Série Disciplinas Espirituais – VANESSA BELMONTE
Descanso
A Série Disciplinas Espirituais serviu para nos ajudar a
perceber que há vários recursos disponíveis que, na maior parte,
não utilizamos ou ignoramos. Recursos necessários para
desenvolver nossa vida devocional, isto é, aquele tempo
intencional de encontro com Deus em nossa vida diária, que
tantas vezes dizemos que gostaríamos de melhorar. Recursos
que o próprio Deus preparou para nós e os quais Jesus também
usou e nos ensinou a usar para desenvolver uma vida de
devoção (2 Pedro 1:3).
As disciplinas que vimos foram baseadas nos livros de Richard
Foster e Dallas Willard que tratam sobre o assunto, sendo elas:
1. Celebração
2. Silêncio
3. Simplicidade
4. Solitude
5. Submissão
6. Serviço
7. Confissão
8. Statio
9.
10.Adoração
11. Memorização
12. Oração – ENCONTRO COM DEUS, PARAR PARA ESTAR
COM ELE, PRINCIPALMENTE ANTES DAS DECISÕES
IMPORTANTES OU MOMENTOS DESAFIADORES, MAS
SEMPRE DEVEMOS BUSCAR, EM ORAÇÃO, ESTAR COM
O SENHOR.
13. Jejum – NAO É BARGANHA COM DEUS
14. Meditação
15. Estudo
Não é uma lista fechada e espero adicionar outras com o tempo.
Você pode clicar em cada uma para aprender sobre elas e aos
poucos inseri-las em sua rotina. Pode ler uma por semana, por
exemplo, e aprender o sentido por trás desses exercícios.
É importante perceber que as disciplinas são parte de um
processo maior de formação espiritual. Talvez esse adjetivo
‘espiritual’ faça você pensar em coisas bem distantes da
realidade atual, o céu e a vida eterna que ainda virão. Mas essa
formação recebe o nome ‘espiritual’ por envolver um
aprendizado específico: sermos guiados pelo Espírito de Deus e
discernirmos sua voz.
Esse processo acontece agora, em meio à nossa vida diária, cheia
de aspectos bem concretos relacionados ao trabalho, escolhas,
relacionamentos, pessoas, cuidados com a casa, o corpo, a
comunidade e a igreja. Esse aprendizado se desenvolve no
momento presente em nossa vida ordinária, enquanto Cristo
está sendo formado em nós (Gálatas 4:19).
É um processo que se desenvolve ao longo do tempo e
ao qual precisamos nos dedicar todos os dias. Paulo diz
em Gálatas 5:16–17, “deixem que o Espírito guie sua vida.
Assim, não satisfarão os anseios de sua natureza humana. A
natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o
Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária
àquela desejada pela natureza humana. Essas duas forças se
confrontam o tempo todo, de modo que vocês não têm
liberdade de pôr em prática o que intentam fazer.”
Como vamos aprender a ser guiados pelo Espírito?
Para isso, precisamos ser formados na escola de Jesus, onde ele
nos ensina a viver como ele viveu. E uma vez que aprendemos a
viver pelo Espírito, vamos poder seguir a direção do Espírito em
todas as áreas de nossa vida presente (Gálatas 5:25). Neste
contexto, as disciplinas são exercícios que vão nos
ajudar nesse treinamento que é realizado e conduzido
pelo próprio Deus ao longo do tempo de nossa vida.
Você pode chamar essas atividades de ‘disciplinas espirituais’,
mas eu prefiro chamá-las de ‘exercícios de treinamento para a
alma’. — James Bryan Smith
Qual é a sua experiência?
Pensar em Disciplinas Espirituais levanta várias questões e se
você tentou colocá-las em prática, à medida que foi lendo sobre
cada uma delas, pode ter percebido que não é algo tão simples
ou fácil de se fazer. Há desafios e obstáculos dentro de nós e ao
nosso redor, mexemos em hábitos distorcidos, tocamos em
pecados enraizados e enfrentamos uma série de dificuldades.
Conversei com muitas pessoas que entraram em contato comigo
e relataram essas dificuldades e fizeram perguntas: Como
praticar o silêncio sem cair no sono? Eu posso meditar fazendo
uma caminhada? Como praticar as disciplinas sem cair em um
legalismo? Como fazer isso em uma rotina com filhos
pequenos?
Exercícios de Treinamento
Como um atleta que se esforça em seu treinamento, todos nós
precisamos de exercícios, práticas e hábitos, que nos auxiliem a
vencer limitações internas e obstáculos externos para que
possamos viver como discípulos de Jesus. Fazemos isso para nos
submetermos à transformação real operada pelo Espírito Santo
em nós, que não acontece por mágica ou osmose. Paulo diz que
nós também nos esforçamos e nos disciplinamos para esse
processo se desenvolver em nós (1 Coríntios 9:24–27).
Fazemos isso porque através destes recursos que o próprio Deus
provê a nós, vamos conhecendo mais sua vontade e crescendo
em sabedoria e entendimento espiritual. Sua palavra vai se
tornando mais doce a cada dia; sua voz mais suave; sua vontade
mais conhecida; sua presença mais amada. Então passamos a
viver de modo a honrar e agradar ao Senhor, dando todo tipo de
bom fruto e aprendendo a confiar em Deus cada vez mais
(Colossenses 1:9–10).
Muita coisa está acontecendo em nós agora, enquanto vivemos
uma nova vida que já começou. E o quanto antes percebermos
que já vivemos no Reino de Deus, e usarmos os recursos que ele
preparou para nós, melhor responderemos a ação de Deus em
nós e através de nós, sendo guiados por seu Espírito.
O Espírito Santo posiciona-se ao nosso lado, dentro de nós e ao
nosso redor quando nos engajamos em exercícios espirituais.
Cada exercício não teria valor algum se não fosse por obra do
Espírito Santo. Quando abrimos e lemos a Bíblia,
concentrando nossa atenção em Deus, o Espírito ilumina nossa
mente. Quando oramos, não oramos sozinhos. O Espírito nos
inspira a orar, ora conosco e em nosso benefício. — James
Bryan Smith
Diante disso, eu gostaria de trazer luz sobre 5 aspectos
relacionados à prática das disciplinas espirituais.
1. Controle x Submissão
Exercitar as disciplinas é uma atitude de submissão a Deus, de
reconhecimento pelo que ele já fez em Jesus Cristo e está
fazendo através do Espírito Santo que age em nós. A prática
distorcida das disciplinas para ter mais controle sobre si mesmo,
ou uma barganha para exigir algo de Deus, não se sustenta ao
longo do tempo e acabará sendo abandonada. Veja as disciplinas
como recursos necessários, buscados e praticados em submissão
ao Senhor, tendo uma consciência adequada de quem ele é e do
que ele continua fazendo em nossa vida presente.
É preciso também reconhecer que eu não tenho em mim todos
os recursos necessários para ser transformada à imagem de
Jesus. Minha mente precisa ser ensinada, meus afetos precisam
ser reorientados, minha vontade precisa ser domada, meu
caráter precisa ser transformado. Eu não sei como viver uma
nova vida e preciso de humildade para me submeter ao
discipulado de Jesus e ser ensinada por ele, diariamente.
2. Liberdade x Repetição
A repetição de exercícios é necessária para qualquer
treinamento e isso não equivale em uma perda de autenticidade
ou de liberdade. Pelo contrário, a prática de exercícios
constantes ao piano, exercícios simples e repetitivos, é que me
deixarão apta para ter liberdade de tocar uma música inteira. A
repetição de movimentos similares no basquete é que me
capacitará para jogar com liberdade em um jogo real. A prática
constante dos mesmos movimentos ao dirigir um carro, trocar
de marcha, pisar nos pedais, é que gravará em meu ser o modo eu fizer tudo o que quero fazer primeiro, todas as outras coisas
automático de dirigir, me trazendo liberdade para conduzir o que são prioridades para mim, então, somente depois, vou me
carro de maneira segura. dedicar para minha formação espiritual e investir tempo para as
disciplinas espirituais. Não seja enganado(a) com esses
pensamentos, comece agora!
Do mesmo modo, as disciplinas espirituais são exercícios de
treinamento para nós, que gravam a palavra do Senhor no mais
profundo do nosso coração com a memorização, moldam nossa 4. Para ser visto x Para ter intimidade com Deus
mente através da leitura, meditação e estudo da Palavra, calam
Também corremos o risco de querer praticar as disciplinas para
as muitas vozes através do silêncio, nos ensinam a nos
sermos vistos pelos outros. Vejam como eu oro 3 vezes por dia,
relacionarmos através da solitude, serviço e submissão. E,
jejuo 2 vezes por semana… A perspectiva correta da prática das
assim, quando diante de uma escolha, em uma provação ou
disciplinas é a submissão a Deus. A humildade que reconhece
tentação, em um conflito, teremos liberdade para agir guiados
que precisa de ajuda e clama por socorro. A necessidade de
pelo Espírito e não mais por nossa velha natureza pecaminosa.
conhecer a Deus. A busca por intimidade, o anseio pelo
encontro, com aquele que amamos. O orgulho irá distorcer a
3. Instantâneo x Processual realidade e buscar o controle do processo. Para isso não
acontecer é preciso ter sempre diante de nós o temor do Senhor:
Em nossa pressa e impaciência, nos comportamos como se ao
‘eis-me aqui, Senhor, com minhas mãos vazias em resposta ao
sair de um culto ou atividade religiosa a transformação fosse
seu chamado’.
instantânea. Nos tornamos pequenos santos imediatamente.
Porém, nossa formação espiritual é um processo longo e
demorado, que levará toda nossa vida para acontecer. As 5. Passividade x Atividade
disciplinas são recursos que nos deixam mais conscientes desse
O orgulho também se infiltra sorrateiramente na armadilha da
processo à medida que vamos percebendo o crescimento da
passividade. Se eu não controlo o processo do meu jeito, então
semente, o fortalecimento da planta, o surgimento de flores e
também não vou fazer nada. Porém, tal pensamento envolve
frutos. Algo que não conseguimos perceber completamente está
uma ilusão: a de que é possível ser neutro e não fazer nada.
sendo formado em nós, Cristo está sendo formado em nós.
Estamos sempre fazendo alguma coisa e o que fazemos, o que
escolhemos intencionalmente fazer, está nos moldando em um
E precisamos nos engajar intencionalmente com esse processo o tipo de pessoa, mais próxima ou mais distante de Deus.
quanto antes. Não quando eu tiver mais tempo, não quando eu
entrar de férias, nem quando eu me aposentar… isto é, quando
Cada vez que escolho não ler a Bíblia, eu escolho fazer algo com
esse tempo, seja dormir, assistir um filme, ler um livro, estudar
ou trabalhar mais um pouco. Precisamos escolher as atividades
que irão nos fortalecer espiritualmente e nos ajudar nos
momentos em que mais precisarmos de socorro. Somos
chamados a confiar no poder do Espírito Santo momento a
momento, atuando em nós e produzindo uma vida virtuosa onde
estamos agora. Somos ativos nesse processo, assim como Deus
também está ativo agindo em nós.
As disciplinas espirituais são canais da graça transformadora do
Espírito. — Dallas Willard
Série Disciplinas Espirituais: #1 Celebração
A celebração é o coração de todas as disciplinas espirituais.
Neste #1 apresento a disciplina espiritual da Celebração que,
segundo Richard Foster, é o centro de todas as disciplinas
espirituais e, por isso, gostaria de começar com ela. Você tem
dúvidas sobre como incluir as disciplinas na sua rotina e a
relevância delas para sua formação espiritual? Então,
acompanhe esta série!
Antes de falar sobre a disciplina, vou trazer uma
pergunta/resposta de Dallas Willard sobre Dez Grandes
Questões sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Qual é o papel das disciplinas espirituais na formação
espiritual?
Ao falar de “disciplinas” estamos nos referindo a atividades
realizadas ou escolhidas de maneira consciente, com o propósito
de nos capacitar para aquilo que não conseguimos fazer por
esforço direto. As disciplinas espirituais são atividades desse
tipo, especialmente relevantes para o crescimento na vida
espiritual.
Se por exemplo, como acontece com a maioria das pessoas,
descubro que sou incapaz por esforço direto de “abençoar os
que me amaldiçoam”, de “orar sem cessar”, de abandonar a ira
ou de não olhar com cobiça ou lascívia, então é minha
responsabilidade encontrar uma forma de me treinar (sempre
sob a graça e a orientação divina) de modo a ser capaz de fazer
aquilo que não consigo simplesmente tentando no momento da
necessidade.
“Vigiem e orem para que você não cedam à tentação”, foi o
excelente conselho de Jesus a seus amigos exaustos, a fim de
ajudar seu espírito disposto na luta contra a fraqueza de suas
capacidades naturais (a carne) (Mateus 26:41). “Relembre
continuamente os termos deste Livro da Lei. Medite nele dia e
noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está escrito.
Então você prosperará e terá sucesso em tudo que fizer” (Josué
1:8). Esses versículos incorporam a sabedoria das Escrituras de
que precisamos tomar certas medidas para receber a
assistência espiritual necessária e de que, em geral, essa
assistência não será imposta ou infundida em nós enquanto
permanecemos passivos.
A solitude e o silêncio, o jejum e a simplicidade, o estudo e a
adoração, o serviço e a submissão — e outras práticas que
cumprem os mesmos propósitos (não existe uma lista completa)
— são, portanto, partes essenciais de qualquer programa
confiável de formação espiritual. Devem constituir uma parcela
considerável de nossa vida privada e de nossas relações com
outros do corpo de Cristo. Essas atividades não nos
proporcionam mérito, mas nos permitem receber de Deus
aquilo que não seria concedido se permanecêssemos passivos.
Não são retidão, mas sim, sabedoria. (1)
_____________________________
Série Disciplinas Espirituais: #1 Celebração
Agostinho disse que o cristão deveria ser um aleluia
da cabeça aos pés!
Vemos que o anjo em Lucas 2:10 anunciou: “estou lhes trazendo
boas novas de grande alegria, que são para todo o povo”.
Jesus entrou no mundo com intenso júbilo e deixou sua alegria
como herança para os discípulos: “tenho lhes dito essas palavras
para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de
vocês seja completa” em João 15:11.
As verdades do Evangelho e da nova vida que já vivemos hoje,
devido à ressurreição de Jesus, nos oferecem muitos motivos de
alegria — e um fundamento sólido da realidade. Porém, devido à
forma com que vivemos nossos dias em meio à correria do
trabalho, pressão por resultados e por fazer a vida dar certo,
tendemos a experimentar a tristeza, a ansiedade e o cansaço —
nos esquecemos do que realmente importa.
Segundo Richard Foster, a base da celebração é formada pela
liberdade em relação à ansiedade e à preocupação. Pelo fato de
sabermos que Deus se importa conosco, podemos lançar sobre
ele todas as nossas preocupações. Além disso, também
experimentamos sua bondade através de tudo o que ele nos dá
todos os dias. (2)
Por isso, a celebração é o centro de todas as disciplinas
espirituais. Sem um espírito alegre e confiante, as disciplinas
ficam embotadas, transformam-se em ferramentas que exalam
morte nas mãos dos fariseus modernos. Cada disciplina deve ser
caracterizada pela alegria despreocupada e por um senso de
ação de graças. A celebração traz alegria para a vida e a alegria
nos fortalece. (2)
A alegria faz parte do fruto do Espírito, conforme Galatas 5:22.
É como se a alegria fosse o motor que mantém tudo
funcionando. Sem a celebração alegre infundindo-se nas outras
disciplinas, mais cedo ou tarde, iremos abandoná-las. (2)
Dallas Willard considera que, embora ignorada e mal entendida,
a celebração é uma das mais importantes disciplinas de
engajamento. Se baseia na grandeza de Deus conforme revelada
em sua bondade para conosco. Nós nos engajamos na
celebração quando nos alegramos em nós mesmos, em nossa
vida e no nosso mundo, em conjunto com nossa fé e confiança
na grandeza, beleza e bondade de Deus. (3)
Assim, podemos dizer que a celebração é uma disciplina porque
exige um ato de vontade e um esforço persistente para enxergar
a vida como fundamentada no Amor. É o resultado de optarmos
intencionalmente por uma forma de viver e de pensar que
envolve dois aspectos.
O primeiro aspecto refere-se a confiar todas as nossas
preocupações a Deus e não andarmos ansiosos por
causa delas. Envolve a entrega do controle e a
confiança na bondade de Deus. Quando confiamos em
Deus, ficamos livres para receber o que ele nos dá com
ações de graças e para depender inteiramente dele.
O segundo aspecto envolve nos concentrarmos em tudo
que seja verdadeiro, nobre, correto, puro, amável e de
boa fama, conforme Filipenses 4:8. A decisão de voltar a
mente para as coisas mais elevadas da vida, ao invés dos
problemas e frustrações, é um ato de vontade que influencia o
jeito que enxergamos nossa vida. O natural é ficarmos
remoendo os pensamentos destrutivos, imaginando cenários
pessimistas, relembrando as discussões e respondendo
mentalmente a diálogos imaginados. Se concentrar apenas no
que está acontecendo e no que foi dito exige esforço. Responder
a isso com o bem e não com o mal, também exige esforço.
Por isso, uma fé sadia é construída e mantida com a
celebração da grandeza e bondade de Deus para
conosco, mesmo em meio a sofrimentos. Pois confiamos
nossas preocupações a ele e recebemos suas dádivas constantes,
com ações de graças. Nos concentramos no bem que sustenta a
realidade e se revela a nós, ao invés de nos concentrarmos no
mal que sofremos e praticamos. Praticamos a confiança em
Deus e a concentração em sua bondade através da disciplina da
celebração.
E como celebramos? A celebração é uma disciplina
comunitária que se manifesta através da música e
dança, do riso e do testemunho das coisas que o
Senhor tem feito por nós, da comida e dos amigos ao
redor da mesa, da criatividade e da imaginação, das
festas e datas especiais.
A celebração feita de coração torna nossas privações e tristezas
pequenas; e nós encontramos nela grande força para fazer a
vontade de nosso Deus, porque sua bondade se torna real para
nós. Ela aponta para a realidade que sustenta o
universo e nos faz dançar em segurança, enchendo
cada canto do coração com alegria e nos dando
coragem para enfrentar o mal, porque a alegria do
Senhor é a nossa força.
Filipenses 4:4–9 diz “Alegrem-se sempre no Senhor.
Repito: alegrem-se! Que todos vejam que vocês são
amáveis em tudo que fazem. Lembrem-se de que o
Senhor virá em breve. Não vivam preocupados com
coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo
aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo
que ele já fez. Então vocês experimentarão a paz de
Deus, que excede todo entendimento e que guardará
seu coração e sua mente em Cristo Jesus.
Por fim, irmãos, concentrem-se em tudo que é
verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é correto, tudo
que é puro, tudo que é amável e tudo que é admirável.
Pensem no que é excelente e digno de louvor.
Continuem a praticar tudo que aprenderam e
receberam de mim, tudo que ouviram de mim e me
viram fazer. Então o Deus da paz estará com vocês.”
O amor é o alicerce da vida espiritual e a alegria é o elemento-
chave da vida em Cristo. Alegria não é prazer, uma simples
sensação, mas uma percepção profunda e constante de bem-
estar. A alegria descansa na esperança da bondade de Deus. A
alegria irá gerar em nós sentimentos positivos que irão tomar o
lugar da amargura e da raiva, da ansiedade e do medo, mudando
hábitos distorcidos de pensamento e sentimento. (4)
Oremos
Pai bondoso, abre nossos olhos para ver e desperta nosso ser
para perceber a verdade que sustenta a realidade: que o seu
amor dura para sempre, suas misericórdias não tem fim e
grande é a sua fidelidade. Ajuda-nos a descansar nossos fardos
preocupados e a despertar a alegria adormecida pelos problemas
e pressões da vida. Que possamos praticar a disciplina da
celebração enquanto caminhamos por vales escuros, como
vislumbres da alegria que Cristo nos deixou e que um dia será
perfeita. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #2 Silêncio
Nos tornamos surdos e, por isso, nossa vida é absurda.
Neste segundo episódio da Série Disciplinas
Espirituais vamos refletir sobre a disciplina do Silêncio.
Busque formas de incluí-la em sua rotina, especialmente se você
está sempre cercado de muito ruído, sua mente não pára
(mesmo quando você se deita para dormir) e parece impossível
se calar e aquietar em algum momento do seu dia. Que esse
exercício faça você aprender a se calar diante do Deus que é a
Palavra e ficar em silêncio, em dependência, disposto a ouvi-lo,
conhecê-lo e obedecê-lo.
Segue também mais uma pergunta das Dez Grandes Questões
sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
O que é Formação Espiritual? Como descrevê-la na linguagem
da vida contemporânea?
A formação espiritual, independentemente de qualquer tradição
ou contexto religioso, é o processo pelo qual o espírito ou a
vontade humana recebe uma forma definida ou um caráter. É
um processo que ocorre com todas as pessoas. Todos nós nos
tornamos certo tipo de pessoa, adquirimos um caráter específico
e isso é resultado de um processo de formação espiritual
entendido em termos humanos gerais.
A formação espiritual cristã, em contrapartida, é o processo
redentor de formar o universo interior humano de modo que
este adquira o caráter do ser interior do próprio Cristo. À
medida que esse processo é bem-sucedido, a via exterior do
indivíduo torna-se expressão ou efusão do caráter e dos
ensinamentos de Jesus. “Até que Cristo seja formado em vocês”
(Gálatas 4:19) é a palavra de ordem da formação espiritual
cristã.
Assim, os ensinamentos de Jesus no Sermão do Monte (Mateus
5 a 7), por exemplo, fazem referência a diversos
comportamentos. No entanto, como inúmeras experiências nos
ensinam, esforçar-se para agir em conformidade com esses
exemplos de vida no reino de Deus é uma missão impossível. Os
meios usados para a formação espiritual cristã envolvem muito
mais do que os esforços humanos. Porém, o esforço também é
necessário porque a formação espiritual não é um processo
passivo.
Em última análise, é uma dádiva da graça. Os recursos para essa
transformação não são humanos; vêm da presença interativa do
Espírito Santo na vida dos que depositam sua confiança em
Cristo. Portanto, temos em mente a formação do espírito ou ser
interior do indivíduo, assim como, a formação pelo Espírito de
Deus e pelos tesouros de sua palavra escrita e falada. (1)
A Disciplina Espiritual do Silêncio
Diante do Senhor, fique em silêncio toda a terra.
No silêncio, desligamos nossa alma dos sons, sejam eles ruídos,
músicas ou palavras. O silêncio total é raro e o que chamamos
de “quieto” significa geralmente um pouco menos de barulho.
Muitas pessoas jamais experimentaram o silêncio, pois nossas
casas e locais de trabalho estão cheios de barulhos, conversas,
ruídos de vários dispositivos, trânsito, sirenes e alarmes.
Segundo Dallas Willard, o barulho nos conforta de uma forma
curiosa. Achamos o silêncio total ruim; ele deixa a impressão de
que nada está acontecendo, percebemos a ansiedade surgir
instantaneamente, e buscamos algo para nos distrair. O silêncio
é assustador, porque ele nos desnuda como nenhuma outra
coisa, confrontando-nos com a realidade crua de nossa vida,
fazendo-nos ouvir pensamentos e sentimentos que buscamos
camuflar. Mas além de nos ajudar a fugir das distrações e
encarar nosso vazio, o silêncio é necessário para nos ensinar a
ouvir, a Deus e aos outros. (2)
Para Henri Nouwen ao vivermos uma vida cheia de
preocupações, nos rodeamos de tanto distúrbio exterior que fica
difícil ouvir de verdade a voz de nosso Deus. Muitas vezes nos
tornamos surdos. Por isso, nossa vida se tornou absurda. Na
palavra absurdo encontramos a palavra em latim ‘surdus’. A
vida espiritual exige disciplina porque precisamos aprender a
ouvir a Deus, que está sempre falando e a quem raramente
damos ouvido. (3)
Quando aprendemos a ouvir, nos tornamos obedientes. A
palavra obediente vem do latim ‘audire’ que significa ouvir. A
disciplina espiritual é necessária para a lenta jornada da vida
absurda para a vida obediente, da vida cheia de ruídos de
preocupações para uma vida na qual haja espaço interior
disponível para ouvir a Deus e seguir sua orientação. A vida de
Jesus foi uma vida de obediência. Ele estava sempre ouvindo o
Pai, sempre atento à sua voz, sempre alerta à sua direção. O
centro de toda oração é de fato ouvir e, para isso, precisamos
exercitar a disciplina do silêncio. (3)
Silêncio e solitude em geral andam de mãos dadas. Assim como
o silêncio é vital para a verdadeira solitude, assim também a
solitude (que é a ausência de outras pessoas) é necessária para
que a disciplina do silêncio seja completa. Poucas pessoas
podem ficar em silêncio na companhia de outras.
Estamos sempre falando e muitos têm real dificuldade de ouvir
o que os outros estão nos dizendo. Assim, precisamos também
aprender o silêncio de não falar. Em sua epístola, Tiago diz que
aqueles que parecem religiosos mas são incapazes de refrear a
própria língua “enganam a si mesmos e sua religião não tem
valor algum” (Tg 1:26). Ele afirma que aqueles que não
tropeçam no que dizem são perfeitos, sendo também “capazes
de dominar todo o seu corpo” (Tg 3.2). A prática de não falar
pode, no mínimo, nos dar controle suficiente sobre o que
dizemos, a fim de que a nossa língua não aja
“automaticamente”.
Por isso, o silêncio nos ajuda a ouvir, observar e prestar atenção
nas pessoas. É raro sermos realmente ouvidos e a necessidade
de ser ouvido é profunda. Tiago 1:19 diz: “Sejam todos prontos
para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se”. Poucas
pessoas vivem uma quietude interior confiante; mas ela é
desenvolvida quando praticamos o “não falar”.
Richard Foster diz que o silêncio nos liberta da necessidade de
controlar os outros. Estamos acostumados a nos apoiar em
palavras para manipular as pessoas. Precisamos
desesperadamente que os outros concordem conosco e façam as
coisas de acordo com a nossa vontade. Nós avaliamos, julgamos
e condenamos; sempre dizendo o que pensamos. O silêncio é
uma das mais profundas disciplinas espirituais simplesmente
porque põe um fim em tudo isso. (4)
Da mesma forma, ficar em silêncio também nos liberta da
manipulação das palavras dos outros sobre nós, da necessidade
de sermos notados e elogiados. Nosso ego prefere uma ofensa ao
invés do esquecimento e do silêncio. Estar em silêncio talvez
seja a melhor maneira de lidar com o ego.
Porém o silêncio, como disciplina, não é o esvaziamento e a
anulação de pensamento que ocorre em outras religiões. O
silêncio é praticado na companhia de Deus. É o exercício de se
calar e aquietar diante dAquele que te vê, te conhece
completamente e te ama profundamente. É o esforço de se
concentrar na voz dele, que te chama pelo nome e se revela
através das Escrituras. É um silêncio atencioso, em expectativa
diante de um Outro cuja presença te envolve.
Portanto, o silêncio é uma disciplina de abstenção que nos ajuda
a engajar com mais foco nas outras disciplinas como a oração, o
estudo e a meditação na Palavra de Deus, pois aquieta nosso
coração. Por isso, pode ser praticado antes de realizarmos cada
uma delas.
O silêncio é uma disciplina que exige um sacrifício, em
certo sentido, porque envolve a entrega do controle, a atitude de
humildade e submissão na qual não recorro às palavras para
trazer segurança e domínio. Ao nos calarmos diante de Deus
reconhecemos que Ele é o Senhor, o único Deus, que criou todas
as coisas e sustenta todas as coisas, agora, com o poder da sua
Palavra (Logos). Ele tem (é) a Palavra e diante dele ficamos em
silêncio, em dependência, dispostos a ouvi-lo e obedecê-lo.
Então, em certo sentido, buscar primeiro o Reino de Deus não é
nada que eu possa fazer. Sim, com certeza, é nada, tornar-se
nada diante de Deus, aprender a ficar em silêncio. Esse silêncio é
o começo, e isso é buscar primeiro o Reino de Deus. —
Kierkegaard (4)
Inclua o silêncio em sua rotina e faça esse exercício de aquietar-
se diante de Deus.
Habacuque 2:20 diz “O Senhor está em seu santo templo;
diante dele fique em silêncio toda a terra”.
Oremos
Senhor, nos aquietamos diante de Ti e pedimos teu socorro para
fazer calar os muitos ruídos dentro de nós e a nossa volta. Nos
ensina a disciplina do silêncio para que possamos ouvir tua voz e
te obedecer. Abre nossos ouvidos surdos e conduze-nos para um
relacionamento real contigo e com as pessoas a nossa volta. Em
nome de Jesus, amém.
Série Disciplinas Espirituais: #3 Simplicidade
A real explicação para a complexidade da vida é interior: não
nos falta tempo, nos falta amor.
Você já pensou que a simplicidade pode ser exercitada? Que há
um sacrifício, uma disciplina a ser praticada, bem no meio de
nossas vidas complexas, atribuladas e super ocupadas? Ao
estudar um pouco sobre a disciplina da simplicidade, percebo o
quanto ela é necessária em minha rotina, para trazer equilíbrio e
me ajudar a perceber que a complexidade da vida está muito
relacionada com as minhas escolhas: aquilo que eu amo e que
disputa meu coração com o amor de Deus, me levando a buscar
muitas coisas quando apenas uma é necessária.
Neste terceiro episódio da Série Disciplinas
Espirituais vamos refletir sobre a disciplina da Simplicidade.
Busque formas de incluí-la em sua rotina, especialmente se você
está cansado(a) da complexidade que a vida assumiu e parece
impossível simplificar a rotina, mudar hábitos e
comportamentos, dizer não. Que esse exercício faça você
aprender a buscar uma coisa só, aquilo que é mais importante e
irá orientar o restante de toda a sua vida.
Segue também a terceira pergunta das Dez Grandes Questões
sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Quais são os elementos ou as atividades fundamentais de um
processo eficaz de Formação Espiritual cristã?
A iniciativa do Espírito, da Palavra e daqueles que ministram o
Espírito e a Palavra de várias maneiras é incessante no processo
de formação espiritual.
No entanto, também há uma busca constante por parte do
discípulo como indivíduo ou de grupos de discípulos. A palavra
diz: “Se me buscarem de todo o coração, me encontrarão. Serei
encontrado por vocês”, diz o Senhor. (Jeremias 29:13–14a); e
também que Deus “recompensa aqueles que o buscam”
(Hebreus 11:6).
Essa busca é motivada pelo desejo de amar a Deus e aos outros.
E implementada pela descoberta da situação de nosso coração e
do mundo interior por meio do estudo, reflexão, oração e
conversas com outros. Descobrimos o que Deus está fazendo em
nós e no mundo visível e combinamos nossas ações com as dele.
Foi isso que Jesus descreveu como buscar “em primeiro lugar o
reino de Deus e a sua justiça” (Mateus 6:33).
A maioria das atividades que costumam ser identificadas como
‘religiosas’ pode e deve fazer parte desse processo de formação
espiritual. A adoração, o estudo da Bíblia, a oração, o serviço a
outros, podem todos ser elementos extremamente eficazes nessa
formação. No entanto, também devem ser praticados com esse
propósito, pois de outro modo, terão pouco ou nenhum efeito
em promover a formação desejada.
Outras atividades menos comuns como o jejum, a solitude, o
silêncio, a oração com o propósito de ouvir a Deus, a
memorização das Escrituras, a vida simples, a confissão, os
diários da vida espiritual, a submissão à vontade de outros, a
direção espiritual usada com sabedoria, são mais fundamentais
para a formação espiritual na semelhança com Cristo do que as
práticas religiosas mais conhecidas e são essenciais para que
essas últimas sejam usadas de forma proveitosa.
Todas essas atividades devem ser consideradas no
contexto de uma caminhada íntima e pessoal com
Jesus como nosso Salvador e Mestre fiel. Não é possível reduzir
a formação espiritual a uma fórmula, pois ela é um
relacionamento dinâmico e extremamente individual. É certo,
porém, que qualquer iniciativa para a formação espiritual
abençoada por Deus inclui boa parte dos elementos já
mencionados. (1)
A Disciplina Espiritual da Simplicidade
Simplicidade é liberdade, diz Richard Foster.
A simplicidade gera alegria e equilíbrio. A duplicidade gera
ansiedade e medo. O pregador de Eclesiastes 7:29 diz que “Deus
nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo”.
A disciplina cristã da simplicidade é uma realidade interna cujas
consequências externas são refletidas no estilo de vida. Tanto o
aspecto interno quanto o externo da simplicidade são essenciais.
Kierkegaard fala sobre o cerne da simplicidade cristã no livro
Pureza de coração é desejar uma coisa só.
Nosso coração pecador deseja muitas coisas e quer todas agora.
Nos dividimos correndo para muitos lados simultaneamente e
ficamos esgotados. Thomas Kelly no livro ‘Um testamento de
devoção’, fala que nos falta um centro divino, algo que oriente e
direcione todas as demais coisas que fazemos, nossos anseios,
nossas responsabilidades e os muitos afazeres. (2)
Para Kelly nossa vida se tornou muito complexa e culpamos o
mundo em que vivemos, só precisamos de mais tempo para
conseguir fazer tudo o que queremos. Porém, a real explicação
para a complexidade da vida é interior. Não nos falta tempo, nos
falta amor. Nos falta um centro que oriente as prioridades e nos
ajude a viver momento a momento em dependência de Deus,
sem nos agarrarmos à segurança que as coisas nos dão. (2)
Nos falta direcionar a bússola desse amor para o Norte correto,
como diz James Smith. Sem esse centro orientador firmado no
amor a Deus, vamos correr sempre atrás de muitas coisas que
irão ocupar nossos amores e serão refletidas nos hábitos e
comportamentos, nos ritmos e nas liturgias que nos moldam
todos os dias em alguém sempre ocupado, sempre com pressa,
desatento e impaciente. (3)
A simplicidade, então, exercitada como uma disciplina
espiritual, seria esse esforço intencional de organizar o centro da
vida em Deus, buscando o seu Reino e a sua justiça em primeiro
lugar. E como consequência, a simplicidade vai aparecer em
várias atitudes externas, nas escolhas que fazemos e em uma
curadoria de nossos hábitos. Aprenderemos a dizer não a muitas
coisas, mesmo que boas e interessantes, porque não podemos
fazer tudo, ler tudo, aceitar todos os convites, fazer todos os
cursos, ir em todas as reuniões, e assim por diante. (4)
Precisamos fazer escolhas quanto ao que comprar, evitando
acumulo de coisas desnecessárias e que não podemos pagar;
rejeitando hábitos e comportamentos que se tornam vícios;
exercitando mais a generosidade através da doação de suas
coisas; aprendendo a desfrutar das coisas sem possuí-las,
compartilhando com os outros; evitando distrações que nos
afastem de buscar o reino de Deus. A busca intensa por outras
coisas ainda que legítimas e boas, pode facilmente nos levar a
perder o rumo. (4)
Por isso a simplicidade parte da confiança na provisão e
sustento de Deus, nas suas dádivas concedidas a nós em todas as
áreas, e se reflete em nossa resposta no modo como
organizamos a vida. A simplicidade de coração poderá florescer
apenas no solo fértil da fé, e é justamente a afirmação da
fidelidade e da bondade de Deus, que abre a porta para essa
confiança. (5)
A simplicidade implica o retorno à postura de dependência de
Deus e a resposta em obediência a Ele.
A mais profunda realidade da dependência e da obediência é o
tipo de espírito que elas desenvolvem em nós. É um espírito que
crucifica a cobiça e o desejo de ostentação — atingindo
diretamente nossos hábitos de consumo. É um espírito de
compaixão e assistência — fomentando a generosidade e o
compartilhar do que temos. É um espírito de sensibilidade e
confiança — nos ajudando a escolher apenas o que é necessário.
(5)
Como consequência, podemos exercitar a simplicidade em nosso
modo de vida, através de atitudes como eliminar excessos, doar
produtos não utilizados, discernir comportamentos viciantes e
eliminá-los, reduzir tudo o que pode estar ocupando muito
espaço ou muito tempo.
A simplicidade, assim, se torna também um modo de vida
baseado na suficiência do que recebemos de Deus, diariamente.
E um convite para pensarmos na complexidade que nossa vida
adquiriu. Em todos os compromissos, atividades e demandas.
Será que todas são essenciais e necessárias? O que podemos
dizer não, o que podemos eliminar ou reduzir?
Fica o convite para exercitar a disciplina da simplicidade e
fortalecer o centro orientador de tudo o que fazemos e somos:
Jesus Cristo. Cristo não é apenas alguém em quem eu acredito
que existiu e cujas ações têm influência sobre mim. Ele é o
centro. Ele é tudo. Ele é alguém COM quem eu vivo, DE quem
recebo a vida e PARA quem eu vivo. Ele é a própria vida que flui
em mim e que me capacita a viver cada dia: a respirar, a
trabalhar, a amar, a aprender, a sofrer, a vencer as dificuldades.
Ele é o centro do sentido e o ponto de integração de toda
existência.
Com esse centro ajustado, podemos viver com simplicidade e
alegria o dia de hoje.
Efésios 5:15 diz “Portanto, sejam cuidadosos em seu modo de
vida. Não vivam como insensatos, mas como sábios.”
Oremos
Pai querido, entregamos ao Senhor tudo o que carregamos e que
nos pesa os ombros, a complexidade que a vida tomou e nossa
luta para dar conta de tudo. Clamamos por socorro para que
possamos aprender a viver uma vida simples, que deseja uma
coisa só: que venha o seu Reino e seja feita a sua vontade.
Ajuda-nos, Senhor Jesus, a viver momento a momento em
dependência do Senhor e a fazer escolhas sábias. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #4 Solitude
A harmonia interior de saber que nunca estamos sozinhos.
Nosso quarto episódio da Série Disciplinas Espirituais está
diretamente relacionado com o #2 Silêncio. A maioria dos
autores falam das duas disciplinas juntas: solitude e silêncio.
Então, se você já leu (ou ouviu) sobre o silêncio, agora é a hora
de aprender sobre a solitude.
Depois, então, busque formas de incluir as duas em sua rotina,
deixando o exercício alcançar o seu coração e tocar a
necessidade que sentimos de obter a aprovação das pessoas ou o
medo que sentimos de ficar sozinhos. Que esse exercício faça
você aprender a confiar em primeiro lugar no relacionamento
que você tem com Deus e que, com Ele, você nunca mais estará
sozinho(a).
Segue também a quarta pergunta das Dez Grandes Questões
sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Como a Formação Espiritual é expressa na linguagem da Bíblia?
É um conceito bíblico?
A formação espiritual é um conceito bíblico expresso de várias
maneiras nas Escrituras — na admoestação, na oração, no
ensino e no exemplo. Provérbios diz: “Guarde-as [as minhas
palavras] no fundo do coração, pois são vida para quem as
encontra e saúde para todo o seu ser. Acima de tudo, guarde o
seu coração, pois dele depende toda a sua vida.” (Pv 4:21–23). O
salmista suplica: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e
renova dentro de mim um espírito estável. (…) Sustenta-me com
um espírito pronto a obedecer. (…) Os sacrifícios que agradam a
Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e
contrito, ó Deus, não desprezarás.” (Sl 51:10,12,17).
Deus olha o que está no coração (1Sm 16:7), procura aqueles que
o adoram em espírito e verdade. A religião bíblica é uma religião
do coração e trata de guardá-lo. Assim, Jesus enfatiza que não
existem árvores boas que produzam maus frutos, nem árvores
más que produzam bons frutos (Lc 6:43) e que o bem e o mal
são provenientes do coração das pessoas (Lc 6:45; Mc 7:21–23).
A instrução de Paulo é para que renovemos nosso ser interior
“nos despindo do velho homem” e “nos revestindo do novo
homem” caracterizado por “profunda compaixão, bondade,
humildade, mansidão e paciência.” (Cl 3:12–14). Ele ora para
que os efésios sejam fortalecidos “no íntimo do seu ser com
poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite no
coração de vocês mediante a fé; (…) para que vocês sejam cheios
de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3:16–19).
Fica claro, portanto, que a formação espiritual está presente nas
Escrituras e também esteve presente ao longo da história do
povo de Cristo. As congregações cristãs primitivas mostram que
as práticas de formação espiritual são tão antigas quanto o
cristianismo. A linguagem de formação espiritual é usada há
séculos em muitas denominações diferentes até os dias de hoje.
(1)
A Disciplina Espiritual da Solitude
Jesus nos convida a sairmos da solidão e nos movermos em
direção à solitude. As duas palavras muitas vezes são usadas
como sinônimos: solidão e solitude, mas há uma grande
diferença entre elas.
Segundo Henri Nouwen, a solidão é uma das fontes mais
universais de sofrimento humano; suas raízes alimentam-se da
suspeita de que não há ninguém que se importe, de amor sem
condições, que não existe lugar onde possamos ser vulneráveis
sem que sejamos usados. As pequenas rejeições de todo dia
despertam nosso medo básico de sermos deixados
completamente sozinhos. (2)
Para tentar resolver esse problema, nos agarramos aos outros de
maneira distorcida, seja através do casamento, de filhos ou
amigos, não conseguimos estar só. E ainda assim, podemos
estar rodeados de pessoas e nos sentirmos profundamente
sozinhos.
A solitude então, é uma disciplina cristã que consiste no convite
para nos retirarmos da multidão, da companhia dos outros e
estarmos a sós com Deus. Ela cria o espaço para que as outras
disciplinas sejam exercidas como o silêncio, a oração, o
estudo e a meditação nas Escrituras. Para muitos é um grande
desafio ficar sozinho e quando isso é inevitável, ligamos algum
ruído para amenizar o vazio do silêncio. (2)
Nossos relacionamentos podem se tornar mesquinhos e
carentes, dependentes e exploradores, pois sem a solitude do
coração, não conseguimos ver realmente os outros, são apenas
pessoas para serem usadas para a satisfação de nossas próprias
necessidades. (2)
Mas através da prática da solitude podemos vencer a solidão e
aprender a viver em comunidade. Para Bonheffer, “aquele que
não consegue ficar sozinho, precisa tomar cuidado com a
comunidade. E o que não está em comunidade, precisa tomar
cuidado ao ficar sozinho. Cada situação apresenta ciladas e
riscos profundos. Aquele que deseja comunhão sem solitude,
mergulha num vazio de palavra e sentimentos, e aquele que
procura a solitude sem a comunhão perece no abismo da
vaidade, do narcisismo e do desespero.” (3)
Assim, solitude é uma disciplina de abstenção da companhia de
pessoas que nos ajuda, posteriormente, a nos engajar de
maneira restaurada com os outros. Ela nos liberta do que nos
impede de amarmos uns aos outros. Porque na solitude somos
expostos ao amor de Deus, do qual necessitamos tanto, mas
para quem estamos sempre ocupados demais para dedicarmos
nossa atenção. A solitude é um encontro com Cristo e, por isso,
seu exercício nos liberta de várias coisas que podem estar nos
oprimindo. (4)
Segundo Richard Foster, a simplicidade e a solitude andam de
mãos dadas. A solitude diz respeito, especialmente, à harmonia
interior que nos liberta da sufocante necessidade de aplausos e
aprovação. Ela nos dá condições de ficar naturalmente sozinhos,
pois o medo da obscuridade se foi; e nos habilita para a
verdadeira convivência com os outros, pois não seremos mais
controlados por eles (nem buscaremos controlá-los). (5)
Na disciplina da solitude nos isolamos das pessoas por um
momento, não por sermos antissociais, mas por amá-las, para
que quando estivermos com elas possamos fazer-lhes bem e não
mal. Thomas Merton disse que “é na profunda solitude que
encontro a ternura com a qual posso realmente amar meus
irmãos. (…) A solitude e o silêncio ensinam-me a amar os
irmãos pelo que eles são, não pelo que eles dizem.” (5)
Podemos, então, praticar a solitude reconhecendo a importância
de termos momentos a sós. Aproveite as pequenas solitudes que
acontecem ao longo de um dia, como os primeiros momentos da
manhã antes da família acordar. E crie espaço ao longo da sua
rotina para inserir momentos de solitude: preparar uma xícara
de café ou chá e sentar em silêncio no jardim, entrar no seu
quarto e avisar os demais da família para não te chamarem,
fazer uma caminhada em silêncio observando o redor, separar
algumas horas do dia para se retirar e ficar a sós com Deus.
É importante destacar que a solitude é praticada na companhia
de Deus. É o exercício de se calar e aquietar diante dAquele que
me vê, me conhece completamente e me ama profundamente. É
o esforço de me concentrar na voz dele, que me chama pelo
nome e se revela a mim através das Escrituras.
No espaço criado pela solitude e silêncio é que vamos exercitar
as outras disciplinas espirituais. O movimento da solidão para a
solitude, irá gerar a alegria de estar a sós; não mais o vazio
intimidador mas, agora, cheio da presença do Senhor e do seu
amor derramado por nós, ao qual respondemos a Deus em
oração e aos outros em hospitalidade.
Lucas 5:15–16 nos diz que “As notícias a seu respeito [Jesus] se
espalhavam ainda mais, e grandes multidões vinham para
ouvi-lo e para ser curadas de suas enfermidades. Ele, porém,
se retirava para lugares isolados, a fim de orar.”
Oremos
Querido Senhor, somos tão carentes de relacionamentos
verdadeiros e muitas vezes nos agarramos aos outros de
maneira distorcida. Ajuda-nos a exercitar a solitude e a soltar as
amarras que nos impedem de estarmos a sós contigo, para que
possamos receber teu amor, aprender a te amar e amarmos uns
aos outros. Que seja um lugar de encontro e de liberdade. Em
nome de Jesus, Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #5 Submissão
A busca do bem em nossos relacionamentos a partir
do negar a si mesmo.
Neste episódio da Série Disciplinas Espirituais vamos
refletir sobre a disciplina da Submissão. Em meio a relações tão
distorcidas pelo pecado, onde prevalece julgamento,
manipulação e controle, somos chamados a confiar uns nos
outros e a buscar o bem dos outros. Essa disciplina vai no cerne
de nosso sistema de valores e no modo como nos vemos e nos
julgamos em relação aos outros ou como julgamos os outros em
relação a nós. O medo de confiar, as máscaras de proteção, as
relações de poder… tudo isso interfere na atitude que adotamos
em nossos relacionamentos.
Por que nos armamos tanto? Como deixamos prevalecer o medo
das opiniões diferentes? De onde vem a dificuldade de ceder a
outro? O que aconteceria em nossos relacionamentos se nos
sentíssemos seguros o suficiente para confiar, abrir mão, ceder,
ou seja, nos submetermos uns aos outros em amor?
Deus nos chama para vivermos de um modo diferente, tendo a
Trindade como modelo de vida em nossos relacionamentos. Por
isso, pare um pouco e reflita sobre a disciplina da submissão em
sua vida. Busque formas de incluí-la em sua rotina,
especialmente se você se tem dificuldades para ceder e abrir
mão do controle. Que esse exercício faça você aprender a se ver
como igual e a responder ao chamado de Deus de se submeter
aos outros por amor a Ele. Reflita sobre o que precisaria mudar
para a submissão mútua se tornar uma realidade em seus
relacionamentos.
Segue também a quinta pergunta das Dez Grandes Questões
sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Que relação há entre a formação espiritual e a salvação? Qual é
o papel da graça na Formação Espiritual?
Quando se fala de salvação hoje em dia, há uma ênfase apenas
no perdão de pecados e na garantia do céu após a morte. (…)
Porém, sem negarmos de maneira alguma a importância
essencial da crença correta e do perdão de pecados, se
entendermos a fé salvadora como confiança em Jesus Cristo,
em sua pessoa como um todo, e não apenas em parte do que ele
fez ou disse, veremos a salvação como algo que liberta o
discípulo, a pessoa como um todo, e a conduz à vida plena no
Reino de Deus (que já começou e está em ação agora).
Isso inclui a transformação interior progressiva do cristão, não
como condição para entrar no céu, mas como parte natural de
um todo que também abrange uma nova vida, um crescimento
espiritual constante e a entrada no céu como resultado natural e
não como foco central. A libertação será de fato uma cura dupla
da enfermidade do pecado, livrando-nos da ira e, ao mesmo
tempo, tornando-nos puros.
Essa libertação é graça em todos os sentidos. É um dom da vida
num relacionamento constante e interativo com o Senhor,
Salvador e Mestre vivo. Como o próprio Jesus disse: “Esta é a
vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo a quem enviaste.” (João 17:3). No sentido bíblico, o
conhecimento é um relacionamento interativo. É o
relacionamento redentor do discípulo com o Mestre, no qual o
favor imerecido é recebido desde os primeiros estágios de
arrependimento e perdão até as dádivas mais avançadas de
visão, caráter, serviço e poder (Atos 6:8). A formação espiritual é
simplesmente o processo pelo qual “crescemos na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2
Pedro 3:18). (1)
A Disciplina Espiritual da Submissão
O cristão é um senhor perfeitamente livre de tudo: a ninguém
se sujeita. O cristão é um servo perfeitamente zeloso em tudo:
sujeita-se a todos. — Martinho Lutero
Deus nos criou de modo que estamos sempre nos relacionando,
seja na família, com os colegas de trabalho ou na igreja. Seja
com pessoas que conhecemos ou com os estranhos que
encontramos nas interações sociais. Deus nos fez relacionais e
nos incluiu em um povo, nos chamando para vivermos em
relacionamento constante uns com os outros, para cuidarmos
uns dos outros, para amarmos uns aos outros.
Além disso, há as diversas relações estruturais de hierarquia e
liderança e, assim, espera-se que algumas pessoas se submetam
a outras devido à autoridade e poder. E é dentro desse contexto
das relações que é praticada a disciplina da submissão. Ela é
uma disciplina comunitária, que depende de outras pessoas para
ser realizada. Muitas disciplinas podemos fazer sozinhos, como
a oração e o jejum. Mas no caso da submissão, a exercitamos em
nossas relações.
Segundo Richard Foster, de todas as disciplinas espirituais, a
submissão é a que mais sofreu abusos ao longo da história da
igreja, por isso precisamos examiná-la com cuidado. A
submissão envolve o modo como nos vemos e vemos os demais,
os julgamentos que fazemos e as escolhas diárias de buscar o
bem em nossos relacionamentos. (2)
Para cada disciplina, existe uma liberdade correspondente.
Assim, a liberdade correspondente à disciplina da submissão é a
do fardo terrível de sempre precisarmos fazer as coisas do nosso
jeito. Exigir que tudo funcione conforme nossa vontade ou
controle é uma escravidão severa que oprime a nós e aos outros
em nossa volta. Assim, há alguns mais opressores que outros e
sentimos isso diariamente em nossas relações. (2)
Há pessoas que vivem em constante aflição porque algo não
aconteceu como desejado. Ou fazem do ambiente uma guerra
para ter as coisas feitas do seu jeito. Muitas brigas e conflitos na
igreja, na família e no ambiente de trabalho, acontecem porque
as pessoas não cedem umas às outras.
A submissão, assim, expõe nossa teimosia e orgulho, a vaidade e
o medo de confiar. A disciplina da submissão nos ensina a abrir
mão do controle, a deixar as coisas acontecerem de acordo com
a vontade de outros, a nos desprender da questão e a mortificar
a vontade própria. Por isso, é uma disciplina importante para
desenvolver as virtudes da humildade e paciência, influenciando
diretamente em todos os nossos relacionamentos.
O ensino bíblico sobre a submissão concentra-se no espírito com
que vemos o outro e comunica a nós uma atitude de
subordinação mútua, baseada no apreço e no respeito uns pelos
outros, não apenas na estrutura formal de hierarquia onde
estamos inseridos.
Na submissão, ficamos livres para valorizar os outros, para abrir
mão dos direitos, das opiniões e da vontade pelo bem dos
outros. Aprendemos que nossa felicidade não depende de
conseguirmos o que queremos ou fazermos as coisas do nosso
jeito. Por isso, podemos ceder ao outro, não impor nossa
vontade e aceitar uma decisão, mesmo que tenhamos uma
opinião divergente.
É claro que podemos conversar e encontrar uma solução em
conjunto, mas na maioria das relações, geralmente acontece
uma briga de egos, onde vence o mais forte, deixando os demais
irritados, frustrados e desanimados.
Como seriam nossos relacionamentos se aprendêssemos a nos
submeter uns aos outros em amor?
A vida de Jesus foi uma vida de submissão e ele nos chama para
segui-lo, aprendendo com ele a entregar a nossa vida para
encontrá-la, a considerar os outros como superiores a nós e a
nos submetermos uns aos outros em amor. Tudo isso está
incluído na atitude de negar a si mesmo. “Então Jesus disse a
seus discípulos: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si
mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)
Mesmo nas situações onde há autoridade e a submissão é
devida, o Senhor Jesus nos ensina que aquele que lidera deve ser
o primeiro a servir. E assim nos confronta com a submissão
mútua, onde não abusamos das relações de poder e visamos
sempre o bem do outro.
Podemos compreender os atos de submissão de várias formas,
aplicados em vários contextos.
 Primeiro está a necessidade da submissão a Deus. Como
todas as disciplinas espirituais, a submissão também é
realizada em relacionamento com Deus. Nos rendemos
integralmente nas mãos de Deus, para que aconteça conosco
conforme sua vontade. Muitos que não conseguem se
submeter aos outros, também não conseguem se submeter a
Deus, não entregam o controle jamais e lutam para sempre
prevalecer a sua vontade.
 A segunda forma é a submissão às Escrituras. À medida que
ouvimos e obedecemos à Palavra de Deus, nos submetemos
 ao seu ensino, aceitamos sua luz iluminando nossa vida e
nosso caminho.
 Também aprendemos nos submeter à nossa família,
cuidando não apenas dos nossos próprios interesses, mas
também dos interesses dos demais, especialmente daqueles
que estão bem perto de nós. Comece ouvindo e depois
servindo as pessoas de sua família.
 Também nos submetemos ao próximo e àquele com quem
encontramos durante as atividades cotidianas. Se esforce
para enxergar as pessoas e ouvi-las.
 Além disso, a submissão pode ser exercitada na comunidade
cristã, ajudando o corpo de Cristo nas mais variadas
funções, não por vaidade, mas aprendendo a trabalhar em
equipe, sujeitando-nos uns aos outros, buscando a paz e
visando o bem da igreja.
O mais alto nível de comunhão — que envolve humildade,
honestidade, transparência e às vezes confissão e restituição — é
sustentado pela disciplina da submissão.
A cruz é o símbolo da submissão e o negar a si mesmo a forma
prática de vivermos em relacionamento uns com os outros.
Experimente esse exercício: em uma situação de divergências,
ceda. Em uma discussão, fique em silêncio. Quando há uma
orientação sobre o que fazer, obedeça. Se errou, peça desculpas.
Busque ver as pessoas com quem você encontrar no dia de hoje
como superiores a você e dignas de respeito, busque formas de
servir essas pessoas. Busque o bem em suas relações.
A submissão também se torna um modo de vida e um jeito de
nos relacionarmos uns com os outros, em todos os contextos. E
pode ser praticada como um exercício, especialmente quando
nossa atitude para o outro é de superioridade, desprezo ou
indiferença. Lembrando que o fazemos por temor ao nosso
Senhor: “sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo.”
(Efésios 5:21)
Em nossa rotina, acabamos nos distanciando e negligenciando a
presença de outras pessoas. Somos diferentes em muitos
sentidos e Deus nos chama para vivermos em harmonia, a partir
de uma entrega em submissão a Deus e aos outros. Por estarmos
seguros no amor de Deus, nós podemos fazer isso. Deus nos
chama para vivermos de um modo diferente, tendo a Trindade
como modelo de vida em nossos relacionamentos. Para
construirmos pontes ao invés de muros, para testemunharmos
dele no modo como agimos com os outros, nos agarrarmos
firmemente ao que é bom, amarmos com amor fraternal sem
fingimento e termos prazer em honrar uns aos outros.
(Romanos 12:9–10) Ele vai nos sustentar nesse propósito.
Paulo em Filipenses 2:3–8 nos diz: Não sejam egoístas, nem
tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem
os outros mais importantes que vocês. Não procurem apenas
os próprios interesses, mas preocupem-se também com os
interesses alheios. Tenham a mesma atitude demonstrada por
Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual
a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso,
esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de servo e nasceu
como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-
se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.
Oremos
Senhor Deus, ensina-nos através da submissão a vivermos no
seu Reino como irmãos; a promovermos a paz e, através da
disciplina da submissão, a calarmos nossa necessidade de
exercer poder sobre o outro, de ferirmos e oprimirmos os outros
em nossas relações. Que nosso amor possa testemunhar que
somos seus filhos e seguidores de Jesus. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #6 Serviço
Aquele que quer ser o maior, que sirva os outros.
Continuamos com a Série Disciplinas Espirituais e, neste
episódio, vamos refletir sobre a disciplina do Serviço. Uma
disciplina muito necessária para equilibrar nossas relações
feridas pelo pecado. Juntamente com a submissão, o serviço nos
ajuda a mortificar o coração orgulhoso, que busca honra e
vaidade; que se acha superior e melhor em tantos sentidos; que
discrimina e distancia os que são diferentes.
Deus, sabendo disso, associa a grandeza com o serviço: Aquele
que quer ser o maior, que sirva os outros. (Mateus 20:26)
Somos confrontados em nossas relações a abrir mão do controle
constantemente; a entregar a nossa vontade porque enxergamos
outras vontades além da nossa; a perceber os outros e a carregar
os fardos uns dos outros. O serviço é uma evidência dessa
grandeza escondida, gerada no profundo de nosso coração, em
humildade, abnegação e submissão.
E também é uma disciplina espiritual, através da qual
aprendemos na prática a seguir os passos de Jesus que serviu de
tantas maneiras. Além disso, nós participamos da obra de Cristo
que continua servindo, agora, através de cada um de nós. Que
esse exercício nos faça aprender a viver como servos de todos.
Segue também a sexta pergunta das Dez Grandes Questões
sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Que relação há entre a Formação Espiritual e as muitas
“espiritualidades” encontradas em toda parte hoje?
No contexto cristão, somos espirituais quando encontramos a
origem e a direção de nossa vida em Jesus Cristo, o Senhor
vivo, por intermédio do Espírito Santo e de outros meios
definidos por Deus em seu reino, que é em si uma realidade
espiritual. Fora desse contexto exitem, evidentemente, outros
espíritos (1 Co 10:20, 12:2).
Como já observamos, o ser humano tem um espírito e é um ser
espiritual. Os anjos são seres espirituais. E, acima de tudo, Deus
é Espírito. Quando a vida de uma pessoa é dependente das
interações dela com Deus, ela é uma pessoa espiritual. A
espiritualidade é a qualidade de vida que caracteriza essa
pessoa. Contrastando com isso, uma pessoa é carnal quando
essa qualidade de vida não está presente e quando a pessoa está
operando com base em recursos humanos ou naturais.
No contexto cultural mais amplo, todas as diversas
espiritualidades representam tentativas de obter identidade e
poder num mundo em que a falta de percepção de si mesmo e
sentimentos de insignificância e impotência oprimem a alma e o
espírito humano. Todas elas envolvem práticas que, muitas
vezes, apresentam pontos comuns com as disciplinas espirituais
usadas na tradição cristã ou em outras religiões.
Em termos gerais, todas as “espiritualidades” insistem que há
uma forma certa e uma errada de viver sua versão da vida
espiritual. Isso não é exclusividade do cristianismo. A
exclusividade da espiritualidade e da formação espiritual cristã
está na vida que constituem e promovem. O objetivo da
formação espiritual é a obediência ao Senhor Jesus resultante da
conformidade interior a Cristo. Essa conformidade será
exclusiva não por arrogância em relação a outras
espiritualidades, mas por seu grau de amor autêntico e cuidado
efetivo por todos sem discriminação. A inclusividade é uma
graça da vida que, entendida de forma adequada e honesta, deve
ser arraigada na formação espiritual em Cristo. (1)
A Disciplina Espiritual do Serviço
Assim como a cruz é o símbolo da submissão, a toalha é o
símbolo do serviço. Na última ceia com os discípulos, Jesus
sendo o Senhor e Mestre lavou os pés de todos eles, com uma
bacia e uma toalha nas mãos, nos deixando uma lição prática
sobre grandeza e serviço.
Tendo vivido como servo, Jesus nos convoca também para
servir. Uma vez que nos tornamos seus seguidores, aprendemos
com ele a servir como ele serviu. Nas palavras do próprio Jesus:
“E uma vez que eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, vocês
devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo a
ser seguido. Façam como eu fiz a vocês.” (João 13:14–15)
No serviço experimentamos pequenas mortes que ocorrem
quando vamos além de nós mesmos. O serviço nos liberta da
obrigação de participar dos jogos deste mundo de promoção e
autoridade, de manipulação e glorificação pessoal. Elimina a
necessidade (e o desejo) que temos de nos colocarmos como
superiores aos outros, existindo ou não uma ordem hierárquica
por trás. “Aquele que quer ser o maior, que sirva os outros”,
Jesus disse em Mateus 20:26.
Jesus não ensinou que todos têm a mesma autoridade. Há
liderança e subordinação em nossas relações. Mas Jesus nos
ensinou a servir, sejam quais forem essas relações. Submissão e
serviço estão relacionados e aprendemos a nos submeter uns aos
outros também através do serviço mútuo. Especialmente se
temos autoridade.
Para Richard Foster, muito serviço é feito pelo esforço humano
de aparecer, manipular, demonstrar força e prevalecer sobre o
outro. Mas o serviço verdadeiro origina-se no relacionamento aos desejos da carne, a crucificamos e, junto com ela, nosso
com Deus, no profundo de nosso íntimo, e se torna uma orgulho e arrogância. Preste atenção ao seu coração e veja como
resposta a Deus em amor aos outros, sem buscar aplausos ou você se sente quando exercitar essa disciplina. Persista no
holofotes, sem exigir uma resposta em troca. Não escolhemos a exercício do serviço, até sua carne ser vencida. (2)
quem servir, não fazemos discriminação, pois nos tornamos
“servo de todos.”(Marcos 9:35) (2)
Conselho de William Law para quem deseja ser
humilde: aprenda a servir seu semelhante, isto é…
A inclinação para servir quase sempre é um obstáculo ao serviço
verdadeiro, não é algo que desejamos fazer espontaneamente.
“…ser condescendente com todas as fraquezas e enfermidades
Por isso, o serviço exercitado como uma disciplina, reorienta
de seus companheiros, cobrir suas fragilidades, encorajar suas
nossas inclinações e nos ensina a cuidar dos outros em primeiro
virtudes, aliviar as carências, ter jubilo na prosperidade deles,
lugar. Preste atenção às pessoas à sua volta, que serviços você
compadecer-se de suas aflições, acolher a amizade deles,
pode realizar por elas, por amor a elas? Busque servir quem você
relevar suas indelicadezas, perdoar-lhes a malícia, servir aos
ama, seja lavando louça em sua casa ou ajudando um colega de
servos e dignar-se aos ofícios mais humildes da humanidade.”
trabalho. Depois faça o exercício de servir alguém que você não
— William Law (2)
ama ou não tem apreço especial, talvez um estranho, talvez
alguém de quem você não goste. Sirva de alguma maneira
discreta e sem chamar a atenção. Segundo Foster, como consequência da disciplina do serviço,
veremos o surgimento da graça da humildade, teremos
consciência de um ânimo revigorado e de uma alegria de viver,
A humildade penetra nossa vida por meio da disciplina do
uma nova sensação de confiança marcará nossas atividades.
serviço. Ocorre uma mudança em nosso espírito quando nos
Embora as demandas da vida continuem tão grandes como
propomos a seguir um curso de ação escolhido conscientemente
sempre foram, viveremos com a sensação renovada de uma paz
que valorize o outro e faça algo por ele longe dos olhos dos
que não se afoba, teremos compaixão de quem antes tínhamos
demais, das obrigações e dos jogos de interesse.
inveja e enxergaremos as pessoas que antes ignorávamos.
Perceberemos um novo centro de controle nos direcionando em
O serviço disciplina os desejos desordenados da carne e os nossas ações. (2)
transforma. A carne procura por atenção, se contorce em busca
de honra e manipula meios para conseguir reconhecimento
Acima de tudo, como consequência da disciplina do serviço
público pelo serviço prestado. Quando nos recusamos a ceder
ficaremos mais conscientes de que Jesus, como Senhor humilde
e generoso, continua servindo seus amigos, porém agora,
através das nossas mãos. Como diz Teresa de Ávila:
“Cristo não tem corpo agora além do seu. Sem mãos, sem pés
na terra, a não ser os seus. Seus são os olhos através dos quais
ele olha com compaixão. Seus são os pés com os quais ele
caminha para fazer o bem. Suas são as mãos pelas quais ele
abençoa todo o mundo. Suas são as mãos, seus são os pés, seus
são os olhos, você é o corpo dele. Cristo não tem corpo agora
na terra, a não ser o seu.” — Teresa de Ávila
Nós somos o corpo de Cristo e através de nossas escolhas e
atitudes continuamos o serviço de nosso Senhor e
testemunhamos de sua existência, enquanto aguardamos a sua
volta.
Jesus em Marcos 9:34-35 pergunta aos discípulos: “Sobre o que
vocês discutiam no caminho?”. Eles não responderam, pois
tinham discutido sobre qual deles era o maior. Jesus se sentou,
chamou os doze e disse: “Quem quiser ser o primeiro, que se
torne o último e seja servo de todos”.
Oremos
Senhor Jesus, dá-nos uma consciência viva de que te seguimos e
continuamos as suas obras no mundo. Nos ajuda a participar do
seu cuidado e redenção através das atitudes de serviço. Nos
ajude em nosso orgulho e medo. Disciplina nosso coração e gera
em nós a verdadeira humildade, para sermos cada dia um pouco
mais parecidos contigo. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #7 Confissão
Quem fica sozinho com seu mal, fica totalmente só.
Em nossa Série Disciplinas Espirituais, a disciplina
da Confissão foi uma das que mais me confrontou, porque há
poucas oportunidades em nossa comunhão para a exposição de
quem somos. Em nosso medo e orgulho, continuamos sozinhos
com nosso pecado e nos privamos do que o Senhor quer realizar
em nós e em nossa comunidade através dessa situação de
fragilidade e vulnerabilidade mútua. Assim, meus amigos,
convido vocês para exercitarem a disciplina da confissão e se
exporem à luz da graça e do perdão de Deus, derramadas sobre
nós através da cruz de Cristo e feitas uma realidade através da
comunhão do Espírito Santo.
Segue a sétima pergunta das Dez Grandes Questões sobre
Formação Espiritual, que nos ajuda muito a exercitar a
confissão e compreender melhor o caráter de Cristo que o
Espírito está formando em nós através dela. (1) Vamos lá!
Qual é o papel dos dons e do fruto do Espírito na Formação
Espiritual?
“Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz,
paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e
domínio próprio.” (Gálatas 5:22–23) A ideia desta passagem
está relacionada com o que Paulo chama em outra passagem de
fruto da luz: “Pois o fruto da luz produz apenas o que é bom,
justo e verdadeiro.” (Efésios 5:9) Evidentemente, é o mesmo
que amor, no sentido abrangente da palavra, descrito em 1
Coríntios 13 e Colossenses 3:14.
O fruto do Espírito é o caráter interior do próprio Cristo
concretizado em nós por meio do processo de formação
espiritual cristã. É o resultado da formação espiritual. É “Cristo
formado em nós”. Como o fruto de uma árvore, é consequência
daquilo que nos tornamos e não o resultado de um esforço
específico para dar frutos. Nos tornamos ‘frutuosos’, pois
recebemos a presença do Espírito de Cristo por meio do
processo de formação espiritual e agora, esse Espírito,
interagindo conosco, nos enche de amor, alegria, paz…
Ser tomado de amor, alegria e paz é ter os ricos recursos para
manter e intensificar uma vida repleta de fé e para crescer em
todas as dimensões da graça interior e exterior. O fruto do
Espírito e a formação espiritual passam a se sustentar
mutuamente.
Isso também se aplica à formação espiritual e aos dons do
Espírito. Os dons são habilidades sobrenaturais específicas
distribuídas entre aqueles que constituem o Corpo de Cristo
aqui na terra, a fim de que todos os membros possam ser
beneficiados por todos esses dons. “Deus trabalha de maneiras
diferentes, mas é o mesmo Deus que opera em todos nós. A
cada um de nós é concedida a manifestação do Espírito para o
benefício de todos.” (1 Coríntios 12:6–7)
A formação espiritual não tem meios de avançar da
forma como Deus determinou se o indivíduo não fizer
parte de um corpo de cristãos onde possa receber os
benefícios dos dons de outros. Sem os dons, o fruto não
pode ser produzido nem mantido.
Os dons do Espírito, por sua vez, só podem ser usados
corretamente se aquele que os recebe e serva a outros por meio
deles, tiver a devida formação interior na semelhança de Cristo.
Não somos passivos no processo de receber e servir com os dons
do Espírito. Eles devem ser buscados, recebidos e cultivados
ativamente. A formação espiritual lança os alicerces e fornece a
estrutura apropriada para o exercício desses dons pelo indivíduo
e pelo grupo. (1)
A Disciplina Espiritual da Confissão
Confessar as más obras é o primeiro passo para as boas obras.
— Agostinho
A obra perfeita de Jesus Cristo nos possibilita hoje a confissão e
o perdão, duas realidades que nos transformam. Sem a cruz, a
disciplina da confissão seria terapêutica apenas no âmbito
psicológico. Porém, ela é muito mais do que isso, envolve uma
mudança real em nosso relacionamento com Deus, uma
mudança real em nós, e se torna um veículo de cura e de
transformação.
Confessamos nossos pecados a Deus, por intermédio de Jesus
Cristo, e uns aos outros, como orientado em Tiago 5. A confissão
é uma disciplina difícil para nós, pois em uma cultura de
aparência, sentimos que precisamos resolver os nossos
problemas sozinhos e mostrar apenas nosso sucesso. Isso
acontece em todas as áreas: a dificuldade de lidar com o
casamento, o problema no trabalho ou um pecado específico.
Tememos que a exposição leve ao julgamento e afastamento das
pessoas. Às vezes, tememos também olhar de frente para nós
mesmos e reconhecer nossos pecados, assumir que precisamos
de ajuda. Então, nos fechamos em nosso isolamento e lidamos
com nossas dificuldades sem recorrer a algo que o Senhor
disponibilizou para nos ajudar: a confissão a um irmão.
Segundo Bonhoeffer, “quem fica sozinho com seu mal fica
totalmente só. Pode ser que cristãos fiquem sozinhos apesar da
devoção e oração, apesar de toda comunhão no servir. É possível
que jamais se rompa aquela última barreira que os separa da
comunhão, porque eles vivem juntos como pessoas crentes e
piedosas, e não como pessoas descrentes e pecadoras. A
comunhão piedosa não permite que alguém seja pecador. Por
isso, cada pessoa precisa esconder o pecado de si mesma e da
comunidade. Portanto, ficamos sozinhos com nosso pecado, na
mentira, na hipocrisia, pois não há como negar: somos
pecadores.” (2)
Porém, quanto mais solitária é a pessoa, mais destruidor é o
poder do pecado em sua vida. E quanto mais profundo o
envolvimento com o pecado, mais desesperadora a solidão. O
pecado teme a luz e, por isso, foge da comunhão. Contudo, é
justamente esse ato de exposição e humilhação, possível apenas
por causa da verdadeira comunhão, que derruba as últimas
tentativas de autojustificação, expõe a raiz da soberba e
promove a ruptura com o passado. (2)
Como consequência, a confissão permite que ocorra o abandono
do mal, o rompimento com o pecado, a reafirmação da entrega a
Deus, a lembrança da promessa de uma nova vida e o
compromisso com a vida de discipulado. A confissão é, assim,
um exercício importante da vida de discipulado onde deixamos
as coisas antigas para trás e nos esforçamos para viver as coisas
novas que já são uma realidade em nós (2 Coríntios 5:17). (2)
Não somente é verdade que ‘nós amamos porque Deus nos
amou primeiro’, como também é verdade que fomos
capacitados a confessar nossos pecados porque Deus nos amou
primeiro (1 João 4:19). Richard Foster considera que as
evidências da misericórdia e da graça divinas despertam o
coração contrito e nos levam a buscar a Deus que espera por nós
como o pai do filho perdido, ansiando nosso retorno. Deus tem
prazer e se alegra em nos perdoar. (3)
Temos de aceitar o fato de que um pecado não confessado é um
tipo especial de jugo ou obstrução na realidade psicológica e
física do cristão. A disciplina da confissão e o perdão removem
este jugo. A confissão também pode ser mútua, onde os dois
confessam seus pecados um ao outro e oram um pelo outro.
Segundo James Smith, nós queremos confessar. Há um desejo
em nosso coração de confessar nossas faltas que parece ser
contraintuitivo. Quem deseja ser confrontado com seus
pecados? Porém, no fundo, todos já sabemos a verdade sobre
nossos erros e ruína. Assim, os rituais que nos convidam a
confessar nossos pecados são na verdade favores que nos
permitem ser transformados por Deus. Por isso, crie esse ritual
de confissão mútua com um amigo. (4)
A prática e a disciplina da confissão são importantes aspectos da
história que deve governar nossa presença no mundo.
Lembramos de nossa identidade, de nosso relacionamento com
Deus, da transformação à imagem de Jesus que está ocorrendo
dia a dia em nós e nos engajamos nesse processo. Anunciamos
as boas novas de perdão e salvação e as aceitamos, não apenas
no dia de nossa conversão, mas todos os dias, todas as vezes que
confessamos nossos pecados uns aos outros e aceitamos o
perdão gracioso de Deus. (4)
A miséria do pecador e a misericórdia de Deus — eis a verdade
do Evangelho em Jesus Cristo. Dietrich Bonhoeffer
No ato de confissão mútua, o Espírito Santo atua em nós. Nossa
humanidade não é mais negada, mas transformada. Segundo
Dallas Willard, a confissão é uma disciplina que funciona dentro
da comunhão. Nela, permitimos que pessoas confiáveis
conheçam nossas fraquezas mais profundas e nossas falhas. Isso
nutre nossa fé na provisão de Deus para nossas necessidades por
meio do seu povo, nutre nosso senso de ser amado e nossa
humildade diante de nossos irmãos. Assim, permitimos que
alguns amigos em Cristo saibam quem somos na verdade e, com
isso, deixamos de carregar o peso de esconder e fingir, que
normalmente absorve uma quantidade espantosa de energia e
engajamo-nos mutuamente. (5)
Como fazer uma confissão: fazem-se necessárias três
coisas, examinar a consciência, se arrepender, e se esforçar para
evitar o pecado e não cometê-lo novamente. Procuramos uma
pessoa que nos conheça e nos ame, com essa convicção de
arrependimento em nosso coração, então, confessamos nossos
pecados em uma conversa e, em seguida, nosso amigo ora pelo
perdão e pela cura.
Como ouvir uma confissão: somente uma pessoa
humilhada, que também confessa seus pecados, tem condições
de ouvir a confissão do irmão, por isso, o primeiro passo é
aprender a viver em sujeição à cruz. Bonhoeffer escreve:
“Qualquer um que viva em sujeição à cruz, que discerniu na
cruz de Jesus a absoluta impiedade de todos os homens e do
seu próprio coração, descobrirá que não há pecado que ele já
não conheça. Qualquer um que já tenha se horrorizado e se
espantado com o próprio pecado que pregou Jesus na cruz não
mais ficará horrorizado, nem mesmo com os pecados mais
escabrosos de um irmão.” (3)
Após ouvir a confissão, é importante orar a favor da pessoa, ao A pausa necessária para encontrar com Deus antes de
invés de lhe dar conselhos. Devemos anunciar que o perdão realizar algo.
existente em Jesus Cristo é real e eficaz para ela. A oração tem o
poder de curar as feridas internas causadas pelo pecado.
Mais um episódio da Série Disciplinas Espirituais e com
Oramos pela cura e restauração. Por fim, a adoração é a nossa
uma disciplina que, possivelmente, você nunca ouviu falar!
reação ao perdão e amor recebidos do Pai.

Quando li sobre ela pela primeira vez, parei tudo e mandei uma
Através da confissão, o mal é tirado de nós e carregado pela
mensagem para o autor pedindo mais informações. Ele me
comunhão de pecadores que vivem da graça de Deus revelada na
respondeu super atencioso e, desde então, essa tem sido uma
cruz de Jesus Cristo. — Dietrich Bonhoeffer
disciplina presente na minha rotina de reuniões infinitas, aulas,
palestras e conversas (obrigada, Bill!).
Tiago 5:16 nos diz: “Portanto, confessem seus pecados uns aos
outros e orem uns pelos outros para serem curados.” Ela tem a ver com pausas, esperas intencionais e o alinhamento
de todas as nossas atividades, sintonizando nossa vida com a
Oremos fonte que sustenta tudo que fazemos e de onde recebemos o que
precisamos para continuar. Vai de encontro com os ritmos
Todo-Misericordioso Deus, confessamos que pecamos contra Ti,
apressados, os atrasos constantes, a correria e, por isso, nos
em pensamentos, palavras e atos, com aquilo que fizemos e com
ajuda a parar e viver o que está diante de nós agora, a estar
aquilo que deixamos de fazer. Não te amamos de todo o nosso
presente e participar do que Deus está fazendo em nós e através
coração, e não amamos nosso próximo como a nós mesmos.
de nós. E, como consequência, nos ajuda a entregar os
Estamos verdadeiramente compungidos e humildemente nos
resultados de tudo que fazemos a Deus.
arrependemos. Por amor a teu Filho, Jesus Cristo, tem
misericórdia de nós e perdoa-nos, para que nos deleitemos em
tua vontade, e caminhemos em teus caminhos, para a glória do Assim, convido vocês para conhecerem e exercitarem a
seu nome. Amém. disciplina da Statio. Segue também a oitava pergunta das Dez
Grandes Questões sobre Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
Série Disciplinas Espirituais: #8 Statio
Qual a relação entre a Psicologia e a Formação Espiritual?
É natural que nos voltemos para a psicologia a fim de entender a
alma e tentar suprir suas necessidades. A formação espiritual,
por sua vez, também deve tratar das realidades da alma. A vida
espiritual do ser humano é uma realidade psicológica, apesar de
não se limitar a isso.
Em termos metodológicos, a psicologia é um campo dividido.
Esse fato pode parecer um obstáculo para a promoção de um
relacionamento produtivo entre a psicologia e a formação
espiritual. No entanto, é possível que ofereça a oportunidade de
desenvolver uma visão apropriada do ser humano dentro de
uma estrutura da vida espiritual para a qual ele é, por natureza,
adequado. Essa visão, ou psicologia, serviria para iluminar e
dirigir o processo de formação espiritual.
Um dos grandes perigos que a formação espiritual cristã
enfrenta é proveniente da dependência exclusiva nos preceitos e
nas práticas da psicologia que simplesmente omitem as
realidades da formação espiritual cristã ou as substituem por
processos que não fazem jus ao reino de Deus.
A transformação do ser interior na semelhança com Cristo pode
ser realizada única e exclusivamente pela vida de Deus na alma e
qualquer coisa aquém disso, por melhor e mais apropriada que
seja em seu devido lugar, não será suficiente para suprir as
necessidades mais profundas do coração humano nem satisfazer
a mente e as emoções, e a vida ficará sem rumo. (1)
A Disciplina Espiritual da Statio
Eu ouvi sobre essa disciplina pela primeira vez em um livro de
Bill Gaultiere, sobre como viver a partir do jugo suave de Jesus.
Segundo ele, vivemos hoje em constante pressão por velocidade,
eficiência e produção. Perdemos nosso senso de tempo como
sagrado. Perdemos espaço para viver de forma não apressada e
nos relacionarmos com as pessoas. (2)
Se você for a um mosteiro beneditino, verá que os sinos tocam
dez minutos antes do início do momento de oração para lhe dar
tempo para caminhar do seu quarto ou do jardim até a capela e
chegar cedo para orar antes da atividade começar. Eles chamam
isso de “statio”, a palavra em latim para estação.
Muitos dos nossos dias de trabalho estão cheios de reuniões,
então praticar a disciplina espiritual da Statio corresponderia a
chegar dez minutos mais cedo antes de uma reunião começar,
seja presencial ou virtual. E nesses dez minutos, orar pela
reunião, pelas pessoas, pelo assunto que será tratado, pedir a
orientação do Senhor e que ele conduza tudo de acordo com a
sua vontade.
Esperar de propósito, intencionalmente, interrompe nosso
modo de produtividade e nos ajuda a lembrar da presença de
Deus aqui e agora. É uma oportunidade de fazer uma pausa,
respirar profundamente e orar para que nós e as pessoas com
quem estivermos participemos do que Deus está fazendo em
nossa próxima reunião, evento ou atividade.
Como consequência, também nos ajuda a mostrar respeito e
consideração pelo tempo de outras pessoas, especialmente em
nossa cultura do atraso. Assim, a Statio é uma disciplina que
nos ensina a chegar 10min mais cedo aos nossos compromissos
para orar em silêncio.
Uma das razões pelas quais nos atrasamos o tempo todo é
porque, geralmente, odiamos esperar. Ficamos impacientes e
frustrados, buscamos distrações e não conseguimos descansar.
Assim, a Statio se torna também uma disciplina que nos ajuda a
lidar com a espera sem recorrermos às distrações, às redes
sociais, ouvir um podcast ou até ler um livro. Nós aceitamos a
espera, nós intencionalmente criamos espaço para ela em nossa
rotina e nesse espaço encontramos com Deus através da oração.
Se torna assim um espaço sem pressa para ouvir a Deus e uma
pausa para nos ajudar a apreciar a presença amorosa de Deus
em meio às nossas reuniões e compromissos diários.
Faça esse exercício em relação às suas tarefas diárias. Por
exemplo, você vai ligar para alguém, então antes de ligar ore por
essa pessoa e peça para o Senhor conduzir a conversa; você tem
uma consulta médica, chegue mais cedo para orar pelo médico e
sua equipe, pelo diagnóstico e tratamento, pelas demais pessoas
que estão doentes e também aguardando nessa sala de espera,
ore pelo consolo do Senhor em meio à doença; você tem uma
reunião, chegue mais cedo e ore pela equipe de trabalho, pelos
clientes, por criatividade e direção nas decisões que serão
tomadas; você tem uma aula, chegue mais cedo ore pelos
professores e demais alunos, pelo conhecimento gerar
transformação e dar os seus frutos; você tem uma atividade na
igreja, seja um culto, uma reunião de grupo, um ensaio, chegue
mais cedo e ore pela liderança que irá conduzir o estudo, ore
pelas pessoas que virão, para o Espírito Santo preparar o terreno
dos nossos corações para receber a sua palavra e gerar frutos
que permaneçam, ore por conversões e fortalecimento dos seus
irmãos.
Nesses momentos, fique sensível à voz do Espírito Santo que te
conduz a interceder por coisas específicas em relação a essas
pessoas que você vai encontrar. Você vai perceber que
precisamos de pausas ao longo do nosso dia e essas pequenas
pausas em oração irão te capacitar a viver o momento presente
enxergando o que está acontecendo agora, as pessoas e as
questões que precisam ser realizadas. Isso irá trazer foco para
viver um momento de cada vez; sem se deixar mover pelas
muitas preocupações do que ainda precisa ser feito, sem se
deixar movimentar pela pressa e pelo atraso constantes.
Influenciando também sua criatividade e produtividade.
“As paradas de uma pessoa, bem como seus passos, são
ordenadas pelo Senhor.” George Müller
Viver o momento presente em relacionamento com
Deus é uma oportunidade que o Senhor nos dá todos os
dias. A disciplina espiritual da Statio nos ajuda a prestar
atenção nisso e a viver a rotina do dia conscientes da graça e da
presença do Senhor em tudo que fazemos. Deus está nos
ensinando a olhar além das circunstâncias visíveis e estressantes
do dia a dia e ver o Reino invisível que já está em ação,
conduzindo, sustentando e agindo através de nós e de todas as
coisas que fazemos.
Salmo 46:10–11 diz: “Aquietem-se e saibam que eu sou Deus!
Serei honrado entre todas as nações; serei honrado no mundo
inteiro. O Senhor dos Exércitos está entre nós; o Deus de Jacó é
nossa fortaleza.”
Oremos
Senhor Deus, ajuda-nos a viver o tempo contigo, a viver
momento a momento conscientes do que estamos fazendo e da
sua presença em nós e através de nós. Permita que nosso ritmo
de vida seja suave e possamos contemplar com alegria o
trabalho de nossas mãos como cooperadores contigo na vida do
teu Reino. Te agradecemos pelo tempo e por tudo que tens nos
dado para fazer, queremos andar em tua presença, guia nossos
passos e nossas pausas, em nome de Jesus, Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #9 Descanso
Descanso em mundo que não para e onde o trabalho
nunca termina.
Neste episódio da Série Disciplinas Espirituais somos
confrontados com a disciplina do Descanso. Talvez, você
também já tenha pensado algo assim: “eu não posso descansar
agora, porque o trabalho não acabou”, “vou fazer só mais um
pouco para render mais”, “seria bom se eu não precisasse
dormir”, “hoje não vai dar tempo de almoçar porque preciso
terminar isso”, “se o dia tivesse mais horas eu conseguiria dar
conta de tudo”. Ou, então, se sentiu culpado(a) de parar. É
domingo a tarde e sua mente está totalmente ocupada com as
questões do trabalho. Você não consegue descansar e, com o
tempo, seu corpo sente as consequências do desgaste decorrente
dessa tensão constante.
Como já vimos na disciplina da Simplicidade, não nos falta
tempo, nos falta outra coisa, ou muitas outras coisas, entre elas
a perspectiva correta da realidade, de quem somos e do que
estamos fazendo. Então, te convido a parar tudo e a
compreender a disciplina do descanso. Você pode inseri-la aos
poucos na sua rotina e perceber a mudança de perspectiva que
ela gera em sua vida.
E segue a penúltima pergunta das Dez Grandes Questões sobre
Formação Espiritual. (1) Vamos lá!
A Formação Espiritual não é um projeto humano, expresso de
forma igualmente adequada em várias tradições fora o
Cristianismo?
A formação espiritual é, de fato, um projeto humano. É uma
parte natural e requisito da condição humana. Até hoje, nunca
existiu uma sociedade sem formação espiritual. O ser humano
não é um animal instintivo que desenvolve naturalmente tudo o
que é necessário para sua existência. Antes, deve ser ensinado e
um elemento essencial do que é ensinado são as condições
interiores da vida (pensamentos, emoções, intenções, etc) que
tornam possível a existência social e permitem que o indivíduo
continue a esperar por uma vida boa.
Muita coisa boa pode ser encontrada em todas as grandes
tradições humanas de formação espiritual, e os cristãos
respeitam aquilo que é bom onde quer que possa ser
encontrado. Cremos nisso: “Toda boa dádiva e todo dom
perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes” (Tiago 1:17,
conforme também Atos 14:15–17).
No entanto se a formação espiritual do ser humano é “expressa
de forma igualmente adequada em outras tradições além da
cristã”, então ela é uma questão factual, e não algo que pode ser
respondido simplesmente pela generosidade ou evitando-se
uma atitude julgadora ou superior. Em muitos casos — como
das culturas antigas da Grécia e Roma que se preocupavam com
a formação correta do espírito humano conforme o entendiam
— , a resposta para essa pergunta é claramente ‘não’.
Não parece seriamente provável que as espiritualidades
contemporâneas — da Nova Era ao paganismo reavivado e
secularismo — possam ter esperança de desafiar com sucesso a
formação espiritual cristã, conforme seu ideal histórico, como
maneira mais excelente de promover a vida a ser estimada entre
os seres humanos, muito menos como uma forma de viver
agradável ao Deus que examina o coração. (1)
A Disciplina Espiritual do Descanso
A disciplina do descanso está relacionada com nos abstermos do
trabalho e de suas muitas preocupações. Ela se torna
especialmente importante em um mundo que não para e onde
o trabalho nunca termina. Nos acostumamos a um ritmo muito
intenso de atividades e mesmo quando não estamos engajados
em alguma tarefa, nossa mente se ocupa com preocupações
relacionadas às coisas que temos que fazer. Estamos sempre
alertas e temos muita dificuldade de parar.
Porém, esta disciplina está diretamente relacionada com a
criação de Deus, com o modo como ele nos fez, com os ritmos de
vida de que ele nos deu. Somos limitados ao tempo, recebemos
um dia de cada vez como dádiva e, neste dia, temos o tempo de
trabalhar e o tempo de descansar. Há o tempo de gastar energia,
fazer força física e mental, ter foco e produtividade, resolver
problemas, construir, organizar, criar, cultivar e transformar.
Usando os dons e talentos que Deus nos deu ao nos engajarmos
criativamente com o trabalho, formal ou informal, remunerado
ou voluntário, em casa ou nas diversas esferas da vida pública.
Deus nos fez para o trabalho e temos uma missão de cultivar a
terra, gerar frutos e contribuir com a renovação de todas as
coisas.
Mas Deus não nos fez apenas para trabalhar, não fomos feitos
para investir esse montante de energia de maneira constante e
não somos mais escravos do trabalho, como o povo no Egito.
Precisamos de pausas, precisamos reduzir o ritmo, precisamos
parar de trabalhar não apenas com as mãos mas também com a
mente, precisamos dormir e encontrar descanso. Há ritmos trabalhar e descansar, porque nossa provisão está no Senhor.
diários, semanais e mensais de descanso. Ao desrespeitarmos Como o Senhor descansou e se alegrou com o resultado de seu
esses ritmos nos forçamos a hábitos prejudiciais de vida que trabalho, somos convidados a celebrar a dádiva da provisão que
levam a tantas doenças e consequências para a vida. Deus nos concede e de nos alegrarmos com os frutos de nosso
trabalho também gerados pelo Senhor. Pois estamos ligados à
videira e os frutos gerados em nossos galhos são resultado da
Você não foi feito(a) para viver em constante estado de fatiga.
vida que flui da própria videira, para que o Senhor receba a
O cansaço é um problema espiritual, não porque seja um
glória. Ou seja, ser capaz de descansar é um sinal de nossa fé.
pecado, mas porque estar cansado causa dificuldades para sua
vida espiritual, roubando a energia necessária para que você
busque a Deus, ame as pessoas e não caia em tentação. — Assim, todo nosso trabalho emerge do descanso que o Senhor
Dallas Willard nos concede através da obra perfeita de Jesus Cristo. Nosso
descanso não está em um dia da semana, mas em uma Pessoa.
Nosso trabalho parece infinito e muitas vezes não conseguimos
O sábado que o Senhor ensinou seu povo a aguardar ensinava
visualizar os seus resultados. Temos trabalhos monótonos e
exatamente isso. “Lembre-se de guardar o sábado, fazendo dele
repetitivos, contratos nem sempre justos de trabalho, temos
um dia santo. Você tem seis dias na semana para fazer os
uma série de desafios e contextos onde sentimos o suor escorrer
trabalhos habituais, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor,
em nosso rosto. Mas, ainda assim, não somos mais controlados
seu Deus. Nesse dia, ninguém em sua casa fará trabalho
pelo trabalho e também não o controlamos. Há um Senhor
algum: nem você, nem seus filhos e filhas, nem seus servos e
quem controla o resultado de todo nosso esforço e conduz tudo
servas, nem seus animais, nem os estrangeiros que vivem entre
de acordo com o seu propósito, por isso podemos entregar a ele
vocês. O Senhor fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles há
o fardo pesado de nossos trabalhos.
em seis dias; no sétimo dia, porém, descansou. Por isso o
Senhor abençoou o sábado e fez dele um dia santo.” Êxodo
20:8–11 “Venham a mim todos vocês que estão cansados e
sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre
vocês o meu jugo. Deixem que eu lhes ensine, pois sou manso e
Vejam a lógica do descanso: trabalhamos porque o Senhor
humilde de coração, e encontrarão descanso para a
também trabalha antes de nós e através de nós, ele prepara o
alma. Meu jugo é fácil de carregar, e o fardo que lhes dou é
próprio jardim no qual nos coloca para trabalhar, ele é Senhor
leve”. Mateus 11:28–30
de todas as áreas da realidade, ele nos chama para trabalharmos
com Ele. Porém, não somos mais escravos, somos livres para
A disciplina do descanso é uma recusa ativa de nos transformar
apenas em uma ferramenta útil e dela receber sentido e valor.
Descansar em meio aos projetos de trabalho comunica, aos
outros e a mim, a consciência de que eu não sou o motor que
gera e sustenta o trabalho, eu sou coparticipante e convidado a
contribuir. Pensar que eu sou essencial é uma forma de idolatrar
meu próprio poder. Por isso, a prática do descanso ajuda a me
resgatar da idolatria, me libertando para encontrar meu lugar,
em humildade e gratidão, em um trabalho maior que Deus está
realizando. Deus é quem me dá o trabalho e Deus é quem me dá
o descanso.
Portanto, a disciplina do descanso se torna não apenas uma
pausa das tarefas de trabalho, esse é o primeiro passo, mas sua
essência está na entrega em submissão a Deus de nossos
esforços de controle, nossas preocupações por resultado e nossa
angustia por completar a obra de nossas mãos. Talvez nós nunca
a vejamos completa, mas descansamos na certeza de que, por
causa de Jesus, nossos trabalhos são todos incluídos na obra de
suas mãos na restauração do Reino de Deus. Por isso,
entregamos o controle das tarefas realizadas no dia e podemos
dormir em paz, pois o Senhor provê o crescimento e o resultado
enquanto dormimos. Por isso, podemos tirar um dia de folga
por semana, tirar férias e planejar momentos de descanso,
porque nosso trabalho está nas mãos de um Deus que trabalha
por nós, em nós e conosco.
Descansar não é admitirmos frustrados que não aguentamos
mais, porque chegamos no limite de nossas forças e precisamos
parar. Descansar não é ter uma overdose de entretenimento
para anestesiar as durezas do trabalho. A complexidade da vida
nos adoece, porque não sabemos viver com simplicidade, dizer
não e aceitar nossas limitações. Estamos acostumados a recorrer
ao entretenimento para descansarmos, mas ele de certa forma
nos anestesia, especialmente quando consumido em grande
quantidade. Precisamos aprender a nos divertir: incluir escolhas
ativas que vão nos movimentar — esportes, brincadeiras, jogos,
etc — atividades que vão nos fazer suar, sorrir e cansar o corpo,
trazendo o descanso que nossas almas precisam. Ao relaxar nos
tornamos vulneráveis e declaramos que a graça de Deus é
suficiente para nós. Nos expomos à alegria de brincar com as
crianças, de jogar com os amigos, e experimentamos a bondade
de Deus e a riqueza da vida.
Descansar é reconhecer nossa identidade de filhos e filhas,
aceitar nossos limites e cuidar do que nos foi dado — nosso
corpo, nossa saúde, nossos relacionamentos — com equilíbrio e
sabedoria. Porque Deus continua governando tudo e estamos
seguros, nós podemos descansar. Enquanto descansamos,
reconhecemos que Ele é o Senhor e a sua glória durará, não a
nossa. Podemos ser sustentados, fortalecidos, animados e
restaurados, para continuarmos participando com Deus da
restauração de todas as coisas.
Faça esse exercício de criar espaço em sua rotina para o
descanso e mude a perspectiva de como você tem enxergado o
seu trabalho até agora. Nós podemos parar, nós podemos
dormir, nós podemos tirar férias, porque o controle do resultado
de nosso trabalho não depende de nós.
Isaías 64:4–5 diz assim: “Porque desde o começo do mundo,
nenhum ouvido ouviu e nenhum olho viu um Deus semelhante
a ti, que trabalha em favor dos que nele esperam. Recebes de
braços abertos os que praticam a justiça com alegria, os que
seguem teus caminhos.”
Oremos
Senhor Deus, confessamos nossos pecados relacionados ao
controle, ao poder e à segurança que tantas vezes depositamos
em nosso trabalho. Ajuda-nos a encontrar o descanso em Ti e a
entregar o fardo pesado de nossos trabalhos em submissão ao
único Senhor que trabalha por nós, que provê enquanto
dormimos, que está em ação no mundo e conduz todos os
resultados das nossas obras de acordo com sua vontade perfeita.
Louvamos o seu nome maravilhoso por isso! Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #10 Adoração
Adorar a Deus nos lembra quem somos e em qual
história estamos inseridos.
O décimo episódio da Série Disciplinas Espirituais tem o
objetivo de nos arrancar da familiaridade e nos invadir com a
grandeza, a beleza e a bondade de nosso Deus. Praticar a
disciplina espiritual da Adoração é abrir um espaço à nossa
volta, na rotina da vida comum, tirar os sapatos e reconhecer
que estamos pisando em um lugar sagrado: estamos diante do
único Senhor, digno de nossa adoração.
Ele invade nossa realidade, vem até nós e se revela de formas
maravilhosas. Somos confrontados a abandonar o tédio da
rotina comum e vermos o mundo transparente para a
manifestação da glória de Deus. Somos parte do teatro da glória
de Deus e transformados por Ele à medida que o adoramos,
reconhecendo a honra que é devida somente a Ele.
Afinal, o que (quem) você adora molda quem você está se
tornando. Assim, te convido para incluir a disciplina da
Adoração a Deus em sua agenda e ser arrebatado por ela.
Especialmente se ela soar estranha aos seus ouvidos e você nem
souber por onde começar. Ou, então, se você estiver acostumado
a praticá-la somente no culto público e, devido ao isolamento,
não realizá-la há um bom tempo.
Trazemos a última pergunta de Dallas Willard das Dez Grandes
Questões sobre Formação Espiritual. O objetivo de
compartilhar essas perguntas e respostas, foi esclarecer sobre a
importância e necessidade que temos de nos dedicarmos para
nossa Formação Espiritual, como indivíduos, famílias e igrejas.
Leia as demais perguntas nos episódios anteriores. (1) Vamos lá!
A Formação Espiritual é, de fato, tão importante? Não podemos
viver bem sem ela?
A resposta a essa pergunta deve ser que não estamos vivendo
bem sem ela. De modo geral, a formação espiritual praticamente
não existe em nosso tempo, e não estamos vivendo bem. Hoje
em dia, a maioria das pessoas está se tornando claramente mais
desesperada. Há males tão corriqueiros e difundidos que quase
não os enxergamos e aceitamos como “o jeito que as coisas são”. A Disciplina Espiritual da Adoração
Ao serem avaliados quanto aos resultados, os processos de
formação do espírito que dominam o mundo contemporâneo
“Tu és digno, ó Senhor e nosso Deus, de receber glória, honra e
são catastróficos: “sua cabeça está ferida, seu coração está
poder. Pois criaste todas as coisas, e elas existem porque as
enfermo. Estão machucados da cabeça aos pés, cheios de
criaste segundo a tua vontade”. — Apocalipse 4:11
contusões, vergões e feridas abertas, e não há ataduras nem
óleo para dar alívio” (Isaías 1:5–6).
Ao estudarmos e meditarmos sobre Deus, em sua Palavra e
outros livros, seremos levados às disciplinas da adoração e
Além disso, aqueles que têm algum conhecimento da bondade e
da celebração. Para Dallas Willard, na adoração, reconhecemos
da beleza de Jesus anseiam por ser semelhantes a ele. No
e expressamos, por meio de pensamentos, palavras, músicas,
entanto, sem encontrar um caminho para a transformação
rituais e símbolos, a grandeza, a beleza e a bondade de Deus.
interior, ficam desamparados. Quem pode lhes mostrar o
Fazemos isso individualmente e também com o povo de Deus.
caminho se as pessoas identificadas como cristãs não estão
Adorar é reconhecer Deus como digno, atribuindo a Ele grande
preparadas para ensinar e exemplificar um processo de
honra. (2)
formação espiritual?

“Digno é o Cordeiro que foi sacrificado de receber poder e

A falta de uma visão e implementação dessa formação é o
riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor!” “Louvor e
motivo pelo qual, em geral, há tão pouca diferença entre cristãos
honra, glória e poder pertencem àquele que está sentado no
e não cristãos em nosso tempo. É de importância crítica definir
trono e ao Cordeiro para todo o sempre!” — Apocalipse 5:12,13
se a formação espiritual na semelhança com Cristo está ao
alcance da Igreja e do mundo.
Enquanto que na disciplina da celebração nos alegramos com a
misericórdia e bondade do Senhor, na adoração olhamos
Os conselhos de sempre oferecidos aos cristãos comuns são
cuidadosamente para os detalhes das ações de Deus, deixando
absolutamente inadequados para as necessidades do coração, da
sua glória invadir nossa mente e coração, nos prostrando em
alma e do corpo. Precisamos encontrar caminhos que sejam
maravilhamento diante do único que é digno de todo nosso
capazes de renovar verdadeira e completamente o ser interior de
louvor. Na adoração, o próprio Deus vem ao nosso encontro e
modo que este contenha uma visão, sentimentos e caráter
nossos pensamentos e palavras se voltam para a percepção dele.
semelhantes aos de Jesus Cristo. Por isso, a formação cristã é
Deus se revela a nós em grandeza, beleza e bondade e tal
simplesmente indispensável. (1)
percepção causa uma influência real em nossa vida. (2)
A adoração cristã, para James Smith, é carregada com uma temos tantas outras coisas invadindo nossas vidas e nos
visão de florescimento, um telos (propósito) que nos ensina a moldando. Tanta feiura e mentira, tanta falsidade e engano,
orar as palavras de Mateus 6:10: “venha o teu reino, seja feita a tanta maquiagem e simulação, tanta maldade e distorção…
tua vontade, assim na terra como no céu.” A adoração está
vinculada à finalidade do ser humano: refletir o Deus em cuja
Se nos deixarmos levar pela correnteza da vida, seremos
imagem fomos formados. Adoração está, assim, vinculada à
absorvidos por nós mesmos, nossas necessidades e apetites,
criação: somos re(feitos) à imagem de Deus e enviados como
nossos medos e ansiedades, nossos prazeres e estratégias de
portadores de sua imagem para o mundo e em favor do mundo.
sobrevivência. Seremos cada vez mais moldados em adoradores
Nos lembramos de quem somos e em qual história estamos
de si mesmos, idólatras mudos e cegos, assim como nossos
inseridos; somos fortalecidos para viver cada dia em
ídolos. Precisamos ser tirados de nós mesmos e termos nossos
relacionamento com este Deus que adoramos, a quem
olhos capturados por uma beleza maior, uma bondade mais
reconhecemos como nosso Senhor. (4)
consistente, uma glória mais duradoura que irá nos preencher e
moldar nossa estrutura, mente e coração, vontade e imaginação,
Para Dallas Willard, a adoração cristã é mais proveitosa quando à imagem de nosso Senhor.
centralizada em Jesus Cristo e por seu intermédio chega a Deus.
Quando adoramos, enchemos nossa mente e coração com a
Adorar, então, é experimentar a realidade maior que sustenta a
admiração e o maravilhamento do Senhor Jesus — suas ações e
vida de cada um de nós. É conhecer, sentir e experimentar
palavras, seu julgamento e morte na cruz, a realidade de sua
Aquele que é, que era e que há de vir, o Cristo ressurreto que
ressurreição, ascensão e obra como intercessor no céu. (2)
reina soberano sobre todas as coisas. Precisamos ser arrancados
de nós mesmos e levados a experimentar um vislumbre da
Segundo William Temple, “adorar é vivificar a consciência com realidade da glória de Deus.
a santidade de Deus, suprir a mente com a verdade de Deus,
purificar a imaginação com a beleza de Deus, abrir o coração
Assim, em meio a nossa rotina comum, somos convidados a
ao amor de Deus, consagrar a vontade ao propósito de
parar e a exercitar a disciplina da adoração, na qual
Deus.” (3)
respondemos ao amor generoso do Senhor, derramado por nós.
Escolhemos a adoração ao invés da murmuração e da
Assim, consciência, mente, imaginação, coração e vontade se insatisfação com o momento presente, assim como da
prostram diante do Senhor à medida que são inundadas por sua especulação e da tentativa de controle do futuro. Atitudes que,
presença e amor. Precisamos disso, especialmente hoje quando
repetidas ao longo do tempo, nos deixarão completamente
indiferentes à presença de Deus.
Por isso, a adoração como um exercício praticado especialmente
em meio às provações e dificuldades, nos ajuda a confrontar o
medo que sentimos ao perdermos o controle. Como resultado,
podemos experimentar a alegria e ter a esperança renovada,
pois somos atraídos para o Deus que nos sustenta e temos nossa
perspectiva restaurada pelo amor derramado sobre nós. A
bússola do nosso coração é ajustada para a direção correta e
temos, então, condições de continuar em nossa jornada.
Deus é o objeto da nossa adoração, o alvo, aquele para quem
olhamos e a quem adoramos. “Adore o Senhor, seu Deus, e
sirva somente a ele”, diz Jesus em Mateus 4:10. A adoração
pode surgir mais espontaneamente ao termos motivos de
gratidão, ao contemplarmos algo bonito na criação ou nos
alegrarmos com coisas boas. Mas se torna um exercício
importante especialmente em momentos de provação, quando
lembramos que apesar do mal e do sofrimento, o Senhor
sustenta a realidade e é digno de nossa adoração. Portanto,
adoramos independente das circunstâncias ou situações que
estejamos vivendo.
Enxergar quem o Senhor é nos conduz à confissão, nos sentimos
indignos diante de sua presença, pois entender sua graça é
entender nossa culpa e aceitar o seu perdão. Agora, lavados no
sangue de Jesus, somos cheios de louvor, ação de graças e
adoração. O serviço então, pode brotar da adoração e nos levar
às boas obras como resultado do amor que nos amou primeiro e
do mandamento de amarmos uns aos outros. (3)
Enquanto cuidamos das tarefas do dia a dia, nosso interior pode
transbordar em adoração. O que fazemos pode ser parte da
resposta ao amor de Deus que nos alcança em nossa rotina
comum. Também podemos ter momentos dedicados
especialmente para a adoração, o louvor e a meditação em Deus.
E, por fim, podemos nos reunir com mais irmãos para o
adorarmos em comunidade, com uma expectativa especial de
louvá-lo e engrandecer-lhe o Nome.
Segundo Richard Foster, quando estamos reunidos para
adoração, ocorrem coisas que jamais aconteceriam se
estivéssemos sozinhos. Somos misteriosamente unidos em um
só corpo e envolvidos em um senso de unidade pela presença do
Espírito Santo. A comunhão que experimentamos na adoração
também nos une, nos fortalece e alimenta. Isaac Pennington
disse que pessoas reunidas para adoração “são como um
amontoado de brasas vivas e incandescentes, esquentando uns
aos outros, e uma corrente de grande força, vivacidade e vigor
flui para dentro de todos.” (3)
Um dos motivos porque a adoração é considerada uma
disciplina espiritual é por ser uma forma estabelecida de agir e
de viver que nos põe diante de Deus, reconhecendo-o como o
único Senhor digno de adoração. Ela confronta nosso pecado e
nos coloca no lugar que nos é devido: de criaturas diante do
Criador. Ele é o Senhor, não eu. A glória e o poder pertencem a
Ele, não a mim.
É uma disciplina de entrega do controle e submissão a Deus que
envolve todo o nosso corpo: nos prostramos, levantamos as
mãos, cantamos e sentimos todo nosso ser vibrar em direção ao
Senhor. A mente é conquistada, assim como a imaginação, a
vontade é rendida, os afetos são alcançados. Nos emocionamos
ao termos os pensamentos e sentimentos conquistados pela
presença do Senhor.
Willard Sperry diz que “a adoração é uma aventura deliberada
e disciplinada dentro da realidade.” Ela não é recomendada aos
tímidos nem aos acomodados. Requer que estejamos abertos
para a vida intrépida do Espírito. Exige nossa atenção e
disponibilidade para que a mensagem a respeito de Cristo, em
toda a sua riqueza, preencha a nossa vida. (3)
Salmo 29:1–2 diz: “Honrem o Senhor por sua glória e força.
Honrem o Senhor pela glória de seu nome, adorem o Senhor no
esplendor de sua santidade.”
Oremos
Ó Deus, que trouxe a existência toda a criação, galáxias,
montanhas e pores do sol, todas as tuas criaturas proclamam teu
poder majestoso e a tua sabedoria infinita. Todos nós te
adoramos, Senhor, e glorificamos o teu nome. Pois tu és grande
e realizas feitos maravilhosos. Só tu és Deus! Paramos tudo o
que estamos fazendo, nos concentramos na realidade que
sustenta o universo e as nossas vidas, a tua presença, e te
adoramos. Ensina-nos a te buscar e a te encontrar na adoração
em meio à rotina de nossos dias. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #11 Memorização
Quando a Palavra habita em nosso coração.
Mais uma disciplina para nossa Série Disciplinas
Espirituais que me confronta diretamente. Sou muito ruim em
memorizar frases e textos, troco as palavras, confundo os
autores. Mas preciso admitir que sei de cor frases de alguns
livros e autores que amo de modo especial e me marcaram ao
longo da vida. Por que, então, não memorizar também trechos
do livro mais importante de todos? O livro que contém as
palavras de vida eterna e que tem o poder de me transformar e
sustentar como nenhum outro já escrito em toda a terra?
Será apenas preguiça? Ou envolve também um desprezo pela
familiaridade deste livro sempre acessível? Talvez tenha a ver
com a dificuldade que temos hoje em criar hábitos que nos
transformam. O pastor Ricardo Barbosa diz que, da mesma
forma como a vida necessita do básico (ter o suficiente para
comer, vestir e descansar), a natureza da vida espiritual repousa
sobre o que é essencial (meditação na Bíblia, oração, comunhão,
adoração e missão). São esses hábitos básicos que nos colocam
no lugar onde podemos experimentar a graça de Deus e crescer.
(1)
Segundo ele, vivemos o grande perigo de negar o básico,
achando que podemos experimentar a graça de Deus e provar
sua bondade e amor sem nos aquietar e deixar que a Palavra
molde nosso caráter, que a oração fortaleça nosso espírito e que
a comunhão nos sustente em nossa identidade como povo de
Deus. As disciplinas espirituais básicas, como a leitura atenta, a
meditação constante e a memorização das palavras escritas na
Bíblia, formarão o nosso caráter como cristãos. (1)
A Disciplina Espiritual da Memorização
As Palavras de Vida que saem memorizadas através de nossos
lábios, habitam em nosso coração e são acessíveis à mente no
momento de necessidade. Como quando andamos por uma
cidade onde conhecemos todas as suas ruas sem precisar de um
mapa. Segundo James Smith, é possível conhecer de cor, de
olhos fechados, algo que se torna muito mais do que uma
informação, se torna um conhecimento absorvido, vivido na
experiência prática e incorporado à vida, automaticamente
acessado quando se precisa dele. (2)
“Saber de cor” é saber algo de forma profunda, quase intuitiva…
como se viesse do coração.
O mesmo ocorre com nossa formação espiritual, precisamos
mais do que informação, precisamos conhecer a Deus e sua
Palavra. De que maneira colocamos o Senhor sempre presente
diante de nós? Dallas Willard responde essa pergunta trazendo
a memorização de passagens bíblicas como absolutamente
fundamental. Segundo ele, se precisasse escolher apenas uma
dentre todas as disciplinas de formação espiritual, ele escolheria
a memorização. (3)
“Relembre continuamente os termos deste Livro da Lei. Medite
nele dia e noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está
escrito. Então você prosperará e terá sucesso em tudo que
fizer.” — Josué 1:8
Precisamos da Palavra de Deus em nossa boca, relembrá-la
continuamente, mas como ela chega lá? Pela memorização.
Muitas vezes entramos em um ciclo de pensamentos viciosos e
sentimentos destrutivos, por acolhermos mentiras ou distorções
da realidade em nossa mente e coração. Nós nos pouparíamos
de uma série de problemas se repetíssemos a Palavra para nós
mesmos, como se falássemos com nossa alma, como o Salmo 42
nos ensina: “Por que você está tão abatida, ó minha alma? Por
que está tão triste? Espere em Deus! Ainda voltarei a louvá-lo,
meu Salvador e meu Deus!”(Salmo 42:5–6).
Memorizar as escrituras não é um ato mecânico de falar frases
decoradas, como às vezes fazemos para uma prova. Saber a
Palavra de cor é acolher em nosso coração a verdade
revelada nos versículos bíblicos, mantendo seus ensinos, sua
forma de mostrar a realidade, quem Deus é e quem nós somos,
vivos em nossa memória. Da mesma forma, mantemos Deus
presente para nós e atuante em nossa vida.
Uma dica prática: comece memorizando um trecho das
Escrituras que fale algo importante que você precisa aprender e
viver em sua vida agora. Se você está ansioso, por exemplo,
memorize Filipenses 4:6–7: “Não andeis ansiosos com coisa
alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que
precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então,
vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo
entendimento e que guardará seu coração e sua mente em
Cristo Jesus.”
Memorize uma frase de cada vez. Escreva o trecho todo em um
pedaço de papel. O exercício de escrever as palavras já ajuda na
memorização. Ao longo do dia, fale uma frase de cada vez em
voz alta. Use a imaginação para fazer associações, imagine uma
história, tente repetir o trecho todo com as suas palavras, fale o
trecho para sua alma.
Uma vez que a primeira frase foi memorizada, fale a segunda e,
assim, até o final. Medite nessas frases à medida que você as
repetir, deixe a mensagem alcançar o profundo do seu coração.
Você também pode deixar o trecho visível em algum lugar da
casa (em um papel colado no espelho ou no computador), até
memorizá-lo completamente. Repita o trecho todos os dias até
memorizá-lo, especialmente enquanto faz tarefas rotineiras em
casa ou dirigindo.
Com o tempo, será possível expandir o trecho e memorizar
capítulos inteiros ou até livros inteiros. Este é um ótimo
exercício para uma geração que tem abandonado a memorização
e confiado completamente nos recursos tecnológicos que
usamos. Criamos muitos dispositivos que nos auxiliam a não
precisarmos mais memorizar tantas informações. Contudo, isso
também tem nos deixado preguiçosos para exercitar a memória
com a Palavra de Deus, já que temos várias versões da Bíblia
disponíveis online e em aplicativos no celular, e abandonamos a
disciplina da memorização.
Porém, a memorização torna-se especialmente relevante quando
passamos por tribulações e tentações; o Espírito Santo nos
socorre trazendo à nossa memória aquilo que precisamos nos
lembrar neste exato momento. Bonhoeffer, que ficou preso por
dois anos, nos últimos meses foi privado de seus livros e sua
Bíblia. Ele relata que a memorização das Escrituras, ajudada por
hinos que cantavam a Palavra, providenciaram sustento para ele
nos momentos mais difíceis, trazendo a certeza que Deus não o
havia abandonado e que Deus estava com ele.
Ouça as palavras dos sábios; dedique o coração à minha
instrução. Porque é bom guardar no coração estes ditados e tê-
los sempre na ponta da língua. Hoje eu as ensino a você, para
que confie no Senhor. — Provérbios 22:17–19
O Salmo 119 é uma canção contínua de louvor à vida que resulta
de “esconder a Palavra no coração” (v. 11). O Salmo 1 descreve
a vida daquele que desvia sua mente dos caminhos do mundo e
que “tem satisfação na lei do Senhor, e nela medita dia e noite”
(v. 2). Aqui temos uma atividade da mente e do corpo
empreendida com toda a força que temos para fazer nosso corpo
cooperar efetivamente com a ordem divina. Como resultado,
ocorre uma transformação da vida interior e exterior que
procede da simples meditação e memorização das Escrituras.
“Ele é como a árvore plantada à margem do rio, que dá seu
fruto no tempo certo. Suas folhas nunca murcham, e ele
prospera em tudo que faz.” (Salmo 1:3)
A meditação na Palavra de Deus e sua memorização são
exercícios que trazem grande benefício, pois permitem que a
verdade revelada nas Escrituras alcancem o profundo de nosso
ser, nos alimentando, nutrindo, curando e restaurando; também
nos ensinam um novo jeito de viver, um novo modo de perceber
a realidade, nos transformando de dentro para fora;
influenciando nossos pensamentos, sentimentos, vontade e
imaginação.
“A palavra de Deus é viva e poderosa. É mais cortante que
qualquer espada de dois gumes, penetrando entre a alma e o
espírito, entre a junta e a medula, e trazendo à luz até os
pensamentos e desejos mais íntimos.” — Hebreus 4:12
De forma prática, memorizar a Palavra do Senhor é ter uma luz
que está sempre disponível a nós, ao nosso alcance, que nos
ajuda a enxergar e a andar. Porém, estamos sempre ocupados
demais com outras coisas, que preenchem nossa memória e
imaginação. Usamos outros mecanismos para perceber e
compreender o que está acontecendo e, sem enxergar direito,
caímos nos buracos e armadilhas do caminho. Precisamos crer
que somente a Palavra do Senhor “é lâmpada para meus pés e
luz para meu caminho.” (Salmos 119:105)
Jeremias 15:16 diz: “Quando descobri tuas palavras, devorei-
as; são minha alegria e dão prazer a meu coração, pois
pertenço a ti.”
Oremos
Senhor Deus, que tenhamos a mesma disposição de Jeremias ao
encontrar sua Palavra, que nosso coração deseje devorar suas
palavras, pois somente elas nos dão vida e iluminam o nosso
caminho, que elas se tornem também nossa alegria e o prazer de
nosso coração, pois pertencemos a Ti somente. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #12 Oração
Nós somos pessoas que oram, porque o Senhor nos
chama para Ele.
A Oração talvez seja a disciplina mais conhecida e praticada
entre os cristãos. Foi a 1a disciplina a ser gravada em nosso
Podcast O Sacramento do Momento Presente e é a 12a da
nossa Série Disciplinas Espirituais.
Todos os grandes santos da história da igreja falam sobre a
oração, como uma obrigação (algo que precisamos realizar) e
um dom (algo que nos é dado). Não podemos forçar Deus para
estabelecer uma relação conosco, Ele vem a nós por iniciativa
própria e nenhum esforço, nenhuma disciplina ou prática pode
trazê-lo ou manipulá-lo. Deus nos chama para orar e provê
todos os meios para que esse encontro seja possível. A questão é
como estamos respondendo a esse chamado.
Talvez, pela familiaridade, nós estejamos negligenciando essa
disciplina tão necessária para nos ajudar a viver. Correndo o
risco de transformá-la num ritual de pedidos a serem realizados
por um deus-gênio-da-lâmpada ou um deus-talismã-da-sorte.
Ficando surdos à Voz que nos chama em meio aos inúmeros
ruídos e à pressa.
A oração é uma oportunidade maravilhosa demais para ser
verdade — encontrar com o Deus verdadeiro que sustenta todo o
universo agora e me vê — e vem escondida num gesto bem
singelo de me render a Ele. Quando oramos estendemos nossas
mãos abertas, nos rendemos em vulnerabilidade, nos doamos a
Deus em confiança… para receber o Deus que vem ao nosso
encontro, nos acolhe e se doa a nós.
Fica, então, o convite para respondermos a esse encontro e
criarmos oportunidades em nossa rotina para estarmos com a
Pessoa mais importante de todas.
A Disciplina Espiritual da Oração
Segundo Richard Foster, de todas as disciplinas espirituais, a
oração é a principal, porque nos conduz a uma comunhão com o
Pai. A oração verdadeira cria vida e muda a vida. Orar é mudar.
A oração é a principal via usada por Deus para nos transformar
— renovar nossa mente e reordenar nossos afetos. Se não
estivermos dispostos a mudar, deixaremos a oração de lado. (1)
Oração também é algo que se aprende, envolve um processo de
dedicação e persistência. Tim Keller diz a oração deve ser uma
das coisas mais difíceis do mundo. A primeira coisa que
descobrimos ao tentar orar é nosso vazio espiritual. Estamos tão
acostumados a ser vazios que não reconhecemos essa condição
como tal, até que tentamos orar. Lemos o que a Bíblia diz e
ouvimos o que os outros dizem sobre a oração, mas não o
sentimos. (2)
Então, não desanime quando for difícil orar ou quando a oração
parecer frágil e sem sentido. Continue, insista, pratique e
aprenda a orar cada vez mais. Leia livros sobre isso, leia os
textos bíblicos que falam sobre oração, converse com outras
pessoas sobre como é a vida de oração delas, converse com Deus
e tenha paciência para desenvolver sua vida de oração. Então,
gradualmente, sua vida de oração vai começar a florescer.
Kierkegaard uma vez observou: “um homem orava e, no início,
pensou que a oração equivalia a falar. Contudo, à medida que
foi ficando cada vez mais quieto, percebeu que oração é ouvir.”
Ouvir a Deus é necessário na oração e o ouvimos, muitas vezes,
através da leitura atenta à sua Palavra. Oração, então, inclui
o silêncio. O silêncio de uma pessoa que se aquieta diante de
outra, para ouvi-la. Precisamos acalmar todos os ruídos à nossa
volta e dentro de nós e nos colocarmos atentos àquele que nos vê
e nos ouve. Estar atento ao encontro que acontece no momento
presente.
Como uma criança que se aproxima de seu pai, a oração envolve
simplicidade, sinceridade, honestidade e confiança. Inclui
pedidos, confissões, desabafos, lamentos, gratidão e louvores. A
oração é a única porta para o autoconhecimento genuíno porque
nos vemos à medida que vemos a Deus.
Ao estarmos a sós com Ele, ao nos aquietarmos diante dele,
desenvolvemos um senso mais vívido da realidade da presença
de Deus, da realidade a nossa volta e de uma vida compartilhada
com ele. É a maneira de conhecermos a Deus, o caminho para
enfim, tratá-lo como Deus. A oração é a chave para tudo o que
necessitamos fazer e ser na vida, por isso precisamos aprender a
orar. Precisamos criar um espaço em nosso dia e em
nossa rotina para a disciplina da oração.
Claro que oramos ao longo do dia, enquanto fazemos outras
coisas. Também é possível orar sem cessar como a Bíblia nos
orienta. Há várias formas de oração. Mas aqueles que não
dedicam um tempo especial para cultivar a oração em
sua rotina de vida, dificilmente vão conseguir orar sem
cessar. Será mais fácil se distrair com as tarefas do dia do que
vivê-las em relacionamento com Deus.
Em qualquer lugar que Deus se encontre, lá está a oração. Uma
vez que Deus está em toda parte e é infinitamente grande, a
oração deve permear toda a nossa vida. Experimente começar o
seu dia com oração.
 Proteja as suas manhãs: evite correr para as redes
sociais antes de fazer uma oração. Que seu primeiro
pensamento se volte para Deus.
 Lembre quem você é: um filho ou uma filha de Deus,
lembre que existe um Senhor agora sustentando toda a
realidade em suas mãos, e que fez o sol nascer de novo;
lembre que suas misericórdias se renovam sobre a sua vida
neste novo dia. Então, ainda semi-acordado faça uma
oração, entregando o seu dia a Deus e tudo o que vier ao
longo dele.
 Lembre a você mesmo que você pertence a Deus.
Sua vida é dele e a sua graça te basta. Então, levante,
tome seu café e faça a leitura do Lecionário antes de sair
para o trabalho (o café e a leitura podem ser feitos com sua
família).
 Ore, então, pelo que você tem ao longo do dia: os
trabalhos, desafios, encontros, reuniões, consultas, decisões,
etc. (Acorde mais cedo se for necessário, e possível, para
criar essa rotina.)
 Converse com o Senhor ao longo de cada
acontecimento do seu dia: fale com Ele sobre o que você
sente e pensa sobre as coisas, lembre do que você leu em sua
Palavra de manhã (memorize os versículos). Ore pela
reunião que você vai ter daqui a pouco e pela situação que te
traz preocupação. Pequenas conversas rápidas onde
recebemos o que precisamos para dar mais um passo
(lembre da disciplina da Statio).
 Faça pausas ao longo do dia: alongue o corpo, tome um
café, respire mais fundo e faça uma oração.
 Por fim, faça uma oração antes de dormir: leia um
salmo ou uma oração escrita. Medite sobre o que aconteceu
ao longo do seu dia, reflita sobre a presença de Deus e faça
uma oração de gratidão. A oração de exame é uma prática
espiritual que consiste em rever o dia para nos voltarmos ao
sagrado na vida cotidiana. Entregue as preocupações que
permanecem, o que não foi resolvido, os imprevistos e
descanse na segurança que Deus cuida de você.
A busca de Deus na oração vai dar seus frutos porque Deus nos
busca primeiro. Oramos porque Deus nos chama a orar.
Ele quer se relacionar conosco e cria mecanismos para isso
acontecer. A oração é um modo para desenvolvermos um
relacionamento real, contínuo e crescente de amor com Deus,
Pai, Filho e Espírito Santo. Oramos a Deus Pai, através do
Espírito Santo que habita em nós e nos ajuda a orar (Romanos
8:26–27), e do Filho, Jesus Cristo, que está à direita de Deus
agora e também intercede por nós (Romanos 8:34; Hebreus
7:24–25).
Ao orar nós nos colocamos, como criaturas diante do Criador,
como filhos diante de um Pai amoroso. Para orar de maneira
adequada precisamos reconhecer esse lugar: Ele é o Deus que
sabe de todas as coisas (não eu) e sustenta todas as
coisas nesse momento de acordo com sua vontade (não
a minha). Mas eu posso me achegar a Ele, me prostrar diante
dele e conversar com Ele. Trazer minhas mãos vazias e, em
humildade, derramar meu coração, clamar por socorro,
confessar meus medos e lamentar. Também posso agradecer,
reconhecer sua bondade de tantas formas demonstrada a mim,
receber seu encorajamento e direção.
Podemos pedir por nós mesmos e pelos outros. E o fazemos
porque reconhecemos que somos dependentes de Deus,
buscando nele auxílio, direção e socorro. Oramos a partir da
Palavra de Deus, do que Ele mesmo nos diz, de quem Ele é e do
que Ele está fazendo. Por isso, é tão importante a oração junto
com a leitura e meditação na Palavra de Deus, em resposta a ela.
Assim, gostaria de te incentivar a praticar a disciplina da oração.
Você pode iniciar preparando o ambiente para estar com Deus.
Fique sozinho sem ser interrompido, desligue os ruídos à sua
volta e acalme o seu coração. Tenha um momento de silêncio,
reconhecendo seu lugar de filho e filha diante do seu Pai, se
colocando em humildade e submissão diante do Deus Todo
Poderoso que te vê neste momento. Fique em silêncio diante
dele. Depois, você pode fazer a leitura da Palavra (através dos
textos do Lecionário do dia ou outras passagens). Leia devagar,
pausadamente, em voz alta, repita algumas vezes os trechos que
mais te chamarem a atenção. Em seguida, dedique um tempo de
meditação nestes textos lidos: o que eles dizem sobre Deus,
como nos ajudam a confiar nele, o que nos ensinam, como nos
confrontam e acusam nosso pecado. Então, tenha um tempo de
oração. Converse com Deus sobre o que te aflige em relação ao
que você leu em sua Palavra.
Nós somos pessoas que oram, porque o Senhor nos chama para
Ele. Oramos porque somos seu povo e seus filhos. Ele fala
conosco e nos escuta.
Oramos juntos para que seja feita a sua vontade e venha o seu
Reino neste momento em que estamos vivendo. Para que
saibamos enfrentar as dificuldades ao nosso redor e o pecado
em nosso coração, e através destas circunstâncias que nossa fé
seja provada e fortalecida, que nosso amor por Deus aumente e
possamos confiar mais nele, e que nossa esperança cresça e
ilumine o caminho à nossa frente.
Filipenses 4:6–7 nos diz: “Não vivam preocupados com coisa
alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que
precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então
vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo
entendimento e que guardará seu coração e sua mente em
Cristo Jesus.”
Oremos
Senhor Jesus ensina-nos a orar, transforma esse momento de
oração em um encontro real contigo, que cada um de meus
irmãos e irmãs sejam atraídos para te buscar em oração e façam
dessa disciplina uma prática constante em suas vidas. Para que
possamos te conhecer mais, e assim, te amar mais e discernir
seus caminhos para nós. Para que sejamos conscientes da
importância da oração e participantes do clamor para que venha
o teu reino e seja feita a tua vontade. Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #13 Jejum
O que controla seu apetite e direciona sua vida.
O Jejum é a nossa 13a disciplina da Série Disciplinas
Espirituais. Muito conhecida e mal utilizada (desde a época do
povo de Israel). O jejum tem a característica de alcançar o mais
profundo do nosso ser: a nossa fome. Temos fome de muitas
coisas e elas nos impelem para agirmos em direção à sua
satisfação. O jejum não trata apenas de comida, mas dos nossos
anseios mais profundos.
Ao mesmo tempo, se tornou um prática vazia a ponto do Senhor
dizer em Isaías 58:4–5 — “De que adianta jejuar, se continuam
a brigar e discutir? Com esse tipo de jejum, não ouvirei suas
orações. Vocês se humilham ao cumprir os rituais: curvam a
cabeça, como junco ao vento, vestem-se de pano de saco e
cobrem-se de cinzas. É isso que chamam de jejum? Acreditam
mesmo que agradará o Senhor?”
O jejum, assim como as demais disciplinas espirituais, não pode
ser realizado isolado, como um ritual vazio de sentido, e
desvinculado da submissão ao Senhor. É a Ele que entregamos
nosso apetite e é à sua Palavra que recorremos para nos
alimentar. Isso trará resultados de transformação interna e ação
externa.
A Disciplina Espiritual do Jejum
O jejum nos mostra quanto nosso corpo é poderoso e astuto na
busca de seu próprio caminho contra as nossas mais fortes
determinações. — Dallas Willard
John Wesley disse uma vez que alguns exaltavam o jejum
religioso acima de toda a Escritura e da razão, outros o
negligenciavam totalmente. O jejum aparece na Bíblia como
uma disciplina espiritual importante. Foi ensinado e praticado
por Jesus e seus seguidores. O ensino de Jesus sobre o jejum
está imerso no ensino sobre doações e oração. É como se
existisse uma suposição quase inconsciente de que fazer
doações, orar e jejuar fazem parte da devoção cristã. Não é um
mandamento, mas Jesus parece pressupor que seus seguidores
jejuariam, por isso, os está instruindo a fazê-lo corretamente.
Martinho Lutero afirma que Cristo não tinha a intenção de
rejeitar nem de desprezar o jejum, sua intenção era restaurar o
jejum correto. Paulo também descreve em suas cartas que muito
de seu trabalho foi realizado com jejum e oração. (1)
Porém, com o tempo, o jejum adquiriu uma má reputação em
virtude das práticas acéticas exageradas da idade média. Sua
prática foi vinculada à mortificação pessoal e a sofrimentos
físicos. Ao longo da história da igreja, algumas disciplinas
espirituais como o jejum, o serviço e a doação foram
confundidos com obras meritórias e o resultado foi uma falha na
compreensão dessas disciplinas, seguida por seu abandono
devido ao uso distorcido. Por outro lado, vivemos hoje, em uma
cultura que valoriza muito a satisfação de todos os nossos
apetites, ignorando completamente a disciplina do jejum.
No jejum, nós nos abstemos de alimentos e, em alguns casos,
também de líquidos. Esta disciplina nos ensina muito (e rápido)
sobre nós mesmos. Certamente ela nos humilha, pois prova
quanto nossa paz depende de nossos apetites. Segundo Dallas
Willard, o jejum também pode revelar como usamos o prazer de
comer para diminuir o desconforto causado pela falta de fé e
pelas atitudes insensatas, como a falta de dignidade, trabalho
sem sentido, existência sem propósito e a falta de descanso ou
de exercício. O jejum nos mostra quanto nosso corpo é poderoso
e astuto na busca de seu próprio caminho contra as nossas mais
fortes determinações. (2)
Há muitas formas e níveis de jejum. Os pais do deserto, como
Santo Antônio, muitas vezes passavam longos períodos
comendo apenas pão e água — embora o “pão” feito nessa época
fosse muito mais substancial do que o pão que comemos hoje.
Daniel e seus amigos não quiseram comer das iguarias do rei
nem beber vinho. Eles comeram apenas vegetais e beberam
água. Na época de sua preparação para enfrentar a tentação e
iniciar seu ministério, Jesus jejuou por mais de um mês.
Assim, o jejum pode estar ligado às atitudes de lamento,
contrição e arrependimento diante de Deus. Ou em situações
específicas de muita angústia para ficar mais sensível à vontade
do Senhor e tomar uma decisão importante. Ou, ainda, como
uma atitude de fortalecimento espiritual para enfrentar um O jejum, assim, é uma disciplina de abstenção, na qual
confronto mais direto. praticamos a espera, a abnegação e a entrega. Nos abstemos de
algo bom e que podemos consumir naturalmente, como o
alimento, como um exercício para submeter nossos desejos a
É importante entender que o jejum confirma nossa total
Deus e, em troca de comida, separamos um tempo especial para
dependência de Deus ao encontrarmos no Senhor uma
nos dedicarmos à oração, meditação e estudo da Palavra de
fonte de sustento e de força além do alimento. Assim,
Deus. Assim, o jejum não é uma dieta alimentar e não deve ser
aprendemos pela experiência que a Palavra de Deus para nós é
praticado sozinho, mas auxiliado pela prática de outras
uma substância vital. Aprendemos que a vida nos é dada não só
disciplinas espirituais.
pela comida que nos satisfaz, mas também pelas palavras que
procedem da boca de Deus (Mateus 4:4). Aprendemos que
também temos uma comida para comer que o mundo não A nossa formação espiritual não se reduz apenas ao estudo
conhece (João 4:32,34). racional (como se o intelecto sozinho fosse capaz de nos
transformar) ou à oração espiritual (como se nosso espírito
separado do restante do corpo fosse capaz de nos transformar).
Portanto, jejuar ao Senhor é nos alimentarmos da Palavra de
Segundo Dallas Willard, nossa formação espiritual inclui todo o
Deus e de sua vontade, submetendo nossos desejos e anseios,
nosso corpo. Assim, todas as disciplinas envolvem
apetites e vontades a Ele. Na verdade, o jejum é uma das
essencialmente condições e atividades corporais, especialmente
maneiras mais importantes de praticar a abnegação exigida de
o jejum. Elas nos mostram efetivamente como podemos “nos
todos que seguem a Cristo. No jejum, aprendemos como sofrer
oferecer em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” e como
alegremente enquanto nos alimentamos da Palavra de Deus.
nossa “adoração espiritual” é inseparável da oferta literal de
Esta é uma boa lição, pois, em nossa vida, iremos sofrer.
nossos corpos a Deus. (2)

Se não submetermos nossos apetites em obediência ao Senhor,

Por isso, é importante ficar claro que todas as disciplinas são
nos tornaremos como o povo que fora liberto do Egito, mas
feitas como exercícios para nos deixar mais dispostos a ouvir a
murmurou contra o Senhor no deserto pela falta das comidas
Palavra de Deus e sensíveis à atuação do Espírito Santo em
que estavam acostumados. O apetite desregulado pelos
nossas vidas. As fazemos como resposta pelo que já recebemos
nossos amores distorcidos e pelos hábitos
de Cristo em sua obra e sacrifício por nós e não para obtermos
pecaminosos, vão nos levar a duvidar de Deus e
algo de Deus.
murmurar contra ele nos momentos em que não
obtermos o que desejamos.
Compreendido isso, comece com períodos curtos onde você
pode se abster de uma refeição principal uma vez por semana e
vá ampliando aos poucos, se assim desejar. O ideal é que neste
período de jejum você não saia para trabalhar e dedique esse
tempo para buscar ao Senhor. Considere necessidades
específicas e limitações de saúde como anemia, diabetes, entre
outras, que precisam de um cuidado específico em relação à
alimentação regular.
Beba água ou outros líquidos durante o jejum. No início, você
provavelmente irá sentir pontadas de fome ou desconforto antes
de acabar o tempo, mas isso não é fome de verdade. Segundo
Richard Foster, nosso estômago foi condicionado durante anos a
emitir sinais de fome em momentos determinados. Em vários
aspectos, o estômago é como uma criança mimada, e uma
criança mimada não precisa ser atendida imediatamente, ela
precisa de disciplina. Assim, a ideia é que sejamos senhores de
nosso estômago, não escravos dele. Se a sua rotina permitir,
dedique esse tempo normalmente gasto com as refeições para
meditar e orar.
Como dito no início, o jejum não pode ser realizado isolado,
como um ritual vazio de sentido, e desvinculado da obediência
ao Senhor. Ele precisa ser praticado junto com o serviço e
a submissão, influenciando diretamente nossa ação para com as
demais pessoas, praticando a compaixão, a generosidade e a
justiça em nossas relações (conforme Isaías 58). Também está
relacionado com as demais disciplinas, especialmente a oração e
a meditação na Palavra do Senhor.
Em Marcos 2:18–20 Jesus fala sobre o jejum, “Certa vez,
quando os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando,
algumas pessoas vieram a Jesus e perguntaram: “Por que seus
discípulos não têm o hábito de jejuar como os discípulos de
João e os discípulos dos fariseus?”. Jesus respondeu: “Por
acaso os convidados de um casamento jejuam enquanto
festejam com o noivo? Não podem jejuar enquanto o noivo está
com eles. Um dia, porém, o noivo lhes será tirado, e então
jejuarão.”
Oremos
Senhor Deus, nos ensine a praticar a disciplina do jejum com
discernimento, entregando nossa vontade desordenada, nossos
amores distorcidos, nossos apetites desregulados em sacrifício
ao Senhor. Reconhecemos que precisamos aprender a confiar
em Ti e a submeter ao Senhor tudo o que dirige nossos
comportamentos e motiva nossa vontade. Ajuda-nos, Senhor, a
aprender a paciência, a espera e a submissão através das
disciplinas espirituais. A não murmurar, nem agir com
incredulidade diante das dificuldades. Para que possamos nos
submeter por completo ao Senhor. Oramos em nome de Jesus.
Amem.
OBS.: Esta meditação focou no jejum em seu significado
original, de abstenção de comida, mas também podemos nos
abster de hábitos e comportamentos que nos têm causado
dependência e alimentam outros vícios. Como por exemplo,
jejum de mídias sociais, de palavras (julgamentos e fofocas),
de sempre emitir uma opinião, hábitos de consumo, entre
outros.
Série Disciplinas Espirituais: #14 Meditação
A disciplina de prestar atenção para ver e ouvir o que
nem todos estão percebendo.
Nossa 14a disciplina da Série Disciplinas Espirituais é
a Meditação. De modo geral, nós gostamos de ler e estudar,
ouvir sermões e pregações, palestras e podcasts sobre a Bíblia e
nossa formação espiritual. Mas raramente paramos tempo
suficiente para meditar no que estamos aprendendo, para nos
apropriar de promessas, digerir verdades eternas e viver como
pessoas que já morreram e ressuscitaram com Cristo.
Raramente paramos em silêncio, quase como alguém que
prende a respiração para ouvir melhor, para prestar atenção na
voz do Senhor falando conosco em sua Palavra. Como, em meio
a todos os ruídos e correrias de nossa vida, podemos conhecer o
nosso Deus e aprender de fato a amá-lo? Ouvindo um podcast
na velocidade aumentada enquanto fazemos esteira? Não,
precisamos parar e nos apresentar para esse encontro com Deus
ao meditarmos em sua Palavra.
Henri Nouwen pergunta ‘Onde podemos encontrar
tranquilidade de mente para poder escutar a voz de Deus?
Quem pode guiar-nos pelo labirinto interior dos nossos
pensamentos, emoções e sentimentos? O que fazer com nossas
muitas distrações?’ (1)
Precisamos das disciplinas espirituais para nos ajudar e a
meditação é muito importante porque irá nos auxiliar a dedicar
nossa atenção às palavras de Deus reveladas nas Escrituras. Um
salmo, uma advertência dos profetas, uma chamada ao
arrependimento, uma parábola, uma história, uma declaração
de Jesus, uma palavra de Paulo, Pedro, Tiago ou João vão nos
ajudar a focar nossa atenção na presença de Deus. (1)
Quanto mais nos treinarmos a investir tempo com Deus,
prestarmos atenção ao que ele nos diz — sim, porque nosso
Deus fala conosco através da sua Palavra e da presença do
Espírito Santo que conduz nossa meditação — mais
descobriremos que Deus está conosco em todo tempo. (1)
Assim te convido a aprender um pouco mais sobre a meditação e
a incluí-la em sua rotina de vida.
A Disciplina Espiritual da Meditação
Meditarei em tuas ordens e refletirei sobre teus caminhos. —
Salmo 119:15
Que atividades Jesus desenvolveu? Solitude e silêncio; oração;
uma vida simples e sacrificial; estudo intenso e meditação na
Palavra e nos caminhos de Deus; e o serviço ao próximo.
Algumas dessas coisas serão certamente muito mais necessárias
a nós do que foram a Ele. A nossa necessidade é maior e
diferente. (2)
O ato de esconder a lei no coração e a constante meditação nela
têm um impacto real em nossa vida em todos os seus aspectos:
desde à ampliação da compreensão de Deus e fortalecimento da
fé, até a tomada de decisões e forma de enxergar a realidade. O
Salmo 119 é uma canção contínua de louvor à vida que resulta de
“esconder a Palavra no coração”. O Salmo 1 descreve a vida
daquele que “tem satisfação na lei do Senhor e nela medita dia
e noite”. (3)
Porém, em nosso contexto atual, estamos acostumados com
ruído, pressa e super ocupação. Associamos a meditação com as
religiões orientais somente e ignoramos a riqueza dessa
disciplina espiritual. Não ouvimos as pessoas com atenção,
consumimos informação instantânea e não vemos as coisas que
estão escritas bem na nossa frente. Isto é, estamos sendo
moldados para não prestar atenção, não focar, não meditar com
cuidado nas palavras que lemos e ouvimos. Por isso, teremos
ainda mais dificuldade para ouvir a Deus.
A meditação cristã, segundo Richard Foster, é a capacidade de
ouvir a voz de Deus e obedecer à sua Palavra. O que percebemos
em todas as ocasiões descritas na Bíblia (desde o AT até o NT,
Abraão, Jacó, Moisés e Noé, assim como João, Pedro e Paulo)
são pessoas aprendendo a viver orientadas pela voz de Deus e
pela obediência à sua Palavra — atentos, buscando, prestando
atenção para ver e ouvir o que nem todos estão percebendo.
Jesus deixou o exemplo. Todos os santos, em todas as épocas,
deram testemunho dessa realidade. O clérigo anglicano Jeremy
Taylor disse: ‘a meditação é dever de todos.’ Dietrich
Bonhoeffer, ao ser perguntado sobre seus motivos para meditar,
respondeu: ‘porque sou cristão.’ (2)
A meditação cria um espaço para acalmarmos os muitos ruídos
dentro de nós e à nossa volta, e nos deixarmos invadir pela
atenção na presença do Senhor através da sua Palavra. A
presença contínua de Jesus deixa de ser um dogma teológico e
passa a ser uma realidade radiante. A meditação abre a porta
para a realidade da presença do Senhor. (2)
Para isso é necessário ouvir com atenção, e aí somam-se as
disciplinas do silêncio e da solitude. Se ficarmos agitados e
presos num redemoinho de atividades infinitas, não
conseguiremos concentrar-nos nas horas de silêncio interior. A
mente atormentada e fragmentada vai sentir grande desconforto
com a meditação. E talvez esse seja um sinal do quanto
precisamos parar e nos aquietar diante de Deus. (3)
A forma principal de meditação é a meditação nas Escrituras.
Enquanto o estudo gira em torno da exegese, a meditação
procura internalizar a passagem e torná-la pessoal. A Palavra
escrita torna-se viva e dirigida para cada um de nós. É uma
atitude de humildade, de prostrar-se diante de um Deus que fala
conosco através da sua Palavra e aquietar-se para ouvir melhor.
Dietrich Bonhoeffer diz: ‘assim como você não analisa as
palavras de alguém que você ama, mas as aceita como lhe são
ditas, aceite a Palavra das Escrituras, guarde-as no coração,
como fez Maria. É só isso. Isso é meditação.’ No seminário
fundado por Bonhoeffer, todos praticavam meia hora de
meditação silenciosa sobre as Escrituras. (2)
Richard Foster orienta para resistirmos à tentação de percorrer
várias passagens superficialmente. Então, algumas de suas
orientações práticas para a meditação são:
 Escolha trechos curtos, uma parábola ou poucos versículos
ou até uma frase apenas.
 Leia devagar, várias vezes, depois em silêncio deixe as
palavras criarem raízes em você.
 Imagine-se na cena meditada. Sinta o cheiro do mar,
contemple a multidão, toque nas vestes dele, sinta a fome, a
vergonha, receba o olhar atento, a palavra de consolo.
Alexander Whyte aconselha que a ‘imaginação
verdadeiramente cristã jamais permite que Jesus Cristo
saia de nosso campo de visão. Você abre o NT e, pela
imaginação, naquele instante, você é um dos discípulos de
Cristo, no lugar certo, e está aos pés dele.’
 Memorize versos chaves e se alimente do alimento espiritual
que eles te trazem. Deixe-se nutrir e fortalecer pelas
verdades bíblicas sabiamente reveladas.
 Deixe-se conduzir pelo Espírito Santo, trazendo à mente,
imaginação e coração, o que o Senhor quer para você neste
momento. Consolo, confronto, alegria, lamento, esperança,
transformação. (2)
Ao criar esse espaço para a meditação em nossa vida, estamos
nadando contra uma forte correnteza que nos leva para as
distrações constantes, superficialidade das relações, pressa, falta
de foco e interrupções. Por isso, seja forte e insista, persista em
praticar a meditação, a inclua em sua agenda. Ela não é uma
atividade isolada, mas um estilo de vida que vai influenciar seus
ritmos e ajustar a bússola de seu coração para a direção correta.
Você quer conhecer as promessas que o Senhor fez? Ser capaz de
perceber a sua presença e experimentar o seu amor? Saber
discernir a realidade e tomar decisões melhores? Quer
desenvolver a sabedoria? Vencer o medo e a ansiedade? Não se
esquecer da Palavra do Senhor? Desfrutar de paz e alegria em
seus caminhos? — o segredo para desenvolver todas essas coisas
é meditar na Palavra do Senhor continuamente. Precisamos nos
exercitar nessa prática para fazer dela um hábito prazeroso.
Salmo 1:1–3 nos diz: “Feliz é aquele que não segue o conselho
dos perversos, não se detém no caminho dos pecadores, nem se
junta à roda dos zombadores. Pelo contrário, tem prazer na lei
do Senhor e nela medita dia e noite. Ele é como a árvore
plantada à margem do rio, que dá seu fruto no tempo certo.
Suas folhas nunca murcham, e ele prospera em tudo que faz.”
Oremos
Pai Nosso, abre nossos ouvidos para te ouvir, acalma nosso
coração e ajuda-nos a criar esse espaço sagrado onde podemos
nos aquietar diante do único Deus Verdadeiro que sustenta
nossas vidas em amor. Alimenta-nos com sua Palavra e
fortalece-nos com sua presença. Por Jesus Cristo, nosso Senhor.
Amém.
Série Disciplinas Espirituais: #15 Estudo
Precisamos de novos hábitos de mente para
experimentar a boa vontade de Deus.
Esta é nossa última disciplina da Série Disciplinas
Espirituais e que jornada percorremos! O Estudo na verdade
não encerra, mas abre o caminho para que possamos continuar
conhecendo a Deus. Afinal, precisa ser praticado de modo
persistente ao longo do tempo. Ao lado das demais disciplinas, o
estudo traz substância ao que oramos e meditamos.
Estudamos para saber, entender e conhecer. Conhecemos
porque já somos conhecidos. O estudo, portanto, nos permite
responder a um chamado para um relacionamento com Deus,
face a face. Utiliza muitas de nossas capacidades mentais,
psicológicas, cognitivas, assim como alcança hábitos de
pensamento, virtudes de caráter e amores que nos direcionam.
Nesta jornada incrível não nos são dadas todas as respostas,
nem um mapa completo, mas somos conduzidos com alegria
pela aventura de conhecer cada dia um pouco mais. Ainda que
agora nosso conhecimento seja parcial e incompleto, e o pecado
nos atrapalhe de tantas formas, somos transformados de glória
em glória à imagem desse Deus que vamos conhecendo. Até o
dia em que conheceremos plenamente, como já somos
conhecidos por Ele.
Precisamos estudar a Palavra do Senhor com a motivação
correta e não deixar nada roubar nosso tempo, atrapalhar nossa
disposição ou ocupar nossos pensamentos de modo que nos
impeçam de debruçar com toda atenção e absorver essas
palavras de vida eterna.
A Disciplina Espiritual do Estudo
Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas
deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança
em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus para vocês. — Romanos
12:2
O propósito das disciplinas espirituais, de acordo com Richard
Foster, é a transformação total do ser humano. Precisamos
substituir nossos hábitos de mente antigos e destrutivos por
hábitos novos, que geram vida. Paulo afirma que somos
transformados pela renovação da nossa mente, em Romanos 12.
(1)
A nossa mente também precisa ser renovada, influenciando a
reorganização dos nossos afetos, a organização de nossas
prioridades e a forma de enxergarmos a realidade — levando a
uma transformação integral. O estudo atento abre a
oportunidade para que Deus gere em nós novos hábitos de
pensamento, que influenciam nossos comportamentos e
permitem que experimentemos a vontade de Deus para nós.
Imaginação, memória, curiosidade, raciocínio lógico e hábitos
de pensamento são transformados através do estudo.
Na disciplina do estudo nós nos envolvemos, acima de tudo,
com a Palavra de Deus escrita e falada. O estudo é a uma
disciplina de engajamento onde, por meio da atenção
cuidadosa, a mente é capacitada a mover-se em uma
determinada direção — com o Espírito Santo nos
conduzindo. Quando isso é feito com concentração, percepção e
repetição, formam-se sólidos hábitos de pensamento. Verdades
a respeito de quem nós somos, quem Deus é e o que é a
realidade são apreendidas. Tiramos conclusões. Percebemos
ideias erradas, distorções e preconceitos. Com o estudo atento
da Palavra de Deus, somos confrontados e aprendemos, gerando
mudança. O estudo da Palavra do Senhor resulta em um novo
jeito de perceber a realidade e de viver nela, porque o Espírito
Santo nos convence, nos encoraja e ensina. (1)
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que
procede da boca de Deus.” — Mateus 4:4
O estudo não visa decorar teorias e repetir o que autores dizem
sobre as coisas, não é um acumulo de informações, não é uma
especulação intelectual movida por inteligência e racionalidade.
O estudo como disciplina espiritual visa direcionar a mente, de
forma repetida e regular, para determinados modos de
pensamento a respeito de Deus e de sua criação, de seu Reino e
ação no mundo. Nos dispondo para a ação de Deus em nós, que
usa nossa inteligência e racionalidade para nos ensinar e
conduzir, nos transformando.
Afinal, o que está diante de nós é um relacionamento com Deus
que vem até nós e nos ensina sobre Ele mesmo e sobre a vida
que Ele nos dá. Jesus é o nosso professor, o mestre que não
apenas sabe todas as coisas, mas que formou e sustenta todas
elas. Ele vem até nós e, através da ação do Espírito Santo, nos
revela mistérios e verdades que nos transformam.
O estudo que é mais analítico é diferente da meditação que é
mais devocional. A meditação saboreia uma palavra, o estudo
quer explicá-la. Apesar de envolver experiências distintas,
estudo e meditação podem ser realizados juntos, pois
precisamos entender para contemplar. Dallas Willard diz que,
no estudo, nós nos engajamos com textos e livros, comentários e
explicações sobre a Palavra de Deus e também nos esforçamos
para vê-la em ação na vida de outros: na igreja, na História e na
natureza. Nós não só lemos, ouvimos e inquirimos, mas também
refletimos naquilo que está diante de nossos olhos. Com o
auxílio da meditação, nos retiramos em silêncio e, em atitude de
oração, nos concentrarmos no que estamos estudando para,
desta forma, o significado do que lemos emergir e nos formar
enquanto Deus trabalha no íntimo do nosso coração. E,
enquanto estudamos e meditamos, oramos para que Deus nos
encontre e fale conosco. (2)
Temos o hábito hoje de querer orientações rápidas, explicações
instantâneas e temos acesso a muitos recursos em texto, áudio e
vídeo. Porém, precisamos incluir em nossa rotina a disciplina do
estudo e dedicar tempo e cuidado na análise desses recursos
junto com a leitura atenta e constante das Escrituras. Sabendo
que não é um exercício intelectual solitário, mas uma jornada
em relacionamento com Deus que nos conduz, se revela a nós e
nos transforma.
Por isso, estudar exige humildade, ao nos submetermos
à condução do Senhor, e produz alegria. Nossa percepção
é aberta e temos a possibilidade de contemplar a beleza, a
bondade e a verdade das coisas criadas, da ação de Deus e do
próprio Deus. Cheios de maravilhamento e admiração, somos
levados à adoração, desfrutamos agora do que antes não
compreendíamos e nos prostramos diante do único Senhor.
comportamento deste mundo e que tropeçam como cegos no
caminho. Eis que agora vemos a luz e somos por ela iluminados,
temos o coração aquecido e conhecemos a vontade do nosso
Senhor.
Paulo em 2 Timóteo 3:16–17 diz que “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e
para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa
vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o
que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo
para toda boa obra.”
Oremos
Querido Senhor, nos conduz nessa jornada de aprendizagem
sobre Ti, sobre nós e sobre tudo ao nosso redor. Dá-nos
disposição e alegria no estudo de tua Palavra, diligência e temor.
Que nossa visão seja ampliada, nossa mente renovada e nosso
ser completamente transformado por Ti, pois somos teus. Em
nome de Jesus, Amém.

Estudamos para conhecer e conhecemos porque já somos

conhecidos; para participar do que Deus está fazendo, para nos
unirmos a Ele e agirmos agora no momento presente em
consonância com Ele. Assim, saberemos qual é sua vontade e
experimentaremos seu sabor. Suas palavras, agora
compreendidas, serão mais doces do que o mel em nossa boca e DISCIPLINAS ESPIRITUAIS
teremos alegria em viver a vida que está hoje diante de nós.
Assim, não seremos mais ignorantes que imitam o – PRÁTICAS INTENCIONAIS PARA ALCANÇAR A PIEDADE
CRISTÃ
1 - Primeiramente, o que significa ser cristãos? Ser cristão não
significa somente ir à igreja de vez em quando ou somente
pertencer a uma denominação específica.
Ser cristão é aceitar Jesus como seu Único e Suficiente Salvador
e a partir disso começarmos uma caminhada junto Dele e
sermos transformados à imagem e semelhança Dele.
É um processo de discipulado espiritual, feito por meio de Deus,
que com o Seu Espírito Santo que habita em nós, através da obra
da morte e ressurreição de Cristo, vai gerando a obra Dele em
nós e através de nós.
Por isso somos novas criaturas, nós morremos com Cristo e
ressuscitamos com Ele.
Agora no nosso cotidiano precisamos aprender com o Mestre
Jesus, através da Palavra de Deus, como vivermos, o que
desejarmos e como nos comportarmos. Resolução de conflitos,
como devemos amar o nosso próximo, orar pelos nossos
inimigos etc.
Mas isso não acontece do dia pra noite, da mesma forma que
acontece com um atleta não chega a um rendimento melhor e
uma alta performance sem exércicios nos seus treinamentos
constantes e diários.
Da mesma maneira acontece com a nossa vida cristã,
precisamos praticar exercícios, e esses exercícios saibas
disciplinas espirituais.
2 - Elas são esses exercícios que vão nos fazer ficar mais
disponíveis para ouvirmos e sentirmos a presença de Deus,
permitindo melhorar nosso relacionamento com Ele. Assim, os
exercícios feitos vão gerando hábitos positivos que vão gerando
virtudes em nós, mudando nossos pensamentos, palavras e
atitudes.
3 - Cada uma das disciplinas: oração, meditação, estudo, jejum,
silêncio, solitude, descanso, atingem uma finalidade específica
para uma fragilidade ou deficiência específica que a gente tenha.
O Espírito Santo vai operar em nós nos fortalecendo onde
precisamos.
4 - não podemos achar que já fazemos o suficiente, que não
precisamos desses exercícios, por isso é arrogância da nossa
parte se pensarmos assim. E da mesma forma seria indisciplina
e omissão nossas quando dizemos que não temos tempo
suficiente, que nossa vida é atribulada demais para praticar as
disciplinas, e ainda assim, nós acharmos cristãos verdadeiros.
È como se a gente estivesse matriculado num curso de
discipulado de Cristo em vamos aprender com Ele as disciplinas
para nosssa transformação.
Essa transformação vai acontecer de forma gradativa,
consistente e permanente. A formação do caráter de Cristo em
nós vai ocorrendo desta forma, dia-a-dia.
Postura de criatura diante do nosso Criador. Preciso reconhecer
que Ele é Deus.
5 - Falando de uma forma bem resumida sobre as disciplinas,
por não termos tempo.
Não tem uma lista fechada: mas posso listar algumas mais
comuns nos livros.
DISCIPLINAS INTERIORES:
 A Disciplina da Meditação
 A Disciplina da Oração
 A Disciplina do Jejum
 A Disciplina do Estudo
DISCIPLINAS EXTERIORES:
 A Disciplina da Simplicidade – vai contra a nossa vida
complexa, pelos consumos e demandas exagerados. Queremos
sempre tudo em todo tempo. No nosso contexto de muitas
possibilidades, a simplicidade está em organizar nossa vida em
Deus. Entender o que Ele quer pra minha vida. Envolve eu
abrir espaço para aquilo que não cabe mais na minha vida,
eliminar os excessos, fazermos escolhas baseadas naquilo que
o Senhor quer. Itens, compromissos, relacionamentos, etc.
Aprender a viver com simplicidade é ser puro de coração, e
como diz o autor “A pureza de coração é desejar uma coisa
só”. E essa coisa é a presença de Deus nas nossas vidas, a partir
disso organizamos todo o restante. “Buscai primeiro o Reino
de Deus”. Isso traz mais saúde e tranquilidade para as nossas
vidas.
A DISCIPLINA DA SIMPLICIDADE
Mt 6:24-33
A Disciplina cristã da simplicidade é uma realidade interior que resulta
num estilo de vida exterior. Tanto o aspecto interior como o exterior da
simplicidade são fundamentais. Enganamo-nos a nós mesmos se
cremos que
podemos possuir a realidade interior sem que ela tenha um profundo
efeito
sobre nosso modo de viver.
O ponto central da passagem em Mateus e da Disciplina da
simplicidade
é buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e então, tudo o que
for necessário virá em sua devida ordem.
 A Disciplina da Solitude – É eu me abster da companhia de
outras pessoas. Mas ela precisa do silêncio para que eu
consiga estar a sós com Deus e possa ouví-lo. É diferente de
solidão (medo, carência, necessidade de não ficarmos
sozinhos), porque esta não tem a companhia de Deus.
o Silêncio (Sem silêncio não há solitude) é uma disciplina
da abstenção. Escolho me abster da fala. Eu posso
estar com outras pessoas e escolher ficar em silêncio
para ouví-las. Ela nos confronta e nos humilha, porque
mostra nossa dependência. Porque estamos acostumados
a manter o controle com a fala, ela traz poder e
segurança. Vivemos num contexto de muito barulho a
nossa volta. Essa disciplina me ensina a calar a minha
voz, a me aquietar diante de Deus. Ele tem o Poder e o
 Controle de tudo. “Aquietam-se”. Isso vai fazer com que
melhoremos nossos relacionamentos, porque
aprendemos a ouvir melhor as pessoas.
o Muitas vezes tornamo-nos surdos, incapazes
de saber quando Deus nos chama, incapazes
de entender em que direcção nos chama. Desta
forma nossas vidas se tornam um absurdo. Na
palavra absurdo encontramos a palavra
latina surdus, que significa “surdo”. A vida
espiritual requer disciplina porque precisamos
aprender a ouvir a Deus que constantemente
fala, mas a quem raramente ouvimos. Porém,
quando aprendemos a ouvir, nossas vidas se
tornam vidas obedientes. A palavra obediente
vem da palavra latina obaudire, que significa
“ouvir”. É necessário ter uma disciplina
espiritual se quisermos mudar lentamente de
uma vida ‘absurda’ para uma vida ‘obediente’,
de uma vida cheia de preocupações agitadas
para uma vida em que há espaço livre no
nosso interior para ouvir o nosso Deus e
seguir a sua orientação. – Henri Nouwen,
em Aqui e Agora
DISCIPLINAS ASSOCIADAS:
 A DISCIPLINA DA CONFISSÃO – vai contra a cultura da
aparência. Sempre queremos esconder nossas fragilidades,
nossos erros e nossos pecados. Esta disciplina diz que devemos
procurar uma pessoa em que temos confiança, segurança e que
nos ama, para confessar os nossos pecados. E esta pessoa nao
vai nos dar conselhos, mas irá orar por nós e nos lembrar que
temos o perdão de Deus. Melhoramos porque nos capacitamos
para ouvir os pecados de outras pessoas. É mútua, porque gera
relacão de confiança. A gente se humilha e isso fere nosso
orgulho. Nos leva a abandonarmos certas práticas. Deus coloca
amigos irmãos ao nosso lado, que vão ajudar no nosso
crescimento.
 A Disciplina da Adoração
 A Disciplina da Orientação
 A Disciplina da Celebração – é o coração de todas as outras
disciplinas – é a alegria, a fésta que temos que fazer por
pertercermos a um Deus tão bom, de enxergarmos a bondade, a
graça e a misericórdia Dele nas nossas vidas. Não estamos
abandonados à nossa propria sorte. Gratidão a Ele por tudo que
Ele é e por ter nos salvado para nos reconciliar com Ele.
Celebrarmos com as pessoas mais próximas. Criar espaço na
minha rotina para alegrar com o Senhor. Escolho me alegrar
Nele. FILIPENSES 4. Ela quebra o circulo vicioso da
murmuração, da ingratidão, do descontentamento.
SUBMISSÃO – PRIMEIRO A DEUS. DEPOIS
SUBMETERMOS ÀS PESSOAS. Nossos relacionamentos
geralmente são cheios de conflitos porque não queremos abrir
mão do controle, do ego, da vaidade. Assim, primeiro me
submeto ao Senhor, daí isso vai permitir que nos submetemos
aos outros. Calar-se diante de uma discussão. Aceitar. Perdoar.
Entender. Ter empatia. Isso eu posso fazer porque confio em
Deus, e enxergo as pessoas que estão à minha volta necessitam
de respeito e amor. Assim, evitamos confrontos e conflitos.
Amar ao próximo – ter comunhão.

SERVIÇO – DISCIPLINA QUE PERMITE QUE NÓS

REPRESENTEMOS COMO O CORPO DE CRISTO AQUI
1 Timóteo 4:7: "Exercite-se na piedade". Piedade = atitude
NA TERRA. Existem muitas coisas a serem feitas, nas nossas
correta para com Deus, de amor e reverência à Ele, fazer o que
casas, no trabalho, na nossa família, na nossa igreja. Eu me
Ele deseja para nós. É uma atitude que inclui conhecimento
humilho buscando os interesses e as vontades de outras pessoas,
verdadeiro, adoração sincera, fé salvadora, temor filial, submissão
e não o meu proprio bem, o meu interesse. É um exercício de
e amor reverentes. A piedade é o começo, o meio e o fim do viver
sacrifício. Jesus lavou os pés, Ele deixou isso como um
cristão.
mandamento. Temos que fazer o servir, o amar ao outro. Me
humilho para o bem de outro. Somos iguais. “Quem quer ser o
primeiro, que seja o ultimo.” liderar, é cuidar. Deus. Ele não quer que sejamos rasos, fracos, com uma fé inoperante,
cheios de conhecimentos, mas sem manifestar o poder do Espírito
Santo, nem tão pouco quer que tenhamos apenas aparência de cristãos
STATIO – me antecipar, pausar. Chegar sempre 10 minutos piedosos, mas sem a vida dele em nós. Precisamos chegar a lugares
antes a qualquer compromisso. Orar nesses 10 minutos mais profundos, com fé, ousadia e obedecendo os princípios
entregando ele, ou um evento nas mãos do Senhor. Pedir que Ele espirituais contidos na Sua Palavra.
abençoe. Orar mais pelas pessoas, interceder mais. Isso vai fazer
O alvo da piedade — que Deus seja glorificado em nós — é aquilo
com que estejamos mais presentes, conscientes e focados na
para o que fomos criados. Portanto, o nascido de novo anela por
presença de Deus. Ficaremos com menos pressa, com menos
vivenciar o propósito de sua criação original. De acordo com
esgotamento e com senso excessivo de produtividade. Teremos
Calvino, o homem piedoso confessa: “Somos de Deus; vivamos e
mais paciência. Nos tornamos mais cooperadores com Cristo.
morramos para Ele. Somos de Deus; sejamos governados por sua
Nosso dia se torna um “orar sem cessar”.
sabedoria e vontade em todos os nossos atos. Somos de Deus; em
harmonia com isso, devemos segui-Lo como nosso único objetivo
lícito, em todo os aspectos de nossa vida”.

A obediência à Palavra de Deus significa refugiar-se em Cristo

para o perdão de nossos pecados, conhecê-Lo por meio de sua
Palavra, servi-Lo com um coração repleto de amor, praticar boas
obras em gratidão por sua bondade e exercitar auto-renúncia, a
ponto de amar os nossos inimigos.