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Vaticano abre arquivos de julgamento dos

Templários
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O Vaticano mantém um arquivo secreto que é disponível apenas aos


estudiosos da história tendo em vista a preciosidade dos documentos
e seu difícil manuseio; os documentos não são divulgados
amplamente também para que haja primeiro o entendimento correto
dos mesmos. Aos poucos o Vaticano está disponibilizando essa
riqueza histórica aos pesquisadores. Desta vez abriu seus arquivos
e publicará um inédito e exclusivo volume que reúne todos os
documentos de um dos grandes julgamentos da história, o que
representou o fim da “Ordem dos Templários”.
No dia 25 de outubro, o Arquivo do Vaticano apresentará a 799 fiéis
reproduções do “Processus contra Templários”, as atas do processo
da Inquisição contra os Cavaleiros do Templo no início do século XIV.

A publicação da obra faz parte da iniciativa “Exemplaria Praetiosa”,


que consiste na produção de exemplares com tiragem limitada de
obras exclusivas conservadas nos Arquivos Vaticanos. O projeto
prevê a publicação de reproduções fiéis, com todos os detalhes,
desde o uso do pergaminho aos selos dourados, de documentos de
grande importância histórica.

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Participarão da apresentação o Arquivista e Bibliotecário da Santa
Igreja Romana, Raffaele Farina, o prefeito regional do Arquivo
Secreto Vaticano, Sergio Pagano, e especialistas como o historiador
Franco Cardini e o arqueólogo e escritor Valerio Massimo Manfredi.
Fonte:

http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI1960477-
EI312,00.html

A ordem religiosa dos Templários teve sua origem em Jerusalém, por


volta de 1119, e foi suprimida por Clemente V em 1314 após um
longo julgamento. Quem foram os Templários? Com base no texto
de D. Estevão Bettencourt sobre o assunto, do seu volume de
História da Igreja, vamos responder esta pergunta.
Os Templários (Milites ou Equites Templi) constituíam uma Ordem
de Cavaleiros militantes, sendo a mais antiga de todas. Foi fundada
em 1119 por Hugo de Payens e oito cavaleiros franceses, que se
uniram numa família religiosa, ligada pelos votos habituais de
pobreza, castidade e obediência, além do voto especial de defender
com as armas e proteger os peregrinos que se dirigissem a
Jerusalém.
O seu nome se deve ao fato de que o rei Balduíno II de Jerusalém
colocou à disposição dos cavaleiros uma habitação no palácio real,
que se achava na esplanada do Templo de Salomão. A Ordem dos
Templários foi inicialmente muito pobre, mas cresceu rapidamente,
especialmente depois que São Bernardo, doutor da Igreja, a apoiou
escreveu a sua Regra. Isto mostra sem dúvida a usa dignidade. Um
dos grandes ideais dos jovens da Idade Média era ser Cavaleiro; S.
Francisco de Assis a isto aspirava.
Os Cavaleiros foram favorecidos pelo Papa Inocêncio II, e altamente
beneficiados por doações, que tornaram a Ordem rica. O seu hábito

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era um manto branco sobre o qual estava traçada uma cruz
vermelha. Juntamente com os Joanitas ou Cavaleiros Hospitaleiros
(porque tinham um hospital em Jerusalém dedicado a São João
Batista), os Templários se dedicaram com suma abnegação coragem
a defesa da Terra Santa; mais tarde, porém, foram vítimas de
discórdias entre si.
Filipe IV o Belo, da França, movido pela cobiça do poder e dos bens
dos Templários, queria provocar a extinção dos mesmos. Em vista
disto, desde 1305 começou a propagar terríveis acusações falsas
contra eles. Em 1307, Clemente V, instado por Filipe, prometeu fazer
um inquérito a respeito dos pretensos crimes dos Templários. O rei,
porém, não esperou o procedimento papal, e mandou prender aos
13/10/1307 todos os Templários da França, inclusive o seu grão-
mestre Jaime ou Tiago de Molay (cerca de 2000 homens),
confiscando todos os seus bens (fora da França ficavam uns 1000 ou
2000 Templários ainda).
Filipe IV exortou outros reis a seguir o seu exemplo, e mandou aplicar
a tortura aos irmãos para extorquir deles todas as confissões de
interesse do rei. O próprio grão-mestre, alquebrado, e talvez sob a
pressão da tortura, exortava por carta os seus súditos a confessar
logo. Filipe dava a crer que essas medidas eram tomadas de acordo
com o Papa, quando na verdade eram todas de iniciativa e
responsabilidade do rei.
A princípio, Clemente V protestou e exigiu a libertação dos
encarcerados. O próprio Papa em Poitiers (1308) ouviu o depoimento
de 72 Templários, que Filipe IV Ihe mandara. A decisão última foi
confiada a um Concílio Ecumênico, que se reuniu em Viena (França)
de outubro 1311 a maio 1312 (15º Concílio Ecumênico). O Papa
Clemente, houve por bem abolir a Ordem mediante a Bula “Vox in
excelso” de 22/03/1312, “não em sentença judiciária, mas como

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medida de prudência administrativa baseada nas faculdades da Sé
Apostólica”.
O Papa não quis julgar os Templários do ponto de vista ético ou
disciplinar; julgou, porém, que a existência dos Templários era um
foco de distúrbios no mundo cristão da época. Esta distinção obteve
o consentimento da maioria dos conciliares. Os bens dos Templários
foram, em parte, atribuídos a outras Ordens Religiosas, em parte
caíram nas mãos dos príncipes.
Embora tenha havido historiadores desfavoráveis à dignidade dos
Templários, hoje em dia entende-se que foram vítimas de graves
calúnias. Certas sociedades em nossos tempos dizem-se herdeiras
dos Templários medievais, com os quais teriam uma vinculação
secreta; teriam uma gnose ou conhecimentos esotéricos reservados
aos iniciados, mas estas afirmações são fantasiosas e alheias à
verdade.

Prof. Felipe Aquino

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