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A ciência do Perdido em Marte

Um dos destaques do “Perdido em Marte” é o fato de ser um longa-metragem de ficção


científica não tão fictício assim, dado a utilização de especialistas da NASA como consultores
durante a produção do filme além da realização de cálculos matemáticos reais para as
cenas.Mesmo não se esquivando tanto das leis da física, em comparação com os demais
filmes do gênero, “Perdido em Marte” não é uma obra de difícil compreensão.
O principal foco do filme é a trajetória percorrida pelo cosmonauta Mark Watney, que é tido
como morto pelos seus colegas em Marte depois de ter sido atingido por uma antena de
trasmissão derruba após uma severa tempestade.Felizmente, a razão que levou Mark a ser
acidentalmente abandonado por seus colegas é ,fisicamente, impossível de ocorrer já que por
conta da tensão de cisalhamento = r * u 2 (onde onde r é a densidade atmosférica e u é a
velocidade do vento normalizada pela altura), é necessário para um planeta como Marte ( onde
a pressão atmosférica equivale a somente 1% a da Terra) um vento dez vezes mais rápido do
que o na Terra para ocasionar o mesmo dano.

Após sobreviver a catástrofe (devido um pedaço de antena e sangue seco que tamparam o
furo em seu traje), para o personagem principal conseguir se manter vivo é necessário que ele
multiplique seus recursos até a chegada de Ares 4 (que levaria quatro anos).Para isso, ele se
aproveita dos seus conhecimentos em botânica e cultiva batata através da mistura do solo
marciano com um pouco do terrestre, água e restos orgânicos.Embora o plano de Mark pareça
surreal, de acordo com Amaury de Almeida (doutor em astrofísica na USP) ela é plausível e se
sustenta na ciência pois para o sucesso da plantação no solo marciano é essencial o nitrogênio
(escasso no planeta) e o uso das bactérias naturais da Terra por meio dos excrementos para o
enriquecimento da terra de Marte.

Depois de plantar as batatas, Watney precisa de água e, mais uma vez, recorre a
ciência.Para resolver este problema, ele desenvolve uma técnica um pouco arriscada que
consiste em produzir água por meio do oxigênio proveniente do oxigenador e do hidrogênio
(liberado através da hidrazina utilizado no combustível).Mesmo a ideia sendo perigosa e
ocasionando algumas explosões por meio do caminho, ela dá certo e Mark continua sua
jornada pela sobrevivência.

Mais tarde, o sobrevivente passa por problemas com o frio do local, então ele resolve
buscar uma cápsula de plutônio em um gerador termoelétrico radioativo que se encontra
enterrado na superfície de Marte para poder se aquecer.O plutônio, produzido a partir do

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urânio, é aproveitado por Mark para a geração de calor, se aproximando do fenômeno químico
e físico que ocorre numa usina nuclear onde os elementos radioativos produzem uma grande
quantidade de energia térmica devido suas reações nucleares.

Com o astronauta conseguindo viver no outro planeta e já estabelecendo contato com a


Terra, a tripulação da Hermes (os antigos colegas de Mark Watney) desejam resgatá-lo por
meio do auxílio de gravidade pois eles sabem que retornar ao planeta Terra para depois ir à
Marte (levando recursos para o sobrevivente) gastaria muito tempo e energia.Então, eles
realizam uma viagem ao redor de um planeta na direção em que ele está girando, obtendo um
aumento de energia e impulsionando Hermes de volta para Marte.

Erros e Acertos

Acertos

● Um dos destaques do filme é a capacidade do astronauta Mark em multiplicar os


recursos para sua sobrevivência, no qual o principal meio encontrado foi o cultivo de
batatas.De acordo com Bruce Bugbee, diretor do departamento de plantas da
Universidade de Utah, é possível que os cientistas desenvolvam métodos alternativos
para a plantação em ambientes hostis, tal como Marte, e consigam dividir CO2 e a H20
para obter oxigênio assim como demonstrado no filme.Além de que segundo análises
dos solos marcianos já mostraram que ele tem os minerais certos para o cultivo.
● Quanto a forma em que agência espacial NASA é retratada, podemos dizer que é bem
próxima a realidade.O cenário do filme mostram equipamentos realistas e tecnologias
que no futuro próximo serão possíveis, além de que, segundo Keith Cowing
(ex-funcionário da NASA) demonstram fielmente o modo de operação da agência.
● Outro acerto do longa-metragem é a precisão do tempo de viagem entre a Terra e
Marte, com a tecnologia atual estima-se que oito meses seria o necessário para chegar
no planeta vermelho.Portanto, isto difere “Perdido em Marte” dos demais filmes do
gênero que retratam personagens se transportando entre planetas de forma tão rápida
e eficaz.

Erros

● Em uma das cenas do filme, um astronauta da missão Ares 3 perfura sua luva com o
intuito de elaborar um propulsor, em outra, outro membro da tripulação busca explodir
determinada área da nave com uma bomba caseira.De acordo com o astronauta Lery
Chiao, ambas as cenas apelam para a ficção.
● Outro erro está na rapidez da transmissão de informações trocadas entre Marte e a
Terra, quando o protagonista Matt Damon consegue estabelecer contato com outros
membros da tripulação ele troca mensagem de forma quase instantânea, enquanto na
realidade as mensagens demoram mais tempo.

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● Os tripulantes das missões Ares estavam passando até um mês na superfície de Marte
o que é nocivo para a saúde deles, já que passar tempo no espaço, sejam meses ou
anos, acarreta no aumento de chances de desenvolver um tipo de câncer dado ao alto
nível de exposição à radiação.Por conta disso, o abrigo dos astronautas em Marte
deveria ser diferente para poder fornecer uma proteção contra a radiação.
● De acordo com a NASA, para um ser humano se locomover em Marte ele precisaria
realizar uma série de pulos, ao contrário de Matt, que se move na superfície do planeta
que nem fosse na Terra.Logo, o fato de ter apenas 30% da gravidade da Terra foi
desconsiderado.
● No filme, o principal motivo que faz com que os astronautas tenham que abortar a
missão Ares 3 é uma forte tempestade em Marte.Apesar da atmosfera do planeta ser
muito fina, é possível a formação de ventos enormes mas eles não são capazes de
causar um grande estrago na superfície como o mostrado na trama.

Referências Bibliográficas

● https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2015/10/9-erros-e-acertos-de-perdido-em
-marte.html
● https://veja.abril.com.br/ciencia/a-ventania-extraterrestre-e-outros-erros-e-acertos-cientifi
cos-de-perdido-em-marte/
● https://m.folha.uol.com.br/ciencia/2015/10/1692822-veja-os-principais-erros-e-acertos-d
o-filme-perdido-em-marte.shtml
● http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2015/09/cientistas-apontam-erros-e-acertos-
do-filme-perdido-em-marte.html
● http://jornalismojunior.com.br/a-ciencia-de-perdido-em-marte/
● https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/31764/6/Qu%C3%ADmicaCinemaEstudo
%20-%20Produto%20educacional.pdf

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