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A CARTA SEM DESTINATÁRIO

Sra. Cleonice Morcaldi, filha espiritual do Padre Pio disse: “Durante a Segunda Guerra Mundial meu sobrinho
estava prisioneiro. Nós não tínhamos recebido notícias durante um ano e todo mundo acreditou que ele havia
morrido. Os Pais dele pensavam mesma coisa. Um dia a mãe dele foi ao Padre Pio e se ajoelhou em frente ao
frade que estava no confessionário e disse: “Por favor, diga-me se meu filho está vivo. Eu não vou embora se
você não me falar. Padre Pio simpatizou-se com ela e tendo piedade de suas lágrimas disse: “Levante-se e fique
tranqüila”. Alguns dias depois, eu não pude resistir diante da dor dos Pais, e assim decidi pedir um milagre para
Padre Pio. Eu disse: “Padre, eu vou escrever uma carta a meu sobrinho Giovannino. Eu só escreverei o nome dele
no envelope por que nos não sabemos onde ele está. Você e seu Anjo da Guarda levarão a carta até ele” Padre
Pio não respondeu. Eu escrevi a carta e pus em minha mesa, de noite, para entrega-la na manhã seguinte ao
Padre Pio. Ao amanhecer para a minha grande surpresa e medo a carta não estava mais lá. Eu fui correndo até o
Padre Pio para lhe agradecer e ele me disse: “Dê graças a Nossa Senhora”. Quase quinze dias depois nosso
sobrinho respondeu a carta. Então toda nossa família ficou contente, dando graças a Deus e ao Padre Pio”.
#PP64 – Confidências de Cleonice, filha espiritual de
Padre Pio
No coração do Padre Pio
Certo dia, o Padre Pio dissera: «Quando eu morrer, farei mais alarido do que enquanto estou vivo.» Nos meses que se
seguiram à sua morte, parecia que esta sua frase nunca se tornaria realidade. Lembro-me de uma viagem a San Giovanni
Rotondo, enviado pelo meu jornal. A vila estava deserta. O fluxo dos peregrinos parara, muitas hospedarias tinham-se
visto obrigadas a fechar. Em Setembro de 1969, por ocasião do primeiro aniversário do desaparecimento do religioso,
os jornais publicaram artigos tornando patente que, sem o Padre Pio, San Giovanni Rotondo caminhava para a morte,
e que o grande hospital por ele construído não teria qualquer futuro. Contudo, as coisas haveriam de mudar. Pouco a
pouco, sem a intervenção de factos estrondosos, as pessoas recomeçaram a afluir àquela povoação do Gargano. As
atividades comerciais, surgidas ainda em vida do Padre, retomaram o seu funcionamento, ampliaram-se, multiplicaram-
se. Em pouco tempo, o Padre Pio, como hoje todos sabem, tornou-se um verdadeiro «caso» de popularidade. Muitos
amigos preciosos Era um caso único. O nome deste frade é conhecido de todos em Itália, e o seu conhecimento tem-
se vindo a difundir rapidamente por todo o mundo. O Padre Pio é tão conhecido que os meios de comunicação o tratam
como uma verdadeira estrela do mundo do espetáculo. A sua popularidade alcançou uma força tal, que «obriga» os
diretores de jornais e revistas, também os mais refractários a temas religiosos, a dedicar-lhe espaço, conscientes de que
assim agradam ao público. No empenhamento em manter viva a memória do Padre Pio, depois da sua morte, e de dar
a conhecer a sua mensagem, distinguiram-se, corno é natural, os frades Capuchinhos, mas também muitos leigos,
aqueles que o conheceram ainda em vida, e que se tornaram seus filhos espirituais. Todos se transformaram em
informadores e, trabalhando com humildade, na sombra, recorrendo sobretudo à «transmissão oral», deram o Padre Pio
a conhecer a milhares e milhares de pessoas. Conheci grande número destes filhos espirituais do Padre, e todos eles me
ajudaram muito, desde 1967, na realização dos artigos e livros que lhe dediquei. Nunca esqueci o entusiasmo pacato e
sereno, mas caloroso, com que me falavam do Padre. Por vezes, feridos com as injustiças de que o Padre Pio fora alvo,
deixavam-se transportar pela dor e tornavam-se polêmicos, mas nunca vítimas do rancor, e muito menos do ódio.
Muitos já alcançaram a meta final, e estão certamente junto do Pai; outros ainda continuam na terra, a falar dele. Sinto
o dever de recordar alguns nomes, por urna dívida de reconhecimento. O industrial Giuseppe Pagnossin, Giuseppe
Canaponi, o ator Cario Carnpanini, Giovanna Boschi Rizzaparo, Giovanni Baldazzi, conhecido por Giovanni de Prato,
Giovanni Scarparo, Agide Finardi, o professor Mário Spallone, D. Attilio Negrisolo, monsenhor Giancarlo Setti e
monsenhor Guglielrno Zannoni, que em 1967 me apresentou ao Padre Pio. Falava sempre dele Urna das pessoas que,
após a morte do Padre Pio, passou a ser fonte inexaurível de notícias para conhecimento do espírito do Padre, foi a sua
filha espiritual Cleonice Morcaldi. Corno já contei no capítulo 16, o Padre Pio considerava-a parte da própria família,
e depositava nela urna confiança total. Cleonice interrogava-o e o Padre respondia sempre, revelando os segredos mais
íntimos da sua vida espiritual e das suas extraordinárias experiências místicas. Durante quarenta anos, desenvolveu-se
entre ambos um diálogo quase ininterrupto, tanto falado como escrito. Tratando-se do Padre Pio, santo e grande místico,
esse diálogo não foi casual. Mais ninguém conheceu o coração do Padre como Cleonice Morcaldi. Ela morreu em 1987,
dezanove anos depois do Padre Pio, e despendeu muito desse tempo inteiramente dedicada à divulgação de quanto o
Padre lhe tinha confiado. Não dispunha de muitos meios para cumprir a sua missão. Falava com todos os que iam ter
com ela, escrevia cartas aos amigos, confiava a pobres e anônimos cadernos sobre aquilo de que fora testemunha direta.
Os seus relatos são simples, mas de grande valor. Já citei por várias vezes Cleonice Morcaldi nas páginas deste livro, e
também referi a guerra caluniosa que muitos lhe fizeram, através de acusações e insinuações infamantes. O
reconhecimento da santidade do Padre Pio constitui uma justa reabilitação, também para ela. Depois da morte do Padre,
continuaram a pesar as antigas calúnias sobre Cleonice. Por isso, mesmo quem conhecia a sua integridade, não se
atrevia a apoiá-la, pelo menos oficialmente. Muitas das coisas que ela contava eram utilizadas em livros e artigos, por
serem consideradas preciosas, mas sem que nunca se revelasse a sua fonte. Foram publicados livros inteiros com aquilo
que Cleonice Morcaldi tinha escrito, mas sem citar o seu nome. Posso dizer que dei um certo contributo para deitar
abaixo o muro absurdo da lei do silêncio que se erguia à volta de Cleonice. Não o fiz tanto por mérito pessoal, mas
estimulado por quem a conhecia bem e que muitas vezes a visitou durante os últimos anos da sua vida, ou seja, por D.
Attilio Negrisolo. Este sacerdote de Pádua, espiritual do Padre Pio desde 1947, perseguido, durante anos, por causa da
sua amizade com o Padre, tem o mérito de ter suportado tudo com resignação. As sanções disciplinares eclesiásticas
contra ele foram dolorosas. Hoje, a santidade do Padre Pio exalta o seu sofrimento. Ele continuou sempre a «falar e a
anunciar» o Padre Pio, contra tudo e contra todos, tornando-se ainda um grande defensor de Cleonice Morcaldi. Cartas
inéditas D. Attilio dissera-me sempre que, na sua opinião, Cleonice era uma santa. Dera-me a conhecer os escritos que
a própria Cleonice lhe entregara, recomendando-lhe que os mandasse publicar. Graças a D. Attilio, tive a possibilidade
de inserir no meu livro A tu per tu com Padre Pio ("A sós com o Padre Pio"), uma grande quantidade desse material:
cartas inéditas do Padre Pio para Cleonice, inúmeros bilhetinhos, respostas escritas a perguntas que ninguém ousaria
fazer e às quais o Padre Pio nunca teria respondido. Houve quem tentasse servir-se desse material para continuar a
enterrar na lama o Padre Pio, afirmando que as suas cartas para Cleonice eram a prova da sua amizade pouco clara. No
entanto, como sempre, a hipocrisia farisaica faz um certo alarido e depois é inexoravelmente eliminada. O livro obteve
aquilo que pretendia: dar a conhecer a verdade, demonstrar a grandeza sublime daquela amizade, fazer justiça a
Cleonice Morcaldi. Tal mérito foi-lhe amplamente reconhecido, também por fontes oficiais autorizadas, como «I
Quaderni», publicação de pesquisa histórico-cultural, publicada pela Casa Alívio do Sofrimento. No número de
Novembro de 1995, esta publicação dedicou a esse meu livro, e sobretudo ao caso Cleonice, nele abordado, um estudo
de dez páginas, afirmando, entre outras coisas: «Mais cedo ou mais tarde, Cleonice tinha de vir à luz... É uma figura
demasiado importante na vida do Padre Pio, para poder continuar oculta. Ninguém falava dela claramente... mesmo
quem conhecia muitos factos relativos à sua pessoa... Foi um livro de Renzo Allegri que a revelou ao grande público.
Este escritor, que sempre seguiu com admiração, para não dizer com afeto, a vida do Padre Pio, abordou o vasto capítulo
do relacionamento entre o Padre Pio e Cleonice...» A partir de então, as coisas mudaram. Como que por magia, Cleonice
emergiu do subsolo da lei do silêncio. Outros escreveram acerca dela. Além disso, foram publicados diários e
recordações, ostentando, finalmente, o seu nome. Cleonice retomou o seu lugar ao lado do Padre Pio, à luz do sol, como
«reveladora», pelo menos daquela parte do espírito do Padre que só ela conhecia a fundo, graças às confidências que
conseguira arrancar-lhe. Tudo isto me dá uma grande satisfação, precisamente porque se verificou na sequência da
publicação do meu livro. Repito, porém, que o mérito principal cabe a D. Attilio Negrisolo, que me deu a conhecer
Cleonice e a sua história com o Padre Pio, e me instigou a publicar as cartas que o Padre lhe enviara. Mais um presente
Passados vários anos, D. Attilio quis dar-me mais um presente e, através de mim, oferecê-lo aos inúmeros admiradores
do Padre Pio. Ofereceu-me dezassete cassetes, com a gravação de uma série de longos colóquios com Cleonice, cujo
tema é sempre o Padre, como é natural. Escutei e depois transcrevi essas cassetes. Antes de partir deste mundo, Cleonice
quis contar diretamente, de viva voz, muitas das suas recordações, muitas das suas emoções, e muitas das suas reflexões
associadas ao Padre Pio. Tratava-se de uma espécie de síntese daquilo que o frade era para ela, como se nos quisesse
deixar o seu testamento espiritual. Não sabia que fim viriam a ter aqueles seus relatos. Esperava que, um dia, alguém
os utilizasse. Por isso falava com um arrebatamento comovente frente ao velho gravador de D. Attilio, recorrendo
também ao dialecto familiar de Puglia, para se exprimir melhor. E muito sugestivo escutar a sua voz, sentir o seu
entusiasmo, e por vezes a sua dor ou a sua indignação. Através do timbre, das pausas e dos acentos que confere às
palavras do Padre, quase temos a impressão de perceber o tom e a forma como ele as pronunciou. Desejo reproduzir
aqui, como conclusão deste livro, algumas passagens dessas recordações de Cleonice Morcaldi e algumas das suas
reflexões, convencido de que estou a oferecer aos leitores uma chave de interpretação segura do espírito e do coração
do Padre Pio. Aquilo que ela diz sobre o Padre é extremamente importante, também algumas das suas intuições, que,
ao primeiro impacto, poderiam parecer temerárias. Não devemos esquecer, com efeito, que tudo o que Cleonice diz e
pensa provém de quarenta anos de confidências contínuas e ininterruptas entre ela e o Padre Pio. Nos capítulos
anteriores deste livro, tentei reconstruir, através das fontes históricas mais dignas de crédito, os episódios da
atormentada existência terrena do Padre. Agora, através da narração de Cleonice, gostaria de levantar o véu que envolve
o seu espírito e o seu coração, e ouvir, através das suas próprias palavras, conselhos e recomendações, a mensagem de
um pai aos seus filhos. Monstros horríveis «Eu sou a mesma de sempre. Limito-me, simplesmente, a relatar as palavras
do Padre. Não creio, porém, que tenha correspondido à graça do Senhor. Em certa ocasião, o Padre disse-me: "A ti, o
Espírito Santo fala-te!" Por isso me recomendava sempre: "Tem o cuidado de Lhe corresponder" Mas que posso eu
fazer para Lhe corresponder? O Padre falava-nos e depois soprava para dentro de nós, para nos fazer compreender as
suas palavras.» «Perguntei ao Padre, num dos últimas dias da sua vida: "Padre, será que eu me vou salvar? Vejo que
dentro em pouco nos deixareis." Ele fitou-me e disse: "Do céu poderei fazer mais. Estarei mais perto de vós, assistir-
vos-ei melhor. Falaremos frente a frente, tal é a fé." Perguntei-lhe imediatamente: "Estareis tão próximo como o Anjo
da Guarda?" "O Anjo pode ... Mas eu sou vosso pai! Eu regenerei-vos para Jesus, no amor e na dor da sua própria
Paixão." No céu veremos aquilo que o Padre Pio fez por cada um de nós.» «Certo dia, o Padre disse: "Os tempos são
bastante tristes. Tempos desventurados, em que nós caímos. Peçamos ao Senhor que queira vir em socorro da Igreja.
As suas necessidades tornaram-se extremas. A Igreja é atacada e caluniada. Rezemos por todos os irmãos de exílio,
pelo ministro do Senhor, por todo o povo de Deus. Rezemos e ofereçamos os nossos sofrimentos."

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