pela dialética
comunicação tenciona analisar, portanto, o entre a disposição das coisas e as ações.
significado das paisagens que aparecem nos Lugar parte da percepção do indivíduo,
travelogues do cinema ibérico da focalizando nas experiências humanas com o
austeridade, isto é, aquele que representa os meio. Território se relaciona com poder, com
efeitos e consequências da Grande fronteiras. A paisagem, significada e
Recessão na Península Ibérica: podem ser construída, podendo ser natural ou cultural, é
filmes premonitórios, que já advertiam do um campo visual delimitado, uma cena.
colapso antes da crise, como Um Pouco Mais Todos estes conceitos são abordados,
Pequeno Que o Indiana (Daniel Blaufuks, construídos, debatidos e representados de
2006) ou Ruínas (Manuel Mozos, 2009); alguma forma na obra. O filme de André
títulos que propõem um itinerário crítico pelos Príncipe busca "ordenar os segredos do
territórios mais afretados pela recessão, mundo visível", através de imagens
como País de Todo a 100 (Pablo Llorca, contemplativas, sem personagens como eixo
2014); trabalhos que estabelecem um narrativo, algumas vezes separando a
contraste entre histórias de vida e paisagens paisagem cultural da paisagem natural, ou
alegóricas, como Mapa (León Siminiani, intencionalmente relacionando-as. Através
2012) ou Notas de Campo (Catarina Botelho, das paisagens busca refletir sobre a
2017); ou obras que viajam até a periferia identidade cultural e os limites territoriais de
pós-colonial, como As Cidades e as Trocas Portugal, sem necessariamente situá-los
(Luísa Homem & Pedro Pinho, 2014), para geograficamente, flutuando entre o
encontrar também lá uma paisagem documentário e a ficção. Estabelece relações
destruída pelo ícone da crise: o esqueleto de existenciais na forma como aborda a
betão armado. Esta comunicação faz parte passagem do tempo, na escolha da duração
da série ‘Paisagens da Austeridade’, que dos planos, mas também na contraposição
pertence ao projecto ‘A Representação da de conceitos, levando a uma experiência
Grande Recessão nos Cinemas Ibéricos sensorial.
(2008-2018)’.
F1 GT Paisagem e Cinema (III)

A paisagem do ‘cinema-fronteira’:
deslocamentos, imaginários e desejos de
personagens femininas nas narrativas em
trânsito nas fronteiras do Brasil,
Argentina e o Uruguai
Francieli Rebelatto
(UNILA / UFF, Brasil)
-
Muitos são os imaginários sobre as regiões
de fronteira entre diferentes países. Alguns
nos remetem a imagens dos impedimentos
das passagens - os muros, as aduanas e os
controles a partir da presença do estado-,
outros reivindicam à fronteira seus fluxos, a
zona de contato e imiscuição entre diferentes
nacionalidades, produtos e culturas. Destes
imaginários emanam distintam possibilidades
de representações dos territórios fronteiriços
no cinema contemporâneo latino-americano a
partir do deslocamento do olhar sobre a
perspectiva de uma paisagem transnacional.
As personagens mulheres dos filmes
brasileiros co-produzidos com Argentina e
Uruguai – respectivamente -, Pela Janela
(2017) e A Mulher do Pai (2017) se
perguntam intimamente durante seus trajetos:
O que há do outro lado da fronteira? Diante
desta questão, este ensaio caminhará pelas
zonas de fronteiras territoriais, de gênero e
da linguagem cinematográfica dos dois filmes
em busca de leituras sobre estes imaginários,
desejos e deslocamentos na/sobre a
paisagem.
GT Cinemas em Português (III)

F2
Poesia e melodrama em Paraíso Perdido:
Heloisa Passos: interpelando uma paisagens de Almodóvar no cinema
trajetória a partir do gênero brasileiro
Marina Cavalcanti Tedesco Sandra Fischer e Aline Vaz
(UTP, Brasil)
(UFF, Brasil) -
-
O cinema de Pedro Almodóvar é reconhecido
Embora sempre tenha havido mulheres na por suas marcas autorais, as tais paisagens
direção de fotografia, esta é uma das áreas almodovarianas, que cineastas sucessores,
mais masculinizadas da realização fílmica. por vezes, apropriam-se. O presente estudo
Em levantamento realizado nos longas- ocupa-se da multiplicidade de ecos e
metragens nacionais de ficção brasileiros que espelhos – característicos de sua obra – que
tiveram exibição pública, encontramos uma se transpõem no filme Paraíso perdido (2018)
assistente de câmera creditada pela primeira da diretora brasileira Monique Gardenberg.
vez em 1981 – Luelane Corrêa em Amor e Assim como se dá em Todo sobre mi madre
Traição (Pedro Camargo, Brasil, 1981). Já na (Almodóvar), Paraíso perdido constrói
direção de fotografia, as pioneiras são Márcia paisagens reverberativas de uma instituição
Lara, em Louca Utopia (Márcia Lara, Brasil, familiar potencialmente carnavalizada.
1984), e Kátia Coelho, em Real Desejo Famílias em trânsito que deixam-se revelar,
(Augusto Sevá; João de Bartolo, Brasil, vulneráveis a afetos e desafetos, amores e
1990). Após termos nos dedicado essa ódios, tolerâncias e violências, encontros e
história quase não contada das mulheres na desencontros, trajetórias pessoais que são
direção de fotografia brasileira, percebemos também de ordem coletiva, de uma esfera
que seria necessário entrevistarmos algumas social que infere preconceitos e repressões,
delas a fim de compreendermos melhor que expondo feridas e cicatrizes, passado e
fatores possibilitaram: que elas lentamente presente. Nosso estudo propõe uma análise
começassem a conquistar espaço onde até crítico- reflexiva atenta aos tráfegos e
então só havia homens; o que ser mulher transplantes temático-imagéticos que têm
significa(va) em termos de mercado e lugar em Paraíso perdido, revelando-se tanto
oportunidades de trabalho. A diretora de como ecos de um cinema almodovariano
fotografia Heloisa Passos, uma das principais quanto como o despontar de um cinema
do país, é uma de nossas entrevistadas. Se brasileiro contemporâneo afeito a poéticas
hoje o preconceito enfrentado pelas mulheres peculiares. Paisagens cinematográficas
na cinematografia vem sendo percebido, intercambiantes, que pressupõem e articulam
denunciado e combatido, em um processo noções subversivas de uma família
que tem como um de seus ápices a criação perambulante e plural, espalhada não apenas
do Coletivo de Diretoras do Brasil, em 2016, nos lugares físicos, mas principalmente nos
até pouco tempo atrás a situação era espaços – marcados pela inexorável
diferente. A maioria delas ou não percebia os passagem do tempo, por indefinições de
obstáculos adicionais que ser mulher trazia gênero, por utopias e distopias –
ou preferia não falar sobre isso para não determinados pelos deslocamentos afetivos.
aumentar o estigma e as dificuldades
cotidianas.
F2
GT Cinemas em Português (III)

Releitura de O Filme e o Realismo, de Raul Solnado, comediante, entertainer e


Baptista-Bastos. O realismo e um novo one-man-show português
regime de imagens nos inícios do Cinema Afrânio Catani
Novo em Portugal (USP, Brasil)
-
António Pedro Pita
(CEIS20-UC, Portugal)
-
Num primeiro momento, a comunicação Raul Solnado (1929-2009) foi o cômico
analisa a obra O Filme e o Realismo (1962) português mais popular e criativo entre os
de Baptista-Bastos. Esta releitura inscreve- anos de 1960 e o final da década seguinte,
se, todavia, num duplo contexto: por um lado, entre a geração de António Silva e a de
constitui um momento oportuno para valorizar Herman José e seus discípulos. Fez
as relações do escritor e jornalista Armando operetas, revistas, comédia, rádio, TV, talk-
Baptista-Bastos com o cinema e, por outro, shows, gravou discos com monólogos, foi
sublinhar a importância de que se revestiu a entertainer, one-man-show, trabalhou muito
sua intervenção no processo de reflexão do no Brasil e filmou cerca de 15 vezes,
que se designa por um novo regime de destacando-se As Pupilas do Senhor Reitor
imagens e que influiu decisivamente nas (1961), Dom Roberto (1967) e A Balada da
reelaborações concetuais do realismo em Praia dos Cães (1987).
Portugal. .
Géneros Cinematográficos

F3
Scream and the slasher (sub)genre Papel do personagem digital nos filmes
Diana Neiva de ação/fantasia
(CEHUM / IFILNOVA, Portugal) Cláudia Cunha Miguel
- (UCM, Espanha)
-
Wes Craven’s Scream (1996) has been Após investigação sobre a trama e a imagem
consistently considered as metahorror, i.e., a no cinema digital considerou-se importante
film about the horror genre, specifically about dar continuidade à investigação tendo como
the slasher subgenre. According to M. foco principal o personagem digital. Esta
Jancovich, “films of this subgenre are comunicação é dedicada ao papel do
supposedly concerned with a process of personagem digital nos filmes de
terrorization in which a serial killer ação/fantasia e tem como objetivo analisar
methodically stalks a group of teenagers who qual a relevância do personagem digital no
are killed off one by one” (Jancovich 2002, 5). desenvolvimento da trama nas suas duas
Scream revolves around Sidney Prescott and grandes componentes: a narrativa e a visual.
her teen friends, as the film seems to Para dar resposta a esta premissa torna-se
combine all elements from a slasher film that necessário atingir um quadro de
C. Clover analyses in her book Men, Women, referência/caracterização de personagens
and Chainsaws: a male killer who uses knives digitais. Não existindo atualmente quadros de
(one of the most common slasher weapons), referência para personagens digitais o
the teenager victims, a final girl, shocking objetivo é criar em primeira instância pela
imagery, and so on. However, if on the primeira vez um quadro de caracterização
surface Scream seems to follow the slasher especifico para este tipo de personagens.
“rules”, it actually plays with genre Como atingir? Cruzando a análise teórica dos
conventions, breaking them and making us autores que estudam a temática com quem
think about what slasher films are, what a film faz e vê estes personagens. (especialistas,
(sub)genre is, and the genre’s relation with dando destaque aos diretores, atores,
audience expectations, especially with a guionistas, diretores de fotografia e
group of characters who know previous professores da área e espectadores). Para o
slashers like John Carpenter’s Halloween grupo de especialistas serão efetuados
(1978) and are aware of horror culture. In this inquéritos e entrevistas para o efeito. O
presentation, I propose to make a close resultado destes instrumentos metodológicos,
analysis of Scream and show how the film sustentados pelas análise teórica dos
exposes, critiques, and plays with (sub)genre autores, permitirá criar um quadro de
conventions and audience expectations with caracterização preliminar. O mesmo será a
reference to previous films of the same base/eixo central para dar resposta ao papel
(sub)genre. Furthermore, I will briefly question do personagem digital no desenvolvimento da
whether this film, as self-reflective, is a trama nos filmes de ação/fantasia (Avatar,
philosophical work. Planeta dos Macacos e Hulk) e em
consequência aos pesos e à importância da
narrativa e da imagem neste processo.
F3 Géneros Cinematográficos

De Walter Ruttmann a Leitão de Barros e Dialética entre imagem e texto no filme-


Manoel de Oliveira: o pulsar de um ensaio: O caso de O Buraco Negro
cinema urbano em forma de poema Jorge Vaz Gomes
(FBAUL, Portugal)
sinfónico
-
Jaime Neves
(CITAR-UCP, Portugal)
-
Durante a década de 20 (e parte de 30) do O Buraco Negro é um filme-ensaio ficcional
século passado o cinema apresenta-se numa sobre um historiador que está a perder a
versão assumidamente vanguardista, uma visão, que estudou ao longo da vida em
espécie de “novo género”, procurando detalhe as imagens da Shoá e da Segunda
retratar no grande ecrã, de forma Guerra Mundial, sobre as quais discorre ao
evidentemente poética e esteticamente longo do filme perante a iminência de
esclarecida, o pulsar quotidiano de um desaparecerem. O título do filme é inspirado
significativo conjunto de grandes metrópoles. num texto do filósofo francês Georges Didi-
Apostando numa dialogante dicotomia entre a Huberman no qual este compara a Shoá a
música e a imagem em movimento, as um buraco negro. É também de imagens
chamadas “sinfonias urbanas”, também ausentes que se enche este buraco negro,
apelidadas de “sinfonias visuais” ou “poemas que o filme tenta resgatar da sua condição de
sinfónicos”, procuraram por esta via reclamar indiscritíveis. A écfrase, uma figura de estilo
para o cinema um legítimo reconhecimento que consiste de forma genérica na descrição
artístico que parecia então tardar. textual de uma obra visual, torna-se uma
Documentários sinfónicos poéticos com ferramenta útil para produzir discurso e
traços eminentemente experimentais, quase pensamento acerca de imagens ausentes.
sempre em formato de curta-metragem, as Por outro lado, o género filme-ensaio é
“sinfonias urbanas” alicerçavam a sua particularmente eloquente nesta
estrutura fílmica numa montagem claramente concretização da dialética entre imagem e
apurada e capaz de evidenciar toda uma texto, pois é através dela que se abre o
sensibilidade artística, com laivos de caminho para os mecanismos de
originalidade e com uma notória propensão convocação, descrição e interpretação de
para a rutura com a generalidade do cinema imagens ausentes, que estão “presentes”
que então era produzido. Desde Walter através de texto ao longo do filme-ensaio. A
Ruttmann com Berlin: Symphony of a écfrase é precisamente um desses
Metroplois, passando por Svatopluk mecanismos uma vez que existe um gesto
Innemann com Prague by Night ou Jean Vigo ecfrástico na forma como o filme-ensaio
com À propos de Nice as “sinfonias urbanas” convoca imagens ausentes através de texto e
que despoletavam pela Europa e Estados imagem. É através da dialética entre imagem
Unidos da América haveriam também de se e texto que para além de resultar uma
materializar em Portugal pelas mãos de sinergia que alarga os limites formais das
Manoel de Oliveira e Leitão de Barros. obras que interpretam a realidade, também
resulta uma contaminação que densifica os
processos através dos quais texto e imagem
são produzidos, apreendidos e transmitidos.
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (III)

F4
A "digital" do cinema analógico sobre o
Fluxos migratórios e fronteiras inventadas
– o caso FESPACO povo preto
Maíra Zenun Clementino Junior
(UFG, Brasil) (UNIRIO, Brasil)
- -
Com o fim do tráfico escravagista, certos O presente artigo reflete sobre a importância
fluxos migratórios – intra-continentais e extra- dos primeiros passos dados pelos pioneiros
continentais – intensificaram, misturaram-se do que chamo de Cinema da Diáspora
uns aos outros, e se transformaram em Africana, no século XX, onde a práxis
importante fenômeno social. Graças ao cinematográfica e o acesso aos recursos
impacto tão profundo desses trânsitos na para produzir filmes em busca de uma
vida de pessoas negras, a repercussão identidade negra e/ou africana eram distintas,
destas dinâmicas provocadas por tantas tanto no Brasil no período da “Abertura”, no
migrações forçadas, em conflito com tantas Caribe, assim como nas décadas de 60 e 70
fronteiras inventadas pelo neo colonialismo, nos países africanos pós-coloniais. Dialogarei
tem sido tema de muitos dos filmes exibidos revendo destaques das questões levantadas
e premiados pelo FESPACO – Festival Pan- pelos participantes dos debates cineclubistas
africano de Cinema e Televisão de do curso realizado pelo CAN – Cineclube
Ouagadougou –, maior e mais antiga festa do Atlântico Negro sobre essa cinematografia,
cinema em África, que acontece em em dialogo com os conceitos trazidos por
Ouagadougou, Burkina Faso, desde 1969, a Stuart Hall sobre as representações “dessa
fim de estimular a promoção e discussão de África” no cinema caribenho, e com a
filmes negros, realizados em todo o epistemologia da existência de Milton Santos.
continente africano e em seus territórios O artigo tratará das seguintes etapas:
diaspóricos, por pessoas africanas e proposta do curso; os corpos negros à
afrodiaspóricas. Neste sentido, para esta serviço da branquitude no cinema brasileiro;
comunicação oral, proponho trazer um breve as “brechas” para um cinema pós-colonial
levantamento a respeito dos filmes exibidos preto e crítico nos países africanos
durante as edições do FESPACO, que tratam francófonos; o cinema feito por pretos e a
da questão das migrações (forçadas) em globalização; e o legado deste fazer
relação as fronteiras que foram sendo cinematográfico para as futuras gerações.
inventadas ao longo dos processos
diaspóricos identificados por Goli Guerreiro
(2009). Para tanto, proponho identificar os
conceitos de migração e fronteira atribuídos
ao continente-África, na intenção de traçar
um breve apontamento sobre como o cinema
negro africano apresentado em tal festival
tem retratado estes fluxos.
F4 GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (III)

Para um terceiro cinema feminista latino Cinema das mulheres que falam
americano português
Maíra Tristão Helyenay Araújo
(NOVA-FCSH, Portugal) (UERJ, Brasil / UAlg, Portugal)
- -
A partir de uma análise estética e social dos Pelo fato de ser o audiovisual um meio
filmes Feminino Plural (Vera de Figueiredo, expressivo que manipula em ampla escala
Brasil, 1976), De Cierta Manera (Sara valores culturais, políticos, comerciais,
Gòmez, Cuba, 1974) e Cosas de Mujeres identitários e artísticos, no cenário atual, onde
(Rosa Martha Fernandèz, México, 1977), vemos surgir uma onda crescente de discussão
precursoras de um cinema de gênero na sobre os lugares de fala das minorias, a
América Latina "terceiro mundista", este representatividade e o protagonismo feminino,
estudo aborda possibilidades de conexão é fundamental problematizar sobre a presença
entre estudos pós-coloniais, cinema feminina na elaboração das narrativas com
contemporâneo e estudos feministas, com sons e imagens em movimento. O cinema
ênfase no contexto cinematográfico latino- feminino em língua portuguesa, apesar de
americano da década de 1970. A ausência percorrer uma trajetória invulgar na história das
da participação dessas cineastas na história diversas cinematografias em português, está
tradicional e na teoria do Terceiro Cinema na circunscrito a uma situação de dupla
América Latina coloca em debate as próprias invisibilidade: tanto no contexto das
questões decoloniais elaboradas no cinematografias mundiais, estes cinemas
Manifesto Hacia un Tercer Cine (Solanas e falados em português são pouco vistos,
Getino, 1969), porém, neste momento tratado conhecidos e tidos como cinemas periféricos,
dentro de uma abordagem e reflexão quanto a participação feminina neste universo,
interdisciplinar. Para apresentação desta apesar de expressiva, carece de visibilidade.
comunicação apresento como método uma Neste sentido, a nossa proposta pretende
cartografia visual destes três filmes, lançar luz sobre a programação da Mostra
enfatizando as marcas de uma militância em Cinema das Mulheres que Falam Português,
busca de um rompimento de um pensamento para refletir sobre os aspectos de produção,
hegemônico de dominação masculina e políticas de promoção e elementos estéticos
estereótipos de feminilidade. Falar em dos filmes selecionados na sua curadoria.
cinema por/sobre mulheres em um período Organizada primeiramente em 2017, na cidade
onde as lutas sociais pulsavam, coloca em do Rio de Janeiro, e replicada um ano depois
análise narrativas cinematográficas de um na cidade do Porto, a mostra reuniu um
contra-cinema (Mulvey, 2011) e a panorama representativo da produção
necessidade de ampliar olhares, tempos e cinematográfica contemporânea elaborada nos
espaços na frente e atrás do ecrã. Nesse países de língua oficial portuguesa, sob o viés
sentido, torna-se relevante a apresentação feminino.
de um Manifesto do Terceiro Cinema
Feminista, destacando o posicionamento
estético e social destas obras.
GT Narrativas Audiovisuais (II)

F5
Interatividade e não linearidade - As A construção da subjetividade em
fronteiras entre o i-doc e o Webdoc webdocumentários: uma análise sobre
Lilian França Rio de Janeiro – Autorretratos
(UFS, Brasil) Rafael Valles
- (PUCRS-Brasil)
-
Por meio de sua interface gráfica, a web abriu Neste trabalho, pretendo analisar algumas
espaço para dar ao documentário um novo premissas sobre o que se constitui como
status, desta feita, mediado pelas tecnologias webdocumentário. Para isso, parto do
digitais, e, “[...] o certo é que as tecnologias pressuposto de que o webdocumentário afirma-
são um elemento fundamental para se se como “um filme interativo que mistura
afirmarem, renovarem e concretizarem fotografias, vídeos, sons, textos, mapas e
diversas estéticas e diferentes modos de elementos gráficos, associados às
representação” (PENAFRIA, 2013: 150). No
potencialidades da web participativa (fóruns
caso do i-doc e do webdoc a web permite a
sociais, chat, geolocalização, bases de dados,
reunião dos elementos específicos dos filmes
etc.)” (BOLKA; GANTIER, 2011: 119, tradução
não ficcionais articulados à uma série de
ferramentas da internet, unindo interatividade nossa). Os webdocumentários têm a tendência
e não-linearidade para a produção de uma de estar inseridos em projetos transmídia, em
narrativa de outra natureza, formada por narrativas que se afirmam na convergência de
vozes que ora se completam, ora divergem. diversas mídias, como é o caso do uso de
Em ambos os casos, o formato ainda se plataformas digitais, vídeos, fotografias,
encontra em processo de desenvolvimento, infográficos e animações, inseridos numa
uma vez que o pressuposto de interatividade, mesma página web e numa mesma concepção
muitas vezes, resume-se à uma estrutura estética. É através destas convergências que
hipertextual na qual são inseridos vídeos ou também se constroem novos processos de
links para vídeos. No entender de Bole e Mal subjetividade e novos caminhos para os
(2014), o uso da interatividade ao se contar
autores elaborarem as suas narrativas. Como
uma história é, ainda, incomum. Aston e
estudo de caso, buscarei analisar o projeto Rio
Gaudenzi (2012), Nash, Hight e
Summerhayes (2014), Soar (2014), Wolf de Janeiro – Autorretratos (Marcelo Bauer,
(2018), discutem os limites e as 2011), que retrata um grupo de jovens
possibilidades da interface entre web e os fotógrafos, nascidos na favela da Maré, que se
documentários. A presente pesquisa tem por formaram na Escola de Fotógrafos Populares
objetivo realizar um levantamento através da da Maré, assim como o contato com as
archival research nos sites i-doc, ifda DocLab pessoas que eles retrataram nessa mesma
e MIT/Dacbase: acerca dos tipos de narrativa região da cidade do Rio de Janeiro. Neste
utilizados e os graus de não-linearidade. webdocumentário, é possível conhecer o
trabalho fotográfico de AF Rodrigues, Ratão
Diniz e Jaqueline Félix e, ainda, ficar sabendo
de que forma a fotografia alterou as suas
trajetórias de vida e a relação que
estabeleceram com a comunidade e o local
onde vivem.
F5 GT Narrativas Audiovisuais (II)

Estratégias de desenvolvimento de A viagem do gigante: da ideia ao ecrã


roteiro, narrativa e personagens e o Nélia Cruz
realismo de confronto em Boyhood e (CLEPUL / CEAUL, Portugal)
-
Entre les murs
Marcela Amaral
(UERJ, Brasil)
-
O artigo propõe investigar os processos de Pensar sobre o trabalho de escrita de guião é
produção do realismo em dois filmes onde o indagar sobre um acto de partilha, de
os métodos de roteirização e conjuntamente, intertextualidade, de comunicação. Este
a construção dos personagens, se dão de ensaio habita a proposição base da minha
forma contínua, desde a preparação até o fim investigação de doutoramento: o guião
das filmagens; permitindo com isso, um audiovisual como representação de uma
distinto “aproveitamento” da realidade pró- possibilidade narrativa. Surge também na
fílmica. Boyhood (Richard Linklater, 2014) é sequência do desenvolvimento e aplicação
uma produção de 12 anos, durante os quais da terminologia proposta por Ian W.
elenco e equipe se reuniam uma ou duas Macdonald de “Screen Idea” (2013). Assim,
vezes por ano para as filmagens, enquanto o partindo da desconstrução do processo de
roteiro ia sendo desenvolvido. A narrativa criação do guião, escrito por mim, da curta-
fílmica passava então a aproveitar metragem de animação O Gigante (Cruz,
particularmente as mudanças físicas dos 2012), verificar-se-á de que forma o sensível,
atores para as histórias dos personagens. o vivido e a figuração reeditam a equação da
Entre les murs ganhou forma a partir de criatividade, revelando o guião como um
workshops com os atores (não profissionais), espaço de diálogo inter-semiótico, na
escolhidos entre os estudantes de uma perseguição e materialização de uma ideia
escola pública, e que ajudaram a compor os pensada para um ecrã (screen idea)
personagens fictícios com elementos das integrada numa prática plurivocal. Há no
suas experiências de vida; contudo, nenhum processo de escrita do guião o fruir de uma
deles interpreta a si mesmo. Em ambos os antecipação do prazer. Quando se escreve o
casos, observa-se a “justaposição” entre os texto imagina-se o prazer que será
processos de criação e produção, transformá-lo numa narrativa fílmica.
promovendo um “deslocamento” da etapa de Pressente-se que o guião não pode apenas
roteirização, uma vez que ele só é viver num texto escrito, ele necessita de ter
completado durante as gravações, ou mesmo em si uma energia específica que lhe permita
posteriormente. Observa-se ainda o que viver num outro ambiente textual. Sabemos
chamamos de “realismo de confronto”, que é que numa aproximação ao texto existem
a abertura que esses filmes apresentam para vários caminhos que podemos seguir,
a imprevisibilidade do “evento de verdade” abertos pelo texto, que na sua configuração
(NAGIB, 2011), ao colocarem em “colisão”, semiótica é, também ele, uma amálgama de
atores e personagens; realidade e ficção, realidade/sonho/afectos. Afirmava Jean-
narrativa e evento. Propõe-se investigar a Claude Carrière que escrever para um filme é
partir disso, o possível intuito desses filmes já filmar. E esta escrita, o guião é isso
de alterar o nível de realismo que mesmo, ele conta uma história, mostrando-a
reproduzem. insinuantemente.
G 16 maio
10h15 — 12h00
G1
GT Cinema e Materialidades (I)

Materialidades e ofícios no cinema Entre a técnica e a poética: o processo


português: estilistas, figurinistas e criativo materializador da direção de arte
diretores de arte ao longo da história Nívea Faria Souza
Caterina Cucinotta (FACHA / UNESA, Brasil)
(IHC-NOVA FCSH, Portugal) -
-
Construindo a história dos figurinos e dos O processo de materialização de uma obra
figurinistas do cinema português, sabemos cênica é de natureza coletiva, seu
que o ponto de ruptura entre uma visão mais desenvolvimento se dá pela atuação conjunta
simplista do departamento e uma visão de equipes que funcionam como um engenho
complexificada e profissionalizante ocorreu que expande o pensamento criativo. É
com a chegada no mundo do trabalho de através dos diálogos e as relações entre
Jasmim de Matos em 1974. Antes de Jasmim conjuntos de sujeitos, associados a
e do Cinema Novo, a própria história do pesquisas, estudos e cultura que elementos
cinema nacional tinha conhecido uma vaga aparentemente apartados se encontram,
importante como a das Comedias á permitindo as interações em rede. A direção
portuguesa, porém é de constatar que em de arte trabalha como uma espécie de
termos de figurinos e figurinistas de cinema, catalisadora de conceitos para a construção
a verdadeira profissionalização do oficio visual de uma obra, pois precisa transformar
aconteceu só depois do 25 de Abril. Ainda em símbolos ideias e texto, além de
assim, existem nomes de personalidades materializá-los. A direção de arte busca
ainda hoje lembrados os quais construíram a elementos que fundamentem a
história da parte visual dos filmes desde os representação simbólica de um texto, uma
anos 1930 até os anos 1960: Paiva, Alberto relação simbólica intencional, derivada do
Anahory, Pinto de Campos e Helena Roque processo criativo do profissional e da equipe
Gameiro são uns dos mais importantes. Cada de arte. O desenvolvimento criativo do setor
um deles precisa, a sua maneira, de ser passa por uma espécie de sistematização,
conhecido e reconhecido como figurinista de entre texto e a materialização existe um
cinema e nos, investigadores, críticos e estágio mediano do processo que é a
cinéfilos necessitamos de conhecer esta criação. A sistematização desse processo
história menor para que a grande história do criativo pode ser dividida em etapas, a
cinema se torne completa. Quando em 1974, imersão, pesquisa da obra, análise do texto,
Jasmim de Matos voltou de Londres, onde decupagem, ideação e síntese, e por fim, a
tinha estudado pintura, para Lisboa, começou materialização e o emprego à cena. Neste
a tradição do oficio do figurinista de cinema trabalho, a partir de uma abrangente
em Portugal. Com esta comunicação vamos pesquisa e entrevistas com profissionais da
evidenciar as diferenças entre a primeira área, pretende-se refletir sobre o
vaga de figurinistas que povoaram as desenvolvimento do diálogo estético e o
comedias a portuguesa, a segunda vaga processo de criação de um projeto em
inaugurada por Jasmim até chegar á época direção de arte, tendo como foco a utilização
contemporânea onde a maioria de figurinistas de recursos iconográficos, colagens e “livros
que trabalham em Portugal são mulheres. de artistas” como meios de estudos e
percursos de trabalho.
G1
GT Cinema e Materialidades (I)

Tinha sangue por todo lado. Cor e


espaço como artifício e presença em
Mate-me Por Favor
Tainá Xavier
(UNILA / UFF, Brasil)
-
Mate-me Por Favor (2015) é o longa-
metragem de estreia da diretora Anita Rocha
da Silveira. O filme opera uma visualidade
anti-naturalista baseada no tratamento
planificador do espaço e na criação de um
sistema cromático preciso para apresentar
uma adolescente de 15 anos, abalada por
assassinatos misteriosos que a fascinam e
perturbam uma suposta ordem natural do
desejo. Nessa operação, a imagem obtida é
marcada por uma alta dose de artifício, cujo
“excesso” é apontado negativamente na
recepção crítica do filme no Brasil. A especial
atenção à forma em Mate-me Por Favor
convoca uma experiência estética de
produção de presença, nos termos de
Gumbrecht. Quando o crítico reclama a falta
de elementos para interpretação e afirma que
no filme “a arte é adereço, é pintura de
cores”, parte do pressuposto da cultura do
sentido e nega a experiência de deixar-se
arrebatar pela forma. Tal desprezo pelo
adereço e pela cor em si dialoga com o
processo a que David Bachelor intitulou
“cromofobia”: preconceito e eliminação da cor
na cultura ocidental desde a Antiguidade, a
partir de um entendimento da cor como
superficial, dispensável, ou própria a um
“outro”, em geral, o feminino, o primitivo. A
partir de conceitos como artifício, presença e
cromofobia, este artigo busca apresentar uma
forma de olhar/sentir Mate-me Por Favor que
parta de um exame da materialidade
profílmica como chave de acesso a uma
sensibilidade contemporânea expressa na
imagem.
G2
GT Outros Filmes (II)

Films from the industrialization: the case Transferring labor-related knowledge in


of the Fundo de Fomento de Exportação, the cybernetic age: Notes on some
Portugal, 1950s-1970s audiovisual databases of occupational
Emília Margarida Marques training
(CRIA / ISCTE-IUL, Portugal) Guilherme Machado
- (Paris 3, França / JWGU, Alemanha)
-
While it is admittedly difficult to define, This paper will tackle two strategies to
circumscribe and categorize the myriad films produce safety and health through the use of
that have arised outside the realms of art, film in the industrial context. The first, which I
authorship or cultural industries (cf. Stremmel call a governance strategy, concerns the use
2009; Zimmermann 2009), a common trait is of images for the fixation of behavioral norms
that all of them involved some kind of and cognitive models to be disseminated
appropriation of film by people or institutions within organizations and stored to allow the
located outside of the cinema field itself. perpetuation of expertise over time and
Hence Prelinger (2006) put forward the idea between generations of workers. The second,
of ‘sponsored film’ as a main working basis. It which I call a technique of self-design,
can therefore be proposed that the diversity concerns meetings of workers organized by
and complexity of contexts and processes of ergonomists, in which previously recorded
appropriation behind these films is the source images presenting the teams’ working
of our classificatory pains regarding them. attitudes and postures are called upon to
Here, I discuss the notion of “films from the provoke debates and self-consciousness on
industrialization” to examine the diverse, actual reckless behavior; the aim is to
interconnected and intersecting uses of provoke, through self-observation, a collective
cinema by industrial companies, business discourse on the work practice and on new
associations, and state agencies in the frame cautious attitudes to be conceived and
of the 1950s-70s Portuguese industrialization assumed collectively. While the first method
path. I particularly focus on the Fundo de reflects a vertical structure of power, with the
Fomento de Exportação (the state export production and release of standards, the
promotion office), perusing both archival second reflects a more horizontal structure,
sources and films that were commissioned or with a collective participation in the production
sponsored by the Fundo. of knowledge. In both cases, however, the
I suggest that, by highlighting the key images make possible the construction of
historical and societal process ultimately adequate behavior and cognitive models for
behind a wide range of “other films”, the idea teams of workers. The aim of this paper is to
of “films from the industrialization” can add to launch a debate on how the production and
our knowledge of the films themselves, their circulation of images can integrate strategies
contexts, contents and uses, as well as to of production of bodies physically and
their mobilization as valuable documents, mentally adapted to the industrial productivity.
particularly in what pertains to the usually less The cinematic examples discussed will be
studied ideological and cultural sides of taken from French companies of the 20th
industrialization. century.
G2
GT Outros Filmes (II)

Amateur industrial films from West Fábricas – o lugar do sujeito no trabalho


Germany – The case of “The Filming coletivo
Baker’s Wife” Elisabeth Wilms Adriana Cursino
Alexander Stark (UC3M / IE University, Espanha)
(PUM / JWGU, Alemanha) -
-
This paper shifts the focus away from high Vidrios Partidos (2012, Víctor Erice) e
value industrial films and their well-known Memorándum (2013, Juan Millares) são
production companies to the lower financial documentários que se apropriam de imagens
end of film production. It focuses on the case sobre trabalho industrial feitas do início do
of Elisabeth Wilms (1905-1981), a filmmaker século XX. Os filmes nos levam a refletir sobre
from Dortmund, Germany, who started filming crises econômicas e sociais, mudanças nos
as a hobby in 1941. After the end of the processos de produção e efeitos nas vidas dos
Second World War she succeeded in trabalhadores. São retratos de mundo que
establishing herself as a producer of lançam olhar retroativo para o trabalho coletivo,
commissioned films while keeping the que outrora representou paradigma de
“amateur filmmaker” label and her day job in desenvolvimento e hoje tende a tornar-se
the family owned bakery and grocery store. memória histórica. Vidrios Partidos foi filmado
Wilms worked for diverse customers during na fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela,
the following decades, but industrial film em Guimarães, ativa de 1845 a 2002. Para
production long formed the financial Erice a fábrica era como um “Titanic submerso,
backbone of her activities. She completed 28 imenso, abandonado, com alguns vestígios de
industrial films during her lifetime, which she vida (…)”. A partir de fotografia encontrada no
shot for various companies and purposes. I antigo refeitório e entrevistas roteirizou relatos
take a closer look at her work methods and e selecionou personagens para retratar
films to examine the particularities of her experiências de vida. Memorándum apropria-se
case, which, amongst other things, bring to do institucional feito para Westinghouse, Girls
the fore the interconnections between Taking Time Checks (1904, Billy Bitzer), para
amateur and sponsored filmmaking: In her ensaiar com voz off uma história de amor entre
effort to work as a one-woman-company and uma das 200 trabalhadoras e um funcionário
to assert herself as an inexpensive amateur, sufocado pelos princípios tayloristas. Qual o
she was able to cover a low budget niche in lugar do sujeito nas experiências de trabalho
industrial filmmaking, which wasn’t profitable coletivo? Como vidas podem ser moldadas por
for larger production companies. Her films, ideias de nação? Os filmes promovem reflexão
niche products themselves, only circulated in sobre modo de trabalho representativo do
a small number of copies. Her case also paradigma de desenvolvimento.
sheds light on how both filmmakers and film
commissioners were often amateurs in the
film business – a fact that gained little
attention in previous research, but often had a
huge impact on the film production process.
G3
GT Cinema, Som, Música e Linguagem

Documentários e paisagens sonoras:


experimentações em territórios sertanejos
Juliana Michaello Dias
(UFAL, Brasil)
-
O trabalho discute a importância da
paisagem sonora enquanto produtora de
sentidos no cinema documental, analisando a
sonoridade enquanto aspecto cultural capaz
de ativar interpretações não imediatas no
discurso fílmico. Ainda que a questão sonora
esteja presente como aspecto fundamental
da linguagem ficcional e documental desde
os primórdios do cinema, há certa
prevalência da imagem sobre o som na maior
parte dos discursos produzidos através das
narrativas audiovisuais. No artigo
pretendemos discutir as possibilidades
trazidas por uma abordagem na qual, em
meio ao discurso documental, a sonoridade
se apresenta enquanto matéria fundamental.
Para discutir a fundo essa questão,
analisaremos a noção de documentário
sonoro a partir da experiência de produção
de três filmes, resultados de pesquisa
intitulada “Mapeamento sonoro do Sertão
alagoano”, desenvolvida pelo Grupo de
Pesquisa Nordestanças. No tratamento dado
ao material mapeado na pesquisa, ora o som
é ampliado pelas fontes de captação, onde
destacamos a interferência de microfones,
fones e equalização na percepção auditiva,
ora é colocado para o ouvinte de maneira
próxima em contraste a imagens distantes de
um mesmo local. Há desde disjunções a
mudanças de foco, ampliações, contrastes e
simbioses entre imagens e sonoridades,
numa tentativa de compor um discurso sobre
o audível através das experiências sensíveis.
O artigo pretende evidenciar e discutir, as
possibilidades desta forma de propor o
cinema documental.
G3
GT Cinema, Som, Música e Linguagem

Identidade e cinema: o rol do galego na Un modelo simple para el sonido


construción dunha identidade cinematográfico
cinematográfica galega propia Alberto José Canán
Brais Romero Suárez (BUAP, México / USMB, França)
(USC, Espanha) -
-
A Lei 6/1999 do Audiovisual define como un Utilizaremos los conceptos de ilusión e
dos principios xerais da actividade imaginación estéticas en relación con el
montaje extendiéndolos al sonido fílmico, así
audiovisual, no seu punto 4.b, “a promoción e
el sonido deviene un análogo al montaje de
difusión da cultura e normalización da lingua
imágenes. Kuleshov mostró que el simple
galega, así como a defensa da identidade
montaje de dos planos fílmicos genera un
galega”. Identidade e lingua vincúlanse no significado que no está contenido en ninguno
que é o primeiro texto legal que busca de los planos montados. Partiendo de dos
regularizar o audiovisual galego. Este planos, formalizamos el contenido dramático
primeiro fito é continuado pola creación de de cada plano considerándolo una ilusión
liñas de axudas para o cinema nas que se fai estética. El plano 1 genera su contenido
fincapé no idioma como elemento importante, dramático A (ahí está un hombre), el plano 2
polo que nos fai pensar que idioma e genera su contenido dramático B (ahí hay
identidade son, para o cinema galego, dous comida). A y B corresponden a lo que sí se
conceptos que camiñan xuntos. Esta ve en ellos pero se sabe que A y B no son el
comunicación busca, partindo da orixe do registro de una realidad sino cada uno el
registro de una escenificación. A y B son
termo identidade nos textos de Hall e
pensamientos con una base sensorial dada
Bauman, definir o rol que ten o idioma na
por escenificaciones: ilusiones estéticas. Con
construción dunha identidade nacional para, base en A y B el espectador genera la
posteriormente, aplicalo ao caso galego, clausula T (el hombre ve la comida y tiene
concretamente, á relación entre cinema, ganas de comerla) que es el significado
lingua e identidade. Ademais, a análise dos inducido por el montaje. T no corresponde a
autores, teóricos e críticos e da evolución da nada que sea vea en los planos, es mero
linguaxe legal das bases das axudas ao pensamiento (Bordwell): T no es una ilusión
cinema permitirá inferir cara onde se dirixe estética sino una imaginación estética.
esa identidade galega: cara a consagración Aplicamos el modelo a la ilusión estética
ou cara a desaparición? visual generada por un plano y la ilusión
estética auditiva generada por el sonido
acompañante. Ambas ilusiones inducen una
imaginación estética: un plano muestra una
mujer desapareciendo en un callejón obscuro
(A), se escucha un grito femenino (B), el
espectador piensa que algo le ocurrió (T).
Con este modelo pasamos a los diálogos y al
sonido no diegético.
G4
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (IV)

Actos de Contrição Imagens pós-coloniais entre os Cinemas e


Paulo Cunha o Djumbais
(Labcom.IFP-UBI, Portugal) Catarina Laranjeiro
- (CES-UC, Portugal)
-
Produzidos no pós-Revolução de Abril, Traçando uma breve contextualização em
Adeus, até ao meu regresso (António-Pedro torno do cinema colonial na Guiné-Bissau,
Vasconcelos, 1974) e Acto dos Feitos da vou debater as fragilidades e as
Guiné (Fernando Matos Silva, 1980) são dois potencialidades dos filmes produzidos no
filmes que abordam o legado colonial decorrer da Luta de Libertação liderada por
Amílcar Cabral. Procurarei não apenas
português através de imagens e discursos
respostas, mas novas perguntas, em torno
produzidos durante o Estado Novo: o filme de
dos filmes produzidos pelos cineastas “caça-
Vasconcelos usa imagens de arquivo da revoluções” das décadas de 60 e 70,
televisão portuguesa com as célebres comprometidos com o movimento do Tercer
mensagens de Natal dos soldados Cine. Mais explicitamente, debaterei se estes
portugueses mobilizados na Guerra Colonial; filmes foram capazes de cumprir o propósito
o filme de Matos Silva usa imagens de de “dar voz” aos povos dominados pelo
arquivo dos Serviços Cartográficos do colonialismo. Explorando o lugar que os
Exército, captadas pelo próprio realizador filmes de guineenses do pós-independência,
também mobilizado para o conflito armado na realizados por Flora Gomes e Sana Na
Guiné-Bissau. Interessa-me questionar N’Hada ocupam no imaginário guineense e
criticamente o processo de acção destas europeu, termino refletindo sobre as
obras como tentativas de desconstrução de produções fílmicas que jovens urbanos de
Bissau, realizam e comercializam
uma narrativa histórica através da linguagem
informalmente.
cinematográfica. Através de uma análise dos
elementos verbais (narração, diálogos) e
visuais (enquadramento, montagem, mise-en-
scène), pretendo contribuir para uma reflexão
sobre que tipo de imagens e discursos são
construídos por estes filmes: pós-coloniais,
descoloniais ou anti-coloniais?
G4
GT Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos (IV)

Constelações fílmicas: fantasmagorias Branco Sai, Preto Fica: A música como


sociais no cinema ibero-americano potência do comum multitudinal
Mariana Souto Arthur Lins
(USP, Brasil) (UFF, Brasil)
- -

Tendo como base a noção de “constelação No filme Branco Sai, Preto fica (2014), de
fílmica” como forma de operacionalização de Adirley Queirós, a música, em sua estreita
uma pesquisa comparatista no cinema, relação com as paisagens sonoras de
procedemos a uma análise da presença de Ceilândia, é o fio condutor que reativa
fantasmagorias nos cinemas ibero- memórias, reaviva experiências passadas, e
americanos, tendo como âncora o filme A prepara o terreno para uma ação subversiva
mulher sem cabeça (Lucrecia Martel, 2008), por vir. Neste ensaio, pretendemos levantar
que se expande em possibilidades algumas questões sobre a figuração do som
interpretativas na relação com outras obras. no filme, além de refletir sobre as
Pensar num corpus como constelação possibilidades políticas na constituição de um
favorece uma concepção relacional, que vê comum e uma multidão que podem
diálogos, tensões e afinidades entre as atravessar criativamente o cinema
obras, colocando-as em relação de alteridade contemporâneo brasileiro, em suas escolhas
umas com as outras. A metáfora, que estéticas e suas preocupações históricas.
buscamos tanto na astronomia como em Pensamos aqui a multidão a partir das
Walter Benjamin, caracteriza-se pela formulações de Michel Hardt, como “um
liberdade de estabelecer ligações entre conjunto de singularidades” (HARDT, 2004,
partes dispersas que se iluminam 1), uma potência em movimento,
mutuamente. Nessa constelação, situamos o incomensurável em sua força produtiva, em
filme de Martel junto a obras contemporâneas sua capacidade de constituir um monstro
de Lisandro Alonso, Kleber Mendonça e revolucionário. A multidão se impõe e traz
Pedro Costa. Trata-se não exatamente de consigo seus processos subjetivos em
fantasmas presente nas tramas dos filmes, mutação. Ampliar a multidão sem perder a
mas de uma maneira de filmar assombrada, sua dimensão política é tecer o comum em
que por vezes aciona convenções do filme de sua capacidade produtiva, sem esquecer as
horror para dar conta da experiência social forças e fluxos que entram em relação no
em tempos turbulentos. Destacamos, nesses momento em que ele é produzido. Caberia
filmes, a filmagem de outros de classe e de nos indagar como a música, em sua ampla
raça ora como vultos, sombras ou espectros capacidade de mover sensações e se
ora com seus corpos fragmentados ou disseminar na multidão, pode despertar uma
decapitados pela composição. São figuras força de criação capaz de subverter a lógica
relegadas, ao mesmo tempo, às margens da capitalista ao propor uma política pautada no
história e dos enquadramentos. Os filmes afeto e no bem-estar comum. É no campo do
constelados remetem a questões de classe imaginário e da fabulação, das maquinações
ou vivências coloniais violentas, traumas do simbólicas de um contrapoder emergente,
passado nunca superados em países como que Branco Sai, Preto fica age como filme-
Brasil, Argentina e Portugal. militante e subversivo.
G5
GT Cultura Visual Digital (I)

O cinema ao vivo: definições e Between real and virtual - A study on the


possibilidades artistic potentialities of virtual reality
Marta Pinho Alves systems
(CIEF / ESE-IPS, Portugal) Rogério Bordini
- (Unicamp, Brasil)
-
O cinema ao vivo consiste num espetáculo ao Just as photography and film went through
vivo de criação e apresentação de imagens periods of experimentation and doubts between
em movimento, para uma audiência, em scientists and artists until they were
tempo real. Neste, diferentemente do que consolidated as artistic media, virtual reality
ocorre no cinema convencional, as imagens devices (VR) will also have their natural time of
não têm um ordenamento pré-determinado, maturation until they find their own ways as
mas antes são organizadas e alinhadas no means of artistic creation. Although
curso da sua exibição. O cineasta torna-se experiments with VR systems are still subject to
num performer que, durante a apresentação, uncertainties among artists in relation to their
atua perante a audiência, manipulando e authenticity as a form of artwork creation, it is
construindo o filme ao vivo. Este partilha o possible to perceive that the technology
seu espaço de atuação com artistas de presents potential enough to bring new
diferentes áreas, que participam também da possibilities of relation with the artistic object, by
construção do espetáculo, e com os its elements of immersion and interaction. On
espectadores, que abandonam a sua habitual the other hand, due to the fact that this is a
postura passiva para passar a interagir com o recent digital technology, it is necessary to
filme. Nestas apresentações mesclam-se explore its totality to understand its creative
cinema narrativo e não narrativo, imagens e limits. To do so, this work promotes a
música gravada e ao vivo e artes discussion about the technical potentialities that
performativas: num mesmo evento são virtual reality systems can offer artists in the
integradas múltiplas expressões artísticas creation of aesthetic and significant
diferentes ultrapassando- se, assim, as experiences.
fronteiras da experiência cinematográfica
comum e caminhando no sentido da ideia
wagneriana de Gesamtkunstwerk (‘Arte
Total’). As características do cinema ao vivo
apontam, assim, para uma noção de
transdisciplinaridade – ou ‘transmedialidade’
– que origina o debate acerca do lugar da sua
integração dentro do espectro das artes ou
dos media. A presente comunicação procura
mapear e analisar distintas manifestações de
cinema ao vivo e identificar os seus modos
fundamentais de expressão contemporânea.
G5
GT Cultura Visual Digital (I)

Ficção no Youtube: a autenticidade como


efeito e estratégia narrativa
Francisco Merino
(Labcom.IFP-UBI, Portugal)
-
Passaram mais de dez anos desde o
lançamento do Youtube e, em certa medida,
está ainda por fazer uma análise exaustiva
do seu impacto no estilo e nos processos de
narração. As consequências desta plataforma
no ecossistema mediático têm sido
habitualmente estudadas sob a lente das
Teorias dos Media, que tende a realçar a
cultura participativa, a pluridiscursividade e
até as patologias da democracia
contemporânea, enquanto que as suas
fórmulas, formatos e géneros narrativos
permanecem indefinidos, transitórios e,
sobretudo, continuam a furtar-se a análises
assentes na especificidade dos modelos de
narração. A lógica funcional do Youtube
parece privilegiar modalidades de
representação fortemente vinculadas à
discursivização da experiência subjetiva, até
mesmo em produtos manifestamente
ficcionais, e promover uma ideia de realismo
que conjuga o vlogging e a herança da reality
television. Tendo como objeto de análise um
corpus restrito e, simultaneamente,
diversificado de webséries de ficção,
tentaremos identificar e definir o que
classificamos como o efeito da autenticidade,
um modelo de representação do real em que
esta plataforma se tem especializado e a que
a ficção não estará de todo imune.
Procuraremos integrar os padrões narrativos
e estilísticos que contribuem para o
desenvolvimento deste efeito no âmbito das
estratégias tradicionais da representação
realista e, simultaneamente, identificar a sua
especificidade no seio dos modelos
diegéticos nativos do digital.
H 16 maio
16h00 — 17h45
H1
GT Cinema e Materialidades (II)

Uma questão de identidade? A paisagem


Filmar palavras: materialidade e
reflexividade da escrita em Journal d’un sonora transmontana no cinema
curé de campagne português
Bruno Fontes Tiago Fernandes
(CLP-UC, Portugal) (Labcom.IFP-UBI, Portugal)
- -
Apesar de a sua aproximação fílmica ser O território transmontano constitui uma
marcadamente não literária, quando paisagem repleta de tradições e
comparada com a de Jean-Luc Godard, comunidades com uma maneira única de
Robert Bresson defende, nas suas Notas ouvir o mundo que tem merecido, nas últimas
sobre o Cinematógrafo, que o cinema é “uma décadas, uma atenção particular na história
escrita com imagens em movimento e sons”. do cinema português. Contudo, os aspetos
visuais acabam por ter todo o protagonismo
Este aparente paradoxo, também notado por
em relação a outros aspetos que também
Sontag (2004), levou a autora a afirmar que a
compõem essa paisagem, nomeadamente, a
forma fílmica do cineasta, mais do que um sua camada sonora. A partir da análise dos
expediente visual, é fundamentalmente o seu filmes Trás-os-Montes (1976, Margarida
modo caraterístico de narração, ou seja, é o Cordeiro e António Reis) e Portugal – Um dia
recurso que conta as histórias dos seus de Cada Vez (2015, João Canijo e Anabela
filmes. Esta situação é bastante evidente em Moreira), pretendo analisar e refletir sobre a
Journal d’un curé de campagne (1951), um singularidade e relevo antropológico da
filme onde a palavra escrita é de tal modo paisagem sonora transmontana enquanto
importante que em vários momentos é o experiência transcendente e impermeável à
único elemento presente no enquadramento, passagem do tempo. Independentemente
mas também onde a relação entre palavra e das evoluções técnicas e das transformações
sociais que, naturalmente, ocorreram em
autoria é anunciada desde o genérico inicial.
quase quatro décadas que separam as duas
Por conseguinte, esta comunicação pretende
obras, interessa-me, acima de tudo,
apresentar o filme enquanto um ato de compreender de que forma os elementos
escrita, embora, no seguimento de Bazin sonoros da paisagem contribuem para a
(1991), emancipando-se das noções dos construção de uma determinada identidade
adaptation studies e expondo uma visão “não regional. Adicionalmente, esta apresentação
literária” do papel da escrita, que será pretende dar um contributo para o estado da
entendida enquanto materialidade do próprio arte dos estudos de som no cinema
filme. Notar-se-á ainda a relação da escrita português que, frequentemente, são
com a(s) voz(es), propondo-as enquanto desvalorizados na produção historiográfica.
palavras audíveis, e defendendo que, mesmo
quando não existe texto, estamos ainda
perante um regime de escrita. Será então
comprovado como este modelo reflexivo, no
qual a forma da obra de arte está presente de
modo enfático (Stam, 1992), é o veículo para
preencher magnificamente as prescrições de
Astruc (1992) sobre a caméra-stylo.
H1
GT Cinema e Materialidades (II)

Prácticas sonoras en el cine portugués


contemporáneo (2000-2018)
Vanja Milena Munjin Paiva
(UNL, Portugal)
-
La presente ponencia se centra en el estudio
sobre las prácticas sonoras dentro del cine
portugués contemporáneo (2000-2018) por
medio de la pregunta por la función política
que cumplen a nivel de la forma
cinematográfica “lo que canta, lo que suena,
lo que habla” (QUIGNARD, 1996).
Proponiendose la idea de un fuera de campo
sonoro referido a aquello que los filmes no
pueden o no buscan representar visualmente
pero añaden, refieren o construyen
sonoramente. La banda sonora caboverdiana
de Cavalo Dinheiro (Pedro Costa, 2014) cuya
letra habla precisamente de alguien que se
va a Lisboa a trabajar mientras vemos
retratados a los habitantes del barrio negro
lisboeta de las Fontainhas, los hombres que
entrenan el canto de sus pájaros en plena
crisis económica de Portugal en As mil e uma
noites (Miguel Gomes, 2015) o la disonancia
sonora de la composición de António de
Sousa Dias para Naturaleza Morta (Susana
de Sousa Dias, 2005) que construye la
sensación de terror que la directora logra
reencuadrar en los registro del régimen
dictatorial de Salazar o el doblaje de João
Pedro Rodrígues sobre la voz de su
protagonista en vías de transformación
espiritual y corporal en O ornitólogo (João
Pedro Rodrigues, 2016) serían ejemplos
donde la construcción sonora del filme apela
a un gesto propiamente político, en el sentido
de política como lugar de lo común (NANCY,
1998/2003), de los comunes (RANCIÈRE,
2011) o de la comunidad (ESPOSITO, 2007;
AGAMBEN, 1996).
H2
GT Outros Filmes (III)

O Cine Jornal Brasileiro e a política La construcción de la imagen de la nueva


externa do Estado Novo España en el noticiario Jornal Português
Alvaro Americano Olivia Novoa Fernández e Mirian Tavares
(CIAC-UAlg, Portugal) (CIAC-Ualg, Portugal)
- -
A presente proposta faz parte da pesquisa de Entre otros instrumentos, los regímenes del
doutoramento na Universidade do Algarve S. XX se sirvieron de los noticiarios
“Cinema, Propaganda e Poder: O Cine Jornal cinematográficos y los transformaron en
Brasileiro (CJB) na Era Vargas”, que vehículos persuasivos de refuerzo ideológico
investiga o CJB como um dos instrumentos y construcción de su propia imagen a través
estratégicos usados pelo Departamento de de la fílmica. Los casos alemán e italiano son
paradigmáticos del uso propagandístico del
Imprensa e Propaganda para a divulgação
cine de no ficción, así como de los
dos valores e objetivos do “Estado Novo”. O
mecanismos de producción y control usados
cinejornal foi utilizado na articulação e por los estados para tales fines. El caso
implementação da ideologia estadonovista, portugués, menos visible, entraña
através da construção do diálogo que complejidades relacionadas con su propio
permitiu a aproximação do poder e a contexto sociohistórico. Si para Mussolini “La
sociedade, na busca de convencimento sobre cinematografia è l’arma più forte”, en Portugal
a importância da constituição dos pilares da es conocida la anécdota sobre la supuesta
nação brasileira sob a tutela do regime. Entre perturbación que a Salazar le provocó el pase
os assuntos abordados nas edições do CJB de la Revolução de Maio, película por
está a política externa do governo Getúlio antonomasia de la cinematografía
Vargas relacionada à importância assumida – propagandística lusa. Pese a su
ou presumida - do país entre as nações, a desconfianza, el dictador condescendió ante
los proyectos cinematográficos de sus
defesa de uma geopolítica direcionada à
ideólogos, Ferro y Lopes Ribeiro, tales como
formação de um bloco pan- americano, além
el Jornal Português. De igual modo, el Estado
das referências aos inimigos externos que Novo transigió y promovió, según convenía
ameaçavam o país no contexto da IIª Grande frente a los acontecimientos en el país vecino
Guerra. Investigamos, através das edições y mientras la coyuntura internacional lo
do CJB, como foi apresentada a estratégia do permitió, las manifestaciones
Brasil para a aproximação com os demais propagandísticas de carácter fascista. En
países do cone sul da América, o nuestra comunicación abordaremos en la
alinhamento com a política externa dos serie Jornal Português, el caso de las
Estados Unidos, especialmente após a imágenes que testimonian el apoyo a la
declaração de guerra aos países do Eixo, e a causa nacional, representativas de la
decisão de enviar tropas para os combates legitimización del franquismo en el país
ao lado dos Países Aliados. vecino, se valieron de la narrativa ideológica
falangista para trasmitir la idea de una nueva
España propicia al ya consolidado Estado
Novo.
H2
GT Outros Filmes (III)

O celular e a algema: imagens de


violência e conflitos de poder na realidade
brasileira
Felipe Polydoro
(UnB, Brasil)
-
Partindo de registros em celular da violência
urbana no Brasil e da noção de poder em
Michel Foucault (1987), discutiremos essas
imagens como expressão do conflito entre
duas formas de poder: a) Um modo de
dominação arcaico – vinculado ao passado
colonial – e voltado ao controle social,
baseado em violência física, tortura e
encarceramento. b) Novas formas de
dominação suaves e distribuídas, baseadas
em tecnologias de controle, potencializadas
com a disseminação do celular inclusive nas
áreas periféricas. Conforme Pinheiro (1991,
p. 48), durante todo o período republicano, o
Estado e a elite brasileiros sempre se
valeram de um regime de exceção paralelo,
baseado em práticas repressivas ilegais
como a tortura e a execução,
“independentemente das garantias
constitucionais”. Essas práticas
recrudesceram-se ao longo os anos 1980 e
1990 como resposta à demanda da
sociedade por uma postura mais dura das
polícias visando à coibição do aumento
exponencial nos índices de crimes como
roubo e furto (CALDEIRA, 1997). A repressão
calcada na violência convive dialeticamente
com as “novas tecnologias de controle ao ar
livre” (DELEUZE, 2010) típicas do universo
da computação e dos meios digitais, um
poder sutil e flexível que se dispersa entre os
sujeitos. Essa “naturalização da vigilância
como modo de olhar e prestar atenção na
cultura contemporânea” (BRUNO, 2008, p.
49) materializa-se sobretudo no
espalhamento das câmeras de segurança e
nas imagens amadoras.
H3
Linguagem Cinematográfica

A história da eternidade: uma proposta de La representación auditiva de la


análise de esquemas de mise-en-scène subjetividad. La focalización perceptiva
Bertrand Lira en Wonderstruck
(UFPB, Brasil) Diana Ramahí-García
- (UVigo, Espanha)
-
Ao longo da história do cinema, diretores, Las cuestiones asociadas al punto de vista
isolados ou em grupos como integrantes de que adopta un relato han ocupado
um movimento ou de uma escola, tradicionalmente una posición central en los
desenvolveram esquemas de encenação que estudios sobre estructuras narrativas en
conferiram a seus filmes uma aparência literatura. En el caso del medio audiovisual, la
particular que remetia a um determinado doble dimensión expresiva —visual y
estilo. No cinema contemporâneo, cineastas sonora— del texto, el consiguiente
se identificam com determinados esquemas desdoblamiento de la modalización de lo
estilísticos já historicamente consolidados em narrado —a través del saber, la mirada y la
algumas cinematografias e, por afinidade, escucha— y la habitual disociación de dichos
lançam mão de estratégias de encenação planos, han motivado, del mismo modo, que
para usá-las como veículos de suas la focalización se haya convertido en una
narrativas. São escolhas técnicas, a exemplo asunto de especial relevancia para la
do foco profundo, que permite, por exemplo, narratología audiovisual. La presente
uma opção por uma encenação em contribución se orienta al estudio de las
profundidade, só possível, de forma estrategias fílmicas relacionadas con el punto
deliberada, depois de 1925 com a produção de vista auditivo, aquel que plantea a priori
de objetivas mais luminosas, já que a mayores dificultades y parece haber recibido
profundidade de campo nas imagens do una menor atención académica, en la
primeiro cinema era uma determinante singular propuesta que al respecto constituye
“natural” (Martin, 1990). Usaremos o conceito Wonderstruck (Todd Haynes, 2017), filme
de estilo no sentido dado por Bordwell (2013: que se asienta narrativamente en el viaje
17) como “um uso sistemático e significativo físico y emocional de dos niños sin capacidad
das técnicas da mídia cinema em um filme” auditiva. Sostenemos así, y es objeto de este
que abrangem o domínio da cinematografia, estudio verificarlo, que el relato modaliza lo
mis-en-scène, montagem (edição) e o som narrado por la vía de su focalización a través
para analisarmos A história da eternidade de la escucha; y que en dicha modalización
(2014), primeiro longa-metragem do cineasta se recurre a mecanismos textuales de
pernambucano Camilo Cavalcante, onde producción de significado propios del medio
identificamos esquemas de encenação em cinematográfico.
profundidade e uso de longos planos-
sequência fixos, que o distancia do esquema
clássico da montagem em continuidade
intensiva largamente utilizado no cinema
mainstream contemporâneo.
H3
Linguagem Cinematográfica

Dos olhares possíveis: a metaimagem "Are you talking to me?" – Modelos


como proposta de intervenção do real em conversacionais na interpretação do
Blablablá e Manhã Cinzenta cinema
Natália Reis Vítor Moura
(UFJF, Brasil) (CEHUM-UMinho, Portugal)
-
-

Buscaremos analisar partindo do conceito de A proposta de que o cinema proporciona um


metaimagem desenvolvido por W.J.T. tipo especial de intimidade entre emissor e
Mitchell em Picture Theory: Essays on verbal recetor através de uma espécie de
and visual representation (1994), a inserção conversação sem interlocutor está presente
de imagens documentais na narrativa nos modelos conversacionais que têm sido
ficcional de duas experiências aplicados à experiência estética da ficção
cinematográficas realizadas no período cinematográfica. Dois modelos destacam-se
ditatorial no Brasil: Blablablá (1968) de neste contexto: o Intencionalismo de Paul
Andrea Tonacci e Manhã Cinzenta (1969) de Grice e a Teoria da Pertinência de Dan
Olney São Paulo. Mitchell propõe a Sperber e Deirdre Wilson. Ambos têm em
observação da metaimagem como método, comum a noção de que comunicar implica
partindo de um lugar onde “as imagens se não apenas a transmissão de informação,
revelam e se conhecem, onde refletem sobre mas igualmente o ato de tornar manifesta a
as interseções de visualidade, linguagem e intenção de transmitir essa informação,
similaridade, onde se envolvem em incluindo o modo em que essa transmissão é
especulações e teorias sobre sua própria produzida e como deverá ser rececionada. O
natureza e história.” (1994: 82). Sob a reconhecimento dessa intenção por parte do
perspectiva de uma imagem reflexiva, espectador pode ser relativamente simples
pretendemos pensar a metaimagem como também pode envolver mecanismos de
enquanto um dos fatores envolvidos na interpretação sofisticados que, uma vez
construção de narrativas que tangenciam o consumados, podem produzir no espectador
real, ou seja, um gesto que desloca a captura a impressão de um contacto privilegiado com
de um momento histórico para dentro da o autor da obra. Nesta apresentação, propõe-
ficção e confere a essas imagens uma face se uma análise do modo como estes dois
ambígua, nem uma coisa, nem outra, mas de modelos têm sido aplicados na deteção das
sentido flutuante. Nesse gesto de assimilação intenções, categoriais e autoriais, da obra
intentamos mais uma proposição que uma cinematográfica, um levantamento dos
questão, seria possível integrar a iconologia à problemas suscitados por essa aplicação, e
historiografia do cinema brasileiro? Falando uma salvaguarda de algumas das vantagens
de si as imagens também contam histórias? por eles sustentados: 1) uma explicação
A partir do processo de análise de alguns cognitivista, pertinente e muito plausível do
fragmentos que acreditamos se comportarem cinema, assente no papel central
como metaimagens, buscaremos então desempenhado pela atribuição de estados
compreender alguns dos aspectos da mentais ao autor por parte do espectador; 2)
produção cinematográfica em um período a defesa de uma interpretação que preserva
histórico de censura e agitação política, seus o respeito que sentimos pelo autor e por nós
percursos e limitações. próprios.
H4
Cinema e História

Arame farpado, Europa Central: rasgando Eurospy: um caso limite no estudo do


o uniforme e o céu de Berlim cinema e da história transnacional
Isabel Stein contemporânea
(FCSH-UNL, Portugal) Rui Lopes
- (IHC-NOVA / FCSH, Portugal)
-
Este paper pretende analisar Esta apresentação focar-se-á no potencial de
comparativamente duas representações um objeto de estudo praticamente por
visuais de um mesmo evento: em 1961, o explorar: a vaga de cinema de espionagem
soldado Hans Conrad Schumann deserta do europeu dos anos 60, quando a popularidade
exército da República Democrática Alemã ao da série 007 se traduziu em centenas de
efetuar um salto para a Alemanha Ocidental filmes britânicos, espanhóis, franceses,
italianos e/ou alemães do subgénero
sobre aquilo que viria a ser o Muro de Berlim
Eusospy. Estas obras são um objeto
– então um emaranhado de arame farpado. A
transnacional por excelência, seja ao nível da
ação foi capturada pela lente do fotógrafo produção (a grande maioria eram
Peter Leibing e tornou-se um foto-ícone da coproduções com incentivos fiscais da CEE,
Guerra Fria – a imagem ficou conhecida rodadas em vários países e com equipas
internacionalmente como Leap Into Freedom. nacionalmente diversas), do discurso
O vídeo feito pelo cameraman que aparece (imagens de múltiplos países, enredos sobre
na fotografia de Leibing, porém, é agentes que atravessavam fronteiras em
completamente desconhecido. A partir das nome de valores ou ameaças comuns), da
características particulares de cada um circulação (os filmes eram distribuídos
desses objetos específicos, e de cada um internacionalmente em grande escala, sendo
dos meios – a imagem estática e a imagem transformados por diferentes lógicas de
promoção, dobragem e censura) ou da
em movimento –, pretende-se compreender o
receção (foram reapropriados por públicos
processo de iconização da fotografia e o
diversos, especialmente obras que
esquecimento do filme no espaço público da atravessaram a “cortina de ferro”). Não
Guerra Fria. O que faz com que o salto obstante, nem a “viragem transnacional” dos
capturado por Leibing tenha sido “para a estudos de cinema (Bergfelder 2005;
liberdade”, enquanto esta mesma cena Ezra/Rowden 2006) nem a “viragem cultural”
apreendida por outra câmera foi esquecida? da história política contemporânea
A partir de propostas feitas por autores como (Oliveira/Reis/Finney 2018), em particular da
Marie-José Mondzain, Michel de Certeau e Guerra Fria (Jarausch/Ostermann/Etges
Eduardo Cadava, sugere-se que os conceitos 2017), ocorridas na última década e meia
de suspensão e retenção são precisamente conduziram a uma análise aprofundada deste
as chaves determinantes para que se fenómeno de massas. A apresentação
entenda estes processos. examinará os ângulos cegos que explicam
essa ausência e argumentará que a
investigação deste objeto pode não só
contribuir para enriquecer os dois campos de
estudo como para potenciar uma maior
articulação entre eles.
H4
Cinema e História

La grande illusion e La règle du jeu:


Relações de classe e cidadania em tempo
de guerra
Sérgio Bordalo e Sá
(INET-MD / FMH-UL, Portugal)
-
Feitas no final da década de 30, e com
apenas dois anos a separá-las, estas duas
obras-primas de Jean Renoir enfatizam o
tema da guerra. Sendo parte da narrativa em
La grande illusion (1937), que decorre numa
prisão alemã na I Guerra Mundial, a guerra
está sub-repticiamente presente em La règle
du jeu (1939), realizado no mesmo ano do
início da II Grande Guerra. A influência do
que estava a acontecer no mundo exterior é
muito relevante em ambos os filmes e
condiciona as atitudes e comportamentos das
personagens. Renoir referiu-se em várias
entrevistas à morte progressiva de um certo
tipo de fidalguia, no entanto, o respeito que
ainda assim perdura entre os oficiais alemão
e francês em La grande illusion, não existe
mais em La règle du jeu, em que cada
personagem está muito mais preocupada
com si própria do que com os outros. A
questão da cidadania está ligada à hierarquia
subjacente às relações de classe, estando a
nobreza acima do povo. No entanto,
enquanto em La grande illusion, ainda há
uma unificação entre as personagens em
torno da mesma ideia de cidadania, quando
todos entoam “A Marselhesa”, o mesmo não
acontece em La règle du jeu, em que, antes
de se verem como cidadãos, a maioria das
personagens salientam o facto de serem
membros nobiliárquicos. No cruzamento
entre ficção e realidade, veremos como os
filmes espelham o próprio percurso político
de Renoir, que vai do optimismo à desilusão
com o governo da Frente Popular em França.
H5
GT Cultura Visual Digital (II)

Videoclip e estética do autêntico na Subjetividade em diferentes telas:


cultura hip hop Produção audiovisual para um Cinema
Luís Nogueira Menor na periferia do Rio de Janeiro
(Labcom.IFP-UBI, Portugal) Alita Sá Rego
- (UERJ, Brasil)
-
Género audiovisual tradicional e Este texto desenvolve alguns conceitos que
tendencialmente associado ao artifício tratam da interface entre imagem em
técnico, ao esteticismo pop, ao hedonismo movimento e tecnologia de redes na
celebratório, ao frenesim rítmico ou ao produção de subjetividade no mundo atual.
cuidado plástico, o videoclip apresenta-se, na Apontaremos as transformações provocadas
realidade, quando objeto de uma análise nas práticas de produção e distribuição das
mais atenta, um meio de expressão criativa imagens em movimento a partir da
plural nas suas modalidades, motivações e intensificação da cultura digital, cartografando
valores. Um caso que nos parece as formas como elas se apresentam nas
extremamente relevante para uma reflexão diferentes plataformas. Verificaremos como
sobre a diversidade do videoclip – e os produtores de audiovisual da Baixada
contrariando as expectativas e assunções Fluminense, na periferia do Rio de Janeiro,
mais comuns – é o da cultura hip hop. Em se apropriam da tecnologia para inventar
muitos dos videoclips associados a este formas de resistência o universo das imagens
género musical, é frequente encontrarmos em movimentos distribuídas pelas redes
signos de uma autenticidade que desde o sociais on line a partir da ideia de um cinema
início foi encarada como valor ético e como menor. O conceito de cinema menor surgiu a
estratégia estética pelos seus criadores. partir do deslizamento do conceito de
Desde os anos 80, sobretudo, que esses Literatura Menor, desenvolvido por Deleuze e
signos estão presentes, seja em pioneiros Guattari no texto “Kafka, por uma Literatura
como Afrika Bambaataa, Public Enemy ou Menor”. A Literatura Menor é produzida por
NWA, seja nos inúmeros artistas que uma minoria que se apropria dos recursos da
proliferaram em anos mais recentes, tanto Literatura maior, através de agenciamentos
em abordagens mais marginais quanto em que exprimem novas formas de pensar, agir
propostas mais mainstream. Através da e sentir. Focaremos nos processos inventivos
análise de um corpus quantitativamente de produção no contexto pós-midiático,
significativo de obras, o objetivo do presente fortalecendo ferramentas teóricas sobre
estudo consiste em ensaiar uma estética do cultura digital, redes sociais, multimídia e
autêntico no videoclip a partir deste género audiovisual que complementam o processo
musical, de algum modo propondo uma experimental de produção, auxiliando na
aproximação ao discurso documental e às prática da problematização e na busca de
suas caraterísticas. soluções inventivas para os problemas
encontrados no percurso. Utilizaremos
conceitos de Deleuze, Guattari e Foucault,
além da bibliografia especificas sobre
tecnologia, cinema e cultura visual digital.
O tempo das Huacas: Musealização de
corpos ameríndios e artivismo para
contra-representações éticas e estéticas
Rui Mourão
(FCSH-UNL, Portugal)
-
In the Carmo Archaeological Museum
(Lisbon), the mummified bodies of 2 members
of the Chancay culture are exhibited inside
glass display cases, in a room where a brief
information plaque makes no mention of the
ethical questions posed by human remains in
museums’ collections, particularly of those of
Indigenous and colonized peoples. The
bodies are surrounded by bookshelves with
Archaeology and Anthropology literature,
above which stands a row of portraits of 19th
century archaeologists. The bodies thus
occupy the vanishing point where all eyes
meet - the othering gaze of 19th century
archaeologists, as well as the eyes and
camera lenses of museum visitors today. O
Tempo das Huacas is a collaborative project
created by Filipa Cordeiro and Rui Mourão,
which arose from a sense of urgency to
counter the silence around the exhibition of
the bodies and the historical unbalances it
sustains. The voices of the Chancay were
most notoriously absent from the museum.
We deemed it meaningful to listen to the
positions of a plurality of Indigenous
individuals from different communities. South-
American Indigenous artists whose practices
challenge the narrow representation of
Indigeneity reproduced in European
museums, were invited to produce videos
taking a stand on the Carmo Museum display.
A non-oficial guide was also created,
containing texts by 5 museum experts and
visual activists. Lastly, an artivist performance
took place in the museum and a website was
created.
I16 maio
18h00 — 19h45
I1
GT Cinema e Materialidades (III)

Ofício de Censor: cortes a imagens, som, Censura cinematográfica no Brasil e em


legendas Portugal: comparando bases discursivas
Ana Bela Morais José W. de Oliveira Júnior
(CEC-FLUL, Portugal) (FLUL, Portugal)
-
-
Através do estudo dos mecanismos da Brasil e Portugal, dentre outras tantas coisas,
censura impostos ao cinema, sobretudo compartilham períodos de suspensão do
longas-metragens estrangeiras mas também regime democrático com a instauração de
nacionais, em Portugal durante os anos da ditaduras civis-militares. Dentre as medidas
governação de Marcelo Caetano (finais de tomadas pelos dois regimes ditatoriais temos
1968-1971), pretende-se investigar como era a censura prévia às produções culturais, o
que garantia que, antes de vir a público, as
efectuado o trabalho de censor . A presente
produções fossem submetidas à apreciação
investigação apoia-se no estudo dos arquivos
de censores que tinham o poder de modificar
do Secretariado Nacional da Informação e e suprimir trechos ou até proibir a veiculação
Turismo. A informação produzida pela das obras apreciadas. Nesta comunicação
Comissão de Exame e Classificação de temos como objetivo analisar as bases
Espectáculos, durante o Estado Novo, está discursivas utilizadas pelos censores para
concentrada neste espólio que se encontra mutilar ou proibir integralmente produções
no Arquivo Nacional da Torre do Tombo cinematográficas que entrariam em
(ANTT). O fundo documental apresenta circulação em Portugal e no Brasil. Em outras
informação sobre os modos de actuação dos palavras: quais os argumentos utilizados
censores, os pareceres em relação aos pelos censores brasileiros e portugueses
filmes e acerca dos recursos apresentados, para a supressão de trechos dos filmes?
bem como os relatórios dos processos de Quais as bases ideológicas que sustentavam
discursivamente o trabalho dos censores?
censura. O nosso enfoque será o comentário
Havia documentos que direcionavam o olhar
a alguns documentos que encontrámos no
dos agentes da censura fílmica? Tendo como
ANTT e que revelam bem como o trabalho de referência essas questões, intenta-se fazer
censor actuava sobre o objecto uma análise de como os censores dos dois
cinematográfico mutilando-o, através de países liam as películas submetidas e
cortes a imagens, ao som, e às legendas, percebiam possíveis ameaças aos regimes e
durante os anos do governo de Marcello suas bases ideológicas, especialmente
Caetano (finais de 1968-1974). As bases dentre os anos de 1968 e 1974, período do
estruturais desta apresentação assentam no endurecimento do regime militar brasileiro e
estudo dos Processos da Direcção Geral de do governo de Marcello Caetano em
Censura entre finais de 1968 e 1974.No final Portugal.
da nossa investigação de Pós-doutoramento
propomos apresentar e comentar alguns
documentos que encontrámos no ANTT e
que revelam bem as mentalidades dos
censores e os critérios que presidiam à acção
da Comissão de Censura nos anos referidos.
I1
GT Cinema e Materialidades (III)

Palavras em movimento: testemunho vivo Quase objeto – A estética do inacabado


do património cinematográfico, uma na adaptação ao cinema do conto
História para criar Embargo, de José Saramago
Raquel Rato Érica Faleiro Rodrigues
(IHC-NOVA FCSH, Portugal) (Birkbeck-U. London, Reino Unido / IHC - NOVA
FCSH, Portugal)
-
-
A História Oral como metodologia para a Esta apresentação toma como ponto de
recolha, prática de investigação e divulgação partida o filme Embargo, baseado no conto
das resultantes da pesquisa, constituirá uma homónimo de José Saramago, conto este em
via singular para a compreensão da memória que a situação política e a mecanização da
e da História do cinema português, criando sociedade convergem para criar um profundo
uma base de dados para uma reflexão sobre impacto no personagem principal. A
História e cultura cinematográfica, cultivando apresentação não incidirá sobre o filme
a partilha de informação e a criação de redes enquanto objeto acabado, mas antes sobre
com instituições que se dediquem à mesma as múltiplas hipóteses com as quais o
área de intervenção. A comunicação tem argumentista, o compositor e o director de
como tema a construção de uma História Oral fotografia se confrontaram antes de
do Cinema Novo português recorrendo ao chegarem ao formato final. Rudolf Arnheim,
suporte vídeo para a realização das famosamente, fez a crítica genética da
entrevistas. O audiovisual servirá de Guernica de Picasso e Italo Calvino a dos
instrumento de construção da História (não manuscritos de Leonardo da Vinci. Há muito
visível). De acordo com Ana Carolina Maciel, desenvolvida no campo da literatura, só nas
a partir dele, irá construir- se uma narrativa décadas recentes a crítica genética tem sido
própria, original e subjectiva, pautada na apropriada no sentido mais alargado da
lembrança dos testemunhos que vivenciaram análise de campos como a fotografia a
esse importante capítulo da cinematografia música. A análise do objecto fílmico a partir
portuguesa. Trata-se de despertar a memória da compreensão teórico-crítica da sua
dos testemunhos que trabalharam no Cinema construção ainda é um campo relativamente
Novo para se construir uma matriz que aporte inexplorado. Tomando como objecto de
uma forma mais completa de compreensão investigação os documentos do processo
de como era criar cinema nas décadas de criativo (rascunhos, esboços, argumentos,
1960-1980 em Portugal, e nas suas variadas diários e anotações), bem como várias
áreas. A História Oral, como metodologia entrevistas com os criadores, o que estará
teórica e a sua prática de produção de fontes em análise são as possibilidades de variação,
históricas, servirá igualmente para a fazendo-se assim um registo da exploração
compreensão da memoria como um processo inventiva, num processo que dissecará os
de construção do tempo presente. arquivos de formação do filme. Tratar-se-á de
uma ‘arqueologia’ do processo criativo,
procurando-se analisar a não-linearidade que
ocorre na adaptação literária ao cinema,
intentando-se uma morfologia da sua génese
e uma melhor compreensão dos mecanismos
criativos.
I2
GT Outros Filmes (IV)

Ruins of the industrial landscape in Gordon Matta-Clark, o artista como


Gordon Matta-Clark's work: entropy as a produtor
critical manifesto Raquel Schefer
Benjamin Léon (CEC-UL, Portugal / UWC, África do Sul)
(CEAC-U. Lille, França) -
-
The beauty of the spaces created by Gordon As obras site-specific de Matta-Clark não só
Matta-Clark's perforations should not excedem as fronteiras disciplinares,
overshadow the critical dimension of his work. deslocando-se entre a arquitectura, a
He proceeded from the beginning to a division performance, a fotografia e a imagem em
movimento, como permitem repensar as
and a transformation of the buildings, cutting
categorias binárias que presidem
literally in the walls, the partitions or the
historicamente à análise das relações entre
grounds. In the context of “industrial films” as estética e política, arte e sociedade. Incidindo
this year main subject within your research sobre a obra cinematográfica de Matta-Clark
group, it seems relevant to question the e contemplando a sua dupla vertente - a
critical dimension which is at the heart of his documentação da produção artística e uma
artistic approach. It reveals a negative singularidade estética por vezes autónoma,
dialectic characterized by the permanent como em City Silvers -, procurar-se-á
deconstruction of the places explored by examinar o estatuto e a função destes “filmes
Matta-Clark. How to qualify the images outros” e redefinir a posição do artista face à
constructed by the artist to document an esfera estética e à praxis vital a partir da
ephemeral work? Insofar as these images are noção de “autor como produtor”, de
Benjamin. A câmara constitui um instrumento
an integral part of certain installations, in what
fundamental no trabalho de este artista-
ways do they document the material
produtor. Dispositivo central no processo de
investigation of an abandoned industrial
documentação das performances e das
landscape? I will start my purpose with the intervenções arquitectónicas de Matta-Clark,
photographic series Walls (1972) which permite-lhe ainda explorar os efeitos de
captures remains of abandoned buildings to ruptura perceptiva gerados pelos seus
move towards the cut of the Bronx Floors building cuts, realizados no quadro do
(1972-73). Finally, the Day's End (1975) projecto Anarchitecture. Num segundo tempo,
project sees the artist to invest a post- argumentar-se-á que a produção artística de
industrial place that wants to be sustainable. Matta-Clark articula, superando-as, as
But in the absence of authorization, the place categorias de “vanguarda estética” e de
is closed, and the artist forced into exile. The “vanguarda política”. Examinar- se-á, com
resulting film remains the most radical esse intuito, os processos de desaurificação
e de desmaterialização da obra de arte, de
testimony of “anarchitecture” concept from
reinserção do trabalho industrial no espaço
Matta-Clark’s perspective. By choosing his
da representação e de releitura do cinema
artistic freedom as a paradigm essential to his como operação industrial que replica a
gesture, he runs up against his own system divisão capitalista clássica do trabalho.
and deploys his aporia as a critical system.
I2
GT Outros Filmes (IV)

Re-fotografar e reciclar: a imagem da Investigando os “outros filmes”: o caso


indústria após a era industrial do filme industrial
Leandro Pimentel Sofia Sampaio
(FCS-UERJ, Brasil) (CRIA-ISCTE-IUL, Portugal)
- -
A representação da indústria aparece de A minha comunicação discute o actual estado
forma paradigmática nas fotografias das da pesquisa, em Portugal, sobre (e com) o
vanguardas modernas na primeira metade do filme industrial, à luz das principais
século XX. Muitas dessas imagens carregam, tendências internacionais. Para além dos
além da crença na fotografia como estudos, geralmente no âmbito da história,
representação mais realista do mundo, um que têm como objectivo conhecer os
otimismo em relação ao progresso industrial. contextos originais (de produção, circulação,
A partir dos anos 60, junto com as mudanças exibição, etc.) dos filmes industriais (ex.
mais evidentes que ocorrem nos modos de Martins 2011), discutirei as motivações que
produção e nas relações de trabalho nas têm levado outras disciplinas – como a
indústrias, alguns artistas se debruçaram antropologia, a sociologia e os estudos
sobre a iconologia industrial para repensar artísticos, muitas vezes em modo
seu sentido e as possibilidades de lidar com interdisciplinar (ex. Vidal e Veloso 2016) – a
um projeto de mundo em vias de interessarem-se por este objecto. O objectivo
desmoronar. A proposta da comunicação é é identificar os instrumentos teóricos e
repensar a reciclagem de imagens industriais metodológicos que estão a ser aplicados, a
por artistas contemporâneos a partir do fim de estimular uma reflexão alargada e
investimento na materialidade do suporte e aprofundada sobre este género fílmico.
nas marcas que integram novas camadas de Sobretudo: em que é que tem consistido o
sentidos à narrativa. Para além da fotografia estudo destes filmes? Que novas e velhas
como meio de acesso ao referente e da perguntas têm vindo a ser colocadas? Que
montagem como estratégia para a ativação novos e velhos usos têm estes filmes atraído,
de outros sentidos, queremos perceber a nomeadamente, ao nível da sua
importância das inscrições que se somaram programação e migração para novas
ao corpo da imagem. Ao percebermos os produções?
carimbos, textos, rasgos, fungos e outros
rastros, parece possível acrescentar novas
camadas de sentido que indicam os
caminhos que a imagem seguiu e como
essas marcas manifestam o seu destino.
Para isso iremos produzir uma breve
genealogia das estratégias utilizadas por
alguns artistas na reprodução de imagens de
arquivo a fim de investigar os diferentes
modos como investiram na manifestação da
materialidade do suporte fotográfico no
trabalho.
Cinemas do Brasil

I3
O amargo obituário do cinema O cinema antropofágico do udigrudi
pernambucano brasileiro
Rodrigo Almeida Rodrigo Guéron
(UFRN, Brasil) (UERJ, Brasil)
- -
Essa investigação histórica de ordem mais A partir da concepção de “antropofagia”
prática, realizada inteiramente a partir de criado por Oswald de Andrade para superar a
pesquisas em jornais na Hemeroteca da dualidade entre um desprezo do Brasil por si
Biblioteca Nacional, resgata seis mesmo que levaria a uma submissão
acontecimentos esquecidos, descartados, colonizada e a busca de uma identidade
desconhecidos da história do cinema de nacional que resistiria a toda influência
Pernambuco, estado localizado no Nordeste estrangeira, analisaremos o movimento
do Brasil. Assim, lançando breves cinematográfico que aconteceu neste país os
perspectivas mnemônicas desde o final do anos 1960/70, denominado – meio ao
século XIX até a metade do século XX, desagrado de seus autores – de “cinema
partimos das primeiras exibições do marginal”. Este movimento, cujos principais
cinematógrafo na região, passando pelas diretores foram Rogério Sganzerla, Julio
primeiras produções realizadas por Bressane e Andrea Tonacci, foi chamado
imigrantes italianos no Recife, a relação também de “udigrudi” e identificado mais
desses italianos com o fascismo, a recentemente pelo crítico Jairo Ferreira como
dificuldade de separar os filmes que nunca um “cinema de invenção”. Radicalizando a
foram feitos dos que podem ser considerados proposta oswaldiana de antropofagia, o
desaparecidos até chegar no “udigrudi” marca uma diferença importante
desaparecimento de O Coelho Sai (1942), de em relação ao chamado “cinema novo” e a
Newton Paiva e Firmo Neto, o primeiro longa- concepção de “cultura popular”, inspirada no
metragem sonoro nordestino. A proposta se conceito de “nacional popular”, que
revela como forma de articular uma firme influenciou os cineastas cinemanovistas. O
defesa da importância da preservação da cinema marginal encara a situação trágica de
memória audiovisual local a partir do um país que já não era mais o mesmo diante
entendimento do esquecimento em da sua veloz industrialização e, em uma
determinadas sociedades enquanto uma situação um pouco diferente da encontrada
condição histórica. por Oswald, o que será agora
“antropofagizado” é a chamada “indústria
cultural”, e junto com ela uma “sub-indústria
cultural” local: o pop, o sub- pop, as mil uma
imagens de quinquilharias e publicidades dos
bens de consumo que inundam a vida e as
paisagens das grandes metrópoles
brasileiras, além dos clichês do cinema
hollywoodiano.
I3 Cinemas do Brasil

Amador, pero no mucho. O cinema super Empatia do espectador com os


8 do brasileiro Fernando Spencer personagens na cinemática de Glauber
Cláudio Bezerra Rocha
(Unicap, Brasil) Henrique Lima e Kelly Ambrozzio
-
(UBI, Portugal)
-
A distinção entre cineastas profissionais e Tendo como foco de análise as obras
amadores tem uma longa tradição e está Barravento, Deus e o Diabo na Terra do Sol,
relacionada ao surgimento e à O Dragão da Maldade e Terra em Transe, de
comercialização de equipamentos e películas Glauber Rocha, um dos principais nomes do
de custos mais acessíveis. Ao lançar o Cinema Novo, movimento cinematográfico
formato 16mm, em 1923, a Kodak criou um brasileiro influenciado pelo neorrealismo
italiano e pela Nouvelle Vague francesa, se
nicho de mercado e proporcionou uma
opondo ao cinema tradicional brasileiro de
ampliação do número de pessoas fazendo
até então, que consistia principalmente em
filmes fora do circuito do cinema industrial, musicais, comédias e épicos de estilo
cujo padrão adotado foi o 35mm. Em seus hollywoodiano. A proposta glauberiana busca
diferentes formatos, a tecnologia amadora a formação de uma nova arte para o Brasil,
democratizou os meios de produção e fundada a partir dos elementos culturais
proporcionou o surgimento de filmes brasileiros, propõe um sistema que retrate a
caseiros, independentes e experimentais. No realidade nacional brasileira, fome, religião,
Brasil, há registros de grupos e produções miséria e desigualdade social. Contudo, o
amadoras desde o final dos anos 1920. No discurso político e a arte trabalham em
entanto, somente na década de 1970 o harmonia com a empatia do público com os
amadorismo se expande pelo país com o personagens, unindo o que Glauber sinalizou
formato super 8. Um dos mais ativos como “força poética e emoção
revolucionária... um filme político deve ser
superoitistas daquela época foi o jornalista e
também um estímulo cultural e artístico”. Este
crítico de cinema, Fernando Spencer. Sua
artigo se propõe a discutir a relação existente
produção em super 8 envolve 25 filmes, entre entre arte, política e empatia do espectador
documentários, experimental, animação e com os personagens na cinemática de
ficção. A partir dos filmes visionados e de Glauber Rocha.
entrevistas concedidas pelo cineasta, esta
comunicação irá discutir como Spencer se
apropriou da tecnologia amadora para
construir uma obra fílmica peculiar. Se por
um lado a totalidade da sua produção em
super 8 não se constitui como uma ruptura
narrativa, nos moldes do movimento
underground dos anos 1960, por outro, não
segue os códigos canônicos do cinema
industrial. Na prática, a produção em super 8
de Spencer dialoga e reconfigura elementos
estético-narrativos tanto do cinema
experimental como do cinema tradicional.
Cinema Documental

I4
Documentário etnográfico: os limites e A relação com o outro no filme
interações entre a produção do documental (de cariz autoral) – O caso de
conhecimento e a visão subjetiva da Agnès Varda
narrativa fílmica Luisa Neves Soares
Carlos Eduardo Fialho (UFF, Brasil) e Tatiana (CEIS20-UC, Portugal)
Miranda (IBGE, Brasil) -
-
O documentário etnográfico resulta do O filme documental parte do real concreto do
processo de pesquisa, metodologicamente mundo e de quem o habita, para, através de
orientado, para o conhecimento do objeto uma mediação direta por parte do realizador,
com vistas a colocar em evidência questões existir enquanto objeto de criação. Nesta
sociais, culturais, políticas ou econômicas (ou análise, a reflexão parte de um tipo de
a combinação de algumas dessas áreas). cinema documental de cunho marcadamente
Mas, sendo um filme, a imagem de alguma autoral (documentários performáticos, na
coisa não é a reprodução fiel desse definição de Bill Nichols ou que cabem na
fenômeno, é sua representação atravessada definição de filme-ensaio), e por isso objetos
por fatores de escolha do autor na captura fílmicos em que a visão, posicionamento
das imagens e falas. É a realidade crítico, escolha e linguagem do autor se
representada. A voz do documentário, de assumem como determinantes. Para esta
forma geral, é o meio pelo qual essa comunicação, a proposta é a de questionar a
perspectiva singular se dá a conhecer. No relação que existe entre quem filma e quem é
documentário etnográfico, particularmente, filmado, a forma como acontece esse
essa voz é a forma de construção de encontro e quais os fatores que podem
narrativas com origem no desejo de expor influenciar ou ser determinantes nessa
fatos relevantes num campo específico de relação (tempo, proximidade cultural,
conhecimento. O suporte da pesquisa convicções, História, género, aparato técnico,
metodologicamente orientada ainda assim etc). Que tipo de relação é gerada e qual o
caracteriza o documentário etnográfico como grau de autenticidade desenvolvido com o
a exposição de um ponto de vista, trata-se de objeto de interesse por parte do realizador, o
uma narrativa que se expressa por intermédio sujeito a partir de quem o filme existe?
de opções do uso da imagem e som. Nos Analisar-se-á a forma como a realidade não
interessa, na nossa pesquisa, analisar os sendo adulterada é enquadrada por parte de
elementos que fornecem ao documentário quem a filma, qual o tipo de presença do
etnográfico uma linguagem própria, entre realizador fora e dentro de campo e o seu
eles, o mais notável, a aproximação entre envolvimento com o tema, tendo por base a
áreas das ciências sociais e o cinema, como obra documental de Agnès Varda, cineasta
plataforma da produção de conhecimento. que tem na sua obra uma voz, na aceção de
Como campo de análise trabalharemos com Nichols decididamente presente e
dois filmes documentários com fortes traços interventiva e cujo cunho autoral pode
etnográficos: Ex-Pajé (Luiz Bolognese, 2018) claramente ser reconhecido.
e Bixa Travesty (Kiko Goifman e Cláudia
Priscilla, 2017) analisando os pontos de
encontro entre o cinema e as ciências
sociais.
I4 Cinema Documental

Vieira da Silva vista a través del


documental
África García Zamora
(UEx, Espanha)
-

Maria Helena Vieira da Silva es una de las


figuras más importantes de la pintura
portuguesa del siglo XX y también una de las
más relevantes artistas de la Escuela de
París. Esta propuesta pretende analizar
documentales realizados sobre la figura de
esta pintora desde un punto de vista artístico,
llevando a cabo un análisis comparativo al
menos entre dos trabajos: Ma femme
chamada bicho, elaborado por el director
portugués José Álvaro Morais en 1978,
siendo este su primer largometraje. En él nos
presenta un retrato íntimo de Vieira da Silva y
de su marido el también artista Arpad
Szenes, pintor húngaro, quien fuera su
compañero por más de 50 años; ambos
aparecen en el documental guiándonos por el
transcurso de la narración. Vieira da Silva - A
Memória do Mundo, documental de 2005
transmitido por Radio y Televisión de
Portugal (RTP), que aborda la vida y obra de
Vieira da Silva centrándose sobre todo en los
periodos que pasó en el extranjero: Francia,
donde estuvo la mayor parte de su vida, o
Brasil, pasando por su matrimonio con Arpad
Szenes e intercalando importantes
testimonios de personalidades de la cultura y
otros ámbitos a nivel nacional e internacional.
Veintisiete años separan estos dos trabajos;
en nuestra propuesta se analizarán sus
diferencias y semejanzas, además de los
recursos empleados a nivel visual, artístico,
técnico, narrativo, biográfico, las fuentes de
información utilizadas, o las aproximaciones
hechas al artista..
Imagem, Música e Liberdade de
Expressão na Produção Audiovisual

Mesa-redonda: Música e Liberdade de


I5
Expressão na Produção Audiovisual História
(org. GT Cinemas em Português)
Allan Rocha de Souza (UFRRJ, Brasil), Vitor
Almeida Júnior (UFRRJ, Brasil), Vanessa
Souza (UFRRJ, Brasil), Alexandre Fairbanks
(UFRRJ, Brasil)
-
A viabilização de um produto audiovisual no
mais das vezes requer atenção e organização
de aspectos dos campos administrativo,
econômico e jurídico, que embora ultrapassem
as questões especificamente estéticas da
produção, podem impor-lhes restrições
indesejadas. Com o objectivo de abordar os
aspectos jurídicos mais próximos aos
elementos criativos da obra, serão trabalhadas
as questões referentes à música (inclusão e
gestão coletiva), imagem (fixação e
autorização) e liberdade de expressão (usos
transformativos e educacionais), considerando
sempre a dupla dimensão de usos de criações
alheias na produção e usos da produção por
terceiros. A estrutura jurídico-normativa – que
essencialmente consiste de normas de direitos
autorais, conexos e de proteção da pessoa –
serve como ponto de partida para a análise
interdisciplinar da dinâmica entre apropriação
e exclusividade versus liberdade e
disponibilidade, netse caso, aplicada aos três
temas da produção audiovisual aqui
enfrentados. A proposta é trabalhar as
questões inicialmente a partir do ordenamento
jurídico brasileiro e, posteriormente, iniciar um
processo de comparação a incluir os
diferentes países de língua portuguesa. Será
verificada igualmente a possibilidade e
viabilidade do desenvolvimento de um manual
de boas práticas para a produção audiovisual,
que seja juridicamente sólido, atenda às
demandas dos realizadores e produtores e
reflita um consenso mínimo entre os agentes,
de forma a ser aplicada e adotada. .
Comissão de Honra
Abílio Hernandez Cardoso (UC), Afrânio Catani (USP, Brasil), Alberto Pena Rodríguez
(U. Vigo, Espanha), András Bálint Kovács (ELTE, Hungria), André Parente (UFRJ,
Brasil), Antonio Checa Godoy (U. Sevilha, Espanha), António Pedro Pita (UC), Carolin
Overhoff Ferreira (Unifesp, Brasil), Fernão Pessoa Ramos (Unicamp, Brasil),
Francisco Rui Cádima (UNL), Isabel Capeloa Gil (UCP), Ismail Xavier (USP, Brasil),
João Mário Grilo (UNL), José Manuel Costa (UNL), Leandro Mendonça (UFF, Brasil),
Lúcia Nagib (U. Reading, Inglaterra), Luís Trindade (U. Londres, Inglaterra), Malte
Hagener (U. Marburg, Alemanha), Manuela Penafria (UBI), Mário Jorge Torres (UL),
Massimo Canevacci (U. degli Studi di Roma La Sapienza, Itália), Mirian Tavares
(UAlg), Moisés de Lemos Martins (UM), Nélson Zagalo (UM), Paulo Filipe Monteiro
(UNL), Randal Jonhson (U. Califórnia, EUA), Tito Cardoso e Cunha (UBI).

Comissão Científica
Albert Elduque (U. Reading, Reino Unido), Ana Bela Morais (ULisboa, Portugal), Filipa
Rosário (ULisboa, Portugal), Maria Irene Aparício (NOVA, Portugal), María Soliña
Barreiro (UPF, Espanha), Mariana Liz (ULisboa, Portugal), Marta Pérez Pereiro (USC,
Espanha), Marta Pinho Alves (ESE-IPS, Portugal), Nívea Faria Souza (FACHA /
UNESA, Brasil), Paulo Cunha (UBI, Portugal), Tiago Baptista (NOVA, Portugal),
Wiliam Pianco (UNICSUL)

Comissão Organizadora
AIM: Catarina Maia, Filipa Rosário, Maria do Rosário Lupi Bello, Mariana Liz, Marta
Pinho Alves, Nelson Araújo e Sérgio Dias Branco.

Organização Local: Iván Villarmea e Xosé Nogueira

Edição
AIM Maio de 2019

ISBN
[A definir]

aim.org.pt
aim.org.pt

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