Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
com
O
Espírito
da glória
ISBN: 978-85-98156-82-8
13-10019 CDD-231.3
Publicado no Brasil com a devida autorização, e com todos os direitos reservados, por:
Editora Sã Doutrina
Caixa Postal 241 — Pirassununga - SP
CEP 13630-970 — BRASIL
www.sadoutrina.com
São Carlos-SP
Suprema Gráfica e Editora Ltda – EPP
http://www.palavrasdoevangelho.com
O
Espírito
da glória
http://www.palavrasdoevangelho.com
Abreviações:
AT ���������������Almeida Revista e Revisada fiel ao texto original. Versão
da Bíblia em Português da Sociedade Bíblica Trinitaria-
na.
ARC ������������Almeida Revista e Corrigida. Versão da Bíblia em Por-
tuguês da Sociedade Bíblica do Brasil.
ARA ������������Almeida Revista e Atualizada. Versão da Bíblia em Por-
tuguês da Sociedade Bíblica do Brasil.
VB ���������������Versão Brasileira.
NVI �������������Nova Versão Internacional.
AV ���������������Authorized Version. Versão da Bíblia em Inglês.
JND�������������Versão da Bíblia em Inglês de J. N. Darby.
H. e C. ���������Hinos e Cânticos.
N. do T. �������Nota do Tradutor
N. do E. �������Nota do Editor
Índice
Abreviações:.................................................................................................4
Prefácio à edição em Inglês......................................................................6
Introdução....................................................................................................7
Prefácio à edição em Português..............................................................8
Cap. 1 — A personalidade do Espírito Santo.......................................9
Cap. 2 — As figuras do Espírito Santo................................................ 26
Cap. 3 — A apresentação do Espírito Santo..................................... 40
Cap. 4 — A obra do Espírito Santo em revelação e inspiração.......... 57
Cap. 5 — O Espírito Santo no Velho Testamento............................. 74
Cap. 6 — O Espírito Santo na vida de Cristo................................... 92
Cap. 7 — O Espírito Santo nos ensinamentos de Cristo............108
Cap. 8 — O Espírito Santo em Atos.................................................121
Cap. 9 — O Espírito Santo em Romanos........................................138
Cap. 10 — O Espírito Santo em I Coríntios...................................152
Cap. 11 — O Espírito Santo em Gálatas..........................................167
Cap. 12 — O Espírito Santo em Efésios...........................................186
Cap. 13 — O Espírito Santo em Apocalipse....................................199
http://www.palavrasdoevangelho.com
* Uma revista gratuita publicada por irmãos que se reúnem ao nome do Senhor Jesus
Cristo na Irlanda do Norte. Maiores informações: www.assemblytestimony.org.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
Visto que cremos irrevogavelmente na eternidade, personalidade,
igualdade e deidade absoluta do Espírito Santo, cabe a nós falar e escrever
dEle de forma reverente e reticente. Seu ministério em relação ao mundo, à
Igreja dispensacional, à Igreja local e a cada cristão, é inestimável. Como o
servo anônimo de Abraão em Gênesis capítulo 24, Ele tem buscado incan-
savelmente uma Noiva para o Filho do Seu Senhor, e nós que somos salvos
temos uma dívida incalculável para com o Seu ministério de graça paciente
e persistente. Seu envolvimento no Calvário fica claro através de Hebreus
9:14, e a Sua parte na nossa salvação também é evidente em João 3:6 e em
I Pedro 1:2. No momento da conversão, em graça, Ele passa a habitar em
cada cristão (Ef 1:13), e Ele é “o penhor da nossa herança, para redenção da
possessão adquirida...” (Ef 1:14). Ele é o bendito Paracleto [Consolador]
prometido por Cristo antes da Sua ascensão de volta ao Pai, que fornece a
assistência e o socorro tão necessários; Ele é o Professor infalível de João
16 que nos guia em toda a verdade, e todo serviço de valor para o Mestre é
energizado pelo Seu poder. Ele possui todos os atributos divinos, manifes-
tamente onipresentes, mas em submissão voluntária, Sua esfera específica
de operação é o mundo “até que do meio seja tirado” (II Ts 2:7). Que nós, os
cristãos, possamos viver de tal forma a não ferir a Sua santa sensibilidade.
À luz da tremenda importância deste assunto, não tenho dúvida de que
este livro da série “Glória” será bem acolhido e apreciado por todos aqueles
que desejam um conhecimento mais pleno da pessoa do Espírito Santo,
e do papel importantíssimo que Ele tem nas nossas vidas e experiências
espirituais.
Somos gratos pelas muitas horas empregadas pelos autores na produ-
ção de seus capítulos, apresentando conteúdo que indubitavelmente será
benéfico para todos que leem. A participação do irmão Brian Currie em
todas as tarefas relativas à publicação deste volume é digna de uma menção
especial.
Oramos para que o livro nos permita compreender com maior clareza
as implicações de sermos habitados por um tão santo e distinto Hóspede.
Roy Reynolds, Irlanda do Norte, Março de 2009.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Cap. 1 — A personalidade
do Espírito Santo
por David E. West, Inglaterra
Introdução
Todos os cristãos creem na verdade fundamental de que Deus é Um
— o único soberano, todo-poderoso e onisciente Criador e Sustentador
de todo o Universo. Paulo diz: “Porque dEle e por Ele, e para Ele, são
todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36).
Tanto o Velho quanto o Novo Testamentos são enfáticos e insistentes
em relação a isto, e não ousamos ser descuidados em relação a essa ver-
dade fundamental, para que não caiamos em erro.
Deus não apenas é Um, mas Ele é o Ser absolutamente único: “Eu
sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim” (Is
46:9). No entanto, apesar da insistência das Escrituras na singularidade
de Deus, o Novo Testamento constantemente nos apresenta o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, e faz declarações acerca de cada um que só
podem ser verdadeiras de Deus. Uma consideração das muitas Escri-
turas do Novo Testamento há de nos mostrar que essas Pessoas são
distinguíveis. O Pai não é o Filho nem o Espírito Santo; o Filho não é
o Pai nem o Espírito Santo; o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho.
Embora estas Pessoas sejam distintas entre si, elas não são separadas; de
fato, o Senhor Jesus, depois da Sua ressurreição, quando falava aos Seus
sobre fazer discípulos de todas as nações, disse: “batizando-os em nome
[singular] do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
Na nossa limitada experiência humana, um ser é uma pessoa; assim,
para nós, os termos “ser” e “pessoa” tendem a ser considerados permu-
táveis — mas não devemos confundir os dois. Deus é absolutamente
único, e um aspecto dessa singularidade é que no Ser Único de Deus há
três Pessoas.
O tema sob consideração é “O Espírito Santo”, e precisamos tomar
cuidado para que Ele não seja relegado a uma posição de inferioridade
por ser chamado de “a Terceira Pessoa da Trindade”.
http://www.palavrasdoevangelho.com
10 O Espírito da Glória
Pelas palavras do Senhor Jesus aos Seus: “Mas quando vier aquele
Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará
de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que
há de vir” ( Jo 16:13), alguns concluem que o Espírito nunca fala de Si
mesmo, mas observamos que essa conclusão é incorreta quando con-
sideramos todo o ensino do Novo Testamento sobre o Espírito Santo,
ensino esse inspirado pelo próprio Espírito. A expressão “de Si mesmo”
(ou “por Si mesmo”) significa “da Sua própria iniciativa”, como mos-
tram as palavras que seguem: “mas dirá tudo o que tiver ouvido”.
É bom lembrar, no começo do nosso estudo, que dependemos do
mesmo Espírito, pois sem Ele não teríamos a Bíblia — Ele é o Divino
Autor: “… homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo” (II Pe 1:21).
Além disso, sem o Seu auxílio, não seríamos capazes sequer de en-
tender as Escrituras. Os próprios instrumentos humanos usados pelo
Espírito para escrever a Palavra de Deus se voltavam Àquele que os
impelia, para encontrar luz quanto aos propósitos e o cronograma de
Deus: “… da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os
profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que
tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles,
indicava” (I Pe 1:10-11). Enquanto somos encorajados a nos aplicar
diligentemente ao estudo da Palavra de Deus, é o Espírito Santo quem
deve inundar a página com luz divina. Assim, o Espírito deve receber o
Seu devido lugar e, como para nos despertar para esse fato, Ele aparece
na primeira e na última página da revelação divina: “E o Espírito de
Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1:2); “e o Espírito e a esposa
dizem: Vem” (Ap 22: 17).
Há, aproximadamente, cem referências ao Espírito Santo no Velho
Testamento, e no Novo Testamento (que equivale a cerca de um terço
do Velho Testamento) há em torno de duzentas e trinta referências.
Isso significa que o Espírito Santo tem uma posição muito mais proe-
minente na revelação do Novo Testamento, o que é compatível com o
fato que a presente fase dos procedimentos de Deus com os homens é
especificamente a do Espírito. Apenas três livros do Novo Testamento
não mencionam o Espírito Santo: Filemon e II e III João. Também,
encontramos somente uma referência ao Espírito Santo em outros sete:
Colossenses, II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Tiago e II Pedro.
Neste artigo serão considerados os seguintes tópicos:
http://www.palavrasdoevangelho.com
* O autor cita, como exemplo, Rm 8:16, que na AV usa o pronome reflexivo impes-
soal (“itself”) ao invés do pronome reflexivo pessoal (“himself”) (N. do E.).
http://www.palavrasdoevangelho.com
12 O Espírito da Glória
Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho per-
mitiu” (At 16:7, VB). Deve-se notar que, no contexto imediato, lemos
que “passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos
pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia” (At 16:6). Logo, “o
Espírito de Jesus” é o “Espírito Santo”. W. Kelly comenta: “O Espíri-
to de Jesus harmoniza o interesse pessoal do Homem glorificado, cujo
Nome era o desejo dos seus corações e o grande objetivo das suas vidas
fazer conhecido, … com o poder do Espírito”. O conceito da relação do
Espírito com o Homem Jesus fica ainda mais claro aqui.
O Espírito Santo
“Estando Maria Sua mãe, desposada com José, antes de se ajunta-
rem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mt 1:18). Este nome
enfatiza o caráter moral essencial do Espírito. Ele é Santo em Si mesmo.
O Espírito de santificação
Este título é usado somente em uma ocasião: “… declarado Filho de
Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição
dos mortos” (Rm 1:4). Alguns sugerem que “o Espírito de santificação”
se refere ao espírito humano de Cristo, que era absolutamente santo.
Isto é distinto e, no entanto, inseparável do Espírito Santo.
O Espírito Santo da promessa
Paulo, se dirigindo aos santos de Éfeso, escreve: “… e tendo Nele
também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef
1:13). O selo de propriedade divina é o Espírito Santo habitando no
cristão como o Espírito Santo da promessa. Embora o Espírito Santo
fosse (e é) o Prometido, como revelado pelo Senhor Jesus antes da Sua
ascensão (“… que esperassem a promessa do Pai, que de Mim ouvistes”,
At 1:4), todavia no contexto do versículo citado da carta aos Efésios, o
título “o Espírito Santo da promessa” parece estar mais ligado com a
imutável promessa das nossas bênçãos futuras.
O Espírito de verdade
Três vezes em capítulos consecutivos ( João caps. 14, 15 e 16) o
Senhor se refere ao Espírito Santo como “o Espírito de verdade”: por
exemplo, “mas quando vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos
hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, Ele tes-
http://www.palavrasdoevangelho.com
14 O Espírito da Glória
16 O Espírito da Glória
beis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vós?” (I Co 3:16). Já que isto é verdade de toda igreja local no mundo, a
qualquer hora, o Espírito Santo não está limitado a uma localidade. Ele
possui o atributo da onipresença.
Sua onisciência
A Palavra de Deus deixa claro que o Espírito possui todo o conhe-
cimento. Paulo escreve: “porque o Espírito penetra todas as coisas, ain-
da as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do
homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também nin-
guém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (I Co 2:10,11).
Assim, o Espírito Santo é uma Pessoa Divina com onisciência. De fato,
Isaías diz: “quem guiou o Espírito do Senhor, ou como Seu conselheiro
O ensinou?” (Is 40:13).
Sua onisciência pode ser discernida também nas verdades entregues
sobre as coisas de Deus, já que o Espírito é o grande Mestre enviado
pelo Pai para confortar e encorajar os Seus, depois da ascensão do Se-
nhor Jesus: “… aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em Meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto vos tenho dito” ( Jo 14:26); “… quando vier Aquele, o Es-
pírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade … e vos anunciará
o que há de vir” ( Jo 16:13).
Sua onipotência
O Espírito Santo é visto como possuindo poder ilimitado ao traba-
lhar para cumprir os propósitos de Deus. A primeira menção do Espíri-
to de Deus na Bíblia está relacionada à grande obra da Criação, onde “o
Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1:2). Na realida-
de, Ele é a primeira pessoa da Trindade a ser especificamente nomeada.
Eliú sugere que o Espírito Santo concede a vida física: “o Espírito
de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida” ( Jó
33:4). O ato poderoso da ressurreição é atribuído a Ele: “E se o Espírito
Daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, Aquele
que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos
corpos mortais, pelo Seu Espírito que em vós habita” (Rm 8:11). O
escritor inspirado claramente declara o envolvimento do Espírito Santo
na ressurreição de Cristo: “Porque também Cristo padeceu uma vez
pelos pecados … mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo
http://www.palavrasdoevangelho.com
18 O Espírito da Glória
Espírito” (I Pe 3:18).
O Espírito Santo demonstra Seu poder onipotente ao realizar o
novo nascimento: “… aquele que não nascer da água e do Espírito, não
pode entrar no reino de Deus” ( Jo 3:5); “… não pelas obras de justiça
que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela
lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3:5).
O poder do Espírito de Deus é ilustrado nos milagres que o Senhor
Jesus realizou. Estes foram produto, não apenas do poder Divino do
próprio Cristo, mas também juntamente com o Espírito Santo: “Eu
expulso os demônios pelo Espírito de Deus” (Mt 12:28).
Devemos lembrar também que os termos “o Espírito Santo” e a
“virtude do Altíssimo” parecem ser sinônimos quando o anjo Gabriel
diz para Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altís-
simo te cobrirá com a Sua sombra; por isso também o Santo, que de ti
há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35).
Sua eternidade
Outro atributo de Deus, que pertence unicamente a Ele e não é
possuído por nenhum outro, é Sua eterna existência não criada. O es-
critor aos Hebreus fala de “Cristo, que pelo Espírito Eterno Se ofereceu
a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9:14). Neste versículo encontra-
mos as três pessoas da Trindade envolvidas na grande obra sacrificial de
Cristo, mas o destaque aqui é que o Espírito é descrito como eterno, um
atributo que é igualmente verdadeiro do Pai e do Filho.
Individualidade
Sua individualidade é declarada nas palavras do Senhor Jesus: “E
Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro [do grego allos, que significa ou-
tro do mesmo tipo] Consolador, para que fique convosco para sempre”
( Jo 14:16). Logo, o Salvador falava de uma Personalidade diferente da
Sua própria.
Inteligência
O Espírito possui uma inteligência ativa: “… o Espírito a todas as
coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10, ARA).
Conhecimento
Intimamente ligado à Sua inteligência está o conhecimento das
coisas de Deus: “… ninguém sabe as coisas de Deus senão o Espírito de
Deus” (I Co 2:11).
A oração de Paulo era que: “… o Deus de nosso Senhor Jesus Cris-
to, o Pai da glória, vos dê em Seu conhecimento o Espírito de sabedoria
e de revelação” (Ef 1:17). O “Espírito de sabedoria e de revelação” é o
Espírito Santo naquele aspecto específico de revelar Deus e Seu pro-
pósito. Aqueles a quem Paulo estava escrevendo haviam sido selados
com o “Espírito Santo da promessa” no momento de crer, mas aqui o
apóstolo ora para que sejam iluminados pelo mesmo Espírito.
http://www.palavrasdoevangelho.com
20 O Espírito da Glória
Mente
Paulo escreve: “… e Aquele que sonda os corações sabe qual é a
mente do Espírito; porque segundo a vontade de Deus é que interce-
de pelos santos” (Rm 8:27, ARA). A palavra aqui traduzida “mente”
é muito abrangente e inclui o conceito de pensamento, sentimento e
propósito.
Vontade
Em relação à distribuição dos dons espirituais nós lemos: “… o
mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a
cada um como quer” (I Co 12:11).
Atos pessoais atribuídos ao Espírito Santo
Ele perscruta
Já citamos estas palavras importantes: “o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10, ARA); a pa-
lavra traduzida “perscruta” significa “examinar”, “investigar”.
Ele ensina
O Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: “… porque na mesma
hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar” (Lc 12:12).
Paulo, dirigindo-se aos coríntios, escreve: “… as quais também falamos,
não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito
Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais” (I
Co 2:13).
Ele fala
No Novo Testamento há várias referências ao Espírito Santo falan-
do, especialmente no livro de Atos, mas dois exemplos serão suficientes
para ilustrar a questão: “E disse o Espírito a Filipe: chega-te e ajunta-te
a esse carro” (At 8:29). “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas” (Ap 2:7).
Ele testifica ou dá testemunho
Pedro menciona o Espírito de Cristo nos profetas do Velho Tes-
tamento quando escreve: “… da qual salvação inquiriram e trataram
http://www.palavrasdoevangelho.com
22 O Espírito da Glória
24 O Espírito da Glória
o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10:29). O Espírito
Santo executa um ministério de graça para com os homens culpados,
Ele produz uma percepção de Deus e um temor de enfrentar a eternida-
de; Ele convence do pecado. Rejeitar Seu ministério gracioso é insultar
o Espírito; e desprezar a Sua Divina Pessoa.
É possível mentir a Ele
Pedro fala muito diretamente com Ananias: “Ananias, porque en-
cheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e
retivesses parte do preço da herdade?” (At 5:3). Ananias havia mentido
ao Espírito Santo quando guardou para si uma parte do preço da pro-
priedade que vendera, dizendo ter entregado tudo. Ele pode ter pensado
que mentia apenas ao homem, mas na verdade estava mentindo a Deus:
“Não mentiste aos homens, mas a Deus” (v. 4).
Ele pode ser tentado (posto à prova)
Tendo Ananias “expirado” (At 5:5) Pedro questiona sua esposa Sa-
fira: “Porque é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do
Senhor?” (v. 9). Ela foi acusada de colaborar com seu marido a desafiar,
ou pôr à prova, o Espírito do Senhor.
É possível resistir a Ele
Estevão, um pouco antes do seu martírio, fez a seguinte acusação
contra a nação judaica: “Homens de dura cerviz, e incircuncisos de co-
ração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois
como vossos pais” (At 7:51). Eles lutavam contra o Espírito Santo; as
palavras “como vosso pais” confirmam que o “Espírito de Cristo” (I Pe
1:11) estava nos profetas do Velho Testamento.
É possível blasfemar contra Ele
O Senhor Jesus, dirigindo-Se aos fariseus, diz: “Todo pecado e
blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada aos homens” (Mt 12:31). O Senhor Jesus usou pala-
vras tão solenes por causa da acusação blasfema dos fariseus: “Este não
expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt
12:24), quando Ele os expulsava pelo “Espírito de Deus” (v. 28). Eles
haviam blasfemado (falado injuriosamente) do Espírito ao dizer que
http://www.palavrasdoevangelho.com
Resumo
Em suma, o uso de pronomes pessoais em relação ao Espírito San-
to, as características e os atos atribuídos a Ele, juntamente com Sua sen-
sibilidade à oposição, todos apontam para o fato que o Espírito Santo
é uma Pessoa e não uma mera influência. Podemos crer nesse fato em
teoria, mas será, na nossa atitude prática para com Ele, que O tratamos
como uma Pessoa real? Será que conhecemos algo da “comunhão do
Espírito Santo” (II Co 13:14) da qual o apóstolo Paulo fala?
http://www.palavrasdoevangelho.com
Pomba
A referência ao Espírito Santo como pomba é inconfundível: “E,
sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se Lhe abriram os céus,
e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele” (Mt
3:16). Lucas desenvolve isso, dizendo: “E o Espírito desceu sobre Ele
em forma corpórea, como pomba” (Lc 3:22). Isso não significa que o
Senhor Jesus já não era habitado pelo Espírito Santo, mas sim que Ele
foi ungido com o Espírito Santo para o serviço: “O Espírito do Senhor
Deus está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu para pregar as boas
novas aos mansos” (Is 61:1); “Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espí-
http://www.palavrasdoevangelho.com
rito Santo e com virtude; O qual andou fazendo bem, e curando a todos
os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At 10:38). Muitas
vezes é dito que no Velho Testamento a pomba “não achou repouso para
a planta do seu pé” (Gn 8:9), mas que aqui o Espírito Santo encontrou
pleno repouso em Cristo. Foi dito a João Batista: “Sobre Aquele que
vires descer o Espírito, e sobre Ele repousar, esse é o que batiza com o
Espírito Santo” ( Jo 1:33).
Como era de se esperar, foi muito apropriado que o Espírito Santo
descesse “como pomba” sobre o Senhor Jesus. Os símbolos bíblicos não
podem ser melhorados, e somente três das várias referências à pomba já
serão suficientes para enfatizar esse ponto.
A pomba tem a natureza pura
Repare as palavras do esposo, ao falar da esposa: “A minha pomba,
a minha imaculada, a única da sua mãe, e a mais querida daquela que
a deu à luz” (Ct 6:9). Nesse contexto, devemos notar que a pomba era
um pássaro limpo, e podia ser trazida como sacrifício (Lv 1:14; 12:6, 8).
Não é à toa que o Espírito de Deus é chamado o “Espírito Santo”, e que
numa passagem que recomenda pureza moral, lemos: “… porque não
nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação. Portanto
quem despreza isto não despreza o homem, mas sim a Deus, que nos
deu o Seu Espírito Santo” (I Ts 4:7-8).
É igualmente significativo que foi na sinagoga de Nazaré, cidade da
qual Natanael falou: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” ( Jo 1:46),
que o Senhor Jesus leu: “O Espírito do Senhor é sobre Mim” e prosse-
guiu dizendo: “hoje se cumpriu essa Escritura em vossos ouvidos” (Lc
4:18, 21). Jamais foi necessário dizer a Ele: “Não entristeçais o Espírito”
(Ef 4:30). De fato, esta possibilidade nunca poderia existir, pois “nEle
não há pecado” (I Jo 3:5).
A pomba tem um comportamento meigo
Quando o Senhor Jesus enviou Seus discípulos, eles não tinham
ilusões quanto à recepção que teriam: seriam como “ovelhas no meio de
lobos”. Mas em tudo isso, deveriam ser “prudentes como as serpentes
e inofensivos como as pombas” (Mt 10:16). Quando o Espírito Santo
desceu sobre o Senhor Jesus, Ele não veio como “um vento veemente e
impetuoso”, ou como “fogo” (At 2:2-3), mas “como uma pomba”, indi-
cando com isso, entre outras coisas, a meiguice do Seu ministério, que já
http://www.palavrasdoevangelho.com
28 O Espírito da Glória
Vento
O vento é um símbolo do Espírito Santo em pelo menos duas ma-
neiras: simboliza Sua soberania e enfatiza Seu poder.
Sua soberania
O Senhor Jesus mencionou o vento como uma figura do Espírito
Santo. Veja, por exemplo, João 3:8: “O vento (pneuma) assopra onde
quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;
assim é todo aquele que é nascido do Espírito (pneuma)”. Vale a pena
destacar o erro daqueles que questionam esta afirmação argumentando
que a ciência pode explicar as origens e movimentos dos ventos. Tais
críticas ignoram o fato que o Senhor Jesus estava falando com Nicode-
mos, naquela ocasião, e a incapacidade de Nicodemos de detectar “a ori-
gem de uma corrente de vento específica, e seu destino”* não significava
falta de conhecimento do próprio Criador, pois “todas as coisas foram
feitas por Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez” ( Jo 1:3). Fora dis-
so, a lição é clara: a maneira precisa como o Espírito Santo opera está
além de revelação, mas não há dúvidas sobre o resultado. Como dizem
as palavras do poeta:
Não sei como o Espírito opera
Para os homens, do pecado convencer.
Revelando a Jesus pela Palavra,
Produzindo fé, para que possam crer.†
D. W. Whittle
Seu poder
“E cumprindo-se [“quando estava sendo cumprido”] o dia de Pen-
tecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; e de repente
veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e en-
cheu toda a casa em que estavam assentados … E todos foram cheios
do Espírito Santo” (At 2:1-4). Devemos notar:
30 O Espírito da Glória
veio de cima. Não era terrena, mas celestial. A vinda do Espírito Santo
atestou a ressurreição e ascensão do Senhor: “Deus ressuscitou a este
Jesus, de que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela
destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (At 2:32-33). Compare João
7:39: “E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que nEle
cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus
não ter sido glorificado”.
Fogo
O batismo no Espírito (At 1:5), no dia de Pentecostes, não foi
acompanhado apenas de um “som, como de um vento veemente e im-
petuoso”, mas também de “línguas repartidas como que de fogo” (At
2:2-3). Deixando, por agora, a expressão “línguas repartidas”, devemos
notar que Lucas descreve a vinda do Espírito Santo como línguas re-
partidas de fogo. O aparecimento de fogo, ou chamas, sempre foi uma
figura impressionante da presença de Deus em santidade e pureza. Veja
Êxodo 3:1-8: “E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo
do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça
não se consumia … e disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de
teus pés; por que o lugar em que tu estás é terra santa … E disse o Se-
nhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito
… Portanto desci para livrá-lo” (Êx 3:1-8). Mais tarde, no Sinai, Deus
desceu “em fogo” (Êx 19:18); veja também Êxodo 24:17. Em Deutero-
nômio 4:24 vemos o Senhor como “um fogo que consome, um Deus
zeloso”. Esta passagem é citada em Hebreus 12:29: “O nosso Deus é um
fogo consumidor”.
João observou que “diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo,
as quais são os sete Espíritos de Deus” (Ap 4:5). Já que nas Escrituras o
número sete indica perfeição, inteireza, as palavras “os sete Espíritos de
Deus que estão diante do Seu trono” e “os sete Espíritos de Deus” (Ap
1:4; 3:1), expressam perfeição de poder, mas na descrição “diante do tro-
no ardiam sete lâmpadas” a ênfase é colocada na absoluta perfeição do
juízo Divino. Todas as coisas estão sujeitas “à prova do poder penetrante
do Espírito” *. Podemos entender, portanto, ainda melhor (veja nossos
comentários sobre a natureza da pomba) por que o Espírito de Deus é
chamado de “o Espírito Santo”. Também podemos compreender por
que Paulo usa as palavras: “… no qual todo edifício, bem ajustado cresce
para templo santo no Senhor” (Ef 2:21).
32 O Espírito da Glória
Rios
Devemos dizer que nas Escrituras a água parada é uma figura da
Palavra de Deus, água corrente (ou em movimento) é uma figura do
Espírito Santo, e a água do mar é uma figura das nações. João chama a
nossa atenção aos acontecimentos na “festa dos judeus, a festa dos ta-
bernáculos” ( Jo 7:2). “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-
-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a Mim, e beba.
Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do
seu ventre. E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que
Nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda
Jesus não ter sido glorificado” ( Jo 7:37-39).
A. W. Pink sugere que o ventre é “aquela parte do homem que sem-
pre anseia por algo”, e cita as palavras de Paulo: “… cujo deus é o ventre”
(Fp 3:19) . Pink continua:
O “ventre” é aquela parte do homem que nunca está totalmente
satisfeita, pois sempre clama por algo mais, para aplacar seus
desejos. Mas o que é interessante, sim, bendito, é o fato que o
cristão não apenas está satisfeito, mas ele transborda daquilo que
satisfaz — das suas entranhas “correm rios de água viva”. A ideia
* VINCENT, M. R. Word Studies of the New Testament. Grand Rapids, MI: Wm. B.
Eerdmans Publishing Co., 1977.
† SCOFIELD, C. I. Reference Bible — notas marginais.
‡ ANDERSON, J. Comentário Ritchie do NT, volume 5 — Atos. Pirassununga: Editora
Sã Doutrina, 1999.
http://www.palavrasdoevangelho.com
é mesmo impressionante*.
Azeite
Não há dúvida de que azeite é uma figura do Espírito Santo. Entre
outras coisas, devemos considerar a maneira como o azeite retrata Seu
poder santificador, Sua força para testemunhar, e Sua provisão susten-
tadora para a vida espiritual.
Seu poder santificador
No Velho Testamento os homens eram ungidos com azeite, indi-
cando que Deus os tinha separado para um serviço especial, e os ca-
pacitado para isso. Quando Saul foi ungido para ser rei, Samuel disse:
“… e o Espírito do Senhor se apoderará de ti” (I Sm 10:1, 6). Quando
Davi foi designado rei em lugar dele, lemos que “então Samuel tomou
o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia
em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi” (I Sm 16:13). Já
destacamos as palavras do Senhor Jesus: “O Espírito do Senhor está so-
bre Mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos man-
sos” (Is 61:1). Os cristãos, hoje em dia, são semelhantemente ungidos:
“Mas Aquele que nos confirma convosco em Cristo [ JND, margem:
literalmente “para Cristo”, significando “anexar firmemente a … conec-
tar firmemente com”] e nos ungiu é Deus; que também nos selou e nos
deu o penhor do Espírito em nossos corações” (II Co 1:21, ARA). João
escreve: “E vós tendes a unção do Santo, e conheceis tudo” (I Jo 2:20), e
“a unção que dele recebestes permanece em vós” (I Jo 2:27, ARA).
Seu poder para testemunhar
O livro de Zacarias nos dá um excelente exemplo da provisão divina
para testemunhar. Entre outras coisas, o profeta viu “um castiçal todo de
ouro, e um vaso de azeite no seu topo, com as suas sete lâmpadas; e sete
canudos, um para cada uma das lâmpadas que estão no seu topo. E, por
* PINK, A. W. Exposition of the Gospel of John. Grand Rapids, MI: Zondervan Pub-
lishing House, 1975.
http://www.palavrasdoevangelho.com
34 O Espírito da Glória
cima dele, duas oliveiras … Então respondeu o anjo que falava comigo,
dizendo-me … Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não
por força, nem por violência, mas sim pelo Meu Espírito, diz o Senhor
dos Exércitos” (Zc 4:2-6). As duas “oliveiras” que “estão junto aos dois
tubos de ouro e que vertem de si azeite dourado” são identificadas como
“os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a terra” (Zc 4:12-
14).
A visão apresenta um problema imediato. Se, como no Tabernáculo,
o castiçal nos fala do Senhor Jesus, como pode ser alimentado pelas
“duas oliveiras” que são claramente descritas como “os dois ungidos, que
estão diante do Senhor de toda a terra” (v. 14)? O azeite para o castiçal é
fornecido por eles, e foi dito a Zacarias que isto representava o Espírito
Santo. Embora o ministério do Senhor Jesus é sempre no poder do
Espírito Santo, Ele não recebe o Espírito Santo através de outros. Pelo
menos isso deve ser muito óbvio a todos nós.
Qual é, então, o significado do castiçal visto por Zacarias? Um cas-
tiçal tem uma função específica, que é, obviamente, dar luz. Esta é pre-
cisamente a intenção de Deus para Israel: “… também te dei para luz
dos gentios, para seres a Minha salvação até a extremidade da terra” (Is
49: 6). “Por amor de Sião não Me calarei, e por amor de Jerusalém não
Me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua
salvação como uma tocha acesa” (Is 62:1).
Israel foi a nação escolhida para ser a testemunha do único verda-
deiro Deus, e os sete braços do castiçal no coração da sua vida nacional
eram um símbolo da sua vocação nesse sentido. Infelizmente Israel fa-
lhou, e o auge do seu pecado foi a rejeição e crucificação do seu Messias.
Isto levou à remoção do testemunho nacional, e o início de um novo
testemunho — daí os “sete castiçais de ouro” (Ap 1:12). A visão de Za-
carias nos mostra, entretanto, que o propósito de Deus para o Seu povo
terrestre será cumprido: Israel será novamente um portador da luz, e
o poder da sua luz — o poder do Espírito Santo — será suprido pelas
“duas oliveiras”, ou os “dois ungidos”. O fato de serem descritos como
“oliveiras” e “que vertem de si azeite dourado” (v. 12), mostra que eles
têm os recursos para manter a obra do castiçal.
No tempo da visão de Zacarias, o testemunho era mantido por dois
homens: Josué e Zorobabel. Josué era o sumo sacerdote; Zorobabel o
líder civil, e sendo da descendência de Davi, era um ancestral do Senhor
Jesus (Mt 1:12-13). Os dois homens são frequentemente mencionados
http://www.palavrasdoevangelho.com
juntos (veja Ageu 1:1, 12; 2:2, etc.), e algumas lições importantes sur-
gem dessa ligação. A posição de Josué é enfatizada no cap. 3; a posição
de Zorobabel é enfatizada no cap. 4. Devemos notar que a fonte de
provisão não é realmente mencionada. A expressão “dois ungidos” (“dois
filhos de azeite”) descreve dois homens cheios do Espírito Santo.
Mas isso não esgota a passagem. Apocalipse 11 descreve as “duas
testemunhas” de Deus no final dos tempos, quando Jerusalém se tor-
nará, espiritualmente, “Sodoma e Egito, onde o Senhor também foi
crucificado” (v. 8). Elas são descritas como “as duas oliveiras e os dois
castiçais que estão diante do Senhor da terra” (v. 4). Assim Deus terá
um testemunho mesmo naqueles dias escuros, e este será mantido pelo
Espírito Santo. Mas a passagem certamente antecipa ainda mais do que
isto. O testemunho final de Israel para o mundo não depende de Josué
e Zorobabel, nem das duas testemunhas de Apocalipse 11.
Zacarias 6 refere-se ao “sacerdote no Seu trono” (v. 13). Agora
não se trata mais de Josué, o sacerdote, e Zorobabel da linhagem real,
mas dos dois ofícios combinados em uma Pessoa. (Isto nos lembra de
Melquisedeque, Gn 14:18 etc.) Quem é o “sacerdote no Seu trono”?
O sacerdote-rei não é outro senão “o Renovo”. “Assim diz o Senhor
dos Exércitos: Eis aqui o Homem cujo nome é Renovo; Ele brotará
do Seu lugar, e edificará o templo do Senhor” (v. 12). A visão do cap. 4
de Zacarias será finalmente cumprida quando Cristo vier para reinar.
Ele dará ao Seu povo o poder espiritual para iluminar o mundo inteiro.
O Seu ministério então, como antes, será no poder do Espírito Santo:
“… repousará sobre Ele o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria
e entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de
conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11:2).
Sua provisão sustentadora para a vida espiritual
Um acontecimento na vida do profeta Elias oferece um belo quadro
da provisão infalível para “vida e piedade”. Tendo ouvido: “Levanta-te,
e vai para Sarepta … e habita ali; eis que Eu ordenei ali a uma mulher
viúva que te sustente”, o profeta obedeceu sem duvidar, e foi sustentado,
junto com a viúva e seu filho, através de “um punhado de farinha numa
panela” e “um pouco de azeite numa botija” durante “muitos dias” (I Rs
17:8-16). Lemos claramente que tudo começou com “um punhado de
farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija”. Para quem
visse, os recursos eram praticamente nulos. Mas o Deus vivo estava en-
http://www.palavrasdoevangelho.com
36 O Espírito da Glória
Para a mente carnal, como foi inicialmente com a viúva, estas coisas
não são recursos. Mas como é diferente com os filhos de Deus! O nosso
Deus é um Deus de fartura, não um Deus de miséria.
A referência de Paulo à unção (II Co 1:21) é acompanhada de mais
dois símbolos do Espírito Santo: “O qual também nos selou, e deu o
penhor do Espírito em nossos corações” (v. 22).
Consideremos, então, estes dois.
Selo
Um selo, seja ele impresso na cera fixada num documento ou di-
retamente sobre o papel, estabelece a identidade e direito do dono da
propriedade à qual o documento se refere. Jeremias descreve (singular-
mente) uma transação de propriedades em que isto se deu: “Comprei,
pois, a herdade de Hanameel, filho de meu tio … e pesei-lhe o dinheiro
… e assinei a escritura, e selei-a, e a fiz confirmar por testemunhas; e pe-
sei-lhe o dinheiro numa balança. E tomei a escritura da compra, selada
segundo a lei e os estatutos, e a cópia aberta. E dei a escritura da compra
a Baruque …” ( Jr 32:9-12). O significado profético desta transação não
precisa nos deter, mas nos permite entender nossa segurança espiritual.
Já foi dito* que no selar “a ideia principal é a de segurança: ‘e, indo eles,
seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra’ (Mt 27:66)”. Assim
como a escritura em relação ao campo de Jeremias, nós fomos selados.
Escrevendo aos Efésios, Paulo diz: “… tendo Nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1:13); “… não entriste-
çais o Espírito, no Qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4:30).
O contexto da expressão “com o Espírito Santo da promessa” sugere não
tanto a promessa do Espírito Santo, mas o Espírito Santo cuja presença
garante o cumprimento da promessa.
Na sua Bíblia de referências, Scofield define o significado de um
selo como “uma transação terminada … Posse … Segurança”. Em ter-
mos modernos, contrabando recuperado pelas autoridades é empacota-
do, selado, e se torna a propriedade do Estado! No momento da nossa
conversão, nós fomos selados pela habitação imediata do Espírito San-
to, e Deus disse: “Tu és Meu”, e isto não somente durante a vida, mas
por toda a eternidade.
De passagem, isso pode nos ajudar a entender por que os 144.000
38 O Espírito da Glória
Penhor
“Fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o pe-
nhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para lou-
vor da Sua glória” (Ef 1:13-14); “Ora Quem para isto nos preparou foi
Deus, O qual nos deu também o penhor do Espírito” (II Co 5:5). “O
termo ‘penhor’ (arrabon) significa um depósito que é, em si mesmo, uma
garantia de que a quantia total será paga mais tarde.” * De acordo com
W. E. Vine† a palavra significava “originalmente, um adiantamento de-
positado pelo comprador e ressarcido se a compra não se completasse, e
era provavelmente uma palavra fenícia introduzida na Grécia. Ela veio
a significar, no uso geral, uma garantia ou penhor de qualquer natureza”.
Vine também destaca que “no grego moderno arranona é um anel de
noivado”. Isto é muito esclarecedor. Se um anel de noivado incorpora o
compromisso de um homem de cumprir a sua promessa e se casar com
sua amada, o Espírito Santo é Ele mesmo uma garantia divina de que
Deus cumprirá plenamente todas as promessas feitas ao Seu povo.
A palavra equivalente no Velho Testamento é traduzida “penhor”
em Gênesis 38:17-18, 20.
Judá prometeu enviar um cabrito de presente a Tamar, mas ela não
ficou satisfeita com uma mera promessa; ela queria um “penhor”;
então ele lhe deu o seu selo, cordão e cajado, que ela mais tarde
apresentou para vergonha dele. O Espírito, como o Penhor, é a
garantia dada por Deus de que Ele cumprirá a Sua promessa‡.
Conclusão
A presença e as atividades do Espírito Santo na dispensação atual
são alguns dos frutos da exaltação de Cristo. Ser habitado pelo Espírito
Santo é um imenso privilégio, mas como sempre, privilégios trazem
responsabilidades. A maravilhosa variedade no Seu ministério confe-
re peso à injunção: “… que não andamos segundo a carne” (Rm 8:4).
Em vista do variado significado de como Ele habita nos cristãos, bem
podemos nos perguntar, usando as palavras do apóstolo Pedro em ou-
tro contexto: “Que pessoas nos convém ser em santo trato e piedade?”
(II Pe 3:12). O Espírito Santo não apenas nos sustenta nas provações
presentes e é suficiente para toda obra — Sua presença em nós como
“o penhor da nossa herança” é uma lembrança constante de que não
vai demorar muito até que estejamos rodeando “o trono de Deus e do
Cordeiro” (Ap 22:3).
http://www.palavrasdoevangelho.com
Cap. 3 — A apresentação
do Espírito Santo
por Tom Wilson, Escócia
Pai e o Filho. Uma vez que o Senhor estava exaltado no Céu, o Espírito
revelou-Se ao Seu povo como o Intérprete do Velho Testamento e o
Inspirador das Escrituras do Novo Testamento. O Novo Testamento
revela muito acerca do Espírito Santo, na medida em que o próprio
Espírito nos transmitiu, através de vasos escolhidos como Paulo e João,
aquelas coisas que o Senhor revelaria para a edificação do Seu povo. Os
títulos usados pelo Espírito apresentam muito sobre Sua Pessoa e obra
da maneira como o Senhor quer que entendamos. Estas coisas estão
entre as muitas que o Senhor tinha ainda para dizer aos Seus quando
estava com eles, coisas que eles não podiam, naquela ocasião, suportar
( Jo 16:12).
John Ritchie* sugeriu que há, nas Escrituras, pelo menos trinta no-
mes e títulos do Espírito; e acrescentou: “… cada um com seu próprio
significado”. No entanto, a centralidade de Cristo na Bíblia, que é fruto
da obra do Espírito cujo prazer é glorificar a Cristo ( Jo 15:13-14), é
evidente quando notamos que mais de duzentos nomes e títulos são
atribuídos a Cristo†. Mesmo assim, J. E. Cummings‡ menciona oitenta
e seis referências ao Espírito no Velho Testamento, e duzentas e ses-
senta e uma no Novo Testamento; entre essas referências se encontram
Seus nomes e títulos. Na primeira referência, Ele é chamado “o Espírito
de Deus” (Gn 1:2); a última está em Apocalipse 22:17, onde o nome “o
Espírito” é usado. Aquele que é o Espírito Eterno não teve princípio e
Se movia sobre a face das águas (Gn 1:2). Na última referência, Ele está
associado com a Noiva, a Igreja. Entre a primeira e a última referência
ao Espírito Santo, há muitos títulos e nomes que devem ser considera-
dos em espírito de oração, alguns dos quais O apresentam na Sua glória
singular, enquanto outros revelam Sua condescendência em habitar na-
queles que conhecem o Salvador e em usá-los para a glória de Cristo.
Tão numerosos são os nomes e títulos associados com o Espírito
Santo que o autor decidiu separá-los em três categorias para os propó-
sitos deste artigo:
• Nomes que pertencem ao Espírito por causa da Sua Divindade es-
sencial;
* RITCHIE, J. The Holy Spirit, em The Faith. Kilmarnock: John Ritchie Ltd., 1999.
† PENTECOST, J. D. The Divine Comforter. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1963.
‡ CUMMINGS, J. E. Through the Eternal Spirit: A Biblical Study on the Holy Ghost.
New York: Fleming H. Revell, 1896.
http://www.palavrasdoevangelho.com
42 O Espírito da Glória
44 O Espírito da Glória
(Rm 8:2). Aquele mesmo capítulo revela que a vivificação dos nossos
corpos mortais será através do Espírito (Rm 8:11). Mais tarde, depois
que estivermos na glória, Ele vivificará os corpos das duas testemunhas,
três dias e meio depois de serem martirizados (Ap 11:11). Ele é o Espí-
rito de vida, porque Ele é Deus. Sabemos que, pelo Espírito, João revela
que “o Verbo era Deus” e “nEle estava a vida” ( Jo 1:1, 4). Sabemos que o
Pai tem vida em Si mesmo ( Jo 5:26). Associamos, corretamente, a vida
com o Espírito de vida.
O Um só Espírito, os Sete Espíritos de Deus
As duas referências finais na lista parecem, à primeira vista, ser con-
traditórias. Confessamos: “há … um só Espírito … um só Senhor …
um só Deus e Pai de todos, o Qual é sobre todos, e por todos e em
todos vós” (Ef 4:4-6). Somos batizados “em nome do Pai, e do Filho
e do Espírito” (Mt 28:19). A obra do “um só Espírito” que habita em
cada cristão está relacionada no contexto de Efésios 4 ao “um só corpo”.
“Há um só corpo e um só Espírito”. Sem a Sua obra o “um só corpo”
não teria vida, nem formaria um todo. Mas a apresentação do Espírito,
em Apocalipse, se contrasta grandemente com Seu poder unificador no
“um só corpo”. Apocalipse é o livro do Novo Testamento em que não
encontramos o nome “Pai” depois do cap. 3, mas encontramos as frases
“Aquele que estava assentado [“se assenta”] sobre o trono” (4:2-3; 5:1, 7,
13; 6:16; 7:10, 15; 19:4; 20:11; 21:5); e “o Senhor Todo-Poderoso, que
é, e que era, e que há de vir” (1:4, 8; 11:17). Apocalipse é o livro onde
o nome “Senhor Jesus” ou “Senhor Jesus Cristo” não é usado até 22:20,
mas o título “Cordeiro” é usado vinte e oito vezes. O próprio Senhor
fala “Eu, Jesus” (22:16). Não nos surpreende à luz das referências ao Pai
e ao Filho, que em Apocalipse encontramos uma fraseologia diferente
daquela usada em outros lugares do Novo Testamento, quando lemos
quatro vezes dos “sete Espíritos de Deus”. O número sete é muito des-
tacado em Apocalipse desde a sua primeira menção (“as sete igrejas”,
Ap 1:1) até à última (“das últimas sete pragas”, Ap 21:9). Mas a ênfa-
se no número sete não explica o sentido da frase “os sete espíritos de
Deus”, nem a razão para o seu uso. Na Revelação de Jesus Cristo alguns
dos fios das Escrituras do Velho Testamento são entrelaçados na tece-
lagem de uma magnífica tapeçaria das glórias de Cristo. Lembramos
que em Isaías 11:2-3 o Messias é caracterizado como Aquele em Quem
“repousará o Espírito do Senhor”. A plenitude daquela efusão sobre
http://www.palavrasdoevangelho.com
46 O Espírito da Glória
48 O Espírito da Glória
operou nas nossas almas para nos conferir a santificação para que pos-
samos ter comunhão com o nosso Deus. Como já notamos acima, o uso
do nome “o Espírito do Deus vivo” é um contraste flagrante com a letra
morta da Lei que os falsos mestres recomendavam a qualquer gentio
que se voltava para Cristo. Em contraste com aquilo que apenas servia
para condenar, “o Espírito do Deus vivo” opera no coração do salvo. Para
os primeiros destinatários daquela carta a Corinto, haveria também um
contraste evidente com os ídolos mortos que eles haviam adorado.
O Espírito de vosso Pai, o Espírito daquele que dentre os
mortos ressuscitou a Jesus
As referências ao “Espírito de vosso Pai” e ao “Espírito Daquele
que dentre os mortos ressuscitou a Jesus” ligam, de uma forma muito
evidente, o Espírito com os interesses do Pai. A única outra referência,
no Novo Testamento, que identifica o Espírito tão intimamente com o
Pai está em Efésios 3:14-16 “… o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…
segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados
com poder pelo Seu Espírito”. Todos estes títulos indicam o prazer que
o Pai tem em vindicar a Cristo, seja num santo acusado perante gover-
nadores ou reis, ou gentios ignorantes e idólatras (Mt 10:19-20); ou
em triunfo ao ressuscitar Cristo perante as hostes derrotadas do infer-
no (Rm 8:11); ou na experiência diária de um cristão exaltando Cristo
ao lugar de preeminência no coração (Ef 3:14-16). As referências aos
santos de Deus sendo acusados perante as autoridades judaicas são um
incentivo para todos que são perseguidos pelos judeus ou gentios. O
interesse do Pai está claramente evidente no nome que o Senhor Jesus
emprega: “O Espírito de vosso Pai” (Mt 10:20). Já notamos que, escre-
vendo sobre o mesmo assunto, Pedro usa o nome “o Espírito da glória
e de Deus” (I Pe 4:14). Numa passagem paralela, em alguns aspectos,
à Mateus 10, o Senhor promete aos acusados: “Eu vos darei boca e
sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se
vos opuserem” (Lc 21:15). Estêvão provou a verdade dessa promessa ao
enfrentar a agressividade dos judeus, e Paulo também, diante dos po-
deres romanos: “O Senhor assistiu-me e fortaleceu-me” (II Tm 4:17).
Evidentemente os recursos celestes estão a favor do santo. Mesmo que
o resultado seja o martírio, os interesses do Pai serão garantidos pelo
Espírito (Rm 8:11). O fato dEle habitar no santo garante que ele será
ressuscitado de entre os mortos. Pode parecer que ele morreu uma mor-
http://www.palavrasdoevangelho.com
* ALFORD, H. Alford’s Greek Testament Volume II. Grand Rapids, MI: Baker Book
House, 1980.
† KELLY, W. An Exposition of the Acts of the Apostles. London: C. A.Hammon, 1952.
http://www.palavrasdoevangelho.com
50 O Espírito da Glória
Cristo em mim”.*
O Espírito de Jesus Cristo
Escrevendo aos filipenses Paulo usou a frase “o socorro do Espírito
de Jesus Cristo” (Fp 1:19). É certo que aquela frase poderia se refe-
rir aos suprimentos futuros que Cristo disponibilizaria a Paulo, mas
também deve ser levado em consideração que talvez o próprio Paulo
fosse encorajado pelo mesmo poder que tão ricamente supriu o próprio
Senhor. O Espírito de Jesus Cristo é tanto o Dom como o Doador!
Lembramo-nos da declaração de João: “… não Lhe dá Deus o Espírito
por medida” ( Jo 3:34). Não nos admira que as características daquele
Homem bendito, tanto em público como em particular, deleitavam o
Céu. Parece que havia na igreja dos filipenses muito que dava prazer
ao coração do Senhor. Todas essas características são produzidas pelo
“socorro do Espírito de Jesus Cristo” (Fp 1:19); não são o resultado de
uma disposição natural.
O Espírito de Seu Filho
Escrevendo aos gálatas, Paulo descreve a experiência judaica ante-
rior à vinda de Cristo como a de um menor colocado, pelo seu pai, sob
um pedagogo. Os judeus permaneceram nessa posição até que “Deus
enviou Seu Filho … para remir” (Gl 4:4-5). Essa obra era essencial
para remir os que estavam debaixo da Lei, como também era essencial
o envio do Espírito para habitar nos judeus e gentios que se convertes-
sem a Cristo. Lemos em outras partes do Pai enviando o Espírito, e do
Filho enviando o Espírito ( Jo 14:16, 26; 15:26; 16:7), mas aqui o Pai
que enviou Seu Filho envia o Espírito, que é chamado o Espírito de Seu
Filho (Gl 4:6). No contexto, Ele dá o poder para que o santo tenha co-
munhão com o Pai. A grandeza deste privilégio é destacada na própria
linguagem que o filho será capaz de usar; Ele poderá se dirigir a Deus
com a mesma linguagem que o próprio Senhor usou: “Aba, Pai” (Mc
14:36). Entretanto a linguagem de comunhão não revela plenamente
por que é usado o nome “o Espírito de Seu Filho”. Reconhecemos, com
base na ressurreição, que o Senhor Jesus demonstrou o pleno alcance
do privilégio da filiação quando Ele anunciou: “Eu subo para Meu Pai
e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” ( Jo 20:17). O ministério da filia-
* LECKIE, A. Romans: a Commentary on Chapters 1- 8. Fareham: Precious Seed
Publications, 2007.
http://www.palavrasdoevangelho.com
52 O Espírito da Glória
ção foi inicialmente revelado pelo Filho que Deus enviou ao mundo. É
o Espírito do Seu Filho que faz o coração responder ao privilégio de
sermos filhos.
54 O Espírito da Glória
“destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém” (Zc 12:9). Ele
não somente trabalhará por Israel, mas neles através do Seu Espírito.
Naquele dia, a nação que endureceu o seu coração contra Ele no Seu
primeiro advento se derreterá em súplicas e lamentos e amargura. O
Espírito os moverá, tribo por tribo, família por família. Eles reconhe-
cerão que a sua nação obstinadamente interpretou mal passagens como
Isaías 53, porque não havia nenhuma beleza naquele que é descrito na-
quela passagem, para que O desejassem (Is 53:2). Essa nação há de ne-
cessitar graça para suplicar; caso contrário seria devorada de demasiada
tristeza (II Co 2:7). Haverá graça para os quebrantados de espírito. Em
Hebreus 10, entretanto, não se trata da necessidade dos quebrantados
de espírito e arrependidos. Encontramos ali aqueles que abandonam a
obra de Cristo em apostasia. Eles pisam o Filho de Deus, o sangue do
concerto e o Espírito da graça. A obra do Espírito da graça que encon-
trariam estaria em contraste total com as obras da Lei que os afastavam
de Cristo. Como o Espírito da graça, Ele operaria naqueles que deixa-
ram o ritual do Templo pela realidade de Cristo. Teria sido uma obra
de consolidação, estabelecendo aqueles que foram atraídos a Cristo em
graça. Nossas circunstâncias podem ser diferentes das que Zacarias e o
escritor aos Hebreus tinham em mente, mas o ministério do Espírito
da graça ainda é necessário, levando-nos à súplicas, e garantindo a con-
solidação da obra de Deus nas nossas almas.
O Espírito de adoção, o Espírito da promessa
Duas apresentações no Novo Testamento, muito agradáveis a todos
os que se regozijam na salvação, são: “o Espírito de adoção” (Rm 8:15),
e o “Espírito Santo da promessa” (Ef 1:13). A primeira revela um pri-
vilégio presente que pertence aos filhos de Deus, e a segunda também
está relacionada ao período presente, antes da entrada dos herdeiros da
promessa na sua herança. O Espírito veio para que pudéssemos manter
o gozo do relacionamento que pertence a filhos, uma relação que nem
mesmo os santos mais piedosos do Velho Testamento conheceram; eles
eram mais como servos do que filhos (Gl 4:1-7). Eles não tinham o
direito de se dirigir a Deus como “Aba Pai”. Num lar rico do primeiro
século, onde havia servos, um filho tinha privilégios que os servos não
tinham. Se, com o coração transbordando de gratidão, o filho quisesse
expressar a sua gratidão, ele podia fazê-lo. Se o filho sobrecarregado
de problemas quisesse ouvir o conselho do seu pai, ele podia falar li-
http://www.palavrasdoevangelho.com
56 O Espírito da Glória
As glórias do Espírito
Notamos acima que o Senhor ensinou que o Espírito não falaria
por Si mesmo: “… não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que ti-
ver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” ( Jo 16:13). Notamos que
nosso Senhor Jesus não disse que o Espírito Santo não falaria sobre Si
mesmo. Ele disse, sim, que o Espírito não falaria “por Si mesmo”, isto
é, Ele não falaria por Sua própria autoridade independente, mas em
comunhão com o Pai e o Filho. Visto que Ele não fala independente-
mente, temos a garantia de que toda glória que Ele revela de Si mesmo
é Sua por direito, e que toda revelação é feita em comunhão com o Pai
e o Filho. Nós regozijamos, e com razão, na apresentação do Espírito
de Deus nas Escrituras. Ela é necessária e suficiente para o crescimento
espiritual e o viver uma vida cristã. Esta apresentação da Pessoa e da
obra do Espírito é necessária porque nenhum homem pode decifrar o
Espírito de Deus por meio de pesquisa. Ela é suficiente porque a partir
da apresentação das Escrituras podemos confessar: “Mais comprida é a
sua medida do que a terra, e mais larga que o mar” ( Jó 11:7-9).
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
Ao considerar o assunto do papel do Espírito Santo na revelação
e na inspiração, é significativo que as duas passagens fundamentais das
Escrituras que tratam disso se encontram em segundas epístolas: II Ti-
móteo 3:16 e II Pedro 1:20. Aqueles que leem a Bíblia com atenção sa-
bem que as segundas epístolas têm uma relação especial com os últimos
dias da dispensação da graça. Ao incluir esses versículos preciosos nas
segundas epístolas, o Espírito de Deus aparentemente está nos alertan-
do para o fato que a verdade da inspiração divina das Escrituras sofrerá
ataques especiais nos nossos dias.
Desde que se completou o cânon, Satanás e seus emissários estão
empenhados numa campanha incansável contra a integridade das Es-
crituras; e seus esforços se intensificaram desde o início do século XX.
A primeira tentativa de minar a confiança humana na Palavra de Deus
começou no Jardim do Éden, quando Satanás disse a Eva: “É assim
que Deus disse?” (Gn 3:1). Esta rejeição da Palavra de Deus ainda está
conosco hoje, e estamos naquele período do qual Paulo escreveu em II
Timóteo 4:3-4: “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina;
mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores confor-
me as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade,
voltando às fábulas”.
Para levar adiante o ataque à Palavra de Deus, tem havido uma ten-
tativa combinada para desacreditar as doutrinas fundamentais da inspi-
ração plena e da inspiração verbal das Escrituras Sagradas. Por verbal,
queremos dizer que cada uma das palavras dos documentos originais
é inspirada por Deus. Por plena, queremos dizer que todas as palavras
são inspiradas por Deus. Todas as palavras dos manuscritos originais
das Sagradas Escrituras, de Gênesis a Apocalipse, são inspiradas. Cada
palavra com seus detalhes individuais, e todas as palavras juntas, for-
http://www.palavrasdoevangelho.com
58 O Espírito da Glória
Explicação
Revelação
Quando falamos sobre revelação divina, nos referimos a qualquer
meio que não poderia, de outra forma, ser encontrado, por meio do
qual Deus revela a verdade ao homem. Em II Coríntios 12:1 Paulo
fala de receber “revelações do Senhor”. Em I Coríntios 2:10-11, Paulo
mostra que assim como somente o próprio homem pode revelar os pen-
samentos mais íntimos do seu coração a outra pessoa, assim também
somente o Espírito Santo pode revelar ao homem “as profundezas de
Deus”. O homem não tem capacidade para descobrir verdades acerca de
Deus, a não ser que o Espírito Santo as revele. O agnóstico duvida que
http://www.palavrasdoevangelho.com
60 O Espírito da Glória
num tempo e para homens escolhidos por Deus. Essas revelações não
poderiam ser compreendidas pelos homens se tivessem sido feitas numa
época anterior. Paulo descreve a si mesmo e seus cooperadores como
“ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Co 4:1).
Está além do alcance deste capítulo tratar dos mistérios doutrinários
do Novo Testamento, mas o leitor que fizer deles um assunto de estudo
pessoal terá uma rica recompensa na revelação da verdade. Outro as-
sunto relacionado que podemos mencionar apenas de passagem é o dos
milagres. Em certas ocasiões, Deus usou milagres para substanciar ou
corroborar a mensagem na Sua revelação. Em II Coríntios 12:12 Paulo
fala dos “sinais do meu apostolado”. Ele está se referindo aos aconteci-
mentos milagrosos realizados por Paulo para convencer os homens da
autenticidade da mensagem que Deus o tinha enviado a proclamar. Ao
verem a evidência do poder Divino em operação, Deus tornou claro
o conteúdo da Sua revelação e demonstrou a veracidade dela. Este é
o sentido de Hebreus 2:4: “Testificando também Deus, por sinais, e
milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por
Sua vontade”.
Entretanto, embora a Bíblia toda seja a Palavra inspirada de Deus,
ela não é toda revelação. Há muitas passagens históricas que registram
coisas que não podem ser consideradas como revelação. Por exemplo,
quando Satanás disse a Eva: “Certamente não morrereis” — essas pala-
vras, quando faladas por Satanás, não eram uma revelação de Deus. Mas
em Gênesis 3:4 temos o registro divinamente inspirado da insinuação
maligna de Satanás, assim assegurando a exatidão do relato. O mesmo
se aplica ao exemplo nas Escrituras Sagradas onde as palavras dos ho-
mens maus são registradas com exatidão por inspiração divina. Nesses
casos a inspiração não confere crédito ao que os homens maus disseram,
mas garante que o registro do que eles disseram é verdadeiro e exato.
Revelação progressiva
Nas Escrituras, a revelação da verdade é progressiva. Isso não quer
dizer que revelações sucessivas corrigem ou eliminam revelações pré-
vias; mas sim, que elas acrescentam às anteriores, dando-nos uma com-
preensão mais completa. Mais verdade está sendo adicionada àquela
que já é conhecida. Uma das primeiras afirmações de Deus na Bíblia
se encontra em Gênesis 3:15: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe fe-
http://www.palavrasdoevangelho.com
62 O Espírito da Glória
64 O Espírito da Glória
que eles por sua vez comunicassem essa revelação aos seus semelhan-
tes. Essa revelação não foi transmitida por palavras escolhidas por eles,
antes, as palavras foram a escolha do Espírito Santo, descritas em I
Coríntios 2:13 como as palavras “que o Espírito Santo ensina”.
É importante distinguir entre revelação e inspiração. Elas diferem
em que revelação é a transmissão de verdade que não pode ser desco-
berta pela mente humana; mas a inspiração garante que a verdade que
Deus deseja que os homens conheçam é registrada com exatidão, para
que tenha autoridade e seja infalível. Revelação significa aquilo que o
homem sabe sobre Deus, enquanto inspiração assegura que aquilo que o
homem sabe sobre Deus é exatamente, palavra por palavra, como Deus
queria que fosse escrito. Revelação e inspiração estão intimamente liga-
das quanto à maneira em que as Santas Escrituras nos foram disponibi-
lizadas; no entanto, são distintas. Por exemplo, Moisés subiu ao Monte
Sinai para receber instruções sobre a construção do Tabernáculo, por
revelação de Deus; e então, mais tarde, ele registrou tudo, por inspiração,
naquilo que hoje conhecemos como o livro de Êxodo. Moisés recebeu a
revelação no Sinai, e mais tarde registrou essa revelação por inspiração
divina.
Uma das melhores definições de inspiração continua sendo a do
Professor Gaussen, um teólogo do século XIX, que a defendeu resolu-
tamente no seu livro The Inspiration of the Holy Scriptures ( “A Inspiração
das Sagradas Escrituras”):*
… esse termo é usado para descrever o poder misterioso que o
Espírito Divino exerceu sobre os autores das Escrituras do Velho
e do Novo Testamento, capacitando-os para que as redigissem
na forma em que foram recebidas pela Igreja de Deus das mãos
deles. “Toda Escritura”, diz um apóstolo, “é teopnêustica".
* GAUSSEN, L. Prof. The inspiration of the Holy Scriptures. Chicago: Moody Press,
1949, pág.23.
† PACHE, R. The Inspiration and Authority of Scripture. Chicago: Moody Press, 1974,
pág. 45.
http://www.palavrasdoevangelho.com
66 O Espírito da Glória
68 O Espírito da Glória
Implicações
As implicações da inspiração e da revelação divinas são ao mes-
mo tempo confortantes e desafiadoras. Podemos encontrar um imenso
conforto na leitura da Palavra de Deus, pois ela é infalível e confiável.
Também somos desafiados ao lê-la, sabendo que ela tem autoridade e
precisa ser obedecida. A seguir, trataremos brevemente da veracidade e
da importância das Sagradas Escrituras.
Veracidade
Não há dúvida de que Deus é como descrito nas Escrituras, o “Deus
http://www.palavrasdoevangelho.com
70 O Espírito da Glória
72 O Espírito da Glória
Conclusão
A inspiração divina das Sagradas Escrituras é afirmada pela Lei,
pelos Profetas, e pelos Salmos; pelo ensino do Senhor Jesus nos Evan-
gelhos; pela pregação dos Seus apóstolos no livro de Atos; nas epístolas
do Novo Testamento e no livro de Apocalipse. Há uma perfeita con-
cordância através de toda a Bíblia de que ela veio diretamente de Deus.
A origem das Sagradas Escrituras determina a sua substância, e tanto a
origem quanto a substância a dotam de supremacia.
Introdução
O Espírito Santo é o autor tanto do Velho quanto do Novo Tes-
tamento, e Sua obra em relação à Inspiração já foi considerada no cap.
4 deste livro. Devido a esta autoria divina não há elemento confuso
ou contraditório quanto à Pessoa ou obra do Espírito Santo em qual-
quer passagem do livro sagrado. O Velho Testamento contém muitas
referências ao Espírito Santo, mencionadas explicitamente e represen-
tadas ilustrativamente em tipos ou visões. O pleno alcance da revelação
quanto a esta Pessoa Divina só pôde ser obtido com a chegada do Novo
Testamento. Contudo, temos que admitir que um estudo dos atos do
Espírito Santo nos tempos do Velho Testamento é muito importante
para nos dar uma apreciação correta de como Ele opera na era presente,
e de como Ele há de agir na era vindoura.
Esta apreciação é muito prática e importante, uma vez que alguns
cristãos, com ideias confusas sobre o modo de agir do Espírito Santo
na presente Dispensação da Graça, têm se apropriado de passagens do
Velho Testamento sobre o Espírito Santo e as aplicado diretamente a
si mesmos, com resultados tristes e prejudiciais. Nas eras sucessivas da
história da Igreja houve diversas manifestações de fenômenos que são
atribuídos à ação do Espírito Santo, mas quando vistos do ponto de
vista dispensacional (isto é, “manejando [dividindo] bem” a Palavra da
verdade) podem ser identificadas biblicamente como as obras astutas da
carne, que tendem a promover os desígnios do inimigo*.
Embora haja muitos livros de ajuda sobre o Espírito Santo e Seu
ministério, é bom reconhecer que a recuperação da verdade dispensa-
cional†, no século XIX, enfatizou aspectos negligenciados da obra do
Antes do Dilúvio
Criação
Bem no começo das Sagradas Escrituras, encontramos referências
ao Espírito Santo. A narrativa da Criação se inicia com Ele se movendo
sobre a face das águas quando a Terra estava no seu caos primordial
(Gn 1:2). A palavra “mover” também poderia ser traduzida “agitar”, “es-
voaçar”, como as asas de um pássaro. Esse papel criatorial do Espírito
Santo é mencionado em Jó 26:13: “Pelo Seu Espírito ornou os céus”.
Salmo 33:6 também fala metaforicamente do Espírito Santo na Cria-
ção: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles
pelo Espírito da Sua boca”.*
O Espírito Santo não é apenas central na Criação, mas também
está envolvido na sustentação da Criação através daquilo que podemos
considerar como sendo as leis da natureza (veja Sl 104:29 e Is 34:16).
Versículos como esses deveriam obrigar os cristãos a julgar as pressu-
posições ateístas ou agnósticas da ciência natural contemporânea como
fundamentalmente falhas†.
A Nova Criação é um termo do Novo Testamento que se apropria
da doutrina da Criação do Velho Testamento, e a centralidade do Espí-
rito Santo é tão importante em uma quanto na outra‡. A doutrina do
novo nascimento não é exclusiva ao Novo Testamento. Nicodemos foi
admoestado pelo Senhor Jesus Cristo por causa da sua fraca compreen-
são desta importante doutrina do Velho Testamento, que alguém com
and defended de Roy Huebner (Present Truth Publishers, Jackson, NJ, 2004) e Life in
the victory of Christ: the meaning of law and grace in the life of Christians according
to John Nelson Darby, de Berthold Schwarz (Giessen, 2008).
* Ou “sopro” (ARA). Essa expressão muitas vezes se refere ao Espírito Santo. Veja
também Is 11:4, 30:27-33, Ez 37:1-14.
† É muito perigoso entrar numa discussão apologética com cientistas incrédulos se
concordarmos em nos restringir aos fatos científicos estabelecidos. A depravação da
mente não regenerada inevitavelmente torce qualquer fato supostamente “neutro”,
pois suprime a verdade de Deus. Veja Rm 1:18-23.
‡ II Co 4:6; 5:16-17. Na frase “… daqui por diante … [não] segundo a carne” está
necessariamente contida a ação do Espírito Santo em relação à Nova Criação.
http://www.palavrasdoevangelho.com
76 O Espírito da Glória
* STUART, C. E. A slight sketch of the Holy Spirit’s ways and receiving the Holy Ghost.
London: G. Morrish, s.d.
http://www.palavrasdoevangelho.com
fecia divina, não importa quão antiga ela seja, e da nossa confiança no
Espírito Santo para preservar a Palavra de Deus através das eras.
Pregação
Noé era um pregador da justiça. Não pode haver dúvida que a sua
pregação era no poder do Espírito Santo, pois o Novo Testamento afirma
que foi através do Espírito Santo que o Senhor Jesus pregou aos espíritos
em prisão (I Pe 3:19). Isto geralmente é entendido* como se referindo
à pregação fiel de Noé àqueles antediluvianos que desprezaram a Deus,
descritos por Pedro como “espíritos em prisão”. Eles tinham se beneficia-
do da longanimidade paciente de Deus; eles resistiram à obra do Espírito
Santo; ignoraram a construção da arca que estava sendo construída diante
dos seus próprios olhos, e foram desobedientes à pregação de Noé. Eles
são coletivamente descritos como “o mundo dos ímpios” (II Pe 2:5).
É notável que o grande assunto da pregação de Noé era a justiça.
Hebreus 11 nos faz lembrar que Noé foi feito “herdeiro da justiça que é
segundo a fé” — linguagem semelhante àquela usada de Abraão como
herdeiro, em Romanos 4:3, onde é declarado que não foi pela Lei, mas
pela justiça da fé. Justificação pela fé é o grande elemento unificador da
pregação do Evangelho através de todas as eras. A pregação de Noé é
singular pelo fato de ter durado mais tempo. Ele continuou pregando
durante cento e vinte anos. O grande tema da justiça de Deus não pode
ser exaurido, mesmo durante um período de tempo longo como esse.
Devemos notar que Noé pregava uma justiça exigida por Deus, en-
quanto que a mensagem de hoje é de uma justiça suprida por Deus no
Seu Filho. Contudo, isso é uma lição e um desafio a todos que pregam
o evangelho nesta era presente: temos nós esse tipo de compreensão da
doutrina da justificação pela fé? É salutar perceber que a pregação de
Noé, embora energizada pelo Espírito Santo, não resultou em conver-
sões além daquelas da sua própria família. As Escrituras nos dizem que
por ela, ele “condenou o mundo” (Hb 11:7).
* Esta interpretação é defendida com propriedade por William Kelly em The Spirits
in Prison (STEM Publishing).
http://www.palavrasdoevangelho.com
78 O Espírito da Glória
* RIDOUT, Samuel. Lecture 1 em The Person and Work of the Holy Spirit: Seven Lectures.
Kilmarnock: John Ritchie Ltd, s.d.
http://www.palavrasdoevangelho.com
* De que outra forma Moisés saberia acerca do vitupério de Cristo, que ele estimou
como maiores riquezas do que os tesouros do Egito? (Hb11:26)
http://www.palavrasdoevangelho.com
80 O Espírito da Glória
O Tabernáculo
O Espírito de Deus era o principal agente que capacitava as pessoas
na construção do Tabernáculo no deserto. Bezalel é especialmente des-
tacado como o artesão chefe do grande projeto do Tabernáculo. Ele é
descrito como sendo cheio “do Espírito de Deus, de sabedoria, e de en-
tendimento, e de ciência, e em todo o lavor” (Êx 31:3). Associados com
ele estavam Aoliabe e um número indeterminado de indivíduos anôni-
mos que são descritos como “sábios de coração”. Destes é dito: “Tenho
dado sabedoria de coração a todos aqueles que são hábeis, para que
façam tudo o que tenho ordenado” (Êx 31:6). Essa infusão de sabedoria
divina não é o mero aumento da uma qualidade natural notável, pois em
Êxodo 28:3 os homens sábios de coração que foram encarregados de
fazer as vestes sacerdotais de glória e beleza, são descritos como cheios
do “espírito de sabedoria”, isto é, o Espírito Santo. O posterior Templo
de Salomão deve a sua existência ao Espírito Santo, pois o seu modelo,
que Davi entregou a Salomão, foi dado a Davi pelo Espírito Santo: “…
a planta de tudo que ele tinha pelo Espírito* …” (I Cr 28:12).
Assim aprendemos que o centro de ajuntamento para o povo de
Deus — Sua habitação terrena, ou templo — era o resultado direto da
mente de Deus. O Espírito de Deus comunicou o padrão, e a constru-
ção (incluindo coisas como as vestes sacerdotais) não foi o mero pro-
duto de habilidade humana, mas de trabalhadores habilidosos dotados
com o Espírito de Deus. Sendo que foi assim nos tempos do Velho
Testamento, o que devemos esperar em relação à base atual para o ajun-
tamento do povo de Deus e a habitação de Deus na Terra, hoje? Vive-
82 O Espírito da Glória
* SERLE, Ambose. Essay on the Spirit of Wisdom em Horae Solitariae. Londres: Scott,
Webster & Geary, 1837.
† Atos 6:8-15 — é importante aprender a lição que destreza e habilidades oratórias,
mesmo quando tão manifestamente energizadas pelo Espírito Santo e acompa-
nhadas por milagres, não garantem sucesso em convencer os ouvintes. Mas o
testemunho de Estêvão não foi nenhum fracasso. Saulo de Tarso estava entre os
ouvintes, e embora fosse então um inimigo fervoroso de Cristo, depois da sua
conversão os elementos-chave do seu ministério doutrinário podem ser traçados
ao último nobre sermão de Estêvão.
http://www.palavrasdoevangelho.com
84 O Espírito da Glória
Quando o Senhor Jesus leu essa mesma passagem do rolo de Isaías, Ele
encerrou a leitura imediatamente após ler as palavras “a anunciar o ano
aceitável do Senhor” — no meio da frase; Ele omitiu as palavras “e o dia
da vingança do nosso Deus” — e fechando o livro entregou-o novamen-
te ao assistente e Se assentou. Os ouvintes ficaram estarrecidos. “Então
começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvi-
dos” (v. 21). Para os ouvintes de Nazaré isso foi algo surpreendente. Ele
havia acabado de Se identificar com o Messias ungido pelo Espírito.
Nem menos surpreendente foi o ponto onde o Senhor parou de ler, pois
o Senhor estava inserindo ali, naquele versículo de Isaías 61, um grande
intervalo dispensacional — aquele no qual ainda estamos agora. O “dia
da vingança do nosso Deus” ainda está para se cumprir.
* Veja HAMILTON, James M. Jr. God’s Indwelling Presence: The Holy Spirit in the Old
and New Testaments. Nashville: B&H Academics, 2006, cáp. 3.
† O uso que J. F Walvoord faz da expressão “habitar em” para descrever o “ser
cheio” e a “vinda sobre” do Espírito Santo nas pessoas no VT, é uma escolha
infeliz de terminologia no seu livro, que do resto é muito útil. The Holy Spirit: A
comprehensive study of the Person and Work of the Holy Spirit. Grand Rapids, MI:
Zondervan, 1974, 3ª edição.
http://www.palavrasdoevangelho.com
86 O Espírito da Glória
88 O Espírito da Glória
Reprimidor do mal
Em todas as dispensações o Espírito opera como um reprimidor
do mal. Seja como em Gênesis, contendendo com os antediluvianos,
ou como aquele que resiste em II Tessalonicenses 2, cuja remoção (no
Arrebatamento) abrirá a porta para o aparecimento do Homem do Pe-
cado, o Espírito Santo representa uma restrição poderosa sobre a mal-
dade humana. Isso se dá, além de intervenção divina direta, através do
impacto da palavra profética, ou do exemplo moral dos justos, ou da in-
fluência das Escrituras Sagradas. Toda a história do Velho Testamento
testemunha disto. O testemunho inconsciente prestado a essa verdade
ocorre nos escritos de historiadores seculares e até mesmo de jornalistas
contemporâneos†.
* WALVOORD, J. F. The Holy Spirit: A comprehensive study of the Person and Work
of the Holy Spirit. Grand Rapids, MI: Zondervan, 3ª edição, 1974, cap. 24.
† O impacto da disseminação do Cristianismo no Império Romano é reconhecido por
Edward Gibbon em seu livro Decline and Fall of the Roman Empire. O reavivamento
evangélico na época de Wesley e no período subsequente resultou numa grande
restrição do mal, incluindo o impacto de William Wilberforce e Lord Shaftesbury.
http://www.palavrasdoevangelho.com
90 O Espírito da Glória
94 O Espírito da Glória
uma raiz de uma terra seca (Is 53:2). Na esterilidade espiritual da nação,
e até mesmo na corrupção de Nazaré, Ele crescia com fragrância, tra-
zendo constante prazer ao Seu Pai, e era conhecido na localidade como
o Carpinteiro, e o Filho do Carpinteiro (Mt 13:55; Mc 6:3).
96 O Espírito da Glória
Precisamos ressaltar vez após vez que o Senhor Jesus era impecável:
incapaz de pecar. Ele não somente não pecou, como também Ele não
podia pecar. Não havia nada nEle para corresponder às tentações peca-
minosas e, portanto, quando falamos da tentação no deserto, a palavra
“tentação” precisa ser entendida corretamente. Com os homens caídos,
tentação significa uma atração para pecar, um apelo ao mal. Isto nunca
pode ser dito do Salvador, pois Ele jamais poderia ser atraído ao mal.
O outro significado da palavra é “testar”, “provar”. “Tentação” é a pala-
vra grega peirazo (Concordância de Strong, 3985), definida por Strong
como: “examinar, esquadrinhar, escrutinar, provar, experimentar, como
também tentar” (veja Jo 6:6; At 16:7, “intentavam”; II Co 13:5; Hb
11:17; Ap 2:2; Ap 3:10 onde essas várias alternativas são usadas).
O nosso Senhor Jesus foi provado, ou testado, por Satanás, não para
ver se poderia, ou iria, pecar, mas sim para, de acordo com o plano de
Deus, demonstrar bem no começo do Seu ministério público que Ele
era realmente impecável. Para Ele, pecar era impossível. Ele não podia
pecar mesmo sendo tentado no Seu corpo, alma e espírito. Satanás O
testou quanto à Sua dependência, Sua obediência e Sua paciência, mas
o Senhor não se afastou, nem poderia ter-Se afastado do caminho da
vontade do Pai para Ele.
Depois de quarenta dias naquele deserto, Jesus retornou, ainda no
poder do Espírito, para a Galileia (Lc 4:14). Ele havia sido provado,
como se prova o ouro puro, mas não havia impureza, e em comunhão
com o Espírito Santo Ele voltou à Sua Galileia nativa para iniciar um
ministério público muito intenso que se estenderia por três anos, tra-
zendo muita glória a Deus, muitas bênçãos aos homens e muita tristeza
a Si mesmo. Ele foi conduzido pelo Espírito ao deserto, e Ele voltou do
deserto no poder daquele mesmo Espírito.
98 O Espírito da Glória
Sua cidade natal. Ele conhecia bem aquela sinagoga, e era bem conhe-
cido ali. Ele havia assistido as reuniões na sinagoga de forma constante
durante todos aqueles anos, mas agora seria diferente. Ele veio no Sába-
do como era Seu costume, e quando surgiu a oportunidade Ele se levan-
tou para ler a porção das Escrituras para aquela ocasião. Era o direito
de todo homem judeu adulto ler as Escrituras publicamente, e assim o
atendente entregou o Rolo Sagrado a Jesus. Ainda não havia uma di-
visão em capítulos e versículos, mas Ele com calma achou a passagem.
Ele conhecia bem a Palavra, pois Ele era o verdadeiro Bem-Aventurado
cujo prazer estava na Lei do Senhor e naquela Lei Ele meditava de dia
e de noite (Sl 1:2). Ele abriu o rolo no lugar que hoje é conhecido como
Isaías 61 e começou a ler.
Este não era exatamente o começo do Seu ministério, pois Ele já
estivera ensinando em outras regiões da Galileia, mas era uma introdu-
ção ao Seu ministério em Nazaré, onde havia sido criado. Ele leu: “O
Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar
os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar li-
berdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade
os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”. Neste ponto da
leitura Ele fechou o Livro, devolveu o Rolo ao atendente e Se assentou
para ministrar, dizendo que essa Escritura estava agora sendo cumprida
diante deles (Lc 4:14-19).
Note a referência à Trindade nas palavras iniciais do Senhor: “O
Espírito do Senhor é sobre Mim”. Assim como o Pai, o Filho e o Es-
pírito estiveram juntos no Seu batismo, assim agora eles estavam em
comunhão santa no Seu ministério. “O Espírito … Senhor … Mim”.
“Ungiu-Me”. Estes judeus sabiam tudo sobre ungir. Seus profetas,
sacerdotes e reis eram todos ungidos para assumir seus vários ofícios, e
se somente tivessem tido inteligência espiritual para enxergar, ali esta-
va alguém na sua sinagoga cujo ministério variado seria o de Profeta,
Sacerdote e Rei, e para esses ofícios Ele fora divinamente ungido. Mais
tarde Pedro iria lembrá-los de que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com
o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando
a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At 10:38).
No poder da Sua unção Jesus anunciou que Ele viera pregar as boas
novas aos pobres. Aqui estava o ministério do Profeta, pregando e ensi-
nando a Palavra de Deus. Ele viera também para curar os quebrantados
de coração. Este era um ministério sacerdotal, e quantas vezes nos anos
http://www.palavrasdoevangelho.com
que se seguiram Ele de fato confortou os que sofriam. Ele veio também
para libertar os cativos do pecado e de Satanás, e com a palavra de auto-
ridade de um Rei Ele de fato libertaria a muitos. O grande Médico iria
restaurar a vista aos cegos e pôr em liberdade os que haviam sido opri-
midos pela vida. Ensinando! Pregando! Curando! Mateus resume isso
tudo em poucas palavras: “E percorria Jesus toda a Galileia ensinando
nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino e curando todas as
enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4:23; 9:35). O Messias há
muito prometido estava no meio deles no poder do Espírito: seu Pro-
feta, Sacerdote e Rei.
* Tradução livre. O original diz: “The vow was on Thee — Thou didst come/To yield
Thyself to death./And consecration marked Thy path/And spoke in every breath.”
http://www.palavrasdoevangelho.com
* WALVOORD, John F. The Holy Spirit. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1958, pág. 19.
http://www.palavrasdoevangelho.com
ro”. Ninguém aqui na Terra pode formar uma concepção adequada das
alegrias indescritíveis da vida eterna, como indicadas nestas palavras. J.
N. Darby (1800-1882) procurou compreender esta verdade ao escrever:
Cordeiro e Deus, no Céu!
Conheço a fonte ali
De gozo e paz sem descrição
Que eu sei ser minha em Ti.
Mas quem pode o fulgor
Da viva luz contar,
Onde Deus vive, e o resplendor
Do Cordeiro apreciar?
Deus e o Cordeiro irão
A luz e o Templo ser
E as hostes gloriosas vão
Sua glória compartilhar!*
Deus é, verdadeiramente, o Deus de refrigério e a fonte de verda-
deira satisfação. Chegando às últimas páginas da Bíblia, podemos voltar
às primeiras, e ali encontramos um rio sempre se estendendo, enrique-
cendo o solo que produziu os frutos sadios do Jardim do Éden. Mais
tarde, no Salmo 46, em relação à Jerusalém terrestre, lemos: “Há um rio
cujas correntes alegram a cidade de Deus” (v. 4). Parece claro que essa é
uma referência ao próprio Deus em toda a Sua plenitude: “Deus está no
meio dela: não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã” (v. 5).
Em relação à Jerusalém dos dias Milenares diz Isaías 33:21: “Mas
ali o glorioso Senhor será para nós um lugar de rios e correntes largas”.
O quadro consistente apresentado em Apocalipse 22, Salmo 46 e Isaías
33 forma um grande contraste com a Jerusalém dos dias do Senhor,
com suas “festas dos judeus”, tão vazias de conteúdo espiritual ( Jo 7:2).
Para aqueles que sentiam a aridez e a esterilidade da religião destituída
do poder de Deus, o bendito Senhor estendeu a oferta de “rios de água
viva”, cuja plena experiência viria com a dádiva do Espírito Santo.
* Tradução e adaptação do hino original de J. N. Darby: “God and the Lamb! ‘Tis
well/ I know that source divine/Of joy and peace no tongue can tell/Yet know that all
is mine.//But who that glorious blaze/Of living light shall tell;/Where all His brightness
God displays,/And the Lamb’s glories dwell?//God and the Lamb shall there/The
light and Temple be,/And radiant host for ever share/The unveiled mystery”.
http://www.palavrasdoevangelho.com
João 6:63
Neste versículo o Senhor Jesus diz: “O Espírito é o que vivifica, a
carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos disse são espírito e
vida”.
O alimentar dos cinco mil (vs. 5-13) forma o pano de fundo da
conversa que o Senhor Jesus teve, mais tarde, com os judeus e alguns
discípulos professos em Cafarnaum. Ele Se apresenta como o “verda-
deiro Pão do céu” (v. 32). Assim Ele é visto como o verdadeiro maná.
Os judeus murmuravam por causa da Sua reivindicação de ser o verda-
deiro pão que desceu do Céu, palavras que claramente indicavam a Sua
encarnação (v. 41). Mais adiante, no v. 51, o Senhor fala da Sua morte,
descrevendo-a como a entrega da Sua carne pela vida do mundo. Isso é
explicado em mais detalhe no v. 53, onde Ele faz a seguinte impressio-
nante afirmação: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes
a carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis
vida em vós mesmos”. Comer a Sua carne e beber o Seu sangue é uma
forma mais expressiva de falar sobre confiança nEle. Isso se torna claro
ao compararmos o v. 47 (“Aquele que crê em Mim tem a vida eterna”)
com o v. 54. Ambos conduzem à mesma coisa. A aceitação plena do
Senhor Jesus como Salvador inclui a aceitação da Sua morte como a
grande base da salvação.
Assim como eles contestaram a referência à Sua encarnação, tam-
bém consideraram a referência à Sua morte um “duro discurso” (v. 60).
O Senhor responde falando da Sua ascensão vindoura ao Céu (v. 62).
A pergunta quase pressupõe a rejeição deles disso também. Em seguida
Ele diz: “O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita …” Só
podemos oferecer uma sugestão quanto à importância dessas palavras
no contexto. Seu raciocínio carnal os manteria nas trevas da incredu-
lidade para sempre. Somente ao responderem aos apelos do Espírito
poderiam eles ser levados a entender o significado espiritual das Suas
palavras, e assim, pela fé nEle, nascerem do Espírito.
(14:17, 15:26, 16:13), junto com a referência à “Tua verdade”, deixa bem
claro a importância, aos olhos do Senhor, da verdade para a manutenção
do testemunho na Sua ausência. Todos os variados aspectos do ensino
se juntam para formar “a verdade”. O Senhor não fala de “verdades”,
mas de “a verdade”. Feliz o filho de Deus que tem encontrado o seu
lar espiritual onde a verdade ensinada pode ser confrontada com toda
a Escritura. Usando a linguagem de II Pedro 1:3, podemos dizer que
para tal pessoa foi concedido “tudo o que diz respeito à vida e piedade”.
É importante observar a palavra “e” no começo do v. 16, e notar
o versículo anterior: “Se me amais, guardai os Meus mandamentos”.
Depois disso o Senhor diz: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro
Consolador, para que fique convosco para sempre”. A sugestão parece
ser que corações amorosos e obedientes serão um lar apropriado para o
Espírito de verdade. E é assim ainda hoje.
O comentário do Senhor: “… que o mundo não pode receber, por-
que não O vê nem O conhece”, deixa claro que a presença do Espírito
Santo irá salientar a separação deles do mundo. O mundo não O pode
receber. A atitude do mundo para com o Espírito Santo e Suas manifes-
tações é vista com clareza no dia de Pentecostes em Atos 2. Na melhor
das hipóteses o mundo fica confuso e exclama: “Que quer isto dizer?”
(v. 12). E na pior, ele escarnece e diz: “Estão cheios de mosto” (v. 13).
João 14:26
Tendo apresentado o assunto ao falar de “outro Consolador” (v. 16),
o Senhor continua o Seu ensino mantendo este título diante dos discí-
pulos. Veja 14:26, 15:26, 16:7. Somente no ministério dado no Cenácu-
lo é que o Espírito Santo de Deus é assim chamado. É de conhecimento
geral que a palavra “advogado” em I João 2:1 é uma tradução desta mes-
ma palavra grega, e se refere ao Senhor Jesus Cristo. Como esta palavra
preciosa deve ter-se gravado na memória dos onze, durante cada fase do
seu ministério, até o final da jornada! Para eles sempre estaria associada
com aquela noite de lembranças comoventes! Eles teriam entendido o
significado da palavra: alguém que está ao seu lado para ajudar, de fato
alguém que está sempre com você e que nunca lhe deixará.
Ao considerar as referências ao “Consolador” há muito que apren-
der quanto à perfeita harmonia da Trindade. Em João 14:16 o Filho
“rogará ao Pai”, como alguém em posição de igualdade com Ele. Não
há dúvida quanto ao resultado do pedido: “Ele vos dará …” Também
http://www.palavrasdoevangelho.com
um papel fundamental.
Há uma plenitude no ensino dado no cenáculo que não é encon-
trada nas referências iniciais. Isso é o que se espera, visto que foram os
discípulos nascidos do Espírito que receberam este ensino. O ensino
inicial de que o novo nascimento vem através do Espírito é a base para o
que segue. O Espírito Santo virá para ficar e habitar naqueles que dEle
são nascidos. Ele será a fonte do seu poder para testemunhar e os guiará
em toda a verdade. Ao se aproximar da sua conclusão, o ensino apresen-
ta a promessa de um futuro que conduz à glória eterna, pois o Espírito
lhes mostrará “o que há de vir”. O Evangelho de João pode ter poucas
referências proféticas, mas quanto está contido na promessa do Senhor
acerca de Si mesmo: “Virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo”
(14:3), e na Sua promessa acerca do Espírito: “E vos anunciará o que
há de vir” (16:13). Que vislumbres de glória brilham sobre o caminho,
emanando dessas duas “grandíssimas e preciosas promessas”!
Nenhum cristão estudioso pode meditar no ensino do Senhor
acerca do Espírito Santo, encontrado no Evangelho de João, sem ser
encorajado e incentivado em todas as esferas da sua vida cristã. Quer
seja na manutenção do testemunho em geral, ou mais especificamente,
na divulgação do Evangelho e no estudo e prática da verdade divina, a
presença e o auxílio constante do Espírito são garantidos enquanto os
santos da era presente estiveram aqui no mundo.
Como o orvalho que cai sobre o Hermon
E refresca as planícies abaixo
A santa unção do Espírito
Sobre nós flui, Senhor, de Ti.
Então quão bom e agradável é,
Como um, viver em amor,
Esquecendo de tudo do presente
Na esperança de alegrias no Céu.*
Mary Peters (1813-1856).
* Tradução livre. O original diz: “As dews that fall on Hermon,/Refresh the plains
below/The Spirit’s holy unction/Through Thee to us doth flow./Ah, then, how good
and pleasant,/As one, to live in love,/Forgetting all things present/In hope of joys
above.”
http://www.palavrasdoevangelho.com
reis batizados com o [no] Espírito Santo, não muito depois destes dias”
(1:5); “… vós sereis batizados com o [no] Espírito Santo” (11:16). Na
última e sétima referência a verdade é apresentada doutrinariamente:
“Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo”
(I Co 12:13).
É possível apreciar, pelo uso frequente dos colchetes acima, que
não se trata de um batismo “com” ou “pelo” ou “do” Espírito Santo, mas
sempre “no” Espírito Santo. Muitos erros têm surgido por causa da ne-
gligência desse fato. Três coisas são necessárias em qualquer batismo:
a pessoa que vai ser batizada, a pessoa que está fazendo o batismo, e o
elemento no qual a pessoa será batizada. Neste batismo do Espírito, a
Igreja é que vai ser batizada, o Senhor Jesus é quem faz o batismo (note
a linguagem das referências no parágrafo anterior, e em Atos 2:23) e o
elemento é o Espírito Santo. Isso anula certas perguntas muito frequen-
tes, tais como: “Você já foi batizado com o Espírito Santo?”, ou “Você
já recebeu o batismo do Espírito Santo?”. Não existe nas Escrituras
nenhum batismo “com”, “pelo” ou “do” Espírito Santo.
Já foi dito anteriormente que a passagem doutrinária deste assunto
é I Coríntios 12:12-13. O v. 12 diz: “Porque assim como o corpo é um,
e tem muitos membros, e todos os membros sendo muitos são um só
corpo, assim é Cristo também”. Aqui temos o fato do corpo. O artigo
definido ocorre antes da palavra “Cristo” (no original), e assim a leitura
correta é “o Cristo”, que é um termo técnico referindo-se a Cristo o
Cabeça Ressurrecto do corpo e a Igreja composta dos seus membros.
Quando foi que isso se iniciou? O v. 13 responde, e nos fala sobre o a
formação do corpo: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito,
formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres,
e todos temos bebido de um Espírito”. Este versículo obviamente se
divide em duas partes: a primeira é algo que não podemos fazer por nós
mesmos, e a segunda é algo que ninguém pode fazer por nós. A primei-
ra é batizar, e obviamente não podemos batizar a nós mesmos — assim
o “corpo de Cristo” veio a existir em Atos 2 por um ato soberano, que foi
histórico e nunca foi repetido. Alguns rejeitam a sugestão de que Atos 2
se refere ao batismo, já que a palavra não é usada. Entretanto, Atos 2:2
afirma que o Espírito “encheu toda a casa em que estavam assentados”.
Não há dúvida que isso significa que eles foram submergidos, completa-
mente mergulhados no Espírito Santo, portanto foi um verdadeiro ba-
tismo. Na segunda parte está o beber, que ninguém pode fazer por nós.
http://www.palavrasdoevangelho.com
for, o Consolador não virá a vós; mas, quando Eu for, vo-lO enviarei”
( Jo 16:7). Também, no momento da sua conversão o cristão, na sua
experiência pessoal, entra no gozo daquele acontecimento. É verdade
que alguns logo citam Atos 10:45: “E os fiéis que eram da circunci-
são, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o
dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios”. Este
acontecimento foi reminiscente de Pentecostes (11:16), mas não era
uma repetição. Diz Atos 10:44: “Caiu o Espírito Santo sobre todos os
que ouviam a palavra”. Para que fosse uma repetição do Pentecostes, o
aposento teria que ter ficado cheio do Espírito Santo, imergindo todos
os presentes, inclusive Pedro e seus companheiros, que teriam sido bati-
zados uma segunda vez! A razão da semelhança nos dois acontecimen-
tos é explicada por Pedro: “E Deus, que conhece os corações, lhes deu
testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e
não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações
pela fé” (15:8-9).
O batismo no Espírito Santo não é assunto de oração
Existem aqueles que ensinam que os cristãos devem se esforçar e
perseverar até terem a experiência especial que os elevará a um plano
espiritual mais elevado do que o do cristão “comum”. Precisamos notar
que não há no Novo Testamento nenhuma exortação para que sejamos
batizados no Espírito Santo. Este acontecimento está fora do alcance
da capacidade humana. Não deve ser buscado através de oração, esfor-
ços, nem angústia física ou emocional. O Senhor Jesus ordenou a Seus
discípulos “que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai que, (disse Ele) de Mim ouvistes. Porque na verdade,
João batizou com água, mas vós sereis batizados com o [no] Espírito
Santo, não muito depois destes dias” (At 1:4,5). Isso já se cumpriu e
como não pode ser repetido, não há nenhuma base bíblica para usar
essa passagem como autoridade para ter reuniões de oração para pedir
o batismo do Espírito Santo.
O batismo no Espírito Santo não é somente para os
“superespirituais”
Alguns sugerem que há pelo menos duas classes de cristãos: os “su-
perespirituais” e os outros. Estes cristãos “superespirituais” são descritos
como aqueles que, depois da salvação, receberam o Espírito Santo, en-
http://www.palavrasdoevangelho.com
quanto que os outros, da classe comum, estão ainda lutando para alcan-
çar um nível de espiritualidade quando este Dom lhes será concedido.
Este ensino cria uma divisão — “os que têm e os que não têm” — entre
os cristãos. Neste contexto é importante notar a linguagem de I Corín-
tios 12:13: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando
um corpo”. É importante perceber que este batismo envolveu “todos”.
Eram esses “todos” cristãos “superespirituais”? Deixemos Paulo respon-
der: “Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, conten-
das e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os
homens?” (I Co 3:3). A conclusão óbvia é que todos foram batizados
em um Espírito formando o corpo de Cristo, e isso não depende de
nenhum nível de espiritualidade alcançado depois da salvação.
O batismo no Espírito Santo não é demonstrado por falar em
línguas
Outra ideia comum é que quando uma pessoa é batizada no Espí-
rito Santo ela irá falar em línguas. Esse raciocínio se origina numa má
compreensão de Atos 2, onde as línguas foram usadas para transmi-
tir a mensagem a todos que estavam presentes. Foi o contrário do que
aconteceu em Gênesis 11 na Torre de Babel, e era numa indicação da
universalidade desta nova mensagem, que ultrapassaria as fronteiras do
Judaísmo.
Novamente é importante destacar a palavra “todos” em I Corín-
tios 12:13. Se todos foram batizados no Espírito Santo, todos falam
línguas? É a mesma pergunta que Paulo faz nesse mesmo capítulo: “E
a uns Deus pôs na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar
profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos após-
tolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores
de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas?
Interpretam todos?” (vs. 28-30). Todas estas sete perguntas têm uma
resposta negativa. Logo, não há nenhuma ligação entre o batismo no
Espírito Santo e dons espirituais especiais ou espetaculares.
cristão verificar que esteja numa condição apropriada para estar cheio.
No Novo Testamento há 15 referências a estar cheio do Espírito San-
to. Três destas são semelhantes ao que acontecia no Velho Testamento,
onde as pessoas ficavam cheias do Espírito para um propósito específi-
co: João Batista, sua mãe Isabel e seu pai Zacarias. Todas as referências,
com exceção de Efésios 5:18, estão nos escritos de Lucas — temos a
forma verbal em Atos 2:4; 4:8, 31; 9:17; 13:9, 52; e o adjetivo em Lucas
4:1; Atos 6:3, 5; 7:55; 11:24.
O fato dessa experiência ser uma ordem em Efésios 5:18 prova que
ela não se limitava à era apostólica. Em Efésios 5:18 o apóstolo Paulo
manda: “enchei-vos do Espírito”, e já que está no tempo presente* não
se trata de uma ocasião isolada, mas deve ser a experiência contínua e
ininterrupta do cristão. Poderia ser traduzido “continuai estando cheios
em Espírito”. A ausência do artigo definido† antes de Espírito indica
que toda a nossa plenitude deve ser na esfera do Espírito (note a cons-
trução semelhante [no grego] em Efésios 2:22, referente à habitação de
Deus; 3:5, referente à revelação de Deus; 6:18, referente às nossas sú-
plicas). Em Efésios 5:18 o contraste é com os ímpios que são continua-
mente controlados pelo vinho, enquanto o cristão deve ser controlado
na esfera do Espírito Santo, isto é, a ideia é de direção.
É importante apreciar que um cristão nunca é exortado a ser habi-
tado, selado com ou batizado em, o Espírito. Estas são questões que não
estão sob o nosso controle e pertencem unicamente a Deus. Também,
estar cheio do Espírito não é uma experiência única e definitiva que
acontece no momento da salvação. É separada da salvação e não pode
ser conhecida antes dela. Uma pessoa que está cheia com o Espírito
Santo é totalmente e completamente controlada pelo Espírito Santo.
Não é que recebemos mais do Espírito, já que somente é possível ter ou
não ter uma Pessoa, mas é o Espírito tendo mais de nós; quando não
há nenhum compartimento da nossa vida do qual Ele está excluído. A
bem-conhecida ilustração de uma garrafa sendo enchida com água e
assim esvaziada de ar é apropriada. Somente ao sermos esvaziados de
tudo que O impede de ter total controle de todos os setores das nossas
* No texto grego, o verbo usado aqui está no tempo presente, na voz passiva e no
modo imperativo — em Português, o modo imperativo é indeterminado no tempo
(N. do E.).
† As traduções em Português incluem o artigo definido (“do Espírito”), mas ele não
existe no grego (N. do E.).
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
A primeira das cartas apostólicas no Novo Testamento é, possivel-
mente, a mais importante. Tratando do Evangelho de nosso Senhor Je-
sus Cristo (sua necessidade, seu caráter, seu resultado e suas exigências),
a Epístola aos Romanos não tem paralelo no Cânon das Escrituras. To-
das as outras cartas do Novo Testamento parecem ter razões locais por
terem sido escritas e enviadas às igrejas ou aos indivíduos, mas as duas
que tratam da doutrina do Evangelho, Romanos e Gálatas, são ende-
reçadas a um grupo de leitores mais amplo. Reconhecemos que a carta
aos Romanos foi originalmente dirigida a várias igrejas locais na cidade
de Roma, e seu propósito era apresentar o Evangelho, como pregado
por Paulo, aos santos que nunca haviam se encontrado com ele. Sendo
que a verdade fundamental do Evangelho é o tema, não nos admira que
o Espírito Santo seja tão frequentemente mencionado nesta carta: um
total de vinte e sete vezes. Das treze cartas que levam o nome de Paulo,
apenas a pequena carta pessoal a Filemon não traz nenhuma referência
ao Espírito Santo. Sete das suas cartas têm uma ou duas menções do
Espírito, mas as que se referem especialmente à Sua Pessoa e obra são
Romanos, as duas epístolas aos Coríntios e a carta aos Efésios. Nestas o
apóstolo apresenta o Espírito Santo em três relacionamentos específi-
cos. Para o cristão individual em Romanos Ele é visto, sobretudo, como
o “Espírito de Vida”; nas cartas aos Coríntios, em relação à igreja local,
Ele é retratado como o “Espírito de Poder” (especialmente caps. 12-14);
em Efésios, relacionado à “igreja que é o Seu corpo”, Ele é descrito
como o “Espírito da Promessa”.
Talvez seria bom mencionar de passagem que há numerosas men-
ções ao Espírito Santo na carta às igrejas da Galácia — veja o cap. 11
deste livro. Ali também, o Espírito é descrito de forma muito apropria-
da. Ele é chamado o “Espírito do Seu Filho” por quem o cristão, des-
frutando de uma plena emancipação, pode clamar: “Aba, Pai” (Gl 4:6).
Duas coisas relacionadas com o Espírito se destacam em Romanos.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Capítulo 1
Muitas vezes não é fácil determinar se devemos usar o “e” maiúsculo
ou minúsculo quando a palavra “espírito” aparece nas Sagradas Escri-
turas. A primeira ocorrência em Romanos (1:4) é um exemplo. Entre-
tanto, como geralmente é aceito que a frase “Espírito de santificação” se
refere a caráter, é melhor explicar o termo relacionado ao Espírito Santo
do que aplicá-lo a alguma área indistinta onde a santidade é enfática.
Veja as notas de J. N. Darby sobre Romanos 1:3-4 em The Synopsis of
the Bible (“A Sinopse da Bíblia”). Estes versículos formam uma gran-
diosa declaração Cristológica como um fato básico do Evangelho. Eles
abrangem a jornada terrestre do Senhor, desde a Sua encarnação até a
Sua gloriosa ressurreição dos mortos. Sua participação em humanidade
impecável, Sua experiência na morte e subsequente ressurreição dentre
os mortos pelo poder de Deus, foram totalmente compatíveis com o
caráter Divino como revelado pelo “Espírito de santificação”.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Capítulo 5
A mesma ênfase é mantida na segunda passagem em que a palavra
“espírito” é usada e, contextualmente, é fácil entender por que. Tendo
mostrado a verdadeira natureza da condição pecadora do homem com
suas terríveis consequências, e tendo traçado a eficácia do Evangelho
até o ponto onde ele afirma: “tendo sido, pois, justificados pela fé, temos
paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”, Paulo acrescenta em 5:5
que “o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito
Santo que nos foi dado”. Numa epístola dedicada à exposição da justiça
envolvida com a provisão da salvação para a humanidade culpada, ênfa-
se é colocada na santidade do Espírito. Nada poderia estar mais distante
do santo caráter de Deus do que promulgar um meio de reconciliação
sobre uma base que não fosse justa e santa. A santidade do Espírito
de Deus é salientada pelo relacionamento que Ele mantém com a res-
surreição do Senhor e pelas atividades que Ele desempenha em favor
daqueles que, tendo sido justificados pela fé, têm paz com Deus.
Capítulo 8
O cap. 8 diz muito sobre a obra do Espírito Santo no Seu relaciona-
mento com o cristão, e muitos títulos significativos Lhe são atribuídos.
Entre as dezenove ocorrências da palavra “Espírito” encontradas neste
capítulo, lemos duas vezes do “Espírito de Deus” (vs. 9, 14); uma vez
Ele é chamado o “Espírito de vida” (v. 2); uma vez temos o “Espírito de
Cristo” (v. 9), e em outra o “Espírito de adoção” (v. 15). Todos os demais
usos da palavra têm a ver com os atributos, a obra e com o relaciona-
mento que o Espírito mantém com o cristão.
Capítulo 8:1-4
O cenário de Romanos 8 é muito significativo. O argumento de
Paulo, relacionado com a “justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo”
(3:22), atinge seu clímax neste capítulo. A morte do pecador é exigida e
não se pode escapar dela. O “Evangelho de Deus” indica que um Subs-
tituto para o pecador condenado foi encontrado na Pessoa do Filho de
Deus. O ponto central para uma vida cristã se encontra no cap. 6: “Sa-
bendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele [Cristo] crucificado,
para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais
ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado”
http://www.palavrasdoevangelho.com
como uma Trindade. Assim como o Senhor Jesus disse à mulher junto
ao poço de Samaria que “Deus é Espírito” ( Jo 4:24), também o Espírito
Santo, quanto à Sua própria personalidade é “Espírito”, e é Ele quem
o Pai envia em nome do Filho. Este versículo, juntamente com muitos
outros, declara a verdade das palavras formuladas há muitos anos como
parte de uma declaração de fé: “O Espírito Santo, procedendo do Pai e
do Filho, é da mesma substância, majestade e glória do Pai e do Filho,
Deus verdadeiro e eterno”.
Ser chamado o “Espírito de Deus” enfatiza a afirmação incondicio-
nal feita pelo Senhor Jesus, em João 15:26, de que Ele enviaria o Con-
solador, “aquele Espírito de verdade, que procede do Pai”. Assim, Ele é
descrito como procedendo, ou emanando, do Pai. A palavra “emanar”
também traz a ideia de “exalar” como ao respirar. Essa nuança é dada
em Jó 33:4, onde Eliú diz: “O Espírito do Senhor me fez; e a inspiração
do Todo-Poderoso me deu vida”. Essa mesma palavra, descrevendo o
“Espírito de Deus”, é encontrada em muitas outras passagens também.
Poderíamos dizer que no processo natural de respirar, o “fôlego da vida”
emana do homem, mas nunca existe como uma entidade separada do
homem; assim o Espírito Santo procede e é enviado pelo Pai para tes-
tificar de Cristo. O Pai envia o Espírito Santo e assim é afirmado que
Ele procede do Pai, e é corretamente chamado de “o Espírito de Deus”.
Da mesma forma, Ele é enviado pelo Filho e é chamado “o Espírito
de Cristo”. O Pai, o Filho e o Espírito são da mesma natureza, mas,
enquanto é dito que o Espírito procede tanto do Pai quanto do Fi-
lho, nunca lemos que o Pai ou o Filho procedem do Espírito Santo.
O Espírito de Deus habita no cristão como o Espírito de Cristo e isso
pelo poder do Espírito Santo. Somos aqui lembrados que não é possí-
vel pertencer a Cristo se o Espírito de Cristo não habitar na pessoa (v.
9). A união eterna e espiritual formada por Deus habitando no cristão
é enfatizada aqui. O corpo do cristão é sujeito à morte e um dia, se a
vinda do Senhor Jesus não se der, seremos levados por ela, mas nesse
meio tempo, Deus o Pai é a fonte interna de vida; nosso Senhor Jesus é
o canal e o Espírito Santo o elemento místico da sua concessão. O cris-
tão foi trasladado da esfera onde a morte reina, e agora é habitado pelo
Espírito de Deus na plenitude dos Seus santos atributos. Sendo assim
habitado por Deus, através do Espírito, o cristão possui uma mente que
pode agradar, e de fato agrada, a Deus. Na prática, o cristão deve então
“andar segundo o Espírito” e tendo a “mente do Espírito”, deve “aplicar
http://www.palavrasdoevangelho.com
que isso.
Os muitos exemplos dados nas Escrituras de como o Senhor Jesus
foi conduzido pelo Espírito Santo devem nos esclarecer quanto ao sig-
nificado da palavra. Bem no início do Seu ministério público, e tendo
sido plenamente reconhecido pelo Céu como “Meu amado Filho”, o
Senhor Jesus imediatamente “foi conduzido pelo Espírito ao deserto”
(Mt 4:1). Na expressão da Sua humanidade irrepreensível, nosso Se-
nhor Jesus é o exemplo perfeito ao Seu povo de ser guiado pelo Espírito.
Assim como o clamor do salmista no Salmo 25:5 pode ser aplicado às
palavras ditas pelo Senhor Jesus, assim também devem encontrar um
forte ecoar no coração do cristão: “Guia-Me na Tua verdade, e ensina-
-Me, pois Tu és o Deus da Minha salvação; por Ti estou esperando
todo o dia”.
A lei do pecado e da morte permanece ativa no cristão, mas o “Espí-
rito de Cristo”, que é “o Espírito de vida”, também habita nele, portanto,
diz Paulo: “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para
viver segundo a carne” (v. 12), mas temos a obrigação de “pelo Espírito
mortificar as obras do corpo” (v. 13), dando assim evidência da vida que
possuímos. “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, es-
ses [e somente esses] são filhos [maduros] de Deus” (v. 14). Maturidade
nas coisas espirituais só pode ser manifestada por uma vida de completa
sujeição à direção do Espírito Santo em amor, sabedoria e poder. Deve-
mos nos lembrar do que Jeremias disse: “Não é do homem o seu cami-
nho” ( Jr 10:23). Aquilo que a Lei não pode fazer por causa da fraqueza
da carne, e aquilo que o homem não pode fazer por si mesmo no poder
da carne, é efetuado pelo Espírito de vida que nele habita, de sorte que
os que são nascidos na família de Deus recebem o desejo e a capacidade
de agradar a Deus no entendimento maduro da Sua vontade.
Novamente um contraste é apresentado no v. 15: “o espírito de es-
cravidão” é justaposto com o “Espírito de adoção” ou o “Espírito de
filiação”. Em eras passadas os crentes estavam sob a Lei e, na medida da
sua compreensão disso, “com medo da morte estavam por toda a vida
sujeitos à servidão” (Hb 2:15). Ter medo da morte é temer as conse-
quências da Lei, daí o termo “a lei da servidão”. Pelo poder regenerador
do Espírito Santo, o cristão foi libertado e não está mais sob o domínio
da Lei. Cada cristão já recebeu o “Espírito de adoção”. O uso da palavra
adoção, nesta versão, não deve nos deixar confusos por causa do proces-
so moderno de adoção de órfãos na família. A palavra aqui é exatamente
http://www.palavrasdoevangelho.com
Capítulos 9-11
Se, na primeira parte da epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo
focalizou no tema do Espírito Santo de forma doutrinária, ele não ne-
gligenciou a aplicação prática da verdade. Ele incentiva os santos em
Roma a andar “não segundo a carne, mas segundo o Espírito”, e os
lembra de que “a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Es-
pírito é vida e paz” (v. 6). Estas exortações são sérias e solenes. Os três
capítulos que seguem se ocupam com a justiça de Deus e Seus cami-
nhos para com Israel. A apresentação dos fatos deixa claro que não há
injustiça em Deus ao colocar de lado ou, futuramente, restaurar a nação
à bênção, mas que em todas as Suas ações para com eles as “profundi-
dades das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus” são
insondáveis e os Seus caminhos inescrutáveis (11:33). Nesses capítulos
o Espírito Santo é mencionado somente uma vez, destacando a reali-
dade da grande tristeza de Paulo por causa da infeliz condição presente
de Israel. Falando disso ele diz que o Espírito Santo é testemunha (9:1).
Ele mostra ainda, relacionado a isso, que sua confiança no cumprimento
das promessas do concerto de Deus com Israel em nada diminuiu. Ele
invoca o Espírito de Deus para dar testemunho do fato que aquilo que
ele escreve é exatamente aquilo do qual ele tem certeza.
Capítulos 12-16
No final da carta Paulo está escrevendo aos santos romanos de ma-
neira exortativa. O início do cap. 12 é decisivo nesse ponto. Se uma
http://www.palavrasdoevangelho.com
Conclusão
Ele é o Espírito de Deus; o Espírito de Cristo; o Espírito de Santidade;
o Espírito vivificante; o Espírito Santificador; e em grande poder, o Espíri-
to daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus. Em Seus variados atri-
butos e atividades o Espírito Santo é em Si mesmo a própria incorporação
do Evangelho acerca do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. É assim
que Paulo apresenta o Espírito de Deus na sua carta aos cristãos romanos.
Pelo bendito Espírito Santo, enviado por Ti dos Céus,
Te adoramos, Pai, por esta dádiva de amor.
Igual e eterno contigo, no entanto em sublime graça veio
Convencer-nos, pelo Seu poder, do pecado, culpa e vergonha.
Então mostrou-nos que o Salvador levara na cruz nosso pecado;
E quando, pela fé, O recebemos, nos selou e agora habita em nós.
Agora Ele nos ensina e guia, através da Tua Santa Palavra;
E nos dá poder para o serviço do nosso Salvador, Cristo o Senhor.
Não permita que O entristeçamos por descuido ou erro deliberado;
Dá-nos a conhecer a plenitude do Teu Espírito no interior.
Pela presença do Espírito Santo, Confortador e Guia Divino
De coração, unidos, Te louvamos por Teu dom benevolente.
Alfred Gibbs*
* Tradução livre. O original diz: “For the blessed Holy Spirit, sent by Thee from heaven
above/We would join to praise Thee, Father, for this matchless gift of love./Equal
and eternal with Thee, yet, in wondrous grace He came;/By His power to convict us
of our sin and guilt and shame.//Then He showed us that the Saviour, on the cross
had borne our sin;/And when we by faith received Him, sealed us and now dwells
within./Now He seeks to teach and guide us, from Thy precious Holy Word;/And
empower us for the service of our Saviour Christ the Lord.//O, forbid that we should
grieve Him by neglect or willful sin;/Grant that we may know the fullness of Thy Spirit
now within./For the Holy Spirit’s presence, Comforter and Guide Divine;/From our
hearts we join to praise Thee for this gracious gift of Thine.”
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
O assunto do Espírito Santo em I Coríntios está concentrado em três
áreas principais. Estas são primeiramente o cap. 2, depois cap. 12, e final-
mente os caps. 3 e 6, onde tanto a igreja local quanto o corpo do cristão são
chamados de templo de Deus e templo do Espírito Santo, respectivamente.
O assunto do cap. 2 é a demonstração do poder do Espírito Santo
na pregação do Evangelho, contrastada com a sabedoria humana. No
cap. 12, o tema é dons espirituais e seu exercício da igreja local, como
demonstrados pela figura do corpo. Há também uma referência dou-
trinária importante e vital ao batismo no Espírito Santo que precisa
ser compreendida para podermos evitar os excessos vistos nos círculos
carismáticos. As referências ao Espírito Santo em relação ao templo,
nos caps. 3 e 6, que juntas são tidas como a terceira referência principal
no livro, enfatizam de forma inequívoca a necessidade de pureza e san-
tidade tanto em termos individuais como coletivamente.
O assunto será tratado nestas três divisões principais e na ordem em
que se encontram na epístola.
* Ibid.
† GODET, F. L. Commentary on First Corinthians. Grand Rapids, MI: Kregel Publica-
tions, 1979.
http://www.palavrasdoevangelho.com
O contexto do cap. 6
Há duas partes no capítulo 6 (vs. 1-11 e vs. 12-20), onde encon-
O Espírito e o ministério
As últimas referências ao Espírito Santo se encontram no cap. 12
do nosso livro, na seção que trata das coisas “espirituais” (12:1), espe-
cialmente os dons espirituais. Fica naquela seção geral da epístola onde
Paulo está respondendo a carta recebida dos coríntios: “Quanto às coi-
sas que me escrevestes” (7:1). Aqui ele está tratando dos espirituais e seu
ministério: “Acerca dos …” (12:1). Compare, relacionado a isso, outros
aspectos desta correspondência: 7:1; 8:1 e 16:1.
O assunto dos espirituais é tratado nos caps. 12-14, onde o apóstolo
considera:
Cap. 12 — os dons em si, em três listas — o que eu tenho;
Cap. 13 — a graça com que os dons devem ser usados — o que eu sou;
Cap. 14 — o governo dos dons — o que eu faço;
O cap. 12 pode ser dividido em três partes:
http://www.palavrasdoevangelho.com
• A variedade dos dons quanto a sua esfera de ação (vs. 1-3), diversi-
dade (vs. 4-6), desígnio (v. 7) e distribuição (vs. 8-11);
• A administração dos dons (vs. 12-27);
• O resumo do ensino (vs. 28-31).
Aqui iremos considerar a primeira dessas seções.
A esfera de ação dos dons espirituais (12:1-3)
Nesta seção, vemos que o campo de ação da operação do dom está
“no Espírito”. A preposição grega traduzida “pelo” duas vezes no v. 3
é en. Ela inclui o ambiente em que o verdadeiro Senhorio de Cristo é
reconhecido. A obra do Espírito é glorificar a Cristo: “Ele Me glorifi-
cará” ( Jo 16:14). Toda verdade deve ser testada em relação à Pessoa de
Cristo. Ele é o parâmetro. A confissão de que Jesus é o Senhor é vista
aqui como uma exclamação baseada num modo de vida, e no resultado
de um processo deliberado. Confirma a afirmação feita por Pedro no dia
de Pentecostes: “A esse Jesus … Deus O fez Senhor e Cristo” (At 2:36).
Seu título deve ser dado a Ele!
A diversidade dos dons espirituais (12:4-6)
A diversidade dos dons detalhadamente é dada numa seção que
trata da diversidade do ministério espiritual em geral. Nestes versículos,
a Trindade é vista como a verdadeira fonte de todo exercício espiritual.
Diversidade de dons espirituais (v. 4) o mesmo Espírito aptidão dada
Diversidade da administração (v. 5) o mesmo Senhor ação antecipada
Diversidade de operações (v. 6) o mesmo Deus atuação esperada
O Espírito de Deus é visto, assim, como quem distribui os dons
espirituais. A repetição tripla das palavras “diversidade” e “mesmo” in-
dica a união das forças espirituais em diversidade. Esse pensamento é
desenvolvido na continuidade do capítulo, a partir do v. 12.
Estes dons são “dons de graça” — uma aptidão gratuitamente con-
cedida. Não se trata de habilidade humana, mas, sem dúvida, é coerente
com ela. Os dons são dados a todo cristão pelo Espírito, e o propósito
de serem assim gratuitamente comunicados por Deus é promover o de-
senvolvimento espiritual e o crescimento do corpo de Cristo. Devem
ser usados (v. 5) sob o Senhorio de Cristo para a realização do propósito
divino (v. 6). É interessante que a referência ao “mesmo Espírito” é re-
http://www.palavrasdoevangelho.com
operação dos dons mencionados nos vs. 1-11, e indica o poder pelo qual
eles podem ser implementados para o benefício da Igreja que é o Corpo
de Cristo como um todo, e também na sua expressão local.
Há, no Novo Testamento, sete referências ao “Batismo no Espírito”.
Há cinco referências proféticas: Mateus 3:11, Marcos 1:8, Lucas 3:16,
João 1:33 e Atos 1:5. Há uma referência histórica em Atos 11:16, e
finalmente uma referência doutrinária — aqui em I Coríntios 12:13.
Há quatro coisas que são verdade de todo batismo:
• Aquele que batiza;
• A pessoa, ou pessoas, que são batizadas;
• O elemento no qual o batismo é feito;
• O propósito para o qual o batismo é realizado.
As últimas três são indicadas no v. 13. As pessoas a serem batizadas
somos “todos nós”; assim incluindo Paulo e os coríntios. O elemento
no qual o batismo acontece é “em um Espírito”. A palavra “em” no v.
13 é a palavra grega en, usada uniformemente em todas as referências
ao batismo no Espírito no Novo Testamento. O propósito pelo qual o
batismo acontece é para formar “um corpo”. Assim o propósito é a for-
mação de um corpo. Trata-se de uma referência “à formação da Igreja
como o corpo de Cristo no dia de Pentecostes”,* conforme descrito em
Atos 2. Note o tempo passado do verbo no v. 13: “Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito”.
Embora “aquele que batiza” não seja especificamente mencionado
em I Coríntios, nas referências históricas Ele é claramente indicado.
Por exemplo, João Batista, em Marcos 1:8, referindo-se a alguém “que
é maior do que eu”, diz: “Ele vos batizará com o [no] Espírito Santo”.
E. W. Rogers disse que há quatro coisas verdadeiras acerca desse
batismo:
• É histórico (At 2:1). Houve um momento quando, um lugar onde,
e um modo como aconteceu. O dia de Pentecostes foi “cumprido”.
• É único. Nunca algo assim acontecera antes.
• É definitivo. Nunca algo assim acontecerá novamente. Nunca será
repetido.
• É coletivo. Tem em vista nosso estado, não a nossa posição.
O batismo no Espírito resultou na formação do corpo de Cristo.
Na conversão, cada cristão passa a fazer parte daquilo que foi formado
no Pentecostes, e se torna um membro daquele corpo. Não há nenhuma
sugestão de “segunda bênção”, nem de uma busca especial por esse ba-
tismo — ele é definitivo, completo, e envolve nossa incorporação em um
corpo, indicando uma posição de bênção. O corpo é assim feito — “um
corpo” (v. 13), sem distinções nacionais (“quer judeus, quer gregos”) e
sem distinções sociais (“quer servos, quer livres”). Tendo todos “bebido
de um mesmo Espírito”, cada cristão saturado com novas forças pode
então servir o corpo do qual agora é membro.
O ensino do cap. 12 mostra como isso poder ser feito, tanto para o
corpo como um todo quanto para o ajuntamento local específico, como
o apóstolo enfatiza no v. 27: “Vós sois o corpo de Cristo, e seus membros
em particular”.
Conclusão
O Espírito Santo foi assim visto em três relacionamentos na pri-
meira epístola aos Coríntios: o Evangelho, o templo e o ministério. Em
cada caso a responsabilidade pessoal do cristão foi enfatizada. O Evan-
gelho deve ser pregado na demonstração do poder do Espírito. A igreja
local e o corpo do cristão devem demonstrar a santidade e a dignidade
de serem habitados pelo Espírito. Todo cristão deve apreciar a neces-
sidade de exercitar o dom dado pelo Espírito, pelo poder do mesmo
Espírito, no Corpo do qual é membro e para o benefício geral e proveito
do povo de Deus.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
As Escrituras nos mostram que o Espírito Santo tem visitado a Ter-
ra desde a sua formação (Gn 1:2), e podemos ver, de maneiras variadas,
Sua atividade através do Novo Testamento. Ele participou ativamente
da Criação (Gn 1:2, Jó 33:4, Sl 104:30). Ele operou nas vidas de muitas
pessoas dos tempos do Velho Testamento, como por exemplo: José (Gn
41:38); Daniel (Dn 5:11); Davi (II Sm 23:2). Ele esteve envolvido na
concepção de Jesus (Lc 1:35), e quando o Senhor Jesus foi batizado por
João, no rio Jordão, o Espírito Santo veio sobre Ele (Lc 3:22).
A promessa do Senhor Jesus aos Seus discípulos, no Cenáculo,
foi que Ele enviaria “outro Consolador … o Espírito de verdade” ( Jo
14:16-17, 26), e essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, quan-
do o Espírito Santo desceu, enchendo e capacitando os discípulos (At
2:2-4). A evidência do poder do Espírito Santo na Igreja primitiva é
vista no livro de Atos, como descrito no cap. 8 deste livro.
O Espírito Santo ainda tem um papel essencial nas vidas dos cris-
tãos de hoje, e continuará a ter até o final desta dispensação. Seu papel
nas atividades das igrejas locais é evidenciado no ensino das epístolas do
Novo Testamento e, ao lermos a Palavra de Deus, vemos que o Espírito
está envolvido numa variedade de esferas, tanto no cristão individual
como nas atividades da igreja local. Estas incluem renovação e regene-
ração (Tt 3:4-5); iluminação tanto para cristãos como para descrentes
( Jo 16:8, 14); habitação (I Co 3:16; Ef 1:13-14); poder e capacitação
(At 1:8; I Co 12:8). Entretanto, o foco deste capítulo é o Espírito Santo
na epístola aos Gálatas.
Santificação
Nesta epístola aprendemos que o Espírito Santo é Aquele que, adi-
cionado a todo o serviço acima mencionado, energiza o processo de
santificação na vida do cristão. Sendo habitados pelo Espírito Santo,
somos capazes de reprimir o controle potencial da nossa natureza pe-
http://www.palavrasdoevangelho.com
guiado pelo Espírito nos garante que o controle do pecado sobre nós
não é mais necessário, pois não estamos sob a Lei, que exige obediência,
mas não pode suprir o poder sem o qual essa obediência é impossível.
De modo oposto, estamos sob a graça, onde a fraqueza encontra a força
disponível e suficiente através do Espírito Santo. A Lei e a carne estão
intimamente ligadas. Segundo a exposição de Paulo em Romanos, a
Lei, ao invés de conter a carne, na verdade produz o efeito inverso. Por
um lado a Lei provoca e aumenta o pecado, pois a carne faz a pessoa se
opor à Lei de Deus; por outro lado, devido à fraqueza da carne, que não
pode guardar a Lei de Deus, quanto mais uma pessoa tenta guardar a
Lei, tanto mais se achará nas garras do pecado.
Uma citação do livro “O Peregrino”, de John Bunyan, pode ilustrar
esse princípio. Há no livro uma cena na “Casa do Intérprete”. Nessa
casa há um aposento coberto com uma grossa camada de poeira. Ch-
ristian, o personagem principal do livro, viu alguém entrar e começar
a varrer o cômodo. Logo havia uma nuvem de poeira que encheu o
cômodo e sufocava todos que ali estavam, antes de voltar ao lugar de
onde fora varrido. O Intérprete explicou a Christian: “Esse aposento é o
coração de um homem que nunca foi santificado pela maravilhosa gra-
ça do Evangelho: a poeira é seu pecado original, e a corrupção interior
contaminou o homem todo. Aquele que começou a varrer era a Lei”. A
Lei somente agita a poeira do pecado; ela é incapaz de purificar alguém.
A carne necessita de uma solução espiritual.
As obras da carne
Antes de escrever sobre o “fruto do Espírito”, Paulo menciona as
obras da carne em 5:19-21. A razão para isso é que Paulo contrasta o
fruto do Espírito com a lista contida nestes versículos.
Poucos negariam que muitos problemas na vida vêm da carne, e que
a solução deles vêm do Espírito! Como cristãos desfrutamos da verdade
animadora de II Coríntios 6:16: “E que consenso tem o templo de Deus
com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus
disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles
serão o Meu povo”. Deus vive em nós. Ele anda conosco e nos guia. O
Espírito do Deus Todo-Poderoso é nosso. Temos que seguir por onde
Ele guia, pois este é o único modo de vencer a carne.
É interessante notar que o “fruto” do v. 22 é singular, em contraste
com a palavra “obras” do v. 19, que é plural. A carne se manifesta de
http://www.palavrasdoevangelho.com
* O autor está considerando que “adultério” (a primeira palavra na versão AT, que
serve de base para esta publicação) não deveria estar na lista, como ele escreveu
poucas linhas acima (N. do E.).
http://www.palavrasdoevangelho.com
O fruto do Espírito
Prosseguindo com o seu ensino em Gálatas 5, Paulo nota que, en-
quanto as obras da carne são múltiplas, o Espírito produz um único
http://www.palavrasdoevangelho.com
fruto. Isso indica a união das qualidades espirituais descritas por Paulo.
Aqueles que andam por esse Espírito verão, não alguns, mas todos os
aspectos do fruto do Espírito nas suas vidas. Parece que a pessoa tem
todo o fruto ou não tem nada! “O fruto” é melhor considerado como um
todo, e realmente pode ser entendido como “a sega”. Esse é o resultado
de andar em Espírito (v. 16), de ser guiado pelo Espírito (v. 18) e de
viver em Espírito (v. 25). O Espírito Santo produz o Seu fruto na vida
do cristão que vive nessa condição. Logo, as qualidades listadas nos vs.
22-23 não são o resultado de uma extenuante observação de algum có-
digo externo de regras, mas o produto natural de uma vida controlada e
guiada pelo Espírito. Este fruto é uma dádiva concedida a cada cristão,
e não tem relação com as manifestações extraordinárias e temporárias
do poder do Espírito nos primeiros dias da era da Igreja. A lista contida
nestes versículos é obviamente muito diferente da diversidade dos dons
espirituais mencionados em I Coríntios 12, onde lemos do Espírito
Santo “repartindo particularmente a cada um como quer” (I Co 12:11).
Já descrevemos esse grupo de nove características como facetas di-
ferentes de uma colheita; talvez seja melhor considerá-las individual-
mente ao invés de dividi-las em subgrupos. Não pretendemos, de forma
alguma, desrespeitar os grandes ensinadores que o fizeram oralmente
ou por escrito: trata-se apenas de uma preferência pessoal do presente
escritor, de acordo com os comentários anteriores.
Amor
O amor resplandece fortemente da pessoa cheia do Espírito. A pa-
lavra usada aqui é aquela palavra usada do amor de Deus para com o
homem (agape), sugerindo que nós amamos os outros como Deus nos
ama. Amor não é apenas uma emoção, mas é evidenciado em vários
aspectos da vida do cristão. Amor é:
• o motivo de todos os atos (I Co 16:14);
• o poder motivador do perdão (II Co 2:7, 8);
• evidenciado no dar sacrificial (II Co 8:24);
• o meio de controle da liberdade cristã (Gl 5:13);
• demonstrado para com os demais cristãos (Ef 1:15);
• uma evidência de maturidade espiritual (Ef 4:15);
• evidenciado por aqueles que são seguidores de Deus (Ef 5:2);
• o segredo da união (Cl 2:2);
• uma veste para ser vestida (Cl 3:14);
http://www.palavrasdoevangelho.com
Paz
Paz (eirene), como o hebraico shalom, significa mais do que a ausên-
cia de problemas ou discórdia. Possui a ideia mais positiva de estabilida-
de, integridade, prosperidade, serenidade e tranquilidade, e é, portanto,
uma demonstração do fruto espiritual. É uma condição que não pode
ser induzida por uma situação externa, mas vem do Espírito que habi-
ta no interior. Paz espiritual não inclui necessariamente circunstâncias
pacíficas, mas um coração pacífico em condições turbulentas ainda re-
sultará em paz. Paz é um dos atributos de Deus. Ele é o “Deus de paz”
(Rm 15:33; 16:20; II Co 13:11; Fp 4:9; I Ts 5:23). Assim, com Deus
como a fonte de paz, e o Espírito Santo como Aquele através de Quem
a paz vem, o fruto da paz deve ser evidenciado no cristão. Esta paz é
baseada na obra consumada da reconciliação feita por Cristo através
do derramamento do Seu sangue: “Havendo por Ele feito a paz pelo
sangue da Sua cruz, por meio dEle reconciliasse consigo mesmo todas
as coisas” (Cl 1:20), e por causa dessa reconciliação Ele tornou possível
para o homem ser justificado e ter “paz com Deus” (Rm 5:1).
Paz será evidenciada na igreja local na medida em que aderirmos à
exortação de Paulo: “… procurando guardar a unidade do Espírito pelo
vínculo da paz” (Ef 4:3).
Pode ser que, nesses versículos, a paz se refira especificamente ao
nosso relacionamento com os outros, tanto cristãos como não salvos,
mas também devemos incluir no seu significado a paz interior que re-
sulta de um relacionamento correto com Deus. De fato tal relaciona-
mento seria manifesto na nossa maneira de tratar as outras pessoas.
Longanimidade
Longanimidade (makrothymia; ou “paciência”, NVI) é o oposto de
impaciência. Não se trata meramente da habilidade de “aguentar” as
pessoas ou circunstâncias por um longo período, mas tem um aspecto
espiritual mais profundo, sendo uma faceta do fruto do Espírito. É tam-
bém outro atributo de Deus: “O Senhor, o Senhor Deus misericordioso
e piedoso, tardio em irar-se [longânimo] e grande em beneficência e
verdade” (Êx 34:6); “Porém Tu, Senhor, és um Deus de compaixão, e
piedoso, sofredor [longânimo], e grande em benignidade e verdade” (Sl
86:15). A longanimidade de Deus para com a humanidade é a base e
a razão da paciência do cristão para com os outros. Para viver à altura
da nossa vocação nós, os cristãos, precisamos demonstrar as seguintes
http://www.palavrasdoevangelho.com
Temperança
Temperança (enkrateia; “autocontrole”, JND) é a última faceta do
fruto do Espírito nesta lista. Traz a ideia de autocontrole em todas as
coisas. Deus deu ao ser humano o poder de exercer a sua própria vonta-
de, e sem a presença do Espírito Santo no seu interior, o homem só abu-
sa desse privilégio. Somente ao se tornar sujeito à operação do Espírito
Santo, pela fé em Cristo, pode o homem exercer controle sobre a sua
própria vontade. A palavra é usada por Paulo para descrever aqueles que
lutam pela coroa incorruptível (I Co 9: 21-27); na lista de qualificações
de um ancião (Tt 1:8) e, curiosamente, foi parte da mensagem que ele
pregou a Félix, na Cesaréia (At 24:25). Ele também menciona o assunto
em I Coríntios 7, em relação ao casamento. Pode ser que, em Gálatas 5,
Paulo esteja contrastando a temperança com as obras da carne: fornica-
ção, impureza e lascívia, bebedice e glutonaria, listadas anteriormente;
todas elas incluem demonstrações descontroladas de paixões.
A lista de descrições do fruto do Espírito não é, como a lista ante-
rior sobre as obras da carne, completa, mas representativa. Não pretende
limitar as belezas do Espírito.
É um aspecto característico de todos os cristãos que eles crucifi-
caram a carne (v. 24), estão vivendo pelo Espírito (v. 25), e assim estão
comprometidos a serem guiados pelo Espírito (v. 25). Nestas condições
o fruto do Espírito será manifestado em contraste com as obras da car-
ne.
A responsabilidade daqueles
que andam pelo Espírito
Andar pelo Espírito há de não somente evitar provocação e inveja
e o abster-se das obras vis da carne (5:19-26), mas, do ponto de vis-
ta positivo, levar à restauração daqueles que caíram em pecado (6:1).
A qualificação para esse serviço, que geralmente será de uma natureza
delicada, é descrita em uma palavra, “espiritual”. Curiosamente, essa pa-
lavra não aparece no Velho Testamento,* nem nos Evangelhos; é usada
somente depois do Pentecostes. O homem espiritual é aquela pessoa
que anda pelo espírito no sentido de 5:16, 25, e que evidencia o fruto do
* O autor menciona uma referência no VT (Os 9:7) onde, no inglês, é usada a
palavra “espiritual”, mas explica que o sentido é outro. Omitimos essa frase pois
em Português a tradução é “homem de espírito” (N. do E.).
http://www.palavrasdoevangelho.com
Espírito na sua vida. Além disso, é pelo padrão do Espírito Santo que
um homem deve julgar-se a si mesmo. Ser espiritual nas Escrituras é o
normal para o cristão; entretanto, pode haver aqueles que, devido à falta
de maturidade, ainda não atingiram esse padrão, como em I Coríntios
3:1-3. Outros, como em Gálatas 6:1, podem ter perdido a condição de
espiritualidade ao sucumbirem à carne. Isso não quer dizer, de forma
alguma, que um cristão pode perder o Espírito Santo. Vemos a confir-
mação disto no processo de restauração (colocação de um osso no lugar)
destes versículos. A obra de restauração sempre é feita por uma pessoa
espiritual, mostrando que não deve ser assumida levianamente ou de
uma maneira carnal. Se julgarmos nosso padrão de espiritualidade, ba-
seados nos detalhes do fruto do Espírito, saberemos se somos ou não
idôneos para esta obra.
Conclusão
Na epístola aos Gálatas o conflito entre a carne e o Espírito parece
ser constante. Entretanto, para aqueles que são espirituais, isto é, que
evidenciam o efeito da presença do Espírito no seu interior, e demons-
tram o fruto do Espírito ao ponto de excluir as obras da carne, há so-
mente um resultado: eles ceifarão “do Espírito … a vida eterna” (Gl 6:8).
http://www.palavrasdoevangelho.com
Salvador. Lembramos, com tristeza, que quando Ele veio à Terra pela
primeira vez “não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2:7). Mas
quando Ele falou com Zaqueu, Suas palavras foram maravilhosas: “Por-
que hoje Me convém pousar em tua casa”. É somente pelo poder do
Espírito Santo que habita em nós que podemos oferecer ao Salvador
uma morada.
Em 5:18 somos capacitados pelo Espírito a viver com louvor abun-
dante subindo continuamente dos nossos corações a Cristo. Cada um
de nós entende plenamente as consequências da primeira parte deste
versículo, pois muitas vezes já nos encontramos com pessoas domina-
das por outro tipo de espírito, e testemunhamos as consequências disso.
Mas simplesmente estar cheio do Espírito nos permite oferecer louvor
abundante ao nosso bendito Senhor com salmos, hinos e cânticos espi-
rituais, cantando ao Senhor no nosso coração.
Em relação ao privilégio divino (4:3, 30)
Vendo essa exortação direta e tão necessária, é muito reconfortante
saber que nós não precisamos criar esta unidade. Ela já existe como
resultado da soberania divina, portanto é a nossa obrigação correspon-
der e manter aquilo que já existe, e isso pelo poder e auxílio do próprio
Espírito Santo.
Já fomos exortados, no v. 3, a manter a unidade, e agora, no v. 30,
temos um mandamento relacionado com sensitividade, que nos ensina
a não entristecer o Espírito Santo. De acordo com o relato de Isaías,
até mesmo o povo de Deus, no passado, fez exatamente isto (63:10).
Tal ação desagradaria profundamente a Deus, e justificaria retribuição
divina em castigo severo.
Em relação a provisão divina (4:4; 6:18)
O lugar que o Espírito Santo ocupa em I Coríntios 12 é semelhante
ao da passagem agora diante de nós, já que ambas anunciam a concessão
de dons para a edificação do corpo de Cristo, localmente em Corín-
tios, mas num contexto dispensacional em Efésios. Assim, o Espírito
está constantemente provendo para o nosso crescimento espiritual com
recursos que são divinamente inesgotáveis. O Espírito de Deus não so-
mente concede o dom, como também supre abundantemente o poder,
a graça e a habilidade pelos quais o dom opera. Qual é o poder pelo
qual um servo de Deus, trabalhando como evangelista, encontra auxílio,
http://www.palavrasdoevangelho.com
* Neste parágrafo o autor contrasta as palavras gregas eiv (quer no grego tem o
gênero masculino) com en (que é neutra no grego). Tal distinção não aparece nas
versões em Português (N. do E.).
http://www.palavrasdoevangelho.com
acima mencionada.
Minha edificação e consciência (2:22)
Mais uma vez estamos diante de outro aspecto da nossa posição e
privilégio comuns. Nunca devemos ignorar o fato que Paulo está falan-
do da Igreja dispensacional, da qual fazemos parte por meio da graça
divina. Paulo começa com “no Qual”, que certamente se refere à Pessoa
mencionada nos vs. 20-21 — “Jesus Cristo” e “Senhor”. As próximas
palavras, “também vós”, referem-se ao povo. Que privilégio isso revela
quando meditamos na graça de Deus que nos coloca nesta associação.
Depois seguem as palavras “juntamente sois edificados”, indicando o
processo. A estrutura é incontestável, a unanimidade é indisputável e a
unidade é imutável. Mas ainda tem mais: Paulo, pelo Espírito, revela o
propósito: “para morada de Deus”. Ficamos abismados ao pensar que o
nosso Deus tenha escolhido tal morada. Finalmente, o poder para essa
verdade é “em Espírito”. Se esse ato bondoso de Deus, em plano e pro-
pósito, tivesse sido deixado para nós como Seu povo, é óbvio que devido
à nossa fraqueza humana nunca teria se concretizado. É isso que suscita
o nosso louvor e adoração da Sua soberana graça e poder, demonstrada
no e pelo Espírito de Deus.
Minha inclusão e associação (3:5)
Antes de tudo, Paulo relata que lhe foi concedido por Deus com-
preender a verdade do mistério por revelação divina, como ele afirma no
v. 3. Isso deu ao apóstolo uma noção clara do propósito divino, como ele
confirma nas palavras do v. 4: “… podeis perceber a minha compreen-
são do mistério de Cristo”. No v. 5 ele confirma que não foi o único a
receber esta verdade, pois ele acrescenta: “… como agora tem sido re-
velado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas”. Continuando, no
v. 6, aprendemos que, no propósito divino, somos “coerdeiros”, “de um
mesmo corpo”, e “participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.
Nada pode ser comparado com o nosso privilégio, mas que a nossa sin-
cera intenção seja viver de acordo com aquilo que o propósito de Deus,
por graça divina, nos apresentou. A plenitude disso enche os nossos
corações de gratidão e confiança, condenando claramente qualquer rei-
vindicação de uma nova revelação, o que definitivamente tornaria esta
passagem incompleta.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Deus, em graça, nos tem revelado. Deve ser óbvio a todos que, onde
houve desobediência resoluta desta ordem celeste, o resultado triste foi
a destruição da Verdade e a divisão do testemunho. Este comportamen-
to tem, muitas vezes, perturbado a harmonia dos santos, e por isso é
que há a necessidade de desejar graça para cumprir a exigência clara do
Espírito para manter a unidade “pelo vínculo da paz”.
Meus interesses e aceitação (4:4)
O fato que o Espírito Santo, como em I Coríntios 12:4-11, ocupa
tal lugar em termos da Trindade, nos assegura da Sua Divindade e au-
toridade, que deve ser constantemente e efetivamente reconhecida, em
todo aspecto do nosso serviço, ao usarmos o dom concedido por Ele. No
decorrer do nosso estudo da Bíblia devemos seguir o princípio de inter-
pretação de que a verdade da Palavra nunca seja comprometida, do con-
trário a verdade fica nublada e o ensino das Escrituras confuso. Amados
no Senhor, permitam-me enfatizar esta obra do Espírito Santo, pois
muitos, hoje em dia, escolhem desconsiderar fidelidade à Palavra. O
Espírito nos ajuda a extrair (interpretar), e não acrescentar às Escrituras.
Minha insensibilidade e atenção (4:30)
Será que posso ser insensível ao fato que sou capaz de entristecer o
Espírito? Investigando as ocorrências desta palavra “entristecer” (lupeo),
vemos que ela é usada vinte e seis vezes no Novo Testamento. Seu uso
geralmente indica uma condição de tristeza, mágoa. Será que pelo meu
modo de viver, de qualquer forma, eu posso entristecer o Santo Espírito
de Deus? Que o Senhor possa nos preservar, na Sua graça, de tal possi-
bilidade, já que infelizmente isso pode, sim, acontecer. Já notamos que
Isaías deixa claro que Israel fez isso (63:9). É uma grande manifestação
de graça, que nossos atos desfavoráveis não alteram a nossa segurança,
pois estamos “selados para o dia da redenção” pelo mesmo Espírito.
Minha energização e alvo (5:18)
Uma leitura de Lucas 1:15 confirmará que João, desde o seu nasci-
mento, deveria se sujeitar às características de um nazireu, em relação
àquilo que ele não deveria fazer, e que por divina graça ele seria “cheio
do Espírito”. Na medida em que caminhamos no nazireado espiritual
nós, do dia da graça, podemos conhecer o privilégio de sermos cheios
do Espírito Santo. Nada irá exercitar mais nossas ações, trabalho e ser-
http://www.palavrasdoevangelho.com
* Tradução livre. O original diz: “Our Father and our God!/We bless Thy sacred
name;/The promises to us fulfilled,/Thy faithfulness proclaim;//Through Jesus
glorified,/The Holy Ghost hath come,/To swell within Thy children’s breast,/The earnest
of their home.//The treasures that are found/In Jesus He displays;/He wins our heart,
by Jesus’ love,/To love of Jesus’ ways;//And by His power constrained,/The witness
round we give/Of Jesus and His sacrifice,/Through whom the dead may live.//He,
by Thy faithful Word,/Sheds on our pathway light;/And He upon His people’s hearts/
That holy Word doth write.//The promises become/To us a portion sure;/And, in
the hope of things to come,/We by His might endure//Him may we never grieve,/
But walk in light and love,/In joy of holy fellowship,/Foretaste of joy above.//Led
by Thy Spirit on,/As sons of God, unknown,/Sealed, till the full redemption’s day/
When Thou Thy sons wilt own.”
http://www.palavrasdoevangelho.com
Introdução
A importância da Pessoa e da Divindade do Espírito Santo é vista
no fato que Sua primeira aparição nas Escrituras está no segundo ver-
sículo de Gênesis 1, e a última se encontra nos versículos iniciais do
parágrafo final de Apocalipse 22. Entre esses dois pontos das Escrituras
há muitas referências à Sua Pessoa Divina. Isso tem sido enfatizado
através de todo este livro, enquanto cada um dos capítulos tem explo-
rado a grande variedade de contextos e circunstâncias nas quais Ele é
apresentado na Palavra de Deus. Nesse livro final da Bíblia, há vários as-
pectos fascinantes da Sua obra ainda a serem considerados, em relação
à importância da Pessoa, presença e poder do Espírito Santo no futuro.
Encontramos um assunto de grande importância dispensacional
no livro de Apocalipse, notando as passagens exatas onde a Pessoa ou
ministério do Espírito Santo são mencionados. Uma leitura cuidadosa
revela que há longas seções no livro onde a pessoa do Espírito Santo
ou Sua atividade não são descritos nem mencionados. Esta caracterís-
tica é única entre todos os outros livros do Novo Testamento, e está
em contraste com outras seções do livro, onde há contextos precisos
onde encontramos claramente Seu nome e função. Vemos um exemplo
conhecido disto ao contrastar as duas primeiras seções do livro com
a terceira. Essas seções são mencionadas em Apocalipse 1:19, onde o
escritor é instruído a dividir seus escritos em três partes, que são: cap. 1,
que descreve “as coisas que tens visto” (e inclui a bem-conhecida visão
de Cristo naquele capítulo); a segunda parte vai do começo do cap. 2
até o final do cap. 3 — ela descreve “as [coisas] que são” (incluindo a
descrição e detalhes das mensagens às sete igrejas); a terceira parte co-
meça em 4:1, que se inicia com o convite celeste para João: “Sobe aqui,
e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer”.
Outro fator introdutório a ser considerado é o fato que o ministério
do Espírito Santo é uma característica exclusiva da era presente, na qual
aqueles que são salvos fazem parte da Igreja que é o Corpo de Cristo.
http://www.palavrasdoevangelho.com
Essa grande verdade não era conhecida nos dias do Velho Testamento.
Vemos isso claramente nas palavras do apóstolo Paulo: “O qual noutros
séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem
sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas” (Ef
3:5). O Corpo em si foi formado no Dia de Pentecostes: “Pois todos
nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, e todos te-
mos bebido de um Espírito” (I Co 12:13). Um fato semelhante a esse é
que o Espírito Santo habita pessoalmente em cada cristão de hoje. Isso
não acontecia nos tempos do Velho Testamento, mas vai continuar até
o Arrebatamento da Igreja. E não são somente os santos da Igreja que
desfrutam dessa grande perspectiva, mas o próprio Espírito Santo: “E o
Espírito e a esposa dizem: vem” (Ap 22:17).
Uma razão clara, mas simples, que explica esses fatos é vista ime-
diatamente se reconhecermos que o principal motivo para a existência
do livro de Apocalipse é indicado no seu título, que significa “revelação”.
A palavra grega apokalupsis significa literalmente “desvendar”. Durante
os dias da vida e do ministério terrestre do Senhor Jesus houve uma
revelação clara da Sua glória moral, mas embora os aspectos oficiais da
Sua glória foram mencionados, eles estavam, em grande parte, ocultos.
Assim, o motivo e o significado do livro de Apocalipse é revelar a Pessoa
e a glória de nosso Senhor Jesus Cristo, como Ele será visto nos dias
futuros da Sua manifestação. Já aprendemos em outras partes desse vo-
lume que um ministério específico do Espírito Santo é glorificar e dar
honra à Pessoa de Cristo. É compreensível, portanto, que neste último
livro da Bíblia haja seções especiais em que esse ministério acontece.
A terceira e maior seção deste livro é dedicada às descrições dos juízos
finais que serão derramados desde os Céus durante o período de sete
anos comumente descrito como a “septuagésima semana de Daniel”. Os
últimos capítulos apresentam cenas da vindicação de Deus e de Cristo,
e da realização do propósito divino no Céu e na Terra.
mas o ponto de vista mais comum é vê-la como uma descrição do dia
da semana em que João recebeu a grande visão do cap. 1. É de conheci-
mento geral que o apóstolo João estava na ilha solitária de Patmos nesta
ocasião, e é bom apreciar que, apesar da ausência de companhia huma-
na, João estava vivendo no gozo de uma contínua comunhão com Deus.
Sem dúvida ele se lembraria dAquele em cujo seio ele havia reclinado,
assim como das Suas palavras: “Não vos deixarei órfãos, voltarei para
vós” ( Jo 14:18), e “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos enviará outro Consola-
dor, para que fique convosco para sempre” ( Jo 14:16). Foi João quem
lembrara e escrevera as muitas promessas dadas acerca do Espírito San-
to. Assim, João “estava no* Espírito” naquele dia. O ensino do Novo
Testamento relativo ao cristão e ao Espírito Santo revela a proximidade
e a intimidade deste relacionamento. Estes aspectos já foram tratados
em outras partes deste livro, e agora só nos resta enfatizar o fato que se
espera que cada cristão, hoje, viva e ande no Espírito e seja guiado pelo
Espirito (Gl 5:16, 25). J. Allen† disse o seguinte sobre isso:
A condição normal que se espera encontrar em todos os salvos
é que estejam “no [em] Espírito” (Rom. 8:9), mas quando Deus
usa homens como meios de comunicação, uma aptidão especial
é dada, como vemos em Ef. 3:5: “agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (literalmente “em
Espírito”). A expressão “em Espírito” descreve aquela exaltação e
separação de espírito efetuada pelo Espírito Santo, que capacitou
João a tornar-se um meio de comunicação divina.
dadeiro ouvir e acatar aquilo que está sendo dito pelo Espírito de Deus.
Essa exortação, dada logo no início do dia da graça, ainda é importante
para aqueles que estão vivendo agora, perto do seu final.
A segunda parte desta exortação é igualmente importante. Aqui é en-
sinado o fato importante que todo ministério bíblico é a voz do Espírito
de Deus, portanto nenhum aspecto dele deve ser negligenciado. Ao filho
de Deus não é permitido selecionar as verdades nas quais vai crer, e quais
vai praticar, já que “toda Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que
o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa
obra” (II Tm 3:16-17). Além disso, a frase que estamos considerando encer-
ra com outra questão importante relacionada com ouvir a voz do Espírito
Santo nas Escrituras. É o fato que, embora cada igreja individualmente
tenha recebido uma mensagem específica, elas são instruídas a dar ouvidos
a todas as sete mensagens. Isso torna cada carta importante a todos. Isso
também destaca a importância de toda a Escritura inspirada. Cada parte da
Bíblia completa deve ser lida e apreciada como a Palavra de Deus.
A referência extra, mencionada mais cedo, é dirigida unicamente à
igreja de Sardes: “E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto
diz O que tem os Sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço
as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto” (Ap 3:1). Sa-
bemos que o Senhor Jesus Se apresenta de uma forma diferente, com
títulos diferentes, a cada uma das sete igrejas. Bem no começo da men-
sagem à igreja de Sardes, há uma ênfase específica no ministério e pre-
sença do Espírito Santo. Vemos isso na apresentação do Senhor Jesus
à igreja como “O que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas”.
A condição da igreja em Sardes é dada como “prestes a morrer”. Havia
pouca vida e pouco poder nesta igreja do Novo Testamento, e Aquele
que a estava analisando o fazia no poder e sabedoria do Espírito de
Deus. Foi somente a essa igreja que esse lembrete foi dado.
Esse ministério poderoso a uma igreja local é revelado e explicado
nos capítulos finais da primeira epístola aos Coríntios. Ali aprendemos
que a igreja é a esfera da atividade e do ministério do Espírito. Isso já foi
exposto neste livro, e sua importância deveria ser sempre apreciada por
todo cristão que se reúne ao nome de nosso Senhor Jesus Cristo. É uma
maravilha que não pode ser explicada, que nas reuniões da igreja podemos
observar um dos fóruns do ministério do Espírito Santo na Terra. Deve-
mos acrescentar que outra esfera importante do Seu ministério é o corpo
http://www.palavrasdoevangelho.com
O Dia do Senhor
Já notamos que o livro de Apocalipse se divide em três partes, uma
divisão feita pelas palavras do Filho do Homem em 1:19. A primeira
seção se cumpriu quando João viu a importante visão do Filho do Ho-
mem andando no meio dos sete castiçais. A segunda seção abrange o
período do testemunho da igreja, descrito nos caps. 2 e 3; e embora as
sete igrejas estejam em vista, fica claro que os dois capítulos descrevem
o testemunho terrestre das igrejas locais do Novo Testamento nos dias
de hoje. A terceira seção, a partir do cap. 4, começa depois do arreba-
tamento dos santos, e coincide com, e descreve, o Dia do Senhor. Este
termo descreve o programa de eventos de juízo que acontecerão na Ter-
ra, afetando Israel e as nações. É predito no Velho Testamento e men-
cionado também no Novo Testamento. Na compreensão do presente
escritor, um programa celeste também começa precisamente no mesmo
tempo. É o Dia de Cristo, que é um período caracterizado por eventos
que acontecerão no Céu. Estes acontecimentos incluirão o Tribunal de
Cristo, seguido pelas Bodas do Cordeiro.
Logo percebemos que, imediatamente depois da Igreja deste pe-
ríodo presente ser arrebatada para os Céus, Deus retomará Seus planos
com a nação de Israel e com as nações em geral. Os caps. 4 e 5 do livro
de Apocalipse proporcionam vislumbres do Céu e do Cordeiro glori-
ficado, assim como dos santos da era presente, já que estes estarão com
o Senhor depois do Arrebatamento. Há somente três menções do Es-
pírito Santo nesta porção das Escrituras. A primeira, em 4:2, está sim-
plesmente enfatizando o fato que a experiência espiritual na qual João
estava ocupado era uma obra do Espírito Santo de Deus. A segunda e
a terceira menção estão em 4:5 e 5:6. Ambas reforçam o fato anterior-
mente mencionado que, depois do Arrebatamento, a localização do Es-
pírito Santo será o Céu e não a Terra, como é agora no período presente.
A frase “no Espirito” aparece quatro vezes no livro de Apocalipse,
e cada referência revela uma experiência e revelação espiritual especi-
ficamente importante dada a João. A primeira está em 1:10, onde João
recebe a grandiosa visão do Filho do Homem no meio dos sete castiçais
de ouro. A segunda está em 4:2, onde João contempla a visão dos caps.
4 e 5, onde ele vê o Cordeiro no meio do trono, dos quatro animais e
dos vinte e quatro anciãos. A terceira menção aparece em 17:3, onde ele
http://www.palavrasdoevangelho.com
entre as várias passagens proféticas. É bom saber que nos dias negros da
experiência amarga de Israel, há bênçãos prometidas para aqueles que
vencerem. A bem-aventurança no presente capítulo é a segunda da sé-
rie completa, e embora essas palavras sejam muitas vezes aplicadas ao
momento da morte do povo de Deus hoje, sua beleza e poder realmente
pertencem àqueles de um período futuro. Muitos terão sido martirizados
durante o reino da Besta. Isto é indicado nas palavras “Bem-aventurados
os mortos que desde agora morrem no Senhor: Sim, diz o Espírito”. A
própria característica de não estarem em Cristo distingue estes indivíduos
futuros dos santos do presente. O Espírito Santo está aqui, do Céu, fa-
lando estas palavras de conforto e encorajamento para aqueles que hão de
sofrer e servir e morrer, e suas obras certamente os seguirão.
A referência final ao Espírito Santo no livro de Apocalipse se en-
contra em 22:17. A narrativa geral da parte central do livro já terminou
no v. 5, e até o final do capítulo temos uma seção sobremaneira bendita,
onde a voz do Senhor que está para vir é claramente ouvida, quando
três vezes soa a gloriosa promessa: “Cedo venho” (vs. 7, 12, 20). O v. 17
se refere à grande antecipação da vinda do Senhor Jesus Cristo até os
ares para o Arrebatamento. Ele descreve um notável desejo duplo pela
Sua vinda, primeiro da parte do Espírito Santo, e depois da noiva do
Cordeiro. Esta última claramente se refere aos santos do presente dia
da graça, aguardando ansiosamente a chegada de Cristo aos ares. A
primeira parte do versículo ensina, de forma igualmente clara, que o
mesmo desejo é expresso pelo próprio Espírito Santo. Aquele que opera
sobre a Terra na Igreja também anela pelo dia em que Ele mesmo será
arrebatado. Esse será para Ele o dia glorioso da sua vitória ao entregar
a Noiva ao Noivo. A figura de Gênesis 24 será então completa, e assim
como o servo trouxe Rebeca em segurança a Isaque, assim também o
Divino Servo de hoje terminará a Sua obra, cumprindo o propósito
divino. Assim os santos do presente podem cantar em expectativa:
Ele e eu na glória excelsa
Compartilharemos um profundo gozo;
Eu, de estar para sempre com Ele —
Ele, de me ter ali!
E.F. Bevan*
* Tradução livre. O original diz: “He and I in that bright glory/ One deep joy shall
share;/ Mine, to be for ever with Him./ His, that I am there”
http://www.palavrasdoevangelho.com