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O CAMPO TÉRMICO E A QUALIDADE

AMBIENTAL URBANA EM CHAPECÓ/SC


Eduino Rodrigues da Costa
Orientador: Prof. Dr. José Tadeu Garcia Tommaselli
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
CAMPUS PRESIDENTE PRUDENTE/SP

O CAMPO TÉRMICO E A QUALIDADE AMBIENTAL


URBANA EM CHAPECÓ/SC

TESE DE DOUTORADO

Eduino Rodrigues da Costa

Presidente Prudente/SP
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Campus de Presidente Prudente

O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em


Chapecó/SC

Eduino Rodrigues da Costa

Orientador: Prof. Dr. José Tadeu Garcia Tommaselli

Tese de Doutorado apresentada ao


Programa de Pós Graduação em
Geografia, da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade Estadual
Paulista, campus de Presidente
Prudente, como requisito parcial para a
obtenção de título de Doutor em
Geografia.

Presidente Prudente/SP
2015
iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Rodrigues da Costa, Eduino.


R612c O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em
Chapecó/SC/Eduino Rodrigues da Costa. - Presidente Prudente:
[s.n], 2015
290 f.

Orientador: José Tadeu Garcia Tommaselli


Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e Tecnologia
Inclui bibliografia

1. Clima urbano. 2. Campo térmico. 3. Conforto térmico. 4.


Qualidade ambiental urbana. 5. Chapecó/SC. I. Rodrigues da Costa,
Eduino. II. Tommaselli, José Tadeu Garcia. III. Universidade Estadual
Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. IV. O campo térmico e
a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
iv
v

DEDICATÓRIA

Dedico esta tese de Doutorado

Aos meus pais (Olálio Fernandes da Costa


e Marta Rodrigues da Costa) e irmãos.

À minha filha Maria Eduarda Fantini da


Costa.

Aos meus avós paternos (Eduino


Fernandes da Costa e Ana Maria Helder da
Costa) e maternos (Joaquim Pereira da
Silva e Librantina Rodrigues da Silva) “in
memorian”.

À saudosa Profª. Dra. Maria da Graça


Barros Sartori (in memorian) pelos
ensinamentos e acima de tudo pelo
exemplo de caráter e dedicação.

À Simone Ribeiro da Silva pela(o)


compreensão, carinho, companheirismo e
amor.

À comunidade Chapecoense, para que


entendam a importância dos estudos de
clima urbano no planejamento da
paisagem e consequentemente na
melhoria da qualidade ambiental.

À todas as pessoas e instituições que de


uma forma ou de outra contribuíram para
que esta caminhada fosse exitosa, em
especial ao meu orientador Professor Dr.
José Tadeu Garcia Tommaselli grande
incentivador e a UNESP e a Fapesp, pela
gratuidade do ensino e pelo financiamento
desta pesquisa, respectivamente.
vi

AGRADECIMENTOS

Neste momento várias são as pessoas e instituições a quem devo por


obrigação agradecer, pois foram importantes para a construção desta longa
caminhada.
Primeiramente quero agradecer aos meus pais (Olálio e Marta) que na
simplicidade da vida me ensinaram a ser um bom filho, buscando meus objetivos,
respeitando o semelhante e sendo humilde nas atitudes. Tudo que sou quanto ao
caráter e pessoa devo a vocês meus pais.
Agradeço a todos os meus mestres desde a pré-escola ao nível superior, pois
sem estes a busca pelo conhecimento não poderia se realizar na sua plenitude.
Agradeço também aos cirurgiões e equipe do Hospital São Vicente de Paula
de Passo Fundo/RS e ao nosso senhor Jesus pela nova oportunidade de viver que
me concederam ao tratarem de uma infecção pulmonar grave que enfrentei em 2012.
Agradeço a Unesp pela gratuidade do ensino e acima de tudo pela
oportunidade de ingressar no melhor curso de Doutorado em Geografia do Brasil.
Agradeço à Capes pela concessão de bolsa nos dois primeiros meses de curso
e à Fapesp (Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo) pelo
financiamento integral da pesquisa e dos trabalhos de campo fundamentais para a
realização desta tese.
Agradeço ao Prof. Dr. José Tadeu Garcia Tommaselli pela disponibilidade de
orientação desta tese, pela troca de experiências e pelas sugestões de leitura da
literatura internacional referente ao clima urbano.
Agradeço à Engemap/SP pela concessão da imagem ortorreferenciada da zona
urbana de Chapecó, sem as quais o trabalho de mapeamento presente nesta tese se
tornaria muito árduo.
Agradeço ao Prof. Dr. Cássio Arthur Wollmann (UFSM) pela disponibilidade de
participar de alguns campos na cidade de Chapecó/SC, visando a aquisição dos
dados climáticos fundamentais para o estudo do campo térmico Chapecoense.
Agradeço a Prof. Dra. Margarete Amorim (UNESP) e aos Professores Antônio
Jaschke Machado (UNESP), Emerson Galvani (USP) e Cássio Arthur Wollmann
(UFSM) pela disponibilidade de participação na banca de doutorado, pela criteriosa
avaliação deste trabalho e pelas valiosas sugestões de aperfeiçoamento do mesmo.
vii

EPÍGRAFE

Carta ao Professor

"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os


homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por
favor diga-lhe que, por cada vilão há um herói, que por
cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe
por favor que por cada inimigo haverá também um amigo,
ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma
moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a
saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a
conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o
maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-
se com os pássaros do céu, as flores do campo, os
montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a
derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa,
ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra
todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os
duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente
porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a
decidir sozinho, ensine-o a rir quando está triste e
explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e
a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz
o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente
e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em
si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou a pedir muito, mas veja que pode fazer,
caro professor."

Autor Desconhecido
viii

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo estudar o campo térmico e a qualidade ambiental
urbana de Chapecó, cidade de porte médio localizada na região do Oeste
Catarinense. Para estudar o campo térmico de Chapecó ao nível do dossel urbano,
foi necessário estabelecer trajetos (transectos móveis) nos quais em condições de
tempo especificas de cada mês do ano de 2014, e horários (06, 15 e 21 horas) foram
realizadas coletas de dados climáticos (temperatura do ar), afim de identificar e
espacializar a ocorrência de fenômenos climáticos urbanos como as ilhas de calor.
Para a aquisição dos dados de temperatura do ar na zona urbana de Chapecó,
utilizou-se a metodologia dos transectos móveis, a qual consiste na aquisição
automática e simultânea de dados climáticos ao longo de trajetos preestabelecidos
dentro de determinada malha urbana. Para avaliar e mapear a qualidade ambiental da
zona urbana de Chapecó/SC foi utilizado uma adaptação da metodologia
desenvolvida por Nucci (1996) ao estudar a qualidade ambiental e o adensamento
urbano no distrito de Santa Cecília, localizado no município de São Paulo. Como
resultados destaca-se que a ilha de calor atmosférica se definiu melhor no bairro
Centro (horizontalizado e verticalizado) no horário das 15 e 21 horas em todos os
episódios de tempo analisados. No horário das 06 horas não foi possível notar a
influência da cidade sobre o campo térmico, visto que neste horário ocorre o
resfriamento radiativo associado ao balanço negativo de radiação. A ilha de calor
apresentou maior magnitude na estação de inverno e em episódios de tempo sob
domínio de sistemas atmosféricos polares (Massa Polar Atlântica, Massa Polar
Continental). Pelo tamanho da cidade e intensidade das alterações ambientais
promovidas pela ação antrópica não foi registrada ilhas de calor de fraca magnitude.
Em relação ao conforto térmico humano registrado em Chapecó, notou-se que a ilha
de calor é responsável pelo desconforto térmico verificado nos tipos de tempos
associados a sistemas atmosféricos tropicais no verão e pelo conforto térmico nos
episódios de tempo associados a sistemas polares no inverno, principalmente no seu
horário de máxima intensidade e aquecimento (15 horas). Em relação a qualidade
ambiental, verificou-se que as áreas de baixa qualidade corresponderam as áreas
centrais da cidade onde foram identificados e mapeados atributos negativos que
reduzem a qualidade do ambiente. As ilhas de calor de média, forte e muito forte
magnitude se estabeleceram justamente nas áreas centrais da cidade onde a
qualidade ambiental é baixa. Conclui-se que a cidade de Chapecó por seu porte médio
e dinâmicas espaciais da sua urbe, tem a capacidade de gerar um clima local; e as
alterações ambientais nela verificadas contribuem para reduzir a qualidade do
ambiente favorecendo assim o surgimento das ilhas de calor e o desconforto térmico.

Palavras-chave: campo térmico, ilha de calor, conforto térmico, qualidade ambiental


urbana, Chapecó/SC.
ix

ABSTRACT

This work aimed to study the thermal field and urban environmental quality of Chapecó,
medium-sized city located in the western region of Santa Catarina. To study the
thermal field of Chapecó in urban canopy level had to be established paths (mobile
transects) where in specific weather conditions of each month of the year 2014, and
times (06, 15 and 21 hours) samples were taken from climate data (air temperature) in
order to identify and spatialize the occurrence of climatic phenomena such as urban
heat islands. To acquire the air temperature data in the urban area of Chapecó, we
used the methodology of mobile transects, which is the automatic and simultaneous
acquisition of climate data along predetermined paths within a given urban area. To
assess and map the environmental quality of the urban area of Chapecó / SC was
used a methodology developed by adapting Nucci (1996) to study the environmental
quality and the urban density in the Santa Cecilia district, located in São Paulo. As a
result, it is emphasized that the atmospheric heat island defined better in the Centro
neighborhood (horizontalized and vertical) in the time of 15 and 21 hours in all episodes
rabbits. On time of 06 hours, it was not possible to note the influence of the city on the
thermal field, since this time is the radiative cooling associated with the negative
balance of radiation. The heat island showed greater magnitude in the winter season
and episodes of time under the control of polar weather systems (Polar Atlantic Mass,
Polar Continental Mass). The size of the city and intensity of environmental changes
brought about by human action was not recorded weak magnitude of heat islands.
Regarding the human thermal comfort registered in Chapecó, it noted that the heat
island is responsible for the observed thermal discomfort in the types of associated
time tropical weather systems in the summer and the thermal comfort in episodes of
time associated with polar systems in the winter, especially in its maximum intensity
and heating time ( 15 hours). For environmental quality, it was found that low-quality
areas corresponded central city areas, which have been identified and mapped
negative attributes that reduce the quality of the environment. The average heat
islands, strong and very strong magnitude is precisely established in inner-city areas
where environmental quality is low. We conclude that the city of Chapecó for its mid-
size and space of a dynamic metropolis, has the ability to generate a local climate; and
environmental changes occurring in it contribute to reducing the quality of the
environment favoring the emergence of heat islands and thermal discomfort.

Key-words: thermal field, heat island, thermal comfort, urban environmental quality,
Chapecó / SC.
x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa dos transectos da zona urbana de Chapecó.....................................30


Figura 2: Termo-higrobarômetros utilizados para a aquisição dos dados de
temperatura, do ar na zona urbana de Chapecó/SC...................................................31
Figura 3: Estrutura em PVC elaborada para transportar e ao mesmo tempo proteger o
aparelho (termo-higrobarômetro) do vento e da insolação direta...............................31
Figura 4: Um dos automóveis utilizados para a aquisição dos dados de temperatura
do ar na zona urbana de Chapecó/SC........................................................................32
Figura 5: Modelo de localizador GPS utilizado para a aquisição dos dados de
coordenadas UTM ao longo do transectos.................................................................32
Figura 6: Tela inicial do software ArcGis10.................................................................34
Figura 7: Tela da ferramenta de adição de dados (Add Data) do ArcGis 10.................35
Figura 8: Malha urbana de Chapecó em formato SHP (Shapefile)..............................35
Figura 9: Adição da planilha Excel contendo os dados de temperatura do ar e das
coordenadas UTM dos pontos dos transectos............................................................36
Figura 10: Janela para transformar a tabela de dados em uma malha de pontos........36
Figura 11: Janela para adicionar os três campos X, Y e Z da tabela Excel..................37
Figura 12: Dados da tabela Excel georreferenciados em formato de pontos...............37
Figura 13: Janela para exportar os dados da tabela e criar um shapefile de pontos....38
Figura 14: Janela para realizar a Krigagem dos dados da tabela transformada em
shapefile de pontos.....................................................................................................38
Figura 15: Interpolação dos valores de temperatura dos transectos da zona urbana de
Chapecó por meio de Krigagem.................................................................................39
Figura 16: Janela da ferramenta Contour utilizada para gerar as isotermas..............39
Figura 17: Isotermas da zona urbana de Chapecó.....................................................40
Figura 18: Janela da ferramenta Extract by Mask onde são inseridos a Krigagem e o
shapefile da zona urbana de Chapecó........................................................................40
Figura 19: Mapa da zona urbana de Chapecó com os valores das isotermas...........41
Figura 20: Janela da ferramenta Clip, utilizada para recortar as isotermas em
conformidade com a malha urbana de Chapecó........................................................41
Figura 21: Isotermas da malha urbana de Chapecó...................................................42
Figura 22: Janela da ferramenta Page and Print Setup utilizada para formatar o layout
do mapa final do campo térmico.................................................................................42
Figura 23: Janela da ferramenta Properties onde é inserido o Grid do mapa............43
Figura 24: Janela do Data Frame Properties..............................................................43
Figura 25: Janela para a escolha do tipo de grid que pretendemos utilizar no
mapa...........................................................................................................................44
Figura 26: Janela para criarmos a grade de paralelos e meridianos do
cartograma.................................................................................................................44
Figura 27: Janela utilizada para formatar os eixos da grade de coordenadas do
cartograma.................................................................................................................45
Figura 28: Janela para a geração da grade de coordenadas do cartograma............45
Figura 29: Cartograma com a grade de coordenadas geográficas (paralelos e
meridianos).................................................................................................................46
Figura 30: Janela Reference System Properties, onde são definidos os eixos dos
valores de coordenadas dos cartogramas..................................................................46
Figura 31: Ferramenta Insert (onde são inseridos os elementos do
cartograma)................................................................................................................47
xi

Figura 32: Modelo de cartograma do campo térmico da zona urbana de


Chapecó.....................................................................................................................47
Figura 33: Planilha para estimativa da temperatura do bulbo úmido.........................48
Figura 34: Modelo de planilha Excel contendo os valores de temperatura do ar e
efetiva e o perfil térmico de um transecto num episódio de tempo e horário pré-
selecionado................................................................................................................49
Figura 35: Mapa de localização de Chapecó no Estado de Santa Catarina, sua
respectiva zona urbana (com a divisão por bairros) e os transectos da pesquisa......56
Figura 36: Esboço Geológico do Estado de Santa Catarina.......................................57
Figura 37: Perfil estratigráfico da Formação Serra Geral............................................58
Figura 38: Unidades morfo-esculturais do Brasil........................................................59
Figura 39: Mapa dos domínios morfoclimáticos do Brasil...........................................59
Figura 40: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai..............................................60
Figura 41: Classificação do Clima do Brasil elaborada por Arthur Strahler.................63
Figura 42: Mapa do clima da Região Sul do Brasil.....................................................64
Figura 43: Correntes Perturbadas que atuam na Região Sul do Brasil e
consequentemente em Chapecó................................................................................65
Figura 44: Precipitação total anual do Estado de Santa Catarina...............................66
Figura 45: Temperatura média anual (ºC) do Estado de Santa Catarina...................67
Figura 46: Ocorrência média de dias de geada na Região Sul do Brasil...................69
Figura 47: Localização do Planalto da Neve no sul do Brasil (Santa Catarina e Rio
Grande do Sul)............................................................................................................70
Figura 48: Perfis geourbanos e geoecológicos de Chapecó/SC, área de abrangência
dos transectos............................................................................................................74
Figura 49: Mapa hipsométrico de Chapecó/SC..........................................................75
Figura 50: Mapa de declividade de Chapecó/SC.......................................................76
Figura 51: Mapa de orientação de vertentes de Chapecó/SC....................................77
Figura 52: Mapa de uso da terra da zona urbana de Chapecó/SC............................78
Figura 53: Mapa do antigo território da região Oeste catarinense.............................80
Figura 54: Áreas urbanizadas de Chapecó antes e depois das instalações das
agroindústrias.............................................................................................................84
Figura 55: Taxa de crescimento médio anual da população de Chapecó, Oeste
catarinense, Santa Catarina e Brasil..........................................................................85
Figura 56: Pirâmide etária de Chapecó/SC................................................................87
Figura 57: IDHM de Chapecó no ano de 2013...........................................................88
Figura 58: Participação dos setores da economia no PIB de Chapecó em 2012.......91
Figura 59: Percentual da PEA de Chapecó nos anos 2000 e 2010............................92
Figura 60: Perfil esquemático das camadas atmosféricas alteradas pela
urbanização................................................................................................................97
Figura 61: Dimensões espacial e temporal típicas dos processos atmosféricos e áreas
relevantes para os fenômenos urbanos......................................................................99
Figura 62: Sistema Clima Urbano: input, output e aplicação.....................................105
Figura 63: Variáveis controladas e não-controladas, responsáveis pela geração da ilha
de calor.....................................................................................................................110
Figura 64: Albedo dos materiais urbanos..................................................................115
Figura 65: Perfil da ilha de calor urbana...................................................................117
Figura 66: Representação esquemática da ilha de calor.........................................118
Figura 67: Representação esquemática dos fluxos de ar em superfície (brisa) e
convecção na Urban Boundary Layer.......................................................................121
Figura 68: Três tipos de ilha de calor.........................................................................122
xii

Figura 69: Domo de poluição urbana provocada pela ilha de calor..........................124


Figura 70: Modelo de mini-abrigo meteorológico......................................................118
Figura 71: Satélite Landsat 8....................................................................................133
Figura 72: Balão meteorológico do tipo Totex e registrador de temperatura do tipo
Tinytalk Data Logger.................................................................................................136
Figura 73: Processos físicos de ganho e perda de calor do homem com o
meio..........................................................................................................................141
Figura 74: Diagrama do conforto térmico humano....................................................148
Figura 75: Fluxograma das consequências do adensamento populacional e da
verticalização............................................................................................................155
Figura 76: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES13 T-Realce (B) do dia 31 de
janeiro de 2014.........................................................................................................159
Figura 77: Vista parcial do bairro Centro (verticalizado) de Chapecó/SC, sentido norte-
sul.............................................................................................................................160
Figura 78: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 31 de janeiro de 2014................................................................164
Figura 79: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 T_Realce (B) do dia 06
de fevereiro de 2014.................................................................................................166
Figura 80: Vista parcial do extremo leste da zona urbana de Chapecó....................168
Figura 81: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 06 de fevereiro de 2014.............................................................171
Figura 82: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 28 de
abril de 2014.............................................................................................................173
Figura 83: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 28 de abril de 2014....................................................................179
Figura 84: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 29 de
maio de 2014............................................................................................................180
Figura 85: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 29 de maio de 2014..................................................................185
Figura 86: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 20 de
junho de 2014...........................................................................................................186
Figura 87:Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 20 de junho de 2014..................................................................191
Figura 88: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 19 de
julho de 2014............................................................................................................193
Figura 89: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 19 de julho de 2014...................................................................199
Figura 90: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 27 de
agosto de 2014.........................................................................................................202
Figura 91: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 27 de agosto de 2014...............................................................207
Figura 92: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 colorida (B) do dia 27 de
março de 2014..........................................................................................................209
xiii

Figura 93: Vista parcial do bairro Centro de Chapecó sentido norte-sul....................212


Figura 94: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 27 de março de 2014..................................................................216
Figura 95: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 22 de
setembro de 2014.....................................................................................................218
Figura 96: Vista parcial do bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) de Chapecó,
sentido sul-norte.......................................................................................................219
Figura 97: Vista parcial do bairro Efapi situado na porção oeste da cidade de
Chapecó...................................................................................................................220
Figura 98: Vista parcial do bairro Seminário, onde geralmente são registradas as
menores temperaturas da zona urbana de Chapecó nos horários das 15 e 21
horas........................................................................................................................220
Figura 99: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 22 de setembro de 2014.............................................................223
Figura 100: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 21
de outubro de 2014...................................................................................................225
Figura 101: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 21 de outubro de 2014..............................................................229
Figura 102: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 15
de novembro de 2014...............................................................................................231
Figura 103: Vista parcial do bairro Trevo de Chapecó sentido norte-sul..................233
Figura 104: Vista parcial do bairro Presidente Médici, sentido norte-sul..................234
Figura 105: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 15 de novembro de 2014..........................................................236
Figura 106: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES13 T-Realce (B) do dia 06
de dezembro de 2014...............................................................................................238
Figura 107: Vista parcial do bairro Centro de Chapecó, sentido sul-norte...............239
Figura 108: Vista parcial do bairro Santa Maria, sentido leste-oeste........................240
Figura 109: Vista parcial do bairro Seminário, sentido sul-norte...............................242
Figura 110: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos
transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e
21 horas (C) do dia 06 de dezembro de 2014...........................................................243
Figura 111: Carta sinótica do dia 06 de setembro de 2013, em que as condições
atmosféricas em Chapecó encontravam-se sob domínio do Anticiclone Polar Atlântico
(APA)........................................................................................................................245
Figura 112: Carta sinótica do dia 28 de janeiro de 2014, em que as condições
atmosféricas em Chapecó encontravam-se sob domínio do Anticiclone Tropical
Atlântico (ATA)..........................................................................................................246
Figura 113: Albedo de alguns matérias urbanos......................................................248
Figura 114: Diferenças de cobertura da superfície e albedos, geram também
diferenças de aquecimento do ar e da superfície dentro de determinada malha
urbana......................................................................................................................249
Figura 115: Carta térmica de superfície de Chapecó no dia 06 de setembro de
2013..........................................................................................................................251
Figura 116: Carta térmica de superfície de Chapecó no dia 28 de janeiro de
2014..........................................................................................................................253
xiv

Figura 117: Perfil médio da ilha de calor urbana em Chapecó/SC...........................256


Figura 118: Carta de uso do solo da zona urbana de Chapecó/SC...........................257
Figura 119: Carta de poluição da zona urbana de Chapecó....................................259
Figura 120: Carta de densidade populacional da zona urbana de Chapecó-SC........263
Figura 121: Carta de verticalidade das edificações da zona urbana de Chapecó-
SC.............................................................................................................................264
Figura 122: Carta de desertos florísticos da zona urbana de Chapecó-
SC.............................................................................................................................265
Figura 123: Carta de déficit de espaços livres públicos da zona urbana de Chapecó-
SC.............................................................................................................................266
Figura 124: Carta das áreas susceptíveis de alagamentos na zona urbana de
Chapecó-SC.............................................................................................................267
Figura 125: Carta de qualidade ambiental urbana de Chapecó-SC.........................270
xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Evolução da população (total, urbana e rural) de Chapecó/SC (1960-


2010)..........................................................................................................................83
Quadro 2: Índice de crescimento demográfico da cidade de Chapecó.....................85
Quadro 3: Distribuição da população de Chapecó por bairros..................................86
Quadro 4: Distribuição da população de Chapecó por faixa etária............................87
Quadro 5: Taxa de mortalidade infantil por 1000 nascidos vivos para Chapecó, Santa
Catarina e Brasil.........................................................................................................88
Quadro 6: esperança de vida ao nascer em Chapecó, Santa Catarina e Brasil........88
Quadro 7: Número de leitos hospitalares por especialidade médica em Chapecó de
2007 à 2012................................................................................................................89
Quadro 8: Taxa de alfabetização de Chapecó/SC.....................................................89
Quadro 9: Instituições de Ensino Superior de Chapecó.............................................90
Quadro 10: Organização das escalas temporal e espacial do clima..........................100
Quadro 11: Categorias taxonômicas da organização geográfica do clima e suas
articulações com o clima urbano...............................................................................101
Quadro 12: Sistema Clima Urbano (SCU): articulações dos subsistemas segundo
canais de percepção.................................................................................................103
Quadro 13: características urbanas e suburbanas importantes para a formação de
ilhas de calor e seus efeitos no balanço de energia...................................................108
Quadro 14: Estágio da Urbanização e frequência da ocorrência das ilhas de
calor..........................................................................................................................109
Quadro 15: Causas da ilha de calor..........................................................................112
Quadro 16: Causas que favorecem o surgimento de ilhas de calor urbana
(ICs)..........................................................................................................................113
Quadro 17: Variáveis atmosféricas que influenciam na magnitude das ilhas de calor
(ICs)..........................................................................................................................113
Quadro 18: Magnitude das ilhas de calor em Chapecó no episódios, horários e tipos
de tempo estudados.................................................................................................272
Quadro 19: TE (temperatura efetiva) e conforto térmico humano na zona urbana de
Chapecó/SC no ano de 2014....................................................................................274
xvi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Valores aproximados da área de cada classe de declividades da zona


urbana de Chapecó/SC..............................................................................................72
Tabela 2: Valores aproximados da área de cada classe de orientação de vertentes da
zona urbana de Chapecó/SC......................................................................................73
Tabela 3: Comparação de alguns atributos climáticos entre a zona urbana e
rural............................................................................................................................96
Tabela 4: Concentração de riscos de alguns poluentes químicos nas
cidades.....................................................................................................................125
Tabela 5: Vantagens e desvantagens da metodologia dos pontos
fixos..........................................................................................................................128
Tabela 6: Vantagens e desvantagens da metodologia dos transectos
móveis......................................................................................................................130
Tabela 7: Temperatura efetiva e sensações térmicas..............................................146
xvii

LISTA DE SIGLAS

APA.......................Anticiclone Polar Atlântico


APP.......................Anticiclone Polar Pacífico
ATA.......................Anticiclone Tropical Atlântico
ASAS.....................Alta Subtropical do Atlântico Sul
CCM.......................Complexos Convectivos de Meso-escala
CBD.......................Central Bussiness District
Epagri....................Empresa de Pesquisa Agrícola do Estado de Santa Catarina
FPA........................Frente Polar Atlântica
GPS.......................Sistema de Posicionamento Global
IBGE......................Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC...........................Ilha de Calor
ID...........................Índice de Desconforto
INMET....................Instituto Nacional de Meteorologia
IT............................Instabilidade Tropical
MPV.......................Massa Polar Velha ou tropicalizada
MPA.......................Massa Polar Atlântica
MTA.......................Massa Tropical Atlântica
MTAc.....................Massa Tropical Atlântica continentalizada
MPC.......................Massa Polar Continental
MTC.......................Massa Tropical Continental
PEA.......................População Economicamente Ativa
PIB.........................Produto Interno Bruto
SCU.......................Sistema Clima Urbano
Td..........................Temperatura do bulbo seco
TE Temperatura Efetiva
Tw..........................Temperatura do bulbo úmido
UBL.......................Urban Boundary Layer
UCL.......................Urban Canopy Layer
UHI........................Urban Heat Island (Ilha de Calor Urbana)
ZCAS.....................Zona de Convergência do Atlântico Sul
xviii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................24
MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................29
Referencial teórico e metodológico da pesquisa.........................................................29
Metodologia para o estudo do campo térmico de Chapecó ao nível do dossel
urbano........................................................................................................................ 29
Metodologia para a elaboração dos cartogramas do campo térmico da zona urbana
de Chapecó................................................................................................................34
Metodologia para avaliar o conforto térmico ao longo dos transectos nos episódios de
tempo pré-selecionados.............................................................................................48
Metodologia para a elaboração das cartas termais de superfície da zona urbana de
Chapecó.....................................................................................................................50
Metodologia para a elaboração das cartas dos elementos geourbanos e
geoecológicos da área urbana de Chapecó................................................................50
Metodologia para avaliar a qualidade ambiental urbana de Chapecó........................52

CAPÍTULO 1- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................55


1.1 Localização da área de estudo.............................................................................55
1.2 Aspectos da Geografia Física de Chapecó...........................................................57
1.3 Circulação atmosférica regional e o clima de Chapecó........................................61
1.4 Características Geourbanas e Geoecológicas da área de estudo........................71
1.5 Aspectos históricos: origem, povoamento e evolução da malha urbana da cidade
de Chapecó................................................................................................................79
1.6 Aspectos socioeconômicos..................................................................................85

CAPÍTULO 2-DOS ASPECTOS HISTÓRICOS, CARACTERÍSTICAS,


ESCALAS E A ABORDAGEM SISTÊMICA DO CLIMA URBANO.......93
2.1 Primeiros estudos e a influência da urbanização na geração do clima
urbano........................................................................................................................93
2.2 Escalas de abordagem do clima urbano..............................................................97
2.3 Abordagem sistêmica do Clima Urbano (o SCU-Sistema Clima Urbano)............101

CAPÍTULO 3-DAS ILHAS DE CALOR URBANAS.............................106


3.1 Conceituando ilhas de calor................................................................................106
3.2 A urbanização e os fatores responsáveis pela geração das ilhas de
calor..........................................................................................................................107
3.3 Características das ilhas de calor........................................................................116
3.4 Ilha de calor de superfície e atmosférica (inferior e superior)...............................121
3.5 Ilhas de calor: poluição do ar e perda da qualidade de vida...............................123

CAPÍTULO 4-DAS TÉCNICAS DE ESTUDO DO CAMPO TÉRMICO E


DAS ILHAS DE CALOR (ATMOSFÉRICA E DE SUPERFÍCIE)...........126
4.1 Pontos fixos.......................................................................................................126
4.2 Transectos móveis...................................................................................................128
4.3 Termografia de superfície (Sensoriamento Remoto)..........................................130
4.4 Sensoriamento da estrutura vertical da atmosfera urbana..................................134
4.5 Balanço de energia.............................................................................................136
xix

CAPÍTULO 5 – DO CONFORTO TÉRMICO HUMANO.......................139


5.1 Conceituando conforto térmico..........................................................................139
5.2 O equilíbrio térmico e o mecanismo da termorregulação..................................139
5.3 Variáveis que interferem no conforto térmico humano.......................................142
5.4 Índices bioclimáticos: o índice de temperatura efetiva de Thom (1959) e o diagrama
de conforto térmico humano do INMET....................................................................145

CAPÍTULO 6-DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA.....................149


6.1 Urbanização e qualidade ambiental...................................................................149
6.2 Conceituando qualidade ambiental.....................................................................151
6.3 Proposta metodológica de avaliação e mapeamento da qualidade ambiental
urbana: apresentação da proposta de Nucci (1996).................................................152
6.4 Atributos negativos e perda da qualidade ambiental...........................................153

CAPÍTULO 7- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO TROPICAL MARÍTIMO...........................................158
7.1 Análise do episódio do dia 31 de janeiro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Tropical Marítimo............................................................................158
7.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 31 de janeiro de 2014...............................................................158
7.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 06 horas.................................................................................................159
7.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 15 horas.................................................................................................161
7.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 21 horas.................................................................................................162
7.2 Análise do episódio do dia 06 de fevereiro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Tropical Marítimo............................................................................165
7.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 06 de fevereiro de 2014............................................................165
7.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 06 horas.................................................................................................166
7.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 15 horas.................................................................................................167
7.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo –
horário das 21 horas................................................................................................169
xx

CAPÍTULO 8- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO POLAR MARÍTIMO.................................................172
8.1 Análise do episódio do dia 28 de abril de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar Marítimo.................................................................................172
8.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 28 de abril de 2014....................................................................172
8.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 06 horas.............................................................................................................173
8.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 15 horas.............................................................................................................175
8.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 21 horas.............................................................................................................176
8.2 Análise do episódio do dia 29 de maio de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar Marítimo.................................................................................180
8.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 29 de maio de 2014..................................................................180
8.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 06 horas da manhã............................................................................................181
8.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 15 horas.............................................................................................................182
8.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo – horário
das 21 horas.............................................................................................................183
8.3 Análise do episódio do dia 20 de junho de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar Marítimo.................................................................................186
8.3.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 20 de junho de 2014..................................................................186
8.3.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo –
horário das 06 horas da manhã.................................................................................187
8.3.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo –
horário das 15 horas................................................................................................188
8.3.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo –
horário das 21 horas.................................................................................................189
xxi

CAPÍTULO 9- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DO EPISÓDIO ASSOCIADO AO TEMPO ANTICICLÔNICO
POLAR CONTINENTAL.......................................................................192
9.1 Análise do episódio do dia 19 de julho de 2014 associado ao Tempo Anticiclônico
Polar Continental......................................................................................................192
9.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 19 de julho de 2014...................................................................192
9.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Continental–
horário das 06 da manhã..........................................................................................194
9.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Continental–
horário das 15 horas.................................................................................................195
9.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Continental–
horário das 21 horas.................................................................................................197

CAPÍTULO 10- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DO EPISÓDIO ASSOCIADO AO TEMPO ANTICICLÔNICO
POLAR TÍPICO.....................................................................................200
10.1 Análise do episódio do dia 27 de agosto de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar Típico.....................................................................................200
10.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 27 de agosto de 2014..............................................................200
10.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Típico– horário
das 06 da manhã......................................................................................................202
10.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Típico– horário
das 15 horas............................................................................................................203
10.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar Típico– horário
das 21 horas............................................................................................................205

CAPÍTULO 11- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO POLAR EM TROPICALIZAÇÃO.............................208
11.1 Análise do episódio do dia 27 de março de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar em Tropicalização.................................................................208
11.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 27 de março de 2014.................................................................208
11.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 06 da manhã................................................................209
xxii

11.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio


do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 15 horas......................................................................211
11.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 21 horas......................................................................214
11.2 Análise do episódio do dia 22 de setembro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar em Tropicalização.................................................................217
11.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 22 de setembro de 2014...........................................................217
11.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 06 da manhã................................................................218
11.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 15 horas.......................................................................219
11.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 21 horas.......................................................................221
11.3 Análise do episódio do dia 21 de outubro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar em Tropicalização................................................................224
11.3.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 21 de outubro de 2014.............................................................224
11.3.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 06 da manhã...............................................................225
11.3.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 15 horas.....................................................................226
11.3.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 21 horas.......................................................................227
11.4 Análise do episódio do dia 15 de novembro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar em Tropicalização................................................................230
11.4.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em
Chapecó/SC no dia 15 de novembro de 2014.........................................................230
11.4.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 06 da manhã...............................................................231
11.4.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 15 horas.....................................................................232
11.4.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 21 horas......................................................................234
11.5 Análise do episódio do dia 06 de dezembro de 2014 associado ao Tempo
Anticiclônico Polar em Tropicalização.................................................................237
xxiii

11.5.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 06 de dezembro de 2014.........................................................237
11.5.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 06 da manhã...............................................................238
11.5.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 15 horas......................................................................239
11.5.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no episódio
do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização– horário das 21 horas......................................................................241

CAPÍTULO 12-ANÁLISE DA ILHA DE CALOR SUPERFICIAL DA ZONA


URBANA DE CHAPECÓ-SC................................................................244
12.1 O campo térmico de Chapecó ao nível da superfície: análise do episódio do dia
06 de setembro de 2013..........................................................................................247
12.2 O campo térmico de Chapecó ao nível da superfície: análise do episódio do dia
28 de janeiro de 2014..............................................................................................252

CAPÍTULO 13- A QUALIDADE AMBIENTAL DA ZONA URBANA DE


CHAPECÓ/SC......................................................................................254
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................271
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................278
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

INTRODUÇÃO

A urbanização acelerada como a que ocorreu no Brasil, pós década de 1950,


contribuiu significativamente para reduzir a qualidade ambiental nas cidades
brasileiras de médio e grande porte.
Nestas cidades o crescimento espacial urbano ocorreu em detrimento da
degradação do meio natural com agravos a saúde e a qualidade de vida dos seus
habitantes. A supressão da vegetação, a intensa pavimentação e as atividades
antrópicas que se desenvolvem no espaço urbano contribuem para a geração de
problemas ambientais potencialmente nocivos à saúde das cidades como a poluição
química do ar (chuva ácida), ilhas de calor, inundações, deslizamentos de encostas,
contaminação de mananciais hídricos por efluentes domésticos e industriais, entre
outros.
Lombardo (1985, p. 16) destaca que a urbanização desordenada causa
problemas ecológicos como o desequilíbrio crescente entre a população e os meios
materiais e, em contrapartida, a contaminação em todas as suas manifestações.
A cidade caracteriza “uma contínua, cumulativa e acentuada ‘derivação
antrópica’ do ambiente”, suficiente para implicar em “uma série de alterações sobre a
atmosfera – até mesmo em sua própria composição química – tanto ‘sobre ela’ e até
mesmo como ‘exportação’ para o ambiente circundante” (MONTEIRO, 1990a, p. 10).
Os ambientes urbanos destacam-se pela intensidade com que tais impactos
ocorrem notadamente no âmbito da camada de cobertura urbana, que tem suas
características climáticas acentuadamente alteradas quanto aos aspectos de
composição do ar, radiação de energia, temperatura, umidade relativa e velocidade
dos ventos (LANDSBERG, 1970).
Além dos vários problemas socioambientais inerentes à cidade o processo de
urbanização produz alterações no clima local dando origem ao clima urbano que é
definido por Monteiro (1976) como um sistema que abrange o clima de um dado
espaço terrestre e sua urbanização.
Assim sendo, o clima urbano é um sistema aberto, complexo, adaptativo e
singular à cidade, que é o lugar onde ocorrem profundas alterações nos parâmetros
atmosféricos, abrangendo circulação, turbulência e dispersão do ar, albedo e

24
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

estocagem de calor, evapotranspiração e balanço de energia na superfície (TAHA,


1997; ARNFIELD, 2003; KANDA, 2007).
Várias são as alterações provocadas pela urbanização e pela ação do homem
nas propriedades do clima local. Neste sentido García (2010) aponta algumas
alterações climáticas que a urbanização produz como, por exemplo:
a) a substituição do solo natural por diversos tipos de pavimentos, como os sistemas
de drenagem urbanos, que permitem um escoamento rápido, provocando uma
redução da evaporação e da umidade da superfície e do ar;
b) as propriedades físicas existentes nos materiais de construção urbanos, distintas
das do solo natural, que apresenta menores albedos, uma maior capacidade calorífica
e uma boa condutividade térmica, o que modifica o balanço de radiação urbana e
influência a temperatura do ar e;
c) o calor produzido pelas atividades humanas na cidade como fator importante na
modificação do balanço de energia.
Um dos produtos do clima urbano resultado da modificação do balanço de
radiação nas cidades são as ilhas de calor, definidas por Lombardo (1985), como uma
área na qual a temperatura da superfície urbana é mais elevada que as
circunvizinhanças; sendo também caracterizadas pelo aumento da temperatura em
áreas urbanas com índices superiores aos da zona rural circundante.
Para Oke (1987) o mais evidente e documentado exemplo de mudança
climática provocada pelo homem (OKE 1987) é o fenômeno da ilha de calor. Esse
fenômeno corresponde a um maior aquecimento, positivo, de uma área urbana em
relação ao seu entorno ou a uma área rural, que se intensifica à noite, poucas horas
após o pôr do sol, e que é melhor visualizado em dias de ventos calmos e céu claro.
Para García (1991, p.47):

La isla de calor o isla térmica urbana consiste en que las ciudades suelem
ser, especialmente de noche, más cálidas que el medio rural o menos
urbanizado que las rodea. Singularmente, el área urbana que presenta
temperaturas más elevadas suele coincidir con el centro de las ciudades, allí
donde las construcciones y edificios forman un conjunto denso y
compacto.(...)

Além das derivações ambientais provocadas pelo processo de urbanização,


nota-se também conforme Dumke (2007, p. 84) que as condições e a qualidade de
vida no ambiente urbano se deterioram, devido à grande concentração populacional,
ao estresse, à poluição, à falta de saneamento e à ineficiência do poder público para

25
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

atender às necessidades da população, mas o custo social do desenvolvimento se


distribui com uma injustiça crescente, onerando sempre mais os pobres, os mais
vulneráveis.
O clima urbano afeta a qualidade de vida, pelo desconforto térmico que as ilhas
de calor e de frio podem gerar; e a qualidade ambiental pode também sofrer o impacto
do mau uso da terra, e das derivações ambientais provocadas pela ação antrópica.
Segundo Nucci (2008, p. 15) o aparecimento da ilha de calor altera a qualidade
ambiental trazendo sérios problemas ao bem-estar da população, pois podem ser
extremamente desconfortáveis no verão principalmente em locais onde estão
localizados o núcleo ou cume da ilha de calor, geralmente no centro comercial das
cidades.
A qualidade ambiental urbana está diretamente relacionada à interferência da
ação humana sobre o meio natural urbano, sendo que a substituição de áreas verdes
por núcleos habitacionais, ou a intensificação do adensamento urbano e populacional,
aliado ao crescimento desordenado e pouco planejado leva a deterioração da
qualidade de vida e ambiental, resultando em diversos problemas socioambientais.
Levando em consideração as questões ambientais urbanas, a crescente
degradação ambiental e a redução da qualidade de vida nas cidades, esta proposta
de tese visa analisar e avaliar a qualidade ambiental da zona urbana do município de
Chapecó/SC segundo uma perspectiva sistêmica, onde elementos geourbanos e
geoecológicos, como o uso da terra urbana, adensamento populacional, áreas verdes,
desertos florísticos, tráfego de veículos, usos potencialmente poluidores podem se
relacionar diretamente à formação de ilhas de calor e de frescor, gerando o (des)
conforto térmico e a redução da qualidade de vida e ambiental da população.
Justifica-se a escolha da cidade de Chapecó/SC em virtude da carência de
estudos que envolvam cidades de porte médio localizadas no oeste catarinense, já
que a maioria dos trabalhos envolvendo clima urbano e qualidade ambiental no Estado
de Santa Catarina foram desenvolvidos tendo como área de estudo a cidade de
Florianópolis, destacando entre eles o trabalho pioneiro de SEZERINO; MONTEIRO
(1990) e a tese de doutoramento de MENDONÇA (2002).
Ainda de acordo com (MONTEIRO, 1990, p. 81) a variedade da paisagem
urbana apresenta-se como um verdadeiro laboratório a ser dirigido a uma linha de

26
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

pesquisa de maior interesse ao estudo não só do clima como da qualidade ambiental


urbana, da qual aquele é apenas uma feição.
Além disto, o crescimento econômico e populacional de Chapecó motivado
pelas agroindústrias desde a década de 1970, levaram a expansão horizontal e
vertical da malha urbana e ao surgimento de problemas sociais e ambientais inerentes
a este processo. Assim a cidade necessita de estudos de toda ordem, inclusive
ambiental que possam contribuir para o planejamento espacial, e melhorar a
qualidade do ambiente.
Para que a pesquisa se torne viável do ponto de vista teórico-metodológico,
colocam-se as seguintes hipóteses para questionamento:
a) Existe relação direta entre a ilha de calor e a qualidade ambiental urbana em
Chapecó?
b) Chapecó do ponto de vista do tamanho do seu sítio é capaz de produzir um clima
urbano? Se sim, qual seria a dimensão espaço-temporal de fenômenos urbanos como
as ilhas de calor e de frescor?

O objetivo geral desta pesquisa consistiu em estudar o campo térmico de


Chapecó, bem como as sensações de (des) conforto térmico geradas pelas ilhas de
calor e de frescor e a relação destes produtos do clima urbano com a qualidade
ambiental urbana. Dentre os objetivos específicos deste trabalho temos:

a) estudar o campo térmico e a ocorrência de ilhas de calor e de frescor urbanas em


Chapecó/SC, empregando a metodologia de coleta de dados ao longo de transectos
móveis;
b) avaliar as condições de conforto ou desconforto térmico dos pontos de coleta
distribuídos ao longo de dois transectos localizados na zona urbana de Chapecó/SC,
através do emprego de alguns índices bioclimáticos, tais como o índice de
temperatura efetiva (TE) e o gráfico de conforto humano do INMET (Instituto Nacional
de Meteorologia);
c) verificar a influência do uso da terra, sombreamento, cobertura vegetal, morfologia,
tipologia do sítio, hipsometria e orientação das vertentes, ou seja, das variáveis ou
elementos geourbanos e geoecológicos na formação das ilhas de calor e de frescor
urbanas em Chapecó;

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

d) utilizar cartas da temperatura aparente de superfície da zona urbana de Chapecó,


afim de melhor espacializar as diferenças de aquecimento intra-urbano e as ilhas de
calor.
e) analisar a qualidade ambiental urbana de Chapecó/SC com base na metodologia
desenvolvida por NUCCI (2008);

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

MATERIAIS E MÉTODOS
Referencial teórico e metodológico da pesquisa

O referencial teórico utilizado nesta pesquisa corresponde as principais obras


e autores que abordam a temática do clima urbano, conforto térmico e qualidade
ambiental urbana.
Na linha do clima urbano as principais referências internacionais utilizadas
foram Landsberg (1970, 1981); Oke (1982, 1987, 1988, 1995, 1997 e 2004); Geiger
(1980, 2003); Imamura-Bornstein (1991); Arnfield (2003) entre outras e nacionais:
Monteiro (1976, 1990 e 1991); Lombardo (1985); Sartori (1979), Mendonça (1994),
Amorim (2000) entre outras.
Na linha do conforto térmico foram utilizados como referência a obra
internacional de Fanger (1970); e nacionais: Roriz (1987); Ruas (1999); Frota e
Schiffer (2003); Viana (2013), entre outros.
Na linha da qualidade ambiental destaca-se a obra internacional de Perloff
(1973) e nacionais: Monteiro (1987); Nucci (1999, 2005, 2008) entre outros.
A proposição metodológica adotada nesta pesquisa segue a já consagrada
Teoria do Sistema Clima Urbano (SCU) de Monteiro (1976), que é um referencial
teórico-metodológico da Geografia, amplamente utilizado nas pesquisas do clima
urbano das cidades brasileiras, sendo que sua abordagem sistêmica permite analisar
o clima urbano levando em consideração a co-participação da sociedade e da
natureza na produção de bolsões climáticos como as ilhas de calor e de frescor
urbanas.
O SCU subdivide-se em três subsistemas com seus respectivos canais de
percepção: a) Termodinâmico (conforto térmico); b) Físico-químico (qualidade do ar)
e c) Hidrometeórico (impacto meteórico). Neste trabalho foi dada ênfase maior ao
subsistema Termo-dinâmico e seu canal de percepção (conforto térmico).

Metodologia para o estudo do campo térmico de Chapecó ao nível do dossel


urbano

Para estudar o campo térmico de Chapecó ao nível do dossel urbano, foi


necessário estabelecer trajetos (transectos móveis) nos quais em condições de tempo
especificas de cada mês do ano de 2014, foram realizadas coletas de dados climáticos

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

(temperatura do ar), afim de identificar e espacializar a ocorrência de fenômenos


climáticos urbanos como as ilhas de calor.
Para a aquisição dos dados de temperatura do ar na zona urbana de Chapecó,
utilizou-se a metodologia dos transectos móveis, a qual consiste na aquisição
automática e simultânea de dados climáticos ao longo de trajetos (pontos móveis)
preestabelecidos dentro de determinada malha urbana.
Para tal foram estabelecidos dois transectos cortando a cidade de Chapecó nos
sentidos (leste-oeste e norte-sul), conforme o mapa da figura 1.

Figura 1: Mapa dos transectos da zona urbana de Chapecó.


Org.: Eduino Rodrigues da Costa (2014).

Para a aquisição dos dados ao longo dos transectos nos dias e tipos de tempo
pré-selecionados, foram utilizados dois termo-higrobarômetros com registradores
digitais (um para cada automóvel), modelo Lutron MHB-382SD, pré-programáveis (os
aparelhos foram programados para realizar a aquisição automática dos valores de
temperatura do ar a cada 5 segundos) e automáticos (figura 2).
Estes termo-higrobarômetros foram fixados dentro de um abrigo feito em PVC
da cor branca (vide figura 3). Estes abrigos protegeram os aparelhos da insolação
direta e do vento e foram fixados na lateral dos veículos (figura 4) a uma altura padrão
de 1,5 metros.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 2: Termo-higrobarômetros utilizados para a aquisição dos dados de temperatura, do ar


na zona urbana de Chapecó/SC.

Figura 3: Estrutura em PVC elaborada para transportar e ao mesmo tempo proteger o


aparelho (termo-higrobarômetro) do vento e da insolação direta.
Autor: Eduino Rodrigues da Costa.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 4: Um dos automóveis utilizados para a aquisição dos dados de temperatura do ar na


zona urbana de Chapecó/SC (nota-se a estrutura em PVC alocada próxima à porta do veículo,
onde são colocados os aparelhos de mensuração e aquisição dos dados).

Além de termo-higrobarômetros acoplados na lateral de cada veículo, foram


utilizados também localizadores GPS de navegação (marca Garmin modelo GPS
MAP78), para a aquisição de coordenadas planas do Sistema UTM (Universal
Transversa de Mercator), as quais foram usadas na elaboração dos cartogramas do
campo térmico de Chapecó, para cada dia e tipo de tempo estudado.
Os localizadores GPS foram pré-programados para realizarem a aquisição
automática das coordenadas UTM a cada 5 segundos, sincronizados com o tempo de
leitura dos termo-higrobarômetros ao longo dos transectos (conforme o modelo da
figura 5).

Figura 5: Modelo de localizador GPS utilizado para a aquisição dos dados de coordenadas
UTM ao longo do transectos.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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O estudo do campo térmico de Chapecó correspondeu a análise da


temperatura do ar ao longo de dois transectos em 12 episódios de tempo, sendo um
para cada mês do ano de 2014.
A aquisição dos dados de temperatura ao longo dos transectos foi realizada em
situações atmosféricas pré-selecionadas, preferencialmente naquelas sob domínio de
sistemas atmosféricos anticiclonais polares e tropicais.
O dia pré-selecionado para a aquisição dos dados correspondeu aquele em
que as condições de tempo se apresentavam estável, com céu limpo e pouco vento
(calmaria). Assim, os dias pré-selecionados foram aqueles em que as condições
atmosféricas estavam sob influência de sistemas atmosféricos anticiclonais.
No dia pré-selecionado (em que as condições atmosféricas eram ideais) a
aquisição de dados ao longo dos transectos da zona urbana de Chapecó se dava da
seguinte maneira:
a) Nos horários das (06, 15 e 21 horas) dava-se início ao registro dos valores
de temperatura ao longo dos transectos, através do emprego de automóveis
equipados com Dattalogers (aparelhos termo-higrobarômetros) e GPS;
b) Foram utilizados dois automóveis (táxi, particular ou alugado), sendo que
cada um percorria um transecto. Por exemplo um automóvel percorria o
transecto norte-sul, registrando os valores de temperatura do ar e de
coordenadas UTM e outro o transecto leste-oeste;
c) Os automóveis percorriam os transectos de forma simultânea e
sincronizada nos horários específicos para a aquisição dos dados (06, 15 e
21 horas);
d) Os transectos tinham início sempre no norte e no leste de cada transecto.
e) A velocidade padrão dos automóveis ao percorrem os transectos nos
horários de aquisição dos dados foi, em média, de 40 km/h a fim de evitar a
influência do vento nos registros feitos pelos aparelhos.
f) O tempo percorrido pelos automóveis em cada transecto foi em média de
40 minutos, a fim de evitar uma maior discrepância dos dados entre o início
e o final de cada trajeto.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Metodologia para a elaboração dos cartogramas do campo térmico da zona


urbana de Chapecó

Após a aquisição dos dados climáticos (temperatura do ar) e das coordenadas


UTM dos transectos, nos dias (tipos de tempo) e horários pré-estabelecidos (06, 15 e
21 horas), os mesmos foram selecionados e tabulados em planilhas do Microsoft
Excel2 a fim de serem utilizados no aplicativo ArcGis103 para a elaboração de
cartogramas do campo térmico da zona urbana de Chapecó.
A seguir será descrito passo-a-passo a elaboração dos cartogramas do campo
térmico de Chapecó utilizando o software de geoprocessamento ArcGis10.
Primeiramente deve-se abrir a tela inicial do software ArcGis (figura 6). Logo
em seguida clicamos em Add Data (figura 7), selecionamos a pasta onde se
encontram os arquivos e inserimos o recorte da malha urbana de Chapecó no formato
Shp (Shapefile) (figura 8).

Figura 6: Tela inicial do software ArcGis10.

2
Excell é marca Registrada da Microsoft Corporation, Redmond, WA, USA.
3
ArcGis é marca registrada da ESRI, Redlands, CA, USA.
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Figura 7: Tela da ferramenta de adição de dados (Add Data) do ArcGis 10.

Figura 8: Malha urbana de Chapecó em formato SHP (Shapefile).

Logo após a inserção da malha urbana, procede-se a inserção dos dados de


temperatura e das coordenadas UTM dos transectos em formato planilha do Excel.
Para isto deve-se clicar novamente em Add Data e incluir os dados da tabela
Excel da pasta selecionada onde os mesmos se encontram armazenados (figura 9).
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Figura 9: Adição da planilha Excel contendo os dados de temperatura do ar e das coordenadas


UTM dos pontos dos transectos.

Inserida a tabela, deve-se criar um shapefile de pontos georreferenciados,


clicando em Display XY Data (figura 10). Após isto abrirá uma janela onde serão
inseridos os campos X, Y e Z (figura 11). Inserimos os dados que a janela pede,
clicamos em OK e os dados apareceram georrefenciados em formato de pontos
(figura 12).

Figura 10: Janela para transformar a tabela de dados em uma malha de pontos.
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Figura 11: Janela para adicionar os três campos X, Y e Z da tabela Excel.

Figura 12: Dados da tabela Excel georreferenciados em formato de pontos.

O próximo passo consiste em exportar os pontos para criar um shapefile


conforme a figura 13.
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Figura 13: Janela para exportar os dados da tabela e criar um shapefile de pontos.

O passo a seguir corresponde a interpolação dos dados da tabela exportada


no formato de pontos, para proceder a Krigagem (ou outro método de interpolação)
dos valores de temperatura dos pontos dos transectos (figura 14).

Figura 14: Janela para realizar a Krigagem dos dados da tabela transformada em shapefile
de pontos.

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Na figura 15 temos a krigagem dos valores de temperatura da zona urbana de


Chapecó.

Figura 15: Interpolação dos valores de temperatura dos transectos da zona urbana de
Chapecó por meio de Krigagem.

Após realizada a krigagem, procede-se a elaboração das isotermas. Para isto


clicamos na caixa de ferramentas (ArcToolbox), sub-caixa Surface, ferramenta de
contorno (Contour). Clicando em Contour abre uma janela onde será inserido a
Krigagem realizada na etapa anterior (figura 16). Clicamos OK e aparecerá as
isotermas (figura 17).

Figura 16: Janela da ferramenta Contour utilizada para gerar as isotermas.


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Figura 17: Isotermas da zona urbana de Chapecó.

O próximo passo consiste em extrair a malha urbana de Chapecó com os


valores de temperatura. Para tal clicamos em Extraction-Extract by Mask e abrirá uma
caixa onde será inserido a Krigagem e o shapefile da malha urbana (figura 18). Damos
OK e teremos a malha urbana de Chapecó e seus valores de isotermas (figura 19).

Figura 18: Janela da ferramenta Extract by Mask onde são inseridos a Krigagem e o shapefile
da zona urbana de Chapecó.

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Figura 19: Mapa da zona urbana de Chapecó com os valores das isotermas.

Para recortarmos as isotermas e colocá-las em conformidade com a dimensão


espacial da malha urbana, utilizamos a ferramenta clip (recorte) da caixa de
ferramentas. Na caixa da ferramenta clip colocamos as isotermas e o shapefile da
malha urbana (figura 20). Damos OK e teremos então a malha urbana de Chapecó
com suas isotermas (figura 21).

Figura 20: Janela da ferramenta Clip, utilizada para recortar as isotermas em conformidade
com a malha urbana de Chapecó.

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Figura 21: Isotermas da malha urbana de Chapecó.

Após isto, podemos proceder a elaboração dos cartogramas do campo térmico


contendo grid, coordenadas, escala (numérica e gráfica), rumo e legenda. Para isto
clicamos em File e vamos em Page and Print Setup para formatar a página do
cartograma (figura 22).
Para inserirmos o grid de coordenadas no cartograma devemos clicar com o
botão direito do mouse sobre a tela, e então abrirá uma janela (figura 23). Nesta janela
devemos clicar em Properties (propriedades).

Figura 22: Janela da ferramenta Page and Print Setup utilizada para formatar o layout do mapa
final do campo térmico.
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Figura 23: Janela da ferramenta Properties onde é inserido o Grid do mapa.

Ao clicarmos em Properties abrirá uma nova janela denominada Data Frame


Properties e nela temos a opção New Grid (novo grid), conforme a figura 24.

Figura 24: Janela do Data Frame Properties.

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Assim que clicarmos em New Grid aparecerá uma nova janela denominada
Grids and Graticules Wizard (figura 25). Nesta janela procedemos a escolha do modo
Graticule (que divide o mapa ou cartograma em paralelos e meridianos).

Figura 25: Janela para a escolha do tipo de grid que pretendemos utilizar no mapa.

Clicando em avançar podemos criar a grade de paralelos e meridianos e


escolher os intervalos que queremos em graus, minutos e segundos (figura 26).

Figura 26: Janela para criarmos a grade de paralelos e meridianos do cartograma.


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Clicamos em avançar nas duas próximas etapas que correspondem aos eixos
(figura 27) e a criação da grade de coordenadas (figura 28).

Figura 27: Janela utilizada para formatar os eixos da grade de coordenadas do cartograma.

Figura 28: Janela para a geração da grade de coordenadas do cartograma.


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Ao clicarmos em finish na janela create a graticule, então teremos o cartograma


com a grade de coordenadas (figura 29).

Figura 29: Cartograma com a grade de coordenadas geográficas (paralelos e meridianos).

Podemos definir o tamanho da fonte e o posicionamento dos eixos dos valores


de coordenadas. Para isto devemos clicar com botão direito do mouse em cima do
cartograma e então abrirá a janela Data Frame Properties. Nesta janela clicamos em
Properties e então abrirá a janela Reference System Properties (vide figura 30).

Figura 30: Janela Reference System Properties, onde são definidos os eixos dos valores de
coordenadas dos cartogramas.
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Para inserirmos as escalas (gráfica e numérica), o rumo, o título e a legenda do


cartograma, devemos clicar na ferramenta Insert (figura 31).

Figura 31: Ferramenta Insert (onde são inseridos os elementos do cartograma).

Na figura 32 temos um modelo pronto de cartograma do campo térmico de


Chapecó após a realização de todos os procedimentos anteriormente descritos.

Figura 32: Modelo de cartograma do campo térmico da zona urbana de Chapecó.


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As figuras que espacializam os dados dos transectos, são interpolações, mas


permitem algumas conjecturas sobre a formação dos bolsões quentes e frios. Ao leitor
alertamos que a construção dessas espacializações serve apenas para facilitar o
processo de entendimento e complementa a análise dos transectos, estes sim,
fundamentais na base de construção dos dados.
Procedeu-se à análise linear da ocorrência de ilhas de calor e de frescor ao
longo dos transectos, procurando estabelecer a relação destas com a presença de
elementos geourbanos e geoecológicos.

Metodologia para avaliar o conforto térmico ao longo dos transectos nos


episódios de tempo pré-selecionados.

Para avaliar as sensações de conforto térmico na zona urbana de Chapecó nos


episódios de tempo e horários pré-selecionados, foram utilizadas os seguintes índices
bioclimáticos:
a) Índice de temperatura efetiva (TE) de Thom (1959); e
b) Diagrama de Conforto térmico humano do INMET.

Estes índices foram oportunamente explicados na revisão bibliográfica


referente a utilização de índices bioclimáticos na averiguação do conforto térmico
humano ao nível de ambiente externo. Com os dados de temperatura do ar (bulbo
seco T) e umidade relativa coletados ao longo dos transectos nos episódios de tempo
pré-selecionados foram organizadas planilhas, para posterior emprego do estimador
da temperatura do bulbo-úmido (Tu) (figura 33).

Figura 33: Planilha para estimativa da temperatura do bulbo úmido.


Fonte: TOMMASELLI, JTG (2007).
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Estabelecidos os valores da temperatura do bulbo úmido através do estimador,


procedeu-se o cálculo dos valores de TE (temperatura efetiva) para os transectos nos
episódios de tempo e horários pré-estabelecidos (06, 15 e 21 horas). Para fazer o
cálculo da TE foi utilizada a fórmula TE= 0,4*(Td+Tw)+4,8.
Os valores de temperatura do ar e da temperatura efetiva (TE) ao longo dos
transectos nos episódios de tempo analisados foram organizados e tabulados em
planilhas Excel. A partir disto foram elaborados perfis de temperatura do ar e efetiva
para os transectos nos episódios estudados (vide figura 34).

Figura 34: Modelo de planilha Excel contendo os valores de temperatura do ar e efetiva e o


perfil térmico de um transecto num episódio de tempo e horário pré-selecionado.

A partir dos valores da temperatura efetiva (TE) foram utilizadas a classificação


do Índice de Desconforto (ID) de Thom (1959) e a tabela de conforto/desconforto de
Garcia (1995), para determinar as sensações térmicas resultantes da (TE) ao longo
dos transectos nos episódios de tempo estudados.
Os valores de temperatura do ar e da umidade relativa registrados ao longo dos
transectos foram utilizados no diagrama do conforto humano do INMET para avaliar
as sensações de conforto ou desconforto térmico experimentados pelos cidadãos
urbanos de Chapecó nos diferentes episódios de tempo e horários pré-determinados.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Metodologia para a elaboração das cartas termais de superfície da zona urbana


de Chapecó

Para complementar a análise do campo térmico de Chapecó ao longo dos


transectos e espacializar a ocorrência da ilha de calor superficial na malha urbana
Chapecoense foram elaboradas duas cartas termais, uma de setembro de 2013,
representativa da primavera e outra de janeiro de 2014, representativa do verão.
Para fazer a carta termal de superfície foi necessário entrar primeiramente no
site: www.glovis.usgs.gov, selecionar a imagem Landsat 8 TM de Chapecó no banco
de dados e fazer o download.
De posse da imagem Landsat 8 TM de Chapecó, procedeu-se a construção da
carta térmica de superfície utilizando o software de tratamento de imagens ENVI 4.7.
Utilizando o ENVI 4.7 foi realizada a conversão dos números digitais da imagem
Landsat de Chapecó para radiância e depois a radiância foi transformada para
temperatura aparente em graus Celsius (ºC).
O cálculo da temperatura de superfície foi baseado na fórmula de Malaret et al
(1985) utilizada por Tarifa; Armani (2000) em que se considera o nível de cinza do
ponto e três variáveis preestabelecidas para determinar a temperatura em graus
Kelvin:

T = 209,831 + 0,831 (DN) – 0,00133 (DN)² Eq.1

Em que: DN corresponde ao nível de cinza da imagem (Digital Number).

Para encontrar o resultado em graus Celsius, basta subtrair 273,15 do resultado


final.

Metodologia para a elaboração das cartas dos elementos geourbanos e


geoecológicos da área urbana de Chapecó

Para explicar as derivações ambientais responsáveis pela geração do clima


urbano de Chapecó e seus produtos (campo térmico, ilhas de calor e de frescor),
foram elaboradas quatro cartas assim discriminadas:
a) carta de orientação de vertentes, b) hipsometria, c) declividades e d) mapa
de uso da terra, além de dois perfis geoecológicos e geourbanos da área de
abrangência dos transectos.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

As cartas foram elaboradas com o auxílio do aplicativo de geoprocessamento


ArcGis10. A base cartográfica utilizada foi a disponibilizada pela EPAGRI (Mapoteca
topográfica digital de Santa Catarina); IBGE e Prefeitura Municipal de Chapecó.
A representação do mapa de orientação de vertentes seguiu a metodologia
indicada por De Biasi et al. (1977, p. 5) em que “a orientação desses segmentos de
vertentes irá depender da amplitude angular de suas tangentes em relação às curvas
de nível, levando-se em consideração os azimutes determinados pela linha Norte-Sul
da carta.”
Assim, definem-se oito setores de 45º em relação ao norte verdadeiro. Foram
obtidas as seguintes orientações de vertentes: norte, nordeste, noroeste, oeste, sul,
sudeste, sudoeste e leste. As cores usadas variaram conforme a orientação das
vertentes e a radiação solar global recebida. As vertentes de orientação norte,
nordeste, noroeste e leste receberam cores quentes, por outro lado, as vertentes de
orientação sul, sudeste, sudoeste e oeste receberam cores frias devido ao menor
recebimento de radiação.
Em relação ao Mapa Hipsométrico destaca-se que o mesmo visou representar
as variações do terreno através das classes altimétricas, representadas por um
sistema de graduação de cores.
De acordo com Loch (2006) na representação visual das classes hipsométricas,
na altitude zero, em relação ao nível do mar, deve-se utilizar cores em tons de verde,
seguindo de amarelo, vermelho e marrom a medida que a altitude aumenta. Nas
maiores altitudes, onde há neve ou faz muito frio, deve-se usar o azul claro ou lilás,
ou ainda o branco.
Quanto à definição do número de classes, não há uma convenção estabelecida
a representar o terreno (LOCH, 2006).
Foram definidas 8 classes altimétricas para Chapecó/SC cada uma com
intervalo de 29 metros, conforme a figura 49.
Rovani e Cassol (2012, p.38) destacam que o mapa de declividade, também
conhecido por mapa clinográfico, juntamente com outras variáveis gráficas como
orientação de vertentes, insolação direta, direção e velocidade dos ventos permitem
com suas correlações uma melhor compreensão e equacionamento dos problemas
que ocorrem no espaço de análise.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Na elaboração do mapa de declividade foram utilizadas as classes propostas


por De Biasi (1992) assim definidas:

< 5% - Limite urbano industrial, utilizados internacionalmente, bem como em


trabalhos de planejamento urbano efetuados pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do estado de São Paulo.
5-12% - Este limite possui algumas variações quanto ao máximo a ser
estabelecido (12%), pois alguns autores adotam as cifras de 10% e/ou 13%.
A diferença é muito pequena, pois esta faixa define o limite máximo do
emprego da mecanização da agricultura.
12-30% - O limite de 30% é definido por legislação Federal – Lei 6766/79 –
que define o limite máximo para urbanização sem restrições.
30-47% - O Código Florestal, fixa o limite de 25º (47%), como limite máximo
de corte raso, a partir do qual a exploração só será permitida se sustentada
por cobertura de florestas.
>47% - O artigo 10 do Código Florestal prevê que na faixa situada entre 25º
(47%) a 45º (100%), “não é permitida a derrubada de florestas,... só sendo
tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização racional, que
vise a rendimentos permanentes”.

Em relação ao mapa de uso da terra foi utilizada a ferramenta de classificação


do programa ENVI 4.7 e o classificador escolhido foi o de máxima verossimilhança.
As classes foram determinadas de acordo com a resolução espacial da imagem (15
metros) e o manual de uso da terra do IBGE.
Assim foram definidas 3 classes de uso da terra: Praças e parques urbanos,
uso residencial e outros usos ou usos mistos (residencial, comercial, industrial e
institucional).
Os perfis geoecológicos e geourbanos da zona urbana por onde passam os
transectos foram elaborados com base na carta topográfica de Chapecó DSG 1976,
Folha SG.22-Y-C-III-2 MI-2886/2, escala 1:50.000, Google Maps e trabalho de campo.

Metodologia para avaliar a qualidade ambiental urbana de Chapecó

Para avaliar e mapear a qualidade ambiental da zona urbana de Chapecó/SC


foi utilizado uma adaptação da metodologia desenvolvida por Nucci (1996) ao estudar
a qualidade ambiental e o adensamento urbano no distrito de Santa Cecília, localizado
no município de São Paulo.
Foram assim elegidos atributos negativos para avaliar a qualidade ambiental
sendo eles os seguintes: déficit de espaços livres, cobertura vegetal (desertos
florísticos), verticalização, usos poluidores, densidade populacional, áreas de
alagamentos e usos do solo ou da terra.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com Nucci (1998) a soma dos atributos negativos indicara as


seguintes classes de qualidade ambiental para a zona urbana de Chapecó:
a) Presença de 5 a 7 atributos - baixa qualidade ambiental;
b) Presença de 3 a 5 atributos – média qualidade ambiental e,
c) Presença de 1 a 2 atributos – alta qualidade ambiental.

Esta metodologia visa a construção de uma carta de qualidade ambiental


urbana, baseado no levantamento e representação cartográfica de atributos negativos
(NUCCI, et al, 2005, p.7).
O mapeamento dos atributos negativos e o posterior cruzamento de mapas
visando determinar a qualidade ambiental urbana em Chapecó, foram realizados no
software de Geoprocessamento ArcGis10.
Com base na fotografia aérea de Chapecó obtida junto a Engemap,
georreferenciada no ArcGis, foram identificados, mapeados e quantificados os
espaços livres e a cobertura vegetal (desertos florísticos).
Foi utilizado o índice de 5 m² de espaços livres para uso de cada habitante
como o valor menos restritivo de acordo com o valor encontrado por NUCCI (2008) na
literatura, para a elaboração da carta de déficit de espaços livres.
Para a elaboração da carta de “desertos florísticos” foi levado em consideração
Oke (1973 apud LOMBARDO, 1985) segundo o qual um índice de cobertura vegetal
inferior a 5% determinaria características semelhantes a um deserto.
Para a elaboração da carta dos usos considerados potencialmente poluidores
foram levantados, em trabalho de campo e com auxílio da imagem de satélite, todos
os usos relacionados à funilarias, mecânicas, serralherias, estacionamentos, postos
de combustíveis, revendas de automóveis, de peças automotivas, depósitos,
transportadoras, considerando-se apenas o que pode ser observado da calçada.
Os pontos de alagamentos foram mapeados com base na carta topográfica de
Chapecó e com o mapa de uso da terra, a fim de identificar as áreas de fundo de vale,
áreas impermeabilizadas e os cursos de água.
Os dados levantados foram organizados nas seguintes cartas temáticas: déficit
de espaços livres, cobertura vegetal (desertos florísticos), verticalização, usos
potencialmente poluidores, pontos de alagamentos e usos do solo ou da terra.

53
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

As cartas de cada um desses atributos indicaram os locais onde se espera que


haja problemas em relação à qualidade ambiental.
A representação e integração de tais atributos foram elaboradas no SIG
ArcGis10, gerando a carta de qualidade ambiental através da ferramenta Intersect,
definida pelo cruzamento das cartas dos atributos negativos.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 1- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO


1.1 Localização da área de estudo

Localizado no oeste catarinense, Chapecó é um município distante cerca de


588 km da capital do estado de Santa Catarina, Florianópolis. Faz limite ao sul com o
Estado do Rio Grande do Sul, ao norte com os municípios de Cordilheira Alta, Coronel
Freitas e Nova Itaberaba, a oeste com os municípios de Guatambú e Planalto Alegre
e ao leste com os municípios de Xaxim, Arvoredo, Seara e Paial.
No mapa da figura 35 temos a localização do município de Chapecó no Estado
de Santa Catarina, sua zona urbana com a respectiva divisão de bairros e os
transectos utilizados na aquisição dos dados de temperatura, umidade relativa e
pressão atmosférica.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 35: Mapa de localização de Chapecó no Estado de Santa Catarina, sua respectiva zona urbana (com a divisão por bairros) e os transectos da pesquisa.

56
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

1.2 Aspectos da Geografia Física de Chapecó

Neste item foi abordado alguns aspectos da geografia física de Chapecó


(geologia, geomorfologia, solos, hidrografia e vegetação) que melhor permitem
caracterizar a área de estudo em relação a sua geoecologia.
Em relação a geologia do município de Chapecó destaca-se que ela é
composta predominantemente por rochas ígneas vulcânicas (cobertura basáltica) da
Formação Serra Geral1 datadas da Era Mesozoica e pertencentes ao Grupo São
Bento2, conforme a figura 36.

Figura 36: Esboço Geológico do Estado de Santa Catarina.


Fonte: Adaptado de Scheibe (1986, p.8)

1 A Formação Serra Geral, topo da sequência estratigráfica da Bacia do Paraná, é o registro do


vulcanismo ocasionado pela ruptura do megacontinente de Gondwana, dando origem ao Oceano
Atlântico Sul. A espessura média deste pacote vulcânico é de 800 m, podendo atingir até 1.500 m, e
ocupa, na sua totalidade, 1.280.000 km², estando 1.200.000 km² destes na América do Sul, ocupando
áreas do sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (Roisenberg e Viero, 2000).
2 Neste Grupo estão representadas as rochas de idade mesozóica da Bacia do Paraná. As duas

unidades da porção inferior, formações Pirambóia e Botucatu, constituem-se de sedimentos


continentais predominantemente arenosos, enquanto que a porção superior do Grupo é representada
por rochas basálticas da Formação Serra Geral. Incluem-se ainda, no Grupo São Bento, as soleiras e
diques de diabásio, bastante frequentes, correlatas à Formação Serra Geral (EMBRAPA, 2005).
57
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Na região oeste catarinense e no município de Chapecó, verifica-se o


predomínio de rochas ígneas vulcânicas básicas (basaltos, andesitos) intercaladas
por vulcânicas ácidas de topo de derrames (dacitos, riodacitos e riolitos).
Estas rochas vulcânicas pertencentes a Formação Serra Geral recobrem as
rochas sedimentares (arenitos) da Formação Botucatu, conforme o perfil estratigráfico
da figura 37.

Figura 37: Perfil estratigráfico da Formação Serra Geral.


Fonte: CPRM (2015).

Assim, na zona urbana de Chapecó são encontradas além de rochas


vulcânicas, os diques de diabásio que são frequentes e correlatos à Formação Serra
Geral.
Em relação a geomorfologia (figura 38) o município de Chapecó está inserido
na macro-unidade de relevo denominada de Planalto e Chapadas da Bacia
Sedimentar do Paraná3, (ROSS, 1990).
Em relação a vegetação (figura 39) temos a presença da Mata de Araucárias,
Floresta Decidual e Campos de Altitude ambos pertencentes ao Domínio
Morfoclimático das Araucárias4 (AB’SÁBER, 2003).

3
Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná englobam terrenos sedimentares com idades desde o
Devoniano ao Cretáceo, bem como extensa ocorrência principalmente na parte sul da bacia, das rochas
vulcânicas básicas e ácidas do Jura-Cretáceo. Todo contato desta unidade com as depressões
circundantes é feito através de escarpas que se identificam como frentes de Cuesta única ou
desdobradas em duas ou mais frentes. Na borda leste aparece com uma única frente no Estado de
São Paulo, mas nos Estados do Paraná e Santa Catarina desdobra-se em duas frentes, uma nos
terrenos do Devoniano e outra nas formações vulcânicas do jura-cretáceo. No Rio Grande do Sul a
escarpa é sustentada quase que exclusivamente pelas rochas vulcânicas (ROSS, 1985, p. 31-32).
4
O domínio morfoclimático das Araucárias é marcado por grandes diferenças pedológicas e climáticas
em relação aos outros planaltos ecologicamente similares situados no centro-sul do país. Nele se
processa, sobretudo, o envelhecimento das massas de ar polar atlânticas, fato que abaixa os índices
térmicos globais de toda a área (desde o Paraná até Santa Catarina e o nordeste do Rio Grande do
Sul). Existem precipitações relativamente bem distribuídas pelo ano inteiro, fato que garante um caráter
58
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 38: Unidades morfo-esculturais do Brasil.


Fonte: Ross (1990, p.30).

Figura 39: Mapa dos domínios morfoclimáticos do Brasil. (A área em preto corresponde
ao Domínio das Araucárias).
Fonte: Ab’Sáber (2003, p.17).

extensivamente perene para toda a rede de drenagem regional. Nos setores mais elevados dos
altiplanos-São Joaquim, Curitibanos, Lajes, ocorrem fortes geadas e eventuais curtos períodos de
nevadas. O domínio dos planaltos de araucária comporta as paisagens menos “tropicais do país. A
ausência das matas pluviais densas e biodiversas por todo o core desse domínio paisagístico e
ecológico lhe concede outro “ar de família” fisiográfico e sobretudo biogeográfico. Com a devastação
das áreas onde as araucárias possuíam maior biomassa, tem havido ampliação dos campos
subtropicais filiados aos enclaves de pradarias mistas existentes na área (AB’SABER, 2003, p.20-21).
59
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em relação aos tipos de solos encontrados no município de Chapecó temos de


acordo com a Epagri (2014) os seguintes tipos: Neossolo Litólico, Neossolo Regolítico,
Cambissolo Háplico Distrófico, Argissolo Vermelho Distroférrico, Nitossolo Vermelho
Distroférrico, Latossolo Vermelho Distroférrico, todos associados ao intemperismo das
rochas vulcânicas da Formação Serra Geral.
Em relação a hidrografia, a drenagem do município de Chapecó pertente a
bacia hidrográfica do Rio Uruguai e a unidade hidrográfica do Rio Chapecó, conforme
a figura 40.

Figura 40: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai.


Fonte: Projeto Brasil das Águas.

Dentre os córregos e lajeados que drenam a zona urbana de Chapecó temos o


córrego Uaru e o Lajeado São José. Este último é muito importante pois sua bacia é
fonte de captação de água para o abastecimento urbano (FACCO, et al, 2014).
60
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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1.3 Circulação atmosférica regional e o clima de Chapecó

Caracterizar o clima regional de Chapecó é uma tarefa árdua, dada a carência


de obras de cunho geográfico, cuja abordagem contemple a noção de ritmo climático 5
deste local, na perspectiva da Climatologia Sinótica ou Dinâmica.
Assim, sem contar com uma obra de referência que aborde o clima regional de
Chapecó através da noção de ritmo, optou-se neste trabalho por utilizar e adaptar os
estudos de Sartori (1980, 1981, 2003) para a entender a realidade climática local.
Nestes sentido de acordo com Wollmann (2015):

Sartori (1993) apresentou quatro padrões distintos de circulação (fase pré-


frontal, frontal, domínio polar e transicional) associadas à Massa Polar
Atlântica e sua descontinuidade frontal (Frente Polar Atlântica), que ocorrem
comumente no Estado, e pode ser considerado o padrão de circulação
atmosférico do Rio Grande do Sul, podendo esta análise ser extrapolada ao
estado de Santa Catarina e ao Uruguai.

Assim, o município de Chapecó por estar localizado nas proximidades do Vale


do Rio Uruguai e na zona climática subtropical pode apresentar uma circulação
atmosférica regional parecida à verificada no Estado do Rio Grande do Sul.
O território do município de Chapecó situa-se em zona climaticamente de
transição e, por isso, as principais características climáticas da área de estudo
refletem a participação tanto dos Sistemas Atmosféricos Extratropicais (massas e
frentes polares) quanto dos Intertropicais (massas tropicais e Correntes Perturbadas),
embora os primeiros exerçam o controle dos tipos de tempo na maior parte do ano
(adaptado de Sartori, 2003, p.28).

Assim, a posição subtropical faz com que a região de Chapecó seja área de
confronto periódico entre forças opostas, provocado pelo avanço sistemático
dos Sistemas Atmosféricos de origem polar em direção aos polares
tropicalizados (Massa Polar Velha - MPV) ou aos sistemas de origem tropical
(Massa Tropical Atlântica ou Continental), proporcionando a distribuição das
chuvas durante todo o ano, motivada pelas sucessivas passagens frontais,
sem ocorrência de estação seca no regime pluviométrico (SARTORI, 2003,
p.28).

Extrapolando os estudos de circulação atmosférica regional, sistemas


atmosféricos e tipos de tempo do Estado do Rio Grande do Sul realizados por Sartori
(1980,1981, 2003) para o município de Chapecó podemos afirmar que:

5
Para Monteiro (1976, p. 30), “ritmo climático”, quer dizer, o encadeamento, sucessivo e contínuo, dos
estados atmosféricos e suas articulações no sentido de retorno aos mesmos estados.
61
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Os Sistemas Extratropicais controlam a circulação secundária regional em


qualquer estação do ano, e são representados pela Massa Polar Atlântica
(MPA), MPV e Frente Polar Atlântica (FPA), está mais conhecida como Frente
Fria. A participação dos Sistemas Intertropicais é pequena, representados
pela Massa Tropical Atlântica (MTA), ou Continentalizada (MTAc), Massa
Tropical Continental (MTC), Frente Quente de Nordeste e Instabilidades
Tropicais, mais atuantes nas fases pré-frontais e por, no máximo, dois dias
consecutivos, em qualquer época do ano. O controle dos tipos de tempo pelos
sistemas de origem polar se faz sentir em cerca de 90% dos dias do ano: 39%
dos dias sob controle da MPA, 31% sob os efeitos da MPV, 20% dos dias
submetidos à FPA. Na primavera e no verão, a maior frequência é da MPV e,
no outono e no inverno, é da MPA a liderança; a FPA atua, em média, em 1/5
dos dias do ano, acontecendo, em média, de quatro (4) a seis (6) passagens
frontais por mês. Os 10% restantes são divididos entre os Sistemas
Intertropicais (origem tropical): a MTA e a MTC participam em cerca de 6% e
de 4% dos dias, respectivamente; as Instabilidades Tropicais e as Calhas
Induzidas, que se formam no corpo das massas tropicais e polares (MPV),
participam em 6% dos dias do ano e ocorrem com maior frequência no verão
e primavera.

Assim, o clima de Chapecó é controlado tanto por sistemas atmosféricos


extratropicais quanto intertropicais e suas respectivas famílias de tipos de tempo,
sendo que os primeiros predominam sobre os segundos na maior parte do ano.
Para definir o tipo climático de Chapecó optou-se por adotar a classificação
climática proposta por Arthur Strahler, cuja abordagem da genética e circulação das
massas de ar condizem mais com a noção do ritmo climático que é um paradigma
amplamente empregado nos estudos geográficos do clima (MONTEIRO, 1971).
Assim de acordo com Strahler o município de Chapecó está inserido no tipo
climático Subtropical Úmido (controlado por massas tropicais e polares), conforme a
figura 41. De acordo com a classificação climática do Brasil dada pelo IBGE, o clima
de Chapecó é do tipo Mesotérmico Brando, subtipo Superúmido (sem seca) conforme
a figura 42.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 41: Classificação do Clima do Brasil elaborada por Arthur Strahler.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 42: Mapa do clima da Região Sul do Brasil.


Fonte: IBGE (1978).

64
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em relação a precipitação pluvial são duas as correntes perturbadas 6


responsáveis pelas gênese das chuvas no oeste de Santa Catarina (onde se localiza
Chapecó): a corrente perturbada de sul (representada pela Frente Polar Atlântica) com
atuação durante maior parte do ano e a corrente perturbada de oeste (Instabilidades
Tropicais) mais comum de meados da primavera a meados do outono do hemisfério
sul, sendo de acordo com Nimer (op.cit, p.210), mais frequentes e regulares no verão,
quando há um decréscimo geral da pressão motivado pelo forte aquecimento do
interior do continente (vide figura 43).
Há que destacar também a atuação dos CCMs7 (Complexos Convectivos de
Mesoescala) na produção de precipitações intensas, fortes rajadas de ventos e até
mesmo tornados no Oeste catarinense onde se localiza Chapecó, principalmente nos
meses de primavera e verão.

Figura 43: Correntes Perturbadas que atuam na Região Sul do Brasil e consequentemente
em Chapecó.
Fonte: Nimer (1989, p. 207).

6
Correntes perturbadas são descontinuidades onde os ventos convergentes ou ciclônicos tornam o
tempo instável e geralmente chuvoso (NIMER, 1989, p.206).
7 De acordo com Dias (1996) os CCMs (Complexos Convectivos de Mesoescala) são aglomerados

convectivos que se formam sobre as proximidades do Paraguai. É um sistema atmosférico que possui
uma espessa cobertura de nuvens frias constituídas basicamente pelos topos e bigornas dos
cumulonimbus que os constituem; forma aproximadamente circular e tempo de vida relativamente mais
longo do que um sistema convectivo isolado, isto é, no mínimo 6 horas.
65
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em função do relevo (planalto e vale do Rio Uruguai) e da atuação das


correntes perturbadas o município de Chapecó registra uma altura média de
precipitação anual da ordem de 2000 a 2200 mm (SEPLAN/SC,1986).
O oeste catarinense (onde se localiza a cidade de Chapecó) é a região mais
chuvosa do Estado de Santa Catarina (vide figura 44), pois aí as chuvas das correntes
de sul e de oeste se conjugam. Além disto a altitude de Chapecó (650 metros) e sua
localização próxima a serra do divisor das aguas que drenam para o leito do Rio
Uruguai, faz com que haja um incremento de precipitação do tipo orográfica, neste
local.
De acordo com Nimer (op.cit, p. 216) a concentração máxima da precipitação
em Chapecó se dá em três meses consecutivos representativos da primavera do
hemisfério sul (agosto, setembro e outubro).

Figura 44: Precipitação total anual do Estado de Santa Catarina.


Fonte: SEPLAN/SC (1986).

Em relação a temperatura destaca-se que o caráter subtropical do clima do sul


do Brasil confere a esta região uma notável oscilação térmica ao longo do ano.
Em relação à média anual da temperatura destaca-se que as isotermas anuais
são típicas da zona dos climas de latitudes médias e sua distribuição no espaço

66
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

geográfico da Região Sul está estreitamente condicionada à latitude,


maritimidade/continentalidade e, principalmente, ao relevo (fator geográfico por
excelência). Assim a temperatura média de Chapecó é de 17ºC (vide figura 45).

Figura 45: Temperatura média anual (ºC) do Estado de Santa Catarina.


Fonte: SEPLAN/SC (1986).

Em relação a marcha estacional da temperatura a Região Sul do Brasil, por


estar compreendida na zona temperada, apresenta essas características: o verão é
uma estação de temperatura bem mais elevada do que o inverno (Nimer, op.cit,
p.229).
O verão é a estação mais quente e janeiro é o seu mês mais representativo; e
o inverno é a estação mais fria e julho é seu mês mais representativo (Nimer,1989).
A temperatura média do mês mais quente (janeiro) em Chapecó é de 22ºC e a
temperatura média do mês mais frio (julho) é de 13ºC. Sendo que a temperatura pode
ficar acima ou abaixo da média mensal em função da atuação dos sistemas
atmosféricos extra e intertropicais e de fenômenos climáticos de teleconexão 8 como
os eventos ENOS (El Niño-Oscilação Sul).

8 Segundo Cavalcanti e Ambrizzi (2009, p. 318), as teleconexões climáticas referem-se a um padrão


recorrente e persistente de anomalias de uma determinada variável, que podem persistir por várias
67
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

No inverno temos a ocorrência em Chapecó de noites frias (média de 5 a 10),


que de acordo com Nimer (op.cit, p.242) correspondem as noites em que o termômetro
desce ao nível de 0ºC ou abaixo deste.
Ainda de acordo com Nimer (op.cit, p,244-246):

A consequência climatológica mais importante destas fortes quedas de


temperatura durante as noites é a ocorrência de geada9, isto porque, assim
com o orvalho, ela ocorre sobretudo em noites de céu limpo de fraca
umidade (as nuvens reduzem a queda de temperatura durante a radiação
noturna). Tais noites são típicas sob a alta pressão de poderoso anticiclone
polar que, sucede à passagem de uma frente fria. Além disto, para que haja
geada durante a noite é fundamental que a temperatura durante o dia, ou
mais precisamente durante as primeiras horas da noite, seja relativamente
baixa; somente assim a radiação noturna pode tornar o ponto de orvalho
abaixo de 0ºC no decorrer dessa mesma noite. Por tudo isso o fenômeno
da geada, quer branca quer negra, é muito comum na Região Sul do Brasil
durante o inverno.

Chapecó por estar localizado no Vale do Rio Uruguai numa área de altitude em
torno de 650 metros, apresenta uma ocorrência média de 5 à 10 dias de geadas por
ano (vide figura 46). Em Chapecó a frequência de geadas, embora apresente uma
notável concentração no inverno, não raras vezes se verifica também em fins do
outono e início da primavera.

semanas ou meses e, algumas vezes, podem se tornar dominantes por vários anos consecutivos. Elas
explicam, também, como as anomalias de uma determinada região são associadas às anomalias em
regiões remotas.
9 Para melhor compreender a geada é necessário conhecer o orvalho. Este fenômeno consiste no

aparecimento de pequenas gotas d'água que cobrem as superfícies expostas do solo, pedras, folhas,
telhas, etc., provenientes da incidência do ponto de orvalho (condensação) na lâmina atmosférica
inferior, abaixo de 0°C. Deste modo o vapor d'água sublimará em pequenos cristais de gelo,
constituindo a geada. Existe dois tipos de geada: geada negra e geada branca. Quando uma espessa
camada de ar superficial alcançar seu ponto de orvalho abaixo de 0°C ocorre a geada negra, que faz
congelar a água e os líquidos interiores das plantas, queimando folhas e talos. Desse modo, obstruídos
os vasos, a seiva não pode subir e a árvore, ou arbusto, morre enegrecida. Se contudo, o ponto de
orvalho do ar se mantiver acima de 0ºC, mas as superfícies expostas caírem abaixo de 0°C o vapor
d'água de uma fina lâmina atmosférica em contato com o solo sublimará diretamente em cristais de
gelo sem passar pela fase liquida do orvalho. Desse modo se verifica a geada branca (Nimer, op.cit,
p.246).
68
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 46: Ocorrência média de dias de geada na Região Sul do Brasil.


Fonte: Nimer (op.cit, p. 247).

Além da geada, podem ocorrer episódios de precipitação nival (neve) na cidade


de Chapecó em função da mesma estar situada no chamado “Planalto da Neve”,
definido por Souza (1997) como a área do Sul do Brasil onde o fenômeno é mais

69
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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recorrente. Na figura 47 temos o mapa do “Planalto da Neve” na Região Sul do Brasil


(Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Figura 47: Localização do Planalto da Neve no sul do Brasil (Santa Catarina e Rio Grande do
Sul).
Fonte: Souza (1997).

A ocorrência de neve em Chapecó não é anual, visto que em alguns anos


podem ocorrer de 1 a 4 dias de nevada e em vários outros nenhuma.
A precipitação de neve em Chapecó, portanto não apresenta ocorrência
regular, estando na dependência da atuação de potentes anticiclones polares com
trajetória continental capazes de provocar intensas ondas de frio, que potencializam a
formação do fenômeno (NIMER, op.cit, p.249).

70
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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1.4 Características Geourbanas e Geoecológicas da área de estudo

De acordo com Monteiro (1990), a análise da morfologia e da tipologia do sítio


urbano, denominadas características geoecológicas, integradas aos aspectos
geourbanos, que se referem à caracterização da cidade propriamente dita, são de
grande importância para se entender a geração do clima urbano.
Neste sentido, é importante caracterizar e apresentar as características
geoecológicas da zona urbana de Chapecó, através de 3 cartas (orientação de
vertentes, declividades e hipsometria) que subsidiam o entendimento da interação
entre a sociedade e natureza na produção do clima urbano.
As características geourbanas ao longo dos transectos, tais como a cobertura
da terra, foram representadas em dois perfis (um norte-sul e outro leste-oeste),
conforme a figura 54.
De acordo com Mendonça (1994, p.31) “quanto maior for a movimentação e a
variação altimétrica do relevo de um determinado sítio urbano maiores variações em
termos de temperatura e umidade, dentre outros, o clima local, urbano e intra-urbano
apresentará”.
Em relação a hipsometria da zona urbana de Chapecó (figura 49), verifica-se
que as maiores altitudes são encontradas nas porções leste e sul da cidade.
A porção leste se localiza próximo a um divisor de águas, por isto as maiores
altitudes são ali verificadas. Por outro lado as porções norte e oeste da zona urbana
apresentam as menores altitudes, em função de se localizarem em fundos de vales
de dois arroios (córregos) que cortam a cidade (Lajeado São José e o Córrego Uaru).
Verifica-se também uma amplitude de cerca de 300 metros entre as áreas ou
zonas mais elevadas e as rebaixadas (vide perfis geoecológicos e geourbanos da área
de abrangência dos transectos na figura 48).
Analisando o mapa de declividades de Chapecó (figura 50), verifica-se que a
zona urbana está localizada, predominantemente, numa área pouco declivosa (pois
cerca de 90% de suas vertentes possuem declividades oscilando entre 0 e 10%).
De acordo com a classificação da Embrapa (1999), a zona urbana de Chapecó
apresenta três classes de declividades, a saber: plano, suave ondulado e ondulado.
De acordo com a tabela 1 cerca de 90% da zona urbana de Chapecó/SC possui
declividades oscilando entre zero e 10%, ou seja, dentro das classes: plano e/ou
suave ondulado.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Tabela 1: Valores aproximados da área de cada classe de declividades da zona urbana de


Chapecó/SC.
Classes de Declividades Área (m²) (% da área total)
(porcentagem)
0-5 27.097.346 56%
5-10 16.146.263 34%
10-15 3.236.122 7%
15-20 995.729 2%
20-50 230.098 0,50%
Área total 47.705.558 100%
Fonte: EPAGRI - Mapoteca Topográfica Digital de Santa Catarina (2004).

De acordo com Rovani; Costa et al (2012, p. 25) O mapa de orientação de


vertentes visa apontar as áreas que recebem maior quantidade de radiação solar
global.
De acordo com Saydelles ; Sartori (2007) durante a movimentação aparente do
Sol ao longo do ano no Hemisfério Sul, somente nas áreas tropicais o Sol atinge o
zênite durante o solstício de verão, e nas áreas equatoriais nos equinócios de
primavera e outono.
Ainda de acordo com Saydelles ; Sartori (2007):

“as áreas localizadas nas regiões subtropicais apresentam menor


incidência quanto à insolação anual, pois os raios solares atingem a
região formando um ângulo sempre menor que 90º durante o ano
inteiro. Por isso, nas regiões subtropicais austrais as vertentes
inclinadas para norte recebem maior insolação do que as vertentes
orientadas para sul”.

Em relação ao mapa de orientação de vertentes da zona urbana de


Chapecó/SC (figura 51) nota-se o predomínio das áreas planas, seguidas das
vertentes com outras orientações, com suas respectivas áreas, discriminadas na
tabela 2.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Tabela 2: Valores aproximados da área de cada classe de orientação de vertentes da zona


urbana de Chapecó/SC.
Classes de orientação de Área (m²) (% da área total)
vertentes
Plano 12.781.441 28%
Noroeste 6.739.975 14%
Oeste 6.136.542 13%
Sudoeste 4.673.083 10%
Norte 4.824.757 10%
Sul 4.436.556 9%
Sudeste 3.253.658 7%
Nordeste 3.137.910 6%
Leste 1.720.153 3%
Área Total 47.704.075 100%
Fonte: EPAGRI - Mapoteca Topográfica Digital de Santa Catarina (2004).

Em relação aos perfis geourbanos e geoecológicos da zona urbana de


Chapecó/SC (figura 48), nota-se que a base geológica da cidade é formada por diques
de diabásio e rochas da formação Serra Geral pertencente ao Grupo São Bento,
conforme o mapa geológico do Estado de Santa Catarina (1986).
Foram definidos 3 tipos de usos da terra para a zona urbana de Chapecó a
saber: praças e parques urbanos; uso predominantemente residencial e usos mistos
(residencial, comercial, industrial e institucional) (vide figura 52).

73
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 48: Perfis geourbanos e geoecológicos de Chapecó/SC, área de abrangência dos transectos.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 49: Mapa hipsométrico de Chapecó/SC.


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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 50: Mapa de declividade de Chapecó/SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 51: Mapa de orientação de vertentes de Chapecó/SC.

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Figura 52: Mapa de uso da terra da zona urbana de Chapecó/SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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1.5 Aspectos históricos: origem, povoamento e evolução da malha urbana da


cidade de Chapecó

A origem do município de Chapecó guarda relação com o processo histórico


de ocupação do oeste catarinense, área litigiosa, pouco povoada e palco de disputas
políticas envolvendo Brasil e Argentina e os estados do Paraná e Santa Catarina pela
posse definitiva da terra.
O território da atual Região do Oeste Catarinense foi reivindicado tanto pela
Argentina na chamada “questão de Missiones” quanto pelo Paraná “questão de
Palmas”. A atração exercida por estas terras deveu-se entre outros fatores pela
riqueza da erva-mate, das araucárias e a presença de campos favoráveis a criação
de gado.
Para Bavaresco (2005, p.35):

“a riqueza da mata de araucárias, a abundância da erva-mate e os Campos


de Palmas, ótimos para a criação de gado, moveram uma das mais acirradas
disputadas no Oeste catarinense. A disputa com a Argentina demonstra a
expansão territorial que ocorria no século XIX, e o longo período de disputa
com o Paraná reflete a busca das riquezas naturais para o desenvolvimento
econômico dos estados brasileiros”.

A questão de Missiones foi arbitrada a favor do Brasil pelo então presidente


Cleveland dos Estados Unidos em 1884, já a questão de Palmas foi resolvida em
1917, dando ganho de causa para o estado de Santa Catarina (BAVARESCO, 2005).
A partir desta data (1917) o então governador do estado de Santa Catarina
toma providencias para a criação dos municípios de Chapecó e Cruzeiro.
Neste sentido de acordo com Gretzler (2011, p.26):

“devido aos vazios demográficos e ainda temendo disputas regionais e


mesmo internacionais requerendo o mesmo território, o então governador do
estado de Santa Catarina, Coronel Felipe Schmidt, em 25 de agosto de 1917,
cria os municípios de Chapecó e Cruzeiro (atual Joaçaba) que anos depois,
originariam os atuais municípios da mesorregião Oeste Catarinense”.

Assim na data de sua criação o município de Chapecó possuía extensão


territorial que abrangia terras de praticamente todo o oeste catarinense se estendendo
até a fronteira com a República Argentina, conforme a figura 53.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 53: mapa do antigo território da região Oeste catarinense.


Fonte: Arquivos do CEOM (Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina) da
UNOCHAPECÓ.

Após a consolidação política do território da atual região do Oeste catarinense,


o governo passou a incentivar o povoamento e a colonização dos “vazios
demográficos” cedendo terras para empresas colonizadoras.
A colonização e povoamento da atual cidade de Chapecó teve início na
segunda década do século XX, por volta de 1920.
Antes da colonização havia a presença de indígenas, ex-escravos e “foras da
lei”, após isto houve o incremento da mão-de-obra imigrante através da inserção no
território de colonos provindos do Rio Grande do Sul.
Depois de terem sido definidos os primeiros pontos de fixação populacional, na
década de 1920, começou a colonização de fato, através das frentes de colonização
(BAVARESCO, 2005).
Estas frentes de acordo com Gretzler (2011, p. 31) provinham do estado do Rio
Grande do Sul, onde já se iniciava o fechamento da fronteira agrícola, fazendo com
que o excedente populacional rural buscasse novas terras em outras regiões fora do
estado.
De acordo com Alba (2002) as levas de agricultores oriundos do Rio Grande do
Sul adquiriam suas pequenas propriedades rurais, constituíam família, juntamente
com o sonho de enriquecer, vinham com a promessa de obterem suas proprias terras

80
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

e se fixaram ao longo do rio Uruguai. Mais tarde, foram expandindo a área de


ocupação até chegarem à divisa com o Paraná.
Para Rosseto (1995, p.2):

A colonização se processou principalmente em consequência da expansão


da área colonial procedente do Rio Grande do Sul. A frente de expansão
agrícola, instalada no noroeste do Rio Grande, foi intensificando seu avanço
para o interior de Santa Catarina, composta, em regra, por descendentes
imigrantes, principalmente de italianos.

Assim a origem do povoamento e colonização de Chapecó tem relação direta


com a frente de expansão dos excedentes populacionais constituídos
predominantemente por imigrantes oriundos das antigas colônias do Rio Grande do
Sul.
Com a chegada maciça dos imigrantes tem início ao processo de aumento da
população e expansão urbana de Chapecó.
A evolução urbana de Chapecó tem relação direta com os ciclos econômicos
da região do oeste catarinense.

Até meados da década de 1950, a economia do município era sustentada


pela comercialização de excedentes agrícolas e, sobretudo, pela extração e
beneficiamento de madeira10, havendo na área urbana, além de pequenos
estabelecimentos comerciais para atendimento da população local, diversas
serrarias, as quais consistiam numa das principais fontes de oferta de
trabalho à população (ALBA, 2002).

A partir da década de 1950, a economia do município passa a sofrer


transformações, com o surgimento dos frigoríficos, que passaram a atrair cada vez
mais população, se constituindo também no alicerce do eminente processo de
agroindustrialização que começaria a partir deste momento e se consolidaria até os
dias atuais, tornando a cidade de Chapecó um importante polo agroindustrial à nível
regional, estadual e nacional.
De acordo com Facco et al (2014, p.188) a formação e o crescimento de
Chapecó estão intimamente ligados ao setor agroindustrial. Chapecó é fortemente
influenciada pelas agroindústrias, desde 1950. O desenvolvimento e a expansão
agroindustrial têm transformado os espaços, não só da cidade, mas também da
região.

10
A madeira foi tão importante para a economia de Chapecó nos primórdios de sua colonização que
hoje existe na cidade uma estátua de um homem segurando um machado de lenhador em uma das
mãos. Esta estatua recebeu o nome de “O Desbravador” em homenagem aos primeiros colonizadores
que tinham na extração e beneficiamento da madeira uma de suas principais atividades econômicas.
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Ainda de acordo com Facco et al (2014, p.188) com o crescimento do setor


agroindustrial, houve também o desenvolvimento do setor terciário, da prestação de
serviços e do comércio, o que provoca um grande impacto regional.
Alba (2002), destaca que as agroindústrias foram consideradas o motor básico
da formação do atual espaço urbano de Chapecó.
A atividade agroindustrial (sobretudo de aves e suínos), principal responsável
pelo desenvolvimento econômico de Chapecó, também foi responsável pelo seu
processo de urbanização acelerado, vivenciado nas décadas posteriores a 1950
(FACCO, 2014, p. 194).
O boom do crescimento populacional e da urbanização em Chapecó foi
favorecido pela criação das principais agroindústrias com sede na cidade como a
Cooperativa Regional Alfa Ltda (1967), Cooperativa Central Oeste Catarinense (atual
Aurora) (1969), instalação da Sadia Alimentos (1973) e Ceval (atual Bunge) (1975).
Estas agroindústrias de atuação nacional passaram a atrair mão-de-obra de
municípios vizinhos do oeste catarinense e do norte e noroeste do Rio Grande do Sul
fazendo a população saltar de 52 mil em 1960 para 183 mil em 2010.
Neste sentido Rech (2008, p.41) destaca que:

Nas décadas de 1970 e 1980 tem-se a presença forte das agroindústrias no


processo de estruturação e transformações urbanas no município,
principalmente devido ao seu poder de atração de população migrante,
resultando em um acelerado processo de urbanização. Nessas décadas são
identificados conflitos urbanos, que ainda hoje estão presentes no espaço da
cidade, reflexos do rápido crescimento populacional dessas décadas.

Chapecó vivenciou um forte êxodo rural e um aumento acelerado de sua


urbanização (vide quadro 1). O aumento populacional registrado em Chapecó tem
origem sobretudo na mecanização da agricultura, fenômeno que expulsa do campo
aqueles que não conseguem se adequar as exigências do novo padrão tecnológico
aplicado às atividades agropecuárias e também ao modelo de integração imposto pelo
capital agroindustrial (ALBA, 2002).

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Quadro 1: Evolução da população (total, urbana e rural) de Chapecó/SC (1960-2010).

Fonte: IBGE (censos demográficos 1960 – 2010).

As agroindústrias tiveram papel fundamental na atração populacional e


consequentemente aceleraram a expansão da malha urbana de Chapecó.
Assim de acordo com Facco, et al (2014, p.209-210):

Na década de 1950, apenas a região central da cidade e uma pequena porção


situada no Bairro Maria Goretti estavam habitadas. Porém a partir de década
de 1960 nota-se uma expansão maior da cidade no sentido Noroeste e Norte,
por influência da industrialização inicial. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990,
apesar de um predomínio do crescimento nos mesmos sentidos, observa-se
a expansão em diversas direções, com destaque para os espaços habitados
entre o norte e oeste da cidade, porém limitada no sentido sudoeste, pois, a
cidade se aproxima do seu limite de expansão em função da alta declividade
dos terrenos, a partir dos limites do bairro SAIC e Santo Antônio. Em especial,
na década de 1990, nota-se um predomínio da expansão no sentido norte-
oeste (Bairro Efapi, Alvorada e Eldorado III), onde se localizam a bacia de
captação de água para abastecimento público, as principais agroindústrias e
os bairros operários. A década de 2000 apresentou novamente o destaque
em relação ao crescimento do espaço habitado na área urbana ao oeste-
norte do Município até o Bairro Trevo, que se encontra quase totalmente
habitado e na região do Bairro Efapi.

A expansão da malha urbana de Chapecó se deu sobremaneira da região


central da cidade em direção ao norte, noroeste e oeste atraída pela presença das
agroindústrias Aurora, Ceval (atual Bunge) e Sadia S.A neste locais.
Neste sentido Facco (2014, p. 211) destaca que:

a urbanização deu-se com maior ênfase para oeste e norte da cidade, durante
todas as décadas, onde se localiza a bacia de captação de água para
abastecimento público. Isso se deve, principalmente, à instalação de
indústrias e também dos acessos de entrada e saída da cidade. Muitos
loteamentos e bairros surgiram na bacia do Lajeado São José, dada a
necessidade de moradias para os funcionários dessa e de outras indústrias
próximas, que ali se instalaram a fim de não depender de transporte coletivo.

Na figura 54 temos o mapa da expansão urbana de Chapecó antes e depois da


implantação das agroindústrias. Nota-se a expansão da malha urbana em direção as
grandes agroindústrias, onde se formaram bairros operários como o atual bairro Efapi,
localizado na porção oeste da cidade.
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Atualmente as normas e diretrizes para a expansão da malha urbana de


Chapecó são disciplinadas pelas leis de uso e ocupação do solo urbano previstas no
PDDTC (Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó).
Um dos conflitos de uso da terra na cidade de Chapecó é verificado na bacia
do Lajeado São José. Em 2010, com a aprovação da lei (Lei 429/2010) que trata do
uso e da ocupação do solo na bacia do Lajeado São José, muito embora se argumente
que um ordenamento possa ser estabelecido, também há a liberação da urbanização
em toda a área da bacia, o que poderá impactar ainda mais a qualidade e a quantidade
da água que abastece a cidade (FACCO, et al 2014. p. 212)

Figura 54: Áreas urbanizadas de Chapecó antes e depois das instalações das agroindústrias.
Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó/SC adaptado por Reche (2008).

Assim, notou-se que o crescimento populacional (motivado pela migração de


mão-de-obra de outras cidades e regiões) e a expansão da malha urbana de Chapecó
teve relação direta com a implantação das agroindústrias durante a década de 1970.

84
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Atualmente a instalação de campis universitários na cidade tem atraído


estudantes de toda a região Oeste catarinense e de outros estados, aumentando a
população e os impactos já existentes.

1.6 Aspectos socioeconômicos

O município de Chapecó possui uma população estimada de 202.009


habitantes segundo IBGE (2015). Grande parte desta população vive na zona urbana
(mais de 90%). Na última década a cidade experimentou um grande crescimento
demográfico fruto da expansão e do crescimento econômico da agroindústria local
representada pela Aurora, Bunge e Sadia.
No quadro 2 temos o índice anual de crescimento demográfico da cidade de
Chapecó no período de 1980 a 2010.

Quadro 2: Índice de crescimento demográfico da cidade de Chapecó

Fonte: IBGE (2010).

A taxa de crescimento médio anual da população de Chapecó é maior do que


a taxa regional, estadual e nacional conforme a figura 55.

Figura 55: Taxa de crescimento médio anual da população de Chapecó, Oeste catarinense,
Santa Catarina e Brasil.
Fonte: IBGE.

Em relação a distribuição da população por bairros (quadro 3) temos que o


bairro Efapi é o mais populoso (26.543 habitantes) seguido pelo bairro Centro (13.060
habitantes); bairro Passo dos Fortes (11.604 habitantes); bairro Presidente Médici

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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(10.949 habitantes) e bairro São Cristóvão (9.600 habitantes). Já o bairro Trevo é o


menos populoso (712 habitantes).
O bairro Efapi é o mais populoso de Chapecó pois se formou para abrigar a
população economicamente ativa que trabalhava nas agroindústrias que se
localizavam no oeste da cidade como a Bunge e a Sadia.

Quadro 3: Distribuição da população de Chapecó por bairros.

Fonte: IBGE (2010).

A estrutura etária de uma população é dividida em três faixas: os jovens, que


compreendem do nascimento até 19 anos; os adultos, dos 20 anos até 59 anos; e os
idosos, dos 60 anos em diante.
Em relação a distribuição da população por faixa etária (quadro 4) temos em
2010 o predomínio da população de adultos com idade entre 20 e 59 anos.
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A população de crianças e adolescentes vem diminuindo e a de idosos vem


aumentando desde 1996, seguindo a tendência populacional brasileira de redução da
taxa de fecundidade por mulher e o progressivo envelhecimento da população dado o
aumento da expectativa de vida (vide pirâmide etária da figura 56).

Quadro 4: Distribuição da população de Chapecó por faixa etária

Fonte: IBGE (1996, 2001, 2010).

Figura 56: Pirâmide etária de Chapecó/SC.


Fonte: IBGE (2010).

Houve uma melhora significativa dos índices educacionais, da longevidade e


da renda em Chapecó na última década, fazendo com que seu IDHM (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal) fosse classificado como de alto
desenvolvimento humano em 2013 (vide a figura 57).

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 57: IDHM de Chapecó no ano de 2013.


Fonte: IBGE.

Chapecó foi classificada como o 67º melhor IDHM do Brasil em 2013, em


função do seu vertiginoso crescimento econômico registrado nas últimas décadas.
Segundo o SEBRAE/SC (2013) a taxa de natalidade de Chapecó, em 2010, foi
13,1% maior que a taxa de Santa Catarina e 1,2% menor que a do Brasil.
Em relação a taxa de mortalidade infantil, Chapecó apresentou índice menor
do que a média estadual e nacional. Em 2010 a taxa de mortalidade infantil foi de 8,4
mortos por 1000 nascidos vivos conforme o quadro 5.

Quadro 5: Taxa de mortalidade infantil por 1000 nascidos vivos para Chapecó, Santa Catarina
e Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde (2010).

A expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer em Chapecó é maior do


que a média de Santa Catarina e do Brasil (vide quadro 6).
Importante destacar que a esperança de vida de Chapecó, em 2000, foi 3,80%
maior que a de Santa Catarina e 8,37% maior que a do Brasil.
Quadro 6: esperança de vida ao nascer em Chapecó, Santa Catarina e Brasil

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Atlas do Desenvolvimento


Humano no Brasil, 1991 e 2000.

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No campo da saúde, Chapecó em 2012 apresentou uma evolução positiva em


relação à quantidade de leitos de internação hospitalar disponível em 2007, de acordo
com o quadro a seguir.
O número total de leitos aumentou 10,1% de 2007 à 2012, bem superior à
média estadual (3,7%) e a média nacional (0,6%).
Atualmente Chapecó conta com três hospitais: Hospital Regional do Oeste,
Hospital Unimed e Hospital da Criança Augusto Müller Bohner.

Quadro 7: Número de leitos hospitalares por especialidade médica em Chapecó de 2007 à


2012.

Fonte: Ministério da Saúde (2012).

A taxa de alfabetização em Chapecó chegou a 93,90% em 2001, conforme o


quadro 8.
Quadro 8: Taxa de alfabetização de Chapecó/SC.

Fonte: IBGE.
Em relação ao setor educacional Chapecó conta com várias instituições de
ensino nos três níveis educacionais: fundamental, médio e superior.
Chapecó possui 10 instituições de ensino superior particulares, estaduais e
federais, conforme o quadro 9.

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Quadro 9: Instituições de Ensino Superior de Chapecó.

Fonte: SEBRAE, 2013.

Em relação a economia do município de Chapecó verifica-se um amplo


destaque para as agroindústrias, que lideram em volume de bens e capitais
produzidos. A cidade é conhecida ainda como a capital nacional das agroindústrias.
Segundo dados do IBGE e da Secretaria de Estado do Planejamento de Santa
Catarina, em 2009 o PIB catarinense atingiu o montante de R$ 129,8 bilhões,
assegurando ao Estado a manutenção da 8ª posição relativa no ranking nacional. No
mesmo ano, Chapecó aparece na 6ª posição do ranking estadual, respondendo por
3,35% da composição do PIB catarinense.
Em 2012 o PIB de Chapecó foi de 5,2 bilhões de reais, correspondendo à
sétima maior economia de Santa Catarina e a centésima vigésima sétima do Brasil.
Em relação ao PIB per capita o município de Chapecó, em 2009, possuía um
PIB per capita da ordem de R$ 24.966,83, colocando-o na 32ª posição do ranking
estadual. No período de 2002 a 2009, o PIB per capita do município apresentou
evolução de 92,69% contra 110,42% da média catarinense.
Em 2012 o PIB per capita de Chapecó foi de R$ 27.819,37 colocando-o na 35ª
colocação do ranking estadual.
Devido sua população ser majoritariamente urbana os setores de serviços e a
indústria são os que mais tiveram participação no PIB Chapecoense em 2012. O setor
de serviços lidera na participação do PIB de Chapecó, conforme a figura 58.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 58: Participação dos setores da economia no PIB de Chapecó em 2012.


Fonte: IBGE.

Além do setor de serviços a atividade industrial também se destaca na


economia de Chapecó, tendo um papel histórico como visto em linhas anteriores tanto
na atração populacional quanto na redefinição da expansão do sitio urbano da cidade.
O papel da indústria ou da agroindústria é tão importante para a economia
Chapecoense que de acordo com Fujita et al (2009) das mais de 130 indústrias da
cidade 12 delas são exportadoras e duas estão entre as 600 maiores indústrias
brasileiras (Sadia em 63º e Cooperalfa em 511º).
Em relação a PEA11 (População Economicamente Ativa) verificou-se um
aumento no total de população apta ao trabalho de 52,2% no ano 2000 para 59,8%
em 2010. Na figura 59 temos o percentual da População Economicamente Ativa de
Chapecó em 2000 e 2010. Nota-se que houve um aumento 7,6 % na PEA do município
de 2000 à 2010.

11É um conceito elaborado para designar a população que está inserida no mercado de trabalho ou
que, de certa forma, está procurando se inserir nele para exercer algum tipo de atividade remunerada.
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 59: Percentual da PEA de Chapecó nos anos 2000 e 2010.


Fonte: IBGE.

Verifica-se assim que o município de Chapecó apresenta indicadores sociais e


econômicos que o colocam em um patamar acima da média nacional e estadual se
constituindo de fato na mais desenvolvida cidade média do oeste catarinense e uma
das mais prosperas cidades médias brasileiras.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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CAPÍTULO 2-DOS ASPECTOS HISTÓRICOS, CARACTERÍSTICAS,


ESCALAS E A ABORDAGEM SISTÊMICA DO CLIMA URBANO

2.1 Primeiros estudos e a influência da urbanização na geração do clima urbano

As primeiras preocupações com as alterações climáticas nas cidades surgiram


bem antes da Revolução Industrial (SANT’ANNA NETO, 2013).
No ano de 1661 o Sir John Evelyn havia proposto a criação de um cinturão
verde com espécies aromáticas a fim de purificar o ar fumarento e já nocivo de
Londres. Destaca-se nesta proposição a preocupação com as áreas verdes que são
tão fundamentais na regulação térmica e hídrica nas cidades.
As cidades industrializadas do hemisfério norte foram as primeiras a serem
estudadas, quanto ao seu clima. Neste sentido destaca-se o trabalho pioneiro de Loke
Howard (1818) sobre o clima de Londres, o qual publicou dados indicando uma maior
temperatura do ar no centro da cidade, em relação ao seu entorno rural
(MITCHELL,1969).
Em 1855, Emilien Renou publicou um trabalho expressivo sobre a alteração
climática em Paris, analisando, além do problema da temperatura, a questão da
ventilação na cidade (LANDSBERG, 1981).
As preocupações com o ambiente climático das cidades como visto
anteriormente são antigas, porém continuam presentes no século XXI, dada ao
aumento do incremento populacional nas cidades e a crescente degradação ambiental
que acompanha este processo. A urbanização além de ser um fenômeno muito antigo,
é capaz de impactar fortemente o ambiente natural.
Neste sentido a urbanização modifica as propriedades das variáveis climáticas
locais (temperatura, umidade relativa, direção dos ventos, precipitação) gerando o
clima urbano.
De acordo com Monteiro (2003) a cidade é a morada do homem e é também o
lugar da mais efetiva interação entre o homem e a natureza. Neste sentido a cidade é
o palco da intensa ação e pressão do homem sobre o meio natural e onde ocorrem as
maiores alterações ambientais e climáticas, responsáveis pela redução da qualidade
de vida e ambiental do citadino.
Neste sentido Fialho (2009, p. 33) destaca que na medida em que as cidades
crescem em tamanho e população, as alterações inerentes ao processo de

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

modificação da paisagem afetam às condições essenciais à vida urbana, tais como a


água, o solo e o ar, afetando o clima.
De acordo com Danni (1987, p.25) o processo de crescimento urbano impõe
um caráter particular a baixa troposfera, produzindo assim, condições atmosféricas
locais diferentes das apresentadas nas áreas próximas.

Sendo o clima um dos elementos de primeira ordem a compor a paisagem


geográfica, nas cidades ele é resultante da interação entre as componentes
da dinâmica atmosférica zonal, regional e local e os do espaço urbano –
rural construído. O clima urbano é então derivado das seguintes principais
alterações no ambiente natural: retirada da cobertura vegetal, introdução de
novas formas de relevo, concentração de edificações, concentração de
equipamentos e pessoas, impermeabilização do solo, canalização do
escoamento superficial, rugosidade da superfície, lançamento concentrado
e acumulação de partículas e gases na atmosfera e produção de energia
artificial. (MENDONÇA, 1994, p.7)

O clima urbano resulta das modificações que as superfícies, materiais e as


atividades das áreas urbanas provocam nos balanços de energia, massa e movimento
(LANDSBERG, 1981; OKE, 1988, KUTTLER, 1988 e ARNFIELD, 2003).
De acordo com Amorim (2012, p.52) embora as cidades não ocupem grandes
extensões territoriais, são elas as maiores transformadoras do meio natural. Dentre
tantas transformações ocorridas no espaço urbano, o clima é uma delas. O clima
urbano resulta da interferência dos fatores que se processam na cidade e que agem
no sentido de alterar a atmosfera na escala local.

Comparando-se os espaços urbano e rural, evidenciam-se as alterações nas


variáveis climáticas decorrentes da urbanização: no meio urbano, de modo
geral, há uma redução da radiação solar e da insolação, da velocidade do
vento e da umidade relativa e, inversamente, um aumento da temperatura,
da poluição, da nebulosidade e da precipitação (DUMKE, 2007, p. 111).

Os componentes do meio ambiente urbano e as condições climáticas são


modificados de acordo com Landsberg (1981) da seguinte forma:
a) A radiação solar global é nas cidades reduzida de 15 a 20% e o ultravioleta de 5 a
30%; a radiação solar direta é também inferior à da área rural;
b) A temperatura média anual e a temperatura mínima de inverno são superiores à
rural cerca de 0,5°C a 1,0°C e 1,0°C a 2,0°C, respectivamente;
c) O fluxo de calor latente é mais importante na área rural, enquanto o fluxo de calor
sensível é mais importante nas cidades, sendo nestas alimentado pelo calor

94
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

antropogênico e pela maior participação da superfície urbana nos processos de


ondas longas;
d) A maior concentração de aerossóis nas cidades aumenta em torno de 50 vezes o
total de núcleos de condensação, elevando assim a nebulosidade urbana em
relação à área rural e natural;
e) A precipitação urbana é relativamente superior (5 a 10%) às áreas rurais, enquanto
a umidade relativa se comporta de maneira inversa (média anual é inferior a 6%);
f) A estrutura e morfologia urbana condicionam a movimentação do ar direcionando
e reduzindo (de 10 a 30%) a velocidade do vento.
g) O albedo médio das cidades é de 0,15, enquanto nas áreas rurais é de 0,18 a 0,25
e superior nas áreas florestadas, sendo que a insolação é cerca de 5 a 15% inferior
à da área rural.

Monteiro (1976, p. 57), descreve os aspectos fundamentais que caracterizam o


clima urbano nesta síntese:
a) O clima urbano é a modificação substancial de um clima local;
b) O desenvolvimento urbano tende a acentuar ou eliminar as diferenças causadas
pela posição do sítio;
c) A cidade modifica o clima através de alterações em superfície;
d) A cidade produz um aumento de calor devido às modificações na ventilação, na
umidade e até nas precipitações, que tendem a ser mais acentuadas;
e) A poluição atmosférica representa o problema básico da climatologia das
modernas cidades industrializadas.
A urbanização altera significativamente as propriedades de alguns atributos
climáticos comparadas à zona rural, conforme a tabela 3.

95
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Tabela 3: Comparação de alguns atributos climáticos entre a zona urbana e rural

Fonte: Landsberg, 1981.

Além de alterar o clima local como visto na tabela 3 a superfície urbana modifica
as propriedades da camada limite atmosférica, gerando duas camadas, conforme Oke
(1978, p.240):
a) Urban Boundary Layer (UBL) – Camada Limite Urbana, que engloba o fato urbano
e representa a interação da atmosfera com o conjunto da cidade (meso-escala);
b) Urban Canopy Layer (UCL) – Camada Urbana ao Nível das Coberturas, também
chamada de Camada do “Dossel” Urbano, que compreende o espaço entre o solo e o
nível médio das coberturas das edificações e representa a interação entre a atmosfera
e os elementos urbanos (espaço intra-urbano, micro-escala).
Há ainda a Urban Plume – camada sobre a Rural Boundary Layer que sofre
influência da atmosfera urbana, a sotavento da área urbanizada (HENDERSON-
SELLERS e ROBINSON, 1989).

Na figura 60 temos a representação esquemática das camadas atmosféricas


sob a influência do fato urbano.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 60: Perfil esquemático das camadas atmosféricas alteradas pela urbanização.
Fonte: OKE (1978).

2.2 Escalas de abordagem do clima urbano

De acordo com Ribeiro (1993) a adoção de uma escala de abordagem: meso,


topo ou microclimática, nos estudos de clima urbano, permite eleger a metodologia
adequada ao trabalho, bem como a melhor técnica instrumental de aquisição de
dados, facilitando a análise e o entendimento espacial e temporal dos fenômenos
estudados.
Neste sentido Nunes (1998, p. 71): destaca que a escala de abordagem é um
dos aspectos mais importantes das ciências atmosféricas, definindo numa pesquisa
não apenas a área e período de abrangência, mas também as técnicas e os métodos
a serem empregados em busca de seus objetivos.
O clima urbano insere-se na ordem de grandeza do mesoclima, porém sua
influência espacial vai além do fato urbano, adentrando na escala geográfica sub-
regional.
Neste sentido Monteiro (1993, p. 200) destaca que as influências das
alterações causadas pela urbanização na atmosfera se estendem para além dos

97
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

limites urbanos, alterando substancialmente os climas locais e projetando seus efeitos


até os espaços sub-regionais.
Ainda de acordo com Monteiro (1993, p.200): o comportamento atmosférico,
integrado às demais esferas e processos naturais, “organiza” espaços climáticos a
partir das escalas superiores em direção as inferiores; e a ação antrópica em derivar
ou “alterar” essa organização ocorre no sentido inverso, ou seja, das escalas inferiores
para as superiores.
Assim a ação humana tem a capacidade de alterar o clima nas escalas
inferiores (mesoclima, topoclima e microclima).
Em relação às escalas de abordagem do clima urbano, Andrade (2005, p. 72)
destaca três níveis escalares, sem, no entanto estabelecer limites rígidos para estas
dimensões, que são as seguintes:
a) Microclima: reflete a influência de elementos urbanos individuais e dos seus
arranjos mais elementares (edifícios e as suas partes constituintes; ruas, praças,
pequenos jardins); a dimensão típica pode ir até cerca de uma centena de metros; a
influência direta desses elementos restringe-se à Urban Canopy Layer.
b) Clima Local12: clima de uma área com uma combinação característica de elementos
(SCHERER, et al, 1996), podendo corresponder seja a um tipo de solo diferenciado
(bairro, parque urbano), seja a condições topográficas específicas (vale, colina, etc).
Um clima local engloba um mosaico de microclimas, que se repetem com alguma
regularidade (OKE, 1997 e 2004) e, idealmente, corresponde a uma ‘unidade climo-
topológica’ (ALCOFORADO, 1999).
c) Mesoclima: corresponde à influência integrada da cidade (compreendendo vários
climas locais), essencialmente ao nível da Urban Boundary Layer. Podem considerar-
se igualmente como efeitos de mesoescala os efeitos ‘extra urbanos’, de dimensão
aproximada ou superior à da própria cidade (sistemas de brisas, barreiras
topográficas, etc). Não se pode deixar de relembrar que o clima urbano depende dos
fenômenos de escala climática superior (mesoescala β e α, macroescala).

Quando Andrade (op.cit) fala em mesoescala β e α ele se refere a


dimensão espacial e temporal dos processos atmosféricos, conforme Orlansky (1975

12Para Andrade (op.cit, 2005, p. 72) clima local e topoclima se generalizam para designar o clima de
áreas homogêneas quanto à ocupação do solo ou condições topográficas. Ainda de acordo com o autor
supracitado, clima local e topoclima tendem atualmente a serem considerados sinônimos, pois ambos
os termos empregados possuem o mesmo significado, ou seja, são equivalentes.
98
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

citado por Andrade, 2005) e a área relevante para os fenômenos urbanos, conforme
Wanner e Fiilliger (1989 citado por Andrade, 2005), vide a figura 61 abaixo.

Figura 61: Dimensões espacial e temporal típicas dos processos atmosféricos e áreas
relevantes para os fenômenos urbanos.
Fonte: Orlansky (1975); Wanner e Filliger (1989 apud Andrade, 2005, p. 72).

Portanto de acordo com Andrade (op.cit, p.72), os fenômenos urbanos dentre


eles o clima urbano, ocorrem nas escalas do micro ao meso, sendo as escalas micro
β e α, dimensões típicas da escala local. Em relação a escala temporal, nota-se que
os fenômenos urbanos tem duração de minutos na escala micro e de horas na escala
meso.
Oke (2004) classifica as escalas de abordagem climática em: meso, aquela que
engloba a área urbana como um todo; local, que abrange partes da cidade; e micro,
que compreende ambientes mais restritos como vias e praças.
De acordo Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 23) existem três níveis ou
ordem de grandeza climática: macroclima, mesoclima e microclima, conforme o
quadro 10. O clima urbano se enquadraria na ordem de grandeza do mesoclima e do
microclima.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Quadro 10: Organização das escalas temporal e espacial do clima.

Fonte: MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA (2007, p.23).

Uma classificação mais detalhada como a de Monteiro (2003, p. 29), baseada


em Tricart e Cailleux (1956), relaciona as unidades climáticas com as unidades ou
graus de urbanização, e assim, os dados do clima aos elementos componentes do
ambiente urbano, visando subsidiar o planejamento urbano.
De acordo com o quadro 11, verifica-se que Monteiro (op. cit, p.29),
estabeleceu para cada ordem de grandeza, uma corresponde unidade de superfície,
escalas cartográficas de tratamento, espaços climáticos e urbanos a ela associada,
além de estratégias de abordagem.
Assim por exemplo, a ordem de grandeza VI, corresponde ao Mesoclima cuja
unidade de superfície é dada em centenas de metros, as escalas de tratamento variam
de 1: 25.000 até 1:50.000, os espaços urbanos correspondem à cidade grande, bairro
ou subúrbio de metrópole e os registros móveis (episódios) são os meios de
observação adequados a esta classe.
Ainda de acordo com Monteiro (op.cit, p. 30) o espaço climático Sub-Regional
corresponde à megalópole ou grande área metropolitana; o clima Local à área
metropolitana ou metrópole; o Mesoclima, correspondente à cidade grande, bairro ou
subúrbio de metrópole e pode ser identificado como um compartimento básico da
configuração (como uma várzea, espigão, colinas periféricas etc.); o Topoclima, no
nível da pequena cidade, fácies de bairro ou subúrbio de cidade, se associa a
expressões específicas formadas pelo relevo articulado à topografia edificada; e a
menor unidade, o Microclima, compatível com a grande edificação, habitação, ou
setor de habitação.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Quadro 11: Categorias taxonômicas da organização geográfica do clima e suas articulações


com o clima urbano.

Fonte: Monteiro (2003, p.29).

2.3 Abordagem sistêmica do Clima Urbano (o SCU-Sistema Clima Urbano)

Embasada na Teoria Geral dos Sistemas de Bertalanffy (1973) e na concepção


holística de Arthur Koestler, Monteiro (1976) elaborou a proposição teórico-
metodológica do Sistema Clima Urbano (SCU), que é amplamente utilizada por
geógrafos climatologistas nas investigações do clima urbano das cidades brasileiras,
desde a década de 1980. Após sua proposição, a metodologia teve suas primeiras

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

aplicações na década de 1980, em cidades como Porto Alegre, São Paulo, Salvador
e Rio de Janeiro.
Neste sentido, Amorim (2010, p. 71) destaca que:

no Brasil, de maneira geral, os estudos do clima nas cidades têm se pautado


em adaptações da proposta teórico-metodológica de Monteiro (1976), que
considera a inter-relação dos elementos da natureza e da sociedade na
perspectiva do Sistema Clima Urbano. Segundo essa concepção, a estrutura
interna do Sistema Clima Urbano não pode ser definida pela superposição ou
adição de suas partes (compartimentação ecológica, morfológica, ou
funcional urbana), mas por meio da conexão entre elas.

De acordo com Lima et al (2012, p. 627):

“O S.C.U. (proposto por Monteiro em 1976), encontrou vasta


empregabilidade, norteando a elaboração de inúmeras teses e dissertações
no Brasil. Proposta com o intuito de contribuir para a resolução dos problemas
socioambientais urbanos, a proposta do S.C.U. se mostrou de grande
importância para a elaboração de diagnósticos ambientais/climáticos e para
a proposição de ações para a solução dos problemas”.

Segundo Mendonça (1994) “O Sistema Clima Urbano é uma proposição de


abordagem geográfica do clima e da cidade, ou seja, envolve tanto os elementos de
ordem meteorológica da atmosfera quanto os elementos da paisagem urbana em sua
dinâmica [...]”.
O S.C.U é formado por subsistemas (termodinâmico, físico-químico e
hidrometeórico) que se articulam através de seus respectivos canais de percepção
(conforto térmico, qualidade do ar e impacto meteórico), conforme o quadro 12.
Esta pesquisa aborda o subsistema termodinâmico e seu canal de percepção,
visto que um dos objetivos da mesma é o estudo do campo e do conforto térmico em
Chapecó/SC.
De acordo com Monteiro (1976) a fonte do subsistema termodinâmico é a
radiação solar, a qual sofre transformações no sistema de forma permanente, gerando
produtos como a ilha de calor, que provocam entre outros efeitos diretos o desconforto
e a redução do desempenho humano.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Quadro 12: Sistema Clima Urbano (SCU): articulações dos subsistemas segundo canais de
percepção.

Fonte: MONTEIRO (1976, p. 127).

Sobre os canais de percepção dos subsistemas Lima et al (2012, p.630)


destacam que:
O canal de percepção do Conforto Térmico, ligado ao subsistema
Termodinâmico do S.C.U., engloba as componentes derivadas do calor e da
ventilação e umidade, e afeta a todos constantemente. As pesquisas no
campo termodinâmico têm grande crescimento em estudos de Arquitetura e
Urbanismo, posto que se ligam de maneira direta ao estabelecimento do
conforto ambiental humano. O canal Qualidade do Ar, ligado ao subsistema
Físico-Químico, se expressa pela poluição atmosférica, considerada pelo
mesmo autor um dos males do século, mas que tem uma associação muito
direta com os distintos tipos de tempo geradores da concentração ou da
dispersão da poluição pelo ar. O canal Meteoros de Impacto agrupa as formas
meteóricas, hídricas (como chuvas, neves e nevoeiros), mecânicas (como os
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

tornados) e elétricas (tempestades), que têm a possibilidade de,


eventualmente, se manifestar com grande intensidade e resultam em grandes
impactos urbanos, causando perturbações e desorganizando a circulação e
os serviços urbanos. Nas cidades brasileiras, são constantes os problemas
derivados do subsistema hidrometeórico devido a sua configuração climática
e aos problemas de ordem socioambientais existentes.

A teoria do S.C.U de Monteiro integra em suas análises a coparticipação do


homem e da natureza na produção do clima urbano. As relações homem e natureza
são abordadas numa visão sistêmica e holística onde a integração das partes leva a
compreensão do conjunto do sistema.
Neste sentido Dumke (2007, p.24) destaca que:

Tratando a cidade do ponto de vista sistêmico, caracterizada por uma


permanente interação entre os elementos da natureza e da sociedade,
Monteiro (1976) propôs a análise do clima como parte deste sistema, a
cidade, análise cuja ênfase não deve ser o fracionamento das partes do todo
sistêmico, mas a organização funcional e a relação entre elas.

O SCU de acordo com Monteiro (1976) é um sistema complexo, aberto e


adaptativo, que ao receber energia do ambiente maior no qual se insere (energia solar)
a transforma a ponto de gerar uma produção exportada para o ambiente.
De acordo com Lima et al (2012, p.629):

A metodologia do S.C.U. projeta-se sobre a cidade e seus problemas,


levando como premissa os três elementos que fundamentam a climatologia
em geral, sendo eles temperatura, umidade e pressão atmosférica. Apresenta
também ousadia, no sentido de inovação, pois coloca uma tentativa de estudo
do clima urbano com a conduta de investigação que enxerga o homem e a
natureza agindo em coparticipação e não com um antagonismo entre os
mesmos.

Ainda de acordo com Lima et al (2012, p. 630) o S.C.U. é centrado na


atmosfera, que é vista como o operador do sistema; desta forma, o homem é o
operando do sistema. Sendo o homem o operando deste sistema, conclui-se uma
característica importante do S.C.U.: ser passível de auto regulação. Considerando o
Sistema Clima Urbano como um sistema aberto é necessário considerar, além dos
fatores geradores de energia externos, os fatores internos, isto é, o homem e a
dinâmica criada pelo mesmo no espaço citadino.
Dumke (2007, p. 24) destaca que:

O SCU leva em conta o complexo fluxo de matéria e energia, no qual os


aspectos naturais do território e da atmosfera e a participação antropogênica
interagem de forma permanente e dinâmica na constituição do clima urbano.
Mas, para além do diagnóstico da realidade urbana, o SCU conduz à
perspectiva da solução de problemas ambientais nos três subsistemas do
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

clima urbano e à elaboração de diretrizes para o planejamento da melhoria


das condições de vida na cidade.

Na figura 62 extraída de Monteiro (1976) temos uma simplificação do sistema


clima urbano (SCU) com suas entradas (input), saídas (output) e aplicações visando
o diagnostico climático e o planejamento urbano.

Figura 62: Sistema Clima Urbano: input, output e aplicação.


Fonte: Monteiro (1976).

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 3-DAS ILHAS DE CALOR URBANAS

3.1 Conceituando ilhas de calor

Segundo Monteiro (1976), ilha de calor nada mais é que parcelas de ar com
temperaturas mais elevadas que se formam sobre os centros das grandes cidades.
Oke (1982) define a ilha de calor urbana como o resultado do aumento da
temperatura em áreas urbanizadas em comparação com as áreas periféricas e rurais,
que consequentemente, conduz a um forte gradiente horizontal de temperatura.
Lombardo (1985) define ilha de calor urbana como uma área na qual a
temperatura da superfície é mais elevada que as circunvizinhas.
Conti (1998), a conceitua como sendo uma anomalia térmica positiva, que
caracteriza a atmosfera das cidades em relação às áreas vizinhas.
Para Moura et al (2008, p. 36) o termo ilhas de calor se aplica tanto em um
contexto intra-urbano, quando as diferenças da temperatura do ar são realizadas de
maneira simultânea, dentro dos limites territoriais da cidade, como no inter-urbano
quando as diferenças são obtidas pelo maior valor mensurado na cidade com o valor
coletado por um ponto de referência no meio rural.
Gartland (2010, p.9) afirma que as ilhas de calor consistem em “um ‘oásis
inverso”, onde o ar e as temperaturas da superfície são mais quentes do que em áreas
rurais circundantes, formando bolsões de ar peculiares, geralmente em locais com
maior concentração de energia (humana e industrial, por exemplo).
De acordo com Lucena (2005, p.30) a ilha de calor urbana (do inglês Urban
Heat Island - UHI) é o calor característico das áreas urbanas, quando comparadas
com seus arredores (não-urbanizados) e, geralmente, refere-se ao aumento na
temperatura do ar, mas pode igualmente referir-se ao calor relativo da superfície ou
materiais subsuperficiais.
Lucena (op.cit, p. 31) destaca que:

A ilha de calor é, assim, nomeada porque o padrão espacial do contorno das


isotermas dá forma a uma ou a várias feições de ilhas. A distribuição das
isotermas depende da configuração da área urbanizada, que se caracteriza
por um elevado gradiente térmico no limite urbano-rural, seguida por uma
ascensão gradual da temperatura em direção ao núcleo da cidade. Configura-
se, deste modo, a ilha de calor clássica, com seu núcleo no centro da cidade
ou na área central da cidade (downtown) que identifica o distrito comercial
central (central business district – CBD. Entretanto, identifica-se um outro
padrão, com a disseminação de núcleos igualmente quentes pelo perímetro
urbano, desfazendo a ilha de calor clássica, que, geralmente, ocorre em
grandes regiões metropolitanas de uso do solo bastante heterogêneo.
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Fialho (2012, p.61) destaca que o conceito de ilha de calor está relacionado às
atividades humanas sobre a superfície e sua repercussão na troposfera inferior, ainda
assim, não está claro, na literatura, em que momento ou qual diferença de temperatura
do ar se pode atestar a existência do fenômeno em questão.
Ainda de acordo com Fialho (op. cit, p. 62) embora, o termo ilha de calor tenha
hoje se transformado em um conceito, este carrega em si muitas incertezas, porque
não há um critério claro e objetivo que o defina.
Fialho (op.cit, 2012) discute que hoje existem novas possibilidades de
identificar a ilha de calor, tais como: registradores contínuos de temperatura do ar e
umidade relativa (data-loggers), balões meteorológicos e imagens de satélites, que
permitem novas observações, leituras e correlações combinadas entre a geometria
urbana e os parâmetros climáticos.
Assim a noção de ilha de calor clássica que distingue diferenças térmicas entre
o centro da cidade e as zonas rurais, seria apenas uma dos vários tipos de abordagem
da ilha de calor e que nos dias atuais, com as novas técnicas e aparelhos de medição
deve-se considerar o fenômeno em três escalas: superficial, ao nível da atmosfera
urbana superior (Urban Boundary Layer) e ao nível da atmosfera urbana inferior
(Urban Canopy Layer). Esta proposta de tese visa o estudo da ilha de calor ao nível
do dossel urbano ou seja na perspectiva da atmosfera urbana inferior (Urban Canopy
Layer).

3.2 A urbanização e os fatores responsáveis pela geração das ilhas de calor

De acordo com Vilela (2007, p. 22) muitos pesquisadores já demonstraram que


os processos de adensamento e verticalização das áreas urbanas são capazes de
provocar impactos sobre o clima urbano, principalmente ao se considerar os
fenômenos que acontecem na camada limite ao nível das coberturas (UCL - Urban
Canopy Layer).
Segundo Marcus e Detwyler (1972), as mudanças causadas no clima pela
urbanização são: diminuição da radiação solar, da velocidade do vento e da umidade
relativa, e o aumento da temperatura, da poluição, da precipitação e da névoa.
Uns dos produtos oriundos dos impactos provocados pela urbanização nas
propriedades do clima local são as ilhas de calor urbanas.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com Gartland (2010, p.21) algumas características urbanas e


suburbanas concorrem para alterar o balanço de energia sobre a cidade, contribuindo
para a formação de ilhas de calor.
No quadro 13 extraído de Gartland (2010), temos uma síntese das
características urbanas e suburbanas importantes para a formação de ilhas de calor
e seus efeitos no balanço de energia.

Quadro 13: características urbanas e suburbanas importantes para a formação de ilhas de


calor e seus efeitos no balanço de energia

Fonte: Gartland (2010, p.26).

De acordo com vários estudos internacionais existe relação direta entre o


crescimento urbano e o aumento da intensidade das ilhas de calor. Neste sentido
Nishizawa (1983 apud Fialho, 2009, p 38), destaca num quadro síntese (quadro 14)
que a frequência da ocorrência de ilhas de calor tem relação direta com os estágios
da urbanização.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Quadro 14: Estágio da Urbanização e frequência da ocorrência das ilhas de calor.

Fonte: Nishizawa (1983, p. 57. Adaptado por Fialho, 2009).

Para Perreira e Brandão (2008, p. 780):

A “ilha de calor” é um fenômeno que se manifesta no aumento da temperatura


do ar local nas áreas mais densamente urbanizadas, como resultado da
combinação de fatores ligados à modificação das características térmicas da
superfície, da ventilação e do calor antropogênico adicionado na superfície
urbana. A ilha de calor resulta da elevação das temperaturas nas zonas
centrais das cidades em comparação aos seus arredores mais frescos, como
as áreas rurais, causadas principalmente pela influência antrópica. Ocorrem
basicamente devido às diferenças de irradiação de calor entre as regiões
edificadas, com solo exposto e as regiões com vegetação, à concentração de
poluentes na cidade. Observamos então que alterações no balanço de
energia resultam das transformações que o processo de urbanização gera na
superfície terrestre, logo a “ilha de calor” representa o fenômeno de maior
significância do Sistema Clima Urbano.

Fica assim evidenciado o papel da urbanização e da ação antrópica na geração


de bolsões climáticos intraurbanos (ilhas de calor).
De acordo com Rizwan et al (2008, p.40) existem algumas causas primárias da
formação da ilha de calor urbana que podem ser ou não controladas, conforme a figura
abaixo.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 63: Variáveis controladas e não-controladas, responsáveis pela geração da ilha de


calor.
Fonte: Rizwan et. al. (2008, p.121).

As variáveis controladas dizem respeito a forma e estrutura urbana e a


população relativa. Com a adoção do planejamento ambiental através da
intensificação da presença de áreas verdes e do controle urbanístico, visando reduzir
a verticalização e o adensamento é possível senão acabar com o fenômeno, reduzir
sua intensidade e impactos.
A urbanização concorre para a geração das ilhas de calor. Neste sentido Garcia
(1999, p.29) aponta sete causas que contribuem diretamente para a formação deste
fenômeno:
a) Um maior armazenamento de calor durante o dia na cidade devido às
propriedades termodinâmicas dos materiais e à devolução desse calor à
atmosfera, durante o período noturno;
b) A produção do calor antropogênico urbano;
c) A diminuição da evaporação devido à substituição da superfície natural por um
solo pavimentado e pela eficácia dos sistemas de drenagem urbana, que
possibilita a produção de um rápido escoamento da água das precipitações,
eliminando-a da superfície e com isso, impedindo sua absorção pelo solo;
d) Uma diminuição do calor sensível, devido à redução da velocidade do vento,
causada pelos edifícios;

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

e) Um incremento da absorção da radiação solar, devido ao efeito da “captura”, que


produz a distinta morfologia das ruas e dos edifícios, contribuindo para a
existência de um albedo relativamente baixo;
f) Uma diminuição da perda de calor durante a noite por irradiação, devido às
peculiaridades geométricas das ruas e edifícios, que diminuem o fator de visão do
céu (Sky View Factor);e
g) Um aumento da radiação de onda longa, que é absorvida e reemitida em direção
ao solo pela atmosfera urbana poluída.

Para Eriksen (1978 apud LOMBARDO, 1985.p.25) a ilha de calor urbana pode
ser atribuída aos seguintes fatores:
a) Efeitos da transformação de energia no interior da cidade, com formas específicas
(estruturas verticais artificialmente criadas), cores e materiais de construção
(condutibilidade);
b) Redução do resfriamento causado pela diminuição da evaporação (poucas áreas
verdes, transporte de água da chuva através de canalização); e
c) Produção de energia antropogênica, por meio da emissão de calor pelas indústrias,
trânsito e habitações.
De acordo com Oke (1978) as principais causas da formação da “ilha de calor”
nas cidades são:
a) O aumento da entrada de radiação de ondas longas, devido a absorção da mesma
que sai e é reemitida pelos poluentes da atmosfera urbana;
b) Menores perdas de radiação de ondas longas nas ruas e canyons urbanos, devido
à redução do sky view fator pelos prédios e edifícios;
c) Maior absorção da radiação de ondas curtas pela superfície urbana, devido ao
efeito das construções no albedo;
d) Grande estocagem de calor durante o dia, devido às propriedades térmicas dos
materiais urbanos e grande emissão de radiação durante a noite;
e) Adição de calor antropogênico na área urbana, devido à utilização de aquecedores
e refrigeradores, transportes e operações industriais;
f) Menor evaporação, devido à retirada da vegetação e à diminuição de superfícies
líquidas, o que diminui o fluxo de calor latente ou evapotranspiração e aumenta o
fluxo de calor sensível.

111
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Oke (1982) destaca ainda as causas da ilha de calor (quadro 15), levando em
consideração as variáveis alteradas do balanço energético que conduzem à
anomalias térmicas e as características da urbanização que motivam as mudanças no
balanço energético à nível da camada de cobertura urbana (UCL) e da camada limite
urbana (UBL).

Quadro 15: Causas da ilha de calor.

Fonte: OKE (1982).

Nos quadros 16 e 17 adaptados de Voogt (2002) temos as possíveis causas


que potencializam o aparecimento das ilhas de calor urbanas (IC) e os controles ou
variáveis atmosféricas que interferem na magnitude das mesmas.

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Quadro 16: Causas que favorecem o surgimento de ilhas de calor urbana (ICs)

Fonte: Adaptado de Voogt (2002).

Quadro 17: Variáveis atmosféricas que influenciam na magnitude das ilhas de calor (ICs)

Fonte: Adaptado de Voogt (2002).

Nota-se ao observar o quadro 17 que a variável climática vento tem importância


considerável tanto na distribuição espacial quanto na magnitude das ilhas de calor. A
velocidade maior do vento diminui a magnitude da ilha de calor, espalhando-a pela
mancha urbana. Por isto que as condições meteorológicas padrão para se estudar e

113
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

monitorar a ilha de calor atmosférica ao nível do dossel urbano são aquelas de


calmaria (sem vento).
Segundo Lombardo (1985), o fenômeno das ilhas de calor urbano é causado
pelos seguintes fatores:
a) a capacidade térmica de calor e a condutividade das superfícies urbanas que
acarretam absorção da radiação durante o dia e sua liberação na atmosfera, à noite;
b) o acréscimo de calor por combustão, aquecimento do espaço e metabolismo do
corpo humano;
c) a secura das superfícies urbanas implica que não será usada muita energia para
evaporação. A maior parte da energia será usada para aquecer o ar. A secura das
superfícies urbanas deve-se a remoção do escoamento superficial por sistemas de
esgotos urbanos, por falta de extensa cobertura vegetal e ausência de lagoas ou
reservatórios de água, nos quais possa ocorrer a evaporação/transpiração;
d) a diminuição no fluxo dos ventos por causa do efeito de fricção das estruturas
urbanas reduz a troca de ar da cidade com o ar mais frio da zona rural circundante,
afetando os processos evaporativos que podem contribuir para os resfriamentos;
e) o efeito de estufa da camada da poluição sobre as cidades também ajuda no
desenvolvimento do fenômeno da ilha de calor urbano. Há redução na radiação
terrestre infravermelha para o espaço à noite, de modo que a energia fica conservada
dentro da atmosfera urbana, abaixo da camada de poluição.
Bernatzky (1982), afirma que a formação das ilhas de calor no interior dos
ambientes urbanos ocorre devido a:
a) existência de edificações horizontais e verticais;
b) utilização de materiais de construção e de pavimentação que absorvem grande
quantidade de radiação solar;
c) impermeabilização do solo, mudando suas características originais;
d) redução da velocidade dos ventos pelas edificações;
e) devido a poluição que reduz a perda de radiação de onda longa pelas superfícies;
f) drenagem insuficiente das precipitações; e
g) redução de energia utilizada pelos vegetais nos processos de evapotranspiração.

De acordo com Fialho (2009, p. 38) dentre outro fatores que podem auxiliar na
formação da ilha de calor urbana estão a impermeabilização das superfícies,
favorecendo a diminuição da evapotranspiração, o tamanho da cidade (OKE, 1973 e
114
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

1987), a velocidade do vento (OKE, 1982), a geometria dos vales urbanos (OKE,
1981) e a diferença das propriedades físicas como, por exemplo, o albedo das
superfícies13.
De acordo com Barros e Lombardo (2012, p.66) as principais causas da ilha de
calor urbano da atmosfera urbana inferior são: geometria urbana, poluição do ar,
emissão de calor a partir dos edifícios, tráfego e metabolismo dos organismos vivos,
cobertura do solo e materiais de construção.
Os materiais de construção possuem um albedo e graus de emissividade que
influenciam diretamente no balanço de radiação e logo na temperatura da superfície
e do ar. Neste sentido Bias, et al (2003, p. 1742) destacam que o fenômeno das ilhas
de calor é mais verificado em ambientes urbanos, onde os diferentes padrões de
reflectividade, ou de albedos, são altamente dependentes dos materiais empregados
na construção civil. Nota-se que, dependendo do albedo, mais radiação será
absorvida e mais calor será emitido pela superfície.
Em relação ao albedo, ele é um número adimensional que varia de 0 (nada é
refletido) e 1 (tudo é refletido). Assim, uma superfície de albedo 0,5 indica que ela é
capaz de refletir metade da energia solar que incide sobre ela. Na figura 64 temos o
albedo de alguns materiais urbanos.

Figura 64: Albedo dos materiais urbanos.


Fonte: EPA (US Environmental Protection Agency).

13 O albedo indica a capacidade que os materiais têm de refletir a radiação solar.


115
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com Landsberg (1981) as estruturas do ambiente urbano absorvem


e emitem uma quantidade maior de energia em relação as áreas rurais pelo fato de
que os materiais típicos de uma superfície urbana apresentam em média albedo
menor, capacidade térmica menor e maior condutividade de calor.
Assim, as superfícies tipicamente urbanas, como o asfalto e concreto, são as
superfícies que mais emitem radiação e, consequentemente, aumentam a
temperatura do ar, criando o clima urbano e as ilhas de calor (ALVES; VECCHIA,
2012, p. 109).

3.3 Características das ilhas de calor

De acordo com Gartland (2010, p.11) as ilhas de calor apresentam cinco


características comuns:
a) Em comparação com áreas rurais não urbanizadas, a ilha de calor é mais
quente em geral, com padrões de comportamento distintos. Ilhas de calor
são geralmente mais quentes após o pôr do sol, quando comparadas às
áreas rurais e mais frescas após o amanhecer. O ar no dossel urbano,
abaixo das copas das árvores e edifícios, pode ser até 6ºC mais quentes do
que o ar em áreas rurais;
b) As temperaturas do ar são elevadas em consequência do aquecimento das
superfícies urbanas, uma vez que as superfícies artificiais absorvem mais
calor do que a vegetação natural;
c) Essas diferenças nas temperaturas do ar e na superfície são realçadas
quando o dia está calmo e claro (céu limpo e sem vento);
d) Áreas com menos vegetação e mais desenvolvidas, tendem a ser mais
quentes, e ilhas de calor tendem a ser mais intensas conforme o
crescimento das cidades e;
e) Ilhas de calor também apresentam ar mais quente na “camada limite”, uma
camada de ar de até 2.000 metros de altura. Elas geralmente criam colunas
de ar mais quentes sobre as cidades e inversões de temperatura (ar mais
quente sobre o ar mais frio) causadas por elas não são incomuns.

Ainda de acordo com Gartland (2010, p.26) as ilhas de calor apresentam:


a) Temperaturas do ar mais elevadas;
b) Temperaturas de superfícies mais elevadas;
116
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

c) Efeitos mais intensos em dias de ceú claro e sem vento;


d) Aumentam com o passar do tempo e;
e) Favorecem a inversão térmica.

Uma das características mais acentuadas do fenômeno das ilhas de calor é o


pronunciado aquecimento do centro comercial da cidade (downtown) em relação às
áreas residenciais sub-urbanas, parques e a zona rural.
Na figura 65 temos um perfil clássico da ilha de calor urbana ao nível da Urban
Canopy Layer (UCL).

Figura 65: Perfil da ilha de calor urbana.


Fonte: EPA (US Environmental Protection Agency).

Oke (1978, p. 254) destaca que a atmosfera urbana evidencia, de forma clara,
temperaturas que representam o peak, o cliff e o plateau, caracterizando a típica ilha
de calor urbana, conforme a figura 65.
De acordo com a figura 66 a temperatura do ar aumenta da zona rural em
direção a zona urbana. Da zona rural em direção a zona suburbana a temperatura do
ar apresenta uma rápida elevação constituindo o “Cliff” ou ladeira do perfil. Toda a
zona suburbana apresenta temperatura constante sem muitas variações formando o
chamado “Plateau”. Já a zona urbana, mais precisamente o distrito comercial se

117
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

configura no “Peak”, ou pico da ilha de calor, onde são registradas as maiores


temperaturas.

Figura 66: Representação esquemática da ilha de calor.


Fonte: Oke, 1978, p. 254

As ilhas de calor urbano são caracterizadas como o espaço urbano no qual a


temperatura é mais alta quando comparada com as áreas rurais ao redor. As
ilhas de calor são causadas pelo desequilíbrio no balanço de energia em
áreas construídas como resultado do comportamento térmico dos materiais
utilizado nas construções e nas vias urbanas e pelas alterações na difusão
de calor introduzidas através do uso do espaço e do solo urbanos. A
característica mais marcante das ilhas de calor é sua intensidade, que é a
diferença entre a máxima temperatura urbana e a mínima temperatura rural
e suas variações espaciais e temporais. Esta característica está diretamente
ligada a fatores naturais (como situação sinóptica, tempo, vento, topografia,
presença de superfícies de água) ou urbanas (morfologia urbana, atividades
humanas) que contribuem para a formação e condicionamento das ilhas de
calor. (GONÇALVES, 2003, p.73)

De acordo com Minaki e Amorim (2012, p. 280) a configuração da ilha de calor


está relacionada ao aumento da temperatura, a queda da umidade relativa do ar, aos
desvios de trajetória do vento com mudanças na sua velocidade, e a modificações no
padrão de distribuição das chuvas.

Sob condições atmosféricas ideais, ou seja, em condições de céu claro e com


vento calmo, ocorre a máxima intensidade da ilha de calor. Com relevo pouco
acidentado, as temperaturas mais altas são observadas nas áreas mais
densamente construídas e com pouca vegetação. Horizontalmente há
diminuição da temperatura à medida que há a aproximação da zona rural,
caracterizada por um gradiente horizontal mais brando, este esquema geral
é interrompido por locais quentes e frios associados com densidades de
prédios altos e baixos. (...) (AMORIM, 2000, p. 29)

118
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Garcia (1999, p.30) afirma que o fenômeno ilha de calor pode ser observado
com maior nitidez durante o inverno, poucas horas após o pôr-do-sol, numa situação
de calmaria anticiclônica, com pouca nebulosidade e com ventos fracos.
Em relação à intensidade e variabilidade da ilha de calor urbano, diversos
estudos apontam seu desenvolvimento em noites claras e calmas, entre 2 a 5 horas
após o pôr-do-sol, quando o resfriamento das áreas periféricas e rurais é maior do que
aquele ocorrido em áreas urbanas (BARBOSA E VECCHIA, 2009, p.5).
Para Gartland (2010, p.18) o efeito da ilha de calor é mais intenso em dias
calmos e claros, e é mais fraco em dias nublados e com ventos, uma vez que mais
energia solar é capturada em dias claros, e ventos mais brandos removem o calor de
maneira mais vagarosa, fazendo com que a ilha de calor se torne mais intensa.
A máxima intensidade da ilha de calor ocorre entre 2 e 5 horas após o pôr-do-
sol, sendo que ela é eliminada logo após o nascer do sol, quando se verifica um maior
aquecimento da zona rural em relação as áreas sombreadas da cidade (SOUZA,
1996, p.47).
Em relação à intensidade e sazonalidade da ilha de calor, Lombardo (1985)
enfatiza que sua maior aparição ocorre no inverno e sua menor intensidade é
observada no verão.
Para Danni (1980, p.38):

no verão, as diferenças térmicas entre a cidade e o campo serão orientadas,


principalmente, pela grande absorção e armazenamento das radiações
diurnas, e pela geometria daquela. Secundariamente, a maior quantidade de
calor sensível da atmosfera urbana, decorrente de uma menor evaporação
provocada pelo "runnoff" da precipitação sobre as ruas, prédios, e seu
escoamento pelos esgotos pluviais, irá contribuir para a elevação da
temperatura atmosférica: Â noite, quando tanto o campo quanto a cidade se
resfriam através da perda de radiação para a atmosfera na faixa do
infravermelho a intensidade da ilha térmica torna-se maior em consequência
do fluxo de calor que se mantém entre as edificações feitas pelo homem e o
ar.

Para Coltri et.al (2007, p. 5153) todas as ilhas de calor são caracterizadas pelo
excesso de material de construção civil e pouca ou nenhuma área verde. Os bairros
que apresentaram ilhas de calor mais intensas apresentaram estruturas com telhas
de cimento, amianto e asfalto.
Carvalho (2001, p. 91) destaca que:

O fenômeno ilha de calor provoca consequências de ordem meteorológica,


econômica e biológica, sendo algumas responsáveis por efeitos positivos e
outras por negativos. As consequências de âmbito meteorológico estão
119
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

relacionadas com a formação de um fenômeno de convecção urbana,


provocado pelo esquentamento da cidade, o que possibilita a formação de
nebulosidade e até de precipitação. Há ocorrência de uma brisa urbana, ar
que vem da periferia em direção ao centro urbano, favorecendo o processo
convectivo na superfície. Outro efeito é a redução da duração e da frequência
das nevadas. As consequências de cunho socioeconômico dizem respeito ao
aumento da temperatura nos centros urbanos, que é favorável para as
cidades de clima frio e desfavorável para as cidades de clima quente. Isso
provoca aumento no gasto de energia, pela utilização de sistemas artificiais
de esfriamento. As de cunho biológico dizem respeito as alterações do ciclo
vegetativo de algumas espécies arbóreas dentro da mancha urbanizada.

Neste sentido Oke (1978) chama a atenção para outros efeitos biológicos que
a ilha de calor pode provocar, pois de acordo com o mesmo o aquecimento urbano é
responsável pela brotação e florescimento precoce de flores e árvores na cidade; por
uma estação de crescimento geralmente mais longa e pela atração de alguns
pássaros para o habitat urbano termalmente mais favorável.
Outra característica da ilha de calor é que do ponto de econômico ela é benéfica
ao reduzir a necessidade de aquecimento no inverno nas cidades localizadas em
latitude médias, porém é extremamente desvantajosa nas cidades tropicais, pois exige
uma maior demanda de ar condicionando no verão, podendo acelerar o processo de
intemperismo dos prédios (MONTEIRO, 2003).
Para Nucci (2009, p.13):
Uma das consequências da ilha de calor na cidade é a formação de uma
circulação do ar característica, onde o ar da região central se aquece e sobe,
e o ar da periferia converge para o centro da cidade, onde se encontra o pico
da ilha de calor, formando-se, assim, um "domo" de poluição sobre a cidade.
Este ar, que vem da periferia originariamente limpo e úmido (nem sempre,
pois a periferia pode já estar também poluída), conforme vai atravessando a
cidade, que se apresenta sem áreas verdes e com um intenso tráfego, vai
adquirindo cada vez mais poluentes e vai aos poucos diminuindo a umidade
relativa, chegando à região central carregado de poluentes. Este processo
concentra as partículas poluidoras no centro da cidade (NUCCI, 2009, p.13).

Uma das principais características da ilha de calor é promover uma circulação


local de ar (brisas na superfície), onde o ar mais fresco se dirige das zonas rurais (alta
pressão) em direção ao centro da cidade (baixa pressão) mais aquecido, conforme a
figura 67.
De acordo com Carvalho (op.cit, p.94) esses fluxos são denominados brisas
urbanas, fenômeno intermitente, isto é, não contínuo, que alguns autores denominam
brisa rural ou do campo, considerando-se a origem geográfica do fluxo.
Cria-se também um movimento de convecção térmica no centro da cidade que
devido a presença de núcleos de condensação podem favorecer a precipitação.
120
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Por outro lado a mesma célula de convecção pode deslocar o ar poluído do


centro da cidade em direção a periferia e as zonas rurais.

Figura 67: Representação esquemática dos fluxos de ar em superfície (brisa) e convecção na


Urban Boundary Layer.
Fonte: GARCIA (1999, p. 44).

3.4 Ilha de calor de superfície e atmosférica (inferior e superior)

Quando se realiza um estudo do campo térmico e se identifica em um


determinado espaço urbano a existência do fenômeno ilha de calor a que se tomar o
cuidado de deixar bem claro ao leitor a qual tipo de IC a pesquisa se refere.
A ilha de calor de superfície difere da atmosférica quanto a gênese, magnitude,
escala espaço-temporal e métodos de investigação.
Neste sentido Alcoforado et al (2007, p.593) destaca que:

há três tipos de IC (ilha de calor), relacionadas entre si, mas de gênese,


magnitude e dinâmica temporal bastante distintas: a IC de superfície
corresponde à ocorrência de temperaturas mais elevadas nas superfícies
urbanas do que nas superfícies rurais; a IC da atmosfera urbana inferior
(urban canopy layer) ocorre entre o solo e o nível médio do topo dos edifícios
e a IC da atmosfera urbana superior (urban boundary layer), que se sobrepõe
à anterior, estendendo –se por vezes até a atmosfera livre: trata-se da parte
superior da camada limite, em que as características de temperatura (e
também de umidade, turbulência e composição da atmosfera) são
influenciadas pela presença da cidade.

Na figura 68 extraída de Fialho (2012, p.66) temos os três tipos de ilhas de


calor. Observa-se que cada uma abrange uma determinada porção espacial e seu
monitoramento exige a adoção de métodos específicos a cada tipo.

121
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 68: Três tipos de ilha de calor


Fonte: Oke (1978); Voogt e Oke (1997) adaptado por Fialho (2012).

De acordo com Lucena (2013, p.31) uma categoria de ilha de calor urbana
adotada atualmente é a ilha de calor urbana da superfície (do inglês Surface Urban
Heat Island - SUHI). Essa categoria difere da UHI (Urban Heat Island) por captar a
temperatura de superfície por meio do sensoriamento remoto, enquanto aquela se
restringe em registrar a temperatura do ar por meio do termômetro de uma estação
convencional ou automática ou de instrumentos de campanha de campo.
A ilha de calor de superfície é identificada a partir das técnicas de
sensoriamento remoto em que um sensor acoplado a plataforma de um satélite da
série LANDSAT14, capta e registra em níveis de cinza os valores correspondentes a
radiação de ondas longas (infra-vermelho termal) que são emitidas pelos elementos
constituintes da superfície urbana.
O sensor TM do satélite LANDSAT gera imagens em ND (níveis de cinza) que
devem ser tratadas no ENVI15 ou outro conversor de imagens gerando informações

14
É a nomenclatura de um programa de satélites de observação da Terra de origem Norte americana.
A série teve início na segunda metade da década de 1960, a partir de um projeto desenvolvido pela
Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), sendo dedicado exclusivamente à
observação dos recursos naturais terrestres.
15
O ENVI é um conjunto de ferramentas profissionais para análise e processamento de imagens
geoespaciais, que permitem extrair informações de imagens para qualquer tipo de utilização.
122
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

de radiância16 e posteriormente da temperatura aparente da superfície em graus


Kelvin e Celsius(ºC).
Em relação a ilha de calor atmosférica destaca-se que ela corresponde às
alterações da temperatura do ar em função das modificações do balanço de radiação
sobre superfícies urbanizadas. A ilha de calor atmosférica se divide em duas camadas
conforme Fialho (2009): ilha de calor da atmosfera inferior (Urban Canopy Layer) e da
atmosfera superior (Urban Boundary Layer).
Ainda de acordo com Fialho (2009, p.52) a ilha de calor atmosférica ou
termodinâmica denuncia as modificações de certos parâmetros da atmosfera, por
meio da diferença dos tipos de uso da terra e cobertura entre as paisagens urbanas e
rurais.
Assim, a escolha do tipo de ilha de calor que se queira investigar vai determinar
os métodos e aparelhos adequados à obtenção de dados, permitindo ao pesquisador
analisar o fenômeno em três escalas: superficial, ao nível do dossel urbano (UCL) e
ao nível da camada limite urbana (UBL).

3.5 Ilhas de calor: poluição do ar e perda da qualidade de vida

Perreira e Brandão (2008, p. 780) destacam que a “ilha de calor” representa o


fenômeno de maior significância do Sistema Clima Urbano, logo seu estudo,
monitoramento e equacionamento, são de extrema importância para o planejamento
ambiental, visando a melhoria da qualidade de vida nas cidades.
Segundo Monteiro (1987) "(...) as pressões exercidas pela concentração da
população e de atividades geradas pela urbanização e industrialização concorrem
para acentuar as modificações do meio ambiente, com o comprometimento da
qualidade de vida".
Nucci (2009, p. 15) destaca que a ilha de calor é um fenômeno que intensifica
os problemas de poluição no ambiente urbano. Sua dissipação se dá pela ação dos
ventos, portanto, o aumento da rugosidade causada pela verticalização das cidades
pode atrapalhar a dissipação dos poluentes devido à queda da velocidade do vento.
A ilha de calor tem relação direta com o conforto térmico humano e com a
qualidade de vida. A poluição do ar associada a maior intensidade da ilha de calor,

16Radiância: é o fluxo de energia sendo transmitido, recebido ou emitido em um ponto específico em


uma direção particular.
123
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

pode levar ao aumento de doenças respiratórias e alérgicas, principalmente em


crianças e idosos. As ilhas de calor podem determinar o conforto climático de
populações urbanas, afetando sua saúde, seu trabalho e suas atividades de lazer.
Para Monteiro (1996), o “modus vivendi” da sociedade moderna, provocou uma
tremenda degradação da qualidade de vida e consequentemente um agravamento de
diversas patologias do foro respiratório e alergológico. Em estudos na cidade do Porto,
em Portugal, Monteiro (1996) havia identificado um considerável aumento de algumas
patologias, como a asma e bronquites, devido à “degradação da qualidade do ar”
causada pelas ações antrópicas, principalmente pela presença da ilha de calor.
A ilha de calor, quando instalada, dificulta ou mesmo impede a troca de ar da
cidade com seu entorno não urbanizado, e a circulação do ar passa a processar-se,
internamente, de forma “viciada” (CAVALHEIRO, 1991).
Nucci (1999) destaca que uma das consequências da ilha de calor na cidade é
a formação de uma circulação do ar característica, na qual o ar da região central se
aquece e sobe, e o ar da periferia converge para o centro da cidade, onde se encontra
o pico da ilha de calor, formando-se, assim, um "domo" de poluição sobre a cidade,
conforme a figura 69 abaixo.

Figura 69: Domo de poluição urbana provocada pela ilha de calor.


Fonte: Nucci (1999, baseado em Marcus & Detwyler, 1972).

Ocorre um acúmulo de poluentes atmosféricos (poeira, enxofre, dióxido de


carbono, fuligem, e outros gases tóxicos) no centro da cidade onde na maioria das
vezes se localiza o “peak” da ilha de calor.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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De acordo com Nucci (1999, p. 77) a concentração de poluentes leva uma


grande parte da população a apresentar problemas de saúde, principalmente no
inverno, quando as inversões térmicas são mais frequentes. Doenças respiratórias e
de visão, dores de cabeça e mal-estar são alguns desses problemas, porém
pesquisas mostram que a poluição atmosférica pode até matar.
Para a ONU (1993 apud NUCCI, 1999, p.77) "O aumento dos níveis da poluição
do ar tem sido associado com o aumento da morbidade e da mortalidade e com um
aumento de incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares".
São inúmeros os casos de comprometimento da saúde humana ocasionados
pelos altos índices de poluentes e particulados em áreas urbanas. As doenças mais
comuns são enfisema pulmonar, câncer, deficiências cardiorrespiratórias e certas
dermatites alérgicas (EPSTEIN e ROGERS, 2004).
Landsberg (1981) apresenta uma tabela contendo os limiares de concentração
de certas substancias que podem se ultrapassadas, resultar em danos a saúde
humana, conforme a tabela 4.

Tabela 4: Concentração de riscos de alguns poluentes químicos nas cidades

Fonte: LANDSBERG (1981, p. 98).

Verifica-se, portanto que as ilhas de calor são responsáveis diretamente pela


concentração de poluentes atmosféricos na cidade, gerando os mais diversos
problemas de saúde e propiciando com isto uma rápida e progressiva perda da
qualidade ambiental e de vida no meio urbano.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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CAPÍTULO 4-DAS TÉCNICAS DE ESTUDO DO CAMPO TÉRMICO E


DAS ILHAS DE CALOR (ATMOSFÉRICA E DE SUPERFÍCIE)

Neste capítulo foi apresentado as principais técnicas ou metodologias para o


estudo do campo térmico e das ilhas de calor (atmosférica e superficial).
Para o estudo da ilha de calor atmosférica ao nível do dossel urbano (Urban
Canopy Layer) foi apresentada a técnica dos pontos fixos, transectos móveis e
balanço de energia; para o estudo da ilha de calor atmosférica ao nível da camada
limite urbana (Urban Boundary Layer) foi apresentada a técnica do sensoriamento
remoto vertical através do uso de balões meteorológicos e para o estudo da ilha de
calor de superfície a técnica do sensoriamento remoto através de imageamento orbital
da superfície urbana.

4.1 Pontos fixos


A técnica dos pontos fixos consiste em montar uma rede fixa de pontos de
aquisição e monitoramento de dados climáticos dentro de determinada área urbana,
por meio da implantação de mini-abrigos meteorológicos dotados de aparelhos
registradores (que podem ser automáticos no caso dos data-loggers ou convencionais
como os psicrômetros de funda).
Em relação a malha de pontos fixos não existe um critério especifico para
estabelecer os pontos representativos dos ambientes urbanos e rurais, mas de acordo
com Gartland (2010, p.38) tais pontos necessitam ter a mesma altitude e o mesmo
terreno o que não nem sempre é possível.
Cada ponto fixo da malha conta com um mini-abrigo meteorológico equipado
com aparelho especifico para a aquisição de dados de temperatura, umidade relativa
do ar entre outros. O mini-abrigo pode ser confeccionado em madeira ou pvc, sendo
vazado em algumas extremidades para facilitar a entrada de ar e protegido da
insolação direta, estando fixado a uma altura padrão de 1,5 metros em relação a
superfície do solo, conforme a figura 70 abaixo.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 70: Modelo de mini-abrigo meteorológico.


Fonte: BENINI.; BENINI (2010, p.762).

Mesmo com suas desvantagens operacionais e logísticas a técnica dos pontos


fixos é de acordo com Gartland (2010, p.38) a mais simples e comum quando se
analisa a ilha de calor, pois permite comparar dados sobre as condições climáticas de
duas ou mais localidades fixas.
Vários autores utilizaram a técnica dos pontos fixos no estudo do campo
térmico e higrométrico das cidades brasileiras como nos casos de Santa Maria-RS
(SARTORI, 1979); Curitiba-PR (DANNI, 1987); Londrina-PR (MENDONÇA,1994); Rio
de Janeiro-RJ (BRANDÃO,2001); Florianópolis-SC (MENDONÇA, 2002); Pelotas-RS
(COLLISCHONN, 2012) entre outros.
Embora seja comum a sua utilização na comparação espaço-temporal da
temperatura do ar entre as zonas urbana e rural existem mais duas maneiras
diferentes pelas quais os dados dos pontos fixos podem ser utilizados a saber,
conforme Gartland (2010, p.38):
a) No estudo de dados de múltiplas estações (ou pontos fixos) a fim de
encontrar impactos bidimensionais e regionais; e
b) Na investigação de um grande número de dados históricos para avaliar as
tendências de uma ilha de calor ao longo do tempo, à medida que uma
região é urbanizada.
No tocante ao estudo da ilha de calor urbana geralmente a técnica de coleta de
dados dos pontos fixos pode complementar a dos transectos móveis e vice-versa.

127
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Na tabela abaixo Fialho (2009, p.66) destaca as vantagens e desvantagens da


técnica de coleta dos pontos fixos.
Tabela 5: Vantagens e desvantagens da metodologia dos pontos fixos.

Fonte: Fialho (2009, p.66).

4.2 Transectos móveis

A metodologia dos transectos móveis permite uma maior dinamicidade e


autonomia na aquisição de dados climáticos intra-urbanos.
Neste sentido de acordo com Gartland (2010, 40):

Os transectos móveis podem ser utilizados a qualquer hora do dia ou da noite,


embora isso às vezes dependa das condições de transito. A maioria dos
estudos executa os transectos à noite, sob condições meteorológicas claras
(céu limpo) e calmas (sem vento) a fim de medir a intensidade de calor
máxima de uma ilha de calor.

De acordo com Krebs (1989):

o método do transecto consiste em caminhar ao longo de um percurso


previamente determinado, registrando as medições em pontos equidistantes.
O comprimento do transecto e a distância entre os pontos amostrados
dependem dos objetivos do estudo, do tempo disponível e da finalidade a
amostrar.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Para Gartland (2010, p.40) um transecto móvel implica percorrer um trajeto


predeterminado por uma região, parando em locais representativos para obter
medidas de elementos ou variáveis meteorológicas.
No âmbito geral os transectos móveis correspondem a trajetos pré-
estabelecidos dentro de determinada malha urbana, onde são registrados dados
climáticos (temperatura, umidade relativa, vento, pressão atmosférica, entre outros)
através do emprego de aparelhos automáticos (datallogers) acoplados à veículos
(motocicleta, bicicleta, automóvel, entre outros).
Estes veículos percorrem os trajetos pré-estabelecidos num horário padrão
para a obtenção dos dados climáticos (06, 09, 12, 15, 18 e 21 horas), com um tempo
máximo de 50 minutos e numa velocidade média de mais ou menos 40 km/h, pois
velocidades acima disto põem em prejuízo a resolução espacial das observações
micrometeorológicas e abaixo podem gerar conflitos e transtornos aos automóveis
que circulam ao redor da unidade de monitoramento, conforme Machado e Azevedo
(2006).
Embora seja um dos métodos preferidos pelos pesquisadores quando da
obtenção de dados climáticos dentro de determinada área urbana, os transectos
móveis possuem algumas desvantagens e necessitam de alguns cuidados.
Neste sentido Gartland (2010, p.40) destaca que:

a) Existem algumas desvantagens do método de transecto móvel para


medir ilhas de calor. Uma delas é a impossibilidade de obter medições
simultâneas em diferentes localidades.
b) A maioria dos transectos pode ser executada em menos de uma hora,
porém, as condições podem variar significativamente durante esse
período.
c) Muitas vezes as temperaturas precisam ser ajustadas de acordo com um
patamar de tempo comparando as medições com dados de uma ou mais
localidades.
d) É preciso tomar cuidado ao executar medições em transectos móveis.
e) Se o trajeto for percorrido por transporte público ou automóvel, é
importante manter os instrumentos afastados de fontes de calor, pois as
temperaturas registradas as margens de rodovias podem ser
indevidamente influenciadas pelo calor de motores ou de pavimentos, ou
por ventos oriundos das condições de trânsito.
f) Se a medição for feita a alguns passos de distância da rodovia, esta
poderá ser uma medida mais representativa das condições do local.
g) É importante também permitir que o equipamento tenha tempo suficiente
para entrar em equilíbrio com seus arredores antes de auferir a medição.

Fialho (2009, p.66) destacou algumas vantagens e desvantagens que a


metodologia dos transectos móveis apresenta, conforme a tabela 6.

129
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Tabela 6: Vantagens e desvantagens da metodologia dos transectos móveis.

Fonte: Fialho (2009, p.66).

Nesta pesquisa que visou entre outros o estudo do campo térmico de Chapecó-
SC foi utilizada a técnica dos transectos móveis para obtenção de dados climáticos
(temperatura, umidade relativa e pressão) ao nível do dossel urbano17 e a termografia
de superfície como uma técnica complementar a análise espacial da ilha de calor.

4.3 Termografia de superfície (Sensoriamento Remoto)

Um dos métodos mais modernos para estudar o campo térmico de superfície e


a identificação de ilhas de calor superficiais no tecido urbano é o sensoriamento
remoto, através do emprego de imagens de satélites no canal infra-vermelho termal.
Neste sentido, Aggarwal (2002) destaca que os dados do infravermelho termal
são transformados em temperatura aparente de superfície (LST–“Land Surface
Temperature”) possibilitando o estudo de ilhas de calor nas cidades, fornecendo
visões de diferentes escalas visualizando padrões em vez de pontos isolados,
integrando assim recursos que são de difícil correlação por outros métodos.

17
Definido por Gartland (2010, p.38) como o volume de ar abaixo dos topos dos edifícios e árvores. Medidas
padrão das temperaturas do dossel são feitas à altura do tórax de uma pessoa, geralmente a 1,5 m acima do
nível da rua.
130
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Dumke (2007, p.241) destaca que ao retratar com uma maior resolução a
distribuição espacial e a grandeza de alguns elementos do clima, a termografia
infravermelha de superfície possibilita a averiguação mais detalhada de suas
variações na mancha urbana.
Ainda de acordo com Dumke (2007, p.241):

a partir da conversão dos valores de níveis de cinza da imagem do canal do


infravermelho termal do sensor TM/Landsat-5 em valores de temperatura, é
possível se obter a espacialização das temperaturas de superfície de um
dado espaço terrestre. Assim, por meio desta técnica obtêm-se dados de
temperatura de superfície – não de temperatura do ar geralmente tomados
em campo ou em estações meteorológicas a altura de 1,5 m – fator que
enriquece a análise, pois permite a comparação entre as temperaturas,
evidenciando suas relações.

Neste sentido Coltri et al., ( 2007, p. 5151) destaca que:

[...] além das visões em diferentes escalas o sensoriamento remoto permite


realizar medidas através dos dados do sensor infravermelho termal em
temperatura aparente da superfície (land surface temperature - LST),
fornecendo a temperatura qualitativa da cidade, ou seja, o desenho da
temperatura local.

Assis (2010, p. 27) destaca que:

Técnicas de sensoriamento remoto têm sido utilizadas para o mapeamento


da temperatura superficial em áreas metropolitanas, onde as medidas
extensivas e repetitivas proporcionam uma visão de conjunto. Equipamentos
acoplados em plataformas terrestres, aéreas e espaciais configuram-se como
recurso importante para a análise do comportamento dos parâmetros
meteorológicos no tecido urbano. Alguns desses sensores são capazes de
fornecer imagens radiométricas infravermelhas dos alvos, que
posteriormente são tratadas e convertidas em temperaturas superficiais.

Vários estudos de clima urbano foram realizados a nível internacional


empregando imagens de satélites: NOAA, SPOT, LANDSAT, ASTER, na elaboração
de mapas térmicos e na identificação e espacialização de ilhas de calor urbanas ao
nível da superfície do solo.
No Brasil, de acordo com Assis (2010, p. 29) destaca-se o trabalho pioneiro de
Lombardo (1985) sobre o clima urbano da cidade de São Paulo, em que a autora
utilizou-se de técnicas de sensoriamento remoto, que serviram tanto para o
mapeamento e classificação do solo, como para a construção de imagens
termográficas da metrópole.
Ainda de acordo com Assis (op.cit, 2010); Lombardo selecionou 18 amostras
de diferentes usos do solo a partir dos quais estimou a emissividade da superfície,
131
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

empregando imagens dos satélites LANDSAT-3, NOAA-7 e NOAA-8. Os resultados


mostraram que a cidade apresentou, em alguns momentos diferença de temperatura
urbano-rural superior a 10ºC (temperatura superficial dos alvos), sendo que a área
pico da ilha de calor coincidiu com as áreas de maior concentração de edifícios e
indústrias, mostrando uma forte correlação entre a ilha de calor e uso do solo.
Depois deste trabalho pioneiro de Lombardo (1985), vários outros passaram a
utilizar a termografia de superfície nos estudos do campo térmico e na identificação e
estudo da ilha de calor ao nível do solo.
Neste sentido Fialho (2009, p.74) destaca que:

“atualmente, o número de trabalhos relacionados à ilha de calor que utilizam


o sensoriamento remoto é significativo, quando pesquisamos os anais do
simpósio brasileiro de sensoriamento remoto, onde se encontram pesquisas
desenvolvidas para as regiões metropolitanas (TEZA; BAPTISTA, 2005;
SOUSA; BAPTISTA, 2005), Distrito Federal (BIAS, et. al., 2005), São José
dos Campos (ANDRADE, et.al., 2007) e Piracicaba (COLTRI et.al., 2007)”.

De acordo com Mendonça (1994, p.51) o campo térmico das cidades, enquanto
subdivisão do clima urbano tem sido aquele no qual mais se tem empregado as
imagens de satélites, notadamente no estudo das ilhas de calor urbano.
Isto se deve ao enorme desenvolvimento dos sistemas sensores nas ultimas
décadas. Neste sentido destacam-se os satélites com alta resolução espacial como o
LANDSAT 8(Land Remote Sensing Satellite) com suas bandas no infra-vermelho
termal, que são importantes ferramentas no estudo da configuração e da variação
térmica no ambiente intra-urbano de cidades de médio e pequeno porte (como
Chapecó).
De acordo com Fialho (2009, p.72) na literatura internacional, é vasta a
aplicabilidade destes recursos, derivados de satélites, na identificação da termografia
das cidades. Voogt e Oke (1997) afirmam que o advento da tecnologia de
sensoriamento remoto termal, através de satélites e de plataformas de aeronaves,
permitiu novas possibilidades de observações sobre as ilhas de calor, bem como a
compreensão de suas causas e combinações com os arranjos urbanos.
Coltri et al (2007, p. 5151) destaca que :

“nas últimas décadas, estudos de clima urbano e de ilhas de calor vêm se


destacando e ganhando muita importância na área do sensoriamento remoto.
Esta técnica permite, além das visões em diferentes escalas, realizar medidas
através dos dados do sensor infravermelho termal de temperatura aparente
da superfície (land surface temperature –LST), fornecendo a temperatura
qualitativa da cidade, ou seja, o desenho da temperatura local”.

132
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Assim levando em consideração a aplicabilidade das imagens de satélites no


estudo do campo térmico e na identificação das ilhas de calor ao nível da superfície
no contexto de toda cidade, foram utilizadas nesta pesquisa imagens do satélite
Landsat 8 canal 10 e 11 (termal) para melhor identificar e especializar a ilha de calor
superficial em Chapecó/SC.
Na investigação do campo térmico de Chapecó foram utilizadas duas imagens
termais do satélite Landsat 8, bandas 10 e 11, que possuem a seguintes
características:
a) Órbita Circular, Heliosíncrona, Descendente, 98,2º de Inclinação, Período de
99 minutos, Altitude de 705 Km;
b) Resolução espacial da banda termal de 30 x 30 m (metros);
c) Sensibilidade espectral: Termal: 10600-11190 nm (nanômetros) (Banda10
TIRS1), 11500-12510 nm (Banda11 TIRS2).
Foram utilizadas duas imagens termais do Landsat 8 pré-processadas, sendo
uma representativa do verão (mês de janeiro de 2014) e outra representativa do
inverno (mês de setembro de 2013), ambas disponibilizadas pelo site da USGS
(United State Geological Survey): http: //www.usgs.gov . Na figura 71 abaixo temos
uma imagem do satélite Landsat 8.

Figura 71: Satélite Landsat 8.


Fonte: http://www.spacenews.com
133
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

4.4 Sensoriamento da estrutura vertical da atmosfera urbana

A ilha de calor afeta o perfil térmico vertical do dossel urbano (Urban Canopy
Layer) e da camada limite urbana (Urban Boundary Layer) através de processos
físicos associados ao aquecimento do ar (convecção térmica) e ao arraste ou
rugosidade da superfície (turbulência).
De acordo com Gartland (2010, p.44) tanto o ar acima como abaixo do dossel
urbano (Urban Canopy Layer) é afetado pela ilha de calor, sendo que a maioria dos
efeitos ocorrem numa faixa entre 1 a 1,4 km acima da superfície do solo, chamada de
camada limite urbana, onde o calor e o arraste da superfície provocam turbulência.
A camada limite urbana18 apresenta uma variação de densidade e altitude ao
decorrer do dia em função dos processos convectivos e do aquecimento diferenciado
das superfícies urbanas.
Neste sentido Amorim (2000, p.26) destaca que "durante a noite a camada
limite urbana pode atingir menos de 100m, porque a superfície esfria mais depressa
do que a atmosfera e, durante o dia pode atingir de 1 a 2 km, pois as correntes
convectivas são mais intensas".
Para Gartland (2010, p.44) a camada limite urbana é mais grossa durante o dia
quando as superfícies quentes aquecem o ar, fazendo-o subir por convecção térmica
até porções mais altas da atmosfera onde se resfria e se mistura. Já a noite a camada
limite urbana se contrai em função da superfície apresentar-se mais fria do que a
atmosfera, criando uma camada estável de ar mais frio abaixo do ar mais quente
(inversão térmica).
Machado (2008, p.2-3) destaca que:

A profundidade da camada limite varia e evolui conforme o dia e a noite


transcorrem, em harmonia com o ciclo de aquecimento e resfriamento
superficiais. A camada de mistura convectiva que se desenvolve no seu
interior durante o dia, dá lugar à noite a uma camada estável cerca de dez
vezes menor. Todavia, mesmo com o desenvolvimento desta camada estável
próxima à superfície, ainda se pode observar a existência de uma camada de
mistura residual, situada mais acima e portanto já desconectada da
superfície.

18
A camada limite urbana é uma porção da atmosfera situada acima de uma área urbana, e cujas
características climáticas são modificadas pela presença de uma cidade na superfície (OKE, 1978).
134
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Além disto Machado (op.cit, p.3) baseado em Geiger (2003) destaca que há
uma homogeneização microclimática na camada limite urbana devido a mistura
vertical.
Uma área cada vez mais abrangente pode ser climaticamente reconhecida
para um nível cada vez mais alto. Ou seja, de maneira consecutiva, a partir
de uma reunião de microclimas (primeiras dezenas de metros acima da
superfície) ter-se-á a definição de um topoclima (em torno de 100 m acima).
Por sua vez, alguns topoclimas espacialmente distribuídos definem um
mesoclima específico (entre 1km e 2 km acima). Até enfim ter-se a definição
de um macro-clima em torno de 4 km reunindo alguns mesoclimas pré-
definidos. Esta idéia é uma tentativa para a compreensão e ordenamento da
estrutura escalar do clima e provém da teoria dos conjuntos (MACHADO,
2008, p.3).

Sabendo-se das flutuações da camada limite urbana e da mistura vertical que


leva a homogeneização microclimática há vários procedimentos para mensurar as
variações de temperatura com a altitude e os efeitos das ilhas de calor sobre perfis
térmicos verticais.
De acordo com Gartland (2010, p.44) diferenças na camada limite em áreas
urbanas e rurais e nos perfis térmicos verticais de temperatura em altitude podem ser
medidas ou monitoradas através do uso de métodos que incluem o envio de balões
instrumentados para os ares, a instalação de equipamentos de monitoração em torres
de rádio ou voos a diferentes altitudes em helicóptero ou aeronave instrumentado.
Além de medições de temperatura na camada limite urbana é possível também
monitorar o comportamento térmico do dossel urbano (Urban Canopy Layer) na altura
dos prédios e outras construções urbanas.
Um exemplo disto foi o trabalho de registro da temperatura do ar ao nível da
cobertura dos edifícios (cânions urbanos) e a elaboração de perfis térmicos em altura
realizado por Lopes e Vieira na rua Prof. Antônio José Saraiva bairro Lisboeta de
Telheiras no ano de 2001.
Neste trabalho que visou o estudo do perfil térmico em altura da rua Prof.
Antônio José Saraiva localizada no bairro Lisboeta de Telheiras os autores
empregaram balões cativos dotados de aparelhos registradores leves e de baixo
custo.
De acordo com Lopes; Viera (2002, p. 153) com o empregado de balões cativos
é possível elaborar perfis térmicos em altura, dentro de espaços urbanos.
Ainda de acordo com Lopes; Viera (op.cit, p.153) nos estudos de sondagem da
atmosfera a baixas altitudes normalmente se utilizam balões do tipo zepelins, devido

135
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

sua aerodinâmica que permite uma maior eficaz adaptação à turbulência da camada
atmosférica junto ao solo.
Mas no trabalho supracitado os autores optaram por utilizar balões
meteorológicos esféricos de 200 gramas do tipo Totex enchidos com aproximando
1m³ de gás hélio cada. Os balões foram amarrados a cordas leves e resistentes e
nestas foram acoplados pequenos registradores automáticos de temperatura do tipo
Tinytalk Data Logger.
Na figura 72 a seguir temos um exemplo de balão cativo do tipo Totex e de
registradores de temperatura que podem ser utilizados na construção de perfis
térmicos urbanos verticais como os realizados no bairro de Telheiras em Lisboa-
Portugal.

Figura 72: Balão meteorológico do tipo Totex e registrador de temperatura do tipo Tinytalk
Data Logger.
Fonte: LOPES; VIEIRA (2002, p.156).

4.5 Balanço de energia

De acordo com Gartland (2010, p. 46) a medição do fluxo de energia de e para


superfícies é uma maneira sofisticada de medir os efeitos das ilhas de calor,
permitindo também o melhor entendimento de suas origens.
Machado (2011, p.10) destaca que:

A análise dos fluxos radiativos é interessante, sobretudo, porque desvincula


a análise, de uma caracterização preponderantemente estática, quando
observado certo padrão de distribuição das temperaturas do ar que preenche
a “canopy layer” urbana. Assim se possibilita a inclusão da natureza dinâmica
136
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

verdadeiramente responsável pela gênese destes padrões de distribuição da


temperatura, através da verificação instantânea de setores com diferentes
taxas de aquecimento e/ou resfriamento. Aliás, esta possibilidade permite
inclusive o reconhecimento da ritimicidade do processo, o que pode viabilizar
o prognóstico de padrões de conforto na escala horária, dentro do ciclo diurno
ou noturno em uma cidade.

O balanço de energia explica como a energia é transferida de e para as


superfícies terrestres, sendo útil na análise das interações da radiação solar com os
componentes da superfície urbana.

O balanço de energia se baseia na primeira lei da termodinâmica, que diz que


a energia nunca é perdida. Para uma superfície da Terra, isso significa que
toda energia absorvida pela superfície por meio da radiação ou a partir de
calor antropogênico, vai para algum lugar. Essa energia irá aquecer o ar
acima da superfície ou será evaporada com a umidade ou será armazenada
nos materiais em forma de calor (GARTLAND, 2010, 27).

A equação do balanço de energia em uma superfície do dossel urbano (urban


canopy layer) é dada de acordo com Oke (1987), Offerle et al (2005) e Machado (2011)
pela seguinte expressão:
Q* + QF = QH + QE + ΔQA + ΔQS + S Eq.2

Onde, Q* é o balanço radiativo, QF é o fluxo antropogênico de calor, QH e QE


são os fluxos turbulentos (convectivos) de calor sensível e latente, respectivamente,
ΔQA representa a variação advectiva de calor, ΔQS a variação do calor armazenado
no sistema e S representa processos de remoção de calor (fotossíntese ou
escoamento superficial).
Além do balanço de energia pode-se também calcular o termo saldo de
radiação através de quatro processos distintos (radiação solar global, radiação solar
refletida, radiação atmosférica e radiação da superfície) que acontecem na superfície
terrestre.
O saldo de radiação é calculado de acordo com (Oke, 1987) pela seguinte
expressão:

Q* = K* + L* Eq.3

Onde K* é o balanço radiativo em ondas curtas e L* o balanço radiativo em


ondas longas.

137
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com Frisina e Escobedo (1999, p.1776):

o saldo de radiação de ondas curtas (K*), é definido pela diferença entre a


radiação de ondas curtas que incide na superfície terrestre (radiação solar
global) e a radiação de ondas curtas que é refletida, sendo calculado pela
equação: K* = K↓ - K↑, onde: K↓ é a irradiação global e K↑ é a irradiação
refletida. O saldo de radiação de ondas longas (L*) é obtido pela diferença
entre o saldo de radiação total e o saldo de radiação de ondas curtas,
conforme a equação: L* = Rn - K* onde: Rn é o saldo de radiação total, e K*
é o saldo de radiação de ondas curtas.

Para Gartland (2010, p.28) o saldo de radiação é igual a: saldo de radiação =


radiação solar global-radiação solar refletida + radiação atmosférica-radiação da
superfície.
Ainda de acordo com Gartland (2010, 28):

a radiação solar global representa a quantidade de energia radiada pelo sol;


a radiação solar refletida é a quantidade de energia que é refletida a partir
de uma superfície, de acordo com a refletância do material; a radiação
atmosférica é o calor emitido por partículas presentes na atmosfera, como
gotículas de vapor de água, nuvens, poluição, poeira e; a radiação da
superfície é o calor radiado a partir de uma superfície.

Existem vários equipamentos utilizados em experimentos de balanço de


energia. Para avaliar o termo ou saldo de radiação quatro tipos de medições distintas
podem ser feitas de acordo com Gartland (2010, 47):
a) Radiação solar global (ondas curtas): utiliza piranômetro ou albedômetro;
b) Radiação solar refletida (ondas curtas): utiliza piranômetro ou albedômetro;
c) Radiação atmosférica (ondas longas): utiliza radiômetro;
d) Radiação de superfície (ondas longas): utiliza pirgeômetro.

Machado (2011) em seu trabalho sobre o balanço radiativo e a temperatura das


paredes de um “canyon urbano” na Avenida Queiroz Filho na cidade de São Paulo
utilizou radiômetros e termômetros infravermelhos.
Dentre os vários trabalhos nacionais dedicados à temática do balanço de
radiação em áreas urbanas, como suporte ao entendimento da ilha de calor podemos
citar os trabalhos de Machado e Azevedo (2007); Machado (2009) e Machado (2011).

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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CAPÍTULO 5 – DO CONFORTO TÉRMICO HUMANO


5.1 Conceituando conforto térmico

Existem várias conceituações de conforto térmico, desenvolvidas tanto por


pesquisadores da área de geografia quanto de outros ramos do conhecimento que
trabalham com esta temática.
Neste sentido, ASHRAE (1981) define conforto térmico como o estado mental
que expressa satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa.
Monteiro (1990), considera conforto térmico como a ausência total de
constrangimento sensorial experimentado pelo corpo humano na sua relação de troca
com o ambiente, sendo portanto subjetivo.
Para García (1995) o conforto térmico consiste no conjunto de condições em
que os mecanismos de auto regulação são mínimos ou ainda na zona delimitada por
características térmicas em que o maior número de pessoas se manifeste sentir bem.
Vecchia (1997) afirma que há conforto térmico quando para uma atividade
sedentária e uma dada indumentária, os sistemas termorreguladores não precisam
intervir na adequação do equilíbrio ou do balanço térmico do organismo.
De acordo com a ABNT (1998, p.9), conforto térmico seria a satisfação
psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente.
Para Lamberts (2005), o conforto térmico humano pode ser entendido como o
estado mental que expressa a satisfação do homem com o ambiente térmico que o
circunda, sendo medido através das sensações individuais ou de um grupo de
pessoas.
De acordo com Souza; Nery (2012, p. 71) se o ambiente não oferece condições
térmicas agradáveis a um indivíduo ou para a população tem-se então o desconforto
térmico.
Assim, o conceito de conforto térmico guarda relação direta com as sensações
psicofísicas que o corpo humano experimenta ao entrar em contato com as variações
térmicas do ambiente.

5.2 O equilíbrio térmico e o mecanismo da termorregulação

O homem por ser homeotérmico necessita manter constante sua temperatura


corporal interna em torno de 36ºC ou 37ºC para poder realizar de maneira satisfatória

139
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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e segura suas atividades metabólicas e fisiológicas, e assim manter-se vivo. Qualquer


variação acima ou abaixo da temperatura ideal de 1 a 2ºC pode causar alterações no
organismo humano.
Neste sentido Roriz (1987, p. 21) destaca que:

a temperatura interna média da maioria das pessoas se situa em torno de


37°C; variações acima de 1,0 a 2,0 graus por um tempo relativamente longo
(como algumas horas) podem afetar seriamente o organismo; um desvio da
temperatura de 4,0 graus acima ou abaixo da média poderá causar lesão
permanente ou morte.

Segundo Starck (1979), a energia interna necessária para a sobrevivência dos


organismos homeotérmicos é obtida através de processos metabólicos, onde " ... o
metabolismo é o conjunto de trocas de matéria e energia que o homem efetua com o
meio para a realização de seus processos vitais e atividades." O restante da energia
produzida através do processo de metabolismo é liberado para o ambiente sob a
forma de calor.
De acordo com Romero (2000, p. 23) o homem utiliza dois mecanismos de
regulação térmica para responder às exigências externas: um de caráter fisiológico
(suor, variações do fluxo sanguíneo que percorre a pele, batidas cardíacas, dilatação
dos vasos, contração dos músculos, arrepio e ereção dos pelos) e outro de caráter
comportamental (sono, prostração, redução da capacidade de trabalho).
Para manter a temperatura interna do corpo dentro da faixa ideal
(aproximadamente 37ºC) o homem necessita estabelecer um equilíbrio térmico19 com
o meio. Em busca do tal equilíbrio térmico do homem com o meio ocorrem os
seguintes processos de trocas térmicas a saber: troca por radiação, troca por
condução, troca por convecção e troca por evaporação
Na figura 73 de Guyton (1977) adaptado por Romero (2010, p.23) temos as
relações de equilíbrio térmico do homem com o meio. Para Romero (2010, p.23) o
homem é capaz de ganhar ou perder calor para o meio pelos processos de radiação,
condução e convecção, dependendo das condições higrotérmicas deste meio.

19 De acordo com Ruas (1999, p.9) o equilíbrio térmico é essencial para a vida humana e é obtido
quando a quantidade de calor produzida no corpo é igual a quantidade de calor cedida para o ambiente
através da pele e da respiração.
140
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 73: Processos físicos de ganho e perda de calor do homem com o meio.
Fonte: Guyton (1977) adaptado por Romero (2010, p.23).

Ainda de acordo com Romero (2010, p. 23) os processos de ganho de calor


deve-se essencialmente ao metabolismo e a atividade basal e os processos de perda
de calor essencialmente a evaporação.
Em busca do equilíbrio térmico o ser humano faz uso de diversos mecanismos
artificiais e naturais para manter-se termicamente estável dentro da faixa ótima para
a manutenção da vida. Dentre os mecanismos inatos do próprio corpo humano está a
termorregulação.
Neste sentido Frota e Shiffer (2003, p. 19-20) destacam que a manutenção da
temperatura interna do organismo humano relativamente constante, em ambientes
cujas condições termo-higrométricas são as mais variadas e variáveis, se faz por

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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intermédio de seu aparelho termorregulador, que comanda a redução dos ganhos ou


o aumento das perdas de calor através de alguns mecanismos de controle.
De acordo com Ruas (1999, p.7):

O principal objetivo da termorregulação e impedir grandes variações na


temperatura interna do corpo de maneira que os sistemas vitais possam
operar adequadamente. Essa tarefa é coordenada pelo hipotálamo, que é a
parte do cérebro responsável por várias funções automáticas como: balanço
de água, atividades vasomotoras e humorais. O hipotálamo recebe impulsos,
originados em células termossensíveis existentes na pele, nos músculos e
em outras partes do organismo, e manda através dos nervos comandos que
acionam mecanismos de compensação, como a vasoconstrição e
vasodilatação cutâneas e a sudação, que interferem nas trocas térmicas do
corpo com o ambiente de forma a manter a temperatura interna.

Dois mecanismos cutâneos (vasodilatação e vasoconstrição) atuando em


conjunto com a sudação (eliminação do suor) são fundamentais para a manutenção
do equilíbrio térmico do homem com o meio e para manter a temperatura interna
corporal. Assim que o corpo entra em situação de estresse ao calor ou ao frio o cérebro
através do hipotálamo aciona a o mecanismo da termorregulação.
Neste sentido Ruas (1999, p. 8) destaca que:

Quando se entra num ambiente quente, os sensores na pele verificam o


diferencial de temperatura entre o corpo e o ambiente e informam ao
hipotálamo, que inicia o processo de vasodilatação para permitir que uma
maior quantidade de sangue percorra os vasos superficiais, aumentando
assim a temperatura da pele e propiciando uma maior dissipação de calor por
convecção e radiação. Adicionalmente poderia haver um aumento da
frequência cardíaca para aumentar a vazão de sangue para a pele. Quando
as ações anteriores não são suficientes para manter o equilíbrio térmico e
iniciada a produção de suor para que o corpo possa perder calor com a sua
evaporação. De forma reciproca, quando se entra num ambiente frio é
iniciada a vasoconstrição, que restringe a passagem do sangue na superfície
da pele, privilegiando a circulação no cérebro e em outros órgãos vitais, de
maneira a manter a temperatura necessária à realização das funções críticas
do organismo. Esse processo também abaixa a temperatura da pele,
diminuindo assim a troca de calor com o meio. Quando a vasoconstrição não
consegue o equilíbrio térmico o sistema termorregulador provoca o tremor
muscular que aumenta o metabolismo nos músculos e, portanto a produção
de calor interno. A atividade vasomotriz representa a resposta inicial do corpo
a uma situação desfavorável no que se refere ao seu equilíbrio térmico. No
caso de ambientes quentes, a sudação é um mecanismo fundamental para
intensificar a perda de calor para o ambiente. Nos ambientes frios o tremor
muscular é o mecanismo que aumenta a produção de calor interno.

5.3 Variáveis que interferem no conforto térmico humano

Vários são os fatores responsáveis pelas variações da sensação de conforto


térmico.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Neste sentido Fanger (1970) afirma que a sensação de conforto térmico


depende, além das condicionantes do ambiente e da vestimenta, também das
características fisiológicas próprias dos indivíduos como: idade, sexo, forma do corpo,
ciclo menstrual, diferenças étnicas, alimentação e outros.
Para sobreviver o homem teve que adaptar-se e adaptar seu modo de vida as
condições ambientais. As adaptações são de ordem biológica, ou por meio da
vestimenta e do ambiente térmico.
Dumke (2007, p. 131): destaca que:

“A adaptação biológica se evidencia nas variações da fisiologia humana


(como porte físico, cor de pele e de olhos, presença ou ausência de pelos),
caracterizada pelas etnias adaptadas às diversas condições climáticas
encontradas em regiões geográficas distintas. A adaptação por meio de
vestimenta consiste no isolamento térmico, como mencionado anteriormente,
depende da espessura, da porosidade, do número de camadas de tecido e
da existência de vazios entre elas, determinando a resistência térmica total.
A adaptação ao clima por meio do ambiente construído realizou-se por meio
da experiência acumulada ao logo do tempo, conforme as características do
clima, a cultura dos povos e os materiais e técnicas construtivas locais”.

Ruas (1999, p.3) destaca que:

“o conforto térmico depende de fatores que interferem no trabalho do sistema


termorregulador como: taxa de metabolismo, isolamento térmico da
vestimenta, temperatura radiante média, umidade relativa, temperatura e
velocidade do ar. O efeito combinado de todos esses fatores e que determina
a sensação de conforto ou desconforto térmico embora, por motivo de
classificação, os dois primeiros fatores sejam chamados de variáveis
pessoais e os quatro últimos de variáveis ambientais”.

Ainda de acordo com Ruas (1999, p.3) primeira condição para se obter conforto
térmico é que o corpo esteja em equilíbrio térmico, ou seja, a quantidade de calor
ganho (metabolismo + calor recebido do ambiente) deve ser igual a quantidade de
calor cedido para o ambiente.
Frota e Schiffer (2003) destacam que o organismo humano experimenta
sensação de conforto térmico quando não necessita recorrer a nenhum mecanismo
de termorregulação (reação ao frio – arrepios – e reação ao calor – suor) e quando o
calor produzido pelo metabolismo está compatível com a atividade desenvolvida.
O conforto térmico é uma sensação subjetiva, pois depende da pessoa. Assim
um ambiente termicamente confortável para uma pessoa, pode não ser para outra,
pois depende do tipo de vestimenta, idade, sexo, de cada ser individual.
A razão de criarem-se condições de conforto térmico está no desejo do homem
sentir-se termicamente confortável. A sensação de conforto térmico é obtida através

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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de trocas térmicas entre o ambiente e o ser vivo nele inserido. Isto depende do
indivíduo, pois cada um possui uma maneira própria de assimilar energia para sentir-
se confortável (XAVIER, 1999).
Existem algumas variáveis fundamentais que interferem diretamente no
conforto térmico humano.
Essas variáveis podem ser agrupadas, segundo Pagnossin, Lemes e Buriol
(2004) em:
a) Variáveis físicas ou ambientais- Referem-se às variáveis de maior influência nas
condições atmosféricas do ambiente. As variáveis meteorológicas que mais
interferem no conforto térmico são a temperatura do ar, velocidade do ar, umidade
do ar e temperatura média radiante.
b) Variáveis pessoais- As mesmas têm grande influência nas condições de conforto
dos indivíduos. Entre as variáveis que mais influenciam são: o tipo de atividade
desempenhada pelo indivíduo (taxa metabólica) e a vestimenta.
c) Variáveis psicológicas – Estão ligadas a percepção e preferências térmicas dos
indivíduos no momento consultados. No entanto, podem variar de indivíduo para
indivíduo, pois devem-se considerar simultaneamente outras variáveis como
idade, sexo, vestimenta e atividade desempenhada pela pessoa.
Carvalho (2006) destaca que as variáveis individuais ou fisiológicas que
influenciam na sensação de conforto térmico podem ser resumidas em:
a) Hábitos alimentares - afetam o metabolismo e justificam as diferenças de dieta entre
diferentes áreas geográficas;
b) A idade – quanto mais idosa for uma pessoa maior a preferência por ambientes
mais aquecidos;
c) O sexo – as mulheres apresentam um metabolismo inferior ao dos homens, ou seja,
produz menos calor, o que conduz a preferências, em termos médios, por ambientes
um pouco mais aquecidos;
d) A forma do corpo – a relação entre volume e superfície influencia na preferência
térmica;
e) A gordura do corpo – funciona como um isolante térmico;
f) O estado de saúde – uma pessoa doente pode ter os seus limites de conforto muito
estreitos;
g) O vestuário – responsável pela alteração das trocas térmicas;

144
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h) Aclimatização dos indivíduos – o tempo de permanência do ser humano num


determinado contexto climático tende a que este produza hábitos e alterações
metabólicas (quantidade de sangue e de suor) enquanto respostas de adaptação
térmica.
Para Monteiro (1991), que trata indiscriminadamente fatores e elementos
climáticos, as manifestações climáticas a serem consideradas para o conforto
ambiental urbana e consequente conforto humano, são a radiação solar, temperatura
do ar, umidade, ventos e precipitações.
Viana (2013, p.26) aponta que o conforto térmico é entendido como um efeito
paralelo perceptivo dos seres humanos, que está inteiramente ligado ao fenômeno da
ilha de calor, alterações na precipitação e ventilação.
Assim nesta pesquisa, foram analisadas variáveis físicas ou ambientais da
zona urbana de Chapecó, dentre elas as variáveis meteorológicas: temperatura,
umidade relativa e pressão atmosférica, para através da aplicação de índices
bioclimáticos definir para situações sinóticas e horários específicos as sensações de
conforto ou desconforto térmico que os citadinos experimentam dentro da cidade, e
também estabelecer a relação do conforto térmico com as ilhas de calor e de frescor
urbanas.

5.4 Índices bioclimáticos: o índice de temperatura efetiva de Thom (1959) e o


diagrama de conforto térmico humano do INMET

A escolha de um ou outro tipo de índice de conforto deve estar relacionada


com as condições ambientais, com as atividades desenvolvidas pelo indivíduo, pela
maior ou menor importância de um ou de outro aspecto do conforto. (FROTA e
SCHIFFER, 2003).
De acordo com Souza; Nery (2012, p.73) diante da grande quantidade de
variáveis, tanto ambientais quanto individuais, a serem consideradas na sensação
térmica foram criados diversos índices para determinar as faixas de conforto térmico.
Levando em consideração os aparelhos de medição das variáveis climáticas
(temperatura, umidade relativa e pressão atmosférica) e os objetivos da pesquisa foi
utilizado neste trabalho o índice bioclimático da temperatura efetiva (TE) de Thom
(1959), e o gráfico de conforto humano do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia)
para deterrminar as sensações de conforto térmico experimentadas pelos cidadãos
urbanos de Chapecó em condições sinóticas e horários pré-estabelecidos.
145
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Sobre o índice de temperatura efetiva (TE) de Thom (1959) também conhecido


como ID (Índice de Desconforto), destaca-se que ele é o mais adequado e o mais
simples de ser aplicado e também segundo Gomes e Amorim (2003), é
frequentemente utilizado nas pesquisas brasileiras.
Nele é considerado como faixa de conforto os valores de TE entre 18,9 e
25,6ºC, sendo o valor de TE abaixo de 18,9ºC como stress ao frio, e acima de 25,6ºC
stress ao calor.
Para determinar o índice de temperatura efetiva (TE) utilizou-se a equação
abaixo:
TE = 0,4 * (Td + Tw) + 4,8 Eq. 4

Onde Td: temperatura do termômetro de bulbo seco;


e Tw: temperatura do termômetro de bulbo úmido.

Para determinar as sensações térmicas resultantes da temperatura efetiva


(TE), foram utilizados o ID de Thom (1959) e a tabela de classificação do Índice de
Desconforto (ID) desenvolvida Garcia (1995).
Garcia (1995) elaborou uma tabela onde contem a temperatura efetiva e suas
respectivas sensações térmicas, de conforto, bem como a resposta física dos
indivíduos (vide tabela 7).

Tabela 7: Temperatura efetiva e sensações térmicas

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De acordo com Souza e Nery (2012, p.74) na tabela de classificação de Garcia


(1995) o ID (Índice de Desconforto) próximo a 25,0°C é considerado como a faixa de
conforto ideal para o ser humano. Acima deste valor a situação tende-se a apresentar
desconfortável devido ao calor, além de levar os indivíduos a desenvolver problemas
de regulação vascular. Entretanto, abaixo deste valor tende a predominar o
desconforto por frio, bem como provocar respostas físicas do tipo vasoconstrição nas
mãos e nos pés, entre outros.
Ainda para Souza e Nery (op.cit, p.75) a classificação do Índice de Desconforto
por García (1995) mostra intervalos de conforto térmico mais condizente com a
realidade brasileira. Esta afirmação dos autores justifica o uso desta classificação do
Índice de Desconforto neste trabalho.
Já em relação ao diagrama do conforto humano destaca-se conforme Souza e
Nery (op.cit, p.77) que em 1987 a OMM (Organização Meteorológica Mundial) o
desenvolveu e por apresentar valores de temperatura e umidade relativa próxima às
preferências térmicas das populações aclimatadas em áreas tropicais, o diagrama de
conforto humano tem sido usado em trabalhos científicos de diferentes regiões do
Brasil.
O diagrama do conforto humano possui um eixo X com os valores de umidade
relativa do ar (%) e um eixo Y com os valores de temperatura do ar (ºC). No interior
do diagrama estão os campos com as sensações de conforto humano: muito seco,
muito úmido, muito quente, muito frio, necessita de vento para conforto, confortável e
necessita de sol para conforto, conforme a figura 74.
De acordo com Souza e Nery (op.cit, p. 77):

o diagrama considera como termicamente confortável para o ser humano os


teores de umidade variando entre 30,0% e 80,0%, dentro da faixa de 8,0°C e
33,0°C, sendo que entre 8,0°C e 20,0°C é necessário ambiente ensolarado e
para temperaturas variando de 26,0°C a 33,0°C faz-se necessário ambiente
ventilado para obter uma sensação termicamente agradável. O mesmo
apresenta situações de muito frio a muito quente, bem como situações de
muito seco a muito úmido, o que tende a acarretar diferentes configurações
de desconforto térmico para a população.

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Figura 74: Diagrama do conforto térmico humano.


Fonte: INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).

Destaca-se também que muitos trabalhos utilizaram o referido diagrama como


por exemplo Costa et al (2009 e 2010) que utilizou-o no estudo do conforto térmico do
parque Itaimbé na cidade de Santa Maria/RS em dois episódios de tempo distintos:
sendo um de domínio da massa polar modificada na primavera e outro da massa polar
atlântica no inverno.

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CAPÍTULO 6-DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA


6.1 Urbanização e qualidade ambiental

A urbanização interfere diretamente na qualidade ambiental, dada às


alterações que provoca no ar, solo, água e nos organismos.
Neste sentido Sukopp e Werner (1991 apud NUCCI, 2008, p. 12) listam as
características ecológicas da cidade:
1. A produção e o consumo de energia secundária são altos.
2. Grande importação e exportação de materiais, enorme quantidade de dejetos.
3. Elevação em vários metros da superfície do solo (verticalização).
4. Forte contaminação do ar, do solo e da água.
5. Diminuição das águas subterrâneas.
6. Destruição do solo.
7. Desenvolvimento de um clima tipicamente urbano, com maiores temperaturas e
baixa umidade relativa (ilha de calor).
8. Espaço heterogêneo e em mosaico.
9. Desequilíbrio em favor dos organismos consumidores, baixa produtividade primária
e débil atividade dos organismos detritívoros.
10. Mudanças fundamentais nas populações vegetais e animais.

Estas características da ecologia das cidades concorrem diretamente para a


redução da qualidade ambiental, que será maior ou menor em função do tamanho,
tipologia e funcionalidade do tecido urbano.
Verifica-se que o atual modelo urbano encontra-se insustentável do ponto de
vista dos recursos energéticos e ambientais que necessita para manter seu status
quo. Neste sentido Assis (2008, p.20) destaca que o paradigma de cidade produzido
pelo Movimento Moderno parece não ser mais sustentável. De fato, a cidade moderna,
em razão de seu modo de organização e concentração de atividades, produz
mudanças muito significativas sobre seus estratos naturais de suporte, tais como o
subsolo, solo e atmosfera.
Segundo Monteiro (1987) "(...) as pressões exercidas pela concentração da
população e de atividades geradas pela urbanização e industrialização, concorrem
para acentuar as modificações do meio ambiente, com o comprometimento da
qualidade de vida".
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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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De acordo com Nucci (1999) com a urbanização tem-se um aumento da


impermeabilização ocasionada pela inescrupulosa ocupação do solo por concreto. Os
corpos d'água e os espaços livres vegetados não encontram lugar na luta pelo espaço.
A verticalização faz com que a superfície de concreto, com alta capacidade térmica,
aumente. Todo este procedimento leva a uma diminuição da evaporação, a um
aumento da rugosidade e da capacidade térmica da área.

A ocupação do espaço aéreo, devido à verticalização da cidade, de forma


desorganizada, também gera problemas relacionados com a qualidade
ambiental. "(...) a verticalização aumenta a superfície de absorção do calor
(...) também aumenta a superfície impermeabilizada fazendo com que a água
escoe mais rapidamente diminuindo a umidade do ar, a evaporação, a
transpiração, o que faz sobrar energia para o aquecimento (...) com a
verticalização o tráfego aumenta e com isso a poluição também aumenta. O
aumento de gases e poeiras na atmosfera provoca o efeito estufa (...) com a
verticalização surge o sombreamento (...) isso causa contrastes térmicos
entre a parte sombreada e a ensolarada (...) ". (DOUGLAS, 1983)

Ainda de acordo com Douglas (1983) com a verticalização, ocorre também um


aumento da densidade populacional que leva a uma queda da qualidade ambiental.
Grupos de pessoas confinadas em pequenos espaços passam por desconforto, riscos
de doenças, problemas de alimentação e suprimento de água e dificuldade para
arrumar espaço para depósito de seus resíduos.
Para Nucci (1999) as curvas de qualidade ambiental e adensamento
populacional, mais precisamente a verticalização, são inversamente proporcionais, ou
seja, quanto mais se verticaliza, mais a qualidade do ambiente diminui.
Assim no planejamento ambiental deve-se atentar para diminuir o adensamento
urbano (verticalização), evitar a ocupação de fundo de vales, criar um programa de
arborização e controlar a disposição de resíduos sólidos, entre outros, com vistas à
melhoria da qualidade ambiental.
Em relação à análise e caracterização da qualidade ambiental de um dado
espaço urbano, nota-se em vários trabalhos que ela tem que ser multidisciplinar e
envolver uma gama variada de atributos (ambientais, sociais, econômicos, entre
outros).
A qualidade ambiental envolve muitas questões, como a complexidade dos
elementos culturais, sociais, econômicos, políticos, ambientais e, às vezes, implica
em choques conceituais e nos métodos de análises, associando muitas áreas do
conhecimento (LIMA, 2013, p. 48). .
150
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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6.2 Conceituando qualidade ambiental

Em relação à parte conceitual da qualidade ambiental Lima (2013, p. 48)


destaca que:
Considerando que “qualidade” significa “propriedade, atributo ou condição
das coisas ou das pessoas”, pode-se dizer que a qualidade ambiental se
refere ao padrão a ser estabelecido e/ou alcançado de satisfação ambiental.
Considerada então, como um fator que pode indicar o grau de
comprometimento ambiental, referindo-se à associação dos fatores
ecológicos e socioeconômicos.

Para Perloff (1973, p. 10-11) compreender o conceito de qualidade ambiental


urbana, é compreender o meio ambiente urbano enquanto sistema aberto.
Neste sentido a cidade é um sistema singular, complexo e interativo, onde a
sociedade e a natureza interagem na produção de “derivações ambientais” que podem
melhorar ou piorar a qualidade do ambiente.
Diante das alterações ambientais promovidas pela urbanização, urge a
necessidade de adoção de políticas públicas de planejamento ambiental que
garantam a sustentabilidade e minimizem os impactos adversos do mau uso do solo
urbano.
De acordo com Lima (2013, p. 33) a análise da qualidade ambiental surge da
necessidade de melhorar as condições ambientais e de vida nas paisagens urbanas
que, na maioria, tem uma relação direta com um adequado planejamento e,
indiretamente, com questões sociais, econômicas e culturais.
Lima e Amorim (2006, p.143) destacam que:
Os problemas relacionados ao meio ambiente têm sido observados com mais
intensidade nas cidades, portanto, os estudos relacionados com a qualidade
do ambiente urbano podem contribuir para melhorar o planejamento a partir
da geração de políticas capazes de tornar o uso e a ocupação do solo nas
cidades menos impactantes ao meio ambiente, e melhorar a qualidade de
vida da população, que necessita de um ambiente ecologicamente
equilibrado.

Para Morato (2008, p. 40), a qualidade do ambiente urbano vem se tornando


num dos aspectos mais importantes para a determinação da qualidade de vida da
população. Sob o ponto de vista social, o aumento da conscientização de que
problemas ambientais podem afetar a saúde da população, associado ao crescimento
da urbanização, cria a necessidade de avaliação da qualidade ambiental das áreas
urbanas.

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6.3 Proposta metodológica de avaliação e mapeamento da qualidade ambiental


urbana: apresentação da proposta de Nucci (1996)

Em relação à avaliação da qualidade ambiental verifica-se que não existe uma


metodologia especifica a ser utilizada, mas sim adaptações a cada realidade urbana,
conforme destaca Nucci (1999).
Para Monteiro (1987) executar um trabalho de espacialização da qualidade
ambiental constitui um verdadeiro desafio, visto que não existe uma receita técnica
calcada numa concepção teórico-metodológica pronta.
De acordo com Nucci (1998, p.213) dentro da metodologia do Planejamento da
Paisagem20 a principal ferramenta é a espacialização dos atributos ambientais para
posterior análise sistêmica. A preocupação é, portanto, aglutinar o máximo de dados
cartografáveis da área em estudo para posterior cruzamento e elaboração de um
diagnóstico ambiental especializado.
De uma forma geral, os indicadores ambientais são parâmetros que podem ter
a capacidade de descrever um estado ou situação dos fenômenos que ocorrem no
ambiente (LIMA, 2013, p.74).
Em relação a proposta de Nucci (1996) destaca-se que o mesmo propôs o
estudo da qualidade ambiental do distrito de Santa Cecilia município de São Paulo,
através do mapeamento de atributos negativos que venham a comprometer a
qualidade do ambiente urbano, como: uso do solo, poluição, espaços livres,
verticalidade das edificações, pontos de enchentes, densidade populacional e
cobertura vegetal.
De acordo com Lima (2011, p. 115) a metodologia de Nucci possui como
principal ferramenta a representação de atributos ambientais negativos para sua
posterior analise integrada, com base no cruzamento destes para chegar a uma
síntese, ou seja, a carta de qualidade ambiental.
Estas cartas quando sobrepostas através do emprego de ferramentas de
geoprocessamento que visam o cruzamento de mapas (ex: LEGAL do Spring,
Intersect do Arcgis, etc) permitem a geração do mapa síntese com as informações
espacializadas da qualidade ambiental da área estudada.

20Pode ser entendido como uma contribuição ecológica e de design para o planejamento do espaço,
onde se procura uma regulamentação dos usos do solo e dos recursos ambientais, salvaguardando a
capacidade dos ecossistemas e o potencial recreativo da paisagem, retirando-se o máximo proveito do
que a vegetação pode fornecer para a melhoria da qualidade ambiental (NUCCI, 1998, p. 210).
152
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6.4 Atributos negativos e perda da qualidade ambiental

Os atributos ambientais negativos são aquelas que de um forma ou outra


venham concorrer para tornar o ambiente menos saudável propiciando a perda da
qualidade ambiental do homem urbano e favorecendo a ocorrência de fenômenos
climáticos como as ilhas de calor.
São atributos negativos que interferem na qualidade ambiental urbana a saber:
uso do solo, poluição, densidade populacional, desertos florísticos, déficit de espaços
livres, pontos de enchentes (alagamentos) e verticalização.
O uso do solo segundo Minaki; Amorim (2012, p.233) é fundamental para
compreender a organização espacial da cidade, contribuindo para as ações do
planejamento urbano na identificação de problemas.
Neste sentido Nucci (1998, p. 64) destaca que a utilização do território da
cidade está diretamente relacionada com a qualidade do ambiente urbano. Sendo
assim, uma carta de uso do solo torna-se um importante instrumento para se fazerem
inferências. Sabendo-se, por exemplo, que uma mecânica pode ser considerada uma
fonte de poluição, basta localizar todas as mecânicas do distrito para se mapear as
áreas potencialmente poluídas por esse tipo de uso, sem precisar fazer o
levantamento direto da poluição.
Para Nucci (1998, p. 215):
“o levantamento de como a cidade utiliza seu solo e de suma importância,
pois está intimamente relacionado com as características físicas que a cidade
apresenta. Vários autores relacionam a qualidade do ambiente com o tipo de
utilização do solo, constatando-se que fatores ambientais (ar, agua, solo e
biosfera de uma cidade são principalmente resultado da estrutura e uso
dessas áreas”.

Nucci (1996, p.17) destaca ainda que:

“A utilização da carta de uso do solo pode ser uma importante, as vezes única,
ferramenta para o estudo da área e delimitação de unidades de paisagem.
Através dela pode-se fazer inferências, já que uma boa parte da qualidade
ambiental está relacionada com o tipo de utilização do solo; como exemplo,
pode-se citar estudos sobre Hannover, na Alemanha, que constatam que
fatores ambientais (ar, agua, solo e biosfera) de uma cidade são
principalmente resultado da estrutura e uso dessas áreas”.

O atributo negativo poluição que pode ser tanto sonora ou do ar contribuem


diretamente para reduzir a qualidade de vida das cidades.

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Neste sentido não há dúvida de que as principais fontes poluidoras nas cidades
são os automóveis. "A poluição por automóveis e congestionamentos são os maiores
fatores que fazem as cidades de hoje um desagradável lugar para se viver."
(MARCUS; DETWYLER, 1972).
O aumento de carros em circulação, além de piorar o transito, faz com que a
quantidade de poluentes na atmosfera também aumente, além do aumento do
estresse, aumento no número de atropelamentos, entre outros. (NUCCI, 2008, p.75).
Em relação as fonte poluidoras Nucci (2008, p.76) destaca que:

Não é preciso muito esforço para comprovar que as serralherias, mecânicas,


funilarias e postos de gasolina são usos altamente poluidores. Mecânicas,
funilarias e postos de gasolina trabalham diretamente com automóveis,
motos, ônibus e caminhões e, portanto, o afluxo de veículos para esses locais
e muito alto; consequentemente essas áreas sofrem com a poluição
atmosférica e sonora proveniente desses veículos. Além disso, o próprio
funcionamento desses estabelecimentos gera poluição, que não fica restrita
ao interior dos estabelecimentos, mesmo porque muitas oficinas e postos de
gasolina utilizam a calçada como área para seus serviços. As serralherias
apresentam como principal incomodo a geração de ruídos, mas também
ocorre um aumento do movimento de veículos e a utilização das calçadas
para os serviços.

A densidade populacional é um outro atributo negativo que pode alterar ou


diminuir a qualidade ambiental de um determinado local.
Neste sentido Nucci (2008, p. 90) destaca que:

A alta densidade populacional está diretamente relacionada com desconforto,


riscos de doenças, deficiência no abastecimento em geral, problemas na
eliminação e deposição de lixo, mal-estar, ruídos, poluição, falta de
privacidade, competição, congestionamento nas ruas, escassez de espaços
livres para o lazer, falta de participação popular, em resumo, deterioração da
qualidade da vida urbana.

Lima (2011, p.119) afirma que:

A densidade demográfica e um aspecto que interfere na qualidade ambiental


das cidades. Muitas vezes, a alta densidade está relacionada com as
condições econômicas da população, falta ou inadequado planejamento e
infraestrutura urbana. A concentração de habitantes numa determinada área
pode influir na pressão exercida sobre ambiente, considerando seus aspectos
físicos, e podem estar relacionadas, também, com áreas de ocupação
irregular e ilegal da cidade.

Nucci (2008, p.43) destaca que com a verticalização das edificações ocorre
também um aumento da densidade populacional que leva a uma queda da qualidade
ambiental.

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Ainda de acordo com Nucci (2008, p. 46):


“Os impactos no ambiente gerados pela verticalização vão de aspectos
facilmente identificados, como impermeabilização total do solo, aumento da
densidade demográfica, diminuição do espaço livre, diminuição da insolação,
aumento do volume construído, até as consequências mais complicadas de
serem estudadas, como a alteração na dinâmica dos ventos e criação de
microclimas alterando o conforto térmico da população. Como consequência
desses primeiros impactos aparecem: uma sobrecarga da rede viária, de
esgoto, de água, de eletricidade, coleta e deposição de lixo, etc. Ocorre
também um aumento do runnoff das águas de esgotamento e pluviais. Nos
espaços livres remanescentes e comum a aglomeração de usuários.
Formam-se pequenas ilhas de calor que se unindo podem se constituir em
uma grande ilha, alterando assim o mesoclima urbano e ocasionando
desconforto térmico”.

Nucci (2008, 46) elaborou um fluxograma (figura 75) com as consequências do


adensamento populacional e da verticalização.

Figura 75: Fluxograma das consequências do adensamento populacional e da verticalização.

Em relação ao atributo negativo dos desertos florísticos destaca-se que a


vegetação no espaço urbano assume importância para o ambiente e para a qualidade

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de vida da população através do conforto térmico e aumento das áreas permeáveis,


entre outros fatores (LIMA, 2011, p.121).
Para Minaki; Amorim (2012, p.243) a presença da vegetação, além de contribuir
para a melhoria da paisagem, pode amenizar o clima urbano, favorecendo a qualidade
ambiental urbana. Além disto a vegetação cumpre funções estética, visual, ecológica
e de lazer muito importantes para a vida social da cidade.
De acordo com Nucci (2008, p. 106):
“além de todos os benefícios que a vegetação pode trazer ao ser humano,
conclui-se que em lugares sem ou com baixa quantidade de vegetação
(abaixo de 5%) a qualidade ambiental e bem inferior a desejável. Todavia,
não se pode afirmar que em lugares com mais de 5% com cobertura vegetal
a qualidade ambiental e aceitável. Nesse caso devem-se considerar
conjuntamente todas as outras variáveis”.

Oke (1973 citado por Lombardo, 1985), considera um índice de cobertura


vegetal na faixa de 30% como sendo o recomendável para proporcionar um adequado
balanço térmico em áreas urbanas, sendo que áreas com um índice de arborização
inferior a 5% determinam características semelhantes às de um deserto.
Em relação aos espaços livres públicos, destaca-se que são considerados
espaços livres os espaços urbanos ao ar livre destinados a usos como caminhadas,
descanso, passeio, pratica de esportes, recreação e entretenimento e horas de ócio,
podendo ser privados ou públicos, mas potencialmente coletivos (CAVALHEIRO et
al., 1999).
Para Tucci (1997 p. 215-216) o sistema de espaços livres “e o conjunto de
espaços urbanos ao ar livre, destinados a todo tipo de utilização relacionada a
pedestres, descanso, passeio, pratica de esporte” etc.
A presença dessas áreas, além de contribuir para a melhoria da paisagem,
pode amenizar o clima urbano, favorecendo a qualidade ambiental urbana (MINAKI;
AMORIM, 2012, p. 242).
Em relação ao atributo negativo “enchentes” ou áreas susceptíveis aos
alagamentos destaca-se que:
As causas das enchentes estão relacionadas com a impermeabilização, que
causa uma diminuição da infiltração da agua no solo e um aumento do
escoamento superficial (runnoff). Isso, associado a canalização de córregos,
faz com que a agua da chuva que cai na cidade flua com maior rapidez para
os corpos principais de agua, que não conseguem dar vazão ao grande
volume. A capacidade de vazão do rio e também diminuída pelo
assoreamento ocasionado pelo constante remanejamento de terras devido
ao crescimento desenfreado da cidade (NUCCI, 2008, p.17).

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O adensamento urbano altera o ciclo hidrológico em razão de fatores como a


modificação da superfície, a canalização do escoamento, o aumento da poluição por
causa do ar contaminado, das superfícies urbanas e do material solido utilizado pela
população (TUCCI, 2003, p. 36).
Minaki; Amorim (2012, p. 238) destacam que:

O ciclo hidrológico, um subsistema do sistema urbano, e mais um integrante


que passa a atuar em desequilíbrio. Como exemplo, o aumento da vazão
torna-se comum graças ao escoamento canalizado e a diminuição da
evapotranspiração. Esse indicador, quando não abordado pelo planejamento
urbano, pode se tornar muito dispendioso não só em termos financeiros. Nas
cidades em que não há planejamento da drenagem urbana, tornam-se
comuns problemas como a inundação. Isso se agrava pelo fato de que a
população de classe social baixa e quem mais sofre as consequências do
mau ordenamento do solo urbano.

As enchentes ou alagamentos urbanos causam transtornos dos mais variados,


reduzindo com isto a qualidade de vida e ambiental das áreas onde ocorrem.

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CAPÍTULO 7- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO TROPICAL MARÍTIMO

Esta análise corresponde a dois episódios (31 de janeiro e 06 de fevereiro de


2014) associados ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo caracterizado por
Sartori (2003, p. 33):
“como um estado atmosférico semelhante ao Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização, mas relacionado ao domínio na região da Massa Tropical
Atlântica, que origina tempo bom, com fluxos de vento predominantemente
de nordeste (NE) e leste (E) leves, temperaturas elevadas (entre 19ºC e
35ºC), céu limpo e formação de orvalho. Em geral, tem duração efêmera, isto
é, no máximo dois dias, em virtude de anteceder a chegada da FPA (Frente
Polar Atlântica), substituindo a Massa Polar Aquecida na fase pré-frontal,
quando se dá a fusão do Anticiclone Polar com o Anticiclone Tropical
Atlântico”.

7.1 Análise do episódio do dia 31 de janeiro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Tropical Marítimo

7.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 31 de janeiro de 2014

Ao se analisar a carta sinótica (figura 76A) e a imagem de satélite (76B) do dia


31 de janeiro de 2014, nota-se a atuação, sobre grande parte da Região Sul do Brasil,
do anticiclone tropical atlântico ou da alta subtropical do Atlântico Sul (ASAS) com
centro de pressão de 1020 hPa sobre o Oceano Atlântico. As condições de tempo em
Chapecó encontraram-se sob domínio da massa tropical atlântica, que garantiu tempo
estável, sol entre poucas nuvens, redução da umidade relativa do ar e elevação da
temperatura.
As condições de tempo verificadas em Chapecó, de acordo com os registros
da Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 31,7ºC;
b) Temperatura mínima: 21,9ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade de (1,0 m/s);
d) Nebulosidade: pela manhã (4 décimos), tarde (4 décimos) e noite (3
décimos);
e) Umidade relativa variando entre: 72 e 82%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 938,8 e 940,6 hPa;

158
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 76: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES13 T-Realce (B) do dia 31 de janeiro
de 2014.
Fonte: Cptec/INPE (2014).

7.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 06 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 06 horas no episódio associado


ao Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo (figura 78 A), nota-se que as áreas mais
aquecidas da zona urbana corresponderam aos bairros situados no oeste da cidade
(bairro Engenho Brawn, Efapi e Alvorada), caracterizados pela presença de áreas
abertas a insolação direta e onde se localizam as principais agroindústrias.
A maior temperatura da zona urbana (25,5ºC) foi registrada no bairro Engenho
Brawn e a menor (22ºC) nos bairros situados no leste e no sul em função da presença
de altitudes mais elevadas nestas áreas.
O bairro Centro (verticalizado e horizontalizado) encontra-se sombreado neste
horário em função da presença de prédios com mais de 6 pavimentos, conforme a
figura 77. As áreas centrais da cidade se encontram sob efeito sombra conforme
destaca Viana (2006, p. 72).
Isto resulta da inclinação dos raios solares que incidem sobre as áreas
densamente construídas (prédios e cânions urbanos) no início da manhã originando
159
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

o “efeito sombra”. Os prédios e a presença de cânions urbanos dificultam a penetração


dos raios solares, resultando em temperaturas mais baixas no centro em comparação
com o entorno rural.
Por outro lado, conforme Amorim (2013, p.186) em lugares com edificações
esparsas ou no ambiente rural, a transformação da energia solar de ondas curtas para
ondas longas dá-se de maneira mais rápida, originando ambientes mais quentes.
Ainda de acordo com Amorim (2013, p.182) as zonas rurais aquecem
rapidamente depois do amanhecer, apresentando temperaturas mais altas do que nas
zonas urbanas. O centro da cidade apresenta-se mais quente novamente, um pouco
antes do meio da tarde.

Figura 77: Vista parcial do bairro Centro (verticalizado) de Chapecó/SC, sentido norte-sul.

De acordo com o índice de desconforto de Thom (1959), a zona urbana de


Chapecó registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE entre 20 e 24ºC)
no horário das 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas ficaram entre 20,8 e 22,5ºC, produzindo sensação térmica ligeiramente fresco
160
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

e conforto ligeiramente cômodo, sendo que a resposta fisiológica das pessoas


corresponde ao aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar no horário das 06 horas.

7.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 15 horas (figura 78 B), nota-se que


o bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) apresentou-se mais aquecido do que
os bairros situados no sul, leste e oeste da zona urbana.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó foi de 37ºC, registrada no
bairro Centro (horizontalizado e verticalizado).
O bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) configurou uma ilha de calor
atmosférica de média magnitude (4ºC), em função da maior presença de superfícies
pavimentadas e “cânions urbanos”, que absorvem e retém mais energia provocando
o aquecimento do ar e dando origem ao fenômeno das ilhas de calor.
A configuração espacial da ilha de calor em Chapecó neste episódio de tempo
e horário se relacionou com a área do “Central Business District”, onde as atividades
humanas se tornam a grosso modo mais intensas favorecendo o fluxo de calor
antropogênico para a atmosfera, fazendo intensificar a ilha de calor urbana.
Outro fator que favorece a entrada de radiação e o aquecimento do ar no bairro
Centro (horizontalizado e verticalizado) é a presença de áreas planas e vertentes com
orientação norte, noroeste, nordeste e oeste, as mais iluminadas neste horário (15
horas).
As áreas verdes reduzidas e a impermeabilização do solo nas áreas urbanas
também contribuem para a intensificação da ilha de calor, porque há
diminuição no processo de evapotranspiração, e não havendo, assim, o
resfriamento por evaporação na cidade pela redução da quantidade de
corpos úmidos (vegetação e superfícies de água) (PINHO E ORGAZ, 2000).

A menor temperatura registrada na zona urbana de Chapecó às 15 horas foi de


33ºC, nos bairros situados nas áreas de maior altitude e com a presença de campos,
matas, lavouras, onde o processo de evapotranspiração (solo-planta) aumenta o teor
de umidade do ar e reduz a temperatura.

161
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com o índice de desconforto de Thom (1959), a zona urbana de


Chapecó registrou sensação de stress ao calor (TE acima de 25,6ºC) no horário das
15 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas foram superiores a 30ºC, provocando desconforto devido ao calor, além de levar
os indivíduos a desenvolver problemas de regulação vascular.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó produziu desconforto devido ao calor, sendo que para haver conforto térmico
era necessário vento.
Assim neste horário a presença da ilha de calor levou a população da cidade a
experimentar desconforto térmico devido ao calor, fazendo com que os mecanismos
de termorregulação corporal (transpiração e vasodilatação) fossem acionados visando
o equilíbrio térmico.

7.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 31 de janeiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 21 horas (figura 78 C), nota-se que


o bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e arredores apresentou-se mais
aquecido do que os bairros situados na periferia da cidade.
A região central da cidade por sua superfície pavimentada apresenta albedo
reduzido comparado às áreas verdes, absorvendo mais radiação solar e armazenando
calor (ondas longas) durante o dia, o qual é lentamente perdido para a atmosfera
durante a noite, mantendo-o mais aquecido por mais tempo do que as zonas
suburbanas e rurais.
O bairro centro e arredores configurou uma ilha de calor de média magnitude
(4ºC), em função da presença de prédios, áreas comerciais, residenciais, pouca
presença de áreas verdes e maior fluxo de pessoas e veículos (calor antropogênico).
Neste sentido de acordo com Amorim (2013, p. 186):
no período noturno e na cidade, a atmosfera próxima a superfície é mais
quente do que nas áreas circundantes, devido à capacidade dos materiais
urbanos em armazenar o calor e também devido a menor presença de áreas
verdes, reduzindo a evapotranspiração e as perdas de calor por evaporação.

162
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A maior temperatura da zona urbana (28ºC) neste horário foi registrada no


bairro Centro (verticalizado e horizontalizado), caracterizado pela presença de
edifícios acima de 6 pavimentos e “cânions urbanos”.
Os cânions urbanos presentes no bairro Centro reduzem a porção de céu
visível diminuindo a perda de calor durante a noite, favorecendo melhor a definição da
ilha de calor noturna. Esse efeito está diretamente associado à redução do fator de
visão do céu (sky view fator), conforme Nunez e Oke (1977).
As menores temperaturas neste horário foram registradas nos extremos (norte-
sul, leste-oeste) da zona urbana de Chapecó, em áreas caracterizadas pela presença
de vales arborizados, lavouras, campos, matas e poucas coberturas pavimentadas,
as quais favorecem a evapotranspiração e o menor armazenamento de calor durante
a tarde e à noite.
De acordo com o Índice de Desconforto de Thom (1959), maior parte da zona
urbana de Chapecó registrou sensação de conforto térmico (TE entre 20 e 24ºC) no
horário das 21 horas. Apenas no bairro Centro e arredores onde se instalou a ilha de
calor noturna é que os valores de TE foram superiores à 24ºC, fazendo com que os
mesmos proporcionassem leve desconforto devido ao calor aos moradores destes
locais.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas ficaram entre 22,5 e 24,5ºC, consideradas faixas ótimas para o conforto térmico
humano.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar no horário das 21 horas.
Notou-se neste horário que em função da presença da ilha de calor noturna,
houve leve desconforto térmico no bairro Centro e arredores, de acordo com o ID
(Índice de Desconforto) de Thom (1959).
Assim a presença da ilha de calor na zona urbana de Chapecó tanto no horário
das 15 quanto das 21 horas, contribuiu para intensificar o desconforto térmico devido
ao calor, principalmente nos locais onde ela esteve localizada.

163
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 78: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 31 de janeiro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

164
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

7.2 Análise do episódio do dia 06 de fevereiro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Tropical Marítimo

7.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 06 de fevereiro de 2014

Ao analisar a carta sinótica (figura 79A) e a imagem de satélite (79B) do dia 06


de fevereiro de 2014, nota-se a atuação sobre grande parte da Região Sul do Brasil
do anticiclone semi-fixo do atlântico ou da alta subtropical do Atlântico Sul (ASAS)
com centro de pressão de 1020 hPa sobre o Oceano Atlântico. As condições de tempo
em Chapecó encontravam-se sob domínio da massa tropical atlântica, que garantiu
tempo estável, sol entre poucas nuvens, redução da umidade relativa do ar e elevação
da temperatura.
Cabe destacar que houve uma situação de bloqueio atmosférico do dia 31 de
janeiro até o dia 10 de fevereiro de 2014, que resultou numa onda de calor que atingiu
o Sul do Brasil neste período favorecendo a elevação da temperatura e o desconforto
térmico.
As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da
Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 33,8ºC;
b) Temperatura mínima: 22,9ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade variando entre (1,0 m/s e 2,1 m/s);
d) Nebulosidade: pela manhã (0 décimos), tarde (4 décimos) e noite (0
décimos);
e) Umidade relativa variando entre: 50 e 70%;
f) Pressão atmosférica: variando entre 938,2 e 939,9 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

165
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 79: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 T_Realce (B) do dia 06 de
fevereiro de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

7.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 06 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 06 horas (figura 81 A), nota-se que


as áreas mais aquecidas corresponderam aos bairros situados no norte e leste da
zona urbana.
A maior temperatura do horário (25,5ºC) foi registrada no extremo leste da zona
urbana de Chapecó numa área de altitude mais elevada e com a presença de áreas
verdes. A menor temperatura (23ºC) foi registrada na porção sul da zona urbana.
Não se pode dizer que o urbano influenciou a temperatura do ar neste horário
pois o resfriamento verificado ao longo dos transectos correspondem ao balanço
negativo de radiação, visto que neste horário é que ocorrem as temperaturas mínimas
da cidade.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959), a zona
urbana de Chapecó registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE entre
21,5 e 22,5ºC) no horário das 06 horas.

166
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os


valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas ficaram entre 21,5 e 22,5ºC, produzindo sensação térmica ligeiramente fresco
e conforto ligeiramente cômodo, sendo que a resposta fisiológica das pessoas
correspondeu ao aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar no horário das 06 horas.

7.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 15 horas (figura 81 B), nota-se que


o bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) apresentou-se mais aquecido do que
os demais bairros da zona urbana.
O bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e arredores (bairro Jardim Itália
e bairro Santo Antônio) configuraram uma ilha de calor de média magnitude (3,5ºC).
A maior temperatura (39ºC), foi registrada no bairro Centro (horizontalizado e
verticalizado), onde de acordo com Amorim (2013, p.262), a temperatura do ar é mais
elevada e a umidade relativa é mais baixa, nos horários das 15 e 21 horas, resultado
do calor acumulado na superfície urbana, durante a manhã e início da tarde.
Neste sentido, Postigo e Souza (2007) acrescentam que “as edificações, com
suas superfícies, funcionam como um espaço de armazenamento de calor,
aumentando a temperatura do ar de seu entorno”.
Neste horário, notou-se também que houve um deslocamento do “bolsão de
calor” do centro da cidade em direção a porção sudoeste do transecto. Este
deslocamento do ar quente foi favorecido pelo vento nordeste que soprou a uma
velocidade média de 2,1 m/s e pode ter facilitado este processo (dados da estação
convencional de Chapecó pertencente ao INMET).
As menores temperaturas do horário (35,5ºC e 36ºC), foram registradas nos
bairros da periferia situados nos extremos leste, oeste, e sul da zona urbana, em áreas
onde há presença de matas, campos, lavouras, córregos, e pouca superfície
pavimentada e construída (vide figura 80).

167
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 80: Vista parcial do extremo leste da zona urbana de Chapecó.


Fonte: COSTA, E.R.da (2014).

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou desconforto térmico devido ao calor (TE entre 27 e 30ºC)
no horário das 15 horas.
A população sentiu desconforto térmico, devido ao calor provocado pela intensa
radiação, favorecida pela ausência de nebulosidade e pela a atuação de uma massa
de ar quente (massa tropical atlântica) associada a uma onda de calor.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas foram superiores a 25ºC, provocando desconforto devido ao calor, além de levar
os indivíduos a desenvolver problemas de regulação vascular.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó produziu desconforto devido ao calor, sendo que para haver conforto térmico
era necessário vento.
Assim neste horário a presença da ilha de calor levou a população da cidade a
experimentar desconforto térmico devido ao calor, fazendo com que os mecanismos

168
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

de termorregulação corporal (transpiração e vasodilatação) fossem acionados visando


o equilíbrio térmico.

7.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de fevereiro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Tropical Marítimo – horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó às 21 horas (figura 81C), nota-se que


os bairros situados à oeste do bairro Centro (horizontalizado e verticalizado)
apresentaram-se mais aquecidos do que aqueles situados nos extremos leste-oeste,
norte-sul da zona urbana.
O bairro Jardim América situado próximo ao bairro Centro registrou a maior
temperatura do horário (30ºC). Houve a configuração de uma ilha de calor de média
magnitude (4ºC) ao longo dos bairros Engenho Brawn, Alvorada, São Cristóvão,
Jardim América, Parque das Palmeiras, Jardim Itália e parte do bairro Centro
(horizontalizado e verticalizado).
A menor temperatura do horário (26ºC) foi registrada no bairro Seminário
situado no extremo sul da zona urbana de Chapecó, caracterizado pela presença de
matas, lavouras, campos, além de apresentar altitude mais elevada que o bairro
Centro.
A presença de elementos geoecológicos (vegetação), associados à altitude
mais elevada contribuiu para a geração de condições microclimas mais úmidas e mais
frescas no sul do transecto (bairro Seminário) às 21 horas.
A influência das áreas livres e verdes na redução da temperatura e na geração
de um microclima mais úmido e fresco foi observada e estudada por vários
pesquisadores.
Para Lombardo (1985), “nas regiões com maior concentração de espaços
livres, com vegetação e nas proximidades ou junto aos reservatórios d’água, as
temperaturas sofrem declínios acentuados”.
Além do sombreamento das superfícies, auxiliando no controle da radiação
solar, a vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos
microclimas. “O próprio processo de fotossíntese auxilia na umidificação do ar através
do vapor d’água que libera” (ROMERO, 1988, p.97).
No entanto a evapotranspiração ocorre independente do processo de
fotossíntese. Há momentos que a vegetação apenas respira e transpira, também.
169
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Normalmente nos locais vegetados o solo também é mais úmido, o que


favorece os processos de evaporação dessa água do solo.
A influência da vegetação na redução temperatura está destacada em
Santamouris (1996, p.46) ao afirmar que:

“os campos apresentam grandes superfícies cobertas de vegetação, que


possuem absorção solar elevada (aproximadamente 80%) e grande parte da
radiação incidente nelas é utilizada para a evapotranspiração, resultando na
redução da temperatura do ar e no aumento da umidade ao redor.
Adicionalmente, parte da radiação solar absorvida pela terra é usada na
evaporação da sua umidade, que mantém consequentemente temperaturas
moderadas”.

Segundo Neves (2011) a vegetação utiliza a radiação solar no processo de


fotossíntese, minimizando os efeitos das ilhas de calor sob diversos aspectos:
absorção de parte da radiação solar, colaborando para diminuição da temperatura e
da umidade relativa do ar, redução da poluição atmosférica e modificação da
velocidade e direção dos ventos.
Mascaró, Mascaró e Aguiar (1990, p. 59-72), destacam que: “a cobertura
vegetal, além de ser uma estratégia simples e barata para conter os efeitos da ilha de
calor, proporciona ao cidadão a oportunidade de reduzir os custos de refrigeração no
seu ambiente urbano, principalmente nas regiões úmidas”. Além disso, a vegetação
ajuda a evitar alagamentos e a filtrar o ar. Os tetos e paredes verdes têm sido
amplamente difundidos como parte desta estratégia.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) grande parte
da zona urbana de Chapecó registrou desconforto térmico pelo calor (TE entre 24 e
27ºC) no horário das 21 horas.
Apenas os bairros situados no extremo sul da zona urbana de Chapecó (bairro
Universitário e Seminário) apresentaram TE entre 23 e 24ºC, e sensação de conforto
ou neutralidade térmica, em função da presença de áreas verdes.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas ficaram entre 23 e 25,5ºC, consideradas faixas ótimas para o conforto térmico
humano.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

170
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 81: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 06 de fevereiro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

171
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 8- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO POLAR MARÍTIMO

Esta análise corresponde a três episódios (28 de abril, 29 de maio e 20 de junho


de 2014) associados ao Tempo Anticiclônico Polar Marítimo caracterizado por
Sartori (2003, p. 32):
“por estar relacionado ao domínio na região da massa polar atlântica típica
(marítima) com o centro do APA (Anticiclone Polar Atlântico)sobre o oceano,
mas próximo do continente, na latitude do Estuário do Prata e Uruguai.
Caracteriza-se por declínio da temperatura, ventos de leste (E), sul (S) e
sudeste (SE) leves a fracos, pressão atmosférica em alta, mas com valores
absolutos inferiores ao tipo anterior, umidade relativa média em torno de 70%
e céu limpo, que favorece a insolação diária e o balanço positivo de radiação,
provocando temperaturas máximas em geral acima de 20ºC, grande
amplitude térmica e, à noite, intenso balanço negativo de radiação.
Dependendo da temperatura da massa de ar e da época do ano, pode ocorrer
geada, orvalho e/ou nevoeiro. ”

8.1 Análise do episódio do dia 28 de abril de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar Marítimo

8.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 28 de abril de 2014

Analisando a carta sinótica (82A) e a imagem de satélite GOES-13 Colorida


(82B) do dia 28 de abril de 2014, nota-se a presença de um Anticiclone Polar Atlântico
com centro de pressão de 1032hPa, sobre o Oceano Atlântico na latitude do Estuário
do Prata (Buenos Aires-Argentina) e Uruguai.
Este sistema atmosférico extratropical da origem a massa de ar polar atlântica,
que exerceu influência sobre as condições de tempo em Chapecó-SC no dia 28 de
abril. As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da
Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 22,8ºC;
b) Temperatura mínima: 11ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade variando entre (1,0 e 2,1 m/s);
d) Nebulosidade: pela manhã (3), tarde (0) e noite (3 décimos);
e) Umidade relativa variando entre: 53 e 79%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 943,5 e 946,6 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

172
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 82: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 28 de abril de
2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

8.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 06 horas

Analisando o campo térmico e os perfis de temperatura dos transectos norte-


sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC (figura 83A), nota-se que o perfil
térmico do transecto norte-sul acompanha as variações da altitude do relevo.
De acordo com o mapa hipsométrico de Chapecó/SC (figura 49), as maiores
altitudes da zona urbana são verificadas nas porções leste e sul.
A maior temperatura do transecto (15,8ºC) norte-sul às 06 da manhã foi
registrada no ponto 2, situado no bairro Trevo (extremo norte). Já a menor temperatura
do transecto norte-sul foi registrada no ponto 63, situado no bairro Seminário, numa
área de altitude mais elevada (figura 83A) e com a presença de matas, campos e
lavouras.
Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste (figura 83A), nota-se que
a temperatura diminuiu do leste em direção ao oeste.
A maior temperatura (15,6ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto
27 situado no bairro Centro (verticalizado I) e a menor (14ºC) no ponto 59, situado no
bairro Efapi.

173
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Os pontos 17 ao 31 do transecto leste-oeste situado ao longo do bairro Centro


configuraram uma ilha de calor de fraca magnitude (1,5ºC).
Notou-se também que o parque Índio Conda, o Ecoparque e a represa do
Lajeado São José, atuaram como reguladores da temperatura ao nível microclimático,
fazendo com que a mesma diminui-se em relação ao bairro Centro.
O Parque Índio Conda, situado numa área de fundo de vale é caracterizado por
ser um espaço verde ou “oásis de vegetação”, que segundo Mendonça (1995)
configuram verdadeiras descontinuidades do plateau (ilha térmica), desempenhando
importante ‘efeito oásis e ‘efeito parque’ no clima urbano.
O resfriamento da temperatura do ar nos extremos sul e oeste dos transectos
tem relação direta com as perdas radiativas verificadas durante o balanço negativo de
radiação.
De acordo com Galvani; Lima (2010): as noites com cobertura de céu limpo,
com elevadas perdas radiativas, resultam em temperaturas mínimas do ar mais
reduzidas que aquelas com cobertura de céu nublado. Na noite anterior o céu estava
limpo o que intensificou as perdas radiativas fazendo com que as mínimas do dia 28
de abril fossem registadas por volta das 6 horas e 50 minutos.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou stress devido ao frio (TE entre 13,7 e 15,5ºC) no horário
das 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (entre 13,7 e 15,5ºC), produziram sensação térmica de frio e incomodo em
relação ao frio, provocando respostas físicas do tipo vasoconstrição nas mãos e nos
pés, entre outros.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável ao frio, necessitando de sol para o conforto.

174
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 15 horas

Analisando o campo térmico e os perfis de temperatura do ar dos transectos


leste-oeste e norte-sul (figura 83B), nota-se que em ambos as maiores temperaturas
foram registradas ao longo dos pontos situados no bairro Centro.
Analisando o perfil térmico do transecto norte-sul, nota-se que a maior
temperatura (28,3ºC) foi registrada no ponto 45 situado no bairro Centro
(verticalizado), em função da intensa pavimentação, fluxo de pessoas e automóveis
(calor antropogênico), prédios, residências, áreas comerciais, e pouca arborização.
Já a menor temperatura (24ºC) foi registrada no ponto 19 situado no extremo
norte do transecto, numa área com características geourbanas e geoecológicas
distintas das verificadas no bairro Centro.
Os pontos 33 ao 45 do transecto norte-sul situados ao longo do bairro Centro
(verticalizado e horizontalizado), configuraram uma ilha de calor de forte magnitude
(5,5ºC). Os pontos 51 ao 63 situados no extremo sul do transecto numa área de
altitude mais elevada e com a presença de áreas de campo, matas e lavouras,
apresentou-se 1,5ºC mais fresco do que o Centro.
Analisando o perfil térmico do transecto leste-oeste (figura 83B), nota-se que a
maior temperatura do transecto (25ºC) foi registrada no ponto 22, situado no bairro
Centro (verticalizado I). Isto tem relação com a presença de superfícies pavimentadas
e “cânions urbanos” que retém energia provocando o aquecimento do ar e gerando
bolsões de calor (ilhas de calor). Outro fator que favorece a entrada de radiação e o
aquecimento do ar no centro verticalizado I é a presença de áreas planas e vertentes
com orientação norte, noroeste, nordeste e oeste, as mais iluminadas no horário das
15 horas, conforme a figura 51.
A menor temperatura (23ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto 43
próximo ao parque Índio Conda. Destaca-se que além do parque Índio Conda, o
Ecoparque e a represa do Lajeado São José atuaram como reguladores da
temperatura ao nível microclimático. Nestes locais a radiação solar é utilizada para
evapotranspiração o que reduz a temperatura do ar.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE entre

175
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

20 e 24ºC) no horário das 15 horas. Os índices de TE indicam que todos os pontos


dos transectos estão dentro da faixa considerada neutra ou favorável ao conforto
térmico.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (entre 20 e 24ºC), produziram sensação térmica de ligeiramente fresco e
conforto ligeiramente cômodo, provocando aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista dos valores de temperatura e
umidade relativa do ar.

8.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 28 de abril de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 21 horas

Analisando o perfil térmico dos transectos norte-sul, e leste-oeste (figura 83C)


nota-se que a ilha de calor melhor se definiu nos pontos situados ao longo do bairro
Centro e adjacências.
O trabalho de campo das 21 horas comprova a literatura nacional e
internacional que diz que a ilha de calor urbana se define melhor a noite, em função
da maior capacidade da superfície urbana em armazenar e reter o calor,
principalmente em sua região central, onde a presença de prédios e “canyons
urbanos” é maior e onde a absorção de energia solar é maior durante o dia e as perdas
enérgicas são reduzidas a noite. (OKE, 1982.; MENDONÇA, 1995.; RUNNALS; OKE,
2000.; ALCOFORADO; ANDRADE, 2006, et al);
A maior temperatura do ar (18,3ºC) do transecto norte-sul foi registrada no
ponto 43, situado no bairro Centro (verticalizado) e a menor (15,3ºC) no ponto 1
situado no bairro Trevo caracterizado pela presença de campos, matas e lavouras.
A presença de canyons urbanos contribuíram para manter o bairro Centro
aquecido no período noturno.
Neste sentido, os canyons urbanos presentes no centro verticalizado reduzem
a porção de céu visível diminuindo a perda de calor durante a noite, favorecendo a
melhor definição da ilha de calor noturna. Esse efeito está diretamente associado à
redução do fator de visão do céu (sky view factor), conforme Nunez; Oke (1977).

176
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste temos um comportamento


semelhante ao observado no transecto norte-sul, ou seja, os pontos situados ao longo
do bairro Centro apresentaram-se mais aquecidos do que aqueles situados na
periferia.
A maior temperatura do transecto leste-oeste (19ºC) foi registrado no ponto 37
localizado no bairro São Cristóvão, vizinho do bairro Centro. Já a menor temperatura
(15,2ºC) foi registrada no ponto 61 situado no final do bairro Efapi, numa área aberta
e com a características rururbanas.
O parque Índio Conda por sua característica geoecológica de apresentar-se
como uma área verde, e pela evapotranspiração de sua vegetação apresentou-se
cerca de 1ºC mais fresco que o bairro Centro.
Os pontos 17 ao 39 do transecto leste-oeste, configuraram uma ilha de calor
de média magnitude (4ºC). Esta ilha de calor se estendeu quase que
predominantemente sobre os pontos situados ao longo do bairro Centro.
A região central da cidade por sua superfície pavimentada apresenta albedo
reduzido comparado às áreas verdes, absorvendo mais radiação solar e armazenando
calor (ondas longas) durante o dia, o qual é lentamente perdido para a atmosfera
durante a noite, mantendo-o mais aquecido por mais tempo do que as zonas
suburbanas e rurais.
Neste sentido Fialho (2009, p.61) destaca que:

“à noite, tanto o campo, como a cidade perdem calor por irradiação terrestre
à atmosfera, na faixa do infravermelho. Contudo, o fluxo de energia se
manterá mais tempo no labirinto do meio urbano, com sua geometria de
edificações, que dificultam a dissipação desta energia, aprisionando-a por
mais tempo dentro da cidade, que resulta em um resfriamento do ar mais
lento do que o ambiente rural ou com menor densidade de construção
urbana”.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação de estresse ao frio (TE entre 15 e 17,5ºC) no
horário das 21 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (entre 15 e 17,5ºC), produziram sensação térmica de frio e incômodo,
provocando resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável ao frio às 21 horas.
177
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Assim, verificou-se na zona urbana de Chapecó neste episódio de tempo sob


domínio da massa polar atlântica, desconforto térmico devido ao frio nos horários das
06 e 21 horas. No horário das 15 horas a presença de uma ilha de calor urbana
contribui para tornar as condições atmosféricas do ambiente externo mais confortáveis
do ponto e vista da temperatura e umidade relativa do ar.

178
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 83: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 28 de abril de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

179
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.2 Análise do episódio do dia 29 de maio de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar Marítimo

8.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 29 de maio de 2014

Analisando a carta sinótica (84A) e a imagem de satélite GOES-13 Colorida


(84B) do dia 29 de maio de 2014, nota-se a presença de um Anticiclone Polar Atlântico
com centro de pressão de 1026 hPa, sobre o Oceano Atlântico na latitude do Rio
Grande do Sul e Uruguai. Este sistema atmosférico extratropical da origem a massa
de ar polar atlântica, que exerceu influência sobre as condições de tempo em
Chapecó-SC no dia 29 de maio.
As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da
Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 17,8ºC;
b) Temperatura mínima: 8ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade de 1m/s.
d) Nebulosidade: pela manhã (3 décimos), tarde (0) e noite (0);
e) Umidade relativa variando entre: 63 e 99%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 941,9 e 944,8 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 84: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 29 de maio
de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.
180
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 06 horas da manhã

Analisando o perfil térmico do transecto norte-sul (figura 85 A) às 06 da manhã,


nota-se que os pontos situados ao longo do bairro Centro (verticalizado) encontraram-
se cerca de 1,5ºC mais aquecidos do que os pontos situados nos extremos norte e
sul. A maior temperatura do transecto (12,1ºC), foi registrada no ponto 35, situado no
bairro Centro (verticalizado) e a menor (10ºC) no ponto 65 situado no bairro Seminário.
Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste (figura 85A), nota-se que
a maior temperatura (12,5ºC) foi registrada no ponto 21 situado no bairro Centro
(verticalizado II). Já a menor temperatura (10ºC) foi registrada no ponto 59 situado no
final do bairro Efapi, numa área onde os processos de evapotranspiração tendem a
diminuir a quantidade de energia disponível para aquecer o ar.
No perfil térmico do transecto norte-sul notou-se que o fator relevo se constituiu
num controlador da temperatura, fazendo com que a mesma diminuísse, com o
aumento da altitude e vice-versa.
Já no transecto leste-oeste o resfriamento provocado pelo balanço negativo de
radiação parece exercer influência sobre as menores temperaturas registradas na
porção oeste.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação de estresse ao frio (TE entre 12,5 e 14,3ºC)
no horário das 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (entre 12,5 e 14,3ºC), produziram sensação térmica ligada ao muito frio e
produziram resposta física de estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável ao frio às 06 horas, necessitando de sol para
o conforto.

181
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 15 horas

Analisando o perfil térmico dos transectos norte-sul e leste-oeste (figura 85B)


nota-se que a temperatura dos pontos diminuem do bairro Centro em direção a
periferia.
Analisando o perfil térmico do transecto norte-sul nota-se que a maior
temperatura (26,4ºC) foi registrada no ponto 23 situado no bairro Líder, vizinho do
bairro Centro (verticalizado). Já a menor temperatura (22,3ºC) foi registrada no ponto
63 situado no bairro seminário numa área onde se verificam as maiores altitudes do
transecto e onde há a presença de campos, matas e lavouras.
Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste verificou-se que a maior
temperatura do ar (24,2ºC) foi registrada no ponto 28 situado no bairro Centro
(horizontalizado) e a menor (21,4ºC) foi registrada no ponto 76 situado no final do
bairro Efapi.
Houve a configuração de uma ilha de calor de média magnitude (3,5ºC) entre
os pontos 25 e 31 situados ao longo do bairro Centro (verticalizado II), em função da
maior presença de superfícies pavimentadas, menor presença de áreas verdes, e
maior fluxo de pessoas e automóveis (calor antropogênico).
De acordo com Amorim (2013, p.262), o centro é a parte da cidade onde a
temperatura do ar é mais elevada e a umidade relativa é mais baixa, nos horários das
15 e 21 horas, resultado do calor acumulado na superfície urbana, durante a manhã
e início da tarde.
Neste sentido, Souza e Prostigo (2007) acrescentam que “as edificações, com
suas superfícies, funcionam como um espaço de armazenamento de calor,
aumentando a temperatura do ar de seu entorno”.
O centro da cidade produziu um aquecimento de 8,5ºC a mais do que a
temperatura máxima registrada na estação meteorológica (18ºC) situada na zona rural
de Chapecó.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE entre
19 e 22,5ºC) no horário das 15 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
182
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

horas (entre 19 e 22,5ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresco e conforto


ligeiramente cômodo, gerando resposta física de aumento das perdas por calor seco.
Em relação aos índices de temperatura efetiva verificou-se que os pontos dos
transectos norte-sul e leste-oeste, apresentaram valores de TE entre 19 e 22,5ºC. Os
índices de TE indicam que todos os pontos dos transectos produziram sensação
térmica dentro da faixa considerada ótima para o conforto (entre 18,9 e 25,6).
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável às 15 horas.

8.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 29 de maio de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 21 horas

Analisando o perfil térmico dos transectos norte-sul e leste-oeste (figura 85C)


nota-se que a temperatura dos pontos diminuem do bairro Centro em direção a
periferia. Este comportamento térmico dos transectos às 21 horas é semelhante ao
observado às 15 horas.
Em relação ao transecto norte-sul verificou-se que a maior temperatura do ar
(15,3ºC) foi registrada no ponto 43 situado no bairro Centro (horizontalizado). Já a
menor temperatura (13,3ºC) foi registrada no ponto 62 situado no bairro Seminário
numa área de campos, matas e lavouras.
A presença de elementos geoecológicos (vegetação), associados à altitude
mais elevada contribuiu para a geração de condições microclimas mais úmidas e mais
frescas no sul e no leste dos transectos às 21 horas (conforme a figura 85C).
A influência das áreas livres e verdes na redução da temperatura e na geração
de um microclima mais úmido e fresco foi observada e estudada por vários
pesquisadores.
Para Lombardo (1985), “nas regiões com maior concentração de espaços
livres, com vegetação e nas proximidades ou junto aos reservatórios d’água, as
temperaturas sofrem declínios acentuados”.
Além do sombreamento das superfícies, auxiliando no controle da radiação
solar, a vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos
microclimas. “O próprio processo de fotossíntese auxilia na umidificação do ar através
do vapor d’água que libera” (ROMERO, 1988, p.97).

183
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

No entanto a evapotranspiração ocorre independente do processo de


fotossíntese. Há momentos que a vegetação apenas respira e transpira, também.
Normalmente nos locais vegetados o solo também é mais úmido, o que
favorece os processos de evaporação dessa água do solo.
Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste nota-se que a maior
temperatura do ar (16,5ºC) foi registrada no ponto 37 situado nas proximidades do
bairro Centro (verticalizado I) e a menor (13,2ºC) registrada no ponto 62 situado no
final do bairro Efapi.
Verificou-se também neste horário a configuração de ilha de calor de média
magnitude (2,5ºC) entre os pontos 15 e 41 situados ao longo do bairro Centro e
vizinhança.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 14,5 e
16,5ºC) no horário das 21 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (entre 14,5 e 16,5ºC), produziram sensação térmica de frio e conforto incômodo,
gerando resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa, necessitando de sol para o conforto.

184
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 85: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 29 de maio de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

185
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.3 Análise do episódio do dia 20 de junho de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar Marítimo

8.3.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 20 de junho de 2014

Analisando a carta sinótica (86A) e a imagem de satélite GOES-13 Colorida


(86B) do dia 20 de junho de 2014, nota-se a presença de um Anticiclone Polar
Atlântico com centro de pressão de 1028 hPa, sobre o Oceano Atlântico na latitude
do Rio Grande do Sul. Este sistema atmosférico extratropical da origem a massa de
ar polar atlântica, que exerceu influência sobre as condições de tempo em Chapecó-
SC no dia 20 de junho.
As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da
Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 18,2ºC;
b) Temperatura mínima: 4,3ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade de 1m/s.
d) Nebulosidade: pela manhã (0), tarde (3) e noite (3 décimos);
e) Umidade relativa variando entre: 63 e 88%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 945,1 e 948 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 86: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 20 de junho
de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.
186
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.3.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 06 horas da manhã

Analisando o perfil de temperatura dos transectos leste-oeste, norte-sul (figura


87A) nota-se que há um nítido resfriamento das porções sul e oeste em função do
balanço negativo de radiação que faz com que a temperatura diminua até antes do
nascer do sol, quando se registra a mínima do dia. Como os transectos tiveram início
no norte e no leste, logo os pontos menos aquecidos serão aqueles situados no sul e
oeste.
As maiores temperaturas (6,8ºC) do transecto norte-sul foram registradas ao
longo dos pontos 46 ao 58 situados no bairro Centro (horizontalizado) e arredores. Já
a menor temperatura (4,8ºC) foi registrada no ponto 73 situado no bairro Seminário,
numa área onde o relevo e os processos de evapotranspiração favorecem a
diminuição da temperatura.
Em relação ao transecto leste-oeste notou-se que a temperatura diminuiu
progressivamente do leste em direção ao oeste.
A maior temperatura (9,8ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto 13
situado nas proximidades do bairro Centro (verticalizado I). Já a menor (5ºC) foi
registrada no ponto 59 situado no final do bairro Efapi.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 8,3 e
11,5ºC) no horário das 06 horas. De acordo com a tabela do índice de desconforto
térmico de Garcia (1995) os valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona
urbana de Chapecó às 06 horas (entre 8,3 e 11,5ºC), produziram sensação térmica
ligada ao muito frio, e produziram resposta física de estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa, necessitando de sol para o conforto.

187
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

8.3.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 15 horas

Analisando o perfil dos transectos (figura 87B) nota-se que as maiores


temperaturas foram registradas ao longo dos pontos situados no bairro Centro.
A maior temperatura (28,5ºC) do transecto norte-sul foi registrada no ponto 43
situado no bairro Centro (verticalizado) e a menor (24ºC) no ponto 19 situado no bairro
Líder. Houve a configuração de uma ilha de calor de forte magnitude (6ºC) entre os
pontos 37 e 47 situados ao longo do bairro Centro (verticalizado e horizontalizado),
em função da presença de áreas residenciais, comerciais, áreas impermeabilizadas,
intenso fluxo de carros e pessoas, entre outros.
De acordo com Amorim (2013, p. 174):

As atividade antropogênicas, como o tráfego de veículos e nas cidades o uso


de ar condicionado, são grandes consumidores de energia e que geram o
aumento de calor na cidade, principalmente no Central Bussines District
(CBD), onde estas atividades se tornam mais intensificadas.

As áreas verdes reduzidas e a impermeabilização do solo nas áreas urbanas


também contribuem para a intensificação da ilha de calor, porque há a diminuição no
processo de evapotranspiração, e não havendo, assim, o resfriamento por evaporação
na cidade (PINHO; ORGAZ, 2000) pela redução da quantidade de corpos úmidos
(vegetação e superfícies de água).
A maior temperatura (25ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto 19
situado no bairro Centro (verticalizado I) e a menor (23ºC) foi registrada no ponto 43
situada próximo ao parque Índio Conda.
Houve a configuração de uma ilha de frescor de fraca magnitude (-2ºC) ao
longo dos pontos 40 a 46 situados próximos ao parque Índio Conda.
O parque Índio Condá contribui para gerar uma ilha de frescor em nível topo e
microclimático, confirmando Dacanal et al. (2008), ao afirmar que os fundos de vale
em área urbana interferem no clima, e, quando vegetados, proporcionam a formação
de microclima mais úmido e com menor temperatura.
O centro da cidade produziu um aquecimento de 9,7ºC a mais do que a
temperatura máxima registrada na estação meteorológica (18ºC) situada na zona rural
de Chapecó.

188
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE entre
20 e 24ºC) no horário das 15 horas. Os índices de TE indicam que todos os pontos
dos transectos registraram sensação térmica dentro da faixa considerada ótima para
o conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (entre 20 e 24ºC), produziram sensação térmica ligada ao ligeiramente fresco,
conforto ligeiramente cômodo e resposta física ligada ao aumento das perdas por
calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa.

8.3.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 20 de junho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Marítimo – horário das 21 horas

Analisando o perfil de temperatura dos transectos às 21 horas (figura 87C),


nota-se que os pontos localizados ao longo do bairro Centro apresentaram-se mais
aquecidos do que aqueles situados nas periferias. A ilha de calor melhor se definiu a
noite ao longo dos pontos situados no bairro Centro.
A maior temperatura do transecto norte-sul (11,6ºC) foi registrada no ponto 47
situado no bairro Centro (verticalizado) e a menor (7,7ºC) foi registrada no ponto 63
situado no bairro Seminário, numa área mais elevada (vide figura 49) e com
características rururbanas.
Em relação ao transecto leste-oeste a maior temperatura (13,5ºC) foi registada
no ponto 17 situado no bairro Centro (verticalizado II) e a menor no (7,5ºC) no ponto
57 situado no final do bairro Efapi. Houve a configuração de uma ilha de calor de forte
magnitude (6ºC) entre os pontos 17 e 23 situados ao longo do bairro Centro
(verticalizado I e horizontalizado).
As ilhas de calor se definiram melhor a noite no bairro Centro, porque esta área
da cidade armazenou calor (ondas longas) em sua superfície urbana (calçadas,
prédios, casas, ruas e principalmente nas paredes de alguns cânions urbanos)

189
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

durante o dia e a noite houve uma lenta liberação de calor (principalmente nos cânions
urbanos) que a tornou mais aquecida do que as áreas da periferia.
De acordo com Sakamoto (1994) a presença de cânions urbanos é importante
no período do final da tarde e principalmente à noite, pois o menor fator de visão do
céu (maior obstrução da visão do céu) produzidos por eles dificulta a dispersão da
energia térmica para a atmosfera, contribuindo para aumentar a temperatura do ar e
consequentemente dando origem a ilha de calor noturna, nas áreas centrais da
cidade.
A maior magnitude da ilha de calor foi verificada no transecto leste-oeste às 21
horas, confirmando (OKE, 1973) ao afirmar que nas cidades subtropicais e de latitudes
médias o pico máximo da ilha de calor ocorre 2 ou 3 horas após o pôr-do-sol.
Neste horário verificou-se também o resfriamento provocado pelo balanço
negativo de radiação (irradiação noturna) principalmente nos pontos situados no sul e
oeste dos transectos. Em noites de céu limpo como as verificadas no campo a
emissão efetiva de radiação de ondas longas oriundas da superfície é facilitada,
fazendo com que a temperatura do ar também diminua.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 10,2 e
14ºC) no horário das 21 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (entre 10,2 e 14ºC), produziram sensação térmica de muito frio e resposta física
de estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa, necessitando de sol para o conforto.
A presença de uma ilha de calor de média magnitude (4ºC) na zona urbana de
Chapecó às 15 horas contribuiu para tornar as condições atmosféricas externas
favoráveis ao conforto térmico.
Já o menor ângulo de incidência dos raios solares no início da manhã e final da
tarde e o intenso balanço negativo de radiação noturno, associadas a atuação da
massa polar atlântica contribuiu para tornar as condições atmosféricas externas
desconfortáveis (stress térmico devido ao frio) nos horários das 06 e 21 horas.

190
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 87: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 20 de junho de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

191
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 9- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DO EPISÓDIO ASSOCIADO AO TEMPO ANTICICLÔNICO
POLAR CONTINENTAL

Esta análise correspondeu ao episódio do dia 19 de julho de 2014 associado


ao Tempo Anticiclônico Polar Continental caracterizado por Sartori (2003, p.32):

“por associar-se à Massa Polar Continental, assim definida pela trajetória


continental assumida pelo APA, que no inverno atinge muitas vezes os estado
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, trazido pelo reforço no abastecimento
de ar polar, quando a Massa Polar Pacífica extravasa sobre a Cordilheira dos
Andes, originando um subcentro de pressão sobre o norte da Argentina. Esse
ar polar proveniente do interior do continente se incorpora à massa da
vertente atlântica e determina tipo de tempo caracterizado por ventos de
oeste (W) e sudoeste (SW) de leves a moderado, temperaturas mínimas de
0ºC ou menos, alta pressão, umidade relativa mais baixa que a registrada no
Anticiclone Polar Marítimo. Quando os ventos são leves ou há calmas,
ocorrem fortes geadas; quando moderados e regulares, provocam o vento
regional conhecido como Minuano. É o tipo de tempo que registra as menores
temperaturas na Região Sul do Brasil.”

9.1 Análise do episódio do dia 19 de julho de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar Continental

9.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 19 de julho de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 88A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 88B) do dia 19 de julho, nota-se a presença do centro do APA
(Anticiclone Polar Atlântico) sobre partes do Uruguai, norte e nordeste da Argentina,
Paraguai, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O centro de pressão com valor de
1028 hPa está localizado sobre o continente fazendo com a massa polar assuma uma
trajetória mais continental.
Nota-se também que há um reforço do APA pelo ar polar oriundo do APP
(Anticiclone Polar Pacífico) que extravasa os Andes meridionais (Sul do Chile e
Patagônia Argentina).
Logo após a passagem da Frente Polar Atlântica sobre a região, Chapecó e
quase todo o sul do Brasil, encontravam-se em fase de domínio polar, caracterizado
por Sartori (2003, p. 37) como:

Às condições de tempo impostas pelo domínio absoluto da MPA (Massa Polar


Atlântica) no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, após o mau tempo
provocado pela passagem da FPA (Frente Polar Atlântica) e seu posterior
deslocamento até baixas latitudes, resultando em significativo declínio das
temperaturas máximas e mínimas, que podem atingir valores negativos. Há
192
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

elevação da pressão atmosférica, pelo declínio do APA, ventos do quadrante


sul (S, SE, SW) ou calmas, céu totalmente limpo, o que permite inversões de
temperatura a noite, favorecendo a ocorrência de geada, orvalho, nevoeiro e
até mesmo neve nas regiões mais elevadas do Planalto Meridional (nordeste
do RS) e Planalto Catarinense.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 14,5ºC;
b) Temperatura mínima: 4,8ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade de 1m/s.
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo.
e) Umidade relativa variando entre: 49 e 94%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 946,6 e 948,3 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 88: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 19 de julho de
2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

193
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

9.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Continental– horário das 06 da manhã

Analisando o perfil térmico dos transectos (89A) nota-se uma diminuição da


temperatura do leste em direção ao oeste e do norte em direção ao sul em função das
perdas de energia (calor) associadas ao balanço negativo de radiação.
Analisando o perfil térmico do transecto leste-oeste (89A), nota-se que os
pontos situados ao longo do bairro Centro (horizontalizado) apresentaram-se mais
aquecidos do que os demais. As maiores temperaturas (6,9ºC) foram registradas ao
longo dos pontos 46 ao 58 situados no bairro Centro (horizontalizado) e arredores. Já
a menor temperatura (5ºC) foi registrada no ponto no ponto 73 situado no bairro
Seminário.
A maior temperatura (10ºC) do transecto leste-oeste foi registrado no ponto 13
situado no bairro Maria Goretti e a menor (5,5ºC) no ponto 59 situado no final do bairro
Efapi (extremo oeste).
Os pontos situados ao longo do bairro Centro (verticalizado I e II, e o
horizontalizado) apresentaram-se menos aquecidos do que os pontos situados no
extremo leste do transecto, em função primeiro do resfriamento provocado pelo
balanço negativo de radiação que em condições de céu limpo a noite se torna mais
intenso e segundo em função do “efeito sombra”, provocado pela presença de cânions
urbanos que retardam a entrada de radiação e o aquecimento do centro nas primeiras
horas da manhã.
De acordo com Amorim (2013, p.186) isto resulta: da inclinação dos raios
solares que incidem sobre as áreas densamente construídas (prédios e canyons
urbanos) no início da manhã originando o “efeito sombra”. Os prédios e a presença
de canyons urbanos dificultam a penetração dos raios solares, resultando em
temperaturas mais baixas no centro em comparação com o entorno rural.
Por outro lado, conforme Amorim (2013, p. 186), em lugares com edificações
esparsas ou no ambiente rural, a transformação da energia solar de ondas curtas para
ondas longas dá-se de maneira mais rápida, originando ambientes mais quentes.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 8,3 e
11,8ºC) no horário das 06 horas.

194
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os


valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (entre 8,3 e 11,8ºC), produziram sensação térmica de muito frio e resposta física
de estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa, necessitando de sol para o conforto.

9.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Continental– horário das 15 horas

Analisando o perfil térmico dos transectos (figura 89B) nota-se que a


temperatura do ar diminui dos pontos situados ao longo do bairro Centro em direção
aos pontos situados nos extremos leste-oeste, norte-sul.
De acordo com Amorim (2013, p.262), o centro é a parte da cidade onde a
temperatura do ar é mais elevada e a umidade relativa é mais baixa, nos horários das
15 e 21 horas, resultado do calor acumulado na superfície urbana, durante a manhã
e início da tarde.
Neste sentido, Souza e Prostigo (2007) acrescentam que “as edificações, com
suas superfícies, funcionam como um espaço de armazenamento de calor,
aumentando a temperatura do ar de seu entorno”.
A declividade dos pontos que se localizam no bairro Centro é menor que 5%
(figura 50) e a orientação das vertentes são na maioria planas e do quadrante norte
(norte, noroeste e nordeste) conforme a figura 51, justamente as mais aquecidas do
horário, favorecendo a elevação da temperatura.
Em relação ao perfil térmico do transecto norte-sul nota-se a maior temperatura
(25,6ºC) foi registrada no ponto 37 situado no bairro Centro (verticalizado) e a menor
(21,5ºC) no ponto 76 situado no bairro Seminário, numa área de altitude maior do que
o Centro e com características rururbanas. A presença de vegetação e de áreas de
campos favorece a diminuição da temperatura no extremo sul do transecto.
A influência da vegetação na redução temperatura está destacada em
Santamouris (1996, p.46) ao afirmar que:

195
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

“os campos apresentam grandes superfícies cobertas de vegetação, que


possuem absorção solar elevada (aproximadamente 80%) e grande parte da
radiação incidente nelas é utilizada para a evapotranspiração, resultando na
redução da temperatura do ar e no aumento da umidade ao redor.
Adicionalmente, parte da radiação solar absorvida pela terra é usada na
evaporação da sua umidade, que mantém consequentemente temperaturas
moderadas”.

Segundo Neves (2011) a vegetação utiliza a radiação solar no processo de


fotossíntese, minimizando os efeitos das ilhas de calor sob diversos aspectos:
absorção de parte da radiação solar, colaborando para diminuição da temperatura e
da umidade relativa do ar, redução da poluição atmosférica e modificação da
velocidade e direção dos ventos.
Mascaró, Mascaró e Aguiar (1990, p. 59-72), destacam que: “a cobertura
vegetal, além de ser uma estratégia simples e barata para conter os efeitos da ilha de
calor, proporciona ao cidadão a oportunidade de reduzir os custos de refrigeração no
seu ambiente urbano, principalmente nas regiões úmidas”. Além disso, a vegetação
ajuda a evitar alagamentos e a filtrar o ar. Os tetos e paredes verdes têm sido
amplamente difundidos como parte desta estratégia.
Destaca-se que houve a configuração de uma ilha de calor de forte magnitude
(4,5ºC) entre os pontos 31 e 40 do transecto norte-sul situados no bairro Centro
(verticalizado).
Em relação ao perfil térmico do transecto leste-oeste (figura 89B) nota-se que
a maior temperatura (23,4ºC) foi registrada no ponto 22 situado no bairro Centro
(verticalizado II) e a menor (19ºC) foi registrada no ponto 70 situado no final do bairro
Efapi.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) grande parte
da zona urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre
17,5 e 20ºC) no horário das 15 horas. Apenas o bairro Centro (verticalizado)
apresentou TE de 21ºC, registando sensação de conforto ou neutralidade térmica. Os
índices de TE indicam que todos os pontos dos transectos situados ao longo do bairro
Centro e arredores registraram sensação térmica dentro da faixa considerada ótima
para o conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados em grande parte da zona urbana de
Chapecó às 15 horas (entre 17,5 e 20ºC), produziram sensação térmica ligado ao frio,
incômodo e resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
196
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Apenas o bairro Centro e arredores registraram TE de 21ºC, produzindo


sensação térmica ligada ao ligeiramente fresco, conforto ligeiramente cômodo e
resposta física ligada ao aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

9.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 19 de julho de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Continental– horário das 21 horas

Analisando o perfil térmico dos transectos (figura 89C) nota-se que a


temperatura do ar diminui dos pontos situados ao longo do bairro Centro em direção
aos pontos situados nos extremos leste-oeste, norte-sul.
A maior temperatura (12,8ºC) do transecto norte-sul foi registrada no ponto 47
situado no bairro Centro (horizontalizado) e a menor (8,7ºC) no ponto 63 situado no
bairro Seminário.
A maior temperatura (14,5ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto
17 situado no bairro Centro (verticalizado II) e a menor (8ºC) no ponto 57 situado no
final do bairro Efapi.
Houve a configuração de uma ilha de calor de muito forte magnitude (6,5ºC)
entre os pontos 17 e 23 do transecto leste-oeste situados no bairro Centro
(verticalizado II) e arredores (bairros Presidente Médici, Maria Goretti e Passo dos
Fortes).
Mais uma vez a ilha de calor se definiu melhor neste horário sobre o centro da
cidade e também teve a maior magnitude, confirmando Oke (1973).
Alguns autores explicam as causas do maior aquecimento noturno da cidade
em relação as zonas rurais e suburbanas.
Neste sentido, Amorim (2013, p.186), afirma que no período noturno, e na
cidade, a atmosfera próxima à superfície é mais quente do que nas áreas
circundantes, devido à capacidade dos materiais urbanos em armazenar o calor e
também devido a menor presença de áreas verdes, reduzindo a evapotranspiração e
as perdas de calor por evaporação.

197
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Fialho (2009, p.61) destaca que:

“à noite, tanto o campo, como a cidade perdem calor por irradiação terrestre
à atmosfera, na faixa do infravermelho. Contudo, o fluxo de energia se
manterá mais tempo no labirinto do meio urbano, com sua geometria de
edificações, que dificultam a dissipação desta energia, aprisionando-a por
mais tempo dentro da cidade, que resulta em um resfriamento do ar mais
lento do que o ambiente rural ou com menor densidade de construção
urbana”.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 10,9 e
14,5ºC) no horário das 21 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (10,9 e 14,5ºC), produziram sensação térmica de muito frio e resposta física de
estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa, necessitando de sol para o conforto.

198
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 89: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 19 de julho de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

199
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 10- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DO EPISÓDIO ASSOCIADO AO TEMPO ANTICICLÔNICO
POLAR TÍPICO

Esta análise correspondeu ao episódio do dia 27 de agosto de 2014 associado


ao Tempo Anticiclônico Polar Típico caracterizado por Sartori (2003, p.32):

“como o tipo de tempo associado às altas pressões motivadas pelo


estabelecimento do centro do APA (Anticiclone Polar Atlântico) sobre a
região, ventos leves do quadrante sul, muitas calmas, abaixamento
significativo das temperaturas mínimas e máximas, céu limpo, que determina
grande amplitude térmica pelo intenso balanço positivo de radiação, durante
o dia, e o forte balanço negativo de radiação, à noite. Esta condição
atmosférica favorece a formação de orvalho e/ou geadas e/ou nevoeiros,
dependendo da temperatura da própria massa de ar e da época do ano. Está
associado à atuação das Massas Polares mais ou menos úmidas,
dependendo da trajetória em que o APA acontecer, pelo oceano ou pelo
interior do continente”.

10.1 Análise do episódio do dia 27 de agosto de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar Típico

10.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 27 de agosto de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 90A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 90B) do dia 27 de agosto, nota-se a presença do centro do APA
(Anticiclone Polar Atlântico) posicionado sobre o interior do continente no norte e
nordeste da Argentina.
A frente fria que outrora havia provocado chuva no sul do Brasil encontra-se
posicionada sobre o litoral da região Sudeste e atlântico adjacente. Nota-se na sua
retaguarda a presença de um ciclone extratropical posicionado sobre o oceano
Atlântico na latitude da Patagônia Argentina.
O anticiclone polar atlântico está com seu centro de pressão com valor de 1028
hPa localizado sobre o continente, fazendo com a massa polar assuma uma trajetória
mais continental.
Nota-se também que há um reforço do APA pelo ar polar oriundo do APP
(Anticiclone Polar Pacífico) que extravasa os Andes meridionais (Sul do Chile e
Patagônia Argentina).

200
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Logo após a passagem da Frente Polar Atlântica sobre a região, Chapecó e


quase todo o sul do Brasil, encontravam-se em fase de domínio polar, caracterizado
por Sartori (2003, p. 37) como:

Às condições de tempo impostas pelo domínio absoluto da MPA (Massa Polar


Atlântica) no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, após o mau tempo
provocado pela passagem da FPA (Frente Polar Atlântica) e seu posterior
deslocamento até baixas latitudes, resultando em significativo declínio das
temperaturas máximas e mínimas, que podem atingir valores negativos. Há
elevação da pressão atmosférica, pelo declínio do APA, ventos do quadrante
sul (S, SE, SW) ou calmas, céu totalmente limpo, o que permite inversões de
temperatura a noite, favorecendo a ocorrência de geada, orvalho, nevoeiro e
até mesmo neve nas regiões mais elevadas do Planalto Meridional (nordeste
do RS) e Planalto Catarinense.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 15,6ºC;
b) Temperatura mínima: 2,6ºC;
c) Vento: Noroeste com velocidade variando de calmo (0) a 1m/s.
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo.
e) Umidade relativa variando entre: 65 e 81%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 942,8 e 945,8 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

201
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 90: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 27 de agosto de
2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

10.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Típico– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico da zona urbana de Chapecó às 06 horas (figura


91 A) nota-se que as porções norte e leste estão mais aquecidas do que as porções
sul e oeste. Isto se deve ao resfriamento provocado pelo balanço negativo de radiação
que se processa até o nascer do sol, quando são registradas as temperaturas
mínimas.
A maior temperatura (8ºC) foi registrada no bairro Santa Maria localizado
porção leste da zona urbana e a menor (3ºC) nos bairros Efapi (porção oeste) e
Seminário (porção sul).
Assim neste horário a zona urbana ainda está se resfriando, logo as porções
mais aquecidas serão aquelas onde os transectos tem início (norte e leste).
Neste horário o fato urbano exerce muito pouca influência sobre o campo
térmico, visto que a cidade como um todo está perdendo calor devido ao balanço
negativo de radiação.

202
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 2,5 e
8ºC) no horário das 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (2,5 e 8ºC C), produziram sensação térmica de muito frio e resposta física de
estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável devido ao frio necessitando de sol para o
conforto. Alguns pontos situados no oeste e sul da zona urbana de Chapecó
apresentaram sensação térmica de muito frio.
A massa de ar polar favoreceu o intenso resfriamento do ar, a ocorrência de
geadas (branca e negra), e o desconforto térmico externo devido as baixas
temperaturas, principalmente no início da manhã e à noite.

10.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Típico– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 91B) às 15 horas, nota-se que


os bairros situados ao norte e ao sul da zona urbana e o bairro Centro (verticalizado
e horizontalizado) apresentaram-se mais aquecidos do que aqueles situados no leste
e oeste.
Houve a configuração de duas ilhas de calor, sendo uma de muito forte
magnitude (8ºC) localizada nos bairros Trevo, Belvedere e Líder, situados na porção
norte da zona urbana.
A maior temperatura da zona urbana foi de 27ºC localizado no bairro Belvedere
numa área aberta a insolação direta e onde o fluxo de veículos pela BR-282 e SC-480
contribui para aumentar o aporte de calor antropogênico para a baixa atmosfera.
Já a menor temperatura do ar (19ºC) foi registrada no bairro Santa Maria
localizado na porção leste da zona urbana de Chapecó numa área de maior altitude e
presença de campos, matas e lavouras, o que favorece os processos de
evapotranspiração e a redução da temperatura do ar.

203
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A magnitude das ilhas de calor foi estabelecida com base em García (1996):
fraca magnitude (entre 0 °C e 2 °C); média magnitude (entre 2 °C e 4 °C); forte
magnitude (4 °C e 6 °C) e muito forte magnitude (acima de 6 °C).
De acordo com Amorim (2013, p.262), o centro é a parte da cidade onde a
temperatura do ar é mais elevada e a umidade relativa é mais baixa, nos horários das
15 e 21 horas, resultado do calor acumulado na superfície urbana, durante a manhã
e início da tarde.
Neste sentido, Souza e Prostigo (2007) acrescentam que “as edificações, com
suas superfícies, funcionam como um espaço de armazenamento de calor,
aumentando a temperatura do ar de seu entorno”.
A declividade dos pontos que se localizam no bairro Centro é menor que 5%
(figura 50) e a orientação das vertentes são na maioria planas e do quadrante norte
(norte, noroeste e nordeste) conforme a figura 51, justamente as mais aquecidas do
horário, favorecendo a elevação da temperatura.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 15,5 e
18ºC) nos bairros situados nas porções leste e oeste no horário das 15 horas. Os
bairros situados nos extremos norte e sul da zona urbana apresentaram sensação
térmica de leve desconforto (TE entre 18 e 20ºC). E os bairros Belvedere e Líder onde
se localizou a ilha de calor registrou sensação de conforto ou neutralidade térmica (TE
entre 20 e 21ºC).
Os índices de TE indicam que a maioria dos pontos dos transectos registraram
sensação térmica de estresse ao frio. Apenas nos bairros onde se localizou a ilha de
calor houve conforto térmico.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na maior parte da zona urbana de
Chapecó às 15 horas (15,5 e 19,5ºC), produziram sensação térmica de frio e
incômodo, podendo ocasionar nas pessoas, resposta física de vasoconstrição nas
mãos e pés.
Apenas nos bairros Belvedere e Líder onde se localizou a ilha de calor, a TE
registrada foi superior a 20ºC, produzindo sensação térmica ligeiramente fresca e
conforto ligeiramente cômodo; e resposta física de aumento das perdas por calor
seco.

204
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de


Chapecó apresentou-se confortável.
Notou-se que a ilha de calor mais uma vez produziu condições atmosféricas
confortáveis do ponto de vista da temperatura efetiva. Assim, sob domínio das
condições atmosféricas pela massa polar continental ou pela massa polar típica, a ilha
de calor pode diminuir a sensação de estresse ao frio principalmente no horário das
15 horas.
As maiores magnitudes da ilha de calor registradas na zona urbana de Chapecó
também podem estar associadas ao domínio na região da massa polar típica, ou ao
Tempo Anticiclônico Polar Típico.

10.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de agosto de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
Típico– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 91C) às 21 horas, nota-se que


o bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e arredores, apresentaram-se mais
aquecidos do que a periferia da cidade.
Houve a configuração de um ilha de calor de forte magnitude (5ºC), nas
proximidades do bairro Centro (horizontalizado e verticalizado). O vento de noroeste
com velocidade de 1m/s pode ter deslocado a ilha de calor do bairro Centro em direção
aos bairros situados no leste da cidade (Presidente Médici, Maria Goretti).
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (13ºC) foi registrada no bairro
Centro, onde a presença de prédios, áreas de uso misto e pavimentadas, absorvem e
retém mais radiação solar durante o dia, contribuindo para a configuração da ilha de
calor noturna, através da lenta liberação de radiação de ondas longas durante a noite.
A menor temperatura da zona urbana (8ºC) foi registrada no bairro Seminário
situado na porção sul, numa área de maior altitude da cidade, onde os processos de
evapotranspiração contribuem para reduzir a temperatura do ar dada a presença de
matas, campos, lavouras e córregos.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 9 e 13ºC)
às 21 horas.

205
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os


valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (9 e 13ºC), produziram sensação térmica de muito frio e resposta física de
estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável devido ao frio, necessitando de sol para o
conforto.
O resfriamento verificado na zona urbana de Chapecó às 21 horas sob domínio
da massa polar típica, tem relação com o balanço negativo de radiação, facilitado
pelas condições de céu limpo, que favorece a diminuição da temperatura do ar e a
formação de geadas.

206
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

B C
A

Figura 91: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 27 de agosto de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

207
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 11- O CAMPO E O CONFORTO TÉRMICO AO LONGO DOS


TRANSECTOS MÓVEIS DA ZONA URBANA DE CHAPECÓ-SC:
ANÁLISE DOS EPISÓDIOS ASSOCIADOS AO TEMPO
ANTICICLÔNICO POLAR EM TROPICALIZAÇÃO

Esta análise correspondeu aos episódios dos dias (27 de março, 22 de


setembro, 21 de outubro, 15 de novembro e 06 de dezembro de 2014) associado ao
Tempo Anticiclônico Polar em Tropicalização caracterizado por Sartori (2003, p.
33):
Como o tipo de tempo ligado ao domínio da Massa Polar Velha ou
Tropicalizada, registrando aumento das temperaturas máximas (> 25°C) e
mínimas (> 15°C), podendo as máximas absolutas serem superiores a 30°C,
com grande amplitude térmica, céu limpo, diminuição da umidade relativa
especialmente à tarde (< 60%), pressão atmosférica em declínio em relação
aos dias anteriores, ventos de leste (E) e nordeste (NE) fracos e calmas, com
formação de orvalho. Quando em fase pré-frontal, podem ocorrer chuvas
provocadas por Instabilidades Tropicais e Calhas Induzidas, definindo-se,
então, os fluxos de norte (N) e noroeste (NW) até muito fortes, muitas vezes
com rajadas superiores a 80 Km/h; a umidade relativa cai a valores inferiores
a 45% e a nebulosidade aumenta gradativamente, surgindo as nuvens altas
e médias. É a condição atmosférica em que se define o conhecido Vento
Norte.

11.1 Análise do episódio do dia 27 de março de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar em Tropicalização

11.1.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 27 de março de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 92 A) e a imagem de satélite GOES-13


colorida (figura 92 B), do dia 27 de março, notou-se que o Anticiclone Polar Atlântico
(APA) apresentou valor de pressão de 1028 hPa, e seu centro barométrico encontrou-
se posicionado no Oceano Atlântico próximo ao litoral, na latitude de Buenos Aires-
Argentina. Na dianteira deste sistema polar temos uma frente polar reflexa na latitude
do sul da Bahia e o Anticiclone Tropical Atlântico encontra-se com seu centro de
pressão no oceano Atlântico nas proximidades da costa da África.
As condições de tempo em Chapecó encontraram-se sob domínio da Massa
Polar Velha ou Modificada, que garantiu tempo estável, sol entre poucas nuvens,
redução da umidade relativa do ar e elevação da temperatura.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
208
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

a) Temperatura máxima: 27,4ºC;


b) Temperatura mínima: 16,6ºC;
c) Vento: Norte e Nordeste com velocidade variando entre (1,0 m/s e 2,1
m/s);
d) Nebulosidade: pela manhã (0 décimos), tarde (5 décimos) e noite (3
décimos);
e) Umidade relativa variando entre: 55 e 72%;
f) Pressão atmosférica: variando entre 940,6 e 944 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 92: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 colorida (B) do dia 27 de março
de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

11.1.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico de Chapecó ao longo dos transectos e seus


respectivos perfis de temperatura do ar e efetiva (figura 94A) nota-se que no horário
das 06 horas da manhã os bairros situados nos extremos norte e leste apresentaram-
se mais aquecidos do que aqueles localizados no oeste e sul.

209
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A maior diferença de temperatura do ar foi encontrada no transecto norte-sul,


sendo que a porção norte, apresentou-se 3,5º mais aquecida do que a porção sul.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó no horário das 06 horas da
manhã, foi de 19,5ºC registrada na porção norte do transecto norte-sul. Já a menor
temperatura registrada foi de 16ºC, nos pontos 89, 90 e 91, situados no extremo sul
do transecto.
Ao longo do transecto leste-oeste, verificou-se que o bairro Centro configurou
uma ilha de calor de fraca magnitude (1,5ºC), conforme Garcia (1996).
Notou-se que o relevo e a vegetação se constituíram em controladores topo e
microclimáticos da temperatura. Neste sentido áreas verdes como o Ecoparque e o
parque Índio Conda, e a Represa do Lajeado São José, contribuem para a diminuição
da temperatura do ar, em função do aporte de umidade que injetam na atmosfera
através dos processos de evapotranspiração que aí são verificados. Os valores de
umidade relativa registrados nas proximidades do parque Índio Conda, Ecoparque e
Represa do Lajeado São José foram cerca de 10% maiores do que os registrados nos
bairros centrais da cidade, neste horário.
A influência das áreas livres e verdes na redução da temperatura e na geração
de um microclima mais úmido e fresco foi observada e estudada por vários
pesquisadores.
Para Lombardo (1985), “nas regiões com maior concentração de espaços
livres, com vegetação e nas proximidades ou junto aos reservatórios d’água, as
temperaturas sofrem declínios acentuados”.
Além do sombreamento das superfícies, auxiliando no controle da radiação
solar, a vegetação contribui de forma significativa ao estabelecimento dos
microclimas. “O próprio processo de fotossíntese auxilia na umidificação do ar através
do vapor d’água que libera” (ROMERO, 1988, p.97).
No entanto a evapotranspiração ocorre independente do processo de
fotossíntese. Há momentos que a vegetação apenas respira e transpira, também.
Normalmente nos locais vegetados o solo também é mais úmido, o que
favorece os processos de evaporação dessa água do solo.
Nestas áreas há uma alteração no balanço de energia, pois quando há
presença de água no ar um parte do calor disponível será utilizada para evaporar
água. Se há água para ser evaporada sobra menos calor para aquecer o ar seco.

210
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Verificou-se também que as variações de temperaturas registradas ao longo


dos transectos e as menores temperaturas nos extremos sul e oeste da zona urbana
tem relação direta com o balanço negativo de radiação, visto que neste horário o ar
próximo à superfície ainda encontra-se em progressivo processo de resfriamento até
atingir a temperatura mínima do dia alguns instantes antes do nascer do sol que nesta
época do ano (outono) ocorre em média entre as 07 e 08 horas da manhã.
Como os transectos tem seu início no norte e no leste, logo as menores
temperaturas do ar foram registradas no sul e no oeste da zona urbana, em função do
resfriamento do ar durante a noite e madrugada.
Em relação ao perfil da temperatura efetiva (TE) averiguou-se que o mesmo
acompanhou as variações do perfil da temperatura do ar, conforme a figura 94A.
A temperatura efetiva (TE) foi calculada para os pontos dos transectos com
base nos valores das temperaturas do bulbo seco (Td) e do bulbo úmido (Tw). O índice
de temperatura efetiva (TE) de Thom (1959) foi estabelecido para determinar o índice
de conforto ou desconforto térmico ao longo dos transectos.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) grande parte
da zona urbana de Chapecó registrou desconforto ou estresse devido ao frio (TE entre
17,2 e 18,5ºC) no horário das 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (17,2 e 18,5ºC), favorecem o desconforto por frio, provocando respostas físicas
do tipo vasoconstrição nas mãos e nos pés, entre outros.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável para o frio do ponto de vista da temperatura e
umidade relativa do ar, necessitando de sol para o conforto.

11.1.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico e os perfis de temperatura dos transectos norte-


sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC (figura 94 B), nota-se que em ambos
os transectos as temperaturas aumentam dos pontos situados nas extremidades em
direção ao pontos situados ao longo do bairro Centro.

211
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A maior temperatura do ar (33,8ºC) do transecto norte-sul foi registrada no


ponto 51 situada no Centro (horizontalizado). Os pontos situados ao longo do bairro
Centro (verticalizado e horizontalizado), configuraram uma ilha de calor de forte
magnitude (5,5ºC), em função da presença maior de superfícies pavimentadas e
cânions urbanos (vide a figura 93), que retém energia provocando o aquecimento do
ar e gerando bolsões de calor (ilhas de calor).

Figura 93: Vista parcial do bairro Centro de Chapecó sentido norte-sul.

Outro fator que favorece a entrada de radiação e o aquecimento do ar no centro


verticalizado e no horizontalizado é a presença de áreas planas e vertentes com
orientação norte, noroeste, nordeste e oeste, as mais iluminadas no horário das 15
horas.
O centro verticalizado e o horizontalizado propiciam a formação da ilha de calor
em função da presença de áreas residenciais, comerciais, áreas impermeabilizadas,
intenso fluxo de carros e pessoas, entre outros.
As áreas verdes reduzidas e a impermeabilização do solo nas áreas urbanas
também contribuem para a intensificação da ilha de calor, porque há a diminuição no
processo de evapotranspiração, e não havendo, assim, o resfriamento por evaporação
na cidade (PINHO; ORGAZ, 2000) pela redução da quantidade de corpos úmidos
(vegetação e superfícies de água).

212
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Os pontos situados no extremo norte apresentaram as menores temperaturas


do transecto norte-sul, em função de se localizarem em áreas pouco pavimentadas e
com a presença de lavouras, matas e bosques apresentaram-se 2 ou 3ºC mais frescos
que o centro verticalizado e o horizontalizado, conforme a figura 94B.
As áreas de lavouras e matas no extremo norte do transecto apresentaram-se
menos aquecidas em função dos processos de evapotranspiração (solo-planta), que
aumentam o teor de umidade do ar e diminuem a temperatura do ar.
Em relação ao transecto leste-oeste, verificou-se que as menores temperaturas
(29-30ºC) foram registradas no extremo leste do transecto, em áreas de maiores
altitudes e com a presença de campos, matas e lavouras.
O Ecoparque, o parque Índio Conda, e a represa do Lajeado São José
contribuíram para diminuir a temperatura do ar ao nível microclimático ao longo do
transecto leste-oeste (figura 94 B).
De acordo com Lombardo (1985); Danni-Oliveira (1990) as áreas verdes no
tecido urbano contribuem para a amenização da ilha de calor, formando as chamadas
“ilhas úmidas”
A maior temperatura do transecto leste-oeste (33,5ºC), foi registrado ao longo
dos pontos situados no bairro Engenho Brawn em direção ao extremo oeste do
transecto. O que explica o maior aquecimento destes pontos talvez seja o
deslocamento do bolsão de calor do bairro Centro em direção ao oeste do transecto
em função do vento predominante de nordeste.
Em relação aos índices de conforto ou desconforto térmico ao ar livre ao longo
dos pontos dos transectos, temos valores de TE (Temperatura Efetiva) entre 24 e 27ºC
(figura 94 B).
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) grande parte
da zona urbana de Chapecó registrou leve desconforto ao calor (TE entre 24 e 27ºC)
no horário das 15 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (entre 24 e 27ºC), produziram sensação térmica neutra, conforto na faixa do
cômodo e podem produzir resposta física de regulação vascular.

213
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Todos os pontos dos transectos estavam dentro ou próximos da faixa


considerada ideal para o conforto térmico que é de TE=25ºC. Neste sentido de acordo
com Souza; Teixeira Nery (2012, p. 74):

O índice de TE próximo a 25,0°C é considerado como a faixa de conforto


ideal para o ser humano. Acima deste valor a situação tende-se a apresentar
desconfortável devido ao calor, além de levar os indivíduos a desenvolver
problemas de regulação vascular. Entretanto, abaixo deste valor tende a
predominar o desconforto por frio, bem como provocar respostas físicas do
tipo vasoconstrição nas mãos e nos pés, entre outros.

De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de


Chapecó apresentou-se desconfortável para o calor no bairro Centro (horizontalizado
e verticalizado) e arredores onde se configurou a ilha de calor, necessitando assim de
vento para o conforto. As demais áreas da zona urbana se apresentaram confortável
do ponto de vista da temperatura e umidade relativa do ar.
Assim os pontos mais confortáveis do ponto de vista da TE no horário das 15
horas neste episódio analisado são aqueles situados nas áreas menos aquecidas dos
transectos (figura 94), em áreas pouco adensadas e com a presença de matas,
campos e lavouras.

11.1.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 27 de março de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico e os perfis de temperatura dos transectos norte-


sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC (figura 94 C), percebe-se que a ilha
de calor melhor se definiu ao longo dos pontos situados no bairro Centro (verticalizado
e horizontalizado).
Em ambos os transectos a temperatura do ar decresceu dos pontos localizados
no bairro Centro em direção aos extremos norte-sul e leste-oeste dos transectos.
Ao longo do transecto norte-sul verificou-se que o relevo condicionou a
temperatura visto que os pontos menos aquecidos se localizaram nas áreas de maior
altitude.
A maior temperatura (23,3ºC) do transecto norte-sul foi registrado no ponto 45
situado no bairro Centro (horizontalizado) e a menor (21,3ºC) no ponto 63 situado no
bairro Seminário, numa área de altitude maior do que o Centro e com a presença de
matas, campos e lavouras.
214
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Analisando o perfil térmico do transecto leste-oeste (figura 94 C), notou-se a


configuração de uma ilha de calor de média magnitude (3ºC) que se estende dos
pontos situados no bairro Centro (verticalizado I e II, e horizontalizado) em direção ao
bairro São Cristóvão.
A maior temperatura (23,7ºC) do transecto leste-oeste foi registrada no ponto
17 situado no bairro Centro verticalizado II e a menor (21,5ºC) no ponto 61 situado no
final do bairro Efapi, numa área com a presença de matas, campos e pouco adensada.
Notou-se também a influência do parque Índio Conda e da Represa do Lajeado
São José na diminuição da temperatura do ar à nível de microclima ao longo do
transecto leste-oeste.
De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona
urbana de Chapecó registrou conforto ou neutralidade térmica (TE entre 20,5 e
21,5ºC) no horário das 21 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (entre 20,5 e 21,5ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresco e
conforto ligeiramente cômodo, tendo como resposta física o aumento das perdas por
calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

215
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 94: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 27 de março de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

216
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

11.2 Análise do episódio do dia 22 de setembro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar em Tropicalização

11.2.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 22 de setembro de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 95 A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 95 B) do dia 22 de setembro, nota-se a presença de um centro de alta
pressão associado ao Anticiclone Polar Atlântico (APA), exercendo influência sobre o
tempo das regiões Sul e partes do Sudeste Brasileiro.
Na dianteira do Anticiclone Polar Atlântico temos a atuação de um sistema
frontal (frente fria) com eixo se estendendo no sentido noroeste-sudeste do litoral da
Bahia até o Oceano Atlântico
Logo após a passagem da Frente Polar Atlântica sobre a região a massa de ar
polar sofreu aquecimento basal no interior do continente, passando à condição de
Massa Polar Velha ou Modificada. Chapecó e quase todo o sul do Brasil,
encontravam-se em fase transicional, caracterizado por Sartori (2003, p. 38) como:

“a fase de transição entre o domínio da Massa Polar típica, com suas baixas
temperaturas, e nova fase pré-frontal, com seu correspondente aquecimento.
Caracteriza-se pelo domínio da Massa Polar modificada pelo aquecimento
basal sobre latitudes mais baixas (Polar Velha ou Tropicalizada) em função
do tempo de permanência do ar frio no Sul do Brasil. Pela natureza da
superfície e insolação facilitada pela limpeza do céu, a Massa Polar é mais
intensamente modificada no interior do continente, apresentando-se, aí, mais
quente e seca. Sinopticamente, a FPA que atingiu o estado na segunda fase
(eixo reflexo) mantém-se ativa pelo ramo litorâneo acima do Trópico de
Capricórnio, tendo avançado mais pelo interior do continente até baixas
latitudes, onde entra em processo de dissipação. O sistema frontal,
estendendo-se ao longo de uma direção geral NW-SE, separa a MTA, que
domina nas regiões NE, C-O e SE, da MPV, cujo Anticiclone acha-se na
latitude da Região Sul, com centro posicionado no oceano e, eventualmente,
no continente. A nova FPA começa a deslocar-se sobre a Argentina. Essa
situação provoca um tipo de tempo caracterizado por ventos leves de E e NE,
devido à circulação anticiclonal, calmas, céu limpo, que favorece a elevação
das temperaturas máxima e mínima, com grandes amplitudes térmicas,
formação de orvalho e declínio da umidade relativa”.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 27,8ºC;
b) Temperatura mínima: 8,8ºC;
c) Vento: Noroeste com velocidade variando de 2,1 a 3,1 m/s;
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo.

217
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

e) Umidade relativa variando entre: 39 e 69%;


f) Pressão Atmosférica: variando entre 939,9 e 943,5 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 95: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 22 de
setembro de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

11.2.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 99 A) às 06 horas, nota-se que


as porções norte e leste da cidade apresentaram-se mais aquecidas do que as
porções sul e oeste.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (14ºC) foi registrada no bairro
Trevo situado na porção norte da cidade. E a menor temperatura (11ºC) foi registrada
no bairro Seminário situado na porção sul da cidade.
As maiores temperaturas foram registradas no início de cada transecto (ou seja
no norte e no leste). O resfriamento da zona urbana de Chapecó tem relação com o
balanço negativo de radiação, sendo que neste horário o sol ainda não havia nascido,
e a temperatura mínima ainda não tinha sido registrada.

218
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1966) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 12 e
14,2ºC) às 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (12 e 14,2ºC), produziram sensação térmica de frio e incômodo, além de
resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável devido ao frio, necessitando de sol para o
conforto.

11.2.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (99 B) às 15 horas, nota-se que o


bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e os bairros circunvizinhos situados ao
norte e sudoeste do mesmo apresentaram-se mais aquecidos do que as porções sul,
leste e oeste da cidade.
O bairro Centro e arredores configurou uma ilha de calor de média magnitude
(4ºC). A maior temperatura (29ºC) também foi registrada no bairro Centro
(horizontalizado e verticalizado) em função da presença de edifícios com mais de 6
pavimentos, cânions urbanos, intensa pavimentação da superfície e intenso fluxo de
pessoas e veículos (calor antropogênico), vide figura 96.

Figura 96: Vista parcial do bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) de Chapecó, sentido
sul-norte.
219
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A menor temperatura da zona urbana de Chapecó (25ºC) foi registrado no


bairro Efapi situado na porção oeste da cidade numa área caracterizada pela presença
de matas, campos, residências de 1 pavimento e poucas áreas pavimentadas (vide
figura 97).
O bairro Seminário situado na porção sul da cidade numa área caracterizada
pela presença de campos, lavouras, matas, altitude mais elevada e residências
esparsas (figura 98), apresentou-se menos aquecido do que o bairro Centro.

Figura 97: Vista parcial do bairro Efapi situado na porção oeste da cidade de Chapecó.

Figura 98: Vista parcial do bairro Seminário, onde geralmente são registradas as menores
temperaturas da zona urbana de Chapecó nos horários das 15 e 21 horas.
220
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação conforto ou neutralidade térmica (TE entre 21
e 24ºC) às 15 horas. Os índices de TE indicam que todos os pontos dos transectos
registraram sensação térmica de conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (21 e 24ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresca e conforto
ligeiramente cômodo, além de resposta física de aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista de temperatura e umidade
relativa do ar.

11.2.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 22 de setembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (99 C) às 21 horas, nota-se que o


bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e arredores apresentaram-se mais
aquecidos do que as porções norte, sul e oeste da cidade.
Nos bairros Centro e Presidente Médici houve a configuração de uma ilha de
calor de média magnitude (2,5º), porém menos intensa que a verificada às 15 horas.
Igualmente ao que ocorreu no horário das 15 horas a ilha de calor atmosférica
melhor se definiu no bairro Centro e arredores, em função entre fatores da maior
presença de áreas edificadas.
A maior temperatura da zona urbana (22,5ºC) foi registrada no bairro
Presidente Médici próximo ao bairro Centro, numa área caracterizada pela presença
de prédios e superfícies pavimentadas.
Já a menor temperatura da zona urbana (20ºC) foi registrada no bairro
Seminário situado na porção sul, numa área caracterizada pele presença de campos,
matas, lavouras e residências esparsas. Além disto nesta área a radiação solar é
utilizada mais para os processos de evapotranspiração dada a presença de
vegetação, do que para aquecer o ar. Além disto a presença de altitudes mais
elevadas, fazem com que esta área da cidade apresente as menores temperaturas às
15 e 21 horas.

221
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação de leve desconforto (TE entre 18 e 19,2ºC) às
21 horas. Os índices de TE indicam que todos os pontos dos transectos registraram
sensação de leve desconforto térmico.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (18 e 19,2ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresca e conforto
ligeiramente cômodo, além de resposta física de aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista de temperatura e umidade
relativa do ar.
Assim neste episódio de domínio das condições atmosféricas pela massa polar
velha ou tropicalizada, o único horário desconfortável do ponto de vista da temperatura
do ar e efetiva foi o horário das 06 horas em função do balanço negativo de radiação
durante a madrugada, quando se verificam as temperaturas mínimas.

222
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A C
B

Figura 99: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 22 de setembro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

223
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

11.3 Análise do episódio do dia 21 de outubro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar em Tropicalização

11.3.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 21 de outubro de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 100 A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 100 B) do dia 21 de outubro, nota-se a presença de um centro de alta
pressão (Anticiclone Polar Atlântico), exercendo influência sobre o tempo da Região
Sul do Brasil.
Na dianteira do Anticiclone Polar Atlântico temos a atuação de um sistema
frontal (frente fria) com eixo se estendendo no sentido noroeste-sudeste do litoral dos
estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo até o Oceano Atlântico
Logo após a passagem da Frente Polar Atlântica sobre a região a massa de ar
polar sofreu aquecimento basal no interior do continente, passando à condição de
Massa Polar Velha ou Modificada. Chapecó e quase todo o sul do Brasil,
encontravam-se em fase transicional, caracterizado por Sartori (2003, p. 38) como:

“a fase de transição entre o domínio da Massa Polar típica, com suas baixas
temperaturas, e nova fase pré-frontal, com seu correspondente aquecimento.
Caracteriza-se pelo domínio da Massa Polar modificada pelo aquecimento
basal sobre latitudes mais baixas (Polar Velha ou Tropicalizada) em função
do tempo de permanência do ar frio no Sul do Brasil. Pela natureza da
superfície e insolação facilitada pela limpeza do céu, a Massa Polar é mais
intensamente modificada no interior do continente, apresentando-se, aí, mais
quente e seca. Sinopticamente, a FPA que atingiu o estado na segunda fase
(eixo reflexo) mantém-se ativa pelo ramo litorâneo acima do Trópico de
Capricórnio, tendo avançado mais pelo interior do continente até baixas
latitudes, onde entra em processo de dissipação. O sistema frontal,
estendendo-se ao longo de uma direção geral NW-SE, separa a MTA, que
domina nas regiões NE, C-O e SE, da MPV, cujo Anticiclone acha-se na
latitude da Região Sul, com centro posicionado no oceano e, eventualmente,
no continente. A nova FPA começa a deslocar-se sobre a Argentina. Essa
situação provoca um tipo de tempo caracterizado por ventos leves de E e NE,
devido à circulação anticiclonal, calmas, céu limpo, que favorece a elevação
das temperaturas máxima e mínima, com grandes amplitudes térmicas,
formação de orvalho e declínio da umidade relativa”.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 27ºC;
b) Temperatura mínima: 12,6ºC;
c) Vento: Norte com velocidade variando de 1,0 a 2,1 m/s;
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo.

224
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

e) Umidade relativa variando entre: 44 e 70%;


f) Pressão Atmosférica: variando entre 942,3 e 944,4 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 100: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 21 de
outubro de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

11.3.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 101 A) às 06 horas, nota-se


que as porções norte, o centro e o leste da cidade apresentaram-se mais aquecidas
do que as porções sul e oeste.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (18,5ºC) foi registrada no
bairro Presidente Médici situado próximo ao bairro Centro (horizontalizado e
verticalizado). E a menor temperatura (15,8ºC) foi registrada no bairro Seminário
situado na porção sul da cidade.
As maiores temperaturas foram registradas no início de cada transecto (ou seja
no norte e no leste). Neste horário a cidade ainda se encontrava em processo de
resfriamento radiativo. O centro da cidade e arredores continuavam a liberar calor para
a atmosfera. Provavelmente se fosse monitorado a temperatura do ar às 09 horas
teríamos a periferia da cidade, bem mais aquecida do que as áreas centrais.
225
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto de Thom (1959) a zona


urbana de Chapecó registrou sensação térmica de estresse ao frio (TE entre 15,7 e
17,2ºC) às 06 horas.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (15,7 e 17,2ºC), produziram sensação térmica de frio e incômodo, além de
resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável devido ao frio, necessitando de sol para o
conforto.

11.3.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 101 B) às 15 horas, nota-se


que o bairro Centro e alguns bairros do norte da cidade (bairros Bela Vista, Líder,
Cristo Rei e São Cristóvão) apresentaram-se mais aquecidos do que as porções sul,
leste e oeste.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (29ºC) foi registrada no bairro
Centro (horizontalizado e verticalizado). E a menor temperatura (25,5ºC) foi registrada
no bairro Efapi situado na porção oeste da cidade.
O bairro Centro e arredores (horizontalizado e verticalizado), e o bairro Passo
dos Fortes e arredores configuraram uma ilha de calor de média magnitude (3,5ºC).
A ilha de calor ocorreu no centro da cidade, onde as construções formam um
conjunto denso e compacto. Nesta parte da cidade o albedo das superfícies é menor,
fazendo com que as mesmas absorvam mais radiação solar se aquecendo mais do
que as áreas verdes e menos pavimentadas.
Além do albedo da superfície urbana, as atividades antropogênicas contribuem
para aumentar o calor na cidade.
Neste sentido Amorim (op.cit, p. 174) destaca que:

As atividade antropogênicas, como o tráfego de veículos e nas cidades o uso


de ar condicionado, são grandes consumidores de energia e que geram o
aumento de calor na cidade, principalmente no Central Bussines District
(CBD), onde estas atividades se tornam mais intensificadas.

226
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de


desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de
conforto ou neutralidade térmica (TE entre 21,5 e 24,5ºC) às 15 horas. Os índices de
TE indicam que todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de
conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (21,5 e 24,5ºC), produziram sensação térmica de ligeiramente fresco e conforto
ligeiramente cômodo, além do aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

11.3.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 21 de outubro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico Polar
em Tropicalização– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 101 C) às 21 horas, nota-se


que o bairro Centro e arredores apresentaram-se mais aquecidos do que as porções
norte, sul e oeste.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (22,8ºC) foi registrada no
bairro Centro (horizontalizado e verticalizado). E a menor temperatura (20ºC) foi
registrada no bairro Seminário situado na porção sul da cidade.
O bairro Centro configurou uma pequena ilha de calor de média magnitude
(2,8ºC). Neste horário a tendência é de que a ilha de calor se defina melhor no centro
da cidade em função da presença entre outras de cânions urbanos, que armazenam
radiação de ondas longas (calor) durante o dia, e a liberam lentamente durante a noite
e madrugada.
Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de
desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de leve
desconforto térmico (TE entre 18,3 e 19,8ºC) às 21 horas. Os índices de TE indicam
que todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de desconforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21

227
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

horas (18,3 e 19,8ºC), produziram sensação térmica de frio e incômodo, provocando


nas pessoas resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar, necessitando de sol para o conforto.
Notou-se que a ilha de calor atmosférica favoreceu o conforto térmico externo
para as pessoas na zona urbana de Chapecó no episódio de tempo sob domínio da
massa polar velha ou tropicalizada, principalmente no horário das 15 horas

228
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 101: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 21 de outubro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

229
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

11.4 Análise do episódio do dia 15 de novembro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar em Tropicalização

11.4.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 15 de novembro de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 102 A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 102 B) do dia 15 de novembro, nota-se a presença de um centro de
alta pressão (Anticiclone Polar Atlântico), exercendo influência sobre o tempo da
Região Sul do Brasil.
Na dianteira do Anticiclone Polar Atlântico temos a atuação de um sistema
frontal (frente fria) com eixo se estendendo no sentido noroeste-sudeste do litoral dos
estados do Sudeste até o Oceano Atlântico.
Nota-se também a presença de uma ZCAS21 (Zona de Convergência do
Atlântico Sul) associada a Frente Polar Atlântica atuando desde o oeste da Amazônia
até o Sudeste do Brasil.
Verifica-se também a presença de dois ciclones extratropicais atuando sobre o
Atlântico Subtropical na latitude da Patagônia Argentina.
Logo após a passagem da Frente Polar Atlântica sobre a região a massa de ar
polar sofre aquecimento basal no interior do continente, passando à condição de
Massa Polar Velha ou Modificada. Chapecó e todo o sul do Brasil, encontravam-se
em fase transicional, caracterizado por Sartori (2003, p. 38) como:

“a fase de transição entre o domínio da Massa Polar típica, com suas baixas
temperaturas, e nova fase pré-frontal, com seu correspondente aquecimento.
Caracteriza-se pelo domínio da Massa Polar modificada pelo aquecimento
basal sobre latitudes mais baixas (Polar Velha ou Tropicalizada) em função
do tempo de permanência do ar frio no Sul do Brasil. Pela natureza da
superfície e insolação facilitada pela limpeza do céu, a Massa Polar é mais
intensamente modificada no interior do continente, apresentando-se, aí, mais
quente e seca. Sinopticamente, a FPA que atingiu o estado na segunda fase
(eixo reflexo) mantém-se ativa pelo ramo litorâneo acima do Trópico de
Capricórnio, tendo avançado mais pelo interior do continente até baixas
latitudes, onde entra em processo de dissipação. O sistema frontal,
estendendo-se ao longo de uma direção geral NW-SE, separa a MTA, que
domina nas regiões NE, C-O e SE, da MPV, cujo Anticiclone acha-se na
latitude da Região Sul, com centro posicionado no oceano e, eventualmente,
no continente. A nova FPA começa a deslocar-se sobre a Argentina. Essa
situação provoca um tipo de tempo caracterizado por ventos leves de E e NE,
devido à circulação anticiclonal, calmas, céu limpo, que favorece a elevação

21De acordo com Carvalho e Jones (2009, p.95) a ZCAS corresponde a presença de uma banda de
nebulosidade e chuvas com orientação noroeste-sudeste, que se estende desde a Amazônia até o
Sudeste do Brasil e, frequentemente, sobre o oceano Atlântico Subtropical.
230
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

das temperaturas máxima e mínima, com grandes amplitudes térmicas,


formação de orvalho e declínio da umidade relativa”.

As condições de tempo verificadas em Chapecó de acordo com os registros da


Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 26,6ºC;
b) Temperatura mínima: 12,6ºC;
c) Vento: Nordeste com velocidade variando de 1,0 a 2,1 m/s;
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo.
e) Umidade relativa variando entre: 39 e 69%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 941 e 942,4 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

Figura 102: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES-13 Colorida (B) do dia 15 de
novembro de 2014.
Fonte: Cptec/INPE, 2014.

11.4.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 105 A) às 06 horas, nota-se


que as porções norte e leste da cidade apresentaram-se mais aquecidas do que as
porções sul e oeste.

231
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (18,5ºC) foi registrada no


bairro Trevo situado no extremo norte da cidade. E a menor temperatura (17ºC) foi
registrada no bairro Efapi situado na porção oeste da cidade.
As maiores temperaturas foram registradas no início de cada transecto (ou seja
no norte e no leste). Neste horário a cidade ainda se encontrava em processo de
resfriamento radiativo. O centro da cidade e arredores continuavam a liberar calor para
a atmosfera.
Neste episódio de tempo foram registradas as menores amplitudes térmicas da
zona urbana de Chapecó no horário das 06 horas em todos os campos analisados.
Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de
desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de
estresse ao frio (TE entre 16,8 e 17,5ºC) às 06 horas. Os índices de TE indicam que
todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de desconforto pelo frio.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (16,8 e 17,5ºC), produziram sensação térmica de frio e incômodo, provocando
nas pessoas resposta física de vasoconstrição nas mãos e pés.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar, necessitando de sol para o conforto.

11.4.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 105 B) às 15 horas, nota-se


que o bairro Centro (verticalizado e horizontalizado) e arredores apresentaram-se
mais aquecidos do que os subúrbios da cidade.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (29,3ºC) foi registrada no
bairro Centro (horizontalizado e verticalizado). E a menor temperatura (25ºC) foi
registrada no bairro Trevo situado no extremo norte da cidade, numa área aberta à
insolação direta e com a presença de campos e matas, conforme a figura 103.

232
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 103: Vista parcial do bairro Trevo de Chapecó sentido norte-sul.

O bairro Centro (horizontalizado e verticalizado) e arredores configuraram uma


ilha de calor de forte magnitude (4,3ºC). Notou-se também o deslocamento da ilha de
calor para o sudoeste e oeste da zona urbana, em função da atuação de ventos do
quadrante nordeste com velocidade variando de 1,0 a 2,1 m/s.
A ilha de calor atmosférica melhor se define no centro da cidade e arredores,
sendo que aí se encontra o “peak”, ou o ponto de maior temperatura e magnitude da
mesma.
Além disto a própria superfície do centro da cidade com sua massa de
edificações, atividades antropogênicas, e menor presença de áreas verdes
contribuem para elevar a temperatura do ar nestes locais, se comparada a periferia
ou zonas rurais.
Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de
desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de
conforto ou neutralidade térmica (TE entre 20,5 e 23,5ºC) às 15 horas. Os índices de
TE indicam que todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de
conforto térmico.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (20,5 e 23,5ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresco e conforto
233
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

ligeiramente cômodo, provocando nas pessoas resposta física de aumento das perdas
por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

11.4.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 15 de novembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 105 C) às 21 horas, nota-se


que o bairro Centro (verticalizado e horizontalizado) e arredores apresentaram-se
mais aquecidos do que os subúrbios da cidade.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (22,5ºC) foi registrada no
bairro Presidente Médici, vizinho ao bairro Centro. E a menor temperatura (19,8ºC) foi
registrada no bairro Seminário situado no sul da zona urbana, numa área de altitude
mais elevada, e com a presença de edificações esparsas, campos, matas e lavouras.
Houve a configuração de uma ilha de calor de média magnitude (2,7ºC) no
bairro Presidente Médici, caracterizado pela presença de edifícios, áreas
pavimentadas e pouca presença de vegetação, conforme a figura 104.

Figura 104: Vista parcial do bairro Presidente Médici, sentido norte-sul.


Fonte: Google Earth.

234
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A ilha de calor noturna se definiu melhor no bairro Centro e arredores,


comprovando a literatura internacional que diz que este fenômeno se define melhor
cerca de 2 ou 5 horas após o pôr-do-sol.
De acordo com Barros e Lombardo (op.cit, p.66) as principais causas da ilha
de calor urbano da atmosfera urbana inferior são: geometria urbana, poluição do ar,
emissão de calor a partir dos edifícios, tráfego e metabolismo dos organismos vivos,
cobertura do solo e materiais de construção. Neste sentido as únicas áreas que melhor
reúnem estes atributos são justamente as áreas centrais da cidade, logo as ilhas de
calor se definiram melhor no bairro Centro de Chapecó e arredores.
Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de
desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de leve
desconforto térmico devido ao frio (TE entre 17,5 e 20,7ºC) às 21 horas. Os índices
de TE indicam que todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de
conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (17,5 e 20,7ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresca e conforto
ligeiramente cômodo, sendo que a resposta fisiológica das pessoas corresponde ao
aumento das perdas por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

235
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 105: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 15 de novembro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

236
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

11.5 Análise do episódio do dia 06 de dezembro de 2014 associado ao Tempo


Anticiclônico Polar em Tropicalização

11.5.1 Circulação atmosférica regional e as condições de tempo registradas em


Chapecó/SC no dia 06 de dezembro de 2014

Analisando a carta sinótica (figura 106 A) e a imagem de satélite GOES-13


Colorida (figura 106 B) do 06 de dezembro, nota-se a presença de um centro de alta
pressão (Anticiclone Polar Atlântico), exercendo influência sobre o tempo da Região
Sul do Brasil.
Nota-se a presença de uma frente fria em processo de frontólise sobre o
Oceano Atlântico Tropical nas proximidades da África. Devido ao aquecimento do
interior do continente nota-se a formação de complexos convectivos sobre a Amazônia
e Centro-Oeste.
Chapecó encontrou-se sob domínio da massa polar velha ou tropicalizada, que
garantiu tempo estável, sol entre poucas nuvens, redução da umidade relativa do ar e
elevação da temperatura.
As condições de tempo verificadas em Chapecó, de acordo com os registros
da Estação Meteorológica Convencional do INMET foram as seguintes:
a) Temperatura máxima: 29,8ºC;
b) Temperatura mínima: 13,6ºC;
c) Vento: Norte com velocidade entre 1,0 e 4,1ºC;
d) Nebulosidade: céu totalmente limpo;
e) Umidade relativa variando entre: 46 e 63%;
f) Pressão Atmosférica: variando entre 937,8 e 941,6 hPa;
g) Precipitação: 0,0 mm.

237
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 106: Carta sinótica (A) e imagem de satélite GOES13 T-Realce (B) do dia 06 de
dezembro de 2014.
Fonte: Cptec/INPE (2014).

11.5.2 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 06 da manhã

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 110 A) às 06 horas, nota-se


que as porções norte, centro e leste da cidade apresentaram-se mais aquecidas do
que as porções sul e oeste.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (15ºC) foi registrada no bairro
Centro (horizontalizado e verticalizado). E a menor temperatura (12ºC) foi registrada
no bairro Efapi situado na porção oeste da cidade.
As maiores temperaturas foram registradas no início de cada transecto (ou seja
no norte e no leste). Neste horário a cidade ainda se encontrava em processo de
resfriamento radiativo. O centro da cidade e arredores continuavam a liberar calor para
a atmosfera, por isto as maiores temperaturas foram registradas nestes locais.
Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de
desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação térmica
de estresse ao frio (TE entre 13 e 14,5ºC) às 06 horas. Os índices de TE indicam que
todos os pontos dos transectos registraram sensação térmica de desconforto pelo frio.
238
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os


valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 06
horas (13 e 14,5ºC), produziram sensação térmica muito frio, provocando nas pessoas
resposta física de estremecimento.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se desconfortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar, necessitando de sol para o conforto.

11.5.3 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 15 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 110 B) às 15 horas, nota-se


que o bairro Centro (verticalizado e horizontalizado) e arredores apresentaram-se
mais aquecidos do que os subúrbios da cidade.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (32ºC) foi registrada no bairro
Centro (horizontalizado e verticalizado), caracterizado pela presença de edifícios,
áreas comerciais, ruas pavimentadas com asfalto, poucas áreas verdes e intensa
atividade antropogênica, conforme a figura 107.

Figura 107: Vista parcial do bairro Centro de Chapecó, sentido sul-norte.


Fonte: Google Earth, 2015.
239
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

O bairro Centro e bairros vizinhos à oeste como os bairros Jardim Itália e São
Cristóvão configuraram um ilha de calor de média magnitude (4ºC), conforme a figura
110.
Mais uma vez a ilha de calor se configurou ou se formou na área da cidade
onde as atividades antrópicas são mais intensas, ou seja, na sua área comercial
central ou CBD (Central Bussiness District).
Já a menor temperatura (28ºC) foi registrada no bairro Santa Maria numa área
aberta à insolação direta e com a presença de campos, matas e lavouras, conforme a
figura 108.

Figura 108: Vista parcial do bairro Santa Maria, sentido leste-oeste.


Fonte: Google Earth, 2015.

Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de


desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de leve
desconforto pelo calor (TE entre 24 e 26ºC) às 15 horas. Os índices de TE indicam
que todos os pontos dos transectos registraram sensação de desconforto térmico
devido ao calor.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 15
horas (24 e 26ºC), produziram sensação térmica neutra e conforto cômodo,
provocando nas pessoas resposta física de regulação vascular.

240
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a periferia da zona


urbana de Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e
umidade relativa do ar.
Já o bairro Centro e bairros vizinhos apresentaram-se desconfortáveis devido
ao calor, necessitando de vento para o conforto. Assim, neste episódio de domínio
das condições atmosféricas pela massa polar velha ou tropicalizada verificou-se que
a configuração da ilha de calor às 15 horas sobre o bairro Centro contribui para
provocar a sensação de desconforto térmico devido ao calor nas pessoas, fazendo
com que as mesmas ativassem os mecanismos de termorregulação corporal interna
como a transpiração e a vasodilatação.

11.5.4 O campo e o conforto térmico de Chapecó ao longo dos transectos no


episódio do dia 06 de dezembro de 2014, associado ao Tempo Anticiclônico
Polar em Tropicalização– horário das 21 horas

Analisando o campo térmico de Chapecó (figura 110 C) às 21 horas, nota-se


que o bairro Centro (verticalizado e horizontalizado) e arredores apresentaram-se
mais aquecidos do que os bairros situados nos extremos norte, sul, leste e oeste da
zona urbana.
A maior temperatura da zona urbana de Chapecó (29ºC) foi registrada no bairro
São Cristóvão localizado próximo ao bairro Centro (horizontalizado e verticalizado).
Houve a configuração de uma ilha de calor de forte magnitude (4,5ºC) ao longo
dos bairros centrais da cidade (São Cristóvão, Jardim Itália, Centro e Presidente
Médici). Mais uma vez a ilha de calor noturna melhor se definiu e teve maior magnitude
nas áreas centrais da cidade.
Já a menor temperatura (24,5ºC) foi registrada no bairro Seminário, localizado
na porção sul da cidade, numa área caracterizada pela presença de residências
esparsas, matas, lavouras, campos (vide figura 109) e onde os processos de
evapotranspiração são mais intensos favorecendo a diminuição da temperatura do ar.

241
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 109: Vista parcial do bairro Seminário, sentido sul-norte.


Fonte: Google Earth, 2015.

Em relação ao conforto térmico, de acordo com a tabela do índice de


desconforto de Thom (1959) a zona urbana de Chapecó registrou sensação de
conforto ou neutralidade térmica (TE entre 21,5 e 24,5ºC) às 21 horas. Os índices de
TE indicam que todos os pontos dos transectos registraram sensação de conforto.
De acordo com a tabela do índice de desconforto térmico de Garcia (1995) os
valores de TE (temperatura efetiva) registrados na zona urbana de Chapecó às 21
horas (21,5 e 24,5ºC), produziram sensação térmica ligeiramente fresca e conforto
ligeiramente cômodo, provocando nas pessoas resposta física de aumento das perdas
por calor seco.
De acordo com o diagrama do conforto humano do INMET, a zona urbana de
Chapecó apresentou-se confortável do ponto de vista da temperatura e umidade
relativa do ar.

242
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

A B C

Figura 110: Campo térmico e os perfis de temperatura do ar e efetiva ao longo dos transectos norte-sul, leste-oeste da zona urbana de Chapecó-SC às 06 (A), 15 (B) e 21 horas (C) do dia 06 de dezembro de 2014.
Fonte: Trabalho de campo.
Autor: Costa, E.R. da (2014).

243
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 12-ANÁLISE DA ILHA DE CALOR SUPERFICIAL DA ZONA


URBANA DE CHAPECÓ-SC

Para complementar a análise da distribuição espacial da ilha de calor


atmosférica, foram elaboradas duas cartas térmicas de superfície para a zona urbana
de Chapecó, sendo uma representativa do inverno (06 de setembro de 2013) e outra
representativa do verão (28 de janeiro de 2014).
As condições atmosféricas em Chapecó no dia 06 de setembro de 2013
encontrava-se sob domínio da massa polar atlântica (conforme a figura 111), e o tipo
de tempo verificado no local foi o Tempo Anticiclônico Polar Marítimo, definido por
Sartori (op.cit, 2003, p.32) como:

“O tipo de tempo relacionado ao domínio na região da MPA (Massa Polar


Atlântica) típica (marítima) com o centro do APA (Anticiclone Polar Atlântico)
sobre o oceano, mas próximo ao continente, na latitude do Estuário do Prata
e Uruguai. Caracteriza-se por declínio de temperatura, ventos de leste (E),
sul (S) e sudeste (SE) leves a fracos, pressão atmosférica em alta, mas com
valores absolutos inferiores ao tipo anterior, umidade relativa média em torno
de 70% e céu limpo, que favorece a insolação diária e o balanço positivo de
radiação, provocando temperaturas máximas em geral acima de 20°C,
grande amplitude térmica e, à noite, intenso balanço negativo de radiação.
Dependendo da temperatura da massa de ar e da época do ano, pode ocorrer
geada, orvalho e/ou nevoeiro”.

As condições atmosféricas em Chapecó no dia 28 de janeiro de 2014


encontrava-se sob domínio da massa tropical atlântica (conforme a figura 112), e o
tipo de tempo verificado no local foi o Tempo Anticiclônico Tropical Marítimo, definido
por Sartori (op.cit, 2003, p.33) como:
“O estado atmosférico semelhante ao do Tempo Anticiclônico Polar em
Tropicalização, mas relacionado ao domínio na região da MTA (Massa
Tropical Atlântica), que origina tempo bom, com fluxos predominantemente
de nordeste (NE) e leste (E) leves, temperaturas elevadas (entre 19°C e
35°C), céu limpo e formação de orvalho. Em geral, tem duração efêmera, isto
é, no máximo dois dias, em virtude de anteceder a chegada da FPA (Frente
Polar Atlântica), substituindo a MPV (Massa Polar Velha ou Tropicalizada) na
fase pré-frontal, quando se dá a fusão do Anticiclone Polar com o ATA
(Anticiclone Tropical Atlântico)”.

244
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 111: Carta sinótica do dia 06 de setembro de 2013, em que as condições atmosféricas
em Chapecó encontravam-se sob domínio do Anticiclone Polar Atlântico (APA).
Fonte: Marinha do Brasil, DHN (Departamento de Hidrografia e Navegação).
245
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 112: Carta sinótica do dia 28 de janeiro de 2014, em que as condições atmosféricas
em Chapecó encontravam-se sob domínio do Anticiclone Tropical Atlântico (ATA).
Fonte: Marinha do Brasil, DHN (Departamento de Hidrografia e Navegação).
246
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

12.1 O campo térmico de Chapecó ao nível da superfície: análise do episódio do


dia 06 de setembro de 2013

Analisando-se o campo térmico de Chapecó ao nível da superfície (figura 115)


no dia 06 de setembro de 2013, verificou-se uma diferença de 9ºC entre as áreas mais
e menos aquecidas.
As áreas menos aquecidas corresponderam aos fundos de vale vegetados,
áreas de vegetação florestal e campestre, áreas de solo nú, de lavouras, o parque
Índio Condá, o Ecoparque e o Lajeado São José.
O parque Índio Conda, o Ecoparque e o Lajeado São José pela presença de
vegetação florestal e campestre, contribuírem para a formação de ilhas de frescor de
superfície de magnitude muito forte (-9ºC).
A porção sul, mais precisamente os bairros Universitário e Seminário
apresentou temperatura variando entre 17,4 e 22ºC, bem inferior ao bairro Trevo
situado no norte da zona urbana de Chapecó.
A altitude somada a presença de vegetação florestal, campestre, lavouras e
áreas expostas nos bairros Universitário e Seminário, podem explicar o menor
aquecimento dos mesmos em relação ao norte e ao centro da cidade.
Os bairros Trevo, Belvedere e Líder situados na porção norte da zona urbana
de Chapecó, apresentaram as maiores temperaturas de superfície (entre 23,1 e
26,5ºC), configurando uma ilha de calor de superfície de magnitude muito forte (+9ºC).
Nos bairro Trevo, Belvedere e Líder, além da escassa presença de áreas
florestais e campestres, há a presença predominante de vertentes quentes (com
orientação leste, norte, noroeste e oeste), áreas pouco declivosas o que favorece o
aquecimento da superfície e maiores temperaturas aí registradas.
Os bairros Trevo, Belvedere e Líder apresentaram cerca de 4ºC mais aquecidos
do que o bairro Centro. O bairro Efapi e Engenho Brawn também apresentaram
temperaturas de superfície maiores do que o bairro Centro. O que pode explicar este
comportamento talvez seja o intenso fluxo de veículos em direção ao distrito industrial
onde se localiza a empresa Sadia e também estes bairros são cortados por rodovias
que ligam Chapecó ao extremo oeste catarinense (SC-283) e ao Rio Grande do Sul
(SC-240), sendo ai intenso o fluxo de caminhões, que emitem particulados e fumaça
favorecendo o aquecimento da superfície.

247
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

As superfícies urbanas como os telhados rugosos, telhados escuros, asfalto e


concreto apresentam albedo menor (isto é absorvem mais radiação solar do que
refletem) armazenando mais radiação de ondas longas (calor). Por outro lado as
superfícies verdes como a grama, campos, matas e florestas e os telhados de alta
refletividade apresentam um albedo maior (ou seja, refletem mais radiação solar do
que absorvem), armazenando menos radiação de ondas longas (calor).
Na figura 113 temos o albedo de alguns materiais urbanos, sendo que uns
favorecem mais o armazenamento de calor do que outros, em função do valor de seu
albedo (grau de refletividade ou refletância solar).

Figura 113: Albedo de alguns matérias urbanos.


Fonte: EPA.

Assim a temperatura de superfície da zona urbana de Chapecó será maior nos


bairros ou locais onde as superfícies pavimentadas e construídas de concreto escuro
se sobressaem em relação as áreas verdes (campos, matas) e superfícies líquidas.
Nos bairros centrais da cidade e naqueles com pouca presença de áreas
verdes e superfícies liquidas, a absorção e retenção de calor são maiores, logo a
temperatura do ar e da superfície serão bem maiores do que as áreas rurais e aquelas
com a presença de grama, árvores e córregos (vide a figura 114).

248
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 114: Diferenças de cobertura da superfície e albedos, geram também diferenças de


aquecimento do ar e da superfície dentro de determinada malha urbana.
Fonte: TRICHÊS (2014).

Uma das estratégias para reduzir o desconforto térmico do pedestre, a


magnitude e os efeitos da ilha de calor atmosférica e de superfície nas cidades é
aumentar o albedo da zona urbana, através da substituição de superfícies escuras,
por superfícies mais claras.
Neste sentido Rosenfeld et al (1998) destaca que a prática mais utilizada para
mitigar a ilha de calor urbano é a mudança da cor das superfícies para cores mais
claras, que consigam refletir mais efetivamente a luz solar, tanto a visível como a
invisível (geralmente a infravermelha).
Um exemplo de mudança da cor das superfícies urbanas corresponde ao uso
de pigmentos coloridos para aumentar o valor do albedo da mistura asfáltica.
No estudo realizado por Trichês (2014), as misturas coloridas atingiram uma
reflectância de 73%, quase que dobrando o albedo de um mistura asfáltica
convencional.
Ainda de acordo com Trichês (2014) o incremento ou aumento do albedo
permite diminuir a temperatura da superfície dos revestimentos asfálticos em 2°C e
em até 4°C na temperatura no interior dos mesmos. Essa redução permitiria uma
diminuição da temperatura do ar do meio ambiente no meio urbano, reduzindo o
consumo de energia para a climatização de ambientes construídos.
Assim de acordo com Giordano e Krüger (2014, p. 20) a adoção de materiais
de alto albedo nas superfícies urbanas pode ter um impacto bastante significativo na

249
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

melhoria do conforto térmico urbano e na redução dos efeitos de ilha de calor tanto
atmosférica quanto superficial.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 115: Carta térmica de superfície de Chapecó no dia 06 de setembro de 2013.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

12.2 O campo térmico de Chapecó ao nível da superfície: análise do episódio do


dia 28 de janeiro de 2014

Analisando-se o campo térmico de Chapecó ao nível da superfície (figura 116)


no dia 28 de janeiro de 2014, verificou-se uma diferença de 7ºC entre as áreas mais
e menos aquecidas.
Igualmente a carta térmica de superfície do mês de dezembro, as áreas menos
aquecidas corresponderam aos vales florestados dos principais córregos e arroios,
área de parques (Ecoparque e Parque Índio Conda), área de vegetação florestal e
campestre e áreas com presença de água (Lajeado São José Represado). Estas
áreas apresentam intenso processo de evapotranspiração e evaporação, que
refrescam o ar e fornecem umidade ao ambiente.
Neste sentido Dumke (2007, p.120) destaca que:

a água, ao evaporar, consome energia, que é transferida na forma de calor


latente para o vapor d’água, resultando no esfriamento das superfícies
úmidas ou com vegetação que, em função disso, apresentam temperaturas
menos elevadas que as superfícies secas. As altas taxas de
evapotranspiração promovidas pelas grandes superfícies vegetadas,
notadamente em dias de céu claro, resultam em perdas significativas de
temperatura que, interagindo com a circulação atmosférica, alteram o clima
Local, uma vez que “a circulação atmosférica decorre da distribuição não
uniforme da radiação solar sobre a Terra, do movimento de rotação da Terra,
das diferenças entre propriedades térmicas da Terra e da água, do relevo, da
evaporação e da evapotranspiração”

O Ecoparque, o parque Índio Conda e o Lajeado São José (represado),


configuraram ilhas de frescor de superfície de magnitude muito forte (-7ºC). As áreas
mais aquecidas corresponderam aquelas em que a urbanização é mais intensa e onde
a presença de áreas verdes é escassa como partes do bairro Efapi, Engenho Brawn,
Trevo, Belvedere, Centro e Maria Goretti. Os bairros Efapi, Trevo e Belvedere
configuraram ilhas de calor de superfície de muito forte magnitude (+7ºC). Notou-se
também que as áreas mais aquecidas se localizaram ao norte e oeste da zona urbana,
o que pode ter relação com o aquecimento diferencial produzido pelo movimento
aparente do sol de leste para oeste e que nas cidades subtropicais podem influenciar
no clima urbano (SARTORI, 1979).
Destaca-se ainda que as áreas mais ou menos aquecidas ao nível da superfície
do solo, guardam relação direta com os diferentes usos da terra (figura 118).

252
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 116: Carta térmica de superfície de Chapecó no dia 28 de janeiro de 2014.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CAPÍTULO 13- A QUALIDADE AMBIENTAL DA ZONA URBANA DE


CHAPECÓ/SC

A análise e o mapeamento da qualidade ambiental urbana de Chapecó-SC


foram realizados com base numa adaptação da metodologia proposta por Nucci
(1996, 2001).
Nesta metodologia Nucci, propõem o estudo da qualidade ambiental do distrito
de Santa Cecília município de São Paulo, através do mapeamento de atributos
negativos que venham a comprometer a qualidade do ambiente urbano, como: uso do
solo, poluição, espaços livres, verticalidade das edificações, pontos de enchentes,
densidade populacional e cobertura vegetal.
De acordo com Lima (op.cit, p. 115) a metodologia possui como principal
ferramenta a representação de atributos ambientais negativos para sua posterior
análise integrada, com base no cruzamento destes para chegar a uma síntese, ou
seja, a carta de qualidade ambiental.
Estas cartas quando sobrepostas através do emprego de ferramentas de
geoprocessamento que visam o cruzamento de mapas (ex: LEGAL do Spring,
Intersect do Arcgis, etc) permitem a geração do mapa síntese com as informações
espacializadas da qualidade ambiental da área estudada.
Para analisar e mapear a qualidade ambiental urbana de Chapecó foram
quantificados e espacializados em cartas os seguintes atributos negativos: uso do
solo, poluição, densidade populacional, desertos florísticos, déficit de espaços livres,
pontos de enchentes (alagamentos) e verticalização.
A carta de uso do uso do solo segundo Minaki e Amorim (op.cit, p.233) é
fundamental para compreender a organização espacial da cidade, contribuindo para
as ações do planejamento urbano na identificação de problemas.
Neste trabalho foram estabelecidas três classes de uso do solo: a) praças e
parques urbanos; b) uso residencial e c) outros usos ou usos mistos (residencial,
comercial, industrial).
Na figura 118 temos a carta de uso do solo de Chapecó-SC. Nota-se que os
usos mistos predominam no bairro Centro, Efapi e nos principais eixos viários da zona
urbana.

254
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

No bairro Efapi temos os usos industriais ligados às principais empresas do


setor do agronegócio e de alimentos com projeção nacional como a Sadia, Aurora,
Laticínios Tirol, entre outras.
O bairro Centro reúne os principais centros comerciais, restaurantes, agências
bancárias, academias, bares, entre outros. O uso residencial predomina nas áreas
afastadas do centro da cidade e dos principais eixos viários (vide figura 118).
Os principais parque urbanos são o Ecoparque e o Parque Índio Conda que
influenciam na diminuição da temperatura do ar ao nível microclimático e se
configuram em “ilhas frias” causando descontinuidade do plateau (ilha térmica),
conforme observado nas análises do campo térmico e no perfil médio da ilha de calor
urbana de Chapecó/SC (vide figura 117)
Em relação ao atributo poluição ou fontes poluidoras fez-se uma análise
qualitativa do fluxo de veículos nas principais vias de circulação de Chapecó-SC e
mapeou-se os usos poluidores relacionados à oficinas, postos de gasolina,
estacionamentos, revendas de automóveis, lava-jatos, funilarias, indústrias, entre
outros.
A poluição sonora e do ar contribuem diretamente para reduzir a qualidade de
vida das cidades.
Não há dúvida de que as principais fontes poluidoras nas cidades são os
automóveis. "A poluição por automóveis e congestionamentos são os maiores fatores
que fazem as cidades de hoje um desagradável lugar para se viver." (MARCUS;
DETWYLER, 1972).
O aumento de carros em circulação, além de piorar o trânsito, faz com que a
quantidade de poluentes na atmosfera também aumente, além do aumento do
estresse, aumento no número de atropelamentos, entre outros. (NUCCI, op.cit, p.75).
Em relação as fonte poluidoras Nucci (op.cit, p.76) destaca que:

Não é preciso muito esforço para comprovar que as serralherias, mecânicas,


funilarias e postos de gasolina são usos altamente poluidores. Mecânicas,
funilarias e postos de gasolina trabalham diretamente com automóveis,
motos, ônibus e caminhões e, portanto, o afluxo de veículos para esses locais
é muito alto; consequentemente essas áreas sofrem com a poluição
atmosférica e sonora proveniente desses veículos. Além disso, o próprio
funcionamento desses estabelecimentos gera poluição, que não fica restrita
ao interior dos estabelecimentos, mesmo porque muitas oficinas e postos de
gasolina utilizam a calçada como área para seus serviços. As serralherias
apresentam como principal incômodo a geração de ruídos, mas também
ocorre um aumento do movimento de veículos e a utilização das calçadas
para os serviços.

255
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 117: Perfil médio da ilha de calor urbana em Chapecó/SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 118: Carta de uso do solo da zona urbana de Chapecó/SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Analisando o mapa de poluição da zona urbana de Chapecó (figura 119) nota-


se que as áreas mais poluídas de acordo com a localização da fonte poluidora são o
bairro Centro e as principais vias de circulação que cortam a cidade de norte a sul, e
do leste para o oeste, como a SC-283 e a SC-480, onde se localizam os principais
serviços ligados ao setor de transporte, e onde há os maiores tráfegos de veículos.
O aporte da material particulado e o “calor antropogênico” gerado no bairro
Centro contribuem para a geração de bolsões de ar mais aquecidos (ilhas de calor)
neste local logo após o meio-dia (15 horas) e a noite (21 horas).
A densidade populacional é um outro atributo negativo que pode alterar ou
diminuir a qualidade ambiental de um determinado local.
Lima (2011, p.119) afirma que:
A densidade demográfica é um aspecto que interfere na qualidade ambiental
das cidades. Muitas vezes, a alta densidade está relacionada com as
condições econômicas da população, falta ou inadequado planejamento e
infra-estrutura urbana. A concentração de habitantes numa determinada área
pode influir na pressão exercida sobre ambiente, considerando seus aspectos
físicos, e podem estar relacionadas, também, com áreas de ocupação
irregular e ilegal da cidade.

Nucci (2008, p.43) destaca que com a verticalização das edificações ocorre
também um aumento da densidade populacional que leva a uma queda da qualidade
ambiental.
Ainda de acordo com Nucci (2008, p. 46):

“Os impactos no ambiente gerados pela verticalização vão de aspectos


facilmente identificados, como impermeabilização total do solo, aumento da
densidade demográfica, diminuição do espaço livre, diminuição da insolação,
aumento do volume construído, até as consequências mais complicadas de
serem estudadas, como a alteração na dinâmica dos ventos e criação de
microclimas alterando o conforto térmico da população. Como consequência
desses primeiros impactos aparecem: uma sobrecarga da rede viária, de
esgoto, de água, de eletricidade, coleta e deposição de lixo, etc. Ocorre
também um aumento do runoff das águas de esgotamento e pluviais. Nos
espaços livres remanescentes é comum a aglomeração de usuários.
Formam-se pequenas ilhas de calor que se unindo podem se constituir em
uma grande ilha, alterando assim o mesoclima urbano e ocasionando
desconforto térmico”.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 119: Carta de poluição da zona urbana de Chapecó.


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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Analisando a figura 120 da densidade populacional, nota-se que as maiores


densidades foram registradas nos setores censitários pertencentes aos bairros
Centro, Efapi e Líder. O bairro Centro conforme a figura 121 é também o mais
verticalizado, logo o mais adensado da zona urbana. A verticalização como visto
anteriormente provoca uma série de impactos ao ambiente, e para o clima urbano
interfere diretamente na formação das ilhas de calor pela presença de “cânions
urbanos” que se formam entre os edifícios e seus processos intrínsecos de reflexão e
absorção de energia solar (calor).
Em relação ao atributo desertos florísticos (figura 122) nota-se que grande parte
da zona urbana de Chapecó possui cobertura vegetal acima de 5%, sendo que as
áreas com cobertura vegetal abaixo de 5% e que se caracterizam como um deserto
florístico, se localizam em partes dos bairros Centro, Engenho Brawn, Efapi, Passo
dos Fortes e Líder.
A vegetação no espaço urbano assume importância para o ambiente e para a
qualidade de vida da população através do conforto térmico e aumento das áreas
permeáveis, entre outros fatores (LIMA, 2011, p.121).
Para Minaki e Amorim (op.cit, p.243) a presença da vegetação, além de
contribuir para a melhoria da paisagem, pode amenizar o clima urbano, favorecendo
a qualidade ambiental urbana. Além disto a vegetação cumpre funções estética,
visual, ecológica e de lazer muito importantes para a vida social da cidade.
De acordo com Nucci (2008, p. 106):

“além de todos os benefícios que a vegetação pode trazer ao ser humano,


conclui-se que em lugares sem ou com baixa quantidade de vegetação
(abaixo de 5%) a qualidade ambiental é bem inferior à desejável. Todavia,
não se pode afirmar que em lugares com mais de 5% com cobertura vegetal
a qualidade ambiental é aceitável. Nesse caso devem-se considerar
conjuntamente todas as outras variáveis”.

O bairro Centro de Chapecó pode apresentar características de um “deserto”


dado seu baixo índice de cobertura vegetal, conforme (OKE, 1973).
Em relação ao déficit de espaços livres públicos (figura 123) nota-se há muito
pouco destes espaços na zona urbana de Chapecó.
São considerados espaços livres os espaços urbanos ao ar livre destinados a
usos como caminhadas, descanso, passeio, prática de esportes, recreação e
entretenimento e horas de ócio, podendo ser privados ou públicos, mas
potencialmente coletivos (CAVALHEIRO et al., 1999).
260
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Para Nucci (1998 p. 215-216) o sistema de espaços livres “é o conjunto de


espaços urbanos ao ar livre, destinados a todo tipo de utilização relacionada a
pedestres, descanso, passeio, prática de esporte” etc.
A presença dessas áreas, além de contribuir para a melhoria da paisagem,
pode amenizar o clima urbano, favorecendo a qualidade ambiental urbana (MINAKI E
AMORIM, op.cit, p. 242).
Foram contabilizadas 13 áreas ocupadas pela população assistida pelo sistema
de espaços livres públicos e 5 espaços livres públicos, entre eles o Ecoparque e o
Parque Índio Conda, tão importantes na diminuição da temperatura ao nível
microclimático, e no ganho de qualidade de vida e ambiental, já que são espaços de
lazer, recreação e sociabilização.
Em relação ao atributo negativo “enchentes” ou áreas susceptíveis aos
alagamentos na zona urbana de Chapecó (figura 124), nota-se que o bairro Centro
apresenta vários pontos alagáveis. Destaca-se que o Córrego do Passo dos Índios
que banha o Centro foi canalizado no seu curso médio e os pontos alagáveis do
mesmo são áreas onde o córrego encontra-se desprovido de mata-ciliar e assoreado.
As enchentes são fenômenos naturais que, além de serem provocados por
chuvas de magnitude elevada, podem ser decorrentes do transbordamento de cursos
d’água, resultantes da urbanização e de mudanças no ciclo hidrológico nas cidades
(POMPÊO, 2000, p. 15-16).
Neste sentido nota-se que a maioria dos pontos susceptíveis de alagamentos
encontram-se localizados na zona urbana, em áreas muito adensadas e
impermeabilizadas como o bairro Centro.

As causas das enchentes estão relacionadas com a impermeabilização, que


causa uma diminuição da infiltração da água no solo e um aumento do
escoamento superficial (runoff). Isso, associado à canalização de córregos,
faz com que a água da chuva que cai na cidade flua com maior rapidez para
os corpos principais de água, que não conseguem dar vazão ao grande
volume. A capacidade de vazão do rio é também diminuída pelo
assoreamento ocasionado pelo constante remanejamento de terras devido
ao crescimento desenfreado da cidade (NUCCI, 2008, p.17).

O adensamento urbano altera o ciclo hidrológico em razão de fatores como a


modificação da superfície, a canalização do escoamento, o aumento da poluição por
causa do ar contaminado, das superfícies urbanas e do material sólido utilizado pela
população (TUCCI, 2003, p. 36).

261
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Minaki e Amorim (op.cit, p. 238) destacam que:

O ciclo hidrológico, um subsistema do sistema urbano, é mais um integrante


que passa a atuar em desequilíbrio. Como exemplo, o aumento da vazão
torna-se comum graças ao escoamento canalizado e à diminuição da
evapotranspiração. Esse indicador, quando não abordado pelo planejamento
urbano, pode se tornar muito dispendioso não só em termos financeiros. Nas
cidades em que não há planejamento da drenagem urbana, tornam-se
comuns problemas como a inundação. Isso se agrava pelo fato de que a
população de classe social baixa é quem mais sofre as consequências do
mau ordenamento do solo urbano.

As enchentes ou alagamentos urbanos causam transtornos dos mais variados,


reduzindo com isto a qualidade de vida e ambiental das áreas onde ocorrem.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 120: Carta de densidade populacional da zona urbana de Chapecó-SC.

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Figura 121: Carta de verticalidade das edificações da zona urbana de Chapecó-SC.

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Figura 122: Carta de desertos florísticos da zona urbana de Chapecó-SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 123: Carta de déficit de espaços livres públicos da zona urbana de Chapecó-SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Figura 124: Carta das áreas susceptíveis de alagamentos na zona urbana de Chapecó-SC.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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Considerando-se os aspectos negativos de cada atributo: usos do solo


incompatíveis, densidade populacional, desertos florísticos, áreas de risco de
enchentes, déficit de espaços públicos, poluição (fontes poluidoras) e verticalização
foram elaborados em um SIG no software Arcgis, a carta de qualidade ambiental de
Chapecó-SC.
A partir da ferramenta Intersect desse software foi feito o cruzamento das
informações de cada atributo. Assim, gerou-se a representação das áreas que
apresentaram a soma dos atributos negativos; as que não tiveram nenhum atributo
foram classificadas, neste caso, como de alta qualidade ambiental em relação aos
indicadores utilizados nesta pesquisa.
Portanto, a representação da qualidade ambiental resulta da sobreposição dos
símbolos considerando os aspectos negativos de cada atributo. A área que possui a
ocorrência de todos os atributos possui baixa qualidade ambiental em relação as que
apresentam menos. A qualidade ambiental de Chapecó-SC foi classificada em:

a) Presença de 5 a 7 atributos - baixa qualidade ambiental;


b) Presença de 3 a 5 atributos – média qualidade ambiental;
c) Presença de 1 a 2 atributos – alta qualidade ambiental.

Analisando a figura 125 nota-se que o bairro Centro e arredores apresentaram


de 5 a 7 atributos negativos apresentando portanto baixa qualidade ambiental.
As principais vias de circulação que cortam a cidade como as SC-283 e 480,
apresentaram baixa qualidade ambiental, em função entre outras da presença de
intensa atividade antrópica ligada ao transporte.
Já os bairros Engenho Brawn e Efapi apresentaram na sua maioria, áreas com
média e baixa qualidade ambiental. As áreas de baixa qualidade ambiental nos bairros
Efapi e Engenho Brawn além da apresentarem atributos negativos, também contam
com a presença das agroindústrias Sadia e Aurora, que produzem impactos
socioambientais, como a emissão de poluentes químicos pelas chaminés das fábricas
e poluição sonora pelo intenso fluxo de saída e chegada de caminhões frigoríficos.
Os espaços livres públicos, as áreas de matas, campos e parques urbanos
assim como grande parte dos bairros situados na periferia apresentaram alta
qualidade ambiental.
A porção leste da zona urbana de Chapecó também apresentou alta qualidade
ambiental.
268
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

As ilhas de calor melhor se definem no bairro Centro no horário das 15 e 21


horas, justamente num local onde a qualidade ambiental é baixa, em função da
verticalização, alta densidade populacional, déficit de espaços livres, presença de
desertos florísticos (algumas áreas), fontes poluidoras, pontos de alagamentos e uso
misto do solo.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Figura 125: Carta de qualidade ambiental urbana de Chapecó-SC

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O campo térmico de Chapecó guarda relação direta com a circulação


atmosférica regional (dada pela atuação e domínio das condições atmosféricas pelas
diferentes massas de ar e seus respectivos tipos de tempo) e com a dinâmica
socioambiental da cidade, a qual é responsável através da presença de elementos
geourbanos e geoecológicos pela geração de um clima especificamente urbano.
As derivações ambientais produzidas pela urbanização em Chapecó são
capazes de produzir um clima urbano em que o subsistema termodinâmico e seu canal
de percepção (conforto térmico) se sobressaem em relação aos demais subsistemas
do SCU (Sistema Clima Urbano).
Dentre os vários produtos do SCU de Chapecó temos o fenômeno das ilhas de
calor atmosférica e de superfície, cada qual com uma dinâmica espaço-temporal, e
processos de formação específicos.
A análise do campo térmico permitiu o entendimento da gênese, da intensidade
e da dinâmica espaço-temporal da ilha de calor atmosférica em Chapecó em
diferentes tipos de tempo e horários.
Assim sendo, notou-se que em todos os tipos de tempo, não houve a
configuração de ilhas de calor no horário das 06 horas visto que, neste horário toda a
malha urbana encontra-se em processo de resfriamento radiativo associado ao
balanço negativo de radiação. Assim, não se pode dizer que a urbanização influencia
o comportamento térmico da cidade neste horário.
Todas as ilhas de calor se configuraram no bairro Centro (horizontalizado e
verticalizado) e arredores, principalmente nos horários de maior aquecimento do ar
(15 horas) e as 21 horas quando o Centro mais aquecido começa a liberar lentamente
a energia acumulada durante o dia, favorecendo a definição das ilhas de calor
noturnas.
Em relação a magnitude (quadro 18), notou-se o predomínio das ilhas de calor
de média magnitude (entre 2 e 4ºC), em função entre outros fatores, das ruas largas
de Chapecó que favorecem a entrada e a perda de radiação devido ao maior fator de
céu visível (Sky View Factor).
A ilha de calor de muito forte magnitude (acima de 6ºC) foi registrada em
apenas dois episódios, sendo um sob domínio das condições atmosféricas pela

271
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

massa polar continental e outra pela massa polar típica e no inverno. Isto se deve ao
fato da periferia da cidade se aquecer menos no inverno do que os bairros centrais e
também devido ao menor ângulo de incidência dos raios solares e a menor radiação
solar global nesta estação do ano. Além disto, o relevo com altitudes mais elevadas
presentes nas periferias ou porções leste e sul da cidade, favorecem a redução da
temperatura do ar principalmente nas noites de inverno, quando em condições de céu
limpo o resfriamento radiativo se torna mais rápido e intenso.
Assim, o aquecimento do ar provocado pela maior absorção de radiação solar
pelas superfícies pavimentadas e com menor albedo, associada ao calor
antropogênico produzido nas áreas centrais favorecem o aparecimento da ilha de
calor atmosférica e maiores amplitudes térmicas centro-periferia, principalmente no
inverno.

Quadro 18: Magnitude das ilhas de calor em Chapecó no episódios, horários e tipos de tempo
estudados.
Fonte: Trabalho de Campo (2014).

272
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Notou-se também que em episódios sob domínio de sistemas atmosféricos


polares (Massa Polar Atlântica e Massa Polar Continental) e na estação de inverno
foram registradas as ilhas de calor de magnitude forte e muito forte.
Já em episódios sob domínio de sistemas atmosféricos tropicais (Massa
Tropical Atlântica) e sistemas polares enfraquecidos (Massa Polar Velha ou
tropicalizada) houve o predomínio de ilhas de calor de média magnitude.
Na cidade de Chapecó não foi registrada nenhuma ilha de calor de fraca
magnitude, em função entre outros do porte médio da mesma, e da intensidade das
derivações antrópicas do ambiente, que conduzem a geração de um clima urbano e
seus produtos.
No inverno e nos episódios sob domínio de sistemas polares (Massa Polar
Atlântica e Massa Polar Continental) foram registradas as ilhas de calor noturnas de
maior magnitude (entre 5 e 6,5ºC). Isto ocorre à noite, quando tanto o campo quanto
a cidade se resfriam através da perda de radiação para a atmosfera na faixa do
infravermelho a intensidade da ilha térmica torna-se maior em consequência do fluxo
de calor que se mantém entre as edificações feitas pelo homem e o ar (DANNI, op.cit,
p.38).
Nesta latitude subtropical em que se localiza a cidade de Chapecó, notou-se
também que a ilha de calor melhor se definiu e teve maior magnitude nos episódios
de domínio dos sistemas polares (Massa Polar Atlântica e Massa Polar Continental) e
no inverno. Isto confirma Garcia (op.cit, p.30) ao afirmar que o fenômeno ilha de calor
pode ser observado com maior nitidez durante o inverno, poucas horas após o pôr-
do-sol, numa situação de calmaria anticiclônica, com pouca nebulosidade e com
ventos fracos.
A ilha de calor atmosférica além de aumentar a temperatura dos locais onde se
instala e promover uma circulação local do vento da periferia para o centro das cidades
(pode concentrar a poluição do ar nas áreas centrais da cidade), ainda provoca
desconforto térmico ao pedestre ao ar livre, principalmente nos episódios de tempo
associados a sistemas tropicais na estação do verão.
Em relação ao conforto térmico de Chapecó ao nível do pedestre, notou-se que
no horário das 06 horas os únicos episódios em que foram verificadas sensação
térmica confortável, foram aqueles sob domínio de sistemas atmosféricos tropicais

273
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

(Massa Tropical Atlântica) na estação do verão (31 de janeiro e 06 de fevereiro),


conforme o quadro 19.
Nas demais estações do ano e episódios de tempo analisados foram
verificadas sensação térmica de estresse ao frio no horário das 06 horas.
No horário das 06 horas a sensação térmica de estresse ao frio foi verificada
do início do outono ao final da primavera e em episódios de domínio das condições
de tempo por sistemas atmosféricos polares (Massa Polar Marítima e Massa Polar
Continental) e sistemas polares em tropicalização (Massa Polar Velha ou
tropicalizada). Assim, o processo de perda de radiação ou resfriamento radiativo
verificado às 06 horas contribuiu para gerar sensação térmica desconfortável devido
ao frio, na maioria dos episódios de tempo analisados.

Quadro 19: TE (temperatura efetiva) de Thom (1959) e o conforto térmico humano na zona urbana
de Chapecó/SC no ano de 2014

Fonte: Trabalho de Campo (2014).

274
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Em relação ao conforto térmico verificado na zona urbana de Chapecó às 15


horas, notou-se que em episódios de domínio das condições atmosféricas por
sistemas atmosféricos tropicais (Massa Tropical Atlântica) no verão (31 de janeiro e
06 de fevereiro) e por sistemas polares tropicalizados (Massa Polar Velha ou
tropicalizada) no começo do outono (27 de março) e final primavera (06 de dezembro),
foi verificado desconforto térmico devido ao calor, sendo este desconforto maior nos
locais onde se instalaram as ilhas de calor como no bairro Centro da cidade.
Nos episódios de domínio das condições de tempo, por sistemas polares
(Massa Polar Atlântica) no outono (28 de abril, 29 de maio e 20 de junho) e por
sistemas polares em tropicalização (Massa Polar Velha ou tropicalizada) na primavera
(22 de setembro, 21 de outubro e 15 de novembro), as condições atmosféricas do
ambiente externo apresentaram-se confortável ao pedestre no horário das 15 horas.
Nos dois episódios de domínio de sistemas polares (Massa Polar Continental e
Massa Polar típica) no inverno (19 de julho e 27 de agosto), verificou-se sensação de
desconforto térmico devido ao resfriamento na maior parta da cidade de Chapecó,
sendo que as únicas áreas confortáveis foram o bairro Centro e arredores onde se
configurou a ilha de calor às 15 horas.
Assim, a ilha de calor atmosférica pode gerar sensação de desconforto térmico
no verão e amenizar a sensação de frio no centro da cidade no inverno, principalmente
no horário das 15 horas.
Já em relação ao conforto térmico verificado em Chapecó no horário das 21
horas, notou-se que em apenas dois episódios de tempo foi registrada sensação
térmica confortável, sendo um episódio no outono (27 de março), sob domínio da
Massa Tropical Atlântica, e outro na primavera (06 de dezembro), sob domínio da
Massa Polar Velha ou tropicalizada.
Nos três episódios de inverno (20 de junho, 19 de julho e 27 de agosto) sob
domínio de sistemas polares (Massa Polar Atlântica e Massa Polar Continental) foram
registrados sensação térmica de estresse ao frio às 21 horas.
Nos dois episódios de verão (31 de janeiro e 06 de fevereiro) sob domínio de
sistemas tropicais (Massa Tropical Atlântica) foram observadas sensação térmica
confortável na maior parte da cidade e áreas suburbanas; e leve desconforto pelo
calor no bairro Centro onde se localizou a ilha de calor noturna.

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

Nos dois episódios de outono (28 de abril e 29 de maio) sob domínio de


sistemas polares (Massa Polar Atlântica) foram registradas sensação térmica de
estresse ao frio.
Por fim nos três episódios de primavera (22 de setembro, 21 de outubro e 15
de novembro), sob domínio de sistemas polares tropicalizados (Massa Polar Velha ou
tropicalizada) foi verificada sensação térmica de leve desconforto devido ao frio na
maior parte da cidade.
Em relação a metodologia de estudo e mapeamento da qualidade ambiental de
NUCCI (1996), destaca-se que a mesma é de grande valia para indicar os pontos
dentro da cidade que apresentam atributos negativos que reduzem a qualidade
ambiental, avalizando assim a tomada de decisão por parte dos gestores ambientais
competentes no sentido do estabelecimento de estratégias para o planejamento
integrado da paisagem urbana visando assim a melhoria da qualidade ambiental.
A ilha de calor além de ser um produto da relação homem e natureza, pode se
constituir num indicador da qualidade ambiental urbana. Neste sentido, destaca-se
que o campo térmico de Chapecó e a ocorrência do fenômeno ilha de calor tem
relação direta com a qualidade ambiental da cidade.
A ilha de calor atmosférica ocorreu predominantemente nas áreas da cidade,
onde a qualidade ambiental é baixa. Neste sentido, verificou-se na zona urbana de
Chapecó que a maioria dos episódios de ilhas de calor ocorreram no bairro Centro
onde também se verifica a presença de atributos negativos associados a baixa
qualidade ambiental.
A cidade de Chapecó/SC, por ser um pólo regional de atração populacional
tende a expandir sua malha urbana nas próximas décadas, necessitando desde já a
adoção de medidas mitigadoras da ilha de calor, e sobretudo de planejamento urbano,
para não piorar a qualidade ambiental de seus bairros centrais.
Como medidas mitigadoras visando a melhoria da qualidade ambiental urbana
e redução do desconforto térmico provocado pela ilha de calor urbana no verão é
necessário:
a) evitar ou diminuir o adensamento urbano e populacional e o processo de
verticalização nas áreas centrais da cidade;
b) o poder público municipal deve incentivar a implantação de espaços verdes com
cobertura vegetal arbórea, como uma forma de mitigação dos efeitos da ilha de calor;

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O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
COSTA, Eduino Rodrigues da.

c) deve-se atentar para adequar as construções ao clima local e o departamento de


engenharia do município deve incentivar as construtoras à aumentar o albedo das
superfícies urbanas através da substituição de superfícies escuras por superfícies
mais claras, a fim de aumentar a refletância e diminuir a absorção de calor,
contribuindo para diminuir a magnitude da ilha de calor, principalmente nas áreas
centrais da cidade.
d) Se possível deve ser pensada a adoção de telhados verdes que além de
promoverem sombra aos edifícios, tendem a diminuir o desconforto térmico, através
do arrefecimento do ambiente atmosférico devido ao processo de evapotranspiração.
Enfim são várias as propostas de mitigação da ilha de calor encontradas na
literatura internacional e que podem ser adaptadas a realidade climática local,
propiciando o conforto térmico da população, principalmente no verão.
Conclui-se assim, que em Chapecó/SC em função de sua latitude e tipo
climático subtropical a ilha de calor é prejudicial ao conforto térmico humano na
estação do verão, sendo benéfica principalmente nos episódios de tempo sob domínio
de sistemas polares no inverno e no horário das 15 horas, fazendo com que haja uma
redução na demanda energética por aquecimento neste horário.
Além disto destaca-se que a urbanização de Chapecó é a principal responsável
pela geração da ilha de calor e com o passar do tempo senão forem tomadas medidas
visando o planejamento integrado da paisagem urbana pode haver redução na
qualidade ambiental, principalmente nas áreas centrais da cidade, onde nos dias
atuais são encontrados a maioria dos atributos negativos que reduzem a qualidade do
ambiente.

277
O campo térmico e a qualidade ambiental urbana em Chapecó/SC.
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