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PUIGGROS - Plutao
PUIGGROS - Plutao
PLUTÃO
Tradução
MARIA STELA GONÇALVES
EDITORA PENSAMENTO
São Paulo
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Título do original: Plutón
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 05
CONSIDERAÇÕES GERAIS 12
Limite da consciência 12
Plutão desnuda 12
A "oportunidade" de Plutão 13
Plutão manifesta os extremos 14
Profundo - oculto - misterioso 14
A dualidade básica: vida - morte Nascer, renascer, regenerar-se 15
Poder 16
As forças primitivas 16
Uma experiência de universalidade 17
A vontade de nos libertar 17
Habitual - extraordinário 17
Plutão separa para unir 18
A válvula de segurança 19
Civilização versus barbárie 19
O denso e o vazio interior 21
Um instante no fio da navalha 22
OS ASPECTOS 48
Plutão - Sol 50
Plutão - Lua 51
Plutão - Mercúrio 54
Plutão - Vênus 54
Plutão - Marte 56
Plutão - Júpiter 58
Plutão - Saturno 59
Plutão - Urano 60
Plutão - Netuno 61
OS TRÂNSITOS 63
Plutão - Sol 65
Plutão - Lua 66
Plutão - Mercúrio 68
Plutão - Vênus 68
Plutão - Marte 70
Plutão - Júpiter 71
Plutão - Saturno 72
Plutão - Urano. 73
Plutão - Netuno 74
Plutão - Plutão 75
Os trânsitos de Plutão nas casas 75
BIBLIOGRAFIA 77
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INTRODUÇÃO
5
O PLANETA, O MITO, AS REGÊNCIAS
O descobrimento
O nome
Tal como pode ser verificado em Science, voI. 7, n.º 1.850, de 1930, ao ser
descoberto, Plutão foi denominado simplesmente planeta X.
Posteriormente à publicação do descobrimento, uma menina inglesa, Venetia
Burney, de onze anos, de Oxford, sugeriu o nome Plutão. Seu pai telegrafou esse
nome ao Observatório Lowell e, como se tratava da primeira proposta a chegar a
Flagstaff, foi aceita.
Eis a que tudo se resumiu.
O símbolo
Pelo que se sabe, o significado original dos planetas não difere do caráter dos
deuses dos quais tomam o nome. Dessa forma, portanto, a mitologia pode oferecer
indicações úteis para a compreensão da astrologia, ainda que somente a prática
contínua do estudo refine a intuição para discernir a correta interpretação do mito
aplicável a cada situação.
A Plutão (Hades), filho de Saturno (Cronos), deus do tempo, e de Ops (Réia),
deusa da Terra, coube a pior parte na repartição do mundo efetuada com os irmãos
quando seu pai foi destronado. Júpiter (Zeus), o mais poderoso, ficou com o reino dos
céus, Netuno (Poseidon), com as águas - e especialmente o mar - e a Plutão, por ser o
mais jovem dos três, foi concedido o reino dos infernos.
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Esse vasto império é rodeado por dois rios, o Aqueronte e o Estige, que as almas
dos mortos devem atravessar para chegar à morada de Plutão.
O velho Caronte, o barqueiro, rechaça os mortos insepultos (é relativamente
recente o hábito de enterrar os cadáveres, já que antes eram deixados sobre a terra
para alimento dos animais; daí deriva a regência de Plutão/Escorpião sobre as
sepulturas) e todos aqueles que não podem pagar o preço da passagem (daí decorre
o antigo costume de colocar uma moeda na boca do defunto). Em sua barca,
transporta os demais para o outro lado e os entrega a Mercúrio (Hermes), o
mensageiro dos deuses, que os conduz para o tribunal, composto por três juízes,
Minos, Eaco e Radarnanto, que, em nome de Plutão, ministram a justiça. "Pagar um
preço" antes de passar pela "justiça de Plutão" são dois conceitos bem-conhecidos
por todos aqueles que estudam o planeta ou que experimentaram seus trânsitos.
Uma vez julgados, alguns vão para os Campos Elíseos, o céu, enquanto outros
são dirigidos para o Tártaro, o inferno, uma cidade fortificada, guardada por um
tríplice muro de ferro e rodeada por um rio de fogo chamado Flégeton; este último é
custodiado pelas três fúrias infernais, Alecto, Megera e Tisífone, que não dormem
nem de dia nem de noite.
Como se isso não bastasse, Plutão tem como guardião de seu reino o cão
Cérbero, um cachorro de três cabeças que não deixa sair nenhuma pessoa que ali
entra.
De modo geral, Plutão é representado com sobrancelhas espessas, olhos
avermelhados e expressão ameaçadora, com uma forquilha de duas pontas em sua
mão direita e uma chave que fecha, mas não abre na esquerda. Sua coroa é de
ébano, simbolizando provavelmente a obscuridade de seu reino; outras vezes, no
entanto, cobre-se com um manto que o torna invisível, outra de suas características,
sentado em um trono de enxofre, com o cão Cérbero a seus pés e com as três fúrias
a seu lado. É também representado num carro de três rodas puxado por três cavalos
negros (quatro, segundo Ovídio) , chamados Meteo, Abastro e Núvio. Às vezes, a seu
lado está Prosérpina (Perséfone), segurando um narciso. Em outras, ela se encontra
sobre um carro, semelhante ao de Plutão, simbolizando, neste caso, Hécate, que
preside à magia e aos encantamentos.
Plutão, denominado Júpiter das regiões inferiores ou das profundezas da Terra,
significa rico e é o deus ativo no interior da Terra. Entende-se por isso a força vital da
Terra, a fecundação ou o elemento terra em si mesmo. É também chamado, em
latim, Dis, rico, ou Dispater, pai rico. Oreus, outro de seus nomes, significa tragador ou
recebedor, uma qualidade da Terra. Foi denominado Februo, que, em grego, significa
purgar, purificar - que é também uma qualidade da Terra.
Em função da dureza de seu caráter, de sua feiura e da obscuridade de seu
reino, todas as deusas fugiam de Plutão e o recusavam como marido. Cansado dessa
situação, ele subiu no carro de três cavalos e foi visitar a ilha da Sicília, dirigindo-se
ao monte Érix. Vênus (Afrodite), a deusa do amor, percebeu sua presença e pediu a
Cupido (Eros) que, com suas flechas, ferisse o coração de Plutão. Prosérpina, filha de
Ceres (Deméter) e Júpiter - e que, segundo Ovídio, significa as sementes ou messes,
a lua e a rainha dos infernos -, encontrava-se no lago Pergusa, próximo do Etna, com
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margens coberta de flores e primavera eterna. Entretinha-se olhando flores e
misturando os lilases com as violetas. Quando Plutão a viu, enamorou-se dela e a
raptou, apesar de seus protestos e dos gritos de socorro que dirigia a suas
companheiras e a sua mãe. Dirigindo a todo galope seus cavalos negros - aos quais,
para animar, chamava pelos nomes -, Plutão e Prosérpina atravessaram grandes
lagos, dentre os quais os Pálicos, que exalavam um intenso odor de enxofre. Ao
chegarem à fonte Aretusa, uma das mais belas ninfas, chamada Cianes, que vivia
numa fonte, deteve Plutão, estendendo seus braços por todas as partes. Este último,
ao ver que não podia passar, encheu-se de ira e deu um terrível golpe com seu cetro,
abrindo a terra e entrando com seu carro até os infernos. Cianes, despeitada com o
desprezo que Plutão manifestara por suas águas sagradas, condoeu-se tanto que não
cessou de derramar lágrimas até transformar-se completamente em água. Quando
Ceres tomou conhecimento dessa desventura, procurou incessantemente sua filha
Prosérpina, percorrendo mares e terra. Vasculhou montanhas, cavernas e bosques e,
depois de visitar toda a Terra sem encontrar qualquer vestígio, retornou à Sicília. Em
sua peregrinação, encontrou a ninfa Cianes transformada em água e, embora não
pudesse falar, esta última lhe mostrou o véu de Prosérpina que flutuava sobre as
águas da fonte. Ceres compreendeu que o raptor de sua filha havia passado por
aquele lugar. Pouco depois, soube pela ninfa Aretusa, que corria por cima e por baixo
da Terra, que Prosérpina estava no inferno e era a mulher de Plutão. Ao ouvir tal
coisa, Ceres sentiu a morte penetrá-la, vestiu-se de luto e se fechou por algum tempo
numa caverna. Subiu depois num carro puxado por dois dragões e, atravessando a
imensidão do espaço, apresentou-se diante de Júpiter com o rosto banhado em
lágrimas e os cabelos revoltos, e lhe pediu justiça. Júpiter procurou acalmá-la dizendo-
lhe que Plutão tinha as mesmas brilhantes qualidades dos demais deuses e que não
era nenhuma afronta tê-lo por genro. Diante da insistência de Ceres, consentiu que
Prosérpina fosse devolvida à sua mãe, desde que não houvesse comido nada a partir
do momento em que entrara no inferno, pois "tal era a decisão do destino". Mas
Prosérpina, certa feita em que passeava pelos jardins do palácio, havia visto uma
formosa romã, da qual comera sete sementes. Seu retorno à Terra era impossível.
Contudo, à força de rogos, Ceres conseguiu que Júpiter ordenasse que sua filha
morasse seis meses com o marido e seis meses com a mãe. Essa decisão devolveu a
calma a Ceres.
Está clara a analogia do mito com o ritual agrícola da semeadura, o período no
qual a semente está sob a Terra, "até que, seis meses mais tarde, retorna para sua
mãe". Estudando detalhadamente o mito, é possível deduzir todas e cada uma das
fases desse processo de semeadura e de colheita. Entretanto, não é o céu que copia a
Terra; é esta que copia aquele.
Em outras palavras, o mito é um esquema arquetípico de determinadas forças
que operam analogamente nos diversos níveis de realidade e que são, portanto,
aplicáveis ao homem.
Plutão é a força da vida, a seiva que nutre. Essa seiva está sujeita aos ciclos da
Lua (Prosérpina) e, em tal história, estão envolvidos Ceres, a Terra, e Júpiter, o Céu;
ela é, de certa forma, uma explicação de como funciona o processo de geração da
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vida, da alternância vida-morte e da impossibilidade de existir uma sem a outra.
É significativo o fato de que, em 1930, quando é descoberto, Plutão se encontre
situado entre duas estrelas, Castor e Pólux. A mitologia diz que Castor, sujeito à
mortalidade, morreu numa batalha nas proximidades do monte Taigeto. Pólux, que o
amava muito, pediu a Júpiter que devolvesse a vida a Castor ou que o privasse - a
ele, Pólux - de sua imortalidade. Júpiter não pôde atendê-lo de modo completo, mas
consentiu que, durante todo o tempo que Castor vivesse sobre a Terra, pudesse
Pólux habitar nas moradas dos mortos. Assim, viviam e morriam alternadamente.
As regências de Plutão
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
Limite da consciência
Plutão desnuda
A "oportunidade" de Plutão
As forças primitivas
Há pelo menos um momento na vida, mais cedo ou mais tarde, em que cada um
de nós experimenta a influência de Plutão. Todos já fizemos uma viagem às
profundezas de nosso ser, vimos um esquema básico, tivemos uma experiência de
universalidade.
Durante o período de duração dessa prova, não há esconderijos, não há ajudas;
estamos sós numa encruzilhada do destino e percebemos que não somente chegou o
momento de tomar uma decisão como também que essa decisão depende
exclusivamente de nós, já que somos o ponto de partida.
Optamos, ou talvez somos forçados a optar, não importa. Depois de fazê-lo,
sentimos imediatamente uma sensação de paz e de serenidade. Desaparece o medo
do futuro e a fé em nós aumenta à medida que vamos abandonando os velhos
hábitos, complexos ou estereótipos de pensamento. A felicidade inunda o coração, e a
mente se abre para um novo começo. Essa é a experiência plutoniana, que comporta
o nosso próprio renascimento.
O trabalho de Plutão consiste em nos libertar, por bem ou por mal, dos vínculos
com a matéria que deixaram de ser úteis para o espírito. Ele pode aparecer como um
inimigo, já que nos põe em contato com a morte (ou com algum tipo de morte), mas,
assim como Urano e Netuno, suas vibrações tentam levar o indivíduo a perceber a
irrealidade e a temporalidade do mundo em contraste com a realidade e a eternidade
do espírito.
Eliminação, renovação, regeneração, finais e começos são palavras-chave de
Plutão. Por tudo isso, Plutão é um planeta obsessivo, cuja qualidade compulsiva nos
impele a transformar-nos, a dirigir-nos para uma meta que ultrapassa as metas
comuns, a transcender a qualidade humana para conseguir um estado do ser, cujo
crescimento e esplendor não têm limites.
Urano possui a centelha capaz de nos despertar de nossa habitual letargia e
Netuno proporciona a mais elevada inspiração; no entanto, Plutão é aquele que nos
dá a vontade indomável de que necessitamos para no libertar de todos os nossos
entraves e para seguir o nosso caminho particular.
Habitual - extraordinário
A válvula de segurança
20
O denso e o vazio interior
25
Plutão em Touro (1852-1883/84)
Nesta fase, a semente rompe sua casca protetora, o impulso inicial se estabiliza e
começa a materializar-se. Touro é um signo da Terra, fixo, e Plutão rege o
inframundo, simbolicamente as entranhas da Terra. E se, além disso, levamos em
consideração o fato de que Touro está em oposição a Escorpião, regência de Plutão,
vemos que este se manifesta aqui de forma mais concreta, material e visível. Trata-
se, por assim dizer, do meio-dia de Plutão.
Tudo o que está oculto "sob a Terra" tende a sair para o exterior, tanto o que
gera riqueza - agricultura, minas, escavações - como o que produz destruição -
terremotos e erupções súbitas. É a época em que Prosérpina retorna à superfície.
Trata-se de um período de realização prática, de utilitarismo e de cientificismo
materialista. O romantismo da fase anterior (ariana) é substituído pela ênfase no
espírito de sobrevivência e pela tendência a assegurar para si o bem-estar, a
continuidade e a segurança, bem como a acumular e concentrar poder pessoal -
poder esse que, na maioria dos casos, é usado para perpetuar o próprio ego através
de obras materiais concretas e duradouras. O esforço e a capacidade criativa se
invertem no plano do tangível e o intelecto se concentra no descobrimento das leis
que regem a matéria, com a finalidade de fazer uso dela de modo prático.
Em outra ordem de coisas, Plutão em Touro acentua a parte sensual e artística
do signo, outorga capacidade para apreciar a beleza da forma e enfatiza o desejo de
prazer. Pode deixar transparecer um refinado tom erótico, como elemento inerente à
sua forte capacidade criativa. Quando o lado destrutivo de Plutão se manifesta, essas
qualidades resultam numa sensualidade exagerada, narcisismo, desejos
constrangedores, obstinação, autoindulgência e, de maneira geral, em ânsias
compulsivas e incontroladas de satisfazer os desejos mais elementares.
Câncer significa lar, família, clã, tradição, nação, e a geração que apresentava
Plutão em Câncer passou pela destruição e pela transformação completas de tudo o
que esses conceitos significam. Foi obrigada pelas circunstâncias a entender esses
termos de maneira diferente e mais profunda ou a viver com a tristeza e a nostalgia
de um passado que já não podia existir novamente.
Essa geração experimentou a segurança do círculo familiar, no qual as regras
eram claras: a mãe cumpria seu papel de alimentar, proteger e indicar o
comportamento "adequado" a cada situação, pessoa ou evento; era uma relação de
obediência e respeito.
O pai tinha a função de dominar e controlar toda a família; era a imagem do
trabalho duro e da honestidade. Seguir as regras era sinônimo de bem-estar e de
eficiência. Em contrapartida, não segui-las levava ao desastre. O mito da família era
sagrado. Câncer e a casa quatro representam nossas raízes, a fonte da qual
extraímos não somente nossa força e substância para construir e moldar nosso
projeto, como também, pela regência da Lua, a capacidade de adaptação desse
projeto ao meio ambiente.
A permanência de Plutão em Câncer barrou literalmente todo esse esquema
tradicional, e as pessoas dessa geração - na qual frequentemente ocorrem intensos
vínculos e cega obediência à família e à nação - sofreram uma trágica desilusão quando, no
decorrer de sua vida, se viram afastadas tanto uma como da outra, obrigadas a cortar o
cordão umbilical com a concha protetora por elas representada. Esse fato provocou dor
mas acelerou a evolução. Segundo a regra geral, onde há sofrimento há crescimento.
Plutão em Câncer teve início com a Primeira Guerra Mundial e permaneceu até a
Segunda; por outro lado, a conjunção com seu nodo norte coincidiu com a Grande
Depressão de 1929. O próprio planeta foi descoberto em 1930, no segundo decanato de
Câncer - aquele que corresponde a Escorpião -, quando seu descobridor, Percival Lowell, já
havia morrido. Essa geração sabe muito acerca do lado destrutivo do planeta. Dessa forma,
não surpreende o fato de que se encontrem muitas pessoas com Plutão em Câncer que
apresentam antes uma forte inclinação para o passado, para a protetora imagem
convencional de "lar", do que a atitude de encarar as correntes progressistas.
O sentimento, emoção e sensibilidade típicos de Câncer passaram por uma dura
prova.
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Plutão em Leão (1937/39-1956/57)
No signo de Leão, regido pelo Sol, o ego, a consciência, a semente de Plutão em Áries
frutificam, expressam-se livremente, com facilidade (Leão em trígono com Áries. É o
momento da colheita.
A geração que apresenta Plutão em Leão se torna consciente de sua individualidade; a
expressão do eu, do ego, é imperiosa e exige os direitos ao livre fluir de sua energia e de
seus desejos como elemento indispensável ao correto desenvolvimento da personalidade.
O segmento da sociedade com Plutão em Leão transgrediu todas as regras e se erigiu
como líder de si mesma. Os teenagers enquanto fenômeno social diferenciado e a ampla
gama de movimentos dos anos sessenta e setenta - dos amantes do rock'n' roll aos beatniks
- deixaram uma marca indelével na história.
Essa necessidade de manifestar a própria individualidade, de projetar-se e de criar a
partir de si mesmo, assim como, em função disso, a reação a qualquer tipo de norma,
controle e poder, estavam em clara oposição à situação geral, manipulada por ditadores de
todas as espécies, tanto na esfera econômica como na política.
Esse período viu-se marcado pelo egoísmo, pelo orgulho e pelo desejo de poder dos
dirigentes das nações, bem como pela megalomania e pela obsessão por parte das esferas
de influência ou ainda pelo governo mundial. Era o momento em que Hitler (Touro),
Mussolini (Leão), Hirohito (Escorpião) e Roosevelt (Aquário), cada um à sua maneira e de
acordo com seu temperamento, levaram o mundo à Segunda Guerra Mundial.
Quatro signos fixos, em quadratura e em oposição entre si, que, de modo drástico,
limitaram e canalizaram o nascente poder de Plutão em Leão.
A geração de Plutão em Câncer, não desejando que seus filhos passassem "pelas
privações por que ela havia passado", deu-lhes todos os gostos e facilidades. Em
outras palavras, superprotegeu-os; entre as coisas que fez pelos filhos, ganham
destaque os assuntos referentes à educação. Os jovens de Plutão em Leão
constituem a geração que, em sua maioria, teve acesso a uma boa educação; são
eles os primeiros a poderem frequentar maciçamente a universidade e tal fato
deveria ser notado mais tarde, nos anos sessenta, na rebeldia diante de um tipo de
vida que, para tais jovens, se mostrava carente de sentido. É a geração da carona, da
busca de horizontes de afirmação pessoal; a "casa" está onde se encontra o saco de
dormir, e as mulheres renunciam a seu tradicional papel de "mães". A "segurança"
dessa geração é ela mesma.
São líderes naturais e, com o tempo - com o trânsito de Plutão em Libra,
formando sextil com seu Plutão -, se moderam integrando-se na sociedade, onde
transformaram-se em dirigentes de fábricas, empresas e países, oferecendo uma
visão mais ampla e mais aquariana que seus predecessores. Demonstram maior
tolerância em relação à opinião dos demais porque aprenderam que devem
modificar a noção de poder. Viram que, se o homem não se une por amor, acaba por
unir-se pelo sangue derramado nos campos de batalha da Terra.
Mas talvez as mudanças mais espetaculares se tenham realizado no terreno do
sexo, que passou a ser entendido como um prazer e não como um dever. A
informação sobre sexo foi exaustiva e abrangeu todos os veículos, desde Playboy à
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mais meticulosa análise científica, às aulas de sexualidade nas escolas, passando pelo
erotismo que polarizou a publicidade desses anos. O uso maciço das pílulas
anticoncepcionais e a liberação do aborto na maioria dos países permitiram o livre
exercício da sexualidade e a decisão de trazer ou não novos seres ao mundo.
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PLUTÃO NAS CASAS
Todas as coisas têm a aparência que os nossos olhos lhes atribuem; a maneira
subjetiva pela qual percebemos o mundo exterior está matizada pelos planetas e
pelos signos nas casas. Assim, cada pessoa vê a realidade de modo diferente.
As casas, embora possam ser interpretadas de muitas maneiras diferentes e
tenham sentido em diversos níveis, são, de modo definitivo, como que um cenário,
uma decoração, uma paisagem interior que projetamos e impomos sobre todas e
cada uma de nossas atividades e também sobre o mundo exterior; por conseguinte,
nós os matizamos. Em outras palavras, as casas nos levam a perceber de determinada
maneira o drama, a história que devemos viver. Plutão nos liga ao destino de nossa
geração, mas percebemos sua influência através de uma das casas do horóscopo e de
seus aspectos com os planetas mais pessoais; dessa forma, a lei da natureza, o que é
comum à nossa geração, nos é revelada através de circunstâncias pessoais específicas
e, assim sendo, interpretamo-la como nosso destino individual.
Dessa maneira, a casa em que Plutão se situa mostra onde e como cada pessoa
encontra sua conexão, relação e contribuição individual para a consciência do grupo.
Plutão é poder e o local em que se encontra é uma área na qual podemos atingir
o ponto mais alto ou descer ao mais baixo; trata-se de uma vereda com duas
direções.
Em função da manifestação dual e da ambivalência de se planeta - assim como
de sua invisibilidade e de seu trabalho subterrâneo -, sua compreensão é
extremamente difícil e somente quando uma pessoa conseguir construir uma ponte
entre as suas contradições, mais aparentes que reais, estará capacitada a deixá-lo
fluir de maneira construtiva e, apoiando-se em sua força, revelar o melhor de si
mesma.
O trabalho de Plutão é sutil e mostra um ponto fraco na casa e no signo onde se
encontra, ponto esse ainda não conhecido pelo eu consciente. Estabelece uma
relação com nossa estrutura mais íntima e devemos permitir que esta última aflore
ao mundo exterior; contudo, precisamos estar muito atentos a nossos impulsos
internos e não esperar até que os efeitos do trabalho oculto de Plutão se evidenciem,
pois, se o fizermos, será demasiado tarde. Os mandatos plutonianos, embora difíceis
de aceitar, devem ser obrigatoriamente cumpridos.
Em seu livro Astrology Karma and Transformation, S. Arroyo diz: "A posição por
casas de Plutão revela o velho ego ou a velha armadura da personalidade que ainda
se mantém ativa e que conserva uma considerável concentração de energia psíquica.
Enquanto permanece inconsciente, e inextricavelmente ligada a velhos padrões de
vida, essa energia atua como complexos psicológicos que provocam convulsões e
obsessivos padrões de pensamento e de conduta em nossa vida consciente".
É necessário deixar fluir esta energia, liberá-la e usá-la consciente e
convenientemente, a fim de que, com o poder de vontade que representa, nos ajude
a percorrer o caminho necessário ao nosso desenvolvimento, manifestando a
essência de nossa individualidade solar.
O local em que Plutão se encontra no tema expressa um antigo esquema ou
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padrão de conduta, nossa antiga personalidade, os desejos passados, constituindo a
área em que podemos nos relacionar com o ancestral presente em nós e com o nosso
passado menos evidente e mais desconhecido, diante do qual estamos mais
desprotegidos. Encontramo-nos à mercê de alguns impulsos que, de modo geral, não
conseguimos explicar racionalmente e é por esse motivo que o lugar em que Plutão
se situa no tema mostra a esfera da nossa vida, o campo de experiências; nesse
campo, podemos encontrar nosso eu mais atávico, mais "bárbaro" e, de alguma
maneira, mais original, verificar aquilo que, em nós, precisa ser renovado, excluído ou
reestruturado e colocar em prática o velho e difícil axioma: "Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás o mundo".
O local em que Plutão se situa é a área em que podemos nos conhecer, o lugar onde
entramos em contato com a fonte de energia existente em nós. Podemos usar esse caudal
na conquista de nossa própria evolução, podemos transformar essa energia em vontade,
assim como adequar nossa conduta ao nosso propósito evolutivo, simbolizado, em nosso
horóscopo, pelo Sol.
A casa em que temos Plutão assinala a área na qual tendemos a impor nossa vontade
aos outros e a satisfazer nossos desejos acima de qualquer outra consideração. Não nos
esqueçamos de que nesse local se encontra nosso depósito de poder; trata-se de nosso
território privado e uma diminuição de poder nessa área é apreendida como um ataque à
nossa identidade. Por essa razão, é um de nossos pontos mais fracos, o local" em que as
reações são mais compulsivas.
A energia de Plutão não pode ser retida, devendo ser liberada de modo imediato; caso
contrário, provoca uma pressão interna insuportável e termina inexoravelmente por
estourar.
O signo da cúspide da casa em que Plutão se situa mostra a forma pela qual essa
energia se manifesta. Se o signo é masculino, leva à extroversão, é dominante e marca a
tendência a fazer uso dos outros. Se o signo é feminino, convertemo-nos em sujeitos
passivos e receptores dessa energia.
Algo semelhante ocorre quando Plutão está progredido. Ou, pelo contrário, quando se
encontra em sua fase retrógrada.
Plutão na casa um
A pessoa que tem Plutão bem-aspectado nesse setor manifesta uma incomum
habilidade para levar ao êxito seus esforços referentes ao atingimento de algum tipo de
segurança material.
Possui um interesse e uma percepção inata para compreender o valor e o.
funcionamento do dinheiro, conhecendo a espécie de energia representada por este
último. Forte instinto de autopreservação e facilidade para conseguir os recursos que lhe
proporcionam a segurança de que necessita. Desejo de controle sobre esses recursos.
Ainda que esse setor se relacione com todos os tipos de valores - materiais,
psicológicos ou espirituais -, Plutão na casa dois tende, de modo geral, a tornar a
pessoa fortemente materialista, muito embora uma ênfase excessiva no controle e na
posse de bens seja causa de problemas interiores.
O indivíduo se sente à vontade nos assuntos do mundo e pode conseguir grandes
ganhos, especialmente no que diz respeito a tudo o que está sob a superfície da
Terra: petróleo, metais, minas etc. Possível habilidade para tornar-se milionário e,
caso os bons aspectos se efetuem com Júpiter ou Vênus, seus ganhos provirão de
fonte legítima. Também pode ocorrer que os bons aspectos levem o indivíduo a sentir
o desejo de compartilhar seus bens com as pessoas mais necessitadas.
Com Plutão nessa casa, os "valores" se transformam num parâmetro importante
e as próprias habilidades são vendidas ao melhor preço possível. Como Plutão sempre
transcende o habitual, essa pessoa pode prescindir dos diversos modelos monetários
usuais; ela considera os recursos como se fossem uma lei da natureza, seus métodos
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são geralmente "secretos" e pode ascender sem fazer o percurso habitual.
Nesse setor, uma pessoa confronta seus valores, desejos e apetites e aprende a
controlá-los. Com Plutão, a atitude pessoal deve transformar-se de maneira a
conseguir uma regeneração dos valores.
Plutão dita sua própria lei e, desse modo, encontramos aquele que "toma o que
quer", sem levar em consideração os outros: o usurpador, o manipulador, o ladrão.
Se está aflito, o desejo de possuir leva o indivíduo à avareza e os métodos de ganhar
dinheiro podem não ser honestos. Plutão estabelece uma relação com o mundo do
roubo.
O dinheiro pode ser perdido de modo súbito e inesperado. O indivíduo pode ser
vítima de um ladrão ou ver-se privado de seus bens por um acidente natural, ainda
que, se estiver bem-aspectado e progredido, seja muito possível que o seguro cubra
as despesas.
Mal aspectado, não devem ser descartadas mortes ou suicídios relacionados com
crises bancárias e perdas repentinas. Destrói o sentimento de segurança material,
gera forte compulsão para gastar e nega o que mais desejamos.
Plutão produz mudanças radicais de atitude, da maior indulgência em relação
aos nossos desejos à mais severa austeridade. Plutão na casa dois deve evitar que se
considerem as pessoas mais próximas de nós como "objetos" nossos.
A cruz cardeal é a mais dinâmica do zodíaco e a casa quatro é a base dessa cruz, assim
como a base de todo o tema e, por definição, a base, os alicerces, do indivíduo
representado pelo horóscopo.
Trata-se do atávico, das raízes do ser, daquilo que liga o indivíduo com seu passado; é
o código genético herdado de seus pais, sua árvore genealógica. É a meia-noite do mapa, a
obscura origem de tudo aquilo que uma pessoa é; em suma, para defini-lo de alguma
maneira, constitui a alma do indivíduo.
Esse setor, entendido como base, nos indica a estabilidade ou a instabilidade do
indivíduo. Os fundamentos internos de seu caráter e as energias ocultas que nele operam.
Não deixa de ser interessante o fato de que essa casa, cujo simbolismo é análogo ao
de Câncer - as águas nas quais tem origem a vida -, assinale tradicionalmente "a última
parte da vida", como pode ser lido na maioria dos manuais de astrologia. Talvez a
explicação resida na dificuldade de desvelar os mitos que compõem a herança do indivíduo
e que, psicologicamente, o vinculam a seu passado. Desse modo, somente quando toma
plena consciência de sua realidade individualizada - sua realidade solar -, a pessoa tem
condições de tornar objetivo o que nela é subjetivo - isto é, sua realidade lunar. A Lua é
regente natural de Câncer e da casa quatro e, quando essa tomada de consciência tem
lugar, a pessoa costuma, em geral, já ser idosa.
Entre suas características, Plutão apresenta também a de fazer aflorar aquilo que está
oculto e, quando se situa nesse setor, incrementa ao máximo a, busca do conhecimento
interno.
A vida interior é enfatizada e a intensidade do planeta age sobre a sensibilidade,
característica de Câncer e desse setor, elevando-a de modo acentuado; em muitas ocasiões
esse fato se traduz no desenvolvimento, controlado ou não, de habilidades mediúnicas,
clarividência, adivinhação e outras condutas próprias das pessoas sensitivas.
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Essa habilidade para penetrar na mente inconsciente gera, por outro lado, intensas
crises emocionais e uma forte instabilidade, que se traduz geralmente numa busca, às vezes
compulsiva, de paz emocional.
Desejo de ter um lar cheio de amor e de segurança, no qual seja possível descansar,
regenerar-se e exercer controle sobre todas as coisas ao redor.
Nessa casa, Plutão indica que a sensibilidade, os sentimentos e os vínculos com o
ancestral - o herdado, o conceito de "onde viemos" - constituem aquilo que deve ser
reorientado. Plutão facilita essa tarefa regeneradora e, caso esta não ocorra, nos
nega, no local em que está situado, aquilo que mais desejamos.
Plutão leva a uma modificação do conceito tradicional de lar: os limites da família
logo se tornam acanhados, o "lar" pode ser encontrado em qualquer lugar e a
"família", junto a qualquer pessoa ou em qualquer ambiente.
O conceito de nutrição e o de mãe são inerentes ao significado de Câncer e da
casa quatro; a este respeito, Plutão pode assinalar uma forte dependência em relação
aos pais e, de modo especial, em relação à mãe. Com referência a isso, diz Liz Greene:
"Parece, com frequência, que o vínculo seja estabelecido com sua mãe, mas, por trás
desta, se esconde a Grande Mãe". Greene se refere ao mundo, à Terra, e lhe dá o
nome de corpo da mãe. Novamente aparece o laço de união com o ancestral, com a
origem, com o nosso passado. E Plutão na casa quatro obriga a estabelecer esse
contato.
Em outra ordem de coisas, Plutão na casa quatro pode indicar significativas
tensões no âmbito familiar, prematura separação da família e desagregação, real ou
simbólica, desta última. Mudanças de residência. Destruição do lar por causas
naturais.
Com essa posição de Plutão, o indivíduo tem necessidade de sentir-se útil Quer
servir aos outros e às vezes isso se transforma, num desejo obsessivo. Essa
compulsão a prestar assistência tem algo de "reformador" e nem todas as pessoas
estão dispostas a aceitar ou a apreciar esse tipo de ajuda. De modo geral, os
indivíduos que manifestam essa necessidade acertam mais quando canalizam as
forças reformadoras para sua transformação pessoal.
As relações com os superiores e com os subordinados algumas vezes são
complicadas, tortuosas, quando não destrutivas.
Neste caso, a energia de Plutão se manifesta na área do cotidiano e pode
provocar grandes desproporções entre a transcendência vital do planeta e o
rotineiro e muitas vezes frívolo transcorrer da vida habitual. Percepção clara, de
maneira intuitiva ou inspirada, da realidade cotidiana; tendência a beneficiar-se
disso, ou seja, a explorar essa capacidade. Em casos muito aflitos, sadismo nas
relações com o cotidiano, especialmente com os fracos, com os subordinados ou
com aqueles que em geral nos prestam algum tipo de serviço. Forte tendência e
capacidade de destruição nesse campo.
É possível que tudo o que foi dito se manifeste no âmbito do trabalho, levando
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o indivíduo a estar permanentemente desocupado, ou que, pelo contrário, se está
bem aspectado, leve esse indivíduo a ser um trabalhador dedicado ou um líder
operário voltado para a melhoria das condições de trabalho dos demais. Plutão
representa grandes grupos, corporações, e, caso esteja situado nesse setor, a
pessoa pode sentir-se submersa num ambiente materialista, onde predomina uma
relação impessoal.
Os assuntos relacionados com a saúde ou com a doença podem constituir o
instrumento adequado para produzir grandes transformações, a purificação e a
regeneração dos próprios valores. Crises de saúde e excelente capacidade de
recuperação. Excessos, extravagâncias e obsessões nesse domínio. Mal aspectado,
doente crônico.
De curandeiro a hipocondríaco, não lhe agrada a moderação. Possui a
habilidade de ser um canal de cura. Medicina, psicologia e conselhos adequados
podem constituir excelentes campos de trabalho. Além disso, se uma pessoa
consegue esquecer-se de si mesma no serviço aos outros, não tem tempo para ficar
doente e geralmente não fica.
Em mau aspecto, problemas intestinais e de eliminação, assim como
perturbações nervosas e dificuldade no estabelecimento do diagnóstico.
Irritabilidade, crítica feroz, opiniões rígidas.
Instabilidade e insegurança, que a pessoa não demonstra, mas que os outros
notam.
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OS ASPECTOS
Os aspectos de Plutão constituem um dos fatores menos previsíveis do tema
astrológico; isso ocorre em função da dificuldade de saber em que nível de
profundidade está agindo e que manifestação pode ter. Nem todos os elementos
importantes se revelam no plano físico, havendo mudanças profundas e
transcendentes que se passam em níveis muito internos. No que se refere a isso,
Plutão se manifesta como um especialista.
Outra coisa que ocorre com todos os planetas lentos - e Plutão é o mais lento
deles - é o fato de a clássica diferenciação entre aspectos bons e maus, harmônicos e
desarmônicos, positivos ou negativos, ou como se queira denominá-los, diluir-se até
quase desaparecer. Por sua lentidão, são planetas geracionais e os aspectos entre
eles são comuns a muitas pessoas. Por essa razão, é possível supor que oferecem os
parâmetros energéticos adequados à evolução coletiva de todo esse setor
geracional, ou seja, que esses aspectos são os adequados. Por conseguinte, em si
mesmos, eles não são nem bons nem maus, mas simplesmente os aspectos
necessários a essa estrutura evolutiva.
As modificações ocorrem no nível da abordagem que cada indivíduo faz dessa
energia. E isso depende tanto da situação e dos aspectos de seus planetas pessoais -
os rápidos - como da filosofia com que esse indivíduo encara a vida.
Se aceitamos que os aspectos são parâmetros energéticos, isto é, padrões de
comportamento, e que não estão situados dessa maneira por pura casualidade - a
astrologia não admite a casualidade -, é fácil deduzir que a posição em que se
encontram tem uma causa e um propósito. E, como parece lógico, é possível pensar
também que o parâmetro planetário com o qual nascemos se relaciona com aquilo
que somos. Esse é o ponto até onde chegamos. Desse ponto de vista, os aspectos nos
ajudariam a descobrir esses hábitos de conduta - tanto os que apreciamos como os
que repudiamos - e, por conseguinte, nos facilitariam a compreensão de quais
hábitos devemos modificar e de quais precisamos incrementar, a fim de adequar-nos
ao propósito implícito no mapa astral. Entendido dessa forma, nenhum aspecto é
mau; eles simplesmente mostram o que somos, mas depende de nós conhecer-nos a
nós mesmos e, a partir desse momento, dirigirmos nossa vida na direção adequada
ao nosso objetivo.
A mudança consiste em deixar de entender os aspectos planetários como
condicionamentos pouco menos que insuperáveis e passar a considerá-los como guia
e oportunidade. Em mudanças dessa natureza, situa-se a maior ou menor liberdade
do indivíduo.
Plutão é o planeta da regeneração e seus aspectos, especialmente o Sol e a Lua,
nos mostram como flui e como podemos usar essa energia. Pode parecer fácil ou
difícil - depende do fato de os aspectos serem harmônicos ou não -, mas, se uma
pessoa os aceita e compreende como parte integrante de sua experiência, pode fazer
as modificações e as adequações pertinentes e necessárias para seu desenvolvimento
mais rápido e, por conseguinte, acelerar o processo de aproximação do estado no
qual o indivíduo pode considerar-se "acima das estrelas".
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Plutão aumenta o grau de consciência e seus aspectos, particularmente com os
planetas pessoais, assinalam a parte da própria pessoa - simbolizada pelo planeta
aspectado - em que esse fenômeno se realiza e onde deve efetuar-se esse
renascimento. A casa em que esse planeta se situa mostra a área da vida em que se
produz a ação. A dificuldade consiste no fato de que a pressão de Plutão movimenta
molas internas e a pessoa geralmente não percebe essa influência. Ela se sente
impelida a introduzir mudanças em sua vida ou em seu ambiente, às vezes sem
conhecer a causa desse desejo, e tal coisa provoca nela transtornos mais ou menos
compulsivos. A pessoa deverá procurar identificar esses impulsos por meio de um
honesto exame de si mesma.
Um trígono ou um sextil não indicam que a energia flui de modo harmônico;
indicam apenas que flui com facilidade, e, se uma pessoa não tomou anteriormente a
precaução de retocar, refinar ou purificar essa energia, ocorre-lhe de manifestar
facilmente sua pior parte.
Um "bom aspecto" nem sempre é bom. Acontece também que os aspectos de
Plutão nos relacionam com o inframundo, com o subconsciente e, em função de sua
categoria de planeta geracional, com o inconsciente coletivo. Como consequência,
defrontamo-nos com uma serie de fantasma e de "tabus", que são nossos apenas de
forma parcial e, se não estivermos atentos - caso não tenhamos exercitado um certo
controle sobre nossas emoções e motivações -, poderemos pagar o preço de nos
sentir culpados de algo que não nos diz respeito. Em casos exagerados, é possível até
mesmo que o indivíduo se sinta culpado do "pecado" que nossos primeiros pais
cometeram há tanto tempo atrás. O medo e o sentimento de culpa nos aproximam
perigosamente da paranoia.
Nesses casos, nada pior que a tendência a reprimir tudo isso, que evidentemente
nos desagrada. A missão de Plutão é trazer à luz aquilo que está oculto, para poder
vê-lo com clareza e para efetuar as mudanças pertinentes.
Transformação é a palavra-chave e aquilo que já, temos - nem mais, nem menos
- é o que se submete à transformação.
Dois planetas em aspecto estão "trabalhando" juntos e, quando tem Plutão
como companheiro, o indivíduo se vê diante de algo irrevogável, iniludível, que deve
ser conhecido e de alguma forma solucionado.
Essa característica de inevitabilidade nos vincula, em certa medida, ao destino.
Isso é mais claro em aspectos poderosos como a conjunção e a oposição e, em menor
grau, a quadratura, acentuando-se na proporção do fechamento do orbe do aspecto
e tornando-se especialmente notório quando os planetas estão perto dos ângulos.
Algo é eliminado para que em seu lugar possa desenvolver-se uma possibilidade
nova e mais atualizada. Esse é o lado positivo do aspecto destrutivo de Plutão. Um
indivíduo que apresente esse planeta muito poderoso em seu mapa natal pode
assumir a carga de redimir alguma coisa para a sociedade. Dessa maneira, a
fatalidade coletiva se introduz na vida dessa pessoa e exige dela sacrifício e esforço.
Plutão vincula-a pessoalmente à miríade de interações dos outros, torna-a partícipe
do ordenamento cósmico e, em troca, pede-lhe que veja o mundo com olhos
diferentes e que faça com satisfação o que deve fazer.
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Os aspectos de Plutão com os outros planetas, arrolados em seguida, não
pretendem absolutamente esgotar as por definição inesgotáveis interpretações que
deles podem ser feitas; pretendem somente assinalar uma relação dos efeitos mais
óbvios e conhecidos de um planeta tão inescrutável como é Plutão.
Não os separo em aspectos bons e maus; tampouco especifico, com exceção de
casos particulares, o tipo de aspecto, conjunção, trígono etc., mas procuro mostrar
as duas faces dessa energia.
O uso construtivo ou destrutivo dessa energia não depende tanto do aspecto em
si quanto da abordagem, feita por cada pessoa, da totalidade da experiência
plutoniana. E, para isso, é preciso fazer uma análise da complexa totalidade do tema
astral do indivíduo.
Plutão - Sol
Plutão -Lua
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Plutão-Mercúrio
Plutão - Vênus
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A pessoa que apresenta esse aspecto sente a iniludível necessidade de manter
relações de caráter íntimo, de experimentar algum tipo de satisfação emocional.
Sua proximidade e implicação em relação a todas as manifestações do
emocional são intensas, e o desejo de aprofundar-se ao máximo na relação afetiva
se torna urgente e às vezes compulsivo. Necessidade de desvelar os mistérios do
sexo, do amor, de transgredir as convenções existentes nesse domínio e de exercer,
impor, todo o seu poder emocional e sexual. Possui magnetismo, carisma e atração.
Se esses dois planetas permutam suas energias de forma harmoniosa, o amor flui
livremente, da ternura à paixão. Inspirado, profundo, pleno e rico, o êxtase amoroso
pode ser a chave da transformação do indivíduo.
Em sua expressão mais elevada, esse aspecto simboliza o amor universal, o
princípio que transcende todas as barreiras, quer sejam étnicas, raciais, culturais ou
sociais.
A graça e a gentileza de Vênus, bem como sua capacidade criativa, se
contrapõem à força criadora e à habilidade para a adaptação aos propósitos secretos
de Plutão. A capacidade de amar se conjuga com a sexualidade. Não há dúvida de que
esse aspecto pode mostrar o lado mais belo do amor, mas também é certo que nunca
é simples, persistindo sempre um sentimento de fatalidade diante do qual não se
admitem comportamentos ingênuos. Grande fascínio pessoal, erotismo intenso,
sensibilidade, hedonismo e desejo de manifestar-se através da harmonia, do afeto e
da fruição de prazer.
Pode proporcionar grandes dotes criativos nas diferentes manifestações da arte.
Amor pelo belo e por tudo o que torna a vida agradável. Vênus oferece certa
proteção nas circunstâncias difíceis provocadas por Plutão.
As relações construídas sobre a utilização adequada desse aspecto se baseiam na
igualdade e na aceitação dos valores de cada um e são suficientemente fortes para
durar por toda a vida. Quando ama, o indivíduo adora o ser amado, é fiel e leal e não
complica sua vida com trivialidades e amores passageiros.
Se outros aspectos não o impedem, possui uma personalidade harmoniosa,
sociável, relacionando-se com todos de modo indiferenciado. Busca a bondade e a
beleza nos outros e se identifica com seus problemas, procurando dar-lhes uma
solução. Vênus rege tanto as relações como o conforto material, tanto a casa sete
como a casa dois, e é comum dizer-se que existe um forte vínculo entre o amor e o
dinheiro: "Quanto mais uma pessoa ama, mais abundância tem em todos os níveis".
A relação entre esses dois planetas se reveste de muitas aparências e nem toda
são harmoniosa: algumas são francamente desagradáveis e até trágicas. Entre outras
coisas, ostenta a merecida fama de romper casamentos.
Orgulhoso, apaixonado, pouco leal, a intensidade de sua paixão acarreta, de
modo paralelo, fortes doses de rancor, vingança, traição e a revelação do potencial
que o próprio indivíduo possui para destruir aquilo que mais ama.
Propensão para triângulos amorosos, os quais provocam em seus participantes
um sofrimento considerável.
Forte poder para procriar; possessivo e ciumento, o indivíduo mostra uma paixão
obsessiva. A autoindulgência e o amor pelo prazer podem levá-lo facilmente para a
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trilha da depravação. De modo frequente, esse aspecto se manifesta sob a forma de
problemas sexuais, físicos ou psíquicos. Geralmente há uma incompatibilidade nas
relações; também é comum a inclinação à homossexualidade e à bissexualidade. Até
mesmo pessoas cuja conduta é inteiramente heterossexual experimentam uma
sensação de atração-repulsão em relação a um dos dois sexos, uma dualidade muito
típica de Plutão. Favorece a propensão para a luxúria, cobiça, ansiedade, avareza e
voracidade no comportamento e, em outra ordem de coisas, estimula o comércio
sexual. Desenganos na vida emocional e, caso não se modifique a característica do
aspecto, sérios problemas nas relações amorosas e rupturas que, com Plutão,
perduram para sempre.
Outra das características de Plutão, a morte, às vezes se concretiza na perda do
ser amado, que ocorre quando dele mais se necessita. Plutão nos priva daquilo que
mais desejamos ou necessitamos, amputa algo pessoal, elimina nossa muletas e nos
obriga a andar.
Plutão representa uma parte tão vital do indivíduo que este não pode fugir, não
pode escapar a ela, tampouco reprimi-la; só lhe resta à alternativa de enfrentar a
experiência plutoniana a partir de seu próprio nível, entendê-la como uma fase
necessária do processo de desenvolvimento da própria pessoa.
Emocionalmente insaciável, tem múltiplas aventuras eróticas e mostra tendência
para a ninfomania. Trata-se do aspecto dos símbolos sexuais.
A relação Vênus - Plutão simboliza as provas e a oportunidade para reorientar e
refinar a natureza amorosa e dos relacionamentos. E a vida proporciona ao indivíduo
as situações nas quais ele tem possibilidade de praticar essa arte. Esse indivíduo está
aprendendo ser gentil, não para conseguir objetivos pessoais, mas porque isso torna
a vida mais agradável para todos.
Está transformando seus valores nessa área e refinando o sentido que para ele
têm os conceitos de "prazer", "felicidade" e "amor". Enquanto esses valores não são
regenerados, o indivíduo tem uma vida emocional insatisfatória e uma grande
dificuldade em experimentar a sensação de amar e ser amado.
No caso específico da oposição, inverte-se a situação: os outros, seus
companheiros, apresentam o problema mencionado, e o indivíduo sofre os seus
efeitos.
Plutão - Marte
Esse aspecto, como o de Vênus, está ligado à sexualidade, mas, enquanto este
apresenta um erotismo agradável e amoroso - já que envolve a expressão de ambos
-, o marciano exerce a expressão de poder de um sobre o outro, procedimento que,
em certa medida, se assemelha a um rapto. Envolve o conceito de sobrevivência, o
sentido que o homem dá à sua capacidade de autodeterminação. A confiança - ou a
ausência dela - em si mesmo, na própria força.
A energia representada por Marte se manifesta na extroversão; o indivíduo
procura satisfazer seus desejos e impulsos em seu ambiente material mais próximo.
Marte é a energia que usamos no mundo e Plutão simboliza a energia que utilizamos
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para trabalhar no inframundo, isto é, em nossa estrutura psíquica mais profunda.
Ambos estão, por assim dizer, mais envolvidos com a Terra e com o inferno que com
o céu.
Desse modo, é fácil compreender que existe um profundo medo das urgências
primitivas simbolizadas pelos aspectos entre esses dois planetas. Contudo, em forças
primitivas possuem em si mesmas um grande cabedal de sabedoria acerca da
fertilidade e da sobrevivência, tanto biológica como psíquica.
A violência e a paixão de Marte - Plutão assustam o homem civilizado; há uma
conexão entre o erótico e o sangrento, a excitação sexual e a brutalidade, e não é
fácil nem cômodo confrontar-se com isso. Esse indivíduo intelectualizado sente uma
aversão por suas raízes, por seus desejos mais corpóreos, e tende a enterrar esses
impulsos no mais fundo de si mesmo; em outras palavras, ele os reprime.
Esta rejeição de sua parte mais primitiva desemboca frequentemente numa
sensação de impotência, castração e falta de poder. Tal aspecto representa a mais
dinâmica e intensa combinação de energia que pode ser encontrada no tema natal e
tende a expressar-se da maneira mais radical possível.
A pessoa que possui essa imensa quantidade de energia aprecia chegar ao fundo
das coisas. A presença de uma vontade poderosa, de coragem e de sentido da
autodeterminação lhe permite superar todos os obstáculos com que se depara em
seu caminho. Capacidade para tomar decisões e rapidez de resposta em casos de
emergência.
De modo frequente, a vontade de dominar e o amor pelo poder se fazem
acompanhar por certa crueldade. Tende-se a entender a força como a capacidade de
conseguir o que se deseja; a parte mais animalizada da pessoa é muito forte. Por
tudo isso, a própria escala de valores é muito importante, já que guia e controla a
expressão do poder.
De maneira geral, esse indivíduo não se ajusta às regras da sociedade, pouco
importando que use a energia de forma positiva ou negativa, que seja um destruidor
ou um reformador. Ambos compartilham o descontentamento com o status quo.
Mas, se está integrado na sociedade e tem interesse em participar ativamente
de seu desenvolvimento, o indivíduo está apto a canalizar essas energias, a tomar as
decisões oportunas e a realizar as ações pertinentes, que muitas pessoas desejam
mas que poucas podem levar a cabo.
Sua grande capacidade de autodisciplina lhe permite dedicar toda a sua força de
vontade na transformação de si mesmo e dos outros. Neste caso, o aspecto
regenerativo de Plutão age sobre a natureza de desejos de Marte.
Pelo contrário, se esse poder não é manejado com extremo cuidado, o indivíduo
se torna prepotente e sente um compulsivo desejo de "ganhar" a qualquer preço,
desejo esse que o obriga a justificar para si próprio todas as suas atitudes e
condutas. Rege-se pela lei do mais forte e menospreza qualquer código moral ou
ético. Deseja impor sempre a sua vontade, a sua força, e fazer o que bem entende;
entretanto, como é impelido por forças compulsivas, por impulso racionais
descontrolados, poucas vezes sabe o que verdadeiramente deseja.
Na melhor das hipóteses, manifesta uma grande compreensão do que
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significam a luta e a violência. Plutão empresta consciência à força bruta de Marte e,
em caso de luta e agressão, essa força é inteligente e velada.
Autoconfiança, ambição, capacidade de trabalho, constância e uma energia
quase ilimitada lhe permitem conseguir o que deseja. Esse personagem nunca se
rende. Persistência. Com outros fatores favoráveis, longevidade.
Exige demasiado de si mesmo. Quando atinge um objetivo, o indivíduo
estabelece para si outro mais longínquo, já que precisa superar constantemente suas
próprias conquistas, fator que gera nele uma grande tensão interna e um alto nível
de frustração, caso não consiga seu propósito tão rapidamente quanto esperava.
Esse indivíduo cria, de modo contínuo, suas próprias frustrações.
Tendência a usar a força e táticas de guerrilha para atingir seus objetivos.
Obsessão de vencer. Desgaste inútil de energia. Atitude antissocial. Afligido por
Saturno, tendências sádicas. Impaciência, cólera. Em alguns casos, indica pouca
vitalidade física. É também símbolo de morte violenta.
Plutão - Júpiter
Plutão - Saturno
Plutão - Urano
Urano separa e Plutão destrói. Seria possível imaginar que, juntas, estas duas
características não poderiam oferecer nada de bom; no entanto, não ocorre dessa
maneira. A separação uraniana tem o objetivo de diferenciar, de ver com clareza
uma situação, de tomar consciência da própria opinião. Em outras palavras, Urano
separa para individualizar, enquanto Plutão vincula o velho com o novo e destrói o
obsoleto para que algo novo possa surgir. E, vista em profundidade, sua ação
consiste em unir num novo nível; para que isso ocorra, Plutão deve primeiramente
destruir. Ambos os planetas, à sua maneira, são construtores. Urano individualiza e
Plutão outorga consciência, inclusive consciência social.
Esse aspecto incrementa a autoconsciência. Voluntarioso, determinado e
resistente, esse indivíduo tem na mudança seu conceito-chave. A centelha intuitiva
uraniana torna-o apto a distinguir novas e melhores soluções para qualquer tipo de
problema, assim como a maneira de consegui-lo; dotado de talento técnico e
inventivo, volta imediatamente seu interesse - uma vez conseguido o que deseja -
para outro objetivo e mais uma vez persiste até atingi-lo. A orientação individualista
de sua vida e o radicalismo nas mudanças de estruturas lhe conferem uma postura
e às vezes uma ação revolucionárias.
Um inquebrantável desejo de independência e de liberdade conduz esse
indivíduo a ser diferente dos outros, a desenvolver seu próprio caminho e a não
seguir a massa. Inconformista, criativo, inquieto e impulsivo, tem novas e
progressistas ideias, bem como soluções originais para os problemas; trata-se de
um reformador da sociedade. Compreende e respeita o princípio da fraternidade e
entende o amor como um conceito universal que une os homens em causas
comuns.
Esse aspecto favorece os estudos científicos, o interesse pela metafísica e
certas capacidades de clarividência.
Guiando-se pelo fazer e deixar fazer, esse indivíduo tem uma vida muito
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variada e excitante, mantém-se à margem da corrente geral e precisa estar livre
porque está aprendendo a manejar a liberdade. Não se ajusta à norma e, se
participa, o faz em atividades marginais.
Os aspectos conflituosos indicam problemas de identidade, de relação, de
inserção em seu próprio grupo. Muito impulsivo, tende às explosões de caráter, às
atitudes de raiva, aos ódios, ao fanatismo, à excentricidade, a um sentido exagerado
do pessoal e a manifestações antissociais. Pode mostrar-se precipitado, violento,
rude, rebelde, licencioso, pervertido, crítico e aguerrido.
Problemas no sistema nervoso, paralisia, acidentes repentinos, tendência ao
suicídio e morte súbita.
Plutão - Netuno
Existe uma relação muito profunda entre esses dois planetas. Produzem-se
neles circunstâncias e situações muito significativas, que não encontramos nos
outros. Um primeiro indício que nos adverte da importância dessa relação é o
caráter incomum de que se reveste, em nosso sistema solar, o fato de a órbita de
Plutão cortar, em determinada fase de seu percurso, a órbita de Netuno,
conectando, desse modo, dois "mundos" muito diferenciados entre si.
Essa situação única nas revoluções planetárias acontece todas as vezes em que
Plutão se aproxima do signo de Escorpião; e, se levarmos em conta que Vênus, o
planeta da relação, aquele que tudo une, está exaltado em Peixes, regido por
Netuno e em exílio em Escorpião, poderemos começar a intuir algo da
transcendência desse contato, dessa união, que se produz a cada período de
aproximadamente 250 anos, quando as órbitas se encontram.
Peixes, o último signo do zodíaco, nos liga, numa nova volta da espiral, a Áries,
o primeiro signo, a primeira energia, que necessita ainda ser caracterizada.
Escorpião também é um signo de mudança, de morte e ressurreição, e vincula um
nível ao outro. Vida e morte, princípio e fim estão sempre estreitamente unidos.
Netuno representa os ideais mais elevados, a inspiração mais sutil ou um
estado de graça ao qual se pode aspirar, ao passo que Plutão significa o poder toda
a força acumulada ao longo do tempo e de alguma maneira concentrada como
semente no mais profundo do inconsciente.
Para dar um grande salto, é necessário muito "impulso"; para atingir os ideais
de Netuno, é necessária a força de Plutão. Enquanto este último cruza um signo,
Netuno percorre dois, um positivo e outro negativo. Isso também pode nos levar a
pensar numa distribuição da energia, na manifestação dual, nas duas faces da moeda
dessa energia capaz de nos transportar da pura potencialidade ao mais elevado
estado de realização. Devemos observar igualmente que esses planetas são muito
lentos e que os aspectos que produzem entre si no desenvolvimento de seus ciclos
afetam toda a humanidade, desvelando o inconsciente coletivo, repolarizando os
ideais dessa humanidade de acordo com novas diretrizes e alterando fatores
profundamente enraizados na natureza humana.
Netuno simboliza a dissolução e Plutão, a possibilidade de transcender; nesse
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processo, Vênus - a capacidade de amar - tem uma grande participação. Netuno - a
oitava superior de Vênus - e Plutão - a oitava superior de Marte - reproduzem, num
nível mais elevado, as relações que estes dois planetas exercem no plano pessoal.
No mapa astral de cada indivíduo, os aspectos entre Netuno e Plutão
representam, em função de seu movimento lento, uma influência de longa duração,
de manifestações e resultados pouco menos que permanentes, e assinalam
igualmente situações e acontecimentos decisivos, pontos de fatalidade, de crise
duradoura ou o início de um novo capítulo da vida.
Netuno é a capacidade de imaginar, de sonhar e de produzir mundos ideais; ele
prefere flutuar a pisar em terra firme, aventurar-se pelo desconhecido à segurança
do habitual e, em naturezas evoluídas, se manifesta sob a forma de elevada
compreensão e espiritualidade.
A expressão criativa da relação entre esses dois astros estimula o fervor a certos
ideais, assim como a capacidade para inspirar e guiar outras pessoas. Excelente em
tudo aquilo que diz respeito ao intangível: religião, psiquismo, arte etc. Dotado de
percepção clara e de uma intuição bastante desenvolvida, eleva qualquer
característica a um nível artístico e possui uma habilidade natural para sentir,
experimentar e manejar o abstrato. Trata-se do sonhador capaz de transportar seu
sonho para a realidade, do visionário que também age.
Amante da justiça, o indivíduo é um libertador que lula contra tudo aquilo que
desumaniza, degrada ou oprime o homem; esse ideal de justiça é manifestado em
todos os domínios em que age.
Romântico e sonhador, ele pode, na melhor das hipóteses, transformar a
fantasia em arte e a sensibilidade em compaixão.
Em sentido contrário, sua sensibilidade e sua fantasia se tornam intoxicantes e o
indivíduo é capaz de fanatizar-se por qualquer coisa; dessa forma, passa a confundir
seus sonhos com a realidade, vive numa ilusão constante; irresponsável e volúvel,
apresenta uma forte tendência a mergulhar em si mesmo, a desaparecer do
"mundo", a eliminar sua parte mais "real" e a viver numa espécie de vida dupla,
dentro de um sonho.
Capaz de grandes sacrifícios, o indivíduo mostra paixão pela pompa e pelo
cerimonioso, tendência ao martírio, à purificação interior, ao autocastigo, à auto-
disciplina e também à autopiedade.
Caso expresse a sua pior parte, tende a ser astucioso, decepcionante, falso,
malicioso, portador de absurdas ideias utópicas, de escassa moral e exagerado;
nesse caso, pode ocorrer também que facilmente sucumba às drogas, narcóticos e
venenos, ou que comercie com eles, podendo ainda manifestar tendências criminais
e inclinação para o suicídio.
De modo geral, o indivíduo mostra interesse - e tem aptidões para tal assunto -
pelo sobrenatural, podendo chegar a ser mago, clarividente e médium, que luta pela
liberdade do homem. Ou, pelo contrário, pode transformar-se em praticante da
magia negra. De qualquer modo, nunca sendo compreendido pelos outros, tende a
sentir-se só ou abandonado.
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OS TRÂNSITOS
Cada astro tem múltiplas facetas e as combinações entre planetas - por aspecto,
progressão ou trânsito - são inumeráveis. Se a isso acrescentamos sua posição por
signo e por casa, as variáveis são infinitas. Essa multiplicidade de possibilidades
permite que cada indivíduo tenha um tema singularizado, ao mesmo tempo em que
inviabiliza as fórmulas ou receitas muito gerais e concretas que, embora em si
mesmas possam ser corretas, não podem ser aplicadas indiscriminadamente a todos
os casos. A arte e a ciência do astrólogo são os elementos que, através de uma
leitura da totalidade do mapa astral, têm condições de discernir as influências em
jogo e suas possíveis manifestações.
Todos nós apreciamos as referências concretas, as verdades matemáticas; no
entanto, seríamos muito ingênuos se pensássemos que trabalhar com elementos tão
sutis quanto as forças planetárias constitui uma tarefa fácil. Ser um bom astrólogo
ou um bom mago demanda muito trabalho, e qualquer pessoa deve munir-se de
prudência antes de atrever-se a sugerir - para não dizer predizer - algo aos outros.
Que o capítulo anterior sirva como introdução a este, que não pretende ser um
receituário dos efeitos dos trânsitos, mas um pequeno mostruário dos tópicos mais
comuns e óbvios da relação entre duas forças determinadas. A forma de
manifestação dependerá tanto do signo e da casa como de outros aspectos
colaterais que podem estar operando de modo simultâneo, além da vontade do
indivíduo para manipulá-lo de uma maneira ou de outra.
Tal como no caso dos aspectos, não especificarei aqui que tipo de trânsito é
abordado, se conjunção, trígono, quadratura, oposição ou qualquer outro. Limito-me
a assinalar as características mais evidentes do aspecto, quer se expresse de uma
maneira quer de outra.
Nada é mais claro e, ao mesmo tempo, mais difícil de interpretar que os
trânsitos de Plutão. Como todos os planetas transaturnianos - os lentos -, sua ação
ou efeito perdura muito tempo; ela começa a ser sentido antes do aspecto exato e
sua manifestação se prolonga por muito tempo depois, ainda que, de modo geral, no
momento preciso, costume introduzir alguma coisa que evidencia o tipo de
experiência que está ocorrendo. Isso é particularmente certo no caso de Plutão, cujo
aspecto, na maioria das vezes - e em função de seus longos períodos de
retrogradação -, acontece em três ocasiões consecutivas, reproduzindo
simbolicamente o efeito dos três grandes planetas. Urano desperta e sua influência
leva o homem a perceber seu verdadeiro eu; ele representa a natividade, o
nascimento da consciência. Netuno trabalha na dissolução do ego e simboliza a
crucificação. Quanto a Plutão, liberta o espírito através de um processo de
transformação e renascimento, de morte e ressurreição, concluindo o trabalho
iniciado por Urano e Netuno.
O trânsito de Plutão tem o poder de nos colocar em contato com a semente que
existe em nosso próprio interior, com a nossa natureza mais essencial e com nossos
potenciais em seu estado mais puro, por meio das experiências vitais mais intensas.
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Ajuda-nos a experimentar novamente o impulso vital espontâneo de nossa primeira
juventude, da época em que ainda não estávamos condicionados pelo tremendo
peso das convenções culturais. O trânsito de Plutão nos devolve nossa expressão
natural e nos remete à nossa essência, por tanto tempo esquecida.
A energia, por definição, sempre é pura, neutra; o uso que o homem faz dela é o
elemento que transforma a experiência em positiva ou negativa. Contudo, é
necessário levar em consideração que, quando uma nova energia emerge no
horóscopo - e Plutão é a mais nova de todas -, o homem, em sua inexperiência,
tende a usá-la negativamente até aprender a utilizá-la de forma construtiva.
O trânsito de Plutão quase sempre nos colhe desprevenidos. Estamos apegados
a nossos hábitos e geralmente opomos resistência a abandonar nossos velhos
padrões de comportamento, que tanta segurança aparente nos proporcionam; no
entanto, Plutão exige que passemos pelo processo de regeneração. Não é suficiente
aproximar-se dele.
De modo geral, os trânsitos de Plutão estão relacionados com algum tipo de
morte e de destruição do velho, do inútil, a fim de que possa florescer o novo; e, se
uma pessoa tem medo da morte, é certo que sentirá medo dos trânsitos de Plutão.
Apegamo-nos ao velho, já que nossa educação e nossos preconceitos culturais
nos fazem sentir verdadeiro terror diante do "caos", diante de situações ou
sentimentos para os quais não dispomos de uma resposta preparada, diante de
qualquer coisa que seja diferente do que já conhecemos e controlamos de modo
relativo; por outro lado, também é certo que o homem está mais aberto e mais
disposto para o novo quando desorientado, confuso e quando não consegue
compreender, pelo menos em sua totalidade, o que está ocorrendo. Sempre nasce
alguma coisa do caos, de nossa natureza "bárbara", comumente contraposta à nossa
imagem civilizada e por esta reprimida. Essa é a ação de um trânsito de Plutão:
despojar-nos de nossa carapaça civilizada para que, do mais profundo de nossa
essência, seja desvelada a realidade que somos, qualquer que seja essa realidade.
trazer à luz - ou seja, tomar consciência do que somos - é o passo prévio do
procedimento de reorientação, de regeneração e de renascimento. Trata-se da
oportunidade oferecida por Plutão. Aproveitá-la ou menosprezá-la é uma opção que
depende inteiramente de nós. Nesse trânsito, podemos alcançar a liberdade,
inclusive em relação a nós mesmos; em outras palavras, podemos atingir uma
liberdade total.
Devemos estar permanentemente atentos, pois a ação de Plutão, em sua maior
parte, está oculta; não é por acaso que o mito o apresenta portando um manto que
o torna invisível. As implicações desse trânsito para a totalidade de nosso ser e os
prolongamentos no tempo - é bom lembrar a lentidão e a duração no tempo do
efeito desse planeta -, assim como a profundidade e a sutileza de sua ação, tornam
muito difícil o estabelecimento do significado correto de sua influência. Somente a
perspectiva concedida pelo tempo nos auxiliará a descobrir um sentido nas
mudanças que, sem dúvida alguma, são produzidas em nossas vidas por um trânsito
de Plutão. Este último atua sempre em níveis profundos, em nossas regiões
obscuras; assim, seu significado nunca é óbvio, e os fenômenos aparentes raramente
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permitem julgá-lo de forma adequada. Além disso, sua ação visa separar, libertar, o
perdurável do transitório, seja a alma do corpo - através do processo da morte -, seja
o eu real, individual, de todas as estruturas de comportamento que compõem a
personalidade social. Trata-se sempre de um processo de tomada de consciência, seja
qual for o nível em que venha a ocorrer tanto, o trânsito de Plutão sempre é dual,
opera com dois elementos (a sombra e a luz, o velho e o novo, a morte e a vida), e é
absolutamente drástico (ou branco ou preto) ; como esse trânsito representa o final de
um processo, ou a pessoa se liberta ou não o faz, sendo o resultado totalmente
irreversível.
A morte e a destruição, física ou psicológica, constituem o resultado da falta de
adaptação a circunstâncias e exigências novas; contudo, se for considerada de um
ponto de vista elevado, a morte é o confinamento da energia na forma, do espírito na
matéria, é a semente sob a Terra, que, no momento certo, rompe a casca - aquilo que
deixou de ser útil - e engendra uma nova vida. Plutão, a semente, desce até a nossa
própria obscuridade para, na ocasião adequada - após destruir nossas bases e defesas,
nossas cascas -, florescer e encontrar a luz.
Entretanto, essas crises plutonianas não são transcendentes, a menos que Urano e
Netuno tenham preparado previamente o caminho. É muito importante que a pessoa
reconheça a inevitabilidade da mudança plutoniana - mudança que se encontra na
própria estrutura das coisas e diante da qual não há escapatória - e entenda que ela é
necessária no atual estágio evolutivo pessoal.
Plutão - Sol
Plutão - Lua
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Plutão - Mercúrio
Plutão - Vênus
Plutão - Marte
A força expressa em ação. Esse trânsito envolve uma tremenda energia física.
Nesse período, o indivíduo se sente capaz de obter tudo o que deseja; trata-se da
época de superar todos os obstáculos e de triunfar em qualquer área da vida que
desperte o seu interesse. Existe uma forte necessidade de usar essa grande
quantidade de energia e é difícil - e geralmente nocivo - acumulá-la.
Com este trânsito, é possível realizar grandes coisas; tudo o que requer esforço
torna-se agora mais fácil, uma vez que o estado de espírito específico o leva a tomar
essa aparência. Este indivíduo esbanja estímulo, força e capacidade para trabalhar
com afinco e essa é precisamente a melhor coisa que ele pode fazer com a presente
energia. Não convém, de forma alguma, armazená-la. Seja como for, é preciso libertá-
la.
Plutão é o planeta da transformação e Marte oferece a energia necessária para
levá-la a efeito.
Marte também representa a capacidade de sobrevivência do ego, da
personalidade, e Plutão desempenha essa mesma função em relação ao espírito. Este
trânsito enfatiza a identidade individual, o eu separado dos outros. O perigo reside no
fato de que, no processo de expansão do eu, o indivíduo procura dominar as outras
pessoas, ação à qual estas últimas evidentemente resistem. Assim sendo, o indivíduo
percebe essa energia como um obstáculo que se opõe a seu desenvolvimento. É
possível evitar tal coisa estimulando os outros e a eles se unindo na consecução dos
ideais, sejam estes de ordem física, emocional ou mental.
O uso adequado da presente energia vitaliza e regenera a saúde. Em
contrapartida, a utilização incorreta esgota as forças no decorrer da longa luta. Dito
de outra maneira, é necessário usar a energia, mas não abusar dela.
Este trânsito impõe a iniciativa sobre a reflexão e isso assinala um período difícil.
Caso se aja sem um mínimo de controle, a parte negativa de Plutão se soma à parte
negativa de Marte e o resultado é explosivo. Nossa parte mais animal tende a
transbordar. A ação bruta, desprovida de matizes, os julgamentos apressados e a
pressão dessa energia prestes a estourar abrem caminho para que a cólera e a
violência sejam os meios usados para dar saída a essa força.
Como antídoto, deveriam ser utilizados, mais do que nunca, o discernimento de
Júpiter, o irmão celeste de Plutão, e a benevolência de Vênus, o polo complementar
de Marte.
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Enquanto O efeito do trânsito perdurar, intensificam-se a tendência antissocial,
as atividades subversivas de todos os tipos e, em casos muito extremos, de grande
conflito no tema natal, a possibilidade de rapto, violação sexual e morte. É um
aspecto frequente entre assassinos e assassinados.
A mescla de energias envolvidas pelos aspectos entre esses dois planetas é
demasiado poderosa para ser retida; por essa razão, é preferível liberá-la antes que
nos prejudique. É necessário expressar essa força, e tal coisa pode ser feita de modo
construtivo ou destrutivo. Bem utilizada, é uma oportunidade que merece ser
aproveitada.
Plutão - Júpiter
Plutão - Saturno
Plutão - Urano
Embora os efeitos das energias desses dois planetas sejam sentidos na esfera do
pessoal, as causas não se originam no particular, mas no geral. Todos os planetas
situados adiante de Saturno se relacionam com o coletivo, com o destino da
humanidade como um todo e não com o do indivíduo isolado, ainda que nossa
participação no processo possa ser singular e que este nos afete profundamente no
plano individual. Urano e Plutão representam duas forças muito profundas dentro do
universo, e aprender o funcionamento deste último constitui uma boa forma de utilizá-
las. Ninguém pode prever com exatidão o que fará Urano, mas, aconteça o que
acontecer, sucederá de modo imprevisível e repentino, modificando totalmente a
situação.
A energia de Plutão é invisível; trabalha nas profundezas, purificando e redimindo
a consciência, e seus efeitos são permanentes. A combinação dessas duas forças pode
ser simbolizada como uma revolução criativa. Plutão empresta profundidade à
capacidade de mudança de Urano. Tudo isso se manifesta sob a forma de mudança,
geralmente mudança na coletividade. Em função da lentidão desses planetas, seus
aspectos são geracionais; o indivíduo pode representar uma parte ativa nesses
aspectos, caso tenha Urano forte no tema ou simplesmente reaja a essa pressão
ambiental. No plano pessoal, essas duas energias são sentidas como um forte desejo
de liberdade, e aqueles que estão atentos rapidamente percebem que a liberdade só
vigora quando a pessoa não se preocupa com a possibilidade de ser ou não livre,
renunciando à sua própria vontade e permitindo que, através de si, atue a vontade do
universo, a lei ou a ordem do cosmos. Os vislumbres de intuição opõem-se a qualquer
dogma ou ortodoxia, a inspiração revela a verdade àqueles que estão preparados e tal
coisa gera um processo de transformação profunda. Originalidade e genialidade,
aumento de poder nos níveis internos de consciência, desenvolvimento da visão
espiritual e da intuição. Intensificação da vitalidade física.
Essas mudanças, cujas origens, na maioria das vezes, devem ser buscadas em
anos passados, separam claramente esse período do anterior; trata-se de um
afastamento em relação ao passado, de um enfoque no futuro, e o indivíduo sente
uma excitação pelo novo, pelo oculto e pelo científico.
Favorece o estudo de tudo aquilo que, no momento, aparece como
revolucionário, dos computadores à ciência espacial, passando pela astrologia.
Durante esse período, o indivíduo transcende as meras aparências, aprofunda-se
em dimensões insuspeitadas, enriquece sua vida com esses conhecimentos e tem a
oportunidade de conseguir algo extraordinário, afastado das perspectivas habituais. A
pessoa tende a sentir-se nova e livre.
Em contrapartida, também pode ocorrer que o indivíduo passe por poucas
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mudanças em sua vida pessoal. Contudo, se for esse o caso, tudo aquilo que o rodeia
sofre grandes transformações. Para essa pessoa, a prova consiste em adaptar-se a
essas mudanças. A resistência e a rigidez só pioram a situação e, caso mantenha a
mesma atitude que antes, empenhando-se em permanecer inalterável, o indivíduo
pode sofrer bastante. Quanto mais flexível ele for, melhor caminhará todo o
processo. Ir contra a corrente transforma uma pessoa em vítima de si própria e,
estando Urano envolvido, é impossível preparar-se.
Outro perigo consiste em modificar - pelo simples gosto da mudança e sem
qualquer discernimento - tudo o que é velho, todas as antigas condições, sem levar
em consideração que muitas delas permanecem úteis e perfeitamente válidas. Tal
coisa torna o indivíduo errático desprovido de bases sólidas e caprichoso,
determinado a fazer apenas aquilo que aprecia, sem considerar qualquer outro
critério. Se o tema está aflito, ele pode erigir-se em lei e usar a violência para
conseguir o que deseja. Plutão representa persuasão em sua oitava elevada mas
também coação em sua faceta negativa.
É conveniente recordar que se obtêm mais resultados com mel que com vinagre.
Plutão -Netuno
Enquanto Plutão é uma força motriz, um poder que tudo move, Netuno
simboliza a capacidade de fabular, de imaginar. Num nível muito elevado, Netuno dá
forma ao impulso inicial de Plutão. Na alternância um-dois, ativo-passivo, eles
representam o primeiro par, a primeira relação ying-yang, o princípio do primeiro
ciclo.
O trânsito de Plutão por Netuno marca uma fase desse primeiro ciclo e age em
níveis muito profundos do inconsciente coletivo. Em cada um dos indivíduos que
compõem as gerações com o mesmo aspecto, manifesta-se de uma maneira muito
sutil, quase imperceptível, transformando, sem que a pessoa sequer perceba, os
valores, ideais, objetivos e concepções do mundo. É possível que um indivíduo
constate, durante esses trânsitos, que os fundamentos de vida que possuía deixaram
de interessar-lhe; percebendo que viveu, até o momento, numa ilusão, pode sentir-se
desorientado, mas o que se passa com ele está ocorrendo com toda a sua geração.
Não se encontra sozinho e é importante ter isso em mente, já que a solução para o
seu problema pode advir mais facilmente do contato com as pessoas da mesma idade
que da abordagem individual. A um problema global corresponde uma solução global.
Embora isso seja certo, se um indivíduo deseja comparar sua perspectiva de vida com
outras concepções distintas, deve procurar pessoas mais velhas ou mais jovens, uma
vez que as de sua geração o compreenderão de um ponto de vista idêntico ao seu.
Trata-se de um bom momento para concretizar um ideal de anos precedentes e,
caso seja utilizado de maneira elevada, esse trânsito produz uma inextinguível
energia espiritual. É a época de encontrar companheiros que trilhem o mesmo
caminho espiritual e de avançar em companhia daqueles que se encontram
espiritualmente despertos. Através da prática da meditação é possível sensibilizar,
durante esse período, os mundos internos e colocar em atividade a glândula pineal.
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Ainda que tenha uma visão materialista do mundo, o indivíduo se sente
inclinado, nessa época, a procurar uma explicação mais profunda dos fenômenos da
vida, a transcender de alguma forma a superficialidade em que habitualmente nos
movemos e a explorar dimensões que ultrapassem o aparente.
Num sentido completamente oposto, esse trânsito pode levar a pessoa à mais
profunda degradação. Nesse caso, o indivíduo se vê diante da idealização que
construiu do mundo, e não diante de sua realidade; desse modo, vê-se obrigado a
conhecer os próprios fantasmas - e nada há que seja mais netuniano que um
fantasma - e, muitas vezes, tal coisa se traduz numa forma ou outra de escapismo, da
intensificação da atividade onírica ao consumo de várias espécies de álcool e de
drogas. O indivíduo pode igualmente perder-se - outro conceito tipicamente
netuniano - em numerosas abstrações. O caráter se torna instável, flutuando entre a
hipersensibilidade e a tolice, e o sentido dos valores se deforma. Delírios, loucuras e
complexos de perseguição são frequentes.
É imprescindível discernir entre o que é e o que aparenta ser.
Plutão - Plutão
Os aspectos por trânsito de Plutão sobre o Plutão radical são etapas dentro de
um mesmo processo criativo de evolução e sua manifestação depende muito dos
aspectos e das situações do Plutão natal. 0corre como se, de quando em quando,
fosse recordado a um indivíduo o seu programa. São momentos adequados para que
se aprofundem os próprios objetivos e, caso a pessoa esteja na linha que lhe
corresponde, podem ser períodos de grande estabilidade e reafirmação dentro do
processo.
Ocorre o mesmo no caso específico da quadratura, mas com a particularidade
de que todos os elementos acumulados durante o ciclo - elementos que devem ser
reformulados, porque deixaram de ser úteis - se tornam evidentes. E ainda que não
o deseje, o indivíduo é obrigado a eliminá-los, sejam eles hábitos, situações criadas
ou relações. Trata-se de uma ocasião para tomar consciência do destino particular
no âmbito do destino geral.
Plutão é tão lento que, na média de vida atual da humanidade, só chega a
realizar um trânsito importante, a quadratura, a partir dos sessenta anos. E, no caso
de vidas longas, o trígono, realizado entre os oitenta e os noventa anos.
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