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Idas e Vindas por Leo S Sial

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Idas e Vindas por Leo S Sial

IDAS E VINDAS

Trajetórias Espirituais
entre dois mundos e
Experiências fora do
corpo

Leo S Sial

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Sumário
Leo S Sial............................................................................... 3
Sobre mim .................................................................................................... 6
Sobre esse livro .......................................................................................... 8
Sobre experiências fora do corpo ..................................................... 10
Sonho ou viagem astral? ...................................................................... 12
Viagem pelo espaço................................................................................ 14
Abduzido e curado .................................................................................. 21
O que era aquilo no meu quintal? .................................................... 28
Visitando um laboratório no Astal ..................................................... 32
Entre dois mundos .................................................................................. 36
Conversa com meu Avô ........................................................................ 42
Espirais ........................................................................................................ 46
Visões na pescaria ................................................................................... 50
Vale dos suicidas...................................................................................... 58
O sonho da medicina para os médicos ........................................... 67
Voando pela cidade ................................................................................ 72
A ponte ........................................................................................................ 76
Encontro com espírito sofredor I ...................................................... 79
Encontro com espírito sofredor II ..................................................... 84
Encontro com espírito sofredor III ................................................... 88
Foi Deus ...................................................................................................... 92
Sintonia com o Bem Maior ................................................................. 103
Acordos firmados ................................................................................... 106

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Sobre mim

Eu moro em Belém do Pará, um lugar lindo


banhado pelo Atlântico e por rios tão volumosos
que mais parecem mar, sem falar nos Mangues e
Igarapés, que são um espetáculo a parte.

Durante um período da minha infância,


morei com minha família - meus pais, eu e meus
irmãos - em Fortaleza, por causa do trabalho do
meu pai, e depois voltamos para Belém
novamente.

Lembro que desde criança tive projeções da


consciência, mas a maior parte se perdeu no
tempo, infelizmente, pois comecei a trabalhar
com doze anos e não tinha tempo para relatar tudo

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Idas e Vindas por Leo S Sial

o que experenciava naquela época, pois estava


mais preocupado com a sobrevivência da minha
família.

Quando era criança, nunca contei para


ninguém meus relatos, até porque achava que
ninguém iria acreditar, e tampouco saberia como
explicar.

Comecei a escrever sobre minhas


experiências fora do corpo bem mais tarde em
minha vida, quando já era militar. Procurei relatar
sem nenhum dogma e sem nenhuma fantasia.
Acredito e procuro viver os ensinamentos de
Jesus, e sei que para trilhar o caminho do Auto
Conhecimento e da Espiritualidade, é necessário
maturidade, responsabilidade e comprometimento
com o bem maior.

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Sobre esse livro

Esse livro é totalmente baseado em minhas


vivências. Alguns dos nomes foram alterados para
garantir a privacidade dos envolvidos.

As experiências fora do corpo


enriqueceram minha vida de conhecimentos e
todos esses relatos são uma pálida descrição, pois
é difícil demais traduzir em palavras tudo o que vi
e senti.

Meus objetivos ao compartilhar minha


trajetória são o de fazer com que mais pessoas
saibam que a vida continua em outras dimensões
e também o de desmistificar o fato de que, por ser

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um militar, eu seja uma pessoa avessa a


Espiritualidade. Então, peço que analise tudo o
que relatei e, se lhe servir, que você possa
acrescentar aos seus conhecimentos.

Fora do corpo físico, percebemos que a


nossa consciência está na alma, e que o corpo
físico é apenas o envoltório que nos abriga
temporariamente para que possamos viver nesta
vida. Nas experiências, mantemos a capacidade
de raciocínio, memória e percepção, e nos meus
relatos, você perceberá meu estado emocional e
todo o contexto da situação que vivia.

Sou apaixonado pelo meu Pará, um lugar


lindo e, por que não dizer, místico também. Todas
as fotos que ilustram esse livro são de minha
autoria.

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Sobre experiências fora do


corpo

O sono, além de necessário para seu corpo


físico se restaurar após um dia inteiro em vigília,
é também necessário para sua Alma que ganha
independência e pode restaurar sua vitalidade no
Astral.

Enquanto seu corpo dorme, seu


metabolismo sofre uma ligeira queda, o cordão de
prata que prende sua alma ao seu corpo afrouxa e
sua alma ganha independência.

Você pode então visitar o plano extrafísico,


sua verdadeira casa antes desta vida atual. É
possível você

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encontrar os seus afetos e também seus desafetos


extrafísicos. Esse é um dos maiores benefícios
das experiências fora do corpo: a prova real da
existência da consciência além do corpo físico.

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Sonho ou viagem astral?

Uma das principais formas de diferenciar


sonhos comuns de Experiências Fora do Corpo
(Viagem Astral, Projeção da Consciência, Sonho
Lúcido, Desdobramento) é através do nível de
lucidez.

Nas experiências fora do corpo, a


percepção é muito próxima da vigília e, muitas
vezes, superior à lucidez de agora na vigília, o que
faz com que a experiência se torne inconfundível
para quem a vivenciou.

Retirado de www.consciencial.org - Dalton


Campos Roque.

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Rio Xingu - Pará

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Viagem pelo espaço

Meu primeiro caderno com minhas


anotações foi extraviado e, junto com ele, minhas
memórias mais antigas e bem detalhadas. O relato
que agora descrevo é um dos que se perderam. E
foi tão marcante que o guardei na memória por
mais de vinte anos, mas confesso que alguns
detalhes se perderam infelizmente.

Por volta dos anos 90/92, conheci duas


pessoas chamadas Paulo e Márcia, que sempre
apareciam nos meus sonhos e, com eles, tive uma
boa amizade. Certa vez, recebi deles um convite
para conhecer uma parte do nosso sistema solar
dentro de uma nave. Achei que era só uma

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Idas e Vindas por Leo S Sial

brincadeira e aceitei mesmo não levando a sério, e


eles me disseram:

− Prepare-se, em breve você nos


acompanhará em uma viagem.

Rindo, fiquei pensando comigo mesmo


“dois loucos”. Dias depois, em mais uma
projeção da consciência, eles voltaram e me
disseram:

− Vamos Leo, nossos amigos estão te


esperando!

Imediatamente, fui conduzido por Paulo e


Márcia até um dispositivo esférico que nos levou
até uma imensa nave que estava na órbita da
Terra. Já dentro da nave, eu olhava por todos os
lados tentando absorver todos os detalhes. Meu
lado profissional e minha curiosidade sempre
presentes, me faziam observar atentamente, e o

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Idas e Vindas por Leo S Sial

meu desejo era conseguir lembrar tudo quando


voltasse para o corpo. Na nave não via nenhum
equipamento como o que mostram em séries de
ficção científica. Na minha frente, havia uma
espécie de uma janela muito grande como uma
escotilha com uma visão de 180º. A nave
deslizava com uma velocidade incrível e, lá fora,
só se via o escuro com pontos brilhantes. Alguns
desses pontos pareciam tão pequenos que mal
conseguia distinguir seu brilho, e outros eram tão
grandes que podia ver detalhes mesmo de longe.

Orbitamos o nosso planeta, fomos até


Marte, voltamos para Vênus e depois para
Mercúrio, o mais quente de todos. No nosso
retorno, vi meteoros, pedaços de rocha vindos em
nossa direção e fiquei impressionado como essas
rochas se afastavam da nossa nave. Fiquei curioso
para saber como é que eles faziam para que os

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meteoros se desviassem da nave e, quando fui


perguntar, percebi que um meteoro imenso estava
se aproximando rapidamente da nave. Fiquei
assustado, coloquei as mãos no rosto, e cai no
chão esperando pela colisão, certo de minha
morte. Na verdade, estava em pânico, imaginando
que aquele bloco de pedra enorme iria com
certeza estraçalhar a nave.

Creio que passaram poucos minutos


quando percebi que nada aconteceu, nem mesmo
uma leve oscilação. Então, olhei para fora e o
bloco de pedra havia sumido. Não vi nenhum
sinal do meteoro. Levantei do chão, olhei para
dentro da nave e, nesse momento, me dei conta
que Paulo e Márcia já não estavam mais como
humanos. Junto com outros seres, eles estavam
fazendo um ruído bem desagradável e muito
parecido com estática. Por fim, perguntei:

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Idas e Vindas por Leo S Sial

− O que é esse barulho que vocês estão


fazendo? É uma forma de comunicação entre
vocês? E o ser que acredito ter sido Paulo
respondeu:

− Sim, estamos nos comunicando! Nossa


linguagem é completamente indecifrável para
vocês, mas isso não é problema, pois nos
comunicamos através da telepatia, e esse som é o
que mais se aproxima de uma risada de vocês.

Um pouco envergonhado, perguntei o que


aconteceu com aquele enorme meteoro, e Paulo
explicou:

− Quando um corpo celeste menor que a


nave vem em nossa direção, nosso sistema de
defesa através do raio eletromagnético consegue
expulsá- lo. Mas, quando o bloco de rocha é

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maior que a nossa nave, o mesmo raio faz com


que a nave desvie da rota de colisão.

A próxima lembrança que tenho é a de


despertar na minha cama, lamentando por ter
perdido tantos detalhes dessa viagem
inesquecível. Nunca mais vi meus amigos
novamente.

__________________________________

Nota do Autor

Caro leitor, no relato abduzido e curado, relato


outra experiência que tive dentro de uma nave, diferente
dessa, porém com seres parecidos. Não saberia dizer se
eram os mesmos.

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Rio Pará - braço sul do rio Amazonas.

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Abduzido e curado

O que irei relatar agora aconteceu quando


eu já estava casado. Eu tinha na época vinte e
cinco anos e minha esposa vinte e três, ou seja,
ocorreu há mais de vinte anos atrás.

Minha esposa estava em um tratamento


muito sério de Lúpus. Posso assegurar que foram
momentos muito difíceis, era desesperador vê-la
definhando dia após dia. Para você, Leitor, ter
uma ideia, ela passou repentinamente de 60 kg
para 33 kg!

Estávamos muito assustados com tudo o


que estava acontecendo conosco. O medo, o

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Idas e Vindas por Leo S Sial

stress, e a incerteza sobre o futuro me deixavam


em permanente estado de tensão e, como
consequência, comecei a ter nessa mesma época
dores por todo o corpo, mas uma dor em especial
chamava-me atenção pela intensidade e também
porque tinha hora para chegar e hora para ir
embora!

Foram quatro anos de minha vida


conciliando o tratamento de minha esposa e
tentando não demonstrar que as minhas dores
estavam consumindo minha paciência. Eu estava
no meu limite, mas sabia que a minha esposa
precisava muito de mim e, por isso, fazia o
possível para não deixá-la perceber como de fato
estava. Tudo o que era possível fazer eu fazia,
inclusive me endividar comprando remédios de
alto custo, pois o governo demorava demais para

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Idas e Vindas por Leo S Sial

fornecer esses medicamentos para minha esposa.


Na verdade, eu lutava contra o tempo.

Naquela noite em que tudo aconteceu, eu


fui dormir no horário habitual e nada me indicava
que essa noite seria tão marcante na minha vida.

Assim que dormi, despertei minha


consciência fora do corpo. Percebi imediatamente
que estava no meu quintal e foi com muito
espanto que vi minha esposa sendo levada para
uma nave que estava estacionada no meu quintal.
Vi três seres de estatura baixa levá-la para dentro
da nave e, naquele momento, me perguntei se
eram os mesmos seres que haviam me levado para
uma viagem.

A nave tinha aproximadamente de 3 a 4


metros de diâmetro e, antes de entrar, pensei: “a

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nave é pequena, eu entro, pego minha esposa e


saio”.

Só que quando entrei na nave, o que parecia


pequeno por fora, era imenso por dentro. Havia
um salão grande, muito branco e brilhante, e eu
não conseguia ver quase nada. Comecei a andar
pela nave desesperado atrás de minha
companheira, gritando pelo seu nome.

Então, os três seres apareceram na minha


frente. Um deles segurou em meu pulso com uma
mão muito fria e os outros me levaram para uma
sala sem que eu pudesse fazer qualquer coisa que
os impedisse. Era como se eles dominassem
minha vontade. Estava inerte nas mãos deles.

Quando olhei para o lado, percebi que


estava deitado em algo parecido com uma maca e,
ao lado da minha maca, minha esposa dormia

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Idas e Vindas por Leo S Sial

tranquilamente. Apesar deles não falarem, eu


entendia muito bem o seus pensamentos, e um
deles me disse o seguinte:

− Sabemos tudo sobre você e sua esposa. O


caso dela é grave demais e não temos autorização
para mudar isso. Ela vai passar por momentos
muito difíceis e precisará muito de você. Já o seu
é de fácil solução, portanto, a partir de hoje, você
não sentirá mais essas dores!

Perdi a lucidez logo depois e não me


lembro mais o que aconteceu. A próxima
lembrança que tenho é que acordei na minha
cama, olhei para o lado e minha esposa dormia.
Quando ela acordou, perguntei se tinha notado
algo de estranho na noite passada, e ela disse que
não, que tinha dormido muito bem. Minha esposa
faleceu alguns anos mais tarde, após esse
encontro.

[ 25 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Sobre as dores, nunca mais voltaram.


Recentemente, vi essa mesma nave em cima da
minha casa, e corri para chamar meu filho, pois o
celular dele é muito melhor que o meu. Porém,
quando ele chegou ao quintal, a nave tinha
desaparecido.

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Ilha de Mosqueiro, praia do Marahú - Pará

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Idas e Vindas por Leo S Sial

O que era aquilo no meu


quintal?

Verão, lua cheia, noite quente e eu, sentado


confortavelmente numa cadeira na minha sala,
lendo um livro. A porta da cozinha estava aberta
porque nem mesmo a noite o calor dava trégua, e
do quintal, que era grande e com muitas árvores,
vinha uma suave brisa. A minha cadela, que até
então estava calma ao meu lado, levantou e
começou a rosnar. Logo em seguida, correu até
uma das árvores, latindo muito.

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Pensei que fosse um morcego ou algum


outro animal. Mandei-a ficar quieta, mas como ela
não parava de latir, levantei e comecei a andar em
direção à minha cadela e, quando estava a menos
de 2 metros, vi algo que se mesclava com a copa
das árvores como um cristal líquido, mas de uma
cor muito próxima do verde das copas das
árvores. Seja lá o que for que era, passava de uma
árvore para outra com uma velocidade incrível. A
melhor descrição que chega perto do que vi é uma
das cenas do filme “O Predador”, quando o ET se
camuflava com a vegetação!

Fiquei parado, estarrecido por alguns


segundos, tentando entender o que era aquilo.
Minha cachorra continuava latindo, e eu olhando
aquela coisa sem forma definida se mesclando
com a vegetação, até que pulou para a árvore que

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Idas e Vindas por Leo S Sial

fica no fundo do quintal e ficou dando centenas de


voltas em torno do tronco.

Não sou de me impressionar fácil, até por


conta da minha profissão, que exige pessoas mais
racionais e que não se deixam levar pela emoção
com facilidade. Considero sempre todas as
possibilidades antes de dar um veredito e, até
hoje, não encontrei uma explicação natural para o
que vi.

No dia seguinte acordei bem cedo e, com


uma enxada, tirei a árvore. Cortei-a bem rente ao
chão!

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Rio Mojuin, São Caetano de Odivelas, Pará.

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Visitando um laboratório no
Astral

Belém, 20 de junho de 1999.

Acho muito importante que você, Leitor,


saiba que tive esse sonho por quase trinta anos, e
a orientação que me passaram foi para que
compartilhasse meu sonho, mas confesso que
fiquei com vergonha e inseguro de falar sobre
isso. Apenas agora me senti seguro o suficiente
para relatar o que eu vi.

Foi um dia normal, estava cansado e fui


dormir no mesmo horário. Lembro que deitei na
minha cama e adormeci quase imediatamente.
Algum tempo depois, percebi que estava voando

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Idas e Vindas por Leo S Sial

em um túnel até que, por fim, cheguei a uma


dimensão bem mais sutil.

Olhei para os lados procurando saber onde


estava e pensei: “Parece que estou em um
laboratório como os de filmes de ficção
científica”.

Vi-me diante de uma pessoa que vestia


roupa branca. Era do sexo masculino e falava sem
abrir a boca, e me disse que tinha boas novas para
todos. Com um olhar de muita satisfação, me
contou que a cura de algumas doenças, como a
AIDS, tinha algo a ver com o limão e seus
princípios ativos que vinham da resina da casca
do limão.

Relatou também que ainda não entraria em


mais detalhes, pois tudo estava sendo ainda
estudado, mas garantiu-me que teremos um

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Idas e Vindas por Leo S Sial

mundo muito melhor do que esse, que não


teremos mais fome e nem doenças.

Senti-me incrivelmente animado e,


infelizmente, fui interrompido por uma gritaria na
minha rua, às 03h16min.

___________________________________

Nota do Autor

Caro leitor, no relato “O sonho da medicina para os


médicos”, falo com mais detalhes sobre esse laboratório
onde estive em projeção,

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Rio Mojuin, São Caetano de Odivelas, Pará.

[ 35 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Entre dois mundos

No começo dos anos 2000, os gastos com


minha esposa aumentaram muito. Além disso,
tinha que dar conta da faculdade da minha filha.
Eu estava perigosamente perto da falência, e
minha única saída era trabalhar e trabalhar muito.

Trabalhava a noite em um grande depósito


de eletroeletrônicos. O movimento de caminhões
era intenso mesmo a noite, e apenas nos finais de
semana o depósito ficava vazio, com exceção
apenas da minha equipe de seguranças e de alguns
funcionários da empresa que ficavam de plantão.

Eu e mais dois colegas éramos responsáveis


pela segurança externa e interna do local. Era uma
área muito grande, cercada por mata virgem,

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Idas e Vindas por Leo S Sial

longe do centro de Belém. Num sábado, meu


colega Luiz teve um problema e avisou que não
poderia ir. Logo, ficaríamos eu e o Santiga. Sabia
que o ideal eram três seguranças, nas não havia o
que fazer, e então daríamos um jeito. Não
imaginava que a situação ficaria ainda pior.

Faltando pouco para iniciar nosso turno,


Santiga ligou e avisou que sua filha havia sofrido
um grave acidente de carro. E agora, o que fazer?
Me coloquei no lugar dele, e não hesitei um
minuto em liberá-lo, mesmo sabendo que essa
noite estaria trabalhando sozinho em uma área
enorme! Não sou de reclamar, procuro ver sempre
o lado bom de tudo e já estava preparado para
trabalhar por três.

Em um determinado momento após a meia


noite, dois funcionários da empresa me
chamaram, dizendo ter ouvido um barulho em um

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Idas e Vindas por Leo S Sial

dos salões que servia como refeitório. A


impressão que tínhamos era de pessoas arrastando
mesas e batendo portas. Se isso tivesse acontecido
durante o dia, não teria chamado a atenção, mas
era completamente inesperado em plena
madrugada de sábado.

Seu Paulo e Russo me acompanhavam. Eu


estava em alerta máximo, de arma em punho e,
conforme me aproximava, sentia que o clima
ficava cada vez mais pesado. No começo achei
que era nervoso, pois estava enfrentando uma
situação potencialmente perigosa e sem respaldo
dos meus colegas, mas depois comecei a sentir
um peso enorme nas costas e percebi então que
esse peso não era por estar nervoso. Aquele peso
nas costas estava cada vez mais me incomodando.
Chegamos e a porta de vidro do refeitório estava
fechada. Vimos através dela que o refeitório

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Idas e Vindas por Leo S Sial

estava em ordem, nada fora do lugar e ninguém


lá dentro. Pedi para seu Paulo abrir a porta e
entramos. Corri o olhar e nada justificava o
barulho que havíamos ouvido até pouco tempo
atrás. Porém, não disse para eles que eu via que o
refeitório estava cheio de pessoas.

Seu Paulo me olhou e disse:

− Leo, vamos sair daqui. Não estou me


sentindo nada bem.

Seu Paulo virou as costas e saiu


acompanhado do Russo. Continuei lá dentro por
mais alguns instantes, olhando todas aquelas
pessoas que lá estavam, e pensei: “Será que isso é
verdade? Porque somente eu vejo? Estou ficando
doido?”.

[ 39 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

O peso nas costas continuava me


incomodando demais. Sai do refeitório e fomos
para fora do prédio.

− Acontecem muitas coisas estranhas aqui,


Leo.

O peso que estava sentindo nas costas


sumiu assim que me afastei de lá, seu Paulo.

Russo comentou sobre outros barulhos


estranhos como esse, mas não me senti
confortável para dizer para eles que o salão estava
repleto de pessoas. Me perguntei por quê as portas
entre dois mundos, às vezes, se abrem.

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Praia do areião – Pará

[ 41 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Conversa com meu Avô

Belém, 04 de julho de 2001

Tive um dia agitado, tomei um banho para


relaxar e fui dormir no horário de costume.
Recobrei a lucidez e vi que estava em um espaço
amplo. Meu falecido avô estava comigo, o que era
intrigante, pois sequer estava pensando nele.

Nesse espaço em que nós estávamos


que parecia não ter fim, conversei muito com meu
avô. Na verdade, tenho a impressão que
conversamos durante horas. Meu avô estava
muito feliz, e me disse que a vida dele na terra
tinha sido sofrida, mas satisfatória, porque tudo o
que ele viveu foi necessário para sua evolução, e

[ 42 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

que graças a Deus onde ele estava agora era


infinitamente melhor.

Com os olhos brilhando, me falou que sabia


ler e escrever, pois enquanto vivo não teve
oportunidade de estudar. Fiquei muito feliz vendo
meu avô tão bem. A curiosidade em saber do meu
pai, falecido há nove anos, não saía da minha
cabeça e, assim que tive oportunidade, perguntei
para meu avô:

− Vô, como está o meu pai? O senhor tem


falado com ele? Ele está bem?

Meu avô me olhou com muito carinho e me


disse que não tinha permissão para falar sobre
meu pai, mas que poderia falar sobre outros
assuntos. Fiquei decepcionado, mas respeitei o
que meu avô disse, e conversamos sobre vários
outros assuntos.

[ 43 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Quando estava chegando perto da hora em


que deveria acordar para trabalhar, meu querido
avô me disse:

- Foi muito bom conversar com você, meu


neto. Eu estava com muitas saudades de você, e
um dia estaremos todos juntos.

Mandou lembranças para minha mãe, para


minhas irmãs, meu filho, para minha sobrinha e
que quando pudesse, voltaria a entrar em contato
comigo novamente.

São experiências como essas em que


agradeço aos Céus pela possibilidade de sair
lúcido da dimensão onde vivemos e passear em
outras dimensões da realidade, reencontrado
pessoas queridas como meu avô.

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Idas e Vindas por Leo S Sial

Marapani, Vila dos Pescadores, Pará

[ 45 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Espirais
Belém, 15 janeiro de 2001

Minha consciência despertou fora do corpo


e eu me vi no momento em que minha alma veio
para essa vida. Estava tão escuro e apertado que,
às vezes, nem conseguia respirar, mas tudo de
repente ficou claro. Me sentia espaçoso, não me
sentia mais tão quentinho quanto antes e, por
vezes, até um pouco sozinho.

Cheguei até o meu primeiro ano e foi só


alegria. Com um pouco mais, comecei a andar e
não parei mais. Com cinco anos, comecei a me
socializar. Com seis, reaprendi a estudar e, aos
sete, já sabia ler e escrever. Hoje vejo que tudo
passou muito rapidamente, e quando dei por mim,
estava com 12 anos. A adolescência chegou e,

[ 46 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

junto a ela, a primeira namoradinha, mas um dia


tudo acabou, pois queria ser adulto, e mais uma
vez rapidamente o tempo passou.

Com 17 anos e seis meses fui para o


exército. Foi muito bom, mas ao Regime não me
adaptei. Com 19 anos, baixa pedi e ingressei na
Segurança Pública. Hoje, tenho uma família.
Sinto dizer que a vida não é boa, mas também não
é por isso que ela deve ser desperdiçada.

Para se viver ela é ótima, apesar de todos os


pesares. Hoje, quando vejo tanta maldade, eu
penso que gostaria de voltar para o ventre da
minha mãe.

A visão que tenho é que as Espirais


representam o tempo, o espaço e as dimensões e,
através delas, podemos nos deslocar e presenciar
os momentos importantes da nossa vida.

[ 47 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Acordei às 2:45, tomei um copo de água, e


passei para o papel.

[ 48 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Estrada para São Caetano de Odivelas - Pará

[ 49 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Visões na pescaria

Belém, 27 de setembro de 2006.

Meus amigos, João e o Maraca, foram até a


minha casa para me convidar a pescarem com eles
em São Caetano de Odivelas, no Pará, um
verdadeiro pedaço do paraíso na terra.

Não estava com vontade de ir, mas não


disse que o motivo real era porque minha intuição
estava me alertando sobre algo. Disse para eles
que a estrada para São Caetano é perigosa e, por
isso, não queria ir, mas meus amigos insistiram
muito, e acabei sendo convencido por eles de que,
afinal, seria um final de semana muito bom.
Minha esposa ficaria com meu filho e eu

[ 50 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

realmente estava querendo muito relaxar um


pouco.

Saímos de Belém por volta das 14:30h.


João dirigia devagar na estrada em direção a São
Caetano, e chegamos aproximadamente duas
horas depois.

Estacionamos o carro e fomos para o píer


(rampa) pegar a lancha e chegar à casa em que
passaríamos o final de semana.

Nessa hora, começou a cair uma chuva tão


forte que precisamos ficar esperando no píer até
passar. Estávamos ansiosos e, finalmente, meia
hora depois, parou de chover. Entramos na lancha
e, de repente, escureceu tão rápido que por
incrível que pareça nós nos perdemos. A
escuridão nos envolvia e nem a lua nos iluminava.

[ 51 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Eu estava no comando da lancha e seguia


devagar há cerca de 2 metros distantes da
margem, olhando com muita atenção, procurando
pelo rancho (Vila dos Pescadores) em que
ficaríamos. Já era quase meia noite quando as
visões começaram.

Vi um homem na margem direita do


mangue. A impressão que eu tinha é que ele
parecia subir em uma escada e ia aparecendo
lentamente na superfície da lama. De súbito, ele
me encarou, olhando nos meus olhos fixamente.
Meus amigos olhavam atentamente para a
margem, procurando pela casa, e sequer
percebiam o mesmo que eu via. Quando o homem
apareceu por completo na margem, vi que ele
estava segurando e arrastando um saco sujo de
lama bastante pesado, como se tivesse cheio de
caranguejos.

[ 52 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Poucos metros à frente de onde o homem


estava, vi três pessoas, um casal e uma criança
que andava no meio dos dois. A criança parecia
ter entre 10 a 12 anos, e eu conseguia ver bem o
rosto dos três.

As visões continuavam independentes da


minha vontade, porém não havia nenhum sinal do
rancho em que ficaríamos, o que era muito
estranho. Prosseguia dirigindo devagar, e agora eu
via na beira do mangue casas e mansões lindas
com grandes escadarias. Logo à frente, vi também
uma procissão silenciosa. Confesso que senti
muita vontade de descer e averiguar, mas o medo
era maior.

Eu afastei a lancha da margem e fui para o


centro do Rio Mojuim. Naquele momento, eu só
queria chegar logo na casa e parar de vez com
todas essas visões. Então, com uma das mãos,

[ 53 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

peguei uma garrafinha de água que estava ao meu


lado, abri e joguei a água no meu rosto. Tudo o
que queria era não ter mais aquelas visões e, de
repente, um movimento me chamou a atenção do
meu lado esquerdo, e o que vi me assustou muito
mais.

Muito perto da lancha, bem mais perto do


que as pessoas que estavam do lado direito,
apareceram três seres enormes com formato
humano, mas muito mais altos que uma pessoa
normal. Deviam medir entre 2,5 a 3 metros de
altura. Havia uma espécie de neblina em volta do
rosto deles, e eu não conseguia ver nada.

O que mais me chamou a atenção é que


esses três seres não estavam andando na lama do
mangue e sim andavam sobre a superfície da
água!

[ 54 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Passaram-se mais ou menos 20 minutos


quando João chamou minha atenção para uma luz
que parecia de lamparina (lampião) margem
adentro. Eu a vi também e meu amigo disse:

- Olha lá, tá lá a cabana, Leo. Vai nessa


direção! - João estava animado e gesticulava
muito, apontando o dedo na direção de onde a luz
vinha.

Nós imaginamos que era o rancho em que


ficaríamos. Direcionei a lancha em direção à
margem, porém do nada a luz apagou, e demos de
cara com os galhos do mangue. Então, não tive
alternativa, a não ser dar a ré na lancha, e
voltamos para o leito do rio.

Depois de dar muitas outras voltas no


mangue, ainda sem qualquer sinal do rancho,
frustrados e cansados, eu e meus amigos fomos

[ 55 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

vencidos pelo sono. Desliguei o motor, joguei a


âncora no rio, nos acomodamos da melhor forma
possível, e dormimos.

Quando os primeiros raios de sol


começaram a clarear o dia, acordei meus amigos e
foi com muito espanto que nós vimos que o
rancho estava bem a nossa frente. Era
simplesmente inacreditável! Foi realmente muito
estranho, pois tanto eu como eles conhecíamos
muito bem aquele lugar e, no entanto, estivemos
completamente perdidos.

Graças a Deus não aconteceu nada com


ninguém. Nos divertimos, pescamos e voltamos
todos sem nenhum problema. Nunca contei a eles
sobre as visões que tive, acho que não
entenderiam e ainda seria motivo de chacota.

[ 56 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Rio Paru, Almerín, Pará

[ 57 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Vale dos suicidas

No dia 14 de abril de 2006, eu e minha


esposa estávamos andando de moto no bairro
onde morávamos, quando nosso amigo Carlos nos
chamou para conversar. Ele nos convidou para
entrar na casa dele, mas ficamos na calçada
mesmo e, enquanto lavava seu carro, me
confidenciou seus planos.

Ele queria matar uma pessoa e de se


suicidar em seguida. Fiquei surpreso e muito
preocupado e para piorar quem ele queria matar,
por coincidência, também era meu amigo, o
Cláudio.

[ 58 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Tentei argumentar com ele para que


mudasse de ideia, falei que não era certo, que não
era assim que resolviam problemas mas,
infelizmente, Carlos estava irredutível e tornou a
dizer que iria matar Cláudio e depois se suicidaria
com um tiro na cabeça.

As famílias de ambos estavam no meio de


um processo judicial devido à compra de um
imóvel, e o processo se arrastava há anos na
justiça, sem uma definição.

No dia 22/04/2006, encontrei Carlos na rua


de minha casa, muito feliz e sorridente como
poucas vezes o tinha visto. Ele me convidou para
comer um lanche na casa dele. Prometi que falaria
com minha esposa e que se desse, nós iríamos
sim, porém não fomos.

[ 59 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Mais tarde, naquele mesmo dia, por volta


das 19 horas, meu amigo Dennys tocou a
campainha da minha casa. Ele era amigo do
Carlos também e, naquele momento, soube que
algo terrível tinha acontecido com nosso amigo.

Fui caminhando pelo quintal da minha casa


até o portão onde Dennys estava. Parecia que
tinha chumbo nos meus pés. Dennys, muito
abalado e emocionado, disse que Carlos tinha se
enforcado. Senti uma tristeza tão grande, eu tinha
esperança que ele tivesse deixado essa ideia de
lado, nunca imaginaria que ele tivesse realmente a
intenção de se matar.

Quando cheguei à casa de Carlos, vi seu


corpo caído no chão com um lençol branco a lhe
cobrir. Me senti muito mal. Naquele momento,
não estava lá como profissional, mas como amigo.
Não quis entrar na casa dele, apenas instrui os

[ 60 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

parentes a não mexerem no corpo, nem na cena, e


que esperassem a polícia chegar. Pensei tantas
coisas e, por fim, orei pelo meu amigo, pedindo a
salvação para ele.

Voltei muito abalado para minha casa,


conversei com meu filho sobre suicídio e, mais
uma vez, pedi para DEUS que abençoasse meu
amigo. Acho que ele estava sendo possuído e,
estando possuído, não há como se defender do
maléfico. Então, certamente, o perdão viria de
DEUS.

Naquela mesma noite, despertei lúcido no


sonho, e lembro que andei por um caminho
estreito, mas bem longo. O clima pesado e a
névoa que caía me faziam lembrar de filmes de
terror.

[ 61 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Comecei a escutar vozes alegres como se


fosse uma festa que estivesse acontecendo
naquele momento:

− Olha, pessoal, o Carlos está chegando,


que felicidade! Que bom que você veio. Vem que
a festa está só começando.

Até então eu achava que estava sozinho.


Olhei para os lados, procurando pelo Carlos, e só
então percebi que ele andava na minha frente.
Parecia estar hipnotizado, sequer percebia minha
presença. De repente, ele foi jogado no chão com
tanta violência que tomei um susto enorme!

Eu via vultos atacando meu amigo. Os


vultos não me viam ou, se viam, me ignoravam
completamente. Tentei ajudá-lo me colocando a
sua frente, mas era inútil. Eles passavam por mim,
e não consegui fazer nada.

[ 62 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Era desesperador ver meu amigo apanhar


tanto. Os vultos continuavam a bater e a ofendê-
lo. Lembro que comecei a rezar e, após algum
tempo que não sei dizer quanto, os vultos
sumiram, e foi então que ele me viu. Meu amigo
estava jogado no chão. Levantou a cabeça, olhou
para mim e disse num sussurro:

− Socorro Leo, me ajuda! Me acorda, estou


vivendo um pesadelo, me acorda!

Chorando muito, Carlos continuava


pedindo socorro, mas eu não conseguia fazer
nada. Eu era apenas um observador.

Desviei o olhar de Carlos e avistei um


morro ao lado. No alto, vi uma pessoa debruçada
sobre uma pedra. Fixei o olhar naquela pessoa e
consegui ver que era uma senhora, e que ela
chorava muito. A expressão era de muita tristeza.

[ 63 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Tentei me aproximar dela, mas parei em uma


barreira invisível, não pude ultrapassar.

Quase que imediatamente percebi que era


Dona Maria, a mãe do meu amigo. Ela viu o filho
sendo espancado, pisoteado e ofendido. Mais uma
vez, orei pelo meu amigo e por sua mãe, que
assim como eu, também não conseguiu ajudá-lo.

Voltei a olhar para o Carlos e foi quando


perguntei sobre o porquê dele ter tirado a própria
vida. Carlos me respondeu, ainda chorando:

− Tentei fazer uma brincadeira com a


minha namorada, mas deu tudo errado. Era só
para chamar a atenção da Rose, não era para
acontecer isso, e agora é tarde demais para mim,
me ajuda Leo!

[ 64 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Chorando muito, Carlos continuava


pedindo socorro, mas eu não conseguia fazer
nada.

Não voltei mais a sonhar com meu amigo,


mas sinto que ele foi amparado e já se recuperou.

A noção de tempo no umbral é muito


individual. Porém, acredito que uma hora naquele
lugar equivale a seis anos na Terra.

[ 65 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Parque do Utinga, Belém, Pará

[ 66 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

O sonho da medicina para os


médicos

A medicina vem lutando contra um mal


que assombra o mundo, que é a temida AIDS e
outras doenças.

Fiz uma viagem a um lugar que não posso


descrever com exatidão. Parecia com um
laboratório, com todos aqueles equipamentos,
vidros e banquetas, e nesse lugar existia um grupo
de médicos e cientistas que estudavam várias
doenças como, por exemplo, AIDS, sífilis e
câncer.

[ 67 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

De repente, um dos médicos olhou para


mim e me convidou para ver as pesquisas que
estavam sendo feitas por eles. Não me disse seu
nome e falava com muito entusiasmo do avanço
nos estudos. Eu lhe disse então que não entendia
nada daquilo, mas que queria muito saber mais.

Ele relatou que eu não era a única pessoa


que estava visitando aquele lugar. Eu seria só uma
testemunha do que estava acontecendo e, por isso,
era só para observar tudo e compartilhar com
outras pessoas.

Disse que o fim do sofrimento de muitas


pessoas estava próximo e, com muita felicidade,
ele e sua equipe estavam anunciando o resultado
de suas pesquisas, e que doenças como “sífilis,
câncer, AIDS” já não seriam mais um pesadelo
para as nações do mundo.

[ 68 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Ele continuava falando animadamente


sobre os estudos e as conclusões a que eles tinham
chegado, e então me disse:

− A fórmula para a cura é... - Nesse exato


momento alguém tirou a minha atenção. Só
consigo lembrar muito vagamente que tinha algo
a ver com 20g ou 20 ml de suco de limão ou da
resina da casca do limão para cada litro de
sangue. E que essa fórmula passava por uma
máquina que se parecia muito com uma
hemodiálise, e disse que o resultado era realmente
ótimo.

Depois de muitas conversas, fomos


convidados a nos retirar do laboratório, e tive a
permissão de divulgar esses estudos para todos
que quisessem estudar.

[ 69 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Passaram-se anos depois desse sonho. Hoje


existem muitos estudos que apontam que o limão
é muito importante para o corpo, pois ajuda a
alcalinizar nosso organismo.

O interessante é que o limão é


extremamente ácido devido ao seu teor ácido
cítrico, mas esse ácido é eliminado durante a
digestão e, portanto, o resultado é o aumento da
alcalinidade e não da acidez. Quanto mais
alcalino for o organismo, mais saudável ele será.

[ 70 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Parque do Utinga, Belém, Pará

[ 71 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Voando pela cidade

Belém, 2005/2006

Não sei dizer exatamente em que momento


tive essa experiência, sei que foi entre 2005 e
2006. Mais uma vez me vi em uma viagem astral.
Estava voando e acompanhado de um Ser que não
conheço, ou que pelo menos não me recordo
quem possa ser, acredito que é o meu mentor.

Estava lúcido fora do corpo, e tudo


começou quando escutei a voz dele me
incentivando:

− Você pode voar Leo, basta acreditar


nessa possibilidade. Venha e me acompanhe!

[ 72 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Meu Amigo me chamava pelo nome,


apesar de não ter ideia de qual fosse o nome dele,
mas sentia uma energia muito boa que vinha dele
e comecei a segui-lo. Sentia-me confiante.
Comecei a correr e, de repente, não senti mais
meus pés tocando no chão. Sobrevoei minha
cidade, Belém, e percebi o quanto ela é linda vista
do alto. A sensação de leveza e de liberdade era
indescritível, maravilhosa!

Meu Deus, que sensação maravilhosa!


Estava simplesmente amando voar como os
pássaros. Não via esse ser a quem chamo de
“amigo”, mas sentia sua presença ao meu lado.
Meu Amigo me alertava para que voasse perto
dele, explicou também que a volitação depende
muito do controle mental e que meu foco deveria
estar voltado sempre para o bem maior.

[ 73 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Sobrevoando a cidade, senti-me muito mais


autoconfiante e afastei-me do meu novo amigo.
Esse foi meu erro, pois comecei a voar um pouco
mais baixo e tive a ideia de passar por baixo de
um fio de alta tensão.

Ao passar embaixo do fio, senti como se


minhas forças estivessem sumindo, sendo
sugadas, comecei a cair e fiz uma desastrosa
aterrissagem forçada no chão.

Meu amigo me repreendeu e se afastou de


mim com ar de reprovação. Não sei dizer quantas
vezes lamentei não ter seguido a orientação dele.
Lembro até hoje da sensação maravilhosa de estar
voando e do desespero da queda!

[ 74 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Jardim Palácio Lauro Sodré – Belém - Pará

[ 75 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

A ponte

Minha segunda Esposa sonhou por muitos


anos com pontes, vários tipos de pontes, sempre
com o mesmo contexto.

Nos sonhos, ela se via diante de uma ponte


sobre um imenso e assustador abismo. A ponte
não era segura, tinha algumas partes quebradas e,
quando ela se aproximava, podia ver através dos
buracos o abismo. Ela sabia que deveria
atravessar para a outra margem, sabia que tinha
algo muito importante para fazer do outro lado,
mas em todas às vezes o medo a dominava, o
medo era mais forte e, então, voltava para trás.
Nesse momento ela acordava muito angustiada.

[ 76 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Até que, certo dia, já adulta, ela sonhou


novamente que estava diante de uma ponte, mas
dessa vez era uma ponte grande e firme, conforme
ela ia andando pela ponte, podia sentir o medo
crescendo, e foi então que viu um casal de idosos
esperando por ela, no meio da ponte.

Eles estavam muito sorridentes, tranquilos


e acenaram para ela:

− Vem Filha, nós vamos te ajudar a


atravessar a ponte – a mulher pegou no braço
esquerdo e o homem no braço direito, foram
conversando com ela até chegarem no outro lado
da ponte, e quando ela acordou, estava se sentindo
muito bem.

Minha esposa nunca mais voltou a ter esse


sonho.

[ 77 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Praia Marahu – Mosqueiro - Belém - Pará

[ 78 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Encontro com espírito


sofredor I

Eu já estava aposentado nessa época, mas


continuava trabalhando porque os gastos com o
tratamento da minha esposa aumentavam numa
progressão geométrica. Na verdade, já estava
falido, e todo o dinheiro que recebia apenas cobria
o buraco na minha conta-corrente.

Trabalhava nessa época em uma empresa


responsável pelo deslocamento de cargas e eu era
o responsável pela equipe de segurança. O
trabalho era bem renumerado, muito estressante, a
carga valiosa, a possibilidade de sermos atacados
por assaltantes era real. Eu e meus colegas

[ 79 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

precisávamos ficar sempre muito atentos, pois


aquela era uma longa e perigosa rota.

Tínhamos apenas 15 minutos por noite para


descansar, pois é principalmente a noite que os
saqueadores atacam. Eu aproveitava meu quarto
de hora para dormir. A tensão do trabalho e a
saudade de casa me deixavam muito estressado.
Meu corpo e minha mente ansiavam por
descanso.

Quando chegou meu momento de


descanso, avisei meus colegas que iria dormir. Me
deitei na cabine de um caminhão vazio e
imediatamente adormeci.

Estava parcialmente fora do corpo, não


conseguia manter a lucidez em um nível
satisfatório, pois estava muito tenso e cansado.
Então, comecei a me concentrar para tentar ficar

[ 80 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

mais lúcido, mas minha atenção foi desviada por


um homem que apareceu na janela do caminhão.
Estava visivelmente aflito, gesticulava muito
como se tivesse batendo na janela do caminhão
querendo entrar na cabine onde eu estava. Seu
olhar era de desespero e gritava por socorro, dizia
que estava sendo perseguido, que iriam matá-lo.
Olhava muito para trás como se estivesse sendo
perseguido e então, mais uma vez, gritou por
socorro e desapareceu.

Voltei para o corpo assustado, mas o que


realmente me deixou muito perturbado foi o fato
de eu estar segurando meu revólver engatilhado
e apontando para a janela onde o homem estivera
há poucos segundos atrás!

Ainda faltavam cinco minutos para encerrar


meu descanso e aproveitei para orar por aquele
espírito sofredor, por mim e pelos meus colegas.

[ 81 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Porém, não conseguia esquecer que estava


segurando uma arma engatilhada, estando semi
lúcido. Sentia minha intuição gritar que deveria
largar aquele emprego, mas continuei
trabalhando por mais algum tempo, não tinha
opção.

[ 82 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Área interna Museu do Estado do Pará

[ 83 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Encontro com espírito


sofredor II

Várias vezes ouvi sobre histórias


sobrenaturais nesses trechos, mas nunca dei muita
atenção. Não me impressiono fácil e, além do
mais, estava lá para fazer meu trabalho. Aquele
dinheiro era muito importante para o orçamento
da minha família.

Na noite seguinte, fui tirar meus quinze


minutos no mesmo caminhão vazio mas, dessa

[ 84 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

vez, deixei minhas armas com meu colega por


precaução. Ele estranhou e me justifiquei dizendo
que se algo acontecesse enquanto eu estivesse
dormindo, ele teria mais munição. Novamente,
assim que me ajeitei na cabine, imediatamente
adormeci.

Mais uma vez, o mesmo homem foi


perturbar o meu descanso. Despertei minha
consciência fora do corpo e, surpreendentemente,
não consegui manter um nível de lucidez bom.
Percebi que o homem tentava puxar meu pé, mas
antes que pudesse tentar alcançar um maior nível
de lucidez e entender o que ele queria, voltei para
o corpo.

Acordei sobressaltado e outra vez percebi


que minhas mãos estavam apontando para a janela
do caminhão como se estivessem segurando uma

[ 85 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

arma. Rezei por ele novamente para que pudesse


encontrar a paz que tanto lhe faltava.

Dias depois, a carga chegou ao seu lugar de


destino sem nenhuma intercorrência, e pude
finalmente voltar para casa. Sentia mais forte
ainda que algo não estava indo bem e, pela
primeira vez, comecei a pensar na possibilidade
de parar de trabalhar nessa rota, mas ainda não
tinha outra opção de trabalho, pois as contas não
iriam parar de chegar e nem poderia contar que o
governo iria enviar a medicação para minha
esposa no prazo certo, sem que eu mesmo
precisasse comprar os remédios. Portanto, sabia
que continuaria a trabalhar nessa empresa, até que
encontrasse outra melhor.

[ 86 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Museu do Estado do Pará

[ 87 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Encontro com espírito


sofredor III

Já estava trabalhando em outra rota, porém


nessa mesma empresa. Eu continuava como o
líder da equipe de seguranças responsáveis pela
carga e o contexto continuava o mesmo: carga
valiosa, trajeto longo e perigoso, risco real de
sermos atacados por assaltantes, muita tensão e
quase nenhum descanso.

Era noite, estávamos atravessando um


longo trecho sem qualquer iluminação artificial, e
toda a nossa equipe em alerta. Algumas horas
depois, chegou o meu momento de descanso, e fui
me deitar em uma rede embaixo de uma carreta,

[ 88 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

que estava sendo transportada. Assim que deitei,


fui vencido pelo cansaço e, como de costume,
adormeci imediatamente.

Não estava ainda totalmente fora do corpo,


mas com um grau de lucidez satisfatório. Sentia
uma forte sensação de estar sendo observado.
Minha intuição gritava para eu ter cuidado, sentia
que algo não estava certo.

Olhei para o lado e vi um homem sentado


de cócoras do lado da minha rede, a cabeça dele
estava muito perto da minha cabeça, me olhava
fixamente, não falava nada, só me olhava.

A simples presença dele era assustadora e


era perturbador vê-lo tão perto de mim. A energia
que vinha dele não era boa. Lembrei que tinha ido
dormir com a minha arma e foi então que voltei
ao corpo. Acordei assustado e sentindo peso no

[ 89 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

meu peito. Coloquei a mão e senti que era a


minha arma e, quando a peguei nas mãos, percebi
que estava engatilhada, o que era bizarro e
assustador demais! Ninguém iria dormir
colocando a própria arma engatilhada no peito!

Acredito que ele tentava me influenciar a


usar a arma. Orei e o homem desapareceu. Foi
nesse exato momento que tomei a decisão de sair
daquele trabalho, e assim foi feito.

Por essas rotas, é comum ver muitos


fenômenos paranormais. Soube que outras
pessoas já viram muitas coisas. Contei para minha
esposa, ela me pediu para sair desse trabalho e
nunca mais viajei por essas rotas. Acho que três
ocorrências foram mais que suficientes para me
alertar de que algo não ia bem e que era chegado
o momento de sair.

[ 90 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Mercado Ver o Peso - Belém, Pará

[ 91 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Foi Deus

Belém, 2015

A situação da minha esposa tinha se


agravado muito. Eu estava desesperado por um
milagre, por qualquer coisa que pudesse curá-la!
Nessa época, eu vivia mais no hospital do que na
minha própria casa, pois foram muitas as idas e
vindas do coma.

Levei minha esposa para a clínica onde ela


fazia as sessões de hemodiálise. Essas sessões
costumam levar até cinco horas. Por isso, minha
intenção nesse dia era deixá-la na clínica, ir visitar
meu tio e depois voltaria para buscá-la. Já certo
de que iria fazer isso, fui andando em direção a

[ 92 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

minha moto, quando então escutei uma voz


falando para mim, que identifiquei como sendo a
voz da minha intuição: “não saia, fique na
clínica” “acho melhor você não sair”. Minha
intuição estava gritando e então, resignado,
desliguei a moto, voltei para a clínica e sentei na
recepção. O recepcionista, que já nos conhecia há
muitos anos, estranhou e me perguntou:

− Mudou de ideia, Leo? Você não ia sair?

Quando ia responder, as luzes começaram


a piscar. Achei estranho aquilo e, no mesmo
momento, recebi mensagem no celular de meu
amigo, paciente da clínica e que também estava
fazendo tratamento de hemodiálise. Nesse mesmo
dia, ele me escreveu dizendo que minha esposa
estava passando muito mal. Levantei
imediatamente da cadeira, caminhei até a sala
onde minha esposa estava e congelei na porta

[ 93 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

vendo os médicos e enfermeiros ao redor dela,


reanimando-a através de um desfibrilador e
massagem cardíaca. Foram mais de dez minutos
de reanimação que me pareceram horas, até que o
coração dela voltasse a bater normalmente.
Porém, novamente, ela entrou em coma e foi
transferida para a UTI de um hospital que fica a
cerca de cinco quilômetros dessa clínica.

Quando a ambulância chegou, fiquei ao


lado da minha esposa até a maca entrar na
ambulância. Esperei fechar a porta e fui andando
em direção a minha moto, quando percebi que
estava sem o celular e sem os meus óculos. Devo
tê-los deixado em algum lugar na recepção.
Quando voltei para buscá-los, não os encontrei
mais, e constatei que haviam sido roubados!

Minha esposa ficou internada por 17 dias


na UTI e mais 10 dias internada em um quarto.

[ 94 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Fiquei todo esse tempo com ela, sem óculos e sem


celular, pois não tinha mais dinheiro. Após quase
trinta dias, ela teve alta e voltamos à clínica para
novo procedimento de hemodiálise, indispensável
na condição em que ela estava.

Deparamo-nos com mais uma


intercorrência e, dessa vez, foi uma infecção
causada por uma bactéria no cateter. Novamente
teríamos que retornar ao hospital, pois o
antibiótico para tratar essa infecção só é
ministrado em hospitais.

Começava para mim mais uma nova


peregrinação no convênio médico para saber em
que pé estava a autorização para a liberação desse
antibiótico de alto custo. A distância entre a
clínica e o hospital é de mais ou menos cinco
quilômetros e fui a pé, pois o pouco dinheiro que
sobrava guardava para eventuais emergências. O

[ 95 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

sol estava a pino, sentia o suor escorrer pelo meu


corpo, e o cansaço pesar nas minhas pernas. No
trajeto para o convênio, passei por uma praça e
meu olhar foi fisgado por um banco embaixo da
sombra de uma árvore. Desejei muito ter tempo
para sentar um minuto lá para me refazer, mas
sabia que não podia descansar até ter a
autorização em mãos, e foi então que percebi que
um celular do mesmo modelo que o meu estava
esquecido sobre o banco.

Andei até o banco, olhei para os lados e não


vi ninguém na praça. Seja quem fosse o dono do
celular, não estava mais lá. Lembro claramente de
ouvir uma voz na minha cabeça:

− “Fica com o celular, não roubaram o


seu? Então você tem o direito de roubar esse
também, deixa de ser bobo.”

[ 96 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

E, logo em seguida, ouvi outra voz mais


suave:

− “Não fica com o celular não. Esse celular


tem dono e não é você!”

Então, me lembrei de um trecho na Bíblia


em que Jesus é tentado, e disse baixinho:

− Afaste-se de mim! E as vozes se calaram


imediatamente.

Segui para o convênio médico com o


celular no meu bolso. Lá, me explicaram que
ainda não tinham resposta para a solicitação de
internação e administração desse antibiótico de
alto custo, e me informaram que dariam resposta
ainda hoje. Voltei para a clínica onde minha
esposa estava me esperando e comecei a fazer
ligações para o convênio, a fim de saber se já
tinham resposta, e para meus familiares,

[ 97 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

explicando que infelizmente minha esposa teria


que ser internada novamente devido a infecção
causada pela bactéria no cateter.

Cerca de uma hora mais tarde, o dono do


celular começou a ligar. Naturalmente ele estava
nervoso, dizia que ainda não tinha nem pago a
primeira prestação do celular. Confirmei que iria
devolver a tarde, mas que, por enquanto, eu
precisava do celular para resolver pendências
importantes. Marcelo, o dono do celular,
começou a ficar muito insistente, me ligando de
hora em hora, achando que não iria devolver o
celular. Eu já estava bastante nervoso com o
convênio que estava demorando demais para
liberar a autorização, e explodi com Marcelo:

− Cara, eu vou devolver seu celular hoje a


tarde! Agora, se você não parar de me ligar, eu
vou tirar o seu chip e jogo seu celular no lixo!

[ 98 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Obviamente não ia fazer isso, mas estava


muito nervoso. Marcelo, completamente gago,
concordou em não ligar mais. Combinamos um
ponto de encontro algumas horas mais tarde
naquela praça.

Quando Marcelo chegou, identifiquei-o


imediatamente pela descrição que havia me dado.
Estava bem nervoso, e me ofereceu vinte reais de
recompensa por ter devolvido o aparelho. Não
aceitei o dinheiro. Disse ao Marcelo que vinte
reais de nada me adiantariam, uma vez que
precisava de um milhão de reais para pagar por
um transplante renal na China.

Entreguei o celular nas mãos de Marcelo.


Ele encostou o celular no peito e disse:

− Foi Deus! – E então explicou que uma


semana atrás, ele tinha encontrado um celular

[ 99 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

novo e devolveu para a dona. – Essa é a prova que


Deus existe!

Fiquei olhando para ele sem dizer nada, e


pensei que se Deus de fato existia, a mim ele não
estava me ajudando em nada. Pelo contrário,
estava sim me fudendo. Segui para a clínica e,
assim que entrei, encontrei com a Dra Mara,
médica responsável pela minha esposa. Ela veio
em minha direção. Parecia estar muito surpresa e
me perguntou:

− Leo, você viu? Recebemos a autorização


para ministrar o antibiótico na Luci aqui na
clínica! Como você conseguiu? Eles só liberaram
para administração em hospitais, como você
conseguiu?!

A médica estava espantada porque, até


então, a liberação para a administração desse tipo

[ 100 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

de remédio nunca tinha sido direcionada para uma


clínica.

Imediatamente, lembrei-me do que Marcelo


me disse e tive certeza: Foi Deus!

Desse dia em diante, prometi que nunca


mais falaria mal de Deus. Eu soube que Deus
existe!

[ 101 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Ananindeua, Pará

[ 102 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Sintonia com o Bem Maior

Desejo que esse livro leve para todos além


da minha trajetória e dos relatos das minhas
experiências fora do corpo, principalmente a ideia
de que a morte não é o fim, e sim apenas uma
passagem para outra dimensão – nosso verdadeiro
lar.

Nunca fiz nenhuma técnica para conseguir


ter experiências lúcidas fora do corpo. Foi algo
sempre natural para mim, e já passei também por
alguns recessos projetivos. Foram meses sem
quaisquer experiências fora do corpo. Aprendi o
quanto é importante manter a boa sintonia com a
Espiritualidade e o quanto também é importante
manter bons pensamentos e saber que estamos
aqui encarnados na terra para evoluirmos.

[ 103 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Não me sinto a vontade para dar conselhos


a quem quer se tornar um projetor consciente,
pois me considero iniciante. Tenho muito mais a
aprender do que a ensinar.

Mas gostaria de ressaltar que de nada


adianta se encher de técnicas se a pessoa não tiver
um contato sadio e responsável com a
Espiritualidade Maior, procurando sempre fazer o
seu melhor e, principalmente, seguindo os
conselhos de nosso Amado Mestre Jesus:

Vigiai e Orai

Vigie seus pensamentos, não se deixe levar


pela ira, pessimismo e revolta. Ore sempre,
mantenha-se conectado com Deus. Essa é a
receita que nos protege, inclusive em experiências
fora do corpo.

[ 104 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Mercado Ver o Peso - área externa – Belém - Pará

[ 105 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

Acordos firmados

Saí do corpo lúcido em direção a um lugar


de consciência e acertos de contas, que está em
uma dimensão muito colada a nossa. Não é o céu,
e está longe de ser o inferno.

Lá encontrei homicidas e suas vítimas,


suicidas sofridos com suas escolhas, escolhas
essas que influenciarão suas vidas futuras e na
própria espiritualidade do momento presente.
Conheci pessoas que, quando passaram na terra,
eram pessoas arrogantes, tratavam as pessoas com
profundo desprezo e precisaram retornar para o

[ 106 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

plano material para um pequeno ajuste de


conduta. Elas fizeram um acordo e sabiam que
deveriam passar por certas situações físicas, como
ser mais humano através da dor.

Muitas dessas pessoas nascem com doenças


autoimunes, por exemplo, ser melhor e assim
poder retornar melhor ao plano Espiritual.

Conheci pessoas que na sua vida sofreram


muitas humilhações, e hoje são adoradas por todo
o mundo e vieram à terra por livre e espontânea
vontade. Nem precisariam estar mais conosco.
Eles retornam para nos agradecer pela evolução
espiritual.

[ 107 ]
Idas e Vindas por Leo S Sial

“SER FELIZ É DEIXAR DE SER


VÍTIMA DOS PROBLEMAS E SE TORNAR
UM AUTOR DA PRÓPRIA HISTÓRIA.

É ATRAVESSAR DESERTOS FORA DE


SI, MAS SER CAPAZ DE ENCONTRAR UM
OÁSIS NO RECÔNDITO DA SUA ALMA. É
AGRADECER A DEUS A CADA MANHÃ
PELO MILAGRE DA VIDA”.

AUGUSTO CURY

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Idas e Vindas por Leo S Sial

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