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LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.

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História Integrada
EXPANSÃO MARÍTIMO-
COMERCIAL EUROPEIA

1. Introdução se normalmente até o século XIV, quando a fome causada


por secas cíclicas, agravada pela irrupção da Guerra dos
Na história da Europa – e consequentemente do pró- Cem Anos (1337-1453) e pela propagação da Peste Negra,
prio mundo ocidental –, os séculos XV e XVI assistiram a provocou uma crise de retração do comércio europeu.
transformações de enorme relevância, anunciadoras do Quando o século XV começou, essa crise estava parcial-
início da Idade Moderna. No plano econômico, a transição mente superada, pois a intensidade dos fatores que a esti-
feudo-capitalista, transcorrida ao longo da Baixa Idade mularam havia diminuído. Mesmo assim, a alta taxa de
Média, deu origem à acumulação primitiva de capitais mortalidade registrada no século anterior constituía um
(que muitos preferem denominar pré-capitalismo e alguns sério empecilho à retomada do comércio dentro de seus
chamam de capitalismo comercial), que seria a matriz do limites continentais, visto que a capacidade de consumo
capitalismo industrial do século XVIII. No plano social, a da Europa fora drasticamente reduzida. Para enfrentar esse
sociedade estamental do feudalismo evoluiu para uma es- obstáculo, a solução mais viável seria abrir mercados
trutura que, embora ainda contivesse segmentos tradicio- extraeuropeus por meio de viagens marítimas de descobri-
nalmente hereditários, como a aristocracia e a camada mento. Pode-se portanto afirmar que a principal causa das
servil, passou a ser marcada pela presença de classes so- Grandes Navegações foi a necessidade de superar a crise
ciais, tendo à frente a burguesia mercantil. No plano polí- de desenvolvimento do comércio europeu no século XV,
tico, a formação das monarquias nacionais, entrelaçada que sucedera à crise de retração da centúria precedente.
com o processo de centralização do poder real, teria como Outros fatores também contribuíram para a realização
desfecho, no início dos Tempos Modernos, a consolidação dos Grandes Descobrimentos. Foram eles:
do absolutismo. No plano intelectual, o progresso do pen-
 Escassez de ouro na Europa. Durante a Baixa
samento e da produção artística levaria à explosão cultural
Idade Média, boa parte da economia europeia girou em
do Renascimento. No plano religioso, a crise interna e os
torno da comercialização de artigos de luxo importados
questionamentos sofridos pela Igreja Católica nos séculos
da Ásia. Esse comércio era unidirecional, uma vez que a
finais do Medievo trariam, como consequência inexorável,
Europa nada exportava para o Oriente, pagando em moeda
a grande ruptura provocada pela Reforma Protestante.
sonante as compras efetuadas. Esse mecanismo drenou
Finalmente, no plano geográfico, o mundo conhecido seria
ouro e prata para a Ásia, causando escassez de metais
dramaticamente ampliado, graças à realização da
preciosos na Europa e dificultando as transações comer-
Expansão Marítimo-Comercial Europeia, cuja denomi-
ciais; agravando a situação, as jazidas europeias estavam
nação é frequentemente simplificada para Expansão
perto do esgotamento. Para revitalizar a economia do
Marítima, Grandes Navegações ou Grandes Descobri-
continente, urgia que se encontrassem no ultramar novas
mentos, tendo seu ponto alto na descoberta da América e,
fontes de metais amoedáveis.
como desdobramento, o Descobrimento do Brasil.
 Interesse da burguesia. Surgida juntamente com
o Renascimento Comercial e Urbano da Baixa Idade
2. Fatores da Expansão Média, a burguesia vinha acumulando riqueza por meio
Marítima Europeia do comércio e de atividades correlatas, entre as quais se
destacava a prática da usura (empréstimo a juros). Tendo
A Expansão Marítima está relacionada com o Renas- em vista as crises de retração e de desenvolvimento do
cimento Comercial, ocorrido no Ocidente Europeu a partir comércio intraeuropeu, interessava a essa classe social
do século XII. As atividades mercantis, associadas ao expandir sua atuação para além-mar, estabelecendo novos
Renascimento Urbano da mesma época, desenvolveram- pontos de intercâmbio mercantil.

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 Interesse dos reis. Alguns soberanos viram nos


empreendimentos marítimos uma oportunidade de forta-
lecer seu poder, pois a expansão do comércio aumentaria
a arrecadação de impostos, fornecendo aos monarcas mais Astrolábio. Instrumento
recursos para ampliar seu exército e seu corpo de funcio- criado pelo astrônomo
grego Hiparco de Samos
nários – elementos essenciais para o engrandecimento da (século II a.C.) para
autoridade real. determinar a posição das
estrelas no céu.
 Aliança entre rei e burguesia. Os burgueses de Combinado com o uso da
bússola, teve grande
diversos países europeus já vinham atuando como aliados importância para a
dos reis no processo de formação das monarquias nacionais, realização da Expansão
Marítima Europeia.
fornecendo-lhes auxílio financeiro para impor sua auto-
ridade à nobreza feudal. Assim, nos Estados que parti-
ciparam da Expansão Marítima, seria natural que reis e  Expansão do cristianismo. A causa maior das
burgueses unissem forças para concretizar aquele empreen- Grandes Navegações foi de natureza econômica, combi-
dimento, cabendo à burguesia entrar com a maior parte do nada com interesses políticos. No entanto, houve quem
capital necessário. A Coroa complementaria essa contribui- delas participasse movido por outras motivações, como o
ção e proporcionaria a estrutura administrativa e militar espírito de aventura, a ambição de fazer fortuna ou a
necessária à conquista de terras ultramarinas, pois a curiosidade de conhecer povos e terras diferentes. Outro
lucratividade seria mais elevada se os europeus impusessem fator ponderável foi o impulso religioso, manifestado
sua dominação aos povos com os quais fossem comerciar. sobretudo entre espanhóis e portugueses: a difusão da fé
Em tais circunstâncias, seria imprescindível que o poder real católica por meio da conversão dos gentios (pagãos), se
estivesse centralizado e já próximo do absolutismo. necessário recorrendo à força. Alguns historiadores
chamaram esse projeto de espírito cruzadista, relacionan-
 As grandes invenções. No século XIV, os euro- do-o com o esforço dos cruzados medievais na propaga-
peus começaram a fazer uso da bússola e da pólvora, in- ção do cristianismo e na luta contra o Islão.
ventos chineses que, junto com o papel (também oriundo
da China) e a imprensa, constituíram as grandes invenções O caminho para as Índias
do período medieval. A bússola, utilizada em conjunto
com o astrolábio, inventado pelos antigos gregos, propor- Durante o Renascimento Comercial da Baixa Idade
cionou aos navegantes um meio seguro de determinar Média, as mercadorias mais lucrativas provinham das
posições geográficas; e a pólvora, empregada nas armas Índias – designação genérica dada pelos europeus à vasta
de fogo, deu aos conquistadores europeus uma insuperá- região compreendida entre a Índia e o Japão, abrangendo
vel vantagem bélica sobre os povos que iriam dominar. o que hoje chamamos de Ásia de Monções, Sudeste
Asiático e Extremo Oriente. O pouco que se sabia sobre as
Índias fora relatado por Marco Polo, mercador veneziano
do século XIII que passou cerca de vinte anos na corte do
imperador da China.

Bússola do século
XVIII, recuperada
de um navio
naufragado. De No imaginário europeu da
origem chinesa, época das Grandes Navegações,
esse instrumento foi as terras ainda desconhecidas
fundamental para a eram habitadas por criaturas
realização das fantásticas ou bestializadas,
Grandes como os “homens com cabeça
Navegações. de cão”, descritos por Marco
Polo no Livro das Maravilhas.

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As importações europeias provenientes das Índias a religião islâmica. Derrotados, os espanhóis* recuaram para
eram de alto valor: tecidos de seda e de musselina, joias, o norte, de onde iniciaram a Guerra de Reconquista (718-
perfumes, objetos de marfim e principalmente as célebres 1492). No decorrer desse longo conflito, foram fundados
especiarias (cravo, canela, pimenta-do-reino, noz-mosca- cinco reinos cristãos, quatro dos quais (Leão, Castela,
da, gengibre e açúcar), empregadas na condimentação de Aragão e Navarra) iriam constituir o Reino da Espanha. O
alimentos e para fins medicinais. quinto Estado foi Portugal, que evoluiu separadamente.
Os produtos orientais vinham para a Europa por dois *Na época, a Espanha era um reino cristão fundado pelos visigodos, povo
caminhos. O principal era a Rota da Seda, que tinha na bárbaro germânico já então bastante romanizado.
China seu ponto de partida e, depois de atravessar a Ásia A monarquia lusitana originou-se do Condado
Central e o Oriente Médio, alcançava o porto de Constan- Portucalense, feudo concedido pelo rei de Leão a Henri-
tinopla, capital do Império Romano do Oriente; um ter- que de Borgonha, nobre francês que lhe prestara im-
minal secundário era o porto sírio de Antioquia. O portantes serviços. Em 1139, Afonso Henriques (filho de
segundo itinerário, controlado pelos árabes, começava em Henrique de Borgonha), depois de derrotar seu suserano, o
portos indianos, cruzava o Oceano Índico e penetrava no rei de Leão, proclamou-se soberano de Portugal, sendo
Mar Vermelho, de onde se fazia o transbordo de carga para reconhecido pelo papa e pelos demais monarcas da Europa.
o Rio Nilo (o Canal de Suez somente seria inaugurado no Os sucessores de Afonso Henriques (ou D. Afonso I),
século XIX), chegando enfim ao porto egípcio de Alexan- pertencentes à Dinastia de Borgonha, empenharam-se em
dria, junto ao Mar Mediterrâneo. expandir seus domínios para o sul, no contexto da Guerra
Uma vez descarregados nos portos do Mediterrâneo de Reconquista contra os mouros. Esse processo foi
Oriental, os artigos asiáticos eram adquiridos por comer- concluído em 1249, com a conquista da região do Algarve,
ciantes de Gênova e Veneza, cidades-Estado italianas que no extremo sul de Portugal. O encerramento da luta contra
mantinham, naqueles locais, entrepostos conhecidos como os sarracenos permitiu que os portugueses pudessem
fondacos. Essas cidades monopolizavam o comércio priorizar outras atividades, como a pesca e a comercia-
euro-asiático, o que fazia delas centros econômicos cuja lização do bacalhau (de enorme relevância para a forma-
prosperidade somente era comparável à da Flandres ção marítima lusa).
(região correspondente à Holanda e à Bélgica atuais). Quando o Reino de Portugal foi fundado, o sistema
O descobrimento de um caminho marítimo que levas- feudal começava a dar sinais de enfraquecimento, na Eu-
se às Índias quebraria o monopólio italiano, pois as especia- ropa Ocidental, em face da ampliação da autoridade real.
rias e outros bens seriam adquiridos diretamente na fonte Por essa razão, a nobreza guerreira que se formou em torno
produtora, eliminando todos os intermediários e a tributação da Coroa Portuguesa, ainda que tivesse recebido importan-
cobrada antes que os produtos chegassem à Europa. tes doações territoriais, jamais chegou a possuir a autono-
Consequentemente, seriam vendidos nos mercados mia desfrutada pela aristocracia senhorial de outros países.
europeus por preços inferiores aos cobrados pelos italianos.
O projeto de alcançar as Índias não estava presente no A Revolução de Avis (1383-85)
início da Expansão Marítima, mas ganhou força após a
Em 1383, ocorreu em Portugal uma grave crise política.
tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em
Com a morte do rei D. Fernando I, o trono passaria para
1453. O fechamento do maior porto da época aos navios
D. Beatriz, sua única herdeira, casada com o soberano de
cristãos restringiu a ligação das Índias com o Mediterrâneo
Castela e Leão (os dois reinos haviam sido unificados em
à rota de Alexandria. A forte alta dos preços que se seguiu
1230). Se o casal viesse a ter um filho, este seria rei de
tornou atraente o projeto de buscar um caminho marítimo
Castela, de Leão e de Portugal, o que significaria o fim da
para o Extremo Oriente. Esse seria o objetivo primordial de
independência lusa, devido à preponderância de Castela.
Portugal e Espanha nas décadas subsequentes.
Ora, na época, castelhanos e a maioria dos portugueses
tinham interesses divergentes. Castela priorizava a continua-
3. Navegações portuguesas ção da Guerra de Reconquista, o que agradava à maioria da
nobreza guerreira de Portugal, desejosa de adquirir novas
propriedades. A burguesia lusa e uma pequena parte da aris-
Origens de Portugal tocracia, porém, preferiam não se envolver em uma luta que
No ano de 710, a Península Ibérica foi conquistada pe- nada acrescentaria ao reino lusitano; em vez disso,
los mouros, habitantes da África do Norte resultantes da mis- desejavam dedicar-se às atividades mercantis, aproveitando
cigenação de árabes com populações locais e que seguiam o bom momento vivido pelo comércio português durante a
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Guerra dos Cem Anos*. Para esses setores, convinha impedir Os fatores que explicam o pioneirismo português nos
que D. Beatriz permanecesse no trono de Portugal. Grandes Descobrimentos foram os seguintes:
*A Guerra dos Cem Anos, por se travar em território francês, prejudicou as feiras
da Rota da Champagne – grande artéria comercial que ligava as cidades do
Norte da Itália à Flandres. Visando contornar essa dificuldade, mercadores  Centralização monárquica precoce. Tendo
italianos e flamengos passaram a utilizar o porto de Lisboa para intercambiar
suas mercadorias. Esse fato permitiu que a burguesia lusa acumulasse bons
ascendido ao trono por meio da força, os reis da Dinastia
lucros, graças a seu papel de intermediária entre as duas partes. de Avis possuíam maior poder que os demais soberanos da
A crise política portuguesa provocou a Revolução de época. Esse fato, somado ao sólido apoio recebido da
Avis, assim denominada porque sua liderança foi entregue burguesia, permitiu-lhes participar ativamente do projeto
a um irmão bastardo de D. Fernando I, conhecido como expansionista luso.
D. João, Mestre de Avis*. Apoiado pelos que se opunham
à união com Castela, ele depôs D. Beatriz e se proclamou  Participação da Ordem de Cristo. Em Portugal,
rei de Portugal com o nome de D. João I, dando início à a Ordem de Cristo sucedeu à Ordem dos Templários, que
Dinastia de Avis. fora extinta pelo papa Clemente V em 1312. Muitos
*A Ordem de Avis era uma congregação de monges guerreiros semelhante a recursos dessa congregação religioso-militar portuguesa
outras que se formaram na época das Cruzadas, como a Ordem dos Templários
ou a dos Cavaleiros Teutônicos. Na condição de grão-mestre da Ordem de Avis, (cujos grão-mestres eram sempre membros da Família
D. João estava obrigado ao celibato clerical; mas, ao ser reconhecido pelo papa Real) foram investidos nas realizações marítimas lusita-
como novo governante português, obteve dispensa para se casar e fundar uma
nova família real. nas*, associando-se aos capitais de origem burguesa.
*As embarcações lusas equipadas graças aos recursos da Ordem de Cristo
O monarca castelhano opôs-se às pretensões de
ostentavam em suas velas a cruz vermelha distintiva daquela instituição.
D. João, mas foi derrotado, em 1385, por um exército
lusitano que incluía combatentes ingleses*. A vitória  Burguesia economicamente forte. Conforme já
assegurou a independência de Portugal e fortaleceu a foi explicado, a interrupção da Rota da Champagne, por
autoridade dos soberanos da Casa de Avis, caracteri- causa da Guerra dos Cem Anos, favoreceu a burguesia
zando-os como os primeiros dirigentes europeus lusa, permitindo-lhe acumular importantes capitais; estes,
detentores de um poder verdadeiramente centralizado. reforçados por financiamentos de origem florentina, foram
O principal apoio que eles receberam veio dos aplicados nos empreendimentos marítimo-comerciais.
burgueses, muitos dos quais foram elevados à condição
de nobres, em substituição aos aristocratas semifeudais  Paz interna e externa. Estando com suas frontei-
que, por haverem tomado o partido de Castela, haviam ras consolidadas e não sofrendo distúrbios internos,
sido banidos do reino. Formou-se assim, em Portugal, Portugal pôde concentrar-se na realização da Expansão
uma nobreza interessada no comércio e, consequen- Marítima.
temente, nas viagens ultramarinas.
*As Coroas de Portugal e Inglaterra mantinham relações amigáveis desde a
Reconquista Portuguesa, quando cruzados ingleses colaboraram na luta contra
 Posição geográfica favorável. Situado no sul da
os mouros. O próprio D. João I desposou uma princesa inglesa, confirmando um fachada atlântica europeia, Portugal ficava a pouca
relacionamento que se manteria através dos séculos.
distância do litoral africano – objetivo inicial de sua
expansão além-mar.
Pioneirismo português na
Expansão Marítima
 Aperfeiçoamentos náuticos. Afora a bússola e o
O pequeno reino lusitano, situado na extremidade astrolábio, que já eram de conhecimento geral, Portugal
ocidental da Europa, foi o iniciador das Grandes Nave- precedeu outros países em alguns aperfeiçoamentos
gações, sendo seguido, ainda que com considerável atraso, náuticos, a saber:
pela Espanha, França, Inglaterra e Holanda. De fato, quan-
do Portugal deu início a seu projeto marítimo, em 1415, • Caravela: navio veleiro que, por não recorrer ao
nenhum daqueles quatro países teria condições de fazê- uso de remos, possuía um alcance superior ao de outros
lo. A Espanha, além de ainda não estar unificada, barcos da época; além disso, seu casco arredondado
encontrava-se envolvida na Guerra de Reconquista, assim permitia-lhe navegar com mais segurança em mar agitado.
como Inglaterra e França se digladiavam na Guerra dos • Velas latinas: velas triangulares, instaladas na proa
Cem Anos; quanto à Holanda, sequer alcançara a e na popa das caravelas, podendo ser manobradas mais
independência, o que só aconteceria na segunda metade facilmente para corrigir o rumo da embarcação, caso o
do século XVI. vento não estivesse soprando na direção desejada.
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• Escola de Sagres: Em Sagres, uma localidade do zada no litoral mediterrânico do Marrocos. Tratava-se de
Algarve, os navegadores se encontravam para trocar um importante centro comercial, para onde convergiam
informações, experiências e conhecimentos. A existência as principais rotas transaarianas, percorridas por cara-
desse centro de assuntos náuticos, embora sem caráter vanas que transportavam produtos da África Negra como
oficial, fez com que lhe fosse dada a denominação – um ouro, marfim, pimenta vermelha e escravos.
tanto imprópria – de “Escola de Sagres”. Todavia, a tomada de Ceuta não surtiu os resultados
esperados, pois os mouros desviaram as rotas transaaria-
• Portulanos: cartas geográficas que os portugueses
nas para a cidade de Tanger, junto ao Estreito de Gibraltar.
aperfeiçoaram e que podiam incluir correntes marítimas e
Assim, Ceuta permaneceu como uma praça portuguesa
a direção dos ventos.
isolada, que exigia gastos para sua defesa e manutenção,
mas não gerava lucro.
Ciclo Oriental das Navegações
Tanger foi tomada em 1471. Mas os lusitanos, interes-
As viagens marítimas dos portugueses constituíram o sados em assumir o controle do comércio africano o mais
Ciclo Oriental das Navegações, assim chamado porque rapidamente possível, não esperaram esse desfecho. E, já
eles pretendiam chegar às Índias navegando para leste que os produtos da África Negra não mais chegavam a
(Oriente). Para tanto, seria necessário costear o litoral Ceuta, decidiram iniciar o reconhecimento da costa
africano, a fim de passar do Atlântico ao Oceano Índico. ocidental da África, a fim de alcançar as fontes dos artigos
Contudo, deve-se observar que, ao iniciar seu projeto
que pretendiam comercializar.
expansionista, Portugal tinha como objetivo imediato a
O primeiro descobrimento realizado pelos portugueses
exploração do comércio com a África, não pretendendo
ainda alcançar as Índias*. foi o do Arquipélago da Madeira, em 1419, seguido em
1431 pelo Arquipélago dos Açores e, em 1445, pelo Arqui-
* Outro motivo para seguir uma rota próxima do litoral era evitar os perigos que,
conforme se acreditava na época, estavam presentes no Mar Tenebroso, expressão pélago de Cabo Verde*. A colonização dessas ilhas teve
utilizada para designar as partes desconhecidas do Oceano Atlântico. início logo após sua descoberta, com a bem-sucedida im-
A expansão ultramarina lusitana processou-se por plantação da lavoura canavieira e da produção de açúcar**.
etapas: cada viagem ia mais longe que a anterior, acres- * Madeira, Açores e Cabo Verde fazem parte das chamadas Ilhas do Atlântico,
centando novas informações às já obtidas pelos nave- as quais incluem ainda as Ilhas Canárias, localizadas ao largo de Marrocos. As
Canárias, apesar de situadas em área de dominação lusitana, foram colonizadas
gadores precedentes. A primeira iniciativa, tomada por pelos castelhanos desde 1402 e até hoje fazem parte do território espanhol.
D. João I, foi a conquista de Ceuta, cidade moura locali-

Para realizar o Ciclo Oriental das Grandes Navegações, os portugueses organizaram expedições sucessivas, que devassaram o litoral atlântico africano. Depois,
adentrando o Oceano Índico, alcançaram Calicute, na Índia. Em viagens subsequentes, exploraram o Sudeste Asiático e chegaram ao Japão.

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** O açúcar, de origem indiana e por muito tempo considerado uma especiaria,


foi introduzido pelos árabes na Sicília, na Espanha Meridional e no Algarve.
Foi neste último que os lusos aprenderam a cultivar a cana e produzir o açúcar
– técnicas que seriam estendidas às Ilhas do Atlântico e depois ao Brasil, em
ambos os casos com utilização de escravos africanos.

Em 1434, os portugueses deram início ao devassamen-


to do litoral africano, ultrapassando o Cabo Bojador,
situado no atual Saara Ocidental e tido como o ponto mais
longínquo da África conhecido dos europeus*. Nessa fase
inicial, o planejamento das viagens lusas foi supervisionado
pelo infante** D. Henrique, o Navegador, filho de D. João
I, e a quem se atribui a fundação da “Escola de Sagres”.
* Por volta de 600 a.C., o navegador cartaginês Hanon, a serviço de um faraó,
realizou o périplo (contorno) da África, partindo do Delta do Nilo e retornando
pelo Mar Vermelho; mas essa informação não estava disponível na época das
Grandes Navegações.
** Nas monarquias portuguesa e espanhola, o título de príncipe era reservado
ao herdeiro do trono, cabendo a seus irmãos a designação de infantes e infantas. Nau São Rafael, navio-capitânia de Vasco da Gama em sua viagem de
descobrimento do caminho marítimo para as Índias, em 1498. A nau era uma
Em 1452, os portugueses chegaram ao Golfo da embarcação maior que a caravela e mais adequada a ações de guerra. Na
Guiné, onde o litoral africano está posicionado na direção ilustração, as velas do barco mostram a cruz da Ordem de Cristo –
congregação de monges guerreiros que sucedeu em Portugal à Ordem dos
oeste-leste. Foi lá que o comércio ultramarino tornou-se Templários e que teve ativa participação nas navegações lusas.
realmente lucrativo, como se pode depreender das deno-
minações Costa da Pimenta (atualmente Serra Leoa), Em 1498, Vasco da Gama, comandando uma frota de
Costa do Ouro (atualmente Gana), Costa do Marfim seis navios, costeou a África Oriental até o atual Quênia,
(atualmente com o mesmo nome) e Costa dos Escravos* onde contratou pilotos árabes para conduzi-lo ao porto de
(atualmente Benin), dadas a alguns territórios dessa vasta Calicute, no litoral ocidental da Índia*. Essa viagem definiu
região. Nos pontos considerados favoráveis, os portugue- a existência de um caminho marítimo ligando a Europa às
ses instalaram feitorias (entrepostos comerciais com guar- Índias – acontecimento que influenciaria profundamente a
nição militar), para transacionar com os nativos. Em locais conjuntura econômica europeia, e até mesmo mundial.
de comércio mais ativo, foram construídas fortificações
* Pode-se dizer que Vasco da Gama chegou à Índia (país) ou às Índias (região),
de maior porte, com o objetivo de consolidar a presença visto que o país conhecido como “Índia” fazia parte da grande região que os
lusa. A primeira a ser edificada foi o Castelo de São Jorge europeus chamavam de “Índias”.

da Mina (no atual Gana).


* A escravização de africanos pelos portugueses e outros europeus não se
Descobrimento do Brasil
restringiu à Costa dos Escravos, mas abrangeu todo o litoral ocidental da África,
a começar do Senegal, estendendo-se até Moçambique, já no Oceano Índico. A viagem de Vasco da Gama definiu a rota oriental
para se chegar às Índias, além de fazer um primeiro
A tomada de Constantinopla pelos turcos (1453), ao
contato com os habitantes locais. Seria agora necessário
fechar o principal porto de entrada dos produtos asiáticos,
dar início à implantação da presença portuguesa no
encareceu essas mercadorias, o que instigou os portugue-
Oriente, inclusive no plano militar. Com esse objetivo,
ses a prosseguir em suas viagens de descobrimento, em
D. Manuel I (rei de Portugal desde 1495) organizou uma
busca de uma passagem para o Índico. Entretanto, como
esquadra com 13 navios – dos quais dez eram naus de
a costa africana infletia para o sul depois do Golfo da
guerra –, com 800 tripulantes e 700 soldados, sob o
Guiné, receava-se que ela se prolongasse até o polo, blo-
comando de Pedro Álvares Cabral.
queando a tão desejada passagem para leste.
Os navios zarparam de Lisboa em 9 de março de
Em viagens sucessivas, os navegadores descobriram
1500. A princípio, mantiveram-se próximos do litoral
a foz do Rio Congo e depois a costa de Angola. Finalmen-
africano; mas, à altura das Ilhas de Cabo Verde, tomaram
te, em 1488, Bartolomeu Dias alcançou a extremidade sul
o rumo sudoeste, cruzando o Atlântico. Em 22 de abril, os
do continente africano, dobrando o Cabo das Tormentas,
navegadores avistaram terra, na qual se destacava uma
assim denominado em alusão às fortes tempestades que
elevação a que foi dado o nome de Monte Pascoal*. No
ele enfrentou na região. Essa denominação foi mudada
dia 24, a esquadra ancorou no local hoje identificado
pelo rei D. João II (1481-95) para Cabo da Boa Espe-
como sendo a Baía Cabrália, no sul da Bahia. Ali Cabral
rança, pois agora a expectativa de chegar às Índias por
tomou posse, em nome do rei de Portugal, da terra recém-
mar tornara-se praticamente uma certeza.
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encontrada, à qual deu o nome de Ilha de Vera Cruz** e prejudicavam a navegação no Golfo da Guiné. Refutação:
mandando erguer uma cruz de madeira, como sinal do mesmo que Cabral não entendesse de navegação, os capi-
domínio luso. Houve contatos amistosos com os indígenas tães dos navios eram todos marujos experientes, tendo
e duas missas foram celebradas. Em 3 de maio, depois de dois deles participado da viagem de Vasco da Gama;
efetuar alguns reparos em seus barcos, a frota levantou portanto, não cometeriam um erro tão grosseiro como o
âncoras em direção ao sul da África, tendo como destino de cruzar o Atlântico sem terem essa intenção.
final a Índia. Lá, Cabral enfrentou a hostilidade dos nati-  Ocorrência de tempestade. A esquadra cabrali-
vos, mas conseguiu estabelecer uma primeira feitoria na teria sido desviada para oeste por uma tempestade.
portuguesa na região. Refutação: nem a carta de Caminha nem os outros docu-
* O nome se deve ao fato de que, naquela data, comemorava-se o domingo da mentos conhecidos sobre o Descobrimento (o relatório do
Pascoela (na liturgia católica, a semana subsequente à Pascoa)
físico [médico de bordo] Mestre João e o chamado
** Essa denominação logo foi alterada para Terra de Santa Cruz; mas acabou
prevalecendo o nome Terra do Brasil (ou simplesmente Brasil), devido à
Relatório do Piloto Anônimo) fazem referência a qualquer
abundância de pau-brasil nas matas do litoral. perturbação meteorológica durante a travessia.
 Corrente marítima. Os navios de Cabral teriam
A carta de Caminha
sido desviados de sua rota por uma corrente marítima.
Durante sua permanência na costa recém-descoberta, Refutação: não existe corrente marítima significativa na
Cabral ordenou que o escrivão da frota, Pero Vaz de Ca- rota que levou os barcos portugueses ao Brasil.
minha, redigisse uma carta a D. Manuel, relatando o des-  Ausência de padrões de pedra. A frota de Cabral
cobrimento da nova terra. Para que a notícia chegasse a não transportava padrões de pedra com as armas (brasão/es-
Portugal antes do retorno da esquadra, uma caravela foi cudo) de Portugal, normalmente utilizados para oficializar
incumbida de levar a mensagem ao rei. a dominação lusitana sobre regiões recém-descobertas; essa
A carta de Caminha é considerada a “certidão de circunstância daria a entender que os navegadores não
nascimento” do Brasil. Guardada em meio a outros docu- esperavam descobrir novas terras naquela viagem. Refu-
mentos nos arquivos portugueses, foi encontrada em 1773 tação: o governo luso vinha adotando uma “política de
e publicada pela primeira vez em 1817, no Rio de Janeiro. segredo” em relação a seus descobrimentos marítimos*,
Depois de se referir sucintamente ao trajeto da frota, pois receava que franceses e ingleses utilizassem informa-
a carta descreve com pormenores os episódios do Desco- ções sobre eles para ocupar áreas onde a presença portu-
brimento, detalhando o contato com os indígenas* e a boa guesa não estivesse consolidada; isso explicaria a ausência
impressão causada pelas características naturais da região. de padrões de pedra nos navios de Cabral.
* Vários trechos da mensagem de Caminha evidenciam a estranheza dos
*Após tomar ciência da carta de Caminha, D. Manuel limitou-se a informar os
portugueses em relação aos nativos, prenunciando o choque cultural que se
soberanos espanhóis (Isabel de Castela e Leão e seu marido Fernando de
daria, durante a colonização da América, entre a “civilização” europeia e a
Aragão), com quem firmara um acordo divisório – o Tratado de Tordesilhas,
“barbárie” dos indígenas – choque que se traduziria na aculturação, dominação,
em 1494 –, sobre o “achamento” da nova terra.
exploração e até mesmo extermínio das populações ameríndias.
Ainda em favor da tese da intencionalidade, pode-se
argumentar que Caminha, em sua carta, não demonstra
Controvérsias sobre o
qualquer surpresa em relação ao encontro de terras a oeste,
Descobrimento do Brasil
como se esse fosse um evento já esperado. Além disso,
Durante muito tempo, prevaleceu a ideia de que o pode-se presumir que Portugal tinha interesse em confir-
Brasil fora descoberto por acaso, visto que o objetivo mar a existência de terras no Atlântico Ocidental, as quais,
precípuo da expedição cabralina era lançar as bases da de acordo com a partilha efetuada em Tordesilhas, perten-
dominação portuguesa no Oriente. Atualmente, essa ceriam à Coroa Portuguesa.
opinião não encontra defensores, pois seus argumentos Existem também controvérsias sobre a anterioridade
foram rejeitados em favor da intencionalidade do Desco- do Descobrimento, isto é, se Cabral foi ou não o primeiro
brimento. A seguir, enumeramos as justificativas da ca- a desembarcar em terras brasileiras. Nesse sentido, há
sualidade, com suas respectivas refutações. quem anteponha à expedição cabralina duas outras, ambas
 Erro de navegação. Cabral não possuía conheci- efetuadas por espanhóis: Vicente Pinzón (companheiro de
mentos náuticos, pois sua experiência se limitava à parti- Colombo na primeira viagem à América) teria tocado o
cipação em combates terrestres contra os mouros, na litoral de Pernambuco em janeiro de 1500 e, no mês
África do Norte; por essa razão, teria exagerado quando se seguinte, descoberto a foz do Amazonas, a que chamou
afastou da costa africana, para evitar as calmarias que de Mar Dulce (“Mar Doce”); outro espanhol, Diego de
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Lepe, também teria chegado ao Nordeste Brasileiro em e ocupado pela Indonésia daquela data até 1999) e Macau
fevereiro ou março de 1500. Trata-se porém de uma (restituída à China em 1999).
discussão irrelevante, não só pelo curto espaço de tempo O desmantelamento do Império Colonial Português
entre essas expedições e a de Cabral, mas também porque, no Oriente fez do Brasil a principal fonte de renda da
na ocasião, a costa brasileira já pertencia a Portugal, metrópole lusa, cabendo às colônias da África (principal-
conforme fora fixado pelo Tratado de Tordesilhas. mente Angola) a função de fornecer mão de obra escrava
Pode-se ainda citar um manuscrito de 1506, redigido para o funcionamento da economia brasileira.
em português mas com título em latim não convencional
– Esmeraldo de Situ Orbis –, elaborado pelo cosmógrafo
4. Navegações espanholas
Duarte Pacheco Pereira. Nessa obra, o autor descreve
uma viagem que teria feito ao Atlântico Sul-Ocidental em
1498, onde descobrira uma vasta extensão de terra. Deve- Razões do atraso espanhol
se contudo observar que, quando o Esmeraldo foi escrito,
o Brasil (então denominado Terra de Santa Cruz) já fora Em 1415, quando Portugal começou sua expansão
visitado por mais duas expedições lusas, cujos participan- marítima conquistando Ceuta, a Espanha ainda tinha dois
tes poderiam ter fornecido informações a Duarte Pacheco. problemas a resolver: a Guerra de Reconquista contra os
mouros ainda estava em andamento e o território espanhol
Formação e declínio do permanecia dividido em reinos independentes que às
Império Colonial Português vezes guerreavam entre si. Sem a consecução desses dois
objetivos (vitória militar e unificação política), a Espanha
A partir das viagens de Vasco da Gama e de Cabral, não poderia participar das Grandes Navegações.
Portugal empenhou-se na conquista de bases estratégicas no O processo unificador deu um importante passo em
Oriente. Considerando a insuficiência demográfica do reino 1469, quando Isabel, herdeira de Castela e Leão, casou-se
luso (com uma população em torno de um milhão de habi- com Fernando, herdeiro de Aragão. Ao ascenderem a seus
tantes) para dominar uma área tão extensa, os portugueses respectivos tronos, ambos governaram de forma autônoma,
priorizaram a conquista de alguns pontos essenciais no embora na prática estivessem associados – o que confi-
Oceano Índico. O principal responsável pela execução desse gurava uma união de fato, ainda que não de direito. O Reino
projeto foi Afonso de Albuquerque, governador da Índia en- de Navarra (do qual fazia parte o atual País Basco), de menor
tre 1509 e 1515, conquistador de Goa (em território indiano), expressão política e territorial, continuou independente até
de Ormuz (na entrada do Golfo Pérsico) e de Malaca (no sul 1512, quando sua porção ao sul dos Montes Pireneus (cerca
da Malásia). Nos anos seguintes, os lusitanos se estabelece-
de 3/4 da superfície total) foi anexada por Aragão. O
ram no Ceilão (atual Sri Lanka) e em algumas ilhas da atual
restante, situado ao norte dos Pireneus, subsistiu como
Indonésia. Avançando ainda mais, obtiveram do governo
Estado soberano até 1589, quando seu rei Henrique de
chinês a concessão de Macau. Por último, alcançaram o
Bourbon assumiu o trono da França, com o nome de
Japão, com quem mantiveram intensas relações comerciais,
Henrique IV. Oficialmente, Navarra manteve sua identidade
a par de uma expressiva obra de catequese em que se
política até 1620, quando foi finalmente incorporada ao
destacou o jesuíta São Francisco Xavier*.
território francês. É por isso que o País Basco encontra-se
*A atividade catequética dos portugueses sofreu várias perseguições pelo
governo japonês, até que, em 1637, o xogum (governante hereditário que atuava atualmente dividido entre a Espanha e a França.
em nome do imperador) ordenou o fechamento do Japão ao contato com A Guerra de Reconquista, por sua vez, encerrou-se em
estrangeiros, sendo permitida apenas a visita anual de um navio holandês. Os
católicos japoneses foram massacrados e o país permaneceu isolado até 1854, 2 de janeiro de 1492, quando Granada, último reduto mouro
quando foi forçado pelos Estados Unidos a abrir seus portos ao mundo exterior. na Espanha, capitulou diante de Isabel e Fernando, pondo
A dominação portuguesa no Oriente teve curta dura- fim a quase oito séculos de presença islâmica na Espanha*.
ção. Os pesados gastos militares, as despesas com a *Parte da população muçulmana foi autorizada a permanecer na Espanha, desde
administração e, depois de 1530, a brusca queda no preço que se convertesse ao cristianismo. Concentrados no sul da Andaluzia, os
mouriscos (outra denominação dos mouros) preservaram muitos de seus
das especiarias inviabilizaram a manutenção daquelas costumes até que, após uma revolta fracassada (1568), foram dispersados.
conquistas. No decorrer do século XVII, a Companhia das
Índias Orientais, empresa holandesa fundada em 1602, Descobrimento da América
apoderou-se de numerosas possessões lusas, desde o Cabo
da Boa Esperança até Malaca e os entrepostos nas ilhas Concluída a Guerra de Reconquista, a Espanha pôde
do Sudeste Asiático. Restaram a Portugal Goa (tomada enfim dedicar-se aos empreendimentos marítimos. Não
pela Índia em 1961), Timor Leste (emancipado em 1975 havia tempo a perder, pois era sabido que os portugueses,

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Principais viagens de descobrimento realizadas pelos espanhóis para alcançar as Índias pelo Ocidente: descobrimentos da América, da foz do Amazonas, do
Oceano Pacífico, do Rio da Prata e primeira viagem de circum-navegação.

em 1488, tinham contornado a extremidade da África e chegar ao nascente (Oriente) navegando para o poente
adentrado o Oceano Índico; mas ainda faltava-lhes atingir (Ocidente). O plano de Colombo baseava-se na pressu-
as Índias, o que seria conseguido por Vasco da Gama em posição, bastante difundida mas ainda não comprovada,
1498. Assim sendo, existia a possibilidade de os espanhóis de que a Terra era redonda. Tratava-se de um projeto bas-
chegarem ao Oriente antes de seus concorrentes, desde que tante audacioso, pois implicava afastar-se do litoral euro-
escolhessem um caminho alternativo, visto que a rota orien- peu e africano para se aventurar em um oceano
tal estava sob controle dos lusitanos. E mais: seria necessário inteiramente desconhecido, sem ter uma ideia clara
completar o trajeto em uma única viagem, pois os portu- acerca da distância a ser coberta.
gueses estavam muito perto de concretizar seu objetivo. Esse projeto interessava mais aos Reinos de Castela
e Leão do que a Aragão. Com efeito, os dois primeiros
eram banhados pelo Oceano Atlântico; já Aragão estava
voltado para o Mediterrâneo e seus interesses comerciais
ligavam-no à Itália, pois Nápoles e a Sicília pertenciam à
Coroa Aragonesa. Coube portanto à rainha Isabel provi-
denciar os recursos necessários à expedição de Colombo,
Cristóvão Colombo (1451- equipando três navios (duas caravelas e uma nau maior).
1506), navegador genovês a A expedição deixou o porto de Palos, no sul da Espa-
serviço de Castela. Tentou
chegar às Índias navegando nha, em 9 de agosto de 1492. Depois de se reabastecerem
para oeste e contornando a nas ilhas Canárias, os navegadores singraram o Atlântico
Terra. Não realizou seu
intento, mas descobriu a durante cinco semanas, até alcançar Guanahani (nome
América, revelando um indígena da atual Ilha de San Salvador), uma das Baamas,
“Novo Mundo” para os
europeus. nas Antilhas Setentrionais. Ali os europeus tiveram um
primeiro contato amistoso com os indígenas, cujos hábitos
Diante das circunstâncias, Isabel de Castela e Fer- e técnicas eram extremamente simples. A data desse
nando de Aragão aceitaram a proposta de Cristóvão encontro – 12 de outubro de 1492 – assinala o descobri-
Colombo (em italiano: Cristoforo Colombo, 1451-1506), mento da América, um dos mais importantes aconteci-
navegador genovês que vivera algum tempo em Portugal mentos da História*. Após visitar outras ilhas, Colombo
e se propunha a atingir el naciente por el poniente, isto é, retornou à Espanha, onde anunciou a Isabel e Fernando ter
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encontrado um novo caminho para o Oriente. Trouxe con- Ciclo Ocidental das Navegações
sigo alguns nativos, aos quais os europeus deram o nome
O rumo oeste seguido por Colombo definiria todas as
de índios, já que o navegador afirmava ter desembarcado
expedições espanholas subsequentes, formando um con-
em terras localizadas nas Índias. Esta última denominação
junto conhecido como Ciclo Ocidental das Navegações.
difundiu-se a tal ponto que, mesmo depois de ser consta-
Enquanto não se realizava a expectativa de
tado que não se tratava das verdadeiras Índias, o continente
encontrar as almejadas Índias e suas riquezas, a Espa-
revelado pelo genovês continuou por muito tempo a ser
nha procurou firmar sua dominação sobre as Antilhas,
chamado de Índias Ocidentais.
tendo como centro a Ilha Hispaniola ou de São
* Por volta do ano 1000, o viking Leif Eriksson desembarcou na América Domingos*, descoberta por Colombo em 1493 e onde
do Norte, onde fundou um estabelecimento que teve curta duração. Com
isso, tornou-se o primeiro europeu a pisar terras do Novo Mundo. foi fundada, três anos mais tarde, a cidade de Santo
Entretanto, na época de Colombo, a notícia do feito de Eriksson não era Domingo – o mais antigo assentamento colonial europeu
conhecida, pois permanecia arquivada, entre outros manuscritos, em um
mosteiro islandês. na América. Simultaneamente, os espanhóis, por meio
Colombo realizou mais três viagens, tendo na segun- de explorações sucessivas, procuravam informações
da delas tocado terras continentais, no litoral da atual sobre as terras do Oriente.
Venezuela. Mas nunca admitiu que descobrira um novo *Atualmente, essa ilha compreende o Haiti, a oeste, e a República Dominicana,
a leste.
continente, e morreu afirmando que chegara às Índias e
que encontrar os ricos países do Oriente era apenas uma Em 1513, Vasco de Balboa transpôs o Istmo do
questão de tempo. Por isso, quando se confirmou que as Panamá e descobriu o Oceano Pacífico, a que deu o nome
“Índias” de Colombo eram na verdade outro continente, o de Mar do Sul. Essa notícia causou consternação na Espa-
nome do descobridor não foi lembrado: preferiu-se cha- nha, pois deixou claro que havia uma grande massa líqui-
mar a terra descoberta de América, em referência ao da interpondo-se entre as terras visitadas por Colombo e
navegador florentino Américo Vespúcio (em italiano: a Ásia. A partir daí, as expedições espanholas passaram a
Amerigo Vespucci, 1454-1512), o primeiro a afirmar que priorizar a busca de uma passagem que ligasse o Atlântico
se tratava de um Novo Mundo. ao Pacífico, contornando o sul do continente americano.

ACORDOS DIVISÓRIOS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA

Divisão das terras ultramarinas entre Portugal e Espanha, acordada pelos Tratados de Tordesilhas e de Saragoça. O mapa também mostra a divisão proposta
pelo papa Alexandre VI na Bula Inter Coetera, que não foi aceita por Portugal.
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Em 1515, Juan de Solís chegou a pensar que havia tinguindo-os, entre todos os soberanos europeus, como os
achado a referida passagem, mas tratava-se do estuário do maiores defensores do catolicismo, por terem derrotado os
Rio da Prata. Em 1519, Fernão de Magalhães, português muçulmanos na Guerra de Reconquista e expulsado os
a serviço da Espanha, recebeu o comando de 5 navios e judeus residentes na Espanha*. Com base na decisão de Ale-
234 homens para tentar circum-navegar o globo terrestre. xandre VI, os monarcas espanhóis subsequentes acrescenta-
Cabe-lhe o mérito de haver descoberto a ligação do Atlân- ram a seus títulos o de Rei Católico ou Majestade Católica.
tico com o Oceano Pacífico (nome escolhido pelo próprio Portanto, constitui um anacronismo, muito comum entre os
Magalhães, por não se ter defrontado com perturbações autores de livros de História, referir-se a Isabel e Fernando
meteorológicas durante sua travessia), navegando pelo como “Reis Católicos” antes de 1496.
atual Estreito de Magalhães. * Na época, os judeus eram malvistos pelos cristãos como sendo o povo deicida
O navegador morreu em uma escaramuça com nati- (isto é, que matou Deus), sendo responsabilizados pela crucificação de Jesus.
Esse pretexto foi utilizado por alguns governantes europeus para expulsá-los e,
vos nas Filipinas; mas os tripulantes remanescentes, ao mesmo tempo, confiscar os capitais que haviam acumulado. Foi assim que
comandados por Sebastián Elcano, prosseguiram a os israelitas se viram banidos da Inglaterra em 1290, da França em 1306, da
Espanha em 1492 e de Portugal em 1496.
viagem, contornando a África e reentrando na Espanha
em 1522, com um navio e apenas 18 homens. Não Assim, não é de admirar que Alexandre VI tenha
obstante as dificuldades encontradas, a viagem corroborou desejado favorecer os monarcas espanhóis na divisão
duas informações de enorme relevância: a Terra era arbitrada pela Inter Coetera, estabelecendo como linha
realmente esférica* e Colombo não havia chegado ao divisória um meridiano situado 100 léguas (1 légua =
Oriente, mas descobrira um Novo Mundo. aproximadamente 6 km) a oeste do Arquipélago de Cabo
*A rigor, a Terra não é esférica, pois apresenta-se ligeiramente achatada nos
Verde. Considerando que Colombo navegara mais que o
polos; esse formato peculiar é conhecido como geoide (do grego Geos = dobro dessa distância para atingir as presumidas “Índias”,
Terra).
obviamente a linha demarcatória passaria em pleno
oceano, deixando para os portugueses somente as terras
5. Acordos divisórios africanas já descobertas por eles. Por conseguinte, os
territórios a oeste do meridiano ficariam para a Espanha,
A nova de que os espanhóis tinham alcançado as o que incluía todo o continente americano, na época ainda
Índias navegando para o Ocidente causou enorme impacto confundido com as Índias.
em Portugal, pois em 1492 os lusitanos estavam prestes a D. João II não aceitou a decisão papal, por ser clara-
atingir as Índias, mas ainda não haviam completado esse mente lesiva aos interesses lusos. Por meio de negociações
projeto. Visando assegurar para si uma parte das tão diretas, representantes de Portugal, de um lado, e de Cas-
cobiçadas regiões do Oriente, o rei D. João II propôs aos tela e Aragão, de outro, finalmente chegaram a um con-
soberanos espanhóis que se fizesse a partilha das terras senso e, em junho de 1494, firmaram o Tratado de
descobertas e por se descobrirem. Tordesilhas, que mudou o meridiano divisório de 100 para
Para a Espanha, um acordo com Portugal seria 370 léguas a oeste de Cabo Verde. Essa modificação fez
preferível a uma eventual disputa armada, tendo em vista com que a porção mais oriental da América – correspon-
a superioridade naval dos portugueses naquele momento dente a cerca de um terço do Brasil atual – passasse para
e o fato de os espanhóis mal haverem saído da longa e o domínio de Portugal, antes mesmo de ser oficialmente
desgastante Guerra de Reconquista. Para arbitrar a ques- descoberto pelos lusitanos*.
tão, foi escolhido o recém-eleito papa Alexandre VI * Embora a divisão estabelecida em Tordesilhas jamais tenha sido fixada in loco
(1492-1503). Em maio de 1493, o pontífice divulgou sua (isto é, no próprio local), calcula-se que passaria pelas atuais cidades de Belém,
no Pará, e Laguna, em Santa Catarina.
decisão por meio da Bula* Inter Coetera.
Até então, baseando-se nas informações de Colombo,
*Os principais documentos relativos a decisões papais são as encíclicas e as bulas.
Enquanto as primeiras são dirigidas ao conjunto do mundo católico, as segundas tanto Portugal como Castela e Aragão supunham estar
têm âmbito restrito, podendo ser destinadas a determinados Estados ou mesmo a dividindo o Oriente por meio de uma linha demarcatória
pessoas específicas (como em casos de excomunhão). Umas e outras são redigidas
em latim (idioma oficial da Igreja Católica) e têm seu título retirado das primeiras próxima da China ou da Índia. Entretanto, o descobrimento
palavras do texto. Inter Coetera, por exemplo, significa “entre outras coisas”. do Oceano Pacífico e a viagem de circum-navegação em-
Alexandre VI era espanhol (nome original: Rodrigo de preendida por Fernão de Magalhães tornaram evidente que
Borja, italianizado para Roderico Borgia) e muito bem o acordo de Tordesilhas dividira terras situadas no Atlântico
relacionado com Isabel e Fernando. Uma prova inequívoca – o que tornava necessária outra partilha na região do
desse apreço foi dada em 1496, quando o pontífice, por meio Pacífico. Assim, em 1529, pelo Tratado de Saragoça,
de uma bula, concedeu-lhes o título de Reis Católicos, dis- Portugal e Espanha (já então formalmente unificada)
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estabeleceram outra linha divisória, cortando a atual Os primeiros a se arriscar nesses mares hostis foram
Indonésia na longitude das Ilhas Molucas. A região a oeste navegadores portugueses*, mas seu esforço foi desconti-
dessa linha ficaria sob influência portuguesa até o Meridiano nuado depois de 1502. Outros navegadores foram
de Tordesilhas, compreendendo o Oceano Índico, a costa da Giovanni Caboto, genovês a serviço da Inglaterra, e Gio-
África e uma parte do Brasil. Já a área situada a leste das vanni de Verrazano, florentino a serviço da França, que
Molucas, abrangendo quase todo o Pacífico e a América, exploraram o litoral dos atuais Estados Unidos e Canadá
pertenceria à Espanha. Isso explica por que as Filipinas e entre o final do século XV e início do seguinte. Deve-se
alguns arquipélagos da Micronésia permaneceram em poder ainda mencionar o francês Jacques Cartier, que em 1534-
da Espanha até fins do século XIX. 36 penetrou no Canadá pelo Rio São Lourenço, fazendo o
reconhecimento de uma região que seria de grande
interesse para a França.
6. Outras navegações
*A Península do Labrador, no Canadá, recebeu esse nome porque foi
descoberta pelo português João Fernandes Lavrador, no final do século XV.
A divisão entre Portugal e Espanha das novas terras
descobertas, bem como das que ainda estavam por se De qualquer forma, as explorações da Inglaterra,
descobrirem, não foi reconhecida por Inglaterra, França França e Holanda no Atlântico Norte tiveram alcance
e Holanda, potências retardatárias na Expansão Marítima. limitado. As viagens mais longas patrocinadas por esses
Essa posição foi expressa de forma irônica por Francisco Estados foram realizadas nos séculos XVII (descobri-
I (1515-47) da França, no seguinte comentário: “Gostaria mento da Austrália pelos holandeses) e XVIII. Nesta
de ver o testamento de nosso pai Adão que dividiu o última centúria, destacaram-se as viagens científicas do
mundo entre meus primos de Portugal e Espanha.” inglês James Cook, no Oceano Pacífico.
O atraso das viagens de descobrimento realizadas por
ingleses, franceses e holandeses, quando comparadas às 7. Consequências da
dos países ibéricos, deveu-se a motivos de natureza
Expansão Marítima Europeia
principalmente político-militar: a Inglaterra, por seu
envolvimento na Guerra dos Cem Anos e na Guerra das A Expansão Marítima Europeia e os Grandes Desco-
Duas Rosas (1455-85); a França, também por causa da brimentos que se seguiram foram particularmente impac-
Guerra dos Cem Anos, pela necessidade de superar os tantes para o mundo ocidental, embora seus efeitos tenham
efeitos daquele conflito, e ainda por haver-se engajado em tido repercussão planetária. Os resultados desses eventos,
uma longa e infrutífera luta contra o Império Germânico combinados com outras transformações da época (Renas-
pelo controle da Itália Setentrional; e a Holanda, devido ao cimento Cultural, Reforma Protestante, acumulação primi-
fato de não ser um Estado soberano até 1581, quando se tiva de capitais e formação do Estado absolutista),
proclamou independente da Espanha, ao longo de uma moldaram os Tempos Modernos, dos quais emergiria a Ida-
rebelião iniciada treze anos antes. de Contemporânea, no final do século XVIII.
Quando esses três países iniciaram suas expedições, a A seguir, relacionamos as principais consequências
rota oceânica oriental para as Índias já se encontrava sob da Expansão Marítimo-Comercial Europeia.
controle dos portugueses, enquanto os espanhóis estavam em
via de consolidar seu domínio sobre a rota ocidental, contor-  Ampliação do mundo conhecido. As Grandes
nando o sul do continente americano. Sendo a navegação Navegações dos séculos XV e XVI expandiram extraor-
pelo Ártico, costeando a Eurásia Setentrional, sabidamente dinariamente os conhecimentos geográficos dos europeus,
inviável, restava às novas nações marítimas tentar encontrar acrescentando-lhes um novo continente (América), a maior
uma suposta Passagem do Noroeste, costeando a América parte do litoral africano e importantes regiões do Oriente.
do Norte. Todavia, as tentativas de descobrir esse caminho Ao findar o século XVIII, faltava devassar o interior desses
fracassaram, tendo em vista os rigores do inverno nas altas continentes e fazer o reconhecimento das regiões polares,
latitudes. O ponto máximo alcançado foi a Baía de Hudson, o que seria realizado nos séculos XIX e início do XX.
no norte do Canadá, assim chamada em referência a Henry  Deslocamento do eixo econômico europeu.
Hudson, inglês a serviço da Holanda, que lá foi abandonado Antes da Expansão Marítima, o eixo econômico europeu
por sua tripulação, em 1611*. (principal área de atividade econômica) estava localizado
*A Passagem do Noroeste, que consiste em alcançar o Pacífico navegando pelo no Mar Mediterrâneo, em função da relevância das
Ártico e atravessando o Estreito de Bering no sentido norte-sul, foi transitada cidades italianas – sobretudo Gênova e Veneza, distribui-
pela primeira vez pelo britânico Robert M’Clure em 1854, mas suas condições
são tão adversas que ela não possui importância comercial. doras dos artigos orientais na Europa. Ora, o descobrimen-

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to de um caminho marítimo para as Índias e o consequente 1650 depreciou o valor das moedas em cerca de 400%,
barateamento das especiarias e outros produtos, agora configurando um processo inflacionário que ficou conhe-
transacionados pelos portugueses, praticamente invia- cido como a Revolução dos Preços.
bilizaram a rota Oceano Índico-Alexandria e tiraram dos *O surgimento dos bancos durante o Renascimento Comercial da Baixa Idade
italianos o controle sobre aquela atividade. A decadência Média deu origem às letras de câmbio – papéis com valor garantido pelas casas
bancárias que os emitiam e que podiam circular como dinheiro corrente, até
da Itália reduziu drasticamente a importância do serem resgatados pelo banco emitente. Todavia, tais títulos eram apenas
Mediterrâneo, em benefício dos países localizados no representativos de certa quantidade de ouro ou prata, metais que constituíam o
verdadeiro padrão monetário em vigor.
litoral atlântico. Com isso, o eixo econômico deslocou-se
para o Oceano Atlântico, transformado em passagem  Formação dos impérios coloniais. No decorrer
obrigatória para o comércio europeu de além-mar. da Expansão Marítimo-Comercial, os países participantes
procuraram estabelecer, nas regiões recém-descobertas,
 Revolução Comercial. As práticas mercantis, em
pontos de apoio, zonas de influência e mesmo áreas de
franco progresso na Europa desde o século XII (exceção
dominação efetiva. Assim, conforme o caso, instalaram
feita à crise de retração do século XIV), ganharam um
feitorias, construíram fortalezas e criaram colônias. As
impulso sem precedentes, alcançando mercados ultrama-
primeiras destinavam-se apenas ao comércio direto com
rinos até então sequer imaginados. Tratava-se de uma
os nativos; as fortalezas eram bases militares com a
atividade de mão dupla, pois os europeus tanto vendiam
função de proteger as rotas marítimas ou de assegurar o
seus produtos naquelas regiões longínquas como adqui-
controle sobre uma determinada região; as colônias, por
riam mercadorias locais que seriam revendidas com gran-
sua vez, eram áreas inteiramente dominadas por um
des lucros. As relações econômicas expandiram-se a tal
Estado europeu (metrópole), sem disporem de autonomia
ponto que os historiadores se referem à ocorrência de uma
econômica ou administrativa. O conjunto de feitorias,
Revolução Comercial, responsável pelo advento do pré-
fortalezas e colônias pertencentes à mesma metrópole
capitalismo (ou acumulação primitiva de capitais). O
constituía um império colonial. Na Idade Moderna,
desenvolvimento da economia foi mais intenso na
embora Inglaterra, França e Holanda tenham possuído
Inglaterra, onde parte do capital acumulado seria investido
colônias, os grandes impérios coloniais do período foram
na Revolução Industrial do século XVIII.
os ibéricos – português e espanhol.
 Fortalecimento da burguesia. Por ser uma classe
essencialmente mercantil (embora parte dela se dedicasse
aos empreendimentos manufatureiros e bancários), a
burguesia foi grandemente beneficiada pela Revolução
Comercial que se seguiu à Expansão Marítima. Mas,
apesar de fortalecida economicamente, essa camada não
ousou assumir o poder político de imediato, preferindo
que ele continuasse concentrado na pessoa do rei*.
Somente no século XVIII, e principalmente no XIX, os
burgueses adotariam uma postura revolucionária em re-
lação ao absolutismo monárquico.
*Esse comportamento dos burgueses teve duas exceções importantes: na
Holanda (Países Baixos), a burguesia assumiu o poder político já no século
XVI, ao fundar uma república independente da Espanha; na Inglaterra, a
classe burguesa protagonizou duas revoluções (Puritana e Gloriosa) no
século XVII, ao cabo das quais, associada à nobreza, passou a controlar o
governo por meio do Parlamento.
Ilustração do século XVI mostrando o cais de Lisboa durante a Revolução Comercial
da Idade Moderna. Na época, a capital lusa era um dos portos mais movimentados da
Europa, pois concentrava todo o comércio do Império Colonial Português.
 Fortalecimento do poder real. O desenvolvi-
mento das atividades comerciais, mormente nos países
 Revolução dos Preços. No início do século XVI, mais fortes economicamente, aumentou a arrecadação de
os espanhóis conquistaram o México e o Peru, onde havia tributos pela Coroa. Consequentemente, os reis passaram
riquíssimas jazidas de ouro e prata – metais que consti- a dispor de mais recursos para ampliar seu corpo de
tuíam a base do dinheiro em circulação, pois os europeus funcionários e aumentar o poderio de seu exército. O
ainda não utilizavam papel-moeda*. A imensa quantidade crescimento das rendas do Estado foi estimulado pela
de metal amoedável que entrou na Europa entre 1550 e prática do mercantilismo, política econômica de incentivo
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ao comércio com vistas a elevar o recolhimento de padrões europeus. Mas na América, onde os conquis-
impostos. Dessa forma, o absolutismo monárquico, já tadores se estabeleceram firmemente e as culturas
esboçado na Baixa Idade Média quando da formação das indígenas foram praticamente destruídas, a civilização
monarquias nacionais, tornou-se uma realidade no cenário europeia foi implantada com características bastante
político da Idade Moderna. próximas do modelo original, ainda que modificadas por
fatores locais, pelas condições da colonização e por
 Início da europeização do mundo. Por ter sido
elementos indígenas e africanos (estes últimos introduzidos
realizada por europeus, a Expansão Marítimo-Comercial
por meio da escravidão negra). A religião cristã desempe-
estendeu certos aspectos da cultura europeia a todos os
nhou um papel fundamental nesse processo, vindo a
continentes habitados. Na África, onde o contato com os
constituir o principal traço definidor do Ocidente europeu-
nativos se limitou aos habitantes da costa, a influência
americano. A europeização do mundo se completaria no
europeia foi bastante superficial. Na Ásia, a existência de
século XX, como consequência do neocolonialismo.
civilizações milenares – como a chinesa e a hindu –
fortemente enraizadas também dificultou a penetração dos

1. Quais foram as motivações que levaram os monarcas e os merca- com tráfico negreiro, depois com o neocolonialismo – como uma
dores a se unir na empresa expansionista? decorrência do processo de “descobrimento”.
Resolução Resposta: D
Os monarcas europeus, envolvidos no processo de centralização
política, viam na expansão a possibilidade de aumentar seus ren- 3.
dimentos e, com isso, fortalecer seu poder. Os mercadores tinham
interesse em novas rotas e novos mercados, uma vez que os
mercados nacionais, unificados anteriormente pelo rei, já apresen-
tavam sinais de esgotamento.

2. ”A identidade negra não surge da tomada de cons-


ciência de uma diferença de pigmentação ou de uma
diferença biológica entre populações negras e
brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo
histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do
continente africano e de seus habitantes pelos navegadores
portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações
mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e,
enfim, à colonização do continente africano e de seus povos.”

(K. Munanga. “Algumas considerações sobre a


Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI (Internet: <www.betocelli.com>)
diversidade e a identidade negra no Brasil”. In: _________.
Diversidade na educação: reflexões e experiências. A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural brasileiro,
Brasília: SEMTFC/MEC, 2003. p. 37.) expressa
a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o
Com relação ao assunto tratado no texto, é correto afirmar que processo de colonização do Brasil.
a) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao des- b) a organização social e política de um povo indígena e a
cobrimento desse continente. hierarquia entre seus membros.
b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugue- c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a
ses a desenvolver esse continente. chamada pré-história do Brasil.
c) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros
escravidão no Brasil. atualmente extintos.
d) a exploração da África decorreu do movimento de expansão e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da
europeia do início da Idade Moderna. América durante o período colonial.
e) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre Resolução
esse continente e a Europa. A pintura rupestre reproduzida na questão apresenta uma cena de
Resolução caça – tema que é recorrente na arte pré-histórica em todas as
O texto transcrito mostra que a África Negra foi “descoberta” pelos regiões do mundo e que mostra um aspecto essencial para a
portugueses no século XV (ou seja, no início da Idade Moderna). E, sobrevivência das comunidades primitivas.
na sequência, descreve a exploração daquele continente – primeiro Resposta: C

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4. (UnB) – A Baixa Idade Média (séculos XII-XV) assinalou a trans- Obs.: No texto transcrito, Montaigne comete uma contradição, ao
formação do sistema feudal, ocasião em que considerar as práticas adotadas pelos europeus, nas guerras entre
(0) se intensificaram as relações mercantis e as trocas monetárias. católicos e protestantes, mais condenáveis que o canibalismo dos
(1) o aumento populacional, ampliando o mercado consumidor, ex- tupinambás. Para chegar a essa conclusão, o pensador francês
plicitou as limitações da produção feudal, calcada na servidão. estabeleceu juízos pessoais, sem considerar os valores predomi-
(2) ocorreu um renascimento urbano, baseado no planejamento or- nantes na sociedade de seu tempo.
denado e que resultou em satisfatórias condições de sanea- Resposta: B
mento e de higiene das cidades.
(3) se desenvolveram as Corporações de Ofício, organizando a pro- 6. Os textos referem-se à integração do índio à chama-
dução rural, mas não intervindo em sua regulamentação. da civilização brasileira.
(4) o comércio praticamente desapareceu no Mediterrâneo, substi-
tuído pelo Atlântico como eixo da atividade mercantil.
I. “Mais uma vez, nós, os povos indígenas, somos vítimas de um
Resolução
pensamento que separa e que nos tenta eliminar cultural, social
São verdadeiras as afirmações 0 e 1. A 2 está incorreta, pois as
cidades da Baixa Idade Média não possuíam o mínimo de sanea- e até fisicamente. A justificativa é a de que somos apenas 250
mento e de condições de higiene, sendo alvos fáceis das epide- mil pessoas e o Brasil não pode suportar esse ônus.(...) É
mias; a 3 está incorreta porque o papel regulamentador da preciso congelar essas ideias colonizadoras, porque elas são
produção era uma das funções das corporações; a 4 está incorreta, irreais e hipócritas e também genocidas.(...) Nós, índios,
pois essa substituição será visível a partir do século XVI. queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua,
nos nossos costumes.“
5. Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara,
(Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal Articulador dos Direitos
nos trechos, as guerras da sociedade tupinambá com
Indígenas na ONU e fundador das Nações Indígenas, Folha de S. Paulo, 31
as chamadas “guerras de religião” dos franceses
de agosto de 1994.)
que, na segunda metade do século XVI, opunham os católicos e
aos protestantes.
II. ”O Brasil não terá índios no final do século XXI (...) E por que
“(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles isso? Pela razão muito simples que consiste no fato de o índio
povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se
brasileiro não ser distinto das demais comunidades primitivas
pratica em sua terra. ( ...) Não me parece excessivo julgar bárbaros
que existiram no mundo. A história não é outra coisa senão um
tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar
processo civilizatório, que conduz o homem, por conta própria
tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo
que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois ou por difusão da cultura, a passar do paleolítico ao neolítico e
de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e do neolítico a um estágio civilizatório.”
tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-Io a cães e porcos, (Hélio Jaguaribe, cientista político,
a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos Folha de S. Paulo, 2 de setembro de 1994.)
ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é
Pode-se afirmar, segundo os textos, que
bem mais grave do que assar e comer um homem previamente
executado. (...) Podemos portanto qualificar esses povos como a) tanto Terena quanto Jaguaribe propõem ideias inadequadas,
bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se pois o primeiro deseja a aculturação feita pela “civilização
compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de branca” e o segundo, o confinamento de tribos.
barbaridades.” b) Terena quer transformar o Brasil numa terra só de índios, pois
(Michel Eyquem de Montaigne. Ensaios. pretende mudar até mesmo a língua do País, enquanto a ideia
São Paulo: Nova Cultural, 1984.) de Jaguaribe é anticonstitucional, pois fere o direito à identidade
cultural dos índios.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne, c) Terena compreende que a melhor solução é que os brancos
a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem
aprendam a língua tupi para entender melhor o que dizem os
única do gênero humano e da sua religião.
índios. Jaguaribe é de opinião que, até o final do século XXI,
b) a diferença de costumes não constitui um critério válido para
seja feita uma limpeza étnica no Brasil.
julgar as diferentes sociedades.
c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não d) Terena defende que a sociedade brasileira deve respeitar a
conhecem a virtude cristã da piedade. cultura dos índios e Jaguaribe acredita na inevitabilidade do
d) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a au- processo de aculturação dos índios e de sua incorporação à
sência de uma cultura civilizada e racional. sociedade brasileira.
e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racio nali dade dos e) Terena propõe que a integração indígena deve ser lenta,
europeus, o que explica que os seus cos tumes são gradativa e progressiva, e Jaguaribe propõe que essa integra-
similares. ção resulte de decisão autônoma das comunidades indígenas.
Resolução Resolução
A resposta correta resulta da simples interpretação do texto apre-
O primeiro texto expressa a difícil situação em que se encontra a
sentado. Podemos, porém, reforçá-la considerando o conceito an-
cultura indígena no Brasil, nas palavras de uma de suas principais
tropológico de cultura: conjunto da produção coletiva de uma
lideranças. Já o pensamento de Hélio Jaguaribe, no segundo texto,
comunidade, independentemente de seu nível de adiantamento
técnico. considera o processo histórico atrelado a um inexorável deter-
Assim sendo, não se podem estabelecer juízos de valor entre minismo, sem atentar para os valores culturais que diversificam e
diferentes culturas, com base exclusivamente nas diferenças ou peculiarizam as comunidades humanas.
no aparente exotismo dos costumes de uma comunidade. Resposta: D

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7. (FUVEST) – A que se pode atribuir a primazia portuguesa dos c) o homem branco convive harmonicamente com urihi.
descobrimentos e na expansão marítima moderna? d) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que
Resolução seu sopro vital.
A primazia portuguesa deveu-se a uma série de fatores, como: a e) wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por
existência de um Estado monárquico precocemente centralizado; a meio de processos vitais.
associação entre os reis da Casa de Avis, desejosos de ampliar os Resolução
seus rendimentos, e uma burguesia ávida de lucros; a situação de Mera interpretação de texto, já que no enunciado consta o seguinte
paz interna e externa em que Portugal se encontrava; os aperfeiçoa- trecho: “A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo.”
mentos das técnicas de navegação (caravela, vela latina ou triangular), Resposta: E
simbolizados na “escola de Sagres“. A tudo isso, deve-se somar o
fato de Portugal possuir uma posição geográfica privilegiada. 10. Segundo a explicação mais difundida sobre o povoa-
mento da América, grupos asiáticos teriam chegado a
8. (FUVEST) – Na última década do século XVI, Walter Raleigh esse continente pelo Estreito de Bering há 18 mil anos.
publicou um livro intitulado A Descoberta da Guiana, no qual se A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente
referiu aos homens sem cabeça que lá viviam. Embora não os americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado,
tivesse encontrado, tinha certeza de que existiam, porque “todas pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do
as crianças das províncias de Orramaia e Canuri afirmam o continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados
mesmo”. Essa é uma das descrições de monstros do Novo Mundo no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos
feita por um europeu do século XVI. Aliás, a grande maioria dos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil anos de idade.
navegadores da época dos descobrimentos relatou a existência de Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no
monstros em África, Ásia e América. A constante presença dessas Piauí
figuras nos relatos é indicativa a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o Oceano
a) da visão de mundo da sociedade europeia da época, que Atlântico até o Piauí há 18 mil anos.
mantinha a visão medieval sobre a existência das maravilhas b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do
do mundo e ainda não havia adotado a observação Norte e, depois, povoou os outros continentes.
efetivamente científica da cultura e da natureza. c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro
b) da crença renascentista de que à “humanidade” dos europeus na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering.
correspondia a bestialidade dos povos do Novo Mundo, que d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito
estariam evoluindo de animais para seres humanos. de Bering há 18 mil anos.
c) da permanência cultural da mitologia antiga na Europa (principal- e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria
mente a mitologia nórdica), que retratava os habitantes nativos iniciado há 18 mil anos.
das terras do Atlântico, Pacífico e Índico como monstros. Resolução
d) da convicção generalizada de que todos os não europeus eram Os estudos arqueológicos no Parque Nacional da Serra da Capivara
descendentes de Caim e, portanto, tinham uma anatomia (PI) apontam para uma origem do homem americano muito mais
monstruosa. remota (50 mil anos) do que a teoria da “ponte de gelo” no Estreito
e) de uma mitologia nova que se formou na Europa Renascentista, de Bering (18 mil anos).
resultante das alucinações sofridas por todos os navegadores Resposta: E
diante da tensão provocada pelo desconhecido.
Resolução 11. (FUVEST) – “Os cosmógrafos e navegadores de Portugal e
A visão de mundo do homem da época, mesmo com o advento Espanha procuraram situar estas costas e ilhas da maneira mais
do racionalismo e do naturalismo renascentista, era ainda conveniente aos seus propósitos. Os espanhóis situam-nas mais
fortemente marcada pelos preceitos mentais medievais, em que para o Oriente, de forma a parecer que pertencem ao Imperador
tudo era explicado e justificado com base nos valores místicos e (Carlos V). Os portugueses, por sua vez, situam-nas mais para o
sobrenaturais impostos pela Igreja Católica. Ocidente, pois desse modo colocariam-nas em sua jurisdição.”
Resposta: A (Carta de Robert Thorne, comerciante inglês,
ao rei Henrique VIII, 1527.)
9. ”Os Yanomami constituem uma sociedade indígena O texto remete diretamente
do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto a) à competição entre os países europeus, retardatários na corrida
linguístico e cultural. Para os Yanomami, urihi, a, pelos descobrimentos.
‘terra-floresta’, não é um mero cenário inerte, objeto de b) aos esforços dos cartógrafos para mapear com precisão as
exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma novas descobertas.
dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A c) ao duplo papel da Marinha da Inglaterra, ao mesmo tempo
floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a mercantil e corsária.
desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não d) às disputas entre países europeus, decorrentes do Tratado de
se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem. Tordesilhas.
A floresta não está morta pois, se fosse assim, as florestas não e) à aliança das duas Coroas Ibéricas na exploração marítima.
teriam folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, Resolução
se os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no Em 1527, ainda não se havia determinado com exatidão a posição
seu lugar, ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.” geográfica do litoral americano e das ilhas atlânticas. Por essa
(B. Albert. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental.
razão, os cartógrafos portugueses e espanhóis procuraram situá-los
São Paulo: ISA, 2007. Adaptado.)
dentro dos domínios dos soberanos a que obedeciam,
respectivamente a leste e oeste do meridiano fixado pelo Tratado
De acordo com o texto, os índios Yanomami acreditam que de Tordesilhas (370 léguas a ocidente de Cabo Verde).
a) a floresta não possui organismos decompositores. Resposta: D
b) o potencial econômico da floresta deve ser explorado.

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12. Qual das alternativas abaixo apresenta o conjunto correto dos ele- a) Segundo o texto, quais foram os objetivos da viagem de
mentos que caracterizam a Baixa Idade Média? Colombo?
a) Ascensão da burguesia, economia monetária, valorização dos b) O que foram as cruzadas na Idade Média?
ideais religiosos e vida urbana.
b) Predomínio do Papado, enriquecimento da nobreza, vida urbana 17. (UEL) – Para compreender a expansão marítima nos séculos XV e
e economia monetária. XVI , é necessário considerar a importância da cartografia. Sobre o
c) Formação do pensamento humanista, ascensão da burguesia, tema, é correto afirmar que os cartógrafos representaram o mundo
predomínio do Papado e valorização dos ideais religiosos. a) valendo-se de conhecimentos acumulados e transmitidos por
d) Economia monetária, ascensão da burguesia, formação do pen- meio da filosofia, da astronomia e da experiência concreta.
samento humanista e vida urbana. b) desconhecendo o valor político de sua arte de cartografar para
e) Enriquecimento da nobreza, valorização dos ideais religiosos, os rumos da rivalidade castelhano-portuguesa.
predomínio do Papado e vida urbana. c) ignorando a hagiografia medieval e as crenças na existência de
monstros marinhos e de correntes de ventos nos oceanos.
13. As rotas marítimas do Mediterrâneo, do Norte e do Báltico revi- d) confirmando os conhecimentos estáticos sobre o planeta,
talizaram o comércio europeu a partir do século XI. No continente resultantes da observação direta dos espaços desconhecidos.
europeu, essa revitalização deu-se com e) anotando nos mapas pontos geográficos, longitudes e latitudes
a) as rotas terrestres que ligavam as cidades francesas a Constan- com exímia precisão, em função dos eficazes instrumentos de
tinopla. navegação.
b) a expansão mercantil dos muçulmanos a partir da Espanha.
c) a participação dos mercadores vikings. 18. (UFU-MG) – “Colombo não estava tão longe de certas concepções
d) feiras medievais que surgiram ao longo das rotas de comércio. correntes durante a Idade Média acerca da realidade física do Éden
e) a fundação de feitorias árabes na Península Ibérica. que descresse de sua existência em algum lugar do globo. E nada
o desprendia da ideia [...] de que precisamente as novas Índias,
14. A Expansão Marítima e Comercial é produto de um conjunto de
para onde o guiara a mão da Providência, se situavam na orla do
fatores que marcam a época de transição por que passava a
Paraíso Terreal.[...] A tópica das ‘visões do paraíso ‘ impregna todas
Europa. Essa transição caracteriza a passagem de um modo de
as suas descrições daqueles sítios de magia e lenda.”
produção em crise para outro, isto é,
(Sérgio Buarque de Hollanda, Visão do Paraíso)
a) do escravista para o feudal. b) do capitalista para o escravista.
c) do feudal para o capitalista. d) do feudal para o escravista.
A partir da interpretação do trecho acima, assinale a alternativa
e) do escravista para o capitalista.
correta:
15. (UFPA) – Os Descobrimentos Marítimos do começo dos Tempos a) Colombo, conforme a mentalidade própria de sua época,
Modernos resultaram, como ensina a História, da combinação de acreditava na existência do Paraíso Terrestre, na sua localização
fatores complexos e diversificados. Ilustrando essa diversificação, nas novas terras descobertas e que ele havia sido levado para
tem-se, por exemplo, o(a) bem perto desse Paraíso, por vontade de Deus.
a) interesse dos mercadores italianos, como os genoveses e os b) O Paraíso Terrestre é um mito medieval cuja presença nas
venezianos, em expandir seus negócios para além dos limites novas terras descobertas na era das grandes navegações atlân-
impostos pelo Mar Mediterrâneo. ticas dos séculos XV e XVI é evocada apenas como uma metá-
b) necessidade dos mercados europeus em relação ao minério de fora.
ferro, matéria-prima essencial para a florescente metalurgia c) Colombo não acreditava no Paraíso Terrestre, mas só pôde
estabelecida em Itália e Espanha. compreender a novidade da América comparando-a ao Paraíso.
c) explosão demográfica ocorrida na Europa no final do século XV; d) A América era um território cujas condições naturais e riquezas
países como Portugal e Espanha lançaram-se às navegações lembravam metaforicamente um paraíso, porém as coloniza-
em busca de terras para os excedentes de suas populações. ções espanhola e portuguesa destruíram seu aspecto
d) associação entre as monarquias nacionais e a burguesia, com paradisíaco.
as primeiras assegurando o apoio político e administrativo que
garantia os investimentos da segunda na Expansão Marítimo- 19. (MACKENZIE) – Assinale a alternativa correta acerca da Expansão
Comercial. Ultramarina Europeia.
e) intolerância religiosa dominante na Europa no início do século a) A corrida expansionista de Portugal e Espanha gerou, na se-
XVI; os holandeses lançaram-se às navegações com o intuito de construir gunda metade do século XV, um período de grande cooperação
na América sociedades livres das perseguições da Igreja Católica. entre esses reinos europeus, denominado de União Ibérica.
b) Posteriormente à descoberta do novo continente, o grande
16. (UNICAMP) – “Os motivos que levaram Colombo a empreender a afluxo do ouro e da prata americanos para a Europa gerou uma
sua viagem evidenciam a complexidade da personagem. A principal significativa baixa nos preços dos alimentos.
força que o moveu nada tinha de moderna: tratava-se de um c) O navegador Cristóvão Colombo provou, com sua viagem, a
projeto religioso, dissimulado pelo tema do ouro. O grande motivo tese do el levante por el poniente, isto é, de que seria possível
de Colombo era defender a religião cristã em todas as partes do alcançar as Índias, no Ocidente, navegando em direção ao
mundo. Graças às suas viagens, ele esperava obter fundos para Oriente.
financiar uma nova cruzada.” d) As chamadas Grandes Navegações Europeias inserem-se no
(Adaptado de: Tzvetan Todorov. “Viajantes e indígenas”. In: processo de superação dos entraves medievais ao desenvol-
Eugenio Garin. O homem renascentista. vimento da economia mercantil e ao fortalecimento da classe
Lisboa: Editorial Presença, 1991. p. 233.) burguesa.

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e) Em agosto de 1492, a nau Santa Maria e as caravelas Nina e c) ausência completa de relações feudais em todo o seu território.
Pinta partiram de Palos, na Espanha, rumo ao leste, e atingiram, d) neutralidade da Península Itálica em face da guerra generalizada
em outubro do mesmo ano, a costa da América do Norte. na Europa.
e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança
20. (FGV) – “Caro, o pão faltava nas mesas dos pobres. Na Inglaterra, artística.
após mais de cem anos de estabilidade, seu valor quintuplicou em
1315. Na França, aumentou 25 vezes em 1313 e multiplicou-se por 23. (PUC-MG) – A História e a Literatura têm trazido contribuições
21 em 1316. A carestia disseminou-se por toda a Europa e per- importantes para compreensão do desenvolvimento das civili-
durou por décadas. zações. Leia o poema "Mar Português", de Fernando Pessoa, e
(...) assinale a afirmativa correta de acordo com o texto.
Faltava comida não por ausência de braços ou de terras.
(...) “Ó mar salgado, quanto do teu sal
Afinal, se os camponeses – esteio do crescimento demográfico São lágrimas de Portugal!
verificado desde o ano 1000 – não conseguiam produzir mais, era Por te cruzarmos quantas mães choraram,
porque já haviam cultivado toda a terra a que tinham acesso legal. Quantos filhos em vão rezaram!
Já os senhores não faziam pura e simplesmente porque não queriam. Quantas noivas ficaram por casar
Moeda sonante não era exatamente a base de seu poder e glória.” Para que fosses nosso, ó mar!
(Manolo Florentino, Os sem-marmita.
Folha de S. Paulo, 7 set. 2008.) Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
O texto traz alguns elementos da chamada crise do século XIV, Quem quer passar além do Bojador
sobre a qual é correto afirmar que Tem que passar além da dor.
a) resultou da discrepância entre o aumento da produtividade nos Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
domínios senhoriais desde o século XI e o recuo da produção Mas nele é que espelhou o céu.”
urbana de manufaturas.
b) foi decorrência direta da peste negra, que assolou o norte da a) Refere-se à expansão marítima portuguesa durante os séculos
Europa durante todo o século XIV e fez que os salários fossem XV e XVI, ampliando a esfera política e geográfica do mundo
fixados em níveis muito baixos. conhecido.
c) resultou do recrudescimento das obrigações feudais, que gerou b) Explica o mito fundador da colonização do Novo Mundo a partir
a concentração da produção de trigo e cevada nas mãos de da imposição da Coroa Portuguesa e de seus aliados espanhóis.
poucos senhores feudais da França. c) Trata-se de uma interpretação idealista da expansão marítima
d) foi deflagrada, após as inúmeras revoltas operárias, no campo portuguesa, criada a partir das ideias mercantilistas inglesas e
e na cidade, que quebraram a longa estabilidade do mundo francesas do século XIX.
feudal europeu. d) Critica o modelo histórico que explica o processo de
e) teve ligação com as estruturas feudais que impediam que a colonização portuguesa em função da mudança do eixo
produção crescesse no mesmo ritmo do crescimento da Atlântico para o Mediterrâneo.
população em certas regiões da Europa.
24. (UEL) – Leia o texto a seguir:
21. (UFPI) – O período situado entre os séculos X e XV da Era Cristã,
didaticamente nomeado de "Baixa Idade Média", foi marcado por “Ora se há coisa que se deve temer, depois de ofender a Deus,
profundas transformações, que conduziriam à superação das não quero dizer que não seja a morte. Não quero entrar em disputa
estruturas feudais e à progressiva estruturação da modernidade, com Sócrates e os acadêmicos; a morte não é má em si, a morte
esta marcada pela emergência do racionalismo e do método não deve ser temida. Digo que essa espécie de morte por nau-
científico. frágio, ou então nada mais, é de ser temida. Pois, como diz a
As alternativas a seguir apresentam alguns aspectos dessas mo- sentença de Homero, coisa triste, aborrecida e desnaturada é
dificações, exceto: morrer no mar.”
a) Um profundo processo de secularização contribuirá para um (Adaptado de F. Rabelais. Gargântua e Pantagruel. Tradução David Jardim
crescente atrelamento da razão à religião e do natural ao Jr. BH/RJ: Vila Rica, 1991. 2 v., livro IV, cap. XXI.)
sobrenatural.
b) O individualismo emergirá como forma de um novo humanis- Com base no texto, é correto afirmar:
mo, o que se acentuará no século XVIII com a vitória do ilu- a) A morte natural ou em terra era a coisa mais triste e aborrecida
minismo. que a morte no mar.
c) As práticas políticas e econômicas lenta, mas progressiva- b) A morte por naufrágio não era vista como uma morte desnatu-
mente, vão-se libertando da tutela até então exercida pela rada.
Metafísica e pela Teologia. c) Os navegadores seguiam a sentença de Homero, ou seja, feliz
d) Dá-se uma ampliação do espaço físico, do que decorre o co- daquele que encontra a sepultura nas águas marítimas.
nhecimento de novos mundos e povos. d) O encontro com a morte no mar suscitava muito pavor.
e) Dá-se a passagem da transcendência à imanência, processo e) A "boa morte" era aquela que ocorria no mar.
pelo qual a verdade revelada cederá lugar à verdade da
natureza, com sua própria linguagem e leis. 25. (PUC-SP) – A busca de especiarias não ocorreu apenas na Anti-
guidade e na Idade Média. No início da Idade Moderna, foi um dos
22. (FUVEST) – Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica e motivos da
influente da Europa. Isso ocorreu devido à a) exploração do litoral do Pacífico na América.
a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as Índias. b) intensificação do comércio no Mediterrâneo.
b) centralização precoce do poder monárquico nessa região. c) decadência das cidades italianas.

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d) busca de novas rotas para as Índias. 29. (FUVEST) – “No campo científico e matemático, o processo da
e) hegemonia da frota naval inglesa. investigação racional percorreu um longo caminho. Os Elementos
de Euclides, a descoberta de Arquimedes sobre a gravidade,
26. (UFRS – Adaptado) – Nos primórdios da modernidade, os o cálculo por Eratóstenes do diâmetro da terra com um erro
conquistadores, missionários e comerciantes europeus ocidentais de apenas algumas centenas de quilômetros do número exato,
trouxeram ao conhecimento do Velho Mundo a existência de todos esses feitos não seriam igualados na Europa durante
vastos territórios inexplorados, inaugurando uma nova era de 1500 anos.”
abertura e unificação de mercados. Entre outras razões dessa (Moses I. Finley, Os gregos antigos)
expansão geográfica, é correto citar
a) o aumento excessivo da população que começou a se constituir O período a que se refere o historiador Finley, para a retomada do
ininterruptamente a partir do século XIV e provocou a busca de desenvolvimento científico, corresponde
novas terras de colonização e exploração. a) ao Helenismo, que facilitou a incorporação das ciências persa e
b) o crescimento da economia nos séculos XIV e XV, que levou os hindu às de origem grega.
europeus a procurar novos mercados. b) à criação das universidades nas cidades da Idade Média, onde
c) a expansão dos turcos otomanos, com a tomada de Constan- se desenvolveram as teorias escolásticas.
tinopla, o que bloqueou a principal rota de comércio entre c) ao apogeu do Império Bizantino, quando se incentivou a
Oriente e Europa. condensação da produção dos autores gregos.
d) o teocentrismo e a escolástica, que estimulavam os homens d) à Expansão Marítimo-Comercial e ao Renascimento, quando se
em sua curiosidade por novas culturas e novas religiões. lançaram as bases da ciência moderna.
e) a pretensão dos europeus de exercer o controle comercial e e) ao desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra, que
militar no Mediterrâneo. conseguiu separar a técnica da ciência.

27. (FUVEST) – “Há duas vertentes básicas que estruturam a 30. (UNIP) – “... Diziam os mareantes que depois deste cabo não há
colonização portuguesa nos trópicos: o impulso salvífico (os móveis nem gente nem povoação alguma; a terra não é menos arenosa
religiosos, a catequese) e os mecanismos de produção mercantil que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvores, nem
(exploração do Novo Mundo); sendo que a primeira dimensão (a erva verde; e o mar é tão baixo, que a uma légua da terra não há
catequese do gentio) dominava o universo ideológico, configurando fundo mais que uma braça.”
o projeto, e a segunda (dominação política, exploração econômica) O texto faz referência à época
definia as necessidades de riqueza e poder.” a) das Grandes Navegações no início da Idade Média.
(Fernando Novais, História da vida privada no Brasil, v. I.) b) da Revolução Industrial na Idade Contemporânea.
Com base no texto, explique c) do expansionismo marítimo lusitano.
a) os motivos religiosos da Coroa Portuguesa; d) das navegações fenícias.
b) a exploração econômica da colônia. e) do neocolonialismo.

28. (UFMG) – “Sabe-se que Cristóvão Colombo não descobre a 31. (UNIFENAS) – Destaca-se como resultado das descobertas e da
América, pois imagina estar chegando à Ásia, à ilha de Cipango [o expansão luso-espanhola nos tempos modernos a
Japão], perto da costa da China e da corte do Grão-Cã. O que a) diminuição do comércio entre Europa e Novo Mundo, com a
procurava? As ‘Ilhas Douradas’, Tarsis e Ofir, de onde saíam as hegemonia do Mar Mediterrâneo.
fabulosas riquezas que o rei Salomão explorara [...]. Aliás, o b) formação de novos impérios na África e na Ásia, com a
Almirante era um homem obstinado. Convencido de ter chegado ampliação do comércio entre os dois continentes.
ao Continente Asiático quando desembarcou em Cuba, ele obrigou c) defesa das culturas nativas das Américas pelo Clero e pelo
seus partidários a partilharem de sua ideia fixa.” Estado.
(Serge Gruzinski. A passagem do século. d) abertura de uma nova era de navegação e comércio, não mais
1480-1520: as origens da globalização. concentrada no Mediterrâneo, e sim no Oceano Atlântico.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 21.) e) preservação da autonomia política das nações conquistadas, a
exemplo do México e do Peru.
Considerando-se as informações desse texto, é correto afirmar
que 32. (MACKENZIE) – “[...]...Esta terra, senhor nela não podemos saber
a) a obstinação de Colombo o levou a atingir as remotas regiões que haja ouro nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem
do Japão e da China, onde estariam as riquezas que – dizia-se lho vimos (...)
– haviam sido exploradas pelo rei Salomão e pelo Grande Cã. (... ) o melhor fruto que dela se pode tirar me parece será salvar
b) a busca das maravilhas relatadas em livros de viagens, desde os esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza
tempos medievais, se constituiu em um dos fatores que incen- em ela deve lançar (...), pois o desejo que tinha de tudo vos dizer,
tivaram as grandes navegações no início dos tempos mo fez por assim pelo miúdo. Beijo as mãos de Vossa Alteza.
modernos. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira,
c) o desembarque de Colombo em Cuba, na sua segunda viagem, primeiro dia de maio de 1500.”
acabou por convencê-lo e a sua frota de que eles haviam
Esses trechos da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha apre-
chegado a uma terra ainda por descobrir – possivelmente as
sentam elementos que nos indicam alguns dos objetivos das
famosas "Ilhas Douradas".
grandes navegações. Entre esses objetivos, podemos destacar:
d) a descoberta da América foi feita por Américo Vespúcio, uma
a) acabar com a circulação de mercadorias baseada no bulionismo,
vez que Colombo, de acordo com novos estudos, atingiu, na
em decorrência da escassez de metais preciosos na Europa
sua primeira viagem, o Continente Asiático, onde foram fun-
Ocidental.
dadas feitorias.
b) a conquista de terras para a obtenção de riquezas, através da
renda sobre a terra, defendida pelos teóricos fisiocratas da época.

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c) a obtenção de novos mercados de matéria-prima e a política do e) representaram o triunfo da ciência e da tecnologia resultantes
laissez-faire para a ampliação do fornecimento de produtos das concepções cartesianas e, consequentemente, a
manufaturados. destruição de lendas e mitos sobre o Novo Mundo, uma vez
d) o processo de crescimento econômico, através da conquista que as expedições revelaram os limites do mundo e
de novos mercados, a catequese e a consequente afirmação propiciaram rapidamente formas seguras de transposição
dos Estados Nacionais. oceânica.
e) a emigração do excedente populacional europeu, decorrente
da descentralização política e investimento de capitais na 35. (PUC-SP) – A Expansão Marítima dos séculos XV e XVI propor-
periferia do sistema capitalista. cionou a conquista europeia da América e a descoberta de novas
rotas de navegação para o extremo Oriente. A Expansão Marítima
também provocou, ao longo do tempo,
33. (UEL) – A formação do Estado Espanhol – constituído da aliança
a) o controle europeu sobre os três oceanos, pois as caravelas
entre a monarquia, a nobreza fundiária e a Igreja Católica – implicou
portuguesas e espanholas passaram a dominar o comércio no
uma estrutura fundiária patrimonial com uma sociedade hierárquica
Atlântico, no Índico e no Pacífico.
e nobiliárquica.
b) a integração paulatina de alimentos americanos à dieta
Sobre o tema, é correto afirmar que
europeia, pois o milho, as batatas, o cacau e o tomate, entre
a) a fragilidade da burguesia das cidades comerciais espanholas
outros, passaram a ser consumidos na Europa.
foi superada com a formação do Estado.
c) o fim das atividades comerciais no Mar Mediterrâneo e no Mar
b) o Estado Nacional Espanhol, ao se constituir, deixou de lado os
Adriático, pois as especiarias obtidas no Oriente só podiam ser
valores aristocráticos.
transportadas pelos oceanos.
c) o setor religioso não teve importância na formação do Estado
d) a expansão do protestantismo, pois as vítimas das guerras
Nacional Espanhol.
religiosas aproveitaram a tolerância religiosa nas colônias por-
d) a Monarquia Espanhola Católica foi o resultado de uma aliança
tuguesas e espanholas e se transferiram para elas.
marcada pelo predomínio de valores aristocráticos.
e) o início da hegemonia marítima inglesa, pois a frota britânica
e) a nobreza fundiária estava desinteressada na constituição da
oferecia proteção militar aos navegadores contra a ação de
Monarquia Espanhola.
corsários e piratas que atuavam na região do Caribe.

34. (UEL) – “Mais vale estar na charneca com uma velha carroça do 36. (FGV) – "Durante a Antiguidade e a Idade Média, a África perma-
que no mar num navio novo.” neceu relativamente isolada do resto do mundo. Em 1415, os
(Provérbio holandês. In: P. Sebillot. Legendes, portugueses conquistaram Ceuta, no norte do continente, dando
croyances et superstitions de la mer. Paris: 1886. p. 73.) início à exploração de sua costa ocidental".
(José Jobson de A. Arruda e Nelson Piletti, Toda a História)
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal? Acerca da África, na época da chegada dos portugueses em Ceuta,
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, é correto afirmar:
quantos filhos em vão rezaram! a) Nesse continente, havia a presença de alguns Estados organi-
Quantas noivas ficaram por casar para que zados, como o reino do Congo, e a exploração de escravos,
fosses nosso, ó mar!” mas não existia uma sociedade escravista.
(F. Pessoa Obra poética. Rio de Janeiro: Aguillar, 1969. p. 82.) b) Assim como em parte da Europa, praticava-se a exploração do
trabalho servil que, com a presença europeia, transformou-se
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o tema da em trabalho escravo.
Expansão Marítima dos séculos XV e XVI, é correto afirmar que as c) A população se concentrava no litoral e o continente não
navegações conhecia formas mais elaboradas de organização política, daí a
a) constituíram uma realização sem precedentes na história da denominação de povos primitivos.
humanidade, uma vez que foram muitos os obstáculos a serem d) Os poucos Estados, organizados pelos bantos, encontravam-
superados nesse processo, tais como a ameaça que repre- se no Norte e economicamente viviam da exploração dos
sentava o desconhecido e o fracasso de grande parte das escravos muçulmanos.
expedições, que desapareceram no mar. e) A escravidão e outras modalidades de trabalho compulsório
b) propiciaram o fim do monopólio que espanhóis e italianos eram desconhecidas na África e foram introduzidas apenas no
mantinham sobre o comércio das especiarias do Oriente século XVI por portugueses e espanhóis.
através do domínio do Mar Mediterrâneo, uma vez que foram
os franceses e os portugueses, a despeito das tentativas holan- 37. (UEPG) – A expansão europeia na Idade Moderna atingiu o mundo
desas, que realizaram o périplo africano e encontraram o todo, mas de diferentes maneiras. A expansão compreendeu
caminho para as Índias. desde viagens isoladas de aventureiros, que apenas revelavam a
c) resultaram na hegemonia franco-britânica sobre os mares, o existência de lugares até então não assinalados no mapa, até a
que, a longo prazo, permitiu a realização da acumulação originá- conquista e ocupação de territórios que se incorporaram, como
ria de capital e, por meio desta, o financiamento do processo de colônias, aos Estados europeus.
implantação da indústria naval, o que prolongou esta Sobre este tema, assinale o que for correto.
hegemonia até o final da Primeira Guerra Mundial. (01) Muitas vezes o equilíbrio do continente europeu dependia e
d) propiciaram o domínio da Holanda sobre os mares, fazendo se decidia nas colônias ultramarinas e na disputa pelas rotas
com que a colonização das novas terras descobertas comerciais e de navegação.
dependesse da marinha mercante daquele país para a (02) Mais do que a curiosidade, o desejo de novas descobertas
manutenção das ligações comerciais entre os demais países e uma carência de especiarias, o que movia as grandes
europeus e suas colônias no restante do mundo. viagens marítimas europeias em direção a espaços

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desconhecidos, era a "sede de ouro", grave mal-estar Com base no mapa, no texto e nos conhecimentos sobre a epopeia
econômico que acometia a sociedade ocidental desde os dos descobrimentos na Época Moderna, é correto afirmar:
finais do século XV. a) O mapa de Waldseemüller foi elaborado para reforçar a concep-
(04) O Estado moderno, por meio da atividade comercial que ção bastante difundida durante a Idade Média de que a Terra
caracterizava as grandes empresas europeias, buscava a era plana, contribuindo assim para afirmar a tese da impos-
balança comercial favorável. sibilidade de atingir o Oriente navegando para o Ocidente.
(08) A política econômica dos Estados modernos europeus se b) O uso da expressão "descoberta da América", para designar o
fundava nas práticas da livre-concorrência, do metalismo e ocorrido em 1492, revela uma construção "a posteriori" da
da restrição às importações. historiografia, que assim estabelece uma representação sim-
(16) As relações de trabalho caracterizavam-se pelo uso generali- bólica da presença europeia no continente, pela primeira vez
zado da mão de obra livre e assalariada, especialmente nas na Era Moderna.
colônias ibéricas da América. c) Afirmar que Vespúcio foi o responsável pela "descoberta do
Novo Mundo" significa evidenciar um traço da mentalidade
38. (UFG) – Leia o texto: greco-romana da Antiguidade, que prescrevia a experimentação
“Colombo fala dos homens que vê inicialmente porque estes, científica como método para obter o conhecimento da verdade
afinal, também fazem parte da paisagem. Suas menções aos das coisas.
habitantes das ilhas aparecem sempre no meio de anotações sobre d) A verificação empírica da verdade dos "descobrimentos" pos-
a Natureza, em algum lugar entre os pássaros e as árvores.” sibilitou, ao longo do século XVI, uma nova epistemologia para
(Tzvetan Todorov. A conquista da América: as ciências humanas, que passou a fundar-se no testemunho
a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 33.) direto dos acontecimentos como critério para o estabele-
A passagem acima ressalta que a atitude de Colombo decorre de cimento dos fatos.
seu olhar em relação ao outro. Essa posição , expressa nas e) Pelo relato sobre os "descobrimentos", explicitado no texto, fica
crônicas da Conquista, pode ser traduzida pela evidente que havia, no período da publicação do mapa de
a) interpretação positiva do outro, associando-a à preservação da Waldseemüller, uma nítida separação entre a perspectiva de
Natureza. análise geográfico-cartográfica e a abordagem histórica dos
b) identificação com o outro, possibilitando uma atitude de reco- eventos da expansão marítima.
nhecimento e inclusão.
40. (FGV) – "Quando Diogo Cão chegou em 1483, era um reino
c) universalização dos valores ocidentais, hierarquizando as
relativamente forte e estruturado, cuja formação data possivel-
formas de relação com o outro.
mente do final do século XIV. Povoado por grupos bantos, abrangia
d) compreensão do universo de significações do outro, permitindo
grande extensão da África Centro-Ocidental e compunha-se de
suas manifestações religiosas.
diversas províncias. Algumas delas eram administradas por
e) desnaturalização da cultura do outro, valorizando seu código
membros de linhagens que detinham os cargos de chefia há muitas
linguístico.
gerações. Outras províncias eram governadas por chefes escolhidos
39. (UFPR) – Observe a imagem do mapa de Waldseemüller e leia o pelo rei entre a nobreza. Os chefes locais eram os encarregados de
texto a seguir. coletar os impostos devidos ao rei, além de recolherem para si parte
do excedente da produção. A existência de um excedente agrícola
era possível graças à apropriação do trabalho escravo."
(Marina de Mello e Souza. Adaptado)
O texto faz referência
a) ao Egito. b) ao Daomé. c) ao Congo.
d) a Cabo Verde. e) a Moçambique.

41. (PUC-RIO) – Na Época Moderna, as narrativas de cronistas, viajan-


tes, missionários e naturalistas representaram o Novo Mundo, ora
como Paraíso, ora como Inferno.
Qual das afirmativas a seguir não se encontra corretamente iden-
tificada com essa ideia?
a) No imaginário europeu sobre o Novo Mundo, havia constantes
“Este mapa é de fundamental significação na história da cartografia.
referências à beleza e à grandiosidade da natureza, o que
Sintetizou a revolução dos vinte anos precedentes na geografia e
possibilitava conferir-lhe quase sempre positividade e
ampliou a imagem contemporânea do mundo, proporcionando uma
singularidade.
visão essencialmente nova dele. [....] Seu histórico é conhecido
b) O Novo Mundo era visto como o lugar para a concretização dos
indubitavelmente a partir do tratado geográfico 'Cosmographiae
antigos mitos do Paraíso Terrestre e do Eldorado, por meio dos
Introductio' que acompanhou sua publicação em 1507. [...] Este
quais a natureza exuberante assegurava a promessa de riqueza.
mapa tem uma importância histórica única. Nele o Novo Mundo
c) Os homens que habitavam o Novo Mundo eram quase sempre
recebe o nome de América pela primeira vez. Colombo
vistos como bárbaros, selvagens, inferiores e portadores de
aparentemente nunca abandonou sua convicção de que as ilhas das
uma humanidade inviável.
Índias Ocidentais que descobriu eram próximas à costa leste da
d) A visão do Novo Mundo foi filtrada pelos relatos de viagens
Ásia. Vespúcio, entretanto, descobriu a verdade, ou seja, que era
fantásticas, de terras longínquas, de homens monstruosos que
um novo mundo. Waldseemüller aceitou esta visão e propôs – para
habitavam os confins do mundo conhecido até então no
honrar Vespúcio – conceder seu nome à nova terra.”
Ocidente medieval.
(Peter Whitfield. The image of the world:
20 centuries of World Maps. San Francisco:
e) Na percepção e representação do Novo Mundo, os relatos orais
Pomegranate Artbooks & British Library, 1994. pp. 48-49.)
dos primeiros descobridores ocuparam um lugar central, por
associá-lo exclusivamente ao Inferno.
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42. (UFJF) – Leia, com atenção, a citação: c) nas Índias Orientais. d) no Japão.
"Diz-se muitas vezes que os povos da Península Ibérica – e parti- e) na África.
cularmente os portugueses – estavam especialmente prepara-
44. (PUC-MG) – Em meio a grave conflito diplomático, em 1494, foi
dos para inaugurar a série de descobertas marítimas e
assinado o famoso Tratado de Tordesilhas para "dividir o mundo
geográficas que mudaram o curso da história mundial nos sécu-
descoberto ou por descobrir" entre Portugal e Espanha. A partilha
los XV e XVI."
do mundo ultramarino, assegurada com esse acordo, garantia à
(C.R. Boxer. O império marítimo português.
Coroa Portuguesa
Lisboa: Edições 70, 1969. p. 20.)
a) a conquista de Ceuta no norte da África, ponto comercial impor-
Com base na citação e em seus conhecimentos, leia atentamente
tante, visando ao abastecimento de produtos para o mercado
as afirmativas, que buscam explicar as razões pelas quais os povos
português.
ibéricos podem ser considerados "especialmente preparados" para
b) a posse do Atlântico afro-brasileiro, dando continuidade à
as descobertas marítimas:
expansão lusa incentivada pelo rei D. João II, concretizada no
I. A frágil diferenciação social interna e as alianças entre aristo-
reinado de D. Manuel.
cracia, burguesia e camponeses atuaram como importante
c) o controle sobre todo o continente sul-americano, onde os
fator de estabilidade social.
portugueses esperavam encontrar os metais preciosos, antes
II. A ativa participação dos árabes na condução do processo da
dos espanhóis.
expansão marítima ibérica possibilitou uma maior troca de
d) o desbravamento da região amazônica através de expedições,
experiências e projetos de expansão territorial.
já que os portugueses acreditavam encontrar ali o tão sonhado
III. A pioneira fundação do Estado Moderno Português encontrou
Eldorado.
na expansão ultramarina uma fonte de prestígio para manuten-
ção da nobreza e uma expectativa de novas fontes de receita. 45. “Na passagem do século XVI para o XVII, a prosperidade econô-
Após a leitura, pode-se afirmar que mica era geral, em particular a espanhola. No porto de Sevilha, o
a) todas estão corretas. tráfego de barcos era intenso, trazendo um monumental volume de
b) todas estão incorretas. riquezas oriundo da América, que num curtíssimo prazo compro-
c) somente a afirmativa III está correta. meteria de forma acentuada a economia europeia.”
d) somente as afirmativas I e III estão corretas. Com base no texto, responda:
e) somente a afirmativa II está correta. a) Como se denominou esse processo que marcou a Europa na
época referida?
43. (UFSCar) – Nem todos os brancos que chegavam do mar eram b) Quais foram as suas origens?
portugueses, e os povos que viviam nas cercanias do litoral logo
aprenderam a distingui-los. (...) Se os surpreendiam, os portu- 46. (FUVEST) – “Antigamente a Lusitânia e a Andaluzia eram o fim do
gueses os atacavam, queimavam e punham a pique. Mas às vezes, mundo, mas agora, com a descoberta das Índias, tornaram-se o
ocorria o oposto. (...) centro dele.”
Os portugueses insistiam com os reis e notáveis do litoral para que Essa frase, de Tomás de Mercado, escritor espanhol do século XVI,
não transacionassem com os outros europeus, por eles qualifi- referia-se
cados de piratas. E recomendavam que lhes dessem combate. (...) a) ao poderio das monarquias francesa e inglesa, que se tornaram
Por volta de 1560, os portugueses começaram a usar galés para centrais desde então.
patrulhar as costas próximas ao forte da Mina. (...) b) à alteração do centro de gravidade econômica da Europa e à
Os entrepostos nas mãos de portugueses fiéis à Coroa eram importância crescente dos novos mercados.
poucos e quase sempre dependentes da boa vontade dos chefes c) ao papel que os portos de Lisboa e Sevilha assumiram no co-
nativos, até para seus alimentos. mércio com os marajás indianos.
(Alberto da Costa e Silva, A manilha e o libambo, 2002.) d) ao fato de a América ter passado a absorver, desde então, todo
o comércio europeu.
O texto descreve a conquista portuguesa e) ao desenvolvimento da navegação a vapor, que encurtava dis-
a) no Brasil. b) nas Guianas. tâncias.

12) D 13) D 14) C 15) D nação política exercida pela metrópole, obedecia às práticas
16) a) Segundo o texto, Colombo pretendia obter recursos que mercantilistas e visava ao enriquecimento metropolitano
seriam utilizados para uma finalidade religiosa: organizar por meio da acumulação primitiva de capitais.
uma nova Cruzada, isto é, uma expedição militar que 28) B 29) D 30) C 31) D 32) D
retomasse a ofensiva contra os muçulmanos. 33) D 34) A 35) B 36) A
b) Expedições militares organizadas pelos cristãos da Europa 37) Corretas: (1) + (2) + (4) = 7
Ocidental contra os islamitas no Oriente Próximo, tendo 38) C 39) B 40) C 41) E 42) C
como pretexto a reconquista da Terra Santa (Palestina) para 43) E 44) B
a Cristandade. 45) a) A Revolução dos Preços.
17) A 18) A 19) D 20) E 21) A b) entrada de ouro e prata provenientes das minas americanas
22) E 23) A 24) D 25) D 26) C na Europa, entre as últimas décadas do século XVI e o início
27) a) Expansão da fé cristã por meio da catequese, que propor- do século XVII.
cionaria a salvação da alma dos gentios (pagãos). 46) B
b) A exploração econômica da colônia, subordinada à domi-

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