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1 ano de luto
Hoje faz exatamente 1 ano que eu te vi pela última vez e não sabia que era a última vez.
Na verdade eu segurei a certeza de que iria te ver de novo até o último segundo daquela fria
madrugada do dia 14 pro dia 15. Quando ouvi falar com os últimos 8 por cento de chance de
vida, me agarrei a isso, enquanto meu corpo tremia violentamente em ansiedade. Nossa cabeça
longe. A família toda sem conseguir acreditar.
Ouvia-se uns gritos no Alfredo Mesquita. Na casa de Fátima e Zé Augusto.
Irmãos e vizinhos nos abraçando não tirava a vontade de gritar que eu segurava na garganta.
Como assim?! Vovó tava aqui agorinha, ela ia ficar bem!
Mas agora tínhamos que cuidar uns dos outros e cultivar as boas memórias da sua voz, seu
cheiro e sua pele enrugada, que toda vez que eu brincava a senhora dizia “Veia é teu passado.”
Vovó, o que só percebi depois de muito tempo de nuvens cinzas, foi que sua vida foi uma oferta.
Um grande legado entregado a nós. Jesus te esperava com grande festa no céu. Um lugar de
descanso. Na nossa doce Israel tão sonhada por você.
Sim, a senhora estava pronta. A gente que não tava. A gente nunca tá.
A casa ainda ecoa sua voz, seus pano de prato e suas tapiocas.
E até hoje em 1 ano tanta coisa aconteceu. Mas Deus nos sustentou, vovó.
Ele tem sido o abraço que eu procuro toda vez que fico confusa.
Ele tem sido o provedor da casa.
A alegria do cantinho da benção.
A oferta generosa de amor e cuidado.
O legado do evangelho.