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Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL


DAS PLANTAS
 Sintomas visuais de deficiência
nutricional

 Amostragem foliar, preparo das


amostras e análises foliar

 Diagnose foliar
Etapa mais crítica →  fonte de erros
- Dividira a propriedade em UA (talhões ± homog.):
 Amostragem de solo → cultura; solo
(topografia,textura, drenagem, cor); práticas de manejo
e produtividade
- Não amostrar pl. em locais não representativos → ex:
estradas / caminhos; cupinzeiros / formigueiros; locais
de descarga de insumos; riachos etc.
- Amostrar em ziguezague
- Órgão ou tecido a ser amostrado → ex: folha
- Época de amostragem / estágio fisiológico
- Amostra composta: no de pl./UA e no de fl./pl.
- Não amostrar folhas cobertas com poeira, atacadas
por pragas ou doenças ou danificadas
mecanicamente
- Preferencialmente não amostrar após aplicação de
defensivos ou adubos foliares (pelo menos 30 dias)
- Preferencialmente, não misturar folhas de híbridos /
variedades / clones diferentes
Etapa igualmente crítica

- Identificar as amostras
- Acondicionar as folhas em sacos de papel
- As amostras devem chegar ao lab. em até 02 dias
- As amostras podem ser armazenadas na geladeira,
por até 03 dias

Caso contrário:
- Limpar as folhas com chumaço de algodão com
água destilada → solução de 1 mL/L de detergente
neutro → água destilada
- Pré-secar as folhas
Etapas preliminares:
- Registro das amostras
- Descontaminação (?)
- Secagem (65-70 oC) até peso constante
- Moagem
- Armazenamento (?) e nova secagem antes da retirada
das subamostra que serão analisadas quimicamente
Análise química:
1. Digestão:
- via úmida: H2SO4 (N)
HNO3 + HClO4 (tudo menos N e B)
- via seca: incineração (B)
2. Dosagem:
- Destilação / Titulação: N
- Colorimetria: P e B
- Fotometria de chama: K
- EEA: Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Ni e Zn
- Turbidimetria: S
→ Macronutrientes
- Antiga: %
- Atuais: dag/kg ou dag kg-1 (%)
g/kg ou g kg-1 (10 x %)

→ Micronutrientes
- Antiga: ppm
- Atual: mg/kg ou mg kg-1 (ppm)
Amostragem para diagnose foliar para algumas culturas

Cultura Época Tipo de folha No de folhas


por UA
....................................................CEREAIS ....................................................
Arroz Meio do Perfilhamento Folha Y (posição ocupada em 50
relação à folha mais nova
desenrolada acima).
Cevada Emergência da panícula Parte aérea 50
Milho Aparecimento da Folha oposta e abaixo da espiga 30
inflorescência feminina
(cabelo)
Sorgo Início do perfilhamento Medianas 30
Trigo Início do florescimento 1a 4a folhas a contar da ponta 30
Amostragem para diagnose foliar para algumas culturas
→ Balanço nutricional
- Nível crítico
- Desvio Percentual do Ótimo (DOP)
- Índice Balanceado de Kenworthy
- Faixas de concentração

→ Equilíbrio nutricional
- Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
(DRIS)
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Representação geral da relação entre teor foliar e


crescimento ou produção
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Nível crítico - Nível crítico de deficiência -


Concentração adequada
● Teor do nutriente na planta, quando os demais fatores
de produção encontram-se próximos do ótimo, que
separa lavouras de alta das de baixa probabilidade de
resposta à adição daquele nutriente

● Teor que confere a máxima produtividade econômica


para uma dada cultura ou genótipo

● Teor para se obter entre 80 a 99% da produção máxima


ou de uma característica de crescimento da planta →
Mais comum: 90 a 95 %
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Nível crítico - Nível crítico de deficiência -


Concentração adequada
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Nível crítico - Nível crítico de deficiência -


Concentração adequada

Matéria seca da parte


aérea (a e b) e teor de
N na folha diagnóstica
(c e d) em mudas de
cacaueiro, clone PH
16, em função da dose
e forma de adubação
com N (Souza Jr. e
Carmello, 2008)
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Desvio Percentual do Ótimo (DOP)

● Permite avaliar o estado nutricional da pl., como % do


teor dos nutrientes na amostra de interesse em relação ao
padrão (NC), p/ uma população de referência (alta
produtividade)

● O DOP, proposto por Montañés et al. (1993), consiste em


calcular esse percentual através da seguinte equação:

DOP = (C / Cref. x 100) – 100

Em que:
C = teor (concentração) do nutriente na amostra em teste
Cref = teor do nutriente preconizada como padrão (NC).
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Desvio Percentual do Ótimo (DOP)
● Quando o índice DOP for:
- negativo → indica deficiência
- positivo → indica excesso
- zero → indica teor ótimo

● Quanto mais negativo ou mais positivo o valor do índice,


maior é a deficiência ou o excesso do nutriente,
respectivamente.

● A soma dos valores absolutos dos índices DOP de todos


os nutrientes da amostra representa um índice do balanço
nutricional (IBN) da lavoura; sendo que quanto maior o
valor desta soma, maior o desbalanço nutricional.
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Desvio Percentual do Ótimo (DOP)
● Exemplo do uso do DOP (Canturutti et al., 2007):
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes

● A faixa de suficiência (FS) é uma extensão do NC


● Procura-se com a mesma estender um único ponto ótimo
a uma faixa ótima, onde há razoável segurança de que,
abaixo da FSA, a cultura está tão deficiente no nutriente
que a produção será negativamente influenciada
● Muitos adotam o NC como o limite inferior da FSA

● As FSs podem ser determinadas:


- em experimentos de calibração de adubação (equações de
regressão) → Geralmente 90 a 100 % da produção máxima
- com base em teores foliares de nutrientes em lavouras de
alta produtividade
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes
Faixas de suficiências de nutrientes na folha diagnóstica1/,
para cacaueiros adultos, para o Sul da Bahia
2ª aproximação (Souza Júnior et al., 2018)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Mo Zn
------------------- g kg-1 ------------------- --------------------- mg kg-1 ---------------------
20-24 1,7-2,3 18-23 8-12 4-7 1,0-2,0 30-70 10-20 50-150 100-400 1,0-2,0 60-140

1/ Folha diagnóstica: 3ª folha, a partir do ápice, de ramo recém


amadurecido (sem lançamentos recentes), parcialmente sombreado, na
meia altura da copa da planta.
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
Faixa de suficiência, adequada, ótima ou
crítica de nutrientes
Faixas de suficiências de nutrientes, para cacaueiros
adultos, para o Sul da Bahia (Bahia et al., 2021)
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Índices Balanceados de Kenworthy (IBK ou IBKW)

● Proposto por Kenworthy (1961), avalia o balanço de


nutrientes, estabelecendo faixas para classificar os teores
de nutrientes na pl., incorporando a variabilidade do teor da
população de referência, expressa pelo CV

● Pode ser calculado por:

IBKW = [C (100 – CV)] / Cref. + CV

Em que:
C = teor (concentração) do nutriente na amostra em teste
Cref = teor do nutriente preconizada como padrão (NC);
CV = coef. de variação do nutriente na pop. de referência
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Índices Balanceados de Kenworthy (IBK ou IBKW)


● Os valores dos IBKW podem ser classificados em faixas
da seguinte maneira:
- deficiente: < 50 %
- abaixo do normal, marginal ou tendência a deficiente: 50 a
83 %
- normal, adequada ou suficiente: 83 a 117 %
- acima do normal, elevada ou tendência a excesso: 117 a
150 %
- excessivo: > 150 %
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR

Índices Balanceados de Kenworthy (IBK ou IBKW)


● Exemplo do uso do IBKW (Mendonça, 2016):

 Deficiente: < 50 %
 Tendência a deficiente: 50 a 83 %,
 Normal 83 a 117 %
 Tendência a excesso: 117 a 150 %
 Excessivo: > 150 %
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação

● Método de diagnose baseado no cálculo de índice


para cada nutriente, considerando sua relação com os
demais nutrientes; que são comparados com os índices
de uma população de referência

● Proposto por Beaufils (1973)


● Avalia o equilíbrio nutricional  “Qualidade da dieta”
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
● Sequência de Procedimentos para Uso do DRIS
1) Obtenção das normas DRIS (média e desvio padrão das
relações duais)  Lavouras de referência (alta
produtividade)
2) Cálculo das funções DRIS (segundo Jones, 1981)
3) Cálculo dos índices DRIS para cada nutrientes
(recomenda-se usar relações duais em forma direta e
forma inversa)
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
● Obtenção das normas DRIS  Média e desvio padrão
das relações duais de lavouras de alta produtividade
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
● Cálculo das funções DRIS  Mede o afastamento entre o
valor da relação da lavoura sob diagnose e a média da
norma, de modo a padronizar a escala em unidades de
desvio-padrão

Em que:
Z(A/B) = afastamento entre os valores da relação dual;
A/B = valor da relação dual na lavoura sob diagnose;
a/b = média da norma para a relação dual a/b;
s= desvio padrão da relação dual entre os nutrientes “a e b”,
na população referência.
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
● Cálculo dos índices DRIS para cada nutrientes

Em que:
Z(A/B) = afastamento entre os valores da relação dual;
IA = índice DRIS do nutriente A;
n= número de nutrientes considerados.
INTERPRETAÇÃO DA ANÁLISE FOLIAR
DRIS - Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
● Características dos índices DRIS:

O valor do índice indica o afastamento em relação ao ponto


ótimo (média da norma), expresso em unidades de desvio-
padrão;
Soma dos índices = zero;
 “Sempre” há índices negativos e índices positivos;
Ordem dos índices indica sequência do mais limitante para
o menos limitante;
O somatório dos valores absolutos dos índices dos
nutrientes indica o índice de equilíbrio nutricional (IEN) global
da lavoura.
Interpretação dos índices DRIS, na diagnose nutricional de plantios
de eucalipto, considerando o potencial de resposta à adubação
(PRA) (adaptado de Wadt, 1996)

IENm = índice de equilíbrio nutricional médio;


+ LF = o mais limitante por falta; + LE = o mais limitante por excesso;
positiva (p); positiva ou nula (pz); negativa (n); negativa ou nula (nz) e nula (z).
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Índice DRIS para lavouras de café da região de Patrocínio – Cálculos
efetuados com a média de 2 anos (adaptado de RIBEIRO et al., 1999)

Lav Índices
Produ- IEN
N° ção N P K Ca Mg S Cu Fe Zn Mn B m IEN
Patrocínio
19 Alta -1 -3 4 5 3 4 -3 0 -1 -1 -8 3,0 33
28 Média -6 4 0 -5 -2 -5 0 0 10 -6 9 4,3 47
10 Baixa 5 7 -11 14 23 -14 -15 -11 5 -13 20 12,5 138
Potencial de resposta a adubação
19 Alta z pz nz nz z nz pz z z z p
28 Média p z z pz z pz z z nz p nz
10 Baixa z z z nz nz pz p z z pz nz

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Índice DRIS para lavouras de café da região de Patrocínio – Cálculos
efetuados com a média de 2 anos (adaptado de RIBEIRO et al., 1999)

Lav Índices
Produ- IEN
N° ção N P K Ca Mg S Cu Fe Zn Mn B m IEN
Patrocínio
19 Alta -1 -3 4 5 3 4 -3 0 -1 -1 -8 3,0 33
28 Média -6 4 0 -5 -2 -5 0 0 10 -6 9 4,3 47
10 Baixa 5 7 -11 14 23 -14 -15 -11 5 -13 20 12,5 138
Potencial de resposta a adubação
19 Alta z pz nz nz z nz pz z z z p
28 Média p z z pz z pz z z nz p nz
10 Baixa z z z nz nz pz p z z pz nz

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Índice DRIS para lavouras de café da região de Patrocínio – Cálculos
efetuados com a média de 2 anos (adaptado de RIBEIRO et al., 1999)

Lav Índices
Produ- IEN
N° ção N P K Ca Mg S Cu Fe Zn Mn B m IEN
Patrocínio
19 Alta -1 -3 4 5 3 4 -3 0 -1 -1 -8 3,0 33
28 Média -6 4 0 -5 -2 -5 0 0 10 -6 9 4,3 47
10 Baixa 5 7 -11 14 23 -14 -15 -11 5 -13 20 12,5 138
Potencial de resposta à adubação
19 Alta z pz nz nz z nz pz z z z p
28 Média p z z pz z pz z z nz p nz
10 Baixa z z z nz nz pz p z z pz nz
p= positiva, pz= positiva a nula, z=nula e nz= negativa a nula.
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Uso do clorofilômetro para estimar o teor foliar de N

● Clorofilômetros (p.e.: SPAD e Clorofilog) medem o


índice de esverdeamento foliar que se correlaciona
com teor de clorofila
● Há estreita correlação entre os teores de clorofila e N
Uso do clorofilômetro para estimar o teor foliar de N

20 fazendas
4 pl./fazenda

Relação entre índice SPAD e o teor foliar de N de cacaueiros,


clone PH 16, no sul da Bahia nas zonas climáticas úmida e
semi-úmida conjuntamente (DANTAS et al., 2012)
Outros métodos de diagnose nutricional

 Testes de tecido  são testes colorimétricos ou


turbidimétricos rápidos, feitos na matéria fresca da planta
no próprio campo  Determinação semi-quantitativa das
concentrações de alguns nutrientes que estão na seiva
ou no suco celular na forma solúvel (iônica)

 Análise de seiva

 Métodos bioquímicos  Análise de enzimas

Aplicações foliares ou técnicas de Infiltração


 Uso de imagem digital  Scaner, fotografia e imagens
aéreas (p.ex.: drones)
Imagem digital

Comprimento de onda ()


Imagem digital
Clorofila - Absorve mais eficientemente  na banda do
azul e do vermelho, quase nada na banda do verde

Clorofila a

Clorofila b
Imagem digital
Sistema RGB (Red, Green e Blue)
Imagem digital
Scaner a folha e uso do software Image J
Imagem digital
Scaner a folha e uso do software Image J
Imagem digital
Fotografar a folha e uso do software com auxílio de
prancheta GREENDEX
Obrigado

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