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CAMPUS BACABAL
DIREITO BACHARELADO
BACABAL-MA
2021
ALLAN JOSÉ DE LEMOS LIMA, IANDRO GUSMÃO BAIMA, LEONARDO LUÍS
COSTA SANTOS.
BACABAL-MA
2021
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Adiante, Chaui trata da razão indolente, esta caracterizada pela exclusão da cultura
científica fora do ocidente, além da enganosa expectativa que a ciência está em contínua
evolução. Para superar essa questão recorre à transição pragmática, vista como uma alternativa
que construiria novas dimensões econômicas, sociais, políticas e culturais, com o objetivo de
formar uma força contra-hegemônica, cujo âmago, como o próprio Boaventura delega, é
descobrir, inventar e promover alternativas progressistas.
Portanto, como medida de intervenção para minimizar a hegemonia dos estados
liberais, o professor premiado pela UNB cria uma espécie de “ecologia de saberes”, um espaço
prático e teórico articulados, servindo de experimentação social capaz de engendrar diversidade
de pensamento. A interculturalidade proposta por Boaventura desmistifica, para Chaui, a
correta distribuição social do conhecimento científico propagada na modernidade, além de
primar por uma forma de conhecimento que garanta a participação dos diversos grupos sociais,
seja na concepção, execução, controle e fruição da intervenção do real realizada pela ciência.
Boaventura de Sousa Santos, em um segundo momento, introduz sua perspectiva
ao livro, por temática base “Direitos Humanos: ilusões e desafios”. Logo de início, ele chama
atenção ao problema que encaminha a maioria da população mundial à desassistência dos
direitos humanos. Isso porque a hegemonia que protege a dignidade da pessoa humana é a
hegemonia que perpetua a opressão contra indivíduos. Dessa forma, o professor levanta uma
suspeita sobre a concepção ocidental de direitos humanos, pois esse entendimento de direitos
se sobrepôs às necessidades das colônias, no século XVIII.
Sendo assim, o coautor distribui a ilusão da concepção ocidental de direitos
humanos em cinco aspectos: teologia, triunfalismo, descontextualização, monolitismo e
antiestatismo. Conforme a ordem mencionada anteriormente, o primeiro aspecto trata da
batalha travada entre as ideias que circundam abordagem da dignidade humana, sendo
vencedora a ideia do ocidente, por meio do uso da força. O segundo aspecto questiona a
incondicionalidade do bem humano alcançado pela vitória da concepção ocidental, expondo as
contradições existentes entre a letra dos direitos humanos e as ações para que a efetive. O
terceiro aspecto comenta as contradições históricas sobre a linguagem emancipatória
promovida por essa corrente, trazendo o exemplo de Napoleão Bonaparte. O quarto aspecto diz
respeito ao esforço em minimizar tais contradições para torna-las legítima.
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social ocorrida na Venezuela, Equador, Brasil, Argentina e Bolívia, onde houve um aumento
nos rendimentos mensais das famílias consideradas brasileiras. Sendo assim, esse modelo de
desenvolvimento é menos flexível a distribuição social e totalmente rígida no que tange a
acumulação de bens e capital. Desse modo, o poder político cresce mais do que o poder
econômico e redistribuição de renda lhe dá uma legitimidade que o modelo de desenvolvimento
anterior não possui.
Além do mais, a relação desenvolvimentista com os direitos humanos é complexa
e facilmente suscita a ideia de que o ser está perante um contexto de incompatibilidade entre
eles. Assim, não se pode querer o crescimento de direitos sociais e econômicos, o direito à
segurança alimentar da maioria da população ou o direito à educação. Isso fatalmente ter de
aceitar a violação do direito a saúde, dos direitos ambientais, dos povos indígenas como se um
não pudesse coexistir com o outro, o social e a busca pelo lucro.
Outrossim, o uso de agrotóxicos gera uma série de agravos a saúde pública ainda
mais tendo em vista o uso indiscriminado por parte do Brasil dessas substâncias, que está
associado principalmente ao modelo de monocultura. A monocultura já apresenta em si grandes
problemas e impactos severos no meio ambiente, como a grilagem de terras indígenas e das
áreas de reforma agrária, degradação ambiental e afetam principalmente aqueles que dependem
de sua existência como os povos tradicionais, indígenas e quilombolas. Ademais, o uso de
agrotóxicos está vinculado a aparição de várias enfermidades com altos índices de mortalidade
como o crancus, doenças de pele e doenças respiratórias. Além disso, há a violência resultante
da luta contra o agronegócio, onde o autor cita o caso de assassinato do agricultor, ambientalista
e líder comunitário José Maria Filho, alvejado com 20 tiros de pistola no dia 21 de abril de
2010.
Por fim, o autor reitera, que a grande concentração em monocultura está relacionada
sobretudo com o aumento do consumo de agrotóxicos e da violência no campo, sendo as ações
de reintegração geradoras de mais violência e morte. Ademais, a força política desse modelo de
economia tem dominado o Congresso Nacional Brasileiro, e sua força é vista principalmente
pela quantidade de representantes da Bancada Ruralista.