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MINISTÉRIO DA DEFESA
SECRETARIA-GERAL
SECRETARIA DE PESSOAL, SAÚDE, DESPORTO E PROJETOS SOCIAIS
RELATÓRIO N° 5/CGPPM/DEPES/SEPESD/SG
GRUPO DE TRABALHO
PORTARIA GM-MD Nº 4539/2023
1. INTRODUÇÃO
Este documento apresenta as conclusões do Grupo de Trabalho constituído por intermédio
da Portaria GM-MD nº 4.539, de 6 de setembro de 2023, com a finalidade de estudar os efeitos da Lei nº
13.954, de 16 de dezembro de 2019, sobre as praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças
Armadas.
A citada portaria, em seu art. 2º, definiu que competia ao Grupo de Trabalho:
I - estudar os efeitos da Lei nº 13.954, de 2019, sobre as praças integrantes dos
Quadros Especiais das Forças Armadas;
II - verificar a necessidade de aperfeiçoamento da legislação de pessoal militar
relacionada às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas, observando as
premissas que balizaram a formulação e a promulgação da Lei nº 13.954, de 2019; e
III - elaborar, caso necessário, minutas de atos normativos para aperfeiçoar a legislação
de pessoal militar relacionada às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.
Os trabalhos foram desenvolvidos ao longo dos meses de outubro e novembro, com
reuniões realizadas, de forma presencial, nas dependências da Secretaria de Pessoal, Saúde, Desporto e
Projetos Sociais do Ministério da Defesa.
As primeiras reuniões foram dedicadas a atender ao previsto no art. 10 da Portaria GM-MD
nº 4.539/2023 e, no prosseguimento, todo o trabalho teve como foco os efeitos da Lei nº 13.954/2019 sobre
as praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.
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1º SG (*) - - 1
3º SG 6 1260 147
Cabos 7 313 46
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Cabos
0 515 3.932
estabilizados
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aproveitamento da experiência adquirida por esses militares, o Comando da Aeronáutica, no ano de 2000,
propôs a criação do Quadro Especial de Sargentos da Aeronáutica (QESA).
Assim, no final de 2000 foi alterado o Regulamento do Corpo do Pessoal Graduado da
Aeronáutica (RCPGAER), criando-se o QESA, constituído apenas por militares da graduação de terceiro-
sargento (Decreto nº 3.690, de 19 de dezembro de 2000).
A edição do RCPGAER permitiu aos cabos a ascensão a mais uma promoção (terceiro
sargento), em caráter especial, sem a exigência da habilitação nem da aplicação no nível “supervisão”,
permanecendo o nível “auxiliar”, funções essas de execução, sendo as mesmas atribuída aos cabos, sem
processo seletivo, baseada apenas na experiência adquirida e em reconhecimento pela dedicação ao longo
da carreira, assegurando-lhes melhores condições por ocasião da passagem para a reserva.
Dando continuidade ao processo de reconhecimento da Instituição pelos bons serviços
prestados pelos integrantes do QESA, o Decreto nº 10.878, de 1º de dezembro de 2021, alterou novamente
o RCPGAER, possibilitando aos terceiros-sargentos do QESA a promoção à graduação de segundo-
sargento, nas mesmas condições do QE do Exército e QESM da Marinha.
O efetivo atual do QESA e de integrantes do Quadro de Cabos com possibilidade de
passarem a integrar o QESA, somando-se os militares da ativa e os veteranos, além das pensionistas, é o
demonstrado no quadro a seguir:
Cabos
376 570 2.062
estabilizados
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e. Resumo
Diferente de outros Quadros de praças das Forças Armadas, que foram criados para atender
a uma necessidade específica da instituição e que possuem carreiras militares estruturadas, os Quadros
Especiais foram criados para permitir ascensão hierárquica e aumento de vencimentos aos cabos
estabilizados que não conseguiram ou não tiveram acesso aos Quadros que permitem a ascensão
hierárquica às graduações de suboficial ou subtenente.
Seus integrantes, quando da incorporação às Forças Armadas, realizaram os mais variados
cursos de formação militar, o que impossibilita a constituição de uma carreira comum e a realização
progressiva de cursos de ascensão hierárquica, o que limita suas promoções à graduação de segundo-
sargento, realizadas tendo como principal critério a antiguidade, ou seja, o tempo de serviço acumulado
pelo militar.
Quanto aos efetivos, em outubro de 2023, o efetivo total de praças em serviço ativo e de
veteranos dos Quadros Especiais e suas pensionistas é o seguinte:
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direitos e parcelas remuneratórias. A remuneração passou a ser composta pelo soldo (valor base da
remuneração), adicionais e gratificações. Nesse sentido, a Gratificação de Habilitação Militar foi
substituída pelo Adicional de Habilitação, referente à parcela remuneratória mensal devida ao militar pelos
cursos realizados com aproveitamento.
Conforme regulamentação dada pelo Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002, cabe ao
Ministro de Estado da Defesa, ouvidos os Comandantes de Força, estabelecer os cursos que dão direito ao
Adicional de Habilitação, bem como, aos Comandantes de Força, estabelecer, no âmbito de suas
respectivas Forças, os critérios de equivalência de cursos, de acordo com os tipos estabelecidos na Medida
Provisória e atualizados pela Lei nº 13.954/2019.
O Ministério da Defesa, por intermédio da Portaria nº 86/GM-MD, de 22 de setembro de
2020, estabeleceu os critérios que definem os cursos que dão direito à concessão do adicional de
habilitação aos militares das Forças Armadas. A Portaria tem como premissa a obrigatoriedade de os cursos
estarem relacionados à progressão funcional e hierárquica de cada Quadro, ser realizados nas organizações
militares de ensino das Forças Armadas ou, no caso de cursos realizados em instituições do sistema de
ensino civil, necessariamente ser realizados por ordem dos Comandantes das Forças Armadas.
De acordo com a Medida Provisória nº 2.215/2001, os cursos foram divididos em cinco
tipos:
- Altos Estudos – Categoria I (AE I);
- Altos Estudos – Categoria II (AE II);
- Aperfeiçoamento (A);
- Especialização (E); e
- Formação (F).
O militar que conclui o curso com aproveitamento faz jus a um percentual sobre o soldo de
acordo com o tipo de curso realizado. Antes da aprovação da Lei nº 13.954/2019, os percentuais eram
definidos da seguinte forma: 30% para nível AE I; 25 % para nível AE II; 20% para nível A; 16% para
nível E e 12% para nível F.
Em 2019, por meio da Lei nº 13.954/2019, foi realizada a reestruturação das carreiras
militares e nova reforma no Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas, modificando,
dentre vários aspectos, o da remuneração militar, com foco na valorização da meritocracia e da
experiência.
Nesse sentido, no que se refere ao Adicional de Habilitação, a Lei nº 13.954/2019 não
trouxe qualquer inovação qualitativa, ou seja, não alterou qualquer premissa anteriormente vigente no que
diz respeito à definição de cursos que dão direito ao Adicional de Habilitação ou aos critérios que
estabelecem as equivalências entre cursos. Também, não estabeleceu critérios para admissão em quaisquer
cursos realizadas no âmbito das Forças ou autorizado por elas em outras instituições, civis ou militares.
A única alteração implementada pela Lei nº 13.954/2019, referente ao Adicional de
Habilitação, diz respeito, exclusivamente, aos percentuais de remuneração sobre o soldo a que o militar faz
jus, de acordo com o tipo de curso realizado.
Cabe destacar que a alteração implementada visou à adequação dos percentuais em função
do grau de complexidade do curso e da meritocracia.
Dessa forma, a Lei nº 13.954/2019, no que se refere ao Adicional de Habilitação, apenas
alterou os percentuais atribuídos a cada tipo de curso, considerando as premissas já vigentes à época.
Ressalta-se que esse ajuste buscou refletir, na medida do possível e dentro da limitação orçamentária
imposta à época, a mesma valorização aplicada a outras carreiras do Poder Executivo.
Nesse sentido, durante as atividades deste Grupo de Trabalho, foram levadas em
consideração apenas as demandas relacionadas aos aspectos da Lei nº 13.954/2019 que poderiam ter
prejudicado os militares dos Quadros Especiais.
2) Demandas
Em resumo, as demandas referentes ao Adicional de Habilitação tiveram as seguintes ideias
centrais:
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Capitão-Tenente e Capitão 12
Primeiro-Tenente 6
Segundo-Tenente 5
Suboficial e Subtenente 32
Primeiro-Sargento 20
Segundo-Sargento 12
Terceiro-Sargento 6
Cabo (engajado) 6
2) Demandas
Em síntese, as demandas que foram trazidas ao Grupo de Trabalho, relacionadas ao ACDM,
referem-se ao entendimento de que os militares dos Quadros Especiais das três Forças teriam sido
prejudicados por não perceberem o ACDM em valores mais elevados.
3) Análise
A demanda busca assegurar o pagamento do Adicional de Compensação por
Disponibilidade Militar no percentual mais elevado para todos os militares, sob a alegação de que a parcela
remunera com percentuais distintos um mesmo fato gerador, qual seja, de estar à disposição permanente e
com exclusividade das Forças Armadas.
Inicialmente, é importante esclarecer que o Adicional de Compensação por Disponibilidade
Militar incide sobre o soldo de forma escalonada, variando de 5% para os militares com graduações mais
baixas (Soldados/Taifeiros) até 41% para os militares com postos mais elevados (General de
Exército/Almirante de Esquadra/Tenente-Brigadeiro). Os percentuais são dispostos em função das tarefas
desempenhadas e grau de responsabilidade, entre outros.
Sobre o tema, o STF entende que:
“... o adicional, embora implique aumento de remuneração para a maioria dos
militares, não tem natureza de reajuste geral de vencimentos, uma vez que a Lei 13.954/2019 trata da
reestruturação da carreira.
..., o pagamento diferenciado da parcela, conforme o posto ou a graduação, não
ofende o princípio da isonomia, pois está amparado no artigo 142 da Constituição Federal, que
determina a organização das Forças Armadas com base na hierarquia.
...Assim, a diferenciação entre os percentuais não ofende o princípio da isonomia, pois
considera os pilares da hierarquia e da disciplina, princípios estruturantes das Forças Armadas.”
(Extraído da decisão STF referente julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
1341061/2021 - Tema 1175 - Concessão do Adicional de Compensação por Disponibilidade
Militar no percentual máximo previsto na Lei 13.954/2019 a todos os integrantes das Forças
Armadas)
Por último, conclui-se que o fato de a carreira militar estar alicerçada na hierarquia e
disciplina, a adoção de percentuais escalonados para o pagamento do adicional de compensação por
disponibilidade, conforme posto ou graduação do militar é essencial e inerente à característica da carreira
castrense.
c. Da Ascensão Hierárquica
1) Informações preliminares
Inicialmente, cumpre destacar o caráter excepcional dos Quadros Especiais das Forças
Armadas, pois sua criação teve por objetivo autorizar que as praças estabilizadas na graduação de cabo,
que não possuíam os requisitos necessários para promoção, pudessem seguir outro fluxo de carreira,
permitindo a progressão hierárquica dessa parcela de militares até a graduação de segundo-sargento, ao
invés de permanecerem como cabos por todo o período de atividade militar.
Não se pode olvidar que a criação dos Quadros Especiais propiciou oportunidade para esses
profissionais ao restituí-los a perspectiva de duas outras promoções e, por consequência, melhoras nos
vencimentos, apesar de apresentarem as mesmas capacitações técnicas exigidas para a graduação de cabo.
2) Demandas
Em que pese se encontrarem em situação completamente distinta que a das demais praças,
ou seja, as que seguiram o itinerário natural de carreira e realizaram todos os cursos e preparações
previstas nas normas de planejamento de cada Força, as praças dos Quadros Especiais postulam
ascenderem até a graduação de suboficial ou subtenente.
3) Análise
A progressão hierárquica dos Quadros Especiais está prevista em legislação específica para
cada Força Armada.
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5. CONCLUSÃO
A reestruturação da carreira dos militares das Forças Armadas, formalizada por meio da Lei
nº 13.954/2019, não privilegiou os militares de mais alta patente. A essência da lei visa à valorização da
carreira de todos os militares, oficiais ou praças, que foram tratados de forma absolutamente equivalente,
com foco na experiência e na meritocracia.
A Lei nº 13.954/2019 foi amplamente discutida e analisada no Congresso Nacional. Ela não
foi aprovada como concessão de reajuste salarial, mas sim como parte de uma complexa reestruturação da
carreira dos militares das Forças Armadas, cujas discussões se iniciaram no ano de 2015, e que foi
construída e planejada para atrair e reter talentos, valorizando a experiência e a meritocracia.
Dessa forma, pode-se depreender da Exposição de Motivos apresentada por ocasião da
tramitação do Projeto de Lei nº 1645/2019, que as propostas apresentadas refletiram a evolução da Política
de Pessoal Militar, integrante e derivada da Política Nacional de Defesa, em face da conjuntura social e
econômica do País, sensivelmente distinta da época em que aqueles diplomas legais foram promulgados.
Nesse sentido, propôs que a situação dos militares das Forças Armadas se amoldasse à realidade
socioeconômica do País e contribuísse para o êxito das medidas de ajuste econômico.
Sobre os Quadros Especiais, é necessário ressaltar que há diferenças importantes entre eles,
reconhecendo as experiências adquiridas, as necessidades de cada Força à época, e buscando atenuar a
questão social e salarial derivada da longa permanência na mesma graduação durante o serviço ativo.
Embora a criação dos Quadros Especiais tenha possibilitado a promoção inicialmente a
terceiros-sargentos e posteriormente a segundos-sargentos, essa ascensão hierárquica teve como critério
apenas a antiguidade, ou tempo de serviço, permitindo novo aumento de vencimentos.
Neste contexto, as demandas apresentadas ao Grupo de Trabalho não possuem relação com
o disposto na Lei 13.954/2019, mas são decorrentes de situações derivadas da finalidade de criação dos
Quadros Especiais.
Como mencionado anteriormente, a Lei nº 13.954/2019 não impôs qualquer limitação sobre
a escala hierárquica das praças dos Quadros Especiais. Portanto, resta concluir que a mesma não trouxe
qualquer prejuízo ao Quadro Especial nesse particular.
No tocante à VPNI, conforme prevê a Lei, não é o caso de aplicação da referida vantagem,
pois não houve redução do valor bruto, tanto das remunerações de militares ativos, quanto dos proventos
de veteranos e das pensões de militares, em decorrência das modificações relacionadas à contribuição para
a Pensão Militar.
Ademais, entende-se que os militares dos Quadros Especiais foram contemplados na Lei nº
13.954/2019, no tocante ao adicional de compensação por disponibilidade militar, pois os segundos-
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sargentos passaram a receber o mesmo percentual de capitão de fragata e tenente-coronel (26%); e aos
terceiros-sargentos foi garantido o percentual de 16%, ficando escalonado entre o capitão -tenente e
capitão (12%) e o capitão de corveta e major (20%).
Sendo assim, após estudar cuidadosamente os efeitos da Lei nº 13.954/2019, o Grupo de
Trabalho conclui que não há necessidade de aperfeiçoamento da legislação de pessoal militar relacionada
às praças integrantes dos Quadros Especiais das Forças Armadas.
NEIDIR WEBER
Coordenação-Geral de Política de Remuneração Militar
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