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LIVRO 2_HISTORIA_INTEG_Tiago_2023.

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História Integrada
COLONIZAÇÕES INGLESA,
FRANCESA E HOLANDESA

1. Mercantilismo o artesanato e o extrativismo na condição de atividades


subsidiárias.
Origens Nos séculos XVI e XVII, a Espanha foi o único país
da Europa com acesso direto a jazidas daqueles metais,
A Expansão Marítimo-Comercial Europeia dos sécu-
graças à conquista do México e do Peru (que incluía o
los XV e XVI criou novas rotas para o comércio oceânico,
Alto Peru, correspondente à Bolívia atual). Os demais
abriu mercados e promoveu a colonização de territórios
Estados, para os quais a acumulação metalista não poderia
ultramarinos, formando os primeiros impérios coloniais.
ser realizada por meio do mero extrativismo, empenha-
Em decorrência desse processo, verificou-se uma extraor-
ram-se em aperfeiçoar suas práticas comerciais, formando
dinária ampliação das atividades mercantis, transformando
o arcabouço da política econômica mercantilista. Essas
o Renascimento Comercial da Baixa Idade Média em uma
práticas foram as seguintes:
verdadeira Revolução Comercial. Essa mudança foi im-
Balança comercial* favorável. O valor das expor-
pulsionada pelo afluxo de imensas quantidades de ouro e
tações deveria sempre superar o das importações, gerando
prata provenientes da América, pondo fim à escassez de
um saldo positivo (superávit), em dinheiro ou em ouro e
moeda na Europa e provocando uma escalada inflacionária
prata não amoedados. Um lema corrente na época recomen-
conhecida como Revolução dos Preços (entre 1540 e 1640,
dava: “Vender sempre; comprar nunca, ou quase nunca.”
os preços das mercadorias subiram cerca de 400%).
*Balança comercial: relação entre as exportações e as importações de um país.
As alterações no cenário econômico europeu, soma- Se as exportações superarem as importações, o país terá superávit e sua balança
das às modificações da estrutura política (consolidação comercial será favorável; se ocorrer o contrário, o país terá déficit e sua balança
do absolutismo), exigiam novas regras para a economia. comercial será desfavorável.

A fim de atender a essa necessidade, foi criado o mercan- Intervencionismo. No esforço de acumular capi-
tilismo. Este, como seu próprio nome indica, estava in- tais por meio de uma balança comercial favorável, os
dissoluvelmente ligado às atividades mercantis governos intervinham na vida econômica, regulamen-
(comerciais); pode portanto ser conceituado como a po- tando-a.
lítica econômica do capitalismo comercial, constituindo
Protecionismo. Esta era a forma mais comum de in-
uma prática de Estado que dominou a Europa entre os
tervenção do Estado na economia, com vistas a manter o
séculos XVI e XVIII.
superávit da balança comercial. Consistia em proteger a
Surgido inicialmente como um conjunto de práticas
produção nacional contra a concorrência estrangeira,
econômicas, o mercantilismo foi depois teorizado por
inibindo as importações por meio de pesadas taxas adua-
alguns economistas, dos quais os mais importantes foram
neiras (alfandegárias).
o italiano Antonio Serra e o inglês Thomas Mun.
Monopólios. Esta era uma forma de intervencio-
Características nismo mercantilista mais radical que o protecionismo.
Ocorria quando o governo estabelecia a exclusividade (pa-
O mercantilismo alicerçava-se no metalismo, isto ra si ou para terceiros*) na exploração de algum produto
é, na crença de que os metais preciosos amoedáveis for- ou de uma atividade econômica. A ausência de concor-
mavam a base da riqueza de um país – o que tornava rentes permitia a cobrança de preços mais altos e, con-
prioritário, a todos os Estados europeus, acumular a sequentemente, maiores lucros.
maior quantidade possível de ouro e prata. Sendo o *Uma prática mercantilista bastante comum foi a concessão de monopólios a
comércio a principal atividade econômica da época, companhias privilegiadas de comércio, para que explorassem sem concorrên-
tanto a teoria quanto a prática mercantilistas giravam cia determinados mercados ultramarinos, fornecedores ou consumidores. Mui-
tas dessas empresas possuíam forças militares próprias, fosse para efetuar
em torno dele, deixando a agricultura, as manufaturas, conquistas, fosse para defender seus interesses contra concorrentes estrangeiros.

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* O termo “industrial” deve ser entendido, neste caso, como sinônimo de “ma-
Como o modelo predominante na Idade Moderna foi
nufatureiro”, pois foi praticado antes do advento da maquinofatura.
o absolutismo monárquico, costuma-se afirmar que o
mercantilismo estava necessariamente ligado a esse Mercantilismo comercial-industrial. Praticado pe-
regime. De acordo com tal interpretação, tais práticas los Países Baixos, essa forma de mercantilismo atuava em
foram desenvolvidas pelo Estado absolutista com o duas frentes: na intermediação de mercadorias produzidas
objetivo de aumentar a arrecadação tributária, propor- por outros países e na comercialização de produtos pró-
cionando ao rei maiores recursos para ampliar seu prios (tecidos, artigos do Oriente* e açúcar refinado**).
exército e seu corpo de funcionários; desse modo, o Graças a essa política, a Holanda tornou-se a maior po-
mercantilismo estava voltado para o fortalecimento do tência econômica do século XVII, mas acabou perdendo
Estado. Entretanto, ela trazia no bojo os germes de sua sua posição para a Inglaterra.
própria destruição. Com efeito, o desenvolvimento do * Pormeio da atuação da Companhia Holandesa das Índias Orientais, fundada
comércio aumentaria a força da burguesia, dando-lhe em 1602, os flamengos conquistaram a maior parte das colônias lusas nas Índias,
condições para, a médio prazo, assumir ela própria o passando a controlar o comércio de mercadorias oriundas daquela região.
** Inicialmente, os holandeses refinavam açúcar importado do Brasil, entenden-
poder político, derrubando o absolutismo.
do-se “refinação” como a trituração das barras ou blocos do açúcar bruto, a fim
Ocorre que o mercantilismo foi também praticado por de torná-lo próprio para consumo. Mais tarde, passaram a produzir seu próprio
países não absolutistas; nesses casos, a burguesia foi sua açúcar nas Antilhas, em colônias tomadas aos espanhóis.
beneficiária direta, pois o incentivo ao comércio não visa- Mercantilismo metalista. Também conhecido co-
va fortalecer a autoridade real. Além de alguns Estados de mo bulionismo*, foi praticado pelos espanhóis, influen-
menor importância, enquadravam-se nessa categoria a ciados pela aparente inesgotabilidade de suas jazidas
Holanda e a Inglaterra. A Holanda (ou Países Baixos) orga- americanas. Concentrou-se na extração de metais pre-
nizou-se como uma república burguesa*. Já a Inglaterra, ciosos, sem procurar criar uma estrutura produtiva que
embora monárquica, não chegou a instituir um regime pro- tornasse a Espanha menos dependente de importações.
priamente absolutista devido à existência do Parlamento.
Assim, quando as minas começaram a se esgotar, a eco-
* Atualmente, a Holanda adota a forma de governo monárquica, instituída em nomia espanhola entrou em colapso. O bulionismo foi
1815 por decisão do Congresso de Viena.
também praticado por Portugal no século XVIII, com re-
sultados igualmente desastrosos, pois a maior parte do
Tipos de mercantilismo
ouro extraído no Brasil foi parar nos cofres da Inglaterra.
Todos os países que praticaram a política econômica * O termo “bulionismo” foi criado por economistas norte-americanos com base
mercantilista procuraram seguir seus fundamentos, quais na palavra inglesa bullion = lingote de ouro ou prata.
sejam, o metalismo, a balança comercial favorável, o in- O interesse em acumular a maior quantidade possível
tervencionismo, o protecionismo, os monopólios e, quan- de metais preciosos levou ingleses, holandeses e, em
do possível, a exploração colonial. Alguns deles, porém, menor grau, franceses a utilizar um recurso ilegal que te-
se singularizaram pela ênfase dada a uma atividade econô- ve seu auge no século XVII: a pirataria, isto é, a pilhagem
mica específica. Nesse sentido, o mercantilismo pode ser de embarcações mercantes* de qualquer nacionalidade (na
dividido nos seguintes tipos: maioria espanholas), sobretudo aquelas que trans-
Mercantilismo comercial. Praticado pela Inglaterra, portassem ouro ou prata. Uma atividade semelhante, mas
priorizava a atividade mercantil propriamente dita, lu- com legalidade reconhecida em situações de conflito, foi
crando principalmente com a compra e venda de merca- a guerra de corso, praticada por particulares, autorizados
dorias. Foi o modelo mais bem-sucedido de mercan- por um determinado governo a saquear navios e cidades
tilismo, contribuindo decisivamente para a acumulação de de países inimigos.
capitais que permitiria à Inglaterra iniciar a Revolução
* Os piratas também saqueavam cidades costeiras, ou ao menos próximas do
Industrial. litoral, como a Cidade do Panamá, saqueada em 1670 pelo inglês Henry
Mercantilismo industrial*. Posto em prática por Morgan.
Jean-Baptiste Colbert (1619-84), ministro das Finanças de
Luís XIV da França, e por isso chamado de colbertismo. 2. Sistema Colonial
Colbert incentivou as manufaturas de luxo (cristais,
porcelanas, tapeçarias, tecidos finos e perfumes), para que Sendo aritmeticamente impossível todos terem balan-
a França se tornasse a principal exportadora desses ça comercial favorável ao mesmo tempo, se um país ou
produtos – posição que o país ocupou até o século XX. O grupo de países apresentasse superávit, outros apresenta-
ponto fraco desse tipo de mercantilismo consistia no riam déficit. Portugal e Espanha foram os Estados euro-
caráter supérfluo daquelas mercadorias, pois eram as pri- peus mais deficitários da Idade Moderna, pois a balança
meiras a deixar de serem compradas em situações de crise. comercial de ambos mostrava-se permanentemente des-
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favorável. Tentando equilibrá-la ao menos parcialmente, tropicais comercializáveis, notadamente de cana-de-açúcar,


os dois países recorriam à exploração de seus impérios algodão e tabaco. Como as técnicas agrícolas eram pouco
coloniais, pagando suas dívidas com ouro e prata extraídos evoluídas, os colonizadores praticaram a agricultura de
das colônias ou obtidos com a venda de produtos plantation, direcionada para a exportação e caracterizada
coloniais. pela monocultura (cultivo de um único produto), pelo
Por conseguinte, é possível concluir que a existência latifúndio (grande propriedade rural, necessária para a
do Sistema Colonial permitiu aos Estados europeus reali- prática da lavoura extensiva) e pelo escravismo (utilização
zar a acumulação primitiva de capitais, fosse pela explo- sobretudo de mão de obra africana, o que fez do tráfico
ração direta das colônias, fosse pela comercialização de negreiro uma considerável fonte de acumulação capitalista
produtos fornecidos pelas metrópoles colonialistas. Como nos países que o praticaram).
exemplo deste último caso, podemos citar a distribuição
do açúcar brasileiro pelos holandeses ou a transferência
de ouro do Brasil para a Inglaterra, a fim de cobrir o déficit
3. Inglaterra, França e Holanda
comercial português. Inglaterra, França e Holanda foram potências retar-
O Sistema Colonial era constituído pelo conjunto dos datárias na colonização das terras americanas. Esse pro-
territórios ultramarinos e pelas potências europeias que os cesso fora iniciado pela Espanha em 1496, com a
controlavam. Consequentemente, compreendia dois fundação da cidade de Santo Domingo, e por Portugal em
componentes: as colônias e as metrópoles, correspon- 1532, com a criação da vila de São Vicente.
dentes, respectivamente, às áreas dominadas e aos países No final do século XV e começo do XVI, as Coroas
dominadores. As relações entre umas e outras eram de- Inglesa e Francesa patrocinaram algumas expedições de
terminadas por normas que os historiadores chamam de exploração no Atlântico Norte, mas sem resultado prático.
Pacto Colonial – denominação imprópria, apesar de larga- Foi somente em fins do século XVI, para os franceses, e
mente utilizada, pois presume a existência de um consenso início do XVII, para os ingleses, que essas nações come-
que jamais ocorreu. Com efeito, as regras desse “pacto” çaram a se fixar no Novo Mundo de maneira duradoura,
beneficiavam sistematicamente a metrópole, em aproveitando o fato de a Espanha haver concentrado seu
detrimento da colônia: 1) a área colonizada não possuía interesse nas áreas ao sul do Golfo do México, abando-
nenhuma parcela de autonomia econômica, administrativa nando o extenso litoral atlântico da América do Norte.
ou política; 2) seus habitantes tinham menos direitos que Quanto aos Países Baixos, sua estratégia de colonização
os naturais da metrópole; 3) a economia colonial não deu preferência à conquista de territórios já em poder dos
podia concorrer com a metropolitana, mas apenas portugueses e que tivessem uma importância comercial
complementá-la, fornecendo metais preciosos ou produtos consolidada.
tropicais que a metrópole, devido a suas condições Não se pode esquecer que, dentro da acumulação
climáticas, era incapaz de produzir. primitiva de capitais da Idade Moderna, Inglaterra, França
A espinha dorsal do Pacto Colonial era o exclusivo, ou e Holanda, além de desenvolverem atividades mercantis e
seja, o monopólio da metrópole sobre o comércio com de exploração colonial, procuraram reforçar suas econo-
suas possessões. Em função desse mecanismo, a economia mias praticando a guerra de corso e a pirataria contra os
metropolitana sempre prevalecia sobre a colonial pois a países ibéricos.
colônia era obrigada a exportar seus produtos por preços
baixos e a adquirir os artigos metropolitanos por preços
elevados. 4. Colonização inglesa
O Pacto Colonial, tal como foi explicado, era válido
para as colônias de exploração, localizadas nas áreas tro-
picais e cuja finalidade precípua era proporcionar recursos Primórdios
econômicos à metrópole. Entretanto, suas regras eram me- Os reis da Dinastia Tudor (1485-1603) incentivaram
nos rígidas em relação às colônias de povoamento, pouco as atividades marítimo-comerciais da Inglaterra, visando
numerosas e localizadas em regiões com clima semelhante a um duplo objetivo: aumentar a arrecadação da Coroa e
ao metropolitano; estas, por terem valor mais estratégico agradar à burguesia, com vistas a obter a adesão da
do que econômico, gozavam de certa autonomia. Câmara dos Comuns à autoridade real. A política
Para extrair o máximo rendimento das colônias de mercantilista dos Tudors incluiu uma tentativa de fixação
exploração que não fossem produtoras de metais preciosos, no litoral da América do Norte entre 1585 e 1587, durante
as potências coloniais dedicaram-se ao cultivo de produtos o reinado de Elizabeth I (ou Isabel I). O projeto fracassou,
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mas o nome Virgínia, dado a esse primeiro estabelecimen- Isabel I, assim como nos reinados de Jaime I e Carlos I,
to*, seria retomado mais tarde. ocorreu uma proliferação de grupos calvinistas indepen-
* A denominação Virgínia constituía uma homenagem a Isabel I, cognominada dentes, geralmente opositores da monarquia anglicana e
“Rainha Virgem” por nunca se haver casado – o que fez dela a última muitas vezes imbuídos de ideias messiânicas e profetistas.
representante da Dinastia Tudor.
A atuação desses setores – genericamente denominados
puritanos, devido a sua rigidez moral
– misturava-se com a política (defesa
do Parlamento contra os Stuarts) e
com a intolerância religiosa, sobretudo
contra os católicos* que subsistiam na
Inglaterra.
* Os católicos ingleses eram uma minoria pouco
significativa; mas na Irlanda, que se encontrava sob
dominação inglesa, o catolicismo era seguido pela
quase totalidade da população.

Jaime I, que na Escócia fora


educado dentro do presbiterianismo
(calvinismo escocês), converteu-se ao
anglicanismo quando assumiu o trono
da Inglaterra. Esforçando-se para
defender sua autoridade política e
religiosa, impôs restrições aos
puritanos e chegou a persegui-los,
considerando-os como dissidentes. As
perturbações político-religiosas e o
crescimento das atividades mercantis
inglesas criaram um clima favorável
à saída daqueles que desejassem se
estabelecer no ultramar, fosse para
melhorar suas condições de vida,
fosse para gozar de maior liberdade
política ou religiosa.
Em 1606, foi criada a Companhia
As Treze Colônias Inglesas da América do Norte às vésperas de sua independência. As colônias de povoamento
localizavam-se no Centro-Norte, enquanto as de exploração situavam-se no Sul. Entretanto, Delaware, uma
Londrina da Virgínia, que recebeu
colônia central, fazia parte das colônias de exploração. autorização para implantar uma
colônia na América do Norte. No ano
Com a morte de Isabel, a Coroa Inglesa foi herdada seguinte, um grupo de imigrantes fundou a cidade de
pela Dinastia Stuart, que já reinava na Escócia. A ascensão Jamestown, capital da colônia da Virgínia e primeiro
dessa família ao trono inglês marcou o início de uma série
estabelecimento inglês permanente em terras americanas.
de agitações políticas e religiosas que convulsionariam o
Os primeiros tempos de Jamestown foram difíceis; mas,
país ao longo do século XVII.
graças ao bom relacionamento com os nativos, a colônia
No plano político, os dois primeiros Stuarts, Jaime I
prosperou com base no cultivo e exportação de tabaco
(1603-25) e Carlos I (1625-49), tentaram impor aos
para a Inglaterra*.
ingleses o absolutismo de direito que praticavam na
Escócia. Para tanto, tentaram manter o Parlamento * O tabaco (fumo), de origem americana, era consumido por algumas tribos
indígenas da América Central e do Norte. Introduzido no Velho Mundo pelo
fechado pelo maior tempo possível, o que acabou por francês Jean Nicot, seu uso por meio de cachimbos propagou-se rapidamente,
provocar a Revolução Puritana (1640-60), durante a qual sobretudo entre os protestantes, por ter sido inicialmente proibido aos católicos.
Além de exportado para a Europa, o tabaco também foi cultivado na América
a Inglaterra tornou-se uma república, governada ditato- como elemento de troca por escravos africanos.
rialmente por Oliver Cromwell. No plano religioso,
embora o culto oficial do país fosse o anglicanismo, tendo Os colonizadores da Virgínia eram anglicanos que
como chefe o monarca reinante, no final do governo de emigraram da Inglaterra movidos pela esperança de
enriquecer. Mas outros colonizadores, chegados à
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América do Norte em 1620, vieram impelidos por motivos Colônias de exploração


político-religiosos, pois eram puritanos que fugiam da
Basicamente, as colônias de exploração inglesas eram
repressão sofrida em seu país. Transportados pelo navio
semelhantes a suas congêneres espanholas, portuguesa,
Mayflower e autodenominando-se Peregrinos (a História
francesas e holandesas. Conforme o próprio nome indica,
os celebrizaria como Pais Peregrinos, em função de seu
deveriam ser exploradas economicamente por suas respec-
pioneirismo), fundaram a cidade de New Plymouth, ponto
tivas metrópoles, para que estas pudessem realizar a acumu-
de partida para a formação da colônia de Massachusetts,
lação primitiva de capitais. Assim sendo, estavam
situada muito ao norte da Virgínia.
subordinadas à política mercantilista
e às regras do Pacto Colonial:
monopólio metropolitano sobre o
comércio com a colônia, economia
extrovertida (voltada para a exporta-
ção), fornecimento de produtos
comercializáveis não existentes na
metrópole e ausência de autonomia
administrativa.
Como não produziam ouro e
prata, as colônias inglesas de
exploração foram destinadas à
lavoura de produtos tropicais que
tivessem boa aceitação na Europa:
algodão e, em menor escala, tabaco.
Tais atividades exigiam a prática da
plantation, baseada na monocultura,
no latifúndio e na mão de obra
escrava (os ingleses não utilizaram a
Chegada dos primeiros puritanos (Peregrinos) em Massachusetts, em 1620.
escravidão indígena, mas apenas a
de origem africana).
A sociedade que se moldou nas colônias inglesas de
Como ocorrera com os outros colonizadores, também
exploração tinha muitos pontos em comum com a das
os fundadores de New Plymouth passaram por grandes
demais possessões europeias na América: caráter agrário,
privações; mas, aconselhados pelos indígenas da região,
polarização entre a minoria de proprietários e a massa de
aprenderam a cultivar e armazenar milho, bem como a
escravos, presença de uma camada intermediária de
utilizar peles de animais para resistir ao rigoroso inverno
brancos pobres, estratificação/imobilidade social, concen-
local. Diferentemente da Virgínia, cuja organização fora
tração de renda, estrutura patriarcal, espírito conservador
regulamentada pela empresa colonizadora sediada em
e mentalidade não apenas aristocrática (os trabalhos
Londres, os colonos de Massachusetts, embora igualmente
braçais e manuais eram menosprezados), mas também
financiados por uma companhia londrina, aprovaram, em
1641, um documento que assegurava um sistema de racista. Além disso, os colonizadores que se fixaram nas
autogestão (self-government) baseado em princípios de áreas de exploração tinham objetivos imediatistas, ligados
liberdade político-administrativa. Todavia, não se estabele- ao enriquecimento rápido, sem a preocupação de construir
ceu a liberdade religiosa, pois o puritanismo foi reconhecido uma sociedade progressista.
como único culto permitido, sendo perseguidos aqueles que A colonização de exploração, por estar inteiramente
viessem a divergir (nas décadas seguintes, diversos subordinada aos interesses capitalistas da metrópole,
dissidentes foram executados sob a acusação de bruxaria). não conseguiu acumular recursos próprios, o que
Virgínia e Massachusetts foram os pontos de partida limitou seu desenvolvimento até mesmo depois da
para a criação de um total de treze colônias inglesas na independência.
América do Norte. Tais estabelecimentos podem ser clas- Das treze colônias fundadas na América do Norte pelos
sificados em duas categorias, tomando as colônias citadas ingleses, as cinco meridionais eram de exploração: Geórgia,
como modelos: colônias de exploração (modelo: Virgí- Carolina do Sul, Carolina do Norte, Virgínia e Maryland,
nia) e colônias de povoamento (modelo: Massachusetts). além de Delaware, considerada uma colônia central.
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Colônias de povoamento um princípio básico do Pacto Colonial: o monopólio


metropolitano, isto é, a exclusividade da metrópole nas
A colonização de povoamento não foi exclusiva dos
relações econômicas com suas possessões. A prática do
ingleses*. Aliás, por ter finalidade mais estratégica do que
comércio triangular consistia na importação, pelos colo-
econômica, sua importância para a metrópole sempre foi
nos do Norte, de melaço (um subproduto da cana-de-
secundária, quando comparada à colonização de explo-
açúcar) das Antilhas para as colônias setentrionais; uma
ração. Em princípio, as colônias de povoamento inglesas
vez destilado e transformado em rum, esse produto era
deveriam aliviar focos de tensão política e religiosa na
levado à África para ser trocado por escravos, os quais
Inglaterra. Além desse objetivo, na América elas cumpri-
seriam cambiados por melaço nas Antilhas. Ora, sendo o
riam mais duas finalidades: barrar um possível avanço dos
preço dos cativos superior ao do melaço, a diferença entre
franceses (estabelecidos no Canadá) e desalojar os holan-
as duas mercadorias era coberta com dinheiro/ouro, o qual
deses fixados ao sul de Massachusetts.
seria acumulado pelos colonos*.
* No Brasil, a região de Porto Alegre e parte do litoral catarinense foram
povoadas por colonos açorianos no século XVIII, tendo como objetivo principal * Não se deve confundir este comércio triangular entre Antilhas, colônias de
defender o Sul do Brasil contra uma possível expansão dos castelhanos vindos povoamento e África, com outro, praticado na mesma época pelos ingleses, que
do Prata. adquiriam algodão em fibra nas colônias de exploração para tecê-lo na Ingla-
terra; os panos de pior qualidade eram levados para a África e trocados por
O fato de as colônias de povoamento inglesas não escravos, vendidos por sua vez aos cotonicultores americanos por preços muito
superiores ao do algodão em fibra.
oferecerem interesse econômico imediato para a metrópole
decorreu da semelhança de suas condições climáticas (clima As características econômicas das colônias inglesas
temperado) com as reinantes na Inglaterra. Essa similitude de povoamento forjaram uma sociedade bem diferente e
inviabilizava a exportação de produtos agrícolas coloniais, mais progressista que a do Sul: baseada no trabalho
por serem iguais aos cultivados pelos ingleses (trigo, aveia, agrícola familiar, mas também desenvolvendo atividades
centeio, cevada). Por essa razão, a economia das colônias comerciais e manufatureiras, essa sociedade possuía uma
de povoamento, em seus primórdios, tendeu a ser classe média numericamente expressiva, com aspectos de
introvertida e baseada na pequena propriedade, já que estava pequena burguesia. Tratava-se, portanto, de uma formação
direcionada para o consumo local. Paralelamente, os colonos social relativamente homogênea, apesar de nela existirem
desenvolveram algumas manufaturas, inicialmente para o ricos, pobres e até mesmo escravos (estes últimos, aliás,
mercado interno e depois também para exportação. Essas com papel econômico pouco significativo). Nas quatro
características proporcionaram às colônias inglesas de colônias mais setentrionais, conhecidas em conjunto pelo
povoamento, desde sua implantação, certa autonomia nome de Nova Inglaterra, e na Pensilvânia*, a ética cal-
econômica em relação à metrópole. Além disso, deve-se vinista dos colonizadores, ao valorizar o trabalho
lembrar que os colonos nelas instalados, diversamente dos (inclusive o manual e braçal) e a poupança – mentalidade
interesses imediatistas que moviam muitos colonos do Sul, diametralmente oposta à da aristocracia sulista –, contri-
fixaram-se na América com o propósito de formar uma buiu para que as colônias do Centro-Norte pudessem
sociedade com valores que lhes eram caros, como a realizar uma considerável acumulação de capitais.
liberdade e a igualdade de direitos. *As colônias da Nova Inglaterra se distinguiam pelo rigorismo puritano e pela
Fortalecendo esse cenário, os colonos do Norte estende- intolerância religiosa. Contrastando com elas, a Pensilvânia, fundada pelos
quakers (um ramo calvinista moderado), estabeleceu a liberdade de culto em seu
ram seus interesses à pesca do bacalhau, à caça da baleia e pacto de governo.
à construção naval, o que produziu uma situação única na
América Colonial: colônias que apresentavam superávit em
suas relações comerciais com a metrópole, graças à
exportação de peixe salgado, de óleo de baleia (utilizado em
iluminação) e de navios construídos para os ingleses, visto
que escasseava na metrópole a madeira necessária a essa
atividade. Os lucros resultantes foram investidos nas pró-
prias colônias, dinamizando sua economia.
Nesse quadro de prosperidade, a maior fonte de
acumulação capitalista das colônias de povoamento
inglesas foi o comércio triangular. Para que este ocorres- Cotton Mather (1663-1728),
se, a Inglaterra condescendeu que os habitantes das líder puritano da Nova Inglater-
ra, implacável acusador no
colônias de povoamento transacionassem com outras processo contra suspeitos da
regiões além da metrópole, embora essa concessão ferisse prática de feitiçaria, em 1692.

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Jersey e Nova York) e as quatro


colônias puritanas setentrionais
(Connecticut, Rhode Island,
Massachusetts e Nova Hampshire),
que formavam a Nova Inglaterra.

Administração das Treze


Colônias
As Treze Colônias Inglesas da
América do Norte foram criadas de
três formas: por concessão do
governo a uma companhia comercial
(exemplos: Virgínia e Massa-
chusetts), por doação feita pela Coroa
(exemplos: Maryland e Geórgia) ou
mediante compra por um particular
(exemplo: Pensilvânia). Essa diversi-
dade fez com que inexistisse na
Willian Penn (1644-1718) negocia com os índios a compra da Pennsylvania (que já lhe fora concedida pelo rei
Carlos II) evidenciando o caráter ético dessa transação. região um órgão administrativo
centralizador, comparável aos vice-
Como as áreas de povoamento não oferecessem à reinos espanhóis ou ao governo-geral do Brasil. Cada
primeira vista boas perspectivas de crescimento, o colônia possuía seu próprio governador, nomeado pela
governo inglês propiciou, como compensação aos que metrópole nas colônias de exploração ou escolhido por
.5nelas desejassem estabelecer-se, certa liberdade admi- assembleias locais nas de povoamento*.
nistrativa, inclusive tributária. Tal circunstância atraiu imi- * Delaware era a única colônia que não escolhia seu governador porque, embora
tivesse assembleia própria, dependia administrativamente da Pensilvânia.
grantes que, na Inglaterra, se sentiam tolhidos em suas
crenças religiosas ou convicções políticas e ansiavam por As colônias do Centro-Norte possuíam autogoverno.
poder manifestá-las livremente*. Formou-se assim, nas Já as do Sul eram controladas diretamente pela Inglaterra,
colônias de povoamento, uma mentalidade mais intelec- dada sua relevância para a economia metropolitana. Terri-
tualizada do que nas áreas de exploração**. torialmente, todas elas se estendiam para oeste até os
* É curioso observar que, contrariando os prognósticos iniciais, foram
Montes Apalaches, cuja ultrapassagem era vedada aos
justamente as colônias de povoamento que, a longo prazo, mais prosperaram. colonos por determinação do Parlamento.
** Uma prova da preocupação das colônias de povoamento com o ensino foi a
fundação da futura Universidade de Harvard em Massachusetts, já em 1636. Outras colônias inglesas
Rivalizando com ela, a Universidade de Yale surgiu em 1701, na colônia de
Connecticut. Coincidindo com seu crescente poderio marítimo nos
séculos XVII e XVIII, a Inglaterra (transformada em
Todos esses elementos fizeram com que as colônias
Reino Unido da Grã-Bretanha em 1707) ampliou seu
inglesas de povoamento, no século XVIII, alcançassem
império colonial. Inicialmente, concentrou seus interesses
níveis de prosperidade econômica e progresso intelectual
no Atlântico: criaram-se as Treze Colônias da América do
mais altos do que em qualquer outra área colonizada pelos
Norte, o Canadá foi conquistado à França em 1763 e
europeus, criando condições favoráveis ao primeiro movi-
numerosas Antilhas (conhecidas genericamente como
mento emancipacionista bem-sucedido nas Américas.
Uma forma peculiar de trabalho, utilizada nas colônias “Índias Ocidentais”) passaram do domínio espanhol para
do Norte e que se prolongou até o século XVIII, foi a inden- o britânico; na América do Sul, os holandeses abriram
tured servitude (“servidão por contrato”). Os indentured mão da Guiana Britânica em 1796.
servants eram ingleses pobres que, em troca da passagem No século XVIII, a presença inglesa no subcontinente
para a América, de alimento e moradia, se comprometiam indiano começou a ganhar força, disputando com a França
a trabalhar, para o colono que os contratasse, por um o controle sobre a região; no final do mesmo século, teve
período de sete a dez anos; findo esse prazo, o trabalhador início a colonização da Austrália. Mas foi somente no
estava liberado para atuar por conta própria. século XIX, como consequência do desenvolvimento
A colonização de povoamento caracterizou três das capitalista industrial, que o imperalismo britânico veio a
quatro colônias inglesas centrais (Pensilvânia, Nova alcançar uma dimensão verdadeiramente planetária.
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5. Colonização francesa A presença francesa foi mais marcante no Canadá,


apesar de as condições climáticas serem pouco propícias
Nos séculos XVI e XVII, o colonialismo francês à colonização. Mesmo assim, os núcleos estabelecidos
atuou em três regiões da América: no Brasil, onde o pelos franceses na região, além de praticarem a
povoamento português era ainda incipiente; nas Antilhas, agricultura de subsistência, encontraram uma boa fonte
originalmente ocupadas pelos espanhóis, mas intensamen- de renda na comercialização de peles de animais da
te disputadas por ingleses, franceses e holandeses; e no fauna ártica.
Canadá, cuja latitude elevada e clima desfavorável o tor- O primeiro francês a adentrar o Canadá foi Jacques
navam pouco atraente para as potências colonizadoras. Cartier, que entre 1534 e 1536 explorou o Rio São
No Brasil, o governo francês realizou duas tentativas Lourenço, dando à região o nome de Nova França. Mas
de fixação. Na primeira, tentou implantar no Rio de foi somente em 1605 que colonos franceses começaram a
Janeiro a França Antártica – uma colônia de exploração se fixar no litoral canadense, onde foi fundada a colônia da
que também poderia abrigar refugiados huguenotes Nova Acádia. Avançando para o interior, fundaram em
(calvinistas franceses, então perseguidos em seu país 1608 a cidade de Québec, que se tornaria o principal
natal). A presença francesa, que se estendeu de 1555 a núcleo francês na América do Norte; outra cidade
1567, fracassou devido à reação dos portugueses, que importante, Montréal, surgiu em 1642.
expulsaram os invasores e, para impedir outras tentativas Em 1670, foi criada em Londres a Companhia da
semelhantes, fundaram na Baía da Guanabara a cidade de Baía de Hudson, autorizada a explorar o comércio de
São Sebastião do Rio de Janeiro. peles na área a oeste dos territórios franco-canadenses.
A segunda tentativa da França em terras brasileiras A partir daí, os choques entre ingleses e franceses na
aconteceu no Maranhão (1612-15). Os franceses região tornaram-se cada vez mais frequentes*,
fundaram ali a colônia da França Equinocial, com capital culminando com a Guerra dos Sete Anos (1756-63), ao
em São Luís. Mas, como ocorrera no Rio de Janeiro, a término da qual a França perdeu o Canadá para a
invasão foi repelida por uma expedição lusitana e o Inglaterra. Mas as duas comunidades francófonas da
Maranhão permaneceu em poder de Portugal. região (quebequenses e acadianos, estes últimos em
número bem menor) lá permanecem
até os dias de hoje.
* Beneficiada pelos Atos de Navegação de 1651,
1660 e 1663 e fortalecida pelas primeiras vitórias
sobre os holandeses, a Inglaterra intensificou, desde
meados do século XVII, a busca pela hegemonia
marítimo-comercial. Para alcançar esse objetivo, os
ingleses ampliaram suas possessões, apoderando-se
de colônias espanholas, holandesas e francesas, tanto
na América do Norte como nas Antilhas e nas Índias.
As lutas entre ingleses e franceses no Canadá fazem
parte desse contexto.

Ao mesmo tempo em que


procurava consolidar-se no Canadá,
a França proclamou sua soberania
sobre a Luisiana, imenso território
correspondente aos vales do Rio
Mississípi e de seu afluente Missouri
e que se estendia dos Grande Lagos,
ao norte, até o Golfo do México. No
litoral deste último, junto à foz do
Mississípi, os franceses fundaram a
cidade de Nova Orleans. Em 1803, a
Luisiana foi vendida por Napoleão
aos Estados Unidos, que estavam
O Império Colonial Francês na América em seu apogeu (princípios do século XVIII). A Nova Acádia, a Nova começando sua célebre “Marcha
França (Québec), a Louisiana e o Haiti foram perdidos respectivamente em 1713, 1763, 1803 e 1804.
Atualmente, Guadalupe, Martinica e a Guiana são parte integrante do território francês, na condição de para o Oeste”.
departamentos ultramarinos.

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Atualmente, das vastas extensões pertencentes à Índia pelos ingleses ao término da Guerra dos Sete Anos.
França no século XVII, restam nas Américas somente Mesmo assim, conservou alguns estabelecimentos na
algumas ilhas e a Guiana Francesa. O Haiti, correspon- região até 1954, quando eles foram transferidos para a
dente à parte ocidental da Ilha de São Domigos e grande soberania indiana.
produtor de açúcar nos tempos coloniais*, tornou-se No final do século XIX, durante a expansão
independente da França em 1804, após uma rebelião imperialista praticada pelas potências industriais, a França
vitoriosa dos escravos locais. chegou a possuir o segundo maior império colonial, atrás
* A atividade colonial da França foi dinamizada por Colbert, ministro das Finanças apenas do Império Britânico. Atualmente, restam-lhe
(1665-83) de Luís XIV. Entre outras medidas, ele criou companhias de comércio apenas a Guiana Francesa e algumas ilhas nos Oceanos
que fizeram da Nova França (Canadá) uma importante exportadora de peles e de
madeira, bem como transformaram as Antilhas Francesas (Haiti, Martinica, Atlântico, Índico e Pacífico.
Guadalupe e outras) em prósperas produtoras de açúcar, algodão, tabaco e cacau.

A França recorreu largamente à mão-de-obra africana 6. Colonização holandesa


em suas colônias tropicais, tendo também participação
ativa no tráfico negreiro transatlântico*. No Canadá, Na Baixa Idade Média, a região da Flandres (ou
porém, onde a escravidão não foi utilizada, ocorreu a Países Baixos), correspondente à Bélgica e à Holanda
contratação de engagés (“engajados”). Estes eram seme- atuais, era um importante centro mercantil e manufa-
lhantes aos indentured servants das colônias inglesas de tureiro, principalmente no setor têxtil. Politicamente, era
povoamento; tratava-se de trabalhadores que, em troca da formada por um aglomerado de feudos com extensão
passagem para a América, de moradia e alimento durante variável, submetidos sucessivamente à suserania da
um prazo determinado, prestavam serviços não remune- França, do Ducado da Borgonha, da Áustria e, a partir de
rados a quem os contratava. 1556, da Espanha (então governada por um ramo da
* O tráfico negreiro francês foi realizado a partir de feitorias instaladas na costa Dinastia de Habsburgo).
ocidental da África, especialmente no Senegal.
Na época, a Reforma Protestante provocara uma
Ainda no século XVII, a França ocupou algumas cisão entre os flamengos: os habitantes da porção
ilhas do Índico e, na centúria seguinte, instalou setentrional (atual Holanda) aderiram ao calvinismo,
entrepostos comerciais em solo indiano. Mas, assim enquanto os moradores do sul (Bélgica de hoje)
como ocorreu no Canadá, acabou por ser desalojada da permaneceram católicos. Felipe II, rei da Espanha
(1556-98) e senhor dos Países Baixos, era um católico
inflexível e o principal líder leigo da reação
antiprotestante (Contrarreforma). Tentando forçar os
flamengos do norte* a retornar ao catolicismo, ele
iniciou uma série de perseguições que levaram os
protestantes a se revoltar contra o domínio espanhol, em
1568. Começou assim a Guerra dos Oitenta Anos, que
só se concluiria em 1648. Em 1581, os rebelados
proclamaram a independência da República das Sete
Províncias Unidas dos Países Baixos (comumente
conhecida como Holanda), sob a forma de uma
república burguesa.
* Inicialmente, o termo flamengo designava todos os habitantes da Flandres.
Atualmente, aplica-se apenas aos belgas que falam holandês (os belgas que falam
francês são conhecidos pelo nome de valões). Por outro lado, a denominação
Países Baixos, antes extensiva a toda a Flandres, hoje se restringe à Holanda.

Muito antes de declarar sua independência, os


flamengos já tinham uma participação expressiva no
comércio marítimo europeu. Desde o começo da luta
contra a Espanha, a Holanda, que já possuía uma grande
frota mercante, desenvolveu uma poderosa marinha de
guerra, tornando-se rapidamente uma das maiores
Jacques Cartier (1491-1557), navegador francês que explorou o Vale potências navais da época, comparável à Espanha e à
do São Lourenço, no Canadá. Inglaterra.
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Em 1580, com a extinção da Dinastia de Avis, a chegado a dominar o litoral nordestino desde Alagoas
Coroa Portuguesa passou para a Espanha, formando a até o Maranhão. Mesmo derrotados, conseguiram
União Ibérica (1580-1640). Obrigados a seguir a política transplantar o cultivo da cana e as técnicas da produção
externa espanhola, os portugueses romperam suas rela- açucareira para as possessões que haviam conquistado
ções mercantis com os flamengos, contra os quais passa- nas Antilhas, estabelecendo uma concorrência que
ram a combater. prejudicou o açúcar brasileiro. Aliás, algumas dessas
Em 1602, os holandeses fundaram uma empresa mer- colônias insulares permanecem até hoje sob a soberania
cantil denominada Companhia Unida das Índias Orientais dos Países Baixos.
(sigla em holandês: VOC). Tratava-se de uma empresa Ainda no século XVII, a Holanda estabeleceu-se na
particular direcionada para o comércio com o Oriente, região da Guiana, mas perdeu para a Grã-Bretanha boa
entendido como a região além-Cabo da Boa Esperança. parte desse território (1796). A área restante (com
Paralelamente a suas atividades comerciais, a VOC podia exclusão da Guiana Francesa) permaneceu em poder da
organizar forças militares de terra e mar, com a finalidade Holanda até 1975, quando obteve sua independência, com
de conquistar territórios ultramarinos, mesmo que já o nome de Suriname, dentro do processo de descoloni-
estivessem em poder de outra nação. Tais empreendi- zação que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.
mentos militares eram respaldados
pelo governo holandês.
No decorrer de seus conflitos
com os portugueses, a Companhia
das Índias Orientais conquistou a
maior parte das possessões lusitanas
nas Índias, a fim de explorá-las
comercialmente. Portugal, na época
já bastante debilitado, acabou por
perder a maior parte de suas
possessões orientais para os
holandeses. Estes se apoderaram do
Cabo da Boa Esperança* e
estabeleceram bases comerciais no
Ceilão (atual Sri Lanka), na Malásia
e no Japão; mas sua principal
conquista foram as Índias
Holandesas (atual Indonésia), que
permaneceriam sob domínio da Pieter Stuyvesant (1612-72), governador da Nova Holanda, defendendo a cidade de Nova Amsterdam (futura
Nova York) contra os ingleses.
Holanda até 1949.
* O assentamento holandês no Cabo da Boa Esperança atraiu grande número de A Companhia das Índias Ocidentais também tentou
imigrantes, dando origem a uma estrutura que mesclava a colonização de fixar-se na América do Norte, fundando em 1625, na Ilha
exploração e de povoamento.
de Manhattan, a cidade de Nova Amsterdam, capital da
Os êxitos da Companhia das Índias Orientais esti- colônia da Nova Holanda. A região recebeu numerosos
mularam a criação, em 1621, de uma empresa congênere imigrantes e prosperou, mas não conseguiu resistir ao
para atuar no Oceano Atlântico: a Companhia das Índias crescente poderio da Inglaterra. Em 1674, Nova
Ocidentais (sigla em holandês: WIC), estruturada nos Amsterdam passou definitivamente para o domínio inglês,
moldes de sua antecessora. A WIC atuou nas três com o nome de Nova York.
Américas e também na costa ocidental da África, onde No final do século XVIII, os Países Baixos ainda
chegou a dominar Angola, importante centro fornecedor eram uma grande potência colonial, sobretudo em função
de escravos. de suas possessões no Oriente. Mas as derrotas que lhe
Na América do Sul, os holandeses invadiram o foram impostas pela Inglaterra haviam minado seu poder
Brasil em duas ocasiões, visando apoderar-se dos marítimo de forma irremediável. Assim, quando teve
centros produtores de açúcar, mas foram expulsos nas início a corrida neocolonialista no final do século XIX, a
duas tentativas. Em 1624-25, atacaram a Bahia. Na Holanda não participou desse processo.
segunda vez, invadiram Pernambuco (1630-54), tendo
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1. (UNICAMP) – Contestando o Tratado de Tordesilhas, o rei da 4. (FUVEST) – Sobre a colonização inglesa na América do Norte,
França, Francisco I, declarou em 1540: “Gostaria de ver o a) estabeleça sua conexão com os desdobramentos da Reforma
testamento de nosso pai Adão que dividiu o mundo entre meus Protestante da Inglaterra;
primos de Portugal e Espanha.” Sobre esse assunto, pergunta-se: b) explique por que nas colônias inglesas meridionais formou-se
a) O que foi o Tratado de Tordesilhas? uma organização socioeconômica diferente das colônias
b) Por que alguns países da Europa, como a França, contestavam setentrionais.
aquele tratado? Resolução
Resolução a) A Reforma Protestante na Inglaterra resultou no estabeleci-
a) Acordo firmado entre Portugal e Espanha em 1494, dividindo mento do anglicanismo como religião oficial. Esse fato fez
entre os dois países as terras descobertas e por se descobri- com que o calvinismo (puritanismo) e o catolicismo, como
rem. O tratado estabeleceu, como marco divisor, um meridiano religiões minoritárias, sofresse restrições e até mesmo
situado 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde. perseguições. Buscando obter liberdade para a prática de
b) Porque dividia as novas áreas apenas entre portugueses e suas crenças, muitos puritanos emigraram para a América
espanhóis, ignorando as outras potências europeias que haviam do Norte, fixando-se na região conhecida como “Nova
iniciado tardiamente suas navegações. Inglaterra”.
b) As colônias setentrionais, de clima temperado semelhante ao
2. (UNIP) – Na montagem do colonialismo mercantilista dos trópicos da metrópole, foram colônias de povoamento, caracterizadas
americanos, as metrópoles europeias deram preferência às pela pequena propriedade, pela policultura e pelo trabalho livre.
colônias de exploração, cuja economia se baseava na Já as colônias meridionais, de clima subtropical, foram colônias
a) mineração e na plantagem escravista. de exploração, com base na grande propriedade agrícola
b) manufatura e no comércio interno. monocultora, escravista e voltada para o mercado externo
c) demanda interna e na indústria. (economia de plantation).
d) pecuária e na lavoura de subsistência.
e) pequena propriedade e na policultura. 5. (UNICAMP) –
Resolução
As metrópoles europeias buscaram os metais preciosos e os pro-
dutos tropicais da grande lavoura mercantil escravista, que eram
altamente lucrativos no mercado externo e que só poderiam ser
encontrados nas colônias de exploração.
Resposta: A

3. Observe as duas afirmações de Montesquieu (1689-


1755) a respeito da escravidão:
“A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem
ao senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode fazer por
virtude; àquele, porque contrai com seus escravos toda sorte de
maus hábitos e se acostuma insensivelmente a faltar contra todas
as virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico,
voluptuoso, cruel. Acerca do comércio triangular praticado pelos colonos da Nova
Inglaterra,
Se eu tivesse e defender o direito que tivemos de tornar escravos a) descreva a realização desse comércio;
os negros, eis o que eu diria: tendo os povos da Europa extermi- b explique por que outros produtos lucrativos, como o tabaco e
nado os da América, tiveram e escravizar os da África para utilizá- o algodão, não participavam desse comércio.
los para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não Resolução
fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.” a) Os colonos da Nova Inglaterra adquiriam melaço nas Antilhas e o
(Montesquieu, O espírito das leis) transformavam em rum, que era levado à África e trocado por
escravos; estes eram transportados para as Antilhas e trocados por
Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu, melaço, sendo a diferença de preço paga em espécie pelos
a) o preconceito racial foi contido pela moral religiosa. lavradores antilhanos e acumulada nas colônias da Nova Inglaterra.
b) a política econômica e a moral justificaram a escravidão. b) Porque tais produtos eram produzidos nas colônias do Sul e
c) a escravidão era indefensável de um ponto de vista econômico. levados diretamente para a Inglaterra.
d) o convívio com os europeus foi benéfico para os escravos
africanos. 6. (FATEC) – Referindo-se aos diferentes sistemas de colonização
e) o fundamento moral do direito pode submeter-se às razões desenvolvidos na América pelos ingleses, franceses, portugueses
econômicas. e espanhóis, Caio Prado Jr. afirma que “colônias tropicais tomaram
Resolução um rumo inteiramente diverso de suas irmãs da zona temperada”.
No primeiro texto, Montesquieu condena a escravidão sob o Esta diferença ficou caracterizada
ponto de vista moral; no segundo, porém, admite que aquela a) pela formação das colônias de exploração nas áreas tropicais e
prática se fez necessária na América tendo em vista razões das colônias de povoamento nas áreas temperadas.
econômicas. b) pela exploração de metais preciosos na América Espanhola e da
Resposta: E cana-de-açúcar na América Portuguesa e Inglesa.
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c) pelo regime de monopólio comercial na América Luso- doenças trazidas pelos brancos, foram derrotados pelas armas de
Espanhola e pelo liberalismo econômico da Inglaterra em fogo destes últimos e, muitas vezes, escravizados.
relação às Treze Colônias. No processo de colonização das Américas, as populações indí-
d) pela organização do regime escravista na América Portuguesa genas da América Portuguesa
e do trabalho assalariado na América Inglesa.
e) pela estruturação das colônias de povoamento nas áreas tro- a) foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa que
picais e das colônias de exploração nas áreas temperadas. não ocorreu com os indígenas da América Inglesa.
Resolução b) mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da
As colônias de exploração, fornecedoras de produtos tropicais América Inglesa.
e de metais preciosos, tornaram-se vitais para o colonialismo c) passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu ampla-
mercantilista. As colônias de povoamento, por sua vez, à margem mente com os indígenas da América Inglesa.
desse sistema, criaram as condições para o seu d) diferenciaram-se dos indígenas da América Inglesa por terem
desenvolvimento. suas terras devolvidas.
Resposta: A e) resistiram, como os indígenas da América Inglesa, às doenças
trazidas pelos brancos.
7. Na América Inglesa, não houve nenhum processo Resolução
sistemático de catequese e de conversão dos índios Conforme o enunciado explica, na América Inglesa a catequese de
ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas nesse indígenas ocorreu apenas circunstancialmente. Já na América
sentido. Brancos e índios confrontaram-se muitas vezes e Portuguesa, esse procedimento teve uma dimensão maior, fosse
mantiveram-se separados. Na América Portuguesa, a catequese para justificar ideologicamente a colonização, fosse porque a acul-
dos índios começou com o próprio processo de colonização, e a turação decorrente da catequese favorecia a submissão dos
mestiçagem teve dimensões significativas. Tanto na América indígenas, em virtude da aceitação implícita dos conceitos e valores
Inglesa quanto na Portuguesa, as populações indígenas foram dos dominadores europeus.
muito sacrificadas. Os índios não tinham defesas contra as Resposta: A

8. ”Deixemos Londres produzir os panos tão queridos de seu co- c) implantação de redes internas de tráfico, com envolvimento de
ração; deixemos a Holanda produzir seus tecidos, Florença suas sociedades locais, que passam a ter nesse negócio uma fonte
sedas, as Índias suas peles, Milão seus brocados, a Itália e a fundamental de recursos.
Flandres seus tecidos de linho (...), nós somos capazes de comprar d) introdução da escravidão nas sociedades africanas, que até
todos esses produtos, o que prova que todas as nações trabalham então desconheciam qualquer forma de exploração do trabalho.
para Madri, contudo,...... Madri não serve a ninguém”.
e) dissolução do tradicional caráter igualitário predominante nas
(Alfonso Núñez de Castro – 1575)
sociedades africanas, sendo substituído por regimes rigidamen-
O texto faz referência te hierarquizados.
a) à divisão da produção europeia em áreas de especialização.
b) à incapacidade da produção industrial espanhola, perante ou- 10. (UNIFESP) – Sobre o trabalho compulsório (seja servil, seja es-
tros produtores europeus. cravo) em toda a América, no período colonial, pode-se afirmar
c) à dependência espanhola dos fornecimentos externos, respon- que
sável pela evasão de um grande volume de metais preciosos a) se restringiu às áreas econômicas de exportação.
que vinha das minas americanas. b) atingiu apenas os indígenas e os negros.
d) à pobreza dos espanhóis, em virtude dos seus fracassos na c) se impôs sem maiores resistências.
América. d) incluiu até mesmo os brancos.
e) à sábia política mercantilista da Espanha, que possibilitou seu e) inexistiu nas terras voltadas para o Pacífico.
pioneirismo no processo de acumulação primitiva do capital.

11. (UERJ) – “Na realidade, nem toda a colonização se desenrola


9. (FGV) – “Nos anos 1526-50, antes do deslanche do tráfico para o dentro das travas do Sistema Colonial. Historicamente, os sistemas
Brasil, saía da Guiné-Bissau e da Senegâmbia uma média de mil nunca se apresentam, em estado puro. A colonização da Nova
cativos por ano. Cifra representando 49% dos indivíduos deporta- Inglaterra se deu fora dos mecanismos definidores do Sistema
dos do Continente Negro. Da África Central vinham outros 34%, Colonial mercantilista, pois foram fatores específicos que deram
enquanto 13% eram provenientes do golfo da Guiné. Versos origem a essa forma de expansão ultramarina (colonização de
célebres de Garcia de Rezende retratam o lucro e os fluxos do trato povoamento). A essa categoria se contrapoe a colonização de
de africanos para Sevilha, Lisboa, Setúbal, Cabo Verde, Madeira, exploração.”
Canárias, São Tomé. E para o Caribe.”
(Adaptado de Fernando A Novais. Portugal e Brasil na crise do antigo
(Luiz Felipe de Alencastro, O Trato dos Viventes)
Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1981.)
O impacto do processo descrito nas sociedades africanas foi a
a) introdução de práticas econômicas fundamentadas no libera- Considerando a Nova Inglaterra como exemplo de colônia de
lismo, desorganizando as antigas sociedades de auxílio mútuo. povoamento e a América Portuguesa como exemplo de colônia
de exploração, cite, para cada uma delas, o tipo de propriedade
b) implantação da escravidão como modo de produção dominante,
predominante e a principal relação de trabalho.
determinando a extinção da servidão anteriormente existente.

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12. (FGV) – A colonização inglesa resultou no estabelecimento de três ( ) A fundação de Plymouth, em 1620, marcou o início da
áreas com características diversas na América do Norte: Sul, colonização dos puritanos na Nova Inglaterra, território,
Centro e Norte. Com relação às chamadas “colônias do Sul” é atualmente, pertencente aos EUA.
correto afirmar que ( ) Os franceses se estabeleceram, a partir de 1608, no vale
a) se baseavam, principalmente, na economia familiar e desenvol- do Rio São Lourenço e na região dos grandes lagos, dando
veram uma ampla rede de relações comerciais com as colônias origem à atual Quebec, no Canadá.
do Norte e o Caribe. ( ) Os franceses ocuparam a bacia do Mississípi-Missôuri,
b) se baseavam em uma forma de servidão temporária que fundando a povoação portuária de Nova Orleans, centro
submetia os colonos pobres a obrigações para com os grandes da colonização da Louisiana, atualmente território do
proprietários de terras. Canadá.
c) se caracterizavam por uma economia escravista e monocultora, ( ) Os espanhóis fundaram, no século XVI, a Flórida, atual-
baseada em latifúndios exportadores de produtos, como o mente território dos EUA, com o objetivo de melhor
algodão e o tabaco. controlarem as rotas de navegação do Atlântico para o
d) se consolidaram como o primeiro grande pólo industrial da Golfo do México.
América, graças à fixação de diversos produtores de tecidos
vindos da região de Manchester. A sequência correta é:
e) se caracterizaram pelo emprego de mão de obra assalariada e a) F V V F V b) F F V F V c) F F F V V
pela presença da grande propriedade agrícola monocultora de d) V V F F F e) V F F F F
algodão e tabaco.

13. Assinale a alternativa correta. 15. (FATEC) – A bordo do navio Mayflower, em 1620, um grupo de
I. Por “pilgrim fathers”, entendem-se os colonos pioneiros da puritanos chegou ao Cabo Cod, no atual Estado do Massachusetts,
Nova Inglaterra. no nordeste dos EUA, em busca de liberdade religiosa.
II. As colônias inglesas do Centro-Norte foram policultoras.
III. As colônias inglesas da América do Norte desfrutavam de certa Os puritanos
autonomia. a) eram indivíduos desgarrados, aventureiros que buscavam
riquezas.
a) Se todas estiverem corretas.
b) eram pessoas que, embora indesejáveis na Inglaterra, preten-
b) Se todas estiverem incorretas.
diam enriquecer e para lá voltar.
c) Se I e II estiverem corretas.
c) tinham o sonho de construir uma nova pátria, onde houvesse
d) Se I e III estiverem corretas.
liberdade de culto.
e) Se II e III estiverem corretas.
d) eram indivíduos desgarrados, que por serem anglicanos tiveram
e abandonar seu país de origem.
e) objetivavam unicamente ter uma nova pátria, que lhes desse
14. (UFPB) – Observe, com atenção, o mapa que retrata o processo de
muito lucro, apesar de serem protestantes perseguidos.
colonização europeia da América do Norte.

16. (VUNESP)
“A razão que me consta por que ides àquele país,
É o desejo de povoar essa terra longínqua e fazer uma nova plan-
tação,
Onde tereis boa terra em abundância para plantar e cultivar;
A qual ninguém vos tirará nunca, enquanto assim o quiserdes.”

(Balada inglesa do século XVII. Apud S. E. Morrison e H. S.


Commager, História dos Estados Unidos da América.)

A partir das informações da canção, explique a singularidade da


estrutura da colonização inglesa na América do Norte no século
XVII.

17. Com relação à colonização francesa na América, assinale Verda-


deiro ou Falso.
(0) A exploração colonial foi efetivamente desenvolvida por Col-
bert.
(1) No Canadá, os franceses estabeleceram postos para o comér-
cio de peles.
(2) Nas pequenas Antilhas, foi desenvolvida a mineração.
Em relação a esse processo, considere as afirmativas a seguir,
(4) A França manteve o seu império colonial intacto até o final da
identificando com V a(s) verdadeira(s) e com F, a(s) falsa(s).
Época Moderna.
( ) A fundação de Nova York por puritanos, em 1626, marcou
(8) Os franceses não desenvolveram a grande lavoura mercantil
o início da ocupação inglesa das Treze Colônias, no atual
em suas colônias americanas.
território dos EUA.
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18. “Pagar anualmente e individualmente 125 libras de tabaco bom, 21. Assinale a alternativa correta.
honesto e comerciável (...), pagar o dízimo do algodão e de I. Os holandeses chegaram a se estabelecer na região do Rio
outras mercadorias (...) e ainda pagar o dízimo do dito tabaco e Hudson.
de outros produtos que recolherão para o ordenado do II. As companhias de comércio holandesas eram pacíficas em-
Governador.” presas mercantis.
O texto acima III. O Ato de Navegação, de Cromwell, aniquilou a supremacia
a) refere-se à colonização inglesa na Nova Inglaterra. marítima flamenga.
b) trata da organização da exploração holandesa no Nordeste brasi-
leiro. a) Se todas estiverem corretas.
c) mostra a disciplina dos colonos portugueses na época da mine- b) Se todas estiverem incorretas.
ração. c) Se I e II estiverem corretas.
d) trata das obrigações contratuais a que estava submetido um d) Se I e III estiverem corretas.
engajado francês. e) Se II e III estiverem corretas.
e) mostra o rigor imposto pela Espanha aos colonos que não pos-
suíam minas.
22. (FGV) – Analise as afirmações sobre o Ocidente na Idade Moderna.
I. Em muitos relatos, a América foi representada como o "Paraíso
Terrestre", dada a abundância de recursos, e sua população,
19. Assinale a alternativa correta.
em uma visão etnocêntrica, foi considerada "bárbara", devendo
I. Os franceses perderam o Canadá para a Inglaterra.
ser catequizada.
II. Com a Guerra dos Sete Anos, os franceses expandiram suas
II. A colonização da América Latina baseou-se,
áreas coloniais.
fundamentalmente, em princípios liberais, cabendo às colônias
III. O colbertismo estimulou a exploração colonial francesa.
fornecer metais preciosos, ferramentas e produtos primários
a) Se todas estiverem corretas.
para dinamizar o comércio europeu e enriquecer suas
b) Se todas estiverem incorretas.
metrópoles.
c) Se I e II estiverem corretas. III. Na América Espanhola, predominaram formas de trabalho
d) Se I e III estiverem corretas. compulsório dos indígenas, sob o sistema de encomienda e
e) Se II e III estiverem corretas. mita; já na América Portuguesa, a escravidão, principalmente
dos negros, foi a base da economia agroexportadora e minera-
dora.
20. Assinale a alternativa correta. IV. O tráfico negreiro modificou as sociedades africanas, não
I. A grande propriedade inexistiu nas áreas coloniais dos chama- apenas porque tirou do continente milhões de pessoas, mas
dos não ibéricos. também porque lá introduziu novos produtos (por exemplo, o
II. As colônias franco-holandesas não exploraram nenhuma forma tabaco), que eram trocados por escravos.
de escravidão. V. Como resultado da rivalidade entre Espanha e Holanda e da
III. A Guiana foi a única porção territorial que os holandeses toma- União Ibérica, os holandeses invadiram o Nordeste brasileiro e
ram de Portugal. regiões da África, a fim de controlarem a produção açucareira
e fontes de mão de obra.
a) Se todas estiverem corretas.
b) Se todas estiverem incorretas. São corretas as afirmações
c) Se I e II estiverem corretas. a) I, III e V, apenas. b) II, IV e V, apenas.
d) Se I e III estiverem corretas. c) I, III, IV e V, apenas. d) I, II, III e IV, apenas.
e) Se II e III estiverem corretas. e) I, II, III, IV e V.

8. C 9. C 10. D Obs.: A resposta acima se baseou na exigência, pelo comando


da questão, de que fosse explicada a singularidade da estrutura
11. Tipo de propriedade predominante: pequena propriedade, na da colonização inglesa na América do Norte no século XVII.
Nova Inglaterra; latifúndio, na América Portuguesa.
Deve-se, contudo, ressaltar que o examinador, ao priorizar a
Principal relação de trabalho: trabalho livre, na Nova
Inglaterra: escravidão, na América Portuguesa. palavra “povoar”, deixou de lado o tema principal da balada
transcrita (“... fazer uma nova plantação, / Onde tereis boa terra
12. C 13. A 14. A 15. C em abundância para plantar e cultivar”), que aponta claramente
para a colonização de exploração, baseada no latifúndio e na
16. Das Treze Colônias fundadas pelos ingleses na América do
agricultura de exportação — o que, obviamente, não constitui
Norte, as setentrionais singularizaram-se pela colonização de
povoamento, na qual predominavam a pequena propriedade uma “singularidade” em relação ao Sistema Colonial.
e o trabalho livre, dentro de uma sociedade menos polarizada
que a das colônias de exploração. (Estas últimas constituíam 17. V V F F F 18. D 19. D 20. B
o modelo dominante no Sistema Colonial implantado nas
Américas durante a Idade Moderna.) 21. D 22. C

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