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11/12/2023, 13:53 SEI/MD - 6769379 - Relatório

MINISTÉRIO DA DEFESA
SECRETARIA-GERAL
SECRETARIA DE PESSOAL, SAÚDE, DESPORTO E PROJETOS SOCIAIS

RELATÓRIO N° 5/CGPPM/DEPES/SEPESD/SG

GRUPO DE TRABALHO
PORTARIA GM-MD Nº 4539/2023

1. INTRODUÇÃO
Este documento apresenta as conclusões do Grupo de Trabalho constituído por intermédio
da Portaria GM-MD nº 4.539, de 6 de setembro de 2023, com a finalidade de estudar os efeitos da Lei nº
13.954, de 16 de dezembro de 2019, sobre as praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças
Armadas.
A citada portaria, em seu art. 2º, definiu que competia ao Grupo de Trabalho:
I - estudar os efeitos da Lei nº 13.954, de 2019, sobre as praças integrantes dos
Quadros Especiais das Forças Armadas;
II - verificar a necessidade de aperfeiçoamento da legislação de pessoal militar
relacionada às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas, observando as
premissas que balizaram a formulação e a promulgação da Lei nº 13.954, de 2019; e
III - elaborar, caso necessário, minutas de atos normativos para aperfeiçoar a legislação
de pessoal militar relacionada às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.
Os trabalhos foram desenvolvidos ao longo dos meses de outubro e novembro, com
reuniões realizadas, de forma presencial, nas dependências da Secretaria de Pessoal, Saúde, Desporto e
Projetos Sociais do Ministério da Defesa.
As primeiras reuniões foram dedicadas a atender ao previsto no art. 10 da Portaria GM-MD
nº 4.539/2023 e, no prosseguimento, todo o trabalho teve como foco os efeitos da Lei nº 13.954/2019 sobre
as praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI Nº 13.954, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2019


A Lei nº 13.954, de 16 de dezembro de 2019, que trata da reestruturação da carreira militar
e da reforma do Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas, teve sua elaboração
norteada por algumas premissas básicas, dentre elas as peculiaridades da carreira militar, a correção das
distorções originadas pela MP nº 2.215-10/2001, que suprimiu vários benefícios dos militares, e o
amoldamento da situação dos militares das Forças Armadas à realidade socioeconômica do País,
contribuindo para o êxito das medidas de ajuste econômico.
Além das premissas citadas, sua elaboração teve como pilar a valorização da meritocracia e
da experiência militar.
A meritocracia foi privilegiada quando se reajustou os percentuais dos cursos, já previstos
na legislação, de forma coerente com o grau de complexidade e com as responsabilidades intrínsecas às
novas atribuições, o conhecimento adquirido e o compromisso do militar com a profissão.

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Por sua vez, a valorização da bagagem de conhecimento e a prática adquiridos ao longo da


carreira refletiu-se no reconhecimento da experiência adquirida.
Assim, como reflexo das premissas acima, o possível aumento na remuneração se dá
conforme o militar avança na carreira e se especializa.
Ressalta-se que a Lei nº 13.954/2019 não focou qualquer categoria de militares em especial,
pois todas as alterações implementadas pela Lei visaram ao aperfeiçoamento da carreira militar, tendo em
vista a nova realidade e desafios das Forças Armadas. Também não buscou privilegiar um segmento em
detrimento de outro, pois os dispositivos da Lei alcançam igualmente oficiais e praças.
Outro aspecto relevante a ser mencionado é que a Lei nº 13.954/2019 não pode ser
considerada como reajuste remuneratório dos militares, pois somente alterou aspectos de um conjunto de
leis relativos ao Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas.
Assim, como reflexo das premissas acima, o possível aumento na remuneração se dá
conforme o militar avança na carreira e se especializa.

3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS QUADROS ESPECIAIS


a. Aspectos iniciais
Embora os militares pertencentes aos diversos Quadros Especiais tenham sido apresentados
pelos parlamentares como integrantes de um mesmo conjunto homogêneo de praças, cabe destacar que os
diversos Quadros Especiais têm características distintas, pois foram criados respeitando-se as
peculiaridades de cada Força Armada.
Em comum, eram cabos que alcançaram a estabilidade após cumprirem dez anos de serviço,
com base na redação original do inciso IV, alínea “a”, do art. 50 da Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de
1980.
Como cabos estabilizados, realizavam tarefas próprias desta graduação, como motoristas,
corneteiros, auxiliares administrativos, de rancho, de mecânico ou de saúde, entre outras atribuições. Nessa
condição, permaneceriam com remuneração de cabo ao longo de todo o período no serviço ativo.
Sensíveis às questões sociais e profissionais decorrentes dessa situação, bem como atentas à
possibilidade de um melhor aproveitamento da experiência adquirida por esses cabos em suas tarefas, cada
Força Armada propôs a criação de seu “Quadro Especial”, promovendo seus integrantes à graduação de
terceiro-sargento.

b. Do Quadro Especial de Sargentos da Marinha - QESM


O Quadro Especial de Sargentos do Corpo de Praças da Armada (QESCPA) e o Quadro
Especial de Sargentos do Corpo de Fuzileiros Navais (QESFN) foram criados pelo Decreto nº 85.581, de
25 de dezembro de 1980, no qual constava a previsão de promoção dos cabos até a graduação de segundo-
sargento.
Ao longo dos anos, os Quadros Especiais da Marinha sofreram modificações quanto a sua
nomenclatura, até chegar a sua configuração atual. Assim, o Quadro Especial da Marinha hoje está
dividido em Quadro Especial de Praças da Armada, Quadro Especial de Praças Auxiliares e Quadro
Especial de Praças Fuzileiros Navais.
Esses Quadros, genericamente denominados “Quadro Especial da Marinha” são formados
por militares que ingressaram na carreira naval, como marinheiro ou soldado, mediante concurso público e
por meio do serviço militar obrigatório.
O Quadro Especial da Marinha é formado por militares que, mesmo após estabilizados na
graduação de cabo, não obtiveram êxito no Exame de Admissão para o Curso Especial de Habilitação a
Sargento, nas tentativas, geralmente três, oportunizadas pela Administração Naval.
Considerando que a inabilitação para a graduação a terceiro-sargento impedia o fluxo
normal da carreira de praças e o consequente acesso às graduações superiores – de terceiro-sargento até
suboficial - esses militares permaneceriam na graduação de cabo durante todo o serviço militar.

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Nesse contexto, foram criados o Quadro Especial de Sargentos do Corpo de Praças da


Armada (QESCPA) e o Quadro Especial de Sargentos do Corpo de Fuzileiros Navais (QESFN),
conferindo aos mesmos um itinerário funcional distinto das praças, todavia permitindo, após realizar o
Estágio de Habilitação a Sargento, a promoção a terceiro-sargento e posteriormente a segundo-sargento,
mesmo mantendo o mesmo nível de capacitação técnica obtida por ocasião de sua graduação a cabo.
Os cabos dos Quadros Especiais cumprem o interstício de dezoito anos na graduação de
cabo para estar apto à promoção a terceiro-sargento, a qual somente é confirmada após a conclusão com
êxito do Estágio de Habilitação a Sargento. Como terceiro-sargento do Quadro Especial, o acesso à
graduação de segundo-sargento poderá ocorrer pelos critérios de antiguidade, merecimento ou qualquer
forma permitida pelo Decreto nº 4.034, de 26 de novembro de 2001, que dispõe sobre as promoções de
praças da Marinha, após o cumprimento do interstício de quatro anos.
Tendo em vista que as normas que tratam sobre o planejamento de praças na Marinha
estabelecem que os cabos já possuem o curso de especialização, ou ingressam com curso técnico de
interesse da Marinha, esses militares percebem o Adicional de Habilitação no percentual equivalente à
Especialização. Por outro lado, como não realizam o Curso Especial de Habilitação para promoção à
terceiro-sargento, mas apenas o Estágio de Habilitação, não fazem o curso de Aperfeiçoamento e, dessa
forma, não possuem direito à percepção do Adicional de Habilitação no respectivo percentual, bem como o
acesso a promoções acima de segundo-sargento.
À luz do previsto no Plano de Carreira de Praças da Marinha, apenas os cabos promovidos a
essa graduação até o ano de 1998 poderiam ingressar para o Quadro Especial. Em consequência, não se
computam novos ingressos no Quadro para os cabos graduados a partir do ano de 1999, resultando na
gradual redução de militares em serviço ativo, pertencentes ao Quadro Especial. Nesse sentido,
considerando que nos termos do Plano de Carreira em vigor não são previstos novos ingressos, estima-se
que a partir do ano de 2034 não haverá militares deste Quadro no serviço ativo, em razão da idade limite
de permanência na graduação de segundo-sargento, prevista no Estatuto dos Militares, atualmente fixada
em cinquenta e seis anos.
Atualmente, o efetivo do Quadro Especial na Marinha, além das pensionistas, está
distribuído conforme discriminado a seguir:

GRADUAÇÃO ATIVOS VETERANOS PENSIONISTAS

1º SG (*) - - 1

2º SG 245 2942 194

3º SG 6 1260 147

Cabos 7 313 46

Total 258 4515 388


(*) Militar foi promovido ao 1ºSG por motivo de saúde, ao passar para
inatividade, conforme previsto no Estatuto dos Militares.

c. Do Quadro Especial de Segundos-Sargentos e de Terceiros-Sargentos do Exército


(QE)
Em 11 de agosto de 1981, por intermédio do Decreto nº 86.289, foi criado, no Exército, o
Quadro Especial de Terceiros-Sargentos. Os primeiros cabos estabilizados, oriundos do serviço militar
obrigatório, foram promovidos a terceiro-sargento do Quadro em 1º de dezembro daquele ano.
A origem do Quadro Especial se fundamentou no aproveitamento dos cabos da ativa do
Exército, com estabilidade assegurada, permitindo-lhes atingir a graduação de terceiro-sargento.
A Portaria nº 61-EME, de 29 de agosto de 2002, possibilitou ao cabo músico estabilizado,
por opção, ingressar e concorrer à promoção no Quadro Especial, de maneira irrevogável.

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A Portaria Ministerial nº 201, de 18 de fevereiro de 1981, criou o Quadro de Taifeiros no


Exército.
Em 2004, a Lei nº 10.951, de 22 de setembro de 2004, reorganizou o Quadro Especial de
Terceiros-Sargentos do Exército, dispondo sobre a promoção de soldados estabilizados do Exército à
graduação de cabo. Esta lei incluiu os taifeiros-mor da ativa do Exército, com estabilidade assegurada, no
Quadro Especial.
Em 2013, a Lei nº 12.872, de 24 de outubro de 2013, criou o Quadro Especial de Terceiros-
Sargentos e Segundos-Sargentos do Exército, integrante do Quadro de Pessoal Militar do Exército,
destinado ao acesso dos cabos e taifeiros-mores com estabilidade assegurada, permitindo a esses militares
ascenderem a graduação de segundo-sargento. Em 1º Dez 2013, foram promovidos os primeiros militares
do Quadro Especial à graduação de segundo-sargento.
Para ser promovido à graduação de terceiro-sargento do Quadro Especial, o cabo ou taifeiro
deve ter no mínimo quinze anos de efetivo serviço e diploma de conclusão da 4ª série do ensino do 1º grau
ou de estudos equivalentes. O militar deve, ainda, possuir quatro anos na graduação de terceiro-sargento
para ser promovido à graduação de segundo-sargento, além de outros requisitos previstos na legislação,
respeitando-se a idade limite de permanência nas graduações.
Sobre o Adicional de Habilitação, a Portaria nº 1.443-C Ex, de 7 de janeiro de 2021,
estabelece a equivalência entre os cursos realizados pelo militar e os tipos de cursos constantes na Lei
13.954/2019, e os critérios para concessão desse adicional. Coerente com essa portaria, os integrantes do
Quadro Especial do Exército ordinariamente fazem jus ao Adicional de Habilitação relacionado aos cursos
de formação.
O Quadro de Taifeiros e o Quadro Especial de Terceiros-Sargentos e Segundos-Sargentos
do Exército encontram-se em extinção por não haver mais ingressos de novos militares.
Em 2027, todos os integrantes do Quadro Especial estarão em condições de passar para a
Reserva Remunerada por tempo de serviço, e, em 2038, todos os militares do Quadro Especial do Exército
terão atingido a idade limite de permanência no serviço ativo (56 anos).
Em outubro de 2023, o efetivo do Quadro Especial do Exército, além das pensionistas, é o
seguinte:

GRADUAÇÃO ATIVOS VETERANOS PENSIONISTAS

2º Sgt QE 959 8.947 3.335

3º Sgt QE 56 5.847 5.262

Cabos
0 515 3.932
estabilizados

Total 1.015 15.309 12.529

d. Do Quadro Especial de Sargentos da Aeronáutica (QESA)


Especificamente na Aeronáutica, os integrantes do Quadro Especial de Sargentos da
Aeronáutica têm sua gênese num grupo de militares que ingressou na Força para a prestação do Serviço
Militar, obrigatório ou voluntário, como recrutas ou como soldado, sendo-lhes facultada, à época, a
possibilidade de estabilidade na condição de cabo, ao completarem 10 anos de serviço.
Importante frisar que a esses militares sempre foi permitido o acesso às Escolas de
Formação de Militares de Carreira, mediante a devida participação em Exames de Seleção e Admissão,
havendo num período limitado, inclusive, vagas específicas nos processos seletivos para o ingresso direto
no Curso de Formação de Sargentos ou no Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos.
Sensível ao problema social decorrente da estagnação na progressão hierárquica, na
graduação de CB, e da consequente estagnação remuneratória, e diante da possibilidade de um melhor

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aproveitamento da experiência adquirida por esses militares, o Comando da Aeronáutica, no ano de 2000,
propôs a criação do Quadro Especial de Sargentos da Aeronáutica (QESA).
Assim, no final de 2000 foi alterado o Regulamento do Corpo do Pessoal Graduado da
Aeronáutica (RCPGAER), criando-se o QESA, constituído apenas por militares da graduação de terceiro-
sargento (Decreto nº 3.690, de 19 de dezembro de 2000).
A edição do RCPGAER permitiu aos cabos a ascensão a mais uma promoção (terceiro
sargento), em caráter especial, sem a exigência da habilitação nem da aplicação no nível “supervisão”,
permanecendo o nível “auxiliar”, funções essas de execução, sendo as mesmas atribuída aos cabos, sem
processo seletivo, baseada apenas na experiência adquirida e em reconhecimento pela dedicação ao longo
da carreira, assegurando-lhes melhores condições por ocasião da passagem para a reserva.
Dando continuidade ao processo de reconhecimento da Instituição pelos bons serviços
prestados pelos integrantes do QESA, o Decreto nº 10.878, de 1º de dezembro de 2021, alterou novamente
o RCPGAER, possibilitando aos terceiros-sargentos do QESA a promoção à graduação de segundo-
sargento, nas mesmas condições do QE do Exército e QESM da Marinha.
O efetivo atual do QESA e de integrantes do Quadro de Cabos com possibilidade de
passarem a integrar o QESA, somando-se os militares da ativa e os veteranos, além das pensionistas, é o
demonstrado no quadro a seguir:

GRADUAÇÃO ATIVOS VETERANOS PENSIONISTAS

2S QESA 212 312 10

3S QESA 681 5.366 640

Cabos
376 570 2.062
estabilizados

TOTAL 1.269 6.248 2.712

O ingresso de cabos no QESA se dá mediante o atendimento dos seguintes requisitos:


- ser cabo da ativa há 15 anos (RCPGAER);
- atender às condições estabelecidas no Regulamento de Promoções de Graduados da
Aeronáutica (REPROGAER) e na Instrução Reguladora do QESA (IRQESA);
- ter completado o Ensino Fundamental;
- ter exercido funções como auxiliar técnico; e
- ter sido aprovado no Estágio de Adaptação à Graduação a Terceiro Sargento
(EAGTS).
A Portaria GABAER nº 391/GC3, de 13 de outubro de 2022, estabeleceu como condição
peculiar para a promoção à graduação de segundo-sargento a conclusão, com aproveitamento, do Curso de
Especialização do Quadro Especial de Sargentos, com o interstício para a promoção sendo de 4 anos.
A concessão do Adicional de Habilitação aos integrantes do Quadro de Cabos e do QESA
está condicionada à conclusão dos seguintes cursos e estágio, nessa ordem, de acordo com a Portaria
Normativa nº 86/GM-MD / 2020:
- Curso de Formação de Soldados (CFSd) -.........................................Formação (12%)
- Curso de Especialização de Soldados (CESD) - ...............................Especialização
(27%)
- Curso de Formação de Cabos (CFC) - ..............................................Formação (12%)
- Estágio de Adaptação à Graduação de Terceiro-Sargento (EAGTS)-Formação (12%)

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- Curso de Especialização do QESA (CEQESA) - ..............................Especialização


(27%)
Desta forma, o integrante do QESA recebe o Adicional de Habilitação de 27%,
correspondente ao maior percentual (especialização) obtido ao longo da realização dos cursos obrigatórios
para o atingimento da graduação de segundo-sargento do QESA.
Considerando que a última turma do QCB que adquiriu estabilidade foi aquela promovida a
cabo em 2010, o último ingresso previsto no QESA será em 2025, quando esses militares atingirão os 15
anos na graduação, sendo em 2029 a previsão para promoção à graduação de segundo-sargento.

e. Resumo
Diferente de outros Quadros de praças das Forças Armadas, que foram criados para atender
a uma necessidade específica da instituição e que possuem carreiras militares estruturadas, os Quadros
Especiais foram criados para permitir ascensão hierárquica e aumento de vencimentos aos cabos
estabilizados que não conseguiram ou não tiveram acesso aos Quadros que permitem a ascensão
hierárquica às graduações de suboficial ou subtenente.
Seus integrantes, quando da incorporação às Forças Armadas, realizaram os mais variados
cursos de formação militar, o que impossibilita a constituição de uma carreira comum e a realização
progressiva de cursos de ascensão hierárquica, o que limita suas promoções à graduação de segundo-
sargento, realizadas tendo como principal critério a antiguidade, ou seja, o tempo de serviço acumulado
pelo militar.
Quanto aos efetivos, em outubro de 2023, o efetivo total de praças em serviço ativo e de
veteranos dos Quadros Especiais e suas pensionistas é o seguinte:

QUADROS ATIVOS VETERANOS PENSIONISTAS

QESM 258 4.515 388

QE 1.015 15.309 12.529

QESA 1.269 6.248 2.712

Total 2.542 26.072 15.629

4. ANÁLISE SOBRE AS DEMANDAS


a. Do Adicional de Habilitação
1) Informações preliminares
Ao se analisar a estrutura remuneratória dos militares das Forças Armadas ao longo das
últimas décadas, partindo do que foi estabelecido na Lei nº 1.316, de 20 de janeiro de 1951 (Código de
Vencimentos e Vantagens dos Militares), verifica-se que a preocupação do legislador em reconhecer a
habilitação militar, nestes termos, remonta ao ano de 1972.
Por meio da Lei nº 5.787, de 27 de junho de 1972, foi introduzida, na estrutura
remuneratória dos militares das Forças Armadas, como “estímulo por atividades profissionais e condições
de desempenho peculiares”, a Gratificação de Habilitação Militar, devida ao militar em função dos cursos
realizados com aproveitamento em qualquer posto ou graduação.
Em 1991, a Lei nº 8.237, de 30 de setembro, revogou a Lei de 1972 e alterou dispositivos
da remuneração dos militares das Forças Armadas. No entanto, foi mantida a Gratificação de Habilitação
na estrutura remuneratória, devida ao militar pelos cursos realizados com aproveitamento e inerentes à
progressão na carreira.
Em 2001, por meio da Medida Provisória nº 2.215, de 31 de agosto, foi realizada uma
grande reforma na estrutura de remuneração dos militares das Forças Armadas, com a extinção de diversos

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direitos e parcelas remuneratórias. A remuneração passou a ser composta pelo soldo (valor base da
remuneração), adicionais e gratificações. Nesse sentido, a Gratificação de Habilitação Militar foi
substituída pelo Adicional de Habilitação, referente à parcela remuneratória mensal devida ao militar pelos
cursos realizados com aproveitamento.
Conforme regulamentação dada pelo Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002, cabe ao
Ministro de Estado da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força, estabelecer os cursos que dão direito ao
Adicional de Habilitação, bem como, aos Comandantes de Força, estabelecer, no âmbito de suas
respectivas Forças, os critérios de equivalência de cursos, de acordo com os tipos estabelecidos na Medida
Provisória e atualizados pela Lei nº 13.954/2019.
O Ministério da Defesa, por intermédio da Portaria nº 86/GM-MD, de 22 de setembro de
2020, estabeleceu os critérios que definem os cursos que dão direito à concessão do adicional de
habilitação aos militares das Forças Armadas. A Portaria tem como premissa a obrigatoriedade de os cursos
estarem relacionados à progressão funcional e hierárquica de cada Quadro, ser realizados nas organizações
militares de ensino das Forças Armadas ou, no caso de cursos realizados em instituições do sistema de
ensino civil, necessariamente ser realizados por ordem dos Comandantes das Forças Armadas.
De acordo com a Medida Provisória nº 2.215/2001, os cursos foram divididos em cinco
tipos:
- Altos Estudos – Categoria I (AE I);
- Altos Estudos – Categoria II (AE II);
- Aperfeiçoamento (A);
- Especialização (E); e
- Formação (F).
O militar que conclui o curso com aproveitamento faz jus a um percentual sobre o soldo de
acordo com o tipo de curso realizado. Antes da aprovação da Lei nº 13.954/2019, os percentuais eram
definidos da seguinte forma: 30% para nível AE I; 25 % para nível AE II; 20% para nível A; 16% para
nível E e 12% para nível F.
Em 2019, por meio da Lei nº 13.954/2019, foi realizada a reestruturação das carreiras
militares e nova reforma no Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas, modificando,
dentre vários aspectos, o da remuneração militar, com foco na valorização da meritocracia e da
experiência.
Nesse sentido, no que se refere ao Adicional de Habilitação, a Lei nº 13.954/2019 não
trouxe qualquer inovação qualitativa, ou seja, não alterou qualquer premissa anteriormente vigente no que
diz respeito à definição de cursos que dão direito ao Adicional de Habilitação ou aos critérios que
estabelecem as equivalências entre cursos. Também, não estabeleceu critérios para admissão em quaisquer
cursos realizadas no âmbito das Forças ou autorizado por elas em outras instituições, civis ou militares.
A única alteração implementada pela Lei nº 13.954/2019, referente ao Adicional de
Habilitação, diz respeito, exclusivamente, aos percentuais de remuneração sobre o soldo a que o militar faz
jus, de acordo com o tipo de curso realizado.
Cabe destacar que a alteração implementada visou à adequação dos percentuais em função
do grau de complexidade do curso e da meritocracia.
Dessa forma, a Lei nº 13.954/2019, no que se refere ao Adicional de Habilitação, apenas
alterou os percentuais atribuídos a cada tipo de curso, considerando as premissas já vigentes à época.
Ressalta-se que esse ajuste buscou refletir, na medida do possível e dentro da limitação orçamentária
imposta à época, a mesma valorização aplicada a outras carreiras do Poder Executivo.
Nesse sentido, durante as atividades deste Grupo de Trabalho, foram levadas em
consideração apenas as demandas relacionadas aos aspectos da Lei nº 13.954/2019 que poderiam ter
prejudicado os militares dos Quadros Especiais.
2) Demandas
Em resumo, as demandas referentes ao Adicional de Habilitação tiveram as seguintes ideias
centrais:

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- a solicitação de equivalência de cursos, isto é, que os cursos hoje realizados pelos


militares dos Quadros Especiais, de formação ou de especialização, fossem equiparados aos cursos de
aperfeiçoamento realizados por outros quadros de praças, alcançando os militares da ativa, veteranos
e seus pensionistas;
- a possibilidade de realização de cursos além do nível especialização, o que alcançaria
apenas aqueles que estão em serviço ativo; e
- a possibilidade de reconhecer cursos civis realizados pelo militar, por iniciativa
própria, fora das Forças Armadas inclusive para militares veteranos.
3) Análise
Conforme já apresentado, essas demandas não possuem qualquer relação com as alterações
implementadas pela Lei nº 13.954/2019. Os critérios para realização e estabelecimento de equivalência de
cursos são inerentes à política interna de pessoal de cada Força Armada, alinhados ao plano de carreira de
cada segmento e aos interesses específicos da Força em relação a tais segmentos.
Nesse contexto, cabe destacar que os militares dos Quadros Especiais, conforme esclarecido
anteriormente, possuem progressão hierárquica limitada à graduação de segundo-sargento, refletindo suas
origens e características dos Quadros Especiais, pois possuem um plano de carreira específico alinhado aos
interesses da Instituição. As promoções e os cursos definidos para o segmento estão relacionados às
atribuições inerentes a cada segmento, no âmbito de suas respectivas Forças. Reforça-se, novamente, que
tais parâmetros não possuem área de contato com a Lei nº 13.954/2019.
Da análise de todas as demandas apresentadas, bem como das alterações implementadas
pela Lei nº 13.954/2019 no Adicional de Habilitação, verifica-se que não houve implementação de
qualquer medida prejudicial aos respectivos Quadros Especiais.
Contrariamente a essa hipótese, a Lei nº 13.954/2019 implementou, de fato, modificações
que valorizaram a habilitação militar, na medida em que promoveu a revisão dos percentuais do referido
adicional, permitindo a sua majoração para os cursos dos tipos Altos Estudos I, Altos Estudos II,
Aperfeiçoamento e Especialização.
Portanto, não há como dizer que a Lei nº 13.954/2019 tenha prejudicado ou beneficiado
militares de qualquer segmento específico, oficiais ou praças, incluindo os dos Quadros Especiais,
considerando que houve apenas majoração de percentuais.
Por fim, diante de todo o exposto, no que se refere ao Adicional de Habilitação, não se
vislumbra a necessidade de qualquer alteração no dispositivo da Lei nº 13.954/2019 em virtude de eventual
prejuízo causado aos militares dos Quadros Especiais das Forças Armadas.

b. Do Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar


1) Informações preliminares
Inicialmente, sobre o Adicional de Compensação por Disponibilidade Militar (ACDM), há
de se registrar o que a Lei nº 13.954/2019 trouxe sobre esta parcela remuneratória:
“Art. 8º É criado o adicional de compensação por disponibilidade militar, que consiste na
parcela remuneratória mensal devida ao militar em razão da disponibilidade permanente e da dedicação
exclusiva, nos termos estabelecidos em regulamento.
§ 1º É vedada a concessão cumulativa do adicional de compensação por disponibilidade
militar com o adicional de tempo de serviço de que trata o inciso IV do caput do art. 3º da Medida
Provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, sendo assegurado, caso o militar faça jus a ambos os
adicionais, o recebimento do mais vantajoso.
§ 2º Os percentuais de adicional de compensação por disponibilidade militar inerentes a
cada posto ou graduação, definidos no Anexo II a esta Lei, não são cumulativos e somente produzirão
efeitos financeiros a partir da data nele indicada.
[...]
§ 5º O adicional de compensação por disponibilidade militar comporá os proventos na
inatividade.
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Os percentuais do ACDM estão previstos no Anexo II da Lei nº 13.954/2019, sendo que


merecem destaque os seguintes índices pertinentes ao estudo em questão:
TABELA DO ADICIONAL DE COMPENSAÇÃO POR DISPONIBILIDADE MILITAR

Posto ou Graduação Percentual sobre o soldo

Almirante de Esquadra, General de


41
Exército e Tenente-Brigadeiro

Vice-Almirante, General de Divisão e


38
Major-Brigadeiro

Contra-Almirante, General de Brigada


35
e Brigadeiro

Capitão de Mar e Guerra e Coronel 32

Capitão de Fragata e Tenente-Coronel 26

Capitão de Corveta e Major 20

Capitão-Tenente e Capitão 12

Primeiro-Tenente 6

Segundo-Tenente 5

Suboficial e Subtenente 32

Primeiro-Sargento 20

Segundo-Sargento dos Quadros


26
Especiais de Sargentos

Segundo-Sargento 12

Terceiro-Sargento dos Quadros


16
Especiais de Sargentos

Terceiro-Sargento 6

Cabo (engajado) 6

Cabo (não engajado) 6

Na tabela acima, observa-se que o Segundo-Sargento dos Quadros Especiais de


Sargentos recebe um percentual de 26% sobre o soldo, que corresponde a mais que o dobro do percentual
de 12% recebido pelo Segundo-Sargento dos outros Quadros de Praças. Destaca-se que o valor de 26% é
idêntico ao recebido por capitão de fragata e tenente-coronel.
De modo análogo, o Terceiro-Sargento dos Quadros Especiais de Sargentos recebe um
percentual de 16% sobre o soldo, que corresponde, praticamente, ao triplo do percentual de 6% recebido
pelo Terceiro-Sargento dos demais Quadros. Ressalta-se que o percentual de 16% é superior ao percentual
de 12% recebido por capitão-tenente e capitão.
Dessa forma, constata-se pelos percentuais referentes ao ACDM, que a Lei nº 13.954/2019
buscou, na verdade, valorizar a experiência e o conhecimento dos Sargentos do Quadros Especiais.
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2) Demandas
Em síntese, as demandas que foram trazidas ao Grupo de Trabalho, relacionadas ao ACDM,
referem-se ao entendimento de que os militares dos Quadros Especiais das três Forças teriam sido
prejudicados por não perceberem o ACDM em valores mais elevados.
3) Análise
A demanda busca assegurar o pagamento do Adicional de Compensação por
Disponibilidade Militar no percentual mais elevado para todos os militares, sob a alegação de que a parcela
remunera com percentuais distintos um mesmo fato gerador, qual seja, de estar à disposição permanente e
com exclusividade das Forças Armadas.
Inicialmente, é importante esclarecer que o Adicional de Compensação por Disponibilidade
Militar incide sobre o soldo de forma escalonada, variando de 5% para os militares com graduações mais
baixas (Soldados/Taifeiros) até 41% para os militares com postos mais elevados (General de
Exército/Almirante de Esquadra/Tenente-Brigadeiro). Os percentuais são dispostos em função das tarefas
desempenhadas e grau de responsabilidade, entre outros.
Sobre o tema, o STF entende que:
“... o adicional, embora implique aumento de remuneração para a maioria dos
militares, não tem natureza de reajuste geral de vencimentos, uma vez que a Lei 13.954/2019 trata da
reestruturação da carreira.
..., o pagamento diferenciado da parcela, conforme o posto ou a graduação, não
ofende o princípio da isonomia, pois está amparado no artigo 142 da Constituição Federal, que
determina a organização das Forças Armadas com base na hierarquia.
...Assim, a diferenciação entre os percentuais não ofende o princípio da isonomia, pois
considera os pilares da hierarquia e da disciplina, princípios estruturantes das Forças Armadas.”
(Extraído da decisão STF referente julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
1341061/2021 - Tema 1175 - Concessão do Adicional de Compensação por Disponibilidade
Militar no percentual máximo previsto na Lei 13.954/2019 a todos os integrantes das Forças
Armadas)
Por último, conclui-se que o fato de a carreira militar estar alicerçada na hierarquia e
disciplina, a adoção de percentuais escalonados para o pagamento do adicional de compensação por
disponibilidade, conforme posto ou graduação do militar é essencial e inerente à característica da carreira
castrense.

c. Da Ascensão Hierárquica
1) Informações preliminares
Inicialmente, cumpre destacar o caráter excepcional dos Quadros Especiais das Forças
Armadas, pois sua criação teve por objetivo autorizar que as praças estabilizadas na graduação de cabo,
que não possuíam os requisitos necessários para promoção, pudessem seguir outro fluxo de carreira,
permitindo a progressão hierárquica dessa parcela de militares até a graduação de segundo-sargento, ao
invés de permanecerem como cabos por todo o período de atividade militar.
Não se pode olvidar que a criação dos Quadros Especiais propiciou oportunidade para esses
profissionais ao restituí-los a perspectiva de duas outras promoções e, por consequência, melhoras nos
vencimentos, apesar de apresentarem as mesmas capacitações técnicas exigidas para a graduação de cabo.
2) Demandas
Em que pese se encontrarem em situação completamente distinta que a das demais praças,
ou seja, as que seguiram o itinerário natural de carreira e realizaram todos os cursos e preparações
previstas nas normas de planejamento de cada Força, as praças dos Quadros Especiais postulam
ascenderem até a graduação de suboficial ou subtenente.
3) Análise
A progressão hierárquica dos Quadros Especiais está prevista em legislação específica para
cada Força Armada.
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Assim, o Decreto 85.581/1980 (Marinha), a Lei nº 12.872/2013 (Exército) e o Decreto nº


3690/2000 (Aeronáutica) regulam que o itinerário hierárquico para os militares pertencentes aos Quadros
Especiais deve variar da graduação de cabo até segundo-sargento.
Diante do exposto, a equiparação pretendida pelos militares do Quadro Especial não possui
previsão na legislação vigente que regula a situação do Quadro, a qual estabelece a graduação de segundo-
sargento como posição máxima dentro da hierarquia do Quadro.
Por oportuno, a fim de se manter a hierarquia e a disciplina, valores caros às instituições
militares, bem como para conservar a harmonia da caserna, as Forças Armadas valem-se do critério da
meritocracia em vários processos de gestão de pessoal. Com efeito, dentro de uma estrutura verticalizada
como das Forças Armadas, a promoção é a demonstração do reconhecimento da Administração pela
conclusão com aproveitamento nos cursos destinados à capacitação para graduações superiores, os quais
exigem dos seus participantes elevada dedicação.
Por essa razão, entende-se não atender aos critérios de meritocracia permitir aos militares
do Quadro Especial progressão hierárquica idêntica a dos militares que foram aprovados nos exames de
seleção e depois, concluíram com aproveitamento os cursos de formação a sargentos.
Ressalte-se que a Lei nº 13.954/2019 não impôs qualquer limitação sobre a escala
hierárquica das praças dos Quadros Especiais. Tendo em vista, tratar-se de matéria completamente estranha
ao escopo da referida lei, resta concluir que a mesma não trouxe qualquer prejuízo ao Quadro Especial
nesse particular.

d. Da Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI)


1) Informações preliminares
Com relação à eventual redução de valores de remuneração, cabe destacar, ainda, que o
princípio da irredutibilidade a que se refere o inciso XV do art. 37 da Constituição Federal, está
relacionado apenas ao valor de subsídios e vencimentos e não ao valor líquido decorrente de descontos,
sejam eles obrigatórios ou não.
2) Demandas
Os questionamentos apresentados remetem à possibilidade de que a VPNI, prevista no art.
21 da Lei nº 13.954/2019, seja aplicada sobre a remuneração líquida e não sobre a remuneração bruta, a
fim de que fossem corrigidas as perdas remuneratórias ocasionadas pela universalização do desconto e
atualização dos percentuais referentes à contribuição para a Pensão Militar.
Conforme previsto na Lei nº 13.954/2019, foram extintas todas as excepcionalidades
referentes à obrigatoriedade de contribuição para a Pensão Militar, bem como o percentual de contribuição
foi alterado de 7,5% aplicado sobre a remuneração bruta para 9,5%, a partir de 1º de abril de 2020, e
10,5%, a partir de 1º de janeiro de 2021.
3) Análise
Em relação à Lei nº 3.765, de 4 de maio de 1960, que dispõe sobre as Pensões Militares, as
alterações implementadas pela Lei nº 13.954/2019, visaram universalizar a contribuição para custeio da
pensão militar, incluindo os pensionistas em seu financiamento, bem como adequar as alíquotas de
contribuição e definir encargos pela assistência médico-hospitalar e social prestada aos dependentes do
militar falecido.
A Lei nº 13.954/2019, no seu artigo 21, prevê a VPNI apenas nos casos de redução de
remuneração bruta ou de proventos brutos.
“Art. 21. Na hipótese de redução de remuneração bruta ou de proventos brutos do
militar em decorrência da aplicação do disposto nesta Lei, a diferença será paga a título de
Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI), a ser absorvida por ocasião da reorganização
ou da reestruturação de sua tabela remuneratória e da concessão de reajustes, adicionais,
gratificações ou vantagens de qualquer natureza.” (Lei 13.954, 2019)
O Decreto nº 11.002, de 17 de março de 2022, que regulamenta a Lei nº 13.954, no seu
artigo 12, reforça o pagamento da VPNI somente na redução do valor bruto das pensões militares.

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“Art. 12. Para fins de pagamento a título de Vantagem Pessoal Nominalmente


Identificada - VPNI, de que trata o art. 21 da Lei nº 13.954, de 2019, a irredutibilidade terá como
referência o valor bruto da remuneração, dos proventos ou das pensões militares.” (Decreto 11.002,
2022)
Com relação à eventual redução de valores de remuneração, cabe destacar, ainda, que o
princípio da irredutibilidade a que se refere o inciso XV do art. 37 da Constituição Federal, e que foi
mencionado por militares dos Quadros Especiais, está relacionado apenas ao valor de subsídios e
vencimentos e não ao valor líquido decorrente de descontos, sejam eles obrigatórios ou não.
Nesse sentido, os termos “subsídios” e “vencimentos” referem-se, em linhas gerais, ao
montante que o servidor recebe, fixado em lei, sem os benefícios extras.
No caso dos militares, o termo “remuneração” compreende tanto a parte fixa, referente ao
soldo (que seria o equivalente ao subsídio e ao vencimento), quanto à parte variável (adicionais e
gratificações). Nesse contexto, não se verificou redução de quaisquer dessas parcelas que compõem a
remuneração dos militares, em decorrência das alterações implementadas pela Lei nº 13.954/2019.
Sendo assim, não houve, portanto, redução no valor bruto, quer das pensões, quer dos
valores de remuneração dos militares ativos ou veteranos, em decorrência das modificações relacionadas à
contribuição para a Pensão Militar, não sendo o caso de aplicação da VPNI.

5. CONCLUSÃO
A reestruturação da carreira dos militares das Forças Armadas, formalizada por meio da Lei
nº 13.954/2019, não privilegiou os militares de mais alta patente. A essência da lei visa à valorização da
carreira de todos os militares, oficiais ou praças, que foram tratados de forma absolutamente equivalente,
com foco na experiência e na meritocracia.
A Lei nº 13.954/2019 foi amplamente discutida e analisada no Congresso Nacional. Ela não
foi aprovada como concessão de reajuste salarial, mas sim como parte de uma complexa reestruturação da
carreira dos militares das Forças Armadas, cujas discussões se iniciaram no ano de 2015, e que foi
construída e planejada para atrair e reter talentos, valorizando a experiência e a meritocracia.
Dessa forma, pode-se depreender da Exposição de Motivos apresentada por ocasião da
tramitação do Projeto de Lei nº 1645/2019, que as propostas apresentadas refletiram a evolução da Política
de Pessoal Militar, integrante e derivada da Política Nacional de Defesa, em face da conjuntura social e
econômica do País, sensivelmente distinta da época em que aqueles diplomas legais foram promulgados.
Nesse sentido, propôs que a situação dos militares das Forças Armadas se amoldasse à realidade
socioeconômica do País e contribuísse para o êxito das medidas de ajuste econômico.
Sobre os Quadros Especiais, é necessário ressaltar que há diferenças importantes entre eles,
reconhecendo as experiências adquiridas, as necessidades de cada Força à época, e buscando atenuar a
questão social e salarial derivada da longa permanência na mesma graduação durante o serviço ativo.
Embora a criação dos Quadros Especiais tenha possibilitado a promoção inicialmente a
terceiros-sargentos e posteriormente a segundos-sargentos, essa ascensão hierárquica teve como critério
apenas a antiguidade, ou tempo de serviço, permitindo novo aumento de vencimentos.
Neste contexto, as demandas apresentadas ao Grupo de Trabalho não possuem relação com
o disposto na Lei 13.954/2019, mas são decorrentes de situações derivadas da finalidade de criação dos
Quadros Especiais.
Como mencionado anteriormente, a Lei nº 13.954/2019 não impôs qualquer limitação sobre
a escala hierárquica das praças dos Quadros Especiais. Portanto, resta concluir que a mesma não trouxe
qualquer prejuízo ao Quadro Especial nesse particular.
No tocante à VPNI, conforme prevê a Lei, não é o caso de aplicação da referida vantagem,
pois não houve redução do valor bruto, tanto das remunerações de militares ativos, quanto dos proventos
de veteranos e das pensões de militares, em decorrência das modificações relacionadas à contribuição para
a Pensão Militar.
Ademais, entende-se que os militares dos Quadros Especiais foram contemplados na Lei nº
13.954/2019, no tocante ao adicional de compensação por disponibilidade militar, pois os segundos-
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sargentos passaram a receber o mesmo percentual de capitão de fragata e tenente-coronel (26%); e aos
terceiros-sargentos foi garantido o percentual de 16%, ficando escalonado entre o capitão -tenente e
capitão (12%) e o capitão de corveta e major (20%).
Sendo assim, após estudar cuidadosamente os efeitos da Lei nº 13.954/2019, o Grupo de
Trabalho conclui que não há necessidade de aperfeiçoamento da legislação de pessoal militar relacionada
às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.

Brasília, na data de assinatura.

ARNALDO AUGUSTO DO AMARAL NETO


Coordenador do Grupo de Trabalho

IRTONIO PEREIRA RIPPEL JUNIOR


Secretário do Grupo de Trabalho

LUIZ CLAUDIO REIS


Coordenação-Geral de Política de Pessoal Militar

NEIDIR WEBER
Coordenação-Geral de Política de Remuneração Militar

LUIZ HENRIQUE COSTA DE JESUS


Marinha do Brasil

PATRICK DEL BOSCO DE SALES


Marinha do Brasil

ALEX SANDRO LOPES PEREIRA


Marinha do Brasil

DOUGLAS MACHADO MARQUES


Exército Brasileiro

CARLOS ANDRÉ MACIEL LEVY


Exército Brasileiro

LUIZ GUSTAVO INÁCIO DA SILVA


Exército Brasileiro

ROBSON CARLOS DE LIMA SILVA


Exército Brasileiro

JEFFERSON DALAMURA NASCIMENTO


Comando da Aeronáutica

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PAULO ELEUTÉRIO RIBEIRO


Comando da Aeronáutica

CLÁUDIO JOSÉ DA COSTA FRANCO


Comando da Aeronáutica

Documento assinado eletronicamente por Irtonio Pereira Rippel Junior, Coordenador(a)-


Geral, em 11/12/2023, às 10:20, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º,
art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 da Presidência da República.

Documento assinado eletronicamente por DOUGLAS MACHADO MARQUES, Usuário


Externo, em 11/12/2023, às 11:23, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º,
art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 da Presidência da República.

Documento assinado eletronicamente por ROBSON CARLO DE LIMA SILVA, Usuário


Externo, em 11/12/2023, às 11:30, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º,
art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020 da Presidência da República.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


https://sei.defesa.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, o código verificador 6769379 e o código
CRC FC4102C3.

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