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Bem-Vinda

Catherine

Spin-off da Série Doces Lobos


Sumihara Martinez
2017
Sinopse:

Neste spin-off vamos saber exatamente o que aconteceu no Natal na Família Wolf – que foi
abençoada pelos Deuses –, com a chegada de uma nova e fofa integrante na família. Catherine veio
para dar um toque encantador a nossa história, enquanto os homens resolvem ter a ideia de salvar a
ceia de Natal. O que será que aguarda os integrantes dessa família neste dia tão esperado?
Sumário
Nota da Autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Conheça as outras obras da autora
Nota da Autora
É necessário ter lido os dois primeiros livros da série para entender os acontecimentos dessa obra.

A Fúria do Alfa e Coração de Lobo são os livros que antecedem este spin-off.

Um Feliz Natal a todos!


Capítulo 1
Marina

Se eu ouvir Jingle Bells tocar novamente, eu juro que vou colocar a porcaria do rádio no forno. Não
me leve a mal, adoro todo esse espírito natalino. Toda a magia que se cria em torno desta data que é
tão celebrada ao redor de todo o mundo. Amo o clima de festa, o clima nostálgico de mais um ano
chegando ao fim, a culinária, a música, tudo isso me fascina. Só não hoje – mas precisamente neste
momento –, onde a porcaria da musiquinha irritante começou a tocar novamente.

— Natalie! – grito da cozinha. Sou apaixonada por minha melhor amiga e cunhada, mas nesse exato
momento, quero bater na sua bunda. Se Natalie não trabalhasse para mim, juro que exigiria que ela
entrasse para o ramo de decoração. O que essa pequena consegue fazer para decorar um local, é
mágico. Desde que insisti que abriria a loja até o Natal, ela enfiou na cabeça que tinha que decorar a
Sugar Love com todo o “encanto natalino”. A loja está parecendo mais a própria casa do Papai
Noel. Festões, bolas, guirlandas e luzes enfeitam a confeitaria, trazendo magia natalina prometida.
Isso sem contar, a imensa árvore que decora o canto com o maior destaque na loja. O dia que ela
arrastou, seu então companheiro Travis e seu irmão Lúcios até a floresta, e os fez trazer esse imenso
pinheiro até aqui, gerou boas gargalhadas. O pinheiro é alto e robusto, com imensos galhos e um
tronco grosso. Realmente é o maior pinheiro que existia dentro da mata. Ela se certificou de escolher
bem, arrastando os dois por um bom par de horas adentro da floresta, e não saiu de lá até escolher o
melhor dos melhores, como ela mesma disse. Até a escolha do pinheiro foi tudo bem, mas ai não
seria Travis e Lúcios, se não houvesse uma discussão envolvida. Juro que esses dois me levam a
beira da loucura ultimamente. Eles brigaram por um bom par de minutos para ver como derrubariam
o pinheiro. Cada um tinha uma teoria do melhor ângulo, do melhor instrumento para corte, nenhum
queria dar o braço a torcer pelas ideias do outro. E colocá-la na picape então? Foi outra disputa para
provar qual era o macho alfa que teria a melhor idéia e salvaria o dia. Enfim, acabei com essa
monstruosidade instalada na loja. Não vou negar, ficou perfeita! Nunca vi uma árvore de Natal tão
linda. Natalie até arrumou, – não me pergunte onde – um trono magnífico em bronze e com estofado
vermelho, a verdadeira poltrona do Papai Noel, para servir de local para as fotos. Sim isso mesmo, a
confeitaria ficou tão linda enfeitada que virou atração turística em Lexington. Resultado? Nunca
trabalhamos tanto na vida! Do momento que abrimos, até a hora que fechamos, estamos
transbordando de clientes. Nossa equipe – além de mim, Natalie e Ana –, tem contado com a minha
nova contratante Beth, que recentemente se juntou a nossa família. Travis também anda sempre nos
ajudando no balcão, trabalhando com o atendimento dos fregueses. Há uma história mal me contada
de que ele tem um talento natural no gerenciamento dos pedidos e que já as salvou em outro momento
aqui na loja, então o agarrei pelas calças e fiz ele nos ajudar nessas semanas que antecedem o
feriado, já que ele estava de folga no seu trabalho como pesquisador.

— Que foi Niina? – Natalie enfia a cabeça na porta com os olhos arregalados.

— Por favor, essa música de novo não! Eu preciso de um tempo com essa playlist Naty, estou
surtando caramba! – ergo as mãos esquecendo que estava sovando a massa, fazendo voar farinha
como uma nuvem por todo lado. Tossindo, espantei com as mãos os grânulos de pó que se instalaram
por todo meu rosto.

— Mas Niina é natal e...

— Não, por favor. – cortei seu papo furado. — Chega de Jingle Bells!

— Okay. – ela suspirou derrotada. Permaneci um momento controlando minha respiração, tentando
conter minha raiva, até enfim, ouvir o silêncio que chegou reinando soberano. Respirei fundo
sentindo a sensação de paz e comecei a quebrar os ovos dentro da massa que estava preparando, só
para então, ser surpreendida com a voz da Mariah Carey, cantando com toda empolgação, naquele
seu irritante cd com versões natalinas. Bufando e amaldiçoando Natalie eternamente, soquei a massa
até meus braços tremerem com o esforço.

Não sei o que está acontecendo comigo essa semana. Ando tão irritada com tudo e todos. Esse
finalzinho de gravidez está acabando comigo. Já amo minha filha, amo gerá-la, amo e anseio por ver
seu rostinho, mas a maternidade não está sendo essa experiência magnífica que todos pintam por ai.
A luz que a gestante carrega consigo, o brilho na pele, a experiência sem igual. Não estou
conseguindo visualizar nada disso, tudo que estou vendo são enjôos, dores, inchaços, estrias e
gordura, fora o sexo. Sim, o sexo reduziu significadamente nessa reta final. Meu marido é quente e o
fogo do acasalamento só aumenta a cada dia, mas não tenho mais posições que me façam confortável,
fora as dores na vagina, ah minha vagina! Tô me cagando de medo dela não voltar ao normal. Essas
são algumas das paranoias que uma grávida – que já não consegue dormir a noite – fica pensando a
todo instante.
Lúcios também não anda colaborando muito com meu estado de espírito. Desde que tudo aconteceu, e
eu e Naty fomos sequestradas a meses atrás, ele tem se tornado ainda mais protetor e possessivo
comigo. Eu juro que entendo o seu lado, nem consigo pensar na dor e desespero que meu
companheiro sentiu quando viu sua companheira grávida e sua irmã, desaparecidas nas mãos do
inimigo. Ele ainda acorda com pesadelos a noite, onde desperta suando frio e procurando por mim,
aflito pela cama. Mas toda essa tensão e proteção estão me deixando completamente sufocada,
quando ele mesmo não faz minha guarda, Jack – um membro da nossa matilha – faz minha segurança.
Ando vinte e quatro horas escoltada, já que ainda não podemos dizer que estamos cem por cento
seguros novamente, por conta do lobo que foi encontrado morto em nosso território recentemente. O
corpo de nosso inimigo não foi encontrado, então não sabemos se estamos realmente livres dessa
ameaça. Lúcios não quer arriscar minha segurança nesse momento tão delicado, e eu realmente
compreendo e aceito, tanto que não discuti quando ele propôs esse acordo. Mas não posso dizer que
estou feliz, nem que não me sinto sufocada, ao contrário, está me aborrecendo muito não ter minha
liberdade de antes.

— Hey Marina. – Ana entra na cozinha colocando uma pilha de formas na bancada. – Os rolos de
canela esgotaram. – ela me informa.

— Humm beleza Ana. – digo suspirando vendo-a sair novamente. As coisas entre Ana e nossa
família andam em uma corda bamba ultimamente. Minha amiga e funcionária, não está conseguindo
lidar muito bem com sua nova descoberta. Desde que ela viu sem querer, três lobos se transformarem
em minha sala, ela tem se afastado de todos, acho que para seu tormento ter o emprego aqui na loja,
tem sido ainda mais difícil para ela nos aturar. É bem notável seu desconforto com todos, o que tem
nos deixados bem chateados, pois a amamos como um membro de nossa família e esse
distanciamento está nos afetando consideravelmente. Temos sidos pacientes e estamos tentando dar
espaço a ela para digerir e entender nosso mundo e como vivemos. Mas Ana não está dando sinais de
que se sente segura o bastante para voltar a ter contato conosco, e isso de certa forma, tem me
magoado em particular, pois sempre a tratei como uma amiga e nunca a fiz se sentir desconfortável
em nossa presença. Tínhamos um laço forte de amizade, compreendo que toda essa revelação deve
ter pirado sua cabeça, mas poxa, não é como se fossemos fazer algum mal a ela neste momento.
Todos nós tentamos conversar, tentamos explicar, mas ela parece que não quer ouvir, não quer fazer
parte de nosso segredo. Por isso respeitamos sua decisão, mas não deixa de doer seu afastamento.
Termino as tortas e deixo-as preparadas para assar, confiro todas as encomendas e constato que
finalmente acabei com todos os pedidos. Com um suspiro massageio meus ombros doloridos e
saboreio a dor em minhas costas. Sei que exagerei no trabalho, Lúcios sempre diz que tenho o
péssimo hábito de não saber a hora de dizer não as pessoas, então acabei pegando todas as
encomendas possíveis dos meus fieis clientes. Todo mundo quis uma sobremesa especial da Sugar
Love para sua ceia de Natal. Não posso nem começar a agradecer por tamanha honra e satisfação.
Meus clientes são realmente demais! Sempre me acolherem de braços abertos, desde o primeiro
momento que cheguei a cidade. Sorrio com a lembrança. Tanta coisa aconteceu desde que cheguei a
Lexington com uma mala de incertezas e um coração cheio de sonhos.

Ainda pensando sobre o feriado que está chegando, elevei meus pensamentos ao meu passado.
Quando estava com Willian nunca podia aproveitar realmente o Natal, o meu ex fazia desse dia um
inferno, tentando me afastar de minha avó para me fazer ficar sempre com sua família perfeita e seus
amigos bajuladores. Odiava o quanto me sentia reprimida nesses eventos, ao qual eu tinha que ficar
ao seu lado, como uma boneca a ser exibida. A espécime de namorada perfeita. Como era tola. Tudo
que eu queria era ficar em casa ao lado de vovó, assando, sentindo o cheiro de canela e especiarias
no ar. Ela sempre fazia questão de passar um Natal tradicional, com peru, rabanadas, torta de maçã,
cookies e rolos de canela. Era sempre perfeito quando estávamos juntas na cozinha. Será meu
segundo Natal sem minha avó. O primeiro que passei sem ela foi logo após a sua morte. Sozinha, de
luto e recém traída pelo meu ex, fiquei em casa com Salém de companhia assistindo clássicos filmes
de Natal, comendo uma pizza e bebendo vinho. Logo após esse tempo, cheguei a Lexington. Como a
vida de uma pessoa pode mudar tanto em questão de meses? Lúcios tem a mania de me dizer que eu o
salvei, mas a verdade é exatamente ao contrário, ele me deu tudo. Um lar, uma nova família, amigos e
principalmente seu amor incondicional. Por isso coloquei meu estresse de lado, e prometi a mim
mesma que daria o melhor Natal a ele.
Queria um natal que Lúcios jamais esquecesse, pois será o primeiro em que passaremos juntos, como
toda nossa família. Tinha que ser especial, faria de tudo para ser perfeito. Então comecei a planejar
nossa ceia em detalhes.
Só não contava que uma pessoinha tão esperada, tivesse outros planos para mim.
Capítulo 2
Lúcios

Corri.
Meus pés humanos não eram suficientemente rápidos o bastante. Minha vontade era me transformar,
pois assim, poderia voar impulsionando minhas grandes patas mais velozmente. Sentia meu coração
bater forte contra meu peito, minhas mãos estavam suadas e um calafrio gelou minha espinha. Parece
que ultimamente os Deuses queriam testar meu coração, não é possível um homem sair ileso sem um
infarto depois de passar por tantas provações. Provavelmente eu serei o primeiro lobo a sofrer de
problemas cardíacos em toda nossa existência.
Passei pela porta da frente escancarando-a aberta, quase me trombando com Beth no caminho, mal
tive tempo de gritar um “desculpe”, enquanto focava minha atenção no topo da escada. Movendo-me
como um raio, subi as escadas pulando de dois em dois e pegando impulso pelo corrimão, passei
pelo corredor e entrei como uma ventania furiosa pelos meus aposentos.
Imediatamente elevei meus olhos para nossa cama. Lá estava ela.
Marina. Minha companheira.
Deuses, será que um dia perderei esse sentimento ao vê-la? Toda vez é como levar um soco direto no
estômago. Respirando pesadamente, tentando levar oxigênio aos meus pulmões castigados, tentei
controlar minha fúria diante dela. Seu olhar caiu sobre mim e seu rosto se suavizou, com uma medida
em meu semblante sua testa se enrugou em preocupação diante de meu comportamento.
— Estou bem. – ela logo tentou me tranquilizar.

— Você não parece bem para mim. – rosnei me aproximando dela. Estava na delegacia quando
recebi o telefonema de Beth. Marina tinha passado mal na confeitaria, precisou de socorro, pois
chorava agarrada a barriga. Nem consigo lembrar os minutos seguintes, meus pés já estavam em
movimento antes mesmo de terminar a ligação.

— Agora temos a situação controlada alfa. – escutei a voz de Pauline, nossa curandeira da alcateia.
Me surpreendi, pois nem tinha notado os presentes em nosso quarto, minha atenção era apenas em
minha companheira. Além da anciã, Natalie estava fungando com olhos vermelhos, agarrada ao seu
companheiro, Beth tinha retornado ao quarto, além de Henriqueta, – outra curandeira que se juntou a
nossa matilha –, permaneciam no nosso aposento.

— O que diabos aconteceu? – perguntei nervoso. Marina se encolheu levemente diante de minha
fúria, queria dizer que não era por conta dela, mas mal conseguia me controlar.

— A Niina passou mal enquanto estava na confeitaria Lúcios, por sorte Travis estava lá e
conseguimos trazê-la rapidamente para casa. – Naty fungou.

— A bebê... – perguntei sentindo o pânico se instalar.

— Ela está bem. – Marina se apressou em dizer, virei-me para ela tão encolhida na nossa enorme
cama. Ela estava assustada para caralho, com os olhos enormes segurando protetoramente sua barriga
redonda, onde todo meu coração estava sendo gerado no conforto e proteção de seu corpo.

— Foi apenas um susto. – Henriqueta disse. — Marina tem se esforçado demais nesses últimos dias,
sua gestação está tranquila, mas agora é o momento de mais repouso para uma gestante e justo quando
ela deveria desacelerar, tem se esforçado mais. Não é porque a gestação está correndo
tranquilamente que devemos aliviar os cuidados. Nossas gestações não são iguais aos dos humanos,
não temos os recursos que eles têm disponíveis, por isso é tão importante não arriscar. Se houver
complicações na hora do parto, temos poucos recursos. – ela me informou. Fechei meus olhos e
respirei fundo. Esse é o maior medo que enfrentamos diante de uma procriação com membros de
nossa alcateia. A taxa de mortalidade é razoavelmente controlada, mas sempre existiram casos onde
as mães ou os bebês tem alguma complicação, e em todos esses casos, eram situações que facilmente
poderiam ser evitados, se não fosse pelo nosso segredo. O mundo humano é avançado na medicina,
aprendemos isso rápido, nossos genes podem ser detectados com uma simples extração sanguínea.
Somos diferentes dos humanos, por essa questão, por termos que nos manter ocultos, não temos
disponível a opção de correr para um hospital quando necessário. Mais e mais curandeiros estão se
especializando e estudando, para manter nossa comunidade amparada. Eu mesmo disponibilizei uma
enorme verba para os aprendizes, que estão agora estudando e aprendendo para ajudar nosso bando.
Comprei equipamentos modernos para começarmos a montar uma pequena clínica particular, que
será exclusivamente destinada para uso de nossa matilha, quando preciso. Mas nem todo meu esforço
foi necessário para dar a tempo, a minha companheira, o melhor tratamento e assegurar sua total
segurança na hora do parto. Marina tem sido assistida em casa pelas curandeiras da matilha. Na hora
que nossa filha vir ao mundo, o parto terá que ser realizado aqui em nosso lar, e os Deuses sabem o
quanto tenho me preocupado com essa hora.

— Eu disse a você que estava abusando. – não queria ter que apontar a verdade na cara dela, mas
não consegui me segurar. Essa tem sido uma de nossas discussões mais recentes.

— Eu sei. – ela disse magoada.

— Vamos deixar os dois à vontade. – Pauline se apressou.

— Não espere. – virei-me para as curandeiras. – Qual são as recomendações? – passei as mãos pelo
rosto. – O que vai acontecer de agora em diante?

— Marina precisa de descanso. Tranquilidade. – Henriqueta falou. — A bebê está encaixada e


pronta para nascer, pela minha experiência falta poucos dias para ela começar a entrar em trabalho
de parto. Meu conselho é fazer Marina desacelerar no trabalho e ficar em repouso absoluto. Nada de
carregar peso, se alimentar com refeições leves, descansar e esperar pela chegada da bebê. Sei que é
difícil para ela que está sempre ativa trabalhando, mas nós já conversamos, e todos concordam que
agora é hora de pensar na sua saúde em primeiro lugar. – ela olhou com carinho para cama onde
Marina estava. — A qualquer momento, se precisarem, é só mandar nos chamar que eu ou Pauline,
vamos estar em alerta para a hora esperada. – ela deu um tapinha no meu ombro ao sair.

— Não seja duro com ela. – Pauline me abraçou ao se despedir. Com um aceno de despedida elas se
retiram.

— Você está proibida de me dar um suto desse novamente. – Natalie chorou abraçada a minha
companheira.

— Eu sei, desculpe Naty. – Marina fungou. — Obrigada por toda ajuda Travis.

— Que isso Ninna, fica tranquila e descansa. Deixa que eu e Naty, tomamos conta da Sugar Love
para você. Não há muito trabalho neste momento, você conseguiu terminar todas as encomendas,
agora só resta a gente ficar no balcão distribuindo os pedidos. Fique com seu companheiro e trate
logo de colocar minha sobrinha no mundo, porque aqui ninguém aguenta mais de vontade de pegá-la
no colo. – ele beijou seu rosto e sacudiu seu cabelo rindo. — Vamos baby, vamos deixar a Niina a
vontade.

— Promete que me liga se algo mudar? – Natalie disse.

— Prometo. – com as despedidas feitas eles saíram, deixando-nos sozinhos no quarto. Andei até o
banheiro arrancando minhas roupas pelo caminho, parei na pia do banheiro e me apoiei na bancada
me acalmando antes de conversar com Marina. Tomei uma ducha rápida, fui até o closet e vesti uma
calça de moletom. Sai descalço com uma toalha nas mãos, secando os cabelos andando pelo quarto,
até me deparar com minha companheira se debulhando em lágrimas silenciosas.

— Baby. – corri imediatamente até ela envolvendo-a nos braços. — O que houve? Você está
passando mal? É a bebê? – comecei a entrar em pânico novamente.

— Não me odeie. – ela sussurrou.

— O que? – perguntei aturdido. — Marina de onde veio isso? Nunca poderia odiá-la.

— Você está bravo. Mal falou comigo, e com razão. – ela fungou. — Posso sentir sua frustração
daqui. Sei que errei Lúcios. Eu sou uma péssima mãe. – ela chorou.

— Você não é uma péssima mãe Marina. – ri de encontro aos seus cabelos, inspirei seu perfume. —
Você é a melhor querida. Olha só. – fiz ela me olhar nos olhos. — Todos nós erramos, como
Henriqueta mesmo disse, todos estávamos confiantes demais que você poderia levar o mesmo ritmo
de quando não estava grávida. Por conta da sua gestação tranquila, nós esquecemos que esse ritmo
todo cobraria o preço uma hora ou outra, agora é como as curandeiras disseram, repouso e cuidado
até chegar a hora de nossa menininha chegar ao mundo. – beijei seu rosto.

— Eu pensei que podia dar conta de tudo. Que poderia levar minha rotina normalmente. – seus
ombros caíram.

— Marina, você conseguiu amor. Não vê? – levantei seu queixo. — Você trabalhou a gravidez inteira
meu amor. Mesmo tendo todo conforto que posso te proporcionar, mesmo tendo funcionárias que
poderiam te aliviar no trabalho, você não quis deixar o batente. Colocou seu avental e não saiu
daquela cozinha o tempo todo. Nesses oito meses e meio de gravidez, posso contar nos dedos os dias
que você não trabalhou por conta da sua condição. Mas nem mesmo você é de ferro querida,
sabíamos que teria que tirar alguns dias de descanso.

— Não pensei que essas dores eram graves. – ela disse tocando meu rosto.

— Quer dizer que você vinha sentindo dores a alguns dias e não contou a ninguém? – meu tom subiu,
sem que eu pudesse me controlar.

— Não queria te preocupar. – ela se encolheu. Rosnei.

— Foi me dado pelos Deuses o privilégio de me preocupar com você! – disse a abraçando. — Você
não devia ter escondido isso Marina, não sabe como me sinto quando você faz isso. – resmunguei
frustrado.

— Me desculpe. Eu aprendi a lição. Fiquei muito assustada, pensei o pior no momento. Eu nunca
mais vou abusar de novo, eu prometo. – ela suspirou.

— Meu coração agradece. – disse rindo enfiando a cabeça nos seus peitos. – Eu amo você. – beijei
seu coração.

— Não mais o quanto eu te amo. – ela tomou minha boca onde me afoguei no seu gosto. Nos
beijamos até dissolvermos todas nossas preocupações e anseios, naquela tarde mimei minha querida
companheira com massagens e carinhos.

***
— Marina baby, o que está fazendo? – rosnei. Desde que minha companheira teve que desacelerar e
repousar, ela vem me testando a todo os momentos com meu controle. Fazer Marina ficar quieta, é
como tentar controlar um grupo de crianças em um parque de diversões.

— Lúcios eu vou tomar um copo de água, pelo amor dos Deuses! – ela bufou indo em direção a
cozinha. Tudo bem, pode ser que eu esteja um pouco protetor demais em relação a ela, mas em minha
defesa, isso é algo que não posso me controlar. Cuidar e proteger é uma ação instintiva aos lobos.
Agora cuidar de uma companheira gravida, é quase como se deixasse meu lobo e instintos em alerta
vinte e quatro horas por dia.

— Gente foco aqui! – Natalie estrala os dedos chamando nossa atenção. — Estamos em cima da
hora, precisamos decidir o que faremos para a ceia. O feriado é esta semana gente.

— Eu tinha tudo planejado. – Marina choraminga se sentando no sofá. Estávamos todos reunidos em
casa. Minha irmã e seu companheiro, Malcon, Petrus e Beth. A única que faltava para completar
nossa família era Ana, mas essa não queria ver a gente nem a um quilômetro de distância. — Tinha
todo o cardápio pronto, os pratos principais, as sobremesas, planejei tudo com tanto carinho,
passaria horas cozinhando nossa ceia de Natal.
— Isso está fora de cogitação Marina, nem pensar você vai se matar de cozinhar para todos nós. –
disse com meu tom que não adiantava ela nem querer discutir.

— Eu sabia que você ia dizer isso. – ela rolou os olhos. — Mas então quem vai cozinhar? –
perguntou. Olhei ao redor, para todos que ficaram em silêncio. Pousei meus olhos instintivamente em
minha irmã.

— Oh! Não olhe para mim. – ela ergueu as mãos. — Sabe que não levo jeito para a cozinha. Aprendi
o básico na confeitaria, posso fazer uma sobremesa, mas a ceia não é comigo. Sei o básico do
básico. Sabe todas as vezes que eu tentei e como saiu um desastre Lúcios. – ela justifica. Lembro-me
de todos os feriados que passávamos em casa somente eu e Naty, ela sempre se aventurava em
cozinhar e quase acabava colocando fogo na cozinha no processo, sempre precisávamos sair e comer
fora. Estremecendo com a lembrança me virei para a única mulher da casa que poderia salvar nosso
feriado.

— Uh não me olhe grandão. – Beth logo percebeu minhas intenções. — Mal sei ligar o fogão de
vocês, quanto mais cozinhar uma ceia completa. – ela disse assustada.

— Foda-se. – suspirei. — E agora? – indaguei.

— Eu queria tanto que nosso primeiro Natal fosse especial. Vai ser a primeira vez com nós todos
reunidos. – Marina fungou. Minha companheira estava com os hormônios totalmente descontrolados
nos últimos dias. Nunca vi Marina chorar tanto, meu coração se apertava em vê-la em tal estado,
minhas suspeitas eram que ela estava em tal estado por conta de sua ansiedade ao parto que se
aproximava. — Ia fazer peru recheado, rosbife de porco, caçarola de vagem, purê de batatas e torta
de abobora de sobremesa. – ela limpou o nariz na manga da camisa. — Fora eggnog e cookies de
gengibre. Depois na manhã seguinte, a gente se reuniria aqui, diante da lareira. Sentaríamos perto da
árvore de Natal para abrir os presentes, tomando chocolate quente e comendo rolos de canela,
enquanto mergulhávamos em presentes.

— Hmmm rolos de canela. – Petrus e Travis disseram juntos.

— Agora nosso Natal foi arruinado. – ela começou a chorar novamente. Suspirando puxei-a em meus
braços.

— Esse é seu natal perfeito? – perguntei.

— É. – todos disseram juntos, com olhares sonhadores.

— Então não vejo o porquê de não termos o Natal perfeito. – sorri.

— Mas... mas – ela balbuciou. — Quem vai cozinhar?

— Nós vamos. – apontei para os caras.


— Merda! – Natalie exclamou. — Irmãozinho o tanto que eu o amo, sei que isso não é uma boa ideia.

— Nós podemos fazer isso. – retruquei. — Não é pessoal? – virei-me para os rapazes que se
encolherem.

— Hum... sim porque não? – Petrus respondeu. Não sabia se ele estava afirmando ou convencendo a
si mesmo.

— Eu acho uma ótima ideia. – Travis se animou. — Eu mando bem na cozinha, aposto que
conseguiremos fazer uma ceia muito melhor que as mulheres. – se gabou.

— Não exagera Travis. – Malcon suspirou desanimado.

— Minha gatinha sabe que eu mando bem na cozinha. – ele piscou para minha irmã. —Vamos te
ajudar Lúcios, conte comigo para fazer a ceia. – ele acenou.

— Obrigado Travis. – respondi sinceramente, reconhecendo-o como o único que apoiou a minha
ideia.

— Só eu tenho a impressão que acabei de testemunhar um acordo profano? – Natalie disse perplexa.

— Não. – Marina riu. Bem, pelo menos ela parou de chorar, pensei comigo.

— Não olhe para a gente assim. – Beth deu um de seus raros sorrisos. — Vocês dois brigam tanto que
quando são gentis um com o outro, é como se fosse dois estranhos para nós.

— A gente não briga tanto assim. – respondi. Olhei para todo mundo que balançavam a cabeça
discordando. — Não brigamos...

— Tudo bem cunhadinho, deixa eles falarem, eu não ligo. – Travis riu.

— Não me chame de cunhadinho, babaca! – esbravejei. Todo mundo caiu na risada ao redor.

— Mas voltando a pauta. – Marina chamou nossa atenção. — Tem certeza que vocês dão conta, não
quero dizer que não conseguem, mas é uma mão de obra cozinhar tanta comida assim. Vocês terão as
mãos cheias. – ela disse com um olhar duvidoso.

— Ah Marina agora você nos chamou para um desafio, e vai perceber que não fujo de um. – Petrus
se gabou.

— É isso mesmo, os homens podem mandar bem tanto quanto vocês. – Travis tocou um high five com
ele.

— Bem neste caso acho que veremos não é mesmo? – Natalie cruzou os braços sorrindo.
— Não fique com essa cara. – puxei Marina nos meus braços e encostei os lábios na sua orelha, o
que fez com que eu me deleitasse, como sempre, com o suspiro que saiu de seus lábios. Acho que
nunca me cansaria disso, e nem queria. Ela aninhou-se contra mim e colocou a cabeça sobre meu
peito. Marina vestia um suéter grosso de lã de caxemira macio, que transmitia uma sensação gostosa
enquanto eu esfregava suas costas. — Vai ser o Natal do jeitinho que você sempre sonhou baby. –
beijei o topo de sua cabeça. Mal sabia eu, que minha filha estava tão animada quanto nós para ter sua
contribuição em nossos planos.
Capítulo 3
Natalie

— Onde vocês acham que eles foram? – Elizabeth perguntou.

— Não sei, mas Travis tinha aquele olhar em seus olhos. – disse.

— Aquele onde ele acha que está sendo inteligente, mas realmente ele está sendo um idiota? –
Marina perguntou. Assenti.

— Sim, esse mesmo. Ele é tão adorável quando ele faz isso. – suspirei.

— Lúcios também tem esse olhar, é tão fofo. – ela riu. — Mas sério, não acho que eles sabem no que
se meteram. – ela gargalhou. — Mas precisamos apoiá-los, pois percebi como isso é importante para
eles. Lúcios quer provar que é capaz de fazer uma ceia de Natal adequada, mas ele nunca fez isso
antes.

— Uma ceia? – Beth perguntou confusa.

— Não cozinhar. – Marina gargalhou. — Em todo nosso tempo juntos, acho que nunca o vi perto do
fogão, o máximo que consegui contemplar foi ele lidar com o microondas. Estou tentando visualiza-
lo na minha mente com um avental fazendo uma caçarola, mas a imagem é tão bizarra que meu
cérebro dá um nó com essa imagem mental.

— É muito trabalho para uma pessoa, mesmo para uma cozinheira experiente. Eles podem acabar se
dando muito mal. – Beth sussurrou.

— Foi o que pensei. Sugeri que nós poderíamos ajudá-los, mas eles estão determinados a fazerem
sozinhos. – Marina comentou.

— Trata-se tudo sobre planejamento. – disse. — Lembro-me que nossas mães faziam tortas na noite
anterior para que pudessem se concentrar na ceia no dia seguinte. Acho que os meninos não sabem no
que se meteram, mas eles têm um histórico de conseguir fazer o impossível acontecer. Conhecendo-
os como conheço, eles pesquisarão tudo que conseguir e entrarão na cozinha como se fossem para
uma batalha. – gargalhei.

— Será que eles vão conseguir? – Marina perguntou ansiosa.

— Quem sabe? – disse esperançosa. — Estamos falando de homens com propósitos, eles podem ser
as vezes sem noção, mas nunca nos decepcionaram. – balançamos nossas cabeças em concordância.
Na verdade puxando o histórico de cada um dos meninos, posso afirmar que nunca me senti mais
protegida e orgulhosa. Cada um à sua maneira, tem um jeitinho especial de tratar as mulheres da
nossa família. Lúcios sendo protetor, Petrus sempre nos arrancando um sorriso, Malcon nos dando
segurança e meu Travis, sempre pronto para ajudar a qualquer custo. Sorrio pensando que não estou
mais com medo, pois sei que eles não vão decepcionar. Beth hesitou.

— Eu odiaria vê-los envergonhados. Talvez eles nos deixem ajudar um pouquinho.


— Vamos ver. – Marina falou. — Eles disseram que nos chamariam se as coisas saíssem do controle.
– ela apertou a mão de Beth.

— Não sei o que teria que acontecer para eles pedirem nossa ajuda. São orgulhos demais,
especialmente quando estão enfrentando um desafio. – comentei. — Tenho a sensação de que eles se
refugiarão na cozinha e lutaram com garras e dentes, até que o peru, ou eles, estejam assados. – não
aguentamos e soltamos o riso juntas.

***
Naquela mesma noite em nosso apartamento, sai do banho e segui para minha rotina noturna,
passando creme pelos meus braços, sentindo o aroma agradável penetrar na minha pele. Adoro a
sensação de pele hidratada, do prazer em cuidar de mim e ficar cheirosa para Travis. Pensando em
meu companheiro, foquei nos meus sentidos de loba e ativei minha audição. Há algum tempo não
ouvia meu companheiro perambulando pelo apartamento. Travis é sempre ativo, sempre cantarolando
uma canção, sempre se movendo, por isso me foquei nele, percebendo a quietude que se instalou pela
casa. Curiosa, segui atrás do rastro do meu garoto. Ele estava no balcão da cozinha, lendo algo no
computador e com vários livros espalhados ao seu redor. Seu semblante era tenso e concentrado.
Quando sentiu meu cheiro, a expressão em seu rosto se iluminou e ele se levantou para me encontrar.
Ele me beijou no pescoço, nos lábios, um beijo que me arrancou da terra e me colocou no paraíso.
No paraíso particular de Travis.

— Hey, você está animadinho. – sorria a ele.

— É a época do ano. – ele me puxou novamente. Nós nos beijamos longamente, e antes que eu me
descontrolasse, me lembrei de seu rosto concentrado de antes e queria perguntar... Mas droga ele
não joga justo, uma roçada da barba por fazer contra meu pescoço e ele poderia me possuir ali
mesmo na cozinha.

— Segure a onda, baby.

— Por quê?

— Porque queria perguntar.... aahhh, por que você sempre faz isso comigo? – Ele passou os lábios
perto da minha orelha, uma das partes mais sensíveis, e beijou-me novamente, enquanto pressionava
a mão entre minhas pernas.

— Talvez mais tarde? – disse. Ele sorriu e apertou minha nádega. No momento em que meus mamilos
responderam a esse contato, eu me afastei. Precisávamos nos concentrar aqui.

— Espere. – tentei empurra-lo, mas de alguma forma, consegui aproxima-lo ainda mais. — Baby não
consigo pensar com clareza com você fazendo essas coisas comigo. É impossível.

— Quem precisa pensar em uma hora dessas, basta sentir anjo. – ele me pegou no colo e minhas
pernas foram de encontro a sua cintura, ele nos levou até o sofá onde sentamos desajeitadamente com
mãos, bocas e corpos grudados. Fechei os olhos e tentei me recompor. Sem chance, com Travis
focado assim em mim era irrealizável. — Quero você! – ele rosnou na minha boca. — Agora. Bom
Deuses! Okay, como poderia negar?
— O que você estava fazendo no computador e com todos aqueles livros. – meu cérebro conseguiu
raciocinar e se focar na pergunta.

— Estudando. – ele abaixou meu robe de seda e beijou meu seio.

— Estudando? – perguntei confusa. Ele levantou a cabeça e me olhou com seus olhos semicerrados
em luxuria.

— É para a ceia. Receitas. – então ele se abaixou e continuou com a sua doce tortura.

— Vocês estão levando a sério esse desafio, estou orgulhosa de vocês. – disse eu.

— Veremos se ainda estará orgulhosa de nós, quando a gente aparecer com um peru queimado e
tortas horríveis. – ele riu entre os meus seios me fazendo cócegas. — Mas vou dar o melhor de mim e
vocês sabem perfeitamente que nenhum de nós lobos rabugentos gostamos de falhar. – ele tocou na
linha entre minha calcinha e minhas coxas. — Nunca. – contive um gemido, ao sentir seus dedos se
aproximando de minha umidade. — Só iremos pedir ajuda se for absolutamente necessário.

— Conte comigo baby. – gemi.

— Certo, só apenas em caso de emergência.

— Combinado. Mas o que vocês estão pesand.... ohhh

— Agora chega de falar. – ele rosnou, então mergulhou os dedos em mim, e eu obedeci me calando
completamente. Travis me virou no sofá e tirou minha calcinha freneticamente. Com os lábios sobre
meu pescoço, em um só movimento brutal, penetrou-me com tanta força que fiquei sem fôlego.
Agarrei-me ao encosto do sofá como se ele fosse minha âncora, enquanto ele me penetrava
repetidamente. Ultimamente o sexo entre nós estava primitivo. E era o que queríamos experimentar.
Estar com Travis, era novo a cada dia e eu estava mais que feliz com isso. Fui ao encontro de cada
investida. Coloquei meus braços à sua volta, e segurei seu pescoço e puxei-o com força de encontro
a mim. Gemi alto, o que o surpreendeu, fazendo-o olhar para mim com um sorriso safado.

— Você está animada. – ele disse ao meu ouvido. Eu o virei no sofá e montei sobre ele.

— É a época do ano. Estou me sentindo generosa e caridosa. – falei. Coloquei as mãos sobre seu
peito e inclinei-me sobre ele, que forçou os quadris para cima.
— Você é gostosa demais, anjo. – ele gemeu. Pela próxima hora, nós nos lançamos um sobre o outro
em posições que não imaginei que fossem possíveis, eu estava adorando cada segundo. Quando
gozou, eu estava lá com ele, sentada em seu colo, segurando-o com firmeza com os braços à sua
volta. Nossos corpos estavam quentes e escorregadios com o suor. Coloquei a mão na nuca dele, que
pressionou o rosto sobre meus seios e gozei uma última vez. Em seguida, saí de cima dele e cai sobre
o sofá.

— Você está querendo me matar, só pode. – suspirei. Ele se inclinou em minha direção e beijou-me
nos lábios rindo.
— Eu poderia dizer a mesma coisa sobre você. Um banho? – perguntou ele.

— O que vai acontecer lá? Porque você está com essa cara senhor Travis Joshua? – indaguei vendo
seu sorriso maroto cruzar sua face.

— Segundo round. – ele gritou me erguendo em suas costas. Rindo ele me arrastou ao banheiro onde
fizemos amor sob o chuveiro quente. Se morrer fosse sua intenção, neste caso, eu morreria feliz e
plenamente satisfeita.
Capítulo 4

Manhã do dia 24 de dezembro...

Petrus

Isso estava fadado ao fracasso desde o começo quando Lúcios virou para nós na cozinha e disse: —
Porra, tudo bem. – ele passou as mãos no rosto em frustração. — Não tenho a mínima ideia de como
fazer isso. – Malcon soltou uma risada seca ao meu lado, enquanto eu encarava meu melhor amigo e
alfa com indignação.

— E porque diabos você sugeriu isso? – disse.

— Na hora pareceu uma boa ideia e Marina não parava de chorar. – ele disse como se fosse obvio
para nós, que a solução de todos os seus problemas, fosse que fizéssemos o impossível.

— Tudo bem caras, olhem só, não é tão difícil assim. – Travis tentou organizar a parada. — Só temos
que dividir os pratos e seguir o que sugere a receita.

— Que receita? – Malcon perguntou.

— A do google meu caro. – ele deu um tapinha no seu peito e puxou o celular do bolso. — Vamos
ver. – digitou. — Vamos começar pelo principal da ceia, todos concordam que é o peru recheado
certo? – ele olhou para cima e depois de receber nossas afirmativas continuou pesquisando. —
Vejam, olharem só tem até vídeo no youtube ensinando, vai ser fácil, fácil. – ele disse rindo. Olhei
para Malcon ao meu lado e tive a impressão que ele compartilhava a mesma dúvida que eu.

— Sério? Com um vídeo como base, não parece ser tão difícil assim. – Lúcios se animou.

— Eu separei algumas receitas ontem à noite. Imprimi tudo para ficar mais fácil de acompanhar. –
Travis puxou do bolso dezenas de folhas com diversas receitas. Nos aproximamos instintivamente no
balcão e analisamos as nossas opções. Depois de alguns minutos falei.

— Certos senhores, olhar para todos esses papeis não vão fazê-los brotar a comida magicamente.
Temos... – olhei para o relógio na parede. — Aproximadamente 13 horas para fazer o milagre
acontecer.

— Você comprou tudo que pedi ontem? – Travis perguntou a Malcon que ficou responsável pela ida
ao mercado, para comprar todos os ingredientes.

— Comprei. – ele respondeu sem olhar para ele, focando em uma receita na sua mão. — E a
propósito me lembre de nunca. Jamais! Ir ao supermercado novamente. – suspirou.
— Porque? – ri perguntando ao ver sua careta sofrida.
— Aquilo parecia o portal do inferno. As mulheres são completamente loucas nesta época do ano. –
ele disse tragicamente. — Vocês acreditam que precisei andar para todo o lado no supermercado com
o peru debaixo do braço? Toda vez que olhava para o meu carrinho de compras, alguma coisa havia
sido roubada. As cleptomaníacas roubavam uma das outras, disputando os últimos itens do local
superlotado de pessoas, que como nós, deixamos nossas compras para a última hora. Eu presenciei
uma briga entres duas senhoras que se atracaram por conta da última leva de nozes do mercado. Foi
horripilante. – ele estremeceu. — Havia bebês chorando, crianças correndo, perdidas entre os
corredores e mulheres loucas por toda parte, foi realmente assustador. Não quero passar por isso
nunca mais.

— Você é um bom lobo, Malcon. Fez bem em sua missão. As meninas apreciarão sua coragem. –
Lúcios bateu em seus ombros com um olhar agradecido.

— Tudo bem. Vamos distribuir as receitas e cada um vai fazer a sua parte. – Travis começou a
organizar.

— Que os Deuses nos ajudem, que os anjos nos guardem e que os santos protetores da cozinha nos
guiem. – entoei dramaticamente. — Eu ouvi um amém?

— Amém irmão! – os caras gritaram. Então começamos!

***
Ergui meu olhar concentrado do fogão onde estava preparando o purê de batatas e observei ao meu
redor. Limpei o suor que caia de minha testa e contei mentalmente as horas que haviam se passado.
Quando as coisas saíram tão fora de controle? Elevei meus olhos até a massa que Malcon sovava.
Não, espancava, era o termo correto. Ele estava concentrado na massa com um olhar predador e
esmurrava a peça como se dentro dela tivesse seu pior inimigo. Eram ouvidos seus pof... pof...pof...
enquanto Travis segurava a mesa, que se arrastava com a força de suas pancadas. Voltei-me para
Lúcios, que estava do outro lado da cozinha, e amaldiçoava incessantemente a peça da batedeira que
não se encaixava. Em uma de suas mãos, ele tinha uma espátula que pingava uma massa de cor
duvidosa, enquanto na outra, continha o manual do equipamento. No meio deste caos em que nos
encontrávamos, o som do bipe do forno fez com que todos nós congelássemos por um momento.

— Eu estou nisso! – Travis gritou soltando a mesa em que se apoiava. — É a torta de maçã que eu
fiz. – ele correu até a porta do forno e desesperadamente procurou pela luva térmica no meio do
pandemônio que se encontrava a cozinha. Amaldiçoando ele percebeu instantes mais tarde, que a
porcaria da peça era pequena demais para ele enfiar nas suas mãos de troglodita. Lutando, ele
removeu a peça do forno com cuidado. Todos nós nos aproximamos para verificar o que saiu de
dentro da fornalha. Ficamos pasmados olhando para a travessa que continha a torta. Por um instante o
braço de Travis tremeu, insinuando uma queda aparente, no mesmo instante seis pares de mãos
surgiram no fundo da forma. Com um suspiro sofrido, soltamos todos juntos a respiração que
estávamos prendendo. Escoltado por nós, Travis depositou a torta com delicadeza em cima da mesa,
então enfim, nos afastamos um passo para trás e contemplamos.
— Uau ficou linda. – exclamei perplexo.
— Olhem, nosso primeiro prato. – Malcon sussurrou.

— Fiz seguindo a receita daquele gordinho que faz bolos. Bury, Bulbo, como é mesmo o nome dele?

— É Buddy, idiota. – disse a ele.

— Isso! – ele se lembrou. — E tenho que confessar, não foi tão difícil como pensei que seria. –
Travis disse com reverência olhando para sua obra. — Não teria conseguido sem os conselhos dele.
Quem diria que misturando manteiga gelada, farinha, ovo e açúcar é a combinação para uma perfeita
massa? É o verdadeiro milagre da cozinha. – sussurrou. Lúcios, Malcon e eu nos aproximamos da
ilha e, devo dizer, a torta realmente parecia deliciosa e tinha um cheiro maravilhoso. Havia uma
crosta dourada perfeita por cima e eu não conseguia imaginar como Travis tinha feito uma torta de
maçã – com cara de vovó –, tão perfeita.

— Só espero que o sabor esteja bom. – ele comentou ansioso.

— Acho que pode haver esperança no final de tudo isso. – Lúcios disse renovado.

— Pelo menos a sobremesa está garantida. – Malcon acenou. Nós sentindo mais animados do que
quando começamos, comemoramos nossa pequena conquista nesta batalha.

Passado mais algumas horas, já estávamos todos exaustos, porém ainda muitos atrasados com os
todos os pratos.
Alguém precisava dar um jeito na cozinha, pois não havia onde colocar mais nenhuma colher.
Bancada, mesa, tudo estava sujo e cheio de ingredientes. Nem me atrevia a olhar na direção da pia. A
pilha de louças que se equilibravam, estava a um espirro de se desmanchar ao chão. Os barulhos de
arrastar de colheres pelas panelas, cortes na tábua de carne, e os sons dos equipamentos eletrônicos
enchiam toda a cozinha com o rebuliço de atividades. Levando os dedos ao lábio, soltei um assobio
agudo para chamar a atenção de todos.

— Hey pessoal, vocês não acham que está na hora da gente colocar o peru no forno? – indaguei. —
Aquela coisa demora a assar. – olhei para o relógio para conferir as horas. — Quanto tempo um peru
leva para assar? – perguntei. Secando as mãos Travis se aproximou do iPad e conferiu a receita em
um vídeo.

— Aqui diz de 3 a 4 horas, dependendo do tamanho da ave. – ele disse se concentrando na receita.

— Pois bem. – Lúcios disse. — Hora de preparar o prato principal, senão não vamos ter tempo de
assá-lo a tempo. Travis coloca o vídeo do preparo, que eu pego o peru na geladeira. – com um novo
propósito reunido, me juntei a Malcon que abria espaço na bancada para a elaboração da receita.

— Porra! – Lúcios grunhiu com a cabeça enfiada na geladeira. Com muito esforço ele conseguiu
retirar a ave e depositar ruidosamente sobre a bancada. — Tem certeza que isso é um peru? – ele
perguntou a Malcon.
— Cacete olha o tamanho disso. – eu ri. — Está parecendo mais um bezerro do que um peru. – disse
examinando a peça.

— Eca, não tem uma boa aparência. – Travis tocou a perna do animal. E olhando bem para a carne
exposta na bancada, também constatei que era estranho. A pele pálida e viscosa não era atrativa.

— Lúcios isso é contigo meu camarada. – bati em seu ombro o encorajando.

— O que? – ele se assustou. Apontei para o peru morto.

— Foi você que teve a ideia. Então nada mais justo que você que prepare o peru. – engolindo
ruidosamente ele falou.

— Tudo bem. – ele se aproximou da bancada. — Travis solta o play do vídeo[1] e vamos começar. –
Travis ajustou o iPad para que possamos acompanhar as instruções e ajudar Lúcios com o preparo.
Logo um cara loirinho britânico apareceu na tela com as primeiras instruções.

“É importante lavarmos bem a peru, enxague com água e deposite a ave na forma que irá para o
forno...” – o britânico instruiu.

— Hey eu conheço esse cara. – Malcon disse. — Ele aterroriza as crianças em seu programa de
culinária. Eu já vi, o cara fala um monte de palavrão na tv. – ele apontou para Gordon Ramsay.

— Parem de tagarelar e me ajudem. – Lúcios rosnou. Me movi rapidamente ajudando-o a levantar a


forma e juntos, levamos o peru para a pia da cozinha. Ele abriu a torneira e começou a esfregar a
carne do peru. Com uma cara sofrida, ele gemeu.

— Isso não é legal, olha só que nojento. – ele começou a passar a mão pela ave rapidamente, quanto
mais água caia no peru, mais escorregadio ele ficava. — Tudo bem acho que já está bom. – ele
ergueu o bicho pelos pés e deixou a água escorrer. Levamos o bicho para a bancada novamente.

— Qual o próximo passo? – Perguntei.

“Coloque a manteiga em uma tigela grande e tempere com sal e pimenta. Adicione o azeite e
misture bem. Adicione as raspas de limão, o suco do mesmo, alho esmagado e salsa picada.
Misture bem....” – Gordon foi nos instruindo. Até esse momento estávamos acompanhando a receita
tranquilos, mas ai é que a coisa começou a ficar estranha. O britânico mal humorado mandou a gente
enfiar a mão dentro do peru e massagear o dito cujo com a manteiga.

— Introduza a mão na cavidade da ave? Que porra é essa? – Lúcios rosnou. Rindo eu passei a tigela
com a manteiga temperada nas mãos do meu amigo e me afastei. Gargalhei quando vi a cara sofrida
do meu alfa desaparecer dentro do orifício do peru. — Oh merda isso não é legal. – ele gritou. —
Isso não está certo. Essa cena está muito estranha. – tirei meu celular do bolso e bati uma foto do
momento. — Petrus seu cachorro o que você está fazendo?
— Calma, Lúcios só queria registrar esse momento lindo de você com o peru. – gargalhei junto com
os caras.

— Isso não é engraçado. – ele resmungou. — Essa merda parece, sei lá, o interior de alguém. – Olhei
para meu alfa e vi um brilho fino de suor aparecer em seus lábios superiores. Estava mais que
surpreso ao ver que ele não era o único. Tanto Travis como Malcon também pareciam enojados com
a cena.

— Você lutou batalhas, comanda uma alcateia inteira, é o maior e mais forte entre todos e agora está
aqui, suando por causa do peru? – ri.

— Vem aqui e soca sua mão dentro dessa coisa e veja o que eu estou falando. – ele cuspiu a mim.

— Eu passo! – ergui as mãos em derrota. Depois de besuntar e rechear a ave, colocamos o peru no
forno e fizemos uma grande oração aos Deuses da cozinha. Cruzando os dedos, ligamos o time do
forno e torcemos para que no final do dia, essa coisa esteja pelo menos razoavelmente comível.

— O dia que eu inventar de cozinhar novamente, um de vocês por favor, me deem um soco na cara. –
Lúcios suspirou cansado. — Eu nunca mais vou fazer isso novamente.

— Se anime amigo. – bati em seus ombros. — O dia ainda não acabou, ainda temos muita coisa para
fazer. – gemendo audivelmente todos nós voltamos a nossos afazeres. Porra! Eu também não chegaria
novamente perto de uma cozinha por um bom tempo.... E não via a hora deste dia terminar... É por
isso que nunca me acasalaria com ninguém, o que os homens apaixonados são capazes de fazer por
suas companheiras... eu não queria passar por isso jamais!
Capítulo 5

Natalie

Entrei pela casa de meu irmão sentindo os aromas que exalavam da cozinha. Depois de uma noite
plenamente saciada, fui deixada enrolada em minhas cobertas pelo meu companheiro, – que saiu
assim que amanheceu o dia –, com a desculpa de que os meninos precisariam estar cedo na cozinha,
para o preparo de toda nossa ceia de natal. Com um beijo de despedida, me enrolei em um casulo
confortável na cama e dormi. Muito. Com muita preguiça, tomei um banho e fiz nossa pequena mala
para noite – já que estaríamos dormindo aqui hoje, para a abertura dos presentes, amanhã cedo –,
então sai de casa. Encontrei Beth enrolada em uma manta no sofá com um livro na mão.

— Hey Beth. – beijei seu rosto. — Onde está a Marina?

— Ela ainda não se levantou. – respondeu-me.

— Vou vê-la. – com um aceno, subi a procura de minha amiga. Encontrei-a saindo da ducha, enrolada
em um roupão felpudo.

— Oi gravidinha. – bati na porta indicando minha chegada.

—Vai nevar hoje. – disse ela com um sorriso.

— Está nublado lá fora. – comentei.

— É certo, meu faro não mente. Vou fazer um boneco de neve. – ela disse animada. Olhei para fora
por uma das janelas.

— Um Natal com neve. Quem diria que seria perfeito? – Sorri para ela. — Pronta para descer? –
perguntei.

— Claro, vamos dar uma espiada nos meninos? – ela disse com malícia. Descemos as escadas rindo
ao ver Salém esparramado dormindo em um dos degraus, então paramos assustadas ao ouvir um
estrondo vindo direto da cozinha. Beth olhou de soslaio para nós e disse.
— Preparem-se.

— Para o quê? – Marina perguntou.

— Para o show de horrores. – ela disse por fim. — Eu não sei se rio ou se choro, ainda estou aqui
decidindo, depois de ficar o tempo todo ouvindo os sons horripilantes que saem daquele local. –
apontou para a cozinha.
— Ah, meu Deus! — disse eu.

— Está sendo épico. – ela riu. — Vem, sentem-se aqui e absorvam os sons por vocês mesmas. – ela
apontou para uma garrafa de chocolate quente na mesa a sua frente. Sorrindo nós duas caímos no sofá
e enchemos nossas xícaras. — Eles não deixam ninguém chegar perto da cozinha. Eu tentei, mas fui
expulsa. – Beth sussurrou. Olhei para Marina, e na mesma hora, percebi que ela teve a mesma ideia
que eu. Pé por pé nos aproximamos da porta que estava fechada. Colando nossos ouvidos na madeira
fria escutamos sorrateiramente.

— Isso não se parece em nada com a foto. – ouvi a voz de Petrus. — Como diabos eu produzi isso?
– olhei espantada para Marina.

— O que é isso? Está parecendo que um bebê vomitou ai dentro Petrus. – Lúcios disse ao fundo.
Ah, meu Deus, o que eles estavam aprontando?

— Bem, isso não parece estar certo. – Malcon disse. — Não parece nada certo, tem certeza que
seguiu a receita direito? Olhei para Marina, e ela balançou a cabeça. Pela expressão em seu olhar,
dizia-me que compartilhava o mesmo pavor que eu sentia. O processador de comida ligou novamente
e ouvi um suspiro frustrado quando ele parou.

— Porra! – alguém exclamou.

— Isso não está parecendo que está caminhando bem. – sussurrei a Marina.

— O que será que eles estão fazendo que pode se comparar a vomito de bebê? – ela perguntou em
pânico.

— Eu ouvi isso, Marina. – Lúcios falou lá de dentro. — E não ouse se aproximar mais que isso.
Fique no corredor. Na sala de jantar você encontrará a cafeteira, sanduiches e chocolate quente,
de modo que vocês mulheres não terão a desculpa de nós perturbarem. A ceia será servida em
breve. – ele gritou do outro lado da porta.

— Deve haver algo que possamos fazer para ajudar, querido. – ela disse colada à porta.

— Não. Temos tudo sobre controle.

— Qual é meninos? Nós estamos curiosas aqui. – bati na madeira. — Porque vocês não aceitam
nossa ajuda? – tentei argumentar com eles, precisava salvar algum prato para ceia, pois não estava
com um bom pressentimento. Sussurros foram trocados baixos demais para que pudéssemos escutar.

— Se precisa mesmo ajudar, temos uma ideia. – Travis disse.

— Qualquer coisa que vocês quiserem. – Marina riu.

— Dentro de algumas horas, talvez você, Naty e Beth possam arrumar a mesa de jantar. – Lúcios
pediu. — A refeição será servida as oito.

— Claro querido vamos deixar tudo pronto. – ela disse amavelmente.

— Certo, certo baby. Vá e divirta-se. Coloque uma música de Natal, descanse. Tudo deverá ir
para o forno em breve e poderemos jantar. – Eu ouvi algo que parecia ser um liquidificador sendo
ligado e, tão repentinamente como começou, parou.
— De qualquer forma, estaremos por perto. — disse. — Gritem se precisarem de alguma coisa. –
Quando Marina e eu voltamos para a sala de estar, tínhamos um pressentimento ruim. Vômito de
bebê? O que eles poderiam ter feito na cozinha que se parecesse com isso? Excelente forma melhor
de deixar alguém sem apetite. Foi naquele momento que o ouvimos um grito de dor vindo de um dos
rapazes. Antes que conseguíssemos chegar à cozinha, Lúcios gritou.

— Não se preocupem. Malcon apenas cortou seu dedo com a faca. Está tudo bem, ele ainda tem
nove restantes. Não ousem se aproximar. Vão embora. – Eu ouvi uma confusão na cozinha, parecia
copos e panelas batendo.

— Oh Jesus. – Marina gemeu e riu colocando as mãos em seu rosto. — Não tenho certeza que ainda
terei uma cozinha no final de tudo isso.

— Eu vou comemorar se tiver Travis em uma única peça de volta pra mim. – ri. No final de tarde,
começou a nevar. Flocos grandes e densos caíram do céu de tal modo que eu percebi, por
experiência, que Marina conseguiria seu boneco de neve caso nevasse o suficiente. Ela e Elizabeth,
estavam concentradas em seus livros em frente a lareira, e eu repousava os pés com Salém aninhado
em cima da minha barriga. Ronronando o gato dormia preguiçosamente. — Seria perfeito se Ana
viesse. Sei que ela não tem ninguém da família por perto. Não acho que ela saiu da cidade. Se ao
menos a teimosa deixasse de lado seu medo... – balancei a cabeça.

— Eu mandei uma mensagem a ela. – Marina levantou seus olhos do livro. — Ela respondeu
educadamente que já tinha planos. – deu com os ombros.

— Besteira. – Beth disse. — Todo mundo sabe que é uma desculpa idiota.

— Eu não sei mais o que fazer com ela. – disse desanimada, sentindo sua falta.

— Se tem uma coisa que aprendi, é que todos nós precisamos de tempo. Ele cura tudo. Ela está se
adaptando a situação. Tenho fé que tudo logo voltará ao normal. – Marina comentou esperançosa.

—Sinta o cheiro disso... – Beth disse fungando atrás do cheiro que exalava.

— Cheiro do quê? – perguntei.

— O ar. Tem cheiro de peru e recheio. – ela lambeu os lábios.

— E cheira bem! – Marina se animou. — O importante é eles não o asserem demais. Eles precisam
verificar constantemente a temperatura. Se o peru ficar seco, eles ficarão chateados.

— Pode ser que aja esperança, meninas. – comentei animada. Então me aninhei preguiçosamente e
fiquei salivando com os aromas que vinham da cozinha, onde os meninos trabalhavam. De vez em
quando tinha que levantar, para segurar a minha barriga, pois ria tanto dos gritos e gemidos que
escutava atrás daquela porta, que não aguentava segurar a risada.
Perto das sete, nos reunimos na sala de jantar para arrumar a mesa. Marina colocou uma linda toalha
e pegou seu jogo de porcelana branco. Arrumei-os por cima com sousplat dourados e coloquei
guardanapos de linho, com anéis em temas natalinos. Beth dispôs as taças e talheres, e eu peguei um
vaso com flores em tons quentes e coloquei como destaque na mesa. Marina espalhou velas por toda
a mesa e pôr fim, ela estava pronta para receber os pratos de comidas que os meninos preparavam.
Quando chegou perto da hora da ceia, nós subimos e fomos nos arrumar. Coloquei um tradicional
vestido vermelho. Os garotos fizeram um esquema de revezamento para o banho e troca de roupas.
Espantadas, vimos um a um subir as escadas gemendo, suados e com cara de quem tinha enfrentado o
inimigo. No final da noite, todos estávamos vestidos adequadamente e elegantes. Malcon tinha
colocado mais lenha na lareira, pois o frio tinha aumentado junto com a neve. Embalei uma playlist
natalina bem suave, trazendo ao ambiente aquele conforto e clima natalino. Os meninos saíram da
cozinha na hora, como prometido.

— Acho que conseguimos. – Lúcios disse radiante.

—Sério? – disse Marina batendo palmas.

—Jura? – perguntei com dúvida.

— É isso mesmo, garotas. E poupem-nos dos olhares surpreso. – Travis falou.

— Vocês julgarão por si mesmas. – Petrus cruzou os braços sorrindo.

— Pois bem, tragam a comida. – Marina pediu. — Porque eu estou morrendo de fome. – ela
acariciou a barriga. — A bebê também está.

— Claro baby. – Lúcios sorriu para a companheira.

— Agora senhoras, se quiserem tomar os lugares à mesa, estamos prontos para trazer a ave e a
refeição. – Malcon indicou as cadeiras, notei, que a mão que ele acenou continha um curativo em um
de seus dedos.

Nos sentindo mimadas, tomamos nossos respectivos lugares ansiosas. Em um momento todos
sumiram dentro da cozinha, então voltaram, cada um carregando um prato nas mãos. Petrus sussurrou
para Travis tomar cuidado para não derrubar o que tinha em suas mãos. Lúcios foi o último a
aparecer com um peru em uma bandeja de prata, tão grande e dourado que mal acreditei. Ele ainda
decorara o peru com ramos frescos de alecrim e fatias de laranja, e tinha um aroma delicioso.

—Você nos daria a honra de fatiar o peru? – ele perguntou a sua esposa.
— Ficaria honrada. – Marina se emocionou. Os meninos se sentaram à mesa, cada uma com um
sorriso maior que o outro. Acho que nem eles mesmo acreditavam que por fim, conseguiriam entregar
a nós uma ceia completa. Só restávamos saber se o sabor estaria de acordo com o visual que cada
prato exibia.

— Sirvam o vinho senhores, acho que depois de hoje merecemos. – Lúcios disse suspirando. Marina
partiu o peru e distribuiu a todos. Os meninos apresentaram os pratos restantes, cada um comentando
qual tinha sido responsável na hora da preparação. E eles não erraram. O recheio estava úmido e a
apresentação estava perfeita. Com um sorriso leve e divertido, nos esbaldamos com purê de batatas,
legumes assados com manteiga, uma baixela com carne e um molho tão divino, que ficava difícil não
passar as fatias de pão que estavam aquecidas pelo creme saboroso. Eu encarei a comida com
admiração.

—Vocês se superaram. – disse. — Tudo está tão fantástico.

— Não pareça tão surpresa, Natalie. – Lúcios falou. — Eu disse que daríamos conta. – ele estufou o
peito.

— Ela não teve a intenção, querido. – Marina segurou sua mão. — É que realmente tudo está
perfeito, e ouso dizer, que nem mesmo eu teria feito com tamanho sabor. Isso está maravilhoso. – ela
espetou uma fatia da carne e suspirou quando colocou na boca.

— Obrigada baby. Eu e meus duendes cozinheiros. – apontou para os meninos que exclamaram
indignados pelo apelido. — Fizemos tudo com amor e carinho para vocês. Eu confesso que no início
não estava muito confiante, mas fizemos nosso dever de casa e vencemos. – ele disse orgulhoso.

— Eu não consigo acreditar que depois de toda aquela barulheira que escutei da cozinha, saiu tudo
isso. – Beth apontou ao redor, com um olhar espantado.

— Eu aprendi que se alguém é capaz de ler uma receita, pelo jeito também é capaz de cozinhar. –
Petrus ergueu a taça. Enquanto comíamos, olhei para Travis por sobre a mesa e sorri para ele. Ele
sorriu de volta, com um ar feliz. Mordi uma cenoura assada.

— Perfeito. – contemplei a comida. — Eu te amo – sussurrei a ele que corou com meu elogio.

— O purê está de matar de bom, Petrus. – disse Malcon cavando na sua comida.

— Obrigada. – ele disse orgulhoso. — Esse recheio está bom demais. – disse a Lúcios.

— Obrigada, meu amigo. – Lúcios agradeceu.

— Adorei o molho da carne, aquele toque de coentro realmente fez a diferença. – Travis disse a
Malcon.
— Fico contente que tenha gostado. – ele agradeceu. Então os meninos começaram a distribuir
elogios e comentários entre si. Olhei para as meninas que tinham o mesmo sorriso bobo que eu nos
lábios.

— Isso tudo está me lembrando a comida da mamãe, e ela era uma cozinheira e tanto. Você se lembra
né meu irmão? – perguntei a Lúcios.

— Claro que sim. Ela era incrível na cozinha. – ele disse com um sorriso a mim.

— Esse peru está tão bom que não consigo parar de comer. – com um suspiro de satisfação, Marina
acariciou sua barriga como um homem velho. Todo mundo riu.

—Tem mais baby. – Lúcios se apressou a servi-la novamente com ar feliz. Cortou outro pedaço do
peru e, enquanto fazia isso, Beth estendeu o prato pedindo também outro pedaço. —Alguém mais vai
querer? — perguntou ele. A resposta foi um sim unânime de todos.

Mais tarde, quando o jantar terminara e antes que eles trouxessem as sobremesas, me levantei e pedi
a todos para fazer um brinde.

—Vou fazer um pequeno brinde. – disse a todos. Olhei para cada um à volta da mesa antes de falar.
— Eu quero agradecer pelo dia de hoje. – disse com minha taça ao alto. — Olhem ao redor da mesa.
Vejam como temos sorte. – encarei todos a mesa. — Pela primeira vez, estamos todos juntos. Meu
irmão, meus irmãos adotivos. – olhei para Malcon e Petrus. — Minha melhor amiga. E uma nova e
querida amiga que chegou para completar nossa família. – sorri para Beth. — Ana não está presente,
para nossa tristeza, mas ela permanece em nossos corações. Também há meu companheiro, minha
metade. – soprei um beijo a ele. — Como não poderia estar grata e feliz diante de todos vocês?
Durante muito tempo, eu não me sentia completa nesta época do ano. Do mesmo modo que era feliz,
havia alguma coisa que faltava, era uma sensação agridoce. Esse sentimento começou depois que
nossos pais faleceram. Sentia que faltava algo. Mas hoje, com todos aqui reunidos, não sinto mais
essa sensação. – Me virei para Lúcios. — Meu irmão querido, eu me lembro de todos os passos de
nossa infância, todos os natais onde ficávamos juntos esperando o papai Noel. Lembra mano, que a
gente ficava espiando a árvore para ver se iria surgir um presente embaixo dela? – ri. — Eu quero
que possamos passar essa mesma magia para nossos filhos, afilhados, sobrinhos, quero que eles se
lembrem assim como nós, dessa doce lembrança que sempre estará em nossos corações. Eu amo
você.

— Eu te amo mana. – ele disse emocionado.

— Petrus e Malcon. – disse ao dois. — Existem no mundo diferentes famílias. Família grande,
família pequena… Família com pai, mãe e filhos, família com casal e um cachorro – a não tão
conhecida –, famílias de lobos. Família de sangue, e família de coração. Vocês são meus irmãos de
coração. – disse a eles. — Escolhidos, falo em nome de Lúcios também. – sorri para o aceno que ele
transmitiu. — Escolhidos para amarmos e fazer parte de nossa família. Não consigo me lembrar de
crescer sem ter vocês três por perto. Eu sempre soube que poderia contar com vocês para cobrir
minha retaguarda. Os dois tem temperamentos diferentes, mas o que possuem de igualdade é a
lealdade e amor que sentem por nós. Vocês sempre terão um lugar em nossa família. Eu amo vocês
meus queridos. – brindei a eles. Me emocionei ver que eles estavam abalados com meu discurso.

— Porra Naty. – Petrus limpou os olhos. — Agora você jogou sujo. – ri com ele.

— Obrigada Naty. – Malcon levou a mão ao coração. — Nem imagina quanto suas palavras
significaram para mim. – ele disse com carinho.

— Beth. – virei-me para a garota forte sentada ao meu lado. — O laço que fizemos juntas veio no
momento de maior dor para mim. Sei que para você também querida. Juntas passamos por uma
situação que não quero relembrar agora, mas, assim como esses dois garotos a mesa. – apontei para
Malcon e Petrus. — Você chegou para assomar. Não importa se é família de sangue ou de coração. O
importante é que exista amor. As famílias de verdade são formadas por pessoas unidas, que se
apoiam incondicionalmente, que querem o bem do outro, que se sacrificam reciprocamente sem pedir
nada em troca, que celebram as conquistas e alegrias da vida juntas, e que oferecem os ombros como
suporte para a dor e para o choro. Você representa isso para nós. Sei que ainda está se curando, e
quero que saiba que todos estamos aqui para você, sempre! Nós já te amamos.

—Você vai me fazer chorar? – disse ela já em lágrimas.

—Talvez seja essa minha intenção. – pisquei para ela, arrancando uma gargalhada sua. — Niina. –
segui para minha amiga. — Sua vez agora querida!

— Manda bala! – ela riu.

— Que ano nos tivemos juntas? E olhe como nos saímos... A loja, nossa amizade instantânea, você
descobrindo seu companheiro, sofreu, lutou, se transformou, então se casou e agora gera a mais nova
integrante de nossa família. – sorri olhando sua barriga. — Niina você foi como uma benção em
nossas vidas, como um milagre. É rocha que sustenta a todos nós. Não é à toa que se compara a
família a uma árvore. Afinal, o que é a família senão vários galhos unidos pela mesma raiz, e
sustentados por um tronco comum, que precisa ser forte para suportar as intempéries da vida. Assim
é você, nossa mãezona. Forte, leal e amiga. Doce e amorosa. Meu irmão não poderia ter sido mais
sortudo. – pisquei pra ele. — Você será uma mãe maravilhosa, então, estejam preparados, pois já vou
adiantando que vou mimar muito, minha amada sobrinha. Amamos você mamãe. – sorri a ela que já
chorava agarrada a Lúcios. Então me virei para meu companheiro.

— Meu amor, você chegou em minha vida para me dar a certeza que a fé e a esperança sempre
existiram. Você é tudo que eu sempre pedi aos Deuses. Sua companhia é um presente divino em meu
dia-a-dia. Você abriu mão de tudo por mim. Eu cheguei roubando tudo de você, e você felizmente, me
entregou seu amor de bom grado. Cada novo dia eu o amo mais, cada hora, minutos e segundos,
agradeço por ter entrado na Sugar Love naquele dia e ter fisgado meu coração. Obrigada por ser esse
companheiro maravilho. Te amo querido. – emocionada me inclinei e beijei seus lábios. Ele sorriu
murmurando um “Te amo anjo”, em minha boca. — Então, por favor, levantem suas taças junto com a
minha e permitam-me dizer o quanto estou agradecida de fazer parte da vida de todos vocês. – disse
erguendo minha taça. Com um brinde emocionado, celebramos o restante da noite com um clima de
união, açúcar – das tortas e sobremesas, que logo foram servidas–, e principalmente, cercados de
muito amor e paz no coração.
Capítulo 6

Marina
Me espreguicei preguiçosamente na cama. Não queria me levantar. Queria ficar no aconchego dela,
ao lado de Lúcios, e agradecer que minha pequena família ainda estivesse junta. Mas a realidade
sempre encontrava uma maneira de invadir meu espaço pessoal. Olhei para meu companheiro que
dormia profundamente ao meu lado e suspirei. Ainda tinha momentos, como este agora, que duvidava
que o tinha todo só para mim. Ser companheira de Lúcios é o que move minha vida agora, não
consigo visualizar a minha vida sem estar ao lado dele. Protetor, carinhoso e o melhor amante. Ontem
enquanto todos estavam plenamente satisfeitos, depois de uma ceia de natal surpreendente, subimos
sorrateiramente para o refúgio de nosso quarto e nos reclusamos no nosso ambiente particular. Meu
marido estava exausto. Os meninos deram um duro danado na cozinha. Assim que o jantar terminou,
eu e as meninas fomos checar se a cozinha ainda permanecia habitável, e nos surpreendemos
imensamente ao constatar que ela estava totalmente limpa. Eles fizeram realmente o serviço
completo. Então beijamos a face de cada um deles, e cuidamos nós mesmas do restante da louça suja,
usada no decorrer do jantar. Era o mínimo que poderíamos fazer para agradece-los por tanto carinho
conosco. Por isso, aquela noite, dei a meu parceiro uma massagem em seus músculos tensos e mimei-
o com tudo que ele tinha direito. Por fim, dei um trato em sua parte baixas, saboreando minha
sobremesa preferida, o sabor delicioso de meu Lúcios. Plenamente satisfeito, ele desmaiou logo em
seguida em seu merecido descanso. Agora acordada, esfreguei carinhosamente minha barriga
sentindo os chutes que minha filha dava ao se mover dentro de mim. Essa era uma parte da gestação
que mais iria sentir falta. Poder sentir a vida dentro de você, sentir os pezinhos pressionando
ativamente, até mesmo sentir seus soluços. Sim, bebês soluçam dentro da barriga. A primeira vez que
senti, ri tanto e fiquei maravilhada em saber desta curiosa experiência maternal. Mas estava
extremamente ansiosa em conhece-la. Já não aguentava mais, queria segurá-la no conforto e proteção
dos meus braços. Ao mesmo tempo compartilhava de uma incerteza se me sairia bem como mãe.
Entrava em pânico ao pensar que uma vida tão pequenininha seria totalmente de minha
responsabilidade. Queria ser digna dela, de Lúcios e de todos. Mas o medo é uma maré que te arrasta
para o fundo se você não souber controlá-lo. Tentava não deixar meus pensamentos vagarem por
entre esses caminhos.
Levantei-me e fiz meus negócios no banheiro. Coloquei uma roupa quente e confortável e me
aproximei da janela. A neve caia magicamente do lado de fora, deixando tudo com uma brancura
celestial. A floresta em volta da nossa casa estava totalmente coberta com a cor cândida, deixando
apenas o toque escuro dos galhos dos pinheiros cobertos pela neve. Descendo as escadas, absorvi a
quietude do meu lar onde todos repousavam adormecidos. Exigi que todos permanecessem em casa.
Fazia questão que nos reuníssemos hoje para abrirmos os presentes, e tomássemos o café na manhã
de Natal. Como não tinha ninguém a vista, a não ser por meu amigo que serpenteava minhas pernas,
segui para a cozinha.
— Feliz Natal amiguinho! – peguei o rabugento Salém no colo e o enchi de beijos. — O que você
acha de me ajudar com o café da manhã? – pousei o gato na bancada, vendo-o sumir rapidamente,
indo se deitar no sofá ao lado da lareira. — Mas que preguiçoso. – bufei. Então comecei
alegremente, tirar os ingredientes da geladeira. Depois de uma hora, pousei a primeira fornada de
cookies no forno e liguei o time. Comecei a ouvir os ruídos e sussurros da casa acordando aos
poucos. Sorri pensando que logo a cacofonia estaria instalada por toda parte, porque sempre era
assim quando todos nós estávamos reunidos. Fiz biscoitos de gengibre, rolos de canela e chocolate
quente. Estava arrumando a mesa quando o rugido de Lúcios me fez sobressaltar.
— Marina! O que diabos está fazendo? – ele esbravejou. Ergui meu olhar ao meu companheiro e
sorri, vendo-o entrar na cozinha ao lado de Malcon.
— Café da manhã amor. – disse dissimulada.
— Você deveria estar de repouso. – ele disse desgostoso.
— Vá para o seu companheiro antes que ele tenha um derrame. – Malcon pediu. Revirei os olhos e
caminhei até onde ele estava. — Bom dia querido. – me pendurei no seu pescoço e provei de seus
lábios. — Feliz Natal! – sussurrei em sua boca. Ele me envolveu carinhosamente em seus braços e
enterrou sua cabeça no meu pescoço dando beijinhos carinhos pela minha pele.
— Feliz Natal querida. Porque não me esperou na cama? Senti sua falta.
— Não consegui dormir, e não queria atrapalhar seu sono, além do mais alguém tinha que começar o
café da manhã. – disse vendo seu olhar contrariado. — Lúcios fazer uma massa de cookies não é
trabalhosa, é só misturar os ingredientes, formar bolinha e o forno faz o restante do trabalho. – bufei.
— Não estaria reclamando se estivesse vendo só uma fornada de cookies amor, você fez muito mais
que isso. – ele falou apontando para os outros pratos na bancada. — Agora vai se aconchegar com as
meninas que eu termino o restante do café. – ele bateu na minha bunda e me enxotou da cozinha.
— Mandão! – resmunguei a ele. Petrus e Natalie estavam sentados no sofá conversando com Malcon.
Elizabeth paparicava Salém de uma forma maternal, e o bichano se deliciava com a atenção
alegremente. Travis verificava cada prato coberto com entusiasmo. Alguém tinha colocado mais
lenha na lareira, que queimava brilhante e exalava um perfume de pinheiros no ar. Das grandes
janelas da sala, a neve fazia contraste com o cenário da minha família reunida com a árvore de natal
ao fundo, complementando a visão perfeita de um natal perfeito. Fiz uma careta diante do pensamento
ao pensar que não estava tão perfeito assim, sem Ana conosco. Mas tudo ao seu tempo, refleti
rapidamente.
― Adoro comida! – Travis disse animado. — Todos os meus alimentos favoritos juntos em uma festa
enorme, como poderia não amar isso? – ele lambeu os lábios. Lúcios veio caminhando em minha
direção com uma xícara de chocolate quente na mão e um sorriso travesso nos lábios. Senti meu
coração inchar. Meu companheiro tinha vivido durante centenas de anos e havia liderado parte de sua
gente. O homem havia lutado por tanto tempo e na maior parte o fez sozinho. Sabia que não havia uma
coisa que não poderia dar-lhe se ele desejasse. Amava-o tão profundamente que doía o coração.
— Todos nós sabemos que você é movido pelo estomago Travis. – meu parceiro se sentou ao meu
lado me puxando para os braços. — Se conseguir chegar a velhice sem ter uma barriga de porco será
um milagre.
— Cara isso está fora de questão, meu anjo ama meus músculos. – ele ergueu o suéter dando-nos a
visão de seu abdômen, piscando para Naty. Os meninos resmungaram diante da cena.
— Abaixa essa coisa que ninguém aqui está afim de machucar a visão com essa cena horripilante. –
Petrus murmurou.
— Eu não estou vendo as outras meninas reclamarem Petrus. – Naty gargalhou.
— Acho que agora é a hora dos presentes? – Lúcios mudou o foco.
— Sim presentes! – Naty bateu palmas. — Eu começo. – ela se levantou e caminhou até a árvore. Foi
uma manhã animada como esperado que fosse. Todo mundo se presenteou. Como crianças, a sala se
encheu de papel de presentes para a alegria e felicidade de Salém, que brincava como um gatinho
festeiro entre os papeis e caixas vazias. Relógios, roupas, joias, eletrônicos, todo mundo estava
radiante com os presentes. Percebi que minha filha foi a mais mimada, com o coração transbordando,
empilhei as peças que todos fizeram questão de inclui-la na hora das lembranças. A minha menininha
já era uma presença constante na família. Notei que Lúcios ainda não havia me presenteado, então
quando ele se levantou e pegou um pequeno pacotinho solitário abaixo da árvore, percebi suas
intenções.
— Eu queria dizer. – ele pigarreou. — Que melhor do que todos os presentes debaixo da nossa
árvore de natal, é a presença de todos aqui reunidos. Minha família. – ele respirou fundo
concentrando sua atenção em mim. — Eu jamais imaginava um momento assim antes. Não posso
expressar em palavras como me sinto um homem sortudo. Tudo que eu sempre quis, era cuidar da
minha matilha e proteger aqueles que amo. Então quando me foi presenteado uma companheira, eu
percebi que os Deuses me deram aquilo que nem eu mesmo esperava para meu futuro. E junto com
ela, com meu amor, eles me mandaram de presente, minha herança. Minha filha. Marina você me deu
tudo, o melhor presente que eu poderia imaginar. Então nada do que eu pudesse comprar estaria a sua
altura, por isso aceite este pequeno mimo, como símbolo do nosso amor. – ele me estendeu a pequena
caixa. Com as mãos tremendo e com lágrimas nos olhos aceitei o pacote. Abri o laço da caixa e
prendi a respiração com o que vi. Dentro dela continha um pequeno medalhão de ouro, unido por uma
delicada corrente. Ergui a peça examinando o trabalho espetacular da joia. Percebi em instante, que
se tratava de um lindo relicário. Na frente do pingente um lobo estava junto a sua loba. A gravação
estava com tanta perfeição que poderia ver os detalhes vivos e realistas.
— Abra. – ele sussurrou me abraçando por trás, descansando seu queixo no meu pescoço. Com
facilidade abri a peça e suspirei. Em um dos lados tinha uma pequena miniatura da minha foto
preferida. Nossa foto de casamento. Nela, Lúcios estava magnifico em seu terno, segurando minha
cintura e olhando para a câmera com tanta felicidade, que seus olhos prateados brilhavam reluzentes,
já eu, estava olhando para seu rosto contemplando sua beleza, enquanto o fotógrafo capturava o
momento. Eu amava essa foto. Era minha preferida. E ele sabia. — Quanto nossa filha nascer, vou
mandar colocar o seu retrato do outro lado, assim você poderá estar sempre conosco. – ele beijou
minha bochecha.
— Eu amo isso. Amo tanto que nunca mais vou tirá-lo. Coloque em mim. – pedi chorando estendendo
o cordão a ele. Lúcios colocou meus cabelos de lado e passou a corrente no meu pescoço prendendo
o fecho.
— Linda. Sempre linda. – murmurou tomando minha boca em um beijo.
— Obrigada querido, foi a coisa mais linda e atenciosa que alguém já me deu. – funguei.
— Agora a gente já pode voltar a comer? – Travis perguntou ansioso.
— Sim Travis. – ri vendo-o cair de cara na comida. Há momentos na vida em que nos sentimos tão
felizes, que o que mais queremos, é guardar esses instantes para sempre. Queremos eternizar a
felicidade como um ser vivo para podermos abraçá-la e completá-la a todo instante. Esse é um de
meus momentos. E eu não via a hora de celebrar mais e mais instantes felizes ao lado de minha
família. Porque a nossa vida é assim, feita de sonhos e desejos. Então sonhe com aquilo que você
mais anseia. Seja o que você quer ser, lute pela sua felicidade, porque você possui apenas uma vida
e não devemos perder tempo com aquilo que é tão insignificante comparado a verdadeira felicidade.
***
— Mas sério garotos, vocês têm que nos dizer o que eram aquilo que estavam cozinhando que se
parecia com vômito de bebê? – Beth perguntou curiosa. Estávamos reunidos no chão da sala,
curtindo o finalzinho da manhã, enchendo os meninos com perguntas sobre as atividades do dia
anterior. Lúcios tinha recebido uma ligação logo antes. Alguma coisa tinha acontecido com um
integrante da alcateia que precisou de sua presença. Então ele foi verificar, prometendo que
retornaria depressa.
— Eu nunca vou dizer. – Petrus resmungou.
— Tudo bem, eu desisto. Aliás, não me conte, porque provavelmente eu comi a coisa estranha. – ela
riu.
— Não liguem meninos. – disse abraçando a cintura de Petrus ao meu lado. — Vocês se saíram tão
bem que estou pensando em oficializar a ceia de natal exclusivamente a vocês. O que acham? Todo
ano vocês serem responsáveis pela comida? – infelizmente não contava que meu amigo estivesse
tomando um enorme gole de café naquele momento. Pulverizando o líquido e ofegando por ar, ele se
virou na minha direção com os olhos assustados. Eu estava prestes a rir e questionar por que eles
ainda estavam olhando para mim pálidos, quando algo aconteceu. Algo molhado. Eu arregalei meus
olhos. Tão rápido quanto possível, eu pulei para trás em meus pés. Engoli em seco e abracei minha
barriga quando um fluxo de água jorrou entre as minhas pernas.
— Oh, merda. – Malcon foi o primeiro a entender o que estava acontecendo. — Por favor, me diga
que isso não é o que eu acho que é? – ele sussurrou, enquanto olhava para mim com os olhos
arregalados. Eu não podia responder; ainda estava em choque.
— Oh Meu Deus! – Naty riu animada pulando para cima e para baixo contente.
— Natalie! – Petrus rugiu. — Ela está grávida, não é legal da sua parte ficar rindo porque ela urinou
em si mesma. O bebê está pressionando a bexiga dela, tenha piedade mulher. – tadinho dele, pensou
que eu estava fazendo xixi em mim mesma. Mal sabia ele minhas reais circunstâncias. Ele olhou para
mim e sorriu. — Não se envergonhe com isso Niina, ninguém aqui vai julgá-la, as meninas vão
ajudá-la a limpar tudo, não é mesmo meninas?
— Beth. – eu a chamei, com minha voz falhando.
Silêncio.
— Ligue para Pauline e Henriqueta.
Silêncio....
— Agora! – guinchei. Minhas palavras pareciam que tinham descongelado os presentes na sala. De
repente todo mundo se levantou e pareceu entender o significado da coisa. Minha filha ia nascer.
— Me ajudem a leva-la para cima. – Natalie pediu. Beth já estava com o telefone na orelha entrando
em contato com as curandeiras. — Vamos querida, vou ajudá-la a se trocar, então logo elas estarão
aqui para você. Ai. Meu. Deus! Nem acredito que isso está realmente acontecendo! – ela disse
animada.
— Lúcios! – disse em pânico. — Alguém precisa encontrá-lo.... Eu preciso dele. – chorei. Malcon se
aproximou de mim, notei que ele tinha um olhar de medo, então tomou minha mão e disse com
carinho.
— Eu vou trazê-lo para casa o mais rapidamente possível. Fique tranquila, eu prometo.
— Obrigada Mal. – disse a ele. Então subi praticamente como um zumbi. Atônita pela enormidade do
momento, sendo guiada pelos meus amigos. Natalie me trancou no banheiro e me ajudou a me limpar,
então me colocou uma camisola soltinha e penteou meus cabelos com carinho, exatamente como uma
mãe faria.
— Eu sei o que está pensando. – ela me disse com um sorriso. — Vai dar tudo certo Niina, quando
você menos esperar ela estará em seus braços. – ela me beijou na bochecha. — Vamos. – ela me
guiou pela cama onde me deixou confortável. Quando olhei em volta, percebi que Travis e Petrus,
estavam pairando pela porta do quarto olhando para dentro ansiosos. Eu sorri para eles e acenei.
— Entrem. – eles entraram no quarto, e rapidamente vieram até mim. Cada um deles me deram um
beijo na cabeça em apoio. Não demorou muito tempo para as curandeiras chegarem com Beth as
acompanhando.

— Ora vejam só, essa menininha não conseguiu ficar de fora da festança? – Pauline sorriu.

— Eu acho que não. – sorri a elas.

— Beth nos contou que sua bolsa estourou. – Henriqueta se aproximou. — Sabe o que vem a seguir?
– balancei a cabeça negando.

— O estouro da bolsa não significa que a bebê nascerá imediatamente. Ainda pode demorar um bom
tempo até você estiver completamente dilatada para poder empurrar a neném. Cada parto é diferente.
Então não fique assustada. O seu trabalho de parto mal começou querida. – ela sorriu. — Preciso que
me digam de que cor era a o líquido da bolsa? E também o cheiro. – ela perguntou.

— Era transparente. – disse. — Quanto ao cheiro não se dizer.

— Água sanitária. – Travis disse no fundo do quarto.

— O que? – perguntei. Ele tocou seu nariz sorrindo. — Depois que me transformei, meu olfato virou
super sônico. Tinha cheiro de água sanitária para mim. – ele deu com os ombros.

— Muito bem garoto. – Henriqueta disse. — Exatamente. Isso quer dizer que está tudo certo com o
parto. Pauline vai ouvir o coração do bebê agora okay. – acenei sorrindo. Ela então, se aproximou
com o aparelho portátil e despejou um gel na minha barriga. O som de estática encheu o aposento
entanto ela procurava pelo ponto exato. Então ele surgiu. Batendo rápido e muito mais forte que um
bebê humano comum. O tum... tum... tum... das batidas do coraçãozinho de minha filha era tudo que eu
ouvia.

— É só eu. – Petrus murmurou. — Ou o batimento cardíaco de bebês parecem assustadores? – bufei


sorrindo.

— O coração está tão forte como sempre. – Pauline disse me entregando um papel para limpar o gel,
retirando o aparelho e cessando o som.

— Graças aos Deus, isso estava me lembrando filme de terror. – Petrus suspirou. Então Travis se
engasgou rindo agarrado a sua barriga. Olhamos todos confusos diante de sua reação.

— Travis amor o que é isso? — Natalie perguntou sorrindo. Ele ria e ria tanto, que não consegui
dizer uma palavra, só apontava o dedo em minha direção e chorava de rir. Com muito custo ele
conseguir falar alguma coisa coerente que pudéssemos discernir.

— Desculpe... é que... é que... – ele respirou fundo. — Na hora que a bolsa da Niina estourou, só me
veio uma imagem em mente. – ele gargalhou. — Lembrei na hora da cena de Exorcista, em que a
menina mija na sala, na frente de todos na hora do jantar. – ele riu ainda mais. Nós caímos na
gargalhada junto com ele. Eu ri tanto que mal me continha, então parei de rir, quando dor me golpeou.

— Oh, merda. – eu estremeci e me curvei para frente, segurando minha barriga.

— Querida, seu parto acabou de dar início. – Pauline disse tranquila.

Era insuportável.
Eu nunca tinha sentido nada assim antes na minha vida, e não havia como parar a dor. Eu tomei uma
respiração profunda para aliviá-la, mas, mesmo isso apenas minimizava ligeiramente, fazendo-me ter
soluços angustiantes.
Através da minha dor, notei que Lúcios ainda não tinha chegado, e quanto mais dor eu sentia, mais
com medo eu ficava sobre isso. Eu precisava dele aqui, e ele estava longe.
Tentei não pensar nisso conforme as contrações chegaram mais rápido, e durando mais tempo. As
curandeiras permaneceram o tempo todo monitorando o batimento cardíaco da bebê, que sempre se
manteve firme e forte como o esperado. Elas também checavam para ver quão longe eu estava
dilatada a cada trinta minutos, e durante as últimas horas eu fui de cinco centímetros para oito. Estava
quase na hora.
Eu gritava e gemia. Os meninos estavam assustados em um canto do quarto com os olhos angustiados.

— O que podemos fazer para ajudar Niina? – Petrus chegou um pouco mais perto e tomou minha
mão. Uma nova contração chegou justo neste momento, agarrei ele com toda minha força, sentindo os
espasmos da dor. O rosto de Petrus ficou vermelho, e seus olhos quase saltaram das órbitas.

— Ow. – ele gritou. — Ow. Ow. Isso dói. – Eu soltei sua mão e foquei em Travis rindo do outro lado
do quarto.

— Lúcios. – consegui dizer. — Eu não posso fazer isso sem ele. – eu ofeguei. Neste momento a porta
do quarto foi escancarada. Lúcios estava ofegante e com os olhos frenéticos. Aliviada comecei a
chorar. Depois senti, imediatamente seus braços em volta de mim.

— Me perdoe amor. Vim assim que soube. – ele beijou minha cabeça com lágrimas nos olhos.

— Eu não estou conseguindo. – chorei soluçando.

— Querida você já está fazendo. Só mais algum tempo e você vai ser mamãe. Você consegue querida.
– me agarrei a ele desesperadamente enquanto outra contração me atingiu. E ele suportou tudo ao meu
lado. Meus gritos, meus apertos em suas mãos, choros e minha raiva. Sim. Porque em determinada
hora, tudo que eu sentia era uma fúria. Não conseguia olhar para ninguém, tudo me irritava. Só
conseguia me concentrar na dor.

— Faça isso parar. – Eu gritei quando outra contração me atingiu. — Faça isso parar, Lúcios!

— Oh merda! – ele sussurrou, chegando mais perto de mim. — O que faço? – ele perguntou as
mulheres em pânico completo, mas ele não podia fazer nada além de ficar do meu lado e esfregar
minha mão.

— Me desculpe. – eu chorei vendo o quanto estava sendo uma cadela com ele.

— Grite, chore, me morda. Faça o que quiser baby. – ele me amparou. Petrus surgiu na minha linha
de visão.

— Alguém podia distraí-la. – sussurrou ele, com os olhos travados no espaço entre as minhas pernas.
Então Travis abriu a boca e começou a cantar Jingle Bells. A maldita canção natalina. Foi o fim!

— Travis! – rugi. — Cale. A. Porra. Da. Sua. Boca. – eu rosnei. Rosnei de verdade mostrando-lhe
minhas presas, assustando todo mundo em volta. Eu não poderia com isso, porra! Eu não conseguiria.
Era a fodida musiquinha Jingle Bells.
— Travis! – Natalie estalou. — Sério? – ele colocou as mãos na lateral de sua cabeça e
choramingou.

— Eu não sei o que fazer. – disse assustado com meu temperamento.

— Eu preciso que todo mundo saia do quarto. – Lúcios pegou os meninos pelo pescoço e os guiou
pela porta. — Sei que todo mundo está ansioso, mas vamos deixar Marina confortável. Todo mundo
se despediu com um olhar de cachorrinho perdido, mas agradeci meu parceiro pela intenção. Esse
era nosso momento. Então ele continuou ao meu lado, junto com as curandeiras.

— Dez centímetros Marina. – Pauline se alegrou. — Está na hora querida.

— Lúcios. – me engasguei. — Preciso de você.

— Qualquer coisa querida. O que quer que eu faça?

— Aqui, me segura. – apontei para a cama. Ele entendeu o que eu queria e se sentou atrás de mim, me
posicionando no calor de seu peito.

— A partir de agora, quando sentir a contração, faça força e empurre. – Henriqueta disse com uma
voz calma, enquanto enxugava minha testa com um pano úmido.
Não demorou muito para uma contração chegar, e quando o fez, eu fiz como ela me tinha instruído e
empurrei. As contrações eram dolorosas e absolutamente horríveis, mas empurrar? Empurrar. Doía.
Como. O. Inferno. Eu gritei mais alto do que já tinha feito em toda a minha vida, quando queimação
chegou. Lúcios segurava minhas mãos enquanto eu tremia até que a contração desaparecia. Foram
horas, minutos, eu não sabia dizer. Tudo que sabia era que tinha que empurrar e empurrar.

— Estou orgulhoso de você baby. – Lúcios beijou minha têmpora que estava encharcada de suor. —
Só mais um pouco linda.

— A cabeça está vindo. – Pauline informou. — Mais algumas contrações Marina e logo terá
acabado. Vamos força. – ela segurou um lado de minha perna e me ajudou como apoio, enquanto eu
empurrava mais uma vez. Gritei um rugido de guerra, até o tempo parar congelado até... a magia
acontecer. O gemido mais alto, e angelical que você pode imaginar saindo de um recém-nascido
encheu o quarto, e foi o melhor som que eu já tinha ouvido em toda a minha vida. Eu chorei ainda
mais pelo alívio de confirmar que a bebê estava bem. Lúcios, que estava atrás de mim, soluçou
levemente e pressionou o rosto na minha nuca. Gritos e aplausos poderiam ser ouvidos do corredor,
onde nossa família comemorava, movidos pelo som que enchiam os pulmões de nossa menininha. Eu
não vi mais nada ao redor, tudo que eu conseguia olhar era para a criança que foi colocada
carinhosamente em meus braços. Peguei aquela preciosa garotinha em meus braços e meu coração
explodiu de amor. Já não sentia nada, estava entorpecida da dor e do cansaço. Lúcios me beijou na
bochecha com suas lágrimas se mesclando com as minhas.

— Ela é perfeita. – ele sussurrou tocando sua pequena e delicada mãozinha. — Obrigada meu amor.
Obrigada. – ele abraçou as duas com seus braços e nos envolveu na proteção de seu amor. Chorei de
felicidade e olhei de novo para minha filha, que começou a chorar em voz alta agora.

— Shhh. – eu murmurei, gentilmente balançando. — Mamãe e papai estão aqui com você. – Lúcios
se inclinou de um lado, e nós dois ficamos olhando admirados para o anjinho em meus braços.

— Eu não posso acreditar que a fizemos. – disse depois de um tempo. — Nosso milagre, uma parte
de nós dois juntos. – contemplei. Henriqueta se aproximou e estendeu os braços.

— Não quero atrapalhar o momento, mas temos que pesar e medir a neném. Além do mais, Pauline
tem que expulsar sua placenta. – entreguei minha filha a ela. Lúcios se levantou e foi como um papai
coruja em direção a nossa filha. As curandeiras cuidaram amorosamente de mim. Me deram banho e
me trocaram. Pasmadas, elas me contaram que meu parto foi considerado extremamente rápido.
Fiquei surpresa em saber que normalmente, eles duram de 12 até 36 horas. Eu sofri por apenas sete
horas e quase morri de dor, então fiquei aliviada em saber que o meu passou rápido, apesar de tudo.
Depois que estava limpa, elas me colocaram na cama – agora limpa – novamente. Minha filha estava
nos braços de Natalie, que tinha entrado sorrateiramente ao quarto. Sorri pensando que não seria
Natalie senão burlasse alguma regra do irmão. Minha filha tinha sido trocada, colocaram nela uma
roupinha branca que tinha comprado especialmente para sua chegada. Lúcios estava com um olhar
deslumbrado onde sua irmã embalava nossa filha.

— Ela é a neném mais linda o mundo todo. – Natalie falou e se abaixou beijando minha bochecha. —
Parabéns mamãe, você foi incrível.

— Obrigada Naty. – sorri a ela que me entregou meu pacotinho lindo. Beijei minha filha e senti ele se
aproximando da cama. Lúcios olhava para nós com tanto amor e carinho que meu coração perdeu
uma batida. — Vem aqui. – o chamei. Ele se sentou ao nosso lado. — Quer pegá-la? – perguntei.

— Não tenho ideia de como fazer isso. – ele respondeu assustado. Sorri. Com cuidado depositei
nossa filha nos seus braços, o guiando para ajustá-lo em uma posição correta. Ele rapidamente se
adaptou e sozinho a embalou. Ver os dois juntos... Era isso.
Minhas lágrimas vieram rápido e furiosamente, fazendo meu coração doer de tanto amor. Eles eram
perfeitos juntos. Um retrato que queria guardar para sempre.
Ouvi a porta se abrir e vários rostos sorridentes adentrar pelo quarto. Ninguém conseguia disfarçar a
felicidade e nem queriam.

— Parabéns, alfas. – Malcon sussurrou.

— Parabéns Marina, Lúcios. – Beth me abraçou e foi ver nossa filha no colo do papai. Eu sorri para
Travis quando ele veio me abraçar, seguido pelos meus outros meninos.

— Qual é o nome dela? – perguntou Pauline. Olhei para Lúcios, que parecia tão perdido quanto eu
me sentia.

— Ainda não temos a menor ideia. – dissemos juntos. Todo mundo riu de nós. Conversamos por um
bom tempo, enquanto minha menina era passada em torno de vários braços ansiosos. Eu assisti todos
e cada um deles caírem de amor pela minha filha, e isso só fez com que meu amor por eles
aumentasse ainda mais.
Capítulo 7
Ana

Tenho pensado muito nestes dias. Isso é tudo o que fiz, na verdade, é tudo que tenho feito neste mês
inteiro. Desde o dia de Ação de Graças, onde eu sem querer, descobri os segredos que todos os meus
amigos guardavam, tudo mudou em minha vida. Estou tentando desesperadamente não reviver a cena,
mas quando entro, minha mente se esvazia de todos os pensamentos. Uma profunda angústia me
oprime todos os dias.
Surpresa, raiva e principalmente medo, dominaram todo o meu ser. Pensei que essa dor estivesse
ficando dormente, mas não. Não acho que um dia eu vá ficar bem novamente.
Fechando meus olhos consigo visualizar nossa conversa como um filme vivo em minha mente. É um
replay constante que vai e volta a todo momento.
“Corri pela porta dos fundos da cozinha. Meu coração estava disparado. O medo se apoderou do
meu corpo. Eu queria gritar por socorro, mas de alguma forma, eu sabia que de nada adiantaria.
Estava há milhas de distância da civilização normal de Lexington. Passos duros soaram atrás de
mim. Nãos sei porque, mas sabia que seria ele, o primeiro a me procurar. Malcon segurou
delicadamente meu antebraço me fazendo parar.
— Por favor. Me solte. – eu chorei.
— Você precisa se acalmar Ana. Essas pessoas na qual você está correndo como se fossem te
matar, são seus amigos. Suas melhores amigas. – ele disse com tom de censura.
— Como v-você se atreve a me f-fazer assistir à-quilo...? C-como pôde ficar lá e me fazer a-
assistir àqueles h-homens virarem moontroos! Presas! Rosnaan-do! V-você é...? Deus v-você
també-m é como e-les? – gaguejei.
— Sou. – ele respondeu com um aceno tranquilo, como se não acabasse de puxar meu mundo de
cabeça para baixo. Dei um passo para traz instintivamente. Suas feições que raramente mudavam,
agora tinham ficado extremante claras para mim. Malcon estava magoado. — Você está com medo
de mim Ana? Sério? De mim? – ele levantou as mãos. — Foda-se! Você é inacreditável. – me
encolhi diante de uma árvore e abracei a mim mesma. — Tudo o que eu queria era cuidar de você.
E não lhe causar problemas. Eu queria também proteger, estar com você. Eu queria levar isso que
temos a diante. Estava disposto a ir no seu tempo porque eu... Eu... Oh, Deuses, olhe só para
você... Eu... Eu não posso mais. É difícil vê-la com esse olhar, como se esperasse que eu estivesse
prestes a te fazer mal. Eu não vou fazer isso, Ana! – ele respirou fundo. Não suporto o jeito que ele
está olhando para mim. A maneira como seus olhos se renderam ao fim. Porque é fim, percebi. Seu
olhar magoado foi a última coisa que vi naquele dia....”
À beira das lágrimas, pego o meu iPod e ponho os fones nos ouvidos, mas quando ligo o aparelho,
até ouvir música me afeta, porque cada canção que toca me fazem lembrar dele. Completamente
angustiada por tanta volatilidade, enfio o aparelho na braçadeira e me concentro em correr, nos sons
que os meus pés fazem quando batem na neve pelo chão. Percebi que se eu correr até quase desmaiar,
consigo pelo menos, dormir em paz. Então tenho me exercitado. Corro sozinha todos os dias com a
solidão dos meus pensamentos. Agora o dia já se foi, e a noite brilha gelada e cinzenta, quando viro a
esquina de minha rua, vejo seu carro estacionado. E de repente, em pé diante de mim, cada
centímetro de seu corpo belo, saudável e vital, está Malcon. Vejo seu cabelo castanho acobreado
brilhando, seu rosto sério, seu queixo de barba ligeiramente crescida, e toda a sua pele bronzeada e
músculos perfeitos, e meu coração para.
Eu paro de correr. Paro de respirar. Paro de existir. Meu cérebro fica vazio, meus pulmões se
fecham, meus ouvidos se desligam. Eu olho para ele. E ele olha para mim. E enquanto nos olhamos,
meu coração recomeça a bater com uma explosão de emoção. Como uma ferida aberta, olhar para
este homem, todos os meus sentidos voltam à vida e eu não consigo tirar os olhos de cima dele, nem
se minha vida dependesse disso. Então me lembro do que habita por baixo desse corpo lindo. O
monstro adormecido, sinto como se o mundo inteiro estivesse em câmera lenta. Cada passo leva uma
eternidade.
— Gostaria de falar com você, se tiver um momento. – ela fala. Seu tom seco me faz hesitar por um
instante. Mas aceno.
— Claro. – indico a entrada de casa. Com as mãos tremendo, pego minhas chaves e a muito custo
abro a porta. Sinto seu corpo atrás de mim. Aquela presença silenciosa de sempre. Malcon atravessa
o hall de entrada, deixando seu cheiro leve de outono misturado com um cheiro de mar que ele
sempre exala. Fechei a porta e me virei para encara-lo, e um fluxo de calor sobe em minha face,
quando percebo seu olhar focado em mim. Tê-lo aqui em casa, me faz ter tantas recordações que
perco o fôlego por um instante.
— O que você gostaria de dizer. – pergunto.
— É sempre um prazer Ana, sim estou bem. Na verdade, todos estamos ótimos. E você? – ele diz
com sarcasmo. Cruzo meus braços na defensiva.
— Estou ótima! – digo entre os dentes.
— É notável. – ele diz com um sorriso fino.
— Então? – bato o pé, esperando que ele fale logo.
— Marina deu a luz hoje. – ele disse. Levo minhas mãos a boca e por um momento esqueço tudo. Rio
e me alegro pela notícia.
— Verdade?
— Sim. – suas feições se suavizam amorosamente. — A bebê é linda e saudável. Marina também
passa bem. Estão todos na maior empolgação. Pensei que quisesse saber.
— Obrigada. Eu fico feliz que deu tudo certo, e agradeço por vir me informar.
— Você vai visitá-las?
— Eu... eu não sei. – digo.
— Ela é sua amiga Ana. Estava triste por você não estar conosco. Todos ficaram. Seria gentil de sua
parte pelo menos apoia-la e ficar feliz por ela neste momento.
— Quem disse que não desejo que ela seja feliz? – disse brava. — Agora ir até lá... não acho que
consiga. Novamente, agradeço pela notícia. Mande lembrança a ela por mim. – disse abrindo a porta.
— Sutil. Entendi. – ele caminhou em minha direção com passos largos, e seus pés fazendo barulho no
piso de madeira. Ele chega até mim e parou a um sussurro de distância, eu me agarro a porta de
madeira como se ela fosse minha salvação. Ele continua olhando para mim, com o rosto tenso de uma
máscara indecifrável. Seus braços estão cruzados, apertados, como se estivesse segurando suas
emoções furiosas. Eu estou tremendo porque não posso determinar se o olhar é de amor ou de ódio.
Está simplesmente me consumindo. Me consumindo. Então ele enrola a mão quente no meu pescoço e
se inclina para me cheirar. Desfeita pelo gesto possessivo de seu nariz enterrado em meu cabelo,
pego a sua camiseta e enterro meu rosto nele, ansiando por ele.
— Feliz Natal Ana. – ele beija meu rosto e em minhas mãos um pequeno pacote aparece. Então ele
vai embora. As lágrimas explodem, e de repente, todos os meus pensamentos vêm correndo de volta
para mim. Tenho tantas coisas para dizer, mas fico travada no mesmo lugar, e agora que a represa
abriu, eu não posso parar com isso, simplesmente não consigo. Lágrimas quentes continuam
escorrendo pelo meu rosto, enquanto cedo ao impulso imprudente de ir até ele.
Caminho até a sala e sento no sofá. Com as mãos tremulas desfaço o pequeno embrulho em minhas
mãos. Suspirando vejo um exemplar do conto de La Belle et la Bête, mais conhecido como A Bela e
Fera, um livro originalmente escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot. Como ele se lembrou? Abalada
por sua gentileza, relembro exatamente o dia da nossa conversa sobre este livro. Nunca pensei
encontrar em Malcon a mesma paixão que compartilho pelos livros. Sempre amei ler. Ele
surpreendentemente também, então quando compartilhamos nossas leituras favoritas, contei a ele que
a história da Bela e Fera era uma das que mais gostava. E ele se lembrou... Abraçando o livro ao
peito, deixei uma lágrima solitária deslizar pelo meu rosto. Então ri uma risada seca e angustiante ao
perceber a ironia da minha vida. Assim como eu, Bela também amou uma fera...
Capítulo 8
Marina

Naquela mesma noite...

Assisti minha filha se alimentar de mim como uma pequena gulosa. Ela era um anjo. Doce como uma
princesa, mas percebi rapidamente, que também tinha um toque do gênio forte de seu pai. E como se
pareciam... A cada vez que eu a olhava, reparava que suas feições eram mais e mais, parecidas a de
Lúcios. A mesma cor de cabelos, os mesmos olhos – do qual eu me apaixone e fui arrebatada –,
desde a primeira vez que o vi, o arco de sua sobrancelha. Ela era a cópia exata de Lúcios, e claro,
que eu cai de amores no primeiro instante. Ele estava extasiado. Se mostrando a cada hora, um pai
babão e louco para aprender tudo sobre nossa filha. Essas primeiras horas com ela foram perfeitas.
Coloquei nossa menina que dormia, depois de encher sua barriguinha, entre nós no meio da cama e
ficamos os dois, – babosos – admirando e velando seu sono.
— No que você está pensando? – sussurrei a Lúcios. Ele me olhou e sorriu.

— Estou tentando imaginá-la como uma loba filhote. – ele disse.

— Deuses ela será a coisinha mais fofa da terra na pele de filhote de lobo. – eu disse imaginando ao
pensar na lobinha.

— Exatamente. – ele suspirou. — Tenho que comprar mais armas. – ri do meu companheiro.

— Você não vai dar folga para os pretendentes né? – peguei uma mecha de seu cabelo e acariciei seu
rosto.

— Por favor, você me conhece. Ela nunca namorará. – bufei uma risada ao pensar na sua inocência.
Se Lúcios era protetor com a irmã, imagina agora com a filha? Tenho a impressão que precisarei
trabalhar dobrado com minha filha para contornar seu pai.
Deslizei minha mão na dele e o deixei envolver seus dedos aos meus. Ficamos em silêncio por um
longo tempo. Nós mal tivemos um momento a sós depois do dia de hoje.
— Você se lembra dos seus pais Lúcios? – perguntei a ele um tempo depois.
— Meus pais? – ele sorriu e pensou por um tempo, então falou suavemente. — Meu pai se você o
visse em um primeiro momento, o julgaria como um cara durão, mas tudo isso era uma tremenda
fachada, ele era um molengão. Ele fazia um churrasco todo domingo. Todo mundo aparecia. Era
sagrado. A felicidade da vida dele, era ver sua alcateia reunida em torno de uma fogueira. Todos os
dias jantávamos juntos na mesa da cozinha. Já minha mãe... Você iria gostar da minha mãe. – ele
sorriu. — Ela era uma mulher incrível. Doce e amorosa, mas levava todo mundo debaixo das asas, e
ai daquele que saísse da linha. Aí, ela virava uma loba durona. Todas as noites, minha mãe sentava
Natalie e eu, na sala de jantar e ajudava a gente com o dever de casa. Então depois que todo mundo
ia dormir, ela ficava um pouco mais, para aprender nossa próxima matéria e nos ajudar no dia
seguinte. – ele riu. — Lembro que os dois sempre estavam de mãos dadas. – ele ergueu nossas mãos
que ainda estavam unidas. — Não porque queriam se exibir, mas porque era como se não
conseguissem ficar longe um do outro. Estavam sempre se tocando quando podiam. Sempre juntos.
Eles eram os melhores amigos um do outro. Onde um estava, você poderia esperar que o outro estava
junto. E a cada ano que se passava, o acasalamento deles se aprofundava mais. Se o nosso for metade
do que eram os deles, então me considerarei um sortudo, tamanho era o amor do laço que eles
compartilhavam. Eu me lembro de tudo dos meus pais, cada detalhe. – ele sorriu.
— Eu não me lembro de nada sobre os meus pais. – disse a ele. — Não sei o som de suas vozes, seus
sorrisos. Nada. Tenho apenas alguns retratos de minha mãe, mas mesmo olhando para eles, eu me
sinto como se estivesse olhando para uma estranha. Não sei como é ter pais. – sussurrei.
— Você tinha sua avó querida. – ele tocou meu rosto. Me aninhei a palma de suas mãos sentindo seu
calor.
— Eu tinha.
— Então você sabe como é ter pais, ela cuidou de você.
— Ela fez. – respondi. — Me amou incondicionalmente. – constatei.
— Lembra o que Naty disse ontem, as vezes a gente não escolhe a família. Elas nos escolhem. Sua vó
te escolheu para ser sua mãe. Você foi sortuda. Gostaria de tê-la conhecido. – ele disse
amorosamente.
— Ela era uma mulher incrível. – sorri com a lembrança.
— Você nunca me disse seu nome. – ele franziu as sobrancelhas.
— Verdade. – constatei. — Seu nome era Catherine.
— Catherine. – ele disse seu nome saboreando a palavra. — É bonito.
— Sim, é francês. Significa pura. Todo mundo a chamava de Dona Catherine. – sorri com a
lembrança.
— Sabe que uma hora ou outra, temos que escolher o nome de nossa filha. – ele tocou meu rosto.
— Eu sei.
— Catherine. – ele disse pausadamente. — Seria um lindo nome para ela. – olhei para Lúcios que
sorria maliciosamente para mim. Então olhei para minha filha que estava repousada entre nós. Tentei
visualiza-la com este nome que tem tanto peso para mim. Chamei-a em minha mente por ele.
Catherine... Catherine...
— Você realmente quer dizer isso? – perguntei a ele.
— Sim. Catherine Wolfe. – ele disse. — Soa bem para mim. E nada mais justo homenagear uma
mulher tão guerreira, que cuidou tão bem de minha forte e doce companheira. – ele se inclinou e
beijou minhas lágrimas que caiam. Como eu tenho a sorte de ter esse homem?
— Eu amo você. – disse a ele.
— Então isso quer dizer que você gostou da sugestão?
— Eu amei.
— Então Catherine será. – nós olhamos para nossa filha e sorrimos. Então me inclinei em sua
direção, sentindo seu cheirinho explodir dentro de mim, e sussurrei em sua bochecha.
— Bem-vinda, Catherine.

Fim...
Nossa série ainda não acabou, acompanhe mais histórias de nossos lobos queridos em 2018!
Conheça as outras obras da autora

A Fúria do Alfa
Coração de Lobo
Um Amor Para Eva
Redenção em uma Noite de Natal – (conto)

Instagram: @sumiharamartinez ● Wattpad: @sumiharamartinez

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Vídeo do preparo do peru: https://www.youtube.com/watch?v=e5PFXhdfVT8

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